TCC FAVENI - Pós Graduação

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 16

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

BRUNA DA SILVA SANTOS

A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E EQUILIBRADA


ALINHADA A ATIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO E CONTROLE DO
DIABETES MELLITUS TIPO 2

BRASÍLIA
2023
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

BRUNA DA SILVA SANTOS

A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E EQUILIBRADA


ALINHADA A ATIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO E CONTROLE DO
DIABETES MELLITUS TIPO 2

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito
parcial à obtenção do título
especialista em NUTRIÇÃO
CLÍNICA E ESPORTIVA.

BRASÍLIA
2023
A IMPORTÂNCIA DE UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E EQUILIBRADA
ALINHADA A ATIVIDADE FÍSICA NA PREVENÇÃO E CONTROLE DO
DIABETES MELLITUS TIPO 2

Bruna da Silva Santos,

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja
parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e
corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de
investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação
aos direitos autorais. (3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).

RESUMO - O Diabetes mellitus (DM) tipo 2 é uma doença crônica de prevalência crescente que
promove grande aumento na morbimortalidade da população brasileira. Neste trabalho foi avaliada a
importância de uma dieta saudável e da prática regular de atividade física na prevenção e controle
desta enfermidade. Mudanças nos hábitos alimentares, como a diminuição do consumo de gorduras
saturadas e açúcares e o aumento do consumo de fibras, são fatores que influenciam diretamente na
prevenção e tratamento do DM tipo 2. A prática de exercícios resistidos associada ao exercício
aeróbio regular tem demonstrado eficácia na prevenção e principalmente, na melhoria da qualidade de
vida do paciente diabético. Essas mudanças de estilo de vida devem ser prioridades na área da
Saúde Pública, a fim de deter o avanço do DM tipo 2 e proporcionar melhores condições de vida ao
indivíduo já acometido pela doença.

PALAVRAS-CHAVE: Diabetes mellitus tipo 2. Alimentação saudável. Atividade física.

[email protected]
1 INTRODUÇÃO

O Diabetes mellitus (DM) é uma doença conhecida desde a antiguidade. As


primeiras descrições foram documentadas pelos egípcios, descrevendo uma
enfermidade que se caracterizava por uma abundante emissão de urina e cujo
tratamento seria baseado em extratos de plantas. Mas foi o médico grego Arateus da
Capadócia, no século II, quem denominou o termo “Diabetes”, que segundo ele, era
o derretimento da carne e dos membros para a urina. Já entre os séculos V e VI,
médicos indianos já mencionaram que a urina de pacientes com diabetes era
adocicada, fato comprovado pela observação de formigas e outros insetos que eram
atraídos pela urina destes pacientes (Rezende et al., 2011).
Considerada como uma doença crônica, o Diabetes se caracteriza pelo aumento
da glicose na circulação sanguínea, ou seja, a hiperglicemia. Esse aumento ocorre
porque a insulina, hormônio responsável pela absorção da glicose pelas células,
deixa de ser produzida pelo pâncreas, ou então, é produzida de forma insuficiente ou
não funciona adequadamente (Da Silva, 2018). Não há cura para o DM, sendo esta
uma das principais doenças que afetam o homem na atualidade, acometendo,
indistintamente, pessoas de ambos os gêneros, de todas as idades e de qualquer
classe social e de renda.
Seja nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, a prevalência
do DM na população geral vem aumentando exponencialmente. Atualmente cerca de
382 milhões de pessoas têm DM no mundo e estes números deverão atingir 471
milhões em 2035 (Bertonhi, 2018).
O impacto do diabetes sobre o sistema de saúde em muitos países, ainda não
tem sido bem documentado, mas considerando que esta enfermidade está associada
a grandes taxas de hospitalizações, a uma grande incidência de doenças
cardiovasculares e cerebrovasculares, cegueira, insuficiência renal e amputações,
pode-se prever a carga que isso representa para os sistemas de saúde. Estima-se
que os custos de atenção ao diabetes variam de 2,5% a 15% dos orçamentos anuais
da saúde, dependendo da prevalência local de diabetes e do nível de complexidade
dos tratamentos disponíveis (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022).
Entre os tipos de diabetes, o DM tipo 2 é o de maior incidência, responsável por
aproximadamente 90% dos casos. Antigamente, o DM tipo 2 acometia
principalmente, pessoas de meia idade e idosos, entretanto, o número de casos de
diabetes tipo 2 tem aumentado consideravelmente em grupos mais jovens, incluindo
crianças e adolescentes (Rezende et al., 2011).
Os fatores predisponentes ao aparecimento do DM tipo 2 são: hereditariedade,
obesidade, hábitos alimentares, estresse e sedentarismo. Com exceçãoda
hereditariedade, todos os outros fatores podem ser prevenidos e/ou controlados por
uma dieta adequada e pela prática de atividade física regular (Francisco et al., 2019).
Portanto, o objetivo deste trabalho foi reunir informações sobre a importância da
associação de uma dieta saudável e da prática regular de atividade física na
prevenção e controle do Diabetes mellitus tipo 2.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Dieta e Diabetes mellitus


