Recurso Inominado - Aparecida Mourao

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AO 5º JUIZADO ESPECIAL DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE

NITERÓI- RJ

Processo n° 0821812-48.2023.8.19.0004

APARECIDA DA SILVA VAZ COSTA MOURÃO, já qualificada na peça


vestibular destes autos, vem, por intermédio de suas patronas, com o devido
respeito à presença de deste juízo, inconformada com a sentença que julgou
procedente em parte os pedidos autorais e enfrentou os argumentos trazidos
pela parte autora, vem interpor o presente RECURSO INOMINADO, com
fundamento no artigo 42 da Lei 9.099/95, de acordo com os fundamentos
anexos. Requerendo, na forma da lei, seja o presente recurso inominado
recebido, regularmente processado e encaminhado à Turma Recursal dos
Juizados Especiais Fazendários.

Nestes termos,
Espera deferimento.
Saquarema, 29 de abril de 2024.

AMANDA BOQUEIRONE OLIVEIRA


OAB/RJ 184.430

ÁTILA BOQUERONE DE OLIVEIRA


OAB/RJ 212.99

JULIANNA TAVARES LOPES COSTA


OAB/RJ 211.031

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EGRÉGIA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA FAZENDA
PÚBLICA

Recorrente: APARECIDA DA SILVA VAZ COSTA MOURÃO


Recorridos: ESTADO DO RIO DE JANEIRO E O FUNDO ÚNICO DE
PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO –
RIOPREVIDÊNCIA

COLENDA TURMA

I. DA TEMPESTIVIDADE

A r. sentença recorrida foi publicada em 15/04/2024. Considerando o


prazo legal de 10 dias para a apresentação do presente recurso e as suspensões
de prazos dos dias 22/04/24 e 23/04/2024, ainda, a data em que este foi
interposto, tem-se respeitado o pressuposto da tempestividade recursal.

II. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A parte recorrente deixa de recolher o preparo em razão do requerimento


de gratuidade de justiça, vez que é pessoa pobre no sentido da lei, não
possuindo condições de arcar com as custas judiciais sem prejuízo de seu
sustento e de sua família.

E o artigo 5º, inciso XXXIV e XXXV da Constituição Federal assegura a


todos o direito de acesso à justiça em defesa de seus direitos, independente do
pagamento de taxas, e prevê expressamente que a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.

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III. DOS FATOS

A autora ingressou com ação objetivando a aplicação de reajuste anual


de seus proventos de aposentadoria, conforme os preceitos constitucionais e
apresentando como base de cálculo índice geral de correção como norteador de
seu direito.

Contudo a venerável sentença trouxe como fundamentação lei específica


aplicada aos servidores públicos do Estado do Rio de Janeiro, qual seja Lei
Estadual 6244/2012, e a partir dela foi verificado que o índice correto a ser
aplicado é o INPC, assim, demonstrado que houve erro material na elaboração
do cálculo em planilha apresentado pela autora o que, contudo, não macula a
sentença, tampouco o pedido autoral.

Nos termos da sentença proferida:

“b) condenar o réu a pagar ao autor a quantia de R$ 31.890,60 (trinta e um


mil, oitocentos e noventa reais e sessenta centavos), corrigido
monetariamente do desembolso, aplicando-se o IPCA-E, até o trânsito em
julgado da sentença, momento a partir do qual incidirá, somente, a Taxa Selic
(Súmula 188 do STJ), que engloba juros e correção monetária, tudo de
acordo com o que fora decidido no REsp 1495146/MG, analisado pela 1ª
Seção do Superior Tribunal de Justiça sob a sistemática dos recursos
repetitivos, bem como no RE 870947, analisado pelo Plenário do Supremo
Tribunal Federal sob a sistemática da repercussão geral. A partir do advento
da EC113-21, deverá ser observada somente a incidência da Taxa Selic.”

Apesar da perfeita análise do julgado, a referida sentença mantém os


cálculos trazidos equivocadamente com base no índice de correção do RGPS e
não o INPC.

Assim, contudo deve constar da sentença o valor atribuído por àquele


índice no importe de R$ 113.558,46 (cento e treze mil quinhentos e cinquenta e
oito reais e quarenta e seis centavos).

