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NT Rohden

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NOVO TESTAMENTO

Versão baseada no texto origina!, de acordo


com a Vulgata, e amplamente anotada

POR

HUBERTO ROHDEN

Terceira edição
(25.° milheit o)

19 4 2
CAIXA POSTAL 831
RIO DE JANEIRO
NADA OBSTA REIMPRIMA-SE
Santa Maria, 3 - 2 - 1938
Pascoal Gomes Librelotto Santa Maria, 3-2 - 1938
Cens. dioc. f ANTONIO, Bispo.
Opinião dos Jesuítas de Porto Alegre sobre o
valor da presente tradução, adotada em
numerosos colégios católicos do Brasil:

"As obras de Huberto Rohden não necessitam


de recomendação. Também como tradutor, Rohden
não desmente o seu estilo característico. Talvez
fosse até a sua vocação principal dar-nos esta tra-
dução do Novo Testamento, que nos parece desti-
nado a tornar-se o nosso Novo Testamento, assim
como o Roesch é o dos alemães. Sempre fiel à sua
linguagem desimpedida, agradável e popular, Roh-
den sabe conservar os matizes mais subtis do origi-
nal, que percebe com sensibilidade de artista da pa-
lavra. Quem tiver lido um trecho duma Epistola,
por exemplo, na dicção lúcida e natural de Rohden,
dificilmente voltará a traduções que não desintrin-
cam o fraseado grego e latino, ininteligível, ou ao
menos fatigante e antipático para o homem de hoje.
Apesar de destinar-se ao povo em geral, ou justa-
mente por isso, a tradução de Rohden, como todas
as obras verdadeiramente populares, tem segura a
simpatia também dos mais exigentes".
"Não cessaremos de admoestar a todos os fiéis
a que leiam, dia por dia, sobretudo os Evangelhos,
os Atos dos Apóstolos e as Epístolas, e que se com-
penetrem intimamente do seu espírito.
Em nenhuma família católica devem faltar êstes
livros, que por meio de quotidiana leitura e medi-
tação devem ser assimilados.
Louvor especial merecem aqueles homens que,
em diversos paises, se esforçam por difundir, em

edições atraentes, o Novo Testamento...,,


Bento XV, Papa.
PRELIMINARES

O LIVRO DA HUMANIDADE

Vibra nas páginas milenares da Biblia a alma da humani-


dade. Da humanidade de todos os tempos da história, de todos
os países do globo.
Tudo quanto o género humano, no decurso dos séculos e
milénios, tem pensado e sentido de mais profundo e sublime,
de mais belo e verdadeiro ; tudo quanto tem gozado de mais
suave e padecido de mais acerbo — encontra-se imortalizado nas
páginas lapidares da Sagrada Escritura.
A Biblia é a alma da humanidade cristalizada em livro.
lodos os abismos do sofrimento e todas as culminâncias
da alegria ; todas as epopeias do amor e todas as tragédias do
ódio ; os heroísmos dos santos e a infâmias dos celerados ; uma
escala imensa de esperanças e desespêros, de culpas e remorsos,
de sorrisos e de lágrimas, de abundância e de penúria, de severi-
dade ede ternura — tudo isto canta e geme, chora e rejubila
nos incomparáveis capítulos do livro dos livros.
Nenhum problema de psicologia existe, nenhuma questão
filosófica, nenhum aspeto teológico ou ético do mundo ou da
vida humana se pode imaginar que não repercuta, veemente
ou suave, nas cordas eternas dessa gigantesca harpa da huma-
nidade.
Mais antigos que as pirâmides do Egito ; mais profundos
que os abismos do mar ; mais excelsos que as estrelas do fir-
mamento — falam os livros sagrados ao espirito e ao coração do
homem, sofiasdedo universo..
todas as raças, de todos os credos, de todas as filo-
No texto sacro do Antigo e do Novo Testamento encontra
o homem do século vinte a sua própria alma, como se só para
ele fossem escritos esses livros ; descobre episódios da sua vida
individual ; surpreende, não raro, o seu próprio Eu nos mais
íntimos recessos do seu ser.

JESUS CRISTO E A BIBLIA


Inúmeras vezes se refere Nosso Senhor ao texto sacro
então existente.
Argumenta
inculcar com a "lei
uma verdade e os discípulos
a seus profetas" ou
todaaoa povo.
vez que pretende
Preliminares

invoca a Sagrada Escritura para frisar a hipocrisia dos


fariseus, para verberar a incredulidade dos saduceus, para des-
mascarar oformalismo vazio dos sacerdotes, para rebater as
pérfidas sugestões do tentador no deserto — como também para
enaltecer a fé e a paciência dos servos de Deus.
Jesus E'prova
com palavras aos seus de Moisés, e Isaias,
apóstolos Jeremias dee Davi
aos discipulos Emaúsetc.o que
ca-
ráter messiânico do "homem das dores".
As preces que o Nazareno dirige ao Pai celeste, na sinagoga
e no templo, no cenáculo e ainda no alto do Calvário, teem fun-
damento nas páginas sagradas da revelação divina.
"Esquadrinhais as Escrituras — diz êle aos judeus — Pois
são elas que dão testemunho de mim" (Jo 5,39).
OS APÓSTOLOS E A BÍBLIA
Os apóstolos e evangelistas, sobretudo Mateus, provam a
missão divina de Jesus Cristo á luz de textos tirados do Antigo
Testamento. Vão para centenas os tópicos bíblicos que se en
contram nos 4 Evangelhos, nas 14 Epístolas paulinas e nas
cartas "católicas". Os grandes tratados teológicos de São
Paulo — Epistolas aos Romanos e aos Hebreus — são verdadei-
ros mosáicos de citações e trechos do Antigo Testamento.
O apóstolo das gentes não se cansa de recomendar aos seus
amigos e auxiliares e manuseio quotidiano das letras sagradas
Elogia o conhecimento profundo e exato que delas possuía o
jovem
as SagradasTimóteo,Escrituras seu grande discípulo
; delas : "Desde
poderás haurirpequeno conheces
o conhecimento
sobre a salvação pela fé em Cristo Jesus. Porquanto, toda a
Escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para refutar,
para corrigir e para educar na justiça. Destarte chega o homem
de
3,15Deus
ss). à perfeição, habilitado para toda a obra boa" (2 Tm
Aos cristãos de Roma afirma o apóstolo : "Tudo o que ou-
trora se escreveu foi escrito para ensinamento nosso afim de hau-
rirmos da Escritura a paciência e a consolação para guardarmos
a esperança"
O mesmo (Rm 15,4).
inculca às cristandades da Asia Menor o chefe
dos apóstolos, Simão Pedro, reivindicando o caráter inspirado
dos livros em
se baseia bíblicos : "Convencei-vos
investigação de queassim
pessoal, tanto nenhuma profeciase
que nunca
originou profecia por vontade humana ; mas foi por impulso
do Espirito Santo que homens falaram de Deus" (2 Pd 1,20 s).
A IGREJA CATÓLICA E A BÍBLIA
"Ignorar
nimo, tradutora dos
Bíblia é ignorar
livros sacros aemCristo",
latim. escreve São Jerô-
Em todos os séculos do Cristianismo, teem os chefes espi-
rituais da Igreja insistido na necessidade do conhecimento pro-
fundo da Sagrada Escritura.
Preliminares VII

"Tenho os livros sagrados para consolação e espelho da


minhaEm vida",
fins dodizséculo
o autor da "Imitação
passado, de Cristo".
concedeu Leão XIII 300 dias de
indulgência a todos os católicos que, ao menos durante 15 mi-
nutos, lessem e meditassem um trecho da Bíblia.
No dia 8 de outubro de 1914, dirigiu Bento XV uma carta
ao cardial Cassetta, Protetor da Sociedade de São Jerônimo,
escrevendo
cristãs : "E' nossoo costume
se introduza ardente desejo
de lerquee meditar
em todas diariamente
as familias
esses sacrosantos livros, para que nêles encontrem a norma e
diretriz
Em para15 deumasetembro
vida santa e em publicou
de 1920, tudo agradável a Deus".
o mesmo Pontifice,
para todos os Bispos do mundo, a Encíclica "Spiritus Paráclitus",
na qual ráveis
se irmãos,
lêem não
estascessaremos
palavras :de"Quanto de nós
admoestar depende,
a todos vene-a
os fiéis
que leiam, dia por dia, sobretudo os Evangelhos, os Atos dos
Apóstolos e as Epístolas, e que se compenetrem intimamente
do seu espirito. . . Em nenhuma família católica devem faltar
estes livros, que por meio de quotidiana leitura e meditação de-
vem ser assimilados. . . Louvor especial merecem aqueles homens
que, em diversos países, se esforçam por difundir, em edições
atraentes, o Novo Testamento, juntamente com livros selectos
do Antigo Testamento".
0 NOVO TESTAMENTO
Compreende o NOVO TESTAMENTO 27 livros, a saber :
os 4 Evangelhos, segundo Mateus, Marcos Lucas e João ; os
Atos dos Apóstolos, da autoria do evangelista Lucas; as 14
Epístolas de São Paulo : 1 Epístola de Tiago Menor ; 2 Epístolas
de Simão Pedro ; 3 Epístolas de João Evangelista ; 1 Epístola
de Judas Tadeu ; e finalmente, o Apocalipse, da autoria de João
Evangelista.
Todos êsses livros foram exarados em língua grega, entre os
meiados e o fim do primeiro século da era cristã.
Já no 2.° século corria uma versão latina, calcada sobre o
grego, chamada "ítala". No 4.° século corrigiu São Jerônimo
a "ítala", a qual passou a chamar-se mais tarde Vulgata. E'
o texto adotado para as funções litúrgicas oficiais da Igreja ca-
tólica do ocidente. Entretanto, é permitido o uso de qualquer
outro texto aprovado pela autoridade eclesiástica.
Entre o texto grego e o da Vulgata existe certo número de
"variantes",
fundo e a substânciaou divergências, mas que não afetam, geralmente, o
do seu conteúdo.
DISPOSIÇÃO TÉCNICA DESTA EDIÇÃO
Tratámos de sintetizar no reduzido espaço dêste volume o
maior número possível de vantagens, para que o leitor possa
manusear com gosto e satisfação o texto do Novo Testamento.
No corpo do livro encontra o leitor a versão exata do texto
grego, como existe nos códices mais antigos que possuímos.
VIII Preliminares

E ao mesmo tempo tem diante de si o texto completo e


fiel da Vulgata, assim como é usado na igreja católica do oci-
dente. Ambos os textos, tanto o do original grego como o
da tradução latina da Vulgata, são reconhecidos pela igreja
O leitor que preferir o texto da Vulgata substitúe sim-
plesmente otópico grifado dentro do texto pelo competente
tópico ao pé da página.
No princípio de cada livro vem uma Introdução, cujo estudo
prévio é indispensável para a perfeita compreensão do texto
subsequente.
A Bíblia, como é sabido, está dividida em capítulos e ver-
sículos. Na presente edição, para efeito de maior clareza e fa-
cilidade, tirámos do meio do texto e colocámos nas margens
externas os algarismos correspondentes tanto aos capítulos
como aos versículos, sendo aqueles impressos em negrita, e êstes
em tipo comum.
No fim de cada livro se encontram ligeiras notas explicati-
vas das passagens mais difíceis. Tratando-se dos Evangelhos
segundo Marcos, Lucas e João, convém que o leitor consulte as
notas correspondentes ao Evangelho de Mateus, que são mais
abundantes e completas.
No intuito de facilitar a leitura, subdividimos o texto em
epígrafes maiores e menores devidamente destacadas.
Nas margens internas das páginas se acha a indicação dos
lugares paralelos (dos Evangelhos), bem como das abreviações
dos Livros da Bíblia citados no texto. A chave para êstes
títulos abreviados se encontra no princípio dêste volume.
No fim do volume oferecemos ao leitor um completo índice
das Epístolas e Evangelhos dominicais e festivos do ano litúr-
gico.
Remata este volume com uma minuciosa concordância
bíblica, disposta em ordem alfabética, com diversas subdivisões
— concordância essa, que facilita grandemente a utilização do
texto sacro e permite o encontro rápido de qualquer tópico do
Novo Testamento.

RIO — Caixa Postal 831


títulos abreviados dos livros bíblicos
usados neste voiume
ANTIGO TESTAMENTO
Gn — Livro Génesis
Ex — Livro Êxodo
Lv — Livro Levítico
Nm — Livro Números
Dt — Livro Deuteronômio
Js — Livro Josué
Jz — Livro Juizes
Rt — Livro Rute
1 Rs — 1 ° Livro dos Reis
2 Rs — 2.° Livro dos Reis
3 Rs — 3° Livro dos Reis
4 Rs — 4.° Livro dos Reis
1 Pp — 1 .° Livro Paralipómenos
2 Pp - - 2.° Livro Paralipómenos
Ed — Livro de Esdras
Ne — Livro de Neemias
Tb — Livro de Tobias
Jt — Livro de Judite
Et — Livro de Ester
Jó — Livro de Jó
SI — Livro dos Salmos
Pv — Livro dos Provérbios
Es — Livro Eclesiastes
Ct — Livro Cântico dos cânticos.
Sb — Livro da Sabedoria
Ec — Livro Eclesiástico
Is — Profecia de Isaias
Jr — Profecia de Jeremias
LJr — Lamentação de Jeremias
Br — Profecia de Baruc
Ez — ■ Profecia de Ezequiel
Dn — Profecia de Daniel
Os — Profecia de Oséias
Jl — Profecia de Joel
Am — Profecia de Amós
Ab — Profecia de Abdias
Jn — Profecia de Jonas
Mq — Profecia de Miqueas
Na — Profecia de Naum
Hc — Profecia de Habacuc
Sf — Profecia de Sofonias
X Títulos abreviados neste livro

Ag — Profecia de Ageu
Zc — Profecia de Zacarias
Ml — Profecia de Malaquias
1 Mb — ■ 1.° Livro dos Macabeus
2 Mb — 2.° Livro dos Macabeus
NOVO TESTAMENTO
Mt — Evangelho segundo s. Mateus
Mc — Evangelho segundo s. Marcos
Lc Evangelho segundo s. Lucas
Jo — Evangelho segundo s. João
At — Atos dos Apóstolos
Rm — - Epistola de s. Paulo aos romanos
1 Cr — 1 .a Epistola de s. Paulo aos corintios
2 Cr — 2.a Epistola de s. Paulo aos corintios
Gl — Epistola de s. Paulo aos gálatas
Ef — Epistola de s. Paulo aos efésios
Fp — Epistola de s. Paulo aos filipenses
Cl — ■ Epistola de s. Paulo aos colossenses
1 Ts — ■ l.R Epístola de s. Paulo aos tessalonicenses
2 Ts — 2.a Epistola de s. Paulo aos tessalonicenses
1 Tm — ■ l.a Ep. de s. Paulo a Timóteo
2 Tm — 2 a Ep. de s. Paulo a Timóteo
Tt — ■ Epistola de s. Paulo a Tito
Fm — Epistola de s. Paulo a Filemon
Hb — Epistola de s. Paulo aos hebreus
Tg — Epistola de são Tiago
1 Pd — 1 .a Epistola de são Pedro
2 Pd — 2.a Epistola de são Pedro
1 Jo — - l.a Epistola de são João
2 Jo — 2.a Epistola de são João
3 Jo — 3.* Epistola de são João
Jd — Epistola de são Judas
Ap — Apocalipse de são João,
ANTES DE LER A SAGRADA ESCRITURA

vive Senhor
o homem,Jesus mas Cristo,
de toda que dissestes
a palavra que : sai"Nem
da bocasódedeDeus
pão
— concedei-me o pão vivo da vossa palavra, para que alimente
a minha vida espiritual, esclareça a minha inteligência, robus-
teça a minha vontade e penetre todo o meu Ser de um santo
entusiasmo pela causa do vosso reino. Amen.

DEPOIS DE LER A SAGRADA ESCRITURA


Jesus Cristo, divino Semeador da Verdade e da Vida,
que acabais de lançar ao terreno de minha alma a semente
da vossa palavra — fazei que ela germine, cresça e produza fruto
abundante, pela maior gloria do vosso reino e santificação de
minha alma. Amen.
DOS QUATRO EVANGELHOS EM GERAL

1. Evangelho é a boa nova, a mensagem feliz que


o Filho de Deus nos trouxe do céu e que os apóstolos anunciaram ;
a principio, oralmente ; mais tarde, apareceu essa boa nova
também por escrito, com o fim de ampliar e aprofundar na alma
dos fiéis o conhecimento das verdades reveladas (Lc 1,4). Quatro
desses documentos foram recebidos no cânon do Novo Testamen-
to. Conteem eles o evangelho de Jesus Cristo em forma quadrúpli-
ce, ou, como dizem os titulos antiquíssimos, o evangelho segun-
do Mateus, Marcos, Lucas e João.
2. Muitos cristãos houve, no primeiro século, que
consignaram por escrito a vida e as obras do Redentor (Lc 1,1) ;
mas a igreja só reconheceu como canónicos os quatro evangelhos
que hoje possuimos, não por negar a historicidade ás demais
narrativas, mas por terem só estes quatro a seu favor provas su-
ficientes que lhes abonam a inspiração divina. Como aquelas
quatro torrentes que regavam o paraiso terrestre assim as quatro
fontes cristalinas dos evangelhos fecundam o éden da nova
aliança, a igreja de Deus. Pondo em correlação com os evange-
listas agrandiosa visão de Ezequiel sobre os quatro seres vivos,
atribuiu-se a São Mateus o simbolo do homem, a São Marcos o
do leão, a São Lucas o do touro e a São João o da águia.
3. Os titulos dos evangelhos não provêem dos evange-
listas, porque, antigamente, não se costumava exornar as obras
históricas com o nome do autor ; remontam, todavia, aos tempos
apostólicos, tanto assim que já os conhecia o autor do Fragmento
Muratoriano (2 ° sec), bem como santo Ireneu (f 202) e Clemen-
te de Alexandia (f 217).
4. Os três primeiros evangelhos, ainda que literaria-
mente autónomos e independentes, apresentam, contudo, uma
notável concordância no tocante ao conteúdo e exposição. No
intuito de pôr mais em relevo essa harmonia, traçou -se
um paralelo sistemático entre esses três textos evangélicos,
dando em resultado uma interessante sinopse. Daí vieram a
chamar-se esses escritos : "Evangelhos sinópticos', e seus au-
tores : "os sinópticos".
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS

Introdução

1. Mateus, chamado também Levi (Mc 2, 14 ; Lc 5,27),


filho de Alfeu, era empregado de uma das repartições aduaneiras
que existiam nas vizinhanças do lago de Genesaré. Convidado
por Jesus Cristo seguiu-o imeditamente, e veio tornar-se um
dos doze apóstolos. Exerceu a sua atividade no meio dos seus
patricios da Palestina. Não consta ao certo em que parte do
mundo trabalhou mais tarde, depois de abandonar o torrão natal .
Se dermos crédito a uma lenda antiga, prégou o evangelho nas
terras da Etiópia, na Africa. A igreja celebra a festa de São Ma-
teus no dia 21 de setembro.
2. Será o apóstolo São Mateus o autor principal do pri-
meiro evangelho ? Ouçamos o que nos diz Pápias (75-1 50), bispo
de Hierápolis,
os ditos do Senhor,na Frigia : "Mateus
que cada escreveu em dolingua
qual interpretava melhorhebráica
modo
possível".
discussões "Ditos com doos Senhor" fariseus, veem a ser os sermões
as instruções que davade aos
Jesus, as suas
discípulos,
as suas parábolas e discursos escatológicos ; pois é precisamente
este evangelho que contém uma notável coleção desses "ditos".
Santo Ireneu (t 202) escreve : "Mateus editou entre os
hebreus um evangelho na língua dêles". O mesmo afirmam Orí-
genes, Eusébio, Jerônimo e outros, todos eles dos primeiros sé-
culos do cristianismo. Tão arraigada era, na antiguidade, esta
convicção sobre a origem apostólica do primeiro evangelho,
que nem mesmo os herejes ousaram negá-la.
O próprio corpo do evangelho contém indícios da sua
procedência palestinense. O autor mostra-se intimamente fa-
miliarizado com os livros sagrados do antigo testamento, com a
topografia, as instituições, usos e costumes do povo judaico.
Se estas circunstâncias indigitam um filho da Palestina, não fal-
tam no mesmo evangelho indícios que insinuam como autor
a pessoa de Mateus : No primeiro evangelho vem mencionado
apenas incidentemente o banquete que Levi ofereceu ao Senhor,
depois da sua vocação, ao passo que Lucas o refere por extenso
(Lc 5,29). Além disto, é o primeiro evangelho o único que acres-
centa ao nome de Mateus o pouco honroso apelido de "publi-
cano" (10, gelistas3), circunstância á essa,
teria transmitido que nenhum dos outros evan-
posteridade.
XIV INTRODUÇÃO

3. A língua em que Mateus redigiu o seu evangelho foi,


consoante testemunho da antiguidade cristã, a dos hebreus, quer
dizer, não o hebraico no sentido estrito., que era a lingua sacra
do antigo testamento ; mas antes o dialeto popular do tempo de
Cristo chamado aramaico. Nesta lingua tinha Mateus prégado
a doutrina de Jesus, e dela se serviu para o seu evangelho.
A tradução grega dêste evangelho data dos tempos pri-
mevos, por sinal que já os escritores do primeiro século conhecem
o texto grego. Desde o aparecimento da versão helénica, o ori-
ginal aramaico perdeu grande parte da sua importância , não
tardando a desaparecer.
4. Segundo o testemunho de Ireneu, Orígenes e outros,
destinava-se o primeiro evangelho aos judeu-cristãos da Pales-
tina. Concorda com isto o seu caráter interno, bem como certas
locuções hebraicas, localidades e costumes do país (cf. por exem-
plo : Mt 4, 13 com Lc 1, 26 ; 2, 4 ; Mt 27, 57 com Lc 23, 51 ;
Mt. 15, 2 com Mc 7, 2-4). O paralelo entre a lei antiga e a lei
nova (sermão da montanha) supõe da parte dos leitores um
conhecimento exato dos livros sagrados de Israel. Do mesmo
modo, teem base no Antigo Testamento os argumentos des-
tinados a provar a messianidade de Jesus.
5. O fim primário visado pelo evangelho em questão
consiste em demonstrar que na pessoa de Jesus apareceu, real-
mente, oMessias predito pelos profetas, e que o reino messiâ-
nico achou a sua realização na fundação da igreja. Bem necessá-
ria era essa demonstração, porque a maior parte dos judeus es-
perava um Messias cercado de esplendores mundanos, um sobe-
rano politico que sujeitasse os pagãos ao cetro de Israel e inau-
gurasse uma nova era de brilho e prosperidade temporal. Ora,
em face das aparências humildes e simples do Nazareno e do seu
reino, bem podiam chegar a pôr em dúvida o caráter messiânico
de Jesus até muitos dos judeus convertidos ao cristianismo.
6. Quanto á data da composição do evangelho, não é
possivel precisá-la com exatidão. Refere a tradição que São Ma-
teus foi o primeiro a escrever o evangelho ; é o que afirmam Cle-
mente de Alexandria, Orígenes, Epifânio e outros. Eusébio nos
fornece indicação mais exata, dizendo que Mateus compôs o seu
evangelho, quando estava para deixar a Palestina, afim de anun-
ciar aboa nova a outros povos ; seria, pois, pelo ano 42 depois
de Cristo. Santo Ireneu, pelo contrário, afirma que Mateus
publicou o seu evangelho no tempo em que os apóstolos Pedro e
Paulo prégavam em Roma e aí fundavam a igreja, quer dizer,
pelos anos 61 a 67. Provavelmente, foi o nosso evangelho escrito
pelo
tópicosanodo 50, na Palestina.
próprio evangelho, E'como,
o quepor parecem
exemplo, insinuar certos
27, 8 e 28, 15,
bem comoteriores aooanofato63.de serem os evangelhos de Marcos e Lucas an-

7. Principia o evangelista por narrar alguns episódios


da infância de Jesus, passa em silêncio um periodo de quase 30
INTRODUÇÃO XV

anos e reata o fio da narração, descrevendo o aparecimento de


João Batista a preparar a vida pública de Jesus, 1, 1-4, 1 1 . Em
seguida, dá noticia do apostolado do Messias em terras da Ga-
lileia, 4,12-18, 35. Trata por e< tenso este periodo, o que bem se
compreende, dada a origem do autor, que era galileu, e pelo
fato de ter sido chamado ao colégio apostólico no tempo em que
o divino Mestre percorria aquela província da Palestina. Re-
fere-se, em seguida, aos trabalhos de Jesus na Judéia e em Je-
rusalém, 19,1-23, 46, rematando com a paixão, morte c glorifi-
cação do Salvador, 26, 1-28. 30.
Decisão da Comissão Biblica, de 19 de junho de 1911 :
"O apóstolo meiro, na linguaMateus, popularsegundo tradiçãoumfidedigna,
da Palestina, evangelho,escreveu pri-
e não ape-
nas uma coleção de discursos de Jesus. Este evangelho aramaico
é,canónico
na substância, e fidedigno idêntico
sob áo respectiva
ponto de versão grega. E'; evangelho
vista histórico a sua ori-
gem é anterior ao ano 70".
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO
SÃO MATEUS

Infância de Jesus
1—16: Genealogia de Jesús. Arvore genealógica de Je- 1
Lc 3» sus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão. De Abraão des- 2
cende Isaac : de Isaac descende Jacó ; de Jacó descen-
dem Judá e seus irmãos ; de Judá e Tamar descendem 3
Fares e Zará ; de Farés descende Esron ; de Esron des-
cende Arão ; de Arão descende Aminadab ; de Amina- 4
dab descende Naasson ; de Naason descende Salmon ; de
Salmon e Raab descende Booz ; de Booz e Rute des- 5
cende Obed ; de Obed descende Jessé; de Jessé descen- 6
de Davi, o rei : de Davi o rei e da mulher de Urias des-
cende Salomão ; de Salomão descende Roboão ; de Ro- 7
boão descende Abias ; de Abias descende Asa ; de Asá 8
descende Josafat ; de Josafat descende Jorão ; de Jorão 9
descende Ozias ; de Ozias descende Joatão ; de Joatão 10
descende Acaz ; de Acaz descende Ezequias ; de Eze-
quias descende Manassés ; de Manasses descende Amon ; 11
de Amon descende Josias ; de Josias descendem Jeco-
nias e seus irmãos, no tempo da transmigração babi- 12
lônica. Depois da transmigração babilónica, de Jeco-
nias descende Salatiel ; de Salatiel descende Zoroba- 13
bel ; de Zorobabel descende Abiud ; de Abiud descende
Eliacim ; de Eliacim descende Azor ; de Azor descende
Sadoc ; de Sadoc descende Aquim ; de Aquim descende 14
Eliud ; de Eliud descende Eleazar ; de Eleazar descende 15
Matan ; de Matan descende Jacó ; de Jacó descende José, ig
esposo de Maria, da qual nasceu Jesús, que é chamado
o Cristo.
De maneira que são, ao todo, quatorze gerações 17
desde Abraão até Davi ; desde Davi até a transmigra-
ção babilónica, quatorze gerações ; e desde a transmi-
gração babilónica até Cristo, quatorze gerações.
Nascimento de Jesús. O nascimento de Jesús Cris- 18
to ocorreu deste modo : estava Maria, sua mãe, despo-
sada com José; e, antes de viverem em companhia, ve-
rificou-se ter ela concebido do Espírito Santo. Como, 19
porém, José, seu esposo, fosse homem justo e não a
quisesse expor á ignomínia, pensou em abandoná-la secre-
tamente.
Mateus 1, 20 — 2, 13

20 Enquanto assim deliberava, apareceu-lhe, em sonho,


um anjo
temas receber do Senhor e disse-lhe
em casa : "José,
a Maria, filho ;depois
tua esposa Davi,o não
que
21 nela se gerou é do Espírito Santo ; dará á luz um filho, a
quem porás o nome de Jesus, porque salvará o seu povo dos
22 pecados".
seus Ora, aconteceu tudo isto para que se cumprisse o is 7, 14
23 que o vSenhor dissera pelo profeta : "Eis que a virgem
conceberá e dará á luz um filho, que será chamado Emanuel"
— que quer dizer : Deus conosco.
24 Levantou-se José do sono e fez como lhe or-
denara o anjo do Senhor, recebendo em casa sua esposa.
25 Mas não a conhecia até que ela deu á luz seu jilho. E pôs-lhe
o nome de Jesus.
2 Os magos do oriente. Fendo Jesus nascido em
Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram
2 do
estáoriente uns magos a rei
o recem-nascido Jerusalém, e perguntaram
dos judeus ? vimos a : sua
"Onde
es-
3 trêla no oriente, e viemos adorá-lo". A esta notícia se
4 aterrou o rei Herodes e toda Jerusalém com ele. Convocou
todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do povo e indagou
5 deles onde devia nascer o Cristo. "Em Belém da Judéia
— responderam êles — porque assim está escrito pelo pro- Mq 5, l
6 feta : E tu, Belém, na terra de Judá, não és de forma
alguma a menor dentre as cidades principescas de Judá ;
porque de ti sairá o chefe que há de governar o meu povo
7 eIsrael".
inquiriu Então
dêles o Herodes chamou
tempo exato em secretamente
que aparecera osa estrela.
magos
8 Enviou-os a Belém, dizendo-lhes : "Ide e informai-vos soli-
citamente arespeito do menino, e, logo que o houverdes en-
9 Eles, depois de fazei-mo
contrado, ouvirsaber,
o rei,para que vá E também
partiram. eis que aeuestrela,
adorá-lo".
que
tinham visto no oriente, seguia adiante dêles, até que,
10 chegando sobre o lugar onde estava o menino,, parou. Ao
11 verem a estrêla, foi sobremaneira grande a alegria que
sentiram. Entraram na casa, e viram o menino com Maria,
sua mãe, prostraram-se em terra e o adoraram. Abriram
os seus tesouros e fizeram-lhe ofertas : ouro, incenso e
mirra.
12 Em sonho, porém, receberam aviso para não vol-
tarem á presença de Herodes ; pelo que regressaram a seu
país por outro caminho
13 Fuga para o Egito. Depois da partida dêles, eis
que um anjo do Senhor apareceu, em sonho, a José e dis-
o Egito,se-lhe :"Levanta-te
e fica lá até ; que
tomaeu o temenino
avise ;e sua mãe Herodes
porque e foge para
vai
procurar o menino para o matar".
25 — filho primogénito 1 — de Judá 7 — lhes aparecera
Mateus 2, 14 — 3, 12

Levantou-se êle, e, ainda noite, tomou o menino H


e sua mãe e retirou-se para o Egito. Lá ficou até a morte 15
Os li, 1 de Herodes. Cumpriu-se, dest'arte, o que o Senhor dissera
pelo profeta : "Do Egito chamei o meu filho".
Matança dos inocentes. Entrementes, reconheceu 16
Herodes que fora enganado pelos magos. Encheu-se de
grande ira e fez matar em Belém e arredores tôdos os me-
ninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que co-
Jr 31, lhera dos magos. Cumpriu-se então a palavra do profeta 17
is Jeremias, que diz : "Em
pranto e lamentações Ramá chora
; Raquel se ouvem
seus clamores,
filhos e nãogrande
quer 18
aceitar consolação, porque já não existem".
Regresso a Nazaré. Depois da morte de Herodes, iy
eis que um anjo do Senhor apareceu, em sonho, a José, no
Egito, e disse-lhe : "Levanta-te ; toma o menino e sua mãe 20
e vai para a terra de Israel ; porque morreram os que pro-
curavam matar o menino".
Levantou-se José, tomou o menino e sua mãe e foi 21
em demanda da terra de Israel. Ouvindo, porém, que 22
Arquelau reinava na Judéia, em lugar de seu pai Herodes,
teve medo de ir para lá ; e, avisado em sonho, retirou-se
para as regiões da Galiléia. Estabeleceu-se numa cidade 23
de nome Nazaré. Assim se devia cumprir o que fôra dito
pelos profetas: "Será chamado Nazareno".
Preliminares da vida pública de Jesus
1_12: João Batista. Por esses dias, apareceu João Ba- 3
Mc 1, 1 tista, prégando no deserto da Judéia : "Convertei-vos, 2
Lc 3, 1 porque está próximo o reino do céu". Pois a ele se refere
Jo 1, 19 o profeta Isaías quando diz : "Uma voz ecoa no deserto : 3
Is 40,3 PreparaiUsava o caminho
João umado veste
Senhor: aplainai
de pelos as suase uma
de camelo veredas".
cinta 4
de couro em volta do corpo ; gafanhotos e mel silvestre
formavam o seu alimento.
Jerusalém, a Judéia em pêso e todas as terras do 5
Jordão foram ter com êle. Faziam-se por êle batizar no 6
Jordão, confessando os seus pecados. Quando viu que 7
afluíam também numerosos fariseus e saduceus para dêle
receber o batismo, dísse-lhes : Raça de víboras ! quem vos
disse que havíeis de escapar á ira que vos está ameaçando ? 8
Produzi, pois, frutos de sincera conversão, e não digais : 9
Temos a Abraão por pai ; pois eu vos declaro que destas pe-
dras pode Deus suscitar filhos a Abraão. O machado já 10
está posto á raiz das árvores ; toda a árvore que não pro-
duzir fruto bom será cortada e lançada ao fogo. Eu não vos 11
batizo senão com água, para que vos convertais ; aquêle,
porém, que virá após mim é mais poderoso que eu ; eu nem
sou digno de lhe carregar o calçado. Êle é que vos há de 12
batizar, mas com o Espírito Santo e com fogo. Leva na
Mateus 3, 13 — 4, 15

mão a pá, e limpará a sua eira ; recolherá o trigo no seu ce-


leiro, equeimará as palhas num fogo inextinguível".
13 Batismo de Jesús. Por esse tempo, dirigiu-se Je- 13—17 :
sus da Galiléia para o Jordão e foi ter com João para ser Mc 1, 9
14 por ele batizado. João, porém, quis dissuadí-lo, dizendo: Lcâ, 21
"Eu é que devia ser batizado por ti — e tu vens a mim ?" l' 2'è
15 Respondeu-lhe Jesús : "Deixa por agora ; convém cumprir-
16 mos tudo tizado, que é justo".
Jesús logo saiu da Então
água. ele o deixou.
E eis que se lheDepois
abriu deo céu,
ba-
e viu o Espírito de Deus, que descia em forma de pomba e
17 vinha sobre ele, e do céu uma voz clamava : "Este é meu
Filho querido, no qual pus a minha complacência".
4 Tentação de Jesus. Em seguida, foi Jesús levado 1— -11:
pelo Espírito ao deserto, afim de ser tentado pelo demónio. ^ J» j2
23Jejuou Então quarentase dias e quarenta
aproximou delenoites. Depoise teve
o tentador fome. : c '
disse-lhe
"Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se convertam
em pão' '.
4pão vive Respondeu-lhe
o homem, masJesús: de toda"Está escrito:que Nem
a palavra sai da sóboca
de Dt 8, 3
de Deus".
5 Ao que o demónio o levou á cidade santa, colocou-o
6 sobre o pináculo do templo e disse-lhe : "Se és o Filho
de Deus, lança-te daqui abaixo ; porque está escrito :
Reccmendou-te a seus anjos que te levem nas palmas das si 90,
mãos, para que não pises teu pé em alguma pedra". 11
7 Replicou-lhe Jesús: "Também está escrito: Não Dt 6, ig
8tentarásAinda o Senhor, teu Deus".
o demónio o transportou a um monte muito
elevado, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua glória,
9 e disse-lhe : "Todas estas coisas te darei, se, prostrando-te
em terra, me adorares".
10tá escrito Ordenou-lhe: Ao Senhor, Jesús teu
: "Retíra-te, Satanás,
Deus, adorarás e só porque es- Dt 6,13
a êle ser-
11 virás!". Então o demónio o deixou, e eis que vieram os anjos e
o serviram.

ATIVIDADE PUBLICA DE JESUS NA GALILEIA


Pregação da Boa Nova a Israel

12João Cenário
13 fora preso,do apostolado de
retirou-se Jesús Jesús.
para a A' noticia
Galiléia. de que 12—17:
Deixou Mc 1, 1
de parte Nazaré e foi habitar em Cafarnaum, sobre o lago,
14 na zona de Zabulon e Neftalim. Veio cumprir-se, assim,
15 o que dissera o profeta ísaías : "Terra de Zabulon e terra Is 8)23 .
9,' 1 '
13 — a cidade de Nazaré
Mateus 4, 16, — 5, 16

de Neftalim, região do mar, para além do Jordão — Galileia


dos gentios — o povo que jaz em trevas vê um grande lu- 16
zeiro, e uma luz resplandesce aos que habitam nas regiões
sombrias da morte".
17—22: Os primeiros discípulos. Desde então começou Je- 17
Mc i.io sus a prégar e a dizer : "Convertei-vos, porque está pró-
re^no d° céu".ao longo do lago da Galiléia, viu dois
JuCi535 ximo 0Caminhando ig
irmãos — Simão, por sobrenome Pedro, e seu irmão André
— que lançavam a rêde ao lago; pois eram pescadores.
Segui-me — disse-lhes — e far- vos-ei pescadores de homens' ' . 19
Deixaram eles imediatamente as suas redes e seguiram-no. 20
Passando adiante, viu outro par de irmãos — Tiago, 21
filho de Zebedeu, e seu irmão João — que se achavam numa
barca com seu pai Zebedeu, concertando as suas redes. Cha- 22
mou-os. E eles, no mesmo instante, deixaram a barca e o pai
e seguiram-no.
Conspecto geral. Percorria Jesus toda a Galiléia, 23
ensinando nas sinagogas daí, anunciando a boa nova do
reino e curando toda a espécie de moléstias e qualquer en-
fermidade entre o povo. Pela Síria toda chegou a espalhar-se 24
a sua fama. Levavam á presença dêle todos os que sofriam
algum mal e eram vítimas de várias doenças e dores, bem
como os possessos, os lunáticos e os paralíticos ; e êle os
curava. Seguíam-no grandes multidões vindas da Galiléia 05
e da Decápole, assim como de Jerusalém, da Judéia e das
regiões d'além-Jordão.
Sermão
subiu Jesus a umdamonte montanha.
e sentou-se.A' vista das multidões,
Acercaram-se dêle os 5
seus discípulos,
dizendo : e êle, abrindo os lábios, pôs-se a ensiná-los, 2

tc~6 2o: Bem-aventuranças.


pelo espírito, Bem-aventurados
porque dêles é o reino do céu. os pobres 3
lados. Bem-aventurados os tristes, porque serão conso- 4
terra. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a 5
Bem-aventurados os que teem fome e sêde da justiça, g
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcan- 7
çarão misericórdia.
a Deus.Bem-aventurados os puros de coração, porque verão 8
Bem-aventurados
chamados filhos de Deus. os pacificadores, porque serão 9
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por 10
causa da justiça, porque dêles é o reino do céu..
22 — as rêdes
Mateus 5, 11 — - 29

11 Missão dos discípulos. Bem-aventurados sois vós, 13—16:


quando vos injuriarem e perseguirem e caluniosamente m^q'.
12 disserem
e exultai, de vós todo
porque grandeo mal, por minha
é a vossa causa no; alegrai-vos
recompensa céu. Pois 4^21*
Lc,i4,
do mesmo modo
de vós existiram. também perseguiram aos profetas que antes 34
13 Vós sois o sal da terra. Mas, se o sal se desvirtuar,
com que se lhe há de restituir a virtude ? fica sem préstimo
algum ; é lançado fora e pisado pela gente.
14 Vós sois a luz do mundo. Não pode permanecer oculta
15 uma cidade situada no monte. Nem se acende uma luz e se
mete debaixo do alqueire, mas, sim, sobre o candelabro
16 para alumiar a todos os que estão na casa. Assim brilhe
diante dos homens a vossa luz, para que vejam as vossas
boas obras e glorifiquem a vosso Pai celeste.
17 Jesus e a lei antiga. Não julgueis que vim abolir
a lei e os profetas ; não os vim abolir, mas levar á perfeição ;
18 pois em verdade vos digo que, enquanto não passarem o céu
e a terra, não passará um jota nem um ápice sequer da lei
19 até que tudo chegue á perfeição. Quem. pois, abolir algum
desses mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim a
gente, passará pelo ínfimo no reino do céu. Aquele, porém,
que os guardar e ensinar será considerado grande no reino
do céu.
20 Pois declaro- vos que, se a vossa justiça não for maior
que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino do céu.
21 O quinto mandamento. Tendes ouvido que foi
dito aos antigos : Não matarás, e quem matar será réu
22 em juizo. Eu, porém, vos digo que todo o homem que se irar
contra seu irmão será réu em juizo ; e quem chamar a seu
irmão "insensato" será réu diante do conselho ; e quem o
23 por
apelidar de "desgraçado"
conseguinte, estiveres será
ante réu do fogo
o altar para doapresentar
inferno. tua
Se,
oferenda, e te lembrares de que teu irmão tem queixa de ti,
24 deixa a tua oferenda ao pé do altar e vai reconciliar-te pri-
meiro com teu irmão ; e depois vem oferecer o teu sacrifício.
25 Não hesites em fazer as pazes com teu adversário,
enquanto estiveres em caminho com êle, para que não te vá
entregar ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial da justiça,
26 e sejas lançado ao cárcere. Em verdade, te digo que daí
não sairás enquanto não houveres pago o último vintém.
27 O sexto mandamento. Tendes ouvido que foi dito ;
Não cometerás adultério.
28 Eu, porém, vos digo que todo o homem que lançar
olhar cobiçoso a uma mulher, já em seu coração cometeu
29 adultério com ela. Se teu olho direito te for ocasião de
pecado, arranca-o e lança-o de ti ; porque melhor te é pere-
27— -dito aos antigos
Mateus 5, 30 — 6, 2

cer um dos teus órgãos do que ser todo o teu corpo lançado
ao inferno. E, se tua mão direita te for ocasião de pecado, 30
corta-a e lança-a de ti ; porque melhor te é perecer um dos
teus membros do que ir todo o teu corpo para o inferno.
Dt 24,1 Ainda foi dito : Quem repudiar sua mulher passe-lhe 31
carta de divórcio.
Eu, porém, vos digo que todo o homem que repudiar 32
sua mulher — salvo em caso de adultério — a faz adúltera ;
e quem casar com a que foi repudiada comete adultério.
Lv 19, O juramento. Além disso, ouvistes que foi dito: 33
12 Não jurarás falso ! e : Cumprirás o que juraste ao Senhor !
Num 30, £u p0rém, vos digo que não jureis de forma alguma; 34
nem pelo céu, porque é o trono de Deus ; nem pela terra, 35
porque é o escabelo dos seus pés ; nem por Jerusalém, porque
é a cidade do grande rei ; nem jurarás por tua cabeça, porque 36
não és capaz de tornar branco nem preto um só fio de ca-
belo. Seja o vosso modo de falar um simples "sim", um sim- 37
pies "não" ; o que passa daí vem do mal.
35 — 45: Retribuição. Tendes ouvido que foi dito: Olho 38
L£%27 pOÍ ôlho» dente por dente !
x 2*4 Eu, porém, vos digo : Não vos oponhais ao malé- 39
Lv 24, v°l° ; mas, quando alguém te ferir na face direita, apre-
20 senta-lhe também a outra. Se alguém quiser pleitear con- 4o
Ligo em juizo para te tirar a túnica, cede-lhe também a
capa. Se alguém te obrigar a acompanhá-lo por mil pas- 41
sos, vai com êle dois mil. Dá a quem te pede, nem voltes as 42
costas a quem deseja lhe emprestes algo.

Lv 19, Amor aos inimigos. Tendes ouvido que foi dito : 42


18 Amarás a teu próximo e terás ódio a teu inimigo !
Eu, porém, vos digo ; Amai vossos inimigos e orai 44
pelos que vos perseguem para que sejais filhos de vosso 45
Pai celeste, êle, que faz nascer seu sol sobre bons e maus, e
faz chover sobre justos e injustos.
Pois, se amardes tão somente aos que vos amam. 46
que prémio mereceis ? não fazem isto também os publicanos ?
E, se saudardes apenas vossos amigos, que fazeis nisto de 47
especial? não fazem isto também os pagãos? Vós, porém, 48
sede perfeitos, assim como é perfeito vosso Pai celeste.
Esmolas. Cuidado que não pratiqueis as vossas g
boas obras diante dos homens, com o fim de serdes vistos
por eles. Do contrário, não sereis recompensados pelo vosso
Pai celeste.
Quando déres esmola, não te ponhas a tocar a trom- 2
beta. a exemplo do que fazem os hipócritas nas sinagogas e

33 — dito aos antigos 41 — mais dois mil


44 — fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos qus vos perseguem
e caluniam
Mateus 6, 3 — 24

nas ruas, para serem elogiados pela gente. Em verdade,


3 vos digo que já receberam a sua recompensa. Quando, pois,
4 déres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a
direita, para que tua esmola fique ás ocultas ; e teu Pai, que
vê o que é oculto, te há de recompensar.
5 Oração. Quando orardes, não procedais como os
hipócritas que gostam de se exibir nas sinagogas e nas esquinas
das ruas, fazendo oração afim de serem vistos pela gente
6 Em verdade, vos digo que já receberam a sua recompensa. Tu,
porém, quando orares, entra no teu aposento, fecha a porta,
e ora a teu Pai ás ocultas ; e teu Pai, que vê o que é oculto,
7 re há de recompensar. Nem faleis muito quando orais,
como fazem os gentios, que cuidam ser atendidos por causa
do muito palavreado.
8 Não os imiteis ! porque vosso Pai sabe o que haveis 9 — 1\-
b mister, antes mesmo de lho pedirdes. Assim é que haveis Lel1»2
de orar : Pai nosso que estás no céu ; santificado seja o
10 teu nome ; venha o teu reino ; seja feita a tua vontade,
n assim na terra como no céu ; o pão nosso de cada dia
12 nos dá hoje; perdôa-nos as nossas dívidas, assim como nós
13 perdoamos aos nossos devedores ; e não nos induzas em
tentação ; mas livra-nos do mal.
14 Se perdoardes aos homens as faltas deles, também
15 vosso Pai celeste vos perdoará as vossas faltas. Se, porém,
não perdoardes aos homens, tão pouco vosso Pai vos per-
doará as vossas faltas.
16 Jejum. Quando jejuardes não andeis tristonhos,
como os hipócritas, que desfiguram o rosto para fazer ver
á gente que estão jejuando. Em verdade, vos digo que já
17 receberam a sua recompensa. Tu, porém, quando jejuares,
18 unge a cabeça e lava o rosto, para que a gente não veja que
estás jejuando, mas somente teu Pai, presente ao oculto ;
e teu Pai, que vê o que é oculto, te há de recompensar
19 Tesouros terrestres. Não acumuleis para vós te-
20 soutos na terra, onde a traça e a ferrugem os destroem,
onde os ladrões penetram e os roubam. Acumulai para vós
tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os des-
21 troem, onde os ladrões não penetram nem os roubam. Pois
onde está o teu tesouro aí também está o teu coração.
22 A tua vista é a luz do teu corpo. Enquanto a tua
23 vista for sã, estará em luz todo o teu corpo ; se, porém, tua
vista ficar doente, estará em trevas todo o teu corpo. Se,
pois, a própria luz em ti se houver tornado em trevas, como
serão grandes as trevas !
24 Ninguém pode servir a dois senhores ; ou aborrecerá
a um e amará a outro ; ou respeitará a êste e desprezará
aquêle. Não podeis servir a Deus e ás riquezas.
11 — sôbre-substancial 13 — mal- Amen.
Mateus 6, 25 — 7, 12

26—34 : Solicitudes. Por isso vos digo : Não vos dê cuida- 25


Lc ^ dos a vida, o que haveis de comer e o que haveis de beber ;
nem o vosso corpo, o que haveis de vestir. Não vale, por-
ventura, mais a vida que o alimento, e o corpo mais que o
vestido ?
Considerai as aves do céu; não semeiam, nem ceifam, 26
nem recolhem em celeiros — vosso Pai celeste é que lhes dá
de comer. Não sois vós, acaso, muito mais do que elas ? 27
Quem de vós pode, com todos os seus cuidados, prolongar
a sua vida por um palmo sequer ?
E por que andais inquietos com que haveis de vestir ? 28
Considerai os lírios do campo, como crescem ; não trabalham,
nem fiam ; e, no entanto, vos digo que nem Salomão em 29
roda a sua glória se vestiu jámais como um dêles. Se, pois,
Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã so
éfé lançada
! ao forno, quanto mais a vós, homens de pouca
Nao andeis, pois, inquietos, nem digais : que have- 31
mos de comer ? que havemos de beber ? com que nos
havemos de vestir ? Os pagãos é que se preocupam com 82
todas estas coisas. Vosso Pai celeste sabe que de tudo isto
haveis mister. Buscai, pois, em primeiro lugar o reino de 33
Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas de
acréscimo. Não andeis, portanto, solícitos pelo dia de 34
amanha ; o dia de amanhã cuidará de si mesmo ; basta a
cada dia a sua lida.
Juízos descaridosos. Não julgueis, e não sereis 7
julgados. Pois, como julgardes assim sereis julgados ; e 2
com a medida com que medirdes medir- vos-ão a vós. Por 3
que vês o argueiro no olho de teu irmão, ao passo que não en- 4
xergas a trave em teu próprio ôlho ? Ou como dizes a teu
irmão : Deixa-me tirar-te do ôlho o argueiro — quando
tens uma trave em teu próprio ôlho? Hipócrita ! tira pri- 5
meiro a trave do teu ôlho, e depois verás como tirar o ar-
gueiro do ôlho de teu irmão.
Não deis as coisas santas aos cães, nem lanceis as 6
vossas pérolas aos porcos, para que não lhes metam as patas
e, voltando-se, vos dilacerem.
Eficácia da oração. Pedi, e dar-se- vos-á ; procurai 7
e achareis ; batei, e abri r-se- vos-á. Pois todo o que pede 8
recebe ; quem procura acha ; e a quem bate abrir-se-lhe-á.
Haverá entre vós quem dê a seu filho uma pedra, quando lhe 9
pede pão ? ou quem lhe dê uma serpente, quando lhe pede 10
um peixe ?
Se, pois, vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas 11
a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará coisa
boa áquêles que lha pedirem !
Tudo que quereis que os homens vos façam, fazei-o 12
também a cies ; pois é nisto que consistem a lei e os profetas.
27 — estatura
Mateus 7, 13 — 8, 4

13 Porta estreita. Entrai pela porta estreita. Pois,


larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz á perdição
14 — e são muitos os que o entram por ela. Quão apertada é a
porta e quão estreito o caminho que conduz á vida ! — e
poucos são os que acertam com ele.
15 Falsos profetas. Cuidado com os falsos profetas
que se vos apresentam em pele de ovelha, mas por dentro
16 são lobos roubadores ! Pelos seus frutos é que cs conhecereis.
Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos
17 abrolhos ? Assim, toda a árvore boa dá frutos bons, e toda a
18 árvore má dá frutos maus. Não pode a árvore boa produzir
írutos maus, nem a árvore má pode produzir frutos bons.
19 Toda a árvore que não produzir bons frutos será cortada e
20 cereis.
lançada ao fogo. Pelos seus frutos, pois, é que os conhe-

21 Senhor,
' Ilusão Senhorprópria.
! entraráNem todo do
no reino aquêle
céu que
; masme somente
disser:
22 aquêle que fizer a vontade de meu Pai celeste. Naquêle dia,
muitos me dirão : Senhor, Senhor, pois não profetizámos
em teu nome, e em teu nome expulsámos demónios, e em teu
23 nome fizemos tantos milagres ? Eu, porém, lhes direi : Não
vos conheci jámais ; apartai-vos de mim, malfeitores !
24 Parábola do edifício. Quem ouve estas minhas pa-
lavras e as põe por obra assemelha-se a um homen sensato
26 que edificou sua casa sobre rocha. Desabaram aguaceiros,
transbordaram os rios, sopraram os vendavais e deram de
r ijo contra essa casa ; mas ela não caiu porque estava cons-
truída sobre rocha.
2€ Quem, pelo contrário, ouve estas minhas palavras
e não as põe por obra parece-se com um homem insensato
27 que edificou a sua casa sobre areia. Desabaram aguaceiros,
transbordaram os rios, sopraram os vendavais, dando de ri-
jo contra aquela casa, e ela caiu, ruindo com grande fragor'1.
28 Quando Jesus terminou este sermão, estava todo o
povo arrebatado da sua doutrina ; porque ensinava como
quem tem autoridade, e não como seus escribas.
a Cura dum leproso. Ao descer do monte, foi Jesús 1—4:
seguido de grande multidão de povo. E eis que veio um jjfgjj
2 leproso e se lhe prostrou aos pés com estas palavras : "Se- co'
nhor, se quiseres, podes tcrnar-me limpo".
3 Estendeu Jesús a mão, tocou nele e disse : "Quero,
sê limpo".
4 E no mesmo instante ficou limpo da lepra. Reco-
mendou-lhe Jesús : "Não o digas a ninguém ; mas vai
22 — celeste, este, sim, entiará no reino do céu.
28 — escribas e fariseus.
Mateus 8, 5 — 24

mostrar-te ao sacerdote e faze a oferta que Moisés orde-


nou, para que lhes sirva de testemunho".
õ -—13 : O centurião. Acabava Jesus de entrar em Cafar- 5
naum, quando se lhe apresentou um centurião com esta
súplica : "Senhor, tenho em casa um servo que está de cama 6
com paralisia e sofre grandes tormentos". Respondeu-lhe 7
Jesus:
eu não sou "Ireidigno
curá-lo".
de que Tornou-lhe o centurião:
entres em minha Senhor,
casa ; mas dize 8
uma só palavra, e meu servo será curado. Pois também eu, 9
embora sujeito a outrem, digo a um dos soldados que tenho
ás minhas ordens : Vai acolá ! e êle vai ; e a outro : Vem
cá ! e êle vem ; e a meu servo: faze isto ! e êle o faz".
Ouvindo isto, admirou-se Jesus, e disse aos que o 10
acompanhavam : "Em verdade, vos digo que nãc encontrei
tão grande fé em Israel ! Declaro- vos que muitos virão do 11
oriente e ocidente, e sentar-se-ão á mesa, no reino do céu.
com Abraão, Isaac e Jacó, ao passo que os filhos do reino 12
serão lançados ás trevas de fora ; aí haverá choro e ranger
de dentes". E disse Jesus ao centurião : "Vai-te, e faça-se lg
contigo
recuperouassim como crêste". E na mesma hora o servo
a saúde.
Em casa de Pedro. Em seguida, entrou Jesús na 14
casa de Pedro, onde encontrou a sogra dêíe de cama, com
febre.e o joi
ela Tomou-a
servindo. pela mão, e a febre a deixou : levantou-se 15
Ao anoitecer trouxeram-lhe grande número de en-
vra e curava todosdemoninhados ; e êleos expulsava
enfermos. os espíritos com uma pala- 16

Ele mesmoCumpria-se,
toma sobre dest'arte,
si as onossas
que dissera o profetae carrega
enfermidades Isaías : 17
com as nossas doenças.
Discípulos imperfeitos. Vendo-se Jesús rodeado 18
18 22 : de grande multidão, deu ordem de passar para a outra mar-
Lc9, 57 gem do lago. Nisto se aproximou dêle um escriba, dizen- 19
do-lhe : "Mestre, seguir-te-ei aonde quer que fores". Res-
céu teem ninhos pondeu-lhe Jesús;: mas
"As oraposas
Filho teem cavernas
do homem e as onde
não tem aves re-
do 20
clinar acabeça".
Outro, do número dos discípulos, lhe disse : "Per- 21
mite-me, Senhor, que vá primeiro sepultar meu pai". Re-
plicou-lhe Jesús : "Segue-me ! e deixa os mortos sepultar 22
os seus mortos !"
A tempestade no lago. Então, embarcou Jesús em 23
23 27 - comPannia de seus discípulos. E eis que se originou terri-
Mc 4 35 vel agitação no lago, de maneira que o barco ficou co-
Lc8,'22 berto
ram-se pelas a êlevagas. E, no entanto,
os discípulos Jesús dormia.
e o despertaram, Chega- ;
clamando
15 — os foi
Mateus 8, 25 — 9, 11

25 'Salva-nos, Senhor, que perecemos!" Jesus, porém, lhes disse:


26 ordem
"Por queao temeis,
vento homens
e ao mar de pouca fé ?" E, erguendo-se,
— e seguiu-se uma grande deu
bo-
27 nança. O povo pasmava e dizia : "Quem é êste, que até o
vento e o mar lhe obedecem ?"
28 Os possessos de Gérasa Chegou á outra margem, 28 34:
país dos gerasenos. Nisto lhe correram ao encontro dois Mc* 5, 1
endemoninhados, que saíam dos sepulcros. Eram tão fu- Lc 8,26
riosos que ninguém ousava transitar por aquele caminho.
29 Puseram-se a gritar : "Que temos nós contigo, Filho de Deus ?
30 vieste aqui
Ora, para nos atormentar
a alguma distância antes
deles do tempo uma
pastava ?" grande
31 manada de porcos. Pediram, pois, os demónios a Jesus :
"Se nos expulsares daqui, manda-nos entrar na manada de
?.2 porcos"."Entrai !" — disse-lhes Jesus.
Sairam, e entraram nos porcos ; e eis que toda a
manada se precipitou monte abaixo, para dentro do lago,
33 perecendo nas ondas. Os pastores, porém, fugiram, foram
á cidade e contaram tudo, também o caso com os ende-
34 moninhados. Então a cidade toda saiu ao encontro de
Jesus, e, quando o avistaram, lhe suplicaram que se reti-
rasse das suas terras.
9 Cura de um paralítico. Embarcou Jesus e, pas- i— 8:
sando á outra margem, chegou á sua cidade. E eis que Mc 2, 1
2 lhe apresentaram um paralítico prostrado num leito. A' vis- Lc 5,17
ta da fé que os animava, disse Jesus ao paralítico : "Tem
3 Formaram meu
confiança, então filho,
algunsos dosteusescribas
pecadosêstetejuízo
são consigo
perdoados". mes-
4 mos : "Êste homem blasfema". Jesus, porém, que lhes co-
5 mal em nheciavossos
os pensamentos,
corações observou
? Que é :mais "Porque estais : a ospensar
fácil, dizer teus
pecados te são perdoados ? ou dizer: levanta-te e caminha ?
6 Ora, vereis que o Filho do homem tem o poder de perdoar
pecados sobre a terra". Disse então ao paralítico : "Levan-
7 ta-te, carrega com ele
Levantou-se o teu
e foileito
parae casa.
vai para casa".
8terror, A' vista deste
glorificando fato,queastalmultidões
a Deus, poder deu seaos encheram
homens. de
9 Vocação de Mateus. Partindo daí, viu Jesus um
homem sentado na alfândega. Chamava-se Mateus. "Se-
10 gue-me Estando
!" — disse-lhe á mesaJesus. Levantou-se
em casa êle etambém
dele, vieram o seguiu.mui-
tos publicanos e pecadores e sentaram-se á mesa com Je-
11 sus e seus discípulos. Quando os fariseus viram isto, per-
guntaram aos discípulos : "Por que é que o vosso Mestre
come em companhia de publicanos e pecadores ?"
— ) esus, Filhy
Mateus 9, 12 — 30 13

Os 6, 6 médico Jesus,
os queouvindo
estão deisto,saúde
respondeu
; mas, : sim,
"Nãoos necessitam de 12
doentes. Ide
e aprendei o que quer dizer : Misericórdia é que eu quero, 13
e não sacrificio.
Não vim para chamar os justos, mas os pecadores".
A questão do jejum. Então foram ter com ele os 14
discípulos
e os fariseusde jejuamos,
João e lheao perguntaram
passo que os: teus
"Por discípulos
que é que não
nós
?"
jejuam Respondeu-lhes
os convidados Jesúsenquanto
ás núpcias, : "Podem,
está acaso,
com elesficaro esposo
de luto? 15
Mas lá virão dias em que lhes será tirado o esposo ; então,
sim, hão de jejuar.
Ninguém põe remendo de pano crú em vestido velho ; 16
senão o remendo arranca parte do vestido e fica pior o
rasgão.
Nem se deita vinho novo em odres velhos ; do contrá- 17
rio, rebentam os odres, vasa o vinho e perdem-se os odres.
Não, o vinho novo deita-se em odres novos, e ambos se con-
servam".
18- 26- ^ filha de Jairo. Estava ainda a falar-lhes neste 18
Mc 5,21 sentido, quando se lhe apresentou um magistrado, pros-
Lc8,40 trou-se-lhe aos pés e disse: Minha filha acaba de mor-
rer ; masJesús
tou-se vem,e põe
o foitua seguindo
mão sobrecomela,seus
e viverá".
discípulos.Levan- 19
Então se acercou dele, por deuás, uma mulher que, havia 20
doze anos, sofria de um fluxo de sangue, e tocou-lhe na borla
do manto ; pcrque dizia consigo mesma : se lhe tocar sequer 21
o manto, serei curada. Voltou-se Jesús, viu-a e disse: "Tem 22
confiança,
hora, estavaminha filha !curada.
a mulher tua fé te curou". A partir desta
A seguir, chegou Jesús á casa do magistrado, e viu 23
os tocadores de flauta e um bando de gente em alarido
"Retirai-vos — disse — ■ porque a menina não está morta, 24
mas
gente,dorme". Zombaram
entrou Jesús dele. tomou
no aposento, Depois a demenina
mandarpela sair
mão,a 25
e ela se levantou. Espalhou-se por toda a redondeza a notí- 26
cia deste acontecimento.
Cura de dois cegos. Quando Jesús prosseguia via- 27
gem, foram-lhe no encalço dois cegos, que bradavam : "Fi-
logolho se
de Davi, tem piedade
acercaram de nós
dele os !" Perguntou-lhes
cegos. Tendo chegado aJesús
casa.: 28
"Credes que eu possa fazer isto?" "Sim, Senhor!" — res- 29
ponderam-lhes. Então lhes tocou os olhos e disse : "Faça-se
convosco assim como credes !" E abriram-se-lhes os olhos. 30
Jesús, porém, lhes deu este aviso severo: "Vede que nin-
guém o chegue a saber !"
14 — jejuamos tanto 18 — Senhor, minha filha 28 — vos possa
14 Mateus 9, 31 ^ 10, 15

si Retiraram-se eles e foram espalhar por toda a região


a fama de Jesus.
32 Cura de um endemoninhado. Quando estes ha-
viam partido, eis que lhe trouxeram um homem mudo que
33 estava possesso do demónio. Depois de expulso o demónio,
o mudo falava. Cheias de admiração exclamaram as tur-
34 bas; "Nunca se viu coisa assim em Israel!" Os fariseus,
porém, diziam: "E' por meio do príncipe dos demónios que
ele expulsa os demónios".
Repúdio do Evangelho por parte de Israel
35 A grande messe. Entretanto, ía Jesus percorren-
do todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pre-
gando o evangelho do reino e curando toda a moléstia e
36 toda a enfermidade. Mas, á vista das multidões sentia-se
tomado de compaixão por elas, porque andavam entregues
á miséria e ao abandono, como ovelhas sem pastor. Dizia
37
38 então a seus
rários são discípulos
poucos. Rogai,: "A
pois,messe é grande
ao senhor ; masqueos man-
da seara ope
de operários à sua messe".
jq Eleição dos apóstolos. Chamou a si os seus doze 1—4:
discípulos e deu-lhes o poder de expulsarem os espíritos im- Mr 3-
2puros eOscurarem todadoze
nomes dos a moléstia
apóstolose enfermidade.
são estes : Em primeiro Lc g1^
lugar, Simão, por sobrenome Pedro, e André, seu irmão ;
3 Tiago, lofilho
; de e Zebedeu,
meuTomé Mateus, oo publicano
seu irmão ;João ; Filipe
Tiago, filho dee Barto-
Alfeu,
4 e Tadeu ; Simão, o zelador; e Judas Iscariotes, que veio a
tornar-se seu traidor.
5 Primeira missão dos apóstolos. A estes doze en- 5.. .15.
viou-os Jesus com as instruções seguintes: "Não tomeis mc6»7
6 rumo aos gentios, nem entreis nas cidades dos samaritanos ; Lc 9, 1
„ mas ide antes às ovelhas que se perderam da casa de Israel.
' os
Ide,enfermos,
pois, e anunciai : Está
ressuscitai próximotornai
os mortos, o reino do céu
limpos ! Curai
os leprosos
e expulsai os demónios. De graça recebestes, de graça dai.
Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro nas vossas cin-
10 tas ; nem bolsa, para a viagem, nem duas túnicas, nem cal-
çado, nem bordão; porque o operário bem merece o seu sus-
tento. Quando entrardes numa cidade ou aldeia, informa i-
vos quem há nela que seja digno ; e ficai aí até seguirdes
viagem. Quando entrardes numa casa, saudai-a. E, se essa
casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se, porém, for
indigna, torne a vós a vossa paz. Mas onde não vos recebe-
rem nem ouvirem as vossas palavras, deixai essa casa ou ci-
dade esacudi o pó dos vossos pés. Em verdade, vos digo
13 — saudai-a, dizendo: A paz seja com esta casa.
Mateus 10, 16 — 37

que melhor sorte caberá, no dia do juizo, á terra de Sodoma


e Gomorra do que a uma cidade dessas.
17—22 : Perseguições futuras. Eis que vos envio como
Mc 13, 9 ovelhas ao meio de lobos. Sede, portanto, prudentes como 16
Lc ^ as serpentes e simples como as pombas. Cuidado com os
homens ! porque vos hão de entregar aos tribunais e açoitar- 17
vos nas sinagogas. Por minha causa sereis levados à pre-
sença de governadores e reis para dardes testemunho diante 13
deles e dos gentios. Quando, pois, vos entregarem, não vos
inquieteis com o modo nem as palavras que tiverdes de dizer ; 19
porque nessa hora vos será dado o que haveis de dizer ; por-
quanto não sois vós que falais, mas o espírito de vosso Pai é 20
que fala em vós.
Há de o irmão entregar à morte o irmão, e o pai ao
filho ; hão de os filhos revoltar-se contra os pais e tirar-lhes 21
a vida. Por causa de meu nome sereis odiados de todos ;
mas quem perseverar até ao fim será salvo. Quando vos 22
perseguirem numa cidade, fugi para outra. Em verdade, 23
vos digo que não acabareis de correr as cidades de Israel até
que apareça o Filho do homem. Não é o discípulo
superior a seu mestre, nem o servo é mais que seu senhor. 24
Há de o discípulo contentar-se com a sorte de seu mestre,
e o servo com a de seu senhor. Se chamaram beeizebul ao
chefe da casa, quanto mais aos seus domésticos !
Motivos de perseverança. Não os temais, pois ; 26
porque nada há encoberto que não venha a revelar-se. nem
nada oculto que não venha a tornar-se notório. O que 27
vos digo ás escuras anunciai-o ás claras; e o que se vos segre-
da ao ouvido publicai-o do alto das casas. 28
Não temais aqueles que matam o corpo, mas não
podem matar a alma ; temei antes aquele que pode lan- 29
çar à perdição do inferno tanto a alma como o corpo. Não
se compram, porventura, dois pardais por cinco vinténs 1
e, no entanto, nenhum dêles cai em terra sem a vontade de
vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos con-
tados. Não temais, pois, porque maior valor tendes vós
do que numerosos pardais. Quem me confessar diante dos
homens também eu o confessarei diante de meu Pai celeste.
Mas quem me negar diante dos homens também eu o negarei
diante de meu Pai celeste.
Divisão dos espíritos. Não penseis que vim trazer
a paz á terra ; não vim trazer a paz, mas a espada. Vim
para fazer separação entre filho e pai, entre filha e mãe, g{;
entre nora e sogra ; e os inimigos do homem serão os pró- 'J
prios docompanheiros
mais de écasa.
que a mim não digno Quem
de mim.amaE ao
quempaiama
ou oá filho
mãe ó

25 — beeizebul.
16 Mateus 10, 38 — 11, 19

*8 ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. Quem não


tomar a sua cruz e me seguir não é digno de mim. Quem
39 procurar ganhar a sua vida perdê-la-á ; mas quem perder a
sua vida por minha causa ganhá-la-á.
40 Quem vos recebe, a mim me recebe, e quem me recebe,
41 recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta na
qualidade de profeta receberá o premio de profeta ; quem
recebe um justo a titulo de justo receberá o prémio de justo.
42 Quem der de beber, ainda que seja um copo de água fria,
a um dêstes pequeninos, por ser discípulo meu, em verdade,
11lhe digoDepois
que não ficará sem
de dirigir estas a exortações
sua recompensa".
aos seus doze dis-
cípulos, fêz-se de partida para ensinar e prégar nas cidades
do lugar.
2 Mensagem do Batista. Entretanto, tivera João, 2—19
no cárcere, notícia das obras de Cristo. Pelo que lhe en- Lc7»18
3 viou uns dos discípulos com esta pergunta: "Es tu aquele
que há de vir, ou devemos esperar por outro ?" Respondeu-
54 cegos
lhes Jesús
veem,: "Ide e contai
os coxos andam,a João o que tornam-se
os leprosos ouvis e vedes:
limpos,os
os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres é anun-
6 ciada a boa nova. Feliz de quem não se escandalizar de
mim !".
7 Testemunho sobre João. Depois da partida deles,
começou Jesús a falar ás turbas acerca de João : ' Que
8 saistes a ver ao deserto ? um caniço agitado pelo vento 1
9 pois que saístes a ver ? um homem em roupas delicadas ?
Ora, os que trajam roupas delicadas residem nos palácios
10 dos reis. Por que, pois, saístes ? para verdes um profeta ?
Sim, declaro- vos eu, e mais que profeta ; porque este é de
quem está escrito : Eis que envio a preceder-te o meu arauto, Ml 3, 1
11 afim de preparar o caminho diante de ti! Em verdade, vos
digo que entre os filhos de mulher não surgiu quem fosse
12 maior do que João Batista. Entretanto, o menor no reino
do céu é maior que êle. Desde os dias de João Batista até
hoje, o reino do céu é alvo de violência e homens violentos o
13 tomam de assalto Porque todos os profetas e a lei, até
14 João; o predisseram. Ele potém — se o quiserae^ a^eitnc —
15 é o Elias que há de vir. Quem tem ouvidos, ouça !
16 Caprichos pueris. A quem hei de comparar esta ge-
ração ?São como crianças sentadas na praça a gritar a seus
semelhantes :
17 A" flauta vos temos tocado — e não bailastes,
Cânticos tristes tangemos — e não chorastes.
18 Apareceu João Batista, que não comia nem bebia
19 — e diziam : Está possesso do demónio. Apareceu o Fi-

3 — dois dos 4 — ouvistes e vistes.


Mateus 11, 20 — 12, 10

lho do homem, que come e bebe — e dizem : Eis aí um co-


milão ebebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores !
Entretanto, a sabedoria foi justificada pelas suas próprias
obras.
20—24 : Cidades impenitentes. Em seguida, passou Jesus 20
Lc a exprobrar ás cidades em que operara numerosos milagres e
que não se! porque,
Betsaida tinham seconvertido:
em Tiro e "Ai
Sidonde seti,tivessem
Corozain!operado
ai de ti,
os 21
milagres que em vós se operaram, desde há muito teriam feito
penitência em cilício e cinzas. Mas eu vos digo que, no dia 22
do juízo, terão Tiro e Sidon sorte melhor do que vós.
E tu, Cafarnaum, elevar-te-ás até o céu ? até ao in- 23
ferno serás abismada ! porque se em Sodoma se tivessem
feito os milagres que em ti se fizeram, até ao presente subsis-
tiria Pois declaro-vos que, no dia do juízo, terá a terra de So- 24
doma sorte melhor do que tu".
26 — 27: Exultação e convite de Jesus. Naquele tempo, 25
Lc 10^ do
tomou
céu e da terra, porque ocultaste estas coisas Pai,
Jesus a palavra e disse : "Glorifíco-te, aos Senhor
doutos
e entendidos e as revelaste aos simples. Sim, Pai, assim 26
é que foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai ; 27
ninguém conhece ao Filho senão o Pai e ninguém conhece ao
Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Vinde a mim, todos os que andais aflitos e sobrecarregados, 28
e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis 29
descanso para as vossas almas. Pois o meu jugo é suave e 30
meu peso é leve".
^|:23 Através das searas. Naquele tempo atravessava 12
Lc 6,' 1 Jesus as searas, em dia de sábado. Os seus discípulos es-
tavam com fome, e arrancavam espigas e as comiam. A' vista 2
disso, observaram-lhe os fariseus : "Olha, que os teus dis- 3
cípulos estão fazendo o que não é permitido fazer no sábado".
quando Respondeu-lhes
estavam com Jesus fome, : ele"Não
e oslestes
seus ocompanheiros
que fez Davi? 4
como entrou na casa de Deus e comeu os pães de propo-
sição, que nem ele nem seus companheiros podiam comer,
senão somente os sacerdotes ? Ou não lestes na lei que os 5
sacerdotes do templo, nos sábados deixam de observar o
descanso sabatino, e ficam sem culpa ? Pois eu vos digo 6
que aqui está o que é maior que o templo. Oxalá compreen-
Os 6, 6 désseis o sentido desta palavra : Misericórdia é que eu quero, 7
e não sacrifício ! então não condenaríeis a inocentes ; porque 8
o Filho do homem é senhor do sábado".
Ijc 3?i Cura em dia de sábado. Partindo daí, entrou Je- 9
Lc 6, 6 sús na sinagoga deles. E eis que havia aí um homem com 10
19 — por seus filhos. 8 — também do sábado.
18 Mateus 12, 11 — 31

uma das mãos atrofiada. Perguntaram a Jesus : "E"


lícito
onde curar em dia de sábado ?" E' que procuravam ter por
acusá-lo.
11 Replicou-e lhes
única ovelha, esta Jesus : "Se
lhe cair numaalgum
cova deemvósdia possuir uma
de sábado,
12 não lançará logo mão para tirá-la ? Ora, quanto mais vale
uin homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito praticar o
bem em dia de sábado". Em seguida, disse ao homem :
13 outra.
"Estende a mão!" Estendeu-a, e ela se tornou sã como
14 Os fariseus, porém, saíram daí e deliberaram como
matá-lo.
15 Atividade silenciosa. Quando Jesus soube disto,
retirou-se do lugar. Muitos, porém, o foram seguindo, e ele
16 os curou todos ; mas proibía-lhes que o tornassem conhe-
17 eido. Devia cumprir-se, dest'arte, o que diz o profeta Isaías :
lg coração.
E' este o meu
Fareiservo que sobre
descer escolhi,eleo omeumeuquerido,
espírito,delícia do meu Is 42, 1
e anunciará
í9 a justiça aos povos. Não contenderá nem clamará, e ninguém
lhe ouvirá a voz nas ruas ; não quebrará a cana fendida,
20 nem apagará a mecha que ainda fumega, até que leve á vitória
21 a justiça. Em seu nome é que teem esperança os povos".
22 Injúrias dos fariseus. Trouxeram-lhe então um 2'J~27J
23 endemoninhado,
de maneira que que era cego
o mudo falavae emudo. Jesus oentão
via. Diziam curou,
as£GC 14
turbas cheias de pasmo : "Não será este o filho de Davi ?. . ."
24 Os fariseus,
por beelzebul, chefe porém, ouvindo que
dos demónios, isto, ele
disseram : "E*
expulsa só
os de-
mónios".
25 Auto-apologia de Jesús. Jesus, conhecedor que era
dos doseus pensamentos,
em si mesmo disse-lhes
desmoronará : "Todo cidade,
; nenhuma o reinonenhuma
desuni-
26 casa desunida em si mesma poderá subsistir. Se, pois,
Satanás expele a Satanás, está em desacordo consigo mesmo
27 — e como pode então subsistir o seu reino ? E, se é por beel-
zebul que eu expulso os demónios, por quem os expulsam
2S então vossos filhos 7 Por isso, serão êles vossos juízes. Se,
porem, é pelo espírito de Deus que expulso os demónios.
29 claro está que chegou a vós o reino de Deus. E, se não.
cemo pode alguém penetrar na casa do poderoso e roubar-lhe
os haveres, sem que primeiro prenda o poderoso ? só então
30 lhe poderá saquear a casa. Quem não está comigo está
contra mim ; e quem não recolhe comigo dispersa.
31 Pecado contra o Espírito Santo. Por isso, vos
digo que todo o pecado e qualquer blasfémia serão perdoados
aos homens ; mas a blasfémia contra o Espírito não será
24 e 27 — beelzebub
Mateus 12, 32 — 50

perdoada. Quem proferir palavra contra o Filho do homem 32


será perdoado ; mas quem falar contra o Espírito Santo não
será perdoado nem nêste mundo, nem no futuro. Se tendes 33
em conta de boa a árvore, dai como bom o seu fruto; mas, se
tendes em conta de má a árvore, dai como mau o seu fru-
to; pois é pelo fruto que se conhece a árvore. Raça de víbo- 34
ras, como podeis falar coisa boa, quando sois maus ? porque
da abundância do coração é que fala a boca. O homem bom 35
tira do tesouro bom coisas boas ; e o homem mau tira do te-
souro mau coisas más. Declaro- vos que de toda a palavra fú- 36
til que os homens proferirem hão de dar conta no dia do 37
juízo. Pois, pelas tuas palavras serás declarado justo; pelas
tuas palavras serás condenado".
38—42: O sinal de Jonas. Disseram-lhe então alguns es- 33
Mc8,n crikas e fariseus : "Mestre, quiséramos ver um sinal da tua
16 parte".Ao que êle respondeu : "Esta raça má e adúltera 39
pede um sinal ; mas não lhe será dado outro sinal senão o
sinal do profeta Jonas; pois, do mesmo modo que Jonas 40
esteve três dias e três noites nas entranhas do monstro mari-
nho, assim há de também o Filho do homem estar três dias
e três noites no seio da terra. Os habitantes de Nínive 41
aparecerão em juizo com esta raça, e hão de condená-la ;
porque êles se converteram com a prègação de Jonas — e
eis que aqui está quem é mais que Jonas ! A rainha do 42
sul aparecerá em juízo com esta raça, e há de condená-la ;
porque ela acudiu das mais longinquas plagas da terra para
ouvir a sabedoria de Salomão — e eis que aqui está quem é
mais que Salomão !
í3— i4i5: Recaída no pecado. Quando o espírito impuro sai 43
c 24 do homem,pouso ; mas vagueia por lugaresPelodesertos,
não o encontra. que dizem: Voltarei
busca depara
re- 44
minha casa, donde saí. E, chegando, encontra-a desocupada,
varrida e ornada. Vai então e toma consigo mais sete es- 45
píritos, piores do que êle, e, entrando, nela se estabelecem ;
e vem o último estado dêsse homem a ser pior que o primeiro
Assim há de acontecer a essa raça malvada".
Conflito entre Jesus e seu povo
A família espiritual de Jesús. Ainda estava Jesús 46
falando ás multidões, quando se achavam da parte de fora
sua mãe e seus irmãos, que desejavam falar-lhe. Observou- 47
lhe alguém : "Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e
desejam falar-te".
Respondeu Jesús a quem o avisara : Quem é minha 48
mãe e quem são meus irmãos ?" E, estendendo a mão para *fl
os seus discípulos, disse : "Eis aqui minha mãe e meus ir-
mãos ! Pois quem cumpre a vontade de meu Pai celeste, 50
êsse me é irmão, irmã e mãe".
Mateus 13, 1 — 23

13 Parábola do semeador. Naquele dia, saiu Jesús de


2 casa e foi sentar-se á beira do lago. Reuniu-se em torno
dele grande multidão ; pelo que subiu ele a um barco e sen-
3 tou-se, enquanto toda a gente estava na praia. Então co-
zendo : meçou a falar-lhes largamente em forma de parábolas, di-
4 "Eis que saiu um semeador a semear. E, ao Ian- 4;— 23:_
çar a semente, parte caiu á beira do caminho e vieram co- Lc8*4
5 mê-la as aves. Outra caiu em solo pedregoso, onde a terra
6 era pouca ; não tardou a nascer, porque estava rente á su-
perfície ;mas, quando despontou o sol, ficou crestada e secou,
7 por falta de raízes. Outra ainda caiu entre espinhos ; e os
8 espinhos cresceram e a sufocaram. Outra caiu em bom terreno
e deu fruto, a cem, a sessenta e a trinta por um. Quem tem
9 ouvidos, ouça S"
10 Porque parábolas? Então se acercaram dele os dis-
cípulos elhe perguntaram: "Por que é que lhes falas em
forma de parábolas?"
11 der os Respondeu-lhes
mistérios do reino Jesús:
do "A
céu vós
; aosvosoutros,
é dadoporém,
compreen-
não.
12 é dado. Porque ao que tem dar-se-lhe-á, e terá em abun-
dância; mas ao que não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que
13 possue. Por isso é que lhes falo em forma de parábolas : por-
que, de olhos abertos, não vêem, e, de ouvidos abertos, não
14 ouvem nem compreendem. Assim se há de cumprir nêles
a profecia de Isaías : Ouvireis, e não entendereis ; vereis, I- 6, 9
15 e não compreendereis ; porque endurecido está o coração
deste povo, tornaram-se moucos os seus ouvidos, e cerra-
ram os olhos; não querem ver com os olhos, nem ouvir com
os ouvidos, nem compreender com o coração, nem conver-
ter-se de modo que eu os cure.
16 Ditosos os vossos olhos, porque vêem ! e os vossos
17 ouvidos, porque ouvem ! Pois, em verdade vos digo que
muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vêdes,
e não o viram ; e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram".
18 Explicação da parábola do semeador. Ouvi, pois,
19 a parábola do semeador ! Quando alguém ouve a palavra
do reino, mas não compreende, vem o maligno e arrebata
a semente do coração dele — é aquêle no qual a semente fora
20 semeada á beira do caminho. Foi semeada em solo pe-
dregoso naquêle que escuta a palavra e logo a abraça com
21 alegria ; mas não a faz deitar raízes, porque é inconstante,
e, sobrevindo tribulação e perseguição por causa da palavra,
22 logo desfalece. Foi semeada entre espinhos naquêle que
escuta a palavra ; mas os cuidados dêste mundo e as rique-
zas falazes sufocam a palavra, e fica sem fruto. Foi semea-
23 da em terreno bom naquêle que escuta a palavra, a enten-
de, edá fruto a cem, a sessenta e a trinta por um".
5— aves do céu,
Mateus 13, 24 — 43 21

Parábola do joio. Propôs-lhes ainda outra parábola : 24


"O reino do céu é semelhante a um homem que semeou
boa semente no seu campo. Mas, quando a gente dormia, 25
veio seu inimigo e semeou joio no meio do trigo, e foi -se
embora. Quando, pois, cresceu o trigo e começou a es- 26
pigar, apareceu também o joio. Chegaram-se então os ser- 27
vos ao dono da casa e lhe perguntaram : Senhor, não se-
measte boa semente no teu campo ? donde lhe vem, pois,
o joio?"
Foi o inimigo que fez isto — respondeu-lhes ele.
Perguntaram-lhe os servos : Queres que vamos e o
colhamos ? 9Q
Não — replicou êle — para que, colhendo
arranqueis com êle também o trigo. Deixai crescer um e o joio, não 30
outro até á colheita ; e no tempo da colheita direi aos cei-
fadores : Colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para
o queimar ; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro".
31—33-
Mc 4, 30 Ia : O ^reino
grãodo decéumostarda.
é semelhantePropôs-lhes
a um grão mais uma parábo-
de mostarda, que 31
Lc 13, um homem dentre
13 pequenina tomou todas
e semeou no seu campo.
as sementes ; mas, E'quando
esta a cres-
mais 32
cida, fica maior que as outras hortaliças, chegando a ser ár-
vore, de maneira que as aves do céu veem habitar nos seus
ramos".

no do Océufermento. Propôs-lhe
é semelhante ainda outra
a um fermento, que parábola: "O rei-
uma mulher to- 33
mou e meteu em três medidas de farinha, até ficar tudo
levedado".
Tudo isto dizia Jesus ao povo em parábolas, e não lhe 34
falava senão por parábolas, vindo a cumprir-se, assim, a 35
SI 77, 2 parábolas
palavra do; revelarei
profeta: o "Abrirei os oculto
que estava meus lábios,
desde apropondo
criação
do mundo".
Explicação da parábola do joio. Em seguida, despe- og
diu o povo e foi para casa. Então se chegaram a êle seus
discípulos com este pedido : "Explica-nos a parábola do
joio no campo".
é o Filho Respondeu-lhes
do homem. Jesus : "Quem
O campo semeia; aa boa
é o mundo boa semente
semente 3733
são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno; o inimi-
go que o semeou é o demónio; a colheita é o fim do mundo; 39
os ceif adores são os anjos. Do mesmo modo que o joio se 40
recolhe e se queima no fogo, assim acontecerá também no
fim do mundo. O Filho do homem enviará seus anjos, 41
que reunirão do seu reino todos os sedutores e malfeitores,
lançando-os à fornalha de fogo ; aí haverá choro e ranger 42
de dentes. Então os justos resplandecerão como o sol, 43
no reino de seu Pai.
ZZ iviaceus iú, $4 — 14, /

Quem tem ouvidos, ouça !


44 O tesouro oculto. O reino do céu é semelhante a um
tesouro oculto num campo. Um homem descobriu esse
tesouro, escondeu-o, e, cheio de alegria, foi vender tudo
que possuía e comprou aquele campo.
45 A pérola. O reino do céu é semelhante a um ne-
46 gociante que procurava pérolas preciosas. Descobriu uma
pérola de grande valor, foi vender tudo que possuía e a
comprou.
47 A rede. O reino do céu é ainda semelhante a uma
rede de pescar, que foi lançada ao mar e apanhou peixes de
48 de toda a espécie. Quando cheia, os homens puxaram-na
á praia, e, sentando-se, recolheram os bons em vasos e
49 deitaram fora os maus. Assim acontecerá também no fim
do mundo : sairão os anjos e separarão os maus do meio
50 dos justos, lançando-os á fornalha do fogo; aí haverá cho-
ro e ranger de dentes.
51 Compreendestes tudo isto?"
"Compreendemos" — - responderam eles.
52 do na doutrina
Disse-lhes doJesus
reino : do"Pelo
céu sequeparece
todo com
o mestre
um paiinstruí-
de fa-
mília que tira do seu tesouro coisas novas e coisas velhas".
53 Jesús em Nazaré. Depois de pôr termo a estas pa- 53—58 :
54 rábolas, partiu Jesús daí. Foi á sua pátria e pôs-se a ensi- 4,16
nar na sinagoga dêles. "Donde lhe veem essa sabedoria e e ;
essas virtudes milagrosas ? — dizia a gente, cheia de pasmo
55 — pois não é o filho do carpinteiro ? não se chama Maria
sua mãe, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas ? e não
56 vivem no meio de nós suas irmãs todas ? donde lhe vem,
57 pois, tudo isto? "E escandalizaram-se da sua pessoa.
Jesus, porém,
tra o profeta lhes disse
menos estima do :que
"Em emparte
sua nenhuma encon-
pátria e em seu
torrão natal".
58 E não
dulidade dêles.operou aí muitos milagres, em vista da incre-

14 Degolação do Batista. Por aquêle tempo, teve o te-


2 trarca Herodes notícia de Jesús. E disse aos seus corte- jc3i9
sãos: "Esse é João Batista; ressurgiu dos mortos; por " 9^7
3 mandara
isso é que prender,
nele atuamlançar
virtudes milagrosas."
em ferros e meterE' noquecárcere
Herodesa
João, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe ;
4 porque João lhe lançara em rosto: "Não te é permitido
5 opossuí-la". Bem odequisera
tinha em conta profeta.matar ; mas temia o povo, que
6 No aniversário natalício de Herodes, pôs-se a filha de
7 Herodíade a dansar no meio dos convivas, e caiu tanto no
Mateus 14, 8 — 30 23

agrado de Herodes, que ele prometeu com juramento dar-lhe


tudo quanto lhe pedisse. Disse ela, instigada pela mãe : 8
"Dá-me aqui, numa bandeja, a cabeça de João Batista".
Entristeceu-se o rei ; mas, por causa do juramento, 9
e dos convivas, mandou que lha déssem. Deu, pois or- 10
dem que João fosse degolado no cárcere. Foi trazida a 11
cabeça numa bandeja e entregue á menina, a qual a levou
a sua mãe. Vieram então os seus discípulos buscar o corpo, 12
e sepultaram-no. Em seguida foram dar parte a Jesus.
Primeira multiplicação dos pães. A esta notícia, 13
retirou-se Jesus e embarcou para um lugar solitário para fi-
car a sós. O povo, porém, o percebeu, saiu das cidades e o
foi seguindo a pé. Ao desembarcar, viu Jesús grande multi- 14
dão de gente ; teve pena deles e curou-lhes os enfermos.
Ao cair da tarde, chegaram-se a ele os seus discípulos e 15
disseram : O lugar é deserto e vai adiantada a hora; des-
pede o povo, para que vá ás aldeias comprar o que comer". 16
Respondeu-lhes Jesús : "Não é necessário que vão
embora ; dai-lhes vós de comer". 17
Ao que êles observaram : "Não temos aqui senão
cinco pães e dois peixes". 18
"Trazei-mos cá" — ordenou Jesús. E, tendo fei- 19
to o povo sentar-se na relva, tomou os cinco pães e os dois 20
peixes, levantou os olhos ao céu e os abençoou. Em seguida,
partiu os pães e os entregou aos discípulos ; e os discípulos
os serviram ao povo. Comeram todos e ficaram fartos, e
encheram ainda doze cestos com os pedaços que sobraram. 21
Ora, o número dos que comeram era de cinco mil homens,
sem contar as mulheres e as crianças.
Jesús sobre as ondas. Sem tardança impeliu Jesús os 22
discípulos a que embarcassem e lhe tomassem a dianteira
para a outra margem, enquanto êle ia despedir o povo. De- 23
pois de despedido o povo, subiu a um monte, afim de orar,
êle só. Já era noite, e ainda se achava aí sozinho.
Entrementes, andava o barco a meio caminho do 24
lago e sofria violento embate das ondas, porque tinha vento
contrário. Por volta das três horas da madrugada foi Jesús 25
têr com êles, caminhando sobre as águas. Quando os dis- 26
cípulos o avistaram a andar sobre as águas, perturba ram-se
e gritaram, cheios de terror : "E' um fantasma !"
Jesús, porém, se apressou a falar-lhes, dizendo : 27
"Tende ânimo ; sou eu ; não temais !"
"Senhor ! — exclamou Pedro — se és tu, manda 28
que eu vá sobre as águas até onde estás". 29
"Vern" — - disse êle.
Pedro saltou do barco e caminhou sobre as águas 30
em direção a Jesús. Reparando, porém, no vento forte, teve
mêdo — e começou a submergir, E bradou : "Senhor,
24 Mateus 14, 31 — 15, 20

31 salva-me !" De pronto estendeu Jesus a mão, apanhou-o


e disse-lhe : "Por que duvidaste, homem de pouca fé ?"
32 Embarcaram ; e cessou o vento. Os que estavam no
33 barco vieram lançar-se aos pés de Jesús, dizendo : "Tu és,
realmente, o Filho de Deus!"
34 Em Genesar. Passaram então para a outra margem e 34—36:
85 chegaram ao território de Genesar. Logo que os habitantes Mc6'53
desta região o conheceram, mandaram recado por toda a re-
dondeza elevaram a Jesús todos os enfermos.
36 Rogavam-lhe que lhes permitisse tocar apenas a borla
do seu manto ; e todos os que a tocavam eram curados.
15 Preceitos humanos. Apresentaram-se então a Jesus, 1—20:
vindos de Jerusalém, uns escribas e fariseus e lhe fizeram Mc 7,1
32 aestatradição
perguntados : antepassados
"Por que é que? pois
os teus
não discípulos
lavam as transgridem
mãos antes
de
gredís o mandamento de Deus por amor á vossa que
comer". Respondeu-lhes êle : "E vós, por trans- ?
tradição
4 Deus disse : Honrarás pai e mãe ; e : Quem injuriar ao pai Ex
5 disser
ou á mãe ao paiserá
ou réu
á mãede : morte.
Darei emVós,sacrifício
porém, o dizeis: Quem
que te deveria 21,17'
6 a ti — esse está dispensado de honrar pai e mãe. E assim
7 abrogais o mandamento de Deus por amor á vossa tradição.
8 Hipócritas! bem profetizou de vós Isaías, dizendo: Êste Is 29, 13
9 povo me honra com os lábios ; mas o seu coração está longe
de mim ; não tem valor o seu culto aos meus olhos, porque o
que ensinam são doutrinas e preceitos humanos".
10 Impureza real. Então chamou a si o povo e lhe
11 disse
boca não"Escutai
: torna o ehomem
compreendei
impuro;bemmas! oO quequesaientra pela
da boca,
isto é que torna o homem impuro".
12 Ao que se chegaram a êle os discípulos e lhe disseram :
"Sabes que os fariseus se escandalizaram, quando ouviram
estas palavras ?"
13 Respondeu Jesús : "Toda a plantação que não foi
14 plantada por meu Pai celeste será exterminada. Deixai-os !
são cegos e guias de cegos. Mas, se um cego guiar a outro
cego, virão ambos a cair na cova".
15 Disse-lhe Pedro : "Explica-nos esta parábola".
16
17 preensãoTornou ? PoisJesús
não : compreendeis
"Também vósqueestais
tudoainda
que sem
entra com-
pela
18 boca vai para o estômago e daí é lançado fora ? Mas o que
19 sai da boca vem do coração, e isto é que torna o homem
impuro. Porque do coração é que veem os maus pensamen-
tos, os homicídios, os adultérios, a luxúria, os furtos, os fal-
20 sos testemunhos, as blasfémias — e são estas coisas que tor-
nam o homem impuro. Mas isso de comer sem lavar as
mãos não torna o homem impuro".
Mateus 15, 21 — 16, 4

21—28: A mulher cananéia. Partiu Jesús daí e se retirou 21


Mc7,24 para as regiões de Tiro e Sidon. E eis que veio uma mulher 22
cananéia
de Davi, daquelas terrasde eminha
tem piedade se pôs filha,
a clamar
que : "Senhor,
está filho
muito ator-
respondeu mentada dum espírito
palavra. maligno!/' a êle
Chegaram-se Jesús,
seus porém,
discípulosnãoe lhe
lhe 23
pediram : "Despacha-a, porque vem gritando atrás de nós ".
Respondeu êle : "Não fui enviado senão ás ovelhas 24
que se Aproximou-se
perderam da casa ela e deprostrou-se-lhe
Israel". aos pés, dizendo : 25
"Àjuda-me, Senhor!"
Tornou Jesús : "Não convém tirar o pão aos filhos 26
e lançá-lo aos cachorrinhos".
"De certo,comem
os cachorrinhos Senhor das— migalhas
revidou elaque— cáem
mas datambém
mesa 27
de seus donos".
Então disse Jesús : "O' mulher ! grande é a tua fé ; 28
seja feito
E a conforme o teu
partir desta horadesejo".
estava de saúde sua filha.
Segunda multiplicação dos pães. Partindo daí, en- 29
caminhou-se Jesús para as margens do lago da Galiléia. Su-
biu a um monte e sentou-se ali. Reuniram-se em torno dêle 30
numerosas multidões, trazendo consigo coxos, aleijados,
cegos, mudos e outros muitos ; depositavam-n-os aos pés
de Jesús, e êle os curava. Pasmava a gente e glorificava o 31
Deus de Israel, ao vêr que os mudos falavam, os aleijados
recobravam saúde, os coxos andavam e os cegos viam.
32—39 : Então convocou Jesús os seus discípulos e disse: 32
Mc 8, 1 "Tenho compaixão dêste povo; há três dias que estão co-
migo enão teem que comer; não quero despedi-los em jejum,
para que não venham a desfalecer pelo caminho".
Observaram os discípulos : "Mas donde havemos de 33
tirar pão, neste deserto, para fartar tamanha multidão ?"
"Quantos pães tendes?" — ■ perguntou Jesús. 34
"Sete —ordenou
Então responderam — omais
Jesús que povoalguns peixinhos".
se sentasse no chão ; 35
tomou os sete pães e os peixes, deu graças , parti u-os e entre- 36
gou-os aos discípulos ; e os discípulos os distribuíram ao povo.
Comeram todos e ficaram fartos, e encheram ainda sete 37
cestos com os pedaços que sobraram. Ora, os que comeram 38
eram quatro mil homens, sem contar as mulheres e as crianças.
Despediu Jesús o povo, embarcou e passou para o 39
território de Magedan.
Sinal do céu. Então foram têr com êle os fariseus e 16
os saduceus, e, com o fim de o porem á prova, pediram que
lhes fizesse ver um sinal do céu.
Respondeu-lhes Jesús : "A' noite dizeis : Vamor têr 2
bom tempo, porque o céu está cor de fogo ; e de manhã : 3
Hoje vamos têr chuva, porque o céu está vermelho som-
brio. Compreendeis, portanto, o aspeto do céu — e não 4
2Ú Mateus 16, 5 — 22

compreendeis os sinais dos tempos ? Essa geração perversa


e adúltera pede um sinal ; mas não lhe será dado outro sinal
senão o sinal de Jonas '.
5 O fermento dos fariseus. Chegaram os discípu- 6 — 12 :
los á outra margem. Mas tinham se esquecido de levar Mc8'14
6 pão. Disse-lhes Jesus : "Alerta ! cuidado com o fermento
dos fariseus e saduceus !"
7 Ao que êles se puseram a discorrer entre si e disseram:
"E* que não trouxemos pão".
8que estais Jesus, aí a percebendo-o,
inquietar- vos dedisse
não : terdes
"Homens
trazidodepãopouca fé !
? ainda
9 não compreendeis nada ? nem já vos lembrais daqueles cinco
10 pães para os cinco mil, e quantos cestos recolhestes ? nem
tão pouco dos sete pães para os quatro mil, e quantos cestos
11 levastes ? Por que não compreendeis que não me referia ao
pão quando vos dizia : Cuidado com o fermento dos fari-
seus e saduceus ?"
12 Então compreenderam que não queria dizer que ti-
vessem cuidado com o fermento do pão, mas com a doutrina
dos fariseus e saduceus.

13 O primado de Pedro. Chegou Jesus ás bandas j^Tg2^


de Cesaréia de Filipe e dirigiu a seus discípulos esta pergunta : \jQ 9,'is
"Quem diz a gente ser o Filho do homem ?"
14 Responderam : "Dizem uns que é João Batista; ou-
tros, Elias; ainda outros, Jeremias, ou algum dos profe-
tas".
15 "E vós — ■ perguntou-lhes — quem dizeis que sou
? "
16eu Respondeu Simão Pedro : " 1 u és o Cristo, o Filho
de Deus vivo. !"
17 de Jonas, Tornou-lhe
porque nãoJ esúsfoi: a"Bem-aventurado
carne e o sangue és,
que Simão, filho
to revelou,
18 mas meu Pai que está no céu. Digo-te eu que tu és Pedro,
e que sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas
19 do inferno não prevalecerão contra ela ; eu te darei as chaves
do reino do céu; tudo o que ligares sobre a terra será também
ligado no céu, e tudo o que desligares sobre a terra será
20 também Emdesligado
seguida,noinculcou
céu". aos discípulos que a ninguém
dissessem ser ele o Cristo.

21 Jesús prediz a sua paixão» Desde então começou ^J~2|:


Jesus
salém, apadecer
declararmuito
aos seus discípulos
da parte que tinha
dos anciãos, de ir ea sumos
escribas Jeru- Lc 9 221
sacerdotes e ser morto ; mas que ao terceiro dia havia de
22 ressurgir. Então Pedro o tomou à parte e entrou a fazer-lhe
recriminações, dizendo : "De modo nenhum, Senhor ! que
isto não te há de suceder !" Jesús, porém, voltou-se e disse a
4 — do profeta Jonas,
Mateus 16, 28 — 17, 15 27

Pedro : "Retira-^e de mim, Satanás ! que me dás escândalo ; 23


o teu modo de pensar não é de Deus, mas dos homens".
Em seguimento de Cristo. Então disse Jesus a seus 24
discípulos: "Quem quiser acompanhar-me renuncie a si mes-
mo, carregue a sua cruz e siga-me. Pois, quem quiser salvar 25
a sua vida perdê-la-á ; mas quem perder a sua vida por 26
minha causa encontrá-la-á. Pois que aproveita ao homem
ganhar o mundo inteiro, se chegar a perder a sua alma ?
Que dará o homem em troca de sua alma ? Porque o Filho 27
do homem virá na glória de seu Pai, em companhia de
seus anjos, e retribuirá a cada um segundo as suas obras.
Em verdade, vos digo, entre os presentes há alguns que 28
não provarão a morte sem que presenciem o advento do Filho
do homem no seu reino".
J~9: Transfiguração de Jesus. Seis dias mais tarde, to- 17
Lc9 28 mou Jesus consigo a Pedro, Tiago e João, irmão deste,
conduziu-os de parte a um monte elevado e transfigurou-se
diante deles ; o seu rosto resplandecia como o sol, e suas 2
vestes brilhavam como a luz E eis que lhes apareceram Moi- 3
sés e Elias, entretendo-se com ele Então tomou Pedro a 4
palavrase equiseres,
aqui! disse a Jesus : "Senhor,
vou armar que tendas,
aqui três bom queumaé estarmos
para ti,
outra para Moisés
Estava aindae outra paraquando
falando, Elias". uma nuvem luminosa 5
os
meuenvolveu, e de dentro
Filho querido, em daquenuvem
pus aecoou uma complacência
minha voz : ' Este é;
ouví-o
em terra, !" Aotransidos
perceberem isto, osJesus,
de terror. discípulos
porém,caíram de face
chegou-se a 76
êles e os tocou, dizendo : "Levantai-
Ergueram os olhos, e não viram ninguém senão só Jesus.vos e não temais". 8
Enquanto iam descendo do monte, pôs-íhes Jesus 9
êste preceito
de ver, até que : "Não digais
o Filho do ahomem
pessoa tenha
algumaressuscitado
o que acabaisden-
tre os mortos".
Reaparecimento de Elias. Perguntaram-lhe os dis- 10
cípulos : "Por que é que os escribas dizem que primeiro
há de vir Eliastudo:
restabelecerá ?" Respondeu
mas eu vos Jesus: "Elias,
declaro que é Elias
certo,já virá
veio;e 12n
mas êles não o reconheceram e fizeram dêle o que queriam
Da mesma forma, terá também o Filho do homem que pa-
que sedecerreferia
da parte a dêles". Então compreenderam os discípulos
João Batista. 13

14 21 O menino possesso. Depois de terem chegado aonde 14


Lcd Zl estava o povo, aproximou-se de Jesus um homem e lan-
çou-se dede joelhos
piedade diante é dêle,
meu filho; suplicando
lunático e sofre: "Senhor, tem 15
terrivelmente;
2 — se tornaram brancas como a neve. 4 — vamos.
Mateus 17, 16 — 18, 6

16 muitas vezes cái no. fogo e na água ; apresentei-o a teus dis-


cípulos, mas eles não foram capazes de curá-lo".
17 Exclamou
até quando estarei Jesus : "O'
convosco ? atéraça incrédula
quando e perversa
vos suportarei ? . . .!
Trazei-mo cá !"
18 Jesus deu ordem ao espírito maligno, e este saiu do
menino, de maneira que estava curado desde essa hora.
19 Foram estão os discípulos ter com Jesus e lhe pergun-
taram em segredo : "Por que razão não pudemos nós ex-
pulsá-lo ?"
20 Respondeu-lhes
Em verdade vos digo, Jesus : "Porque
se tiverdes fé, comoa vossa fé édepouca.
um grão mos-
tarda que seja, e disserdes a este monte : Passa daqui para
21 acolá — há de passar. Nada vos será impossível. Mas
esta espécie não se expulsa senão por meio de oração e de
jejum".
22 Jesús torna a predizer a sua paixão. Enquanto iam
cruzando a Galiléia,
23 vai ser entregue disse-lhes
ás mãos Jesús: ; "OhãoFilho
dos homens do homem
de matá-lo ; no
terceiroFoidia,o que
porém, ressurgirá".
os encheu de profunda tristeza.
24 O tributo do templo» Depois da chegada deles a
Cafarnaum, foram ter com Pedro os cobradores das duas
dracmas e lhe perguntaram : "Vosso mestre não paga as
duas dracmas ?"
25 "De entrara
Mal certo" —ele respondeu ele.
em casa, quando Jesús lhe atalhou a
palavra,
os reis da terra imposto ou tributo, de seusde filhos,
perguntando : "Que achas, Simão, quem cobram
ou dos
súbditos ?"
26 "Dos súbditos" — respondeu ele.
27 os filhos. "Por Entretanto,
conseguinte não— lhes
acrescentou Jesús —de são
demos motivo isentos ;
escândalo
vai ao lago, lança o anzol e toma o primeiro peixe que apanha-
res ; abre-lhe a boca, que nela encontrarás um estáter ;
com ele paga por mim e por ti".
18 Contenda dos discípulos. Naquela hora, chegaram-
se a Jesús os discípulos com esta pergunta : "Quem é o
maior no reino do céu ?"
2 Ao que Jesús chamou uma criança, colocou-a no meio
dêles e
3 des e não dissevos: tornardes
"Em verdade,
como vosas digo, se nãonãovosentrareis
crianças, converter-
no
4 reino do céu. Mas quem se tornar humilde como esta crian-
ça, este é o maior no reino do céu.
5 Escândalo. Quem acolher, em meu nome, uma crian-
6 ça assim, a mim é que acolhe ; mas quem dér escândalo
a um desses pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora
que lhe suspendessem ao pescoço uma mó e o abismassem
29
Mateus 18, 7 — 26

nas profundezas do mar. Ai do mundo por causa dos escân- 7


dalos
homem! por E' inevitável
quem vier que venham! Se
escândalo escândalos
tua mão ; ou mas
teu ai
pé dote 8
forem ocasião de pecado, corta-os e lança-os de ti ; melhor
te é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas
mãos ou dois pés, seres lançado ao fogo eterno. Se teu 9
olho for ocasião de pecado, arranca-o e lança-o de ti ; me-
lhor te é entrares na vida com um ôlho do que, tendo dois,
seres lançado ao fogo do inferno. Vede que não desprezeis a 10
nenhum desses pequeninos ; pois digo- vos que seus anjos
contemplam sem cessar a face de meu Pai celeste, porque o n
Filho do homem veio para salvar o que perecera.
A ovelha extraviada. Que vos parece ? se alguém pos- 12
sue cem ovelhas e uma delas se extraviar, não deixará as
noventa e nove nos montes para sair á procura da que se
extraviou 1 E se tiver a sorte de encontrá-la, em verdade vos 13
digo que mais alegria experimentará por causa desta do que
pelas noventa e nove que não se extraviaram. Da mesma 14
forma, é vontade de vosso Pai celeste que não venha a per-
der-se um só desses pequeninos.
Correção fraterna. Se teu irmão cometer falta con- 15
tra ti, vaie repreende-o entre ti e ele só. Se te der ouvido, 16
terás lucrado teu irmão ; mas, se não te der ouvido, toma
contigo mais uma ou duas pessoas, para que pelo depoimento
de duas ou três testemunhas fique tudo apurado. Se, porém, 17
nem ouvir a esses, vai dizê-lo á igreja ; se não ouvir á igreja,
tem-no em conta de pagão e publicano.
Em verdade, vos digo que tudo o que ligardes sobre 18
a terra será ligado também no céu ; e tudo que desligardes
sôbre a terra será desligado também no céu. Digo-vos ainda 19
que qualquer coisa que dois de vós sôbre a terra pedirem una-
nimemente ser-lhes-á concedida por meu Pai celeste ; pois, 20
onde quer que dois ou três se acharem reunidos em meu nome,
estou eu no meio dêles".
O servo cruel Então se chegou Pedro a ele com esta 21
pergunta : "Senhor, quantas vezes terei de perdoar a meu
irmão que me ofender ? até sete vezes ?"
Respondeu-lhe
mas, setenta vezes seteJesus vezes.: Porque,
"Digo-teo eu,
reinonãodossete
céus vezes,
é se- 2223
melhante a um rei que quis tomar contas a seus servos. E, 24
ao começar com a tomada de contas, apresentaram-lhe um
que lhe devia dez mil talentos ; mas, como não tivesse com 25
que pagar, ordenou o senhor que o vendessem, a êle, sua
mulher e seus filhos e todos os seus haveres, e com isto
pagassem a dívida. O servo, porém, lançou-se-lhe aos pés, 26
suplicando : Senhor, tem paciência comigo, que te pagarei
tudo. Compadecido do servo, o senhor pô-lo em liberdade e 27
lhe perdoou a dívida.
Mateus 18, 28 — 19, 11

28 Saindo fora, encontrou o servo um dos seus compa-


nheiros, que lhe devia cem denários, deitou-lhe as mãos e
29 estrangulava-o, dizendo : Paga o que me deves ! O com-
panheiro prostrou-se-lhe aos pés, suplicando : Tem paciên-
30 cia comigo, que te pagarei. Ele, porém, não quis; mas foi-
se e o mandou lançar ao cárcere até que houvesse pago
àl a dívida. Contristaram-se profundamente os outros servos
que tinham presenciado o caso e foram dar parte a seu se-
32 nhor de tudo que acabava de suceder. Então o senhor o
mandou vir á sua presença e lhe disse : Servo mau ! per-
ó3 doei-te toda a dívida, porque me pediste ; não devias, pois,
também tu ter compaixão de teu companheiro, assim como
eu tive compaixão de ti 1
34 E, indignado, o senhor o entregou aos carrascos até
que houvesse pago toda a dívida.
35 Assim vos há de tratar meu Pai celeste, se do íntimo
do coração não perdoardes uns aos outros".
ATIVIDADE DE JESUS NA JUDEIA E EM JERUSALÉM
Rumo a Jerusalém
19 Indissolubilidade do matrimonio. Depois de re- 1 — 9:
matar estes discursos, partiu Jesus da Galiléia e foi em de- Meio, i
2 manda das regiões da Judéia além do Jordão. Muita gente
o foi seguindo, e ele os curou ali.
3 Então se aproximaram dele uns fariseus afim de o
porem á prova, perguntando : "E' permitido ao homem re-
pudiar sua mulher por qualquer motivo?"
4 dor, a principio, fez osJesus
Respondeu-lhes : "Nãocomo
homens tendes lido equemulher,
varão o Cria-e
5 disse : Por isso deixará o homem pai e mãe para aderir Gn 2,
6 á sua mulher, e serão os dois uma só carne? Portanto, já
não são dois, mas uma só carne. Ora, o que Deus uniu, não
o separe o homem".
7 Objetaram eles : "Por que, pois. mandou Moisés
dar carta de divórcio e repudiar a mulher ?"
Svossos Respondeu-lhes
corações é que Moisés Jesús : vos"Por causa repudiar
permitiu da durezavossas
dos
9 mulheres ; mas de princípio não foi assim. Eu, porém, vos
declaro : quem repudiar sua mulher — salvo em caso de
adultério — e casar com outra, comete adultério.
10 Celibato. Disseram-lhe então os discípulos : "Se tal
é a condição do marido e da mulher, é melhor não casar".
11 Tornou-lhes Jesús : "Nem todos compreendem isto, senão

9 — adultério ; e quem casar com a repudiada comete adultério.