O consumo alimentar da população brasileira, caracterizado por baixa
frequência de alimentos ricos em fibras e aumento da proporção de gorduras
saturadas e açúcares na dieta, associado a um estilo de vida sedentário compõem
um dos principais fatores etiológicos do DM tipo 2. Estudo experimentais e clínicos
têm demonstrado que uma dieta com alto teor de gordura e baixo teor de fibras
aumenta o risco de desenvolvimento da intolerância à glicose e do DM tipo 2
(Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022). Além disso, a crescente substituição dos
alimentos in natura, que são ricos em fibras, vitaminas e minerais, por produtos
industrializados constitui um outro problema enfrentado pela dieta moderna que
também potencializa o risco do indivíduo se tornar diabético tipo 2 (Galindo et al.,
2014).
A obesidade e/ou sobrepeso estão presentes na maioria dos pacientes
diabéticos tipo 2. Estima-se que entre 80% e 90% dos indivíduos acometidos pelo
DM tipo 2 são obesos ou estão acima do peso (Albuquerque et al., 2014). Dessa
maneira, observa-se que o risco de desenvolver o DM está diretamente associado ao
aumento do índice de massa corporal. Inclusive, a obesidade tem sido apontada
como um dos principais fatores de risco para o diabetes tipo 2 (Galindo et al., 2014;
Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022; Francisco et al., 2019).
Diante disso, observa-se o quão importante é uma dieta adequada para a
prevenção do DM tipo 2. No Brasil, metade dos casos novos de diabetes tipo 2
poderiam ser prevenidos evitando-se o excesso de peso (Antunes et al., 2021). No
entanto, em muitos países, como é o caso do Brasil, a prevalência da obesidade e
sobrepeso tem se elevado vertiginosamente. A Organização Mundial da Saúde alerta
sobre a epidemia global da obesidade e da necessidade urgente de prevenção
primária de excesso de peso.
Neste sentido, uma mudança nos hábitos alimentares, com a diminuição do
consumo de gorduras saturadas e açúcares e o aumento do consumo de fibras, pode
exercer uma poderosa influência na prevenção do sobrepeso, obesidade e diabetes,
como também de outras doenças crônicas (Rezende et al., 2011).

