Psi. Fases

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A psicoterapia na perspectiva Rogeriana

O processo psicoterápico: experienciação e


fases do processo

Profª.Ma. Elizabete Cristina Monteiro Ribeiro


Ouvir traz consequências

Modificações na relação e comunicação terapeuta cliente ao


longo das fases: redefinições do papel assumido pelo terapeuta
1- fluxo unidirecional
2- comunicação bilateral
3- compreensão de uma comunicação de mão-dupla, um duplo
movimento de expressão e escuta que acarreta uma maior escuta de
si e do outro concomitantemente, gerando um fluxo mais igualitário
4- comunicação transcendental, presente nos momentos de
comunicação intensa em estados alterados de consciência.
1- fluxo unidirecional - em direção ao cliente

 unilateralidade da comunicação

 terapeuta não se coloca como um interlocutor cuja expressão tem

relevo para a relação

 Terapeuta é mero facilitador da expressão do cliente


2- comunicação bilateral, com uma maior expressão do
terapeuta, (embora ainda restrita a expressões
eficazes ao processo do cliente)
 fase reflexiva
 modificação da nomenclatura de não-diretiva para centrada no
cliente
 alteração de perspectiva
 papel mais ativo do terapeuta com sua atenção voltada para o
cliente e para os seus próprios sentimentos, provocados pelo
cliente
 destruição da barreira que dividia o terapeuta no momento da
terapia da pessoa que ele era fora da sala de atendimento.
 percebe-se, nessa fase, o relacionamento terapêutico como uma
série de relações de causa e efeito
2- comunicação bilateral, com uma maior expressão do
terapeuta, (embora ainda restrita a expressões eficazes
ao processo do cliente)
 Importava o efeito que as atitudes do terapeuta causavam no cliente
 A comunicação, dessa forma, pode ser considerada bidirecional na
medida em que abre espaço para a expressão do terapeuta
 comunicação na terapia passa a descentrar-se do polo das
expressões do cliente e é amplia-se às expressões do terapeuta
 As dificuldades no atendimento de usuários de hospitais
psiquiátricos culminaram em reformulação na configuração da
relação terapêutica.
A resposta ao conteúdo verbal diante do
silêncio e das verbalizações desordenadas
de pacientes psiquiátricos mostrou-se
insuficiente.

 fundador da Terapia Orientada pela


Focalização, ou Terapia Experiencial
 faltava uma formulação que dotasse a teoria
centrada no cliente do mesmo dinamismo e
criatividade que pareciam efetivar-se quando
Rogers dedicava-se à prática da psicoterapia.
Eugene Gendlin
 Austríaco de família judaica
 Emigrou para os EUA em virtude da ocupação nazista.
 Ao lado de Rogers e próximo de importantes expoentes como
Abraham Maslow participou da consolidação da Psicologia
Humanista
 Participou do surgimento do movimento de grupos de encontro
 o conceito de Experienciação, pilar fundamental do pensamento de
Gendlin e tema de sua tese de doutorado de 1958, consiste em
uma das bases conceituais da obra "Tornar-se Pessoa" publicada
por Rogers
Eugene Gendlin
 a Filosofia do Implícito
 Terapia Experiencial
 método de Focalização ou o uso de outros recursos denominados
"vias de acesso" à experiência , tais como o trabalho corporal ou a
dessensibilização sistemática, subordinados a um modo de
compreensão experiencial da psicoterapia.
Experienciação
 consiste em um neologismo,
 ideia de algo que se move
Analogia: assim como o fluxo sangüíneo é o fluido que alimenta
a vida somática, a experienciação (ou fluxo experiencial) é o
"sangue psicológico" que alimenta a vida subjetiva de cada ser
humano.
 um termo ou um processo categorial usado para distinguir
não conteúdos (ou segmentos estáticos e conceitualizados de
processo), mas sim diferentes modos ou dimensões de
processo
Experienciação

 não se refere primordialmente à forma acabada, mas sim à


matéria prima, capaz de adquirir qualquer forma.
 Mais do que o vaso ou a estatueta trata-se da argila passível
de molde.
 Ao afirmar que essa matéria prima psicológica é constituída
de sentimentos, a compreensão experiencial coloca o afeto
como causa e não como consequência dos comportamentos,
o que justifica a prioridade adotada por Rogers desde o início
dos anos 40 em relação à compreensão dos sentimentos do
cliente durante a terapia.
Recursos “tecnológicos/tecnicistas”
 a verbalização – especialmente no contexto da psicoterapia –
representa uma forma privilegiada de simbolização, mas não a
única.
 há diversas outras formas de simbolização do senso sentido
como a ação, o movimento, a arte, o jogo, o corpo, os sonhos ...