Mateus 19. 12 — 29
31
somente aqueles a quem foi dado. Há quem deixe de casar 12
porque por natureza é incapaz; há quem deixe de casar,
porque os homens o puseram nesse estado ; e há quem
renuncie ao matrimonio por amor ao reino do céu. Quem
for capaz de compreendê-lo, compreenda-o."
Jesús e as crianças. Apresentaram-lhe então umas 13
crianças para que sobre elas pusesse as mãos e orasse Mas;
os discípulos
xai que venhamrepeliram
a mim aasgente. Jesús.e não
crianças porém,
lho disse: "Dei-: 14
embargueis
porque daí.
partiu de tais é o reino do céu". Pôs sobre elas as mãos, e 15

O jovem rico. Eis senão quando alguém se apre- 16


sentou a Jesús com esta pergunta : Mestre, qual o bem que
devo praticar para alcançar a vida eterna ?"
que é bomRespondeu-lhe
? Um só é Jesús: "Por sequequeres
bom. Mas, me perguntas
entrar na sobre
vida, 17
guarda os mandamentos".
"Quais?" perguntou-lhe ele. Tornou Jesús: 18
"Não matarás, não cometerás adultério, não furtarás, não
levantarás falso testemunho, honrarás pai e mãe, e amarás ao 19
próximo como a ti mesmo". Replicou-lhe o jovem : "Tudo 20
isto tenho observado; que me falta ainda ?"
Respondeu-lhe Jesús : "Se queres ser perfeito, vai, 21
vende os teus bens e dá-os aos pobres — e terás um te-
souro no céu
retirou-se — depois
o jovem, vem ;e porque
pesaroso segue-me". A estas depalavras
era possuidor muitos 22
bens.
Perigo das riquezas. Disse Jesús a seus discípulos: 23
reino do céu. vos
"Em verdade, digo que
Repito que mais
um rico
fácildificilmente
é passar umentrará
camelono 24
pelo fundo duma agulha do que entrar um rico no reino do
Deus. Quando os discípulos ouviram isto observaram, ater- 25
rados, "Quem pode então salvar-se ?" Jesús encarou-cs e
disse: "Para os homens é isto impossível ; mas a Deus tudo
é possível".
!7— 30: Premio da pobreza voluntária. Então tomou Pe- 27
vic 10, a palavra e disse-lhe : "Eis que nós deixámos tudo e te
jC lg seguimos ; que recompensa teremos ?"
28no mundo Respondeu-lhes
regenerado, Jesús : "Em
quando verdade,
o Filho vos digoestiver
do homem que, 28
sentado no trono da sua glória, também vós que me seguistes
estareis sentados em doze tronos e julgareis as doze tribus
de Israel. E todo aquele que por amor de meu nome dei- 29
xar casa, irmão, irmã, pai e mãi, filho e campo, receberá
16 — Bom mestre 20 — observado desde pequeno.
17 — bom: Deus. 24 — do céu. 29 — mãe, mulher.
32 Mateus 19, 30 — 20, 19

30 o cêntuplo e possuirá a vida eterna. Muitos dos que são os


primeiros serão os últimos; e muitos dos que são os últimos
serão os primeiros.
20 Trabalhadores na vinha» O reino do céu é seme-
lhante a um pai de família que, mui de madrugada, saiu a
2 contratar trabalhadores para a sua vinha. Ajustou com os
trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os
para a sua vinha.
3 Pelas nove horas saiu outra vez. e viu outros na praça,
4 ociosos. Disse-lhes : Ide também vós para a minha vinha,
e dar-vos-ei o que fôr justo.
5 Foram-se.
Por volta das doze e das três horas da tarde tornou a
sair, e procedeu da mesma fórma.
6 E, quando, pelas cinco horas da tarde, saiu mais
uma vez, encontrou outros que lá estavam ; e disse-lhes :
7 Por que estais aqui o dia todo sem fazer nada ? Ao que lhe
responderam
lhes êle : Ide: vós E' que ninguém
também para nos contratou.
a minha vinha. Respondeu-
Ao anoitecer disse o dono da vinha a seu feitor :
Vai chamar os trabalhadores e paga-lhes o salário, a começar
9 pelos últimos até aos primeiros. Apresentaram-se, pois, os
que tinham entrado pelas cinco horas, e recebeu cada qual
10 um denário. Chegando, porém, os primeiros, calculavam
que iam receber mais ; mas também êsses não receberam
11 senão um denário cada um. E, ao recebê-lo, murmuraram
12 contra o pai de família, dizendo: Esses últimos trabalha-
ram apenás uma hora, e os igualaste a nós, que suportá-
mos o peso e o calor do dia.
13 Meu amigo — respondeu êle a um da turma — não
te faço injustiça. Pois não ajustaste comigo um denário ?
14 Toma, pois, o que é teu e vai-te. Mas quero dar também
15 a êste último tanto quanto a ti. Ou não me será lícito fazer
dos meus bens o que quero ? o teu olhar é mau porque eu
sou bom ?
16 ros serão Assim é que os últimos serão os primeiros, e os primei-
os últimos.
Jesus prediz pela terceira vez a sua paixão. Par-
17 tiu Jesus, com destino a Jerusalém. Pelo caminho, tomou de
parte os doze e disse-lhes: "Eis que vamos para Jerusalém!
18 o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdo-
tes e aos escribas, que hão de condená-lo á morte e entregá-
lo aos gentios para ser escarnecido, açoitado e crucificado;
19 mas ao terceiro dia ressurgirá".
15 — fazer o que quero.
16 — últimos; porque muitos são os chamados, e pcuccs cs esco-
lhidos.
17 — doze discípulos
Mateus 20, 20 — 21, 5

Os filhos de Zebedeu. Chegou-se então a Jesús a 20


mãe dos filhos de Zebedeu e prostrou-se-lhe aos pés para lhe
fazer um pedido.
"Que desejas ?" — perguntou-lhe Jesús. 21
sentem,Respondeu ela : 'um
no teu reino, Ordena
á tuaquedireita
estes meus dois á filhos
e outro se
tua es-
querda".
Replicou Jesús : "Não sabeis o que pedis : podeis 22
beber o cálice que eu vou beber ?"
"Podemos" — responderam-lhe.
mas istoTornou-lhes
de conceder-Jesús
vos os: lugares
"O meu á cálice
minha haveis
direita dee bebê-lo
á minha ; 23
esquerda, não é comigo"; competem àqueles a quem meu
Pai os destinou".
Quando os outros dez ouviram isto, indignaram-se 2^
contra os dois irmãos. Pelo que Jesús os chamou a si e disse : 25
"Sabeis que os soberanos dominam sobre os seus povos, e os
grandes exercem poder sobre eles. Entre vós, porém, não 26
há de ser assim ; mas quem entre vós quiser ser grande seja
vosso escravo; e quem entre vós quiser ser o primeiro, seja 27
vosso servo. Também o Filho do homem não veio para ser 28
servido, mas para servir e para dar a sua vida como preço
de resgate por muitos".
Os cegos de Jericó Quando iam saindo de Jericó, 29
foi Jesús seguido de grande multidão de povo. E eis que á 30
beira da estrada se achavam sentados dois cegos. Mal
ouviram que Jesús vinha passando, puseram-se a clamar :
"Senhor, filho
repreendia para dequeDavi, tem piedade
se calassem. Eles, de nós !"gritavam
porém, O povocadaos 31
vez mais : "Senhor, filho de Davi, tem piedade de nós !"
Ao que Jesús parou, chamou-os e perguntou : "Que quereis 32
que vos faça ?"êles."Senhor, que se nos abram os olhos \V — ■
responderam 33
Jesús teve pena deles e tocou-lhes os olhos. E no 34
mesmo instante viam, e o foram seguindo.
Feitos messiânicos

l— 11 : Entrada solene em Jerusalém. Quando se iam 21


Lc Yí)'1 aproximando
29 das Oliveiras, deenviou
Jerusalém e chegaram
Jesús dois dos seus a discípulos
Betfagé, aocommonte
este
fo 12, recado : "Ide á povoação que tendes em frente. Não tar- 2
12 dareis a encontrar uma jumenta presa, e com ela um jumen-
tinho ; desatai-a e trazei-mos. Se alguém puser embargo, 3
respondei que o Senhor precisa deles : e logo os deixarão tra-
zer".
5c 9, 9 Devia cumprir-se, dest'arte, a palavra do profeta : 4
.8 6,12 Dizei á filha de Sião : Eis que o teu rei te vem visitar cheio 5
de mansidão, montado num jumento, num jumentinho, cria
dum animal de carga".
Mateus 21, 6 — 24

6 Foram-se, pois, os discípulos e cumpriram a ordem


de Jesus. Trouxeram a jumenta com o jumentinho e pu-
7 seram sobre eles as suas vestes. E Jesus montou.
8 Numerosíssimas pessoas do povo estendiam os seus
mantos pelo caminho ; outros cortavam ramos das árvores
9 e com eles juncavam a estrada. E tanto as multidões que iam
adiante como as que seguiam atrás clamavam em altas vozes :
"Hosana ao filho de Davi ! bendito seja quem vem em nome
do Senhor ! hosana nas alturas !'"
10 Ao entrar em Jerusalém, alvoroçou-se a cidade toda.
e perguntavam : "Quem é este?" Respondiam as turbas:
n "Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia."
12 Purificação do templo. Em seguida, entrou Jesus
no templo de Deus e expulsou todos os que vendiam e com-
pravam no templo, derribou as mesas dos cambistas e os
bancos dos que negociavam em pombas ; e disse-lhes :
13 "Está escrito que minha casa é casa de oração ; vós, porém,
a fizestes covil de ladrões !"
14 No templo, chegaram-se a Jesus cegos e coxos e ele
15 os curou. Quando os príncipes dos sacerdotes e os es-
cribas viram os milagres que operava, e ouviram os me-
ninos chamar : "Hosana ao filho de Davi", indignaram-se
16 e lhe disseram: "Estás ouvindo o que êsses clamam?"
"Estou: ouvindo,
lêstes Pela bocasimde— meninosrespondeu-lhes Jesus —de e peito
e de crianças vós nunca
farás
cantar os teus louvores ?"
17 Com isto os deixou, saiu da cidade e retirou-se para a
Betânia, e lá ficou.
18 A figueira estéril. Quando, muito de madrugada,
19 voltou á cidade, teve fome. Viu uma figueira ao pé do ca-
minho, aproximou-se dela, mas não lhe encontrou senão
folhas. Disse então a ela : "Nunca jámais nasça em ti fruto
20 algum !" Imediatamente a figueira secou. A' vista disso
observaram os discípulos, cheios de admiração : "Como
secou tão depressa a figueira !"
21 Replicou-lhes
se tiverdes fé e não Jesus : "Emnãoverdade,
vacilardes, somente vosfareis
digoo que,
que
sucedeu á figueira ; mas, se disserdes a este monte : Sai
22 daqui e lança-te ao mar — assim acontecerá. Tudo que pe-
dirdes com fé, na oração, alcançá-lo-eis".
Discussões no templo
28
A questão da autoridade. Dirigiu-se Jesus ao
templo e ensinava. Então se chegaram a êle os prin- c 2i
cipes dos sacerdotes e os anciãos do povo e lhe pergun- Lc20, 1
taram : "Com que autoridade fazes isto ? quem te deu êsse
direito ?"
24 Replicou-lhes Jesus : "Hei de também eu propôr-
vos uma pergunta ; se derdes resposta, dir-vos-ei com que
Mateus 21, 25 — 44

autoridade faço isto. Donde vinha o batismo de João, do 25


céu ou dos homens ?"
Puseram-se êles a discorrer consigo mesmos : "Se 26
dissermos : do céu — há de replicar-nos : por que, pois, não
lhe destes fé ? se dissermos : dos homens — teremos de temer
o povo, porque todos teem a João em conta de profeta".
Responderam, pois, a Jesus: "Não sabemos". 27
Tornou-lhes ele : "Pois nem eu vos digo com que
autoridade faço isto".
Filho sincero, filho fingido. Qual a vossa opi- 28
nião ? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro
e lhe disse: Meu filho, vai hoje trabalhar na vinha. Sim,
senhor — respondeu ele; mas não foi. 29
Então foi ter com o outro e falou-lhe do mesmo 30
modo. Não quero — respondeu este ; mas depois se arre-
pendeu efoi. Qual dos dois cumpriu a vontade do pai ?"
"O último" — responderam êles.
canos eDisse-lhes
meretrizesJesus : "Emno verdade,
entrarão reino do vos
céu digo
antesquequepubli-
vós. 32
Veio João e apontou-vos o caminho da justiça ; vós, porém,
não lhe déstes fé, ao passo que publicanos e meretrizes
creram nas suas palavras. Vós o vistes, mas nem por isso
-46: vos convertestes depois, nem lhe destes fé.
Os lavradores perversos. Ouvi mais outra pará- 33
bola : Havia um pai de familia que plantou uma vinha,
cercou-a de um muro, cavou nela um lagar e levantou uma
torre. Em seguida, arrendou-a a uns lavradores, e ausen- 34
tou-se do país. Pelo tempo da vindima enviou seus servos
aos lavradores, afim de receberem os frutos. Os lavradores,
porém, prenderam os servos dele, ferindo um, matando outro e 35
apedrejando o terceiro. Pela segunda vez enviou outros
servos, em número maior que dantes. Mas êles os trataram 36
da mesma forma. Por último mandou-lhes seu próprio filho,
dizendo consigo mesmo : Não deixarão de respeitar a meu 37
filho. Os lavradores, porem, assim que avistaram o filho, 38
disseram uns aos outros : Esse é o herdeiro ; vamos dar cabo
dêle, e apoderar-nos da sua herança. Prenderam-no, pois,
lançaram-no fora da vinha e o mataram. Ora, quando vier 39
o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores ?" 40
Responderam êles : "Dará mau fim áquêles
e arrendará a sua vinha a outros lavradores que lhe entreguem 41 maus,
os frutos no tempo marcado".
A pedraDisse-lhes Jesústetos
que os arqui : rejeitaram,
"Nunca lêstes
esta senastornou
escrituras
pedra : 42
angular ; esta é obra do Senhor — coisa prodigiosa aos nossos
olhos ? Digo-vos, pois, que vos será tirado o reino de Deus e 43
dado a um povo que produza seus frutos. Quem cair sobre 44
esta pedra, será espedaçado ; e sobre quem esta pedra cair,
esmagá-lo-á".
36 Mateus 21, 45 — 22, 24

45 Repararam então os príncipes dos sacerdotes e os fa-


riseus que tinham ouvido estas parábolas, que Jesús se referia
a eles. Pelo que queriam prendê-lo; mas temiam o povo, que
o tinha em conta de profeta.
22 O banquete nupcial. Continuou Jesús a falar-
2 élhes em
semelhante formaa umde rei parábolas, dizendoas :núpcias
que celebrava "O reino
de seudofilho.
céu
3 Mandou os seus servos para chamar ás núpcias os convidados.
4 Estes, porém, não quiseram vir. Então mandou outros ser-
vos com esta ordem : Dizei aos convidados : Eis que tenho
pronto o meu banquete ; mandei carnear os meus bois e^ani-
5 mais cevados ; está tudo pronto ; vinde ás núpcias. Eles,
todavia, não ligaram importância, e foram-se embora, um
para seu campo, outro para o seu negócio ; os restantes pren-
6 deram os servos, maltrataram-n-os e os mataram. Indignou-
7 se o rei a esta notícia, mandou os seus exércitos, deu cabo
daquêles assassinos e pôs fogo á sua cidade. Em seguida,
8 disse a seus servos : Está pronto o banquete nupcial ; mas
9 os convidados não foram dignos dêle. Ide, pois, pelas en-
cruzilhadas econvidai ás núpcias a quantos encontrardes.
10 Saíram os servos estradas em fora e ajuntaram todos os que
encontraram, bons e maus ; e encheu-se de convivas a sala
do banquete.
11 Nisto entrou o rei para ver os que estavam á mesa.
E deparou-se-lhe um homem que não trajava veste nupcial.
12 Amigo — disse-lhe — como entraste aqui sem teres a veste
nupcial ? Aquele, porém, ficou calado. Ordenou então o
13 rei aos servos : Atai-o de mãos e pés e lançai-os ás trevas de
14 fora ; aí haverá choro e ranger de dentes. Porque muitos
são os chamados, mas poucos os escolhidos.
15 A questão do tributo. Foram os fariseus fazer 15_22-
uma consulta entre si a ver se apanhavam a Jesús em alguma mc 12/
16 das suas palavras. Enviaram-lhe, pois, seus discípulos em 13
companhia
sabemos quedeésherodianos e lhe mandaram
amigo da verdade, dizero :caminho
que ensinas "Mestre,de Lc 20>
Deus conforme a verdade ; que não conheces respeito humano,
17 nem fazes acepção de pessoas. Dize-nos, pois, qual a tua
opinião : E' lícito pagar tributo a César, ou não ?"
18 Percebeu-lhes Jesús a astúcia e respondeu : "Hi-
pócritas !por que me tentais ? mostrai-me a moeda do tri-
19 buto". Apresentaram-lhe um denârio. Perguntou-lhes Jesús:
20 "De quem é esta imagem e a inscrição?" "De César" —
21 responderam-lhe. Tornou-lhes êle: "Dai, pois, a César o que
22 competeOuvindo
a César, isto, e a Deus o que compete
pasmaram, a Deus". e foram-se
deixaram-no
embora.
23—33 :
23 A questão da ressurreição. Ainda no mesmo dia Mc 12,
foram ter com Jesús uns saduceus — que negam a ressur- Lc 18
24 ordenou
reição — Moisés e lhe propuseram
que, se alguéma questão
morresse seguinte
sem deixar: "Mestre,
filhos, o Dtc 2527 5
37

irmão dele casasse com a mulher e desse descendentes ao


irmão. Ora, havia entre nós sete irmãos. Casou-se o pri- 25
meiro, e morreu sem filhos ; e deixou a mulher a seu 26
irmão. O mesmo sucedeu ao segundo e ao terceiro, até
ao sétimo. Por último, faleceu também a mulher. A quem 27
dos sete pertencerá a mulher, na ressurreição ? pois foi de 2S
todos ..."
nem as Replicou-lhes
escrituras, nemJesus : "Estais
o poder em erro
de Deus. Pois ;na não conheceis
ressurreição, 2930
não se há de casar nem dar em casamento ; mas serão como
os anjos de Deus no céu. Quanto á ressurreição dos mortos, 31
não tendes lido o que Deus vos disse : Eu sou o Deus de 32
Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó 1 Ora, Deus não
é Deus Asdos multidões
mortos, mas,
que sim,
isto dos vivos". pasmaram da sua
ouviram 33
doutrina.
O mandamento máximo. Quando os fariseus sou- 24
beram que Jesus tinha reduzido ao silêncio os saduceus, reu-
niram-se em conselho. Um dêles, que era doutor da lei , quis 35
armar uma cilada a Jesus com esta pergunta : "Mestre, qual se
é o maior mandamento na lei ?"
de todoRespondeu-lhe
o teu coração, êlede : toda"Amarás o Senhor
a tua alma teu aDeus
e de toda tua 27
mente. Este é o primeiro e o maior dos mandamentos. 38
O segundo, porém, é semelhante a este : Amarás o teu pró- 39
ximo como a ti mesmo. Nestes dois mandamentos se ba
seiam toda a lei e os profetas". 40
O Filho de Davi. Ora, como os fariseus estivessem 41
aí reunidos, propôs-lhe Jesus esta pergunta : "Que opinião 42
formais de Cristo? de quem é filho?"
"De Davi" — responderam-lhe.
espírito,Respondeu-lhes
o chama Senhor,Jesus: dizendo
"Como : é, Disse
pois, que Davi, ema
o Senhor 4443
meu Senhor : Senta-te á minha direita até que eu reduza
os teus inimigos a escabêlo de teus pés ? Se, portanto, Davi 45
lhe chamaE nãoSenhor,
houve como
quem é lhe que soubesse
é seu filho ?"
responder palavra. 46
A partir desse dia, já ninguém ousava fazer-lhe perguntas.
Espírito farisaico. Então disse Jesús ao povo 23
eescribas
aos discípulos : "Sobre
e fariseus. Fazei ae cátedra
guardai detudo
Moisés
que estão sentados 32
vos disserem,
porém não imiteis as suas obras ; porque falam, mas não o
executam. Armam fardos pesados e insuportáveis e os põem 4
aos ombros da gente ; ao passo que eles mesmos nem com um
dedo os querem tocar. Tudo que fazem é para serem vistos 5
da gente ; por isso é que usam filactérios bem largos e borlas
volumosas ; gostam de ocupar lugar de honra nos ban- 6
quêtes e os primeiros assentos nas sinagogas; fazem questão 7
de serem cumprimentados nas praças e chamados mestres.
38 Mateus 23, 8 — 30

Vós, porém, não queirais ser chamados mestres ;


porque um só é o vosso mestre, e todos vós sois irmãos.
9 Nem queirais chamar pai a algum dentre vós sobre a terra ;
porque um só é o vosso pai : o que está no céu. Nem tão pouco
10 vos intituleis guias ; porque um só é o vosso guia : Cristo.
11 Quem for o maior dentre vós seja vosso servo. Pois quem se
12 exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado.
13 Ai de vós, fariseus ! Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas 1 que fechais o reino do céu aos homens; vós mes-
mos não entrais, nem deixais entrar aos que querem entrar.
15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas ! que correis
terras e mares para ganhar um prosélito, e, depois de ganho,
o tornais filho do inferno duas vezes pior que vós.
16 Ai de vós, guias cegos ! dizeis que jurar pelo templo
nada vale ; mas quem jurar pelo ouro do templo, ligado está.
17 Insensatos e cegos que sois ! que vale mais : o ouro ou o
18 templo, que santifica o ouro ? Dizeis ainda que jurar pelo
altar nada vale ; mas quem jurar pela oferenda que nêle se
19 acha, ligado está. Cegos que sois ! que vale mais : a ofe-
20 renda ou o altar que santifica a oferenda ? Quem, pois, jurar
21 pelo altar, jura por ele e por tudo o que nêle se acha. Quem
22 jurar pelo templo, jura por êle e pelo que nêle habita. Quem
jurar pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquêle que no
trono está sentado.
23 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas ! que pagais
o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho, e menosprezais
o que há de mais importante na lei : a justiça, a misericórdia,
24 a fidelidade. Isto se deve fazer, mas não omitir aquilo. Guias
cegos que sois ! coais um mosquito e engulís um camelo.
25 Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas ! que
limpais por fora o copo e o prato, e por dentro estais
26 cheios de rapinas e de voracidade. Fariseu cego! purifica
primeiro o que está dentro do copo e do prato, para que
também o que está fora fique limpo.
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas ! que sois
semelhantes a sepulcros caiados, que por fora se apresentam
formosos, mas por dentro estão cheios de ossadas e toda a
espécie de podridão. Assim é que também vós, no exterior,
apareceis justos aos homens, quando no interior estais cheios
de hipocrisia e maldade.
29 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas ! que levan-
tais monumentos aos profetas e adornais os sepulcros dos
30 justos e dizeis : Se nós tivéssemos vivido nos dias de nossos
pais, não nos teríamos tornado réus do sangue dos profetas.
13-14 — entrar. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas l que devo-
rais os haveres das viúvas, sob pretexto de recitardes longas orações ;
tanto mais rigoroso será o juizo que tereis !
Mateus 23, 31 — 24, 14

Com isto dais testemunho, vós mesmos, de que sois filhos dos SI
que mataram os profetas. Assim acabais de encher a me- 32
dida de vossos pais. Raça de serpentes e víboras ! como 33
escapareis á condenação do inferno ?
Por isso,
A uns deles haveiseis dequematar
vos envio profetas
e pregar e sábios
na cruz; e escribas.
a outros haveis "4
de açoitar nas vossas sinagogas e perseguir de cidade em ci-
dade. Descarte virá sobre vós todo o sangue que foi derra- 35
mado, inocente, sobre a terra, a começar pelo sangue do
justo Abel, até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias,
que assassinastes entre o templo e o altar. Em verdade, 26
vos digo que tudo isto virá a recair sobre esta raça.
Queixa sobre Jerusalém. Jerusalém ! Jerusalém ! 37
que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados !
quantas vezes tenho querido reunir os teus filhos assim como a
galinha recolhe os seus pintinhos debaixo das asas — vós,
porém, não quisestes ! Eis que vos será deixada deserta 38
a vossa casa ! pois declaro-vos que doravante já não me
vereis até que digais : Bendito seja o que vem em nome do 89
Senhor !"
Profecia sobre a destruição de Jerusalém
e o fim do mundo
|s Ocasião. Deixou Jesus o templo e se foi em- 24
bora. Então se chegaram a ele os seus discípulos e lhe
chamaram a atenção para os edifícios do templo. Disse-lhes 2
Jesus : "Vedes tudo isto ! Em verdade, vos digo que
não ficará aí pedraentão
Sentou-se sobreno pedra
monte ; das
será Oliveiras.
tudo arrasado".
E foram ter 3
com êle os discípulos, a sós, e perguntaram-lhe
quando sucederão estas coisas, e qual será o sinal : "Dize-nos
do teu
advento, no fim do mundo".
Grandesque tribulações.
mai cuidado ninguém vos Respondeu-lhes
engane ! porqueJ esús : "To-
aparecerão 4
muitos em meu nome, dizendo : Eu sou o Cristo ! e a muitos 5
hão de enganar. Ouvireis falar de guerras e boatos de guer- 6
ras. Ficai alerta e não vos perturbeis com isto. E' necessário
que assim aconteça, mas ainda não é o fim. Porque se le~ 7
vantará nação contra nação, e reino contra reino ; haverá
fome, peste e terremotos, por toda a parte. Mas tudo isto
será apenas o princípio das dores. Então vos hão de entregar 8
á tribulação e á morte ; e por causa do meu nome sereis odia- 9
dos de todos os povos. Muitos hão de perder a fé, atraiçoar-se io
e odiar-se uns aos outros. Surgirão falsos profetas em grande li
número, iludindo a muitos. E com o excesso da impiedade há 12
de a caridade arrefecer nos corações de muitos. Mas quem 13
perseverar até ao fim será salvo. Será êste evangelho do 14
reino prégado no mundo inteiro, em testemunho a todos os
povos ; só depois disto virá o fim,
40

15 Prenúncios da destruição de Jerusalém. Quando, 15 — 36


pois, virdes reinar no lugar santo os horrores da desolação, de Mc ^
16 que falou o profeta Daniel — atenda a isto o leitor! — então Lc 2i,
n fujam para os montes os que estiverem na J udéia ; e quem se 20
achar no telhado não desça para buscar alguma coisa em Dn 11,
18
19 manto.; e quem
casa Ai dasestiver no campo
mulheres não volte dias
que naqueles paraandarem
buscar o grá-
seu 31, ^
20 vidas, ou com filhinho ao peito! Orai para que a vossa fuga
21 não incida no inverno nem em dia de sábado. Então so-
brevirá uma tribulação tão grande como não tem havido
igual desde o princípio do mundo até agora, nem haverá
22 jamais. Se aqueles dias não fossem abreviados, não se sal-
varia pessoa alguma; mas aquêles dias serão abreviados em
atenção aos escolhidos.
Horrores finais. Quando então alguém vos disser :
24 Eis aqui está o Cristo ! ei-lo acolá ! — não o acrediteis ;
porque aparecerão falsos Cristos e falsos profetas, que farão
grandes sinais e prodígios, a ponto de enganarem possí-
25 velmente, até os escolhidos . Eis que vos ponho de sobreaviso!
26 Quando, pois, vos disserem : Eis que está no deserto ! — não
saiais ; eis que está no interior da casa ! não lhe deis crédito.
2? Pois, assim como o relâmpago que rompe no oriente fuzila até
ao ocidente, assim há de ser também na vinda do Filho do
23 homem. Onde houver carniça aí se ajuntam as águias.
29 Segunda vinda de Cristo. Logo depois da tribu-
lação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua já não dará a sua
claridade ; as estrelas cairão do céu, e serão abaladas as ener-
so gias do firmamento. Então aparecerá no céu o sinal do Filho
do homem ; lamentar-se-ão todos os povos da terra, e verão
o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu, com grande
31 poder e majestade. Enviará os seus anjos, ao som vibrante
da trombeta e ajuntarão os seus escolhidos dos quatro pontos
cardiais, de uma extremidade do céu até á outra.
32 Parábola da figueira. Aprendei isto por uma se- 32—26
melhança tirada da figueira : quando os seus ramos se vão Mc * g*
enchendo de seivas e brotando folhas, sabeis que está pró- lc 21,
33 ximo o verão. Do mesmo modo, quando presenciardes tudo 29
34 isto, sabei que está á porta. Em verdade, vos digo que não
35 passará esta geração sem que tudo isto aconteça. O céu e a
terra passarão, mas não hão de passar as minhas palavras.
3° Aquele dia, porém, e aquela hora ninguém os conhece, nem
mesmo os anjos do céu ; mas tão somente o Pai.

37
38 de ser Vigilância.
quando vier oComo Filho foi
do nos temposNosde dias
homem. Noé,queassim há j^"^133
prece-
deram o dilúvio, a gente comia e bebia, casava e dava em Lc 21,
39 casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca ; e não 34 ; 17,
atinaram
assim até ser
ha de queporveioocasião
o dilúvio e os arrebatou
do advento do Filhoa todos. Bem ' 29'
do homem.
Mateus 24, 40 — 25, 15

De dois que se acharem no campo, um será admitido, e o 40


outro deixado de parte ; de duas mulheres que estiverem 41
moendo no moinho uma será admitida, e a outra deixada de
parte. Alerta, pois ! porque não conheceis o dia em que 42
virá vosso senhor. Atendei a isto: se o pai de família soubesse
em que hora da noite havia de vir o ladrão, decerto vigiaria 43
e não o deixaria penetrar em sua casa. Ficai, pois, alerta tam- 44
bém vós; porque o Filho do homem virá numa hora em que
não o esperais.
O fiel administrador. Quem será o servo fiel e 45
prudente a quem o senhor pôs á testa dos seus fâmulos,
para, em tempo exato, lhes dar o sustento ? Bem haja o 46
servo a quem o senhor, na sua volta, encontrar com esse pro-
cedimentoEm
! verdade, vos digo que lhe confiará a adminis- 47
tração de todos os seus bens. Se, pelo contrário, aquele 48
servo for mau e disser consigo : Meu senhor não voltará tão
cedo ; e começar a espancar os seus companheiros, e comer e 4:»
beber com os beberrões, aparecerá o senhor desse servo num
dia em que ele não o espera e numa hora que desconhece, e o
fará em postas e lhe dará lugar entre os hipócritas ; aí haverá 51
chôro e ranger de dentes.
As dez virgens. Então será o reino do céu seme- 25
ihante a dez virgens, que, empunhando as suas lâmpadas,
saíram ao encontro do esposo. Cinco delas eram tolas, e 2
cinco prudentes. As tolas tomaram as suas lâmpadas, 3
mas não levaram azeite consigo ; ao passo que as prudentes 4
levaram azeite nas suas vasilhas juntamente com as lâmpa-
das. Ora, como o esposo tardasse a vir, ficaram todas com 5
sono
vem oe esposo
adormeceram.
; saí ao A'seumeia-noite,
encontro ! soou o grito
Então : Eis que
se levantaram 67
todas aquelas virgens e aprontaram as suas lâmpadas. As s
tolas pediram ás prudentes : Dai-nos do vosso azeite, porque
as nossas lâmpadas se apagam. Não — responderam as 9
prudentes — não chegaria para nós e para vós ; ide antes
aos vendedores, e comprai para vós.
Enquanto iam comprar, chegou o esposo. As que 10
estavam preparadas entraram com ele na sala de núpcias, e
fechou-sea porta. Finalmente, chegaram as outras virgens e li
disseram : Senhor, Senhor, abre-nos !
Êle, porém, replicou: Em verdade, vos digo que não 12
vos conheço.
a hora.Ficai, pois, alerta ! porque não sabeis nem o dia nem 13

14—30: Os cinco talentos. Acontecerá como a certo homem 14


Le 19, qUe estava prestes a partir para terras longínquas. Chamou
11 os servos e lhes confiou seus bens. A um deu cinco talentos, 15
a outro dois, ao terceiro um, a cada um segundo a sua capa-
cidade. Epartiu imediatamente.
1 — do espôso e da espôsa.
42

16 Ora, o que recebera cinco talentos logo entrou a ne-


17 gociar com eles, e ganhou mais cinco. Do mesmo modo, o
18 que recebera dois talentos ganhou mais dois. Mas o que
recebera um talento foi-se e enterrou o dinheiro do seu se
nhor.
19 Passado muito tempo, voltou o senhor daquêles
20 servos e os chamou a contas. Apresentou-se o que tinha
recebido cinco talentos, trouxe mais cinco talentos e disse :
Senhor, entregaste-me cinco talentos ; eis aqui mais cinco
talentos, que ganhei.
21 Muito bem, servo bom e fiel — respondeu-lhe o senhor
— já que foste fiel no pouco constituir- te-ei sobre o muito ;
entra no gozo de teu senhor.
Apresentou-se o que tinha recebido os dois talentos
e disse : Senhor, entregaste-me dois talentos ; eis aqui
mais dois talentos, que ganhei.
23 Muito bem, servo bom e fiel — respondeu-lhe o se-
nhor — já que foste fiel no pouco constituir~te-ei sobre o
muito ; entra no gozo de teu senhor.
24 Apresentou-se por fim o que recebera um talento e
disse : Bem te conheço, senhor ; és homem rigoroso ; colhes
25 onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhaste. Pelo
que tive mêdo de ti e fui enterrar o teu talento ; aí tens o que
é teu.
26 Respondeu-lhe o senhor : Servo mau e preguiçoso !
sabias que colho onde não semeei, e ajunto onde não espalhei ;
27 devias, por conseguinte, colocar o meu dinheiro no banco, e
eu, na minha volta, teria recebido com juros o meu capital.
28 Tirai-lhe, pois, o talento, e entregai-o a quem tem os dez
29 talentos. Porque, ao que tem dar-se-lhe-á, e terá em abun-
dância, mas ao que não tem, tirar-se~lhe-á até aquilo que
30 possue. A esse servo inútil, porém, lançai-o ás trevas de fora ;
aí haverá choro e ranger de dentes.
31 O juizo universal. Quando vier o Filho do homem
na sua majestade, em companhia de tôdos os anjos, sentar-se-á
32 no trono da sua glória. E reuni r-se-ão diante dele tôdos
os povos. E êle os separará uns dos outros, assim como o
33 pastor separa dos cabritos as ovelhas. Colocará á sua
direita as ovelhas, e á esquerda os cabritos. Então dirá o rei
34 aos que se acharem á sua direita : Vinde, benditos de meu
Pai ; tomai posse do reino que vos está preparado desde o
35 princípio do mundo. Porque eu estava com fome, e me
déstes de comer ; estava com sêde e me déstes de beber ;
andava forasteiro, e me agasalhastes ; estava nu, e me ves-
36 tistes ; estava doente, e me visitastes ; estava preso, e me
viestes ver.
37 Então lhe perguntarão os justos : Senhor, quando
foi que te vimos com fome, e te demos de comer ? ou
38 com sêde, e te demos de beber ? quando te vimos forasteiro.
39 e te demos agasalho ? ou nu, e te vestimos ? quando te
vimos doente ou preso, e te fomos ver 9
Mateus 25, 40 — 26, 15

Responder-lhes-á o rei : Em verdade, vos digo, o que 40


fizestes a algum destes meus irmãos mais pequeninos, a mim
é que o fizestes.
Em seguida, dirá aos que estiverem á sua esquerda : 4*
Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado
ao demónio e seus anjos ! Porque eu estava com fome, e não 42
me déstes de comer ; estava com sede, e não me destes de
beber ; andava forasteiro, e não me agasalhastes ; estava 43
nu. e não me vestistes ; estava doente e preso, e não me vi-
sitastes.
Perguntar-lhe-ão também estes : Quando foi, Se- 44
nhor, que te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou
nu, ou doente, ou preso, e deixámos de acudir-te ?
Mas ele lhes responderá : Em verdade, vos digo, 45
o que deixastes de fazer a algum dêstes mais pequeninos, a
mim é que deixastes de o fazer.
E irão êstes para o suplício eterno ; os justos, porém. 46
para a vida eterna".
PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS
Ultima ceia

Resolução do sinédrio. Depois de terminar to- 26


dos êstes
que daqui discursos,
a dois diasdisse
é a Jesus
páscoaaos; seus
entãodiscípulos
o Filho do: "Sabeis
homem 2
será entregue para ser crucificado".
Naquele tempo se reuniram os príncipes dos sacer- 3
dotes e os anciãos do povo no palácio do pontífice, que se
chamava Caifaz, e deliberaram como prenderiam astuciosa- 4
mente a Jesús para o matar. Mas que não seja no dia da festa, 5
diziam, afim de não se amotinar o povo.
Jesús ungido em Betânia. Achava-se Jesús em 6
Betânia. Quando estava á mesa, em casa de Simão, o
leproso, aproximou-se dêle uma mulher com um vaso de ala- 7
bastro cheio de bálsamo precioso, e derramou-o sobre a ca-
beça de Jesús. Os discípulos, quando viram isto, se indignaram 8
e disseram : "Para que este desperdício ? podia-se vender 9
isto a bom preço e dar aos pobres".
molestais Jesús,
esta reparando isto, respondeu-lhes
mulher ? praticou uma boa obra :para"Por que
comigo. 10
Pobres sempre o tendes convosco ; a mim, porém, nem sem- 11
pre me tendes. Se derramou este bálsamo sobre o meu corpo, 12
foi para minha sepultura. Em verdade, vos digo, onde quer 13
que for prégado este evangelho, em todo o mundo, há de ser
contado também, em memória dela, o que fez"..
Plano de Judas. Então um dos doze, por nome 14
Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes
e disse: "Que me quereis dar, se vo-lo entregar?" jo
44 Mateus 26, 16 — 35

16 Pagaram-lhe trinta moedas de prata. A partir daí procu-


rava ele uma ocasião para o entregar.
17 A ceia pascal. No primeiro dia dos pães ázimos, 17—25:
foram os discípulos ter com Jesús e lhe perguntaram : "Onde Mc112'
queres que te preparemos o cordeiro pascal 1"
18 dizei-lheRespondeu
: O Mestre Jesus : "Ide
manda dizerá cidade,
: O meuá casa
tempode vem
fulano
che-e Jo
Lc 13>
22,7
gando ; em tua casa desejo comer o cordeiro pascal com os 21
13 meus discípulos".
Executaram os discípulos a ordem de Jesús e pre-
pararam ocordeiro pascal.
20 Ao anoitecer, sentou-se Jesús á mesa com os doze.
21 Durante a ceia disse : "Em verdade, vos digo que um
22 de vós me há de entregar." Profundamente contristados,
começaram eles a pergunta r-lhe, um após outro: "Acaso sou
eu, Senhor ?"
23 esse me Respondeu
há de entregar. ele : "Quem
O Filhometer comigo vaia mão
do homem no prato,
á morte, sim,
24 conforme está escrito dêle ; mas ai do homem por quem o
Filho do homem for atraiçoado ! melhor fora a esse homem
não ter nascido".
25 Perguntou então Judas, o traidor : "Acaso sou eu,
Mestre?" Respondeu Jesús : "Es tu".
26 Instituição da Eucaristia. Durante a ceia to-
mou Jesús o pão, benzeu-o, partiu-o e deu-o a seus discí- c 22
27 pulos, dizendo
Depois, :tomou "Tomaio ecálice,
comei deu ; istograças
é o meue ocorpo".
apresentouLc 22,19
28 aos
é o meudiscípulos,
sangue,dizendo: "Bebeiquedelee derramado
do testamento, todos; porque isto 1 Cr xl'
por mui-
29 tos, em remissão dos pecados. Digo-vos, todavia, que a par-
tir de hoje não mais beberei deste fruto da videira, até ao
dia em que convosco o beber, novo, no reino de meu Pai".
30 Protestos dos discípulos. Em seguida, recitaram 31 — 35
31 o hino e sairam para o monte das Oliveiras. Disse-lhes Mc
então ; Jesús
dalo pois :está "Esta noite: serei
escrito Ferireia todos vós motivo
o pastor de escân- Lc 22.31
e dispersar-se-ão
32 as ovelhas do rebanho. Mas, depois de ressuscitado, irei Jo 13,
adiante de vós para a Galileia".
33 Disse então Pedro : "Ainda que todos se escandalizem Zciz 7
de ti, eu nunca me escandalizarei !'"
34 Replicou Jesús : "Em verdade, te digo que ainda esta
noite, antes de o galo cantar, me hás de negar três vezes".
35 Pedro, porém, protestava, dizendo : "Ainda que
tivesse De de morrer contigo, nãoprotestavam
modo semelhante te negaria." todos os outros
discípulos.

20 — doze discípulos. 28 — do novo testamento, que será derramado


Mateus 26, 36 — 56 45

Do Getsêmane ao Gólgota
6 — 46: Agonia de Jesus. Então se encaminhou Jesus 36
22' com eles a uma granja, de nome Getsêmane, e disse aos
c 22,
40 discípulos:
Tomou consigo"Sentai-vos
somente a aqui,
Pedro enquanto eu voude aí
e os dois filhos orar"
Zebedeu. 37
Então começou a encher-se de tristeza e de angústia, di-
zendo-lhes: "Minha alma está em tristeza mortal; ficai aqui 33
e vigiai comigo". Adiantou-se um pouco, caiu de face em terra 39
e orou : "Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice.
Contudo,Em não seja como
seguida, foi tereu com
quero,os mas como tue osqueres."
discípulos, encontrou 40
dormindo. Disse a Pedro : "Então não pudestes
comigo uma hora ? vigiai e orai para não cairdes em tentação vigiar 41
o espírito está pronto, sim, mas a carne é fraca".
Retirou-se
é possível que passe segunda vez e sem
este cálice orou que
: "Meu Pai, faça-se
eu o beba, se não 42
a tuaQuando
vontade voltou,
!{' outra vez os encontrou dormindo ; ^3
estavam com os olhos carregados.
Deixou-os, retirou-se novamente e orou pela terceira 44
vez, repetindo as mesmas palavras. Depois voltou a ter 45
com os seus discípulos
tranquilamente. Eis quee disse-lhes : "Continuais
chegou a hora em que o aFilho
dormir
do
homem vai ser entregue ás mãos dos pecadores. Levantai- vos! 46
vamos ! eis que aí vem o meu traidor !"
lc~u' Prisão de Jesus. Ainda estava Jesus a falar, quando 47
c. 22.
43' de
chegou
genteJudas,
armada um dedos espadas
doze, acompanhado
e varapaus, duma multidão
por ordem dos
4R7 príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo. Tinha o seu trai- 48
°' ?' dor combinado com êles este sinal : "A quem eu beijar, esse
é ; prendei-o." Logo se aproximou de Jesus com as palavras 49
"Salve, Mestre !" e beijou-o.
Respondeu-lhe
Nisto Jesus : "Amigo,
se aproximaram a que vieste
êles, deitaram ?" a
as mãos 50
Jesus e o prenderam. Um dos companheiros de Jesus puxou bi
da espada e, vibrando-a contra um servo do sumo sacerdote,
cortou-lhe
bainha ; tôdosuma osorelha. Disse-lhe espada,
que manejarem Jesus : a"Mete
espada a perecerão;
espada na 52
cuidas então que meu Pai não me mandaria em auxílio, agora 53
mesmo, mais de doze legiões de anjos, se lho pedisse ? Mas 54
como se cumpririam, então, as escrituras, segundo as quais
assim deve acontecer ?"
se fora A'a multidão,
um ladrão,porém,
assim disse Jesuscomnaquela
saistes espadashorae varapaus
: "Como 55
para prender-me ; e, no entanto, dia a dia, estava eu sentado
no templo, a ensinar, e não me prendestes Mas tudo
isto sucedeu para que se cumprissem as escrituras dos 56
profetas".
55 — sentado no meio de vós
46 Mateus 26, SJ_ — 75

Então o abandonaram todos os discípulos e fu-


giram.
57 Jesus diante do sinédrio. Os esbirros levaram
Jesus á presença do sumo sacerdote Caifaz, onde se reuniram
os escribas e os anciãos.
58 Pedro o foi seguindo de longe até ao páteo do sumo
sacerdote ; entrou e sentou-se no meio dos servos para ver
59 o fim. Os príncipes dos sacerdotes e todo o sinédrio andavam
em busca de algum falso testemunho contra Jesus, afim de
60 o condenarem á morte; mas não acharam, conquanto se
apresentassem muitas falsas testemunhas. Por fim, apa-
61 recerammou: Posso
maisdestruir
dois, que depuseram:
o templo de Deus"Este homem afir-
e reedificá-lo em
62 três dias". Levantou-se então o sumo sacerdote e disse-
lhe : "Não respondes coisa alguma ao que esses depõem
63 contra ti ?" Jesus, porém, permaneceu calado. Disse-lhe
então o sumo sacerdote: "Conjuro- te pelo Deus vivo que
nos digas se tu és o Cristo, o Filho de Deus !"
64 Respondeu-lhe Jesus: "Sim, eu o sou; e declaro-vos
que, a partir daqui, vereis o Filho do homem sentado á di-
65 reitaAde Deusisto onipotente e vir sobrerasgou
o sumo sacerdote as nuvens do céu".
as suas vestiduras,
exclamando : "Blasfemou ! que necessidade
testemunhas ? vós mesmos acabais de ouvir a blasfémia temos ainda de;
que vos parece ?"
66 "E' réu de morte !í* - — bradaram eles.
67 E passaram a cuspir-lhe na face e a ferí-lo a punhadas.
68 Outros davam-lhe bofetadas, dizendo: "Profetiza-nos, ó
Cristo, quem foi que te bateu ?"
69 Negação de Pedro. Entrementes, estava Pedro 69—75 :
sentado fora no páteo. Chegou-se a ele uma criada e disse : Mc
' Também tu estavas com Jesus, o galileu".
70 Ele, porém, negou diante de todos, dizendo: "Não
71 compreendo
Ia Pedroo que dizes."
saindo ao portal, quando o viu outra criada,
e disse para os circunstantes : "Esse também estava com
72 Jesus, Pela
o nazareno".
segunda vez negou ele, e com juramento, di-
73 zendo : "Não conheço
Decorrido pouco esse homem".
tempo, acudiram os circunstantes,
dizendo a Pedro : "Realmente, tu também és do número
74 deles ; Então a tua entrou
linguagem
ele atepraguejar
dá a conhecer".
e a jurar, que não co-
nhecia aquêle homem. E imediatamente cantou o galo.
75 Nisto se lembrou Pedro do que lhe dissera Jesús :
"Antesforade eo chorou
para galo cantar, três vezes me terás negado". Saiu
amargamente.

61 — duas falsas testemunhas


t
47
Mateus 27, 1 — 23

Fim do traidor. Pela madrugada, resolveram os 27


príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, de comum
acordo, entregar Jesus á morte. Conduzi ram-no preso e en- 2
tregaram-no ao governador Pilatos.
Ora, quando seu traidor, Judas, viu que Jesus estava 3
condenado, sentiu-se tomado de arrependimento e foi de-
volver as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes
e anciãos, dizendo : "Pequei, entreguei sangue inocente." 4
Replicaram eles: "Que temos nós com isto ? avém-te
lá contigo Entãomesmo lançou!" ele as moedas de prata ao templo, 5
foi-se embora e enforcou-se com uma corda. Os prín-
cipes dos sacerdotes recolheram as moedas e disseram : 6
"Não é licito lançá-las ao cofre do templo, porque é preço
de
um sangue".
oleiro paraDeliberaram servir de comprar
cemitério com
aos elas o campo Por
forasteiros. de 78
esta razão é chamado aquele campo, até ao presente dia :
campo de sangue. Assim se cumpriu a palavra do o
custo em que os filhos de Israelas avaliam
profeta Jeremias : "Tomam trinta aquele
moedas quede foiprata,
pos-
to a preço, e as dão pelo campo de um oleiro. Esta ordem lo
me deu o Senhor".
Jesús diante de Pilatos. Foi Jesus apresentado 11
ao governador. E o governador lhe dirigiu esta pergunta :
"E's tu o rei dos judeus?" Respondeu-lhe Jesus: "Sim,
eu o dos
coes sou".sacerdotes Entretanto, não deu
e anciãos. resposta alguma
Perguntou-lhe então ásPilatos
acusa-: 12
"Não ouves Jesus, deporém, quantanãocoisalhe terespondeu
fazem carga ?"alguma.
a pergunta 14115;
de maneira que o governador se admirou grandemente.
Ora, costumava o governador soltar-lhes, por ocasião
da festa, um dos presos a quem o povo pedisse. Tinha, 16
naquele tempo, um preso famigerado, por nome Barrabás.
Perguntou,
que vos ponha pois,emPilatos ao povo
liberdade reunido : ou "Quem
: Barrabás, Jesus, quereis
que se 17
chama
entregado.o Cristo ?" Pois bem sabia que por inveja lho tinham 18
Quando Pilatos estava sentado no tribunal, mandou- 19
lhe sua mulher este recado : "Nada tenhas que ver com esse
justo ; Entretanto,
porque muitoos padeci hoje,dosem sacerdotes
príncipes sonho, por ecausa dêle".
os anciãos
instigaram o povo a que pedisse a Barrabás e fizesse morrer a
J esús.
Interrogou-os o governador : "Qual dos dois quereis 21
que vos ponha em liberdade ?"
"Barrabás !" — clamaram eles.
Tornou-lhes Pilatos : "E que farei de Jesús, que se 22
chama o Cristo ?"
"Crucifica-o !" — gritaram todos. 23
2 — Pôncio Pilatos. 8— dia: Hacéldama, isto é:
48 Mateus 27, 24 — 43

Retrucou-lhes o governador : "Pois que mal fêz êle ?"


Eles, porém, gritaram ainda mais alto : "Crucifíca-o!"
24 Vendo Pilatos que nada adiantava e que o tumulto
se tornava cada vez maior, mandou vir água e lavou as mãos
á vista do povo, dizendo : "Eu sou inocente do sangue deste
justo ; respondei vós por êle".
20 Bradou então o povo em pêso : "O seu sangue cáia
sobre nós e sobre nossos filhos."
Soltou-lhes, pois, Barrabás. A Jesus, porém, mandou-o
açoitar, e, em seguida, lho entregou para ser crucificado.
37 Coroação de espinhos. Então, os soldados do go- 27—30:
vernador levaram Jesus ao pretório e reuniram em torno Mc ^
28 dele todo o destacamento. Despojaram-no das suas vestes j019,2
29 e lançaram-lhe aos ombros um manto escarlate ; teceram
uma coroaumade cana
ram-lhe espinhos
na mãoe Ih'direita.
a puseramDobravam
sobre a cabeça,
o joelho e diante
mete-
30 dêle e o escarneciam,
Cuspiam dizendo
nele, tiravam-lhe : "Salve,
a cana rei doscomjudeus
e davam-lhe ela na!"
cabeça.
31 Crucifixão. Depois de o terem ludibriado, tiraram-
lhe o manto, tornaram a vestir-lhe as suas vestiduras e o
32 conduziram fora para o crucificarem. Pelo caminho encon-
traram um homem de Cirene, por nome Simão. Obrigaram-no
33 a carregar-lhe a cruz. Chegaram, pois, ao lugar que se chama
34 Gólgota, isto é, lugar de caveiras. Deram-lhe a beber
vinho misturado com fel. Jesus o provou, mas não quis
85 beber. Então o pregaram na cruz, e repartiram entre si
as vestes dêle, deitando sortes.
36 Depois sentaram-se e lhe faziam guarda. Pu-
37 seram-lhe sobre a cabeça um letreiro, com a indicação do
38 seu crime crucificados
êle foram : "Este é Jesus,
dois rei dos judeus".
malfeitores, um áJuntamente
direita, outrocomá
esquerda.
39 Impropérios. Os transeuntes o escarneciam, me-
40 oneavam
templo ae cabeça,
em trêse blasfemavam dizendo
dias o reedificas, : "Tu aqueti destróis
salva-te mesmo;
se és o Filho de Deus, desce da cruz".
41 Da mesma forma mofavam os príncipes dos sacerdotes,
42 escribas e anciãos, dizendo : "Salvou a outros; e a si mesmo
não se pode salvar; desça agora da cruz, se é que é rei de
43 Israel, e creremos nêle; Confiou em Deus ; pois que o venha
livrar agora, se de fato lhe quer bem ; porquanto afirmou :

35 — sortes. Cumpriu-se dest'arte a palavra do profeta : "Repartem


entre st as minhas veátimentas e sobre a minha túnica deitam sortes". SI 21,19
40 — templo de Deus
Mateus 27, 44 — 66 49

Eu sou o osFilho
também de Deus".que Esses
malfeitores com mesmos insultos
ele estavam lhe dirigiam 44
crucificados.
-56 : Morte de Jesús. Desde a hora sexta até a hora 4-5
3g' nona esteve todo o país coberto de trevas. Por volta da hora
23, nona soltou Jesús um grande brado : "Êli, Êli, lama safeac- 46
44 tani ?" — isto é: "Meu Deus, meu Deus, por que me desam-
19» paraste?"Alguns dos circunstantes, ouvindo isto, observaram : 47
"Está chamando por Elias". Logo um deles correu a en-
sopar uma esponja em vinagre, prendeu-a numa cana e 48
deu-lhe de beber. Outros, porém, diziam : "Deixem; vamos 49
ver se vem Elias para o salvar".
Mais uma vez soltou Jesús um grande brado — e 50
entregou o espírito.
E eis que o véu do templo se rasgou de alto a baixo, 51
tremeu a terra, partiram-se os rochedos, abriram-se os
sepulcros e muitos corpos de santos que tinham morrido, 52
ressurgiram. Saíram das suas sepulturas, depois da ressur- 53
reição dele, foram á cidade santa e apareceram a muitos.
Quando o comandante e os que com ele faziam guarda 54
a Jesús perceberam o terremoto e os demais acontecimentos,
sentiram-se tomados de grande terror e diziam : Em verdade,
este era o Filho de Deus !"
Assistiam de longe também muitas mulheres, que 55
desde a Gaíiléia tinham acompanhado a Jesús, ministran-
do-lhe o necessário. Entre elas se achavam Maria Madalena, 56
Maria, mãe de Tiago e José, bem como a mãe dos filhos de
Zebedeu.
-61: Sepultura de Jesús. Ao anoitecer, veio um homem 57
rico de Arimatéia, por nome José, que era discípulo de Jesús.
23, Foi ter com Pilatos e requereu o corpo de Jesús. Pilatos 58
50 mandou que lhe entregassem o corpo. Tomou José o corpo, 59
19- amortalhou-o num lençol de linho puro, e depositou-o no
88 sepulcro novo, que para si mesmo mandara abrir numa rocha; 60
volveu uma grande pedra á boca do túmulo e retirou-se.
Maria Madalena, porém, e a outra Maria deixaram-se ficar 61
aí, sentadas defronte do sepulcro.
A guarda do sepulcro. No outro dia — após o dia 62
dos preparativos — reuniram-se os príncipes dos sacerdotes
elembrados
fariseus emde casa
que deessePilatos e disseram
embusteiro, : "Senhor,
quando estamos:
vivo, afirmou 63
Depois de três dias ressurgirei. Manda, pois, guardar o se- 64
pulcro até ao terceiro dia ; do contrário, poderiam os seus
discípulos vir roubá-lo e dizer ao povo : Ressuscitou dentre
os mortos. E assim viria o último embuste a ser pior que o
primeiro".
Respondeu Pilatos : "Tereis uma guarda ; ide e 65
guardai o sepulcro como entendeis".
Foram-se e seguraram o sepulcro, selando a pedra e 66
postando uma sentinela diante dele.
50 Mateus 28, 1 — 20

Ressurreição de Jesús
28 As mulheres ao sepulcro. Terminado o sábado,
na madrugada do primeiro dia da semana, puseram-se a
caminho Maria Madalena e a outra Maria para verem o
2 sepulcro. Estremeceu então a terra com violência. Um
anjo do Senhor desceu do céu, aproximou-se, revolveu a
3 pedra e sentou-se em cima. O seu aspeto era como o relâm-
4 pago e as suas vestes brancas como a neve. Os guardas es-
tremeceram de terror em face dele e ficaram como mortos.
5
6 curais a Jesús,o oanjo
Disse ás mulheres
crucificado ; não: está
"Nãoaqui
temais; sei que como
; ressuscitou pro-
disse. Vinde e vede aqui o lugar onde esteve colocado o
7 Senhor. Ide depressa e dizei a seus discípulos que ressusci-
tou dentre os mortos. Irá diante de vós para a Galileia ;
8 aí o vereis.
Transidas Eis que vo-lo disse".
de terror e de alegria ao mesmo tempo,
deixaram, pressurosas, o sepulcro e correram a levar a notí-
9 cia aos discípulos. Nisto lhes veio Jesús ao encontro e disse :
"Eu vos saúdo". Aproximaram-se, e abraçando-se com os
lo pés dele, o adoraram. Então lhes disse Jesús : "Não temais ;
ide e avisai a meus irmãos que vão á Galiléia ; aí me verão".
n Suborno dos guardas. Depois da partida delas,
foram alguns dos guardas á cidade e deram parte aos prín-
cipes dos sacerdotes de tudo quanto acabava de suceder.
12 Convocaram êstes os anciãos e deliberaram. Deram uma
grande soma de dinheiro aos soldados, e intima ram-nos :
"Dizeidiscípulos
seus assim : De e o noite, enquanto
roubaram. nós chegar
Se isto dormíamos, vieram do
aos ouvidos os
governador, trataremos de apaziguá-lo e advogar a vossa cau-
15 sa". Tomaram, pois, o dirrheiro e procederam conforme
as instruções recebidas. E até ao presente dia anda êsse
boato entre os judeus.
16 Missão mundial dos apóstolos. Dirigiram-se os 16—20;
onze discípulos á Galiléia, ao monte que Jesús lhes designara. Mc 1(V
17 Quando o viram, adoraram-no ; alguns, todavia, duvidavam.
19 Chegou-se
1S todo o poderJesús a eles
no céu e nae terra.
lhes disse
Ide,: pois,
"A mim me discípulos
e fazei foi dado
vossos todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Fi-
20 lho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o
que eu vos tenho mandado. E eis que estou convosco todos
os dias, até ao fim do mundo".
NOTAS EXPLICATIVAS
Pretende o evangelista provar com esta árvore ge- 1
nealógica que,' consoante as profecias, é Jesús descen- x
dente de Davi e Abraão. Prometera Deus um trono eter-
no á dinastia davídica (2 Rs. 7, 13-16), e a Abraão dissera :
NOTAS — Mateus 1, 18 — 2, 11 51

"Em tua descendência serão abençoados todos os povos da


terra" (Gnmeração12,completa, 3). Oporque
historiador sacroé antes
o seu fim não oferece
jurídicoumado enu-
que
histórico.
Segundo o direito judaico, não vigorava distinção is
jurídica entre noiva e esposa ; os esponsais equivaliam ao
contrato matrimonial, ao qual se seguiam, mais tarde, as
núpcias, dia em que a noiva (ou esposa) era conduzida sole-
nemente àcasa do esposo. Assim, a Virgem Maria, ainda que
legítima esposa de José, estava ainda em casa de seus (fa-
lecidos ?)pais.
A aparências naturais depunham contra a virgindade 19
de Maria; José, porém, estava convencido da pureza de sua
esposa ; ela mesma nada lhe revelara do sublime mistério
da incarnação, esperando que, como sucedera com Isabel,
Deus não deixaria de intervir oportunamente. Pelo que
José, que ainda não recebera a competente revelação celeste,
se via em dolorosa perplexidade, e resolveu deixar secreta-
mente a esposa, sem a expor á difamação pública — quando,
de improviso, o mensageiro de Deus lhe dá a solução a todas
as dúvidas.
Trata-se de Herodes I, o Grande, como lhe chama a 2
história, por ser um génio organizador e ter embelezado 3
notávelmente a cidade de Jerusalém e o templo. Foi no ano
63 antes de Cristo que, com a tomada de Jerusalém, a Pales-
tina passou a ser anexada á província romana da Siria. Desde
o ano 40 antes até 4 depois de Cristo, o idumeu Herodes go-
vernava estas terras, por mercê e sob os auspícios dos Césares
de Roma.
Mago era o título que, no oriente, se dava ao sábio 2
que se ocupava com o estudo das ciências naturais, sobretudo
a astronomia ou astrologia. A tradição posterior os dá como
reis, quer dizer, chefes de tribus. Nos cativeiros da Assiria
e Babilónia tinham os israelitas espalhado entre os pagãos
as sementes da revelação divina ao futuro Salvador. Por
onde se compreende a noção que os magos tinham do apare-
cimento duma estrêla como indício do nascimento do Messias ;
pois a sagrada escritura fala dêste fenómeno.
Já não se achava a sagrada família na gruta de Be- 1°
lém, pois a chegada dos magos se verifica um ou dois anos
depois do nascimento de J esús, como se depreende da ordem
de Herodes de trucidar todos os meninos de dois anos de
idade ou menos.
Depois da apresentação de Jesús no templo (40 dias
após o nascimento) regressou a sagrada família para Nazaré
(Lc 2,39). Mais tarde, por ocasião da chegada dos magos,
encontramo-la novamente em Belém.
Ouro, incenso e mirra — eloquentes símbolos da rea- 11
leza, da divindade e da humanidade. A mirra era uma subs-
tância amarga, que servia na embalsamação dos corpos dos
defuntos.
52 NOTAS — Mateus 2, 15 — 5, 3

15 As palavras : do Egito chamei meu filho, se referem


diretamente ao povo de Israel, que Deus apelida de filho, e
indiretamente, através daquele protótipo, a Jesus Cristo.
16 Raquel era esposa de Jacó, e, assim, a mãe das prin-
cipais tribus de Israel, razão por que ela figura aqui como per-
sonificação do reino de Israel.
3 O batismo de João era uma cerimonia religiosa que
2 simbolizava o sacramento do batismo, e ao mesmo tempo
6 dispunha para a recepção dele, despertando na alma senti-
mentos de penitência.
3 0—12 O machado e a pá simbolizam o poder judiciário e
executivo de Jesus Cristo ; a árvore e a eira significam o povo
de Israel, e, em sentido mais lato, toda a humanidade.
11 Jesus há de batizar com fogo e com o Espírito Santo
quer dizer que dará a verdadeira pureza e santidade ás
almas pela infusão da graça.
33 Jesus deseja receber o batismo de penitência, na
qualidade de Redentor, porque se constituirá representante
oficial diz
como da ousadamente
humanidade pecadora,
São Paulo. "fêz-se pecado por nós",
Desnorteado pelos estranhos fenómenos que tinham
ocorrido por ocasião do batismo de Jesus, resolve Satanaz
sondar o terreno e certificar-se da natureza do profeta de
Nazaré. O primeiro Adão, no paraiso terrestre, sucumbira a
investida do demónio ; o segundo Adão no deserto, sai vito-
rioso de todas as tentações diabólicas.
13 Cafarnaum, cidade opulenta, ao noroeste do lago de
Genesaré, formava como que a séde do apostolado de Jesus.
Zabulon e Neftalim, tribus de Israel, ocupavam as regiões
ao norte e oéste do dito lago..
iõ Galiléia dos gentios chamava-se esta parte da Gali-
léia pelo fato de aí habitarem numerosos pagãos mesclados
com os israelitas.
24 A Siria abrangia as regiões ao norte da Galiléia.
25 Decápole, isto é, Dez-cidades, era uma zona situada
ao nordeste da Palestina, povoada, pela maior parte, por
pagãos. Além do Jordão — no tempo de Cristo, estava a
Palestina dividida em quatro partes : Judéia, Samaria,
Galiléia e Peréia ; esta última parte chamava-se vulgarmente
* Além-Jordão".
5 Monte — a tradição dá como monte das bem-aven-
1 turanças o Kurun-Hattin, complexo de colinas a três léguas
de Cafaraaum.
3 Pobres pelo espírito são os que não cobiçam desorde-
nadamente os bens terrenos, nem, quando os possuem, se
deixam por êles possuir ; gozam de grande liberdade de es-
pírito ede coração, mesmo no meio das riquezas da terra.
NOTAS — Mateus 5, 4 — 30

Os tristes são os que, como São Paulo, sentem doloro-


samente oexílio da vida presente e suspiram, saudosos, por
dissolver-se e estar com Cristo.
A terra significa a terra por excelência, na opinião
do israelita, isto é, a terra da promissão, Canaan, símbolo do
paraiso celeste.
Justiça, em linguagem bíblica, significa quase sempre
a santidade, que compreende a graça santificante, nesta vida,
e a glória celeste, no mundo futuro.
Os puros de coração são os que se esforçam por preser-
var aalma de qualquer mancha de pecado.
Pacificadores são os que se esforçam por promover
e manter a união e caridade fraterna entre os homens.
MerecemDeus
porque de um é o modo especial
Príncipe o título de "filhos de Deus'',
da paz.
O sal preserva da corrupção e dá sabor aos alimentos ;
assim devem os discípulos de Cristo, por meio da virtude
evangélica, preservar ò mundo da corrução moral e dar-lhe
gosto pelas coisas de Deus. Mas, se o apóstolo de Cristo per-
der a virtude da sua vocação e se tornar como sal insípido
e desvirtuado, será dificílimo regenerá-lo ; se continuar assim,
será lançado fora por imprestável e pisado aos pés pelo des-
prezo dos homens.
A luz ilumina, acalenta o mundo e favorece a vida ;
é o que deve fazer, no mundo espiritual, o discípulo de Cristo :
dissipar com os fulgores da verdade as trevas da ignorância e
do êrro ; acalentar os corações com os ardores da caridade
e da graça ; promover com sua influência benéfica o cresci-
mento das virtudes cristãs. O apóstolo deve ser como uma
cidade no monte, bem patente aos olhos de todos os peregri
nos dêste vale de lágrimas. Deve ser como uma luz em ele-
vado candieiro, espargindo viva claridade por toda a casa
de Deus.
Tendes ouvido o que foi dito aos antigos — com todo
êste paralelismo quer Jesus mostrar que não veio para abolir
o antigo testamento, como seus inimigos diziam, mas, sim,
levá-lo a cabal perfeição, A lei antiga representa o princípio
das revelações divinas — a nova aliança é o remate das mes-
mas. Deus não se corrige a si mesmo, nem revoga o que
uma vez ordenou ; Deus se revela sucessivamente, de degrau
em degrau.
Quem se irar — por estes tres degraus quer Jesus
mostrar que, aos olhos de Deus e do evangelho, é tão repro-
vável adescaridosa disposição da vontade, como no antigo
testamento, eram os crimes externos ; pois a séde da malícia
do pecado está na vontade, e não nas mãos ou nos lábios.
Em caminho estamos todos nós, rumo ao tribunal de
Deus.
Se alguma criatura, te fosse tão querida como a pu-
pila dos olhos, ou tão necessária como a mão direita, mas
54 NOTAS — Mateus 5, 31 — 7, 1

se te fosse ocasião de pecado grave, seria preciso sacrificá-la


para não te perderes eternamente.
1*1 — 32 A lei mosaica permitia ao marido repudiar a mulher,
no caso de ela ter cometido algum crime infame, devendo o
marido, para êste efeito requerer documento legal á autori-
dade pública. Era divórcio a vinculo tanto assim que os
dois divorciados podiam contrair novas núpcias com outra
pessoa. Jesus, porém, como vinha levar a lei á perfeição,
revogou êste abuso legalizado em atenção ás circunstâncias,
restabelecendo a primitiva indissolubilidade do matrimonio.
s>9— 42 Jesús não proibe a justa reivindicação dos nossos di-
reitos, mas, sim, o espírito de vingança. Até no caso que nos
custe os maiores sacrifícios, devemos estar prontos a cumprir
o dever de caridade para com o ofensor.
4i A lei mosaica também mandava amar o próximo ;
mas os rabinos restringiam esta palavra aos parentes, amigos
e patricios, acrescentando ainda o conselho imoral de odiar
o inimigo.
4G Publicanos se chamavam então os cobradores de im-
postos. Sendo que esta classe de homens eram funcionários
da dominação romana, e muitos deles costumavam cometer
detestáveis injustiças e extorsões no exercício da sua profissão,
eram objeto de ódio da parte dos judeus, e o titulo de "publi-
cano" passou a ser sinonimo de "pecador".
^ A mão esquerda não deve saber o que faz a direita
Q — é locução metafórica que quer dizer que nem aos nossos
mais íntimos amigos e parentes devemos comunicar o bem
que praticámos, afim de evitar o perigo de vanglória.
g Pelo fato de Jesús recomendar a oração ás ocultas
não condena a oração em público nem o culto social — tanto
assim que ele mesmo, que muitas vezes rezava ás ocultas,
não deixava de rezar também em público, como, por exemplo,
na ressurreição de Lázaro e no cenáculo ; o que Jesús desa-
prova é a ostentação farisaica.
Y_s Cuidavam os pagãos que o valor e a eficácia da ora-
ção dependesse da extensão e da eloquência das palavras.
Ensina Jesús que o fim da oração não está em convencer a
Deus das nossas necessidades, mas em dispor o coração para
a recepção das graças divinas ; por isso deve a prece ser
singela e filial.
r2 Jesús compara engenhosamente a vista do corpo
com a intenção da alma ; do mesmo modo que o corpo se
guia e orienta pela luz dos olhos, assim se norteia a alma pela
luz da intenção ; conforme o estado são ou doentio da vista,
prospera ou padece o corpo — e também a alma vai bem ou
mal, segundo a boa ou má intenção da vontade. Quem apega
o coração aos bens caducos da terra, traz os olhos da alma
turvados, e acabará no abismo.
7 Coisas santas e pérolas são as verdades do evangelho
6 e os meios da graça, que não convém entregar indiscretamente
a homens indignos
NOTAS -- Mateus 7, 2 — 8, 20 55

Muitos são os que trilham o caminho largo — pou-


cos os que vão pelo caminho estreito. Estas palavras se
referem diretamente ao povo judaico aí representado, como
faz ver o contexto ; a maior parte dos judeus não entrará
no reino messiânico, por parecerem duras as exigências do
evangelho. Se é maior o número dos homens em geral que
se perdem do que o daqueles que se salvam — disto nada diz
o divino Mestre, na presente advertência. Entretanto, se
de fato for maior o número dos que, como os judeus daquele
tempo, preferirem a estrada larga do pecado á senda estreita
da virtude,
o texto não enecessita
se perseverarem neste caminho até á morte —
de comentário.
Falsos profetas são, segundo o contexto, os fautores
de doutrinas falsas que se apresentam ao povo sob as apa-
rências de amigos, quando de fáto são os seus piores inimigos,
como se verá no desfêcho final.
Naquele dia, quer dizer, no dia do juizo final.
Casa sobre rocha — Não é em belas palavras nem
sentimentos dulçurosos que devemos fazer consitir a nossa
vida espiritual, senão na prática sincera e abnegada das obras
de caridade, alicerçada sobre o rochedo de uma fé profunda
e sólida
A lei mosaica excluia da convivência social os lepro-
sos, declarando-os, além disto, ritualmente impuros. No caso
que um leproso saisse curado, tinha de apresentar-se ao sa-
cerdote afim de receber dêle o competente atestado de saúde
e ser reintegrado á sociedade. Ao mesmo tempo fazia uma
pequena oferta ao templo.
Digo a êste — Com esta significativa comparação
quer o centurião dizer : Quando eu, na qualidade de superior,
dou alguma ordem a um súbdito meu, sou obedecido ime-
diatamente ;assim poderás tu, Jesús de Nazaré, como se-
nhor das fôrças naturais, dar ordem categórica á moléstia
de meu servo, e ela te obedecerá sem demora, abandonando
o corpo dêle.
Muitos virão do oriente e ocidente — O centurião era
pagão, mas a sua fé no poder de Jesús o tornava digno de
entrar no reino de Deus, como, mais tarde, sucederia a muitos
dos seus irmãos gentios, de todos os paises do mundo, ao
passo que muitos dos israelitas seriam excluídos por falta de
fé viva e prática.
Choro e ranger de dentes — é a expressão corrente
com que Jesús designa o inferno, lugar de grandes tormentos
e de desespero ; chora quem sofre, range os dentes quem de-
sespera.
Filho do homem é o título que o profeta Daniel
(7,13) dá ao Messias, Deus feito homem ; e Jesús usa de
preferência esta expressão para designar a sua própria pes-
soa. — - Parece que êste candidato visava algum interêsse
56 NOTAS — Mateus 8, 21 10, 34

material no apostolado, razão por que Jesus lhe faz ver que
nada disto poderá esperar, pois o Filho do homem não dis-
põe de riquezas, é mais pobre que as raposas do mato e as
aves do céu.
21 Jesús não reprova a piedade filial do homem que de-
seja primeiro sepultar a seu pai, mas coloca os interêsses do
reino de Deus acima de outro interesse e sentimento qualquer,
mesmo os mais legítimos.
22 Mortos chama Jesús os parentes dêsse candidato,
parecendo
teriais. insinuar que não conheciam senão interêsses ma-

g Parece que aquela paralisia viera ao pobre homem


2 em
tira castigo
primeiro dea causa pecados
do ;mal,J esús, vendo-o
e, depois, arrependido,
o próprio mal. lhe
5 Para a onipotência divina é tão fácil curar a alma
como o corpo ; por isso é que Jesús, para provar que possue
um poder divino, cura visivelmente o corpo do paralítico
e invisivelmente a alma dele, tirando, assim, aos fariseus
todo e qualquer pretexto de incredulidade.
14 O banquete de Mateus parece ter incidido justamente
num dia em que os discipulos de J oão costumavam guardar
jejum.
15 O esposo é Jesús. A sua vida terrestre é a festa
nupcial, a aliança mística da divindade com a humani-
dade. Neste período de alegria não ficaria bem que os con-
vidados ás bodas, isto é, os discípulos e amigos de Cristo,
jejuassem e estivessem de luto. Mais tarde, porém, quando
lhes for tirado o esposo, também eles hão de jejuar.
16—17 O remendo de pano crú e o vinho novo simbolizam
o evangelho ; o vestido velho e os odres velhos signifiacvam
as fórmulas antigas da piedade israelítica. O espirito largo
e generoso da nova aliança não se coaduna com a estrei-
teza dessas instituições, exige formas novas de piedade e de
culto.
20 Traj ava J esús a modo dos doutores da lei do seu tempo,
usando por cima da túnica um manto em cujas quatro pontas
pendiam outras tantas borlas de tecido cor de jacinto. Quando
Jesús andava, flutuavam essas borlas no ar e podiam facil-
mente ser atingidas pela hemoroissa.
23 çõesEra fúnebres costume orientaldo tanger
em derredor elegias e entoar lamenta-
leito mortuário.
IO Por motivos de prudente pedagogia recomendou J esús
p a seus apóstolos que, para o principio, restringissem a sua
ativida*degelizar
pastoral
também os aos filhos de Israel ; mais tarde iam evan-
gentios.
15 Sacudir o pó dos pés equivalia a um protesto contra
os que rejeitavam a graça de Deus.
S4 Jesús dará a paz aos seus, uma paz profunda e inefável,
como o mundo não a pôde dar ; mas só depois de se terem
separado heroicamente dos mundanos.
NOTAS — Mateus 10, 39 — 11, 21 57

Quem pretender conservar a vida natural á custa da 39


amizade de J esús há de perder a eterna ; mas quem por amor
de Jesus sacrificar a vida presente há de ganhar a vida fu-
tura no céu.
Jesus responde com obras á interrogação dos discí- 11
pulos de J oão ; pois os milagres que estava operando aos 4— 5
olhos dêles o davam indubitavelmente como sendo o Messias
prometido por Isaías (35, 5-6; 61,1), palavras, a que Jesus
alude muito de indústria. Era precisamente isto que João
visaVa : enviar os seus discípulos á presença do Messias
para que com os próprios olhos se certificassem do poder
dele.
Maior que João — a comparação não se refere á san- n
tidade pessoal do Batista, mas á sua dignidade profética ;
pois como arauto do evangelho excedia êle a dignidade dos
profetas antigos tanto quanto a nova aliança se avantajava á
antiga. Neste sentido também diz Jesus que o infimo grau
de dignidade no reino messiânico excede a própria excelência
do precursor.
Desde que João Batista começou a apregoar o reino 12
messiânico, ás margens do Jordão, homens violentos, os po-
derosos adversários de Jesus, se negaram a entrar nela pelo
caminho legítimo da fé e da caridade, tentando conquistá-lo
a viva força ; nem ao povo que desejava entrar lhe permi-
tiam ingresso franco. Cf. Mt. 23, 13.
Jesus traça um paralelo entre João Batista e Elias 15
em atenção á semelhança que vigora entre os dois, e a extra-
ordinária influência que os dois grandes profetas exerciam
sobre o povo.
Pela parábola das crianças caprichosas ilustra Jesus ie
pitorescamente a má vontade dos judeus em aceitarem o
evangelho. Costumavam as crianças, naquele tempo como
hoje, brincar na praça pública ; acontecia que um grupo
propunha "brincar de casamento", tocando na flauta alguma
modinha divertida, quando outro grupo preferia "brincar de
enterro", entoando melodias lúgubres — e, dest'arte, não
chegavam a um acordo, porque cada um se aferrava teimosa-
mente ásua idéia. Assim procedeis vós ! diz J esús aos judeus;
não quisestes saber de João Batista, porque a sua vida austera
vos lembrava horrores de morte ; não quereis saber de mim,
porque a minha vida mais amena vos dá pretexto fútil para me
chamardes amigo de festas e de bons vinhos.
A palavra da divina sabedoria, que tudo isto predisse 19
(cf. 11, 13) e deu a João esta, e a Jesús aquela missão, será
reconhecida justa por todo o homem sensato.
Corozain e Betsaida eram duas cidades palestinenses 21
situadas sobre a margem ocidental do lago de Genesaré,
não longe de Cafarnaum. Tiro e Sidon eram cidades pagãs
da Fenicia, no litoral do Mar Mediterrâneo. Quem muitas
graças rejeitou será castigado mais severamente do que outro
que deixou inaproveitadas poucas graças. Cilicio era um te-
58 NOTAS — Mateus 11, 23 — 12, 45

eido grosseiro de pêlos de cabra da Cilicia (Asia) usado sobre


o corpo nú pelos penitentes orientais. Deitar cinzas sobre a
cabeça era símbolo de penitência e de luto (cf. quarta-feira
de cinzas). Sodoma era uma das famosas cidades situadas no
lugar do atual Mar Morto, que foram destruídas por Deus
em vista da sua abominável luxúria (Gn 19).
Os sábios e entendidos aos olhos do mundo passam por
espíritos ilustrados como os chefes espirituais de Israel ;
os simples são as pessoas do povo, despretenciosas, como,
por exemplo, os pescadores da Galiléia.
Em caso de necessidade, a lei positiva tem de ceder á
lei natural. O serviço de Deus justifica certos trabalhos
indispensáveis.
A cana fendida e a mecha fumegante simbolizam ex-
pres ivamente asalmas infelizes quebradas pelo pecado e
com a esperança quase extinta, mas que ainda conservam um
resto de boa vontade e virão a restábelecer-se um dia, pela
misericordiosa graça do Redentor, que não veio para perder,
senão para salvar o que se perdera.
Beelzebul (beelzebub) — nome de um dos ídolos adora-
dos pelos filisteus ; por escárneo, os judeus aplicavam êste
título a Satanaz.
Os próprios exorcistas israelitas a quem Deus conce-
dera o poder de expulsar demónios, levantarão protesto
contra semelhante insinuação ; pois estão convencidos de
que só pela virtude de Deus é que se pode subjugar a Satanaz.
Quem contrariar a Jesus e sua obra, talvez mereça
alguma desculpa em atenção á sua ignorância ; mas quem
chegar a tal grau de perversidade e obstinação de im-
pugnar as mais inegáveis manifestações do Espírito Santo,
atribuindo-as a Satanaz, é inacessível á graça de Deus.
Pecar contra o Espírito Santo é recusar obstinadamente a
graça de Deus, sem a qual não há perdão neste mundo, nem
salvação no outro.
Três dias e três noites — ou, como diz o texto original,
três noite-dias — podiam ser, segundo o modo de contar dos
judeus, três dias parciais ; pois é sabido que Jesus não esteve
no seio da terra três dias e três noites completos.
A rainha do sul, ou de Sabá, viera do sudoeste da
Arábia, regiões que, na língua popular, eram "as mais lon-
gínquas plagas da terra".
Era crença popular que os espíritos malignos habita-
vam -os ermos e as solidões ; J esús se acomoda a êste modo
de ver dos seus ouvintes.
A parábola se refere diretamente ao povo de Israel,
que, depois de purificado das escórias morais pelos duríssimos
cativeiros da Assíria e Babilónia, e outros flagelos da ira di-
vina, recairá nos crimes e era pior que dantes, como estava
mostrando e ia provar em breve, nas alturas do Gólgota.
NOTAS — Mateus 12, 46 = 14, 1 59

Repetidas vezes fala o Evangelho em "irmãos de Je- 46—47


sus", enumerando
e Judas. explicitamente
Os irmãos Tiago e Judas quatro(Tadeu),
: José, são
Simão,
em Tiago
outra
parte chamados pelo próprio evangelista filhos de Alfeu e de
Maria Cleófas, irmã da mãe de Jesus ; tratando-se, portanto,
de primos-irmãos de Jesus. Quanto aos outros, nada sabe-
mos. Não é admissivel que fossem filhos de Maria, mãe de
Jesus, porque não harmoniza com as palavras que Maria
diz ao anjo Gabriel, nem com a última vontade de Jesus
moribundo,
comum entregando
na língua sua emãeno ao
hebraica discípulo
dialeto J oão. falado
aramaico E' muito
por
Jesus e seus discípulos
os primos-irmãos, apelidar
como ainda simplesmente
outros parentes. de "irmãos"
Abraão e Ló
são chamados "irmãos",
mesma forma Isaac e Labão. quando eram tio e sobrinho ; da

Ao povo judaico, em castigo do seu desinteresse, será 13


negada a doutrina clara do reino de Deus, ao passo que os 11
discípulos, ávidos da luz celeste, compreenderão o sentido
mais profundo das parábolas ; cooperam com a graça e por
isso merecem graças cada vez mais abundantes.
A quem tem boa vontade Deus lhe dará compreensão 12
cada vez mais nítida ; mas quem não tem boa vontade per-
derá até os conhecimentos que possue.
Na parábola do semeador indica Jesus as causas da 21 23
esterilidade do evangelho em muitas almas.
Na parábola da mostarda concretiza o divino Mestre 31 33
a expansão exterior do reino messiânico, tão pequenino nos
seus primórdios. O pé de mostarda alcança no oriente, uma
altura de 3 metros. — Na parábola do fermento frisa, de
preferência, a maravilhosa virtude intrínseca do evangelho.
Três medidas equivaliam a uns 20 — 30 litros.
e maus A noparábola reino dedoCristo
joio ensina-nos
nesta terra que a mescla
durará até ao defimbons
do ij
mundo. O joio é tão parecido com o trigo que antes de fruti-
ficar, éimpossível distinguí-lo ; depois, porém, a diferença
se torna manifesta, porque enquanto o trigo produz espigas
grandes e louras, o joio as produz pequeninas e pretas.
evidência As as parábolas
grandes doriquezas
tesouroespirituais
oculto e doda reino
pérolamessiânico.
põem em 44—46
O homem que sacrifica todos os demais interesses para atin-
gir o reino de Deus faz ótimo negócio.
relêvo Aa separação parábola dadosrede
bonsparece-se
e maus, com a do joio,
no juizo final.pondo em 47~ 50
Herodes por sobrenome Antipas, era filho de Herodes 14
I , o Grande (assassino dos inocentes de Belém), e irmão de
Arquelau, rei da Judéia. Governava a Galiléia e a Peréia,
sob os auspicios dos Césares de Roma. Tinha ele um meio-
irmão, por nome Filipe, Herodes Antipas repudiou sua le-
gítima esposa, filha do rei árabe Aretas, e começou a viver
em incestuoso adultério com Herodiade, mulher de Filipe.
60 NOTAS — Mateus 14, 18 — 16, 28

O lugar desta primeira multiplicação dos pães são,


provavelmente, os arredores de Betsaida-Julias, na margem
nordeste do lago de Genesaré, não longe da desembocadura
do Jordão.
Genesar era uma vargem fertilíssima ao nordeste do
lago de Genesaré.

dado em Os judeus
sacrifício tinham
o queestade fórmula de juramento
mim poderíeis receber: "Seja
como
sustento". Em virtude deste voto podia
ao templo a sua fortuna e deixar na miséria a seus pais ; um filho entregar
porque, diziam os fariseus, o voto obriga com mais rigor do
que o quarto mandamento de Deus.
Não é o manjar que mancha, senão a desobediência
que há na transgressão do mandamento, e esta dsobediência
vem de dentro da alma.
A mulher cananéia, ou siro-fenicia era pagã.
No oriente, os cães, geralmente, não são admitidos em
casa,, senão apenas os cachorrinhos. Estava no plano de
Deus que as primicias das graças da redenção coubessem aos
filhos de Israel ; só depois viriam os pagãos. A mulher pagã,
com admirável sagacidade e presença de espírito, volta as
palavras de Jesus contra o próprio autor, reconhecendo hu-
mildemente que o lauto festim dos milagres é para os "filhos
da casa de Israel", e que ela não é senão um dos "cachorrinhos
do paganismo"; mas, já que assim é, também faz valer os
direitos que o "cachorrinho" tem de comer as migalhas que
caem pedindo
está da mesa com dos filhos
tanta —insistência,
e uma destas migalhas
ao passo que o"é dono
que ela
da
casa lha recusa pertinazmente. Em face dêste argumento
deu-se Jesus por vencido e desarmado.
Magedan era uma povoação ao oeste do lago de Ge-
nesaré.
As portas do inferno são as potências do erro e da
mentira., bem como os poderes da morte ; quer dizer que a
igreja não cairá vitima nem da destruição moral nem física.
Jesus, aqui como em outras ocasiões, proíbe os após-
tolos de o revelarem como Messias, afim de atalhar espe-
ranças falsas e irrealizáveis, como eram as que a maior parte
dos
siânico. contemporâneos nutriam a respeito do reino mes-
seus
** Satanaz, ou satan, significa em hebraico : adversá-
rio, e, principalmente, o demónio. Assim chama Jesus
a Pedro, pelo fáto de se opor aos planos de Deus, pretendendo
desviar o Salvador do caminho da cruz.
Alude Jesus á sua vinda gloriosa e visível no juizo
final.
Alude á sua vinda terrífica e invisível na destrui-
ção de Jerusalém, figura do fim do mundo.
NOTAS — Mateus 17, 1 — 21, 12 61

E' tradição
ração seja o Tabor, antiquíssima
10 klm. para que o monte
o leste da transfigu-
de Nazaré. 217
Moisés e Elias personificavam o antigo testamento : 3
a lei e os profetas.
João Batista trabalhava no espírito de Elias, pela 12
regeneração do povo de Israel. Cf. acima nota para 11, 15.
A partir do 20.° ano de idade, tinha cada israelita 24
livre de pagar anualmente, para o templo, duas dracmas
(uma didracma), isto é, uns 2$500 a 3$000.
Um estáter, moeda grega, equivalia a quatro dracmas ^7
(duas didracmas), isto é, uns 5$000 a 6$000.
O meio principal para obter a conversão dum dêsses 18
19—20
pecadores obstinados é a oração comum da igreja.
Dez mil talentos equivalem, mais ou menos, a 100.000 24
contos de réis. Trata-se, nesta parábola, provavelmente,
de um governador de domínios régios.
fabulosaCemde denários — são simboliza
100 mil contos uns 100 amildívida
réis. que
Aquela soma
o pecador 2*
contraiu com Deus: a quantia insignificante de poucas de-
zenas de mil réis representa as faltas que o próximo cometa
contra nós.
19
Há quem deixe de casar, obrigado pelas circunstân- 3
cias naturais ou por crime de terceiros; mas há também 11—12
quem renuncie á vida conjugal por motivos superiores e
sobrenaturais. Esta generosa e espontânea renúncia supõe 20
uma graça especial de Deus.
Mostra Jesus, nesta parábola, que o premio celeste 1— 16
não depende simplesmente da grandeza do trabalho prestado,
senão da graça de Deus e da cooperação do homem. Deus
é livre na distribuição das suas graças ; dá a todos graças
suficientes ; a alguns dá graças extraordinárias ; com isto
não faz injustiça a ninguém, pois é senhor dos seus dons ;
mas patenteia a grandeza da sua bondade e liberalidade.
Os filhos de Zebedeu, Tiago e João, bem como a mãe 21
dêles, Salomé, aguardavam ainda um reino messiânico
mundano, e é neste sentido que apresentam o ambicioso
pedido.
21
Betfagé — pequeno povoado na fralda oriental do 1
monte das oliveiras, a uma légua de Jerusalém.
O que motivou esta apoteose foi o estupendo mila- 8
gre da resurreição de Lázaro, como faz ver Jo 1 1 .
Quem é êste ? — os que assim perguntavam deviam 1 1
ser peregrinos de fora, que tinham vindo para as solenida-
des pascais.
No átrio exterior do templo costumavam vender-se 12
animais destinados aos sacrifícios, e cambiava-se o dinheiro
62 NOTAS = Mateus 21, 17 — 23, 10
das pessoas vindas de outras províncias. Os negociantes,
porém, tinham invadido, pouco a pouco, os átrios interiores
do santuário, com criminosa condescendência dos chefes do
templo.
17 Betânia — povoação ao sopé do monte das Oliveiras,
pátria de Lázaro. Marta e Maria.
ld A maldição da figueira estéril é um ato simbólico
que visa a esterilidade espiritual e moral do povo judaico
58—46 dadeReferem-se
judaica, que estas duas parábolas
se negavam incisivas
a entrar no á perversi -
reino messiânico,
perseguindo os pregoeiros do mesmo.
1—14 do, com A festa rematenupcial simboliza
no outro. o reino de convidados
Os primeiros Deus neste foram
mun-
os judeus, que, pela maior parte, deixaram de comparecer ;
foram depois convidados os gentios, que abraçaram em gran-
de numero o evangelho — Quem pertence apenas exterior
e não interiormente ao reino messiânico, isto é, pela graçn
santificante (veste nupcial), será condenado no dia do adven-
to do divino Rei..
11 Do grande número dos israelitas que tinham sido cha-
mados a entrar no reino messiânico, de fato só poucos en-
traram ; e são estes últimos que alcançarão a eterna bem-
aventurança.
2i Os próprios judeus, pelo fato de usarem dinheiro ro-
mano, reconheciam a soberania de César — e estava liqui-
dada a questão.
24 Com este caso fictício pretendiam os saduceus ri-
dicularizar dogma
o da ressurreição dos corpos ; mas Jesus
lhes faz ver que toda a pretensa dificuldade está na ignorância
teológica e exegética deles, e não na realidade objetiva do
fato ; no mundo futuro não haverá mais relações conjugais,
como aqueles herejes supunham.
41 A resposta era fácil : Como homem, é Cristo filho de
Davi; mas, como Deus, é senhor de Davi. Os fariseus, po-
rém, se obstinavam em não quererem admitir a divindade
de Cristo, pondo-se, assim, em contradição de seu próprio
pai Davi, que tanto preconizavam.
23 Dissera Deus aos filhos de Israel : "Os meus man-
5 damentos
tomando aoestejam pé da letra sempreestas
diante de teus
palavras olhos !" Osescreviam
metafóricas judeus,
certos textos bíblicos em tiras de pergaminho e as prendiam
âo
(istopulso é : eobservância).
á testa. E' o que, em grego,
Baseados se chamava filactério
em prescrições bíblicas,
usavam também quatro borlas presas nas extremidades do
manto com cordões cor de jacinto. O fariseu, no intuito de
alardear a sua piedade e o zelo extraordinário pela observân-
cia da lei, costumava usar filactérios mais largos e borlas
mais volumosas do que as pessoas do povo.
8_io Com estas palavras condena Jesus o espírito de am-
bição que desordenadamente procura semelhantes títulos
honoríficos.
NOTAS — Mateus 23, 25 — 25, 21 63

A pureza meramente exterior nade* vale sem a san- 25


tidade interior.
Quatro semanas antes da páscoa costumavam os ju- 27
deus caiar os sepulcros afim de tornar bem visíveis aos pere-
grinos esses lugares de impureza ritual, quais então se consi-
deravam os cemitérios.
24
Jesus prediz a destruição de Jerusalém, que veio rea- 3
lizar-se no ano 70 ; os discípulos, porém, referem as pa-
lavras do Mestre aos acontecimentos do fim do mundo, do^
quais eram figura e símbolo.
Nas palavras seguintes, Jesus se refere ora á catás-
trofe do povo judaico, ora ao cataclismo universal.
Os horrores da desolação no lugar santo significam
a profanação do Templo de Jerusalém.
minhos Noda inverno Palestinaeram, geralmente, aintransitáveis
e dificultavam os ca- 1
fuga ; no sábado
era proibido ao israelita andar mais de dois mil passos.
A vinda do divino Juiz será tão manifesta ao mundo
inteiro como a luz do relâmpago quando fuzila de um hori-
zonte até ao outro.
A humanidade corrompida pelos vícios acabará por 2R
parecer-se com uma carniça putrefacta, em torno da qual
se ajuntarão
os abutres, senão as águias da justiça
também divina.
as águias E' fatoa que
se atiram não só
cadáveres,
quando urgidas pela fome.
ção de Tudo Jerusalém. isto — quer dizer, os preliminares da destrui- 33-~3 1
Esta geração — indica os contemporâneos de Jesus,
que serão testemunhas do extermínio da nação judaica.
múnus Apela Jesus principalmente
apostólico, para que, pelo para os que exercemdosalgum
fiel comprimento seus 1
deveres, estejam prontos para comparecer, a qualquer hora, 25
ante o divino juiz.
A parábola das dez virgens — supõe os costumes l— 13
orientais.a A'
conduzir noivanoite vinhapaterna
da casa o noivo
paracomsua grande aparato
casa ; donzelas
d'honor empunhando
acompanhando lâmpadas
o cortejo até áacesas lhe saiam Aao luz
sala nupcial. encontro,
acesa
simboliza a graça santificante; a lâmpada apagada, a alma
sem a graça santificante, embora pertencendo á igreja de
Cristo pelo batismo. A chegada do esposo é a hora da
morte.
Um talento, moeda grega, valia uns 10 contos de réis. ir>
O pouco são os bens da vida presente, o muito são 21
as alegrias do céu.
Mostra a parábola que o homem não somente peca
por atos positivos, senão também por omissão dos seus
deveres. Quem, por exemplo, deixa de praticar sériamente
64 NOTAS — Mateus 25, 31 — 26, 47

a religião revelada por Deus é servo mau e preguiçoso, e não


escapará de ser lançado ás trevas exteriores onde há choro c
ranger de dentes.
O que decide da salvação, ou da condenação, é a
caridade, ou a falta da mesma ; quer dizer, a fé viva que,
com os olhos em Deus. se manifesta em obras boas.
A mulher que veio ungir a Jesus foi Maria, irmã de
Lázaro e de Marta, e que, como geralmente se admite,
e idêntica a Maria Madalena.
Trinta moedas de prata (siclos) valiam uns 80 — 100
mil réis, importância que mal chegaria para comprar um
escravo.
O primeiro mês do ano judaico chamava-se nisan,
O primeiro dia dos pães ázimos (isto é, sem fermento) era o
dia 14 de nisan, que, naquele ano, segundo cálculos prováveis,
correspondia ao nosso 6 de abril ; incidia nesse ano numa
quinta-feira. Sendo que com o pôr do sol do dia precedente
principiava o dia judaico, entrava, com o sol-pôr daquela
memorável quinta-feira (14 de nisan) a véspera da páscoa ;
começando a páscoa mesma com o sol-pôr da sexta-feira (15
de nisan).
Os dias dos pães ázimos abrangiam a semana de
14 até 21 de nisan (6 a 13 de abril). Nestes dias os judeus
não comiam pão fermentado.
A cerimónia do cordeiro pascal chamava-se também
simplesmente páscoa (Fase, em aramaico), o que quer dizer :
"passagem" ou "trânsito". Lembrava o fato de têr o anjo
exterminador trucidado, numa só noite, todos os primogé-
nitos dos egipcios, deixando incólumes os filhos de Israel,
cujas casas encontrasse assinaladas com o sangue do cordeiro.
Em consequência desta última praga do Egito, per-
mitira Faraó o êxodo aos israelitas. Esses, a toda a pressa
ainda na mesma noite, deixaram a terra da escravidão, le-
vando consigo as massas de pão ainda não fermentadas.
Em recordação dessa admirável providência celebravam os
judeus todos os anos a semana dos pães ázimos.
No céu beberá Jesus com seus discípulos um vinho
novo, isto é, de nova espécie, superior ao deste mundo, quer
dizer, a felicidade celeste.
-» A ceia pascal rematava regularmente com a recitação
de determinados salmos.
Em Getsêmane se entrega Jesus, voluntariamente aos
sentimentos que a natureza humana experimenta em face
da morte. Entretanto, a sua vontade superior nunca dei-
xou de querer sinceramente a morte redentora na cruz ;
neste ponto harmonizava completamente com a vontade do
pai.
Entre os que vinham prender a Jesus encontravam-
se, além dos emissários judeus, diversos soldados da guarni-
NOTAS — Mateus 26, 59 — 27, 26 65

ção romana que não conheciam a Jesus de vista ; por isso,


combinara Judas com êles um sinal.
O Sinédrio era o tribunal religioso de Israel. Neste
ano, era presidente do Sinédrio o sumo sacerdote Caifaz
(de 18 a 36 da nossa era) ; mas seu sogro Anaz, que fora
presidente nos anos ó a 15, continuava a ser ainda a alma
do partido.
Blasfemou — por que ? porque Jesus se dizia Filho
de Deus, quando, de fáto, na opinião dos sinedristas, não
passava de hordem. Por onde se vê que o sinédrio compreen-
deu perfeitamente que Jesus se identificava com Deus Pai,
e não se considerava apenas filho adotivo de Deus, como é
todo homem justo. Pouco depois, diante de Pilatos, os ju-
temos deusuma
exigiramlei,a emorte de Jesus,
segundo pelo mesmo
a lei deve morrer, motivo
porque : se"Nós
fez
Filho de Deus".
de Moisés, a morte. Pois a pena da blafsêmia era, segundo a lei
Achava-se Pedro no páteo interno entre as casas de
Anaz e Caifaz, de maneira que Jesus, passando do primeiro
ao segundo tribunal, tinha de atrvessar aquele recinto.
A sessão noturna do sinédrio não tinha força de lei ;
por isso, para legalizar a sentença, convocaram outra sessão,
logo de madrugada.
Judas arrependeu-se do seu crime, mas não teve es-
perança de perdão ; por isso, não o salvou aquela contrição.
Fora Jesus condenado pelo sinédrio por motivos re-
de Pilatosligiosos,lhe isto é, fazem
"por seosdizer Filho carga
inimigos de Deus" ; mas políticos,
de crimes em face
na certeza
espírito do de pagão que romano.
aquel'outra
Jesúsacusação não éfaria
afirma que rei domossa no
judeus,
no sentido em que o tinham vaticinado os profetas, isto é, o
Messias, o Salvador do mundo nascido da estirpe de Davi.
Depois deste primeiro interrogatório foi Jesús reme-
tido a Herodes ; regressando daí ao tribunal de Pilatos,
seguiu-se a cena com Barrabás.
Pilatos estava convencido da inocência de Jesús, mas
não teve a coragem para absolvê-lo e pô-lo em liberdade,
com mêdo de desvantagens temporais.
Esta horrenda maldição se realizou no ano 70, quan-
do Jerusalém foi arrasada pelos exércitos romanos.
Depois de malogrado estratagema de salvar a Jesús
pelo confronto com Barrabás — como referem os outros
evangelistas — mandou Pilatos flagelá-lo, na esperança
de contentar o povo com êste castigo horrendo. Segui-
ram-se a coroação de espinhos e os ludíbrios, tormentos
esses inventados pela soldadesca romana. Reaparece a
acusação de caráter religioso ; mas fica sem efeito. Por
fim, os chefes da nação judaica lançam a Pilatos a amea-
66 NOTAS — Mateus 27, 34 — 28, 20

ça de denunciá-lo perante César de Roma pelo fáto de tolerar


um candidato á realeza de Israel. O medo de perder as
graças de César fez com que o governador romano condenas-
se á morte o acusado, que repetidas vezes declarara inocente
— traiu a justiça !
O vinho amargoso era, provavelmente, um narcóti-
co propinado a Jesus por umas almas piedosas com o fim de
lhe causar uma espécie de torpor e diminuir-lhe as dores da
crucifixão. Jesus provou da bebida, para não melindrar a
caridade das ofertantes, mas não sorveu a taça toda, porque
queria sofrer todas as dores até ao ultimo suspiro e morrer
com perfeita lucidez de espírito.
Experimentava Jesus em sua natureza humana o
sentimento de uma profunda desolação interior, porque
o Pai lhe retraíra, temporariamente, o consolo da sua pre-
hediondosença.que Quis Jesus
há nosatisfazer,
pecado : dest'arte,
a aversão pelo elemento mais
de Deus.
O véu do templo era um precioso reposteiro que se-
parava do santuário o santíssimo.
O sepulcro de Jesus achava-se numa esplanada do
monte Calvário, a uns trinta metros do lugar da cruz.
Era na sexta-feira que se faziam os preparativos para
a páscoa, a qual principiava com o sol-pôr dêsse mesmo dia,
véspera de sábado.
Domingo de manhã, dirigiram-se as piedosas mu-
lheres ao sepulcro, afim de embalsamarem o corpo de Jesus,
serviço de caridade que na sexta-feira só se tinha feito pro-
visoriamente, porfalta de tempo ; pois com o acaso entrava
ona"grande sábado".
resurreição do Crucificado. Por onde se vê que nem elas tinham fé
As demais aparições de Jesus, após a ressurreição,
veem referidas pelos outros evangelistas.
EVANGELHO SEGUNDO MARCOS

Introdução

1. O evangelista Marcos — que nos Atos dos após-


tolos (12, 12. 23; 15, 37) é chamado João, ou João Marcos,
e nas epístolas paulinas (Cl. 4, 10 ; Fm 24; 2 Tm 4, 1 1) vem
simplesmente com o nome de Marcos — era natural de Jeru-
salém, etinha estreitas relações com São Pedro, que o instruiu
na religião cristã e o batizou (1 Pd 5,13). Em companhia de
Barnabé tomou parte na primeira viagem missionária de São
Paulo, no ano 45 ; separou-se, porém, dos companheiros em
Perge, na Panfília, regressando a Jerusalém (At. 13, 5. 13).
Nos anos 62-67, encontramo-lo, com algumas interrupções,
em Roma (Cl. 4, 10; 1 Pd 5, 13; 2 Tm 4, 1 1). A tradição o dá
como primeiro bispo de Alexandria. A igreja o venera como
mártir, localizando a sua festa no dia 25 de abril.
2. A esse Marcos, discípulo dos apóstolos, é que a
tradição atribue o segundo evangelho. Pápias (75-150) es-
registoucreve :com
"Marcos, exatidão, que ainda
serviaquede não
intérprete a Sãopalavras
pela ordem, Pedro,
e obrasdestes
morte de Jesus. (isto é,Santo Ireneue Paulo),
de Pedro (f 202) refere
Marcos,: "Depois
discípulo dae
intérprete de Pedro, consignou por escrito as instruções de
Pedro".
companheiro Clementede Pedro, de Alexandria
enquanto (feste217)prégava
testificapublicamente
: "Marcos,
o evangelho em Roma, compôs um evangelho, que se chama
segundo
que o segundo Marcos". Destasse notícias
evangelho prende mui antiquíssimas
intimamentese com colhea
prégação de São Pedro.
E'do evangelho,
terno o que também vem confirmado
cujo conteúdo, âmbito peloe fim caráter in-
coincidem
com a prégação de Pedro (cf. At 10. 37-41). Oferece uma
descrição tão exata, viva e intuitiva, até nas mínimas cir-
cunstâncias delugar, tempo e pessoas e seu modo de ver e
proceder, que faz lembrar uma testemunha presencial (cf. 1,
29, 33-36 s ; 4, 38 ; 5, 3 : 9, 3 ; 1 1, 4). Entretanto, sabe-
mos que são Marcos não foi testemunha ocular das ocorrên-
cias que refere ; donde se conclue que deve ter sido porta-voz
de uma pessoa que presenciou o que o evangelista nos dei-
xou consignado. Esta pessoa foi São Pedro ; pois São Marcos
descreve muito mais nitidamente o perfil do chefe dos após-
tolos do que os outros historiadores sacros ; a narração revela
68 São Marcos — Introdução

maior exatidão quando se trata de frisar as faltas e fraquezas


de Simão Pedro, passando em silêncio, ou mencionando ape-
nas de passagem, as distinções, que lhe couberam (cf . Mc 8, 32.
33, 27-29 com Mt. 16, 17-19).
3. Dirige-se este evangelho a leitores étnico-cristãos,
principalmente romanos. Falta o apelo ao antigo testamento,
bem como a polémica contra a interpretação farisaica da lei
mosaica. Localidades, circunstâncias, costumes judaicos e
expressões aramaicas veem devidamente explicadas, ao passo
que instituições romanas (civis, políticas e militares) se su-
põem conhecidas dos leitores (cf. Mc. 15,21 comRm. 16, 13).
4. O fim visado por êste documento está em aumen-
tar nos leitores a fé na divindade de Cristo e no seu domínio
universal Aparece nitidamente êste objetivo em cada uma
das partes principais do escrito, objetivo esse, que o histo-
riador pretende conseguir principalmente pela narração duma
série de milagres operados por Jesus em face do povo, e, em
particular, dos seus discípulos, aos quais conferiu ordens e
poderes para lhe continuarem a missão sobre a terra.
5. O ano da composição do evangelho é incerto.
E' de data
porém anterior posterior
ao deao São
evangelho aramaico,
Lucas, que de São nos
se originou Mateus,
anos
62-63. De maneira que São Marcos teria escrito entre o ano
50 e 60. Como lugar de origem vem indicada desde o princí-
pio a cidade de Roma (Ireneu, Clemente de Alexandria, Je-
rônimo).
6. O conteúdo dêste evangelho regula mais ou monos
pelo de São Mateus, faltando, porém, a história da infância
de Jesus, como também os grandes discursos do Senhor, que
o primeiro evangelista refere. Dos preliminares da vida pu-
blica temos apenas a atividade do Batista, bem como o ba-
tismo e a tentação de Jesus (1, 1-13). Em seguida, passa a
narrativa á vida pública de Jesús na Galiléia (1, 14-9, 50),
na Judéia e em Jerusalém (10, 1-13, 35), concluindo com a
paixão, morte e glorificação do Salvador (14, 1-16, 29).
Decisão da Comissão Bíblica, de 26 de junho de 1912 :
"Razões internas e externas confirmam a autenticidade do
evangelho . São sem valor as obj eções que se levantam contra
a genuinidade do final do mesmo. Além da pregação de São
Pedro, recorreu São Marcos a outras fontes. As suas indi-
cações são perfeitamente fidedignas. O evangelho foi escrito
antes do ano 70".
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO
SÃO MARCOS

Preliminares da vida pública de Jesús


João Batista. O Evangelho de Jesús Cristo, o Filho *
de Deus, teve principio assim como está escrito no Profeta
Isaías :
preparar"Eiso caminho
que envio! Uma
o meuvozarauto
ecoa antedeserto
no a tua :face para te
Preparai o ?,2
caminhoApareceudo Senhor ; endireitai as suas veredas !"
João Batista no deserto, pregando o batismo 4
de penitência, em remissão dos pecados. Afluíam a êle a Ju-
deia etodos os habitantes de Jerusalém; faziam-se por êle 5
batizar no Jordão e confessavam seus pecados. A veste de
João era de pelo de camelo, trazia um cinto de couro em c
volta do corpo e nutria-se de gafanhotos e mel silvestre. Na
sua prégação,
poderoso que eudizia
; eu: nem
"Apóssou mim
dignovemde meoutro, que édiante
prostrar mais 7
dêle para lhe desatar as correias do calçado. Eu vos batizei 8
com água ; êle, porém, vos há de batizar com o Espírito
Santo' .
Batismo de Jesús. Por aquêles dias, veio Jesús f»
13: de
LogoNazaré
que saiu da Galileia,
da água,e viu
se tez batizar
o céu abertopor eJoão no Jordão.
o Espírito em 10
Lc3,2i forma de pomba descer sobre êle. E uma voz do céu dizia :
Jo l, 29 "Tu ^3 meu pj]no querido ; ern ti é que pus a minha com- n
placência".
1?,: Tentação de Jesús. Logo em seguida, o Espírito 12
Mt 4, 1 o impeliu para o deserto. Passou no deserto quarenta dias 13
Sc 4, í e f°i tentado por Satanaz ; vivia no meio de animais bra-
vios ;mas os anjos o serviam.
ATIV1DADE PUBLICA DE JESUS NA GALILEIA
Primeiros frutos. Alvo de contradição
Os primeiros discípulos. Depois de João encar- 14
cerado, dingiu-se Jesús para a Galiléia, onde prégava o

10 — descer e permanecer 13 — quarenta dias e quarenta noites.