2.2 Planejamento alimentar


Bertonhi (2018) elucidou que o controle adequado do diabetes não pode ser
atingido sem um planejamento alimentar. Recomenda-se aos pacientes diabéticos
tipo 2 atenção quanto ao controle de peso, considerando que o tratamento dietético
dirigido à redução do peso corporal e à melhora dos níveis glicêmicos e lipídicos têm
significativo efeito sobre a morbidade e mortalidade nesse grupo.
O tratamento nutricional adequado ao paciente diabético tipo 2 deve ter os
seguintes objetivos: reduzir e/ou controlar a glicemia: balancear a ingestão alimentar
com insulina ou hipoglicemiantes orais e exercícios físicos. Respeitar a quantidade,
tipo de alimentos e horários das refeições é fundamental para o controle glicêmico;
atingir o perfil lipídico desejado: geralmente, o planejamento alimentar inclui baixa
quantidade de gordura, especialmente das saturadas, mais carboidratos e fibras,
visando atingir ou manter níveis lipídicos apropriados; manter o peso corporal
adequado: em caso de obesidade a redução do peso pode produzir melhora
significativa na glicemia; prevenir, retardar ou tratar as complicações da doença: o
planejamento alimentar pode evitar hipo e hiperglicemias (Campos et al., 2016).
A dieta para o diabético deve ser individualizada, ou seja, cada paciente tem
que ter uma alimentação ajustada para suas necessidades, de acordo com idade,
sexo, condições socioeconômicas, massa corporal, estado metabólico, nível de
atividade física, doenças intercorrentes e a resposta do seu organismo aos
medicamentos de que faz uso. Apesar de não existir uma dieta específica para
diabéticos, existem recomendações. Indica-se, em termos de composição do plano
alimentar, que os carboidratos devem representar 50% a 60% do valor calórico total
(VCT) da dieta, dando-se preferência aos alimentos ricos em fibras e restringindo-se
os açúcares simples (Faludi et al., 2017).
Considerando que uma porção de carboidratos corresponde, por exemplo, a
uma fatia de pão de forma ou meio pão francês, ou meia concha de feijão, o paciente
deverá ingerir seis ou mais porções diárias de alimentos ricos em carboidratos. O
total de porções diárias irão variar conforme o valor energético total da dieta prescrita
e com o índice de massa corporal (IMC), a idade e o nível de atividade física do
indivíduo. Assim, mulheres com IMC > 27 kg/m2 e sedentárias poderão receber
apenas seis porções ao dia. Homens ativos com peso normal poderão ingerir até 11
porções ao dia (Da Silva Correia et al., 2013).
O grupo dos lipídeos deverá representar menos de 30% do valor total da dieta.
As gorduras saturadas deverão corresponder, no máximo, a 10%. Em termos
práticos, isso significa que os alimentos gordurosos em geral, como carnes gordas,
embutidos, laticínios integrais, frituras, óleo de coco, molhos, cremes e doces ricos
em gordura e alimentos refogados ou temperados com excesso de óleo ou gordura,
deverão ser evitados. Em algumas situações, como na hipertrigliceridemia ou quando
o HDL-c se apresenta abaixo do desejável, pode ser aconselhável aumentar a
quantidade de gorduras monoinsaturadas ou poli-insaturadas, reduzindo, neste caso,
a oferta de carboidratos (Faludi et al., 2017; Da Silva Correia et al., 2013).
As proteínas da dieta deve ser de 0,8 g/kg a 1 g/kg de peso desejado por dia,
o que corresponde a duas porções de carne por dia, que podem ser substituídas com
vantagem pelas leguminosas (feijão, lentilha, soja, ervilha ou grão de bico) e duas a
três porções diárias de leite desnatado ou derivados. O consumo de peixes deve ser
incentivado por ser uma excelente fonte de ômega-3. Os ovos também podem ser
utilizados como substitutos da carne, limitando-se a duas gemas por semana, em
função do teor de colesterol. Excessos proteicos devem ser evitados (Da Silva
Correia et al., 2013).