passa a existir uma base conceitual sólida e segura para o


entendimento experiencial do que se encontra implícito no brincar
com massinha em uma sessão de ludoterapia, por exemplo, na
dimensão simbólica de uma somatização, ou no conteúdo de um
sonho
Recursos “tecnológicos/tecnicistas”
 a resposta verdadeiramente empática é dirigida ao senso
sentido
 compreender como uma metáfora pode auxiliar o processo de
criação de novos símbolos é muito útil.

Entender o que se passa com aquele cliente que afirma sentir um


"nó na garganta" e que não consegue nomear (ou seja, está
estagnado em uma referência direta muito pouco elaborada) é
fundamental para que o terapeuta possa se situar no processo.
IMPORTANTE

 Gendlin foi fornecer um substrato teórico para a passagem de


Rogers do positivismo lógico para uma orientação
existencialista.
 Portanto, a principal ênfase é existencial; a fenomenologia é
apenas o método para lidar com aspecto existencial e subjetivo
do processo terapêutico.
3- compreensão de uma comunicação de mão-dupla
 um duplo movimento de expressão e escuta que acarreta uma
maior escuta de si e do outro concomitantemente, gerando um
fluxo mais igualitário
 O atendimento desse público levou os terapeutas a perceberem
a importância de responder empaticamente não apenas ao
conteúdo do que é falado, mas à significação
 seja a partir do silêncio quase absoluto seja a partir de outras
formas de expressão
 Gendlin desenvolveu o conceito de experienciação, ou, como
também é conhecido, experiência imediata.
3- compreensão de uma comunicação de mão-dupla
 membro pesquisador do projeto de psicoterapia com
esquizofrênicos em Wisconsin
 a partir daí elaborou uma escala de medição do processo
terapêutico do cliente
 descrito como um continuum
 cliente iria de um estado de rigidez para uma maior fluidez e
maleabilidade de sentimentos e de formas de vivenciá-los.
 redimensionamento da autenticidade do terapeuta, que passa a
considerar sua experienciação na relação como parte essencial do
processo do cliente
3- compreensão de uma comunicação de mão-dupla
 a relação terapêutica torna-se bicentrada
 interação de dois mundos em benefício do cliente
 terapeuta deveria estar como pessoa no relacionamento
terapêutico eficaz, aproximando-se de uma relação Eu-Tu
buberiana
 começa a conferir um caráter maior à relação do que
necessariamente à pessoa do cliente
 terapeuta e o cliente afetam-se mutuamente, mesmo que em
níveis diferentes
 expressar-se mais livremente, expondo seus sentimentos e
sensações pertinentes na relação
Há duas "ruas sem saída" em psicoterapia:

1- o processo não progride após tornar-se meramente racional

2- o processo não progride por tornar-se redundante na

expressão de sentimentos já conhecidos


4- comunicação transcendental, presente nos momentos de
comunicação intensa em estados alterados de consciência
 dedicou-se a pequenos e grandes grupos
 interesse por questões interculturais
 maior preocupação com as relações humanas de uma forma geral e
a ampliação dos preceitos da psicoterapia a novos campos de
atuação, como a mediação de conflito e intensificação na área da
educação.
 crença em processos intuitivos
 viés transcendental
As formas de relacionamento terapêutico sofreram mudanças
significativas

 Partiu-se de uma postura mais distanciada do terapeuta rumo a


uma maior implicação deste com a terapia
 inicialmente o cliente é tomado como centro do processo, mas
caminha-se em direção a um maior foco no relacionamento,

O fio condutor de todas as etapas da obra de Rogers é o respeito


à experiência do cliente e a autonomia deste em resignificar sua
história de vida.
O Processo Psicoterápico e o Método Fenomenológico
 não é um método terapêutico é um método de compreensão da
realidade que pode se transformar em uma atitude terapêutica

 Possibilidades de Intervenção
 1º - compreensão das percepções de seus próprios problemas
(descrição)
 2º - compreensão de seu ser-no-mundo, regressão à história do
sujeito
 3º - compreensão de seu projeto de vida, vir do passado ao
presente

Técnicas: são secundárias


VIDA PLENA
Observação Positiva:
 é um processo, não um estado de ser
 uma direção, não um destino