70 Marcos 1, 15 — 38

15 próximo
evangelho o dereino Deusdedizendo: "Completou-see crêde
Deus ! convertei-vos o tempo; está
no evan-
gelho ir
i<> Passando ao longo do lago da Galileia, viu a Simão 16— 20:
e o irmão dele, André, que lançavam as redes ao mar ; pois Mt 4^g
17 eram pescadores. Disse-lhes Jesus: "Seguí-me, que vos lc 5, 1
1» farei
rêdes pescadores
e foram emde seu homens". Deixaram imediatamente as
seguimento.
19 Depois de andar um pouco, viu a Tiago, filho de Ze-
bedeu, e seu irmão João, ocupados em compor as rêdes no
20 barco. Logo os chamou; e êles deixaram no barco seu
pai Zebedeu com os servos, e o seguiram.
>i Cura dum possesso. Dirigiram-se para Cafar- 21— 22 ,
naum. Logo no sábado entrou Jesus na sinagoga e se pôs 1-0 4,31
22 a ensinar. Pasmavam de sua doutrina ; porque ensinava
como quem tinha autoridade, e não como os escribas.
23 Ora, achava-se na sinagoga daí um homem possesso
dum espírito impuro, vieste
24 Jesus de Nazaré? que gritava : "Que
para nos temos seinósquem
perder? contigo,
és:
o santo de Deus !"
Ameaçou-o Jesus, dizendo : "Cala-te e sai dele".
og Ao que o espírito impuro o agitou violentamente e
saiu dele, soltando um grito estridente.
27 Consternados, diziam uns para os outros : "Que
vem a ser isto ? que nova doutrina, essa, cheia de poder r>
dá ordem até aos espíritos impuros, e êles lhe obedecem".
28 E sua fama correu célere por toda a região da Galiléia.
29 Em casa de Pedro. Saiu Jesus da sinagoga e en- 29—34:
caminhou-se diretamente para a casa de Simão e André, Mt8,
30 em companhia de Tiago e João. A sogra de Simão estava Lc4 38
de cama com febre. Logo lhe falaram dela. Aproximou-se
31 Jesus, tomou-a pela mão e levantou-a. No mesmo instante,
a febre a deixou, e ela os foi servindo.
32 Ao cair da tarde, depois do sol posto, trouxeram-lhe
ss todos os enfermos e endemoninhados ; a cidade em pêso se
( 34 apinhava diante da porta. Curou numerosos doentes ata-
cados de moléstias diversas, e expulsou muitos demónios ;
mas não permitia aos espíritos que falassem, porque o co-
nheciam.
^5 Nos arredores de Cafarnaum. De manhã, ainda 35—39-
bem escuro, levantou-se, retirou-se para um lugar solitário, ^c4>42
*6 onde orou. Entretanto, Simão e seus companheiros foram-
37 lhe no encalço, e, quando o encontraram, disseram-lhe :
"Todo o mundo anda á tua procura". Ao que Jesus lhe
28 respondeu : "Vamos a outra parte, ás povoações circun-
15 — do reino de Deus
Marcos 1, 39 — 2, 15 71

vizinhas,
Foi, pois, para eu prégar
cruzando tambémtoda,
a Galiléia aí ; prégando
porque a isso
nas ésinagogas
que vim".e 39
expulsando demónios.
Cura dum leproso. Veio ter com Jesus um leproso, 4u
caiu de joelhos diante dele e suplicou : "Se quiseres, podes
tomar-me limpo". Compadecido dele, estendeu Jesus a mão, 41
tocou-o e disse : "Quero, sê limpo". Mal acabara de falar, e ^
já a lepra desaparecera, e o homem estava limpo. Despediu-o 43
logo, vai
mas com mostrar-te
a ordem severa : "Olha,e não
ao sacerdote o digas
oferece pela a tua
ninguém
purifi-; 44
cação osacrifício ordenado por Moisés, para que lhes sirva
de testemunho".
Apenas se havia retirado, entrou a fazer grande alarde 40
e a divulgar por toda a parte o que acabava de acontecer ;
de maneira que Jesus já não podia aparecer publicamente
numa cidade, preferindo ficar fora, em lugares apartados. Mas
nem por isso deixava o povo de afluir a ele de todos os
lados.
Cura de um paralítico. Decorridos alguns dias, ~
tornou Jesus a entrar em Cafarnaum. À noticia de que
estava em casa, afluiu tanta gente que não cabia nem 2
mesmo diante da porta.
Enquanto lhes anunciava a palavra, trouxeram-lhe 3
um paralítico, que vinha carregado por quatro homens.
Mas não conseguiram chegar até Jesus por causa do grande 4
apêrto ; pelo que abriram o teto por cima dele e pela aber-
tura arriaram o leito em que jazia o paralítico. A' vista da 5
fé que os animava, disse Jesus ao paralítico : "Meu filho, os
teus pecados te são perdoados". Ora, estavam sentados aí tí
uns escribas,
esse homem falar que pensaram consigo mesmos
assim ? blasfema ; quem: pode
"Comoperdoar
pode <
pecadosJesussenão Deus somente?"
conheceu logo em espírito os pensamentos deles, 8
equedisse-lhes
é mais fácil, : "Que dizerestais a pensar :aíos emteusvossos
ao paralítico pecadoscorações
te são? y
perdoados? ou dizer: levanta-te, carrega com o teu leito e
anda ? Ora, haveis de ver que o Filho do homem tem o poder io
de perdoar pecados sobre a terra". E disse ao paralítico : 11
"Eu te ordeno : levanta-te, toma o teu leito e vai para casa ".
Logo êle se levantou, tomou o seu leito e foi-se em- 12
bora, á vista de todos. Ficaram todos estupefatos, e glorifi-
caram aDeus, dizendo : "Coisa assim nunca vimos".
Vocação de Levi. Em seguida, retomou rumo ao lago. iâ
»5',27 Afluía a êle todo o povo, e Jesus o ensinava. De passagem,
viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na alfândega. "Segue- 14
me " —Quando disse-lheestava
Jesus.á mesa,
Levantou-se
em casa êledêle,
e o seseguiu.
achavam em i&
sua companhia e dos seus discípulos também numerosos
publicanos e pecadores ; porque eram muitos os que a êle
aderiam.
72 Marcos 2, 16 — 3, 5

16 Ora, quando os escribas, que eram dos fariseus viram


Jesus á mesa, em companhia de pecadores e publicanos, per-
guntaram aos discípulos dêle : "Por que é que ele come e bebe
em companhia de publicanos e pecadores ?"
i~ Jesus, percebendo isto, respondeu-lhes : "Não neces-
sitam de médico os que estão de saúde; mas, sim, os doen-
tes. Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores".
IS A questão do jejum. Era dia de jejum para os 18—22:
discípulos de João e os fariseus. Foi quando êles se apresen- Mt- ^
taram
pulos dea Jesus João ecom esta fariseus
os dos perguntajejuam,
: "Porao que é que
passo que ososdiscí-
teus Lc5,33
discípulos não jejuam ?"
19 Respondeu-lhes Jesus: "Podem, porventura, je-
juar os convidados ás núpcias, enquanto está com êles o es-
poso ? Enquanto estiver com eles o esposo não podem je-
20 juar. Mas não deixarão de vir dias em que lhes será tirado
o esposo ; nesse dia, sim, hão de jejuar.
21 Ninguém põe remendo de pano crú em vestido velho ;
do contrário, o remendo novo arranca parte do vestido velho,
e fica pior o rasgão.
22 Ninguém deita vinho novo em ôdres velhos ; do
contrário, o vinho rompe os ôdres, e perdem-se tanto o vinho
como os ôdres. O vinho novo deita-se em ôdres novos".
28 Colhendo espigas no sábado. Atravessava Je- Mtv>\
sús as searas, em dia de sábado. De passagem, os seus Le 6,1
24 discípulos arrancavam espigas. Observaram-lhe então os
fariseus : "Olha, porque fazem êles o que é proibido em
dia de sábado?"
25 Replicou-lhes Jesús : "Nunca lêstes o que fêz Davi,
quando ele e seus companheiros sofriam necessidade e es-
20 tavam com fome ? como entrou na casa de Deus, no tempo
do sumo sacerdote Abiatar, e comeu os pães de proposição,
que só os sacerdotes podem comer ? e como deu de comer
também a seus
foi feito por causacompanheiros
do homem, ?"e não
E prosseguiu : "Ocausa
o homem por sábado
do
28 sábado. Pelo que também o Pilho do homem é senhor do
sábado".
3 Cura em dia de sábado. Tornou Jesús a entrar na 1—6:
sinagoga. Deparou-se-lhe um homem com uma das mãos J^^g
2 atrofiada. Puserarri-se êles á espreita, a ver se curava esse jC '
3 homem no sábado; porque queriam acusá-lo. Disse Jesús
4 ao homem com a mão atrofiada: "Passa para o meio!" Em
seguida, perguntou-lhes : "E% permitido fazer bem ou mal
em dia Calaram-se.
de sábado ? salvar uma vida ou deixá-la perecer ?"
5 Magoado com a cegueira dos seus corações, cravou
J esús um olhar indignado nos que estavam á roda dêle e disse
ao homem :tabelecida amão.
"Estende a mão ". Estendeu-a — e estava res-
Marcos 0, 6 — 29

Logo saíram os fariseus, e, de aliança com os amigos 6


de Herodes, deliberaram sobre o modo de perdê-lo.
Jesus e seus discípulos
'—-12:
cí pulosAfluência do povo. do Retirou-se
para as margens Jesus multidões
lago. Grandes com seus dis-
da 7
Galileia o foram seguindo; também da Judeia e de Jerusa-
lém, da Iduméia e das regiões dalém-Jordão, bem como de 8
Tiro e Sidon afluíam massas enormes, desde que ouviram
das maravilhas que operava. Recomendou por isso a seus 9
discípulos que sempre lhe conservassem aparelhado um barco
para evitar
muita gente, que
razãoa multidão o atropelasse.
por que todos que sofriamE'algum
que curava
mal se io
apertavam em torno dele para lhe tocar. Os espíritos n
impuros, assim que o avistavam, prostra vam-se diante dêle
aos
bia gritos
severamente: "Tu és
queo Filho de Deus
o dessem !f Êle, porém, lhes proi-
a conhecer. 12
3_19: Eleição dos apóstolos. Em seguida, subiu a um i?,
itio, 1 monte e chamou a si os que queria; e eles se lhe apre-
'('6'12 sentaram. Escolheu doze que fossem companheiros seus 14
e que pudesse enviar a prégar ; e deu-lhes o poder de expul-
sarem demónios. Os doze que designou são os seguintes: 15
Simão, a quem pôs o sobrenome de Pedro ; Tiago, filho de ig
Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome 17
de Boanerges, o que significa : filhos do trovão ; mais, An-
dré, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé; Tiago, filho de Al- 18
feu; Tadeu; Simão, o zelador; e Judas Iscariotes, que veio
a ser seu traidor. 19
Jesus e os seus. Foram para casa. E de novo tomou 20
tal incremento o concurso do povo que nem pediam tomar
alimento. Quando os seus souberam disto, sairam para o 21
reter ; porque diziam : "Está fora de si".
tkli'' Injúrias dos escribas. Os escribas, porém, que ti- 22
22 nham
1 11, beelzebul,vindoe porde virtude
Jerusalém diziam : dos"Está
do príncipe possesso
demónios de
é que
14 êle expulsa os demónios". Convocou-os Jesus e lhes disse 23
em forma? deNão
Satanaz parábolas : "Como umpodereino
pode subsistir Satanaz expulsar
desunido em sia 24
mesmo, nem uma casa desunida em si mesma pode ficar em 25
pé. Se, pois, Satanaz se revoltasse contra si mesmo, e consi- 26
go mesmo estivesse em desunião, não poderia existir, mas ha-
via de perecer. Ninguém pode penetrar na casa do poderoso 27
e roubar-lhe os haveres sem que primeiro prenda ao pode-
roso ;só então lhe poderá saquear a casa. Em verdade, vos 28
digo que todo o pecado e qualquer blasfémia que os homens
cometerem, lhes serão perdoados; quem, todavia, blasfemar 29
14 — curai ern enfermidades e expulsarem 22 — beelzebub
74 Marcos 3, 30 — 4, 19

30 contra o Espírito Santo não será perdoado eternamente, mas


será réu de pecado eterno". E' que eles diziam : "Está pos-
£1 sesso do espirito impuro". 31—35 :
A familia espiritual de Jesús. Nisto chegaram sua Mt 12,
88 mãe e seus irmãos. Ficaram da parte de fora e o mandaram , 45
chamar. A' roda dele estava sentada muita gente. Foi c '
quando alguém lhe deu este recado : "Olha, que tua mãe e
-2 teus irmãos estão aí fora á tua procura".
Respondeu-lhes Jesús : "Quem é minha mãe e quem
y,4 são meus irmãos ?" E correndo o olhar pelos que estavam
35 sentados
irmãos ! Pois á rodaquemdele,cumpre
disse : a "Eis aqui deminha
vontade Deus,mãe
essee émeus
que
me é irmão, irmã e mãe".
"* Parábola do semeador. Reencetou Jesús os seus Mtis, i
ensinamentos á beira do lago. O povo o cercava numero- Lc 8> 4
sissimo; pelo que entrou Jesús num barco; sentou-se nêle,
2 sobre o lago, enquanto toda a multidão ficava em terra,
pela praia do lago. Ensinava-lhes muitas coisas em pará-
bolas. Numa das suas doutrinas disse-lhes :
3 "Atendei! saiu um semeador a semear. E, ao lançar a se-
4 mente, parte caiu á beira do caminho, e vieram comê-la as
5 aves. Outra caiu em solo pedregoso, onde a terra era pouca ;
não tardou a nascer, porque estava a pouca profundidade ;
6 mas quando despontou o sol ficou crestada, e secou por falta
7 de raízes. Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cres-
ceram com ela e a sufocaram, de maneira que não deu fruto.
8 Outra caiu em bom terreno, brotou, cresceu e deu fruto, ren-
dendo uns grãos trinta, outros sessenta, outros cem por um".
9 E acrescentou, dizendo : "Quem tem ouvidos, ouça!"
10 Explicação da parábola. Quando estavam a sós,
vieram perguntar-lhe os discípulos e os doze qual o sentido
11 confiado
da parábola. Respondeu-lhes
o mistério do reino de Jesús: "A vós équequeaosestá
Deus, enquanto de
í2 fora tudo se lhes diz em parábolas, afim de que, de olhos
abertos, não vejam, e, escutando, não compreendam, para
que não cheguem a converter-se nem encontrem perdão".
13 E prosseguiu : então
como compreendereis "Não todas
compreendeis
as outras esta parábola
parábolas ? O?
14 que o semeador semeia é a palavra. Encontra-se a palavra
15 semeada á beira do caminho nos que a ouvem ; mas vem
Satanaz e tira a palavra que nos seus corações fora semeada.
16 De modo análogo, foi semeada em solo pedregoso naqueles que
17 escutam a palavra, e logo a abraçam com alegria ; mas não a
deixam lançar raizes, são inconstantes, e, sobrevindo tribu-
lação ou perseguição por causa da palavra, logo desfalecem.
18 Foi semeada por entre espinhos em outros ; ouvem a palavra ;
1^ mas veem entrando os cuidados do mundo, as riquezas fa-
lazes edesejos de outras coisas, que sufocam a palavra, de
4 — aves do céu.
Marcos 4, 20 — 40

maneira que fica sem fruto. Foi semeada em terreno bom 20


naqueles que escutam a palavra, a acolhem e dão fruto a trin-
ta, a sessenta, a cem por um".
Escopo das
se, porventura, vir parábolas.
uma luz paraDisse-lhes
colocá-la ainda:
debaixo"Manda-
do al- 21
queire, ou debaixo do leito ? não será antes para a colocar
sobre o candelabro ? Pois não há nada oculto que não ve- 22
nha a manifestar-se ; e nada secreto que não venha a ser
notório. Quem tem ouvidos, ouça !" 2324
E prosseguiu : *Prestai atenção ao que ouvis. Com a
medida com que medirdes medir-vos-ão a vós, e ainda vos
darão de acréscimo. Porque, quem tem dar-se-lhe-á, mas
quem não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que possue.

o reino Adosementeira a crescer.


céu o que acontece Disse que
ao homem aindadeita
: "Dá-se com
a semente
ao campo. Durma ou vigie, de dia e de noite, a semente vai
germinando e crescendo sem que ele o perceba. De si
mesma é que a terra produz, primeiro o pé da planta, depois
a espiga, e, por fim, o grão cheio dentro da espiga. E, mal 29
aparece o fruto, logo lhe mete a foice, pois é chegado o tempo
da colheita".
O grão dedecomparar
que havemos mostarda.
o reinoE decontinuou dizendo
Deus ? por : "Com
que parábola
o representaremos
Quando se lança ao? solo,
E* semelhante
é a menora um grão deas mostarda.
de tôdas sementes
da terra ; mas, depois de semeada, vai crescendo e acaba
por se tornar maior que todas as hortaliças, criando ramos tão
grandes que as aves do céu podem habitar á sua sombra".
Assim é que lhes falava, em numerosas parábolas 33
como estas, sempre ao alcance deles ; nem lhes falava senão 34
por meio de parábolas. E, quando se achava a sós com seus
discípulos, passava a lhes explicar tudo.
A tempestade no lago. Naquele mesmo dia, 35
ao cair da noite, disse-lhes Jesus : "Passemos á outra mar-
sigo nogem".barco.
DespediramOutros
o povo,barcos
e, sem seguiam
mais, levaram-no con-
atrás. Levan- S6
tou-se então uma grande tempestade ; as ondas se arrojavam 37
sobre o barco, que se ia enchendo de água. Jesus, porém, dor-
mia sobre um travesseiro, na popa da embarcação. Desper-
taram-no os discípulos, bradando : "Mestre ! não te importa
que pereçamos ?" Levantou-se Jesus, deu ordem ao vento 38
e disse ao lago : "Cala-te ! fica quieto!" Cessou o vento e
seguiu-se uma grande bonança. E disse-lhes: "Por que ês- 39
se medo ? ainda não tendes fé ?"
Apoderou-se dêles um grande terror, e diziam uns aos 40
outros : "Quem é êste, que até o vento e o mar lhe obedecem ?'
Marcos 5, 1 — 27

5 O possesso de Gérasa. Chegaram á margem oposta 1 2(1 :


do lago, país dos gerasenos. Mal tinha Jesus desembarcado, Lc8 26
2 quando lhe correu ao encontro, da parte dos sepulcros, um
o homem possesso dum espírito impuro. Vivia nos sepulcros,
e não havia quem o pudesse trazer preso, nem mesmo com
4 cadeias ; muitas vezes já o tinham ligado de pés e mãos ;
mas ele rompia as algemas e despedaçava os grilhões. Ninguém
5 o podia dominar. Sempre., de dia e de noite, andava pelos
sepulcros e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
o Quando avistou a Jesus de longe, correu a êle e se lhe pros-
7 trou aos pés, com um grito, clamando : "Que tenho eu con-
8 tigo, Jesus, Filho de Deus altíssimo? conjuro-te por Deus
que não me atormentes !" E' que Jesus lhe ordenava : "Sai
9 desse homem, espírito impuro !" Perguntou-lhe então :
"Como é teu nome ?*' "O meu nome é legião — replicou-lhe
10 êle — porque recidamente somos
que não muitos". E pôs-se
os expulsasse a suplicar-lhe
daquele país. enca-
11 Ora, andava pastando aí, no monte, uma grande ma-
12 nada de porcos. Suplicaram-lhe : "Manda-nos entrar nos
13 porcos". Permitiu-lho.
ram e entraram Ao que
nos porcos. os espíritos
E toda a manada impuros saí-
se precipi-
tou encosta abaixo para dentro do lago, onde se afogou.
Eram uns dois mil.
14 Os pastores fugiram e contaram o caso na cidade e
no campo. Acudiu muita gente a ver o que acabava de su-
15 ceder. Quando chegaram à presença de Jesus e viram aí,
sentado, o homem que estivera possesso de uma legião, ves-
16 tido e de perfeito juizo, tiveram medo. Passaram as teste-
munhas oculares a relatar-lhes a cena com o possesso e com
17 os porcos. Ao que eles rogaram insistentemente a Jesus
que se retirasse das suas terras.
18 Quando Jesus ia embarcando, veio pedir-lhe o homem
que fora possesso que o admitisse em sua companhia. Ele,
19 com
porém,os não teus o e permitiu
conta-lhes; mas que disse-lhe
maravilhas: "Vai
te fezpara casa tere
o Senhor
20 como se compadeceu
na Decápole de ti". Foi-se
que maravilhas êle e começou
lhe fizera Jesus. aPasmaram
apregoar
todos.

21 A filha de Jairo. Tornou Jesus a embarcar e che- ^Tg4jg:


garam á outra margem, onde afluíram a êle grandes multi- Lcg^ó
22 dões. Estava ainda á beira do lago, quando veio um chefe
da sinagoga, por nome Jairo ; assim que avistou Jesus, lan-
23 çou-se-lhe
lhinha estáaosparapés,morrer
com esta
; vemsúplica insistente
impor-lhe : "Minha
as mãos fi-
para que
tenha saúde e vida".
24 Foi com êle. Muita gente o seguia, apinhando-se em
25 torno dêle. Achava-se aí uma mulher que, havia doze anos,
26 sofria de um fluxo de sangue ; tinha padecido muito ás mãos
de numerosos médicos, gastando toda a sua fortuna, mas
sem encontrar alivio algum ; até se achava cada vez pior.
27 Quando ouviu falar de Jesus, aproximou-se* por detrás, no
Marcos 5, 28 — 6, 6

meio da multidão, e lhe tocou no manto, porque dizia consigo[


mesma instante
mesmo : "Se lhese tocar o manto osequer,
lhe estancou fluxo deserei curada".
sangue e sentiaE no
no 2928
corpo que estava livre do seu mal. Jesus, porém, percebeu 30
interiormente que dê!e saíra uma virtude ; voltou-se para a
multidão e perguntou : "Quem me tocou no manto?"
Disseram-lhe os discípulos : "Ora, bem vês que o 31
povo porém,
Ele, te comprime,
voltou eo ainda
rosto perguntas
para quem: oQuem fizera.me Apresen-
tocou ?" 32
tou-se então a mulher, aterrada e tremula, porque bem 33
sabia o que lhe sucedera, e prostrou-se aos pés de Jesus,
confessando-lhe a verdade toda. Respondeu-lhe Jesús : 34
"Minha filha, a tua fé te salvou ; vai-te em paz e sê curada
mal". estava falando, quando chegou gente da casa
do teuAinda
do chefe da sinagoga com esta notícia : "Tua filha acaba de
morrer ; porque ainda incomodas o Mestre ?" Jesus, que 36
entreouvira êste recado, disse ao chefe da sinagoga : "Não 37
temas ; nhasse,
é só senão
teres fé". Tiago
Pedro, Não permitiu
e João, que
irmãoalguém o acompa-
de Tiago. Che- 38
garam á casa do chefe da sinagoga, e percebeu Jesús grande
alvoroço,
que choros ee lamentos.
êsse alvoroço êsse choro ?Entrou e disse-lhes
a menina não está: morta,
"Por 39
dorme apenas". consigo
todos, levando Riram-setão dêle.
somente Jesús, porém,
o pai e a mandou
mãe da me- sair 40
nina e seus companheiros ; e entrou aonde estava a menina. 41
Tomou-a pela mão e disse-lhe : "Talita, cumi !" — o que
quer dizer : "Menina, eu te ordeno : levanta-te !"
tinha doze Imediatamente,
anos de idade.a menina
A gente seestava
levantou
fora edepôs-se a andar ; 12
si, estupefata.
Jesús,
gasse a porém,
saber. ordenou com mandou
Em seguida, insistência
que que ninguémde comer.
lhe dessem o che- 43

rf^g Jesús em Nazaré. Partindo daí, foi em demanda 6


53 da sua cidade pátria, acompanhado dos discípulos. No sá-
:4, 16 bado imediato, ensinou na sinagoga. Os seus numerosos ou- 2
vintes isto?
vem pasmavam da sua doutrina,
Que sabedoria, essa, que perguntando:
lhe foi dada ! "Donde lhe
e que gran-
des maravilhas se operam pelas mãos dêle ! não é êste o car- 3
pinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José. Judas e Si-
mão ? e nãopois,
lizavam-se, moram
da suaaqui entre nós suas irmãs ?" Escanda-
pessoa.
Jesús,
o profeta porém,
menos lhes dodisseque: em
estima "Em suaparte alguma
cidade encontra
pátria, entre 4
os seus parentes e na casa própria". Não lhe foi possivel 5
operar aí milagres ; apenas curou alguns doentes, impondo-
lhes as mãos. Estava admirado da incredulidade dêles. . A
zinhas.Emensinando.
seguida, pôs-se a percorrer as aldeias circunvi- G

2 — tudo isto.
Marcos 6, 7 — 27

7 Missão dos apóstolos. Chamou a si os doze e co- 7 ~ 13


meçou a impuros
8 espíritos enviá-los, e dois a dois. Deu-lhes
ordenou-lhes que não poder sobrecoisa
levassem os Lc9°V
alguma para o caminho, afora um bordão ; nem pão, nem
9 bolsa, nem dinheiro na cinta ; que calçassem sandálias, mas
10 não dolevassem
entrardes duas túnicas.casa,
em alguma Recomendou-lhes ainda : viagem.
aí ficai até seguirdes "Quan-
11 Mas onde não vos receberem nem vos ouvirem, segui adiante
e sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra êles".
12 Puseram-se, pois, a caminho. Prégaram a penitência,
18 expulsaram muitos demónios e curaram numerosos enfermos,
ungindo-os com óleo.
Retirada da Galiléia

14 Degolação de João Batista. Chegaram as noticias iÍT7?9J


dele aos ouvidos do rei Herodes; pois o nome de Jesus Lc3 {2
corria
tre os mundo.
mortos ; Dizia ele :é "E'
por isso queJoão Batista
atuam nele ; virtudes
ressurgiu mila-
den- 9' 7
15 grosas". Outros diziam que era Elias ; ainda outros, que
15 era algum dentre os profetas. Herodes, porém, ouvindo disto,
dizia: "E João; o mesmo que mandei degolar ; ressurgiu"
E' que Herodes mandara prender e lançar ao cár-
17 cere a João, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão
Filipe, a qual êle tinha levado por mulher. Pois João tinha
18 censurado a Herodes, dizendo : "Não te é lícito possuir a
mulher de teu irmão". Por isso, Herodíade lhe guardava
19 rancor, e bem quisera matá-lo ; mas não o podia, porque
Herodes reverenciava a João ; sabia que era homem justo e
20 santo, eo protegia. Toda a vez que o ouvia, sentia-se muito
perturbado; mas nem por isso deixava de o ouvir com gosto.
Chegou então um dia azado. No seu aniversário
21 natalício, ofereceu Herodes um banquete aos grandes da
corte, tribunos e próceres da Galiléia.
Nisto entrou a filha de Herodíade e pôs-se a dansar.
22 o que tanto agradou a Herodes e aos convivas, que o rei
disse á menina : "Pede-me o que quiseres, que to darei".
Chegou a jurar : "Dar-te-ei tudo que me pedires, ainda que
^3 seja metade do meu reino".
Saiu ela e perguntou á mãe: "Que hei de pedir?"
24 Respondeu ela : "A cabeça de João Batista".
Tornou a entrar sem demora, e, apresentando-se,
2r> pressurosa, ao rei, exigia : "Quero que me dês agora mesmo,
numa bandeja, a cabeça de João Batista".
2Ç Entristeceu-se profundamente o rei ; mas, por cau-
sa do juramento e dos convivas, não lho quis recusar. En-
21 viou, pois, o rei imediatamente um dos seus guardas com a
16 — ressurgiu dentre os mortos
20 — iazia muitas coisas.
Marcos 6, 28 — 48

ordem de trazer a cabeça. Foi-se ele e o degolou no cárcere : 28


veio com a cabeça numa bandeja e entregou-a á menina, e
a menina a foi levar a sua mãe.
A esta noticia vieram os discípulos de João, levaram 29
o corpo e o sepultaram.
0—44 . Regresso dos apóstolos. Voltaram os apóstolos á 30
"Tf ^ presença de Jesus e lhe contaram tudo quanto tinham feito
jPq jo e ensinado. Ao que ele lhes disse : "Vinde, sozinhos, a um :;l
o6Í i tempo
lugar solitário, e descansai
para comer, um pouco".que Porque
de tão numerosos eram osnemquetinham
iam e
vinham. Embarcaram, pois, com destino a um lugar solitário, 32
para ficarem a sós.
Muitos, porém, os viram partir e perceberam a sua
intenção. Pelo que, de todas as cidades, acudiram a pé
àquele lugar, e chegaram ainda antes deles.
Primeira multiplicação dos pães. Ao desembarcar 4
deu Jesus com grande multidão e teve compaixão deles ;
porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a en -
sinar-lhes muitas coisas.
Ao declinar da tarde, chegaram-se a Jesus os discípulos 35
e lhe disseram : "O lugar é deserto, e vai adiantada a hora
Despede a gente, para que vão ás fazendas e aldeias circun ;lfl
vizinhas e comprem que comer".
Replicou-lhes Jesus : "Dai-lhes vós de comer". 37
Tornaram-lhe eles : "Queres que vamos comprar
pão por duzentos denários, para lhes dar de comer ?"
Inquiriu Jesus: "Quantos pães tendes? ide e veri - 38
ficai".
Verificaram, e disseram : "Cinco, mais dois peixes".
Ordenou então Jesus que o povo se sentasse em ran- 29
chos sobre o verde relvado. Dispuseram-se eles em grupos 40
de cem e de cincoenta pessoas. Então tomou ele os cinco pães
e os dois peixes, levantou os olhos ao céu e os abençoou. Em 41
seguida, partiu os pães e os deu aos discípulos para que lhos
servissem. Da mesma forma, mandou servir a todos dos
dois peixes. Comeram todos e ficaram fartos, e encheram 1-
ainda doze cestos com os pedaços que sobraram e alguns 43
restos dos peixes. Eram cinco mil os homens que tinham 44
comido dos pães.
5- 52. Jesus caminha sôbre as águas. Logo impeliu Je- 45
^2 sus os seus discípulos a que embarcassem e lhe tomassem
□ 614 a dianteira para a outra margem, rumo a Betsaida, enquanto
ele mesmo ia despedir o povo. Despediu-o e retirou-se a um 46
monte para orar.
Já era noite. O barco estava em pleno lago; só 47
Jesus ainda em terra. Via o muito que se afadigavam com 4R
o trabalho de remar, porque tinham vento pela proa. Por
volta das três horas da madrugada foi caminhando sôbre as
águas em direção a eles, e fez menção de passar de largo.
80

44 Quando eles o avistaram a caminhar sobre as águas, pensa-


ram que fosse um fantasma e puseram-se a gritar em altas
50 vozes; estavam todos aterrados á vista dele. Jesus, porém,
se
nãoapressou
temais a falar-lhes, dizendo : "Tende ânimo ; sou eu ;
51 Embarcou no bote em que eles estavam, e o vento amai
52 ainda
nou. Com isto eles ficaram
compreendido fora pães
aquilo dos de si.; seu
E' que não tinham
coração estava
cego.
58 No território de Genesaré. Passaram para a mar-
54 gem oposta e chegaram a Genesaré, onde saltaram. Mal
acabavam de desembarcar, logo a gente reconheceu a Jesus
55 Puseram-se a correr toda a região, trazendo-lhe os doentes em
leitos, onde quer que ouvissem da presença dêle. E onde quer
56 que aparecesse — fosse em aldeia, cidade ou povoação -
expunham os seus enfermos em praça pública e rogavam
que lhes permitisse tocarem-lhe ao menos a borla do man-
to ; e quantos a tocavam saíam curados.
7 Preceitos humanos. Foram ter com Jesus os fari-
seus e uns escribas de Jerusalém, e repararam que alguns
" dos discípulos dêle comiam com as mãos profanas, isto é.
3 consoante
não lavadas.as —tradições
E' que osdosfariseus, como os não
antepassados, judeuscomem
em geral,
sem
4 ter primeiro lavado cuidadosamente as mãos Da mesma
forma, quando veem do mercado, não comem sem se lavar
previamente ; e, além disto, observam muitos outros usos e
costumes ditados pela tradição, como sejam as lavagens das
taças, bilhas, caldeiras.
5 Perguntaram-lhe, então; os fariseus e os escribas :
"Por que não se conformam os teus discípulos com a tradição
dos antepassados, mas tomam alimento com as mãos profa-
6Isaíasnas ?"Respondeu-lhesA
escrevendo : Este Jesúspovo
: me
"Bem profetizou
honra com os de vós ;
lábios
7 mas o seu coração está longe de mim ; é fútil a meus olhos o
culto
manos. que me prestam ; não ensinam senão preceitos hu-
8 Deixais de parte o mandamento de Deus e obser-
vais preceitos humanos, lavando bilhas e taças e cuidando
•J de muitas outras coisas dessas". Disse-lhes ainda : "Mui
jeitosamente sabeis burlar o preceito de Deus para guardar
1° a vossa tradição. Moisés ordenou : Honra pai e mãe; e :
n Quem injuriar a pai ou mãe seja réu de morte. Vós, porém,
dizeis : Quem disser : Vá como corban — isto é : sacrifício
— o que eu te deveria ; está dispensado de acudir a pai e
12 mãe; e dest'arte, com a vossa tradição, desdizeis o que Deus
13 disse. E praticais ainda muitas outras coisas desse género".
4 — caldeiras e reclinatórios.
Marcos 7, 14 — 37 81

Impureza real. Em seguida, tornou a convocar o H


O que delhefora
povo e disseentra: "Escutai,
no homemtodos,
não oe pode
compreendei-o bem ;!
tornar impuro 15
mas somente o que sai do interior do homem, isto é que o
torna impuro.
Depois deQuem ele setem ouvidos
retirar ouça!"
do povo e chegar à casa, 17L6
vieram os discípulos interrogá-lo sobre o sentido da parábola.
Respondeu-lhes
não atinais entãoeleque: "Nem vós detendes
tudo que ainda nocompreensão
fora entra homem não? i*
o pode tornar impuro ? pois não lhe entra no coração, mas Jí)
vai para o estômago, e daí toma o seu caminho natural, eli-
minando todos os restos. Mas o que sai do homem — prosse- 20
guiu — isto é que o torna impuro ; porque do interior, do co- 21
ração do homem é que veem os maus pensamentos, a luxúria,
os roubos, o assassínio, o adultério, a avareza, a malícia, a 22
astúcia, a libertinagem, a inveja, a blasfémia, a soberba e os
desatinos. Todos estes males veem de dentro, e são eles que 28
tornam o homem impuro".
4 mulher cananéia. Partiu Jesús daí e se dirigiu 24
para o país de Tiro e Sidon. Entrou numa casa, e queria que
ninguém o soubesse. Mas não pôde ficar oculto ; porque 25
uma mulher, que tinha uma filha possessa dum espírito im-
puro, assim que ouviu da presença dêle, entrou e se lhe lan-
çou aos pés. Era paga, essa mulher, natural da Sirofenícia. 26
Suplicou a Jesús que expulsasse de sua filha o espírito ma-
ligno.
os filhosRespondeu-lhe
; não convémeletirar : "Deixa que filhos
o pão aos primeiro se fartem
e lançá-lo aos 27
cachorrinhos".
"De certo,
cachorrinhos, Senhorda —mesa,
debaixo replicou ela —dasmasmigalhas
comem também dos
os 28
filhos".
Disse-lhe Jesús : "Por causa desta palavra, vai, que 29
o demónio acaba de sair de tua filha".
Foi para casa e encontrou a menina estendida na 30
cama ; o demónio tinha saído.

O surdo-mudo. Tornou a retirar-se do país de Ti- 31


ro e foi por Sidon ao lago da Galileia, atravessando o terri-
tório da Decápole.
Trouxeram-lhe então um surdo-mudo e lhe rogaram 7,2
pusesse a mão sobre ele. Jesús tomou-o à parte, fora do 33
povo, pôs-lhe os dedos nos ouvidos e tocou-lhe a lingua
com saliva. Depois levantou os olhos ao céu, deu um suspiro 34
e disse-lhe : "Effetha !"se —lhequeabriram
Imediatamente quer dizer : Abre-te
os ouvidos !
e soltou- 35
se-lhe a prisão da lingua, e falava corretamente. Jesús, porém, 36
lhes proibiu que o dissessem a pessoa alguma ; mas, quanto
mais lho proibia, tanto mais o divulgavam. Cheios de pasmo,
diziam : "Faz bem todas as coisas ; faz ouvir os surdos e o7
falar os mudos".
82 Marcos 8, 1 — 23

MfV Segunda multiplicação dos pães» Por aqueles 8


22 dias se tinha juntado, novamente, grande multidão. Mas
não tinham que comer. Jesus convocou os seus discípulos
e lhes disse: ''Tenho compaixão do povo; há três dias
que está comigo e não tem que comer. Se os mandar para 3
casa com fome, desfalecerão pelo caminho, porque muitos
dêles vieram de longe".
Observaram-lhe seus discípulos: "Donde havia al- 4
guém de tirar pão, aqui no deserto, para os fartar ? "
"Quantos pães tendes?" — perguntou-lhes Jesus. 5
"Sete" — responderam.
Então ordenou J esús que o povo se sentasse no chão ; 6
tomou os sete pães, partiu-os e entregou-os a seus discípulos
para que os distribuíssem ao povo. E eles os distribuíram. 7
Tinham também alguns peixinhos. Abençoou também a
estes e os mandou servir. Comeram e ficaram fartos, e en- 8
cheram ainda sete cestos com os pedaços que sobraram.
Eram uns quatro mil. E Jesus despediu-os. 9
Sinal do céu. Sem demora embarcou com os seus 10
10—13: discípulos e passou para o território de Dalrnanuta. Vieram 11
Mt 16, os fariseus e se puseram a discutir com êle. No intuito de o
Le \2 PÔrem á prova, pediram que lhes desse um sinal do céu 12
54' que
Ao que
essa Jesus raça deu um suspiro
me pede um sinalprofundo e disse :vos"Por
? em verdade digoquequeé
não seráCom concedido
isto osumdeixou,
sinal atornou
essa raça".
a embarcar e passou 13
para a outra margem.
O fermento dos fariseus. Ora, tinham se esque- 14
14—21 • ^e levar Pã° » nao levavam consigo na barca senão um
Mt 16," único. Preveniu-os Jesus, dizendo : "Alerta! cuidado com 15
5' o fermento dos fariseus e o fermento de Herodes".
Lc *2, Puseram-se eles a discorrer entre si : "E* que não te- 16
mos pãoReparou".
tar-vos de não terdes isto Jesus
pão ? eainda
disse:não atinais
"Que estais a inquie-
nem compreen- 17
deis ? ainda está tão cego o vosso coração ? tendes olhos e
não vêdes ? tendes ouvidos e não ouvis ? já não vos lembrais 18
quando parti cinco pães para os cinco mil ? quantos cestos 19
levastes cheios de pedaços ?"
"Doze" — responderam-lhe.
"E quando parti os sete pães para os quatro mil, 20
quantos"Sete" cestos —levastes cheios de pedaços ?"
tornaram-lhe.
Ao que lhes disse Jesus : "Como é que não enten- 21
deis ainda ?"
Cura dum cego. Chegaram a Betsaida. Aí lhe 22
apresentaram um cego, rogando que o tocasse. Jesus tomou 23
o cego pela mão e o conduziu para fora da aldeia ; tocou-lhe
9 — quatro mil, os que tinham comido.

com saliva os olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou-lhe :


Enxergas alguma coisa?
24 Levantou êle os olhos e disse : "Vejo andar homens
do tamanho de árvores".
25 Novamente lhe pôs Jesus as mãos sobre os olhos ;
então se tornou penetrante a vista dele ; ficou curado e dis-
tinguia nitidamente todas as coisas.
2t> Mandou-o Jesus para casa com esta recomendação :
Não entres na aldeia.

'^ Confissão de Pedro. Partiu Jesus com os seus 27—30:


discípulos
réia de Filipe. em demanda das aldeias
Pelo caminho dirigiunosa seus
arredores de Cesa-
discipulos Mt Jg*
esta Lc 9,
pergunta : "Que dizem os homens que eu sou ?" 18
28 Responderam-lhe eles : "Dizem uns que és João
Batista ; outros, Elias ; ainda outros, algum dos profetas".
2'J Continuou a interrogá-los : "E vós, quem dizeis
que eu sou ?"
Respondeu-lhe Pedro: Tu és o Cristo.
so Inculcou-lhes Jesus que a ninguém falassem a res-
peito dele.
31 Jestfis prediz a sua paixão. Começou então a de-
clarar-lhes que era necessário que o Filho do homem pade-
cesse muito, que fosse rejeitado e morto pelos anciãos, sumos
sacerdotes e escribas ; mas que depois de três dias havia de
32 ressurgir. Falava disto com toda a clareza. Ao que Pedro
o tomou à parte e entrou a fazer-lhe recriminações. Jesus,
33 porém voltou-se, encarou os seus discípulos e repreendeu a
Pedro dizendo : "Retira-te de mim, Satanaz ! o teu modo
de pensar não é de Deus, mas de homem."
34 Em seguimento de Cristo. Então convocou o povo e 84-9,1 :
35 renuncie a si emesmo,
os discípulos disse-lhes: "Se alguém
carregue me quiser
a sua cruz acompanhar,
e siga-me. Mt ^9,
Porque, Lc
quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á ; mas quem perder 23
36 a sua vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á. Que
aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se chegar a
37 perder a sua alma ? Pois, que dará o homem em troca de
38 sua alma ? Quem se envergonhar de mim e das minhas
palavras, em face desta raça adúltera e pecadora, dêsse tal
se há de também envergonhar o Filho do homem, quando
vier na glória de seu Pai, em companhia dos santos anjos".
9que entre E prosseguiu,
os presentesdizendo-lhes
há alguns :que"Em
não verdade,
provarão vos digo
a morte
enquanto não virem o reino de Deus a manifestar-se com
poder".
Ib — Vai para casa e, quando entrares na aldeia, náo o digas a ninguém.
84 Marcos 9, 2 — 22

2— 13 : Transfiguração de Jesús. Seis dias depois, tomou -


{ Jesus consigo a Pedro, Tiago e João, e ccnduziu-os sozinhos á
LC 9) parte, a um monte elevado. E transfigurou-se diante dêles.
28 As suas vestes resplandeciam em tanta alvura como nenhum 3
lavandeiro da terra as poderia branquear. Apareceu-lhes 4
Elias em companhia de Moises a falar com Jesús.
tre, queEntão tomou
bom que Pedro a aqui
é estarmos palavra e dissearmar
! vamos a Jesús
três :tendas
"Mes-: 5
uma para
sabia o queti, outra
dizia, para Moisés,
de tão e outraquepara
aterrados Elias". Nisto
estavam. Não 76
veio uma nuvem, que os envolveu ; e de dentro da nuvem
uma voz clamava : "Êste é meu Filho querido ; ouvi-o!"
Quando olharam em derredor, não viram mais ninguém se- 8
não a Jesús.
Reaparecimento de Elias. Enquanto iam descen- 9
do do monte, inculcou-lhes êle que a ninguém falassem da
visão, até que o Filho do homem houvesse ressurgido dentre
os mortos.
Calou-lhes na alma a coisa, e puseram-se a discutir 10
o que viria a significar aquilo : "ressurgir dentre os mor-
tos". Foram perguntar a Jesús: "Por que é que os escribas 11
afirmam que primeiro há de aparecer Elias ?"
Respondeu-lhes
para restabelecer todasêleas: coisas.
"Elias háMasde aparecer
como é queprimeiro
está 12
escrito que o Filho do homem deve padecer muito e ser des-
prezado ?Ora, declaro-vos que Elias já apareceu, mas fize- iri
ram dêle o que queriam, como está escrito dele."
14_29-
Mt 17, tavam Oos discípulos,
menino possesso.
viram á rodaQuando chegaram
dêles grande aondee uns
multidão es- u
14 escribas a discutir com êles. Assim que o povo avistou a ts
L< 37 Jesús, encheu-se de espanto. Correram-lhe ao encontro e o
saudaram.
Perguntou-lhes Jesús: "Que estais a discutir com êles ?" M
tre, leveiRespondeu-lhe
á tua presença alguém do meio
meu filho, que sedaacha
multidão
possesso: "Mes-
de um i?
espírito mudo. Esse, quando o apanha, atira com êle para cá 18
e para lá. Espuma, range com os dentes e fica todo hirto.
Pedi a teus discípulos que o expulsassem, mas não foram
capazes". 19
hei de Exclamou
estar convoscoJesús? :até"O'quando
raça incrédula
vos hei de !suportar
até quando
?. . .
Trazei-mo cá".
Trouxeram-lho. Apenas o espírito viu a Jesús, come- 20
çou a agitar com violência o menino. Caiu por terra e se
revolvia, espumando. Perguntou Jesús ao pai dêle : "Há 21
quantodeu. —tempo
Muitas lhevezes
sucede isto ?"
dá com êle "Desde
no fogo pequeno
ou na água— respon-
para o 22
matar. Se puderes fazer alguma coisa, tem piedade de nós
e ajuda-nos".
11 — os fariseus e os escribas
85

Tornou-lhe Jesus : "Quanto ao poder — quem crê 23


tudo pode" . "Creio ! — exclamou logo o pai do menino, 24
entre lágrimas — auxilia
Vendo J esús que o apovo
minha incredulidade!"
se aglomerava cada vez mais 25
numeroso,
mudo e surdo, eu te ordeno : Sai dêle e não tornes "Espírito
ameaçou ao espírito impuro, dizendo. a entrar
nele !;" Por entre gritos e violentas convulsões
O menino jazia como morto, de modo que a maior parte saiu dêle 26
dizia : "Está
levantou, e êle morto".
se pôs deJesus,
pé. porém, o tomou pela mão e o 27
Quando Jesus entrou em casa, perguntaram-lhe em 28
segredo os seus discípulos : "Por que razão não pudemos nós
expulsá-lo".
força deRespondeu-lhes
oração. : "Esta casta não se expulsa senão á 29

30 — 32: Jesús torna a predizer a sua paixão. Partindo daí "


Mt JJ. puseram-se a percorrer a Galiléia ; e Jesus não queria que o
1 r | soubessem. E' que instruía os discípulos, dizendo-ihes : ;l
3 que
"O Filho
hão dedo matá-lo
homem ;vaitrês
ser dias
entregue
após ása sua
mãosmorte,
dos homens,
porém,
ressurgirá".
Não atinaram com o sentido disto ; mas tinham medo 32
de interrogá-lo.
33 — 50: Questão de precedência. Chegaram a Cafarnaum. 33
Mt 18, Em casa perguntou-lhes Jesús: "De que vinheis falando
J pelo caminho
L ^ 46 Calaram-se?" ; porque em caminho tinham questio- 34
nado sobre quem deles seria o maior. Sentou-se Jesús, 35
chamou a si os doze e disse-lhes : "Quem pretender ser
ouma
primeiro seja colocou-a
criança, o último enoo servo
meio de todos".
dêles, Depois e tomou
abraçou-a disse 36
lhes : é que
mim "Quem acolher
acolhe ; masem quem
meu menomeacolhe
uma nãocriança assim,quea
é a mim 37
acolhe, senão aquele que me enviou.

vimos Zelo imprudente.


um homem que em Nisto
teu nomelhe disse João: demónios,
expulsava "Mestre, 38
e lho prcibimos, porque não vai conosco".
Respondeu
íaz milagres Jesús:nome"Nãonãolhopode
em meu proibais
logo; dizer
porquemalquem
de 39
mim. Quem não é contra vós é por vós. Quem vos der de 40
beber um copo dágua em meu nome, por serdes de Cristo, -n
em verdade vos digo que não ficará sem a sua recompensa".
Escândalo. Quem der escândalo a um dêsses pe- 42
queninos que crêem, melhor lhe fora que lhe suspendessem
ao pescoço uma mó e o lançassem ao mar. Se tua mão te
23 — "Se puderes crer - tudo é possível a quem crê". Creio, Senhor!
19 — oração e jejum. 42 — crêem em mim
86 Marcos 9, 43 — 10, 14

43 fôr ocasião de pecado, corta-a ; melhor te é entrares na vi-


da manco do que, tendo duas mãos, ires para o inferno,
44 para o fogo inextinguível. Se teu pé te fôr ocasião de peca-
45 do, corta-o ; melhor te é entrares na vida aleijado do que,
4(; tendo dois pés, seres lançado ao injerno. Se teu olho te fôr
47 ocasião de pecado, arranca-o; melhor te é entrares no reino
de Deus com um só olho do que, tendo dois, seres lançado ao
48 inferno, onde o verme não lhes morre, nem o fogo se apaga.
4y Porque cada um será salgado com jogo. O sal é coisa boa; Mt 5«
mas, se o sal se desvirtuar, com que o haveis de tem- L [J
50 perar ? Tende sal em vós mesmos e guardai a paz uns L 34
com os outros".
ÂTiVIDADE DE JESUS NA JUDEIA E EM JERUSALÉM
Kuoio a Jerusalém
10 Indissolubilidade do matrimonio* Daí partiu
Jesus e entrou em terras da Judéia, para além do Jordão.
Novamente afluiu numeroso o povo, e Jesús tornou a ensi-
ná-lo como de costume.
2 Então se aproximaram dele alguns dos fariseus,
e, no intuito de o porem á prova, perguntaram-lhe se era
permitido ao homem repudiar sua mulher.
3 Respondeu-lhes Jesús : "Que preceito vos deu Moi-
sés ?"
4 Tornaram eles : "Moisés permitiu dar carta de di=
vórcio e repudiar a mulher" .
5
e vossos Replicou-lhes
corações é queJesús : vos
Moisés "Pordeucausa
este da dureza Mas,
preceito. dos
no princípio da criação, fez Deus os homens como varão e
7 mulher. Por isso, deixará o varão ao pai e á mãe para aderir
g á sua mulher, e serão os dois uma só carne. Assim, já não
9 são dois, mas uma só carne. Ora, não separe o homem o
10 que Deus Em uniu".
casa, tornaram os discípulos a interrogá-lo sobre
11 o mesmo pudiar sua assunto. Ao que
mulher e casar com lhes
outra,respondeu: "Quem
comete adultério re-
contra
L2 ela ; e, se a mulher repudiar a seu marido e casar com outro,
comete adultério".
ia Jesús e as crianças. Apresentaram-lhe umas crian- 13-— 16 :
ças, para que as tocasse. Os discípulos, porém, repeliram Mt J|'
14 xai
a gente.
que Jesús,
venhamvendo
a mimisto,as secrianças,
desgostou,
e nãoe disse-lhes: "Dei- Lc i«,
lho embargueis; 15
porque de tais é o reino de Deus. Em verdade, vos digo :

44 — inextinguível ; onde o veime não lhes morre, nem o fogo se apaga-


do — inferno ; ao fogo inextinguível, onde o verme não lhes morre, nem
o fogo se apaga.
50 — fogo, assim eomb lôda a vitima é temperada com sal.
13 — a gente que as trazia
87
Marcos 10, 15 — 33

quem não receber o reino de Deus como uma criança, não 15


entrará nele".
Em seguida, abraçou-as, pôs sobre elas as mãos e Ian- it»
çou-lhes a bênção.
—27: O jovem rico. Quando Jesus seguia caminho, cor- 17
1 19> reu-lhe ao encontro alguém, caiu de joelhos e lhe fez esta
L. i8b pergunta : "Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a
L8 vida eterna?"
ninguémRespondeu-lhe
é bom senão Jesus: "Por queConheces
Deus somente. me chamas bom?
os manda- lyis
mentos : Não matarás, não cometerás adultério, não furta-
rás, não levantarás falso testemunho, não enganarás, honra-
rás pai e mãe".
Respondeu êle : "Me tre, tudo isto tenho observado 20
desde pequeno".
Comtemplou-o
coisa ainda te falta : Jesus com amor
vai, vende e disse-lhe
tudo que tens e :dá-o"Uma
aos -±\
pobres — e terás um tesouro no céu — depois vem, toma a
cua cruz e segue-me".
A estas palavras entristeceu-se êle e retirou-se, pesa- 22
roso, porque era possuidor de muitos bens.
Perigo das riquezas. Correu Jesus um olhar em 23
derredor de si e disse a seus discípulos : "Como é difícil
entraremAterraram-se
no reino deos Deus os quecompossuem
discípulos riquezas !"Jesus,
estas palavras. 24
porém,
no reinotomou
de Deusa dizer-lhes : "Como
os que põem sua éconfiança
difícil, filhos,
nas entrarem
riquezas
Mais fácil é passar um camelo pelo fundo duma agulha do 25
que entrar
Com um isto rico no reino deainda
se aterraram Deus".
mais e diziam uns aos 26
outros: "Quem pode então salvar-se ? Jesús cravou neles 27
um olhar e disse: "Para os homens é isto impossível, mas não
para Deus ; porque a Deus tudo é possível".
—31 : Premio da pobreza voluntária. Então tomou Pe- 28
1 dro a palavra e disse : "Eis que nós deixámos tudo e te se-
, 18j guimos".
aquêle Respondeu
que por causa Jesúsde: "Em
mim verdade, vos digodeixar
e do evangelho que casa,
todo jy
irmão, irmã, mãe, pai, filho, ou campo, receberá, já nesta 30
vida — ■ embora entre perseguições — ■ o cêntuplo em casas,
irmãos, irmãs, mães, filhos e campos ; e no mundo futuro
terá a vida eterna. Muitos dos que são os primeiros serão 31
os últimos ; e muitos dos que são os últimos serão os primei-
ros".
—34: Jesús prediz pela terceira vez a sua paixão. Es- 32
t 20, tavam subindo a caminho de Jerusalém. Jesús lhes tomou
, a dianteira; com isto se aterraram os discípulos e o foram se-
31 guindo cheios de apreensão. Tornou Jesús a chamar a si 33
88 Marcos 10, 34 — 52

os
que dozevamos e declarou-lhes o que estava! Opara
subindo a Jerusalém Filhosuceder-lhe
do homem: "Eisserá
34 entregue aos sumos sacerdotes e aos escribas, que hão de
condená-lo á morte e entregara os gentios; hão de escarnecê-lo,
cuspir nêle, açoitá-lo e matá-lo. Depois de três dias, porém,
ressurgirá".
35 Os filhos de Zebedeu. Chegaram-se então a ele 35 45
Tiago e João, filhos de Zebedeu, e lhe disseram : "Mestre, Mt ^
quiséramos que atendesses a um pedido nosso". 22,
36 Perguntou-lhes Jesus: "Que é que pedis de mim?" 25
37 Responderam-lhe eles : "Concede-nos que, na tua
glória, um de nós se sente á tua direita, e outro á tua esquerda' ' .
38 deisReplicou-lhes
beber o cálice que Jesuseu : bebo,
"Não e sabeis
recebero que pedis. que
o batismo Po-
eu recebo ?"
39 "Podemos" — responderam-lhe.
que euTornou-lhes
bebo, e recebereis Jesus : o"Sim, haveis
batismo que deeu beber
receboo ;cálice
mas
40 isto, de vos conceder o lugar á minha direita e á minha es -
querda, não é comigo ; compete áquêle a quem é desti-
41nado". Quando os outros dez ouviram isto, indignaram-se
4^ contra Tiago e João. Pelo que Jesus os chamou a si e lhes
disseseus
os : "Sabeis
súbditos,quee os os principes dos povospoder
grandes exercem dominam
sobre sobre
êles.
43 Entre vós, porém, não há de ser assim ; mas quem dentre
44 vós pretender ser grande seja vosso servo; e quem dentre vós
45 quiser ser o primeiro seja o escravo de todos. Pois também
o -Filho do homem não veio para ser servido, mas para ser-
vir edar a sua vida como preço de resgate por muitos".
46 O cego de Jericó. Chegaram a Jericó. Quando 46— 521
Jesus ia saindo de Jericó, em companhia de seus discípulos Mt
e muito povo, estava sentado á beira do caminho um mendigo T t. L8>
47 cego. Era Bartimeu, filho de Timeu. Mal ouviu que vinha 35'
passando Jesus de Nazaré, pôs-se a clamar : "Jesus, Filho
4<*de Davi, tem piedade de muitos
Repreenderam-no mim !" para que se calasse ; êle,
porém, gritava cada vez mais : "Filho de Davi, tem piedade
de mim !"
49 Parou Jesus e disse : "Chamai-o cá !" Foram chamar
o cego e lhe disseram : "Tem confiança ; levanta-te ;
£0 que êle tesalto
se dum está e chamando".
correu para Lançou
Jesus. de si sua capa, levantou-
51 "Que queres que te faça ?" — perguntou-lhe Jesus.
"Mestre — suplicou o cego — faze que eu veja f '
52 mesmo Disse-lhe
instante Jesusvia, e :o "Vai ! que a pelo
foi seguindo tua caminho
fé te curou". No

34 — escribas tf anciãos
S9

Feitos messiânicos
Entrada em Jerusalém. Aproximavam-se de Je- 11
rusalém, perto de Betfagé e Betânia, no monte das Oliveiras.
Enviou Jesus dois dos seus discípulos com esta ordem : 2
"Ide reisáumaldeia
jumentinho que tendes em frente.
amarrado, no qualLogo
aindaà entrada,
ninguém encontra-
montou:
desatai-o e trazei-mo cá. Se alguém vos perguntar : que ^
estais a fazer ? respondei que o Senhor precisa dêle e logo o
restituirá".
Foram e encontraram o jurnentinho amarrado fora -i
do portão, numa encruzilhada. Desataram-no. Alguns dos 5
que lá estavam perguntaram : "Que estais a desatar o ju-
e deixaram-no mentinho ?" Responderam-lhes
levar. conforme Jesus ordenara; c
Conduziram o jumentinho a Jesus, cobriram-no com 7
as suas vestes ; e êle montou. Muita gente estendia os seus 8
mantos pelo caminho; outros espalhavam verde folhagem, que
haviam cortado nos campos. E tanto os que iam adiante como 9
osbendito
que seguiam
o que vem atrásem clamavam
nome do em altas bendito
Senhor! vozes :seja
"Hosana
o reino! 10
vindouro de nosso pai Davi ! hosana nas alturas PH
Assim fêz a sua entrada em Jerusalém e ingressou no 11
templo. Observou tudo quanto havia em derredor, e só bas-
tante tarde se retirou para Betânia com os doze.
Maldição da figueira estéril. Quando, no dia se-
guinte, deixaram Betânia, Jesus teve fome. Avistou ao 13
longe uma figueira coberta de folhagem ; aproximou-se a
ver se lhe encontrava qualquer coisa. Mas, chegando ao pé,
não lhe achou senão folhas, porque ainda não era tempo
de figos. Bradou-lhe Jesus: "Nunca jamais alguém coma 14
fruto de ti 1" Ouviram isto seus discípulos.
!5- -19 Purificação do templo. Chegaram a Jerusalém. 15
Vlt tlt Entrou Jesus no templo e expulsou os que aí vendiam e com-
12 pravam, derribou as mesas dos cambistas e os bancos dos
19,
45 que vendiam pombas; nem consentia que alguém levasse 16
56, algum utensílio pelo templo.
7
não estáChamava-lhes
escrito : Minhaa atençãocasa será para
casa deistooração
: "Porventura,
para todos n
os povos ? vós, porém, a fizestes covil de ladrões".
Quando os príncipes dos sacerdotes e escribas sou- is
beram disto, deliberaram como matá-lo ; mas temiam-
no porque
na dêle. todo o povo andava empolgado com a doutri-
Ao cair da tarde, tornou Jesus a sair da cidade. iy
A figueira seca. Quando, na manhã seguinte, 20
passaram pela figueira, viram que secara até á raiz. Ao que
H — cortavam
nho. folhagem das árvores e com ela juncavam o cami
Marcos 11, 21 — 12, 8

21 Pedro, recordando-se, lhe disse : "Olha, Mestre, secou a


figueira que amaldiçoaste".
22
23 dade vos Respondeu-lhe
declaro que, Jesus : "Tende
se alguém disserfé aemesseDeus.
monteEm : ver-
Sai
daqui e lança-te ao mar ; e se não duvidar em seu coração,
mas crer firmemente na realização da sua palavra — há de
24 acontecer assim mesmo. Por isso vos digo : Crêde firmemen-
te que recebereis tudo quanto pedirdes na oração — e ser-
25 vos-á dado. E, se estiverdes a orar, perdoai se tendes qual-
quer coisa contra alguém, para que também vosso Pai celeste
''6 vos perdoe os vossos pecados.
Discussões no templo
27 Questão da autoridade. Regressaram para Jeru- %l — 38:
salém. Andava Jesus pelo templo, quando se chegaram a êle Mt
os sumos sacerdotes, os escribas e os anciãos, e lhe pergunta- lc 20,
28 ram : "Com que autoridade fazes estas coisas ? quem te deu i
o direito de fazer isto ?"
29 Replicou-lhes Jesus : "Também eu vos farei uma
pergunta ; se me derdes resposta, dir-vos-ei com que autori-
zo dade faço isto. O batismo de João vinha do céu ou dos ho-
? respondei-me'
mensPuseram-se '.
8] eles a discorrer consigo mesmos : Se dis-
sermos : do céu — replicar-nos-á : por que, pois, não lhe
32 déstes fé ? Diremos : dos homens ? Mas temiam o povo,
porque toda a gente tinha a João em conta de verdadeiro
33 profeta. Responderam, pois, a Jesus : "Não sabemos".
Replicou-lhes êle : "Pois nem eu vos digo com que autori-
dade faço isto' .
\2 ^s lavradores perversos. Disse-lhes Jesus em for- l — 12:
~ ma de parábola : "Certo homem plantou uma vinha, Mt 21,
cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar e levantou Lc 20>
uma torre. Em seguida, arrendou-a a uns lavradores, e au- 9
2 sentou-se do país. A seu tempo, enviou um servo aos lavra-
dores, afim de receber dêles a sua porção dos frutos da vinha.
3 Êles, porém, o prenderam, feriram, e o despediram de mãos
4 vazias. Pela segunda vez lhes enviou outro servo. E mal-
5 trataram também a êste, cobrindo-o de afrontas. Mandou-
6 lhes ainda um terceiro. Mas êles o mataram. O mesmo fi-
zeram também a muitos outros, que em parte feriram, em
parte mataram. Ora, tinha êle ainda um filho único, Foi
a êsse que lhes enviou por último, dizendo consigo mesmo :
Não deixarão de respeitar a meu filho.
7 Os lavradores, porém, disseram uns aos outros :
Êsse é o herdeiro ; vamos dar cabo dêle, e será nossa a he-
rança.
gda vinha. Prenderam-no, pois, mataram-no e o lançaram fora

2b — pecados
perdoará asMasvossas
se vósfaltas.
não perdoardes, nem vosso Pai do céu vos
Marcos 12, 9 — 28

Ora, que fará o senhor da vinha ? Virá e matará n


esses lavradores e arrendará a vinha a outros. Nunca lês- 10
tes esta passagem da escritura : A pedra que os arquite-
S] L17, tos rejeitaram, essa se tornou pedra angular ; esta é a obra 11
22 do Senhor — coisa prodigiosa aos nossos olhos ?"
Procuraram então deitar-lhe as mãos ; porque re- 12
pararam que a parábola se referia a eles mesmos. Mas
temiam o povo. Deixararn-no, pois, e se foram embora.
P — 17. A questão do tributo. Enviaram-lhe então uns fa- 13
Mt riseus e herodianos, afim de o apanharem em alguma pala-
Lc 20. vra- és Aproximaram-se
20 que amigo da verdade, e que disseram-lhe : "Mestre,
não conheces sabemos
respeito humano, 14
porque não fazes acepção de pessoas ; mas que ensinas oca
minho de Deus conforme a verdade. E' lícito dar tributo a
César ou não ? temos de pagar ou não temos de pagar ?"
Jesus, porém, lhes percebeu a hipocrisia, e disse-lhes
"Por que me tentais ? mostrai-me um denário para verifi-
car". Apresentaram-lho. Perguntou-lhes Jesus: "De ÍF>
quem é esta imagem e a inscrição ?" "De César" — respon-
deram-lhe.
Tornou-lhes J esús : "Dai, pois, a César n que compete 17
a César,Pasmaram
e a Deus odele.
que compete a Deus".

Mi~22 ^ questão da ressurreição. Nisto se lhe apresen- 18


23* taram uns saduceus — que negam a ressurreição ■— e lhe
Lc 20.
27 propuseram esta um
que, se morresse questão
irmão: e "Mestre, ordenou-nos
deixasse mulher Moiséso
sem filhos, 19
Dt 25, irmã0 dêle casasse com a mulher e désse descendentes ao
irmão. Ora, havia sete irmãos. Casou-se o primeiro, e 20
morreu sem deixar filhos. Casou o segundo com a mulher, e ?.i
morreu também sem deixar filhos. Da mesma forma, o 22
terceiro ; e assim todos os sete, e não deixaram filhos. Por
último de todos, faleceu também a mulher. A quem perten- 23
cerá ela como mulher na ressurreição — se é que ressurgem -
uma vez que todos a tiveram por esposa ?"
Respondeu-lhes
ignorardes as escriturasJesus : "Nãode é Deus
e o poder que estais em erro por
? porquanto, na ?A
ressurreição dos mortos não se casa nem se dá em casamento ; 2h
Ex, 3, 6 mas são como os anjos no céu. Quanto á ressurreição dos 26
mortos, não lêstes no livro de Moisés, onde se fala da sarça,
que Deus lhe disse : Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de
Isaac e o Deus de Jacó ? Ora, ele não é Deus dos mortos, 27
mas, sim, dos vivos. Laborais, portanto, num grande erro".
28—34. O mandamento máximo. Um dos escribas que
Mt 22, assistira a esta discussão e percebera com que acêrto lhes res- 28
Lc 10 Pudera Jesus, apresentou-se a ele com esta pergunta :
25 "Qual é o primeiro de todos os mandamentos ?"
21 — sete casaram com ela
92 Marcos 12, 29 — 13, 2

2?
30 o SenhorRespondeunosso Deus Jesúsé o :único
4 'O primeiro
Senhor. éAmarás
este : Ouve, Israelteu !
o Senhor
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a
31 tua mente e com todas as tuas jorças. O segundo diz :
Amarás a teu próximo como a ti mesmo. Não há mandamento
maior que estes".
32 bem verdade Tornou-lhe
o que oacabas
escribade :dizer:
"Perfeitamente,
que há um só,Mestre,
e não háé
33 outro fora dele. Amá-lo de todo o coração, de toda a mente
e com todas as forças, e ao próximo como a si mesmo — isto
34 vale mais Em quefacetodos os holocaustos
desta resposta que e vítimas".
ele dera, tão sensata,
disse-lhe Jesús : "Não estás longe do reino de Deus".
A partir daí, ninguém mais ousava fazer-lhe per-
gunta.
35 O Filho de Davi. No meio dos ensinamentos que 35—37
36 dava no templo
afirmam perguntou
que Cristo é filho Jesús : "Como
de Davi, quando é que os escribas
o próprio Davi Lc. 20,
diz, no Espírito Santo : Disse o Senhor a meu Senhor : 41
senta-te
escabêlo ádeminha
teus direita
pés ? até que eu reduza os teus inimigos a Ss !091
37 Se, pois, o próprio Davi lhe chama senhor, como é
que é Aseu filho ?" multidão o escutava com gosto.
numerosa

Cuidado com os escribas! Prosseguindo nos seus ^r~í0^'


ensinamentos,em disse
39 comprazem andar: por
"Cuidado com osroupagens,
aí em amplas escribas, querem
que se Lc' j>.
2o,'
ser cumprimentados nas praças e gostam de ocupar os pri-
40 meiros assentos nas sinagogas e lugar de honra nos banquetes.
Devoram as casas das viúvas, sob pretexto de recitarem lon-
gas orações. Rigoroso será o iuízo que os aguarda".
41 O óbulo da viúva. Sentou-se Jesús defronte ao co- 41—44!
fre cofre.
42 no das ofertas
Muitos e ricos
observava como muito.
ofereciam a genteVeiodeitava
também dinheiro
uma I r 2^
43 pobre viúva, que deitou duas pequenas moedas, no valor
de um vintém. Ao que Jesús chamou os seus discípulos e
lhes nodisse
44 çou cofre: "Em
mais verdade,
que todos vos digo que; porque
os outros esta pobre
todos viúva lan-
os outros
deram do que lhes sobrava ; ela, porém, deu da sua indi-
gênciajrudo quanto tinha, todo o sustento da sua vida".
Proferia sobre a destruição de Jerusalém
e o fim do mundo
13 Ocasião. Ao sair do templo, disse um dos discípu- 1—13:
los a Jesús : "Olha, Mestre, que maravilha de pedras Mt 2^<
2 e de construções !" Tornou-lhe Jesús : "Estás vendo lc 215
30 — fôrças Este é o primeiro mandamento.
32 — um só Deus... 33 — de tôdo o coração, dc toda a alma,
93

essas soberbas construções ? pois não ficará aqui pedra sobre


pedra — será tudo arrasado".
Em seguida, foi sentar-se no monte das Oliveiras, :?>
com o templo á vista. Perguntaram-lbe então, confidencial-
que mente, Pedro, Tiago,coisas
João ? e e André : "Dize-nos,
indicará oquando é 4
mentosucederão
de tudoestas isto V que sinal cumpri-

7"13 : Grandes tribulações. Ao que Jesus lhes respondeu : L>


,c 2i,4' em
"Cuidado
meu nome, que ninguém
dizendo vos iludaeu !; porque
: Sou aparecerão
e a muitos hão demuitos
enga- fi
8 nar. Quando ouvirdes falar em guerras e boatos de guerras,
não vos perturbeis ; pois importa que assim aconteça ; mas <
ainda não é o fim. Porque se levantará nação contra nação,
e reino contra reino ; haverá terremotos e fome, por toda a
parte. Mas tudo isto não será senão o princípio das dores. 8
Cuidado com vós mesmos ! por minha causa vos hão 9
de entregar aos tribunais, açoitar-vos nas sinagogas e levar á
presença de reis e governadores, em testemunho a eles
Primeiro será prégado o evangelho a todos os povos. 10
Quando, pois, vos levarem e arrastarem aos tribu- 11
nais, não vos preocupeis com o que tiverdes de dizer; mas
dizei o que naquela hora vos for inspirado ; porque já não
sois vós que falais, mas o Espírito Santo. Há de o irmão 1-
entregar á morte o irmão, e o pai ao filho ; hão de os filhos
revoltar-se contra os pais e tirar-lhes a vida. Por causa de 13
meu nome é que sereis odiados de todos ; mas quem perse-
verar até ao fim será salvo.

24 Prenúncios da destruição de Jerusalém, Quando 14


15' virdes reinar os horrores da desolação onde reinar não de-
,c 21. viam — atenda a isto o leitor ! — então fujam para os montes
20 os que estiverem na Judéia; e quem se achar no terraço não 15
desça ao interior da casa nem entre para buscar alguma coisa ; 16
quem estiver no campo não volte para buscar sua capa. Ai n
das mulheres que nêsses dias andarem grávidas ou com filhi-
nho ao peito ! Orai para que isto não aconteça em tempo de jg
inverno.

Grandes tribulações. Naqueles dias sobrevirá tri- 19


bulação tão grande como não tem havido igual, desde o
princípio, quando Deus criou o mundo, nem haverá para o
futuro. Se o Senhor não abreviasse aquêles dias, não se 20
salvaria pessoa alguma ; mas abreviou os dias, em atenção
aos escolhidos que elegeu.
Quando então vos disser alguém : Eis aqui está o 21
Cristo ! ei-lo acolá ! — não o acrediteis ; porque aparecerão 22
falsos Cristos e falsos profetas, que farão sinais e prodígios a
ponto de enganar, possivelmente, até os escolhidos, Ficai, 2^
pois, alerta ! eis que vos ponho de sobreaviso.
94

24 Segundo advento de Cristo. Depois da tribulação 24 — 27 :


daqueles dias escurecerá o sol, e a lua já não dará a sua cia- Mt ^
25 ridade ; as estrêlas cairão do céu, e serão abaladas as ener- i,c 21.
26 gias do firmamento. Então se verá o Filho do homem vir 25
27 sobre as nuvens com grande poder e majestade ; enviará
os seus anjos, que ajuntarão os seus escolhidos dos quatro
pontos cardiais, desde o mais extremo horizonte da terra
até ao mais alto do céu.

melhança Parábola
tirada da
da figueira.
figueira : Aprendei
Quando osistoseus
por ramos
uma se-
seSff"!?
32
vão enchendo de seivas e brotando folhas, sabeis que está Lc 21,
29 próximo o verão. Do mesmo modo, quando presenciardes 29
30 estes acontecimentos, sabei que está ás portas. Em verdade IiC 22,
vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto acon-
Bí teça. O céu e a terra passarão, mas não passarão as mi-
as nhãs palavras. Aquele dia, porém, e aquela hora ninguém
os conhece, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas tão só
mpnte o Pai.

r>3 Vigilância. Ficai, pois, alerta ! vigiai. Porque igno- 83- 37 :


34 rais quando chegue esse momento. Acontecerá como a cer- Mt 2£2
35 to homem que saiu para empreender uma viagem. Entre- lc 12.
gou a casa a seus servos, marcando a cada um o competente 39
3fi serviço e recomendando vigilância ao porteiro. Alerta, pois!
porque não sabeis quando virá o dono da casa, se de tarde, se á
37 meia-noite, se ao canto do galo, se de madrugada. Que não
apareça de improviso e vos encontre a dormir !
38 O que vos digo a vós digo-o a todos : Ficai alerta !

PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS


Ultima ceia

14 Resolução do sinédrio. Era dois dias antes da pás- J^"22g


coa, festa em
e escribas dos busca
pães de
ázimos. Andavam os para
uma oportunidade sumosprender
sacerdotes "~ 22.1{
trai- Lc
2 çoeiramente a Jesus e matá-lo. Mas que não seja no dia da
festa, diziam, afim de não se amotinar o povo.

Jesus ungido em Betânia. Achava-se Jesus em 3—9;


Betânia. Quando
proso; entrou uma estava
mulher á com
mesa,um emvasocasade dealabastro
Simão, cheio
o le- Jo
Mt 2^
,0
de bálsamo de nardo genuíno e de grande valor ;
vaso de alabastro e derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo. quebrou o 1"
4 índignaram-se com isto alguns e diziam : "Para que este
33 — Vigiai e orai
Marcos 14, 5 — 25 95

desperdício de bálsamo ? poder-se-ia vender este bálsamo por r>


mais de trezentos denários e dá-los aos pobres". E censura-
ram a mulher.
praticouJesus, uma porém, disse para
obra boa : "Deixái-a
comigo. ! por que a sempre
Pobres molestais os? 76
tendes convosco e podeis fazer-lhes bem quando quiserdes;
a mim, porém, nem sempre me tendes. Fez o que estava da
sua parte : ungiu o meu corpo de antemão, para a sepultura s
Em verdade, vos digo, onde quer que seja prégado o evange- 9
lho no mundo inteiro, será mencionado também em sua me-
moria o que fez".
10—1] : Plano de Judas. Então Judas íscariotes, um dos 10
Mt 26. doze, foi ter com os sumos sacerdotes para o entregar. Ale-
Lc 22. graram-se eles com a notícia e prometeram dar-lhe dinheiro. 11
3' Desde então buscava ele oportunidade para entregá-lo.
12 21 : A ceia pascal. No primeiro dia dos pães ázimos. 12
Mt 26, quando se imolava o cordeiro pascal, perguntaram os discí-
Lc 22 pulos a Jesus : "Aonde queres que vamos e te preparemos a
7 ceia pascal ?"
•Io 13, Ao que ele enviou dois dos seus discípulos com esta 13
z 1 < >rdem : " Ide á cidade ; aí encontrareis um homem com uma
Obilha d'água;
Mestre mandaseguí-o e dizei onde
perguntar ao dono da casa
é a sala onde possa
em que êle entrar
comer : 14
o cordeiro pascal com os meus discípulos. E êle vos há de lh
mostrar uma sala espaçosa e guarnecida de almofadas. Aí
fazei osForam
preparativos para nós".
os discípulos á cidade e encontraram como 16
lhes dissera ; e prepararam o cordeiro pascal.
Ao anoitecer, chegou Jesus com os doze. Quando es- 17
tavam á ceia, disse-lhes Jesus : "Em verdade, vos digo que 18
um de Contristados,
vós, que come começaram
comigo, me aháperguntar-lhe,
de entregar". um após )0
outro : "Acaso sou eu ?"
Respondeu-lhes
mete comigo Jesus : O "E*
a mão no prato. Filhoum dodehomem
vós doze,
vai áummorte,
que 20
21
sim, conforme está escrito dele ; mas ai daquele por quem o
Filho do homem for atraiçoado ! melhor fora a esse homem
não ter nascido".
Instituição da Eucaristia. Durante a ceia, to- 22
2% mou Jesus o pão, benzeu-o, partiu-o e deu-lho, dizendo :
Lc 22. "Tomai;e lho
10 graças isto apresentou
é o meu corpo". Depois dêle
; e beberam tomoutodos.
o cálice, deu
E disse- 23
23 do
lhes por
: "Isto
muitos.é o meu sangue, dovostestamento,
Em verdade, digo que que è derrama-
já não beberei 2524
do fruto da videira até ao dia em que o beber novo, no rei-
no de Deus".
24 — novo testamento, que será
96 Marcos 14, 26 — 47

26 Protestos dos discípulos. Recitaram o hino e saí- 31


27 ram para o monte das Oliveiras. Disse-lhes então Jesús : Mt |^*
"Todos evosdispersar-se-ão
pastor, escandalizareis, porque está
as ovelhas. Mas, escrito
depois : deFerirei
ressus-o jiC 22,
31
23 citado, irei adiante de vós para a Galileia". Jo jj»
Disse-lhe Pedro : "Ainda que todos se escandali- /<c ^
29 zem de ti, eu nunca !•" 7
Replicou-lhe
30 noite, antes Jesuscantar
de o galo : "Emduasverdade,
vezes, tetrês
digo, aindame esta
vezes te-
rás neg^ado".
Êle, porém, porfiava em asseverar : "Ainda que fosse
31 necessário
Todosmorrer contigo,
os outros não te negaria".
asseveravam o mesmo.
De Getsêmane ao Gólgota
4gonia de Jesús. Dirigiram-se então a uma gran- 32—42 :
32 ja por nome Getsêmane. Disse Jesús a seus discípulos : Mt 26.
"Sentai-vos
33 Pedro, Tiago aqui, enquanto
e João, eu voua encher-se
e começou orar". Levou consigo
de horror e dea Lc 22,
angústia, dizendo : "Minha alma está em tristeza mortal ; 40
34 em
ficaiterra,
aqui suplicando
e vigiai". que,
Adiantou-se um fosse,
pouco,passasse
e prostrou-se 36
se possível aquela
S5
36 hora.
mim êste"Abba,
cálice.PaiContudo,
! — dizianão— setudo
façatecomo
é possível ; tiramas,de
eu quero,
37 sim, como tu queres".
Voltou, e os encontrou dormindo. Disse então a
38 hora sequer ? Vigiai e Simão?
Pedro: "Tu dormes, orai para não pudeste emvigiar
não cairdes uma
tentação
39 O espírito está pronto,
E, tornando mas a carneorou,
a retirar-se, é fraca".
repetindo as mesmas
40 palavras. Quando voltou, encontrou-os novamente dor-
mindo, porque estavam com os olhos carregados ; e não sa-
biam que responder-lhe.
41 Veio pela terceira vez e disse-lhes: "Ainda conti-
O Filhonuais adormir
do homem tranquilamente. Bastaás ! mãos
vai ser entregue E' chegada a hora.
dos pecadores
42 Levantai-vos. Vamos ! Eis que aí vem o meu traidor !"
Prisão de Jesús. Ainda estava Jesús a falar, quando
43 chegou Judas, um dos doze, acompanhado duma multidão Mi
de gente armada de espadas e varapaus, por ordem dos sumos 47
44 sacerdotes, escribas e anciãos. Tinha o traidor combinado Lc 22,
com. êles um sinal : "A quem eu beijar, esse é ; prendei-o y^ *7
45 e conduzí-o com cautela". Veio, pois, encaminhou-se logo
para êle e beijou-o, dizendo: Mesirel Ao que êles lhe dei-
46 taram as mãos e o prenderam. Nisto um dos circunstantes
47 puxou da espada e, vibrando-a contra um servo do sumo
sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
27 — escandalizareis de mim, esta noite
43 — - Judas íscariotes. 45 — Salve, Mestre-'
Marcos 14, 48 — 70 97

saístes Disse-lhes Jesus


com espadas : "Como para
e varapaus se fora a um ladrão,
prender-me ; dia assim
a dia 4K49
estava eu no meio de vós, ensinando no templo, e não me
prendestes.
Então Mas convinha que
o abandonaram se cumprisse
todos a escritura".
os seus e fugiram. Se- 50
guía-o, porém, um jovem coberto com um lençol de linho 51
sobre o corpo nu ; quando queriam prendê-lo, largou o 52
lençol e escapou desnudo.
Jesús diante do sinédrio. Conduziram Jesus á 53
presença do sumo sacerdote., onde se reuniram todos os sumos
sacerdotes, anciãos e escribas. Pedro o foi seguindo de 54
longe até ao páteo do sumo sacerdote, e sentou-se ao fogo.
no meio dos servos, para aquecer-se.
Os sumos sacerdotes e o sinédrio todo andavam em 55
busca de algum falso testemunho contra Jesus., afim de o
condenarem á morte ; mas não encontraram, por mais que 56
fossem os que depunham falsamente contra ele ; os seus 57
depoimentos não concordavam. Levantaram-se ainda al-
dizer : Destruirei este templo, obra ele
guns e depuseram falsamente contra de : mãos
"Nós humanas,
o ouvimose 58
em três dias edificarei outro, que não será obra de mãos
humanas".
Mas nem assim harmonizavam os seus depoimentos. 59
Levantou-se então o sumo sacerdote, colocou-se no fi0
meio e perguntou a Jesús : "Não respondes coisa alguma ao
que êsses
calado depõem
; nada lhe contra ti ?" Jesús, porém, permaneceu
respondeu.
Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo. dizendo :
"E's tu o Cristo, o Filho do bendito.
Filho doRespondeu-lhe
homem sentado Jesús : "Sim,
á direita eu o sou. e Vereis
do Onipotente vir sobreo 62
as nuvens do céu".
A isto o sumo sacerdote rasgou as suas vestiduras, 63
exclamando : "Que necessidade temos ainda de testemu-
todos nhasa? acabais
uma o de ouvir a blasfémia
declararam ! que vos parece ?" E
réu de morte. H4
Puseram-se alguns a cuspir nele, a cobrir-lhe o rosto 65
elhea davam
tratá-lo bofetadas.
aos murros, dizendo : "Profetiza !" Os servos

Negação de Pedro. Entrementes, se achava Pedro p(S


em baixo, no páteo. Veio uma das criadas do sumo sacer-
dote, viu a Pedro, que se estava aquecendo, encarou-o e disse : 67
Também tu estavas com Jesús, o nazareno".
Êle, porém, o negou, dizendo : "Não sei nem com- 68
preendo
Nisto cantou o que odizes".
galo. E saiu para ao pórtico da entrada.
A criada, vendo-o aí, tornou a dizer aos circunstantes : 69
"Este também é dos tais". Mas êle o negou novamente. 70
61 — de Deus bendito
Marcos 14, 71 — 15, 24

Decorrido pouco tempo, disseram os circunstantes


outra vez a Pedro : "Certamente, também tu és do nú-
71 mero deles ; pois és galileu". Então começou ele a prague-
jar e a jurar, dizendo : "Não conheço esse homem de que
72 falais". E logo cantou o galo pela segunda vez. Lembrou-se
Pedro do que lhe dissera Jesus: "Antes de o galo cantar duas
vezes, três vezes me terás negado". E rompeu em pranto.
15 Jesus diante de Pilatos. Logo de manhã, os sumos 1 ^
sacerdotes com os anciãos e os escribas, o sinédrio em peso Mf 2
convocaram uma sessão. Conduziram Jesus preso, e en- lc tí
2 tregaram-no a Pilatos. Perguntou-lhe Pilatos : "E's tu
3o rei dosPassaram
judeus ?"entãoRespondeu-lhe Jesus : a"Sim,
os sumos sacerdotes eu ocontra
levantar sou". Jo *
4 ele grande número de acusações. Tornou Pilatos a interrogá-
lo: "Não respondes coisa alguma? ouve de quanta coisa
5 te
modofazem que carga".
Pilatos seJesus, porém, nada mais respondeu, de
admirava.
6 Ora, costumava soltar-lhes, por ocasião da festa,
um dos presos que êles mesmos pedissem. Estava preso
7 naquele tempo, com mais outros rebeldes, um homem de nome
Barrabás, que, num motim, haviam cometido um homicídio.
8 Subiu, pois, o povo e começou a pedir o que lhe costumava
o conceder. Perguntou-lhes Pilatos : "Quereis que vos ponha
lo em liberdade
n inveja o reientregado
lho tinham dos judeus ?" Pois
os sumos bem sabia
sacerdotes. que por
Entretanto,
os sumos sacerdotes instigaram o povo para que antes pedisse
12 a libertação de Barrabás. Tornou a perguntar-lhes Pilatos :
"Que farei, pois, do que chamais o rei dos judeus ?"
13 Clamaram : "Crucifica-o!"
14 ^ols Que mal ele?" — perguntou-lhes Pilatos
15 Êles, Pilatos
Quis gritavam
porém, fazer ainda ao
a vontade povo,"Crucifica-o!'"
mais: pelo que lhe
soltou Barrabás e, depois de fazer açoitar a Jesus, o entregou
para ser crucificado.
16 Coroação de espinhos. Então os soldados levaram
a Jesus para o páteo, isto é, o pretório, e reuniram todo o
17 destacamento. Lançaram-lhe aos ombros um manto es-
carlate, teceram uma coroa de espinhos e lha puseram sobre
18 a cabeça ; saudavam-no,
19 Davam-lhe com uma canadizendo : "Salve,
na cabeça, rei dos nele
cuspiam judeus
e lhe!"
•prestavam homenagem, dobrando o joelho.
20 Cruxifição. Depois de o terem ludibriado, tiraram-
lhe o manto de púrpura e lhe vestiram as suas roupas. Em se-
guida levaram-no para o crucificarem.
21 Obrigaram a carregar-lhe a cruz um homem, que ia
passando, vindo do campo ; era Simão de Cirene, pai de
22 Alexandre e Rufo. Conduziram-no ao lugar chamado
23 Gólgota, que quer dizer lugar de caveiras. Aí lhe deram de
24 beber vinho com mirra ; ele, porém, não o tomou. Então c
Marcos 15, 25 — 47 99

crucificaram e repartiram entre si as vestes dêle, lançando


sortes, a ver o que tocaria a cada um. Foi pela hora ter- 25
ceira que o crucificaram. Um letreiro, com a indicação do 26
seu crime, dizia : O REI DOS JUDEUS. Juntamente com 27
ele crucificaram dois malfeitores, um á direita, outro á es- 28
i 63, querda, vindo a cumprir-se assim, a escritura : "Igualaram-no
12 aos malfeitores".
Impropérios. Os transeuntes cobriam-no de injú- 29
rias, meneavam
templo e em três a cabeça
dias oe diziam : "Olá
reedificas, ! tu, aqueti destróis
salva-te mesmo oe
desce da cruz. Da mesma forma, mofavam dêle os sumos sa- 30
cerdotes
mesmo nãoe os escribas,
se pode salvar.dizendo : "Salvou
Cristo, a outros,
rei de Israel, desce eagora
a si 31
S:^
da cruz, paraestavam
vam os que que vejamos e creiamos."
crucificados com ele.Também o injuria-
—41 : Morte de Jesús. Pela hora sexta, cobriu-se de tre- 33
1 2J?' vas todo o país, que duraram até à hora nona. Á hora 34
I 23, nona soltou Jesús um grande brado, dizendo : "Eloi, Eloi,
44 lama sabactani" — isto é : "Meu Deus, meu Deus, por que
> ^ me desamparaste?" Alguns dos circunstantes, ouvindo 35
isto, observaram
deles : "Eis uma
correu a ensopar que chama
esponja porem Elias !" Aoprendeu-a
vinagre, que um 86
numa cana e deu-lhe de beber, dizendo : "Deixem ! vamos 37
ver
— se e Elias vem tirá-lo". Jesús, porém, deu um grande brado
expirou.
Rasgou-se de alto a baixo o véu do templo. 38
O comandante que. lhe ficava de fronte, vendo-o 29
expirar assim, disse: "Em verdade, êste homem era Filho
de Deus !"
Estavam também aí umas mulheres, a olhar de longe, 40
entre elas Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago Menor e de
José, bem como Salomé, Tinham acompanhado Jesús desde
a Galiléia, prestando-lhe serviços. Havia ainda aí muitas 41
outras que tinham subido com êle a Jerusalém.
: Sepultura de Jesús. Ao anoitecer — era o dia de 42
' 57' preparativos, que é o dia antes do sábado — veio José de
23, Arimatéia, ilustre senador, que também aguardava o reino 43
50 de Deus ; dirigiu-se resolutamente a Pilatos e requereu o
gg* corpo de Jesús. Admirou-se Pilatos de que Jesús já tivesse 44
morrido. Chamou o comandante e perguntou-lhe se já
estava morto. Depois Ade cientificado pelo comandante, 45
cedeu o corpo a José. Êste comprou um lençol de linho,
desceu o corpo da cruz, amortalhou-o no lençol, depositou-o 46
num sepulcro aberto na rocha e volveu uma pedra para a
boca do túmulo. Estavam aí Maria Madalena e Maria, mãe 47
de José, a observar onde o colocavam.

29 — templo de Deua. 39 — assim, com êste brado.


100 Marcos 16, 1 — 20
Ressurreição e ascensão de Jesús
16 As mulheres ao sepulcro. Terminado o sábado, fo- 1 — 8:
ram Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé com- Mt 2^
2 prar aromas para irem embalsamá-lo. Chegaram ao sepulcro, lc 24,
na madrugada do primeiro dia da semana, ao despontar do 1
3 sol. Diziam umas às outras : "Quem nos revolverá a pedra Jo
45 da bocarevolvida
viram do sepulcro?"a pedra, Mas,
que eraquando
muitolevantaram os olhos,
grande. Entraram
no sepulcro e viram sentado à direita um jovem em alvejan-
6 tes vestiduras ; e encheram-se de terror. Ele, porém, lhes disse:
"Não temais; não
ressuscitou ! procurais
está aquia ;Jesús
eis o de Nazaré,
lugar onde oo tinham
crucificado
colo :
7 cado. Ide agora e dizei a seus discípulos e a Pedro que irá
adiante de vós para a Galiléia ; aí o vereis, conforme vos
8disse". Saíram elas e fugiram do supulcro, porque as aco-
metera espanto e terror; e, de tão aterradas, não disseram
nada a ninguém.
9 Jesús aparece aos seus. Depois de ressuscitar, na
manhã do primeiro dia da semana, apareceu Jesús primeira
mente a Maria Madalena, da qual expulsara sete demónios.
10 Foi ela dar parte aos companheiros dele, que estavam cho-
J 1 rosos e aflitos. Mas, ao ouvirem que estava vivo e lhe apare-
cera, não lhe deram crédito
12 Mais tarde apareceu Jesús, sob forma diferente, a dois
12 dêles quando iam pelo campo. Também estes foram dar 14— 18
U noticia aos demais, mas nem a eles deram fé. Por último, Mt 28,
apareceu aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-lhes 16
a incredulidade e dureza de coração, por não terem dado
crédito aos que o tinham visto ressuscitado.
15 Missão mundial dos apóstolos. Em seguida, dis$e-
lhes : as"Ide
ig todas pelo mundo
criaturas. Quem inteiro
crer e eforprégai o evangelho
batizado será salvo a;
mas quem não crer será condenado. E estes sinais acompa-
17 nharão aos que crerem : Em meu nome expulsarão demónios,
18 falarão linguas novas, suspenderão serpentes, e, se beberem
algum veneno mortífero, não lhes fará mal ; porão as mãos
sobre os doentes, e eles serão curados.
19 Ascensão. Depois de lhes haver falado deste modo,
foi o Senhor J esús levado ao céu e tomou lugar á direita de
Deus.
20 Êles, porém, partiram e prégaram o evangelho por
toda a parte ; e o Senhor cooperava com êles, confirmando^
lhes a palavra com os milagres que os seguiam.
NOTAS EXPLICATIVAS
Sinagogas chamavam-se as casas de oração dos ju- 23
deus, fora do templo de Jerusalém. No meio do recinto
levantava-se uma espécie de estrado ou púlpito. De am-
bos os lados deste, bem como ao longo das paredes, corriam
filas de cadeiras, as primeiras das quais estavam reservadas
aos sacerdotes e escribas. Nas funções sabatinas, após as
orações iniciais, se fazia leitura da lei e dos profetas com a
competente explicação. Terminava a cerimonia pela bênção
sacerdotal. ~
Não era muito dificil esta manobra, porque no orien= 4
te as casas teem této plano, e, muitas vezes, uma escadaria
do lado de fora.
Levi é o apóstolo são Mateus. Para maior humilha- U
ção própria, só ele mesmo acrescenta que exercera a pro-
fissão de publicano, ao passo que os demais evangelistas
silencias caridosamente esta circunstância.
4
Nesta parábola, referida somente por Sao Marcos,
faz o divino Mestre ver que o reino de Deus se desenvolve
neste mundo lenta e seguramente, em virtude duma miste-
riosa força intrínseca, sem que seja necessária uma nova in-
tervenção da parte do Semeador.
Me ocupa-se apenas com um dos dois possessos de 2
que fala Mt, porque êste lhe merecia mais atenção em face
dos acontecimentos imediatos.
A legião romana contava 6.000 soldados ; entretanto, 9
a palavra legião vem empregada muitas vezes como simples
sinonimo de grande multidão.
6
Jesus nao podia ou não queria operai milagres em r>
Nazaré, por faltar aos nazarenos a competente disposição de
espírito para receberem semelhantes privilégios, isto é, a fé.
As prescrições que Jesus dá aos seus missionários 7—11
teem por fim recomendar-lhes a maior simplicidade e des-
pretensão apostólica, conselho esse, que vem concretizado
na enumeração de diversos objetos mais ou menos dis-
pensáveis. ^
Segundo a lei mosaica era considerado impuro, e, por 1 — 24
isso, excluido do culto público : 1) o leproso, 2) o que to-
cara num cadáver, 3) o atingido de certas coisas da vida
sexual, 4) o que tinha tocado num impuro dessas três classes
Para tirar essa impureza ritual eram prescritas várias abluções
ou lustrações. Era intenção do legislador arredar os homens
do pecado simbolizado por estas coisas ; o fariseu, porém,
tomava estas exterioridades pelo principal, deixando de parte
aneste
pureza interior
sentido que eJesus
materializando, assim, adosalmaantepassados.
fala em tradições da lei. E'
102 NOTAS — _ Marcos 9_— _ 14_

O fermento signicava a doutrina dos orgulhosos fa-


riseus e os princípios levianos de Herodes e seus adeptos.
9
lo 13 Elias voltará pessoalmente antes da segunda vin-
da do Messias, no fim do mundo ; mas em espírito já apare-
ceu na pessoa de J oão Batista, que é perseguido por Herodes
e Herodiade, assim como o fora Elias por parte de Acab e de
J ezabel.
Os tormentos da possessão demoníaca do menino, re-
lacionados com o seu estado orgânico, mudavam com as
fases da lua, razão por que Mt. lhe chama lunático.
38—41 Aquele exorcista tinha fé em Jesus, embora não fosse
do número dos discípulos mais Íntimos do divino Mestre ;
expulsando demónios, promovia a causa do reino messiânico
e não devia nisto ser embargado por ciúmes mesquinhos
Todo o ato de caridade terá a sua recompensa ; quanto mais
o auxílio prestado á obra apostólica daquele exorcista.
4y Do mesmo modo que a carne das vitimas era, segundo
a lei mosaica (Lv 2, 13), temperada com sal, assim deve
também o corpo carnal do homem ser temperado com o sal
da mortificação, para se tornar vitima agradável a Deus e
não se corromper pelos vícios.
10
ig Jesus não recusa o título de bom que aquele jovem tão
tjntusiasticamente lhe dá ; mas insinua delicadamente a
sua divindade,
o grande sacrifício preparando,
que lhe pede. dest'arte, o seu interpelante para
24- 25 O rico que se apegar desordenadamente a seu dinheiro
e fizer dele o seu idolo não pode entrar no reino de Deus ;
é necessário que teriormentesecontinue
tornerico.pobre pelo espírito, ainda que ex-
46tornara-se E' este cego um dos cristão
provavelemnte dois quee Mt
era 20, 29 ss menciona
conhecido na igreja ;
primitiva, razão por que Mc lhe indica o nome.
"o— 11 Esses arquitetos eram os judeus, que rejeitaram a
pedra-mestra, Jesus Cristo, o qual, no entanto, veio a tor
nar-se o elo indestrutível que une a igreja mundial composta
de elementos judaicos e pagãos. .
43 Mc traduz as duas pequenas moedas para o valor
seja, mais dando-as
romano, ou menoscomo
um equivalentes
antigo vintéma um "quadrante",
brasileiro; ou
ao passo
que Lc, escrevendo para étnico-cristãos de países diversos,
deixa de especificar o valor das moedas.
44 O que dá valor á esmola, aos olhos de Deus, são as
disposições internas do doador, e não a soma material da
dádiva.
13
32 Jesus como Deus conhecia perfeitamente o dia e a
hora do fim do mundo ; mas como homem dependia da
vontade do Pai ; e assim podia, sem faltar á verdade, dizer
que ignorava esse tempo.
NUTAS — Marcos 14 — 15 103

Este jovem era, provavelmente, o próprio evangelista X4


Marcos, cuja família morava em Jerusalém (At 12, 12) ;
vira a quadrilha chefiada por Judas, e fôra-lhe no encalço
a toda a pressa.
Rasgar a veste, isto é, a parte que cobria o peito, 63
simbolizava, entre diversos povos antigos, uma dor intensa
ou uma grande indignação.
^
Alexandre e Rufo, filhos de Simão Cireneu, eram co- 21
nhecidos dos cristãos de Roma (Rm 16, 13), motivo por que
o evangelista, que escrevia principalmente para os romanos,
os menciona explicitamente.
Diz Mc que Jesus foi crucificado á hora terceira, que 25
principiava ás nove horas, quando João (19, 14) afirma ter
sido á hora sexta, que começava ao meio-dia. Mas convém
lembrar que aquele escrevia para os cristãos de Roma, e,
segundo o costume romano, a flagelação (que ocorreu ás no-
ve horas) fazia parte integrante da crucifixão. Poderíamos,
pois, dizer que a crucifixão de Jesus começou ás nove horas.
De resto, nada obsta a que a crucifixão propriamente dita
tenha tido inicio antes do meio-dia (á hora terceira\ ter-
minando depois do meio dia (á hora sexta). Mc optou pela
primeira versão ; João, testemunha ocular do fato, deu mais
importância aos tormentos da segunda parte.
EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
Introdução
1 . São Lucas é, segundo Eusébio, natural de Antio-
quia, na Síria. Era de origem pagã (Cl 4, 11-14), e médico
de profissão (Cl 4, 14), o que também revelam os seus es-
critos. Uma lenda, que remonta a Teodoro Leitor, do ò.°
século, diz que Lucas também era pintor. A sua carreira
médica, bem como o seu estilo grego, que, não raro, se apro-
xima do classicismo helénico, revelam um homem de cul-
tura superior.
tianismotalvez
; E'queincerta
fosse adodata da sua
número conversão
daqueles ao cris-
pagãos que,
não muito após a morte de Santo Estêvão, foram recebidos
na igreja antioquena (At. 1 1,20 s.). Na qualidade de amigo e
colaborador dos apóstolos, acompanhou a São Paulo na
segunda e terceira excursão missionária (At. lò, 10-17 ;
20, 5-21, 18), fazendo-lhe também companhia nos cárceres
de Cesaréia e de Roma (At. 24, 23 ; 27 ; 28 ; Cl 4,14). Do
resto da sua vida falta-nos qualquer noticia certa. Parece
ter morrido mártir na provincia de Acaia, donde as suas
relíquias foram trasladadas para Constantinopla, em 357,
juntamente com as do apóstolo Santo André. A igreja lhe
celebra a festa no dia 18 de outubro.
2. A tradição unânime da antiga igreja dá São Lucas
como autor do terceiro evangelho. Afirma o fragmento mura-
toriano (*) que Lucas compôs um evangelho em nome e no
espirito de são
companheiro Paulo.redigiu
de Paulo, Santoem Ireneu escreve : prégado
livro o evangelho "Lucas,
por genes
Orí aquele". e outros. De modo análogo se exprimem Tertuliano,
Que no terceiro evangelho fala um discipulo de São
Paulo bem o dão a entender tanto a linguagem como também
o conteúdo. O autor revela interesse pela medicina e co-
nhece os termos técnicos dos médicos gregos (cf. 4, 23, 38; 8,
43; 10, 34; 13, 11 ss. 22, 50). A vernaculidade do estilo grego
e a elegância da dicção fazem adivinhar um heleno-cristão de
apurada cultura : — predicados esses que verificamos preci-
samente na pessoa de São Lucas.
3 . éLucas não foi testemunha ocular dos aconteci-
mentos em questão. Tinha, pois, de recorrer a outras fontes.
Quais as fontes de que hauriu o material do seu evangelho ?
Na qualidade de companheiro de São Paulo, tinha sobreja
ocasião para tirar informações exatas. Além disto, durante a
sua permanência em Jerusalém e Cesaréia, podia tratar pes-
(*) Elenco dos livros sacros do novo testamento que. peles mea-
dos do século 2» eram lidos na liturgia da Igreja ocidental.
Lucas - Introdução 105

soalmente com "os que desde o principio foram testemunhas


oculares fontes
outras e ministros da palavra".
fidedignas. (1, 2).
A história da Nem lhe faltavam
infância de Jesus
(cap. 1.° e 2.°) baseia-se, provavelmente, sobre documentos
escritos em lingua aramaica, material êsse que Lucas não
deixou, certamente, inaproveitado. De resto, aí estava a
própria mãe de Jesus.
4. Dirige-se este evangelho a um tal Teófilo, dis-
tinto étnico-cristão de Roma. Entretanto, não passa esta
dedicatória de uma como formalidade honorifica ; destina-
va-se o escrito a um círculo de leitores bem mais vasto, que
vinham a ser as cristandades fundadas pelo apóstolo Paulo.
5. O fim deste evangelho consiste de preferência
em fornecer a Teófilo e aos demais leitores esclarecimentos
históricos sobre a vida de Jesus.
Alia-se a êsse objetivo histórico um fim de caráter
dogmático : pretende o autor demonstrar que Jesus é o
Salvador misericordioso que acolhe benignamente todos os
homens, e, de modo especial, os humildes, os pobres e os
pecadores. Amor e misericórdia — são esses os dois traços
que dão a êste evangelho uma nota característica como a
nenhum outro. O evangelho de São Lucas é o mais amável
e delicioso de quantos livros existem no mundo. Pois é o
evangelho a boa nova daquele Deus que com entranhas de
amor e compaixão vinha visitar a humanidade pecadora.
Com inexcedivel delicadeza de sentimento sabe a mão do
artista evangélico pintar o homem de Nazaré, o bondoso amigo,
o carinhoso médico, o compassivo Salvador.
6. O terceiro Evangelho nasceu antes da destruição
de Jerusalém (ano 70), por sinal que não menciona esta ca-
tástrofe. Sendo que Lucas rematou os Atos dos apóstolos
no ano 63, deve ter escrito pouco antes o seu "primeiro
livro",
que como escrito
o tenha chama durante
ao evangelho
a sua que publicara.
primeira estada E'emprovável
Roma,
com vSão Paulo.
7. São Lucas excede os moldes traçados pelos dois
primeiros evangelhos, e, diversamente de Marcos, se ocupa
com a história da infância de Jesus, principiando pela anun-
ciação enascimento de J oão Batista, ponto êsse em que tam-
bém diverge de Mateus. Passa em seguida a descrever a
atividade de Jesus na Galileia, acrescentando o período do
seu apostolado na Judéia e na Peréia. No mais, coincide o
assunto como do primeiro e segundo evangelho.
Decisão da Comissão Bíblica de 26 de junho de 1912 :
Razões internas e externas provam a autenticidade também
das passagens Lc. 1-2, e 22, 43 s. O Magnificat tem por au-
tora a Maria Santissima. Lucas, além da prégação de São
Paulo, se serviu de outras fontes, e as suas exposições mere-
cem toda a fé. O seu evangelho é o terceiro, e foi escrito antes
do fim da primeira prisão romana de são Paulo,
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO LUCAS

1 Prólogo. Muitos houve que se deram ao trabalho


de organizar a narração dos acontecimentos que entre nós
2 se realizaram, guiando-se pelo que nos transmitiram os que
desde o principio foram testemunhas oculares e ministros da
palavra.
3 Ora, resolvi também eu investigar cuidadosamente os
fatos, desde a sua primeira origem, e esc rever- tos segundo a
ordem, excelentissimo Teófilo, para que te convenças de
4 quanta confiança é merecedora a doutrina em que foste
instruido.