Segundo De Brito et al., (2020) a alimentação deve ser rica em fibras,
vitaminas e minerais, com um consumo diário de duas a quatro porções de frutas
(sendo pelo menos uma rica em vitamina C) e de três a cinco porções de hortaliças
(cruas e cozidas). Recomenda-se, ainda, dar preferência, sempre que possível, aos
alimentos integrais. Para pacientes diabéticos obesos, a dieta deverá ser
hipocalórica, com uma redução de 500 kcal a 1.000 kcal do gasto calórico diário
previsto, com o objetivo de promover perdas ponderais de 0,5 kg a 1kg por semana.
Devem ser evitadas dietas com menos de 1.200 kcal/dia (mulheres) e 1.800
kcal (homens), a não ser em situações especiais e por tempo limitado, quando até
dietas com muito baixo valor calórico (menos de 800kcal/dia) podem ser utilizadas.
Sugere-se que, nos casos de obesidade sejam evitadas as dietas muito rígidas e de
muito baixo valor calórico, pois geralmente, são de baixa adesão e eficácia (Diretriz
Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022)
Algumas recomendações complementares são apontadas pela Diretriz Oficial
da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022), incluindo o fracionamento dos
alimentos, distribuídos em três refeições básicas e duas a três refeições
intermediárias complementares, nelas incluída a refeição noturna (composta
preferencialmente por alimentos como leite ou fontes de carboidratos complexos).
Procurar manter constante, a cada dia, a quantidade de carboidratos ingerida, bem
como sua distribuição nas diferentes refeições. Evitar o uso frequente de bebidas
alcoólicas. Os alimentos dietéticos podem ser recomendados considerando-se o seu
conteúdo calórico e de nutrientes. Os refrigerantes e gelatinas dietéticas têm valor
calórico próximo de zero.
Alguns produtos dietéticos industrializados, como chocolate, sorvetes,
alimentos com glúten (pão, macarrão, biscoitos), não contribuem para o controle
glicêmico, nem para a perda de peso. Seu uso não deve ser encorajado. Vale
ressaltar a importância de se diferenciar alimentos diet (isentos de sacarose, quando
destinados a indivíduos diabéticos, mas que podem ter valor calórico elevado, por
seu teor de gorduras ou outros componentes) e light (de valor calórico reduzido em
relação aos alimentos convencionais). Os adoçantes ou edulcorantes podem ser
utilizados, considerando-se o seu valor calórico. O aspartame, o ciclamato, a
sacarina, o acessulfame K e a sucralose são praticamente isentos de calorias. Já a
frutose tem o mesmo valor calórico do açúcar. Recomenda-se o uso de adoçantes
dentro de limites seguros, em termos de quantidade e, do ponto de vista qualitativo,
procurando alternar os diferentes tipos (De Brito et al., 2020).
As recomendações gerais para as pessoas com DM tipo 2 são: menos que
10% da ingestão energética sob a forma de gorduras saturadas, menos que 300 mg
de colesterol/dia e 10% ou menos de gordura poli-insaturada. A proteínas devem
representar de 10% a 20% das calorias e a maior parte do total energético (60% a
70%) deve ser distribuída entre as gorduras monoinsaturadas e os carboidratos.
Alguns estudos sugerem para melhor controle glicêmico, dietas com maior teor de
gorduras monoinsaturadas substituindo parte dos carboidratos (Bertonhi, 2018).
Quanto à prevenção do DM tipo 2, a dieta deve ser balanceada com uma
restrição energética moderada. A ingestão alimentar de gorduras deve-se limitar de
15% a 30% do consumo energético diário total, sendo que as gorduras saturadas
não devem exceder 10% do consumo diário total. Os carboidratos devem
proporcionar a maior parte do consumo energético, entre 55% e 75% do consumo
diário, considerando que as proteínas devem corresponder entre 10% a 15% desse
total. O consumo de sal deve ser inferior a 5g diários e o consumo de frutas e
vegetais deve ser superior a 400g por dia (Perin et al., 2015).