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Porém, mesmo mostrando detalhadamente em Embargos de declaração
o equívoco ocorrido por erro material o juízo a quo, negou os pedidos da
Recorrente nos seguintes termos:

“Novos embargos de declaração que suscitam adoção de novos cálculos


após a sentença.
Nova liquidação incabível após a sentença proferida em sede de juizados, à
luz do art. 38 da Lei 9099/95 cc art. 27 da Lei 12153/09.
Ante o exposto, CONHEÇO E NEGO PROVIMENTO aos embargos.”

Desse modo, é notório que há a necessidade de reformar a sentença, uma


vez que os cálculos apresentados não estão em conformidade com a real
correção no INPC.

IV. DO DIREITO

Nota-se que a presente sentença, realizou perfeita análise do caso em


tela, contudo foi levada a erro material pelo índice atribuído pela autora.

Sendo certo que a planilha anexada à petição inicial não possui caráter
vinculativo, servindo apenas como mera estimativa do valor devido. O juiz, no
exercício de seu livre convencimento motivado, não está obrigado a seguir os
cálculos apresentados na planilha.

Veja o que diz o artigo 494 do Código de Processo Civil:

Art. 494. Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:


I - para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais
ou erros de cálculo;

Veja ainda os entendimentos dos tribunais quanto as decisões análogas:

STJ - RECURSO ESPECIAL: REsp 1761375 RJ 2016/0065510-3


PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. CÁLCULO DA INDENIZAÇÃO. TERMO INICIAL DA

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CORREÇÃO MONETÁRIA. INTERPRETAÇÃO DA SENTENÇA
TRANSITADA EM JULGADO. ERRO MATERIAL CONFIGURADO.
POSSIBILIDADE DE CORREÇÃO. OFENSA À COISA JULGADA. NÃO
OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE PROVIDO. 1. "O
descompasso entre a fundamentação da decisão e sua parte dispositiva, que
estabelece o termo inicial da correção monetária de forma a negar o direito
anteriormente conferido ao autor, autoriza o reconhecimento da ocorrência
de erro material" (REsp 502.557/RS, Rel. Ministro FERNANDO
GONÇALVES, QUARTA TURMA, j. em 19/02/2009, DJe de 09/03/2009). 2.
Na hipótese, a isolada e desmotivada menção, em única linha de item do
dispositivo da sentença liquidanda, ao art. 1º, § 2º , da Lei 6.899 /81, o qual
prescreve a correção monetária das condenações judiciais somente a partir
do ajuizamento da ação, não pode prevalecer sobre a fundamentação, em
dez laudas, e os demais itens do dispositivo da mesma decisão, assegurando
a completa reparação dos danos reconhecidos. Não é razoável compreender
tenha a sentença, na motivação, assegurado aos ora recorrentes a
recomposição dos prejuízos reconhecidos, para, no dispositivo,
intencionalmente excluir a correção monetária plena daquela indenização,
subtraindo a atualização monetária pelo período de dez anos havido desde a
prática do ato ilícito até o ajuizamento da ação. Temse, portanto, evidente
erro material, incapaz de impedir o direito à atualização monetária do
quantum indenizatório a partir da data do ilícito (Súmula 43 /STJ). 3. O erro
material não transita em julgado, podendo ser corrigido a qualquer tempo pelo
Juiz ou Tribunal prolator da decisão, tendo em vista que a sua correção não
implica alteração do conteúdo do provimento jurisdicional (CPC/1973 , art.
463 , I ; CPC/2015 , art. 494 , I). 4. Recurso especial parcialmente provido.

Sendo assim, é clara a necessidade da Recorrente em acionar esta


Egrégia Turma Recursal para que a decisão possa ser ajustada quanto à
correção dos cálculos, uma vez que restou demonstrado, através do CPC e
jurisprudência, a possibilidade da mudança dos cálculos após a sentença.

V. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

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I. A concessão do benefício da Gratuidade de Justiça na fase
recursal;

II. Requer seja conhecido e provido o presente Recurso Inominado a


fim de que seja reformada a sentença monocrática e que nos
termos da Lei Estadual 6244/2012, seja aplicado aos cálculos o
índice INPC.

III. Por fim, pugna pela condenação da Recorrida ao pagamento de


custas processuais e honorários advocatícios.

Nesses termos,
Espera deferimento.
Saquarema, 29de abril de 2024.

AMANDA BOQUEIRONE OLIVEIRA


OAB/RJ 184.430

ÁTILA BOQUERONE DE OLIVEIRA


OAB/RJ 212.997

JULIANNA TAVARES LOPES COSTA


OAB/RJ 211.031

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