Infância e mocidade de Jesus


5 Anunciação do nascimento de João Batista.
Vivia nos dias de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote de
nome Zacarias, da classe sacerdotal de Abias. Sua mulher
6 era da estirpe de Aarão e chama va-se Isabel. Ambos eram
justos aos olhos de Deus e andavam irrepreensíveis em todos
os mandamentos e preceitos do Senhor. Mas não tinham
7 filho ; porque Isabel era estéril, e ambos se achavam em idade
avançada.
8 Ora, em certa ocasião desempenhava Zacarias as
funções sacerdotais perante Deus, porque era a vez da sua
9 classe. Segundo o costume do sacerdócio, tocou-lhe por
sorte entrar no templo do Senhor para oferecer o incenso.
10 Todo o povo estava da parte de fora e orava, durante o sa-
1 1 crificio de incenso. Apareceu-lhe então á direita do altar
12 de incenso
rias aterradoume transido
anjo do de
Senhor.
medo. A' vista dêle ficou Zaca-
13 foi ouvida Disse-lhe, porém, Tua
a. tua oração. o anjo:
esposa "Não
Isabel temas,
te dará Zacarias;
um filho,
14 a quem porás o nome de João. Encher- te-ás de gozo e rego»
zijo, e muitos hão de alegrar-se com o seu nascimento ;
15 porque será grande diante do Senhor. Não tomará vinho
nem bebida inebriante, e desde o seio de sua mãe será repleto
lG do Espirito Santo ; converterá ao Senhor, seu Deus, muitos
17 dos filhos da Israel, e seguirá diante dêle no espirito e na vir-
tude de Elias para despertar nos filhos o espirito dos pais e
reconduzir os rebeldes aos sentimentos dos justos, afim de
preparar ao Senhor um povo dócil",
ia Disse Zacarias ao anjo : "Por onde me certificarei
disto ? pois eu sou velho e minha mulher avançada em anos* ' .
Lucas 1, 19 — 44

diante Respondeu-lhe
de Deus, e fui oenviado
anjo : para"Eu falar-te
sou Gabriel,
e dar-tequeesta
assisto
boa 19
nova. Mas, como não deste crédito às minhas palavras, que 20
a seu tempo se hão de cumprir — eis que ficarás mudo e sem
poder falar até ao dia em que isto se realize".
Entrementes, esperava o povo por Zacarias, admira- 21
do da sua longa demora no templo. Quando Zacarias 22
saiu, não pôde proferir palavra ; e êles compreenderam que
tivera alguma visão no templo. Falou-lhes por acenos e 1%
permaneceu mudo. Assim que terminaram os dias do seu
ministério, regressou para casa. Depois destes dias concebeu 24
sua mulher, Isabel ; retirou-se por espaço de cinco meses e
dizia : "Foi o Senhor que isto me concedeu ; nestes dias 2S
fez cessar benignamente o meu opróbrio diante dos homens".
Anunciação do nascimento de Jesús. No sexto mês, 2fi
foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Gali-
léia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão, 2i
por nome José. da casa de Davi. O nome da virgem era
Maria.de Entrou
cheia graça ;o oanjo onde éelacontigo.
Senhor estava e disse : "Eu te saúdo, 2*
A estas palavras se assustou ela e refletiu o que signi- 29
ficaria essa saudação.
graça diante Disse-lhe o anjo :Eis"Não
de Deus. que temas, Mariae darás
conceberás ; poisá achaste
luz um 2031
filho, a quem porás o nome de Jesus. Será grande e chamado 22
Filho do Altíssimo ; Deus, o Senhor, lhe dará o trono de seu
pai Davi ; reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu 3 í
reino não terá fim".
Tornou Maria ao anjo : "Como se fará isto, pois 34
que não conheço varão?"
Volveu-lhe
ti e a virtude do Altíssimo o anjo : te"OfaráEspirito
sombra.SantoPor descerá sobre 35
isso, o santo
que nascerá será chamado Filho de Deus. Também tua ?,g
parenta Isabel concebeu um filho em sua velhice e já está no
sexto mês, ela, que passa por estéril ; porque a Deus nada é 37
impossível".
Disse então Maria : "Eis aqui a serva d^ Senhor ; gg
faça-se Eemo mim anjo segundo
deixou-a. a tua palavra".
Visitação de Maria a Isabel. Naqueles dias, pós r:o
se Maria a caminho e dirigiu-se com presteza às montanhas,
em demanda de uma cidade de Judá. Entrou em casa de 40
Zacarias e saudou a Isabel. E, assim que Isabel ouviu a 11
saudação de Maria, exultou-lhe o menino no seio; e Isabel 42
repletadita és tudo entre
Espirito Santo, exclamou
as mulheres, e benditoem é altas
o frutovozes
do teu: "Ben-
seio.
Em que mereci eu que viesse visitar-me a mãe do meu Senhor ? 43
pois, logo que a tua saudação me soou ao ouvido, exultou de 44
28 — contigo, bendita és tu entre as mulheres. 35 — nascerá de ti
108 Lucas 1, 45 — 76

45 prazer o menino nas minhas entranhas. Bem-aventurada


quem acreditou que se cumprirá o que lhe foi dito pelo
Senhor !"
Disse então Maria : "Minha alma glorifica ao Se-
47 nhor, e meu espirito rejubila em Deus, meu Salvador. Lan-
48 çou olhar benigno à sua humilde serva. Eis que desde agora
49 me chamarão bem-aventurada todas as gerações. Grandes
50 coisas me fez o poderoso — santo é o seu nome. Vai de
geração em geração a sua misericórdia sobre os que o temem.
51 Manifesta o poder do seu braço. Aniquila os corações sober-
h2 bos. Derriba do trono os poderosos e exalta os humildes.
,E>3 Sacia de bens os famintos e despede de mãos vazias os ricos.
54 Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia
para com Abraão e seus descendentes para sempre, conforme
56
BB prometera aos nossos pais".
Ficou Maria uns três meses com Isabel ; depois re-
gressou para casa.
5g Nascimento de João Batista. Chegou o tempo
em que Isabel devia dar à luz ; e deu à luz um filho. Ouviram
59 os vizinhos e parentes que o Senhor lhe fizera grande miseri-
córdia, econgratularam-se com ela. No oitavo dia vieram
para circuncidar o menino, e quiseram pôr-lhe o nome de
seu pai Zacarias.
60 "*De modo nenhum — replicou a mãe — O seu nome
será João".
61 Ao que lhe observaram : "Mas não há ninguém em
62 por
tua acenos
parentela quedotenha
ao pai meninoessecomo
nome".
queria Perguntaram
se chamasse.então Pe-
6.3 diu ele uma tabuinha e escreveu as palavras: "João é seu
*4nome". Pasmaram todos. No mesmo instante desimpediu-se-
lhe a boca e soltou-se-lhe a lingua, e falava, bendizendo a
65 Deus. Então se encheram de temor todos os vizinhos, e por
todas as montanhas da Judeia se divulgaram estes fatos.
66 E todos os que dêles tiveram noticia pondera vam-n-os con-
sigo mesmos, dizendo: "Que será deste menino ? porque a
67 pleto
mão dodo Senhor
Espirito estava
Santo com ele". nestas
e rompeu Seu pai Zacariasproféticas
palavras ficou re- :
68
R9e redimiu
"Bendito
o seusejapovo.
o Senhor, Deus de umIsrael,
Suscitou-nos porquepoderoso
Salvador visitou
70 na casa de seu servo Davi ; salvação dos nossos inimigos
71 e das mãos de todos os que nos odeiam, assim como desde
72 séculos prometera por boca dos santos profetas ; para fazer
7:3 misericórdia aos nossos pais e recordar-se da sua santa
74 aliança, do juramento que fez a nosso pai Abraão: para con-
ceder-nos que, libertados de mãos inimigas, o servíssemos sem
75 temor, em santidade e justiça, todos os dias da nossa vida.
76 E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo : irás
ante a face do Senhor para preparar-lhe o caminho, e fazer
Lucas 1, 77 — 2, 21 109

conhecer ao seu povo a salvação pela remissão dos peca-


dos, graças á entranhável misericórdia de nosso Deus ;
pois que das alturas nos visitou o sol nascente ; afim de alu-
miar aos que jazem nas trevas sombrias da morte, e dirigir
os nossos passos aocrescia
O menino caminho da paz". no espírito. Vivia
e fortalecia-se
no deserto até ao dia em que havia de manifestar-se a Israel.
Nascimento de Jesús. Naqueles dias saiu um
edito de César Augusto para recensear todo o país. Foi
este o primeiro recenseamento. Efetuou-se debaixo de
Quirinío, governador da Síria. Foram todos para se inscrever,
cada um á sua cidade pátria.
Também José partiu de Nazaré, cidade da Galiléia,
para a Judeia, à cidade de Davi chamada Belém — pois era da
casa e estirpe de Davi — afim de se fazer alistar com Maria,
sua esposa, que estava grávida.
Quando aí se achavam, chegou o tempo em que ela
devia dar à luz ; e deu à luz a seu Filho primogénito ; en-
volveu-o em faixas e reclinou-o em uma mangedoura ; porque
não havia lugar para eles na estalagem.
Os pastores ao presépio. Havia naquela mesma
região uns pastores que passavam a noite em claro, guardan-
do os seus rebanhos. De súbito, apareceu diante dêles um
anjo do Senhor e a glória de Deus cercou-os de claridade.
Tiveram grande medo.
vos anuncioO anjo, uma porém,grande
lhes disse : "Não
alegria, que temais
caberá; aeis todo
que
o povo : é que vos nasceu hoje na cidade de Davi o Salvador,
que é o Cristo e Senhor. E isto vos servirá de sinal : encontra-
reis um menino envolto em faixas e deitado em uma mange-
doura". E logo associou-se ao anjo uma grande multidão da
milícia celeste, que louvavam a Deus, dizendo : "Glória a
Deus nas alturas, e na terra paz aos homens da sua benevo-
lência".Depois que os anjos se retiraram para o céu, disseram
entre si os pastores : "Vamos até Belém e vejamos o que
aconteceu, Foramo que acabaa pressa,
a toda de anunciar-nos
e acharamo Maria
Senhor".e José, e o
o que lhes fora dito acerca dêste Menino ; e disso
menino deitado numa mangedoura. A' vista todoscontaram
os que
o ouviam admiravam-se do que lhes diziam os pastores. Maria,
porém, conservava todas estas coisas, meditando-as no seu
coração. Voltaram os pastores, louvando e glorificando a
Deus por tudo o que acabavam de ouvir e de ver, assim como
lhes fora dito.
Circuncisão e apresentação de Jesús. Completa-
dos os oito dias em que se devia circuncidar o Menino, puse-
2 — Cirino 17 — conheceram
Lucas 2, 22 — 46

ram-lhe o nome
concebido no seiode materno.
Jesús, como lhe chamara o anjo antes de
22 Terminados os dias da purificação prescritos pela lei
de Moisés, levaram o Menino a Jerusalém para apresentá-lo
23 ao Senhor, conforme está escrito na lei do Senhor : "Todo
24 oriam
primogénito masculinoo sacrificio
também oferecer seja consagrado
ordenado aonaSenhor". Que- :
lei do Senhor
um par de rolas, ou dois pombinhos.
Vivia então em Jerusalém um homem por nome Si-
meão, que era justo e temente a Deus e esperava a consola-
26 ção de Israel ; e o Espirito Santo estava nele. Revelara-lhe
o Espirito Santo que não veria a morte sem primeiro con-
27 templar o Ungido do Senhor. Impelido pelo Espirito veio
ao templo, quando os pais trouxeram o Menino para nele
28 cumprir os dispositivos da lei. Simeão tomou-o nos bra-
ços e glorificou a Deus, dizendo :
30 a tua "Agora,
29 palavra, Senhor,
porque despede
os meus emolhos
paz ocontemplaram
teu servo, segundo
o teu
n i Salvador, que suscitaste ante a face de todos os povos : para
h2 os gentios uma luz iluminadora, para o teu povo Israel uma
33glória".Pasmaram o pai e a mãe das coisas que se diziam do
34 Menino. Bendisse-os Simeão, e dirigiu a Maria, sua mãe,
estas palavrasde :muitos
ressurreição "Eis que
em este é destinado
Israel, e para serpara
alvoruinae para -
de contra
35 dição — e tua alma será traspassada de uma espada - — para
36 que se Haviamanifestem
tambémos pensamentos
uma profetisa dechamada
muitos corações".
Ana, filha de
Eanuel, da tribu de Aser. Era de idade avançada e vivera
sete anos com seu marido, depois da sua virgindade ; viuva,
37 contava oitenta e quatro anos. Não saía do templo, servindo
3S a Deus com jejuns e orações, dia e noite. Compareceu tam-
bém na mesma ocasião, glorificou a Deus e falou dele a tôdos
os que esperavam a redenção de Jerusalém.
39 Regresso para Nazaré. Depois de cumprirem tudo
conforme a lei do Senhor, regressaram para a Galiléia,
40 à sua cidade Nazaré. O Menino foi crescendo e robuste-
cendo-se, cheio de sabedoria, e pousava sobre ele a com
placência de Deus.
4* O Menino Jesús no templo. Iam seus pais tôdos
42 os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando Jesús
completou doze anos, subiram, segundo costumavam por
4" ocasião da festa. Terminados os dias, regressaram. O Menino
Jesús, porém, ficou em Jerusalém, sem que seus pais o perce-
44 bessem. Julgando que viesse com os companheiros de viagem,
andaram caminho de um dia, e procuraram-no entre os pa-
45 rentes e conhecidos. Mas, como não o encontrassem, vol-
46 taram a Jerusalém, em busca dele. Depois de três dias, o
38 — Israel. 42 — subiram a Jerusalém
Lucas 2, 47 — 3, 14

acharam no templo, sentado entre os doutores, a escutá-los 47


e fazer-lhes perguntas. Todos os que o ouviam pasmavam 48
da sua inteligência e das respostas que dava. Vendo-o, admi-
raram-se,
isto e suateumãe
? eis que pai edisse-lhe : "Filho,
eu andávamos à tuaporprocura
que noscheios
fizeste
de
aflição".Respondeu-lhes ele : "Por que me procuráveis ? 49
não sabíeis
porém, não que tenho com
atinaram de estar na casa
o sentido de meu
destas Pai ?" Êles,
palavras. 50
Então desceu com êles e foi a Nazaré ; e era-lhes 51
submisso. Sua mãe conservava tudo isto em seu coração.
Jesús crescia em sabedoria, idade e graça diante de ^2
Deus e dos homens.

Preliminares da vida pública

J^38j
Mc 1, l quinto Aparecimento
ano do reinado dode imperador
João Batista.
Tibério. Era no décimo
Pôncio Pilatos 3
Jo 1, era governador da Judéia ; Herodes, tetrarca da Gal léia ;
13 seu irmão Filipe, tetrarca da Iturêia e da província de Tra-
conites ; Lisânias, tetrarca de Abilene. Anaz e Caifaz eram 2
sumos sacerdotes. Foi então que a palavra de Deus se diri-
giu a João, filho de Zacarias, no deserto. E pôs-se a andar 3
por todas as terras do Jordão, a prégar o batismo de peni-
tência para perdão dos pecados — conforme está escrito 4
no livro das palavras do profeta Isaías :
Senhor;"Uma voz ecoa
endireitai no veredas
as suas deserto :; encher-se-á
Preparai o caminho do
todo o vale 5
Is 40, 3 e abater-se-ão todos os montes e outeiros ; tornar-se-á reto
o que é tortuoso, e o que é escabroso se fará caminho plano ;
e todo o homem verá a salvação de Deus". 6
Pregação do Batista. Assim falava João ás turbas 7
que afluíam
quem vos disseparaqueseescaparíeis
fazer batizar por êleda :ira"Raça
ao juízo que vosde amaeça
víboras ?!
produzi frutos de sincera conversão, e não digais : Temos 8
por pai a Abraão. Pois., eu vos digo que dest as pedras pode
Deus suscitar filhos a Abraão. O machado já está á raiz das
árvores : toda a árvore que não produzir fruto bom será cor- o
tada e lançada ao fogo".
Ao que lhe perguntaram as turbas : "Que nos cumpre, 10
pois,
vestes fazer
dê uma?" a Respondeu-lhes
quem não tem ; êle : "Quem
e quem tem quepossuecomer duas
faça n
o mesmo".
Apresentaram-se-lhe também publicanos para que 12
os batizasse ; e perguntaram-lhe : "Mestre, que devemos
fazer ?" Respondeu-lhes : "Não exijais mais do que vos foi 13
ordenado".
Vieram também soldados a interrogá-lo : "E nós, 14
que faremos ?" Disse-lhes : "Não useis de violência nem de
fraude para com ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo".
112 Lucas 3, 15 — 4, 5

15 Testemunho do Batista. O povo estava em gran-


de suspensão. Todos pensavam de si para si que talvez
10 João fosse o Cristo. Ao que João declarou a todos : "Eu
vos batizo com água ; mas virá outro mais poderoso do que
eu ; eu nem sou digno de lhe desatar as correias do calçado.
Ele é que vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
1T Traz a pá na mão e há de limpar a sua eira, recolhendo o
trigo em seu celeiro e queimando a palha num fogo inextin-
18guível".Ainda muitas outras exortações dirigia ele ao povo,
anunciando-lhe a boa nova.
19 O tetra rca Herodes, que fora por ele repreendido 19— 20.
por causa de Herodíade, mulher de seu irmão, como também Mt
20 por todas as outras maldades, acrescentou a tudo aquilo mais m« 6,
esta, de lançar João ao cárcere. 14
21 Batismo de Jesús. Quando todo o povo se fazia Mt 3,
batizar, foi também Jesús receber o batismo. Enquanto 13
22 orava, abriu-se o céu, e o Espírito Santo desceu sobre ele em Joc ' j
forma corpórea como uma pomba, e uma voz bradou do céu : 29 '
"Tu és meu Filho querido ; em ti pus a minha complacência".
23 Ascendentes de Jesíis. Quando Jesús apareceu 23 — 38:
em público tinha cerca de trinta anos. Consideravam- Mt 1
24 no filho de José, o qual descende de Heli, de Matat,
25 de Levi, de Melqui, de Jane, de José, de Matatias, de
26 Amós, de Naum, de Heslí, de Nage, de Maat, de Ma-
27 ta tias, de Semei, de José, de Judá, de Joana, de
28 Resa, de Zorobabel, de Salatiel, de Nerí, de Melqui de
29 Adi, de Cosan, de Elmadam, de Her, de Jesús, de
so Eliézer, de Jorim, de Matat, de Levi, de Simeão, de
31 Judá, de José, de Jonas, de Eliaquim, de Meleá, de
32 Mená, de Matat á, de Natan, de Davi, de Jessé, de Obed,
38 de Booz, de Salmon, de Naasson de Aminadab, de Admin,
34 de Arní, de Esron, de Farés, de Judá, de Jacó, de
35 Isaac, de Abraão, de Taré, de Nacor, de Sarug, de Ragau,
36 de Faleg, de Heber, de Salé, de Cainan, de Arfaxad,
37 de Sem, de Noé, de Lamec, de Matusalá, de Henoc,
38 de Jared, de Malaleel, de Cainan, de Henos, de Set, de
Adão, que é de Deus.
4 Tentação de Je&ús. Cheio do Espírito Santo voltou ^T^3 [
Jesús do Jordão, e foi levado pelo Espírito ao deserto. Aí Mc '1?
2 comeu
permaneceu
nada quarenta
naqueles dias
dias e; foi
e, tentado
passados pelo
eles,demónio.
teve fome.Não 12'
3 Disse-lhe então o demónio: "Se és Filho de Deus, Dt8, 3
manda que esta pedra se converta em pão".
4pão vive
Respondeu-lhe
o homem. Jesús : "Está escrito : nem só de
5 Ao que o demónio o conduziu mostrou-lhe de re-
lance todos os reinos do mundo, e disse-lhe: "Dar-te-ei
4 — homem, mas de toda a palavra de Deus.
5 — conduziu a um mor. te elevado
Lucas 4, 6 — 25

estes cbmrnios todos e esta glória — pois que a mim me 6


foram entregues, e eu os dou a quem quero — tudo isto será 7
teu, se me adorares".
Dt fi, Tornou-lhe Jesus : "Está escrito : Adorarás ao Se- 8
13 nhor, teu Deus, e só a ele servirás."
Levou-o ainda a Jerusalém, colocou-o sobre o piná- 9
sl jfj' culo
daquido a templo
baixo, eporque
disse-lheestá: "Se és o: Filho
escrito de Deus, lança-te
Recomendou-te a seus 1011
anjos que te protejam e te levem nas palmas das mãos, para
que não pises com o pé em alguma pedra".
Dt 6, Replicou-lhe Jesus : "Também foi dito : Não tentarás 12
ao Senhor, teu Deus".
Passadas todas essas tentações, o demónio retirou-se 13
dêle por algum tempo.

ATI VIDADE PUBLICA DE JESUS NA GALILEIA

Até a eleição dos apóstolos

Nas sinagogas da Galileia. Impelido pelo Espí- 14


rito, voltou Jesus para a Galiléia, e sua fama correu por
toda a redondeza. Ensinava nas sinagogas do lugar, e era 15
glorificado por todos.
Em Nazaré. Chegou também a Nazaré, onde se 16
criara. Como de costume, entrou na sinagoga, em dia de
sábado, e levantou-se para ler. Entregaram-lhe o livro do 17
profeta Isaías. Desenrolou o volume e deu com a passagem
que diz :
me para"Repousa
anunciar sobre
a boamimnovao Espírito
aos pobresdo ;Senhor ; ungiu-
enviou-me para 1?
prégar a liberdade aos cativos, dar aos cegos a luz dos olhos,
levarSenhor.
do aos oprimidos a liberdade; para apregoar o ano salutar 19
Enrolou o volume, entregou-o ao ministro e sen- 20
tou-se. Todos os da sinagoga tinham os olhos fitos nêle.
E começou por dizer-lhes : "Hoje se cumpriu a passagem da 21
escrituraTodos
que aplaudiram-no,
acabais de ouvir".pasmando da graça das pa- 22
lavras que lhe brotavam dos lábios, e diziam : "Não é este
o filho de José ?".
Disse-lhes
provérbio Jesuscura-te
: Médico, : "Sem a ti dúvida,
mesmo ;me operalembrareis
tambémo 2S
aqui, em tua pátria, as maravilhas que fizeste em Ca-
farnaum,
vos digo ao quequenenhum
ouvimos".
profetaE prosseguiu
é estimado : em"Emsuaverdade,
pátria. 24
Digo-vos em verdade que muitas viúvas havia em Israel, 25
18 — enviou-me para curar os corações contritos,
19 — Senhor e o dia da retribuição.
Lucas 4, 26 — 5, 2

no tempo de Elias, quando o céu estava fechado por três


anos e seis meses, e reinava grande fome em todo o país.
26 Mas a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viuva
27 de Sarepta, no território de Sidon. Havia, outrossim,
muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu ; e,
contudo, nenhum deles ficou limpo, mas, sim, Naaman, o
?8Sírio". A estas palavras, todos os da sinagoga se encheram de
29 ira. Levantaram-se, correram-no da cidade e levaram-no
ao alcantil do monte em que estava situada a sua cidade,
30 para despenhá-lo. Jesus, porém, passou pelo meio dêles
e seguiu o seu caminho.
31 Cura de um possesso. Desceu a Cafarnaum, cidade 31—37:
32 doutrina,
da Galiléia, e aí aensinava
porque aos era
sua palavra sábados.
poderosa. Pasmavam da sua Mc Mt ^1,
33 Havia na sinagoga um homem possesso dum espí- 21
34 rito impuro.
tigo,esús
J Pôs-se a? gritar
de Nazaré vieste :para"Fora ! que temos
nos perder nós con-
? sei quem és :
o Santo de Deus !"
35 espíritoJesus ordenou-lhe
o arrojou : "Cala-te
ao meio, e saisemdêlelhe!" fazer
e saiu dêle, Ao que
mal.o
36 Todos se encheram de estupefação e diziam uns aos
outros : "Que palavra, essa ! manda com grande autoridade
37 aos espíritos impuros, e eles saem. !"
nhas. E sua fama correu por todas as regiões circunvizi-
38 Em casa de Pedro. Da sinagoga dirigiu-se Jesus
á casa de Simão. Estava a sogra de Simão doente com
39 febre muito alta. Pediram-lhe para socorrê-la. Je5Ús in-
clinou-se sobre ela e deu ordem á febre : e a febre deixou-a.
Imediatamente se levantou ela e os serviu.
40 Ao pôr do sol, todos lhe levaram os seus enfer-
mos atacados de diversas moléstias. Jesus punha as mãos
41 sobre cada um dêles e curava-os. Muitos havia deAque saíam
demónios,
os ameaçava bradando
e não :lhes"Tupermitia
és o Filho de Deus que
dissessem 1" Ele, porém,
sabiam ser
êle o Cristo.
42 Nos arredores de Cafarnaum. Ao romper do dia
saiu e se retirou a um lugar solitário. As turbas, porém,
foram á procura dêle, e encontraram-no. Queriam detê-lo
43 e impedir que seguisse avante. Jesus, porém, lhes observou :
"Também ás outras cidades tenho de anunciar o evangelho
44 reinoE defòi Deus
do ; porque
prégando a isso é queda fui
nas sinagogas terraenviado".
judaica.
5 Sermão de dentro do barco. Estava Jesus ás mar-
gens do lago de Genesaré, enquanto o povo se apinhava em
2 torno dêle, para ouvir a palavra de Deus. Viu então dois
barcos á praia ; os pescadores tinham saltado em terra e
Lucas 5, 3 — 20 115

limpavam as suas rêdes. Entrou em um dos barcos, que per- 3


tencia a Simão, e pediu-lhe que o afastasse um pouco da
terra. Sentou-se e ensinou o povo de dentro do barco.
A pesca abundante. Depois de acabar de falar, 4
disse a Simão : "Faze-te ao largo e lançai as vossas rêdes
para a pesca". — replicou-lhe Simão — trabalhámos a noite
toda e "Mestre
nada apanhámos. Mas sob tua palavra lançarei as 5

que as rêdes isto,


rêdes. "Feito se lhesapanharam tão grande
iam rompendo. multidão
Fizeram por deissopeixes
sinal 67
aos companheiros do outro barco para que viessem ajudá-los.
Acudiram, e encheram ambos os barcos a ponto de se irem
quase a pique.
A' vista disso, lançou-se Simão Pedro de joelhos 8
aos pés de Jesus, dizendo : "Retira-te de mim, Senhor, porque
sou homem
os seus pecador." por
companheiros, E' que
causaestavam aterrados,
da pesca ele e todos
que acabavam de 9
fazer. O mesmo se deu com Tiago e João, filhos de Zebedeu, 10
que eram companheiros de Simão.
Disse Jesus a Simão : "Não temas ; daqui por diante
serás pescador
Atracaramde oshomens".
barcos á praia, abandonaram tudo e 11
segui ram-no.
Cura dum leproso. Estava Jesus em certa cidade 12
onde havia um homem todo coberto de lepra. Assim que
ele viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés, de rosto em terra,
suplicando : "Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo".
Estendeu Jesus a mão, tocou-o e disse: "Quero, sê 13
limpo". No mesmo instante desapareceu a lepra. Orde-
nou-lhe
ao Jesus e: oferece
sacerdote "Não o pela digas tua
a ninguém
purificação ; maso sacrifício
vai mostrar-te
pres- 14
critoDivulgava-se
por Moisés, paracada que vez
lhes mais
sirva a denotícia
testemunho".
dêle ; afluíam 15
grandes multidões para ouví-lo e serem curadas das suas en-
fermidades. Jesus, porém, se retirou a um lugar solitário 16
para orar.
Cura dum paralítico. Certo dia, estava Jesus en- 17
sinando. Achavam-se sentados aí também uns fariseus e
doutores da lei, vindos de todas as povoações da Galiléia,
da Judéia e de Jerusalém. Nisto, a virtude do Senhor o
impeliu para curar.
Uns homens trouxeram um paralítico deitado num 18
leito. Procuraram introduzí-lo na casa e colocá-lo diante
dêle ; mas, não achando por onde entrar, devido ás multi- 19
does, subiram ao telhado e arriaram-no pelas telhas, junta-
mente com o leito, bem defronte a Jesus. A' vista da fé que 20
os animava, disse Jesus : "Homem, os teus pecados te são
5 — a rêde 6 — a rêde se lhes ia
Lucas 5, 22 — 6, 2

21 perdoados". Então os escribas e fariseus pensaram lá con-


sigo : "Quem é esse que profere blasfémias ? quem pode
22 perdoarJesus, pecados senãoconhecia
porém, Deus somente ?"
os pensamentos dêles, e disse-
23 mais fácil dizer : os teus pecados te são perdoados ? ou? dizer
lhes : "Que estais a pensar aí em vossos corações que é:
24 levanta-te e anda ? Ora, haveis de ver que o Filho do homem
tem o poder de perdoar pecados sobre a terra". E disse ao
paralítico : "Eu te ordeno : levanta-te, carrega com o teu
25 leito e Levantou-se
vai para casa". imediatamente, á vista dêles, pegou
no leito em que estivera deitado, e foi-se para casa, glorifi-
26 cando a Deus. Enche ram-se todos de pasmo, e louvavam a
Deus, dizendo, aterrados : "Vimos hoje coisas estupendas".
2? Vocação de Levi. Saindo daí, viu um publicano, 22 — 32
de nome Levi, sentado na alfândega. "Segue-meir — disse- m*9^9
28 lhe Jesus. Levantou-se êle, deixou tudo e seguiu-o. 13'
29 Preparou-lhe Levi um grande banquete em sua casa.
Numerosos publicanos e outros estavam á mesa com êles.
30 Murmuraram disto os fariseus e escribas e disseram aos
discípulos de Jesus : "Por que é que comeis e bebeis em com-
panhia de publicanos e pecadores ?"
31
32 os que Respondeu-lhes
estão de saúde.; Jesus : "Não
mas, sim, precisam
os doentes. Não devimmédico
para
chamar á conversão os justos, porém os pecadores".
33 A questão do jejum. Disseram-lhe êles : "Os dis- ?>3— 39
cí pulos de João, como também os fariseus, jejuam com fre- Mt ^
quência e fazem oração, ao passo que os teus comem e be- Mc 2,
bem". 18
34 jum Replicou-lhes
os convidados Jesus : "Podeis,
ás núpcias, acaso,está
enquanto obrigar ao je-o
com êles
35 esposo ? mas não deixarão de vir dias em que lhes será tirado
o esposo ; nesses dias, sim, hão de jejuar".
36 Propôs-lhes uma parábola dizendo : "Ninguém ar-
ranca um remendo de um vestido novo para cosê-lo em ves-
tido velho ; do contrário, o novo fica com um rasgão, e ao
velho não lhe assenta bem o remendo do novo.
37 Ninguém deita vinho novo em odres velhos ; do
contrário, o vinho novo rompe os odres e vasa o vinho,
38 novos.
e perdem-se os odres. Não, o vinho novo deita-se em odres
39 Ninguém, depois de beber vinho velho, deseja logo
vinho novo ; porque diz : o velho é melhor.

6 Jesús passando
Colhendo pelasespigas
searas. noOs seus
sábado. Num arrancavam
discípulos sábado ia jj^T5^jj
espigas, tritura vam-nas entre as mãos e comiam-nas. Mc 2,
2 Observaram então alguns fariseus : "Por que fazeis o que é 23
proibido em dia de sábado ?"
38 — novos, e ambos se conservam. 1— sábado segundo-primeiro.
Lucas 6, 3 — 23

quando Respondeu-lhes
êle e seus companheirosJesus : "Não lestescomo que
estavam fome fez? Davi,
como 34
entrou na casa de Deus, tomou os pães de proposição, que
só os sacerdotes podem comer, comeu-os e deu aos seus com-
panheiros ?" E acrescentou : "O Filho do homem é se- 5
nhor também do sábado".
Cura em dia de sábado. Em outro sábado entrou 6
na sinagoga e pôs-se a ensinar. Havia aí um homem com a
mão direita atrofiada. Os escribas e fariseus observaram-no, 7
a ver se curava em dia de sábado, para acharem motivo de
acusação. Jesus, porém, lhes conhecia os pensamentos e 8
disse ao homem com a mão atrofiada : "Levanta-te e passa
para o meio !" Levantou- se êle e colocou-se ao meio. In-
terpelou-os
ou mal em dia Jesusde : sábado
"Pergunto- vos uma
? salvar se é permitido fazer bem
vida ou deixá-la pe- 9
recer ?" Cravou o olhar em todos os que estavam á roda, 10
e dissetavaaorestabelecida
homem :a "Estendemão. a mão." Estendeu-a — e es-
Fora de si de furor, deliberaram uns com os outros o li
que fariam a Jesus.
Eleição de apóstolos e atividade ulterior
Eleição dos apóstolos. Naqueles dias, subiu Je- 12
sus a um monte para orar. E passou a noite toda em oração
com Deus. Ao romper do dia convocou os seus discípulos e 13
escolheu doze entre êles, a quem pôs o nome de apóstolos :
Simão, ao qual deu o cognome de Pedro, e seu irmão André ; 14
Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; 15
Tiago, filho de Alfeu ; Simão, apelidado o Zelador ; Judas, ic
irmão de Tiago ; e Judas Iscariotes, que veio a ser o seu
traidor.
Sermão da montanha. Desceu com êles e parou 17
em uma esplanada. Grande número de seus discípulos e
enorme multidão de povo de toda a Judéia, de Jerusalém e
das regiões marítimas de Tiro e Sidon, tinham afluído para is
ouví-lo e serem curados das suas enfermidades. Foram
curados os que estavam vexados de espíritos impuros. Todo o 19
povo procurava
curava a todos. tocá-lo, porque saía dêle uma virtude que
Bem-aventuranças e ais. Pousou os olhos em seus 20
discípulos e disse : "Bem-aventurados, os que sois po-
bres — vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados, os que 21
agora sofreis fome — sereis saciados. Bem-aventurados,
os que agora chorais — haveis de rir. Bem-aventurados sois 22
vós, quando os homens vos odiarem, vos rejeitarem, vos in-
juriarem eroubarem o bom nome por causa do Filho do
homem. Folgai nesse dia e exultai ; porque eis que é grande 23
a vossa recompensa no céu. Pois, desta mesma forma os
seus pais trataram os profetas.
Lucas 6, 24 — 48

24 Mas ai de vós, que sois ricos — já tendes a vossa


25 consolação. Ai de vós, que estais fartos — sofrereis fome.
Ai de vós, que agora rides — haveis de andar com luto e
26 chorar. Ai de vós, quando toda a gente vos lisonjear — pois
isto mesmo fizeram seus pais aos falsos profetas.
27 Amor aos inimigos. A vós, porém, ouvintes meus, 27 — 36 :
vos digo : Amai vossos inimigos ; fazei bem aos que vos Mt ^
2* odeiam ; abençoai aos que vos amaldiçoam e orai pelos que
29 vos caluniam. Se alguém te ferir numa face, apresenta-lhe
também a outra ; e, se alguém te roubar a capa, cede-lhe
30 também a túnica. Dá a quem te pede. Se alguém levar o
si que é teu, não o reclames. O que quereis que os homens vos
32 façam, fazei-o também a eles. Se só amardes aos que vos
amam, que premio mereceis ? também os pecadores teem
í$3 amor àqueles de quem são amados. Se só fizerdes bem aos
que vos fazem bem, que prémio mereceis ? o mesmo fazem
84 os pecadores. Se emprestardes só àqueles de quem esperais
receber algo, que premio mereceis ? também os pecadores
emprestam uns aos outros para tornar a receber outro tanto.
?>õ Amai antes vossos inimigos ; fazei bem e emprestai sem es-
perar retribuição. Então será grande a vossa recompensa e
sereis filhos do Altíssimo, porque também ele é benigno para
36 com os ingratos e os maus. Sêde, portanto, misericordiosos,
assim como vosso Pai é misericordioso.

37 Cuidado
e não sereis com Não
julgados. os juizos temerários.
condeneis, e não sereis Não julgueis,
condenados. ^T^42^
38 Perdoai, e sereis perdoados. Dai, e dar-se-vos-á ; derramar-
vos-ão no seio uma boa medida, cheia, recalcada e acogulada ;
porque, com a medida com que medirdes, medir- vos-ão".
39 um cegoPropôs-lhe
conduzir atambém uma ? parábola
outro cego não virão :ambos
"Poderá,
a cairacaso,
num
40 barranco ? Não está o discípulo acima do mestre ; todo
aquêle que aprender com perfeição iguala-se a seu mestre.
41 Porque vês o argueiro no olho de teu irmão, e não enxergas a
42 trave em teu próprio olho ? Ou como podes dizer a teu irmão :
Meu irmão, deixa-me tirar o argueiro de teu olho, e não en-
xergas atrave em teu próprio olho ? Hipócrita ! tira primeiro
a trave do teu olho. e depois verás como tirar o argueiro do
olho de teu irmão.
43 Nenhuma árvore boa produz frutos maus, e nenhuma 43—45:
44 árvore má produz frutos bons. Cada árvore se conhece pelo Mt 7»
seu fruto
45 nem se vindimam peculiar uvas
; poisdosnãoespinheiros.
se colhem Ofigos dos abrolhos,
homem bom tira 12 33 '
coisa boa do bom tesouro do seu coração, ao passo que o
homem mau tira coisa má do mau tesouro ; porque da abun-
dância do coração é que a boca fala.

46
47 Senhor,Parábola
Senhor ! doe não
edifício.
fazeis oPorque é que
que digo me chamais: í?r~2a479:
? Mostrar-vos-ei
48 com quem se parece aquêle que vem a mim, ouve as minhas
119
Lucas 6, 49 — 7, 18

palavras e as põe em prática : parece-se com um homem que


fci edificar uma casa : cavou bem fundo e assentou os ali-
cerces sobre rocha. Vieram as enchentes, e as águas deram
de rijo contra essa casa ; mas não conseguiram abalá-la,
porque estava construída sobre rocha. Quem, pelo contrário, 49
ouve as minhas palavras, mas não as pratica, esse assemelha-
se a um homem que edificou a sua casa sobre a terra e sem
alicerces ; logo ao primeiro embate das águas., desabou e
ruiu com grande fragor".
0jj
ao povoO atento, centurião. Depois
dirigiu-se de aterminar
Jesus as suasLá palavras
Cafarnaum. estava. 72
mortalmente enfermo, o servo de um centurião muito que-
rido dele. Quando teve notícia de Jesus, mandou-lhe pedir, 3
por intermédio de anciãos judeus, que viesse e lhe curasse o ser-
vo. Foram eles ter com Jesus e roga ram-lhe encarecidamente : 4
"Êle bem merece que lhe prestes esse favor ; porque quer 5
bem aoFoinosso Jesuspovocome edificou-nos
êles. Quandoa sinagoga".
já não vinha longe da 6
casa,
incomodes, Senhor ; pois eu não sou uns
mandou-lhe o centurião dizer por amigos
digno : "Não
de que entreste
sob o meu teto; por essa razão também não me julguei 7
digno de vir á tua presença. Dize uma só palavra, e será cura-
do meu servo. Também eu, embora sujeito a outrem, digo 8
a um des soldados que tenho ás minhas ordens : vai acolá !
e êle vai ; e a outro : vem cá ! e ele vem ; e a meu servo :
faze isto ! e êle o faz".
Ouvindo isto, Jesus admirou-se dele. e, voltando-se 9
para os que o acompanhavam, disse : Digo-vos que não en-
Decontrei tãovolta
grandeparafé em
casa,Israel".
os mensageiros encontraram de 10
saúde o servo que estivera doente.
O jovem de Naim. Seguiu viagem e chegou a ll
uma cidade por nome Naim. Iam com êle seus discípulos
e numeroso povo. Ao aproximar-se da porta da cidade, 12
levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que
era viúva ; muita gente da cidade vinha com ela. Vendo-a 13
oximou-se
Senhor, eteve penano dela,
tocou e disse-lhe
féretro, : "Não
e os que chores". pararam.
o levavam Apro- 14
Disse Jesús : "Moço, eu te digo, levanta-te !" Sentou-se o 15
que
á suaestivera
mãe. morto e começou a falar. E Jesús restituíu-o
Aterraram-se todos e glorificaram a Deus, dizendo : 16
"Apareceu entre nós um grande profeta, e Deus visitou seu
povo". Correu a notícia disto por toda a Judéia e arre- 17
dores.

2 'tícia porMensagem
meio de seusdo discípulos.
Batista. De tudo João
Chamou isto teve
dois João no- 18
dos seus
9 — Em verdade, digo-vos
Lucas 7, 19 — 38

19 discípulos e enviou-os ao Senhor com esta pergunta : "E's


tu aquele que há de vir, ou devemos esperar por outro ?"
20 Foram os homens ter com Jesus e disseram : "João
Batista envia-nos a ti e manda perguntar : E's tu aquele
21 que há Nessa de vir, mesma
ou devemos hora esperar
estavaporJesús
outro curando
?" muita
gente de enfermidades, moléstias e espíritos malignos, e
22 restituindo a vista a numerosos cegos. Pelo que lhes deu esta
resposta
vir : os cegos : "Ide vêem,
e contaios acoxos
João andam,
o que acabais de vertornam-se
os leprosos e de ou-
limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e aos pobres
é anunciada a boa nova.
23 Feliz de quem não se escandalizar de mim !"
24 Elogio do Batista. Depois da partida dos mensa-
geiros de João, começou Jesús a falar ás turbas a respeito de
2f. João,
caniço dizendoagitado : pelo "Porvento
que ?saistes ao deserto
por que saistes ?? para
para ver
ver um
um
homem em roupas delicadas ? Não, os que vestem roupas
delicadas e vivem com luxo se encontram nos palácios dos
26 reis. Por que saístes, pois ? para ver um profeta ? sim,
dígo-vos eu, e mais que profeta ; porque é êste de quem está
27 escrito: Eis que envio a preceder-te o meu arauto afim de Ml 3, 1
28 preparar o caminho diante de ti. Declaro-vos que entre os
filhos de mulher não ha maior do que João ; e, no entanto,
2U menorToda
o no reino de Deus
a gente que oé ouvia,
maior como
do quetambém
ele". os publica-
nos, reconheceram a justiça de Deus e receberam o batismo
30 de João ; ao passo que os fariseus e doutores da lei despre-
zaram os desígnios de Deus, e não se fizeram batizar por ele.

31 Caprichos pueris. "Com que hei de comparar esta 31 — 35:


32 raça de gente ? com que se parecem êles ? parecem-se com Mt 11,
crianças sentadas na praça, 'a gritarem umas ás outras :
A' flauta vos temos tocado — e não bailastes.
Cânticos tristes tangemos — e não chorastes.
33 Veio João Batista, que não comia pão nem bebia
34 vinho — e dizíeis : Está possesso do demónio. Veio
o Filho do homem, que come e bebe — e dizeis : Eis aí um
35 comilão e beberrão e amigo de publicanos e pecadores. A
sabedoria, porém, é reconhecida verdadeira por todos os
filhos".
36 A pecadora. Certo fariseu pediu a Jesús que fosse
comer á sua casa. Dirigiu-se, pois, á casa do fariseu e sen-
tou-se á mesa.
37 Ora, vivia na cidade uma mulher pecadora. Sabendo
que ele estava á mesa em casa do fariseu, veio com um vaso
38 de alabastro cheio de bálsamo, e colocou-se, chorando, por
28 — ha profeta maior do que João Batista
31 — Prosseguiu o Senhor: Com que
Lucas 7, 39 — 8, 7 121

detrás de seus pés. Começou a banhar-lhe os pés com suas


lágrimas e enxugou-os com os cabelos da sua cabeça. Bei-
jou-lhe os pés e ungiu-os com o bálsamo.
A' vista disso, pensou de si para si o fariseu que o 39
convidara. "Se êsse homem fosse profeta, bem saberia quem
é essa mulher que o toca, e de que qualidade — uma peca-
dora". "Simão — disse-lhe Jesus — tenho a dizer- te uma 40
coisa". "Fala, Mestre" — tornou aquele.
"Certo credor tinha dois devedores. Um devia-lhe 41
quinhentos denários, o outro cincoenta. Mas, não tendo êles 42
com que pagar, perdoou-lhes a dívida a um e outro. Quem
dêles lhe terá maior amor ?"
Respondeu Simão : "Aquele, julgo, a quem mais 43
perdoou"."Julgaste bem" — disse-lhe Jesus. Em seguida, vol- 44
tando-se
Entrei empara tua acasa,
mulher,
e nãodisse
me adéste
Simãoágua
: "Vês
para esta
os pésmulher
; ela,?
porém, banhou-me os pés com suas lágrimas e enxugou-os
com os seus cabelos. Não me deste o beijo ; ela, porém, 45
não cessou de beijar-me os pés, desde que entrei. Não me 46
ungiste a cabeça com óleo ; ela, porém, ungiu-me os pés com
bálsamo. Pelo que te digo que lhe são perdoados os seus mui- 47
tos pecados, porque muito amou ; ao passo que a quem
menos se perdoa pouco ama". E disse a ela : "Os teus 48
pecadosAote que são perdoados".
os seus companheiros de mesa pensaram 49
de si rjara si : "Quem é este que até perdoa pecados ?
Ele, porém, disse á mulher : "A tua fé te salvou ; 50
vai-te em paz".
Em seguimento de Jesus. Depois disto, pôs-se Je- 8
sus a andar de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pre-
gando eanunciando a boa nova do reino de Deus. Acompa- 2
nhavam-no os doze, bem como algumas mulheres libertadas
de espíritos malignos e enfermidades : Maria, cognominada
Madalena, da qual tinham saído sete demónios ; Joana, 3
esposa de Cusa, procurador de Herodes ; Susana, e muitas
outras, que o serviam com os seus haveres.
4—15: Parábola do semeador. Ora, como tivesse afluído 4
Mt 13, numerosa multidão de povo, e todas as cidades afluíssem a ele,
Mc 4, l passou Jesus a propor a seguinte parábola :
"Saiu parte
a semente, um semeador a semear
caiu á beira o seu grão.
do caminho, e foiE,pisada
ao lançar
aos 5
pés e comeram-na as aves do céu. Outra caiu em solo pedre-
goso, nasceu, mas secou por falta de humidade. Outra caiu 6
ao meio dos espinhos, e os espinhos cresceram juntamente
com ela e sufocaram-na. Outra ainda caiu em bom terreno, 7
45 — entrou.
122 Lucas 8, 8 — 27 _

8 nasceu e deu fruto a cem por um". Dito isto, exclamou :


"Quem tem ouvidos, ouça !"
9 Explicação da parábola. Perguntaram-lhe então
os discípulos o que significava esta parábola. Respondeu
10 Deus
êle : ;"A aovóspasso
é dadoquecompreender
aos outros ossemistérios
fala em doparábolas,
reino de
para que, de olhos abertos, não vejam, e, de ouvidos abertos,
11 não compreendam. O sentido da parábola é este : A semente
12 é a palavra de Deus. Está á beira do caminho no que a ouvem ;
mas logo vem o demónio e tira-lhes a palavra do coração para
13 que não creiam nem se salvem. Está em solo pedregoso
nos que ouvem a palavra e a recebem com alegria ; mas não
teem raízes, crêem por algum tempo, e no tempo da tentação
14 tornam atrás. Está entre espinhos nos que a ouvem, mas
vão sufocá-la por entre os cuidados, as riquezas e os prazeres
15 da vida, e não chegam a dar fruto. Está em terreno bom nos
que ouvem a palavra, a guardam em coração dócil e bom e
dão fruto com perseverança.
Tarefa dos dis<ípulos. Ninguém acende uma luz i?"1?1
17 oe acandelabro,
cobre com para
um vaso,
que osnemquea entram
põe debaixo
vejamdo a leito
luz. ;Porquanto,
mas sobre ~Mtc 21'5,
não há nada oculto que não venha a manifestar-se, nem nada 15,
18 secreto que não se torne conhecido e notório. Atentai, pois,
no modo de ouvirdes : porque ao que tem dar-se-lhe-á ;
mas ao que não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que julga
possuir".
10 A família espiritual de Jesús. Vieram procurá-lo ^T^1 :
sua mãe e seus irmãos ; mas não conseguiram chegar a êle 46'
20 por causa do apêrto. Alguém lhe trouxe êste recado : Mc 3,
"Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e desejam vêr-te". 31
Respondeu-lhes êle : "Minha mãe e meus irmãos são os que
ouvem a palavra de Deus e a põem em prática".
22 A tempestade no lago. Certo dia, entrou Jesús MtT"2^'
num barco, em companhia dos seus discípulos, e disse-lhes : 22'
"Passemos
^3 travessia Jesús á outra margem do
adormeceu. lago". então
Desabou Partiram.
uma Durante
tormentaa Mc 4,
sobre o lago, de maneira que êles ficaram cobertos das vagas
a e corriam perigo. Chegaram-se a êle e despertaram-no aos
brados : "Mestre ! Mestre ! vamos a pique !" Levantou-se
J esús e deu ordem ao vento e ás aguas revoltas. Acàlmaram-
2^ se e fez-se uma grande bonança. Disse então aos discípu-
los :"Que é da vossa
Aterrados fé?" de admiração, diziam uns aos
e cheios
outros : "Quem é êste, que manda aos ventos e ás águas, e
lhe obedecem ?"
26 O possesso de Gérasa. Aproaram para o país dos 2yJt~3|:
27 gerasenos, que fica
saltado a terra, fronteiro
quando lhe veioá Galiléia.
ao encontroMalum tinha
homemJesús
da Mc 5,28*l
123
Lucas 8, 28 — 45

cidade possesso de demónios. Havia muito tempo que não


vestia roupa, nem habitava em casa, mas nos sepulcros.
Assim que avistou Jesus, prostrou-se diante dele com este 28
grito estridente : "Que temos nós contigo, Jesus, Filho do
Altíssimo ?ao rogo-te
ordenava espiritoqueimpuro
não mequeatormentes
saísse do !" E' que Desde
homem. Jesus 29
largo tempo o tinha em seu poder. Haviam-no já trazido
preso, ligado com cadeias e grilhõess ; mas ele rompia as
cadeias e era impelido ao deserto pelo espírito maligno.
"Como é teu nome ?" — perguntou-lhe Jesus. 30
"Legião" — respondeu ele ; porque eram muitos os
demónios que nele tinham entrado. Pediram-lhe estes que 31
não os mandasse para o abismo.
Ora, andava pastando perto no mente uma grande 32
manada de porcos. Rogaram-lhe que lhes permitisse entrar
neles. Jesus permitiu-lho. Saíram, pois, do homem os es- 33
píritos malignos e entraram nos porcos ; e a manada preci-
pitou-se monte abaixo para dentro do lago, onde se afogou.
Vendo os pastores o que acabava de acontecer, fu- 34
giram e contaram o caso na cidade e no campo. Saiu a gente
para ver o que tinha sucedido. Foram ter com Jesus e encon- 35
traram, sentado a seus pés, vestido e de juizo, o homem do
qual tinham saído os espíritos malignos. Encheram-se de 36
terror. Os que tinham presenciado o fato foram contar-lhes
como o possesso fora curado. Ao que toda a população do 37
país dos gerasenos lhe rogou que se retirasse do meio deles ;
porque estavam transidos de grande terror.
Embarcou, pois, e regressou. O homem de quem ti- 38
nham saído os espíritos malignos solicitou-lhe a permissão
de ir com êle ; Jesus, porém, o despediu com as palavras :
"Volta paraêlecasa
Retirou-se e foie conta que grandes
apregoando em todacoisas te fezo Deus".
a cidade quanto 39
lhe fizera Jesus.

o— 56: A filha de Jairo. A' volta foi Jesus recebido com 40


lt 1|» alvoroço pelas massas populares ; porque todos estavam
[c 5j á sua espera. Veio então um homem de nome Jairo , chefe 41
21 ' da sinagoga
viesse ; prostrou-se
á asuamorrer.
casa aos filha
; porque sua pés de Jesus,
única, suplicando-lhe
de uns doze anos, 42
estava
De caminho para lá apertavam-no as multidões. 43
Achava-se aí uma mulher que, havia doze anos, sofria dum
fluxo de sangue ; gastara com os médicos toda a sua fortuna,
sem encontrar quem a pudesse curar. Chegou-se a êle por 44-
detrás e tocou-lhe numa das borlas do manto — e no mesmo
instante cessou o fluxo de sangue.
todos. "Quem
Ao queme Pedro
tocou e?" seus
— perguntou Jesus.observaram
companheiros Negaram : 45
"Mestre, a multidão te atropela e comprime
27 — um homem possesso do demónio. 36 — possesso da legião
45 — comprime, e perguntas : Quem me tocou ?
124 Lucas 8, 46 — 9, 11

46 Jesus, porém, insistiu : "Alguém me tocou ; senti


47 que saiuVendo-se
de mim aumamulherforça". descoberta, veio, toda tre-
mula, prostrou-se-lhe aos pés e declarou perante todo o
povo por que o tocara e como imediatamente ficara curada.
48 Disse-lhe Jesus : "Minha filha, a tua fé te curou ; vai-te em
49paz". Ainda não acabara de falar, quando veio alguém da
casa do chefe da sinagoga com o recado : "Tua filha acaba
50 de morrer ; não incomodes mais o Mestre". Ouvindo Jesus
estas palavras, disse-lhe : "Não temas ; é só teres fé, e ela
51 será salva".
Chegado á casa, não permitiu que alguém entrasse
com ele, afora Pedro, Tiago e João, como também o pai e a
52 mãe da menina. Todos choravam e lamenta vam-na. Jesus,
53 porém, disse: "Não choreis! ela não está morta, dorme ape-
nas". Riram-se dêle, porque sabiam que ela estava morta.
54 Então Jesus a tomou pela mão e bradou : "Menina, levanta-
55 te !" NistoMandou
56 mente. voltou-lhe o espírito,
que lhe dessem dee ela se levantou
comer. Os pais imediata-
estavam
fora de si de assombro. Jesus, porém, ordenou que a nin-
guém falassem do ocorrido.
9 Missão dos apóstolos. Convocou Jesus os doze Í7r^:n
e deu-lhes poder e autoridade sobre todos os espíritos malignos ^
2 e a virtude de curar enfermidades. Em seguida, enviou-os Mc 6, 7
3 a anunciar o reino de Deus e curar os enfermos. Disse-lhes :
"Não leveis
bolsa, nem coisa
pão, alguma para o caminho
nem dinheiro, : nem duas
nem tenhais bordão, nem
túnicas.
4 Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até seguirdes
5 viagem. Mas onde não vos receberem, deixai a cidade e
6sacudi Puseram-se
até o pó dos eles
vossos pés em testemunho
a caminho e fcram de contra
povoadoeles".
em
povoado, prégando a boa nova e curando os enfermos por
toda a parte.

7tetrarcaInquietação de Herodes.
Herodes a notícia de tudo Chegou aos ouvidos ele,
isto. Inquietou-se do ^ItT914,i
8 porque uns diziam : "João Batista ressurgiu dentre os mor- Mc 6,
9 tos". Outros : "Apareceu Elias". Outros ainda : "Ressus-
citou um dos antigos profetas". Herodes, porém, dizia :
"João ? mandei-o degolar. Quem, é pois, êsse de quem ouço
semelhantes coisas ?" E ansiava por vê-lo.
10 Multiplicação dos pães. Regressaram os apósto-
los ereferiram-lhe tudo o que tinham feito. Ao que Jesus os
tomou á parte e retirou-se com êles a uma solidão no terri-
11 tório da cidade Betsaida. As multidões, porém, deram pelo
fato e foram-lhe no encalço ; ele recebeu-os amigavelmente e
falava-lhes do reino de Deus e restituía a saúde a todos que
necessitavam de cura.
52 — a menina l — doze apóstolos.
125
Lucas 9, 12 — 37

Ia declinando o dia. Chegaram-se então a ele os doze 12


efazendas
disseramcircunvizinhas
: "Despede oempovo, buscaparade que vá ás e aldeias
pousada comida e;
porque estamos em região inhóspita". Ao que Jesus lhes 13
replicou : "Dai-lhes vós de comer".
Responderam
e dois peixes êles de: comprar,
; teríamos "Não temos pois, senão cinco para
mantimento pães
todo esse povo". Eram uns cinco mil homens. 14
Disse ele a seus discípulos : "Mandai que se sentem
em ranchos de cincoenta pessoas".
Foi o que fizeram : mandaram todos sentar-se. Ao 15
que Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os 16
olhos ao céu e abençoou-os ; em seguida, partiu-os e deu-os
aos discípulos para que os servissem ao povo. Comeram 17
todos e ficaram fartos e recolheram ainda doze cestos dos
pedaços que sobraram.
Confissão de Pedro. Certa vez, quando Jesus es- 18
tava orando a sós e se achavam com ele tão somente seus
8°, discípulos, perguntou-lhes : "Quem diz a gente que eu sou ?"
27: Responderam êles : "Dizem uns que és João Batista ; 19
16' outros, Elias ; outros ainda opinam que ressuscitou um dos
antigos profetas".
Continuou Jesus : "E vós, quem dizeis que eu sou ?" 20
Respondeu Pedro : "O Ungido de Deus". Jesus,
porém, lhes proibiu severamente que o dissessem a pes- 21
soa alguma.

Jesúsque prediz
21 necessário o Filho ado sua paixão.
homem passe Epor acrescentou : E' 22
muitos sofrimen-
8, tos, será; rejeitado e morto peles anciãos, príncipes dos sa-
31 cerdotes e escribas ; mas no terceiro dia ressurgirá".
Em meu
quiser ser seguimento de Cristo.
companheiro, renuncie E a dizia a todoscarregue
si mesmo, : "Quema 23
sua cruz, dia por dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a 24
sua vida perdê-la-á ; mas quem perder a sua vida por amor
de mim, salvála-á. Que aproveita ao homem ganhar o mundo 25
inteiro, se se perder a si mesmo e perecer ? Porquanto, quem 26
se envergonhar de mim e das minhas palavras, dêsse tal se
envergonhará também o Filho do homem, quando vier na
sua glória, na glória do Pai e dos santos anjos. Em verdade, 27
vos digo que há entre os presentes alguns que não provarão
morte sem que vejam o reino de Deus".
Transfiguração de Jesús. Uns oito dias depois 28
|* destas palavras, tomou Jesús consigo a Pedro, Tiago e João,
, 2 e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, mudou-se-lhe 29
a expressão do semblante, e as suas vestes tornaram-se de
resplendente alvura. Vieram falar com ele dois varões : 30
Moisés e Elias. Apresentavam aspeto majestoso e falavam 31
da morte que Jesús ia padecer em Jerusalém.
126 Lucas 9, 34 — 50

32 Pedro e seus companheiros tinham sido dominados


pelo sonc ; ao despertar, viram a glória de Jesús e os dois
33 varões que com ele estavam. Quando êstes se iam retirar,
disse
vamos Pedro
armara Jesús : "Mestre,
três tendas ; uma que
parabomti, que
outraé estarmos aqui e!
para Moisés,
outra para
Não sabia Elias !"
o que dizia.
34 Estava ainda falando, quando veio uma nuvem e os
envolveu. Aterraram-se quando aqueles entraram na nuvem.
35 De dentro da nuvem, porém, ecoou uma voz : "Este é meu
36 filho eleito
Mal ;soara ouvi-o
esta!/'voz, estava Jesús sozinho. Calaram-se
eles e naqueles dias não falaram a ninguém desta visão.
37 O menino possesso. Ao descerem do monte, no
dia seguinte, veio-lhe ao encontro grande multidão de gente.
38 Clamou
39 atendas aummeu homem filho, quedo épovo : "Mestre,
o único que tenhosuplico-te que
; apodera-se
dêle um espirito maligno e fá-lo soltar gritos ; atira com ele
para cá e para lá, fazendo-o espumar ; só a custo o larga e
40 deixa-o todo exhausto. Pedi a teus discípulos que o expul-
sas em ; mas não o puderam".
41 Respondeu
até quando estareiJesús : "O'e raça
convosco descrente ?e perversa
vos suportarei Traze cá!
42 teu filho".
Enquanto ele vinha chegando, maltratava-o e agi-
43 tava-c violentamente o espirito maligno. Jesús ameaçou ao
espirito impuro, curou o menino e restituiu-o a seu pai.
Pasmaram todos da grandeza de Deus.
44 Jesús torna a predizer a sua paixão. Enquanto
todos estavam cheios de admiração sobre tudo quanto Jesús
fazia, disse: Oele Filho
palavras a seus dodiscipulos
homem vai: "Gravai bem naás alma
ser entregue mãos estas
dos
45 homens^". Eles, porém, não atinaram com o sentido desta pala-
vra ; era para êles obscura e incompreensível . Mas tinham
medo de interrogá-lo a respeito.
46 Questão de precedência. Passou-lhes pela mente
47 a idéia, quem dêles seria o maior. Como Jesús lhes conhe-
cesse os pensamentos do coração, tomou um menino, colocou-o
48 meu
ao pénome, de si,a mim
e disse-lhes : "Quem
me acolhe acolher
; mas quem estea mim
acolhe meninoacolhe
em
aquele que me enviou. Pois, quem dentre todos vós for o
menor, este é que é grande.
49 Zelo imprudente.
um homem que expulsava Disse-lhe
demónios Jcão
em :teu"Mestre,
nome, vimos
e lho
proibimos ; porque não te segue conosco".
50 Respondeu-lhe Jesús : "Não lho proibais ; pois
quem não é contra vós é por vós".
48 — é o maior.
Lucas 9, 51 — 10, 10

JESUS A CAMINHO DE JERUSALÉM


Primeira viagem a Jerusalém
Repulsa da parte dos samaritanos. Quando se 51
aproximavam os dias do seu passamento, encarou Jesus
resolutamente a sua ida a Jerusalém, e despachou mensa- 52
geiros adiante de si. Partiram e chegaram a uma povoação
dos samaritanos afim de lhe preparar pousada. Mas não foi 53
recebido, porque ia rumo a Jerusalém. A esta notícia obser- 54
varam
mandemos os discípulos
cair fogo doTiago e João
céu para : "Senhor,
devorá-los ? queres que
Jesus, porém, voltando-se, repreendeu- os. E foram em 55
demanda de outra povoação. 56
Discípulos imperfeitos. Quando prosseguiam ca- 57
minho, disse-lhe alguém : "Seguir-te-ei para onde quer que
efores",
as aves Respondeu-lhe
do céu teem ninhos Jesus :; mas
"As oraposas
Filho doteemhomem
cavernas
não 58
tem onde reclinar a cabeça".
A outro disse : "Segue-me. !" 59
Ao que este pediu : "Permite-me, Senhor, que vá so
primeiro sepultar a meu pai".
Tornou-lhe Jesus : "Deixa os mortos sepultar os seus
mortos ; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus".
Ainda outro disse : "Seguir-te-ei, Senhor ; mas
permite que vá primeiro à casa despedi r-me". 62
Respondeu-lhe Jesus : "Quem empunha o arado e
torna a olhar para trás, não é idóneo para o reino de Deus".
Os setenta discípulos. Depois disto designou o 10
Senhor mais setenta outros discípulos e mandou-os, dois a
dois, adiante de si, a todas as cidades e povoações que ten-
cionava visitar.
os operários Dizia-lhes
são poucos. : "Aportanto,
Rogai, messe éaogrande,
senhor sim, mas
da seara 2
para que mande aperários á sua messe.
Ide, pois ! Eis que vos mando como cordeiros ao meio 3
de lobos. Não leveis alforje, nem bolsa, nem calçado, nem 4
saudeis a pessoa alguma pelo caminho Toda a vez que en- 5
trardes em uma casa, dizei primeiro : A paz seja com esta 6
casa ! E, se aí houver um filho da paz, repousará sobre êle
a vossa paz; se não, tornará a vós. Ficai nessa casa, çomendo 7
e bebendo do que êles tenham ; porque o operário bem merece
o seu sustento. Não andeis de casa em casa. E, quando en- 8
trardes - em uma cidade onde vos recebam, comei o que vos
servirem ; curai os doentes que aí houver e dizei : Chegou 9
a vós o reino de Deus. Mas, se entrardes numa cidade onde 10

55 — pois
repreendeu-os
o Filho do dizendo:
homem não"Não
veio sabeis que espirito
para perder as almas,vosmas,anima;
sim,
para salvá-las.
1 — setenta e dois
Lucas 10, 11 — 27

11 não vos recebam, saí à rua e dizei : Sacudimos contra vós


até o pó da vossa cidade que se nos pegou aos pés ; entretanto,
12 ficai sabendo que chegou o reino de Deus. Digo-vos que
sorte melhor caberá a Sodoma, naquele dia, do que a uma
cidade assim.
13 4s cidades impenitentes. Ai de ti, Corozain ! ai i3 — i6:
de
rado os milagres! porque,
ti, Betsaida que em sevósem seTiro e Sidon se
operaram, tivessem
desde ope- A
há muito
14 teriam feito penitência em cilício e cinzas. Entretanto,
Tiro e Sidon terão sorte melhor, no dia do juizo, do
que vós.
13 E tu, Cafarnaum, elevar-te-ás até ao céu ? até ao
inferno serás abismada.
16 Quem vos ouve a mim me ouve ; quem vos despreza
a mim me despreza ; mas quem me despreza despreza aquele
que me en . íoj' .
17 Regresso dos discípulos. Regressaram os setenta
dis ipulos, cheios de uHgna. e referiram : "Senhor, até os
espiritos malignos se nos submetem, em teu nome".
18 Respondeu-lhes ele : "Vi a Satanaz cair do céu como
19 um raio. Eis que vos dei o poder de calcar serpentes e es-
corpiões, epoder sobre todas as potências inimigas ; coisa
20 nenhuma vos fará mal. Entretanto, não seja esta a vossa
alegria, que se vos submetam os espíritos ; alegrai-vos antes
porque os vossos nomes estão escritos no céu".
21 Exultação de Jesus. Naquela hora exultou Jesus
no Espírito Sahto e disse : "Glorifico-te, Pai, Senhor do céu
e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e enten-
didos, e as revelaste aos simples. Sim, meu Pai, assim foi do
22 teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém
senão o Pai sabe quem é o Filho ; e ninguém sabe quem é o
23 Pai senãoEm o seguida, Filho e a voltando-se
quem o Filhoespecialmente
o quiser revelar".
aos seus dis-
24 cípulos, disse : "Ditosos os olhos que vêem o que vós vêdes!
Pois, declaro- vos que muitos profetas e reis desejaram ver
o que vós vêdes, e não o viram ; desejaram ouvir o que
vós ouvis, e não o ouviram".
25 O bom samaritano, E eis que se levantou um
doutor da lei para o pôr à prova, com esta pergunta : "Mes-
tre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna ?"
26 Respondeu-lhe Jesus: "Que está escrito na lei? como
é que lês ?"
27 todo o Tornou aquelede: toda
teu coração, "Amarás
a tua oalma,
Senhor,
com teu
todasDeus, de
as tuas
forças e de toda a tua mente ; e a teu próximo como a ti
mesmo".
17 — setenta e dois
129
Lucas^ 10, 28 — 11, 7

Dt 6, 5 "Respondeste bem — disse-lhe Jesus. — Faze isto e 28


Lv *g' terás advida".
Êle, porém, quis justificar-se e perguntou a Jesus : 29
"E quem é meu próximo" ?
um homemAo que Jesus tomou
de Jerusalém a palavra
a Jericó, e caiu e nas
dissemãos
: "Descia
dos la- 30
drões, que o despojaram, cobriram de feridas, e, deixando-o
meio morto, se foram embora. Casualmente, descia um sa- 31
cerdote pelo mesmo caminho ; viu-o — e passou adiante.
Igualmente, chegou ao lugar um levita ; viu-o — e passou 32
adiante. Chegou perto dele também um samaritano, que ia 33
de viagem ; viu-o — e moveu-se à compaixão ; aproximou-se, 34
deitou-lhe óleo e vinho nas chagas e ligou-as ; em seguida,
fê-lo montar no seu jumento, conduziu-o a uma hospedaria e
teve cuidado dele. No dia seguinte, tirou dois denários e 35
deu-os ao hospedeiro, dizendo : Tem-me cuidado dele, e o
que gastares a mais pagar-to-ei na volta.
Qual destes três se houve como próximo daquele 36
que caíra nas mãos dos ladrões ?"
doutor. "Aquele que lhe fez misericórdia" — respondeu o 37
Tornou-lhe Jesus : "Vai e faze tu o mesmo."
Marta e Maria. Certa vez, por ocasião de uma 38
jornada, entrou Jesus em uma povoação, e uma mulher, cha-
mada Marta, o hospedou em sua casa. Tinha ela uma irmã, 39
por nome Maria. Esta sentou-se aos pés do Senhor a escutar-
lhe a palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos 40
serviços.
que minha Apresentou-se
irmã me deixee disse
só com: "Não te importa,
o serviço Senhor,
? dize-lhe, pois,
que me ajude".
solícitaRespondeu-lhe
e inquieta como muitas
Senhor coisas
: "Marta, Marta, uma
; entretanto, andas
só 4241
é necessária. Maria escolheu a parte melhor, que não lhe
será tirada".
*7T4:9 Oração dominical.
lugar, orando. Uma vez umestava
Ao terminar, disse-lhe Jesusdiscípulos
dos seus em certo: 11
"Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou a
orar aos seus discípulos".
Ao que
santificado sejaêleo teu
lhesnome
disse ;: venha
"Quando
a nósorardes, dizei ; :o Pai,
o teu reino pão 2
nosso de cada dia nos dá hoje ; perdoa -nos a nossa divida, 3
porque também nós perdoamos a todos os nossos devedores ; 4
e não nos induzas em tentação".
Parábola do amigo importuno. E prosseguiu : 5
"Alguém de vós tem um amigo. Vai ter com êle, em plena
noite, com o pedido : Amigo, empresta-me três pães ; porque 6
um amigo meu chegou de viagem á minha casa, e não tenho
que servi r-lhe, Mas o de dentro responde : Não me incomo- 7
130 Lucas 11, .8 — 28

des ! a porta está fechada e meus filhos estão comigo no quar-


to ; não posso levantar-me para atender-te.
8 Digo-vos que. embora não se levante e lhe dê por
ser seu amigo, não deixará, contudo, de levantar-se por
causa da importunação, e dar-lhe quanto houver mister.
9 Oração perseverante. Pelo que vos digo: Pedi, e 9—11:
recebereis; procurai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Mt 7> 7
10 Porque quem pede recebe, quem procura acha, e a quem
bate abrir-se-lhe-á.
11 Quando algum dentre vós pede pão a seu pai, será
que este lhe dará uma pedra ? ou, quando lhe pede um peixe,
lhe dará em vez do peixe uma serpente ? ou, quando lhe pede
12 um ovo, lhe dará um escorpião ? Se, pois, vós, apesar de
13 maus sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais
vosso Pai celeste dará o Espírito Santo aos que lho pedirem".
14 Injúrias dos fariseus. Expulsou Jesus um demónio
que era mudo ; e, depois de expulso o demónio, falava o 22'
15 mudo, o que encheu de admiração as turbas. Alguns deles, Mt 1222
porém, diziam : "E' por beelzebul, chefe dos demónios, que
iti ele expulsa os demónios '. Outros tentaram pô-lo à prova e
17 pediram-lhe um sinal do céu. Jesus, todavia, conhecedor dos
18 seus
mesmopensamentos,
será destruído lhes edisse
uma : casa
"Todocairáo reino
sobre desunido
a outra.em Se,si
pois, Satanaz está em desacordo consigo mesmo, como pode
subsistir o seu reino ? Dizeis que é por beelzebul que eu ex-
19 pulso os demónios. Ora, se eu expulso os demónios por beel-
zebul, por quem os expulsam então os vossos filhos ? Por
20 isso serão eles vossos juizes. Se, porém, é pelo dedo de Deus
que expulso os demónios, claro está que chegou a vós o reino
21 de Deus. Quando um poderoso, bem armado, guardar a sua
22 casa, está em segurança toda a sua fazenda. Mas, se outro,
mais poderoso, o atacar e vencer, tirar-lhe-á as armas em que
23 confiava, e repartirá os despojos. Quem não está comigo
está contra mim ; e quem não recolhe comigo dispersa.

24 Recaída no pecado. Quando o espírito impuro sai ^j"^


do homem, vagueia por lugares desertos em busca de re- 43'
pouso ; mas, não o acha, pelo que diz : "Voltarei para
25 ornada.
20 minha casa Vai donde
então saí".
e toma E,consigo
chegando,
mais encontra-a varrida
sete espíritos, piorese
que ele, e, entrando, se estabelecem nela ; vem o último estado
dêste homem a ser pior que o primeiro".
2« Bem-aventurança de Maria. Enquanto ele assim
falava, uma mulher levantou a voz do meio do povo e disse-
lhe : "Bem-aventurado o seio que te trouxe e os peitos que
28 te alimentaram!" Jesus, porém, replicou: "Antes bem-
7 — atender-te. O outro, porém, continua a bater.
15, 18, 19 — beebebub-
Lucas 11, 29 — 46 131

aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a põem em


prática.
O sinal de Jonas. Como o povo afluísse em massa, 29
disse êle : "Raça perversa que
6 \ mas não lhes será dado outro sinalé esta raça ser! pedem
a não o sinal umde Jonas
sinal ;
22 Do mesmo modo que Jonas veio a ser sinal para os ninivitas, 30
assim também o será o Filho do homem para esta raça. A
rainha do sul se há de levantar, no dia do juizo, contra os 31
homens desta raça e condená-los ; porque ela acudiu das mais
longínquas plagas da terra para ouvir a sabedoria de Salo-
mão — e eis que aqui está quem é mais que Salomão. Os 32
habitantes de Nínive se hão de levantar, no dia do juízo,
contra esta raça e condená-la ; porque eles se converteram
com a pregação de Jonas — e eis que aqui está quem é mais
que Jonas !
Parábola da luz. Ninguém acende uma luz e a põe 33
em lugar oculto, nem debaixo do alqueire ; mas, sim, sobre
o candelabro, para que todos os que entram lhe vejam o ful-
gor. Tua vista é a luz do teu corpo. Enquanto tua vista for 34
sã, estará em luz todo o teu corpo ; mas, se ela ficar doente,
o teu corpo será tenebroso. Cuidado, pois, que não se torne 35
em trevas a luz que em ti está ! Se o teu corpo for todo lumi- 36
noso, sem nenhum ponto escuro, então, sim, estará tudo em
plena luz, como quando a luz te ilumina com seus fulgores".
Ai de vós, fariseus ! Ainda estava Jesus falando, 37
quando um dos fariseus o convidou a jantar em sua casa-
Foi, e sentou-se à mesa. Reparando o jariseu que não se la- 38
vara antes da rejeição, admirou-se.
a taça Ao e o que
pratoo Senhor
por fora,lheaodisse passo: "Vós,
que porfariseus,
dentro limpais
estais 39
cheios de rapina e iniquidade. Insensatos! acaso, quem fez 40
o exterior não fêz também o interior ? Dai antes de esmo- 41
la o que está por dentro, e tudo vos será limpo. Mas, ai de 42
vós, fariseus! que pagais o dizimo da hortelã, da arruda e
de toda a casta de hortaliças ; mas não fazeis caso da
justiça e do amor de Deus. Uma coisa se deve fazer, e a outra 43
não omitir. Ai de vós, fariseus, que gostais de ocupar lugar
de honra nas sinagogas e receber cumprimentos nas praças
públicas. Ai de vós ! que sois como sepulcros que não apa- 44
recém e sobre os quais a gente passa sem o saber".
Ai de vós, doutores da lei ! Disse- lhe então um 45
doutor da lei : "Mestre, com estas palavras também nos
ofendesA a nós".
da lei !Êle,que porém,
onerais respondeu
os homens :de"Aifardos de vós também, doutores
insuportáveis, quando 46
29 — do profeta Jonas.
38 — Começou o fariseu
teria êle lavado antesa discorrer
da refeição.lá consigo por que razão não se
132 Lucas 11, 47 — 12, 11

47 vós mesmos nem com um dedo tocais nesses fardos. Ai de


vós, que levantais mausoléus aos profetas, quando vossos
48 pais foram os que os mataram. Dest'arte dais testemunho
e aprovais o que fizeram vossos pais : mataram-nos êles, e
49 vós lhes levantais monumentos. Foi por isso que disse a
sabedoria de Deus : Mandar-lhes-ei profetas e apóstolos ;
50 e darão morte a uns e perseguirão a outros. Hão de pedir-se
contas a esta raça, do sangue de todos os profetas que foi
51 derramado desde a criação do mundo, a começar pelo sangue
de Abel, até ao sangue de Zacarias, morto entre o altar e o
templo. Sim, declaro- vos que disto se pedirão contas a esta
52 raça. Ai de vós, doutores da lei ! que tirastes a chave da ciên-
cia ; não entrastes vós mesmos, e pusestes embargo aos que
queriam entrar".
53 Saindo Jesus
lei a invectivá-lo com d"ai, entraramcumulando-o
veemência, os fariseus ede doutores da
perguntas.
54 E' quevra dalhe
suaarmavam
bôca. ciladas, a ver se apanhavam alguma pala-
Segunda viagem a Jerusalém
12 Cuidado com o respeito humano. Entrementes, j^T1^
tinha-seunsajuntado
2 lavam tamanha
aos outros. Dissemultidão de povo
então Jesus, que se atrope-
em primeira linha, 26, 276'f
para seos
us —! seus
querdiscípulos
dizer : a :hipocrisia.
"Cuidado — com o fermento
Porque nada hádossecreto
fari-
que não se torne manifesto, nem nada oculto que não se ve-
a nha a saber. O que dissestes ás escuras ouvir-se-á em plena
luz ; e o que segredastes ao ouvido, no interior dos aposentos,
apregoar-se-á de cima dos telhados.
4Não temais
Confissão
aquelesintrépida.
que matam A o vós, meuse nada
corpo, amigos,
maisadvirto
podem : ^~12ft:
28 -
5 aquele
fazer. que,
Mostrar- vos-ei a quem é que deveis temer:
depois da morte, pode também lançar ao inferno. Temei 12, 31 '
Este, sim, temei, digo-vos eu. Não se compram cinco pardais
6 por dez vinténs ? E, no entanto, nenhum deles está em esque-
7 cimento perante Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão
todos contados. Não temais, pois ; mais valor tendes vós
do que numerosos pardais.
8 Declaro-vos que quem me confessar diante dos ho-
mens, também o Filho do homem o confessará diante dos
9 anjos de Deus. Mas quem me negar diante dos homens,
também será negado diante dos anjos de Deus. Quem pro-
10 ferir uma palavra contra o Filho do homem será perdoado ;
mas quem injuriar o Espírito Santo não será perdoado.
n Quando vos arrastarem ás sinagogas e á presença de
magistrados e autoridades, não vos dêem cuidados o modo
nem as palavras com que responder, nem o que tiverdes de
53 — Dizendo Jesus estas coisas 54— bôca por onde o acusassem.
Lucas 12, 12 — 34 133

dizer ; porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora 12


o que deveis dizer".
Cuidado com a cobiça ! Disse-lhe então alguém do 13
povo : "Mestre, dize a meu irmão que divida comigo a
herança".
"Homem ! — respondeu-íhe ele — quem me consti- 14
etuiucautela
juiz oucompartidor
toda asobre
cobiçavós! ?"Ainda
E prosseguiu
que alguém : "Cuidado
viva em 15
abundância, não é da sua fortuna que depende a sua vida".
possuía E umpropôs campoa que
seguinte parábola fruto
lhe produzira : "Um homem rico
abundante. Ao 16
que ele se pôs a pensar consigo mesmo : Que farei ? não tenho 17
onde recolher os meus frutos. Isto é que farei, disse : vou lg
demolir os meus celeiros e construí-los maiores, para abrigar
toda a colheita e todos os meus bens. E então direi à minha
alma : Agora, sim, minha alma, tens em depósito grande ig
quantidade de bens para largos anos ; descansa, come, bebe,
regala- te ! Deus porém, lhe disse : Insensato ! ainda esta 2Q
noite exigir-te-ão a alma ; e as coisas que amontoaste, de
quem serão ?
Assim acontece a quem acumula tesouros para si, 21
em vez de enriquecer aos olhos de Deus".
Solicitudes vãs. E disse aos seus discípulos : "Pelo
que vos; digo
comer nem :o "Não
corpo,voso que
dê cuidados
haveis dea vida,
vestir.o que haveismais
Porque de 22
vale a Considerai
vida que o osalimento, e mais o corpo que o
corvos : não semeiam, nem ceifam, nãovestuário. 23
teem dispensa nem celeiros — Deus é que lhes dá de comer. 24
Quanto mais não valeis vós do que as aves. Quem de vós
pode, com todos os seus cuidados, prolongar a sua vida por 25
um palmo sequer ? Se portanto, nem sois capaz de cousa tão 26
pequenina, por que vos dais cuidados do mais ?
Considerai os lírios, como crescem : não trabalham,
nem fiam; e, no entanto, vos digo que nem Salomão, em 27
toda a sua glória, se vestiu jamais como um dêles. Se, pois,
Deus veste assim a erva que hoje está no campo, e ama-
nhã será lançada ao forno, quanto mais a vós, homens de 28
pouca fé !
Não pergunteis, por conseguinte, o que haveis de 29
comer ou de beber, nem vos deis a inquietações. Os pagãos 30
é que andam com todos êsses cuidados. Vosso Pai bem sabe
que disto haveis mister. Procurai, antes o seu reino, e aquilo
vos será dado de acréscimo. u
Tesouros celestes. Não temas, pequenino rebanho !
pois que aprouve ao vosso Pai dar-vos o reino. Vendei os
vossos haveres e dai esmola. Tratai de adquirir bolsas que 32
não envelheçam, um tesouro impericivel no céu, onde os la- 33
drões não penetram e que as traças não corrompem ; porque,
onde está o vosso tesouro aí está também o vosso coração. 34
31 — Procurai, em primeiro lugar, seu reino e sua justiça, e tudo
aquilo vos será dado de acréscimo.
134 Lucas 12, 35 — 57

35 Parábola dos servos vigilantes. Andai com os


36 mens
rins cingidos
que estão à espera de seu senhor, até queSede
e lâmpadas acesas nas mãos. voltecomo ho-Mc 43'
da festa 13,
37 nupcial, para lhe abrirem logo que chegue e bata. Bem ha- 33
jam esses servos a quem o senhor encontrar vigiando, à sua
chegada ! Em verdade vos digo que se há de cingir, fará
38 sentarem-se à mesa, e andará aqui e acolá, a servi-los. Ve-
nha á segunda, venha á terceira vigília ; se os encontrar
assim — bem hajam esses servos !
Isto, porém, notai : Se o pai de familia soubesse
em que hora viria o ladrão, de certo ficaria vigiando e não
40 deixaria arrombar a sua casa. Ficai, pois, alerta também vós ;
porque o Filho do homem virá numa hora em que não o es-
perais".
41 Perguntou-lhe Pedro : "Senhor, é só a nós que re-
feres esta parábola, ou a todos ?"
42 e prudente Tornoua quem o Senhor : "Quem
o senhor será sobre
constituiu o dispenseiro fiel
seus fâmulos
43 para, a seu tempo, lhes dar o sustento adequado ? Bem haja
o servo a quem o senhor, à sua chegada, encontrar com esse
44 procedimento ! Em verdade, vos digo que lhe confiará a
45 administração de todos os seus bens. Se, pelo contrário,
aquele servo disser consigo mesmo : Meu senhor não virá
tão cêdo ; e começar a maltratar os criados e as criadas, a
46 comer e beber e embriagar-se, aparecerá o senhor desse servo
num dia em que ele não o espera, e numa hora que desco-
nhece, e o fará em postas, e lhe dará lugar entre os infiéis.
47 O servo que, conhecendo a vontade de seu senhor, mas
não vigiar e se guiar por essa vontade, apanhará muitos
48 açoites. Quem, todavia, fizer por ignorância o que mereça
castigo, receberá poucos açoites. A quem muito foi dado
muito se lhe pedirá ; e a quem muito confiaram tanto mais
lhe hão de exigir.
49 Divisão dos espíritos. Eu vim para lançar fogo á ^
50 terra — e quisera que já ardesse ! Mas tenho de passar 34'
ainda por um batismo — e como anseio por que se realize !
51 Pensais que vim trazer a paz à terra ? Não, digo-vos eu, mas
52 a separação. Daqui por diante haverá discórdia entre cinco
que se acharem na mesma casa ; três contra dois, e dois con-
53 tra três ; pai contra filho, e filho contra pai ; mãe contra
filha, e filha contra mãe ; sogra contra nora, e nora contra
sogra".
54 Sinais
des subir uma donuvem
tempo.ao poente,
E disse logo
às turbas
dizeis :: "Quando vê- wt~i6
Vai chover. 1 ; 5/ '*
55 E assim acontece. E quando reparais que há vento-sul, di- 25
56 zeis : Vamos ter calor. E assim sucede. Hipócritas ! sa-
beis compreender os sinais do céu e da terra ; e como é que
57 não compreendeis o tempo presente ? por que não atinais, por
vós mesmos, o que é justo ?
Lucas 12, 58 — 13, 19 135

Quando fores com o teu adversário à autoridade, trata 58


de livrar-te dêle ainda em caminho, para que ele não te arras-
te ao juiz, o juiz te entregue ao oficial da justiça, e o oficial
da justiça te lance à cadeia. Digo-te que daí não sairás 59
até que houveres pago o último vintém".
Exortação á penitência. Chegaram, neste momen- 13
to, alguns e lhe falaram dos galileus cujo sangue Pilatos
mandara derramar, no ato de sacrificarem.
Observou-lhes
eram pecadores maioresJesus
do :que"Pensais
todos os quemais esses galileus
galileus, por 2
terem sofrido aquilo ? De modo nenhum, vos digo eu. Mas, 3
se não vos converterdes, perecereis todos também. Ou cui- 4
dais que aqueles dezoito que pereceram no desabamento da
torre de Siloé eram mais culpáveis do que todos os outros
habitantes de Jerusalém? De modo nenhum, digo-vos eu. 5
Mas, se não vos converterdes, perecereis também todos
vós".
A figueira estéril. Passou a propor-lhes a seguin- 6
te raparábola
na sua vinha. : "Certo homem tinha
Veio procurar-lhe frutoplantado
; mas não umao achou.
figuei-
Disse então ao viticultor : Ha três anos que venho procurar
fruto nesta figueira, e não encontro. Corta-a ; para que
ocupa ainda o terreno ?
Senhor, respondeu-lhe aquele, deixa-a ainda êste 8
ano. Vou cavar em derredor e deitar estrume ; talvez
chegue a dar fruto ; se não, mandarás cortá-la. 9
A mulher encurvada . Estava J esús ensi nando numa 1o
sinagoga em dia de sábado. E eis aí uma mulher que, havia 11
dezoito anos, tinha um espirito de enfermidade ; andava
encurvada, sem poder aprumar-se de modo algum. Jesus, 12
vendo-a, chamou-a a si e disse-lhe : "Senhora, estás livre da
tua enfermidade".
glorificando a Deus. Impôs-lhe as mãos, e logo ela se aprumou, 13
Indignado de que Jesus curara em dia de sábado, 14
disse o balharchefe
; nêlesdavinde
sinagoga ao povocurar
e fazei-vos : "Seis
; masdiasnãohá emparadiatra-
de
sábado".
um de Replicou-lhe
vós o seu boio Senhor : "Hipócritas
ou burro ! não em
da mangedoura, soltadiacada
de 15
sábado, para levá-lo a beber ? E esta filha de Abraão, que 16
Satanaz trazia presa já por dezoito anos, não devia ser li-
bertada desse vinculo, em dia de sábado ?"
A estas palavras envergonharam-se todos os seus 17
adversários. O povo, porém, alegrava-se de todos os gloriosos
feitos que ele realizava.
O grão de mostarda. Disse então : "Com que coisa 18
se
te parece o reino
a um grão de demostarda,
Deus ? a que
que um
o compararei ? E' semelhan-
homem tomou e semeou 19
Lucas 13, 20 — 14, 2

em sua horta ; cresceu e fez-se uma grande árvore ; e vieram


as aves do céu aninhar-se nos seus ramos".
20
21 O fermento.
comparar Continuou
o reino de Deus dizendo : "Com
? Assemelha-se a um que hei de
fermento
que uma mulher tomou e meteu em três medidas de farinha,
até ficar tudo levedado".
A porta cerrada. Assim percorria ele as cidades e 22—
aldeias, ensinando, enquanto seguia rumo a Jerusalém.
23 Perguntou-ihe alguém : "Senhor, são poucos os que se
salvam ?"
24 Respondeu-lhes ele : "Esforçai-vos por entrar pela
25 porta estreita ; porque vos digo que muitos procurarão
entrar, e não o conseguirão. Uma vez que o dono da casa
se tenha levantado e cerrado a porta, ficareis vós da parte
de fora, batendo á porta e clamando : Senhor, abre-nos !
Ele, porém, vos responderá : Não sei donde sois vós.
26 Então direis : mas nós comemos e bebemos contigo,
e tu andaste ensinando pelas nossas ruas. Êle, todavia, res-
>c* pondera : Digo-vos, não sei donde sois vós; apartai-vos de
28 mim, todos vós, malfeitores ! Então haverá choro e ranger
de dentes, quando virdes no reino de Deus a Abraão, Isaac
29 e Jacó e todos os profetas, e vós expulsos. Virão do oriente
30 e do ocidente, do norte e do sul, e sentar-se-ão à mesa no
reino de Deus. E eis que haverá últimos que serão primeiros,. '
e primeiros que serão últimos".
21 Jesús e Herodes. Na mesma hora chegaram alguns
dos fariseus e ciisseram-lhe : "Sai e retira-te daqui ; porque
Herodes te quer matar".
32 Eis queRespondeu-lhes
vou expulsandoJesús : "Ide ee fazendo
demónios dizei a curas,
essa raposa
hoje é:
33 amanhã ; e só no terceiro dia terminarei. Mas hoje, ama-
nhã e depois de amanhã tenho de caminhar ; porque não
convém que um profeta pereça fora de Jerusalém.

34 Queixa sobre Jerusalém. Jerusalém, Jerusalém! 34—35:


que matasvezesos tenho
quantas profetas e apedrejas
querido reunir osos teus
que filhos,
te sãoassim,
enviados
çcmo ! Mt 2^'
a galinha recolhe a sua ninhada debaixo das asas; vós, porém,
35 não quisestes. Eis que vos será deixada deserta a casa! de-
claro-vos que já não me vereis até que chegue o tempo em
que digais : Bendito seja o que vem em nome do Senhor!"
14 Cura dum hidrópico. Entrando Jesús, num sába-
do, em casa de um dos mais notáveis fariseus para tomar
refeição, estavam êles a observá-lo. Apareceu diante dele
27 — vos responderá 31 — No mesmo dia
34 — tu, porém, não quiseste.
137
Lucas 14, 3 — 22

um homem hidrópico. Perguntou Jesus aos doutores da lei 3


e aos fariseus : "E' licito curar em dia de sábado ou não ?"
Êles, porém, permaneceram calados. Então tomou 4
Jesus o homem, curou-o e mandou-o embora. Em seguida, 5
disse-lhes : "Se a algum de vós cair no poço um jilho ou um
que não
boi, o tirará logo,
replicar-lhe mesrno em dia de sábado ?" Não sabiam
a isto. 6

O último lugar no festim. Reparando como os con- 7


vidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta
parábola:
festa nupcial, "Quando fores convidado
não ocupes o primeiro por alguém
lugar ; aporque
uma 8
p )de ser que outra pessoa de mais consideração do que tu
tenha sido convidada e, vindo o teu e seu hospedeiro, te 9
diga : cede o lugar a êste ; e tu, cheio de vergonha, deve-
rias ocupar o último lugar. Não ; quando fores convidado, 10
vai tomar o último lugar. Se então vier o teu hospedeiro e te
disser : Amigo, passa mais para cima — será isto uma honra 11
para ti, aos olhos de todos os compaheircs de mesa. Porque
todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha
será exaltado".
Hóspedes pobres. Ao hospedeiro, porém, disse : 12
"Quando nemderes
amigos, teusalgum
irmãos,jantar
nem ou
teus ceia, não convides
parentes, os teus
nem os vizinhos
ricos ; para que não te convidem eles, por seu turno, e assim
te paguem ; não, quando deres algum banquete, convida os 13
pobres, os aleijados, os coxos e os cegos ; feliz de ti ! porque 14
esses não teem com que te retribuir ; mas terás a tua retri-
buição na ressurreição dos justos.
Parábola do grande banquete. Ouvindo isto um
dos convivas, disse-lhe : "Feliz de quem se banquetear no
reino de Deus !" 16
Tornou-lhe Jesús : "Um homem preparou um grande
banquete e convidou muita gente. Chegada a hora do ban- 17
quête, enviou seu servo a dizer aos convidados : Vinde, está 18
pronto ! Mas, todos á uma começaram a excusar-se. Disse-
lhe o primeiro : Comprei uma quinta, e preciso ir vê-la ; 19
rogo-te me tenhas por excusado. Outro disse : Comprei
cinco juntas de bois, e vou experimentá-los ; rogo-te me tenhas 20
por excusado. Um terceiro disse : Casei-me, e por isso não
posso ir.
Voltou o servo e referiu isto a seu senhor. Indignou-se 21
o dono da casa, e ordenou a seu servo : Sai depressa pelas
ruas e bêcos da cidade, e conduze-me aqui os pobres, os alei- 22
jados, os cegos e os coxos.
Senhor — noticiou o servo — está cumprida a tua
ordem, e ainda há lugar.