2.3 Importância da atividade física na prevenção do diabetes tipo 2


A prática de exercícios físicos regulares promove um aumento do turnover da
insulina por maior captação hepática e melhor sensibilidade dos receptores
periféricos, podendo reduzir o risco de desenvolvimento do DM2. Muitos
epidemiologistas têm apontado então a importância da atividade física na prevenção
primária do DM tipo 2. Indivíduos com DM2 estimulados a executar uma dieta
saudável e a prática de exercícios físicos regulares, tem mais efetiva melhora no
quadro de saúde geral do que fazendo o uso da metformina na prevenção primária
do diabetes tipo 2 (KOLCHRAIBER et al., 2018).
A prática de atividade física regular melhora o metabolismo da glicose e o
perfil lipídico e diminui a pressão arterial, reduzindo o risco de pacientes com DM tipo
2 desenvolverem doenças cardiovasculares (Faludi et al., 2017).
Alguns estudos apontam que trinta minutos, por dia, de exercícios aeróbios de
intensidade moderada seriam suficientes para reduzir o risco da intolerância à
glicose pela metade. A realização de pelo menos, quatro horas semanais de
atividade física de intensidade moderada a alta diminuiu, em média, 70% a incidência
de diabetes do tipo 2, em relação ao estilo de vida sedentário, após quatro anos de
seguimento. Porém, infelizmente é apontado uma elevada prevalência de inatividade
física da população, em geral atualmente (KOLCHRAIBER et al., 2018; Faludi et al.,
2017; Miranda et al., 2015).
Segundo Santos Filho et al., (2021) estudos apontam que mais de dois
milhões de mortes por ano podem ser atribuídas à inatividade física, em função da
sua repercussão no incremento de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT),
como os problemas cardiovasculares, de câncer e diabetes, que responderam
aproximadamente a 60% (71,7 milhões) das mortes no mundo. O pior é que 77%
dessas mortes acontecem em países em desenvolvimento. As mesmas fontes
confirmam que só nos Estados Unidos, o sedentarismo contribuiu com 75 bilhões de
dólares dos custos médicos, mostrando que seu combate merece prioridade na
agenda de saúde pública.
Em vista disso, sugerem-se programas de conscientização em nível
populacional direcionados à adoção de estilo de vida saudável. Estes programas
devem dirigir maior atenção à prática de atividade física e alimentação, visto que são
fatores fundamentais em programas voltados à prevenção e ao controle de doenças
crônicas, dentre elas o diabetes tipo 2 contudo, devem incluir também
recomendações quanto a outros cuidados relacionados à saúde e à qualidade de
vida (tabaco, álcool e estresse), (Malta et al., 2014).