É o processo do movimento numa direção que o organismo humano


seleciona quando é interiormente livre para se mover em qualquer
direção
VIDA PLENA
Observação Negativa:
 não é um estado fixo
 não é um estado de virtude, de contentamento, de nirvana ou de
felicidade
 não é uma condição em que o indivíduo esteja adaptado
 não é um estado de redução de impulsos, de redução de tensão
ou de homeostase.
CARACTERÍSTICAS DO FUNCIONAMENTO PLENO

crescente
vida mais
abertura à
existencial
experiência

organismo
digno de
confiança
CARACTERÍSTICAS DO FUNCIONAMENTO PLENO

crescente
abertura à
experiência  atitude é o
 posta à atitude defensiva
 torna-se progressivamente mais
capaz de ouvir a si mesma
CARACTERÍSTICAS DO FUNCIONAMENTO PLENO

vida mais  uma tendência para viver plenamente


existencial cada momento
 “aquilo que eu vou ser no próximo
momento e aquilo que eu vou fazer nasce
desse momento e não pode ser previsto
de antemão nem por mim nem pelos
outros”.
 adaptabilidade
 abertura àquilo que está se passando
agora
CARACTERÍSTICAS DO FUNCIONAMENTO PLENO

organismo
digno de
confiança  torna-se mais capaz de confiar
nas suas reações organísmicas
totais frente a uma nova situação
O PROCESSO PSICOTERÁPICO
A CHEGADA ...
 desorganização do conteúdo
inautenticidade
relatos superficiais, racionalizações
problemas alheios a si, descreve fatos, não assume a
responsabilidade
comportamentos defensivos
apego ao passado
 atitude crítica em relação à auto-imagem
O PROCESSO PSICOTERÁPICO
O DURANTE...

questionamento de valores
explora o problema, noção de responsabilidade
 contradições aparecem com maior nitidez

AOS POUCOS ...


reconhecimento da responsabilidade
autenticidade
foco de avaliação muda
O PROCESSO PSICOTERÁPICO

O TERAPEUTA ...
 as condições facilitadoras
 técnicas secundárias, o princípio é: para que servem, em que
vão ajudar a esclarecer o ser-no-mundo do cliente
trabalha seus próprios valores o que não significa que verbaliza
sobre eles
é modelo mas não modela
 aprimoramento, não apenas técnico e teórico, mas vivencial
"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM
ÁTOMO DO QUE QUEBRAR UM
PARADIGMA".
(Albert Einstein)
Um homem ia dirigindo em alta velocidade por uma estrada, quando
deparou com um carro que vinha na contramão, dirigido por uma
mulher, que lhe gritou: “porco!”. Ele imediatamente gritou: “vaca!”,
pois, de acordo com suas antigas regras, ele, ao ser xingado, devia
também xingar. Xingou, acelerou e atropelou um porco.
A Paralisia de Paradigma
O único modo de ver e de fazer

Inflexibilidade

Pode nos conduzir a não ver as oportunidades positivas que se encontram à nossa
volta
O Ponto Cego

Atividade
Ciência
Humana

Muitos pontos cegos são ignorados


Qual nossa visão de homem?
Referências científicas opressivas podem barrar ou
impedir avanços não apenas nas práticas –
mas o que é mais sério - nas nossas mentes
Guattari
SOBRE A TERAPIA
 Compreensão intelectual é apenas um aspecto do entendimento –
não o mais significativo
 Evitar a classificação mecânica da personalidade
 Empreendimento cooperativo
O que pode ter acontecido com o CLIENTE em TERAPIA se nada
aconteceu ao TERAPEUTA durante seu trabalho com ele?

FUNÇÃO DA TERAPIA
 Devolver o indivíduo a si mesmo
REFERÊNCIAS

MIRANDA, C. S. N. de; FREIRE, J. C. A comunicação terapêutica na


abordagem centrada na pessoa. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro
, 64(1), 78-94, abr., 2012. (SCIELO)
MESSIAS, J. C. C.; CURY, V. E. Psicoterapia centrada na pessoa e o
impacto do conceito de experienciação. Psicol. Reflex. Crit., Porto
Alegre, 19(3), 355-361, 2006. (SCIELO)
ROGERS, C. R. Conceito de pessoa em funcionamento pleno. In: WOOD,
J. K. ; (Org.). Abordagem Centrada na Pessoa. Vitória: Editora Fundação
Ceciliano Abel de Almeida. 1994. p. 69-94.

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