5 — jumento 18 — está tudo


138 Lucas 14, 23 — 15, 9

23 Disse o senhor ao servo : Sai pelos caminhos e


cercados, e obriga a gente a entrar, para que se encha a mi-
24 nha casa. Pois, declaro-vos que nenhum daqueles homens
que tinham sido convidados provará o meu banquête' .
25 Cristianismo integral. Seguiam-no grandes mui- 25 — 27:
^6 mim,
tidões. masVoltou-se não odiar Jesus
seu e pai
disse-lhes : "Semulher
e sua mãe, alguéme vier
filhos,a Mt }®'
irmãos e irmãs, e ainda a si mesmo, não pode ser rneu
27 discípulo. Quem não carregar a sua cruz e me seguir, não
pôde ser meu discípulo.
23 Quando algum de vós quer edificar uma torre, não
se senta antes para calcular se dispõe dos meios necessários
2i) para a obra ? pois, se lançar os alicerces e não puder ter-
minaria obra, toda a gente que o vir zombará dele, dizen-
30 do : Esse homem começou uma construção, e não a pôde
levar a termo.
li Ou quando um rei quer empreender uma guerra con-
tra outro rei, não se senta antes para deliberar, se com dez
mil homens pode sair a campo contra quem vem atacá-lo
32 com vinte mil ? No caso contrário, mandará uma embaixada,
enquanto o outro ainda está longe, solicitando convénios de
23 paz. Do mesmo modo, não pode nenhum de vós ser meu
discipulo, se não renunciar a tudo quanto possue.
34 O sal é coisa boa. Mas, se o sal se desvirtuar, com Mt 5,
35 que se há de temperá-lo ? não presta nem para terra nem para Mc x^
estrume ; mas é lançado fora. Quem tem ouvidos para ouvir, 50'
ouça

15 Parábola da ovelha desgarrada. Aproximava-se de írr7^


I"

Jesus toda a espécie de publicanos e pecadores para o ouvir. 12'


2 Murmuravam disto os fariseus e escribas, dizendo : "Este
homem acolhe os pecadores e come com eles".
3
4 um de Ao vós que Jesuscemlhesovelhas,
possuir propôs ea perder
seguinteuma,parábola : "Seas
não deixa
noventa e nove no deserto e vai no encalço da que se perdeu,
5 ate a encontrar ? E, tendo-a encontrado, põe-na aos ombros,
cheio de alegria ; e, de volta a casa, reúne os amigos e vizi-
6 nhos, dizendo-lhes : Congratulai-vos comigo, porque encon-
trei aminha ovelha que se perdera.
7 Digo- vos que, do mesmo modo, haverá maior júbilo
no céu por um pecador que se converte do que por noventa
e nove justos, que não necessitam de conversão".
8 Parábola da dracma perdida. Ou, se uma mulher
possuir dez dracmas, e perder uma, não acende a candeia,
não varre a casa e procura com afinco, até encontrá-la ? e,
tendo encontrado a dracma, convoca suas amigas e vizinhas,
9 dizendo : Congratulai-vos comigo ; porque encontrei a
dracma que perdera.
139
Lucas 15, 10 — 32

Do mesmo modo, digo-vos eu, haverá júbilo entre os 10


anjos de Deus por um pecador que se converte".
Parábola do filho pródigo. Prosseguiu, dizendo : li
"Um homem tinha dois filhos. Disse o mais novo dêles 12
ao pai : Pai, dá-me o quinhão dos bens que me toca. Ao que
ele lhes repartiu os bens.
Passados poucos dias, o filho mais moço juntou 13
tudo e partiu para uma terra longínqua. Aí esbanjou a sua
fortuna numa vida dissoluta. Depois de tudo dissipado, 14
sobreveio uma grande fome àquele país ; e ele começou a
sofrer necessidade. Retirou-se então e pôs-se ao serviço de 15
um dos cidadãos daquela terra. Este o mandou para os seus
campos guardar os porcos. Ansiava ele por encher o estorna- 16
go com as vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas
dava.
Então entrou em si e disse : Quantos trabalhadores, 17
em casa de meu pai, teem pão em abundância, e eu aqui morro
de fome. Levantar-me-ei e irei ter com meu pai, e lhe direi : 18
Pai, pequei contra o céu e diante de ti ; já não sou digno de 19
ser chamdo teu filho ; trata-me tão somente como um dos
teus trabalhadores.
Levantou-se, pois, e foi em busca de seu pai. 20
O pai avistou-o de longe, e, movido de compaixão,
correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e beijou-o.
Disse-lhe o filho : Pai, pequei contra o céu e diante de ti ; 21
já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém,
ordenou, a seus servos : Depressa, trazei a melhor veste e 22
vesti-lha ; pcnde-lhe um anel no ced ) e calçado nos pés.
Buscai também o novilho gordo e carneai-o. Celebremos um 23
festim e alegremo-nos ; porque este meu filho estava morto,
e ressuscitou ; andava perdido, e foi encontrado. 24
E começaram a celebrar um festim.
Entrementes, estava o filho mais velho no campo. 25
Quando voltou e se aproximou da casa, ouviu música e dan-
ças. Chamou um dos criados e pcrguntou-lhe o que era aquilo. 26
Respondeu-lhe ele : Chegou teu irmão, e teu pai mandou 27
carnear o novilho gordo ; porque o recebeu são e salvo.
Indignou-se ele e não quis entrar. Saiu então o pai e procurou 28
persuadi-lo. Ele, porém, respondeu ao pai : Há tantos anos 29
que te sirvo, e nunca transgredi nenhum mandamento teu ;
e nunca me déste um cabrito para eu me banquetear com os
meus amigos. Mas. logo que chegou esse teu filho, que dissi- 30
pou os teus bens com meretrizes, lhe mandaste carnear o
novilho gordo.
Meu filho — tornou-lhe o pai — tu estás sempre co- 31
migo, e tudo que é meu é teu. Mas não podíamos deixar de 32
celebrar um festim e alegrar-nos; porque êste teu irmão esta-
va morto e reviveu ; andava perdido e foi reencontrado".
30 — seus
140 Lucas 16, 1 — 20

16 Parábola do feitor infiel. Continuou Jesus a dizer


aos
feitor.seusAdiscípulos : "Haviaperante
Este foi acusado um homem
ele de rico,
lhe que tinha umos
defraudar
2 haveres. Mandou-o, pois, chamar e lhe disse : Que é isto
que ouço dizer de ti ? dá conta da tua administração, porque
já não poderás ser meu feitor.
3 Disse então consigo o feitor : Que farei ? pois que
meu amo me tira a administração ? cavar a terra não posso,
4 e de mendigar tenho vergonha. Sei o que vou fazer para que,
quando for removido da administração, haja quem me receba
em sua casa.
5 Mandou, pois, chamar, um após outro, os devedores
de seu amo. E perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu
senhor ?
6 Cem jarros de azeite — respondeu ele.
e escreve Tomacincoenta.
os teus papéis — disse-lhe — senta-te aí depressa
7 Perguntou a outro : E tu, quanto deves ?
Cem alqueires de trigo — respondeu ele.
Toma os teus papéis — disse-lhe — e escreve oitenta.
8 E o senhor reconheceu que o feitor infiel procedera
com
trato tino. E' quesemelhantes,
com seus os filhos deste mundo
do que são mais
os filhos atilados, no
da luz.
9 Também eu vos digo : granjeai-vos amigos com as
riquezas vãs, para que, quando vierdes a falecer, vos recebam
nos tabernáculos eternos.
10 Quem é fiel nas coisas mínimas é fiel também no muito;
e quem é infiel em coisas mínimas é infiel também no muito.
11 vSe não administrardes fielmente as riquezas vãs, quem vos
12 confiará os bens verdadeiros ? E, se não administrardes
fielmente os bens alheios, quem vos entregará o que é vosso ?
13 Nenhum servo pode servir a dois senhores ; ou terá ódio a
um e amor a outro, ou aderirá a um e não fará caso do outro.
Não podeis servir a Deus e ás riquezas.
-4 Pseudo-santidade dos fariseus. Ouviam tudo isto
os fariseus, amigos do dinheiro, e faziam escárneo de Jesus.
15 Ao que
olhos dos homens;ele lhes
mas disse
Deus : conhece
"Vós vosos dais
vossosporcorações.
justos aosO
que parece sublime aos homens é abominação perante Deus.
16 A lei e os profetas vigoraram até ao tempo de João ; desde
então é anunciado o evangelho do reino de Deus — e todos
17 lhe fazem violência. Entretanto, mais fácil é passarem o céu
18 e a terra do que abolir-se um só pontinho da lei. Quem re-
pudiar sua mulher e casar com outra comete adultério ; e
quem casar com a que foi repudiada pelo marido, comete
adultério.
19 Parábola do rieo gozador e do pobre Lázaro. Ha-
via um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssi-
20 sua
mo porta
e se banqueteava esplendidamente
jazia um mendigo, todos os
de nome Lázaro, tododias. A'
coberto
Lucas 16, 21 — 17, 10 141

de úlceras. De bom grado se fartara com as migalhas que 21


caíam da mesa do rice. Vinham até os cães e lambiam-lhe
as úlceras. Faleceu o mendigo, e foi levado pelos anjos ao 22
seio de Abraão. Morreu também o rico, e foi sepultado. No
inferno ergueu os olhos, do meio dos tormentos, e avistou ao 23
longe a Abraão, e Lázaro no seio dele. E pôs-se a clamar :
Pai Abraão, tem piedade de mim e manda a Lázaro para 24
que molhe na água a ponta do dedo e me refrigere a lín-
gua ; porque sofro grandes tormentos nestas chamas.
Replicou-lhe Abraão : Lembra-te, meu filho, que pas-
saste bem durante a vida, enquanto Lázaro passou mal. Ago- 25
ra é ele consolado aqui, e tu atormentado. Além disto, me-
deia entre nós e vós um grande abismo, de maneira que nin- 26
guém pode passar daqui para vós, nem daí para cá, ainda que
quisesse.
Tornou aquele : Rogo-te, pai, que o mandes á minha
casa paterna ; tenho cinco irmãos ; que os previna para que 27
não venham também eles parar neste lugar de tormentos. 28
Respondeu-lhe Abraão : Teem Moisés e os profetas ;
que os ouçam. 29
Não, pai Abraão — replicou ele — mas, se um dos de-
funtos for ter com eles, hão de converter-se. 30
Disse-lhe Abraão : Se não dão ouvido a Moisés e
aos profetas, tão pouco acreditarão quando alguém ressus- 31
citar dentre os mortos".
Exortações aos discípulos. Disse Jesús a seus dis-
4 = cípulos : "E' inevitável que venham escândalos ; mas ai 17
6' do homem por quem veem ! melhor lhe fora que lhe atassem
c 9, ao pescoço uma mó e o lançassem ao mar, do que ser ele 2
42 ocasião de pecado a um dêsses pequeninos.
Tende cuidado de vós mesmos ! Se teu irmão pecar, 3
-4: repreende-o ; e, se se arrepender, perdoa-lhe. E, se pecar 4
b |!» contra ti sete vezes por dia, e vier ter contigo sete vezes
dizendo : Estou arrependido — perdoa-lhe".
Pediram os apóstolos ao Senhor : "Aumenta-nos 5
~617 a fé *
'• 20'
ii, de mostarda Respondeu o Senhora :esta'Seamoreira
e disserdes tiverdes :fé,Desarraíga-te
como um grãoe 6
23 transplanta-te para o mar — obedecer- vos-á.
Parábola do servo. Quem de vós dirá a seu servo 7
de lavoura ou rebanho, quando volta do campo : Vem
cá depressa e senta-te á mesa ? Não lhe dirá antes : Prepa- 8
ra-me o jantar, cinge-te, e serve-me enquanto como e bebo ;
depois tu comerás e beberás ? Será que fica devendo obriga- 9
ções ao servo, porque este lhe cumpriu as ordens? Assim 10
também vós, depois de cumprirdes tudo o que vos for man-
21 — rico, mas ninguém lhas dava. 3 — pecar contra ti
23 — sepultado no inferno. Ergueu 9 — ordens ? Creio que não.
142 Lucas 17, 11 — 36

dado, dizei : Somos servos inúteis ; fizemos apenas c que


era da nossa obrigação".
Terceira viagem a Jerusalém
Os dez leprosos. De caminho para Jerusalém,
^
13 passou Jesus entre a Samaria e a Galiléia. Ao entrar em certa
aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos. Pararam ao
longe e bradaram : "Jesus, Mestre, tem piedade de nós!"
14 Ao vê-los, disse-lhes Jesus : "Ide e mostrai-vos ao
sacerdote". E aconteceu que, pelo caminho, ficaram limpos.
15 Mas só um deles, vendo-se limpo, voltou atrás, louvando a
16 Deus em altas vozes. Veio prostrar-se de face em terra, aos
pés de Jesus, agradecendo-lhe. Era samaritano.
17 Perguntou Jesus : "Não foram dez os que ficaram
18 limpos ? e os nove, onde estão ? não houve quem voltasse e
19 désse glória a Deus, senão só este estrangeiro ?" E disse-lhe :
"Levanta-te e vai ; a tua fé te salvou".
20 O advento do reino de Deus. Perguntaram os fa-
riseus
reino de Deus quando viria
não vemo reino
com deaparato
Deus. exterior
Respondeu-lhes
; não se :pode
"O
21 dizer : Ei-lo aqui ou acolá ! O reino de Deus está dentro de
22 vós".
em queEmdesejareis seguida,verdisse
um asó seus discípulos
dos dias : "Dias
do Filho virão
do homem,
23 e não o vereis. Dir-vos-ão : Ei-lo aqui ! ei-lo acolá ! Não
24 vades lá, lâmpago
nembrilhaosduma
sigais. Porque, do'
extremidade do mesmo
céu até modo que assim
á outra, o re-
25 será também com o Filho do homem em seu dia. Mas im-
porta que êle primeiro sofra muito e seja rejeitado por esta
geração.
26 Como aconteceu nos dias de Noé, assim será também
27 nos dias do Filho do homem : comiam e bebiam, casavam e
28 davam em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca ;
veio o dilúvio e perdeu-os todos. Da mesma forma aconteceu
29 nos dias de Ló : comiam e bebiam, compravam e vendiam,
30 plantavam e edificavam. Mas, no dia em que Ló saiu de So-
doma, caiu fogo e enxofre do céu e perdeu-os todos. Bem
assim há de ser no dia em que aparecer o Filho do homem.
81 Quem, nesse dia, se achar no telhado e tiver em casa os seus
32 utensílios, não desça para buscá-los. Do mesmo modo, quem
33 se achar no campo não volte atrás. Lembrai-vos da mulher
de Ló. Quem procurar salvar sua vida, perdê-la-á; mas quem
34 a perder, conservá-la-á. Digo- vos que, naquela noite, de dois
que estiverem num leito, um será tomado, e o outro deixa-
25 do; de duas mulheres que estiverem moendo juntas, será
36 tomada uma e deixada a outra.

36 — outra. De dois que estiverem no campo, um será tomado e o outro


deixado.
Lucas 17, 37 — 18, 21 143

Perguntaram-lhe : "Onde será isto, Senhor ?" 37


Respondeu-lhes Jesus : "Onde houver carniça aí se
ajuntam as águias".
Parábola do juiz iníquo. Fêz-lhes ver, numa pa- 18
rábola, que importa orar sempre, e não desfalecer. Disse :
"Vivia numa
peitava homemcidade
algum.um Havia
juiz quena não
mesmatemiacidade
a Deusumanemviúva.
res- 23
Foi ter com ele e disse-lhe : Reivindica os meus direitos contra
meu adversário. Negou-se ele a atendê-la por muito tempo.
No fim de contas, porém, disse consigo mesmo : Verdade c j
que não temo a Deus nem respeito homem algum ; mas essa
viúva tanto me importuna que lhe farei justiça, para que não 5
acabe por meter-me as mãos na cara".
iníquo Prosseguiu
! E Deus onãoSenhor : "Escutai
faria justiça a seuso eleitos,
que dizquando,
o juiz 76
dia e noite, clamarem a ele ? deixá-los-ia esperar muito tem-
po ? Digo- vos que bem depressa lhes fará justiça. Entretanto, 8
quando o Filho do homem vier, encontrará fé sobre a terra ?"
Parábola do fariseu e do publicano. Propôs mais 9
esta parábola a alguns que, cheios de si, se tinham em conta
de
ao justos
templo e para
desprezavam
orar. Umos era outros : "Doiso outro
fariseu, homenspublicano.
subiram 103 x
O fariseu, em pé, orava assim consigo mesmo : Eu te dou
graças, meu Deus, por não ser como os outros homens, como os
ladrões, injustos e adúlter os, nem como esse publicano. Eu -^2
jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quan-
to possuo. 18
O publicano, porém, conservava-se á distancia e não
ousava sequer levantar os olhos ao céu ; mas batia no peito,
dizendoDigo-vos
: O" Deusque ! este
tem voltou
piedadepara
de mim, pecador !e não i {
casa justificado,
o outro. Porque quem se exalta será humilhado; e quem se
humilha será exaltado".
i iT: Jesús e as crianças. Trouxeram-lhe umas crianci-
t 19, nhãs para que as tocasse. Vendo isto os discípulos, repeliam
-' ^ a gente. Jesús, porém, chamou-as a si, dizendo: "Deixai 16
c 13' que venham a mim as crianças, e não lho embargueis ; porque
de tais é o reino de Deus. Em verdade, vos digo : Quem não 1 '
receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele".
l 27 : O jovem rico. Um homem de posição dirigiu a 18
t 19. Jesús esta pergunta : "Bom Mestre, que devo fazer para
a vida eterna ?"
c jfj alcançarRespondeu-lhe
x 17'
20, só Deus é bom. Conheces Jesús: os "Por que me chamas
mandamentos bom? 201!'
: Não come-
12 terás adultério, não matarás, não furtarás, não dirás falso
16' testemunho, honrarás pai e mãe".
Tornou o outro : "Tudo isto tenho observado desde 21
pequeno".
Lucas 18, 22 — 42

?2 ainda :Ouvindo isto, os


Vende todos disse-lhe Jesús:
teus bens, dá-os "Uma coisa tee terás
aos pobres, falta

23 um tesouro
A estasno céupalavras
; depoisentristeceu-se
vem e segue-me".
ele profundamente ;
porque era muito rico.
21
25 entraremQuando Jesús
no reino o viu osassim,
de Deus disse : riquezas
que possuem "Como é! difícil
Mais
fácil é passar um camelo pelo fundo duma agulha do que
entrar um rico no reino de Deus".
26 Ao que os ouvintes observaram : "Quem pode então
salvar-se ?"
27 Respondeu ele : "O que aos homens é impossivel c
possível a Deus".
28 Pobreza voluntária. Disse então Pedro: "Eis que 28—30:
nós deixámos os nossos bens e te seguimos". Mt g?'
29 aquele Tornou-lhes
que pelo reinoele de: Deus
"Em abandonar
verdade, voscasa,digo
pais,: irmão,
Todo Mc 28io,
30 mulher ou filhos, receberá muito mais neste mundo, e no
mundo futuro a vida eterna.
ATIVIDADE DE JESUS NA JUDEIA E EM JERUSALÉM
Partida para Jerusalém
31 Jesus prediz pela terceira vez a sua paixão e mor- 31 —34 :
te. Em seguida, chamou á parte os doze e disse-lhes : Mt ^
"Eisprofetas
"2 os que vamos para Jerusalém,
escreveram a respeito e documprir-se-á tudo quanto
Filho do homem. VaiMc 32io,
33 ser entregue aos pagãos ; hão de escarnecê-lo, maltratá-lo e
cuspir nele. Depois de o açoitarem, hão de matá-lo. No
31 terceiroÊles,
dia,porém,
porém,nãoressurgirá".
compreenderam nada disto. Era-
lhes obscura essa linguagem, e não atinaram com o sentido
das suas palavras.
35 O cego de Jericó. Quando se aproximava de Jeri-
có, achava-se um cego sentado á beira do caminho, pedindo
36 esmola. Ouvindo o tropel da gente que passava, perguntou
3? o que era aquilo. Disseram-lhe que vinha passando Jesús de
38 Nazaré. Ao que ele se pôs a clamar : "Jesús, Filho de Davi,
tem piedade de mim !"
39 Os Cjue vinham á frente, repreenderam-no para que se
calasse. Ele, porém, clamava cada vez mais : "Filho de
Davi, tem piedade de mim !"
40 Então J esús parou e mandou que lho trouxessem . Ten-
41 do chegado, perguntou-lhe : "Que queres que te faça ?"
"Senhor, que eu torne a ver" — respondeu ele.
42 "Torna a ver — disse-lhe Jesús. — A tua fé te curou".
24 — assim tão triste
145
Lucas 18, 43 — 19, 22

No mesmo instante via, e o foi seguindo, glorificando 43


a Deus. Também todo o povo que isto presenciara louvava a
Deus.
Zaqueu. Chegou Jesus a Jericó e atravessou a ci- 19
dade. Havia aí um homem de nome Zaqueu. Era chefe 2
de publicanos e rico. Desejava conhecer Jesus de vista ; 3
mas não lhe foi possível por causa da multidão ; porque era
pequeno de estatura. Pelo que correu adiante e subiu a um 4
sicômoro para vê-lo ; porque devia passar por aí.
Chegado ao lugar, Jesus levantou os olhos e disse-lhe 5
"Desce depressa, Zaqueu ; porque hoje tenho de ficar em tua
casa". Desceu ele a toda a pressa e recebeu-o com satisfação. 6
Todos os que isto viram murmuravam, dizendo : 7
"Hospedou-se em casa dum pecador". Zaqueu, porém, 8
apresentou-se ao Senhor e disse : "Eis, Senhor, dou aos
pobres metade dos meus bens ; e, se defraudei alguém, res-
tituo o quádruplo".
porque Disse-lhe
também Jele esúsé filho
: "Hoje entrou a salvação
de Abraão. nesta docasaho-;
Pois o Filho 109
mem veio para procurar e salvar o que se perdera".
Parábola das dez minas. Como estava perto de U
Jerusalém, a gente pensava que o reino de Deus estivesse
prestes a manifestar-se. Pelo que propôs Jesus a seus ouvin-
tes mais uma parábola dizendo :
longínquo "Um afim homem de nobre
de obter linhagemreal,partiu
a dignidade para regressar.
e depois um país 12
Mandou por isso vir á sua presença os seus dez servos e entre- 13
gou-lhes dez minas, dizendo-lhes : "Negociai com isto até
que euOsvolte". seus concidadãos, porém, odiavam-no, e envia- 14
ram-lhe no encalço uma embaixada com esta declaração :
Não queremos que êste seja nosso rei. Êle, todavia, obteve a 15
dignidade real, e regressou. E mandou chamar os servos a
quem entregara o dinheiro, para saber que negócio fizera
cada qual.
Veio o primeiro e disse : Senhor, a tua mina rendeu 16
mais dez minas.
Muito bem, servo bom — respondeu ele — por que foste 17
fiel no pouco, serás governador de dez cidades.
Veio o segundo e disse : Senhor, a tua mina rendeu 18
cinco minas.
Respondeu igualmente a êste : Terás poder sobre 19
cinco cidades.
Veio um terceiro e disse : Eis aqui, Senhor, a tua 20
mina ; guardei-a num lenço ; porque tinha medo de ti, 21
que és homem severo ; tiras o que não colocaste, e colhes o
que não semeaste. Disse-lhe o senhor : Servo mau ! por 22
5 — viu-o e disse-lhe
Lucas 19, 23 — 44

tua própria boca te condenarei. Sabias que sou homem severo,


23 que tiro o que não coloquei, e colho o que não semeei ; por
que, pois, não colocaste o meu dinheiro no banco, para que,
24 ao voltar, o recebesse eu com juros ? Tirai-lhe a mina — or-
denou aos circunstantes - e entregai- a a quem tem dez minas.
25 Senhor — retrucaram-lhe — ele já tem dez minas.
26 Pois eu vos declaro que ao que tem dar-se-lhe-á ;
mas ao que não tem, tirar-se-lhe-á até aquilo que possue.
27 Quanto a esses meus inimigos que não me quiseram como
2S rei, trazei-mos
Dito isto,cácontinuou
e matai-osa subir,
na minha
rumo presença".
a Jerusalém.
Feitos messiânicos
29 Entrada em Jerusalém. Quando chegou perto de
Betfagé e de Betânia, ao chamado monte das Oliveiras, j?9 —34 :
30 enviou dois dos seus discípulos com esta ordem : "Ide á aldeia ' 1 \
que tendes emamarrado,
jumentinho frente. A' noentrada qual daainda
mesmaninguém
encontrareis
montouum ;Mc 11,1
31 desatai-o e conduzí-mo aqui. Se alguém vos perguntar por
32 que o soltais,Partiramrespondei-lhe
os enviados: ePorque o Senhorcomo
encontraram precisalhesdele".
dis-
33 ser a. Quando iam desatando o jumentinho, perguntaram os
34 donos do mesmo: Por que soltais o jumentinho ? Respon-
35 deram : Porque o Senhor precisa dêle. E conduzi ram-no a
Jesus.
36 Em seguida, lançaram as suas vestes sobre o jumenti-
nho e fizeram Jesus montar nele.
37 sobre oA'caminho. sua passagem, Já vinha a chegando
gente estendia
á descidaos doseusmonte
mantos
das
Oliveiras, quando toda a multidão dos seus discípulos, em
transportes de alegria, começaram a louvar a Deus em altas
vozes, por ciado.causa
Clamavamde : todas as maravilhas que tinham presen-
38 "Bendito seja o rei que vem em nome do Senhor !
paz no Disseram-lhe
céu e glória nas entãoalturas
alguns!" dos fariseus que se achavam
39 no meio da multidão : "Mestre, chama á ordem os teus dis-
cípulos".
Respondeu-lhes ele : "Digo-vos que, se eles se ca-
40 larem, clamarão as pedras".
Queixumes de Jesús. Aproximando-se e vendo a
41 cidade,
42 conhecesses, chorou sobreteuela,dia,dizendo
e neste o que :te poderia
"Ah ! setrazer
também a paztu!
entretanto, está oculto a teus olhos. Virão dias sobre ti em
43 que teus inimigos te cercarão de trincheiras, te hão de asse-
diar e apertar de todos os lados ; derribar-te-ão por terra,
44 a ti e a teus filhos que em ti estão, e não deixarão em ti pedra
26 — dar-se-lhe-á, e terá em abundância;
33 — dissera ; o jumentinho lá estava.
Lucas 19, 45 — 20, 16 147

sobre pedra ; porque não reconheceste o tempo da tua visi-


tação".
Purificação do templo. Em seguida entrou no 45
templo e começou a expulsar os que aí vendiam dizendo-lhes : 4,;
"Está escrito : Minha casa é casa de oração ; vós, porém,
fizestes dela um covil de ladrões".
Ensinava todos os dias no templo. Os príncipes dos 47
sacerdotes, os escribas e chefes do povo procuravam matá-lo ; 48
mas não acharam o que fazer-lhe, porque todo o povo estava
fascinado das suas palavras.
Discussões no templo
Autoridade de Jesús. Certo dia, quando Jesus es- 20
tava a ensinar o povo, no templo, anunciando-lhe a boa nova,
chegaram-se a ele os príncipes dos sacerdotes e os escribas em
companhia dos anciãos fazes
com que autoridade e fizeram-lhe esta ? pergunta
estas coisas quem te: "Dize-nos
deu esse 2
direito ?"
Respondeu-lhes Jesús : "Também eu vos farei uma 2
pergunta : Dizei-me se o batismo de João era do céu ou dos 4
homens ?"
Puseram-se eles a discorrer entre si : "Se dissermos 5
que era do céu, replicar-nos-á : por que, pois, não lhe destes
fé ? se dissermos que era dos homens, todo o povo nos há de 6
apedrejar ; porque está convencido de que João é um pro-
feta". Responderam, pois, que não sabiam donde era. 7
Tornou-lhes Jesús : "Pois, então nem eu vos digo 8
com que autoridade faço isto".
Os lavradores perversos. Propôs ao povo a se- 9
guinte parábola :
"Um homem plantou uma vinha e arrendou-a a uns
lavradores ; e ausentou-se do país por muito tempo. Chegado 10
o tempo, mandou aos lavradores um servo para que lhe en-
tregas em oquinhão dos frutos da vinha. Os lavradores,
porém, espancaram-no e o despediram de mãos vazias. En- 11
viou mais outro servo ; mas espancaram também a êste,
cobriram-no de afrontas, e despediram-no de mãos vazias.
Enviou ainda um terceiro ; mas feriram também a este e 12
lançaram-no fora. Disse então o dono da vinha : Que farei ? 13
Mandarei meu filho querido ; a esse não deixarão de res-
peitar.
Mas, quando os lavradores o avistaram, disseram 14
entre si : Este é o herdeiro. Vamos matá-lo, e será nossa a
herança. Lançaram-no, pois, fora da vinha e o mataram. 15
Ora, que lhes fará o dono da vinha ?
Virá e dará cabo daqueles lavradores, e arrendará a 16
sua vinha a outros".
45 — vendiam e compravam 13 — respeitar, quando o virem.
148 Lucas 20, 17 — 40

17 Ouvindo isto disseram eles : "Tal não permita Si 117,


Deus !"
dizer Jesus, porém,
a palavra os fitou
da escritura : Ae disse
pedra: "Que
que osquer, pois,
arquite-
tos rejeitaram, essa se tornou pedra angular ? Quem cair
18 sobre esta pedra será espedaçado ; e sobre quem ela cair,
será esmagado".
li1 Ainda na mesma hora procuraram os escribas e prín-
cipes dos sacerdotes deitar-lhe as mãos ; mas temiam o povo.
E' que tinham reparado que a parábola se referia a eles.
2G A questão do tributo. Não perdiam de vista
Jesus, e enviaram espiões que se déssem ares de homens de
bem, a ver se o apanhariam em alguma palavra para entre-
21 gá-lo á autoridade, ao poder do governador. Disseram-lhe,
pois : "Mestre, sabemos que falas e ensinas o que é reto,
não fazes acepção de pessoas, mas ensinas na verdade o ca-
22 minho de Deus. E'-nos lícito dar tributo a César, ou não ?"
23 Jesus, porém, percebendo a astúcia deles, respondeu-
24 lhes : "Mostrai-me um denário". De quem é a imagem e a
inscrição que leva?" "De Cesar", respondem-lhe. Tor-
25 nou-lhes êle : "Dai, pois, a César o que compete a César,
e a Deus o que compete a Deus".
2fi Não conseguiram apanhá-lo em palavra alguma diante
do povo. E calaram-se, cheios de admiração pela resposta
que dera.
27 A questão da ressurreição. Chegaram então al- 27 -40:
guns dos saduceus — que negam a ressurreição — e lhe Mt 2)'~-
23 propuseram a questão : "Mestre, Moisés nos prescreveu : Mc 12>
Se morrer
29 case com elao seuirmão irmãode e alguém e deixar aomulher
dê descendentes irmão. sem
Ora, filhos,
havia T>t 25ih'
:*o sete irmãos. Casou-se o primeiro, e morreu sem filhos. Ca-
oi sou o segundo com a mulher ; depois o terceiro. E assim tô-
32 dos os sete. Morreram sem deixar descendentes. Por fim,
faleceu também a mulher. A quem pertencerá a mulher, na
33 ressurreição ? pois que todos os sete a tiveram por esposa ?"
34 sam edãoRespondeu-lhes
em casamentoJesús ; mas: os"Osquefilhos
foremdêste mundodignos
julgados ca-
35 daqueloutro mundo e da ressurreição dos mortos, não casam
36 nem dão em casamento ; porque já não podem morrer ;
são semelhantes aos anjos e são filhos de Deus, por serem
37 filhos da ressurreição. Mas, que os mortos hajam de ressus-
citar, indicou-o igualmente Moisés, a propósito da sarça,
quando chama ao Senhor : Deus de Abraão, Deus de Isaac
38 e Deus de Jacó. Ora, Deus não é Deus dos mortos, mas, sim,
dos vivos ; porque para êle todos são vivos".
39 Disseram então alguns dos escribas : "Mestre, falaste
40 bem". E não mais ousavam fazer-lhe perguntas.
24 — Porque me tentais? mostrai-me
31 — mulher ; e morreu sem filhos ; depois casou com ela o terceiro.
Lucas 20, 41 — 21, 13 149

O Filho de Davi. Propôs-lhes então esta questão : 41


"Por que dizem que o Cristo é Filho de Davi ? quando o pró- 42
prio Davi diz no livro dos Salmos : Diz o Senhor a meu Se-
nhor : senta-te á minha direita, até que eu reduza os teus i?>
inimigos a escabelo dos teus pés ? se, pois/ Davi lhe chama
Senhor, como é seu filho?" 44
Cuidado com os escribas. Estava ainda todo o 4:>
povo a escutar, quando Jesús disse aos seus discípulos :
"Cuidado
aí em amplas com os escribas, querem
roupagens, que se comprazem em andar por
ser cumprimentados nas 46
praças, e gostam de ocupar os primeiros assentos nas sina-
gogas e lugar de honra nos banquetes. Consomem os bens 1 '
das viúvas, sob pretexto de recitarem longas orações. Tanto
mais rigoroso será o juízo que os aguarda".
O óbulo da viúva. Levantou Jesús os olhos e viu 21
que os ricos lançavam as suas oferendas no cofre. Viu tam- 2
bém uma viúva pobrezinha a oferecer dois vinténs. Disse 3
Jesús
que todos: "Em; porque verdade,todos
vos êsses
digo que esta pobre
fizeram a Deus viúva
ofertadeudo mais
que 4
lhes sobrava, ao passo que ela deu da sua indigência tudo o
que tinha para seu sustento".
Profecia sobre a destruição de Jerusalém e o fim do
mundo

Ocasião. Falavam alguns do templo, lembrando 5


as belas pedras e os preciosos donativos de que estava or-
nado. Aoaíquevêdes
coisas que Jesúsnãoobservou : "Dias
ficará pedra sobre virão
pedraem— que
serádestas
tudo c
arrasado".
Perguntaram-lhe êles : "Mestre, quando será isto ? 7
e por que sinal se conhecerá o princípio desses aconteci-
mentos ?".

que ninguémGrandesvostribulações.
iluda. MuitosRespondeu
virão comêleo : meu
"Cuidado
nome, &
dizendo : Sou eu ; é chegado o tempo. Não andeis atrás
deles Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não o
vos aterreis ; é necessário que primeiro aconteçam estas coi-
sas ; mas não virá logo o fim".
e reino Econtraprosseguiu
reino. : Haverá
" Levanta r-se-á terremotos
grandes nação contra nação,a
por toda 101 1
parte, peste e fome ; aparecerão no céu fenómenos terríficos
e sinais estupendos.
Antes de tudo, porém, vos hão de deitar as mãos ; 12
hão de perseguir- vos, entregar-vos ás sinagogas e aos cár-
ceres, arrastando-vos á presença de reis e governadores, por
causa do meu nome. Então é dardes testemunho. Não vos 13
150 Lucas 21, 14 — 38

14 preocupeis, pois, dantemão com a resposta a dar ; porque eu


15 vos darei eloquência e sabedoria a que não poderão contra-
] 6 dizer nem resistir todos os vossos adversários. Sereis entregues
até pelos próprios pais e irmãos, pelos parentes e amigos, e
17 farão morrer muitos de vós. Por causa de meu nome é que
is sereis odiados de todos. Entretanto, não se perderá um só
ip fio de cabelo da vossa cabeça. Se perseverardes, salvareis
as vossas almas.
20 Prenúncios da destruição de Jerusalém. Quando 20 24
virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei que está próxima Mt 24,
21 a sua ruína. Fujam então para as montanhas os que estiverem Mc
na Judéia
22 trar no campo ; saianãoquem
entrese naachar na cidade
cidade. ; e os
Esses são quem
dias sedaencon-
retri- ' v 14'
i:> buição, em que se há de cumprir tudo o que está nas escritu-
ras. Ai das mulheres que nêsses dias andarem grávidas ou
com filhinho ao peito! Porque haverá grande angústia sobre
24 a terra, e o juízo da ira virá sobre êste povo. Uns perecerão
ao fio da espada, outros serão levados cativos a todas as na-
ções. Jerusalém será calcada pelos gentios, até expirarem os
tempos dos pagãos.
25 Vinda de Cristo. Haverá sinais no sol, na lua e 25 2s
nas estrêlas.
entre os povos, Na
por terra,
causa reinarão
do confusoangústia
bramidoe das
consternação Mt re-
vagas dc Mc
~G mar. Desfalecerão os homens de ansiosa espectação das coisas 24
que virão sobre o mundo inteiro ; porque serão abaladas as
^ energias do firmamento. Então se verá o Filho do homem
vindo sobre uma nuvem com grande poder e majestade
28 Quando, pois, começarem a suceder estas coisas, erguei-vos
e levantai a cabeça ; porque se avizinha a vossa redenção".
29 Parábola da figueira. Propôs-lhes uma parábola : 29~ ^ ''
"° "Considerai
31 virdes briotar:a sabeis
figueiraquee se
as aproxima
demais árvores.
o verão. Quando as 1Mc
Da mesma 3g
id
forma, quando virdes suceder isto, sabei que se aproxima o :-y
^2 reino de Deus. Em verdade, vos digo que não passará esta
:'3 geração sem que tudo isto aconteça. Passarão o céu e a terra,
mas não passarão as minhas palavras.

°'4 Vigilância. Guardai-vos, pois, de não carregar- ^t~94


des os vossos terrenos,
os cuidados corações para
com demasias
que aquelede dia
comer
não e vos
bebercolha
e com
de " 4 ?"
'òr> improviso. Virá como um laço sobre todos os habitantes da Mc 13.
36 terra. Vigiai, portanto, e orai a todo o tempo, para que possais 33
fugir a tudo quanto há de acontecer e subsistir ante o Filho
do homem".
37 Últimos dias de Jesus. De dia ensinava Jesus no
templo ; de noite, porém, saía e passava no monte chamado
38 das Oliveiras. E todo o povo madrugava para ir ter com ele e
fcouví-lo no templo.
Lucas 22, 1 — 23 151

PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS


A última ceia
Resolução do sinédrio. Aproximava-se a festa dos 22
!vl' pães ázimos, que se chama páscoa. Procuravam os prínci- 2
Mc. l4>l pes
que dos sacerdotes
temiam o povo.e escribas ensejo para matar a Jesús. E'
§ 0: Plano de Judas. Entrou então Satanaz em Judas, 3
Mt 26, por sobrenome íscariotes, um dos doze. Foi tratar com os 4
Xi(. [4 príncipes dos sacerdotes e as autoridades sobre o modo de
lo' cer
lho entregar. Alegraram-se
dinheiro. Ele aceitou e eles e concordaram
foi procurando em lhe ofere-
oportunidade de 56
entregá-lo sem amotinar o povo.
7-18: A ceia pascal. Chegou o dia dos pães ázimos, 7
Mt 26, em qUe se devja imolar o cordeiro pascal. Enviou Jesús
Jfc j4 a Pedro e João com esta ordem: 'Idee preparai-nos a re- s
L2 feição do cordeiro pascal".
lhe. "Onde queres que o preparemos ?" — perguntaram- 9
Respondeu-lhes êle : "Vede, ao entrardes na cidade 10
encontrareis um homem com um cântaro d água. Seguí-o 11
até a casa onde entrar, e dizei ao dono da casa : O Mestre
manda perguntar-te : Onde é o aposento em que hei de comer
o cordeiro pascal com os meus discípulos ? E êle vos mostrará 12
uma sala espaçosa, guarnecida de almofadas. Aí fazei os
preparativos".
Foram, e encontraram como lhes dissera ; e prepararam 13
o cordeiro pascal.
Chegada a hora, pôs-se êle à mesa com os doze após- 14
tolos. E disse-lhes : "Ansiosamente tenho desejado comer ir>
convosco êste cordeiro pascal, antes que padeça. Pois, digo- 1()
vos que não mais o comerei até que ache o seu cumprimento
no reino de Deus". Em seguida, tomou um cálice, deu gra- 17
ças eque
digo dissedoravante
: "Tomainão e mais
distribuí-o
beberei entre
do frutovós da; porque
videira, vos
até 1S
que venha o reino de Deus".
Instituição da Eucaristia. Depois tomou o pão, 19
corpo, que c partíu-o,
deu graças, entregue epordeu-lho,
vós ; dizendo
fazei isto: em"Isto é o meude
memória
mim". Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice e 20
disseé :derramado
que "Este cálice
por évós.
o novo testamento com o meu sangue,
Mas eis que a mão do meu traidor está comigo sobre 21
a mesa. O Filho do homem vai, segundo está decretado : 22
mas ai do ahomem
meçaram por entre
perguntar quem siforquem
entregue
deles !"seriaAo que
que talelescoisa
co- 23
havia de fazer.
15 — que desde agora 20 — que será derramado
152 Lucas 22, 24 — 46

24 Questão de precedência. Suscitou-se também en-


tre eles uma questão sobre quem deles seria o maior.
25 Disse-lhes
dores deles, e os Jesus
seus :poderosos
"Os reis se
dosintitulam
gentios são domina-
benfeitores.
2fi Entre vós, porém, não há de ser assim. Quem dentre vós for
o maior faça-se como o mais pequenino ; e quem for chefe
27 seja como servo Pois, quem é maior, quem está sentado á
mesa ou quem serve ? não é quem está sentado á mesa ?
28 Ora, eu estou no meio de vós como um servo. Vós permane-
20 cestes comigo nas minhas tribulações. Pelo que vos disponho o
80 reino, assim como meu Pai mo dispôs a mim. Comereis e
bebereis á minha mesa, no meu reino, e vos sentareis em tronos
e julgareis as doze tribus de Israel".
31 Oração
mão, por que
Simão ! eis Pedro.
SatanazE pediu
prosseguiu o Senhor
para vos joeirar: como
"Si-
32 trigo. Eu, porém, roguei por ti para que não desfaleça a tua
fé ; e tu, por teu turno, confirma um dia teus irmãos".
';;
contigo "Senhor — respondeu-lhe
para o cárcere, Pedro — estou pronto a ir
e para a morte
34 Tornou-lhe Jesus : "Digo-te, Pedro, que hoje, antes
que o galo cante, três vezes negarás conhecer-me".
:í5 Com ou sem espada? Disse-lhes mais : "Quando
vos enviei sem bolsa, sem alforje, sem calçado, faltou-vos
alguma coisa ?"
36 "Nada" — responderam eles.
"Agora,
uma bolsa, leve-aporém, — prosseguiu
consigo. Jesus —quem
Do mesmo modo, ■ quem
tivertiver
um
alforje ; mas, quem não tiver, venda o seu manto e compre
a? uma espada. Porque vos digo que agora se cumprirá em mim
a palavra da escritura : Foi contado entre os malfeitores. is 5^
Vai se cumprir tudo o que me diz respeito". L2
38 "Senhor — exclamaram êles — eis aqui duas espadas!"
"Basta!" — tornou-lhes êle.
Getsémane e Gólgota
39 Agonia de Jesus. Em seguida, saiu Jesus, como de
costume, para o monte das Oliveiras. Acompanharam-no
40 os seus discípulos. Chegado aí; disse-lhes : "Orai para não
41 cairdes em tentação". Arrancou-se deles, cêrca de um tiro
42 de pedra,de pôs-se
aparta de joelhos
mim este cálice ; econtudo,
orou: "Pai,
não sese for
façada a tua vontade,
minha, mas,
4:?, confortou-o.
sim, a tua vontade". Nisto apareceu-lhe um anjo do céu e
44 Então entrou em agonia. E orou ainda com maior
instância. Tornou-se-lhe o suor como gotas de sangue que
45 corriam por terra. Levantou-se da oração e foi ter com os seus
46 discípulos ; mas achou-os adormecidos de tristeza. "Como ?
— disse-lhes — estais dormindo ? levantai-vos e orai, para
não cairdes em tentação".
Lucas 22, 4? — 70 153

Prisão de Jesus. Ainda estava Jesus falando, quan- 47


do chegou um tropel de gente. A' frente ia Judas, um dos
doze. Aproximou-se de Jesus e beijou-o. Disse-lhe Jesus :
"Judas,Quando
com umos beijo
seus atraiçoas o Filho
companheiros do homem
viram o que ia?"suceder, 4849
vibrou um golpe contra um servo do príncipe dosE sacerdotes
exclamaram : "Senhor, batemo-los a espada" um deles 50
e cortou-lhe a orelha direita.
"Deixai ! basta !" — ■ disse Jesus, e, tocando a orelha, 51
sarou-a. Em seguida, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes, 52
autoridades do templo e anciãos que avançavam sobre êle :
"Como
Dia a diase estava
fora a euum convosco,
ladrão, saístes com espadas
no templo, e não mee varapaus.
deitastes 53
as mãos. Esta, porém, é a vossa hora e o poder das trevas".
Negação de Pedro. Prenderam Jesus e conduziram- r>1
no á casa do príncipe dos sacerdotes. Pedro seguia-o de
longe. Tinham acendido uma fogueira no meio do páteo e 55
sentaram-se á roda. Pedro sentou-se no meio deles. Viu-o
uma criada sentado ao fogo, fitou nêie um olhar e disse : 56
"Êste também estava com êle".
Mas êle o negou, dizendo: "Não, senhora, não o co- 57
nhcço".Daí a pouco, viu-o outro e disse : "Tu também és -r>*
dos tais".
"Homem, não sou" — respondeu Pedro.
Passada quase uma hora, afirmou outro : "Real- 59
mente, êste também estava com êle ; pois, é galileu".
"Homem — replicou Pedro — não sei o que estás 60
a dizer".E no mesmo ponto, quando ainda estava falando, 61
cantou o galo. Nisto voltou-se o Senhor e pôs os olhos em
Pedro. E Pedro lembrou-se da palavra que o Senhor lhe
dirigira : "Antes que o galo cante, três vezes me negarás". r'2
Saiu, e chorou amargamente.
Jesús diante do sinédrio. Os homens que traziam 68
preso a Jesús faziam escárneo dele e mal trata vam-no. Ven- (54
davam-lhe os olhos e diziam : "Adivinha quem foi que te (;5
deu ?" E muitas outras afrontas lhe faziam.
Ao clarear do dia, reuniram-se os anciãos do povo, &6
os príncipes dos sacerdotes e escribas e mandaram-no compa- 67
recer ásua assembléia. Disseram : "Se tu és o Cristo, díze-
no-lo".
vos fizer Tornou-lhes êle: "Se não
uma pergunta vo-lo medisser, não me dareis
respondereis. fé; e, se
Doravante, 68
porém, estará o Filho do homem sentado á direita de Deus
onipotente. 09
"Logo, tu és o Filho de Deus ?" — acudiram todos 70
63 — olhos, davam-lhe no rosto
68 — respondereis nem me poreis em liberdade.
154 Lucas 22, 71 — 23, 21

"Sim, eu o sou" — respondeu ele.


71 Ao que todos bradaram : "Que necessidade temos
ainda de testemunho ? pois que da sua própria boca acaba-
mos de ouví-lo !"
23 Jesús diante de Pilatos. Levantou-se a assembléia i 7:
2 em peso e conduziu-o a Pilatos. Começaram a acusá-lo, Mt 27,
dizendo : "Verificámos que êste homem amotina o nosso |
povo, proíbe de dar tributo a César e diz que é o Cristo, c 2
o Rei". jo is.
3 Interrogou-o Pilatos: "E's tu rei dos judeus?" 23
4 Respondeu-lhe Jesús : "Sim, eu o sou". Ao que Pilatos
declarou aos príncipes dos sacerdotes e ao povo : "Não
acho crime nêste homem".
5sua doutrina,
Eles, porém, insistiram
em toda : "Amotina
a Judeia, a começaro pela
povo Galileia
com a

6até aqui".
Ouvindo isto, Pilatos perguntou se o homem era gali-
7 leu ; e, informado de que era da jurisdição de Herodes, reme-
teu-o a Herodes, que naqueles dias também se achava em
Jerusalém.
Jesús diante de Herodes. Herodes folgou muito
de ver a Jesús ; porque desde longo tempo desejava vê-lo,
por têr ouvido falar muito dele, e esperava vê-lo fazer algum
9 milagre. Fêz-lhe, pois, muitas perguntas ; Jesús, porém, não
lhe deu resposta.
10 Estavam presentes os príncipes dos sacerdotes e es-
1 1 cribas, acusando-o sem cessar. Herodes com os da sua guarda
fez dele ludíbrio, vestindo-lhe uma veste branca. E reen-
12 viou-o a Pilatos. Nêste mesmo dia tornaram-se amigos He-
rodes ePilatos, quando antes eram inimigos um do outro.
':! Jesús ou Barrabás. Em seguida, convocou Pilatos
os príncipes dos sacerdotes, os membros do sinédrio e o povo,
J 4 e disse-lhes : "Apresentastes-me êste homem como sendo
amotinador do povo. Ora, submetí-o a um interrogatório em
vossa presença, e não achei fundada nenhuma das acusações
15 que fazeis a êste homem. Nem tão pouco Herodes, pois que
no-lo remeteu. Vêde que nada se apurou contra êle que
16 merecesse a morte. Mandá-lo-ei, pois, castigar e pôr em li-
berdade".
17 Era obrigado a soltar- lhes um preso por ocasião da 17— 2gj
13 festa. A multidão em pêso pôs-se a clamar: "Fora com êste ! Mt %H
is solta-nos
motim queBarrabás
houvera !"na Estava
cidade, êste
e de tal
um preso por causa de um Mc jJ
homicídio. i,
20 Mais uma vez lhes falou Pilatos ; porque queria pôr Jo li
Jesús em liberdade. 39
21 Eles, porém, gritaram : "Crucifica-o ! crucifíca-o P
6 — falar da Gallléia 15 — Vos mandei ter com êle.
Lucas 23, 22 — 43 155

que malPerguntou-lhes
fêz êle ? eu nãoPilatos lhe achopela
crimeterceira vez :a morte.
que mereça "Pois, 22
Mandá-lo-ei, pois, castigar e pôr em liberdade".
Mas eles exigiam, com clamores cada vez mais impe- 2:3
tuosos, que fosse crucificado — e prevaleceram os seus cla-
mores. Decidiu Pilatos que se lhes fizesse a vontade. Soltou- 2/|
lhes o homem que estava preso por causa dum motim e dum 2>r>
homicídio, conforme reclamavam ; e abandonou Jesus ao
arbítrio dêles.
Caminho do Calvário. Enquanto o iam conduzin- -(>
do, angariaram um tal Simão de Cirene, que vinha do cam-
po, e puseram-lhe a cruz ás costas para que a levasse no en-
calço de Jesus. Acompanhava-o uma grande multidão de 2?
povo, entre eles também mulheres, que o pranteavam e la-
Jerusalém, não mentavam.choreis
Voltou-se Jesus para ;elas
sobre mim e disse
chorai sobre: vós
"Filhas de
e sobre 28
vossos filhos. Eis que chegarão dias em que se dirá : Felizes 29
as estéreis, cujas entranhas não geraram e cujos seios não
amamentaram ! Então se dirá aos montes : Caí sobre nós ! 30
e aos outeiros : Cobrí-nos ! Pois se tal acontece ao lenho
verde, Juntamente
que será do seco com ?"êle levaram dois malfeitores para a 32
execução.
Crucifixão. Chegados ao lugar que se chama Cal- 33
vário, aí o pregaram na cruz. igualmente os malfeitores,
um á direita, outro á esquerda.
19.
18 sabem Jesus, porém, orava : "Pai, perdoa-lhes; porque não 34
deitandoo que fazem". Em seguida, repartiram as
sortes. suas vestes,

Impropérios. O povo lá estava a olhar. Escarne- 35


cíam-no os membros do
pois que se salve a si mesmo, sinédrio,
se édizendo
que é o :Ungido
"Salvou dea Deus,
outros o;
Eleito". Também o insultavam os soldados. Chegando-se a 36
êle, apresentaram-lhe vinagre, dizendo : "Sc és o rei dos 37
judeus, salva-te a ti mesmo".
Sobre êle estava uma inscrição, em letra grega, latina 38
e hebraica : "O REI DOS JUDEUS".
Um dos malfeitores, que estavam suspensos na cruz, 39
injuriava-o, dizendo : "Não és tu o Cristo ? pois, salva-te a 40
ti etemes
tu a nós". O outro,
a Deus, quandoporém, o repreendia
sofres dizendo ?: nós,
o mesmo suplício "Nem é 41
verdade, sofremos o que é justo, porque estamos recebendo o
castigo merecido das nossas obras ; este, porém, não fêz mal
algum". E pedia : Jesus, lembra-te de mim quando entra-
res no teu reino".
Respondeu-lhe êle : "Em verdade tc digo, ainda hoje 12
estarás comigo no paraíso".
42 — E pedia a Jesus : Senhor, lembra-te
Lucas 23, 44 — 24, 12

44 Morte de Jesus. Era por volta da hora sexta, quando 44 49:


todo o país se cobriu de trevas, que duraram até a hora nona. Mt ^
45 Escureceu o sol, e rasgou-se pelo meio o véu do templo. Jesus mc iV>,
4G deu um grande brado, dizendo : "Pai, em tuas mãos encomen- t 33
do o meu espírito !"
Com estas palavras expirou.
47 Quando o centurião viu o que acontecia, glorificou a
Deus, dizendo : "Em verdade, este homem era justo !" E
48 todo o povo que presenciava o espetáculo e via o que se passa-
49 va, batia no peito e voltava para casa. A certa distância es-
tavam todos os seus conhecidos, e as mulheres que desde a
Galiléia o haviam seguido, observando estas coisas.
50 Sepultura de Jesús. Um dos membros do sinédrio,
51 por nome José, homem reto e justo, natural de Arimatéia,
cidade da judéia, aguardava o reino de Deus e não aprovara
52 o plano e procedimento deles. Foi ter com Pilatos e requereu
53 o corpo de Jesús. Desceu-o, amortalhou-o num lençol e colo-
cou-o num sepulcro aberto em rocha, no qual ainda ninguém
fora depositado.
54 Era o dia de preparativos, e ia começando o sábado.
55 Assistiram também as mulheres que tinham vindo da Gali-
leia com Jesus ; observaram o túmulo e o sepultamento do
56 corpo dele. Depois regressaram e prepararam aromas e
unguentos. E descansaram no sábado, conforme a lei.

Ressurreição e aseeusão

21 As mulheres ao sepulcro. No primeiro dia da se- i 12:


mana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando Mt 2*'
2 os aromas que tinham preparado. Encontraram a pedra re- Mc 16>
3 volvida do sepulcro. Entraram. Mas não acharam o corpo 1
54 diante
do Senhor
de siJesús. Consternadas
dois homens pelo radiantes.
em vestes fato — eis Aterradas,
que viram Jo 20'
baixaram os olhos.
6entre osAquêles,
mortos oporém, lhes está
vivo ? não disseram
aqui ;:ressuscitou.
"Por que procurais
Lembrai-
7 vos do que vos disse, quando ainda estava na Galiléia : O
Filho do homem deve ser entregue ás mãos dos pecadores e
crucificado ; mas ressurgirá ao terceiro dia".
Então se recordaram elas das suas palavras, voltaram
(J do sepulcro e contaram tudo isto aos onze e a todos os mais.
10 As que levaram este recado aos apóstolos foram Maria Mada-
lena, Joana, Maria, mãe de Tiago, e outras companheiras
U delas. A eles, porém, pareceu esta notícia como uma fábula,
e não lhes deram fé.
12 Pedro, todavia, se pôs a caminho e correu ao sepulcro.
Debruçando-se, só viu aí colocados os lençóis. E voltou para
casa, pasmado do que acontecera.
Lucas 24, 13 — 35

Os discípulos de Emaús. No mesmo dia iam dois 13


deles para uma aldeia de nome Emaus, distante de Jerusalém
sessenta estádios. Vinham conversando um com o outro 14
sobre tudo o que acabava de suceder. Enquanto assim fala- 15
vam e conferenciavam^entre si, aproximou-se deles o próprio
Jesus e foi com eles. Eles, porém, estavam com os olhos to-
lhidos, de maneira que não o reconheceram. Perguntou-lhes if>
ele : "Que conversas são estas que entretendes um com o 17
outro, pelo caminho?"
Calaram-se eles, tristes. Um deles, de nome Cleófas, 18
respondeu : "E's tu o único forasteiro em Jerusalém e ignoras
o que aí se passou nestes dias ?"
"Que foi ?" — inquiriu ele.
— Era "Aquilo
um profeta, de Jesus,
poderosoo Nazareno
em obras e— palavras,
responderam
diante-lhe-
de 19
Deus e de todo o povo. Mas os sumos sacerdotes e os nossos 20
magistrados entregaram-no á pena de morte e crucificaram-
no. Nós, porém, esperávamos que fosse ele o salvador de 21
Israel. De mais a mais, já é agora o terceiro dia depois que se
deu tudo aquilo. Verdade é que algumas das nossas mulheres 22
nos aterraram ; tinham ido ao sepulcro, mui de madrugada ;
mas não acharam o corpo. E voltaram com a notícia de lhes 23
terem aparecido anjos que declararam que ele estava vivo. 24
Ao que alguns dos nossos foram ao sepulcro, e encontraram
confirmado o que as mulheres tinham dito ; a ele mesmo,
porém, não o viram".
tardos Respondeu
de coração -lhes para ele
crer: tudo
"O* homens
o que os sem critério
profetas ! quão!
disseram 25
Não devia então o Cristo padecer aquilo e assim entrar em -C)
sua glória ?
E, principiando por Moisés, discorreu por todos os 21
profetas, explicando-lhes o que a respeito dêle se diz em
todas as escrituras.
Iam chegando á aldeia que demandavam. Êle fez 2S
menção de passar adiante. Êles, porém, insistiram com êle, 20
dizendo : "Fica conosco ; já declinou o dia ; vai anoitecen-
do".
Entrou com êles. Enquanto estava com êles á mesa, 30
tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e deu-lho. Nisto abriram-se- 31
lhes os olhos e reconheceram-no. Ele, porém, desapareceu
dos seus dentro
coração olhos. de Diziam um para pelo
nós quando, outro caminho,
: "Não senosabrasava
falava oe 32
nos explicava as escrituras ?"
Ainda na mesma hora fizeram-se de partida e regressa- 33
ram a Jerusalém, e encontraram reunidos os onze com seus
companheiros, que lhes declararam : "O Senhor ressuscitou 34
realmente e no
acontecera apareceu
caminhoa Simão".
e como Então
o tinhamreferiram êles o que
reconhecido ao 35
partir do pão.
Lucas, 24, 36 — 50

36 Jesus aparece aos apóstolos. Ainda estavam co- _43 :


mentando os fatos quando se apresentou Jesus no meio deles,
37 eterror,
disse-lhes : "A paz
cuidavam ver seja connosco". Tomados de medo e
um espírito.
38
39 por queJesus, porém, nos
essa duvida lhes vossos
disse :corações
"Por que esse as
? Vede medominhas
? c
mãos e os meus pés; sou eu mesmo ; apalpai e vede ; es-
40 pírito não tem carne e osso como vedes que eu tenho". Com
estas palavras mostrou-lhes as mãos e os pés.
41 Êles, todavia, de tão contentes e admirados, não
acabavam ainda de crer. Pelo que Jesus lhes perguntou :
"Tendes aqui alguma coisa que se coma ?"
42 Ofereceram-Ihe uma posta de peixe assado e um
43 favo de mel. Êle tomou-o e comeu-o á vista deles.

44 que vosPalavras de despedida.


dirigi quando Disse-lhes
ainda estava convosco: "As
forampalavras
estas :
importa que se cumpra tudo o que está escrito, a meu respeito,
na lei de Moisés, nos profetas e nos salmc-s".
46 E passou a abrir-lhes o entendimento para a compre-
O Cristo ensão dasdeve
escrituras,
sofrer, ee prosseguiu: "Assimos mortos
ressurgir dentre é que está escrito:
ao terceiro
47 dia. Em seu nome se há de prégar a penitência e remissão dos
48 pecados a todos os povos, principiando por Jerusalém. Vós
49 sois testemunhas disto. E eis que eu vos enviarei aquêle
que meu Pai prometeu. Ficai na cidade até que sejais muni-
dos da força do alto".
50 Ascensão. Conduziu-os para fora, rumo a Betânia, &o r>" I
levantou as mãos e abençoou-os. E, enquanto abençoava, Mc
apartou-se deles e subiu ao céu. Prostraram-se êles em ado- At 1; r,
ração e, com grande júbilo, voltaram para Jerusalém. Esta-
vam continuamente no templo, louvando e bendizendo a
Deus.

NOTAS EXPLICATIVAS
1
i Enquanto os outros evangelistas, consoante os seus
fins peculiares, apresentam apenas uma seleção de palavras
e obras do Senhor, promete Lucas dar uma narração crono-
lógica, historiando com mais ordem e integridade a vida de
J esús.
5 Desde os tempos de Davi existiam 24 turmas de sa-

36 — convosco ; sou eu ; não temais.


43 — deles, e restituiu -lhes o resto. 50 — Deus. Amen.
NOTAS — Lucas 1, 9 — 78 159

cerdotes que funcionavam sucessivamente no templo de


Jerusalém ; aos sábados se revezavam os turnos.
A turma da respetiva semana costumava distribuir g
entre si, por meio de sortes, as diversas funções litúrgicas,
que se realizavam de manhã e á tarde ; delas fazia parte o
sacrifício de incenso.
A esterilidade era, entre os judeus, considerada igno- 20
miniosa e como privação da bênção que Deus prometera a
seu povo, excluindo o casal da possibilidade de figurar entre
os ascendentes do futuro Salvador.
Nazaré era uma modesta aldeia nas montanhas da 1:0
( íaliléia.
A lei judaica não conhecia diferença jurídica entre o 27
noivado e o matrimonio. Maria Santíssima era já esposa de
José, mas ainda estava em casa de seus pais ou parentes.
Maria não duvida das palavras do anjo, como o fizera 34 30
Zacarias, mas deseja saber como se coaduna essa maternidade
com a virgindade que votara a Deus e que sabia por ele aceita.
O mensageiro celeste lhe faz ver que se tornará mãe de um
modo sobrenatural, permanecendo intacta a sua virgindade ;
a conceição de Jesus será efetuada por virtude de Deus.
Montanha (ou serra) chamava-se toda aquela zona, 39
cuja metrópole era Jerusalém. A tradição cristã dá como
lugar da residência de Zacarias e Isabel a aldeia serrana que
situada hoje
ainda vem com o cerca
em Ain-Karim, nome dede légua
"São eJoão
meia daparaMontanha",
o oeste de
Jerusalém.
E* provável
seio materno, tenha que,
sido nesta ocasião,
libertado o precursor,
do pecado original,ainda no 44
graças
á presença do Redentor nascituro.
Neste grandioso cântico (Magnificat) dá Maria entu- 46 55
siástica expressão á alegria intensa que lhe vai na alma,
por causa das graças singulares que Deus lhe concedera
(46-48) ; celebra os atributos divinos que mais se mani-
festam no mistério da incarnação f49-50) ; enaltece a Pro-
vidência divina que se manifesta na história da humanidade
em geral (51-53) ; e remata com um brado de jubilosa gra-
tidão pela misericórdia que Deus dispensara a Israel e pelo
cumprimento das promessas feitas aos patriarcas (54-55).
Neste cântico (Benedictus) exprime Zacarias a sua 68- 77
gratidão pelo advento do Salvador (68-75) e sua alegria pela
missão sublime de seu filho (76-79).
Já no antigo testamento é Jesus apelidado de "sol 73
nascente" (Is 9, 1-2), e ele próprio se intitula "luz do mundo".
160 NOTAS — Lucas 2, 1 — 3, 1

80 Desde a mocidade habitava João nas regiões inhos-


pitas que se estendem nas proximidades do Mar-Morto,
entregue a exercícios de penitência e oração.
2
14 A obra da redenção dá a Deus a maior glória que
imaginar se possa, pondo em forte relevo todos os atributos
da Divindade. Tanto no texto grego como na versão latina
da Vulgata, sea expressão
voluntatis) "de boa
refere a Deus, vontade"
e não (eudokias,
a homens bonaea
; significa
''benevolência", o "beneplácito" que Deus manifesta aos ho-
mens, graças a redenção por Jesus Cristo. A tradução ver-
sentido nácula
exatotradicional "homens
do texto sacro, derazão
boa por
vontade"
que a não reproduz o
abandonamos.
22 Segundo a lei mosaica (Lv 12, 3 ss), passava a mulher
por impura durante 7 dias, depois de dar á luz um filho ;
c pelo duplo de tempo, depois do nascimento duma filha.
Nos 33 (ou 66) dias subsequentes não lhe era permitido apa-
recer em público, nem tocar em coisa santa. Terminando
este prazo, tinha de oferecer no templo o sacrifício da puri-
ficação, isto é, um cordeiro e um filhote de pomba, ou no
caso que fosse pobre, um par de filhotes de pomba, ou duas
rolas. Mandava ainda a lei que o primogénito de sexo mas-
culino fosse apresentado no templo e consagrado a Deus, e,
depois resgatado mediante um donativo de 5 siclos de prata,
isto é, uns 15 a 20 mil réis.
89 Após a circuncisão e apresentação de Jesus no templo,
regressou a sagrada familia para Nazaré. Mais tarde, porém,
por ocasião da vinda dos magos, encontramo-la novamente
em Belém.
42 A partir do 12.° ano completo estava todo o israelita
obrigado a assistir, em Jerusalém, às três solenidades prin-
cipais doteano
costes edoslitúrgico, a saber : ás festas da páscoa, de pen-
tabernáculos.
49 Com o seu procedimento e suas palavras dá Jesús
a entender que era só por obediência á vontade do Pai ce-
leste que ficara no templo.
52 Jesús, dotado de verdadeira natureza humana, esta-
va também em condições de adquirir novos conhecimentos
por via experimental.

l O 15.° ano do reinado do imperador romano Tibério


coincide com o ano 781 após a fundação de Roma, ou seja, o
ano 28 da era cristã. O evangelista especifica tão minuciosa-
mente aépoca do aparecimento de João Batista, porque este
acontecimento marca o inicio da vida pública de Jesús.
Ituréia, Traconnitis e Abilene são regiões situadas ao nordeste
da Palestina. Arquelau, filho de Herodes I, o Grande, foi
deposto do govêrno no ano 6 da nossa era. Desce então
eram a Judéia e a Samaria governadas por procuradores
romanos, com dependência do governador da Siria. O quinto
NOTAS — LUCAS 4, 23 — 7, 47 161

foi Poncio Pilatos, que regeu os destinos da Judeia de 26 a


36 da era cristã. Ao mesmo tempo continuava Herodes
Antipas, filho de Herodes I e irmão de Arquelau, a governar
como tetrarca, ou principe, a Galiléia e a Peréia, até ao ano 39.
Caifaz foi sumo sacerdote de 18 a 36 ; seu sogro Anaz
o fora de 6 a 15, o qual, ainda depois de despojado do pon-
tificado, conservava grande prestígio no sinédrio, cuja
presidência vinha anexa ao sumo sacerdócio.
Lc enumera os antepassados de Jesus em linha as- 23 24
cendente ; Mt em linha descendente. De Abraão até Davi
coincidem as duas genealogias, ao passo que de Davi até
José divergem quase completamente ; enquanto Lc dá á
Heli como pai de José, Mt indica Jacó. Segundo Santo Agos-
tinho, era José filho carnal de Jacó e filho adotivo de Heli.
Em resumo : Mt dá a filiação natural de José. Lc a filiação
legal. Não é nada raro este caso, no antigo testamento.
Jesus não quer alimentar a curiosidade frívola dos 23 30
nazarenos. Nos seguintes exemplos tirados da história de
Israel traça o Mestre um luminoso paralelo entre a descrença
daquela gente e a dos nazarenos — verdade essa, que melin-
drou os orgulhosos patrícios de Jesus.
5
Simão Pedro, deslumbrado com o estupendo mila- g
gre, sente-se como que aniquilado em face dum poder divino
reconhecendo-se indigno de estar em presença do taumaturgo.
Parece que Jesus desculpa, com certa graça, o escân- .yj
dalo que os adversários tomavam da liberdade dele e de
seus discípulos ; pois quem está com o paladar afeito ás
práticas antigas, dificilmente achará saboroso o espírito novo
do evangelho.
Lc não oferece senão um ligeiro resumo das bem- 20 2;j
aventuranças.
Ãs quatro bem-aventuranças opõe o evangelista ou- 24—26
tros tantos ais, fulminados contra os que consideravam como
como seu deus as riquezas, os prazeres sensuais, as vãs hon-
rarias e as futilidades mundanas.
O argueiro simboliza uma falta leve; a trave, uma 41
falta grave.
^ ^ KTNaim• era uma pequena cidade ao sudoeste de Nazaré, 711—17
distante algumas léguas.
Segundo os costumes do país, achava-se Jesus recli- 38
nado á mesa sobre um sofá, com os pés descalços voltados
para trás, de maneira que eram facilmente acessíveis à pe-
nitente de Mágdala.
A penitente tem grande amor a Jesus, porque muito 47
lhe foi perdoado ; o fariseu tem pouco amor, porque pouco
162 NOTAS - Lucas 8, 1 — 10, 42

lhe foi perdoado. A contrição traz o perdão e o perdão gera


na alma uma amorosa gratidão. Aquela mulher tão despre-
zada pelo fariseu já não era pecadora, era mais santa do
que êle.
8
21 Jesus não despreza os seus parentes, mas coloca o
parentesco sobrenatural muito acima do natural. Quem
acolhe e pratica decididamente a palavra de Deus é mais
"parente" de Jesus do que sua mãe e seus parentes.
9
4 Daí não saiais — isto é, não mudeis de casa antes de
seguirdes viagem.
32 A transfiguração de Jesus se deu de noite, ou ao
anoitecer. \
45 As palavras de Jesus eram claríssimas, mas a opi-
nião geral esperava um Messias glorioso, e não doloroso ;
também os apóstolos se achavam imbuidos desta ideia erró-
nea — e a inteligência dificilmente compreende o que o cora-
ção recusa abraçar.
53 Os samaritanos que reconheciam como único lugar
de culto legítimo o monte Garizim, hostilizavam os judeus
que peregrinavam para o templo de Jerusalém.
57 62 Os apóstolos de Cristo devem dedicar-se de corpo c
alma á causa do evangelho, sacrificando, de vez, todos os
interesses mundanos.
10 Não convém que o apóstolo de Cristo perca o seu
4 tempo precioso, cumprimentando circunstanciadamente os
transeuntes ; há de viver todo e inteiro para a sua grande
vocação. Convém notar que as saudações dos orientais eram,
geralmente, muito prolixas e complicadas.
18. Jesus acompanhava em espírito a excursão apostó-
lica dos seus discípulos, e, em virtude da sua oniciência,
via como o poder do evangelho derribava o poder de Satanaz.
20 Maior motivo de alegria é para os discípulos serem
herdeiros
nais. do céu do que dominadores dos espíritos infer-
22 Só a revelação é que nos pode dar idéia exata do Pai
e do Filho.
30—37 Havia muitos dentre os judeus que restringiam o amor
do próximo aos parentes, amigos e patrícios. — O caminhe»
que leva das alturas de Jerusalém (700 metros sobre o nível
do mar) para Jericó (250 metros de altitude), cheio de gar-
gantas equebradas, é, até ao presente dia, famigerado valha-
couto de ladrões e salteadores. O viajante da parábola era
judeu, e, por isso mesmo, inimigo nacional dos samaritanos.
38—42 Jesus não repreende o trabalho de Marta tão bem
intencionada, mas reprova a sua falta de sossêgo e comedi-
mento nas ocupações exteriores.
NOTAS — Lucas 11, 1 — 14, 24 163

Lc, como no caso das bem-aventuranças, se limita a H


dar um resumo da oração dominical. 2—4
Nesta parábola simboliza o Senhor, com espírito e 5 7
graça, que a nossa oração, quando persistente, não deixará
de ser atendida por Deus. A's vezes, Deus parece surdo ás
nossas petições ; mas é só para experimentar a nossa humil-
dade e perseverança.
Os escribas roubaram ao povo a chave do conheci-
mento, isto é, a noção genuina do antigo testamento, fa-
lando apenas num Messias temporal, e não num libertador
da culpa moral.
Os orientais usavam vestes talares, que, durante o 12
trabalho, arregaçavam e cingiam á altura dos rins. Os servos 85
iam diante dos seus senhores com tochas ou lâmpadas acesas.
Com ambas as parábolas quer o Senhor significar a prontidão
do servo á espera do seu senhor — isto é, a vigilância do
homem em aguardar a vinda do divino juiz.
Como o Precursor batizava os penitentes, submergin- 60
do-os nas águas do J ordão, assim deve J esús submergir num
mar de sangue para lavar os pecados do mundo.
Pela prégação do Batista e atividade pública de &r,
Jesus podiam os judeus têr conhecido perfeitamente que
era chegado o tempo do Messias prometido.
13
Siloé é uma fonte ao oeste de Jerusalém, cujas águas 4
o rei Ezequias canalizara para o interior da cidade.
Essa figueira estéril, apesar de tratada com tantos 6 9
desvelos, era Israel, que, no ano 70, veio a ser derribada
por Deus mediante os exércitos romanos.
cionadaA com
pobreinfluências
mulher padecia de paralisia muscular, rela- 10
demoníacas.
Os primeiros a serem chamados ao banquête mes- 30
siânico tinham sido os judeus, os últimos iam ser os pagãos.
Quer Jesús dizer : Ainda me resta um pouco de tem- 32 33
po, depois disto me entregarei á morte, segundo a vontade
de Meu Pai, e não impelido pela astúcia ou violência de algum
homem. O lugar da minha morte será Jerusalém.
Tomando por ponto de partida uma simples regra 14
de bom-tom
a virtude sobrenatural e prudência
da natural,
humildade.passa Jesús a inculcar 7 -11
O grande banquête é o reino messiânico nêste mundo, 15 24
riquíssimo festim de verdades e graças divinas. Os judeus,
porém, recusaram, em grande parte, comparecer a esse ban-
quête, pelo que, em lugar deles, serão convidados os que êles
teem por mendigos, cegos, aleijados e homens de categoria
inferior, e êstes atenderão ao convite, abraçando o evangelho
de Deus.
164 NOTAS — Lucas 14, 28 — 17, 17

28—33 Querem as duas parábolas inculcar a necessidade que


temos de considerar bem os sacrifícios que o seguimento de
Cristo reclama, para não desfalecermos a meio caminho,
em face de surpresas dolorosas.
15 A dracma era uma moeda grega, que valia uns 600
8 réis brasileiros.
12 Segundo o código judaico, podia o filho mais novo
reclamar a terça parte dos bens paternos.
1<; Entendem-se as vagens da alfarrobeira, árvore muito
comum na Palestina e que produz um fruto duro e indigesto,
que se dá aos animais.
Querem estas três parábolas — a da ovelha desgar-
rada, da dracma perdida e do filho pródigo — ilustrar o
muito que Deus se interessa pela conversão do pecador e
frisar a misericórdia com que o acolhe quando o vê arre-
pendido.
5— 7 Parece que êsses devedores eram arrendatários de
terras, pagando ao dono das mesmas uma renda anual em
géneros.
6— 7 Cem jarros de azeite eram uns 4.000 litros ; cem al-
queires de trigo, outrotanto.
s O senhor não louva a deslealdade do feitor, senão a
prudência e o tino com que se houve, tratando de garantir
o seu futuro. Jesus lamenta que os filhos da luz não tenham
a mesma circunspecção e prudência no tocante ao futuro
d'além-tumulo.
10—12 Quem não souber administrar devidamente os bens
caducos desta terra não é digno de possuir os bens eternos
do céu.
26 Com estas palavras afirma Jesus a duração eterna
tanto da felicidade celeste como das penas infernais, excluindo
ao mesmo
pelo espiritismo. tempo a idéia da "reincarnação" propugnada
31 Não muito depois, ressuscitou dentre os mortos
outro Lázaro, irmão de Marta e Maria, bem como o próprio
Cristo — e os judeus não obstante perseveraram na sua
incredulidade. O que lhes faltava não eram argumentos,
mas a boa vontade.
17 Inculca Jesus o caráter espiritual do reino messiâ-
20 21 nico, de encontro ás idéias correntes de um domínio tem-
18 poral.
1—8 Quando se aproximarem aqueles dias terriveis de-
vem os homens redobrar de persistente oração, ainda que
Deus pareça surdo ás suas súplicas e cruel como aquele
juiz iniquo. Para essa oração perseverante requer-se grande
espírito de fé, que nem todos possuem.
17 Quem não se tornar por virtude o que a criança é
por natureza, não entrará no céu.
NOTAS -- Lucas 19, 1 — 22, 44 165

Os judeus excluem a Zaqueu do número dos filhos 19


de Abraão, em atenção á profissão que exerce; Jesus, po-
rém, o inclue, em vista da sua grande fé e humildade.
A viagem de Jesus rumo a Jerusalém deve ter sido n 22
muito gloriosa, tanto assim que o povo e os discípulos cui-
davam chegado o momento da inauguração do reino messiâ-
nico. Jesus, porém, torna a inculcar-lhes o caráter espiritual
do seu reino. Na seguinte parábola prediz a rebeldia, contra
o "rei dos judeus" e o desfecho final (cf : "não temos outro
rei senão a César !").
Uma mina equivalia a uns ^60-70 mil réis. 13
Esta parábola descreve a reprovação de Israel, que não 20
somente rejeitou os profetas de Deus, mas até ia assassinar 9 19
o seu Filho Unigénito. Por isso, o reino messiânico passará
para os gentios.
Depois da ressurreição já não haverá relações sexuais, > | 3g
porque será completo o número dos escolhidos : não haverá
mais nascimento nem morte.

O templo de Jerusalém era uma maravilha arquite- 21


tónica, construído de mármore branco, com magnificas 5
colunatas do mesmo material, esplêndidos mosaicos e em-
butidos de ouro ; encerrava grande número de preciosos
donativos e ex-votos, entre eles uma enorme videira de ouro
de lei, á entrada do templo, oferecida por Herodes I.

Jesús deixa de mencionar o nome do dono da casa 22


talvez em atenção á inconfidência de Judas, que poderia u
vir a perturbar dantemão a instituição do mistério eucarístico
Este cálice não era o da Eucaristia, mas o primeiro i?
cálice ritual da ceia pascal.
As palavras da instituição eucarística de Lc diferem
um pouco das de Mt e Mc; mas convém notar que os evan-
gelistas dão apenas um resumo das palavras de J esús, refe-
rindo uns estas, outros aquelas.
Aproxima-se, para os apóstolos, o tempo das grandes 36
provações ; por isso é necessário premunirem-se com a es-
pada das fôrças sobrenaturais. Os apóstolos, porém, enten-
deram aadvertência em sentido literal, apresentando duas
espadas. Jesús deixa de esclarecê-los, porque os aconteci-
mentos imediatos bem valiam por uma explicação.
O suor de sangue faz ver a veemência da angústia 44
que oprimia o coração de Jesús, rompendo os vasos de sangue
e expelindo-o pelos poros.
1 66 NOTAS — Lucas 23, 1 — 24, 49

23 Deriva esta acusação errónea da idéia que os judeus


2—4 formavam da realeza do Messias, dando-o como soberano
político, quando as profecias realçam sem cessar o caráter
espiritual do seu domínio. Jesus afirma ser rei dos judeus,
isto é, o Messias, no sentido em que fora profetizado, mas não
na acepção errónea dos seus acusadores.
31 O lenho verde simboliza o justo (SI, 1 3) ; o lenho
seco, o pecador. Se tal castigo cabe a quem tomou sobre
si os pecados do mundo, que será de quem cometeu esses
crimes, como o povo judaico ?
4415 horas.
Hora sexta — pelo meio-dia. Hora nona — pelas

24 Emaús fica ao oeste de Jerusalém uns 12 klm.


13 Lc resume em poucas palavras o que Jesus fez e
4 « 49 disse nos quarenta dias depois da sua ressurreição, desenvol-
vendo mais amplamente este período, nos Atos dos Apósto-
los (1, 4-14).
EVANGELHO SEGUNDO JOÃO

Introdução

1. João era filho do pescador Zebedeu e de Salomé,


parenta da mãe de Jesus (Mt 27, 56 ; Mc 15, 40), irmão
mais novo de Tiago Maior. Natural de Betsaida sobre o lago
de Genesaré, exercia, na juventude, a profissão de pescador.
A principio, discípulo de João Baptista, seguiu ao Mestre
juntamente com André (Jo. 1, 35-40). No colégio apostólico
ocupava João o lugar mais saliente depois de Simão Pedro
(Lc 8, 51 ; Mt 17,1 ; 26, 37) ; era o discípulo predileto de
Jesus (J o 13, 23 ; 19, 26) e foi pelo Mestre moribundo reco-
mendado aMaria, mãe de Jesus (Jo 19, 25-27).
Depois da ascensão do Senhor, ficou em Jerusalém
ate a morte de Maria, prégando o evangelho na Judéia
e na Samaria (At 3, 4; 8, 14-25); mais tarde, talvez
depois da morte de São Paulo, vivia em Êfeso, onde for-
mou os seus discípulos, entre eles os bispos Pápias de Hierá-
polis, Inácio de Antioquia, e Policarpo de Smirna. Sob o rei-
nado de Domiciano foiA desterrado para a ilha de Patmos,
donde regressou para Êfeso durante o governo de Nerva,
vindo a falecer no tempo de Trajano, na idade de cêrca de
100 anos. Festa no dia 27 de dezembro.

atribue 2.a E' ao apóstolo


autoria São evangelho.
do quarto João que a Jáantiquíssima
o conheciamtradição
Inácio
de Antioquia (t 107), Justino mártir (t c. 165) e o fragmento
muratoriano (2.° século). Santo Ireneu, discípulo de São
Policarpo, refere : "Depois destes (isto é, dos três primeiros
evangelistas) também João, discípulo do Senhor, que recli-
nou sobre o peito dêle; editou um evangelho, quando vivia em
Êfeso".
atendendoClemente de Alexandria
á circunstância de terem informa-nos que João,
os outros evangelistas
desenvolvido mais o lado humano da pessoa de Cristo, escre-
veu um evangelho "espiritual", a pedido de seus amigos.
Concorda com isto a índole interna do quarto evange-
lho, que não pode deixar de ter por autor um cristão de ori-
bem gemcomo judaica.do E'muito
o que que
se depreende
se mostra dofamiliarizado
seu modo decom dizer,as
solenidades e os usos dos judeus (2, 6, 13 ; 4 ; 7, 2). O autor
é oriundo da Palestina ; pois conhece por miúdo a topografia
do país (1, 28 ; 3, 23 : 4, 6 ; 5, 2) e está perfeitamente ao par
168 João - — Introdução

dos fatos da história


contemporâneo (1, 29.testemunha
de Cristo, 35 ; 2, 1 ; presencial
3,2; 18, 13). da suaE* his-
um
tória epertence ao número dos apóstolos. Conhece os porme-
nores e as particularidades mais insignificantes (1, 39 ; 4, 6 ;
6, 9) ; pinta tão ao vivo certos acontecimentos como só o
pode uma testemunha ocular
prediletodeJesús(13, 23, 19,(1,35-51;
26; 21, 74,; 1201).e E'21,o 24).
discípulo
Não
pode ser São Pedro esse discípulo predileto, por isso que em
21, 20 vem designado como pessoa diversa daquele ; nem tão
pouco é Tiago Maior, que já fora morto por Herodes Agripa,
no ano 42. Outro apóstolo, não entra em questão. Logo,
trata-se de São João.
3. A autenticidade da perícope 7, 53-8, 11 (episódio
da adúltera) tem sofrido muitas dúvidas e veementes impug-
nações. Ofato é que essa passagem falta nos códices gregos
mais antigos, bem como em muitas versões dos primeiros
tempos. Conteem-no, porém, a Vulgata e algumas outras
traduções. Santo Agostinho e Santo Ambrósio atribuem essa
omissão a motivos de conveniência tendentes a evitar o perigo
de interpretações ambíguas da parte de certos leitores.
4. Segundo a antiga tradição eclesiástica, eram os
cristãos da Asia Menor os primitivos leitores do quarto evan-
gelho. Oapóstolo não se apresenta aos seus leitores como es-
tranho, mas fala-lhes como quem de longa data lhes é conhe-
cido, na qualidade de pastor da província da Asia ícf. 19,
35 ;refutação
da 20, 31). deA' diversos luz destaerros
suposição, compreende-se
que o autor o porquê
faz, ao menos indi-
retamente, erros como sejam as doutrinas dos cerintianos, dos
ebionitas, dos nicolaítas, que, pelos fins do primeiro século,
perturbavam os fiéis da Ásia Menor. São esses os cristãos que
o evangelista procura confirmar na fé, fazendo-lhes ver que
Jesús é o Messias e o Filho unigénito de Deus, para que por
meio desta fé alcancem a vida eterna. Acha-se êsse objetivo
nitidamente declarado na passagem 20, 21, como também
ressumbra de todas as partes do evangelho. Mediante a
narração de alguns milagres insignes e pela reprodução de
numerosos discursos e discussões de Jesús, pretende o evange-
lista esboçar uma imagem da glória do Unigénito do Pai,
cheio de graça e de verdade (1, 14). Procura ao mesmo
tempo completar a relação dos sinópticos, razão por que
refere, geralmente, fatos que aquêles passaram em silêncio)
sobretudo em se tratando da atividade de Jesús na Judéia:
ou acontecimentos que lancem nova luz sobre alguma perfei-
ção característica do sublime ideal de virtudes. Haja vista,
mormente a historia da paixão.
5. Consoante a tradição antiga, foi o quarto evan-
demandou escrito
gelho depoissó depois
a Asia dos sinópticos.
da morte E'
de certo que São
São Paulo (ano João
67) ;
sendo que, por outro lado, o evangelho supõe um apostolado
João — Introdução 169

de maior duração entre os cristãos daquela província, tere-


mos de buscar a origem deste documento sacro lá pelo ano 90
do primeiro sécul •>. Também o tópico 21,20-23 faz entrever
que são João era homem de avançada idade quando compôs
o seu evangelho. Como lugar de origem indica a tradição a
cidade de Êfeso.
6. O evangelho de São João difere notávelmente dos
três primeiros, quer quanto ao conteúdo, quer quanto á forma.
Os sinópticos limitam-se a referir quase exclusivamente as
doutrinas e os milagres que Jesus operou na Galiléia, ao passo
que o evangelho de São João, que supõe conhecidos os sinó-
ticos, tem por fim completar esses documentos históricos e
descrever de preferência o apostolado de Jesus em Jerusa-
lém. Além disto, contém o quarto evangelho grande número
de discursos que o divino Mestre proferiu diante de seus dis-
cípulosjudeus
e de posição e mais apurada cultura intelectual.
São muito sublimes êsses discursos, abstratos e de difícil
compreensão, versando principalmente, sobre a existência
eterna do Filho de Deus, a sua incarnação e a consubstancia-
lidade com o Pai — ao passo que os sermões referidos pelos
sinópticos se ocupam, de preferência, com o reino messiânico,
as condições de entrada nêle e os bens que oferece ; são expo-
sições populares adaptadas ao alcance de todos, proferidas
que foram diante das massas populares.
7. São João faz preceder o seu evangelho de uma
introdução á história da vida pública de Jesus (1, 1-51).
Passa, em seguida, a descrever o apostolado público do divino
Mestre, que tem por principal cenário a cidade de Jerusalém
Í2, 1-12, 50). Segue-se a história da paixão, morte e ressurrei-
ção de Cristo (13, 1-21, 23).
A Comissão Bíblica em data de 29 de maio de 1907,
declarou que os testemunhos históricos externos e a indole
interna do evangelho constituem suficiente garantia da au-
tenticidade domesmo ; que êsse documento não é apenas uma
coleção de símbolos e alegorias doutrinários ; e que principal-
mente os discursos do Senhor não se reduzem a simples com-
posições teológicas do evangelista.
Os erros fundamentais que ocasionaram êste decreto
da Comissão Bíblica foram, ao depois, condenados em três
proposições do Sj llabus, aos 4 de julho de 1907.
EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO SÃO JOÃO

Prólogo

1 O Verbo eterno : Deus e Criador. No princípio


era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
2 Êste estava com Deus, no princípio. Todas as coisas foram
3 feitas por ele, e nada do que se fez foi feito sem ele.
4 Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens,
e a luz resplandece nas trevas, mas as trevas não a com-
preenderam.
(5 Entrada do Verbo eterno no mundo. Havia um
7 homem, enviado por Deus, cujo nome era João. Êste veio
para dar testemunhe, testemunho pela luz, para que todos
8 cressem por meio dele. Não era ele a luz, mas era para dar
testemunho pela luz.
9 Veio ao mundo a luz verdadeira que ilumina a todo
0 o homem. Estava êle no mundo ; o mundo foi feito por
êle ; mas o mundo não o conheceu. Veio ao que era seu, mas
2 os seus não o receberam. A todos, porém, que o receberam
3 deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus — os que
crêem no seu nome, que não nasceram do sangue, nem do
desejo da carne, nem do desejo do varão ; mas, sim, de Deus.
4 O Verbo eterno, doador da graça e da verdade. E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós. E nós vimos a
5 sua glória, a glória do Unigénito do Pai, cheio de graça e de
verdade.
Gquem eu Joãodissedeu: testemunho dele,alguém
Após mim virá clamando
que :é maior
"Este do
é oque
de
1 eu
nós ; temos
porquerecebido
era antes
graçadesobre
mim". Da sua plenitude todos
graça.
8 Por Moisés foi dada a lei — por J esús Cristo é que
veio a graça e a verdade. Nunca ninguém viu a Deus : o
Unigénito,
velou. que é Deus e está no seio do Pai, êsse é que o re-

Preparação imediata
0 Primeiro testemunho do Batista. Foi êste o tes-
munho que João deu, quando os judeus lhe enviaram sacer-
0 dotes e levitas de Jerusalém com a pergunta : "Quem és tu ?"
Confessou sem negar, declarando : "Eu não sou o Cristo".
João 1, 21 — 42

Perguntaram-lhe eles : "Quem és, pois ? és Elias ?" 21


"Não sou" — ■ respondeu.
"E's o profeta ?"
"Não" — tornou ele.
Responderam
dar resposta eles enviaram.
aos que nos : "Quem Queés, pois?
dizes para
de ti podermos
mesmo ? 22
PreparaiTornou êle : "Eu
o caminho sou a vozconforme
do Senhor, que clama
disseno o deserto
profeta : 23
Isaías ".Ora, os embaixadores pertenciam aos fariseus. E con- 24
tinuaram a interrogá-lo : "Por que batizas, pois, se não és 25
o Cristo, nem Elias, nem o profeta ?"
no meioRespondeu-lhes João : "Eu de
de vós está, desconhecido batizo
vós, com águaque; mas
aquele virá 2726
após mim. Eu nem sou digno de lhe desatar as correias do
calçado".Deu-se isto em Betânia, para além do Jordão, onde 28
João batizava.
Segundo testemunho do Batista. No dia seguin- 29
CordeiroJoão
te, viu a Jesusqueaproximando-se
de Deus dêle,mundo.
tira o pecado do e disse Este
: "Eis
é deo 30
quem eu dizia : Após mim vem um que é maior que eu ;
porque existia antes de mim. Não o conhecia eu ; mas, 31
para o tornar conhecido em Israel é que vim com o batismo
dágua".
do céu, Mais aindade testificou
em forma pomba, e Joãopairar: sobre
"Vi ele.
o Espírito descer
Não o conhe- ^2
cia eu ; mas, quem me mandou batizar com água disse-me : 33
vSôbre quem vires descer e pairar o Espírito, esse é que batiza
com o Espírito Santo. Eu o vi : e dou testemunho de que este :^ *
é o Filho de Deus".
m 51 : Vocação de João e Vndré. No dia seguinte estava 35
11 .í' J°ão outra vez com dois dos seus discípulos. Quando viu
Mc 1, passar a Jesus, disse : "Eis o Cordeiro de Deus !" Ouvindo 36
15* de
os dois
Jesus. discípulos as suas
Voltou-se Jesus,palavras,
e, vendologoqueforam em seguimento
o seguiam, pergun- 3837
tou-lhes : "Que procurais?"
Ao que lhe responderam : "Rabi — que quer dizer :
Mestre — onde moras ?"
Tornou-lhes êle : "Vinde e vede". 39
Acompanharam-no e viram onde morava ; e ficaram
com êle êsse dia. Era pela hora décima.
Vocação de Simão Pedro. Um dos dois que, ás 10
palavras de João, o seguiram era André, irmão de Simão
Pedro. Este encontrou primeiro a seu irmão Simão, e disse- 41
lhe : "Encontramos o Cristo" — que significa : o Ungido.
E conduziu-o a Jesus. Jesus, fixando nêle c olhar, disse : 42
26 — mim ; e que, todavia, é anterior a mim.
172 João 1, 43 — 2, 10

"Tu ésdizer
quer Simão, filho de João. e serás chamado Cefas" ■— que
: Pedro.
43 Vocação de Filipe e Natanael. No dia imediato,
ia Jesus partir para a Galiléia, quando se lhe deparou Fi-
44 lipe ; eEradisse- lhe :natural
Filipe "Segue-me !"
de Betsaida, pátria de André e de
45 de
Pedro. Filipe aquele
encontrar encontrou a Natanael
de quem e disse-lhe
escreveram Moisés,: "Acabamos
na lei, e os
profetas : Jesus de Nazaré, filho de José".
46 Respondeu-lhe Natanael : "Poderá sair coisa boa de
?"
Nazaré "Vem e vê" — disse Filipe.
47 Vendo Jesus chegar a Natanael, observou a respeito
dele : "Eis aí um israelita de verdade no qual não há falso" .
48 "Donde é que me conheces ?" — perguntou Natanael.
Tornou-lhe Jesus : "Antes que Filipe te chamasse,
te via eu, debaixo da figueira".
49 "Mestre ! — exclamou Natanael — tu és o Filho dc
Deus ; tu és o Rei de Israel".
50 Respondeu-lhe Jesus : "Crês, porque te disse que
51 te vira debaixo da figueira? Verás coisa maior que isto".
E prosseguiu,
que doravante dizendo
vereis o :céu"Em verdade,
aberto em verdade
e os anjos de Deus vos digo
subirem
e descerem sobre o Filho do homem".
VIDA PUBLICA DE JESUS
Primeira estadia em Jerusalém
2 As bodas de Caná. Três dias depois. celebravam~se
2 umas bodas em Caná da Galiléia. Estava presente a mãe
de Jesus. Também Jesus e seus discípulos foram convidados
ás bodas.
3 Quando chegou a faltar o vinho, disse-lhe a mãe de
Jesus : "Não teem vinho".
4 Respondeu-lhe Jesus : "Senhora, que tem isso comigo
e contigo ? Ainda não chegou a minha hora".
5 Disse então a mãe de Jesus aos serventes : "Fazei o
6que eleOra,vos estavam
disser". aí seis talhas de pedra, destinadas ás
purificações usadas pelos judeus, cabendo em cada uma dois
7 ou três almudes. Ordenou-lhes Jesus : "Enchei de água
as talhas". Encheram-nas até cima. Então lhes disse :
8 "Tirai agora e levai ao mestre-sala". Levaram-na. O mestre-
9 sala provou a água feita vinho, e não sabia donde era ; só o
sabiam os serventes que tinham tirado a água. O mestre-sala
0 chamou o esposo
vinho bom, e disse-lhe
e, depois que os: "Toda a gentebeberam
convidados serve primeiro
bastante,o
apresenta o que é inferior ; tu, porém, reservaste o vinho bom
até agora".
173
João 2, 11 — 3, 8

Com isto deu Jesus princípio a seus milagres, em n


Caná da Galileia ; manifestou a sua glória, e os seus dis-
cípulos creram nele.
Purificação do templo. Em seguida, desceu a Ca- 12
12, farnaum, em companhia de sua mãe, seus irmãos e seus dis-
46 cípulos. Demoraram-se aí uns poucos dias.
Estava próxima a festa pascal dos judeus ; e Jesus lá
subiu a Jerusalém. No templo encontrou gente a vender bois, 11
ovelhas e pombas ; e cambistas, que lá se tinham estabelecido.
Fez um azorrague de cordas e expulsou-os todos do templo, 15
juntamente com as ovelhas e os bois ; arrojou ao chão o di-
nheiro dos cambistas e derribou-lhes as mesas. Aos vendedo- 16
res de pombas disse : "Tirai daqui essas coisas e não façais
da casa de meu Pai casa de mercado". Recordaram-se então n
68, os discípulos do que diz a escritura : "O zêlo pela tua casa
10 me devora".
Os judeus, porém, protestaram, dizendo-lhe : "Com 18
que prodígio provas que tens autoridade para fazer isto ?"
Respondeu-lhes Jesus : "Destruí este templo, e em i'!
ires dias o reedificarei".
Disseram
construção deste ostemplo,
judeus e : tu"Quarenta
pretendes ereedificá-lo
seis anos emlevoutrêsa 20
diasressuscitado
de ?" Êle, porém, se referia
dentre ao templo
os mortos, de seu corpo.
lembraram-se Depois
os discípulos 2122
do que dissera, e creram na escritura e nas palavras que Jesus
proferira.
Situação em Jerusalém. Durante a sua permanência 23
cm Jerusalém, por ocasião da festa pascal, muitos creram
em seu nome, porque viam os milagres que fazia. Jesus, 24
porém, não se fiava nêles ; porque os conhecia a todos, nem 25
havia mister que alguém lhe désse esclarecimentos sobre pessoa
alguma. Sabia por si mesmo o que vai no íntimo do homem.
Jesús e Nicodemos. Havia entre os fariseus um <j
homem, por nome Nicodemos, um dos principais entre os
judeus.
sabemos Foi que êste têr com
vieste Jesús,para
de Deus de noite,
ensinare disse-lhe
; porque: "Mestre,
ninguém 2
pode fazer esses milagres que tu fazes, a não ser que Deus
esteja com êle".
Respondeu-lhe Jesús : "Em verdade, em verdade te 3
digo : quem não nascer de novo não pode ver o reino de Deus' ' .
nascer Tcrnou-lhe
de novo, sendo Nicodemos
velho ? :poderá,
"Comoporventura,
pode um voltar
homem ao 4
seio de sua mãe e tornar a nascer ?"
Replicou-lhe
digo : Quem não nascerJesús de: novo
"Em pelaverdade,
água em verdade
e pelo espiritote 5
não pode entrar no reino de Deus. O que nasceu da 6
carne é carne ; mas o que nasceu do espírito é espírito. 7
Não te admires de eu te dizer : E' necessário nascerdes de 8
novo. O vento sopra onde quer ; bem lhe ouves o ruído ; mas
5 — Espirito Santo
J 74 João 3, 9 — 33

não sabes donde vem nem para onde vai. O mesmo se dá com
todo aquêle que nasceu do espírito.
(.» "Como é isto possível ?" — perguntou Nicodemos.
1LO Respondeu-lhe
1 não compreendes estasJesus:
coisas ? "Tu
Em és mestre teemdigoIsrael,
verdade, : Nóse
dizemos o que sabemos, e testemunhamos o que vimos — e,
12 no entanto, não aceitais o nosso testemunho. Se nem credes
quando vos falo de coisas da terra, como haveis de crer,
13 quando vos falar de coisas do céu ? Ninguém subiu ao céu,
a não ser aquêle que desceu do céu, o Filho do homem.
) 4 Do mesmo modo que Moisés suspendeu a serpente no deserto,
vò assim deve ser suspenso também o Filho do homem, para
que todo o que nele crer tenha a vida eterna.
1*5 Pois a tal ponto amou Deus o mundo que entregou o
17 seu
mas P^ilho
tenhaunigénito, para quePorquanto,
a vida eterna. todo o que Deus
nele crer
não não pereça,
enviou seu
Filho ao mundo para julgar o mundo ; mas para que o mundo
18 se salve por ele. Quem nêle crer não será julgado ; mas quem
não crer, já está julgado, por não crer no nome do Filho uni-
13 gênito de Deus. Nisto é que está o juizo : A luz veio ao
mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz,
20 porque as suas obras eram más. Pois, quem pratica o mal
odeia a luz, e não se chega á luz para que não sejam revela-
21 das as suas obras. Mas quem pratica a verdade chega-se á
luz, para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus".
22 Jesús e João Batista. Depois disto, chegou Jesus
com seus discípulos ao território da Judéia, onde se demorou
28 em companhia deles, batizando. Também João batizava
ainda em Enon, perto de Salim ; porque havia aí muitas
24 João
águas.ainda
Paranãolá concorria
fora lançadoo povo e fazia-se batizar. E' que
ao cárcere.
25 Suscitou-se então uma contenda sobre a purificação,
entre os discípulos de João e um judeu Foram ter com João
26 e disseram-lhe : Mestre, aquêle que estava contigo na outra
margem do Jordão e a quem déste testemunho — ei-lo a
27 batizar ! e toda a João
Respondeu gente : vai ter comhomem
Nenhum êle." pode receber coi-
2H sa alguma que não lhe seja dada do céu. Vós mesmos seis
testemunhas de que disse : Não sou eu o Cristo, mas fui
29 enviado apenas como precursor. Quem tem a esposa esse é
que é o esposo. O amigo do esposo, que o acompanha, alegra-
se intimamente quando ouve a voz do esposo. Pois, esta
alegria me coube abundante. Convém que êle cresça e que
eu diminua.
31 Quem vem do alto está acima de todos ; quem vem
da terra é terreno e de coisas terrenas fala. Quem vem do
S2 céu está acima de todos. Testifica o que viu e ouviu ; mas
33 não há quem lhe aceite o testemunho. Quem, todavia, lhe
13 — homem, que no céu está. 15 — crer não pereça, mas
25 — uns judeus
175
João 3, 34 — 4, 23

aceita o testemunho confirma que Deus é verdadeiro.


Porque o enviado de Deus profere as palavras de Deus ; 34
pois que Deus lhe prodigaliza sem medida o espírito. O Pai 35
ama ao Filho e tudo lhe entregou nas mãos. Quem crê no 36
Filho tem a vida eterna ; quem, pelo contrário, descrê do
Filho não verá a vida ; porém pesa sobre êle a ira de Deus".
Jesús ao poço de Jacó. Quando o Senhor soube que 4
se noticiara aos fariseus que êle, Jesús, granjeava maior
numero de discípulos e batizava mais do que João — embora 2
não fosse Jesús mesmo quem batizava, mas os seus discí- 3
pulos — deixou a Judéia e voltou para a Galileia.
Ora, tinha de atravessar a Samaria ; e chegou a uma 4
cidade da Samaria, por nome Sicar, vizinha ao prédio que 5
Jacó dera a seu filho José. Achava-se aí o poço de Jacó. 6
Fatigado da jornada, sentou-se Jesús sem mais á beira do
poço. Era por volta da hora sexta.
Colóquio com a samaritana. Nisto veio uma sa- 7
maritana para tirar água. Jesús pediu-lhe : "Dá-me de
beber" Pois, os seus discípulos tinham ido á cidade comprar 8
mantimentos.
Respondeu-lhe a samaritana : "Como ? tu, que és 9
judeu, me pedes de beber a mim, que sou samaritana ?"
E' que os judeus não se dão com os samaritanos.
Tornou-lhe Jesús : "Se conhecesses o dom de Deus 10
e aquele que te diz : Dá-me de beber — pedir-lhe-ias que te
désse água viva".
que tirar "Senhor e o poço — éreplicou-lhe
fundo. Donde a mulher
tiras tu— essa
nãoágua tensviva
com? 12n
E's,
poço, acaso,
do qualmaior bebeudo êle
quemesmo,
nosso pai Jacó, que
e beberam seusnosfilhos
deu e êste
re-
banhos ?"
a ter sêde;Volveu-lhe mas, quemJesúsbeber
: "Quem
da águabebe
que desta
eu lhe água
der nãotornará
mais 13
terá sêde eternamente. A água que eu lhe der se tornará 14
nele uma fonte que jorra para a vida eterna".
Pediu-lhe a mulher : "Senhor, dá-me essa água para 15
que não tenha mais sêde nem precise de vir cá tirar água".
Disse-lhe Jesús : "Vai, chama teu marido e volta cá". 16
"Não tenho marido" — respondeu a mulher. 17
Tornou-lhe
rido. Jesústiveste,
Cinco maridos : "Disseste
e o que bem : Não
agora tens tenho
não é ma-teu 18
marido. Nisto falaste verdade".
Nossos "Senhor
pais adoraram — exclamoua Deusa mulher — vejo
sobre esse monte,que e ésvósprofeta.
dizeis 1920
que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar a Deus'.
Respondeu-lhe Jesús : "Acredita-me, senhora, virá 21
a hora em que nem nesse monte nem em Jerusalém adora-
reis ao Pai. Vós adorais o que desconheceis; nós adoramos o 22
que conhecemos ; porque a salvação vem dos judeus. Mas
chegará a hora — e já chegou — - em que os verdadeiros ado- 23
176 João 4, 24 — 47

radores adorarão ao Pai em espírito e verdade. Pois, são


24 êstes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e em
espírito e verdade é que o devem adorar os que o adoram."
25 quer dizer Tornou a mulher
o Ungido — e,: quando
"Sei que vier,viráanunciar-nos-á
o Messias, — todasque
as coisas".
26 Disse-lhe Jesús : "Sou eu. que estou falando contigo".
^7 Jesús e os discípulos, Neste momento chegaram os
seus discípulos e admiraram-se de que estivesse falando
com uma mulher. Mas ninguém perguntou : "Que queres
28dela A?" mulher ou : "Queabandonou falas com o elaseu?" cântaro, correu á cidade,
29 e disse á gente : "Vinde e vede um homem que me disse
30 tudo o Saíram que tenho feito ! e Não
da cidade foramseráter ele
com o ele
Cristo ?"
31 Entrementes, insistiam com ele os discípulos : "Co-
32 me, Mestre". Êle, porém, lhes respondeu : "Eu tenho um
manjar que vós não conheceis".
33 Ao que os discípulos disseram uns aos outros : "Será
que alguém lhe trouxe de comer ? '
34 vontadeDeclarou-lhes daquele que meJesús : "Oparameu
enviou levarmanjar
a têrmoé acumprir
sua obra.a
35 Porventura, não dizeis : Ainda quatro meses, e vem a colhei-
ta ? Ora. digo-vos : Levantai os olhos e contemplai os campos;
36 já estão lourejando para a colheita. Já o ceifador vai receben-
do o salário e recolhendo fruto para a vida eterna, para que se
37 alegrem juntamente o semeador e o ceifador. Vem a propó-
38 sito o ditado : Um semeia e outro colhe. Enviei-vos para co-
lherdes onde não trabalhastes ; foram outros os que traba-
lharam, evós entrastes no seu trabalho".
39 Jesus e os samaritanos. Muitos samaritanos da-
quela cidade creram nele, porque a mulher lhes asseverava :
40 Disse-me
41 êle os samaritanos tudo o quee rogaram-lhe
tenho feito".que Foram, ficasse pois,
com ter
êles.comE
ficou lá dois dias. Em virtude da sua doutrina creu nele
42 ainda maior número. E diziam á mulher : "Já não é por causa
das tuas falas que cremos ; mas porque nós mesmos o ouvi-
mos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo".
43 Jesus na Galileia. Passados dois dias, partiu dali
44 caminho da Galiléia. Jesús mesmo deu testemunho de que
45 um profeta não é estimado cm sua pátria. Chegando á
Galiléia, receberam-no de boa mente os galiíeus ; porque
tinham visto tudo que fizera em Jerusalém, por ocasião da
festa; pois também êles haviam comparecido á solenidade.
46 Chegou, pois/ novamente a Cana da Galiléia, onde
convertera água em vinho.
Ora, havia em Cafarnaum um funcionário real cujo
47 filho jazia doente. A* noticia de que Jesús regressara da Ju-
déia pa**a a Galiléia, foi ter com êle, suplicando-lhe que des-
ces e elhe curasse o filho ; porque estava prestes a morrer.
177
João 4, 48 — 5, 15

Respondeu-lhe Jesus : "Vós, quando não vêdes si- 48


nais e prodígios, não credes".
"Senhor — rogou o funcionário real — desce antes 49
que meu filho morra".
Tornou-lhe Jesus na: "Vai,
Creu o homem que que
palavra teu Jesus
filho vive
lhe \
dissera e 50
partiu. E, de caminho para casa, vieram-lhe ao encontro os 51
criados com a notícia de que seu filho vivia. Informou-se ele 52
da hora em que começara a melhorar ; ao que lhe disse-
ram : "Ontem, á hora sétima, a febre o deixou". Reco- 53
nheceu o pai que era a mesma hora em que Jesus lhe dis-
sera :"Teu filho vive". E creu ele com toda a sua casa.
Foi este o segundo milagre que Jesus operou, depois 54
de voltar da Judéia para a Galileia.
Segunda estadia em Jerusalém
O doente á piscina de Betesda. Depois disto, 5
ocorria uma festa dos judeus. Subiu Jesus a Jerusalém.
Ora, há em Jerusalém, próxima á porta das ovelhas, uma pis- 2
cina que em hebraico se chama Betesda. Tem cinco pórticos, 3
nos quais jazia grande número de enfermos: cegos, coxos,
tísicos, que esperavam pelo movimento da água. Porque, 4
de tempo a tempo, descia á piscina um anjo e agitava a
água ; e quem primeiro descesse á piscina, para dentro da
água agitada saía curado, fosse qual fosse o seu mal.
Ora, achava-se aí um homem, doente havia trinta e 5
oito anos. Jesus, vendo-o prostrado e sabendo que desde longo 6
tempo sofria, perguntou-lhe : "Queres ser curado ?"
algum "Senhor — respondeu
que me desça, quando o seenfêrmo
agita a— água
não ;tenho homem
e, enquanto 7
vou, desce outro antes de mim".
No mesmoDisse-lhe J esús o :homem
instante, ''Levanta-te, toma tomou
ficou são, o teu leito
o seue anda'
leito 'e. 8
pôs-se a andar.
Era, porém, sábado esse dia. Pelo que os judeus 9
disseram ao que fora curado : "E' sábado ; não te é lícito 10
carregar teu leito".
Respondeu-lhes ele : "Aquele que me curou disse-me : 11
Toma teu leito e anda".
Perguntaram-lhe : "Quem é esse homem que te disse : 12
toma o teu leito e anda ?"
Mas o que fora curado não sabia quem ele era ; porque 13
Jesus se retirara, por ser grande a multidão que lá estava.
Mais tarde,curado
que foste encontrou-o
; não Jtornes
esús noa templo, e disse-lhe
pecar, para que não: "Olha,
te su- 14
judeusceda que
coisa pior". Ao que
era Jesús que olhehomem se foi
restituíra e comunicou aos 15
a saúde.

2 — a piscina das ovelhas, que em hebraico se chama Betsaida.