2.4 Importância da atividade física no controle (tratamento) do diabetes tipo 2


Atualmente, é unanimidade entre os especialistas da área da saúde que
programas de exercícios físicos são bastante úteis no tratamento e reabilitação de
várias disfunções crônicas degenerativas, dentre elas o diabetes mellitus. Sendo
assim, o tratamento do diabético não deve ficar restrito apenas ao profissional
médico. Ele deve ser feito por uma equipe multiprofissional. Não é um tratamento só
a base de medicamentos, pois como toda doença crônica, o diabetes implica em
uma mudança de estilo de vida. O tratamento ao paciente diabético requer além de
orientação médica, a orientação da enfermagem, da nutrição, da psicologia e dos
profissionais de educação física (KOLCHRAIBER et al., 2018).
Miranda et al., (2015) afirma que é fundamental a presença de um profissional
de educação física no tratamento da pessoa diabética, pois é consenso na literatura
científica que o exercício físico prescrito e orientado adequadamente contribui
significativamente no controle do diabetes. Em razão das adaptações metabólicas
que ocorrem no organismo, a prática de exercícios físicos provoca elevação da
sensibilidade dos tecidos à insulina, e, com isso, a tolerância à glicose aumenta,
permitindo desta forma, menor restrição à ingestão de glicídios e ainda, a redução da
glicosúria. A redução nas doses de insulina exógena é outra consequência positiva
em razão da melhoria da tolerância à glicose (Albuquerque et al., 2014).
Pressupõe-se ainda que a melhora da sensibilidade insulínica e a redução da
hiperglicemia, resultantes da prática do exercício físico, poderiam retardar a
progressão das complicações, a longo prazo, do Diabetes mellitus, como a
aterosclerose e as micro angiopatias, em razão da menor adesividade das plaquetas
sanguíneas. Outros estudos ainda apontam que os benefícios do exercício físico
no tratamento do diabetes podem ser identificados não só pela melhoria no controle
glicêmico, mas também, pela redução dos fatores de risco para doenças
cardiovasculares, uma vez que, associado a uma dieta adequada, o exercício
melhora perfil lipídico do paciente com diabetes, além de reduzir a pressão arterial
(Da Silva Torres, 2018; Albuquerque et al., 2014; Campos, 2016).
Observa-se também que o exercício físico tem contribuído potencialmente, na
melhoria de vários aspectos relacionados à qualidade de vida do diabético. Além de
colaborar na queda da glicemia, na ação da insulina, na redução da pressão arterial
e na melhora do perfil lipídico, outros benefícios podem ser identificados, como:
melhora na aptidão cardiovascular, flexibilidade e tonicidade muscular, melhor
controle do peso e da composição corporal e, em relação ao campo psicossocial, a
prática regular de exercícios físicos contribui para uma maior autoestima, controle do
estresse e oportunidade de socialização (Malta et al., 2014).
3 CONCLUSÃO

O Diabetes mellitus tipo 2 é uma doença crônica que nas últimas décadas, tem
apresentado uma prevalência crescente e um alto índice de mortalidade, gerando
assim, um custo social bastante elevado. A mudança no estilo de vida com a adoção
da prática de exercícios físicos regularmente e uma dieta adequada diminuem o risco
de a pessoa adquirir o diabetes e oferece uma boa qualidade de vida ao paciente já
diabético. No entanto, a mudança no estilo de vida depende de fatores psicológicos,
sociais e econômicos. Faz-se necessário além da orientação médica, a participação
de uma equipe multidisciplinar, contando com a presença de psicólogos,
enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e profissionais de educação física.
Nesse sentido, a presente revisão bibliográfica confirmou a importância de
uma alimentação saudável, adequada e equilibrada somada a atividade física regular
na prevenção e tratamento do DM tipo 2. Em relação à nutrição, é importante
ressaltar que o planejamento alimentar do paciente diabético tipo 2 deve ser
personalizado, considerando suas individualidades biológicas e, sobretudo, estar
adaptado aos hábitos e condições de vida deste indivíduo, respeitando suas
condições socioeconômicas. Em termos gerais, recomenda-se que a pessoa com
diabetes do tipo 2 diminua o consumo de gorduras saturadas e açúcares e aumente
o consumo de fibras.
Quanto à atividade física, estudos epidemiológicos demonstram que sua
prática regular é eficaz para a prevenção e controle do DM tipo 2. Preconiza-se que
exercícios de intensidade moderada realizados por pelo menos trinta minutos, de 3 a
5 vezes por semana, sejam o suficiente para promover alterações orgânicas
preventivas e terapêuticas em relação ao DM tipo 2.
Considerando o substancial aumento da prevalência do DM tipo 2 na
população e seus efeitos na morbimortalidade, faz-se necessária a implantação de
programas de intervenção multidisciplinares que contemplem práticas educativas
para a conscientização da população a respeito da importância da adoção de hábitos
alimentares saudáveis e da prática de atividade física regular.
4 REFERÊNCIAS

REZENDE, Maria Fernanda da Cunha et al. Um estudo de caso sobre a experiência


da doença de diabéticos tipo 2 usuários de uma unidade básica de saúde da família
de Araguari-MG. 2011.