4 — anjo do Senhor
178 João 5, 16 — 37

16 Jesús igual ao Pai. Por isso os judeus perseguiram


a Jesus, porque fizera aquilo em dia de sábado.
1" Declarou-lhes Jesús : "Meu Pai opera até agora — e
is tambémPoreu esta opero".razão procuravam os judeus ainda com
maior empenho matá-lo ; porque não somente profanava o
sábado, mas também chamava a Deus seu Pai, igualando-se
assim a Deus.
19 Jesús, porém, lhes disse : Em verdade, em verdade
vos digo : O Filho não pode por si mesmo fazer coisa alguma,
mas somente o que vê fazer o Pai ; porque tudo o que faz
20 o Pai fá-lo do mesmo modo o Filho, porque o pai ama ao
Filho e mostra-lhe tudo o que êle mesmo faz. E maiores obras
do que estas lhe há de mostrar, de maneira que haveis de
21 pasmar. Pois, do mesmo modo que o Pai ressuscita os mortos
e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem quiser.
22 Também o Pai não julga a ninguém ; mas entregou todo o
23 julgamento ao Filho, para que todos honrem ao Filho assim
como honram ao Pai. Quem não honra ao Filho também não
honra ao Pai que o enviou.
24 Em verdade, em verdade vos digo : Quem ouve a
minha palavra e tem fé naquele que me enviou, esse tem a
vida eterna e não incorre no juizo ; mas passou da morte para
25 a vida. Em verdade, em verdade, vos digo : Chegará a hora
— e já chegou — em que os mortos ouvirão a voz do Filho de
26 Deus ; e os que a ouvirem viverão. Porque, do mesmo modo
que o Pai tem a vida em si mesmo, assim concedeu também
27 ao Filho ter a vida em si mesmo. Deu-lhe também o poder
28 de julgar, por ser o Filho do homem. Não vos admireis
disto ; porque virá a hora em que todos os que estão nos
29 sepulcros ouvirão a voz dele ; e ressurgirão para a vida
os que praticaram o bem, e ressurgirão para o juizo os
30 que praticaram o mal. Não posso de mim mesmo fazer coisa
alguma: não
porque julgosigosegundo
a minhao quevontade,
ouço. E*mas,
justosim,
o meua vontade
julgamento,
da-
quele que me enviou.
R* Testemunho do Pai a favor de Jesús. Se eu désse
testemunho de mim mesmo, não seria verdadeiro o meu
32 testemunho. Outro é quem dá testemunho de mim, e sei
S3 que é verdadeiro o testemunho que êle dá de mim. Mandastes
uma embaixada a João, e êle deu testemunho da verdade.
34 Eu, porém, não preciso do testemunho de homem ; mas
35 digo-vos estas coisas para que encontreis salvação. Aquele
era o luzeiro que ardia e espargia claridade ; vós, porém, qui-
sestes apenas por algum tempo gozar-lhe os fulgores.
36 Ora, eu tenho um testemunho superior ao de João :
As obras que o Pai me incumbiu de levar a efeito — estas
mesmas obras que estou fazendo — me são testemunho de
37 que o Pai me enviou. Assim é que o Pai que me enviou deu
testemunho de mim. Nunca lhe ouvistes a voz, nem lhe vistes
28 — do filho de Deus
João 5, 38 — 6, 15

a figura, nem guardais no íntimo a sua palavra, porque não 38


credes no que ele enviou.
Esquadrinhais as escrituras, porque nelas julgais 39
encontrar a vida eterna. Pois, são elas que dão testemunho
de mim. Mas não quereis vir a mim para terdes a vida. 40
Motivo de incredulidade. "Não aceito honras da 41
parte dos homens ; porque sei de vós que não tendes no 42
coração o amor de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e 43
não me recebeis ; mas venha qualquer outro em seu próprio
nome, e logo o recebeis. Como podeis têr fé, vós, que vos 44
glorificais uns aos outros, sem procurardes a glória aos olhos
do único Deus ? Não penseis que eu vá acusar-vos perante o 45
Pai. Quem vos acusa é Moises, no qual pondes as vossas
esperanças. Pois, se tivésseis fé em Moisés, também terieis 46
fé em mim ; porque foi de mim que ele escreveu. Mas, 47
se não crêdes no que ele escreveu., como haveis de dar crédito
ás minhas palavras ?

—13 : Multiplicação dos pães. Depois disto, passou Jesus 6


13' para a outra margem do lago da Galiléia, chamado lago de
lc 6, Tiberíades. Seguiu-o grande multidão de povo, porque viam 2
32 os milagres que fazia aos doentes. Subiu então Jesus ao mon- 3
jC io' próxima
te' onc*e sea sentou em companhia
festa pascal dcs judeus.dos seus discípulos. Estava 4
Erguendo os olhos e vendo que numerosa multidão o 5
vinha procurar, disse Jesus a Filipe : "Onde compraremos
pão,
apenas para que a de
no intuito gente
pô-lotenha que ;comer
á prova porque?" bem
Massabia
isto odizia
que 6
havia de fazer.
Respondeu-lhe
não chegariam para queFilipe
cada: um"Duzentos denáriosumdeboca-
dêles recebesse pão 7
dinho
Ao sequer".
que lhe observou um dos seus discípulos, André, 8
pães de cevada ePedro
irmão de Simão dois :peixes
"Está; aqui
mas um
que menino com tanta
é isto para cinco 9

gente ?"
Disse Jesus : "Mandai a gente sentar-se". E' que 10
havia muita relva no lugar. Sentaram-se, pois, os homens,
em número de uns cinco mil. Tomou Jesus os pães, deu gra- n
ças e mandou-os distribuir a todos que estavam sentados ;
da mesma forma, os peixes, quanto queriam.
Depois de todos fartos, disse a seus discípulos : "Re- 12
colhei
cheram asdoze
sobras,
cestosparacomqueos não se percam".
pedaços dos cincoRecolheram e en-
pães de cevada, 13
que sobraram acs que tinham comido.
Vendo o povo o milagre que Jesus acabava de fazer, 14
exclamou : "Este é realmente o profeta que devia vir ao
mundo".
Reparou Jesus que queriam vir e levá-lo a força para 15
proclamá-lo
êle sozinho. rei. Pelo que tornou a retirar-se para o monte,
180 João 6, 16 — 40

16 Jesús caminha sobre as águas. Ao anoitecer, des-


17 ceram os discípulos ao lago, embarcaram e dirigiram-se para
a outra margem, rumo a Cafarnaum. Já era escuro, e ainda
18 Jesús não fora ter com êles. Iam as vagas empoladas com
19 forte ventania. Tinham remado uns vinte e cinco a trinta
estádios, quando avistaram Jesús a andar sobre as águas e
20 aproximar-se da embarcação. Encheram-se de terror. Jesús,
porém, lhes disse : "Sou eu ; não temais !"
21 Queriam recebê-lo no barco — mas logo o barco
tocou na praia que demandavam.
22 Introdução á promessa eucarística. No dia se-
guinte, o povo que ficara na outra margem do lago advertiu
que lá não ficara senão um único barco e que Jesús não
embarcara com seus discípulos, mas que os discípulos tinham
23 partido sozinhos. Entrementes, chegaram de Tiberiades
outras embarcações perto do lugar onde o Senhor proferira a
24 ação de graças e onde êles haviam comido o pão. Ora, vendo
êles que Jesús e seus discípulos já não estavam lá, embar-
25 caram e foram a Cafarnaum, em busca de Jesús. Deram com
ele, na outra margem e perguntaram-lhe : "Mestre, quando
foi que chegaste aqui ?"
2o Respondeu-lhes Jesús : "Em verdade, em verdade
vos digo : Andais á minha procura, não porque vistes mila-
27 gres, mas porque comestes dos pães e ficastes fartos. Não vos
afadigueis por um manjar perecedor, mas, sim, pelo manjar
que dura para a vida eterna e que o Filho do homem vos dará;
pois, a êle é que Deus Pai acreditou".
28 Perguntaram-lhe : "Que nos cumpre fazer para pra-
ticarmos as obras de Deus ?"
29 Respondeu-lhes J esús : "A obra de Deus está em que
tenhais fé naquele que êle enviou".
30 Replica ram-lhe êles : "Que sinal nos dás para que o Ex 16,
31 meram
vejamos o emaná, te demos fé ? qualconforme
no deserto, a tua obra
está ? escrito
Nossos: pais co- gl 7^3
Do céu 24
lhes deu pão a comer".
32 vos digoRespondeu-lhes
: Não foi Moisés Jesúsque: vos
"Emdeuverdade,
o pão doemcéuverdade
; meu
33 Pai é que vos dará o verdadeiro pão do céu. Porque o pão de
Deus é aquele que desce do céu e dá a vida ao mundo".
34 Disseram-lhes êles : "Senhor, dá-nos sempre êsse
pão' .
Sõ Jesús verdadeiro pão da vida. Tornou-lhes Jesús :
"Eu sou
36 e quem crêo pão
em damimvida. Quemterávem
jamais a mim
sede. Bem jámais terá eufome
vos dizia que ;
37 não crêdes, ainda que me tenhais visto. Tudo quanto o Pai
me dá vem a mim ; e eu não repelirei a quem vier ter comigo ;
38 porque desci do céu, não para cumprir a minha vontade, mas,
39 sim,
quem a me
vontade
envioudaquele que deixe
: que não me enviou.
parecer E'nada
esta dea vontade
quanto me de
40 confiou ; mas que o ressuscite no último dia. Sim, é esta a
João 6, 41 — 64 181

vontade de meu Pai ; que todo o homem que vir o Filho


e crer nêle tenha a vida eterna, e eu o ressuscite no último
dia".
Murmuraram dele os judeus por ter dito : "Eu sou 41
o pão queJesus,
ventura, desceu
filhodode céu". Diziampai : e mãe
José, cujo "Não conhecemos?
é este, por 42
como diz, pois : Eu desci do céu ?"
NinguémTornou-lhes Jesus se: não"Não
pode vir a mim, o atrairmurmureis entre
o Pai que me vós.
enviou; 4443
e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas . 45
Serão todos ensinados por Deus. Quem ouve o Pai e lhe
aceita a doutrina vem a mim. Não que alguém tenha visto ao 46
Pai ; somente quem é de Deus viu ao Pai. Em verdade, ern 47
verdade vos digo : Quem crê tem a vida eterna.
Jesús o pão eucarístico. Eu sou o pão da vida. 48
Vossos pais comeram o maná, no deserto, porém morreram. 49
Mas o pão que desce do céu é tal que quem dele come não 50
morre. Eu sou o pão vivo que desceu do céu. Quem comer 51
dêste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha
carne para a vida do mundo".
Disputaram então entre si os judeus, dizendo : "Como 52
pode este dar-nos a comer a sua carne ?"
digo : Replicou-lhes
Se não comerdes Jesúsa :carne"Em doverdade,
Filho doem homem
verdadee não
vos 52
beberdes o seu sangue, não tendes a vida em vós. Quem 54
come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna,
e eu o ressuscitarei no último dia ; porque a minha carne 55
é verdadeiro manjar, e o meu sangue é verdadeira bebida.
Quem come a minha carne e bebe o meu sangue fica em mim, 56
e eu nêle. Do mesmo modo que o Pai vivo me enviou, e como 57
eu vivoceberpelo Pai, assim também viverá por mim quem me re-
em alimento.
Este é o pão que desceu do céu ; não é como o que 58
vossos pais comeram, porém morreram. Quem come êste
pão viverá eternamente".
Epílogo da promessa eucarística. Estas palavras 59
disse Jesús, ensinando na sinagoga de Cafarnaum.
Muitos dos seus discípulos que o tinham ouvido dis- 60
seram : "Dura é esta linguagem; quem a pode ouvir ?"
Sabia Jesús que disto murmuravam seus discípulos ; 61
pelo que
virdes subir lheso disse
Filho : do"Isto
homemvos para
escandaliza ? E quando
onde estava antes ? 62
O espírito é que vivifica ; a carne nada vale. As palavras 63
que acabo de dizer- vos são espírito e vida. Mas há entre 64
vós alguns que não crêem".
40 — Pai que me envicu 53 — tereis
pão vivo
41 — crê 55 — verdadeiramente... verdadeiramente
47 — em mim 58 — como o maná
João 6, 65 — 7, 18

E' que
descrentes Jesuso havia
e quem sabia dedesde o princípio quem eram os
entregar.
65 pode virE aprosseguiu
mim, se não: "Por
lhe forissodado
é quepeiovosPai\
disse que ninguém
fi6 A partir daí, muitos dos seus discípulos se retiraram e
67 não andavam mais com êle. Perguntou Jesus aos doze :
"Quereis também vós retirar- vos ?"
68
60 havíamos"Senhor
de ir ?— Turespondeu-lhe
tens palavrasSimão de vidaPedro — a; quem
eterna e nós
cremos e sabemos que és o Santo de Deus
70 Tornou-lhes Jesús: "Não vos escolhi a vós doze?
e, no entanto — um de vós é um demónio I"
71 Referia-se a Judas, filho de Simão, de Cariot. Este,
um dos doze, o havia de entregar.
Terceira estadia em Jerusalém
7 Jesús vai á festa dos tabernáculos. Depois disto,
andava Jesús pela Galiléia. Não queria mais andar na
2 Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo. Entrementes,
se aproximava a festa judaica dos tabernáculos. Disseram-lhe
3 afim
então deseusqueirmãos
também : "Retira-te daqui e vai
os teus discípulos vejamparaas aobras
Judéia,
que
4 fazes ; pois, ninguém que deseja ser conhecido em público
trabalha ás ocultas. Se de tais coisas és capaz, mostra-te
5 abertamente ao mundo." E' que nem seus irmãos criam nele.
76tempo. Respondeu-lhe
Para vós, sim, Jesús
sempre: é "Ainda
tempo. não
A vóschegou
não voso pode
meu
o mundo odiar. A mim, porém, me odeia, porque eu dou
8 testemunho de que as suas obras são más. Subi vós á festa ;
eu não subo ainda á presente festa, porque ainda não chegou
o meu tempo".
109que seusDest'arte lhes falou,á festa,
irmãos subiram e ficousubiu
na Galiléia.
também Mas, depois
êle, não em
público, porém despercebido.
11 Por ocasião da solenidade procuravam-no os judeus,
12 e inquiriam : "Onde está êle ?" Muito se falava nêle entre o
povo. "Ele é bom" — diziam uns. "Qual ! — tornavam
13 outros
falar ás— claras,
engana com
o povo".
mêdo dosMas judeus.
não havia quem dêle ousasse

14 Jesús por ocasião da festa. Já andavam em meio


as solenidades, quando Jesús subiu ao templo e pôs-se a
lo ensinar. Admirados, diziam os judeus : "Como êle conhece
as escrituras, sem ter estudado ?"
16 Tornou-lhes Jesús : "O que ensino não é doutrina .
17 minha, mas, sim, daquele que me enviou. Quem quiser cum-
prir avontade dêle reconhecerá se a minha doutrina vem de
18 Deus oU se falo de mim mesmo. Quem fala de si mesmo pro-
cura aprópria glória, mas quem procura a glória daquele que
65 — por meu Pai.
69 — Cristo, Filho de Deus.
183
João 7, 19 — 42

o enviou fala a verdade, e não há nele falsidade. Não vos 19


deu Moisés a lei ? E, no entanto, nenhum de vós cumpre a 20
lei. Por que razão quereis matar-me ?"
Respondeu-lhe o povo : "Estás endemoninhado !
quem procura matar-te?"
Replicou-lhes Jesus : "Uma só coisa fiz, e todos estais 21
pasmados. Moises vos deu a circuncisão — não como sendo 22
de Moisés, mas vinda dos patriarcas — e vós circuncidais
também em dia de sábado. Ora bem : se o homem pode ser 23
circuncidado no sábado, sem se violar a lei de Moisés, por
que vos indignais de ter eu curado em dia de sábado um ho-
mem todo? Não julgueis pelas aparências, mas formai juí- 24
zo justo".
Observaram então alguns dos de Jerusalém : "Não 25
é este aquele que procuram matar ? Ei-lo a falar em público, 26
e não há quem lho proíba ! Será que os chefes conheceram de
fato que êle é o Cristo ? Entretanto, sabemos donde é este, 27
ao passo que, quando vier o Cristo, ninguém saberá donde
êle seja".
nheceis E e Jesus,
sabeis ensinando
donde sou.no Não
templo,
vim bradou
de mim: "Bem
mesmo,me mas,
co- 28
fui enviado por aquêle que é verdadeiro. Vós não o conheceis ;
eu, porém, o conheço, porque venho dele e foi êle que me en- 29
viou". Então procuravam prendê-lo; mas ninguém lhe deitou 30
as mãos, porque ainda não chegara a hora dêle.
Muitos dentre o povo creram nêle e diziam : "Quando 31
vier o Cristo, fará milagres maiores do que êle faz ?" Ouviram
os fariseus que tal coisa dizia dêle o povo. Pelo que, os prin- 32
cipes dos sacerdotes e fariseus despacharam servos para o
prenderem.
Disse Jesus : "Ainda um pouco de tempo estou con- 33
vosco; e vou para aquêle que me enviou. Haveis de procurar- 34
me, mas não me achareis ; porque onde estou, aí não podeis
vós chegar".
ir, que Disseram os judeus uns? irá,
o não encontraremos aos porventura,
outros : "Aonde
para ospretende
que se 35 *
acham dispersos entre gentios e ensinará aos pagãos ? Que
quer isto dizer : Haveis de procurar-me, e não me encon- 36
trareis ? E isto : Onde eu estou, aí não podeis vós chegar ?"
Ultimo dia da festa. No último dia, na grande sc- 37
lenidade,
venha a mim estava Jesús! Quem
e beba em pécrer
e clamava:
em mim, "Quem tiver sêde
brotar-lhe-ão do 38
interior torrentes
isto aludia de águas que
ao Espírito vivas, como dedizreceber
haviam a escritura".
os que Com
nêle 39
cressem ; pois, ainda não viera o Espírito Santo, porque
Jesús ainda não fora glorificado.
Alguns dentre o povo, ouvindo estas palavras, di- 40
ziam : "Este é realmente o profeta". Outros afirma- 41
yam : "Este é o Cristo". Alguns, porém, opinavam :
"Vem, porventura, o Cristo da Galiléia ? não diz a es- 42
184 João 7, 43 — 8, 14

43 critura que o Cristo vem da família de Davi e da po-


44 ginou umavoação dedissensão
Belém, donde entre proveio
o povo Davi ?" Asssim
por causa dele. se ori-
Alguns
deles queriam prendê-lo ; mas ninguém lhe deitou as mãos.
45 Voltaram os servos para os príncipes dos sacerdotes
e fariseus, os quais perguntaram : "Por que não o trou-
xestes ?"
46 Responderam os servos: "Nunca ninguém falou como
êste homem".
47
48 xastes Replicaram-lhes
seduzir ? há, porventura, os fariseusentre
: "Também
os chefesvósou vos dei-
fariseus
49 quem creia nêle ? E' só essa plebe, que nada entende da lei
50 — maldita
Observou seja !"então um dêles, Nicodemos, o mesmo que
51 outrora o procurara : "Acaso a nossa lei condena um homem
antes de ouvir e inquirir o que fez ?"
o2 Replicaram-lhe : "E's também tu galileu ? examina
53 e verás E que com daistoGaliléia
voltou não
cadavemqualprofeta".
para sua casa.
g A adúltera. Dirigiu-se Jesus para o monte das Oli-
2 veiras. Bem de madrugada, voltou ao templo. Todo o povo
afluía a ele. Ele, sentando-se, ensinava-os.
3 Nisto trouxeram os escribas e fariseus uma mulher
4 apanhada em adultério. Colocaram-na ao meio e disseram-
lhe : "Mestre, esta mulher acaba de ser apanhada em adul-
5 tério. Ora, na lei ordenou-nos Moisés que apedrejássemos
6 semelhantes mulheres. E tu, que dizes ?" Com estas palavras
queriam pô-lo á prova para terem de que acusá-lo.
Inclinou-se Jesus e escreveu com o dedo no chão.
7 E, como êles continuassem a insistir com perguntas, ergueu-
se e disse-lhes : "Quem de vós for sem pecado atire-lhe a
89 Eles,
primeira pedra".
porém, E, tornando
ouvindo a inclinar-se,umescrevia
isto, retiraram-se no chão.os
após outro,
mais velhos á frente. Ficou ele só com a mulher, que estava
10 nomeio. Erguendo-se então Jesus, perguntou-lhe : "Mulher,
onde estão êles? ninguém te condenou ?"
11 "Ninguém, Senhor" — respondeu ela.
Disse-lhe Jesus : "Nem eu te condenarei ; vai e não
tornes a pecar".
12 Jesus, a luz do mundo. Continuou Jesus a falar-
lhes, dizendo : "Eu sou a luz do mundo ; quem me segue
não anda em trevas, mas terá a luz da vida".
12 Ao que lhe disseram os fariseus : "Dás testemunho
de ti mesmo — não é verdadeiro o teu testemunho".
14 de mimRespondeu-lhes Jesus : o"Ainda
mesmo, é verdadeiro que eu dê testemunho
meu testemunho; porque sei
donde vim e para onde vou, ao passo que vós não sabeis
50 — procurara, de noite. 52 — examina as escrituras.
10 — os que te acusavam ?
185
João 8, 15 — 38

donde venho nem para onde vou. Vós julgais pelas aparên- 15
cias ; eu não julgo a ninguém. Mas, ainda que julgasse, 16
seria verdadeiro o meu julgamento ; porque não estou só ;
comigo está o que me enviou. Está escrito na vossa lei que o
testemunho de dois homens é válido. Ora, sou eu que dou 18
testemunho de mim, e dá testemunho de mim o Pai que me
enviou".
"Onde está teu pai ?" — inquiriram eles. 19
mim, nemRespondeu-lhes
a meu Pai, Jesus
Se me: conhecêsseis
"Não me conheceis nem a
a mim, também
conheceríeis a meuJesus
Proferiu Pai".estas palavras no tesouro, quando 20
ensinava no templo. E ninguém o prendeu ; porque ainda
não chegara a sua hora.

Castigo da descrença. Disse-lhes ainda : "Eu par- 21


tirei. Procurar-me-eis ; mas morrereis no vosso pecado.
Aonde eu vou vós não podeis ir".
Observaram os judeus : "Será que vai suicidar-se, 22
uma vez que diz : Aonde eu vou vós não podeis ir ?"
Disse-lhes ele : "Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima ; 23
vós sois dêste mundo, eu não sou dêste mundo. Disse-vos 24
que morreríeis nos vossos pecados ; sim, se não crerdes que
sou eu, morrereis nos vossos pecados.
"Pois, quem és tu ?" — perguntaram-lhe êles. 25
Respondeu-lhes Jesus: "Porque afinai estou a jalar-
vost Muitas coisas teria que dizer-vos ainda e muito que 26
julgar. Mas, quem me enviou é verdadeiro, e eu anuncio ao
mundo o que dêle ouvi".
Não atinaram que lhes falava do Pai. Prosseguiu Je- 27
sus: "Quando
nhecereis tiverdes
que sou eu e suspendido
nada faço deo mim
Filho mesmo;
do homem, co-
mas digo 28
o que o Pai me ensinou. Está comigo aquele que me enviou; 29
não me deixou só, porque faço sempre o que é do seu agrado".
Com estas palavras muitos chegaram a crer nêle. 30

Filhos de Abraão. Então disse Jesus aos judeus 31


que criam nêle : "Se ficardes fiéis á minha palavra, sereis
em verdade discípulos meus. Conhecereis a verdade, e a 32
verdade vos tornará livres".
"Nós somos filhos de Abraão — redarguiram êles 33
— e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que dizes :
Sereis livres ?"
digo : Tornou-lhes
Quem cometeJesus : "Em
pecado verdade,
é escravo em verdade
do pecado. vos
O escravo 34
35
não fica sempre na casa ; o filho, sim, fica para sempre. Se, 36
pois, o filho vos tornar livres, sereis verdadeiramente livres. 37
Bem sei que sois filhos de Abraão ; entretanto, procurais 38
matar-me, porque a minha palavra não encontra éco em vós.
16 — o Pai que 25 — O princípio, que também vos falo.
186 João 8, 39 — 9, 2

Eu vos digo o que vi junto de meu Pai ; e vós fazeis o que


ouvistes junto de vosso pai".
39 "Nosso pai é Abraão" — volveram eles.
Respondeu-lhes
40 praticai as obras de Abraão. J esús Entretanto,
: "Se é que sois filhos dematar-me,
procurais Abraão,
a mim, que vos anunciei a verdade que ouvi de Deus. Assim
41 não procedeu Abraão. Praticais as obras de vosso pai".
"Não somos filhos de adultério" — replicaram eles.
Temos por pai a Deus somente".
42 íeis, porqueDisse-lhes
saí e Jesus
vim de: "Se
DeusDeus fossevimvosso
; não por pai,
mim amar-me-
mesmo,
43 mas foi êle que me enviou. Por que não compreendeis o que
vos estou dizendo ? E' porque não podeis ouvir a minha
44 palavra. Vós tendes por pai o demónio, e quereis guiar-vos
pelos desejos de vosso pai. Esse era homicida desde o princípio.
Não persistiu na verdade, porque não há verdade nele.
Quando mente fala do que lhe é próprio ; porque é mentiroso
45 e pai da mentira. Mas, quando eu vos falo verdade, não me '
46 dais crédito. Quem de vós me arguirá de pecado ? Se,
pois, jalo verdade, por que não me credes ? Quem é de
47 Deus escuta a palavra de Deus ; vós não a escutais, porque
não sois de Deus".
48 Jesús anterior a Abraão. Ao que lhe replicaram
os judeus : "Não temos nós razão em dizer que és samari-
tano e estás endemoninhado ?"
49 Honro "Não a meu estou
Pai, aoendemoninhado
passo que vós —me tornou Jesús.Não
deshonrais. —
procuro a minha glória ; há quem a procure, e exerça
50 justiça. Em verdade, em verdade, vos digo : quem guardar
51 a minha palavra, não verá a morte eternamente".
52 que estás Exclamaram então osAbraão
esdemoninhado. judeus morreu,
: "Agora sabemosos
morreram
profetas, e tu dizes : Quem guardar a minha palavra não
provará a morte eternamente ? és, porventura, maior que
53 nosso pai Abraão, que morreu ? e os profetas, que morre-
ram ? quem pretendes ser ?"
54 é vã aTornou minha Jesus
glória :; "Se
mas euquemme me
glorifico a mim
glorifica é meumesmoPai,
que vós chamais vosso Deus, sem o conhecerdes. Eu, porém,
55 o conheço, e, se afirmasse não o conhecer seria mentiroso,
como vós. Sim, conheço-o e guardo a sua palavra. Vosso
56 pai Abraão folgou em ver o meu dia ; viu-o, e alegrou-se".
Ao que lhe disseram os judeus : "Ainda não tens
57 cincoenta anos, e viste Abraão?"
Respondeu-lhes Jesús : "Em verdade, em verdade
58 vos digoNisto : Antes que Abraão
pegaram em pedrasexistisse,
para eulhesou".
atirar. Jesús
59 porém, ocultou-se e saiu do templo.
9 O cego de nascença. Ao passar, deparou-se-lhe um
2 homem que era cego de nascença. "Mestre — perguntaram-
38 — vistes 46 — vos falo
João 9, 3 — 23 187

lhe os discípulos — quem pecou pára ele nascer cego : êle


ou seus pais ?"
rpecaram
l '\ Respondeu-lhes
; mas é para Jesus:que nêle "Nem êle nem as seus
se manifestem obraspais
de 3
Deus. Temos de levar a efeito as obras de quem me enviou, 4
enquanto é dia. Vem a noite, quando ninguém mais pode
trabalhar.
Dito Enquanto
isto, cuspiuestou no mundo,
na terra, fêz umsou lodo
a luzcom
do mundo".
a saliva, 56
untou com o lodo os olhos do cego e disse-lhe : "Vai e lava-te 7
no tanque
Foi, delavou-se
Siloé" —e voltou
que quervendo.
dizer "Enviado".
Disseram então os vizinhos e os que outrora o tinham 8
visto mendigar : "Não é êste o mesmo que estava sentado a
pedir esmolas ?"
"Sim, é êle" — diziam uns. Outros : "Não é ; apenas 9
se parece com êle".
Ele, porém, declarou : "Sou eu mesmo".
Ao que lhe perguntaram : "Como foi que se te abri- 10
ram os olhos ?"
fêz um Respondeu
lodo, untou-me êle : os olhos,
"O homem que seVaichama
e disse-me: Jesus
e lava-te no ll
tanque de Siloé. Fui, lavei-me, e vejo".
"Onde está o homem ?" — perguntaram-lhe. 12
"Não sei" — respondeu.
Exame do prodígio. Levaram então aos fariseus 13
o homem que fora cego. Ora, era sábado quando Jesus 14
fizera o lodo e lhe abrira os olhos. E novamente inquiriram 15
dêle os fariseus como é que recuperara a vista.
Referiu-lhes êle : "Pôs-me um lodo sobre os olhos,
lavei-me, e vejo".
Observaram então alguns fariseus : "Esse homem 16
não é de Deus, pois não guarda o sábado". Outros, porém,
diziam : "Como pode um pecador fazer semelhantes prodi-
gios ?" E havia dissensão entre êles. Pelo que tornaram a 17
interrogar o cego : "E tu, que dizes dêle ? pois que te abriu
os olhos" . . .
"E'
Entãoum osprofeta"
judeus —nãorespondeu êle
acreditaram mais que. êle esti- g
vera cego e recuperara a vista, enquanto não chamassem os
pais do
êste vosso fora que
que filho dizeisFizeram-l
curado. têr nascido cego pergunta
hes esta "E'
? como é,: pois,
que agora vê ?"
Responderam os pais : "Sabemos que êste é nosso 20
filho e que nasceu cego ; mas de que modo agora vê é que 21
não sabemos ; tão pouco sabemos quem foi que lhe abriu
os olhos ; interrogai-o a êle mesmo ; tem idade para dar
informações
judeus de si".
; porque Assim os
já tinham falaram
judeus osdecretado
pais, comexpulsar
mêdo dos
da 22
sinagoga a quem o confessasse como sendo o Cristo, Por esta 23
3 — Tenho
188 João 9, 23 — 10, 4

razão disseram os pais : "Tem idade : inter rogai-o a ele


24mesmo".Ao que tornaram a chamar o homem que fora cego e
disseram-lhe : "Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse
homem é pecador".
25 Tornou-lhes ele : "Se é pecador, não sei ; uma coisa,
pcrém, sei : que eu era cego e agora vejo".
2<\ Inquiriram eles : "Que foi, pois, que te fez ? como
te abriu os olhos ?"
27 "Já vo-lo disse — respondeu-lhes ele. — Não o ouvis-
tes ? por que quereis ouví-lo mais uma vez ? acaso, quereis
28 tambémAo vósquesero discípulos
cobriram dele ?"
de injúrias, dizendo : Discípulo
dele sejas tu ! nós somos discípulos de Moises. Sabemos que
29 Deus falou a Moisés ; mas quanto a êsse tal, não sabemos
donde vém".
?0
SI saibais "Pois, é estranho
donde ele — tornou
vém, quando o homem
me abriu os olhos.— Ora,
que sabe-
não
mos que Deus não atende os pecadores ; mas quem teme a
32 Deus e lhe cumpre a vontade, a êsse é que atende. Desde
que o mundo existe, nunca se ouviu que alguém abrisse os
33 olhos a um cego de nascença. Se este não fosse de Deus, não
poderia fazer coisa alguma".
34 "Nasceste todo em pecados — revidaram-lhe eles
— e pretendes dar-nos lições a nós ?"
E expulsaram-no.
35 Cegueira dos fariseus. Soube Jesus que acabavam
de expulsá-lo, e, encontrando-se com êle, perguntou-lhe :
"Crês no filho do homem?"
36 ' Quem é, Senhor — respondeu o cutro — para eu
crer nêle ?"
37 Tornou-lhe Jesus : "Estás a vê-lo ; quem fala contigo,
este é".
38 aos pés."Creio, Senhor !" — exclamou êle, prostrando-se-lhe
39 Disse Jesus : "Para exercer juizo é que vim ao mundo,
40 afim deOuviramque os cegos
isto vejam,
alguns edosos que vêem que
fariseus se tornem cegos".e
o cercavam,
perguntaram : "Porventura, também nós somos cegos ?"
41 ; "Se fôsseis cegos — respondeu-lhes J esús — não teríeis
pecado ; mas, como afirmais : Nós vemos — subsiste o
vosso pecado.
10 Jesus, o bom pastor. Em verdade, em verdade vos
digo : Quem não entrar no aprisco das ovelhas pela porta,
2 mas penetrar por outra parte, é ladrão e salteador. Mas quem
3 entrar pela porta, êsse é pastor de ovelhas ; a êle o porteiro
lhe abre, e as ovelhas lhe escutam a voz. Chama pelo nome as
4 suas ovelhas e condú-las fora. E, depois de fazer sair todas as
35 — de Deus ?
João 10, 5 — 29 189

suas, vai diante delas ; e as ovelhas seguem-no, porque lhe


conhecem a voz. Mas não seguem o estranho, antes fogem 5
dêle, porque não conhecem
Esta parábola a voz Jesus
propôs-lhes do estranho".
; eles, porém, não 6
atinaram com o sentido das suas palavras.
Prosseguiu Jesus : "Em verdade, em verdade vos 7
digo : Eu sou a porta para as ovelhas. Todos os que antes 8
de mim vieram são ladrões e salteadores, e as ovelhas não
lhes deram ouvido. Eu sou a porta ; quem entrar por mim 9
será salvo ; entrará e sairá, e encontrará pastagens. O ladrão 10
não vem senão para roubar, matar e perder. Eu vim para que
elas tenham a vida, e a tenham abundante.
Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a própria vida
pelas suas
e a quem não ovelhas. O mercenário,
pertencem as ovelhas,porém, que não
abandona é pastore
as ovelhas 12
foge, quando vê chegar o lobo. E o lobo rouba e dispersa as
ovelhas. O mercenário foge, porque é mercenário, e não se 13
importa com as ovelhas.
Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas e as minhas 14
me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço 15
ao Pai. Dou a própria vida pelas minhas ovelhas Tenho 16
ainda outras ovelhas, que não são dêste aprisco ; também a
essas devo conduzi-las ; darão ouvido á minha voz, e haverá
um só rebanho e um só pastor.
E' por isso que o Pai me ama : porque dou a mi- 17
nha vida, para recuperá-la ; ninguém ma tira, eu é que a
dou de livre vontade. Tenho o poder de a dar e o poder de is
a recuperar. E' êste o mandato que recebi de meu Pai".
Por causa destas palavras se originou novamente uma 19
dissensão entre os judeus. Muitos deles diziam : "Está 20
endemoninhado e perdeu o juizo ; por que ainda o escutais ?"
Outros observavam : Pode,
está endemoninhado. "Estasacaso,
palavras não são
o demónio abrir deos quem
olhos 21
aos cegos ?"
Quarta estadia em Jerusalém
Festa da dedicação do templo. Celebrava-se em 22
Jerusalém a festa da dedicação do templo. Era inverno.
Passeava Jesus no templo, no pórtico de Salomão. Rodea- 23
ram-no os judeus e disseram-lhe : "Até quando nos trazes na 24
incerteza ? se és o Cristo, dize-no-lo abertamente".
credes. Respondeu-lhes Jesus
As obras que faço em :nome"Bemde meu
vo-loPaidisse,
dão mas
testemu-não 25
nho de mim. Vós, porém, não credes, porque não sois do 26
número das minhas ovelhas. As minhas ovelhas prestam
ouvido á minha voz ; eu as conheço, e elas me seguem ; dou- 27
lhes a vida eterna, e não se perderão eternamente e ninguém 28
as arrebatará
poderoso da minha
que todos, mão. Meu
e ninguém Pai arrebatar
as pode que m'as dasdeumãosé mais
de 29
meu Pai. Eu e o Pai somos um".
190 João 10, 30 — 11, 13

3') Tornaram os judeus a pegar em pedras para o ape-


drejar. Disse-lhes
32 entre vós, Jesus de: "Muitas
pela virtude meu Pai boas
; porobras
qualtenho
dessasoperado
obras
quereis apedrejar-me ?"
o3 obra queReplicaram-lhe os judeus
te apedrejamos, : "Não
mas, sim, é por nenhuma
por causa boa
da blasfémia,
porque tu, sendo homem, te fazes Deus".
34
35 Disse euTornou-lhes Jesus : ? "Não
: Vós sois deuses Ora, seestá escrito chama
a escritura na vossadeuses
lei :
àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus — e a escritura
36 não pode falhar — porque dizeis aquele que o Pai santificou
e enviou ao mundo : Blasfemas ! porque eu vos disse : Sou
37 o filho de Deus ? Se não faço as obras de meu Pai, não me
38 deis crédito ; mas se as faço, e não quiserdes crer em mim,
crede nas obras para que vejais e conheçais que o Pai está
em mim e eu no Pai".
39 Mais uma vez procuraram prendê-lo ; ele porém,
fugiu-lhes das mãos.
40 Jesus na Peréia. Tornou a passar para além do
Jordão, ao sitio onde João tinha começado a batizar. E lá
41 ficou. Muitos vinham ter com ele e diziam : "Verdade é
42 que João não fez milagre ; mas tudo o que João disse a seu
respeito compro vou-se verdadeiro". E muitos aí creram nele.
Ultima vez a Jerusalém
li Morte de Lázaro. Estava doente um homem, cha-
mado Lázaro, de Betânia, povoação de Maria esua irmã Marta.
2 Maria era a mesma que ungira o Senhor com bálsamo e lhe
enxugara os pés com os cabelos
3 Estava, pcis, doente seu irmão Lázaro. Pelo que
as irmãs lhe mandaram dizer : "Senhor, eis que está enfermo
aquele que amas".
4para a Ouvindo
morte ; mas isto, édisse
pela Jesus:
glória de"Esta
Deus,enfermidade
para que pornãoelaé
c5 seja glorificado
ta, sua irmã e ao Filho Lázaro.de Deus". Ora, amava
Entretanto, Jesusenfêrmo,
sabendo-o a Mar-
7 deixou-se ficar ainda dois dias no lugar onde estava. Em se-
guida, disse a seus discípulos : "Voltemos para a Judéia".
8 "Mestre — disseram-lhe os discípulos — ainda há
pouco quenam os judeus apedre jar-te, e vais lá outra vez ?"
9dia ? Quem Respondeu-lhescaminha deJesusdia :não"Não são doze
tropeça, porqueas lhe
horas do
brilha
10 a luz deste mundo ; mas quem caminha de noite tropeça,
11 porque lhe falta a luz". Assim dizia. E acrescentou : "Nosso
amigo Lázaro dorme ; mas vou para despertá-lo do sono".
12 "Senhor — acudiram os discípulos — se dorme, vai
13 ser curado".
Jesus falara da morte dele ; eles, porém, entenderam
que se referia ao repouso do sono.
5 — irmã Maria
João 11, 14 — 39 191

zaro morreu Pelo ; que Jesus por


e folgo lhescausa
declarou
de abertamente
vós de não :ter"Lá- es- 14lõ
tado presente, para que tenhais fé. Mas vamos
Disse então Tomé, cognominado o gémeo, aos outros ter com ele". 16
discípulos : "Vamos também nós e morramos com ele!"
Jesús com Maria e Marta. Ao chegar, Jesus o en- l?
controu já com quatro dias de sepultura. Betânia ficava 18
perto de Jerusalém, distante uns quinze estádios. Muitos
judeus tinham ido visitar Marta e Maria para as consolar 19
da morte de seu irmão. Assim que Marta soube da chegada 20
de Jesús, saíu-lhe ao encontro, enquanto Maria se conservava
em casa.
"Senhor — disse Marta a Jesús — se estiveras aqui, 21
não teria morrido meu irmão. Mas também agora sei que 22
Deus te concederá tudo que lhe pedires".
Respondeu-lhe Jesús : "Teu irmão ressurgirá". 23
"Bem sei — tornou Marta — que ressurgirá na ressur- 24
reição do último dia".
quem crê Disse-lhe
em mim, Jesúsviverá,
: "Eu ainda
sou aque ressurreição e a vida
tenha morrido ; e; 25
todo aquele que em vida crê em mim não morrerá eterna- 26
mente. Crês isto ?"
"Sim, Senhor — respondeu-lhe ela — eu creio que 27
tu és o Cristo, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo".
Dito isto, retirou-se e foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe 28
baixinho : "Está aí o Mestre e chama-te".
Ouvindo isto, levantou-se Maria com presteza e 29
foi têr com ele ; pois Jesús ainda não entrara na povoação, 30
mas achava-se no ponto em que Marta lhe sairá ao encontro.
Quando os judeus que com ela estavam em casa a consolá-la 31
viram que Maria se levantava pressurosa e saía, cuidaram que
fosse ao sepulcro chorar, e seguiram-na. Assim que Maria 32
chegou aonde estava Jesús e o viu, prostrou-se-lhe aos pés,
dizendo : "Senhor, se estiveras aqui não teria morrido meu
irmão".
Vendo-a Jesús em pranto, e em pranto também os 33
judeus que a acompanhavam, sentiu-se profundamente
comovido e abalado, e perguntou: "Onde o pusestes ?"
"Vem, Senhor, e vê" — disseram-lhe. 34
E Jesús chorou. 3 -5
Disseram então os judeus : "Vêde como o amava". 36
Alguns, porém, observaram : "Não podia êle, que abriu 37
os olhos ao cégo de nascença, impedir que êste aqui mor-
resse ?"
Ressurreição de Lázaro. Tornou Jesús a comover- 38
se profundamente, e foi ao sepulcro. Era uma gruta com uma
pedra sobreposta.
"Tirai a pedra" — ordenou Jesús. 39
27 — • Deus vivo
192 João 11, 40 — 12, 3

cheira mal "Senhor; está— com


disse-lhe
quatro Marta,
dias. irmã do defunto — já
40 Tornou-lhe Jesus: "Não te disse eu que verás a
41 glória de Deus, se
Tiraram, creres
pois, ?"
a pedra. Jesus levantou os olhos ao
céu e disse: "Pai, graças
42 bem sabia eu que sempre me atendias, te dou, porque
mas por me
causaatendeste;
do povo
em derredor é que o disse, para que creiam que tu me en-
viaste".
43
44 Dito oisto,
Saiu quebradou
estivera: "Lázaro, vem paraos fora
morto, trazendo pés e!"as mãos
ligados com ataduras, e o rosto envolto num sudário. Orde-
nou-lhes Jesus : "Desenleai-o e deixai-o andar".
45 O sinédrio decreta a morte de Jesús. Muitos ju-
deus que tinham vindo visitar Maria e presenciado o que
46 Jesús fizera, creram nele. Alguns deles, porém, foram ter com
os fariseus e lhes contaram o que Jesús acabava de fazer. Pelo
47 que os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disse-
ram :"Que faremos ? pois que esse homem faz tantos mila-
48 gres ? se o deixarmos nesse andar, acabarão todos por crer
nele; e então virão os romanos e nos tirarão a nossa terra e a
49gente".Um deles, porém, Caifaz, que era pontífice naquê-
50 le ano, disse-lhes : "Vós não sabeis nada, nem considerais que
é melhor para vós morrer um homem pelo povo do que pere-
51 cer a nação toda".
na qualidade Isto nãodaquele
de pontífice disse eleano,
de siprofetizou
mesmo, masque antes,
Jesús
62 havia de morrer pelo povo ; e não somente pelo povo, mas
também para congregar os filhos de Deus que andavam dis-
persos.
53 A partir dêsse dia, estavam resolvidos a matá-lo.
54 Jesús em Éfrem. Por esta razão já não aparecia
Jesús err público entre os judeus ; mas retirou-se daí para uma
região vizinha ao deserto, a uma cidade por nome Éfrem. Lá
ficou com seus discípulos.
Aproximava-se a páscoa dos judeus. Muita gente do
55 campo subia a Jerusalém, antes da festa pascal, para se san-
56 tificar. Andavam á procura de Jesús e, reunidos no templo,
diziam uns aos outros : "Que pensais ? não comparecerá á
57 festa dem?"de que
E' que os pontífices
qualquer e ossoubesse
pessoa que fariseus dotinham dado dele
paradeiro or-
o denunciasse para que o pudessem prender.
12 Jesús ungido em Betânia. Seis dias antes da pás-
coa, veio Jesús a Betânia, onde residia Lázaro, que Jesús
ressuscitara dentre os mortos. Aí lhe ofereceram um ban-
2 quête. Marta servia, enquanto Lázaro fazia parte dos
3 convivas. Tomou Maria uma libra de precioso bálsamo de
45 — Maria e Marta
193
João 12, 4 — 24

nardo genuíno, ungiu com ele os pés de Jesus e enxugou-os


com os seus cabelos. Encheu-se toda a casa com o perfume
do bálsamo.
Observou então um dos discípulos, Judas Iscario- 4
tes, que havia de entregá-lo : "Por que não se vendeu este 5
bálsamo
Isto diziaporele,
trezentos denários
não porque lhe para distribuí-loscs aos
interessassem pobresmas
pobres, ?" 6
porque era ladrão, e, de posse da bolsa, furtava o que
entrava.
para o Replicou Jesus : sepultura.
dia da minha "Deixai-a ! Pobres
que ela sempre
guarde oosbálsamo
tendes 87
convosco ; a mim, porém, nem sempre me tendes".
Entrada solene em Jerusalém. Crescido número 9
de judeus chegou a saber da presença dêle. E afluíram, não
somente por causa de Jesus, mas também para ver a Lázaro,
a quem ressuscitara dentre os mortos. Pelo que os príncipes 10
dos sacerdotes assentaram matar também a Lázaro, porque li
muitos dos judeus para lá iam por causa dêle e criam em
Jesus.
2— 19: No dia seguinte, as multidões populares vindas para 12
[t 21, a festa souberam que Jesus entraria em Jerusalém. Empu- 13
[c n nharam ramos de palmeira esairam-lhe ao encontro, clamando:
l "Hosana ! bendito seja o que vem em nome do Senhor, o rei
o 19, de Israel ! "
Encontrou Jesus um jumentinho e montou nele, 14
conforme está escrito : "Não temas, filha de Sião ; eis que 15
c 9, 9 vem o Ateuprincípio,
rei montado não em um jumentinho".
atinaram os discípulos com o sentido 16
disto : mas, quando Jesus foi glorificado, recordaram-se de
que dêle foram escritas estas coisas e que êles mesmos tinham
contribuído
Disto "para dava o testemunho
seu cumprimento.
o povo que se tinha achado 17
presente quando ele chamara do sepulcro a Lázaro e o ressus-
citara dentre os mortos. Por esta razão foi o povo ao encon- 18
tro dêle, por ter conhecimento do milagre que operara.
vendo Osque fariseus, porém, diziam
nada aproveitais uns todo
f lá vai aos outros : "Estais
o mundo atrás 19
dele!"
Jesus e os pagãos. Entre os que tinham subido a 20
Jerusalém para adorar, no dia da festa, encontra vam-se
também alguns gentios. Dirigiram-se a Filipe, natural de 21
Betsaida, na Galiléia, e lhe fizeram este pedido : "Senhor,
quiséramos
que Filipe evera
AndréJesus". Filipe afoiJesus.
informaram e falou com André ; ao 22
Respondeu-lhes Jesus : "E' chegada a hora em que 23
o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em ver- 24
dade vos digo : Se o grão de trigo não cair em terra e morrer,
fica a sós consigo ; mas, se morrer, produzirá muito fruto.
19 — aproveitamos
194 João 12, 25 — 47

25 Quem ama a sua vida perdê-la-á ; mas, quem neste mundo


2ò odeia a sua vida, salvá-la-á para a vida eterna. Quem quiser
servir-me, siga-me ; onde eu estiver, aí estará também meu
27 servidor. Quem me serve será glorificado por meu Pai. Agora
está minha alma abalada. Que direi ? Pai, salva-me desta
hora ? Mas foi precisamente para isto que me sobreveio esta
28 hora. Pai, glorifica o teu nome".
Ecoou então uma voz do céu : "Tenho-o glorifica-
29 do, e tornarei
O povo aque glorificá-lo".
estava presente e ouvira isto, dizia :
"Foi um trovão". Outros afirmavam : "Um anjo lhe falou".
30 que estaJesus,
voz seporém, disse mas,
fez ouvir, : "Não foi causa
sim, por por causa
de vós.de Agora
mim
31 é que o mundo entrará em juízo ; agora será lançado fora o
32 príncipe deste mundo. E eu, quando for suspenso acima da
?3 terra, Com
atrairei
estastodos a mim".
palavras designava ele de que morte havia
de morrer.
34 Cristo Replicou-lhe o povo : "Nós
permanece eternamente temosé, ouvido
; como pois, quena tulei dizes
que o:
Importa que o Filho do homem seja suspenso ? que Filho
do homem é esse ?"
85 convoscoTornou-lhe Jesus na
a luz ; andai : "Ainda um poucoa tendes,
luz, enquanto de tempoparaestará
que
não vos envolvam as trevas. Quem anda em trevas, não sabe
36 para onde vai. Enquanto tendes a luz crede na luz, para que
sejais filhos da luz".
Dito isto, retirou-se Jesus e ocultou-se deles.
37 Incredulidade dos judeus. Apesar de ter operado
tantos milagres a seus olhos, não creram nele. Dest'arte Is 53,
38 devia cumprir-se
dá crédito á nossaa palavra
mensagemdo profeta Isaíasse: revelou
? e a quem "Senhor,o braço
quem
39 do Senhor ?" é que não podiam crer ; porque Isaías também
Por isso
40 disse
modo : que"Cegou-lhes
não vêem oscomolhos e endureceu-lhes
os olhos o coração,
nem compreendem com deo Is 6, 9
41 coração,Istonemdizia
se convertem, nem eu
Isaías, quando lhe lhes dou saúde".a glória e
contemplava
falava dele.
42 Contudo, também entre os chefes havia muitos que
criam nele, embora não o confessassem em público, por causa
43 dos
tinhamfariseus, para conta
em maior não serem
a glóriaexpulsos
perante daos sinagoga.
homens doE'quequea
glória aos olhos de Deus.

44 Missão divina de Jesus. Exclamou Jesús : "Quem


crê em mim não crê em mim, mas, sim, naquêle que me en-
45 viou ; e quem vê a mim vê aquêle que me enviou. Eu vim ao
46 mundo como sendo a luz, para que ninguém que crer em mim
47 fique nas trevas. Quem ouve as minhas palavras, mas não as
observa, a esse não julgo eu, porque não vim para julgar o
João 17, 48 — 18, 18 195

mundo, senão para salvar o mundo. Quem me despreza e não 48


aceita as minhas palavras, tem quem o julgue : a palavra que
anunciei, essa é que há de julgá-lo no último dia .; porque eu 49
não falei de mim mesmo, mas o Pai que me enviou ordenou-me
o que devo dizer e o que devo anunciar. E eu sei que o seu 50
mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que digo, digo-as
assim como o Pai me ordenou".
PAIXÃO, MORTE E RESSURREIÇÃO DE JESUS
A última ceia
O lava-pés. Era na véspera da festa pascal. Sabia
Jesus que era chegada a hora de passar dêste mundo para o
Pai, e, como amava aos seus que estavam no mundo, até ao
extremo os amou.
Fizeram a ceia. Já o demónio insinuara no coração de 2
Judas Iscariotes, filho de Simão, que o entregasse. Conquan-
to Jesus soubesse que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e 3
que de Deus saíra e para Deus tornaria : levantou-se da ceia, 4
depôs o manto, tomou uma toalha e cingiu-se com ela ; de-
pois deitou água numa bacia e principiou a lavar os pés aos 5
discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava
cingido.
Veio a Simão Pedro. Este , porém, lhe disse : "Senhor, 6
tu me lavas os pés ?"
Respondeu-lhe Jesus : "O que eu faço, ainda agora 7
não o compreendes ; mais tarde, porém, o compreenderás".
Tornou-lhe Pedro : "Não me lavarás os pés eterna- g
mente".
Disse-lhe Jesus : "Se não te lavar, não terás parte
comigo".
Respondeu Pedro : "Senhor, não somente os pés, 9
mas também as mãos e a cabeça".
cisa senãoReplicou-lhe
de lavar osJesus
pés, e: todo
"Quem tomou
êle está banho,
limpo. Vós não pre-
também 10
estais limpos, mas nem todos".
E' que conhecia o seu traidor ; por isso disse : "Nem 11
todos estais limpos".
Exemplo aos discípulos. Depois de lhes lavar os pés, 12
retomou o seu manto, tornou a sentar-se á mesa, e disse :
"Compreendeis
Mestre e Senhor,o equedizeis
vos bem
acabo; de fazer eu? oVóssou.me Se,
porque chamais
pois, 1413
eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, deveis também vós
lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos exemplo, para 15
que também vós façais como eu vos fiz. Em verdade, em 16
verdade vos digo : Não está o servo acima de seu senhor,
nem o enviado acima de quem o enviou. Felizes de vós se 17
isto compreenderdes e o puserdes em prática,
l 40, Não digo isto de todos vós ; sei a quem escolhi. 18
10 Entretanto, força é que se cumpra a escritura : Quem come
o pão comigo levantou contra mim o calcanhar. Já agora,
João 18, 19 — 38

18 antes de sucedido, vo-lo digo, para que, quando suceder,


creiais que isto se refere a mim. Em verdade, em verdade
20 vos digo : Quem recebe a um enviado meu, a mim é que me
receba ; e quem recebe a mim, recebe aquele que me enviou".
21 Retirada do traidor. Dito isto, abalou-se Jesus em
espírito, e protestou : "Em verdade, em verdade vos digo :
22 um de Entreolharam-se
vós me há de entregar".
os discípulos, sem saber a quem se
2íí referia. Ora, um dos seus discípulos, a quem Jesus amava,
achava-se reclinado ao peito de Jesus. A este fez vSimão
2f Pedro sinal e disse-lhe : "Pergunta de quem é oue fala.
25 Inclinou-se aquele ao peito de Jesus e inquiriu: "Quem é,
Senhor?"
20 Respondeu Jesus : "A quem eu der o bocado embebido,
esse é". E, embebendo o bocado, deu-o a Judas Iscariotes,
27 filho de Simão. E, logo depois do bocado, entrou nele Sata-
naz. Jesus ainda lhe disse : "O que estás para fazer, faze-o
28
29 já". Entretanto, nenhum dos companheiros de mesa per-
cebeu por que lhe dizia isto. Sendo que Judas guardava
a bolsa, cuidaram alguns que Jesus lhe dissera : "Vai comprar
30 as coisascoisa
alguma que aos
havemos
pobres.mister
Logopara
que aJudas
festa" tomou
; ou oquebocado,
desse
saiu. Era noite.

Glorificação de Jesús. Depois da saída dele, dis-


se Jesus : "Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus
32 é glorificado nele. Se Deus for glorificado nele, Deus tam-
bém o glorificará em si mesmo, e glorificá-lo-á em breve.
33 O novo mandamento. Filhinhos, ainda um pouco
de tempo estou convosco. Procurar-me-eis ; mas o que
disse aos judeus, também a vós o digo agora : Aonde eu
vou, aí vós não podeis ir.
34 Um novo mandamento vos dou : Amai-vos uns aos
35 outros. Amai-vos mutuamente assim como eu vos tenho
amado. Nisto conhecerão todos que sois discípulos meus :
em que vos ameis uns aos outros".
36 Perguntas de Simão Pedro. Perguntou-lhe Simão ^ |®:
Pedro: "Aonde vais, Senhor?" 33'
Respondeu Jesús : "Aonde eu vou não me podes Mc
seguir agora ; mais tarde, porém, me seguirás". Lc 22,
37 "Senhor — tornou-lhe Pedro — por que não posso 31
seguir-te agora ? dou a minha vida por ti !"
38 Tornou-lhe
Em verdade, Jesús: te "Darás
em verdade a tua que
digo : Antes vidao galo
por cante,
mim?
negar-me-ás três vezes.
197
João 14, 1 — 22

Palavras de despedida
Perspectivas celestes. Não se perturbe o vosso 1^
coração. Tende fé em Deus, e tende fé em mim. Em casa 2
de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, vo-lo
teria dito. Pois eu vou para vos preparar um lugar. Depois 3
de partir e preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei
comigo, para que vós estejais onde eu estou. Aonde vou ? 4
— conheceis o caminho".
"Senhor — disse-lhe Tomé — não sabemos aonde 5
vais ; e como podemos conhecer o caminho ?"
e a vidaRespondeu-lhe
; ninguém vaiJesusao Pai: "Eu
senãosouporo mim.
caminho, a verdade
Se me conhe- 6
cês eis amim, também conheceríeis a meu Pai. Doravante o 7
conhecereis, pois que o vistes".
"Senhor — acudiu Filipe — mostra-nos o Pai, e isso 8
nos basta".
vosco, Tornou-lhe
e ainda não Jesus : "Há Filipe
me conheces, tanto ?tempo
Quem que
me estou con-
viu a mim 9
viu também o Pai. Como é, pois, que dizes : Mostra-nos o
Pai? Não crês então que eu estou no Pai, e que o Pai 10
está em mim ? as palavras que vos digo não as digo de
mim mesmo ; e as obras, quem as executa é o Pai, que per-
manece em mim. Crêde que eu estou no Pai e que o Pai li
está em mim ; crêde ao menos em atenção ás obras.
Promessa do Espírito Santo. Em verdade, em 12
verdade vos digo : Quem crê em mim fará as obras que
eu faço, e as fará ainda maiores ; porque eu vou para o
Pai. Tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, 13
para meu
em que nome
o Pai eusejao glorificado
farei. no Filho. Se me pedirdes 14
Se me amais, guardai os meus mandamentos. Então 15
rogarei ao Pai, e êle vos dará outro Consolador, para que 16
permaneça convosco eternamente : o Espírito da verdade,
que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o
conhece ; vós, porém, o conheceis, porque habitará em vós
permanentemente .
União com Cristo. Não vos deixarei órfãos ; tor- 18
narei a vós. Ainda um pouco de tempo, e o mundo já não 19
me verá. Vós, porém, me vêdes, porque eu vivo, e também
vós vivereis. Naquêle dia, sim, compreendereis que eu estou 20
em meu Pai, que vós estais em mim e eu em vós. Quem tem 21
os meus mandamentos e os guarda, êsse é que me ama. Mas
quem me ama será amado por meu Pai, e também eu o ama-
rei e me manifestarei a êle".
Perguntou-lhe então Judas, não o Iscariotes : "Como 22
é isto, Senhor, que pretendes manifestar-te só a nós, e não
ao mundo?"
9 — vê a mim, vê 12 — pedirdes ao Pai
198 João 14, 23 — 15, 15

23 minha Respondeu-lhe Jesuso amará,


palavra ; meu Pai : "Quem me ama
e viremos a eleguardará
e faremosa
24 nele habitação. Quem não me ama, não guarda as minhas
palavras. E, no entanto, a palavra que acabais de ouvir
não é minha, mas, sim, do Pai, que me enviou.
A paz de Cristo. Isto vos disse enquanto estou
2C enviará
convosco;em Mas meu o nome,
consolador, o Espírito
vos ensinará todasSanto, que oe vos
as coisas, Pai
recordará tudo quanto vos tenho dito.
27 Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz ; não vo-la
28 dou assim como a dá o mundo. Não se perturbe nem se ate-
29 morize o vosso coração. Ouvistes que vos disse : Vou, e
30 torno a vós. Se me amásseis, folgaríeis de que vou ter com o
Pai ; porque o Pai é maior que eu. Disse-vo-lo agora, antes
de suceder, para que, depois de sucedido, creiais. Já não
fadarei muito convosco ; porque vem o príncipe deste mundo.
31 Sobre mim não tem poder algum ; mas há de o mundo co-
nhecer que amo o Pai e que procedo assim como o Pai me
ordenou .
Levantai-vos ! Vamos !
15 A vide e as varas. Eu sou a vide verdadeira, e
2 meu Pai é o jardineiro. Corta toda a vara que em mim
estiver sem produzir fruto ; mas toda a que der fruto lim-
3 pa-a para que produza fruto ainda mais abundante. Vós
4 já estais limpos em virtude da palavra que vos falei. Per-
manecei em mim, e eu permanecerei em vós. Do mesmo
modo que a vara não pode produzir fruto de si mesma, se
não ficar na videira, assim nem vós, se não ficardes em mim.
5 Eu sou a videira, vós sois as varas. Quem fica em mim e no
qual eu fico produz muito fruto ; porque sem mim nada
6 podeis fazer. Quem não ficar em mim será lançado fora como
a vara e secará ; recolhe-se e deita-se ao fogo para queimar.
7 Se ficardes em mim e se minhas palavras ficarem em
8 vós, pedi o que quiserdes, e alcançá-lo-eis. Nisto é glorificado
meu Pai : em que deis muito fruto e vos tornais discípulos
meus.
9 Como meu Pai me amou, assim vos tenho eu amado.
10 Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus manda-
mentos, permanecereis no meu amor, assim como eu também
permaneço no amor de meu Pai, guardando-lhe os manda-
11 mentos. Disse- vos isto para que minha alegria esteja em
vós e se torne perfeita a vossa alegria.
32 O preceito do amor. Este é o meu mandamento :
Amai-vos uns aos outros assim como eu vos tenho amado.
13 Ninguém tem maior amor do que aquêle que dá a própria
14 vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o
15 que vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo
não sabe o que faz seu senhor ; amigos é que vos chamei,
porque vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.
João 15, 16 — 16, 14 199

Não fostes vós que me escolhestes, mas eu é que vos escolhi 16


e vos encarreguei de irdes e produzirdes fruto, para que seja
duradouro o vosso fruto. Então o Pai vos concederá tudo
o que pedirdes em meu nome. O meu mandamento é este : 17
Amai-vos uns aos outros.
O ódio do mundo. Se o mundo vos odeia, sabei 18
que, primeiro que a vós, me odiou a mim. Se fôsseis do 1»»
mundo, amaria o mundo o que era seu ; mas, como não sois
do mundo —vos antes
o mundo odeia.eu vos escolhi do mundo — por isso é que
Lembrai-vos da palavra que vos disse : Não está 20
o servo acima de seu senhor. Se me perseguiram a mim,
também vos perseguirão a vós ; e, se guardarem a minha
palavra, guardarão também a vossa. Ora tudo isto vos farão 21
por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que
me enviou. Se eu não viera e lhes falara, não teriam culpa ; 22
agora, porém, não teem desculpa para o seu pecado. Quem 23
me odeia a mim, odeia também a meu Pai. Não realizara 24
eu, no meio deles, obras que nenhum outro fez, estariam sem
culpa ; agora, porém, viram-nas, e contudo me odeiam, a
mim e a meu Pai. Entretanto, convinha se cumprisse a 25
palavra que está escrita em sua lei : Odiaram-me sem motivo.
Quando vier o Consolador, que eu vos enviarei do Pai 20
— o Espírito da verdade, que do Pai procede — dará teste-
munho de mim ; e também vós dareis testemunho, porque 27
desde o princípio estais comigo.
Disse- vos estas coisas para que não vos escandalizeis. 16
Expulsar-vos-ão das sinagogas, e chegará a hora em que todo 2
o homem que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.
Isto farão porque não conhecem nem ao Pai nem a mim. 3
Digo-vos estas coisas para que, quando chegar a hora, vos 4
lembreis de que vo-las predisse. Não vo-las disse desde o
princípio, porque estava convosco.
Consolação do Espírito Santo. Agora vou têr com 5
aquele que me enviou ; e nenhum de vós me pergunta :
Aonde vais ? — de tão pesaroso que trazeis o coração pelo 6
que vos disse. Entretanto, digo-vos a verdade : é-vos con-
veniente que eu vá ; porque, se não for, não virá a vós o 7
Consolador; mas, se for, vo-lo enviarei. E, quando vier, 8
fará saber ao mundo que há pecado, justiça e juízo — pecado, 9
porque não crêem em mim ; justiça, porque vou ter com o 10
Pai, e já não me vereis ; juízo, porque o príncipe deste mundo li
já está julgado.
Muitas coisas teria ainda que vos dizer ; mas não 12
as podeis suportar agora. Quando, porém, vier aquele, 13
o Espírito da verdade, iniciar-vos-á em toda a verdade.
Pois não falará de si próprio ; mas dirá o que ouve, e
anunciar-vos-á o que está por vir. Glorificar-me-á, porque 14
3 — vos faraó
200 João 16, 15 — 33

16 tomará do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que o Pai


tem é meu. Por isso é que vos disse : Tomará do que é meu
e vo-lo anunciará.
16 Tornaremos a ver-nos. Ainda um pouco de tempo,
e já não me vereis ; e mais um pouco de tempo, e tornareis a
i?er-me.
17 quer dizerPerguntaram
com estas entre si alguns
palavras : Aindadosumdiscípulos
pouco de: tempo, "Que
e já não me vereis; e mais um pouco de tempo, e tornareis
18 a ver-me ? e isto : Vou para junto do Pai ?" Diziam, pois :
"Que quer dizer com estas palavras : Ainda um pouco de
19 tempo? Reparounão compreendemos
J esús que queriamo queinterrogá-lo,
diz". e disse-lhes :
"Estais uma perguntar
Ainda pouco de uns aos eoutros
tempo, já nãoporme que é que; evosmaisdisseum :
vereis
20 pouco de tempo,^ e tornareis a ver-me ? Em verdade, em ver-
dade vos digo que haveis de chorar e gemer, ao passo que o
mundo estará alegre ; andareis tristes, sim, mas a vossa
21 tristeza se converterá em alegria. Quando a mulher está
para dar á luz se entristece, porque chegou a sua hora ; mas,
depois de dar á luz um filho, já não se lembra das angústias,
pela satisfação que sente de ter nascido ao mundo um homem.
22 Assim também vós andais aflitos agora ; mas tornarei a ver-
vos e alegrar-se-á o vosso coração, e já ninguém vos tirará a
23 vossa alegria. Naquele dia já não me perguntareis coisa
alguma.
Em verdade, em verdade vos digo : Se pedirdes al-
guma coisa ao Pai em meu nome, vo-la dará. Até agora nada
24 pedistes em meu nome. Pedi, e recebereis — e será completa
a vossa alegria.
2ò Conclusão das palavras de despedida. Disse-vos
isto em parábolas ; tempo virá em que não vos falarei mais
em parábolas, mas vos falarei abertamente de meu Pai.
26 Naquele dia, sim, pedireis em meu nome, e digo- vos que já
não terei de rogar ao Pai por vós. Porque o Pai mesmo vos
27 ama, porque me amastes e crestes que saí de Deus. Sim,
28 saí do Pai e vim ao mundo. Deixo agora o mundo e torno
para junto do Pai".
29
30 Observaram
falas claro então mais
e não te serves os discípulos : "Eis
de parábolas. Agoraquesabemos
agora
que sabes tudo e não necessitas das perguntas de ninguém.
Por isso cremos que saíste de Deus".
31 Respondeu-lhes Jesus : "Agora credes ? Eis que vem
32 a hora — e já chegou — em que vos espalhareis, cada qual
para sua parte, deixando-me só. Mas eu não estou só, porque
33 comigo está o Pai. Disse-vos isto para que tenhais a paz em
mim. No mundo passareis tribulações ; mas tende confiança ;
eu venci o mundo".
16 — ver-me, porque vou para junto do Pai.
João 17, 1 — 24 201

Oração Pontifical de Jesús


Oração por si mesmo. Depois destas palavras, le- 17
vantou Jesús os olhos ao céu e disse
hora. Glorifica teu Filho, para que teu : "Pai, é chegada
Filho te glorifique.a
Déste-lhe poder sobre todos os homens, afim de que dê a vida 2
eterna a todos os que lhe confiaste. A vida eterna, porém, é
esta : Conhecerem-te a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesús 3
Cristo, que enviaste. Glorifiquei-te sobre a terra. Levei a 4
têrmo a obra que me déste a fazer. Glorifica-me, pois, agora 5
contigo, Pai, com aquela glória que eu tinha em ti, antes
que houvesse mundo.
Oração pelos apóstolos. Tenho manifestado o teu 6
nome aos homens que do mundo me déste. Eram teus, tu
mos confiaste, e guardaram a tua palavra. Agora sabem 7
eles que vem de ti tudo quanto me déste, porque lhes dei as 8
palavras que tu me deras, e aceitaram-nas e em verdade
conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
Por eles é que rogo. Não rogo pelo mundo, mas pelos 9
que me déste ; porque são teus. Tudo o que é meu é teu, io
e tudo o que é teu é meu. Neles é que sou glorificado. Já
não fico no mundo — êles, porém, ficam no mundo — porque 11
vou ter contigo. Pai santo, guarda-os em teu nome, o
qual me deste para que sejam um, assim como nós. En- 12
quanto estava com êles, guarde i-os em teu nome, o qual
me déste ; tenho-os amparado, e nenhum deles se perdeu,
a não ser o filho da perdição, para que se cumprisse a escri-
tura. Agora, porém, vou para ti. Digo isto para que êles, 13
no mundo, tenham em si a plenitude do meu gozo. Trans- 14
mití-lhes a tua palavra ; mas o mundo lhes teve ódio, porque
êles não são do mundo, assim como também eu não sou do
mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes 15
do mal. Êles não são do mundo, assim como também eu não 16
sou do mundo. Santifica-os para a verdade. A tua palavra
é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também 18
eu os enviei ao mundo. Por êles é que me santifico, para que 19
sejam santificados na verdade.
Oração pela igreja. Mas não rogo somente por 20
êles, senão também pelos que por sua palavra chegarem a
crer em mim, para que sejam todos um. Assim como tu, 21
Pai, estás em mim e eu em ti, assim também êles sejam um
em nós, para que o mundo creia que me enviaste. Dei-lhes a 22
glória que me déste, para que sejam um, assim como também
nós somos um : eu nêles e tu em mim. Assim sejam também 23
êles perfeitamente um, para que o mundo conheça que me
enviaste e os amaste, assim como me amaste a mim. Pai, 24
quero que os que me déste estejam onde eu estou, para con-
1 1 — guarda em teu nome os que me déste
12 — guardei em teu nome os que me déste
202 João 17, 25 ^- 18, 18

templarem a minha glória que me déste ; pois que me amas-


te antes da criação do mundo.
25 Pai justo, o mundo não te compreendeu ; eu, porém,
te compreendi, e também estes compreenderam que me
20 enviaste. Manifestei-lhes o teu nome, e continuarei a mani-
festá-lo, para que o amor com que me tens amado esteja
neles, e eu nêles".
Do Getsêmane ao Gólgota
18 Prisão de Jesus. Depois destas palavras saiu Jesus
com seus discípulos para além do ribeiro de Cedron. Havia
aí um horto, onde entrou, acompanhado dos seus discípulos.
2 Também Judas, o seu traidor, conhecia o lugar ; porque
3 muitas vezes lá fora Jesus com seus discípulos. Tomou Ju-
das um destacamento de soldados e servos da parte dos pon-
tífices efariseus, e dirigiu-se para lá com lanternas, archotes
e armas.
4 Jesus, sabendo tudo o que estava para suceder-lhe,
adiantou-se e perguntou-lhes : A quem procurais ?"
5 A Jesus de Nazaré" — responderam-lhe.
G Disse-lhes Judas,
Também Jesus : o "Sou eu".estava com eles. Tanto
traidor,
que Jesus lhes disse : "Sou eu", recuaram e caíram por terra.
7 Tornou a perguntar-lhes : "A quem procurais ?"
"A Jesus de Nazaré" — responderam.
8 "Já vos disse — replicou Jesus — que sou eu. Se,
pois, me procurais
9 cumprir-se a palavraa que mim,proferira
deixai ir: aNão
esses".
perdi Devia
nenhumassim
dos
10 que me déste".
Simão Pedro puxou da espada que trazia consigo e
vibrou-a contra o servo do pontífice, e cortou-lhe a orelha
direita. O servo chamava-se Malco.
H Disse Jesus a Pedro : 'Mete a espada na bainha.
Não hei de beber o cálice que o Pai me ofereceu ?"
32 Diante de Anaz. Então o destacamento, o tribuno
e os guardas dos judeus prenderam a Jesus e ligaram-no.
13 Conduziram-no primeiramente á presença de Anaz. Era
14 sogro de Caifaz, pontífice naquele ano. Fora Caifaz que acon-
selhara aos judeus que convinha morresse um homem pelo
povo.
ió Simão Pedro, mais outro discípulo seguiram a Jesus.
Era este discípulo conhecido do pontífice, e entrou com Jesus
lo no páteo do pontífice, enquanto Pedro ficou de fora, á porta.
Saiu então o outro discípulo, conhecido do pontífice, falou
17 com a porteira e fêz entrar a Pedro. Ao que a criada porteira
perguntou a Pedro : "Não és também tu um dos discípulos
dêsse homem ?"
"Não sou" — respondeu ele.
18 Estavam os criados e guardas a aquecer-se a uma
fogueira, porque fazia frio. Também Pedro estava com eles,
aquecendo-se.
203
João 18, 19 — 37

O pontífice interrogou a Jesus sobre os seus discí- í!í


pulos
falado e emsobre a sua adoutrina.
público Respondeu-lhe
todo o mundo. Jesus : "Tenho
Tenho ensinado sempre 20
nas sinagogas e no templo, aonde concorrem todos os judeus,
e não falei coisa alguma ás ocultas. Por que me interrogas 21
a mim ? interroga os que ouviram o que lhes disse. Eles bem
sabem A o estas
que palavras,
disse". um dos servos assistentes deu uma 22
bofetada a Jesús, dizendo : "E' assim que respondes ao
pontífice ?"
Tornou-lhe Jesus : "Se falei mal, dá prova do mal ; 23
mas, se falei bem, por que me feres ?"
Diante de Cai faz.
tífice Caifaz. Anaz remeteu-o ligado ao pon- 24
Simão Pedro ainda lá estava aquecendo-se. Per- 25
guntaram-lhe : "Não és também tu dos discípulos dele ?" 26
Negou Umele, dos
dizendo
servos: do"Não sou". parente daquele a quem
pontífice,
Pedro cortara a orelha, observou : "Pois não te vi com ele
no horto ?"
Pedro tornou a negar. E logo cantou o galo. 27
Jesús entregue a Pilatos. Da presença de Caifaz 28
conduziram Jesús para o pretório. Era de manhã cedo. 29
Eles mesmos não entraram no pretório para não se contami-
narem epoderem comer o cordeiro nascal. Pelo que Pilatos
saiu a ter com cies e perguntou . "Que acusação apresentais
contra este homem ?"
Responderam-lhe : "Se ele não fosse um malfeitor, não 30
to entregaríamos".
Disse-lhes Pilatos : "Tomai-o vós e julgai-o segund ) 31
a vossa lei". 32
Replicaram-lhe os judeus : "Não nos é permitido ma-
Jesústarindicara
alguém". o Devia
género assim cumprir-se
de morte a palavra com que
que ia ter.
Primeiro interrogatório. Tornou Pilatos a entrar 33
no pretório, chamou a Jesús e perguntou-lhe : "Es tu o rei
dos judeus ?".
Respondeu Jesús : "E' de ti mesmo que perguntas 34
isto, ou foram outros que to disseram de mim ?"
teu povoReplicou
e os Pilatos : "Sou
pontífices eu, porventura,
entregaram-te ás minhasjudeu mãos.
? O 35
Que fizeste?"
Se desteRespondeu
mundo fosse Jesús : "Oreino,
o meu meu os reino
meus não é deste
servos, mundo.
certamente, 36
pelejariam para que eu não fosse entregue aos judeus ; porém,
o meu reino não é daqui".
Inquiriu Pilatos : "Logo, tu és rei ?"
26 — observou-lhe
204 João 18, 38 — 19, 15

Tornou
e por isso vim aoJesus : "Sim,
mundo eu dar
: para sou testemunho
rei. Para áisto nasci,
verdade.
Todo o homem que é da verdade dá ouvidos á minha voz".
38 Observou Pilatos: "Que coisa é a verdade?" E,
dito isto, voltou
39 não encontro nele a crime.
ter comE\osporém,
judeus costume
e declarou-lhes
vosso que: "Eu
pelo
tempo da páscoa vos solte um prisioneiro. Quereis que vos
solte o rei dos judeus ?"
40 Gritaram
Ora, êles : era"Não,
Barrabás este não ! mas Barrabás!1"
um ladrão.
19 Jesus apresentado ao povo. Mandou Pilatos le-
var Jesus e açoitá-lo.
2 Teceram os soldados uma coroa de espinhos e pu-
seram-lha sobre a cabeça, e vesti ram-lhe um manto de púr-
3 pura. Chegavam-se a ele, dizendo : "Salve, rei dos ju-
deus !" e davam-lhe bofetadas.
4 Tornou Pilatos a sair e dissc-lhes : "Eis que vo-lo
5apresento, Saiu,parapois,queJesus
saibais que não
trazendo encontro
a coroa nele crime".
de espinhos e o
6 manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos : "Eis o
Mas, logo que os pontífices e os seus servos o viram,homem".
clamaram : "Crucifica-o ! crucifica-o !"
Eu não Retrucou-lhes
encontro nêle Pilatos
crime. : "Tomai-o vós e crucificai-o.
7 Bradaram os judeus : "Nós temos uma Lei e segundo
a lei deve morrer, porque se fez Filho de Deus".
8 Segundo interrogatório. Ouvindo Pilatos esta
9 palavra, temeu ainda mais. Tornou a entrar no pretó-
rio e perguntou a Jesus: "Donde és tu?" Jesus, porém,
10 não lhe deu resposta. Disse-lhe Pilatos : "Não me respon-
des ?Não sabes que tenho poder de crucificar-te, e poder de
pôr- te em liberdade ?"
11 bre Respondeu-lhe
mim, se não te fosse Jesusdado
: "Não teriasPorpoder
do alto. isso, algum so-
quem me
entregou a ti tem maior pecado".
12 A sentença. A partir daí, procurava Pilatos sol-
não és amigo tá-lo. Os judeus, porém,
de César clamaram
; porque todo : aquele
"Se soltares
que se afazesse,
rei
é adversário de César".
13 Quando Pilatos ouviu estas palavras, mandou conduzir
Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado
14 Litóstrotos — em hebraico : Gábata. Era o dia dos prepara-
tivos da páscoa, por volta da hora sexta. Disse então aos ju-
15 deus: "Eis o vosso rei !" Êles, porém, clamaram: "Fora,
fora com ele ! crucifica-o !"
Volveu-lhes Pilatos : "Pois, hei de crucificar o vosso
rei ? "
40 — todos êles
João 19, 16 — 33

Responderam os pontífices : "Não temos outro rei


senão a César L"
Ao que lhes entregou Jesus para ser crucificado. 16
6—30: Crucifixão. Tomaram, pois, a Jesus. Carregava 17
tft ele mesmo a sua cruz para um lugar que se chama Calvário
Ac 15, — em hebraico : Gólgota. Aí o crucificaram, e com ele 18
20 outros dois, um de cada lado. A Jesus, porém, no meio.
le 23, Mandara também Pilatos compor um letreiro e co- 19
26 DOS
locou-oJUDEUS. sobre a cruz. Dizia:dos judeus
Muitos JESUS leram
NAZARENO, REI ;
este letreiro 20
porque o lugar onde Jesus foi crucificado ficava perto da ci-
dade. Estava redigido em hebraico, latim e grego. Disseram 21
os pontífices dos judeus a Pilatos : "Não escrevas : Rei dos
judeus ; mas que êle disse : Eu sou rei dos judeus".
Replicou Pilatos : "O que escrevi escrito está". 22
Distribuição das vestiduras. Depois de crucifi- 23
carem a Jesus, os soldados lançaram mão das suas vestidu-
ras e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado ;
além disto, a túnica. A túnica, porém, era sem costura, toda
tecida de alto a baixo. Pelo que disseram entre si : "Não 24
>1 21, a cortemos, mas lancemos sortes, a ver a quem toca". Cum-
priu-se assim o que diz a escritura : "Repartem entre si as
minhas Foi vestiduras, e lançamos sortes
o que fizeram sobre a minha túnica".
soldados.
*
Ultima vontade. Junto á cruz de Jesús estavam 25
sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cleófas ; e
Maria Madalena. Vendo Jesús sua mãe e ao lado dela o 26
discípulo a quem amava, disse a sua mãe : "Senhora, eis aí
teu
Desdefilho".essa hora Depois disse ao adiscípulo
o discípulo levou em : sua
"Eiscompanhia.
aí tua mãe". 27

Morte de Jesús. Sabia Jesús que assim estava tudo 28


consumado. Pelo que, para dar cumprimento á escritura,
1 6899 disse : ' Tenho
Ensoparam sede". uma
no vinagre Haviaesponja
ali um e,vaso cheio de em
prendendo-a vinagre.
uma 29
cana de hissope, chegaram-lha á boca. Jesús provou o vi-
nagre edisse
entregou : "Está consumado". E, inclinando a cabeça, 30
o espírito.
Traspasse do lado de Jesús. Era dia de prepara- 31
ti vos. Para que os corpos não ficassem na cruz durante
o sábado — porque era de grande solenidade aquele sábado
— foram os judeus pedir a Pilatos que se lhes quebrassem as
pernas e se tirassem daí.
Vieram, pois, os soldados e quebraram as pernas a um 32
e a outro que tinham sido crucificados com êle. Chegando, 33
porém, a Jesús e verificando que já estava morto, não lhe
17 — Jesus, e conduziram -no fora,
João 19, 34 — 20, 13

34 quebraram as pernas ; mas um dos soldados abriu-lhe o lado


com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.
35 Quem isto presenciou dá testemunho do fato, e o E* 12,
36 que também vósé verídico.
seu testemunho creiais. Êle sabe aconteceu
E isto que diz a verdade
para quepara
se gl 3436
%\
cumprisse a escritura : "Não se lhe há de quebrar osso al- Zc 12,
37 gum " ; diz em outro lugar a escritura : "Contemplarão 10
aquele que traspassaram".
Sepultura dc Jesus. Em seguida, José de Ari- 5fr~o,?:
matéia — que era discípulo de Jesus, porém, ás ocultas, 57'
com medo dcs judeus — foi requerer permissão a Pilatos para Mc 15,
tirar o ccrpo de Jesus. Pilatos permitiu-o. Foi, pois, e tirou 42
39 o corpo de Jesus. Apareceu também Nicodemos — que ou- Lc ^
trora visitara a Jesus, de noite — e trouxe uma mistura de
40 mirra e áloes, de quase cem libras. Tomaram o corpo de
Jesus e envolveram-no em lençóis de linho, juntamente com
os aromas, segundo a maneira de sepultar usada entre os
41 judeus. Havia no lugar onde Jesus foi crucificado um horto,
e nêsse horto urn sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora
42 sepultado. Aí depositaram o corpo de Jesus, por ser dia de
preparativos dos judeus ; porque o sepulcro se achava a
pouca distância.
Ressurreição e aparições de Jesus
20 Pedro e João ao sepulcro. Na madrugada do pri-
meiro dia da semana, ainda noite, dirigiu-se Maria Madalena
ao sepulcro, e viu que a pedra estava revolvida do sepulcro.
2 Foi ás pressas ter com Simão Pedro e o outro discípulo a
quem Jesus amava, e disse-lhes : "Tiraram o Senhor do
sepulcro, e não sabemos onde o puseram".
3 Ao que Pedro e o outro discípulo saíram e foram ao
4 sepulcro. Corriam os dois á porfia, mas aquele outro discí-
pulo corria mais depressa que Pedro, e chegou primeiro ao
5 sepulcro. Inclinando-se, viu os lençóis aí colocados ; mas
6 não entrou. Veio em seguida Simão Pedro, entrou no
7 sepulcro e viu os lençóis aí colocados, como também o sudário
que estivera sobre a cabeça de Jesus ; não estava com os
8 outros lençóis, mas dobrado num lugar á parte. Nisto en-
trou também o discípulo que chegara primeiro ao sepulcro ;
9 viu, e creu. E' aque
critura, segundo qualainda
devia não tinham compreendido
ele ressuscitar a es-
dentre os mortos.
10 Voltaram os discípulos para casa.
11 Jesús aparece a Maria Madalena. Estava Maria
ao pé do sepulcro, do lado de fora, a chorar. E, enquan-
to chorava, inclinou-se e olhou para dentro do sepulcro
12 — e viu dois anjos em alvejantes vestes, sentados onde esti-
vera o corpo de Jesus, um á cabeceira e outro aos pés. Disse-
13 ram-lhe : "Por que choras, senhora ?"
João 20, 14 — 31

Ur- 18: Respondeu ela: "E* que tiraram o meu Senhor, e


Mc Ig* em
não pé,
sei onde o puseram".
a Jesus, mas não sabiaA estas
que palavras
era Jesus.voltou-se e viu, u
"Senhora — ■ disse-lhe Jesus — por que choras ? *5
a quem Ela,procuras ?"
cuidando que fosse o jardineiro, disse-lhe :
"Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste; e eu o
levarei".
Disse-lhe Jesus : "Maria".
Voltou-se ela e disse-lhe em hebraico "Raboni !" — 16
que quer dizer : Mestre.
não subiTornou-lhe
para meu Jesus
Pai ; : mas"Não
vai me segures,
ter com meus porque
irmãos ainda
e di- 17
ze-lhes que subirei para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus
e vosso Deus".
Foi Maria Madalena e noticiou aos discípulos : "Vi 18
o Senhor e ele me disse isto".
U~16 Jesús os
14 dia, estavam aparece aos reunidos,
discípulos apóstolos.de portas
Pela tarde daquele
fechadas, com 13
Lc 24. mêdo dos ji#deus. Apareceu Jesús no meio deles e disse-lhes :
36 lado.
"A pazAlegraram-se
seja convosco", Dito isto,demostrou-lhes
os discípulos as mãosDisse-
verem o Senhor. e o 20
lhes Jesús pela segunda vez : "A paz seja convosco. Assim
como meu Pai me enviou, também eu vos envio". Depois 21
destas
Espírito palavras,
Santo ; a soprou
quem vóssobreperdoardes
êles, dizendo : "Recebeisão-o 2322
os pecados,
lhes perdoados; a quem vós os retiverdes, são-lhes retidos".
Jesús aparece a Tomé. Ora, Tomé, um dos doze,
chamado o gémeo, não estava com êles quando veio Jesús. 2/1
Disseram-lhe, pois, os outros discípulos : "Vimos o Senhor".
Ele,
marcaporém, lhes respondeu
dos cravos, se não meter: "Se não nolhe lugar
o dedo vir nas
dos mãos
cravos,a 25
e não lhe introduzir a mão no lado, não acreditarei".
Passados cito dias, achavam-se os discípulos outra
vez portas a dentro, e Tomé com êles. Entrou Jesús, de por- 26
tas fechadas, colocou-se no meio dêles e disse : "A paz
seja
e vê convosco".
minhas mãos Depois dissecom
; vem a Tomé: "Chega
tua mão aqui teu
e mete-a em dedo
meu 27
lado ; e não sejas descrente, mas crente".
"Meu Senhor e meu Deus !" — disse-lhe Tomé.
Advertiu-lhe Jesús : "Crês, porque me vês ; bemaven- 28
turados os que não vêem, e contudo crêem". 29
Conclusão. Ainda muitos outros milagres fêz Je-
sús aos olhos dos seus discípulos, que não se acham escritos 30
nêste livro. Estes, porém, foram escritos para que vós
creiais que Jesús é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, 31
mediante a fé, tenhais a vida em seu nome.

16 — disse-lhe 29 — Creste, Tomé. porque me viste


João 21, 1 — 18

21 4parição de Jesús á margem do Iago de Tiberfa-


des. Mais tarde, tornou Jesús a manifestar-se aos discí-
pulos ámargem do lago de Tiberi ades. Foi do seguinte modo
2 que apareceu : Achavam-se reunidos Simão Pedro, Tomé,
cognominado o gémeo, Natanael, natural de Caná da Gali-
léia, os filhos de Zebedeu, mais outros dois dos seus discí-
3 pulos. Disse-lhes Simão Pedro : "Vou pescar".
Responderam-lhe os outros : "Vamos também nós
contigo".
ram coisa algumaSaíram, naquela
pois, e noite.
embarcaram. Mas não apanha-
4 Ao romper da manhã estava Jesús na praia. Os dis-
5 cí pulos, porém, não sabiam que era Jesús. Disse-lhes Jesús :
"Filhos, não tendes nada que comer?"
"Nada" — responderam-lhe.
6 Disse-lhes ele : "Lançai a rede á direita do barco, c
apanhareis Lançaram, algumapois,coisa".
a rede, e já não a podiam tirar para
7 fora, de tantos que eram os peixes. Observou então a Pedro
o discípulo a quem Jesús amava : "E' o Senhor \V Assim
que Pedro ouviu que era o Senhor, cobriu-se com o manto —
S pois estava nú — e lançou-se ao mar. Os outros discípulos
foram seguindo no barco, arrastando a rede com os peixes ;
não estavam distantes da terra, senão uns duzentos côvados.
o Saltaram em terra, e viram um braseiro com um peixe em
10 cima, e pão. Disse-lhes Jesús : "Trazei dos peixes que aca-
11 baisEntrou de apanhar".Simão Pedro no barco e puxou á terra a
rede repleta de cento e cincoenta e três grandes peixes ; e,
com serem tantos, não se rompeu a rede.
12 "Vinde almoçar" — disse-lhes Jesús. Nenhum dos
discípulos ousou perguntar-lhe quem era ; porque sabiam
13 que era o Senhor. Tomou Jesús o pão e serviu-lho, e igual-
mente o peixe.
14 Foi esta a terceira vez que Jesús apareceu aos seus
discípulos, depois de ressuscitado dentre os mortos.
15 O primado de Pedro. Terminado o almoço, per-
guntou Jesús a Simão Pedro : "Simão, filho de João,
amas-me mais do que estes ?" Respondeu-lhe ele : "Sim,
Senhor, tu sabes que te amo". Disse-lhe Jesús : "Apascen-
ta os meus cordeiros".
16 Tornou a perguntar-lhe : "Simão, filho de João,
amas-me ?" Respondeu-lhe : "Sim, Senhor, tu sabes que
te amo". Disse-lhe Jesús : "Apascenta os meus cordeiros".
17 Perguntou-lhe pela terceira vez : "Simão, filho de
João, amas-me?" Entristeceu-se Pedro por lhe perguntar
pela terceira vez : "Amas-me ?" E respondeu-lhe : "Senhor,
tu sabes todas as coisas; sabes também que eu te amo".
Disse-lhe Jesús : "Apascenta as minhas ovelhas.
18 Profecia sobre Pedro e João. Em verdade, em
verdade te digo : Quando eras moço, tu mesmo te cingias
João 21, 19 25
209

e andavas onde querias ; mas, quando fores velho, estende-


rás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde tu não
queres".Com estas palavras aludia ao género de morte com ^
que Pedro havia de glorificar a Deus. Depois destas pala-
vras disse-lhe : "Segue-me !"
Voltando-se Pedro, reparou que o seguia o discí- 20
pulo a quem Jesus amava — o mesmo que na ceia reclinara
ao seu peito e perguntara : "Senhor, quem é que te há de
entregar ?" Ora, vendo Pedro a esse, perguntou a Jesus : 21
"E que será deste, Senhor?"
Respondeu-lhe Jesus : "Se eu quero que fique até
á minha volta, que tens tu com isso ? Quanto a ti, se- 22
Daí !"se originou entre os irmãos a opinião de que
gue-me 23
aquele discípulo não morreria. Jesus, todavia, não lhe dissera
que não havia de morrer ; mas, sim : "Se eu quero que fique
até á minha volta, que tens tu com isso ?"
Remate.
consignou E' este
êstes fatos ; e onós
discípulo que que
sabemos dá testemunho
é verdadeiroe 21
seu testemunho.
Ainda muitas outras coisas fez Jesus. Se todas elas 25
fossem escritas por miúdo — creio que nem caberiam no
mundo os livros que se deveriam escrever.

1
listas ás mais excelsas alturas, celebrando a existência eterna 1— 18
do Filho de Deus, as suas relações com o mundo e o seu apa-
recimento no meio dos homens.
A expressão
nos livros sapienciais "Verbo" (em grego
do antigo : Lógos)onde
testamento, ocorre já
signi-
fica a eterna Sabedoria ; encontramo-la também na filosofia
grega, maximé nas obras de Filo, onde tem o sentido aproxi-
mativo de razão mundial, inteligência cósmica. O evangelista,
de encontro ás deturpações panteisticas dos filósofos da época,
restitue o sentido exato e genuino ao termo "Verbo" ou "Ló-
gos",
A vida identificando-o designacoma vida
o Filhosobrenatural
de Deus. da graça e da 4
glória, que Jesus Cristo possue por virtude própria e vinha
comunicar aos homens pela incarnação. E' também a luz
da eterna verdade — "eu sou a luz do mundo".
João Batista não passava de um como reflexo daquela o
luz divina.
Jesus veio ao que era seu, isto é, a humanidade, e, 11
sobretudo, o povo de Israel.
22 — Quero que fique assim
23 — Quero que fique assim
210 NOTAS — João 1, 18 — 3, 8

13 Insiste o evangelista em que não é suficiente a vida


natural comunicada pela geração carnal, mas é necessária
afazvidaver,sobrenatural da graça
no colóquio e dacom
noturno fé. E' o mesmo que
Nicodemos, Jesus :
dizendo
"O que ;nasceu
espírito quem danãocarne
nasceré carne;
da águao que
e do nasceu
Espíritodo Santo
espíritonãoé
! spode entrarNenhum no reino
homemde Deus".
viu a Deus em sua divindade ; mas
o Homem-Deus nos veio dar notícias do Pai Eterno.
28 A única Betânia que hoje em dia conhecemos fica
perto de Jerusalém ; mas o evangelista, filho da Palestina,
conhecia outra além do Jordão, a que alguns códices bíblicos
dão o nome de Betábara, isto é, lugar de passagem.
29 No dia seguinte, isto é, depois da volta de Jesús do
deserto, pouco antes da páscoa, talvez em março, o evange-
lista dá a Jesús o nome de Cordeiro de Deus em atenção ás
palavras de Isaías (53, 1 ss), que compara o Messias a um
manso cordeiro levado ao matadouro.
30 Como Deus, era Jesús anterior a João ; como homem
nascera depois dele.
40 A' hora décima
dois discípulos — isto
era André, é, ás 4provávelmente,
e o outro horas da tarde. o Um dos
próprio
evangelista João, que ainda na extrema anciania se recor-
dava com satisfação da hora ditosa da sua vocação apostólica.
45 Jesús, filho de José, segundo a lei e na opinião pública.
46 Natanael é provávelmente, idêntico ao apóstolo São
Bartolomeu.
51 Alusão á escada misteriosa de Jacó (Gn 28,12).
2 No terceiro dia após a partida da Judéia, Caná era
1 uma aldeia situada para o nordeste de Nazaré, á distância
de légua e meia.
5 Maria compreendeu perfeitamente as palavras de
Jesús, algum tanto obscuras para nós ; por sinal que logo deu
os competentes avisos aos servos.
6 Costumavam os judeus recorrer a diversas abluções
antes da refeição. Cf. Mt 15,2; Mc 7, 3 s ; Lc 1 1, 39. Uma
medida oriental comportava uns 35 a 40 litros.
12 A viagem de Jesús de Caná a Cafarnaum se deu,
provavelmente, em princípios de março do ano 30 ; a páscoa
judaica daquele ano incidia nos primeiros dias de abril.
3
5—8 Jesús não considera suficiente para a entrada no rei-
no dos céus a descendência natural de Abraão, mas exige
uma regeneração espiritual por meio da graça. Assim como
ignoramos o ponto de partida e o termo de chegada do vento,
cuja presença bem percebemos pelo sussurro da atmosféra,
de modo análogo acontece também com o espírito de Deus ;
ainda que misterioso e incompreensível seja o seu donde e
para onde, não deixam de ser palpáveis os efeitos que ele
produz no homem.
NOTAS — João 3, 9 — 4, 35 211

O evangelista não dá senão um resumo do colóquio 13—21


noturno que Jesus teve com Nicodemos, colóquio que deve
ter sido longo e profundo ; daí a obscuridade que caraterizam
algumas frases do mesmo, entremeadas, além disto, de re-
flexões do autor sacro. Nicodemos, é certo, tirou real pro-
veito desta instrução, tanto assim que de tímido que fora,
se tornou desassombrado defensor de Jesus no sinédrio
(7, 50-51), e, depois da morte dêle, se confessa sem rebuços
discípulo do crucificado (19,39).
Quem leva vida pecaminosa aborrece a luz da fé, 20 21
porque a fé lhe condena os atos ; mas quem vive conforme
a verdade e a santidade de Deus não tem motivo para fugir
da luz da fé.
Discutiam eles a questão se tinha maior virtude pu- 25
rificativa o batismo de João ou o de Jesus, isto é, o que
era administrado pelos discípulos dêle.
Reflexões do evangelista bordadas em torno das pa- 31—
lavras do precursor.
4
Existem ainda as ruinas de Sicar, que hoje em dia 5 e
se chama An-Askar. A' distância de 1 klm. para o sudoeste
da aldeia, ao sopé do monte Garizim, acha-se ainda o poço
de Jacó, com 33 metros de fundo.
Hora sexta — por volta do meio-dia. G
Os samaritanos eram descendentes de hebreus mes- 9
ciados com colonos pagãos, e, por isso, desprezados pelo*
judeus como gente impura.
Água viva significa, na boca de Jesus, a verdade e 10
a graça do evangelho, ao passo que a samaritana enten-
de água corrente, em oposição á água estagnada.
As águas vivas do evangelho de Cristo, oriundas das 14
profundezas da divindade, regam o reino de Deus, refri-
geram os seus habitantes e, em virtude da sua força divina,
tornam a saltar para as regiões da sua origem eterna.
Existia entre judeus e samaritanos uma questão reli- 20
giosa sobre o lugar do culto divino ; enquanto aqueles davam
o templo de Jerusalém como o único lugar legítimo, os sama-
ritanos adoravam a Deus nas alturas do monte Garizim.
Os judeus, pela maior parte não adoravam a Deus 23
em espírito ritanos não o("êste povo em
adoravam me verdade,
honra comporque
os lábios") ; os sama-
o seu culto vinha
mesclado de muitos êrros. Jesus alude a um culto que seja
ao mesmo tempo verdadeiro e espiritual, sem deixar por isso
de externar-se por sinais sensíveis — tal é o culto do novo
testamento.
Não se permitia aos doutores da lei travarem Ion- 27
gas discussões com mulheres. Por isso se admiraram os
discípulos ; mais ainda, por ser aquela mulher samaritana.
Do semear ao colher vão quatro meses — era uma es- 35
pécie de provérbio. Jesus, porém, faz ver que nesta lavoura
evangélica se segue a colheita quase imediatamente ao
plantio da divina semente, porque os samaritanos mostravam
212 NOTAS — João 4, 46 — 7, 10

ótimas disposições de espírito e coração. Os patriarcas


tinham amanhado o terreno ; J esús é o semeador ; os após-
tolos são os ceifadores. Da colheita riquíssima dizem os Atos
dos Apóstolos (8, 4-25).
O pai era alto funcionário do rei Herodes.
Ontem, dizem os servos, porque com o pôr do sol ter-
minava odia dos judeus.
Não consta qual fosse esta festa ; pode ter sido a
da páscoa, de pentecostes, ou, mais provávelmente, a dos
tabernáculos.
Betesda quer dizer : casa da graça, e vem bem a pro-
pósito a denominação, dados os favores extraordinários
que Deus concedia aí aos enfermos. Outros códices bíblicos
escrevem : Betsaida, isto é, casa da pesca. A porta das ove-
lhas ficava para o norte do templo.
Quer dizer : Se êsse homem tem o poder de me res-
tituir asaúde por meio dum milagre, terá poder também sobre
o sábado e pode permitir-me carregar o meu leito neste dia.
Um descanso sabatino, no sentido exagerado dos fa-
riseus, éimpossivel ; nem o próprio Deus o observa.
vina. Jesus se identifica com o Pai segundo a natureza di-
O poder de ressuscitar mortos, espiritual e corporal-
mente, compete da mesma maneira ao Filho como ao Pai.
Os milagres de Jesus dão testemunho da sua missão
divina.
Passaram para a margem oriental do lago de Genesaré.
25 a 30 estádios são uns 5 a 6 klm.
Os judeus entendiam, sim, as palavras de Cristo, mas
em sentido grosseiramente material. Jesus apela para a
sua futura ascensão, mostrando que seu corpo voltaria ao
céu e não seria, portanto, objeto de manducação, no sentido
dos judeus ; mas que o objeto do banquete eucarístico seria
o seu corpo espiritualizado, depois da ascensão ; não a carne
morta, como entendiam os ouvintes, mas aquele mesmo corpo
vivificado pela alma e penetrado pela divindade ; é neste
sentido espiritual que Jesus quer ver interpretadas as suas
palavras ; é por isso que protesta que a sua revelação é es-
pírito evida, e não apenas matéria inanimada.
Judas chegou, mais tarde, a entregar o divino Mestre,
porque era homem sem fé, é por isso que Jesus lhe chama
demónio.
Os parentes de Jesus não formavam ainda idéia exa-
ta dêle, esperando, como quase todos os judeus, um reino
messiânico temporal.
Não quis Jesus associar-se publicamente á caravana
de peregrinos que subiam a Jerusalém, porque resolvera
ir sozinho, quase ás ocultas.
NOTAS — João 7, 16 — 8, 45 213

Declara Jesus que não ensina por conta própria, se- ^


não por ordem e autorização do Pai Celeste.
De encontro ás profecias, diziam os escribas que o 27 30
Messias viria do céu, subitamente ; ao passo que Jesus viera
de Nazaré. Nosso Senhor distingue nitidamente duas pro-
temporal, cedências
do suasseio
: uma, "ab deaeterno",
virginal Maria. do seio do Pai a outra,
O último (sétimo dia da festa dos tabernáculos) vinha ^ 39
revestido de solenidades especiais : por ocasião do sacrifício
matutino dirigia-se o povo, em luzida procissão, á fonte de
Siloé, onde um sacerdote hauria água com uma taça de ouro
e a levava ao templo ; aí a misturava com vinho e a derra-
mava sobre o altar dos holocaustos. Dessa tocante cerimonia
tomou Jesus ensejo para falar das águas vivas da redenção
isto é, da graça de Deus que seria derramada abundantíssima
sobre os homens pelo Espírito Santo.
Nem sequer os inimigos de Jesus, que tinham vindo 4G
para prendê-lo, valeram resistir á estranha fascinação que
irradiava da pessoa dele e vibrava nas suas palavras.
Em parte alguma diz a escritura queda Galiléia não 52
viria profeta; Jonas, Naum, como também Débora, eram
galileus. De resto, Jesus não era natural da Galiléia, mas da
Judéia, como bem podiam saber os seus adversários.
A lei de Moisés (Lv 20, 10 ; Dt 22, 22 ss) decretava 5
a morte para a mulher que violasse a fidelidade conjugal
e a morte crudelíssima do apedrejamento para a noiva que
se esquecesse da palavra empenhada.
Jesus, escrevendo na areia do pavimento, parece que- 6 8
rer dar tempo de reflexão aos acusadores e relegar a causa aos
tribunais legítimos ; pois não desconhecia as intenções
malévolas dos fariseus.
cadora. Jesus condena o pecado, mas tem compaixão da pe- 13—14
A lei mosaica (Dt 17, 6; 19, 15) não admitia teste- 11
munho em causa própria, mas exigia duas ou três testemu-
nhas para a validade jurídica do depoimento. Jesus faz ver
que êste princípio não tem aplicação nêle, uma vez que
tem a seu favor o testemunho divino, que excede todos os
depoimentos humanos.
De resto, Jesus não está só, mas com ele está o Pai 71—18
que testifica por êle.
A liberdade moral é mais preciosa que a liberdade 3] 36
física. Verdadeiramente livre é aquele que pratica o evan-
gelho ; escravo é quem vive em pecado.
idolatriaO ;antigoporque testamento
Javé fizera costuma chamar
uma aliança sagrada"adultério"
com Israel,à 41
que era como que sua esposa mística (cf : a Igreja, esposa de
Cristo) ; a idolatria, ou culto de deuses alheios, equivalia,
por isso a uma espécie de infidelidade conjugal.
Na opinião dos judeus, os samaritanos, semi-pagãos, 4^
eram possessos do demónio.
214 NOTAS — João 8, 50 — 11, 6

50 Abraão rejubilara ao contemplar de longe, através


de alguma visão profética, o advento do Salvador.
51 Acabava Jesus de afirmar claramente a sua eterni-
dade, e, com isto, a sua divindade ; pelo que os judeus o
tomaram por blasfemo e tentaram apedrejá-lo.
9
2 Os discípulos de Jesus, imbuidos das idéias de seu
tempo, cuidavam que todo o infortúnio fosse necessária-
mente castigo de algum pecado do homem, ou de seus pais.
<> Jesus recorre a estas cerimonias para despertar sen-
humildade timentosede féa obediência.no coração do cego e dar-lhe ensejo para a
oi Deus não concede aos pecadores o dom dos milagres,
porque o milagre é o sinete da divindade.
41 Se fôsseis cegos, se laborásseis numa ignorância in-
culpável, não terieis pecado ; mas, como sois homens instruí-
dos e tendes a luz da ciência, é culpável a vossa cegueira.
10
i -5 Os fariseus se tinham mostrado mercenários para
com o cego de nascença expulsando-o da sinagoga ; Je-
sus se prova bom pastor — é êste o ponto de partida da be-
líssima parábola.
8 Falta aos fariseus a missão divina. Ladrões e saltea-
dores apelida Jesus, não os antigos pastores de Israel, os
patriarcas e profetas legitimados, mas aos chefes espirituais
que naquele tempo governavam o povo de Israel.
iq Há de o divino pastor arrasar as barreiras que se
erguiam
só rebanho. entre os judeus e gentios, congregando-os num
22 A festa de dedicação do templo celebra va-se em mea-
dos de dezembro ; destinava-se ela a comemorar a purifi-
cação do santuário e subsequente consagração feita por
Judas Macabeu, em 165 antes de Cristo. Durava esta sole-
nidade uma semana,
23 O pórtico de Salomão era uma bela galeria, que corria
ao longo do lado oriental do templo.
34 36 Se o antigo testamento (SI. 81) não hesita em chamar
deuses a homens divinamente autorizados a ocupar algum
cargo proeminente em Israel, representando, assim, a suprema
autoridade de Deus, com quanto mais razão poderá Jesus
chamar-se
de blasfémiaDeus, ! em sentido próprio sem incorrer em pecado

i Betânia — aldeia ao sopé do monte das Oliveiras, a


3 klm. de Jerusalém.
4 Bem sabia Jesus que a moléstia de Lázaro era mor-
tífera mas sabia também que dentro em poucos dias o defunto
tornaria á vida.
NOTAS — João 11, 9 — 12, 40 215

a noite Oo fim
dia da era mesma,
o períodoo abismo
de peregrinação
da morte. terrestre
Enquantode durava
Jesus ; 9— io
o dia da sua vida marcado pelo Pai celeste, nenhum inimigo
lhe podia fazer mal. Mais tarde, consoante a vontade do
Pai, permitiria Jesus que o viessem envolver o crepúsculo
do sofrimento e a noite lúgubre da morte.
15 estádios são uns 3 klm. 18
Marta não tinha ainda uma fé perfeita e esclarecida ; 22
julgava necessário que Jesus pedisse a Deus a virtude tau-
maturga ;Jesus lhe faz ver que êle mesmo é a ressurreição
e a vida.
Não diz o evangelista que Caifaz fosse pontífice só 4'J
para aquele ano — pois que o foi nos anos 18 até 36 depois
de Cristo — mas quer acentuar que o era precisamente na-
quele ano tão memorável.
Quem fosse ritualmente impuro tinha de purificar-se 5f>
antes de tomar parte nas solenidades pascais.
12
Uma libra romana equivalia a 327 gramas e meia. 3
Segundo Mt e Mc, Maria ungiu também a cabeça de Je-
sus, que era prova especial de amor e veneração.
Judas foi o primeiro a murmurar ; alguns dos outros 4
discípulos, sugestionados pelo mau exemplo, lhe fizeram
coro.
Maria como que antecipava a embalsamação do cor- 7
po de Jesus, cuja morte já estava decretada.
Com a morte de Jesus principiara a sua glorifica- 23
ção, sobretudo no mundo pagão.
O grão de trigo que devia morrer e ser enterrado para 24
frutificar era o próprio Cristo, cuja morte redentora daria
a todos os homens graças riquíssimas e a possibilidade de
entrarem no reino da glória.
Jesus tinha a verdadeira natureza humana e não podia 27
deixar de horrorizar-se ante a perspectiva duma morte cru-
delíssima. Submeteu-se, porém, á vontade do Pai, como
pouco depois, se submeteria á mesma, no horto das oliveiras.
Ser suspenso era sinonimo de morrer na cruz, como os
ouvintes bem compreenderam ; mas, ainda aferrados aos
seus conceitos erróneos sobre o reino messiânico, não qui-
seram conformar-se com a idéia de um Cristo padecente.
O coração que resiste obstinadamente á voz da graça 39
fica cada vez mais empedernido, de maneira que, finalmente,
já não poderá crer ; e assim, o não querer se transforma em
não poder.
Permitiu Deus, para castigo dêles, que se lhes endure- 40
cesse o coração, negando-lhes as graças eficazes.
216 NOTAS — João 13, 1 — 17, 26

13 Alude Jesus ao costume dos orientais de tomarem ba-


6 nho antes da refeição ; ao entrarem na sala de jantar, já
não era necessário senão limpar ligeiramente os pés do pó
que desde o banheiro se lhes houvesse apegado. Pôde tomar
parte no banquete eucarístico quem está livre do pecado
mortal ; convém, todavia que também se purifique da poeira
dos pecados veniais.
i * -15 Com esta cerimonia simbólica e subsequente reco-
mendação quer Jesus inculcar aos seus discípulos a mais
profunda humildade, e significar ao mesmo tempo a pureza
espiritual,
rístico. que deve têr quem se aproxima do mistério euca-

1^ Os discípulos viam o Pai celeste, porque viam a Je-


7 sus, que, quanto á divindade, é idêntico ao Pai. A difi-
culdade dos apóstolos provém do mistério profundíssimo de
Deus uno e trino..
12 A prégação e os milagres de Cristo se limitavam á
Palestina, ao passo que os apóstolos iam prégar o evangelho
a todos os povos, confirmando-o com estupendos milagres.
28 Deus. O Pai é maior que Jesús-homem, porém igual a Jesús-

15 A parábola da videira e das varas simboliza expres-


1-8 si vãmente a união íntima que deve reinar entrejesús e os
seus, pela graça santificante, cujo mais belo complemento é a
união eucarística.

16 O Espírito Santo mostrará ao mundo que é grande


pecado não crer em J esús Cristo, apesar de tantos argumentos ;
8—11 fará ver que Jesus era homem justo e inocente ; mostrará
ainda que foi quebrado, pela morte de Jesus, o poder de Sa-
tanaz.
14— -15 O Pai e o Filho teem uma e mesma essência e natu-
reza divina ; por isso, o Espírito Santo, que procede do Pai
e do Filho, recebe de um e de outro as verdades que ensina.
16 Ainda um pouco de tempo, e Jesus desaparecerá no
abismo da morte ; mais um pouco de tempo e reaparecerá
vivo e não tardará a subir ao Pai.
23 Depois da ressurreição, e, sobretudo, depois da vinda
do Espírito Santo, os discípulos compreenderam todos os
ensinamentos do divino Mestre, que até aí lhes pareciam
tão obscuros.

17 Chama-se "oração pontifical", êste belíssimo hino


i 26 que o divino Pontífice da nova aliança entoa no intrói-
to do grande sacrifício, ao pé do altar da redenção. Pede-
ao Pai pelos frutos dêste sacrifício (1-5), roga por seus
discípulos (6-19), e, finalmente, por todos osfiéis (20-26).
NOTAS — João 17, 8 — 19, 25 217

Na oração pelos apóstolos implora Jesus a conserva- 6—19


ção da unidade, a proteção nos perigos da parte do mundo
e a santificação pelo Espírito Santo.
Nesta hora solene prescinde Jesus do resto do mundo 9
concentrando as suas súplicas nos seus apóstolos e continua-
dores da sua obra.
Consagra os seus apóstolos ao serviço da verdade 17—19
evangélica, declarando que êle mesmo se imolará em sacri-
fício por eles.
Pede também pelos cristãos em geral para que vivam 20—24
em santa harmonia e fraternidade.
Com esse retrospeto ao passado e essa perspectiva 26
para o futuro
contro ámorte.encerra Jesus a sua vida pública, indo de en-

Não consta ao certo quem fosse esse outro discípulo; IS


talvez o próprio evangelista. 10
Foi Anaz que presidiu a êste interrogatório. Já não 19
era sumo sacerdote, mas, consoante o costume, ficava ainda
com êste título.
Durante as solenidades pascais costumava Pilatos 28
achar-se em Jerusalém, afim de atalhar qualquer desor-
dem ou motim, que eram assaz frequentes nessa ocasião.
Residia então no castelo Antônia, perto do templo. Con-
tiguo a uma das portas do castelo ficava o pretório, ou tri-
bunal.
O israelita que pusesse o pé na casa do pagão era con-
siderado impuro e não podia tomar parte em atos religiosos
sem primeiro se purificar.
Pilatos era da escola dos céticos, que teem por im- 38
possível o conhecimento da verdade.

Seria trabalho e tempo perdido falar àquele pagão da 19


origem divina de Jesús ; não o teria compreendido ; por 9
isso, o acusado se cala.
Cai faz. Quem me entregou ás tuas mãos — isto é, Judas e 11
Achava-se colocada a curul do juiz numa ligeira ele- 13
vação do foro, calçada de ladrilhos ou mosaicos.
Irmã de Maria — quer dizer : parenta ; pois o hebreu 26
chama irmãos e irmãs a todas as pessoas da parentela. Se-
gundo o historiador Hegesipo (2.° século), era Cléofas, ou
Alfeu, irmão de São José ; de maneira que a mulher de Cléofas
a que se refere o evangelista e a que chama "irmã de Maria",
era
Mc a15,mãe40 dos ; At chamados "irmãos
1, 14 ; notas para de
Mt Jesús".
12, 46-47.Cf. Mt 13, 55 ;
218 NOTAS — João 19, 29 — 21, 15

29 Era vinho azedo, ou misturado com vinagre, com que


os soldados costumavam matar a sede. Hissope é uma planta
que produz umas hastes compridas e delgadas.
31 Pedia a lei mosaica que os corpos dos supliciados
tossem enterrados antes do sábado, que principiava com o
pôr do sol da sexta-feira ; por êste motivo foram os judeus
rogar a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos cruci-
ficados.
34 Com a morte, ajuntara-se o sangue no pericárdio,
onde se descompôs, segundo as leis orgânicas, na fibrina e
no sérum aquoso, líquidos esses que, ao retirar a lança, jor-
raram da ferida aberta. O evangelista não vê nisto milagre,
mas achou necessário mencionar expressamente esta cir-
cunstância para rebater a objeção dos herejes docetas daquele
tempo, que negavam a verdadeira humanidade de Cristo,
admitindo apenas um corpo aparente.
36—37 Era proibido quebrar um osso ao cordeiro pascal,
que era tipo de Cristo. Com êste fato e a lançada no peito
de jesús se cumpriram profecias do antigo testamento.
39 Costumavam os judeus embalsamar os corpos dos
defuntos, deitando aromas e essências fortes entre o corpo
e as faixas que o envolviam.
41 42 O sepulcro de Jesús achava-se numa esplanada do
Calvário, a uns trinta metros do lugar da crucifixão.

20 Custava aos apóstolos crerem no fáto da ressurrei-


y ção, a despeito das repetidas predições do divino Mestre ;
16 era fáto virgem em toda a história da humanidade. Só aca-
baram de convencer-se da realidade histórica da ressurreição
á força de argumentos irrefragáveis.
Raboni era o título que se dava a algum rabi (mes-
tre) muito estimado e querido, equivalendo, pois a : Meu
querido Mestre.
17 Maria, no seu amor ardentíssimo, quer unir-se inse-
parávelmente ao divino Mestre, o qual, porém, lhe faz ver
que êste desejo só lhe será satisfeito mais tarde, após a as-
censão dêle, na visão beatífica.

21 Com o fim do capítulo 20 rematava, primitivamente,


o evangelho de São João. O capítulo 21 foi acrescentado
mais tarde pelo próprio evangelista.
7 O discípulo a quem Jesus amava, isto é, amava par-
ticularmente,oé autor do presente evangelho.
Três vezes protestara Pedro não conhecer a Jesús,
e três vezes devia protestar-lhe o seu amor. Fá-lo, mas
NOTAS — João 21, 22 — 25 219

com toda a modéstia e humildade e apelando para a oni-


ciência do próprio Mestre.
O evangelista corrige a opinião errónea dos irmãos, 22 -23
acentuando que Jesus só dera o caso como possível, mas
não como real.
Estes dois versículos não são da autoria de São João ; 24 26
mas foram acrescentados mais tarde por seus discípulos,
os quais, provavelmente, tinham sido testemunhas ocula-
res da vida de Jesus Cristo, tanto assim que afirmam :
"Nós sabemos que é verdadeiro o seu testemunho'*.
ATOS DOS APÓSTOLOS

Introdução

1 . Desde os tempos mais remotos vem este livro


intitulado
não corresponda "Atos integralmente
dos Apóstolos", ainda que; pois
ao conteúdo esta não
epígrafe
con-
tém a história completa de cada um dos apóstolos. Trata
quase exclusivamente dos principes dos apóstolos, Pedro e
Paulo ; e nem mesmo destes oferece uma biografia completa.
2. A antiguidade nunca deixou de atribuir os Atos
dos Apóstolos á autoria de São Lucas. Diz, por exemplo, o
fragmento vem
apóstolos muratoriano
condensada(2.° numa
século)só: obra
"A história
; é São deLucas
todosqueos
a escreveu
santo Ireneu,no Clemente
livro: Excelentissimo Teófilo'. Também
de Alexandria, Tertuliano, Orígenes
e outros citam os Atos com o nome de São Lucas. De resto,
o autor se notifica a si mesmo por certas particularidades
muito suas. No prólogo (1,1) designa o presente livro como
sendo a segunda parte do seu evangelho. Em ambas as
obras reina o mesmo estilo e a mesma riqueza de expressões.
O autor revela-se companheiro de São Paulo ; narra diversos
episódios
1-18 ; 27, com
1-28, o 16),
pronome "nós"
por sinal que (16, 10-17; 20tomou
ele mesmo 5-15 parte.
; 21,
Não pode ser outro senão Lucas.
3. Entretanto, sendo que Lucas só se dá como tes-
temunha ocular duma parte do seu relatório, surge a questão :
de que fontes se serviu ele para o resto ? A solução é fácil ;
pois não lhe faltavam testemunhas presenciais perfeitamente
em condições de fornecer ao historiador informações as mais
amplas e exatas. A testemunha por excelência era o apóstolo
Paulo, do qual o autor foi amigo e companheiro por largos
anos. Em Cesaréia residia Lucas em casa do diácono Filipe ;
em Jerusalém tratou pessoalmente com o apóstolo Tia-
go Menor ; em Roma, com o evangelista Marcos. Outros-
sim, se encontrou diversas vezes com Timóteo e outros cola-
boradores de São Paulo.
4. O fim dos Atos dos Apóstolos é quase o mesmo
que o do terceiro evangelho : a exposição do progresso ul-
terior da obra de Jesus Cristo. São Lucas descreve a marcha
triunfal do cristianismo, desde J erusalém até ás mais remotas
Atos — Introdução 221

províncias do império romano — e tudo isto com o fim de


confirmar na alma de Teófilo e nos povos evangelizados por
São Paulo a fé na origem divina da religião cristã. Parte
bem considerável nesta grande empresa cabe ao incomparável
apóstolo do gentilismo.
5. Os Atos dos Apóstolos foram escritos antes do ano
70, por sinal que Jerusalém e diversas localidades da metró-
pole de Israel — por exemplo, o pórtico de Salomão (3, 2)
e o castelo Antônia (21, 34 ; 22, 24) — neles veem como ainda
existentes. Precisando ainda mais a origem dos Atos, tere-
mos de colocá-los no tempo do primeiro cativeiro de S. Paulo
do final da (anos
em Roma obra 61(28,a 63). E' oO que
30-31). lugarse da
depreende claramente
composição é, pro-
vavelmente, Roma, como já admitia São Jerônimo.
6. Divide-se o livro em duas partes principais. Na
primeira descreve o autor o periodo judeu-cristão da igreja
(cap. 1-9) ; na segunda, a origem e o desenvolvimento das
missões pagãs (cap. 10-28).
Decisão da Comissão Bíblica de 12 de junho de 1913 :
Os Atos dos Apóstolos teem por autor a São Lucas ; repre-
sentam um documento histórico fidedigno, composto pelo fim
do primeiro cativeiro romano do apóstolo Paulo.
ATOS DOS APÓSTOLOS

1 Prólogo. No meu primeiro livro, ó Teófilo, referi


tudo quanto Jesus fez e ensinou desde o principio até ao dia
2 em que, pelo Espírito Santo, deu ordem a seus apóstolos
a eleitos, e foi elevado ao céu. Dera-lhes êle, depois da sua pai-
xão, numerosas provas de que vivia, aparecendo-lhes por
espaço de quarenta dias e falando-lhes do reino de Deus.
A igreja entre os judeus
4 Despedida de Jesús. Estando com eles, ordenou-
lhes Jesús que não se retirassem de Jerusalém, mas espe-
ras em a promessa
5 minha boca. João do Pai, "a
batizava comqual
água— ;dizia
vós, — porém,
ouvistessereis
da
6batizados com o Espírito
Estavam, pois, comSanto,
êle. dentro
Então delhepoucos dias". :
perguntaram
"Senhor, é neste tempo que restabeleces o reino de Israel ?"
7
8 o tempoRespondeu-lhes
e o momento que Jesúso Pai
: "Não vos compete
reservou a vós Entre-
a seu poder. saber
tanto, recebereis a virtude do Espírito Santo, que descerá
sobre vós, e me sereis testemunhas em Jerusalém, em toda
a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra".
o Ascensão de Jesús. Depois destas palavras, foi
10 elevado á vista deles, e uma nuvem ocultou-o a seus olhos.
Quando êles estavam todos com os olhos fitos no céu, en-
quanto Jesús ia subindo eis que apareceram junto deles dois
11 Galiléia,
varões vestidos que estais de branco, que lhes disseram
aí a contemplar o céu ? :esse"Homens
Jesús queda
do meio de vós acaba de ser elevado ao céu voltará do mesmo
12 modo que Ao aoquecéuêles o vistes subir". para Jerusalém, do monte
regressaram
que se chama das Oliveiras e fica perto de Jerusalém, á
13 distancia de um caminho sabatino. Chegando aí, dirigi-
ram-se á sala superior, onde ficaram. Eram Pedro, João,
Tiago, André, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Mateus, Tiago,
filho de Alfeu, Simão, o zelador, e Judas, irmão de Tiago.
14 Todos êles perseveravam unânimes em oração, em compa-
nhia das mulheres, de Maria, mãe de Jesús, e dos irmãos dêle.
is Eleição do apóstolo Matias. Naqueles dias, le-
vantou-se Pedro no meio dos irmãos — compunha-se a assem-
16 bléia de umas cento
Era necessário que e se
vintecumprisse
pessoas —o eque
disse: ''Meus irmãos.
o Espirito Santo
223
Atos 1, 17 — 2, 13

predissera, na escritura, por boca de Davi a respeito de Judas,


que foi o chefe dos que prenderam a Jesus. Era do número 17
dos nossos e participava do nosso ministério. Adquiriu um 18
terreno com o salário da iniquidade, precipitou-se de cabeça
para baixo, arrebentou pelo meio e derramaram-se-lhe
todas as entranhas. Chegou isto ao conhecimento de l«
todos os habitantes de Jerusalém, pelo que veio a chamar-se
1 68 aquele terreno, na lingua deles, Hacéldama, isto é, campo de
26 sangue. Pois está escrito no livro dos salmos : "Fique de- 20
l sertã a sua habitação, nem haja quem nela habite". E ainda :
8 Passe paraConvém,outro portanto,
o seu ministério".
que um daqueles homens que 21
teem estado conosco, todo o tempo que o Senhor Jesus
vivia no meio de nós — a principiar pelo batismo de João até 22
ao dia da sua ascensão — ■ se torne conosco testemunha da
sua ressurreição".
Apresentaram dois homens : José, chamado Bársabas 23
e cognominado o Justo ; e Matias. Oraram com estas pala- 24
vràs : Senhor, tu, que conheces os corações de todos, mos-
tra qual destes dois escolheste para ocupar o ministério, o 25
apostolado que Judas abandonou infiel, seguindo o seu
destino". Lançaram sortes sobre eles, e caiu a sorte em Matias, 26
que foi associado aos onze apóstolos.
Vinda do Espírito Santo. Quando chegou o dia 2
de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.
De repente, veio do céu um ruido semelhante ao soprar de 2
impetuoso vendaval e encheu toda a casa onde estavam con-
gregados. Eapareceram- lhes umas linguas como que de 3
fogo, que se destacaram e foram pousar sobre cada um deles .
Encheram-se todos do Espírito Santo e começaram a falar 4
em linguas estranhas, conforme o espirito os impelia a que
falassem.
Habitavam então em Jerusalém judeus religiosos, 5
vindos de todos os povos que há debaixo do céu. Quando,
pois, se fez ouvir aquele ruido, acudiu a multidão, cheia de 6
pasmo, porque cada um os ouvia falar em sua própria lingua.
Estupefatos,
galileus todos e esses fora de
que si, diziam
estão : "Porventura,
falando não que
? Como é, pois, são $7
cada um de nós ouve falar a sua lingua materna ? nós,
partos, médos e elamitas ; os que habitamos a Mesopotâmia, 9
a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Asia, a Frigia, a Panfilia, 10
o Egito, as plagas da Libia para as bandas de Cirene, bem
como os forasteiros de Roma, judeus e prosélitos, cretenses n
e árabes — ■ ouvimo-los em nossas linguas apregoar as ma-
ravilhas de Deus".
Estavam todos atónitos e perplexos, dizendo uns aos 12
outros : "Que vem a ser isto ?" Outros, porém, escarneciam, 13
dizendo : "E' porque estão cheios de vinho doce".
18 — enforcou-se 4 — Espírito Santo
224 Atos 2, 14 — 36

14 Discurso de Pedro. Nisto se apresentou Pedro


acompanhado dos onze, e, erguendo a voz, assim lhes falou :
"Homens da Judéia
15 conhecimento disto ee habitantes
atendei ás todos de palavras.
minhas Jerusalém, tomai
Estes
homens não estão ébrios, como pensais ; pois é apenas a
16 hora terceira do dia. Mas é que se está realizando o que foi J1- 2-28
n dito pelo profeta Joel : Acontecerá nos últimos dias, diz
Deus, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne ;
hão de profetizar vossos filhos e vossas filhas ; terão visões
vossos jovens ; e vossos anciãos hão de ter revelações em
1 8 sonhos ; até sobre meus servos e minhas servas derramarei
19 o meu espirito, naqueles dias, e hão de profetizar. Hei de
operar prodígios em cima no céu e sinais em baixo na terra,
20 em sangue, fogo e vapores de fumo ; o sol se converterá em
trevas, a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível
21 dia do Senhor. Mas todo aquêle que invocar o nome do
Senhor será salvo.
22 Homens de Israel., ouvi as minhas palavras! Jesus
de Nazaré foi entre vós acreditado por Deus com prodigios,
milagres e sinais, que Deus operou por meio dêle entre vós,
23 como bem sabeis. Segundo decreto certo e consoante a pre-
ciência de Deus, o entregastes ás mães de impios e cru-
24 cificastes e o matastes. Deus, porém, rompeu os grilhões da
morte e o ressuscitou ; não conseguiu a morte retê-lo em seu
25 poder. Dêle diz Davi : Sempre trago o Senhor diante dos Bi 15,8
26 olhos ; está á minha direita para que eu não vacile ; por isto
se alegra o meu coração e exulta a minha lingua ; e também
a minha carne repousa com esperança, porque não deixarás
27 a minha alma no reino dos mortos, nem permitirás que o teu
2s Santo experimente a corrupção. Tu me ensinas o caminho da
vida, e me enches de delicias ante a tua face.
Meus irmãos, permiti que vos fale desassombrada-
mente a respeito do patriarca Davi. Morreu, foi sepultado,
e o seu túmulo se acha entre nós até ao presente dia. Na
qualidade de profeta, sabia que Deus lhe jurara elevar sobre
seu trono um dos descendentes naturais dêle. Pelo que.
na qualidade de vidente, falou da ressurreição de Cristo,
dizendo que não ficaria no reino dos mortos, nem a sua carne
experimentaria a corrupção.
Ora, êste mesmo Jesús ressuscitou-o Deus ; disto
33 somos nós testemunhas. E, depois de exaltado pela direita
de Deus, derramou o Espirito Santo prometido pelo Pai,
conforme estais vendo e ouvindo.
34 Porquanto Davi, ainda que ele mesmo não subisse
ao céu, assim se exprime : Diz o Senhor ao meu Senhor : Si 109,
35 Senta-te á minha direita até que eu reduza os teus inimigos 1
a escabelo de teus pés.
36 Saiba, portanto, toda a casa de Israel com certeza
que a êste mesmo Jesús, que vós crucificastes, Deusoçonsti~
tuiu Senhor e Messias".
Atos 2, 37 — 3, 10

A estas palavras, sentiram eles o coração despeda- 37


çado, e disseram a Pedro e aos demais apóstolos : "Que
faremos, irmãos ?"
um de Respondeu-lhes
vós batizado emPedro nome : de"Convertei-vos
Jesus Cristo, ee recebereis
seja cada 38
o perdão de vossos pecados e o dom do Espírito Santo. Pois 39
é a vós e a vossos filhos que visa a promessa, bem como a
todos os que ainda andam longe — todos quantos forem cha-
mados pelo Senhor,
Ainda nosso Deus."
com muitas outras palavras os conjurava
4o
e exortava, dizendo : "Salvai-vos desta geração perversa."
Aqueles, pois, que lhe aceitaram a palavra foram ba- 41
tizados, de modo que naquele dia houve um acréscimo de
umas trcs mil almas.
Vida dos primeiros cristãos. Perseveravam na dou- 42
trina dos apóstolos, na comunhão, na jração do pão e na oração.
Apoderou-se o temor de todas as almas. Operavam-se pelas 43
mãos dos apóstolos muitos sinais e prodígios. Os crentes 44
porém, estavam unidos e tinham todas as coisas em comum.
Vendiam as suas propriedades e bens e distribuíam o dinheiro 4-5
por todos, conforme as necessidades de cada um. Frequen- 46
tavam todos os dias o templo, em perfeita harmonia, iam
pelas casas partindo o pão, e tomavam as suas refeições
com alegria e simplicidade do coração. Louvavam a Deus. 47
e eram benquistos de toda a gente. E o Senhor fazia crescer
cada dia o número dos que se haviam de salvar.
Pedro cura um coxo. Pedro e João subiram ao 3
templo para a oração da hora de noa. Nisto alguns carre- 2
gavam para ali um homem que era coxo de nascença ; pu-
nham-no todos os dias á porta do templo chamada Formosa,
para que pedisse esmola aos que visitavam o templo. Ora, 3
vendo ele a Pedro e João entrando no templo, pediu-lhes 4
uma esmola. Pedro o encarou, como também João, e disse :
"Olha para nós!" Ele os olhava atentamente, esperando 5
recebernãodêles
prata algumamascoisa.
os tenho, o que Pedro,
tenho porém, disse: : Em"Ouro
isto te dou nomee 6
de Jesus Cristo, o Nazareno, anda ! E, tomando-o pela mão 7
direita, o ergueu — e imediatamente sentiu ele penetrados de
força os pés e as juntas; de um salto se pôs em pé e andava; 8
entrou com eles no templo, correndo e saltando e louvando a
Deus.
Todo o povo o via andando e bendizendo a Deus. 9
Reconheceram que era o mesmo que estivera sentado á porta 10
Formosa do templo a esmolar, e encheram-se de pasmo e
estupefação pelo que acabava de lhe suceder.

42 — na comunhão da fração do pão


43 — prodígios em Jerusalém, e reinava em todos grande temor.
6 — levanta-te e anda.
Atos 3, 11 — 4, 6

11 Sermão de Pedro. Ora, como o homem se prendesse


a Pedro e João, afluia a êles todo o povo, estupefato, ao cha-
12 mado pórtico de Salomão. A' vista disso dirigiu-se Pedro ás
turbas nestes termos : "Varões de Israel, por que vos admi-
rais disto ? ou por que estais a olhar-nos estupefatos, como
se nós por própria virtude ou piedade tivéssemos feito andar
13 este homem? O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó,
o Deus de nossos pais glorificou a seu servo Jesús, o qual vós
entregastes e negastes diante de Pilatos, que o queria pôr
14 em liberdade ; negastes o santo e o justo, e pedistes que vos
15 fosse agraciado um homicida ; matastes o autor da vida.
Deus, porém, o ressuscitou dentre os mortos ; disto somos
16 nós testemunhas. E foi a fé em seu nome que deu vigor a
êsse homem, que vedes e que vos é conhecido ; sim, foi a fé
que nos veio por Jesús que deu perfeita saúde a este homem,
aos olhos de todos vós.
n Entretanto, meus irmãos, bem sei que agistes por
18 ignorância, como também os vossos chefes. Deus, porém,
cumpriu deste modo o que predissera por boca de todos os
19 profetas acerca da paixão de seu Ungido. Arrependei- vos,
pois, e convertei-vos para que vos sejam perdoados os pecados.
20 Então vos concederá o Senhor tempos de refrigério e enviará
21 Jesús Cristo que vos foi predeterminado, Jesús, que ficará
no alto dos céus até que sejam restauradas todas as coisas,
conforme Deus revelou desde o principio por meio de seus
22 santos profetas. Pois assim disse Moisés : Suscitar- vos-á o Dt 18.
Senhor, nosso Deus, um profeta semelhante a mim, do meio 15
de vossos irmãos; ouvi-o em tudo que vos disser. Quem
2'A todos
24 não ouvir os mais a este profetas
profeta será
que exterminado do povo emTambém
falaram, de Samuel diante,
25 todos êles anunciaram estes dias. Ora, vós sois filhos dos pro- Gn 12,
fetas e fazeis parte da aliança que Deus estabeleceu com 3
vossos pais, dizendo a Abraão : Num descendente teu serão
26 abençoadas todas as nações da terra. Para vós em primeiro
lugar é que Deus ressuscitou e enviou seu servo para que
vos abençoasse, contanto que cada qual se converta das
suas iniquidades".
4_ landoPrisão
ao povo, desobrevieram
Pedro e João. Enquantocomêleso comandante
os sacerdotes estavam fa-
da guarda do templo, bem como os saduceus, descontentes
2 de que ensinassem o povo e anunciassem na pessoa de Jesús a
8 ressurreição dentre os mortos. Prenderam-n-os, por isso, e
os encarceraram até ao dia seguinte ; pois já era tarde. Mui-
4 tos dos que tinham ouvido o sermão, abraçaram a fé, elevan-
do-se o número dos homens a uns cinco mil.
r Perante o Sinédrio. No dia imediato reuniram-se
g em Jerusalém os chefes, os anciãos e escribas, bem como os
pontifices Anaz e Caifaz, João, Alexandre e todos os que
12 — poder 13 — filho
%2 — vosso 23 — filho
227
Atos 4, 7 — 26

pertenciam á linhagem sacerdotal ; t mandaram-n-os vir á


sua presença e lhes perguntaram : $ "Com que autoridade ou
em nome de quem fizestes
Respondeu-lhes Pedro,istorepleto
?" do Espirito Santo :
"Chefes doquepovoprestámos
beneficio e anciãos a !umSe homem
hoje nosenfêrmo,
pedem econta do
de que
modo foi curado, ficai sabendo, todos vós, e todo o povo de
Israel, que é em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, o Naza-
reno, que vós crucificastes, mas que Deus ressuscitou dentre
os mortos — por meio dele é que este homem está de saúde
diante de vós. Jesus é a pedra que foi rejeitada por vós, os
arquitetos, mas que veio a tornar-se pedra angular. Não há
salvação senão nele ; porque debaixo do céu não foi dado
aos homens outro nome em que possamos alcançar a salva-
ção". Em face deste desassombro de Pedro e João, admira-
ram-se êles, pois sabiam que eram homens simples e sem
preparo ; reconheceram-n-os como antigos discípulos de
Jesus. Quando viram em pé, junto deles, o homem que
fora curado, não sabiam que replicar. Deram-lhes, pois,
ordem de se retirarem da assembléia. Em seguida, conferen-
ciaram entre si, dizendo: "Que faremos destes homens?
pois é sabido de todos os habitantes de Jerusalém que aca-
bam de fazer um milagre ; é coisa notória, e não a podemos
negar. Mas, para evitar que isto se divulgue mais ainda
no meio do povo, demos-lhes rigorosa proibição de continua-
rem aMandaram-n-os,
falar nêste nome pois, a quem quer equeos seja".
chamar intimaram a que
de modo nenhum falassem mais nem ensinassem em nome
de Jesus.
por vósResponderam-lhes,
mesmos se é justo porém, perante Pedro
Deus eobedecermos
João : "Julgai
mais
a vós do que a Deus ; pois é impossivel que deixemos de fa-
lar dasElescoisasentão, que temos visto as
reiterando e ouvido".
ameaças, puseram-n-os
em liberdade, pois não havia meio de castigá-los, devido ao
povo, porque todos bendiziam a Deus pelo que acontecera ;
é que o homem que fora objeto da cura milagrosa contava
mais de quarenta anos.
Oração dos fiéis. Depois de postos em liberdade
foram os apóstolos ter com os seus e lhes contaram tudo o
que os principes dos sacerdotes e anciãos lhes tinham dito.
A esta noticia, todos unânimes levantaram a voz a Deus e
disseram :
o que nele "Senhor, existe criador do céu pelo
: tu disseste e da Espirito
terra, doSanto,
mar epor
de boca
tudo
de nosso pai Davi, teu servo : Por que se enfurecem os pa-
gãos ?e por que planejam coisas vãs os povos ? por que se re-
voltam os reis da terra ? e por que conspiram os principes
contra o Senhor e contra o seu Ungido ?
8 — anciãos, escutai
228 Atos 4, 27 — 5, 10

27 Pois, em verdade, se coligaram, nesta cidade, contra


teu santo servo Jesus, teu Ungido, Herodes e Pôncio Pila-
23 tos, juntamente com os pagãos e as tribus de Israel eexecu-
29 taram o que a tua potente vontade decretara. Atende,
Senhor, ás suas ameaças ; assiste a teus servos para que de-
B0 sassombradamente anunciem a tua palavra ; estende a tua
mão para que se operem curas, sinais prodígios em nome de
teu santo servo Jesus.
31 Depois desta oração, tremia o lugar onde estavam
reunidos. Ficaram todos repletos do Espirito Santo e apre-
goaram destemidamente a palavra de Deus.
Harmonia fraternal dos fiéis. A multidão dos
crentes era um só coração e uma só alma. Ninguém conside-
rava propriedade sua nenhuma das coisas que possuía, mas tudo
83 era comum entre êles. Com grande valor davam os apóstolos
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Todos êles pos-
84 suiam a graça em abundância. Não havia entre êles quem
sofresse necessidade. Porque os que possuíam casas ou
campos, vendiam-n-os, traziam o dinheiro e o colocavam aos
35 pés do apóstolos ; e distribuia-se a cada um segundo a sua
36 necessidade. Assim, o levita José, natural de Chipre, ao
qual os apóstolos apelidavam Barnabé — que quer dizer :
37 filho da consolação — possuía um terreno ; foi vendê-lo,
trouxe o dinheiro e o depositou aos pés dos apóstolos.
5 Ananias e Safira. Certo homem, por nome Ananias,
2 com sua mulher Safira, vendeu um terreno, mas, de acordo
com a esposa, reservou parte do dinheiro, levando o resto e
colocando-o aos pés dos apóstolos.
3SatanásDisse-lhe Pedro : a"Ananias,
do teu coração ponto de por que seao apoderou
mentires Espirito
Santo, reservando para ti parte do preço do campo ? acaso
4 não ficava teu, se o não vendesses ? e, ainda depois de ven-
dido, não podias dispor do lucro a teu bel^prazer ? como, pois,
assentaste tal coisa em teu coração ? não foi aos homens que
5 mentiste,
expirou. Vivo mas terror
a Deus". A estasde palavras
se apoderou caiutalAnanias
todos os que ouviram. e
6 Levantaram-se uns jovens, cobriram-no e, levando-o para
fora, o sepultaram.
7 Decorridas cerca de três horas, entrou também sua
8 mulher, sem saber do sucedido. Disse-lhe Pedro : "Dize-me
se vendestes o terreno por tal preço".
"Sim, foi por êste preço" — afirmou ela.
9tentar Tornou-lhe
o Espirito Pedro : "Por? que
do Senhor combinastes
eis que estão á entre
porta vós
os
pés daqueles que enterraram teu marido e te levarão também
10a ti". No mesmo instante caiu ela a seus pés e expirou.
Entraram os jovens e encontraram-na morta ; levaram-na
30 — filho 33 — Jesus Cristo 6 — removcram-no 8 — Dize-me, senhora
Atos 5, 11 — 31 229

para fora e sepultaram-na ao lado de seu marido. Apoderou-se


grande terror de toda a comunidade e de quantos ouviram
estas coisas.
Milagres dos apóstolos. Entretanto, eram feitos
pelas mãos dos apóstolos muitos sinais e milagres entre o
povo. Reuniam-se todos unânimes no pórtico de Salomão.
Nenhum dos outros ousava associar-se a eles ; o povo,
porém, lhes votava grande estima. Crescia cada vez mais o
número dos homens e das mulheres que abraçavam a fé no
Senhor, a ponto de se trazerem os doentes para as ruas, es-
tendidos em leitos e macas, para que, ao passar Pedro, co-
brisse ao menos sua sombra alguns deles. Afluía também
muita gente das cidades vizinhas a Jerusalém, trazendo
doentes e vexados de espíritos impuros, e eram todos curados.
Prisão dos apóstolos. Levantou-se então o principe
dos sacerdotes com todo o seu partido, isto é, a seita dos
saduceus e, tomados de inveja, mandaram prender os após-
tolos elançá-los na cadeia pública. De noite, porém, um anjo
do Senhor abriu as portas do cárcere e os conduziu para fora,
dizendo: "Ide, apresentai-vos no templo e prégai ao povo
todas
ao templo,as palavras desta vida".
de madrugada, A estas palavras,
e puseram-se a ensinar. foram eles
Chegou então o principe dos sacerdotes com a sua
gente. Convocaram o sinédrio e todos os anciãos dos filhos
de Israel e deram ordem para que fossem trazidos do cárcere.
Foram-se os servos, mas não os encontraram no cárcere ;
pelo que voltaram
devidamente com êste
fechado, e os recado : "Encontrámos
guardas o cárcere
de plantão diante da
porta noticia,
esta ; mas, o aocomandante
abrir, não doachámos
templo ninguém dentro'dos' . sa-A
e os principes
cerdotes perguntaram, perplexos, como isto acontecera.
Nisto apareceu alguém e disse : "Eis que os homens
que lançastes ao cárcere estão no templo a ensinar o povo !'
Intrepidez de Pedro. Saiu então o comandante
com os servos e foi buscá-los, mas sem nenhuma violência,
porque receavam ser apedrejados pelo povo. Trouxeram-n-os,
pois, e apresenta ram-n-os ao sinédrio. Incriminou-os o prin-
cipe dos sacerdotes, dizendo : "Expressamente vos proibimos
que ensinásseis neste nome, e, não obstante, enchestes Jerusa-
lém com a vossa doutrina e quereis tornar-nos responsáveis
pelo sangue desse homem.
Responderam
pre obedecer mais a Deus Pedroquee aos
os demais
homens.apóstolos
O Deus :de "Cum-
nossos
pais ressuscitou a Jesús, a quem vós suspendestes no madeiro
e matastes. Deus, porém, o exaltou á sua direita como sobe-
rano esalvador, afim de conceder a Israel a conversão e o
16 — deles e ficassem livres das suas enfermidades
22 — servos e abriram o cárcere,
230 Atos 5, 32 — 6, 7

perdão dos pecados. Destes acontecimentos somos nós tes-


temunhas, bem como o Espirito Santo, que Deus tem dado
àquelesA que
estas lhe obedecem".
palavras enfureceram-se eles e queriam matá-
los.
Conselho de Gamaliel. Levantou-se então no si-
nédrio um fariseu, por nome Gamaliel, que era doutor da lei
e gozava de grande prestígio aos olhos de todo o povo. Mandou
que por um pouco de tempo saissem aqueles homens. Em
seguida disse-lhes : "Varões de Israel, considerai bem o que
estais para fazer a esses homens. Porque, não há muito tem-
po, surgiu Teudas, arvorou-se em personagem extraordinário
e conseguiu formar um partido de uns quatrocentos homens;
mas foi morto, e todos os seus adeptos acabaram dispersos e
aniquilados. Apareceu depois dele, nos dias do recensea-
mento, Judas da Galiléia e teve numerosos partidários ;
mas também este pereceu, e foram dispersos todos os seus
sequazes. Pelo que vos dou este conselho : Não vos metais
com esses homens e ponde-os em liberdade ; porque, se esse
cometimento, ou essa obra, vem dos homens, não tardará
a ser destruída ; se, porém, vem de Deus, não a podereis
destruir — a menos que queirais opôr-vos ao próprio Deus.
Concordaram com ele. Em seguida, chamaram
os apóstolos, mandaram-n-os açoitar e intimaram-n-os
aemque liberdade.
não falassem mais no nome de Jesus. E puseram-n-os
Retiraram-se êles do sinédrio cheios de jubilo por
terem sido dignos de sofrer afrontas pelo nome. E não cessa-
vam de ensinar todos os dias no templo e pelas casas, anuncian-
do a boa nova de Jesus Cristo.
Instituição de diáconos. Naqueles dias, crescendo
o número dos discípulos, murmuravam os helenistas contra
os hebreus por serem as viuvas deles menosprezadas na dis-
tribuição diária das esmolas. Pelo que convocaram os doze
uma
nós deixemos dede discípulos
reunião e declararam
parte a prégação : "Nãode éDeus
da palavra justo para
que
servir ás mesas. Escolhei, portanto, irmãos, sete homens
do vosso meio que gozem de boa reputação e sejam repletos
de espirito e de sabedoria ; vamos encarregá-los desta obra,
ao passo que nós continuaremos a dedicar-nos á oração e ao
ministério da palavra".
Agradou a proposta a toda a assembleia. Escolheram
a Estêvão, homem cheio de fé edo Espirito Santo; também
a Filipe : Prócoro ; Nicanor ; Timão ; Pármenas e Nicolau,
prosélito de Antioquia. Apresentaram-n-os aos apóstolos,
os quais oraram e lhes impuseram as mãos.
Difundia-se cada vez mais a palavra de Deus, e tomava
grande incremento o número dos discípulos em Jerusalém.
41 — nome de Jesus 3 — do Espírito Santo
Aios 6, 8 — 7, 12

Também entre os sacerdotes houve muitos que abraçaram a


fé.
Acusação de Estêvão. Ora, Estevão, cheio de 8
graça e de virtude, operava grandes prodigios e milagres entre
o povo. Levantaram-se então alguns da sinagoga chamada 9
dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos e dos da Cilicia
e da Asia, e disputaram com Estêvão. Mas não podiam resis- 10
tir á sabedoria e ao espírito com que falava. Pelo que subor- 11
naram uns homens que dissessem : "Ouvimo-lo proferir
blasfémias contra Moisés e contra Deus". Amotinaram assim 12
o povo, os anciãos e os escribas ' arrebataram a Estêvão e o
arrastaram á presença do sinédrio. Apresentaram falsas tes-
temunhas, que depuseram
contra o lugar : "Este
santo e contra a leihomem não cessadizer
; ouvimo-lo de falar
que 1413
Jesus de Nazaré destruiria êste lugar e mudaria as tradições
que Moisés nos legou".
Todos os membros do sinédrio estavam com os olhos 15
fitos em Estêvão, cujo semblante se lhes afigurava como o
de um anjo.
Discurso de Estêvão. Tempo dos patriarcas. 7
Perguntou-lhe o príncipe dos sacerdotes : "E' isto exato ?"
da glória Respondeu
apareceuEstêvão a nosso: "Irmãos e pais,quando
pai Abraão, ouvirme.residia
O Deus
na 2
Mesopotâmia, antes de se estabelecer em Caran, e disse-lhe :
Abandona a tua terra e tua parentela e vai á terra que eu te :í
Gn 12,1 mostrar. Saiu, pois, do país dos caldeus e foi habitar em 4
Caran. Daí o tirou Deus depois da morte de seu pai e o fez
residir na terra que agora ocupais. Mas não lhe deu proprie- 5
dade aí, nem sequer um palmo de terra ; prometeu, toda-
via, que lha daria em posse, mais tarde, a êle e a seus des-
cendentes, ainda que Abraão ainda não tivesse filho. Disse 6
Deus que seus descendentes viriam habitar como estranhos
Gn 15, em terra estranha ; que seriam reduzidos á escravidão e mal-
!3 tratados por espaço de quatrocentos anos. O povo, porém, 7
a quem êles servirem — disse Deus — hei de julgá-lo.
Mais tarde partirão daí e me servirão nêste lugar. Deu-lhe s
como penhor de aliança a circuncisão. Assim gerou Abraão
a Isaac, circuncidando-o no oitavo dia. Isaac gerou a Jacó,
e Jacó se tornou pai dos doze patriarcas.
Os patriarcas, movidos de inveja, venderam a José 9
para o Egito. Deus, porém, estava com êle ; livrou-o de 10
todas as suas tribulações e lhe deu graça e sabedoria aos
olhos de Faraó, rei do Egito, o qual o constituiu soberano
do Egito e de toda a sua casa. Sobreveio então uma carestia
a todo o Egito e a Canaan ; era grande a miséria, e nossos n
pais não encontravam alimento. Ouvindo, então Jacó que 12
no Egito havia trigo, lá mandou nossos pais pela primeira
6 — Disse-lhe
Atos 7, 14 — 38

13 vez. Da segunda vez, deu-se José a conhecer a seus irmãos, e


14 dest'arte
então, Joséchegou Faraó aseusaber
que viesse pai da
Jacóorigem
e todadea José. Mandou
parentela, em
15 número de setenta e cinco pessoas. Partiu, pois, Jacó para o
16 Egito, onde morreram, ele e nossos pais. Foram trasladados
para Siquém e postos no sepulcro que Abraão tinha comprado
por uma soma de dinheiro, aos filhos de Hemor, em Siquém.
17 Tempo de Moisés. Entrementes, aproxima va-se o
tempo da promessa que Deus fizera a Abraão ; multiplica-
is va-se o povo no Egito, tornando-se muito numeroso. Assumiu
então o governo do Egito outro rei, que nada sabia de José.
19 Este tratou com astúcia a nossa raça e oprimiu nossos pais,
ordenando que enjeitassem seus filhos para que perdessem a
20 vida. Nesse tempo nasceu Moisés, que foi agradável a Deus.
21 Foi criado três meses em casa do pai ; depois, enjeitado, foi
22 recolhido pela filha de Faraó, que o criou como filho. Moisés
foi instruído em toda a sabedoria dos egipcios, e era poderoso
23 em palavras e obras. Completando quarenta anos, veio-lhe
24 a idéia de visitar os filhos de Israel, seus irmãos. Viu então
que um dêles sofria injúria ; tomou a defesa e vingou o
25 oprimido, matando o egípcio. Cuidava que seus irmãos ha-
viam de compreender que Deus, por mão dele os queria sal-
2s var ; êles, porém, não o compreenderam. No dia seguinte,
apareceu-lhes no momento em que êles contendiam entre si ;
exortou-os á paz, aizendo : Homens, vós sois irmãos ; por que
27 vos maltratais uns aos outros ? Mas aquele que fizera injúria a
28 seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu senhor e ár-
bitro entre nós ? queres acaso matar-me também a mim,
29 como ontem mataste ao egípcio ? A estas palavras Moisés fugiu
e foi viver como estrangeiro, na terra de Madian, onde gerou
30 dois filhos. Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe, no
deserto do monte Sinai, um anjo na chama duma sarça em
31 fogo. Cheio de admiração, ficou-se Moisés a contemplar a
sarça e, quando se aproximava para examinar, ouviu a voz
32 do Senhor, que dizia : Eu sou o Deus de teus pais, o Deus
de Abraão, de Isaac e de Jacó. Moisés, aterrado, não ou-
33 sava levantar os olhos. Disse-lhe então o Senhor : Tira o
calçado dos pés ; porque o lugar em que estás é terra santa.
34 Eu vi a opressão do meu povo no Egito, ouvi os seus gemidos,
e desci para libertá-los. Vem, pois, que te enviarei ao Egito.
35 Este Moisés, que êles tinham repelido com as palavras :
Quem te constituiu senhor e árbitro entre nós ? enviou-o
Deus como guia e libertador, sob a proteção do anjo que lhe
36 aparecera na sarça. Conduziu-os para fora, fazendo milagres
e prodígios na terra do Egito, no Mar Vermelho e no deserto,
37 por
filhosespaço
de Israel de quarenta anos.suscitará
: Deus vos E' êstedo omeio
Moisés que disse
de vossos aos nt 18,
irmãos 15
3g um profeta como eu . Foi ele que no meio da multidão do povo
no deserto tratou com o anjo, que falou no monte Sinai, e
com nossos pais ; que recebeu palavras da vida para vo-las
37 — eu ; ouvi-o !
Atos 7, 39 — 60

comunicar. Nossos pais, porém, não lhe quiseram obedecer, 39


mas rejeitaram-no e nos seus corações se voltaram para o Egi- 40
to. Disseram a Aarão: Faze-nos deuses que vão adiante de
nós, porque não sabemos que foi feito dêsse Moisés, que nos 41
tirou da terra do Egito. Fabricaram, pois, naqueles dias,
um bezerro, ofereceram sacrifícios ao ídolo e compraziam-se 42
na obra das suas mãos. Pelo que Deus se retirou dêles e os
Am 5, abandonou á idolatria das estrêlas do firmamento, conforme
está escrito no livro dos profetas : Casa de Israel, porventura
me oferecestes vítimas e holocaustos durante os quarenta 43
anos no deserto ? andastes carregando o tabernáculo de
Moloc, e a constelação do deus Renfam, figuras que fizestes
para adorá-las. Desterrar-vos-ei para além da Babilónia.
Tempo de Moisés e Salomão. No deserto tinham
nossos pais o tabernáculo da aliança, conforme Deus ordenara,
dizendo a Moisés que o construísse segundo o modelo que
vira. Foi este tabernáculo recebido e levado por nossos pais,
quando, sob o governo de Josué, tomaram posse da terra dos
pagãos, que Deus expeliu ante a face de nossos pais. Assim ^
foi até aos dias de Davi. Este achou graça diante de Deus
e solicitou o favor de providenciar um habitáculo para o
Deus de Jacó. Entretanto, foi Salomão quem lhe edificou
um templo. Mas o Altissimo não habita em edifícios arqui- 4
Is 66,1 tetados por mãos humanas ; tanto assim que o profeta diz :
Meu trono é o céu, e a terra escabelo dos meus pés : que casa
me edificareis ? — diz o Senhor — e qual o lugar do meu re-
pouso ? não foi, porventura, minha mão que fez tudo isto ?
Tempo de presente.
incircuncisos O' homens
ouvidos e coração de dura
! sempre resistiscerviz,
ao Es-e 51
pirito Santo, como vossos pais, assim também vós ! Qual o 52
profeta que vossos pais não tenham perseguido ? mataram
aqueles que vaticinavam o advento do justo. E vós vos 53
tornastes traidores e assassinos dele, vós, que recebestes a
lei pelo ministério dos anjos, mas não a guardastes !"
Apedrejamento de Estêvão. Ouvindo tais coisas, 54
indignaram-se nos seus corações e rangeram os dentes contra
Estêvão. Ele, porém, repleto do Espírito Santo, ergueu os 55
olhos ao céu e viu a glória de Deus, e Jesus á direita de Deus,
e exclamou : "Eis que vejo o céu aberto, e o Filho do homem á 56
direita de Deus !"
Ao que êles levantaram um grande clamor, taparam 57
os ouvidos e todos juntos arremeteram contra ele ; expulsa-
ram-no da cidade e o apedrejaram. As testemunhas depuse- 58
ram as suas vestes aos pés dum jovem, que se chamava Saulo.
Apedrejaram, pois, a Estêvão, que orava, dizendo : "Senhor 59
Jesus, recebe o meu espirito". E caindo de joelhos, bradou 60
em altas vozes : isto,
E, dizendo "Senhor, não lhes
adormeceu. imputes
E Saulo este pecado
consentiu na sua!"
morte.
60 — adormeceu no Senhor,
Atos 8, 1 — 23

8 Perseguição dos cristãos. Naquele dia rompeu


uma grande perseguição da igreja em Jerusalém. Todos,
á exceção dos apóstolos, dispersaram-se pelas regiões da
2 Judeia e Samaria. Uns homens tementes a Deus foram
3 sepultar a Estêvão com grandes prantos. Saulo, porém, per-
seguia ferozmente a igreja, penetrando nas casas, tirando
homens e mulheres e arrastando-os ao cárcere.
Transferência da igreja para os gentios
4 Filipe em Samaria. Entretanto, os que andavam
dispersos percorriam os arredores, anunciando a palavra
5 Desceu Filipe á cidade de Samaria, prégando a Cristo.
6 As multidões escutavam, unânimes, as palavras de Filipe, á
7 vista dos milagres que operava ; pois de muitos que estavam
possessos saíam os espíritos impuros, soltando grandes gritos ;
numerosos paralíticos e coxos foram curados ; pelo que
reinava grande alegria naquela cidade.
8 Ora, desde muito vivia na cidade um homem por
9 nome Simão, que praticava a magia e iludia o povo de Sama-
10 ria, arvorando-se num ente superior. Tôda a gente lhe dava
ouvidos, desde o menor até ao maior, dizendo : "Este é a
1 1 virtude de Deus, que se chama grande". Aderiram a êle,
porque os fascinara, por largo tempo, com as suas artes má-
12 gicas. Quando, porém, apareceu Filipe prégando a boa nova
do reino de Deus e do nome de Jesus, homens e mulheres
13 abraçaram a jé e joram batizados. Creu também Simão,
recebeu o batismo, e aderiu a Filipe, não cabendo em si de
pasmo e estupefação, á vista dos grandes milagres e prodi-
gios que aconteciam.
U Pedro
maria receberae aJoão em deSamaria.
palavra A' noticiaquede estavam
Deus, os apóstolos que Sa-
15 em Jerusalém, para lá enviaram Pedro e João. Esses, pois,
desceram e oraram por êles para que recebessem o Espirito
• <; Santo ; porque ainda não viera sobre nenhum dêles ; mas so-
mente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus.
17 Impuseram-lhes as mãos, e êles receberam o Espírito Santo.
lá Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos
apóstolos se dava o espirito ofereceu-lhes dinheiro, dizendo .
19 "Dai-me também a mim este poder, para que tôda a pessoa
a quem eu impuser as mãos receba o Espirito Santo".
W dinheiro,Replicou-lhe
porque julgastePedro poder
: "Vácomprar
contigocomá perdição
dinheiro oo dom
teu
^- de Deus ! não tens parte nem jus a êle, porque o teu coração
22 não é reto aos olhos de Deus. Converte-te da tua maldade e
roga ao Senhor; talvez que seja perdoado êste desvario do
23 teu coração. Vejo que estás cheio de fel amargoso e enredado
de iniquidades".
5 — palavra de -Deus.
12 — de Deus, homens e mulheres abraçaram a fé e foram batizados em
nome de Jesús Cristo. 18 — Espírito Santo
Atos 8, 24 — 9, 4 235

Respondeu Simão : "Rogai ao Senhor por mim para 24


que nãoEles,
me suceda
depois nada daquilo
de terem dadoquetestemunho
acabais de dizer".
e prégado a 25
palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém, anunciando o
evangelho em muitas povoações dos samaritanos.
Conversão dum etíope. Disse um anjo do Senhor 26
a Filipe : "Levanta-te e vai, ao meio-dia, pelo caminho
que de Levantou-se
Jerusalém conduz a Gaza ; está deserto o caminho".
ele e partiu. 27
E eis que um etíope, camareiro e dignatário de Cândace,
rainha de Etiópia, tesoureiro-mór da mesma, tinha ido a
Jerusalém para adorar a Deus. Ia voltando, sentado no seu 28
carro e lendo o profeta Isaias. Disse então o espirito a Filipe :
"Adianta-te
correndo e chega-te
e ouviu a esseler carro".
o camareiro o profeta Filipe
Isaias.aproximou-se
Perguntou : 29
30
"Compreendes o que lês ?"
"Como me seria possivel — respondeu o outro — se 31
enãotomar
há quem
lugar me explique
ao lado dele. ?"Ora,
E convidou
a passagema Filipe para subir
da escritura que 32
estava lendo dizia assim : "Qual ovelha levada ao
qual cordeiro que permanece mudo ante aquele que o tosquia matadouro
— assim não abre ele a sua boca. Do meio da tribulação e 33
do julgamento foi arrebatado. Quem lhe descreverá a geração ?
A sua vida será exterminada da face da terra".
Disse o camareiro a Filipe : "Por favor, de quem é 34
que o profeta diz isso ? de si ou de algum outro ?"
Ao que Filipe abriu os lábios, e, tomando por ponto 35
de partida esta passagem da escritura, lhe anunciou a boa
nova de Jesus. Enquanto iam seguindo caminho, chegaram 3fi
a uma fonte. "Eis água ! — exclamou o camareiro — que 37
obsta aMandou
que eu parar
seja balizado
o carro; f%e ambos, Filipe e o camareiro,
desceram á água, e aquele o batizou. Mal sairam da água, 39
o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe; o camareiro não
o viu mais, e foi seguindo viagem, cheio de alegria. Filipe, 40
porém, encontrava-se em Azoto, percorrendo a região e pré-
gando o evangelho em todas as cidades, até chegar a Cesaréia.
Conversão de Saulo. Entretanto, ardia Saulo por 9
perseguir e trucidar os discípulos do Senhor. Foi ter com o 2
príncipe dos sacerdotes e lhe pediu documentos para as sina-
gogas de Damasco, afim de levar presos para Jerusalém a
quantos adeptos dessa doutrina lá encontrasse, homens e
mulheres.
Seguindo caminho, aproximava-se de Damasco — 3
quando subitamente o cercou uma luz do céu. Caiu por
terra e ouviu uma voz que lhe dizia : "Saulo, Saulo, por que 4
me persegues ?"
37 — batizado ? Respondeu Filipe: "Se crês de todo o coração é pos-
sível", Confessou aquele: "Creio que Jesús Cristo é o Filho dç
Deus",
236 Atos 9, 5 — 25

5 Perguntou ele: "Quem és tu, Senhor?"


Respondeu aquele : "Eu sou Jesús, a quem perse-
gues.
6 Levanta-te e entra na cidade ; aí te será dito o que te
7 cumpre Os fazer".seus companheiros de viagem se quedavam, estu-
as pefatos ; ouviam a voz, mas não viam ninguém. Saulo le-
vantou-seda terra, e, de olhos abertos, não via coisa alguma.
Tomaram-no, pois, pela mão e o introduziram em Da-
0 masco. Aí esteve três dias, cego, sem comer nem beber.
10 Ora, vivia em Damasco um discípulo por nome Ana-
nias. Disse-lhe o Senhor em visão : "Ananias !" Respondeu
11 aelecaminho
: "Eis-mee vai aqui,á Senhor !" Tornou-lhe
rua chamada Direita oe Senhor
procura : em
"Põe-te
casa
3 2 de Judas um tal Saulo, de Tarso; está
uma visão: um homem chamado Ananias entrava e lhe im- orando". Teve Saulo
punha as mãos, para que recuperasse a vista.
13 ouvido de muitas— partes
"Senhor replicou Ananias
quanto mal —temdeste
feito homem tenho
a teus santos
U em Jerusalém. E aqui tem poder dos príncipes dos sacerdo-
tes para prender a todos os que invocam o teu nome".
15 Respondeu-lhe
é um instrumento por omim
Senhor : "Vai,
escolhido paraporque
levar oeste
meuhomem
nome
16 diante de pagãos e reis e dos filhos de Israel. Eu lhe mostrarei
quanto lhe cumpre sofrer por meu nome".
17 Ananias pôs-se a caminho, entrou na tal casa e im-
pôs-lhe as mãos, dizendo : "Irmão Saulo, o Senhor Jesús,
que te apareceu pelp caminho que seguias, enviou-me para
18 que recuperes
Imediatamente, a vista e era
sejascomo
repleto do Espirito
se dos olhos lheSanto".
caíssem es-
10 camas, e recuperou a vista ; levantou-se e foi batizado.
Tomou alimento e recobrou forças.
20 Primeira apresentação de Saulo. Ficou ainda al-
guns dias com os discípulos em Damasco. Sem tardança,
foi prégar nas sinagogas que Jesús era o Filho de Deus.
21 Todos os queo omesmo
porventura, ouviam homem
pasmavam e diziam
que em : "Nãoperseguia
Jerusalém é este,
os que invocavam este nome ? e não veio aqui para prendê-los
22 eimpunha
levá-los cada aos príncipes
vez mais, dos sacerdotesos ?"judeus
confundindo Saulo,
de porém,
Damasco,se
demonstrando que Jesús era o Cristo.
23 Muito tempo depois, resolveram os judeus matá-lo.
24 Mas Saulo teve noticia das suas maquinações. Dia e noite
estavam eles de sentinela ás portas para o eliminarem. Os
25 seus discípulos, porém, o desceram, de noite, pela muralha,
dentro dum cesto.
5 — persegues. Duro te é recalcitrar contra o aguilhão.
Tremendo e cheio de pasmo, perguntou Saulo : Que queres, Senhor
que eu faça ?
Tornou-lhe o Senhor ;
8 — ninguém.
Atos 9, 26 — 10, 2 237

Paulo em Jerusalém. Depois da sua chegada a 26


Jerusalém, procurava Saulo juntar-se aos discípulos; mas
todos o temiam, porque não criam que fosse discípulo.
Então Barnabé o levou consigo, apresentou-o aos 27
apóstolos e lhes contou como Saulo tinha visto o Senhor pelo
caminho, o que lhe dissera e como em Damasco pregára des-
temidamente em nome de Jesus. Assim, pois, passou com êles 28
em Jerusalém, entrando e saindo, e prégando com desassom-
bro, em nome do Senhor.
Falava também e discutia com os helenistas. Eles, 29
porém, procuravam matá-lo. Ouvindo isto os irmãos, acom- 30
panharam-no até Cesaréia e enviaram-no para Tarso.
Pedro em Lida. Gozava então a igreja paz em 31
toda a Judéia, Galiléia e Samaria. Consolidava-se e andava
no temor
rito Santo.de Deus e tomava incremento pela graça do Espi-
Pedro andava por toda a parte, em visitas, e foi ter ?>2
também com os santos que habitavam em Lida. Aí encontrou 38
um homem por nome Enéas, que, havia oito anos, estava de
cama, paralítico. Disse-lhe Pedro : "Enéas, Jesus Cristo te ?A
restitue elea saúde
tou-se imediatamente.; levanta-te Todos
e compõe o teu leito".
os habitantes de Levan-
Lida e {Vo
Saron o viram, e se converteram ao Senhor.
Pedro em Jope. Vivia em Jope uma discípula 36
por nome Tabita, que quer dizer gazela. Praticava muitas
boas obras e dava fartas esmolas. Ora, naqueles dias caiu 37
doente e morreu. Levaram-na e colocaram-na no comparti-
mento superior. Como Jope fica perto de Lida, chegou 38
a noticia de que Pedro aí se achava, e enviaram a ele
dois homens com o pedido
Pedro pôs-se : "Vem
a caminho e foi têr
comconosco sem demora'
êles. Assim que che-. 39
gou, levaram-no ao compartimento superior. Cercaram-no
todas as viuvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os
vestidos que Tabita lhes fizera. Pedro deu ordem que saíssem 40
todos ; em seguida, pondo-se de joelhos, orou. E voltando-se
olhos, ocravando-os
para corpo, disseem: Pedro,
"Tabita,e sentou-se.
levanta-te". Pedro
Ela estendeu-
abriu os 4!
lhe a mão e levantou-a.
apresentou viva. Chamou os santos e as viúvas e lh'a
Espalhou-se a noticia deste fato por toda Jope, e 42
muitos abraçaram a fé no Senhor. Ficou Pedro em Jope
por mais tempo, em casa de um cortidor, chamado Simão.
Visão de Cornélio. Vivia em Cesaréia um homem 10
por nome Cornélio, comandante do destacamento chamado
itálico. Era religioso e temente a Deus com toda a sua fa- 2
mi lia ; fazia muitas esmolas ao povo e orava a Deus assidua-
mente.

34 — Q Senhor Je?ús Cristo 39 — fizera, quando vjvia entre elas.


Atos 10, 3 — 23

3 Certo dia, pelas três horas da tarde, contemplou cla-


ramente, em visão, um anjo de Deus que se lhe apresentava,
4 dizendo: "Cornélio!" Ele, fitando-o ansioso, perguntou:
"Que há Senhor ?"
5subiramRespondeu-lhe
á presença de aquele Deus e: ele
"As astuas oraçõesEnvia
atende. e esmolas
agora
homens a Jope e manda vir cá um tal Simão, por sobrenome
o Pedro ; está hospedado em casa de um cortidor Simão, que
mora á beira-mar\
7 E desapareceu o anjo que lhe falara.
Mandou Cornélio vir dois dos seus servos e um soldado
s temente a Deus e da sua confiança, explicou-lhes tudo e os
enviou a Jope.
o Visão de Pedro. No dia seguinte, quando eles se-
guiam caminho e se aproximavam da cidade, subiu Pedro ao
10 terraço da casa para orar. Era pelo meio-dia. Estava com
fome e desejava comer. Enquanto lhe preparavam alguma
j l coisa, sobreveio-lhe um êxtase. Via o céu aberto e descendo
uma espécie de vaso, semelhante a um grande lençol, que,
suspenso pelas quatro extremidades, vinha baixando á terra.
12 Continha toda a casta de animais quadrúpedes, reptis da
13 > terra e aves do céu. E uma voz lhe dizia : "Eia, Pedro, mata
e come".
14 "De modo nenhum, Senhor — respondeu Pedro —
porque jámais comi coisa profana e impura".
Í5 Tornou a voz a falar-lhe, dizendo: "Não chames
impuro o que Deus declarou puro".
16 Repetiu-se
tamente recolhidoistoao por
céu.três vezes. Depois, foi o vaso pron-
17 Mensagem de Cornélio a Pedro. Enquanto Pedro
refletia, incerto, consigo mesmo o que significava a visão
que se lhe descortinara, eis que os mensageiros mandados
i> por Cornélio já tinham acertado com a casa de Simão e es-
tavam áporta, e em altas vozes perguntavam se aí estava
io hospedado um tal Simão por sobrenome Pedro. Ainda
estava Pedro meditando sobre a visão, quando o espírito
lhe disse : e"Eis
20 Levanta-te desce que
e vaiaí ter
estão
com três
êles homens á tua procura.
sem hesitação ; porque
fui eu que os enviei".
21 Desceu, pois, Pedro, foi ter com os homens e disse :
"Sou eu a quem procurais ; que vos traz aqui ?"
2?, Responderam
reto e temente a Deus êles : "O comandante
e credor Cornélio,em homem
de grande prestigio toda a
nação judaica, teve ordem de um santo anjo para te chamar
23á sua casa afim dePedro
Mandou-os receber instruções
entrar tuas".
e os hospedou.
í? — beira-mar. Ele te dirá o que deves fazer.
239
Atos 10, 24 — 45

Pedro em casa de Cornélio. No dia seguinte, pôs- 24


sedosa caminho
irmãos. eNofoi dia com imediato
eles. Acompanharam-node
entrou em Cesaréia.JopeCornélio
alguns
esperava-os e tinha convidado os seus parentes e amigos mais 25
íntimos. Quando Pedro ia entrar, saiu-lhe Cornélio ao en-
contro e prostrou-se, reverente, a seus pés. Pedro, porém, o 26
ergueu,
Conversando dizendocom : "Levanta-te,
ele, entrou queem também eu sou encontrou
casa, onde homem". 27
muita gente reunida. E disse-lhes : "Como sabeis, é proibido 28
ao judeu tratar com um pagão ou aproximar-se dêle. A mim,
porém, Deus me fez ver que a nenhum homem se deve cha-
mar profano ou impuro. Por isso vim sem hesitar, logo que 29
fui por vós chamado. Pergunto, pois, por que motivo me cha-
mastes".
me achavaRespondeuorando Cornélio
em minha: casa,
"Faz pelas
hoje três
quatro
horasdiasda que eu
tarde, 30
quando, de repente, apareceu á minha frente um homem em
alvejantes vestes, que me disse : Cornélio, foi ouvida a tua 31
oração e Deus atendeu ás tuas esmolas. Manda recado a 32
Jope e faze vir um tal Simão, que tem por sobrenome Pedro.
Acha-se hospedado em casa de Simão, cortidor, á beira-mar.
Sem demora, te mandei recado ; e fizeste bem em vir. Agora, 33
pois, estamos na presença de Deus para ouvir tudo o que o
Senhor te ordenou".
Discurso de Pedro. Então abriu Pedro os lébios e 34
disse : "Em verdade, reconheço que Deus não faz acepção
de pessoas ; mas que em qualquer povo lhe é agradável 35
aquele que o teme e procede corretamente. Dirigiu a sua 36
palavra aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesús
Cristo, Senhor de todos. Sabeis o que aconteceu, depois do 37
batismo prégado por João, em toda a Judéia, começando pela
Galiléia ; como Deus ungiu a Jesús de Nazaré com o Espírito 38
Santo e com virtude taumaturga ; como êle andou de lugar em
lugar, espalhando beneficios e curando a todos os endemoni-
nhados, porque Deus era com êle. Nós somos testemunhas 39
de tudo quanto fêz na terra dos judeus e em Jerusalém.
Mataram-no, suspendendo-o no madeiro ; Deus, porém, o 40
ressuscitou no terceiro dia e o fez aparecer visível, não a 41
todo o povo, senão ás testemunhas predeterminadas por
Deus, a nós, que, depois da sua ressurreição dentre os
mortos, temos comido e bebido com êle. Deu-nos ordem de 42
prégar ao povo e testificar que êle é por Deus constituído
juiz dos vivos e dos mortos. Dêle dão testemunho todos os 43
profetas, afirmando que todo o homem que nele crer receberá
em seu nome a remissão dos pecados".
Infusão do Espirito Santo. Enquanto Pedro falava, 44
veio o Espírito Santo sobre todos os que lhe ouviam a pala-
vra. Admiraram-se os fiéis circuncisos, companheiros de 4o
33' — em tua presença
240 Atos 10, 46 — 11, 19

Pedro, de que os dons do Espirito Santo fossem derramados


46 também sobre os pagãos ; pois ouviam-n-os falar em línguas
47 diversas
porventura, e glorificar recusar aa água
Deus. doDisse entãoa êsses
batismo Pedro que: "Póde-se,
como nós
receberam o Espirito Santo ?"
48 Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus
Cristo. Pediram-lhe então que ainda ficasse alguns dias.
U Impressão em Jerusalém. Ouviram os apóstolos
e irmãos na Judeia que também os pagãos acabavam de
2 aceitar a palavra de Deus. Mas, quando Pedro subiu a Je-
rusalém, os da circuncisão puseram-se a disputar com êle,
3 dizendo : "Por que entraste em casa de incircuncisos e co-
meste com eles ?"
4 Começou então Pedro a expor-lhes, com toda a exa-
5 tidão, dadeo de que
Jope,se quando passara, caídizendo : "Estava
em êxtase e tive eu
umaorando
visão. naUmaci-
espécie de vaso parecido com um grande lençol baixava do
6 céu, suspenso pelas quatro pontas, e veio até onde eu estava.
Quando fitei nele os olhos com toda a atenção, vi dentro ani-
7 mais quadrúpedes da terra, féras, reptis e aves do céu. Percebi
também uma voz, que me dizia : Eia, Pedro, mata e come.
8 De modo nenhum, Senhor! respondi; porque nunca me en-
trou na boca coisa profana e impura. Ao que me respondeu
9 pela segunda vez a voz do céu : Não chames impuro ao que
Deus declarou puro. Repetiu-se isto três vezes, e tudo tór-
io nou a recolhc-se ao céu. E eis que neste momento chega-
11 ram tres homens á casa onde estávamos ; tinham sido envia-
12 dos a mim de Cesaréia. Ordenou-me o Espirito que fosse
com eles, sem hesitação alguma. Acompanharam-me também
13 estes seis irmãos, e entrámos na casa daquele homem. Re-
feriu-nos este que vira aparecer em sua casa um anjo, que lhe
dissera: Manda recado a Jope e chama Simão, que tem por
1 1 sobrenome Pedro ; êle há de ensinar-te como alcançar a sal-
15 vação com toda a tua casa. Apenas tinha eu começado a fa-
lar, quando veio sobre eles o Espírito Santo, como viera sô-
16 bre nós, a principio. Lembrei-me então da palavra do Senhor:
João batizou com água ; vós, porém, sereis batizados com o
17 Espírito Santo. Portanto, se Deus concedeu a eles a mesma
graça que a nós, que cremos no Senhor Jesus Cristo, como
ousaria eu opôr-me a Deus?".
18 Ouvindo isto, tranquilizaram-se êles e glorificaram
a Deus, dizendo : "Logo, Deus concedeu também aos gen-
tios a^conversão que conduz á vida".
19 Fundação da primeira igreja étnico-cristã. Che-
garam até a Fenícia, Chipre e Antioquia alguns daqueles que
andavam dispersos em consequência da perseguição susci-
tada por causa de Estêvão. Não prégaram a palavra senão

48 — do Senhor Jesús. 48 — ficasse com eles 19 — palavra de Deus


Atos 11, 20 — 12, 11 241

aos judeus. Alguns deles, todavia, homens de Chipre e Cirene, 20


depois de sua chegada a Antioquia, anunciavam também
aos gentios o evangelho do Senhor Jesus. A mão do Senhor 21
era com êles, e bom número abraçou a fé e converteu-se ao
Senhor.
Chegou a noticia destas coisas aos ouvidos da igreja, 22
em Jerusalém ; enviaram Barnabé para Antioquia. Este, 23
quando lá chegou e viu a obra da graça de Deus, alegrou-se
e exortava a todos a que perseverassem no Senhor de coração
sincero.
Santo e deE' féque era que
; pelo um sehomem de bem,
converteu cheio grande
ao Senhor do Espirito
mul- 24
tidão.
Dirigiu-se Barnabé a Tarso, em busca de Saulo ; 25
encontrou-o e levou-o para Antioquia. Passaram todo o 26
ano nesta igreja e instruíram grande número de pessoas.
Foi em Antioquia que aos discípulos, pela primeira vez, foi
dado o nome de cristãos.
Por aqueles dias, desceram profetas de Jerusalém 27
para Antioquia. Um deles, por nome Agabo, surgiu e, por 28
impulso do Espirito Santo, anunciou que viria uma grande
fome sobre todo o mundo. Veio ela, de fato, no reinado de
Cláudio, Pelo que resolveram os discípulos, mandar socorros 29
aos irmãos na Judéia, cada um segundo as suas posses. Rea-
lizaram, efetivamente, o seu plano e enviaram os socorros 30
aos anciãos por mãos de Barnabé e de Saulo.
Milagrosa salvação de Pedro. Naquele tempo man- 12
dou o rei Herodes prender e maltratar alguns dos membros
da igreja. Fez executar á espada a Tiago, irmão de João. 2
Vendo que isto agradava aos judeus, mandou prender tam- 3
bém a Pedro. Era nos dias dos pães ázimos. Fê-lo, pois, 4
prender, lançar ao cárcere e guardar por quatro piquetes,
de quatro soldados cada um ; depois da páscoa tencionava
apresentá-lo ao povo. Estava, pois, Pedro guardado na pri- 5
são. A igreja, porém, não cessava de fazer orações a Deus
por ele.
Ora, na noite antes que Herodes o apresentasse, 6
dormia Pedro entre dois soldados, preso com duas cadeias,
enquanto os guardas estavam de plantão diante da porta.
E eis que apareceu um anjo do Senhor, e uma luz resplande- 7
ceu no recinto. Tocou no lado de Pedro, despertou-o e disse :
"Levanta-te depressa," E cairam-lhe das mãos as cadeias.
Disse-lhe ainda o anjo : "Põe o teu cinto e calça as sandálias". 8
Foi o que ele fez. Prosseguiu a dizer-lhe : "Cobre-te com tua
oapa equesegue-me".
sabia Acompanhou-o
era realidade e foi por
o que acontecia saindo;
meio domasanjo
não; 9
julgava .estar sonhando.
Passaram pela primeira e segunda sentinela, e che- 10
garam á porta de ferro que conduz á cidade. Abriu-se-lhes
por si mesma. Sairam e passaram uma rua, quando de súbito
o anjo desapareceu do seu lado. Então voltou Pedro a si e
disse : "Agora sei em verdade que o Senhor enviou seu anjo n
242 Atos 12, 12 — 13, 3

e me livrou das mãos de Herodes e de toda a espectativa do


povo dos judeus
12 Depois de dar conta da situação, dirigiu-se á casa de
13 Maria, mãe de João, com o sobrenome de Marcos. Aí se
achavam muitas pessoas reunidas em oração. Bateu ao por-
tão do páteo. Acudiu uma criada, chamada Rode, para es-
14 cutar : reconheceu a voz de Pedro ; mas de contente, deixou
de abrir o portão ; e correu para dentro com a noticia de que
Pedro estava ao pé do portão. Responderam-lhe os outros :
15 "Estás louca !" Ela, porém, persistia em afirmar que era
15 assim.
Entretanto, Ao que eles disseram
continuava Pedro :a bater.
"De certo é o anjo
Abriram, dele".
viram-no
17 — e pasmaram. Ele, porém, fêz-lhes sinal com a mão para
que se calassem. Em seguida, lhes contou como o Senhor o
livrara do cárcere, e acrescentou : "Fazei saber isto a Tiago
elugar.
aos demais irmãos' \ E, pondo-se a caminho, foi para outro
18 Logo de madrugada houve não pequena consternação
19 entre os soldados. Que era feito de Pedro ? Herodes
mandou proceder a uma busca, mas não o descobriu. Fez um
inquérito sobre os guardas e mandou levá-los embora . Depois
passou da Judéia para a Cesaréia, onde fixou residência.
20 Fim de Herodes. Estava Herodes muito irado
contra os habitantes de Tiro e Sidon. De comum acor-
do, foram têr com ele, e, com o favor de Blasto, camareiro
real, solicitaram a paz ; porque a sua terra recebia víveres
21 da do rei. Em dia marcado, sentou-se Herodes, em trajos
régios, no trono e lhes dirigiu a palavra. O povo o aplaudiu,
22 bradando : ME' voz de Deus, e não de homem !M No mesmo
23 instante, o feriu um anjo do Senhor, por não têr tributado a
honra a Deus. Roído de vermes foi morrendo.
24 Entretanto, progredia e se espalhava cada vez mais
25 a palavra de Deus. Barnabé e Saulo, porém, depois de
haverem cumprido a sua missão, partiram de Jerusalém,
levando em sua companhia a João, cognominado Marcos.

A IGREJA ENTRE OS GENTIOS

Paulo, apóstolo dos gentios

13 Excursão apostólica de Barnabé e Paulo. Havia


na igreja de Antioquia profetas e mestres ; entre êles Barnabé
e Simão, cognominado o Negro ; Lúcio de Cirene, e Manaém,
2 colaço do tetrarca Herodes ; e ainda Saulo. Enquanto cul-
tuavam oSenhor e jejuavam disse o Espírito Santo : "Se-
3 gregai-me
Ao que êlesa jejuaram
Barnabé ee oraram,
Saulo para
lhes aimpuseram
obra que os destinei".
as mãos e os
despediram.
243
Atos — 13, 4 — 25

Primeira expedição missionária. Em Chipre. En- 4


viados, pois, pelo Espirito Santo, desceram eles a Seleucia,
e dali navegaram para Chipre. Chegados que foram a Sala- 5
mina, prégaram a palavra de Deus nas sinagogas judaicas.
Tinham consigo, como auxiliar, a João. Percorreram a ilha 6
toda até Pafos, onde encontraram um judeu, feiticeiro e falso
profeta, que se chamava Barjesus. Estava com o pro-consul 7
Sérgio Paulo, homem criterioso. Mandou êste chamar a
Barnabé e Saulo e desejava ouvir a palavra de Deus. Êlimas, 8
porém, o feiticeiro — pois é assim que se traduz o seu nome —
se lhes opôs procurando apartar da fé o pro-cônsul. Então 9
Saulo, que também se chama Paulo, repleto do Espirito
Santo,de encarou
cheio Êlimas, eemalícia,
toda a falsidade disse : inimigo
"O' filho do ademónio,
de toda justiça, 10
não cessas de perverter os caminhos retos do Senhor ? Eis
que vem sobre ti a mão do Senhor ; serás cego e não verás o li
sol por Imediatamente
certo tempo. " o envolveram trevas espêssas ; e
ele, tacteando em derredor, procurava quem lhe desse a mão.
O pro-cônsul, á vista deste acontecimento, abraçou a fé, 12
de tão empolgado da doutrina do Senhor.
Em Antioquia. Paulo e seus companheiros fize- 13
ram-se á vela de Pafos e chegaram a Perge, na Panfilia. João
apartou-se deles e voltou para Jerusalém. Eles, porem, dei- 14
xaram Perge e chegaram a Antioquia, na Pisidia, onde, em
dia de sábado, entraram na sinagoga e tomaram assento.
Depois da leitura da lei e dos profetas, mandaram^lhes dizer
os chefes da sinagoga : "Irmãos, se quiserdes dirigir alguma
palavra edificante ao povo, falai".
Beneficios divinos a Israel. Então se levantou
Paulo, fez sinal com a mão, e disse : "Varões de Israel, e os
que temeis a Deus, ouvi-me ! O Deus deste povo de Israel
escolheu a nossos pais, e, em terra estranha, no Egito, fêz
dêles um grande povo. Com braço poderoso os tirou daí,
e por uns quarenta anos lhes suportou o génio no deserto.
Depois destruiu sete povos na terra de Canaan e distribuiu-
lhes o território dêles ; tinham decorrido quase quatrocentos
e cincoenta anos. Em seguida, constituiu juizes até ao
profeta Samuel. Então pediram um rei, e Deus lhes deu a
Saul, filho de Cis, da tribu de Benjamin, por espaço de
quarenta anos. Depois de reprovar a este, mandou- lhes como
rei a Davi,
homem do qual
segundo testificou
o meu coração,: "Achei
que em a tudo
Davi, cumprirá
filho de Jessé,
a mi-
nha vontade". Da linhagem dêle, conforme prometera, fêz
Deus sair um Salvador a Israel — Jesus. Antes do apare-
cimento dêle, pregara João o batismo de penitência a todo o
povo de Israel. Terminando a sua carreira, declarou João :
Eu não sou aquele por quem me tomais ; mas eis que após
mim vem aquele de quem eu nem sou digno de desatar o
calçado dos pés.
Atos 13, 26 — 47

26 Jesus, o verdadeiro Messias. Homens, meus ir-


mãos ! filhos da estirpe de Abraão, e os que temeis a Deus !
27 A nós é que se dirige esta mensagem de salvação. Porque os
habitantes de Jerusalém e seus chefes não reconheceram a
Jesus ; mas, pela sentença que deram, cumpriram as pala-
vras dos profetas, que se lêem todos os sábados. Embora não
28 encontrassem nêle nenhum crime de morte, pediram a Pi-
29 latos que o matasse. Depois de tudo cumprido, o que dele
estava escrito, depuseram-no do madeiro e o puseram no
20 sepulcro. Deus, porém, o ressuscitou dentre os mortos. E
31 por muitos dias foi aparecendo àqueles que com êle tinham
subido da Galiléia a Jerusalém; esses são agora testemu-
32 nhãs dele perante o povo. E nós vos anunciamos a boa nova
que Deus cumpriu em nós, filhos deles, a promessa que fez
33 a nossos pais, ressuscitando a Jesus. Assim é que se lê no Si 2, 7
34 salmo segundo:
E que o haja "Meuressuscitado
filho és tu,
da hoje
morte,te egerei".
que não cairia
jamais vitima da corrupção, assim o exprimiu : Dar-vos-ei Is 55>8
fielmente os favores divinos prometidos a Davi.
35 Pelo que ainda diz em outro lugar : Não permitirás SI 15,
36 que teu Santo experimente a corrupção. Ora, Davi morreu, 10
depois de têr a seu tempo servido á vontade de Deus ; foi
depositado junto a seus pais e experimentou a corrupção.
37 Aquele, porém, a quem Deus ressuscitou, êsse não experi-
mentou a corrupção.
38 Oferecimento da salvação. Sabei, portanto, meus
irmãos, que é por este que vos é anunciado o perdão dos pe-
39 cados. E de todas as coisas de que não vos podia absolver a
lei de Moisés, será absolvido por êle todo o homem que
40 crer. Cuidado, portanto, que não caiba em vós a palavra do
41 eu
profeta:
levo a efeito "Vede,
uma desprezadores, pasmai
obra em vossos dias, e nãoe crereis
aniquilai-vos
quando ! Hc 1, 5
vo-la contarem".
42 Êxito feliz. Quando iam saindo, a gente lhes rogava
que no sábado seguinte tornassem a falar sobre o mesmo
48 assunto. E com isto dissolveu-se a assembléia. Muitos ju-
deus eprosélitos tementes a Deus seguiram a Paulo e Barna-
bé, os quais os exortavam e animavam a que perseverassem
na graça de Deus.
44 No sábado seguinte acudiu quase a cidade em pêso
45 para
cheram-se osa palavra
ouvir judeus dede inveja,
Deus. contradiziam
A' vista dessa asmultidão,
palavras en-
de
46 Paulo e proferiam injúrias. Paulo e Barnabé, porém, decla-
em primeiro raram resolutamente : "A vós
lugar a palavra de éDeus
que ;tinha
mas, decomo
ser anunciada
a rejeitais
e não vos julgais dignos da vida eterna, passamos para os gen-
47 tios. Pois assim nos ordenou o Senhor : "Eu te constituo is 49,6
26 — vós 30 — mortos no terceiro dia.
37 — ressuscitou dentre os mortos
245
Atos — 13, 48 — 14, 17

luz dos gentios, para que lhes sirvas de salvação até aos con-
fins da terra".
a palavra Ouvindo isto, ; alegraram-se
do Senhor e creram todosos ospagãos e glorificaram
que eram destinados 48
á vida eterna. Foi-se espalhando a palavra do Senhor por 49
toda a região. Os judeus, porém instigaram mulheres reli- 50
giosas e nobres e os homens mais conspicuos da cidade e
suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, expul-
sando-os do seu território. Ao que êstes, sacudindo contra 51
eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio. Os discípulos, 52
porém, estavam cheios de alegria e do Espirito Santo.
Em Icônio. Em Icônio entraram juntos na sinagoga 14
judaica e prégaram de tal modo que grande número de judeus
e pagãos abraçaram a fé. Mas os judeus que permaneceram 2
incrédulos excitaram e irritaram os ânimos dos gentios contra
os irmãos. Eles, todavia, se demoraram ali ainda por largo 3
tempo, pregando desassombradamente, confiados no Senhor,
o qual confirmava a palavra da sua graça por meio de mila-
gres eprodígios, que por mãos deles operava.
E dividiu-se a população da cidade em dois partidos : 4
uns estavam a favor dos judeus, outros a favor dos apóstolos.
Quando êstes ouviram que os gentios e os judeus com os seus 5
chefes se dispunham a maltratá-los e apedrejá-los, fugiram 6
para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e arredores, onde 7
começaram a prégar o evangelho.
Em Listra e Derbe. Vivia em Listra um homem 8
tolhido dos pés ; paralítico desde a nascença, era incapaz de
andar. Ouviu a prégação de Paulo ; êste o encarou fixamente, 9
e, vendo que tinha fé na possibilidade da cura, ordenou-lhe
em alta voz : "Levanta-te direito sobre cs teus pés!" Er- 10
gueu-se ele dum salto e pôs-se a caminhar.
Quando as turbas viram o que Paulo acabava de fazer, 11
bradaram em língua licaônica : "São deuses que em forma
humana
a Paulo baixaram
Mercúrio, a porque
nós !" AeraBarnabé
ele que chamaram
manejava Júpiter,
o verbo.e 12
O sacerdote de Júpiter, á entrada da cidade, apareceu ás 13
portas com touros e grinaldas, afim de oferecer sacrifícios
juntamente com o povo.
Logo que os apóstolos Barnabé e Paulo souberam disto, 14
rasgaram as suas vestes, precipitaram-se ao meio do povo
e bradaram : "Que estais a fazer, ó homens ? Também nòs 15
somos homens frágeis como vós. Viemos trazer- vos a boa
nova para que dêstes ídolos vãos vos convertais ao Deus vivo
que fêz o céu e a terra e o mar, e tudo que nêles existe. Nos 16
séculos passados permitiu êle a todos os povos que trilhas-
sem os seus caminhos. Não deixou, todavia, de dar testemu- 17
nho de si, dispensando benefícios : mandando-vos chuvas
das alturas do céu, concedendo estações de fertilidade, dan-
do alimento e enchendo de mantimento e alegria os
246 Atos 14, 18 — 15, 7

18 persuadir
vossos corações".
o povo Com
a queestas palavras
não lhes conseguiram,
oferecesse sacrifícios.a custo,
Em seguida, porém, sobrevieram judeus de Antioquia
19 e de Icônio e levaram o povo a seu partido. Apedrejaram a
Paulo e arrastaram-no para fora da cidade, porque o davam
por morto. Mas, quando os discipulos se reuniram em torno
20 dele, levantou-se e entrou na cidade. No dia imediato partiu
com Barnabé para Derbe. Nesta cidade prégaram o evan-
21 gelho e ganharam muitos discipulos.
22 Regresso para Antioquia. Depois voltaram para
Listra, Icônio e Antioquia. Animaram os discípulos, exortan-
do-os a perseverarem na fé, porque através de muitas tribu-
23 lações é que haviamos de entrar no reino de Deus. Em cada
cristandade constituíam presbíteros, por entre orações e
jejuns, e os recomendavam ao Senhor, no qual tinham fé.
24 Em seguida, cruzando a Pisídia, demandaram a Panfilia,
25 anunciando a palavra em Perge. Daí demandaram a Atália,
26 donde navegaram para Antioquia ; aí tinham sido recomen-
dados ágraça de Deus a favor do cometimento que acabavam
de levar a efeito.
27 Depois da sua chegada, convocaram a cristandade
e referiram tudo que Deus tinha operado por meio dê-
28 les e como abrira aos gentios as portas da fé. Detiveram-se
bastante tempo com os discípulos.

15 Concílio apostólico. Ocasião. Desceram uns ho-


menszerdes
da Judéia circuncidar e ensinaram
segundo o aos
rito irmãos : "Senãonãopodeis
de Moisés, vos al-
fi-
Comcançar asalvação".
esses tais entraram Paulo e Barnabé em grande
2
conflito e discussão. Foi então resolvido que Paulo e Barna-
bé, com mais alguns do seu meio, subissem a Jerusalém e
fossem ter com os apóstolos e os presbíteros por causa desta
3 questão. Acompanhados, pois, pela cristandade por um trecho
de caminho, passaram pela Fenícia e Samaria, e contaram
a conversão dos gentios, o que deu grande alegria a todos os
4 irmãos. Chegando a Jerusalém, foram recebidos pela cris-
tandade, pelos apóstolos e presbíteros, e falaram das mara-
vilhas que Deus realizara por meio deles. Ao que se levanta-
ram alguns da seita dos fariseus, que tinham abraçado a fé,
e disseram ; "E* necessário circuncidar os gentios e obrigá-los
a observar a lei de Moisés".
Assembleia. Reuniram-se então os apóstolos e
6 presbíteros para tratar desta questão. Depois de longa dis-
7 cussão, tempo,
muito levantou-se Pedro eDeus
como sabeis, disse-lhes : "Meusentreirmãos.
me escolheu Há
vós para
que os pagãos ouvissem o evangelho da minha boca e acei-

17 nossos. 25 — palavra do Senhor


Atos 15, 8 — 31

tassem a fé. E Deus, que conhece os corações, deu testemu- 8


nho por eles, concedendo-lhes o Espírito Santo, assim como a
nós. Não fez diferença alguma entre nós e êles, purifican- 9
do-lhes os corações pela fé. Por que, pois, tentais a Deus, 10
impondo à cerviz dos discipulos um jugo que nem nossos pais
nem nós pudemos suportar?! Mas pela graça do Senhor 11
Jesus é que julgamos alcançar a salvação do mesmo modo
que
bé e eles*'.
a Paulo,Calou-se toda a quão
que referiam assembléia.
grandes Escutavam
prodigios e amilagres
Barna- 12
operara Deus por meio deles entre os gentios. Depois de 13
terminarem, tomou Tiago a palavra, e disse :
"Meus irmãos, ouvi-me ! Simão contou como Deus 14
deu o primeiro passo para fazer dos gentios um povo para
Am 9, Seu nome. Concordam com isto as palavras dos profetas ; 15
11 pois está escrito: Depois disto tornarei a levantar o taber- 16
náculo de Davi, que caiu; levantarei o que ruiu e o resta-
belecerei ;para que os outros homens busquem o Senhor, 17
todos os povos sobre os quais é invocado o meu nome. Assim
diz o Senhor que faz estas coisas.
de opinião E' este que o não
desígnio desde a obrigações
se imponham eternidade.aosPelo que que
gentios sou 1819
se converterem a Deus, mas, sim, que se lhes prescreva se 20
abstenham da contaminação dos ídolos, da luxúria, de carnes
sufocadas e do sangue. Porque Moisés tem, desde tempos 21
antigos, prégadores em cada cidade, onde em todos os sábados
é lido nas sinagogas".
Resolução. Resolveram então os apóstolos e os 22
presbíteros, juntamente com toda a cristandade, eleger va-
rões dentre êles e enviá-los com Paulo e Barnabé a Antioquia.
Eram Judas, por sobrenome Bársabas, e Silas, varões que
gozavam de grande prestigio entre os irmãos. Mandaram, 23
por mãos deles, esta carta
dam fraternalmente : "Os apóstolos
seus irmãos de origem e pagã,
presbíteros saú-
em Antio-
quia, na Siria e na Cilicia.
Fomos informados de que alguns do nosso meio, sem 24
ordem alguma da nossa parte, vos teem perturbado e des-
norteado oespírito com as suas doutrinas. Pelo que resolve- 25
mos, de comum acordo, escolher varões e enviá-los a vós,
Juntamente com o nosso querido Barnabé e Paulo, ho- 2tí
mens que teem exposto a sua vida pelo nome de Nosso
Senhor Jesus Cristo. Enviamo-vos, portanto, Judas e Silas, 27
que de viva voz vos hão de referir o mesmo. Porquanto aprou- 28
ve ao Espirito Santo e a nós não vos impor mais obrigações
além das que são necessárias, a saber : que vos abstenhais 29
dos sacrifícios oferecidos aos ídolos, do sangue, das carnes su-
focadas da
e luxúria. Se disto vos guardardes, procedeis bem.
Adeus".Os embaixadores desceram para Antioquia, reuniram 30
a cristandade e fizeram entrega da carta. Leram-na eles e 31
11 — Jesus Cristo 18 — desígnio do Senhor
Atos 15, 32 — 16, 13

32 alegraram-se com palavras tão consoladoras. Judas e Silas,


que eram profetas, animaram e fortaleceram os irmãos com
33 numerosas alocuções. Só ao cabo de largo tempo foram reen-
viados pelos irmãos, com votos de paz, para os que os tinham
34 mandado. Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia,
35 ensinando e anunciando, em companhia de muitos outros, a
palavra do Senhor.
36 Segunda expedição apostólica. De Antioquia a
Tróade. Decorrido algum tempo, disse Paulo a Barnabé :
"Tornemos a visitar os irmãos a ver como vão, em todas as
37 cidades levar
38 queria onde consigotemos prégado
também aa palavra do sobrenome
João, por Senhor". Marcos
Barnabé ;
mas Paulo não achou aconselhável admiti-lo, porque os aban-
donara na Panfilia e não tomara parte nos seus traba-
39 lhos. Nasceu daí um desacordo, de modo que se separa-
ram um do outro ; Barnabé navegou para Chipre em com-
40 panhia de Marcos, ao passo que Paulo escolheu a Silas e
41 partiu, recomendado á graça de Deus pelos irmãos. Percorreu
a Siria e a Cilicia, confirmando as cristandades.
16 Chegou a Derbe e Listra. Vivia aí um discípulo, por
nome Timóteo, filho duma judia convertida á fé, e de pai
2 gentio. Ora, como os irmãos em Listra e Icônio dessem bom
testemunho dele, manifestou Paulo o desejo de o levar por
3 companheiro. Em atenção aos judeus que viviam naquelas
regiões, fêz circuncidá-lo, porque todos sabiam que o pai dele
4 era gentio. Em todas as cidades que perlustravam entrega-
ram-lhes, para a observância, as resoluções tomadas pelos
õ apóstolos e presbíteros em Jerusalém. Assim se confirmavam
na fé as cristandades e tomavam maior incremento, de dia
a dia.
ti Foram atravessando as regiões da Frigia e da Galácia,
porque lhes fora vedado pelo Espirito Santo prégarem a
7 palavra na Asia. Assim chegaram á Mísia e tentaram ir á
8 Bitínia ; mas o espírito de Jesus não lho permitiu. Pelo que
9 atravessaram a Misia e desceram a Tróade. De noite
teve Paulo uma visão : Estava diante dele um macedónio
lo que
desta lhevisão
rogava : "Vem sem
procuramos á Macedónia e ajuda-nos".
demora partir Depois
para a Macedónia;
pois concluimos daí que Deus nos chamava para lá prégarmos
o evangelho.
n Em Filipes. Partimos, pois, de Tróade e navegámos
12 em linha reta á Samotrácia, no dia seguinte a Neápolis e, daí,
a Filipes, que é a primeira cidade daquela região da Macedónia,
13 uma colónia. Detivemo-nos alguns dias nesta cidade. No sá-
33 — mandado.
rusalém. Silas, porém, resolveu ficar aí ; só Judas partiu para Je-
41 — cristandades e insistindo em que observassem os preceitos dos
apóstolos e presbíteros
6 — pala\ ra de Deus
Atos 16, 14 — 36

bado saimos portas a fora, em direção ao rio, onde cuidáva-


mos haver um lugar de oração. Sentámo-nos e falámos com as
mulheres que tinham afluído. Escutava-nos uma mulher u
temente a Deus, da cidade de Tiatira, por nome Lídia, que
negociava em púrpuras. E o Senhor lhe abriu o coração para
prestar atenção ás palavras de Paulo. Fêz-se batizar com 15
toda a familia e formulou
siderais discípula este vinde
do Senhor, pedidoá :minha
"Se casa
é que e mehabitai
con-
nela". E insistia conosco.
De caminho para o lugar de oração deparou-se-nos uma 16
escrava que tinha espirito de adivinha, e com as suas adivi-
nhações dava grande lucro a seus senhores. Deitou a correr 17
no encalço
servos do Deus de Paulo e de enós,
altissimo vosgritando
anunciam: "Estes homens
o caminho são
da sal-
vação. Fazia isto por muitos dias. Paulo, aborrecido, vol- 18
tou-se e disse ao espírito : "Eu te ordeno em nome de Jesus
Cristo que saias dela !"" E na mesma hora saiu.
Ora, vendo seus senhores que se lhes desvanecera a 19
esperança do lucro, prenderam a Paulo e Silas e os arrasta-
ram ao mercado á presença das autoridades. Apresentaram- 20
n-os aos
nossa magistrados,
cidade. São judeusdizendo : "Estesumhomens
e anunciam modo amotinam
de vida quea 21
onós,povoromanos,
contra não eles,podemos aceitar nemlhespraticar".
e os magistrados mandaramInsurgiu-se
arrancar 22
as vestes e açoitá-los com varas.
Abundantemente flagelados, foram lançados á prisão 23
e o carcereiro teve ordem de os guardar rigorosamente. Este, 24
recebendo semelhante ordem, levou-os a um cárcere interior
e lhes cerrou os pés num cepo.
Era meia-noite ; Paulo e Silas oravam e cantavam 25
louvores a Deus, enquanto os companheiros de prisão escu-
tavam. Subitamente se sentiu um terremoto tão forte que 26
abalou os alicerces do cárcere. No mesmo instante se abriram
todas as portas e cairam os grilhões de todos. O carcereiro 27
despertou do sono, e, vendo abertas as portas da prisão, de-
sembainhou espada
a e queria matar-se, na persuasão de que
os presos se tivessem evadido. Paulo, porém, bradou : "Não 28
te faças mal algum ! pois estamos aqui todos !" Ao que êle
pediu luz e entrou, e, todo a tremer lançou-se aos pés de Paulo 29
e de Silas. Conduziu-os para fora e perguntou : "Que devo
fazer, senhores, para me salvar?" Responderam-lhe eles: 30
E"Crê no Senhor
passaram a prégar-lhe Jesus e aserás salvo,do tuSenhor,
palavra com aa tua
êle efamilia".
a todos 3i
os da sua casa. Ainda naquela mesma hora noturna o carce- 32
reiro lavou-lhes as feridas e fez-se batizar com toda a sua 33
familia. Em seguida, conduziu-os á sua casa e serviu-lhes 34
uma refeição, cheio de alegria por têr abraçado a fé em Deus
com a sua familia.
De madrugada, enviaram os magistrados oficiais 35
da justiça com a ordem de porem em liberdade aqueles ho-
mens. Foi o carcereiro transmitir a Paulo este recado : "Os 36
250 Atos 16, 37 — 17, 15

magistrados mandaram ordem que fôsseis postos em liberdade.