DA SILVA TORRES, Ilma. ALTERAÇÕES NO FUNCIONAMENTO COGNITIVO NO


DIABETES MELLITUS TIPO 2. 2018.

BERTONHI, Laura Gonçalves. Diabetes mellitus tipo 2: aspectos clínicos, tratamento


e conduta dietoterápica. 2018.

PITITTO B, Dias M, Moura F, Lamounier R, Calliari S, Bertoluci M. Metas no


tratamento do diabetes. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2022.

FRANCISCO, Priscila Maria Stolses Bergamo et al. Prevalência de diabetes em


adultos e idosos, uso de medicamentos e fontes de obtenção: uma análise
comparativa de 2012 e 2016. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 22, 2019.

GALINDO, FLÁVIA LUZIA OLIVEIRA DA CUNHA. Comendo Bem, que Mal Tem?
Um Estudo Sobre as Representações Sociais dos Riscos Alimentares. 2014.

ALBUQUERQUE, SARA et al. Perfil metabólico de pacientes acometidos por


diabetes mellitus tipo II: uma construção educativa. Caderno de Graduação-
Ciências Biológicas e da Saúde-UNIT-SERGIPE, v. 2, n. 3, p. 65-80, 2014.

ANTUNES, Ygor Riquelme et al. Diabetes Mellitus Tipo 2: A importância do


diagnóstico precoce da diabetes Type 2 Diabetes Mellitus: The importance of early
diabetes diagnosis. Brazilian Journal of Development, v. 7, n. 12, p. 116526-
116551, 2021.
CAMPOS, Thais Silva Pereira et al. Fatores associados à adesão ao tratamento de
pessoas com diabetes mellitus assistidos pela atenção primária de saúde. Journal of
Health & Biological Sciences, v. 4, n. 4, p. 251-256, 2016.

FALUDI, André Arpad et al. Diretriz brasileira baseada em evidências sobre


prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes: posicionamento
da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da Sociedade Brasileira de Cardiologia
(SBC) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Arquivos
brasileiros de cardiologia, v. 109, p. 1-31, 2017.

DA SILVA CORREIA, Maria das Graças et al. A importância da dieta hospitalar na


recuperação de pacientes diabéticos. Caderno de Graduação-Ciências Biológicas
e da Saúde-UNIT-SERGIPE, v. 1, n. 2, p. 47-56, 2013.

DE BRITO, Andrea Nunes Mendes et al. Eficácia do tratamento dietoterápico para


pacientes com diabetes mellitus. Research, Society and Development, v. 9, n. 1, p.
10, 2020.

PERIN, Lisiane; ZANARDO, Vivian Polachini Skzypek. Benefícios dos alimentos


funcionais na prevenção do diabete melito tipo 2. Nutrição Brasil, v. 14, n. 3, 2015.

KOLCHRAIBER, Flávia Cristiane et al. Nível de atividade física em pessoas com


diabetes mellitus tipo 2. Revista Cuidarte, v. 9, n. 2, p. 2105-2116, 2018.

MIRANDA, Samilly Silva et al. Atividade física e o controle glicêmico de pacientes


com diabetes mellitus tipo II. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde/Brazilian
Journal of Health Research, v. 17, n. 3, p. 33-40, 2015.

SANTOS FILHO, Francisco Jean de Moura et al. Atividade Física, Diabetes Mellitus
E Obesidade Sarcopênica Em Uma Comunidade Urbana Do Distrito
Federal. Educação Física E Ciências Do Esporte: Uma Abordagem
Interdisciplinar-Volume 2, v. 2, n. 1, p. 82-93, 2021.

MALTA, Deborah et al. Política Nacional de Promoção da Saúde, descrição da


implementação do eixo atividade física e práticas corporais, 2006 a 2014. Revista
Brasileira de Atividade Física & Saúde, v. 19, n. 3, p. 286-286, 2014.

Você também pode gostar