Saí, portanto, e ide-vos em paz".
algum Paulo,
nos mandaram porém, mandou-lhes dizer : e"Sem
açoitar publicamente lançar processo
ao cár-
cere, a nós, que somos cidadãos romanos, e agora querem
despedi r-nos ás ocultas ? De modo nenhum ! que venham êles
mesmos e nos conduzam para fora !"
Os oficiais da justiça referiram esta resposta aos ma-
gistrados, os quais ouvindo que eram cidadãos romanos, ti-
veram medo. Foram ter com êles, apaziguaram-n-os e condu-
ziram-n-os para fora, rogando que abandonassem a cidade.
Sairam, pois, da prisão e foram á casa de Lídia, onde encon-
traram os irmãos ; consolaram-n-os, e partiram.
Em Tessalônica. Passando por Anfípolis e Apolônia,
chegaram a Tessalônica, onde os judeus tinham uma sina-
goga. Segundo o seu costume, foi Paulo ter com êles e durante
três sábados discorreu com os mesmos sobre as escrituras.
Declarou-Ihes e demonstrou que fora necessário que o Cristo
padecesse e ressuscitasse dentre os mortos. "Este Jesus que
eu vos anuncio — dizia — é que é o Cristo". Alguns dêles
abraçaram a fé e aderiram a Paulo e Silas, bem como nume-
rosos gentios tementes a Deus, e não poucas mulheres nobres.
Foi o que despertou a inveja dos judeus. Buscaram ho-
mens perdidos da rua, suscitaram tumultos e amotinaram a ci-
dade. Dirigiram-se á casa de Jason, no intuito de os apresentar
ao povo; mas não os encontraram. Pelo que arrastaram Jason
e alguns irmãos á presença dos magistrados da cidade, cla-
mando : "Estes homens põem em desordem o mundo inteiro ;
agora chegaram aqui, e Jason os hospedou. Todos êles são re-
beldes aos decretos de César, afirmando que há outro rei, que é
Jesus".
cidade queComtal isto amotinaram
ouviam. Estas, oporém,
povo edepois
as autoridades da
de recebidas
garantias de Jason e dos outros, os puseram em liberdade.
Em Beréia. Ainda de noite, os irmãos enviaram
Paulo e Silas para Beréia. Eles, aí chegados, entraram na
sinagoga dos judeus. Estes eram de sentimentos mais nobres
que os de Tessalônica ; receberam a palavra com toda a boa
vontade e todos os dias examinavam as escrituras, a ver se
as coisas eram assim mesmo. Muitos dêles abraçaram a fé,
como também grande número de distintas mulheres gentias
e muitos homens.
Entretanto, chegaram os judeus de Tessalônica a
saber que Paulo prégava a palavra de Deus também
em Beréia, • e logo apareceram ali, perturbando e amo-
tinando apopulação. Pelo que os irmãos se deram pressa
em levar Paulo até ao mar, enquanto Silas e Timóteo ficavam
em Beréia. Os companheiros de Paulo conduziram-n-os até
Atenas. Aí receberam ordem dêle para Silas e Timóteo, no
sentido de virem também êles o mais depressa possível.
Atos 17, 16 — 18, 2 251

Em Atenas. Enquanto Paulo os esperava em Ate- ig


nas, confrangia-se-lhe dolorosamente a alma ao ver a cidade
repleta de ídolos. Falava nas sinagogas, aos judeus e a homens 17
de sentimentos religiosos, e na praça discorria todos os dias
com os que lá encontrava. Depararam-se-lhe também uns 18
filósofos epicureos e estóicos. Alguns observaram : "Que
quer esse palrador ?" Outros diziam : "Parece que é pre-
nova degoeiroJesusde novose dadeuses". E' que Conduziram-no,
ressurreição. Paulo lhes anunciava a boa
em seguida, 19
ao
novaAreópago
doutrina e élheessaperguntaram : "E' permitido
que vens apregoando ? pois saber que
falas-nos
de coisas bem estranhas ; desejaríamos saber o que vem a 20
ser isto." aí E'domiciliados,
rasteiros que todos osnãoatenienses, como por
se interessam também
outra oscoisa
fc>- 21
que não seja contar e ouvir novidades.
Discurso no Areópago. Apresentou-se, pois, Paulo 22
em pleno
que sob todos Areópago e assim sois
os respeitos faloude: uma
"Atenienses ! estou a ver
grande religiosidade.
Tanto assim que, passando pelos arredores e contemplando 23
os vossos santuários, deparou-se-me um altar com esta ins-
crição : Ao deus desconhecido. Ora, o que cultuais sem o
conhecer, isto é que vos venho anunciar. Deus, que fez o 24
mundo e tudo o que nele existe, o Senhor do céu e da terra não
habita em templos fabricados por mãos humanas, nem é ser- 25
vido por mãos de homem, como se de alguma coisa houvesse
mister ; pois é ele que dá a todos a vida, a respiração e tudo
ornais. De um só homem fez proceder todo o género humano, 26
para habitar sobre toda a face da terra ; marcou-lhes a ordem
dos tempos e os limites das suas habitações ; quis que procu- 27
rassem a Deus e ás apalpadelas o achassem, a êle, que não está
longe de cada um de nós. Pois nele vivemos, nos movemos e 28
existimos. A propósito, disseram também alguns dos vossos
poetas : Somos da sua estirpe.
Se, portanto, somos de estirpe divina, não devemos 29
pensar que a Divindade seja semelhante ao ouro, á prata ou
á pedra, obras de arte ou indústria humana. Deus, porém, 30
não levando em conta os tempos em que era desconhecido,
faz agora saber a todos os homens que por toda a parte se
convertam ; porque determinou um dia em que há de julgar 31
o mundo conforme a justiça, por meio dum varão que para
isto destinou, legitimando-o aos olhos de todos pela ressur-
reição dentre osouviram
Quando mortos." falar da ressurreição dos mortos, 32
mofavam uns ; outros diziam : "Sobre este ponto te ou-
viremos em outra ocasião". 33
Assim se retirou Paulo do meio deles. Alguns, porém, 34
aderiram a êle e abraçaram a fé ; entre eles Dionísio, membro
do Areópago, uma mulher chamada Dâmaris, e mais alguns
outros.
Em Corinto. Depois disto, deixou Paulo Atenas 18
e foi em demanda de Corinto. Ali encontrou um judeu, 2
252 Atos 18, 3 — 23

por nome Áquila, natural do Ponto, que, pouco antes, viera


da Itália, com Priscila, sua mulher ; pois Cláudio decretara
8 que todos os judeus saíssem de Roma. Foi Paulo têr com êles,
4 e, como exercessem o mesmo oficio — eram fabricantes de
tendas — hospedou-se nessa casa e aí trabalhava.
5 Todos os sábados falava na sinagoga e procurava
convencer a judeus e gentios. Havendo chegado da Macê-
6 dônia Silas e Timóteo, dedicou-se Paulo todo á pregação,
provando aos judeus que Jesus era o Messias. Mas, como êles
se lhe opusessem e o injuriassem, sacudiu as suas vestes e
lhes disse : "O vosso sangue caia sobre a vossa cabeça ; eu
7não tenho culpa ; e daqui
Retirou-se por diante
dirigiu-se á casa vou
dum terhomem
com ostemente
gentios".a
Deus, chamado Tito Justo, cuja vivenda ficava contígua á
8 sinagoga. Entretanto, Crispo, chefe da sinagoga, abraçou
a fé no Senhor com toda a sua familia. Ainda muitos outros
coríntios que o ouviam creram e se fizeram batizar.
9 Numa visão noturna disse o Senhor a Paulo : "Não
10 temas ; continua a falar, e não te cales. Eu estou contigo, e
ninguém te tocará para te fazer mal ; porque tenho muito
11 meses
povo nesta cidade".
prégando Pelo dequeDeus
a palavra ficouno Paulo um ano e seis
meio deles.
12 Galião e Paulo. Quando Galião era governador
de Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo contra
Paulo e o levaram ás barras do tribunal dele, dizendo :
13 "Este homem persuade a gende a que renda culto a Deus
14 de um modo contrário á lei". Estava Paulo para replicar,
quando
ou crime,Galião
ó judeus,disse aos bemjudeus : "Se deeu,fato
vos ouvira houvesseo direito;
conforme agravo
15 mas como se trata de questões de doutrina, de nomes ou da
vossa lei, lá vos avinde ! que eu não quero ser juiz destas
16 coisas". E despachou-os do seu tribunal. Nisto se lança-
17 ram todos os gentios a Sóstenes, chefe da sinagoga, e o es-
pancaram diante do tribunal, sem que Galião fizesse caso.
18 Regresso para Antioquia. Demorou-se Paulo ain-
da bastante tempo. Depois se despediu dos irmãos e navegou
para a Siria, em companhia de Priscila e Áquila. — Em
Cencréia mandara cortar o cabelo, porque fizera um voto. —
19 Partiu para Efeso, onde deixou aqueles, ao passo que ele
20 mesmo, entrando na sinagoga, prégou aos judeus. Roga-
ram-lhe que ficasse por mais tempo, mas ele não aceitou.
21 Despediu-se com as palavras : "Tornarei a têr convosco, se
22 Deus quiser".
donde Partiu de eÊfeso
subiu a Jerusalém saudoue tomou rumo a Cesaréia,
a cristandade, descendo
em seguida para Antioquia.
Terceira expedição apostólica. Apolo em Efeso.
Tendo passado ali algum tempo, partiu, percorrendo suces-
5 — sinagoga, interpondo o nome do Senhor Jesus,
253
Atos 18, 24 — 19, 15

sivamente as regiões da Galácia e da Frigia, animando todos


os discípulos. A
Entrementes, chegara a Efeso um judeu, por nome 24
Apolo, natural de Alexandria, homem eloquente e bem
versado nas escrituras. Fora instruido na doutrina do Senhor, 25
falava com ardente entusiasmo e dava ensinamentos explí-
citos a respeito de Jesus, ainda que não conhecesse senão o
batismo de João. Começou a falar na sinagoga com grande 26
desassombro. Quando Priscila e Áquila o ouviram, leva-
ram-no consigo e lhe expuseram mais por miúdo a doutrina
do Senhor. Como tencionava seguir para Acaia, animaram-no 27
os irmãos e escreveram aos discipulos daí que o recebessem.
Depois da sua chegada aí, prestou excelentes serviços aos
fiéis, graças aos seus talentos ; porque rebatia vigorosamente 28
os judeus,
sus era o demonstrando
Messias. em público pelas escrituras que Je-

Paulo em Efeso. Enquanto Apolo estava em Co- 19


rinto, cruzava Paulo as regiões montanhosas e chegou a
Efeso, onde encontrou alguns discípulos. Perguntou-lhes : 2
"Recebestes o Espirito Santo quando abraçastes a fé?"
Responderam êles : "Do Espirito Santo nem sequer
ouvimos falar".
Perguntou ele : "Que batismo, pois, recebestes ?" 3
"O batismo de João' — responderam êles.
batismoAode que Paulo lhes
penitência, expôs o: povo
exortando "Joãoa crer
administrava
naquele queo 4
viria depois
Ouvindodele,isto,
isto fizeram-se
é, Jesus". batizar em nome do Senhor 5
Jesus. Paulo impôs-lhes as mãos, e desceu sobre êles o Espirito 6
Santo ; falavam em diversas linguas e profetizavam. Eram ao 7
todo uns doze homens.
Em seguida, entrou na sinagoga, falou destemidamente 8
durante três meses, discorrendo com grande convicção sobre
o reino de Deus. Como, porém, alguns se obstinassem na sua 9
incredulidade, maldizendo a doutrina diante do povo,
apartou-se dêles, segregou os discipulos, e pôs-se a discorrer,
dia por dia, no recinto escolar de um Tirano. Durou isto 10
uns dois anos, de maneira que todos os habitantes da Asia,
judeus e gentios, chegaram a ouvir a palavra do Senhor.
Milagres de Paulo. Deus operava milagres extra- H
ordinários por meio de Paulo. Até lenços e aventais que êle 12
usara eram aplicados aos enfermos, e as moléstias fugiam
dêles e os espíritos malignos saíam. Também alguns dos 13
exorcistas judeus, que percorriam o país, tentaram invocar
o nome do Senhor Jesus sobre os endemoninhados, dizendo :
"Esconjuro-vos
isto por Jesus,
praticava eram os setea filhos
quem dePaulo
um anuncia".
tal Scevas, Quem
sumo 14
sacerdote judeu. O espírito maligno, porém, replicou-lhes : 15
9 — doutrina do Senhor 9 — um certo
Atos 19, 16 — 34

16 E"Conheço
com istoa Jesus,
o homeme sei possesso
quem é Paulo ; mas maligno
do espírito vós quem investiu
sois ?"
contra eles, subjugou dois dêles e a tal ponto lhes fêz sentir
o seu poder que, nus e feridos, tiveram de fugir daquela casa.
l? Chegou este fato ao conhecimento de todos os judeus
e gentios em Éfeso, e despertou terror universal, ao mesmo
tempo que o nome do Senhor Jesus adquiria grande lustre.
18 Muitos dos crentes se apresentavam, confessando e decla-
13 rando publicamente o que haviam cometido. Outros muitos,
que tinham praticado artes mágicas, trouxeram os seus livros
e os queimaram aos olhos de todos ; calculou-se o valor dêles
20 em cincoenta
firmava mil dracmasa palavra
poderosamente de prata. Dest'arte crescia e se
do Senhor.
21 Depois disto, assentou Paulo em espirito dirigir-se a
Jerusalém,
ter estado passando
ali — ■ diziapelaconsigo
Macedónia
mesmoe Acaia.
— tenho"Depois de
de visitar
22 também Roma". Enviou á Macedónia dois dos seus auxilia-
res, Timóteo e Erasto, ao passo que ele mesmo se demorou
ainda algum tempo na Asia.
Sedição de Demétrio. Naquele tempo, levantou-se
24 grande tumulto por causa da doutrina. Certo ourives, por
nome Demétrio, fabricava de prata uns templosinhos de
Diana e dava com isto não pouco lucro aos artífices.
25 Convocou, pois, esses tais e outros trabalhadores da
mesma profissão, e disse-lhes : "Homens, não ignorais que
26 esta indústria é a fonte da nossa prosperidade. Ora, estais
vendo e ouvindo que, não só em Efeso, mas em quase toda a
Asia, esse Paulo tem persuadido e feito desertar muita gente,
2" ensinando que não ahá nossa
que não somente deuses indústria
feitos por corre
mãos perigo
humanas. Pelo
de levar
prejuizo, senão também o santuário da grande deusa Diana
cairá em descrédito, e ela mesma, a quem toda a Asia e o
mundo inteiro venera, acabará por sofrer diminuição na sua
28majestade".
A estas palavras, encheram-se de furor e puseram-se
a clamar : "Grande é a Diana de Êfeso !"
29 A excitação empolgou a cidade ; tôdos em massa
acudiram ao teatro, arrastando consigo a Gaio e Aristarco,
3° da Macedónia, companheiros de Paulo. Paulo quis sair ao
21 meio do povo, mas os discípulos não o deixaram. Também
alguns dos altos funcionários, seus amigos, mandaram pe-
32 dir-lhe que não fosse ao teatro. Aí uns gritavam isto, outros
aquilo ; o ajuntamento era uma confusão, e a maior parte
23 dêles nem sabiam por que motivo tinham acudido. Nisto
tiraram do meio da multidão a Alexandre, que os judeus
empurraram para a frente. Alexandre fez sinal com a mão
34 e queria dar ao povo uma justificação ; mas tanto que conhe-
ceram que êle era judeu, gritaram tôdos a uma voz quase por
espaço de duas horas : "Grande é a Diana de Efeso !"
23 — doutrina do Senhor
255
Atos 19, 35 — 20, 15

Discurso do escriba. Então o escriba acalmou a 35


multidão
no mundo com
quemestas palavras:
ignore "Varões
que a cidade de Éfeso!
de Éfeso haverá
é a protetora
do templo da grande Diana e da sua imagem descida do céu ?
Pois que isto é incontestável, convém que guardeis a calma e 30
nada façais inconsideradamente. Os homens que aqui trou- 37
xestes não são nem sacrílegos nem blasfemadores da nossa
deusa. Se Demétrio e seus colegas de profissão teem queixa 38
contra alguém, temos audiências públicas e temos juizes ;
que lá discutam entre si. Se tendes mais algum agravo, 39
poderá resolver-se isto em legítima assembléia. Pois corremos 40
perigo de ser acusados de sedição pelos acontecimentos de
hoje, uma vez que não há motivo algum para este tumulto
popular".
Com estas palavras dissolveu a reunião.
Viagem a Tróade. Depois de cessar o tumulto, 20
chamou Paulo os discípulos, deu-lhes exortações, despediu-se
e partiu para a Macedónia. Durante a travessia por aquelas 2
terras, animou frequentemente os discípulos, e dirigiu-se á
Grécia, onde ficou três meses. Quando se dispunha a partir 3
para a Siria, os judeus lhe armaram ciladas, pelo que Paulo
resolveu voltar pela Macedónia. Acompanharam-no para a 4
Asia Sópatro, filho de Pirro, de Beréia ; Aristarco e Secundo,
de Tessalônica ; Gaio, de Derbe ; Timóteo, bem como Tíqui-
co e Trófimo, da Asia. Tomaram estes a dianteira e nos es- 5
peraram em Tróade. Nós, porém, nos fizemos de vela de 6
Filipes nos dias dos pães ázimos, e cinco dias mais tarde os
encontrámos em Tróade, onde nos detivemos sete dias.
Despedida de Tróade. Quando, no primeiro dia 7
da semana, estávamos reunidos afim de partir o pão, fez
Paulo um discurso. Sendo que no dia imediato pretendia
seguir viagem, prolongou o sermão até á meia noite. Ardiam 8
numerosas lâmpadas na sala superior onde estávamos reunidos.
Um jovem, por nome Êutico, estava sentado sobre o peitoril 9
da janela. Como Paulo se alargasse a discorrer, o moço
adormeceu profundamente, e, levado pelo sono, caiu do ter-
ceiro andar abaixo, e foi levantado morto. Paulo desceu, de- 10
bruçou-se sobre êle, cingiu-o nos braços, e disse : "Não vos
operturbeis
pão e comeu. ; aindaFalou
está ainda
com vida". Tornouaté a aosubir,
largo tempo partiu
romper do 11
dia ; em seguida partiu. Ao jovem, porém, trouxeram-no 12
vivo, sentindo-se não pouco consolados.
De Tróade a Mileto. Tomando a dianteira, embar- 13
cámos num navio e velejámos em direção a Assos, onde iamos
receber a Paulo ; pois assim o determinara êle, que queria
fazer a viagem por terra. Quando se reuniu conosco em 14
Assos, fomos em companhia dêle até Mitilene. Daí conti-
nuámos a navegar, passando, no dia seguinte, á altura de 15
Quios. No dia imediato aportámos a Samos, e no outro dia
256 Atos 20, 16 — 38

16 para
a Mileto.
não perder E' quetempo
Paulona resolvera passar
Asia ; pois tinhadepressa
largo ea tencio-
Éfeso,
nava celebrar Pentecostes em Jerusalém, se possivel fosse.
17 Palavras de despedida em Mileto. De Mileto
mandou recado a Éfeso, chamando a si os presbíteros da
igreja.
que modo Tendo tenho eles chegado,
andado no meioassim lhes desde
de vós, falou: "Sabeis dia
o primeiro de
que pus pé na Asia. Servia ao Senhor com toda a humildade,
entre lágrimas e tribulações, que me couberam pelas ciladas
dos judeus. Não deixava de vos anunciar e ensinar tudo que
pudesse ser util, publicamente como também de casa em
casa. Conjurava os judeus e os gentios para que se conver-
tes em aDeus e cressem em Nosso Senhor Jesús.
Agora, porem, eis que me sinto irresistivelmente
22 impelido para ir a Jerusalém. Não sei o que ali me acon-
tecerá ; só uma coisa me assegura o Espírito Santo, de
23 cidade em cidade : que me esperam algemas e tribulações. Mas
24 não faço conta da minha vida, contanto que termine a minha
carreira e cumpra a missão que recebi do Senhor Jesús, de
anunciar a boa nova da graça de Deus. E eis agora : Sei
25 que nenhum de vós, no meio dos quais tenho passado como
prégador do reino, tornará a ver minha face. Pelo que vos
26 asseguro, no dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos ;
porque não deixei de vos anunciar todos os designios de Deus.
27 Tende cuidado de vós e de todo o rebanho, sobre o
2g qual o Espírito Santo vos constituiu pastores para regerdes
a igreja de Deus, que adquiriu com o seu sangue. Sei que,
depois da minha partida, se introduzirão entre vós lobos
roubadores, que não pouparão o rebanho. Do vosso próprio
meio se levantarão homens que com doutrinas perversas
procurarão levar a seu partido os discípulos. Pelo que vigiai
e lembrai-vos de que, por espaço de três anos, noite
e dia, não cessei de admoestar com lágrimas a cada um.
E agora vos recomendo a Deus e á palavra da sua graça;
êle, que é poderoso para vos edificar e conceder a herança
com todos os santos. A ninguém pedi ouro, nem prata, nem
veste ; bem sabeis que estas minhas mãos me forneceram o
sustento, a mim, e aos meus companheiros. Em tudo vos
tenho mostrado como convém trabalhar e acudir aos fracos,
recordando a palavra do Senhor Jesús, que disse : "Maior
felicidade está em dar que em receber".
Depois destas palavras, pôs-se de joelhos, orando»
com todos êles. Romperam todos em pranto desfeito, Ian"
3^ çando-se ao pescoço de Paulo e beijando-o. O que mais os
3fe afligia era a palavra de que já não tornariam vê-lo pessoal-
mente. E acompanharam-no até ao navio.
21 — Jesus Cristo
24 — Mas não temo nenhuma destas coisas,
25 — reino de Deus.
31 — um de vós
257
Atos 21, 1 — 21

De Mileto a Tiro. Depois de nos arrancarmos 21


deles, fizemo-nos de vela e tomámos em linha reta para Cós.
No dia seguinte, passando por Rodes, chegámos a Pátara.
Encontrámos um navio que partia para a Fenícia ; embar- 2
cámos e seguimos mar em fóra. Avistámos Chipre, que dei- 3
xámos á esquerda, aproámos para a Siria e atracámos em
Tiro, onde o navio ia fazer descarga. Fomos visitar os dis- 4
cípulos e nos detivemos ali sete dias. Iluminados pelo Espi-
rito, aconselharam eles a Paulo a que não subisse a Jerusalém.
Decorridos aqueles dias, nos fizemos contudo de partida, 5
enquanto todos, com mulheres e filhos, nos acompanhavam
até fóra da cidade. Na praia nos pusemos de joelhos e fize-
mos oração. Depois de nos despedirmos uns dos outros, em- 6
barcámos, ao passo que os outros voltaram para casa.
De Tiro a Jerusalém. Terminámos a última parte 7
da travessia e fomos de Tiro a Ptolemáida. Aí cumprimentá-
mos os irmãos e ficámos com eles um dia. No dia seguinte 8
prosseguimos até Cesaréia. Fomos á casa de Filipe, arauto
do evangelho e que fazia parte dos sete. Hospedámo-nos
com ele. Tinha ele quatro filhas solteiras que possuíam o dom 9
da profecia. Enquanto nos demorávamos ali alguns dias, 10
desceu um profeta da Judéia, por nome Agabo. Entrou onde 11
estávamos, tomou o cinto de Paulo, atou-se cem ele de pés
e mãos em
judeus e disse : "Isto aodizhomem
Jerusalém o Espirito Santopertence
a quem : assim este
atarão
cinto,os
entregando-o ao poder dos gentios".
Ouvindo tal coisa, nós e os naturais do lugar lhe ro- 12
gámos que não subisse a Jerusalém. Paulo, porém, replicou : 13
"Que pronto
estou estais anãochorar?
somente pora deixar-me
que me acabrunhais o coração?
atar em Jerusalém pelo
nome do Senhor Jesus, mas até a sofrer a morte por ele".
Não podendo persuadi-lo, deixámos de insistir, dizendo : 14
"Seja feita
rámos a vontade
e subimos do Senhor." Acompanharam-nos
a Jerusalém. Em seguida, nos prepa-
ainda 15i*>
uns discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnason,
de Chipre, antigo discípulo, em cuja casa nos havíamos de
hospedar.

Com osTiago
Jerusalém, irmãos emnos Jerusalém.
receberam comA' satisfação.
nossa chegada
No diaa 1718
seguinte, foi Paulo em nossa companhia ter com Tiago, onde
se congregaram todos os presbíteros. Cumprimentou-os e
referiu minuciosamente tudo que Deus operara, por seu
ministério, entre os gentios. Ouvindo isto, glorificaram a
Deus. Em
quantos seguida,
milhares porém,abraçaram
de judeus disseram :a fé,
"Bem
e sãovês,
todosirmão,
fer- 2019
vorosos zeladores da lei. Ora, êles teem ouvido dizer que 21
tu ensinas a todos os judeus dispersos entre os gentios a
abandonarem a Moisés ; que lhes recomendas que não man-
dem circuncidar seus filhos, nem vivam segundo as tradições.
258 Atos 21, 22 — 40

22 Que convém, pois, fazer ? Hão de, certamente, saber da tua


23 chegada. Aceita, pois, o nosso conselho : Há entre nós
24 quatro homens que fizeram voto. Vai em sua companhia,
santifica-te com eles e paga por eles as despesas para que
mandem rapar o cabelo. Destarte, compreenderão todos
que são falsos os boatos que correm a teu respeito, mas que,
25 pelo contrario, és fiel observador da lei. No tocante aos fiéis
vindos do gentil ismo, já lhes escrevemos ordenando que
se abstenham do que foi sacrificado aos idolos, do sangue,
das carnes sufocadas e da luxúria".
26 Foi Paulo em companhia daqueles homens, santifi-
cou-se com êles e, no dia seguinte, entrou no templo. Ali anun-
ciou o termo dos dias de santificação, devendo para cada
um deles ser oferecido o sacrifício.
Paulo, vitima do seu apostolado
27 Prisão de Paulo. Estavam a expirar os sete dias,
quando os judeus vindos da Asia o viram no templo. Amoti-
28 naram todo o! povo
Israel, acudi este ée oprenderam-no,
homem que por clamando : "Varões
toda a parte de
e diante
de toda a gente faz propaganda contra o povo, contra a lei
29 e contra este lugar ; chegou a ponto de introduzir pagãos
no templo,nham visto profanando este recinto sagrado".
na cidade acompanhado de Trófimo E' que o ti-
de Êfeso,
e cuidavam que Paulo o tivesse introduzido no templo.
30 Abalou-se a cidade em peso e formou-se um motim popular ;
Paulo foi preso e arrastado para fora do templo ; e logo se
fecharam as portas.
31 Já se dispunham a matá-lo, quando foi comunicado
ao comandante da guarnição que toda Jerusalém estava em
32 desordem. Este acudiu logo ao lugar com soldados e oficiais.
A' vista do comandante e seus soldados, cessaram de espan-
33 car a Paulo. Chegou-se a êle o comandante, deu-lhe voz de
34 prisão e mandou-o ligar com duas cadeias. Perguntou-lhe
quem era e o que tinha feito. Naquele tumulto popu-
lar uns gritavam isto, outros aquilo ; e, como, de tanta vo-
zearia, não lhe fosse possivel averiguar algo de certo, mandou
35 levá-lo á fortaleza. Quando chegou ás escadas, foi necessário
que os soldados o carregassem, por causa da violência da mul-
36 tidão, pois a massa popular avançava aos gritos de : "Abai-
37 xo com êle !" Quando estava para transpor o limiar da for-
taleza, disse Paulo ao comandante : "E'-me permitido
dizer-te algumas palavras?"
38 egípcio "Sabes
que, háo pouco, grego? amotinou
perguntou e êle.
levou— aoNãodeserto
és tu quatro
aquêle
mil bandidos?"
39 cidade Respondeu
nada obscura Pauloda :Cilicia.
"Eu souRogo-te
judeu, menatural de Tarso,
permitas falar
40 ao povo". Permitiu-lho.
certamente, afluir em grande número quando chegarem a
22 —
Atos 21, 41 — 22, 21 259

Paulo colocou-se sobre os degraus e fez sinal ao povo 41


com a mão. Fêz-se grande silêncio. Falou-lhes então em
língua hebraica, dizendo :
Defesa de Paulo. "Irmãos e pais, ouvi o que te- 22
nho a dizer-vos em minha defesa".
Quando ouviram que lhes falava em hebraico, escu- 2
taram ainda com maior silêncio.
Prosseguiu
da Cilicia, mas educado êl : "Eu
aqui sou
nestajudeu, nascido
cidade, em Tarso
e instruido aos 3
pés de Gamaliel no rigor da lei de nossos pais. Fui zelador de
Deus, assim como o sois todos vós, ainda hoje. Como tal 4
perseguia de morte essa doutrina, mandando prender e lançar
ao cárcere homens e mulheres. Disto são testemunhas o 5
príncipe dos sacerdotes e todo o sinédrio. Dêle também re-
cebi cartas aos irmãos em Damasco, e ia de caminho afim de
trazer
sidiam. presos a Jerusalém e mandar castigar os que ali re-
Aconteceu, porém, que, quando seguia viagem e me 6
aproximava de Damasco, pelo meio dia, fulgurou subitamente
em torno de mim uma luz vivíssima do céu. Caí por terra e 7
ouvi uma voz que me dizia : Saulo, Saulo, por que me per- 8
segues ? Perguntei : Quem és tu, Senhor ? Respondeu-me :
Eu sou Jesus de Nazaré, a quem persegues. Os meus compa- 9
nheiros viam a luz, mas não entendiam a voz que me falava.
Perguntei ainda : Senhor, que devo fazer ? Respondeu-me 10
o Senhor : Levanta-te e vai para Damasco ; ali te será
dito tudo o que deves fazer.
Ora, como eu, pelo intenso clarão daquela luz, nada 11
enxergava, fui conduzido pela mão por meus companheiros,
e cheguei a Damasco. Veio têr comigo um certo Ananias, 12
observador da lei, que gozava de ótima reputação entre todos
os judeus do lugar. Chegou-se a mim e disse-me : Irmão Saulo,
torna a ver. E no mesmo instante eu o enxergava. Prosse- 13
guiu ele dizendo : O Deus de nossos pais destinou-te para lhe 14
conheceres a vontade, veres o Justo e ouvires a palavra da
sua boca. Hás de dar testemunho diante de todos os homens 15
das coisas que viste e ouviste. Por que ainda hesitas ? levan- 16
ta-te, invoca o seu nome, recebe o batismo e purifica-te dos
teus pecados.
Ora, regressando eu a Jerusalém e orando no templo, 17
fui arrebatado em espírito. Vi-o, e êle me disse : Apressa- 18
te a sair de Jerusalém, porque não aceitarão o testemunho que
deres de mim. Repliquei : Senhor, eles sabem que era eu 19
que lançava ao cárcere e açoitava nas sinagogas os teus fiéis.
E quando se derramava o sangue de tua testemunha, Estevão, 2o
assistia eu com satisfação e guardava as vestes dos seus as-
sassinos. Ele, porém, me tornou : Vai, porque eu te envia- 21
rei para longe, aos gentios".

3 — da lei,
260 Atos 22, 22 — 23, 9

Paulo no castelo Antônia. Até aí tinham escutado


em silêncio ; mas então começaram a clamar em altas vozes :
"Tira do mundo esse homem ! não deve viver por mais
etempo I" Enquanto
lançando assimmandou
pó aos ares, vociferavam, agitando que
o comandante os mantos
Paulo
fosse levado para o interior da fortaleza, e deu ordem de ser
flagelado, afim de lhe extorquir a razão por que assim clama-
vam contra ele. Já estava Paulo ligado com correias,
quando se dirigiu ao oficial presente, observando : "Ser-
vos-á permitido flagelar um cidadão romano, e ainda sem
sentençaOuvindo
de juizisto,
?" foi o oficial ter com o comandante e o
avisou dizendo: "Que estás a fazer? pois êsse homem é
cidadão romano".
Aproximou-se então o comandante e perguntou :
"Dize-me se és cidadão romano?" "Sou", respondeu ele.
Tornou o comandante : "Eu adquiri este foro de cidadão
por uma grande soma de dinheiro". Replicou Paulo :
"Pois eu ó possuo de nascimento".
Imediatamente desistiram da planejada tortura.
O comandante, porém, estava cheio de medo, por saber
que mandara algemar um cidadão romano.
Diante do sinédrio. Queria o comandante saber
com certeza quais as queixas que os judeus tinham contra
Paulo. Pelo que, no dia imediato, mandou lhe tirar as alge-
mas e convocou os sumos sacerdotes e todos os membros do
sinédrio. Em seguida fez vir Paulo e lho apresentou.
meus irmãos,Cravou até
Pauloao ospresente
olhos no dia
sinédrio
tenho e andado
disse : "Homens,
diante de
Deus com toda a boa concicncia".
Mandou o príncipe dos sacerdotes, Ananias, aos cir-
cunstantes que lhe batessem na boca. Respondeu-lhe Paulo :
para me julgarde segundo
"Deus te há ferir, parede
a lei,branqueada
e contra a !leiocupas
mandasessequelugar
me
?"
firam "Injurias ao sumo sacerdote de Deus?" acudiram
os presentes.
Replicou Paulo : Não sabia, meus irmãos, que era
o sumo sacerdote. Pois está escrito : Não farás injúria ao
chefe do
Ora,teusabendo povo". Paulo que uma parte eram saduceus e
outra
irmãos fariseus,
! eu sou exclamou na deassembléia
fariseu, filho fariseus. :Por"Homens,
causa da meus
esper
rança na ressurreição dos mortos é que estou ás barras do
tribunal."
são entre osA fariseus
estas palavras originou-se
e saduceus, umaa assembléia
dividiu-se grande dissen-
em
partidos. — Pois os saduceus negam a ressurreição, bem
como a existência de anjos e espíritos, ao passo que os fariseus
admitem uma e outra coisa. — Foi grande a vozearia. Levan-
taram-se alguns escribas do partido dos fariseus e altercaram
calorosamente, declarando : Não encontramos mal algum
Atos 23, 10 — 27 261

neste homem. Quem sabe se lhe falou algum espírito ou um


anjo ?"Em face do enorme tumulto, receava o comandante
que Paulo fosse por eles despedaçado ; pelo que mandou
chamar os seus soldados para que o tirassem do meio deles
e levassem á fortaleza.
Na noite seguinte, apareceu-lhe o Senhor e disse-lhe :
"Tem confiança ! assim como déste testemunho de mim em
Jerusalém, também em Roma darás testemunho".
Conspiração contra Paulo. Na manhã seguinte,
coligaram-se os judeus e juraram que não haviam de comer
nem beber enquanto não matassem a Paulo.
Eram mais de quarenta os que tinham feito este jura-
mento. Foram têr com os sumos sacerdotes e os anciãos e
comida até "Fizemos
disseram: que matemos santoa Paulo.
juramentoIde, depois,
não emtocarmos
companhiaem
do sinédrio, ao comandante e pedi que mande Paulo á vossa
presença, sob pretexto de examinardes melhor a causa dêle ;
nós estaremos
Mas um á filho espreita
da para
irmã odematar
Pauloantestevequenotícia
chegue".
desta
conspiração ; entrou na fortaleza e avisou a Paulo. Paulo
mandouao comandante,
moço chamar um dos oficiais
porque tem ealguma
lhe pediucoisa :a "Leva êste
comunicar-
lhe". Conduziu-o, pois, ao comandante, dizendo-lhe : "O
preso Paulo mandou-me chamar e pediu-me que levasse á
tua presença êste moço, porque tem alguma coisa a comuni-
car-te". O comandante tomou-o pela mão, levou-o á parte e
perguntou-lhe : "Que é que tens a comunicar-me ?" Res-
amanhã pondeu ele : "Osapresentar
mandes judeus combinaram
Paulo ante oentre si rogar-te
sinédrio, que
sob o pre-
texto de abrirem um inquérito mais minucioso sobre ele.
Não lhes faças a vontade ; porque mais de quarenta homens
estão á espreita dele ; fizeram juramento de não comerem
nem beberem enquanto não o matarem. J á estão preparados,
e só esperam
O comandante por tua despediu
decisão". o moço, inculcando-lhe que a
ninguém dissesse que lhe tinha dado êste aviso.
Transferência para Cesaréia. Em seguida, chamou
dois dos seus oficiais
desde a terceira hora edalhesnoite,
deu para
esta ordem : "Trazei
marcharem prontos
a Cesaréia,
duzentos soldados a pé, setenta cavaleiros e duzentos lan-
ceiros".
para fazerQue aprontassem,
montar a Paulo e outrossim,
levá-lo, são umas cavalgaduras,
e salvo, á presença
do governador Félix.
Escreveu
dio Lísias aindasaudações
apresenta uma carta nestes termos governador
ao excelentíssimo : "Cláu-
Félix. Este homem foi apreendido pelos judeus e estava a

25 — suspeita
Felix. E'dequetertemia que dinheiro.
aceitado os judeus o arrebatassem, e êle caisse na
262 Atos 23, 28 — 24, 13

ponto de ser morto por eles, quando intervim eu com o meu


destacamento e o libertei, por saber que era cidadão romano.
28 No intuito de averiguar o motivo da acusação mandei le-
29 vá-lo á presença do sinédrio, e achei que era acusado por ques-
tões da lei dêles, mas não cometera crime que merecesse
30 morte ou prisão. Mas, como fui informado de que se planeja
um atentado contra ele, remeti-o logo a ti. Ao mesmo tempo
intimei os acusadores a que se explicassem em tua presença.
31Adeus".Os soldados, pois, conforme a ordem recebida, leva-
32 ram a Paulo, de noite, a Antipátride. No dia seguinte, dei-
xaram os cavaleiros partir com êle, enquanto eles mesmos
voltavam para a fortaleza.
33 Depois da sua chegada a Cesaréia, entregaram aqueles
í>4 a carta ao governador e lhe apresentaram Paulo. O governador
leu o escrito e perguntou de que província era Paulo. Ouvindo
35 que era da Cilicia, respondeu : "Ouvir-te-ei quando chegarem
os teustelo deacusadores".
Herodes. E mandou que fosse guardado no cas-
24 Paulo acusado perante Félix. Decorridos cinco
dias, veio o sumo sacerdote Ananias, com alguns dos anciãos
e um advogado, por nome Tertulo, afim de apresentar queixa
contra Paulo diante do governador.
2 Foi citado Paulo, e Tertulo começou a formular a sua
acusação, dizendo :
3 "Excelentíssimo Félix. Graças a ti é que gozamos de
muita paz e é á tua providência que êste povo deve não pou-
cos melhoramentos.
nhecemos sempre e emE' toda
o que,a com
parte.profunda gratidão, reco-
4 Entretanto, para não te roubar mais tempo, rogo-te
que por uns momentos nos prestes a tua benévola atenção.
õ Achamos que esse homem é uma peste, um desordeiro
entre todos os judeus do mundo e um dos principais caudi-
lhos da seita dos Nazarenos.
6 Tentou até profanar o templo ; pelo que o prendemos.
rí Abre, pois, inquérito sobre êle, e certificar-te-ás de todas as
8 queixasApoiaram-no
9 que temos contra êle". afirmando que de fato assim
os judeus,
era.
10 Discurso de Paulo perante Félix. A um sinal do
governador, tomou Paulo a palavra e replicou :
11 pelo que "Seiconfiadamente
que há largos inicioanosa és juiz defesa.
minha sobre êste povo ;
Conforme
poderás verificar, não passa de doze dias que subi a Jerusalém
12 afim de adorar o Senhor. Mas nem no templo, nem nas sina-
gogas, nem na cidade fui encontrado a altercar com pessoa
13 alguma, nem a promover motins populares. Não te podem
6, 7 —interveio
prendemos e queríamosLisias
o comandante julgá-lo
e no-losegundo a nossa
arrebatou á vivalei.força
quando
; e
ordenou que os seus acusadores comparecessem á tua presença.
Atos 24, 14 — 25, 7

provar as acusações que ora me assacam. O que, todavia, te 14


confesso é que sirvo ao Deus de meus pais segundo a dou-
trina a que eles chamam seita. Creio em tudo que está es- 15
crito na lei e nos profetas, e tenho esperança em Deus que há
de haver uma ressurreição dos justos e dos injustos, espe-
rança que estes aqui partilham comigo.
Por isso procuro ter sempre a minha conciência sem 16
mácula diante de Deus e dos homens.
Depois de vários anos vim para entregar ao meu povo 17
uma esmola, e para oferecer sacrijicios. Quando, nesta oca- 18
sião, me submetia a uma santificação no templo, sem tumulto
nem motim, encontrei-me com alguns judeus da Asia — esses 1&
é que deviam comparecer diante de ti e acusar-me, se é que
sabem alguma coisa contra mim. Ou então digam êstes aqui 20
de que delito me acharam réu, quando compareci ao sinédrio, 21
causa fosse
salvo aquela palavra
da ressurreição que lancei
dos mortos é que no
hojemeio'
estoudêles : Por
diante de
vós como reu!"
Protelação do processo. Ainda que Félix estivesse 22
informado da doutrina em questão, adiou o processo, dizendo :
"Quando vier o comandante Lísias examinarei a vossa causa".
Deu ordem ao oficial para que o levassem á prisão com sala 23
livre, nem proibisse que os seus lhe prestassem serviços.
Alguns dias depois, apareceu Félix com sua esposa 24
Drusila, que era judia. Mandou chamar a Paulo e o ouviu
discorrer sobre a fé em Jesus Cristo. Mas, quando ele co- 25
meçou a falar em justiça, castidade e no juizo futuro, Félix
se atemorizou e disse : "Por esta vez basta ; oportunamente
tornarei
de recebera chamar-te". Ao mesmo
dinheiro de Paulo ; pelotempo
que onutria
mandava a esperança
chamar 26
frequentemente, entretendo-se com ele.
Depois de dois anos teve Félix um sucessor na pessoa 27
de Pórcio Festo. Félix, para ser agradável aos judeus, dei-
xou Paulo na prisão.
Paulo diante de Festo. Três dias depois de pôr 25
pé na província, subiu Festo de Cesaréia a Jerusalém. Os
sumos sacerdotes e os judeus mais conspícuos foram têr com 2
ele e formularam queixas contra Paulo, pedindo-lhe o favor
de o mandar vir a Jerusalém. E' que lhe queriam armar ci- 3
ladas e assassiná-lo em caminho. Respondeu-lhe Festo que 4
Paulo estava preso em Cesaréia, e que êle não tardaria a
partir para dolá. vosso
autorizadas "Então
meio —descer
prosseguiu
comigo —e apresentar
poderão pessoas
as suas 5
acusações,
Ficouno com
caso eles
que apenas
esse homem
oito ousejadezréudias,
de algum
e desceucrime".
para 6
Cesaréia. No dia imediato, ocupou o tribunal e mandou tra-
zer Paulo. Mal aparecera este, quando os judeus vindos de 7
Jerusalém o rodearam, fazendc-lhe carga de muitos e graves
delitos, mas que não podiam provar.
14 — a meu Pai e Deus 17 — sacrifícios e votos.
Atos 25, 8 — 25

8faltei nem Paulo,contra porém,a lei respondeu


judaica, emnemsuacontra
defesao :templo,
"Em nada
nem
contra César."
9 Festo, no intuito de granjear as boas graças dos ju-
deus, perguntou a Paulo : "Queres subir a Jerusalém e ali
ser julgado por mim sobre estas coisas ?"
10 sar ; aquiReplicou é que Paulo tenho :de "Estou diante; nenhum
ser julgado do tribunal
mal de
fiz Cé-
aos
11 judeus, como muito bem sabes. Se faltei, se cometi algum
crime digno de morte, não recuso morrer. Se, porém, são sem
fundamento as acusações que esses me levantam, ninguém
me pode entregar ás mãos dêles. Apelo para César !r
12 Em seguida, depois de conferenciar com os seus con-
selheiros, declarou Festo : "Para César apelaste — para
César irás !"
13 Festo e Agripa. Decorridos alguns dias, chegaram
a Cesaréia o rei Agripa e Berenice afim de saudar a Festo.
14 Como ali se demorassem mais dias, propôs Festo a causa de
Paulo ao rei, dizendo : "Temos aqui um preso ainda do tempo
'•5 de Félix. Por ocasião da minha visita a Jerusalém, vieram
ter comigo os sumos sacerdotes e anciãos dos judeus, exigindo
16 a sua condenação. Respondí-lhes que não era costume dos
romanos condenarem um homem antes que o acusado fosse
acareado com os seus acusadores e tivesse tido ocasião para
se defender das acusações.
17 Quando, pois, compareceram aqui, não tardei a subir
ao tribunal, logo no dia seguinte, e mandei vir o homem.
18 Apresentaram-se os acusadores, mas não o culparam de ne-
nhum crime, como eu suspeitava ; vieram apenas com algu-
mas questões relativas á sua religião, e falaram de um tal
10 Jesus, que morreu, mas que Paulo dá como vivo. Ora, como
20 eu não estivesse em condições de resolver questões dessa
natureza, perguntei-lhe se não queria ir a Jerusalém, e ali
21 ser julgado sobre essas coisas. Paulo, porém, recorreu á ape-
lação, exigindo que fosse submetido á sentença de César.
Mandei, pois, que fosse guardado até que o enviasse a César".
22 Observou Agripa a Festo : "Desejaria ouvir esse
homem".
Respondeu o outro : "Amanhã o ouvirás".
23 Sessão em Cesaréia. No dia seguinte, apareceram
Agripa e Berenice com grande aparato e, em companhia dos
comandantes
diências. e próceres da cidade, entraram na sala de au-
24 Por ordem de Festo foi apresentado Paulo. Disse
Festo : o"Rei
contra qual Agripa,
os judeus e mais
em presentes.
peso, tanto Aqui tendes o homem
em Jerusalém como
também aqui, me fizeram recurso e insistiram com clamores
25 dizendo que não convinha vivesse por mais tempo. Eu,
porém, cheguei a apurar que ele não cometeu nenhum crime
digno de morte. Mas, uma vez que apelou para César, re-
Atos 25, 26 — 26, 20 265

solvi remetê-lo a êle. Entretanto, não tenho nenhuma coisa 26


certa que escrever ao soberano sobre Paulo. Por isso, vo-lo
apresento, e, principalmente, a ti, ó rei Agripa, afim de que,
em virtude do interrogatório, tenha o que escrever. Porque 27
me parece irrazoável remeter um preso sem mencionar de que
delito é acusado."
Discurso de Paulo diante de Agripa. Disse Agri- 26
pa a Paulo
Ao que: "Tens
Paulo .aestendeu
permissãoa demãofalar em tua defesa".
e principiou a sua
defesa, dizendo :
hoje em"Rei
tua Agripa,
presença desinto-me
todas asfeliz em poder
acusações que defender-me
me assacam 2
os judeus ; porque tu és exímio conhecedor de todos os cos- 3
tumes e questões judaicas. Pelo que te rogo me ouças com
paciência.
Quanto á vida que tenho levado entre os meus patri- 4
cios em Jerusalém, desde a minha mocidade, é ela notória
a todos os judeus. Conhecem-me de longa data, e, querendo, 5
podem dar testemunho de que eu, como fariseu, seguia a
orientação mais rigorosa da nossa religião. E eis-me agora 6
ás barras do tribunal por causa da esperança que tenho na
doze tribusque
promessa Deus fêz
esperam, a nossos
servindo pais. semE' cessar,
a Deus, nela quediaas e nossas
noite. 7
E' por causa
judeus. Por que destaé que
esperança, ó rei,por
vós tendes que incrivel
eu sou que
acusado
Deus pelos
res- 8
suscite os mortos ?
Também eu cuidava, um dia, dever assumir atitude 9
hostil em face do nome de Jesus Nazareno. Foi o que fiz 10
em Jerusalém ; obtive autorização dos sumos sacerdotes e
fiz lançar ao cárcere numerosos santos, consentindo na sua
execução. Andei por todas as sinagogas, obrigando-os, mui- li
tas vezes á força de castigos, a blasfemar, e, levado de des-
medido furor, perseguia-os nas cidades estrangeiras.
Assim foi que, com permissão e poder dos sumos 12
sacerdotes, me dirigi a Damasco. Eis senão quando, ó rei, 13
em plena estrada, ao meio-dia, vi uma luz do céu mais bri-
lhante que o sol, que me cercou de fulgores, a mim e aos
meus companheiros de viagem. Todos caímos por terra, e eu 14
ouvi uma voz que me dizia em lingua hebraica : Saulo, Saulo,
por que me persegues ? duro te é recalcitrar contra o aguilhão !
Quem és tu, Senhor ? perguntei. 15
Respondeu o Senhor : Eu sou Jesus, a quem tu per-
segues. Mas levanta-te e põe-te em pé ; porque te apareci 16
para te fazer ministro e testemunha das coisas que viste e das
que ainda te hei de revelar. Livrar-te-ei do povo e dos pagãos 17
aos quais te enviarei. Abrir-lhes-ás os olhos para que se con- 18
vertam das trevas á luz, e do poder de Satanaz a Deus ;
para que pela fé em mim alcancem o perdão dos pecados e a
herança em companhia dos santos.
Pelo que, ó rei Agripa, não pude deixar de obedecer 19
á visão celeste, e fui prégar primeiramente aos habitantes de 20
Atos 26, 21 — 27, 8

Damasco e Jerusalém, em seguida, a toda a terra da Judéia,


e, por fim, entre os gentios, para que se convertessem, se
voltassem a Deus e produzissem frutos de verdadeira conver-
21 são. Foi só por esta razão que me prenderam os judeus, quan-
22 do estava no templo, e procuraram matar-me. Graças, porém,
á assistência divina, estou vivo até hoje, e dou testemunho
diante de pequenos e grandes. Não anuncio outra coisa senão
23 o que vaticinaram os profetas e Moisés : que Cristo havia
de padecer, que seria o primeiro a ressuscitar dentre os mor-
tos e que anunciaria a luz ao povo e aos gentios".
24 Efeito do discurso. Assim se defendia êle, quando
Festo exclamou : "Estás louco, Paulo ! os teus muitos estu-
dos te fazem perder o juizo".
25 "Não estou louco, excelentíssimo Festo — replicou
Paulo — mas o que digo é verdade e bem ponderado.
26 O rei sabe destas coisas ; por isso é que falo diante dele com
toda a liberdade ; pois não posso crer que ignore algum destes
27 fatos, que não se passaram em algum recanto obscuro. Rei
Agripa, crês nos profetas ? sei que crês !"
28 Disse Agripa a Paulo : "Quase que me persuades
a fazer-me cristão".
29 dia, menos "Prouvera
dia, nãoa somente
Deus — tu, exclamou Paulo
mas todos — que,
os meus mais
ouvintes
de hoje, se fizessem o que eu sou, abstração feita dêstes gri-
30lhões". Em seguida, se levantaram o rei, o governador, Bere-
31 nice e os demais presentes. Enquanto se retiravam diziam
uns aos outros : "Esse homem não faz nada que mereça
32 morte nem prisão". Observou Agripa a Festo : "Podia ser
posto em liberdade se não tivesse apelado para César".
27 De Cesaréia a Creta. Quando estava marcado o
nosso embarque para a Itália, entregaram Paulo com mais
outros presos a um comandante do destacamento imperial,
2 chamado Júlio. Embarcámos num navio de Adramitio, que
fazia escala pelos portos asiáticos, e levantámos ferro. Conosco
3 vinha o macedónio Aristarco, de Tessalônica. No dia seguinte
chegámos a Sidon. Júlio tratava Paulo com humanidade e lhe
4 permitiumos dali e visitar os amigos
costeámos Chipre, e porque
prover-se do necessário,
tinhamos vento pela'.'arpá-
proa.
56 Mira
Dest'arte
na cruzámos
Licia. Aí,o mar de Cilicia e Panfilia
o comandante encontroue chegámos
um navioa
alexandrino com destino á Itália, e fêz-nos baldear para o
7 mesmo. Com muito vagar vencemos êste trecho, e só ao cabo
de diversos dias e com grandes trabalhos atingimos as proximi-
dades de Cnido ; mas, como o vento não nos permitisse
B avançar, fomes costeando Creta, rumo a Salmone. Ao cabo
de penosa viagem rente ao litoral, chegámos a um lugar de-
nominado Belos-Portos, perto da cidade de Lasêia.
2 — Adrumeto 5 — Listra 8 — Talassa.
267
Atos 27, 9 — 30

Entrementes, decorrera muito tempo e já se tornava 9


perigosa a navegação, porque já tinha passado o tempo do
jejum. Pelo quecomeça
que a travessia Paulo os preveniu
a ser perigosa: "Homens,
e de notávelestou a ver
prejuízo, 10
não somente para a carga e o navio, como ainda para a nossa
própria
piloto e vida".
ao donoO docomandante,
navio do porém,
que ás deu mais crédito
palavras de Paulo.ao 11
Como o porto não era próprio para invernar, resolveu a 12
maioria que se prosseguisse viagem até alcançar Fenice, afim
de passar pelo
abrigado aí a sudoeste
estação invernosa.
e noroeste. E' um porto de Creta,
Tormenta. Soprava um ligeiro vento sul, razão 13
por que se julgou possível a execução do plano. Levantaram
jerro e foram costeando rente a Creta. Mas não tardou que, 14
da parte da ilha, se levantasse um tufão de vento, que é cha-
mado nordeste. Empolgou o navio, que não lhe valeu resistir ; 15
pelo que o entregámos e nos deixamos levar á mercê do ven-
daval. Passámos por uma pequena ilha chamada Cauda, 16
onde a custo conseguimos recolher o escaler. Depois de o 17
recolher, lançaram mão de todos os meios e cingiram o navio.
Com medo de darem na Sírte ferraram as velas e se deixaram
levar. A tormenta redobrava de veemência, pelo que, no dia i&
seguinte, alijaram parte da carga, e, no terceiro dia, arrojaram
ao mar com as próprias mãos também os aparelhos do navio. i«
Por diversos dias não se viam nem sol nem estrelas. A procela 20
continuava com o mesmo furor. Já não nos restava esperança
de salvação.
Havia muito tempo que ninguém comia. Então se 21
que tivessemPaulo
apresentou no meio
seguido o meudelesconselho
e disse de: "Homens ! tomara
não sair de Creta,
e teríamos evitado êste perigo e êstes prejuízos. Entretanto, 22
mesmo agora, recomendo-vos que não desço roçoeis ; porque
não perecerá nenhuma vida humana, senão somente o navio.
Porquanto esta noite me apareceu um anjo do Senhor, a quem 23
pertenço e ao qual sirvo, e disse-me : Não temas, Paulo ; 24
importa que compareças diante de César ; eis que Deus te
deu todos os que navegavam contigo. Pelo que, ó homens, 25
tende confiança ; pois eu tenho fé em Deus que há de suceder
assim como me foi dito. Havemos de ser lançados a alguma 26
ilha".
Naufrágio. Quando, na décima quarta noite, na- 27
vegávamos pelo Mar Adriático, por volta da meia noite,
suspeitaram os marinheiros proximidade de terra. Lançaram 28
a sonda, e encontraram uma profundidade de vinte braças.
E, um pouco mais adiante, encontraram quinze braças.
Com medo de darmos em recifes, lançaram da popa do navio 29
quatro âncoras, e suspiravam pela madrugada. Nisto, os 30
tripulantes tentaram escapulir-se de bordo ; já estavam
13 — fçrro, de As§o§,
Atos 27, 31 — 28, 9

baixando o bote ao mar, sob pretexto de lançarem âncoras


81 também da proa. Paulo, porém, declarou ao comandante e
aos soldados : "Se êsses homens não ficarem a bordo, é im-
32 amarras
possível ae vossa
fizeramsalvação". Entãoao osmar.
o escaler cair soldados cortaram as
33 Mal clareava o dia, quando Paulo convidou a todos
a que comessem alguma coisa. "Há quatorze dias - disse - que
34 estais á espera, em jejum, sem alimento. Pelo que vos convido-
a alimentar-vos, que isto convém á vossa salvação. Nenhum
35 de vos perderá um cabelo sequer da sua cabeça". Dito isto,
tomou pão, deu graças a Deus aos olhos de todos, e, partin-
36 do-o, começou a comer. E todos cobraram animo e princi-
37 piaram também a comer. Éramos ao todo duzentas e setenta
38 e seis pessoas a bordo. Depois de fartos, aliviaram o navio,
alijando o trigo ao mar.
39 Finalmente, fêz-se dia. Não conheciam a terra, mas
descobriram uma enseada com uma praia de areia ; ali
40 resolveram encalhar o navio, se possível fosse. Soltaram as
âncoras e as lançaram ao mar, largando ao mesmo tempo as
amarras dos lemes, içaram a vela do artimão á feição do vento
e foram rumo á praia. Deram numa língua de terra e fize-
41 ram encalhar o navio. A proa encravou-se e ficou imóvel,
enquanto a popa, sob o embate das vagas, se desconjuntava.
42 Os soldados queriam matar os presos para que ninguém fu-
43 gisse a nado. Mas o comandante desejava salvar a Paulo e
impediu que executassem o seu intento. Deu ordem que os
que soubessem nadar fossem os primeiros a lançar-se ás
44 águas e procurassem ganhar a terra. Quanto aos mais, foram
uns sobre pranchas,
chegaram outros
todos salvos nos destroços do navio. Dest'arte,
a terra.
28 Em Malta. Depois de salvos, chegámos a saber que
a ilha se chamava Malta. Os indígenas nos trataram com ex-
2 traordinária humanidade. Acenderam uma fogueira e nos
convidaram todos, em vista do frio e da chuva que caía
abundantemente.
2 Paulo reuniu um punhado de gravetos e os lançou ao
fogo — e eis que, fugindo do calor, saltou fora uma vibora
4 e se lhe prendeu á mão. Quando os indígenas viram a bicha
pendente certamente,
homem, da mão dêle, disseram
é algum uns aos
assassino outros do
; escapou : "Êste
mar,
5 mas a deusa da vingança não o deixa viver". Paulo, porém,
6 sacudiu a bicha no fogo, sem sofrer mal nenhum. A gente jul-
gava que viesse a inchar ou subitamente caisse morto. Mas
depois de esperarem muito tempo e, vendo que nenhum mal
lhe sucedia, mudaram de parecer e o tomaram por um deus.
7 Possuia terras nessa zona o homem principal da ilha,
que se chamava Públio. Esse nos agasalhou e por espaço de
8 três dias nos dispensou caridosa hospitalidade. O pai de
Públio estava de cama, doente de febre e disenteria. Foi
9 Paulo ter com ele, orou, impôs-lhe as mãos e o curou. Com isto
acudiram também os demais enfermos da ilha, e foram curados.
Atos 28, 10 — 27 269

Pelo que nos cumularam de honras e, ao nosso embarque, 10


nos proveram do necessário.
De Malta a Roma. Passados três meses, seguimos n
viagem a bordo dum navio alexandrino, que invernara na
ilha e levava por emblema os Dióscuros. Arribámos a Sira- 12
cusa, onde ficámos três dias. Daí seguimos pela costa e che- 13
gamos a Régio, e, como no dia seguinte soprasse vento sul,
com mais dois dias alcançámos Putéoli. Aí encontrámos uns 14
irmãos que nos pediram ficássemos com êles sete dias. Em
seguida, nos encaminhámos para Roma. Os irmãos de lá 15
tinham notícia de nós e sairam-nos ao encontro até ao Foro
de Apio ee criou
a Deus ás TrêsalmaTavernas.
nova. A' vista dêles, Paulo deu graças
Paulo em Roma. Chegando a Roma, foi permiti- 16
do a Paulo morar em casa alugada, com um soldado por
guarda.
Decorridos três dias, convidou os principais den-
tre os judeus, e, quando todos reunidos, assim lhes fa- 17
lou : contra
nem "Meus os irmãos, não cometi
costumes nada contra
dos nossos pais. No o meuentanto,
povo,
fui preso e desde Jerusalém entregue ás mãos dos romanos.
Esses, depois do inquérito quiseram pôr-me em liberdade, 18
uma vez que não me podiam arguir de crime que merecesse
a morte. Os judeus, porém, protestaram, e assim me vi 39
obrigado a apelar para César, sem contudo querer acusar a
minha nação. Foi por esta razão que vos convidei, afim de
vos ver e falar ; pois é por causa da esperança de Israel que 20
me vejo preso a esta cadeia".
Ao que informação
déia nenhuma êles responderam : "Não
por escrito, a teu recebemos da Ju-
respeito, nem tão 21
pouco chegou algum dos irmãos que nos referisse ou falasse
mal de ti. Entretanto, desejaríamos conhecer mais de perto 22
a tua opinião; o que sabemos desta seita é que é impugnada
por toda a parte".
Conferência religiosa. Num dia marcado, compa- 23
receram êles em maior número ao lugar onde Paulo residia.
Explicava-lhes êle minuciosamente, da manhã até á noite, a
doutrina do reino de Deus, e, tomando por base a lei de Moi-
sés e os profetas, procurava ganhá-los para Jesus. Uns 24
davam crédito ás suas palavras, ao passo que outros perma-
neciam incrédulos. Discordes entre si, se retiraram, enquanto
Paulo ainda
Santo, pelo profeta lhes dizia esta a palavra
Isaías, : "Bem
vossos pais : falou o Espírito 25
Vai têr com êste povo e dize-lhe: Sempre ouvireis, e 26
não entendereis ; sempre vereis e não compreendereis ;
obstinado está o coração dêste povo ; os seus ouvidos são 27
moucos, cerram os olhos, para não verem com a vista, nem
ouvirem com o ouvido, nem compreenderem com o coração,
nem se converterem e encontrarem salvação comigo.
270 Atos 28, 28 — 31

Sabei, portanto, que a salvação de Deus será enviada


aos gentios
Depois ; e êles lhepalavras,
prestarão seouvidos".
tercandodestas
calorosamente entre si. retiraram os judeus, al-

Conclusão. Paulo, porem, permaneceu dois anos


completos na casa que alugara, e recebia a todos que o visi-
tavam. Pregava, com desassombro e liberdade o reino de
Deus e a doutrina sobre o Senhor Jesus Cristo.

NOTAS EXPLICATIVAS
O primeiro livro de são Lucas, autor dos Atos dos
Apóstolos, é o evangelho dêle, o segundo é este. Teófilo,
destinatário de ambos os escritos, parece ter sido um perso-
nagem distinto na sociedade romana. Entretanto, essa
dedicatória é antes um título honorífico, que não exclue
a circunstância de ser o livro destinado aos fiéis em geral.
Jesus compara a efusão do Espírito Santo com um
batismo, porque no dia de pentecostes iam as almas dos
apóstolos ser como que submersas numa torrente de graças
divinas.
Ainda depois da ressurreição do Senhor continuavam
os apóstolos a esperar um reino messiânico temporal, ilusão
essa, que se lhes dissipou só com a vinda do Espírito da
verdade.
Um caminho de sábado regulava por 2000 passos, ou
1 klm., distância essa, que, segundo as prescrições rabinicas,
não podia
canso sabatino.o viajante judaico ultrapassar sem violar o des-
Refere-se o salmista, nestas palavras, a seus adver-
sários, que eram, através do protótipo, os inimigos de Cristo,
simbolizado pela pessoa do profeta. Lucas aplica estas ex-
pressões ao traidor.
Os últimos dias significam a plenitude dos tempos,
ou seja, o período entre a primeira e a segunda vinda de
Cristo.
Quer o apóstolo dizer que estas palavras não se po-
dem referir á pessoa de Davi, que morreu, foi sepultado
e não subiu ao céu em corpo ; mas referem-se a Jesus Cristo,
do qual profetizou o salmista.
Não negavam o direito de propriedade particular
mas, espontâneamente, sob o impulso da caridade fra-
terna, punham à disposição de todos os seus haveres.
Era precisamente na hora do sacrifício vespertino.
A porta formosa, trabalhada em bronze de lei, for-
mava a entrada principal pata os átrios do templo, abrin-
do para o oriente e dando ingresso imediato ao átrio das
mulheres.
NOTAS — Atos 3, 13 — 9, 1 271

Servo de Deus é a expressão clássica com que Isaías 13


(capítulos 42-53) designa o Messias padecente.
A fé é condição indispensável para a realização do 16
milgare.
Trata-se da conversão dos judeus antes da vinda de 19 20
Jesus ao juizo universal.
O comandante da guarda do templo era um dos sa- 4
cerdotes. 1
Nome — quer dizer : pessôa. 12
Mentir aos apóstolos equivalia a querer enganar o 5
Espírito Santo, que os iluminava. 3
Quereis tornar-nos responsáveis pela morte desse 28
homem e invocar sobre nós os castigos de Deus.
Assim como Teudas e Judas: juntamente com suas 36 89
doutrinas e seus adeptos, acabaram por desaparecer da
face da terra, assim também há de acontecer com a obra
do Nazareno, caso não seja de origem divina.
Helenistas — judeu-cristãos que, vindos de fora, fa- 6
lavam o grego. 1
Libertos chamavam-se os descendentes dos judeus ?•
que o general romano Pompeu, no ano 60-61 antes de Cristo,
deportara como escravos para Roma., e que, mais tarde al-
foriados por seus senhores, regressaram para a Palestina.
Estêvão fizera ver, sem dúvida, que a lei mosaica 14
e o culto no templo eram instituições transitórias, que Jesus
levaria á perfeição definitiva. Os adversários, porém,, lhe
interpretaram mal as palavras.
Estêvão dá um resumo da história de Israel para 7
frisar a admirável providência e o amor que Deus dis- 5 23
pensara a seu povo, mas que êste pagara com negra ingra-
tidão.
Moloc era a suprema divindade solar dos povos se- 43
mitas. Renfan (Refan ou Ronfa) designa, provavelmente, o
deus Saturno dos romanos, simbolizado pela respetiva cons-
telação. Tempo houve em que os israelitas adoravam esses
ídolos pagãos.
Era incircunciso de coração e de ouvidos quem se 51
obstinava concientemente no erro.
O justo — ■ é Jesus. 52
Trata-se do diácono Filipe, não do apóstolo.
Azoco — antiga cidade dos filisteus, perto do Mar 8
Mediterrâneo. 40
Cesarêia
te Carmelo. — ainda mais para o norte, ao sul do mon-

Saulo era natural de Tarso, na Cilicia, província ro- 9


mana da Asia Menor. Nasceu, provávelmente, no ano 1
272 NOTAS — Atos 9, 2 — 13, 36

3 depois de Cristo, filho de pais hebreus, com foros de cidadão


romano. A sua conversão milagrosa incide talvez no ano
35, isto é, no segundo ano após a ascensão do Senhor.
2 Damasco — cidade opulenta, nas fraldas do Anti-
libano, antiga capital da Siria, possuía uma colónia ju-
daica muito numerosa e várias sinagogas.
5 Saulo resisitia ao estímulo da graça divina, que o
impelia a abraçar o cristianismo.
22 Depois de pregar em Damasco (v. 19), retirou-se
Paulo para a Arábia (Gl 1, 17), onde passou três anos em
profunda solidão, preparando-se para a sua missão apostó-
lica, depois, regressou para Damasco (v. 22 ; Gl 1, 17).
32 Santos chamavam-se os cristãos santificados pelo
sacramento do batismo. Lida hoje Ludd, era uma povoação
entre Jerusalém e Jope.
35 Saron era uma planície fertilíssima, que se estendia
desde Lida e Jope até ao pé do monte Carmelo.
36 Jope hoje Jafa, á beira-mar, é o porto mais próximo
de Jerusalém.
10
1 Havia neste destacamento muitos soldados vindos da
9 L6 Itália; daí o nome : itálico.
Com esta visão quis Deus ensinar a Pedro que já
não havia distinção entre manjares leviticamente puros
e impuros, nem diferença entre judeus e pagãos.
37 Pedro supõe conhecidos dos ouvintes os fatos prin-
cipais da vida de Jesus.
11 Os judeu-cristãos, ainda imbuídos de preconceitos
2 3 judaicos, censuram o procedimento de Pedro em ter tra-
tado familiarmente com gentios e havê-los recebido na
igreja sem os obrigar a passarem primeiro pelo judaísmo.
28 Também os historiadores profanos referem que, sob
o reinado do imperador Cláudio (4-54), diversas províncias
do império romano foram, repetidas vezes, assoladas pela
fome. Sobre a carestia na Palestina escreve também Flávio
12 Joséfo.
2 A morte de Tiago Maior, apóstolo, e irmão de João
Evangelista, ocorreu no ano 41 ou 42.
3 Pedro foi preso pelo tempo da páscoa do ano 42.
17 lém.Trata-se de Tiago
Foi assassinado Menor,
no ano 62. apóstolo, e bispo de Jerusa-
13 A primeira viagem do apóstolo Paulo incide nos anos
4 45-48, tendo por destino o sul da Asia Menor.
o Tinha o apóstolo, desde pequeno, dois nomes, um
hebraico (Saulo), e outro romano (Paulo).
15 Homens tementes a Deus são os pagãos que since-
ramente procuram agradar a Deus.
36 O salmo não se refere a Davi, que experimentou a
corrução,
ruto. mas ao Messias, cujo corpo permaneceu incor-
NOTAS — Atos 13, 47 — 17, 28 273

O Messias há de anunciar o evangelho ao mundo por 17


intermédio de seus apóstolos.
Júpiter e Mercúrio eram duas divindades pagãs. Im- 14
buidos de fábulas mitológicas — como, por exemplo, as 1 1
refere o poeta Ovidio (Met. 8, 818 ss) acerca dos deuses
baixados á terra em forma humana — julgavam os ouvintes
terem diante de si dois desses seres preternaturais.
Tinham aparecido em Antioquia, centro das missões 15
pagãs, certos mestres vindos da Judéia com a pretensão de i n
imporem aos neófitos cristãos a observância da lei mosaica.
Pedro declara a desnecessidade desta medida, proclamando a
liberdade evangélica. O que é decisivo, tanto para judeus
como para pagãos, é a graça de Deus apreendida pela fé em
Jesús Cristo.
Com o fim pedagógico de facilitar o congraçamento 20
dos cristãos de origem judaica e os de procedência pagã,
recomenda Tiago que também estes últimos, além dos pre-
ceitos morais (abstenção da idolatria e da luxúria), obedeçam
também a um ou outro preceito ritual do antigo testamento
(abstenção de alimentos feitos com sangue ou de carne que
contivesse sangue).
A segunda viagem missionária de Paulo (49-52) lc- 36
vou pela Macedónia e Acaia.
K)
São Paulo faz circuncidar a Timóteo em atenção à 3
susceptibilidade dos judeus e para desembargar a aceitação
do evangelho.
A partir daqui, São Lucas, autor dos Atos dos Após- 10
tolos, é companheiro de São Paulo, por sinal que fala em
"nós".
A flagelação era -considerada castigo tão infame que 37
poderia vir a prejudicar grandemente a prégação do evan-
gelho, razão por que o apóstolo exige desagravo.

Os repicureus eram sensualistas e desbragados goza- 17


dores ; os estóicos eram orgulhosos racionalistas. Não admi- 18
ra que a êsses filósofos faltassem as disposições interiores
para abraçarem o evangelho da pureza e da humildade.
O Areópago era uma colina situada ao norte da Acró- ii>
pole de Atenas ; aí costumava o tribunal fazer as suas sessões
ao ar livre. Era ao mesmo tempo lugar favorito de reuniões
dos filósofos.
Os atenienses, além dos numerosos altares dedicados 23
aos deuses conhecidos, tinham um altar para algum deus
cuja existência ignorassem, mas cujos favores não queriam
dispensar.
A frase citada encontra-se nas obras do poeta cilí- 28
cio Arato (270 a. Cr.), bem como nas do filósofo estóico
Cleantes (260 a. Cr.) e do célebre poeta tebaico Pindaro
274 NOTAS - Atos 17, 32 — 20, 28

(480 a. Cr.) ; é exata e sem erro panteistico no sentido que


Deus é o nosso primeiro princípio.
32 A sabedoria dos pretensos filósofos gregos não ultra-
pas ava oestreito horizonte da vida presente ; a idéia duma
existência futura lhes parecia absurda e ridícula.
18 No ano 49/50, o imperador Cláudio baniu de Roma
2 os judeus., em atenção aos frequentes conflitos que entre
eles havia Suetônio.
romano "por causa dum tal Cresto", como diz o historiador
s Paulo aprendera, na mocidade, o ofício de fazer te-
cidos de pêlos de cabras destinados á armação de tendas
ou barracas.
-17 Esta narração não passa de um ligeiro episódio dos
18 mezes que Paulo se deteve em Corinto (outono de 50
até primavera de 52). Junio Galião, irmão do célebre fi-
lósofo Séneca, foi procônsul da Acaia, nos anos 50-52, como
diz uma inscrição em Delfos.
Costumava o judeu, quando colocado em situação
aflitiva, fazer um voto ou uma promessa a Deus, absten-
do-se de bebidas inebriantes e deixando crescer o cabelo ;
era então nazireu (Nm 6, 1 ss). O prazo dêste voto abrangia
geralmente, 30 dias, findos os quais, o nazireu oferecia o
sacrifício prescrito e cortava o cabelo, ás portas do santuá-
rio, lançando-o nas chamas da hóstia pacífica. Foi em Cen-
créia, porto de Corinto, antes de fazer o voto, que Paulo
mandou cortar o cabelo, começando a contar daí os dias do
nazireato.
tolo Aaté Êfeso,
^terceirae, daí,
excursão missionária
á Macedónia e á (53-58)
Grécia. levou o após-
19 50.000 dracmas de prata equivalem a uns 25 contos
de réis.
24 Os templosinhos de Diana eram uns artefatos que
imitavam a estátua da deusa e que os devotos da mesma
armavam em casa ou levavam consigo nas viagens, á guisa
de amuletos ou talismãs.
20 Nestas alturas, torna Lucas a associar-se ao após-
5 tolo, prosseguindo a narração na primeira pessoa do plural
(nós).
7 Faz ver êste texto que já naquele tempo os cristãos
celebravam o primeiro dia da semana (domingo), em vez
do sábado. A referida reunião se fêz em vésperas de domingo.
Partir o pão queria dizer : celebrar um ágape fraternal, li-
gado, talvez, com a recepção do mistério eucarístico.
26 Quer dizer : Sou livre de qualquer culpa : fiz o que
estava da minha parte.
28 A palavra grega "episcopos" que aqui se encontra,
quer dizer: intendente, guarda, pastor (cf. v. 17). A prin-
cípio, ainda se usavam promiscuamente os têrmos "pres-
NOTAS — Atos 20, 35 25, 10 275

biteros"
este último(ancião), e "episcopos"
a tornar-se (bispo)para
o título oficial ; mais tarde,os veio
designar de-
tentores dum múnus superior.
Não se encontram no evangelho estas palavras de J esús; 35
São Paulo, porém, as conhecia pela tradição oral ; pois os
evangelhos não são senão um resumo dos ditos e feitos do
Salvador.
O que os chefes da igreja jerosolimitana aconselham 21
a Paulo, e o que este aceita, é uma medida de prudência 20—26
pastoral, não de obrigação moral. As asserções dos descon-
tentes (v. 2i) não eram naturalmente, a expressão da verdade.
Era vedado aos gentios, sob pena de morte, o ingresso 28
nos átrios internos do templo ; só podiam entrar no átrio
dos pagãos.
Ao norte do templo se erguia o castelo Antônia, quar-
tel militar da guarnição romana ; daí conduziam duas esca-
darias para a praça do santuário.
Alusão a um judeu egipcio que, não muito antes, fi-
zera um motim para sacudir o jugo romano ; derrotado,
porém, pelo governador Félix, se evadira para o deserto
com muitos dos seus adeptos.
Em hebraico — quer dizer : no dialeto aramaico 22 1
falado pelo povo.
Flagelar um cidadão romano, e ainda sem o devido 25
inquérito sôbre a sua culpabilidade, eram duas infrações
da lei.
Paulo tomava aquele ofensor por um membro qual- 23
quer do sinédrio. 5
No interêsse da difusão do evangelho, não hesita g
Paulo em lançar mão dum expediente de prudência humana :
sabendo que o sinédrio se compunha de saduceus e fariseus,
discordes em diversos pontos doutrinários, se declara publi-
camente fariseu, lançando, assim, o germe da desunião no
meio dos seus acusadores gratuitos.
O governador romano residia em Cesaréia. 24
Paulo acha excusado responder ás acusações gerais 24
e vagas que o dão como peste e amotinador, limitando-se a 10— is
replicar a dois pontos mais concretos, a saber : o de ser
fervoroso adepto de Jesus Nazareno (14-16) e a acusação
de ter profanado o templo (17-21).
Félix vivia em adultério com Drusila, filha de Agripa 24
I, e esposa de Azizo, rei de Emesa. Paulo soube, pois adaptar
magistrarmente o seu discurso às circunstâncias.
Paulo tinha bastas razões para não aceitar a proposta, 25
de ser julgado pelo sinédrio de Jerusalém. Em vez disto, 9—10
faz valer os seus foros de cidadão romano, apelando para o
276 NOTAS — Atos 25, 18 — 28, 31

supremo tribunal de César, em Roma. Contribuiu sem dúvida,


para esta resolução o desejo que tinha de visitar a metrópole
do império (cf 19, 21), bem como a aparição que tivera pouco
antes (23, 11).
18 Trata-se de Agripa II, filho de Agripa I, que rece-
beu do imperador Cláudio os antigos domínios de Filipe e
Lisánias (cf. Lc 3, 1).
26 Prova o apóstolo, nesta defesa, que, longe de infringir
2 23 a lei de Moisés, procura cumpri-la com perfeição, á luz da
ordem divina que recebera ás portas de Damasco.
27fins de Osetembro
tempo dooujejum — quer
princípios de dizer, os dias
outubro. Por daêsseexpiação,
tempo,
com os primeiros prenúncios do inverno, começavam a soprar
fortes vendavais, e suspendia-se a navegação.
li A grande sirte — isto é, os baixios — se achava na
costa septentrional da Africa, sendo muito temida pelos
mareantes.
28 Uma braça romana media 1,85 m. ; 20 braças — 37
m., 15 braças = 27,75 m.
28 Isto é, em fevereiro ou princípios de março. Os Dios-
n euros ou Castores, eram os gémeos Cástor e Pólux, filhos de
Júpiter, segundo a mitologia, transferidos ao firmamento,
após a morte (constelação dos gémeos !), de onde protegiam
os navegantes.
Lâ Em Putéoli (hoje Pozzuoli), perto de Nápoles, existia
uma colónia judaica bastante forte. Três Tavernas distava
de Roma uns 48 klm.
16 Paulo não ficou no pretório, mas teve permissão de
alugar uma casa, continuando, todavia em custódia militar.
isto é, com o braço esquerdo acorrentado ao braço direito do
guarda.
so— 31 Paulo chegou a Roma em março de 61, ficando pre-
so até ao ano 63. Em seguida, posto em liberdade, reence-
tou o seu ministério apostólico pela Europa e pela Asia.
Mais tarde, novamente preso, voltou a Roma, onde mor-
reu mártir.
Lucas termina aqui a sua narração porque o resto era
conhecido de Teófilo, que residia em Roma.
VIDA E EPISTOLAS DE SÃO PAULO

1. Vida do apóstolo
1 . Nasceu Paulo em Tarso, na Cilicia (Asia Menor),
filho de pais judeus, da tribu de Benjamin (At. 9.11 ; 21,
39 ; 22, 3). Nos Atos dos apóstolos aparece, a princípio
com o nome de Saulo, em seguida, Paulo, como se intitu.la
nas epístolas. E' que, segundo o costume judaico, tinha
dois nomes ; mas, por motivos de prudência, nos seus traba-
lhos entre os pagãos, começou a usar somente o nome romano
Paulo, omitindo o nome hebraico Saulo. Sendo que, por
ocasião do apedrejamento de santo Estevão, era ainda jovem
(At 7,58), ao passo que na espístola a Filemon, escrita no ano
b3, êle se chama velho (v. 9) — parece ter nascido lá pelo
ano 3 depois de Cristo.
2. A educação que recebeu na casa paterna foi
rigorosamente farisaica (At. 23, ó), o que, todavia, não obs-
tava a que Paulo tirasse real proveito da cultura helénica,
que então florescia em Tarso, como bem prova a destreza
que, mais tarde, revela no manejo da língua grega. Embora
destinado, como parece, a doutor da lei, teve de aprender um
ofício, conforme pediam os costumes da raça. Tornou-se
fabricante de tendas, quer dizer que confeccionava certa
espécie de tecidos de pêlo de cabra, destinados a servirem de
toldas para barracas ou tendas, como então se usavam em
grande escala. Mais de uma vez recorreu, mais tarde, a êste
trabalho para ganhar o pão de cada dia, como referem os
livros sagrados (At. 18, 3 ; 20, 34 s ; 1 Ts. 2, 9 ; 2 Ts 3, 8;
1 Cr 4,12).
Ainda moço, foi enviado a Jerusalém para aperfeiçoar
a sua cultura científica ; tinha êle na capital uma irmã ca-
sada (At 22, 3 ; 23, 16). Na escola do festejado doutor da lei,
Gamaliel, foi iniciado nos mistérios da ciência dos rabinos,
aprendendo a pautar a sua vida rigorosamente pelos dispo-
sitivos da lei. Parece, entretanto, que deixou Jerusalém antes
do inicio da vida pública de Jesus ; porque em parte nenhuma
das suas epístolas se encontra alusão a um conhecimento
pessoal do Senhor.
3 . Era Paulo de génio fogoso e apaixonado, e a edu-
cação lhe acendera na alma um zelo ardente pelas tradições
paternas, o que veio fazer do jovem fariseu um fanático per-
27& Vida e Epístolas de São Paulo

seguidor da nascente igreja de Jesus Cristo. Tomou parte


na morte violenta do proto-mártir Estêvão, bem como na
perseguição dos cristãos que, pouco depois, rompeu (At
7, 58 ; 8, 3 ; 26, 9-11 ; Gl, 1, 13). Autorizado pelo sumo sa-
cerdote, dirigiu-se a Damasco, afim de prender os cristãos e
levá-los a Jerusalém. Pelo caminho apareceu-lhe Jesus
glorioso e lhe fez revlações que transformaram milagrosa-
mente oferrenho perseguidor da igreja em ardentíssimo de-
18). fensor epregoeiro do evangelho (At 9, 2-19; 22, 6-16 ; 26,12-
4. Após a sua conversão, retirou-se Paulo para a
Arábia (Gl 1, 17), preparando-se, no silêncio da solidão e pelo
trato íntimo com Deus, para a sua grande missão. De re-
gres o aDamasco, anunciou o evangelho aos judeus ; mas
viu-se obrigado a fugir clandestinamente para não sucumbir
ás ciladas de seus patrícios (At 9, 23-25 ; 2 Cr. 11, 32). Diri-
giu-se então a Jerusalém, onde travou relações com Simão
Pedro (Gl 1, 18). Não tardou, porém, a voltar para Tarso,
seu torrão natal, onde foi convidado por Barnabé para acom-
panhá-lo aAntioquia (At 9,29 s ; 11, 52). Por ocasião de
uma carestia foram os dois a Jerusalém para entregar aos
cristãos necessitados daí o fruto de uma coleta (At 1 1 , 27-30).
Em seguida, regressaram para Antioquia.
5. Pouco depois disto, empreendeu São Paulo, em
companhia de Barnabé, a sua primeira excursão apostólica
(45-48), cruzando Chipre, a Panfília, a Pisídia e a Licaônia,
fundando cristandades em Antioquia na Pisidia, em Icônio.
em Listra e em Derbe (At 13, 14).
6. Depois do concilio apostólico de Jerusalém, em-
pre ndeu asegunda viagem em companhia de Silas (49-52),
perlustrando a Síria, a Cilicia, a Licaônia, a Frigia e a Galácia.
Por inspiração divina, dirigiu-se á Europa, passando por
Filipes, Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto. De lá voltou
por Éfeso e Jerusalém para Antioquia (At 15, 36-18, 22).
7. Na terceira excursão missionária (53-58) atraves-
sou Paulo a Galácia e a Frigia chegando a Éfeso, onde se
deteve quase três anos ; passando daí pela Macedónia e
Acaia até Corinto, onde se demorou pouco tempo. Resolveu
então demandar a capital do império romano ; o seu plano
era empreender uma expedição evangélica para a Espanha,
passando por Jerusalém e Roma. Os judeus, porém, frustra-
ram a execução dêste desígnio. Só depois de preso dois anos
em Cesar éia chegou a Roma, onde foi guardado no cárcere
mais dois anos (At 18, 23-28, 31).
8. Nesta altura, emudecem subitamente as notícias
que os Atos dos Apóstolos fornecem do grande arauto do evan-
gelho. A tradição, porém, refere que, terminados os dois
Vida e Epístolas de São Paulo 279

anos de prisão em Roma, foi são Paulo posto em liberdade,


e empreendeu uma viagem para a Espanha (Rm 15, 24. 28);
regressou para o oriente, e, tornando a Roma, foi preso pela
segunda vez, morrendo pela espada, como cidadão romano,
no ano 67.
2. Epístolas paulinas em geral
1. São 14 as epístolas que devemos ao amor pater-
nal eá incansável solicitude que São Paulo votava ás cristan-
dades da época. Entretanto, é certo que o apóstolo escre-
veu mais cartas desse género. Assim, por exemplo, alude
em 1 Cr 5, 9 a uma carta aos coríntios, anterior á que hoje
intitulamos a primeira aos coríntios ; em Cl 4, 16 faz menção
de uma epístola aos laodicenses ; a julgar por Fp 3, 1, parece
que São Paulo escreveu ainda outra carta aos filipenses ante-
rior á que possuímos.
2. Algumas das epístolas se dirigem a uma ou mais
igrejas, outras a pessoas particulares. A sucessão que osten-
tam no cânon da igreja não obedece á ordem cronológica da
sua origem, mas antes ao prestígio de que gozavam as res-
petivas cristandades ou pessoas. Faz exceção desta regra
a epístola aos hebreus, que, a principio, não era universal-
mente reconhecida na igreja ocidental.

paulinas.3. E' Sãoriquíssimo


Crisóstomoo conteúdo
compara-asdoutrinário
a grandesdasminas
epístolas
que
conteem inesgotável abundância dos mais preciosos metais ;
diz ainda que são como outras tantas fontes perenes, maravi-
lhosos mananciais, que tanto mais água fornecem quanto mais
se lhes tira. Santo Tomaz d' Aquino encontra condensada nas
epístolas
fundamental de queSão passa
Paulo por
"quase
todas toda a teologia".
as cartas A ideia
é o pensamento
da universalidade do cristianismo, cujas bênçãos quer Deus
fazer reverter em beneficio de toda a humanidade, tanto
judeus como pagãos.
4. Todas as epístolas de São Paulo foram redigidas
em grego. Ainda que o apóstolo conhecesse perfeitamente
esta lingua, contudo, devido á escassez do tempo e á multi-
plicidade dos trabalhos, não lhe era possível prestar a neces-
sária atenção á forma estilística. Costumava ditar as suas
missivas (Rm 16, 22 ; 2 Ts 3, 17 ; 1 Cr. 16, 21 ; Gl 6, 11) ;
mas a pena do amanuense não valia seguir a extraordinária
vivacidade do espirito de Paulo ; no meio da frase acudiam
não raro idéias novas á mente do autor, e ás vezes conclue o
período com imagens diversas das que formam o principio.
A facilidade e a rapidez de concepção, e a torrente riquíssima
de grandes idéias a brotarem impetuosamente da alma do
apóstolo, nem sempre favoreciam um desenvolvimento sereno
e harmónico da forma exterior. Daí essas frases obscuras e
280 Vida e Epístolas de São Paulo

dificilmente inteligiveis que frequentemente se nos deparam


nas epístolas paulinas (cf. 2 Pd 3, 16).
Mas, ainda assim, não há quem não sinta, nessas
cartas, uma eloquência espontânea que tudo empolga e
arrebata. A cada passo recorre o autor a figuras e alegorias
muito apropriadas, não regateia perguntas e exclamações
cheias de vida, lança mão de frequentes jogos de contrastes,
graduações e outros recursos retóricos (1 Cr 9, 1-13 ; 13
1-3 ; 2 Cr 4, 8-12 ; 4, 5-10). O que mais que tudo carateriza
o estilo de São Paulo é um extraordinário vigor e energia de
expressão. "Toda a vez que leio são Paulo — diz São Jerô-
daquelenimo — julgo
espiritoouvir, não palavras,
privilegiado, mas trovões".
e a riqueza A agudeza
daquele coração de
fogo ciaemprestam á linguagem
e fascinante beleza. de Paulo incomparável veemên-

5 . A forma exterior das epístolas obedece ás forma-


lidades gerais da época : a principio se lê o nome do remetente,
o destinatário e a competente fórmula de bênção. Seguem-se,
por via de regra, umas palavras de agradecimento e de inter-
cessão. Vem depois o corpo da epístola, que, geralmente
abrange duas partes, ocupando-se a primeira com a exposição
e demonstração de alguma verdade dogmática, enquanto
a segunda parte tira consequências práticas para a vida re-
ligiosa emoral.
Rematam a carta algumas comunicações pessoais,
saudações e votos de felicidade.
EPISTOLA AOS ROMANOS

introdução

1 . Roma recebeu o evangelho da Palestina, ou me-


lhor, de Jerusalém. As primeiras noticias da redenção aí
chegaram bem cedo, não muito após a vinda do Espirito
Santo sôbre os apóstolos (At 2, 10). Como fundador da igreja
romana dá-nos a antiguidade cristã o apóstolo Pedro, o qual,
em face da perseguição movida por Herodes Agripa, abando-
nou a Palestina no ano 42 (At 12, 17). Compunha-se a cris-
tandade romana, a principio, de judeu-e étnico-cristãos ;
mas não tardou a cortar as relações com a sinagoga de Israel
razão por que não foi atingida pelo edito de expulsão do im-
perador Cláudio, nos anos 50-51. A partir desta data, predo-
minava oelemento étnico-cristão. E* devido a esta circuns-
tância que São Paulo, na qualidade de apóstolo dos gentios,
vê na igreja romana uma esfera de ação que lhe dizia respeito,
e saúda os leitores como neófitos vindos do paganismo (Rm
1, 5 s ; 15, 14-16 ; 11, 13).
Enquanto a Galácia e Corinto se viam frequentemen-
te perturbadas pelas doutrinas dos judaizantes, florescia
em Roma uma cristandade tão tranquila e bem organizada,
que São Paulo não hesita em associar-se ao hino de louvor
que todo o mundo cantava aos cristãos da capital do império ;
agradece a Deus por aquela vida exemplar e exalta a dedi-
cação que os discípulos testemunhavam á causa do evangelho
(Rm 1, 8; 15, 14 ; 16, 17-19).
2. Qual a ocasião desta epístola ? Antes de tudo,
queria São Paulo apresentar-se á cristandade de Roma,
preparar a sua próxima chegada á metrópole e despertar nos
leitores o interêsse pela planejada excursão apostólica para
a Espanha (Rm. 1, 10-13 ; 15, 21-33). Mas visava ainda um
fim superior : tencionando demorar-se pouco tempo em
Roma, achou conveniente expor em carta o programa do seu
evangelho, realçando principalmente a doutrina que tão ar-
dentemente advogava, a saber : a justificação do homem
pela fé em Jesus Cristo. De maneira que a epístola aos ro-
manos nasceu, a bem dizer, da missão característica do após-
tolo das
como desculpa gentes. ouE' justificativa
também essa da missão tão sua que
liberdade que toma
ele alega
em
escrever aos cristãos de Roma e confimrá-los na fé recebida
de São Pedro e seus discípulos (15, 15).
282 Epístola aos Romanos — Introdução

3. No tempo em que São Paulo escrevia esta carta,


acabava de ultimar os seus labores no oriente e estava pres-
tes a partir para Jerusalém e levar aos cristãos daí o resultado
das coletas feitas na Macedónia e na Acaia (15, 19-26). Ora,
sendo que a carta foi escrita em Corinto (cf Rm 16, 23 com
1 Cr 1 , 14), temos de localizar a sua composição no fim da per-
manência do apóstolo em Corinto, isto é, por volta do ano 58.
4 A autenticidade do documento está fora de duvida.
Dele já se servia Clemente Romano ; Justino, Ireneu, Cle-
mente de Alexandria, Tertuliano e outros citam-no sob o
titulo de : Epístola de São Paulo aos romanos.
EPISTOLA DE SÃO PAULO AOS ROMANOS

Paulo,

servo de Jesus Cristo, chamado a ser apóstolo, escolhido para 1


o evangelho, que Deus prenunciara pelos profetas nas sagra- 2
das escrituras sobre seu Filho — o qual, segundo a carne, é
descendente de Davi, mas segundo o Espírito Santo, pela 3
ressurreição dentre os mortos, foi poderosamente demons- 4
trado como Filho de Deus - — Jesus Cristo, Senhor nosso.
Por seu intermédio é que recebemos a graça do apostolado, 6
afim de sujeitar á fé, pela glória de seu nome, todos os povos
gentios, de que fazeis parte também vós, chamados por Jesus 6
Cristo.
A todos os de Roma, queridos de Deus e chamados a 7
ser santos, a graça e a paz vos sejam dadas por Deus, nosso
Pai, e pelo Senhor Jesus Cristo.
Agradecimento e petição. Antes de tudo, dou s
graças a meu Deus, mediante Jesus Cristo, por todos vós,
porque a vossa fé é preconizada em todo o mundo. Deus, 9
a quem sirvo em meu espirito pela evangelização de seu Filho,
me é testemunha de que sem cessar vos trago na lembrança,
e não deixo de suplicar em minhas orações me seja concedido, 10
finalmente, visitar-vos, se Deus quiser.
municarE' algum
que estou
dom com saudades
espiritual que devosvosfortaleça,
ver, afim oudemelhor
vos co-: 11
para nos fortalecermos mutuamente pela nossa fé comum, 12
tanto vossa como minha. Quero que não ignoreis, meus ir- 13
mãos, que já muitas vezes tenho tido intenção de vos visitar;
mas até agora não me tem sido possivel. Pois quisera colher
algum fruto no meio de vós, assim como entre outras nações.
Porquanto sou devedor a gregos e bárbaros, e sábios e igno- 1i
rantes. Da minha parte estou pronto a anunciar o evangelho 15
também a vós, em Roma.
Pois não me envergonho do evangelho, porque é 16
virtude divina para dar salvação a todo o homem que crê,
em primeiro lugar para o judeu, mas também para o gentio.
Pois nêle se patenteia que Deus justifica pela fé e para a fé, n
conforme está escrito : "O justo vive da fé".
284 Romanos 1, 18 — 2, 1

JUSTIFICAÇÃO POR JESUS CRISTO


Necessidade universal da justificação
Estado moral dos gentios. Idolatria pagã. Tôda
a impiedade e injustiça dos homens, que com a sua injustiça
oprimem a verdade, faz descer do céu a ira divina.
Pois, o que de Deus se pode conhecer, bem o conhecem
20 eles ; Deus lho manifestou. Com efeito, desde a criação do
mundo, pode a inteligência contemplar-lhe visivelmente nas
obras o ser invisível : o seu eterno poder como a sua divindade.
21 De maneira que eles não teem excusa ; pois, embora conhe-
ces em aDeus, não o glorificaram como Deus, nem lhe ren-
deram graças. Antes se entregaram a pensamentos fúteis,
z2 e obscureceu-se-lhes o coração insensato ; pretenderam ser
23 sábios, e tornaram-se estultos. Trocaram a glória de Deus
imperecível por imagens de homens perecedores, de aves, de
quadrúpedes e de reptis.
24 Luxúria pagã. Por isso os entregou Deus á impureza
pelos apetites dos seus corações, a ponto de cometerem infâ-
25 mias nos corpos uns dos outros. Trocaram o Deus verdadeiro
por ídolos falsos, prestando culto e adoração ás criaturas,
em vez do Criador, que é bendito para sempre. Amen.
Por esta razão os entregou Deus a paixões infames.
As suas mulheres converteram as relações naturais em rela-
2< ções
tambémcontra a natureza.
os homens Da mesma
o comércio natural forma,
com a abandonaram
mulher, e se
abrasaram de volúpia uns para com os outros ; homens pra-
ticaram torpezas com homens ; e chegaram a experimentar
em si mesmos o justo castigo dos seus desvarios.
E, uma vez que se negaram a reconhecer a Deus, en-
tregou-os Deus aos seus sentimentos depravados de modo
29 que cometeram inconveniências, repletos de toda a injustiça,
malícia avareza, perversidade ; cheios de inveja, homicídios
,i0 discórdias, dolo, astúcia; são murmuradores, caluniadores,
impios, escarnecedores, soberbos, fanfarrões ; inventores de
31 maldades, insubmissos aos pais ; insensatos, homens sem
32 palavra, sem caridade nem piedade. Embora conheçam os
preceitos de Deus, que declaram réus de morte aos que tais
coisas praticam, contudo não somente as cometem eles mesmos,
senão ainda aplaudem os que assim procedem.
Z Estado moral dos judeus. Bitola divina. Por
isso é inexcusável, ó homem, quem quer que sejas, se te ar-
voras em juiz ; porque pelo fato de julgares o próximo con-

18 — verdade de Deus 29 — malícia, luxuria,


32 — Embora conheçam a justiça de Deus, não compreenderam que são
réus' de morte os que tais coisas praticam ; e não somente os que
tal cometem, mas também os que aplaudem aos que assim pro-
cedem,
Romanos 2, 2 — 26

dcnas-te a ti mesmo, uma vez que cometes aquilo mesmo


que condenas. Ora, sabemos que Deus julgará segundo a 2
verdade aos que tais coisas praticam. Cuidas, porventura, 3
escapar ao juízo de Deus, ó homem, que cometes o mesmo
que aqueles que condenas ? Ou desprezas a riqueza da sua 4
bondade, paciência e longanimidade ? ignoras, acaso, que a
bondade de Deus quer levar-te á conversão ?
Mas com essa dureza e esse coração impenitente 5
vais acumulando ira para o dia da ira e da revelação do justo
juízo de Deus, que a cada um retribuirá segundo as suas 6
obras : a vida eterna aos que perseverarem na prática do bem 7
e aspirarem á glória, á honra e á incorruptibilidade ; a ira, s
porém, e a indignação aos obstinados, aos que contradisserem
á verdade e se guiarem pela injustiça. Tribulação e angustia o
sobreveem á alma de todo o homem que praticar o mal, pri-
meiramente aojudeu, mas também ao gentio ; ao passo que io
aos que praticarem o bem lhes caberá glória, honra e paz,
em primeiro lugar ao judeu, e depois ao gentio. Porque n
Deus não conhece acepção de pessoas.
A posse da lei. Os que pecarem sem a lei, fora 12
da lei perecerão ; e os que pecarem sob a lei, á luz da lei
serão julgados. Porquanto, não serão justos perante Deus 13
os que ouvem a lei, mas, sim, os que cumprem a lei, esses
éque serão declarados justos. Quando os gentios, que não 14
possuem a lei, fazem de modo natural o que pede a lei,
então eles, que não teem a lei, servem de lei a si mesmos ;
por sinal que mostram levar gravada no coração a essência 15
da lei. E' o que lhes testificam a conciência, e os pensamentos 16
a se acusarem ou defenderem mutuamente — no dia em que
Deus há de julgar, por Jesus Cristo, os segredos humanos,
consoante o meu evangelho.
Jactância dos judeus. Dizes que és judeu, confias 17
na lei e te ufanas de Deus ; conheces a sua vontade, e, ins- ia
truído pela lei, sabes o que é bom e o que é mau ; tens-te
em conta de guia dos cegos, luzeiro dos que vivem em trevas, i«,
doutor dos ignorantes, mestre dos pequeninos, de homem 20
que na lei possue a expressão do conhecimento e da verdade
— e tu, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo ? 21
pregas que não se deve furtar — e furtas ? dizes que não se 22
deve cometer adultério — e cometes adultério ? detestas os
ídolos — e cometes sacrilégio ? glorias-te da lei — e desres- 2:s
peitas a Deus pela transgressão da lei ? Pois, é por vossa
b 52,5 culpa que se ultraja o nome de Deus entre os gentios, como 24
diz a escritura.
Valor da circuncisão. A circuncisão é de proveito, 25
sim, no caso que observes a lei ; mas, desde que te constituas
transgressor da lei, a circuncisão se te mudou em incircunci-
são. vSe, pelo contrário, um incircunciso observar os dispo- 26
sitivos da lei, porventura não valerá por circuncisão o seu
Romanos 2, 27 — 3, 20

27 estado de incircunciso ? E, assim, quem é por natureza


incircunciso, mas observa a lei, te há de julgar a ti, que, a
despeito da letra e da circuncisão, és transgressor da lei.
2* Porquanto, não é judeu quem o é apenas no exterior; nem é cir-
cuncisão a que se faz apenas exteriormente, na carne; mas
29 judeu é aquele que o é no seu interior ; e circuncisão é a que
está no coração, no espírito, e não segundo a letra ; e, embora
êsse não tenha elogio dos homens, tem-no da parte de Deus.
3 Privilégios dos judeus. Que vantagem tem, pois,
o judeu ? que proveito traz a circuncisão ? Muito, em todo
2 o sentido. Em primeira linha, porque lhes foram confiados os
3 oráculos de Deus. Que importa que alguns tenham, recusado
crer ? será que a sua descrença anula a fidelidade de Deus ?
4 Certo que não. Deus há de provar-se verdadeiro, seja embora
todo o homem mentiroso, conforme está escrito : "Que
apareças justo em tuas palavras, e vencedor, quando con- sl 50-6
traditado".
5 Mas, se a nossa injustiça põe em relevo a justiça de
Deus, que diremos a isto ? que Deus é injusto — humanamen-
te falando — em executar a sentença da sua ira ? Não, por
certo. Do contrário, como havia Deus de julgar o mundo ?
7 Mas, se a veracidade de Deus aparece maior e mais gloriosa
em face da minha falsidade, por que ainda me condenam como
S pecador ? e por que não diriamos então o que alguns, calu-
niosamente, nos põem na boca : "Pratiquemos o mal para
que dele nasça o bem ?" Mas êsses tais terão o castigo mere-
cido.
Miséria universal. Que se segue, pois, daí ? que
nós levamos vantagem sobre eles ? De forma alguma. Aca-
bámos de demonstrar que todos, tanto judeus como gentios,
10 estão sujeitos ao pecado. Diz a escritura : "Ninguém é justo, sl lM
1 1 nem um só ; não há quem ande com critério, não há quem
12 procure a Deus. Todos se extraviaram, todos juntos se per-
deram. Não há quem pratique o bem, não há um sequer. ^ií^J
j3 As suas fauces são sepulcro aberto, cometem fraude com a
língua, trazem veneno de serpente nos lábios ; a sua boca está
1 * cheia de maldição e aspereza ; velozes são os seus pés para
1 5 derramar sangue ; perdição e desgraça assinalam seus ca- js 5g 7
16 minhos ; ignoram o caminho da paz, e o temor de Deus é si 35,2
17 desconhecido a seus olhos.
18 Ora, nós sabemos que tudo quanto a lei diz dí-lo para
os que estão sob a lei, afim de que se cale toda a bôca, e todo
1 o mundo se sujeite ao juizo de Deus; porque a seus olhos
20 nenhum homem será justificado pelas obras da lei. A lei
serve apenas para conhecer o pecado.

3 — alguns deles
287
Romanos 3, 21 — 4, 12

Processo da justificação
A fé em Jesus Cristo. Agora, porém, se tornou 21
patente que somos justificados por Deus, sem a lei — justi-
ficação essa indigitada pela lei e pelos profetas -— a justifi- 22
cação que vem de Deus. graças á fé em Jesús Cristo, para
todos os que crerem. Não há distinção alguma. Todos 28
pecaram e estão privados da glória de Deus. Mas são justi- 24
ficados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção
de Jesús Cristo, a quem Deus constituiu, pela fé, vítima de 25
propiciação, em virtude do seu sangue, no intuito de paten-
pecados tear a suaanteriores,
justiça. paraE' quemanifestar,
na sua longanimidade tolerara
no tempo presente, a suaos 26
justiça ; porque queria mostrar-se justo, e também tornar jus-
to a todo o homem que tivesse fé em Jesús.
Que é, pois, da ufania ? Está excluída. Em virtude 27
de que lei ? das obras ? Não ; em virtude da lei da fé. Pois 23
estamos convencidos de que o homem é justificado pela fé,
sem as obras da lei. Acaso é Deus apenas Deus dos judeus, 29
e não dos gentios ? Também dos gentios, é certo. Porque há no
um só Deus, que, em atenção á fé, justifica os circuncisos ;
e, pela fé, os incircuncisos. Suplantamos, pois. a lei pela fé ? 31
De modo nenhum ; antes confirmamos a lei.
Exemplo de Abraão. Que diremos ? que alcançou 4
Abraão, nosso pai segundo a carne ? Se Abraão se justificasse 2
pelas obras, teria de que gloriar-se. Mas não é o que acontece.
Com efeito, que diz a escritura ? "Abraão creu em Deus, e 3
isto lhea foi
obras, essetido não emse conta de justificação".
lhe atribue a recompensa Quemcomo pratica
graça, 4
mas, sim, como merecimento. Quem, pelo contrário, não tem 5
obras, mas crê naquele que justifica o pecador, a este é impu-
tada a fé como justi) icação. Tanto assim que Davi chama 6
bem-aventurado ao homem a quem Deus concede a justifi-
cação independenteforam
cujas iniquidades das perdoadas,
obras : "Bem-aventurado
e cujos pecados aquele
foram 7
cobertos. Bem-aventurado o homem cujo pecado o Senhor 8
não toma em conta".
Ora, valerá esta bem-aventurança tão somente para 9
os circuncidados ? ou também para os incircuncisos ? Pois
dizemos que a fé foi imputada a Abraão como justificação.
De que modo lhe foi imputada ? depois de circuncidado, ou 10
antes de circuncidado ? Não foi depois da circuncisão, mas
antes da mesma ; tanto assim que só recebeu o sinal da cir- n
cuncisão como sigilo da justificação — justificação, que al-
devia êlecançaratornar-se
antes de circuncidado,
o pai de em virtude
todos da fé. incircunci-
os crentes Dest'arte,
sos. para que também a eles lhes fosse levada em conta a jus-
tificação. Devia, outrossim, ser pai dos circuncidados, dos 12
22 — para todos e sôbre todos os que nele crerem. 26 — Jesús Cristo
5 — justificação segundo o desígnio da graça de Deus,
288 Romanos 4, 13 — 5, 8

que não somente teem a circuncisão, mas também seguem as


veredas
cuncidado.da fé, que nosso pai Abraão já possuía antes de cir-
13 A promessa e a fé. Não foi em virtude da lei que
a Abraão e a seus descendentes coube a promessa de serem
herdeiros do mundo ; mas, sim, pela justificação mediante
j4 a fé ; pois, se só os adeptos da lei fossem os herdeiros, seria
desvirtuada a fé, e sem valor a promessa, tanto assim que a
15 lei não é senão causa de castigo. Mas onde não há lei não há
transgressão. Logo, em virtude da fé e, portanto, pela graça.
16 Assim é que a promessa é garantida para todos os descen-
dentes, enão somente para os adeptos da lei, mas também
para os que possuem a fé que teve Abraão, o pai de todos nós
— conforme está escrito : "Destinei-te para pai de muitos Gn 17,
17 povos"
Deus, que— dápaivida de todos nós perante
aos mortos e chama Deus, no qualo que
á existência teve não
fé,
existe.

1**e creu Abraão


que seria epaia defé.numerosos
Contra toda
povos, a porque
esperança esperou
isto lhe fora
19 dito : "Assim será a tua descendência' . Não vacilou na fé, Gn 15'
embora visse esmorecer-se-lhe o corpo — tinha quase cem
20 anos — e definhar o seio de Sara. Não descreu da promessa
21 de Deus, antes se mostrou forte na fé, e glorificou a Deus, na
firme convicção de que êle é poderoso para cumprir o pro-
22 metido. Por isso lhe foi levado em conta de justificação.
23 Mas não somente por causa dêle mesmo está escrito
que lhe foi levado em conta, senão também por causa de
24 nós ; porque também a nós nos será levado em conta, se
crermos naquele que ressuscitou dentre os mortos a nosso
25 Senhor Jesús, o qual por nossos pecados foi entregue, e foi
ressuscitado para nossa justificação.

Efeitos da justificação
5 Reconciliação com Deus. Justificados pela fé, te-
2 mos paz com Deus, por nosso Senhor Jesús Cristo. Por êle é
que, em virtude da fé, temos acesso á graça, em que estamos
3 firmes, e nos ufanamos, esperando a gloria de Deus. E não
somente isto : ufanamo-nos até na tribulação, certos de que a
4 tribulação produz a paciência, a paciência a prova, a prova a
5 esperança. A esperança, porém, não ilude ; porque a cari-
dade de Deus está derramada em nosso coração pelo Espírito
Santo, que nos foi dado. Quando éramos ainda fracos, em
7 boa hora morreu Jesús Cristo pelos pecadores. Dificilmente
haverá quem se entregue á morte por um justo ; e, ainda que
8 alguém se anime a morrer por um homem de bem, Deus prova
a caridade para conosco pelo fato de têr Cristo morrido por

23 — conta de justificação 24 — Jesús Cristo 2 — glória dos filhos


Romanos 5, 9 — 6, 5 289

nós quando éramos ainda pecadores. Ora, justificados por 9


seu sangue, ainda muito mais seremos por ele preservados
da ira. Se, pela morte de seu Filho fomos reconciliados com 10
Deus, quando inimigos, muito mais seremos salvos por sua
vida, depois de reconciliados. E não somente isto : Também 1 1
nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo
qual acabamos de alcançar a reconciliação.
Adão e Cristo. Portanto, por um só homem entrou 12
no mundo o pecado, c, pelo pecado, a morte ; e assim passou
a morte a todos os homens, porque todos pecaram. Já antes 13
da lei havia pecado no mundo, mas onde não havia lei não
era imputado o pecado. Reinava a morte desde Adão até 14
Moisés, e também sobre os que não tinham como Adão
pecado
do pela transgressão
que estava por vir. da lei. E" êsse Adão uma figura
Entretanto, com a graça de Deus não se dá o mesmo 15
que com o pecado. Se pelo delito de um só se tornaram réus
de morte esses muitos, pela graça de um só homem, Jesús
Cristo, se derramou sobre esses muitos abundância do dom
gratuito de Deus. Com a graça não acontece o mesmo que 16
com o pecado de um homem : se a sentença sobre um só
levou todos á condenação, a graça leva, através de muitos
pecados, á justificação.
Porque, se, pelo delito de um, e por causa de um só, 17
reinou a morte, muito mais reinará a vida naqueles que por
um só, Jesús Cristo, receberam abundância do dom gratuito
da justificação.
Por conseguinte, assim como, pelo pecado de um só, 1S
todos os homens se tornaram réus de condenação, assim por
um só, que era justo, veio a justificação e a vida. E como, 19
pela desobediência de um só homem, se tornaram pecadores
esses muitos, assim, pela obediência de um só, êsses muitos
se tornarão justos.
Sobreveio a lei para que abundassem os pecados ; 20
mas, onde abundava o pecado, superabundava a graça. Assim, 21
pois, como o pecado ostentava o seu poder pela morte, assim
também a graça, em virtude da justificação para a vida eterna,
ostentará o seu poder por Jesús Cristo, nosso Senhor.
Morto para o pecado. Que diremos, pois ? conti- 6
nuaremos a viver em pecado para que tanto mais abunde a
graça ? De certo que não. Uma vez que morremos para o 2
pecado, como continuaríamos a viver nele ? Ignorais, acaso, 3
que todos nós, que fomos submersos na água batismal em
Cristo Jesús, fomos submersos na sua morte? Pelo que,
submersos no batismo da morte, fomos com êle sepultados. 4
E assim como Cristo ressuscitou dentre os mortos pela glória
do P?j, assim vivamos também nós vida nova. Se temos, 5
por assim dizer, íntima união vital c©m a sua morte, tê-la-
3 — nós, em boa hora
Romanos 6, 6 — 7, 4

6 emos igualmente com a sua ressurreição. Porquanto, sabemos


que foi crucificado em nós o homem velho, para que pereça o
corpo pecaminoso, e doravante não mais sirvamos ao pecado.
7 Pois quem morreu está livre do pecado.
S Ora, uma vez que com Cristo morremos, temos fé
9 que também com Cristo viveremos. Pois sabemos que Cristo,
ressuscitado da morte, não torna a morrer ; a morte já não
10 tem poder sobre ele. Morrendo, morreu uma só vez pelo pe-
n cado ; vivendo, porém, "vive só para Deus. Semelhantemen-
te, considerai- vos também vós como mortos para o pecado,
mas vivos para Deus, em Cristo Jesús.
12 Não há de, portanto, reinar o pecado em vosso corpo
13 mortal, para obedecerdes ás suas paixões. Não entregueis
ao pecado vossos membros, como instrumentos de iniquidade;
mas entregai-vos a Deus, como quem passou da morte para
a vida ; e oferecei os vossos membros a Deus, como instru-
,4 mentos de justiça. Pois, o pecado não deve mais ter poder
sobre vós, uma vez que não vos achais sob o regime da lei,
mas, sim, da graça.
!5 Vivo para Deus. Que se segue daí ? que podemos
pecar, por não vivermos sob o regime da lei, mas da graça 1
16 De forma alguma ! Não sabeis que como escravos tereis de
obedecer a quem como escravos vos entregardes — quer seja
ao pecado, que leva á morte, quer seja á obediência, que
17 leva á justificação ? Graças a Deus! escravos, outrora, do
pecado, abraçastes de todo o coração a doutrina em que fostes
iniciados ; e, livres do pecado, passastes a servir á justiça.
is Falo á maneira dos homens, em atenção á fraqueza da vossa
19 carne. Do mesmo modo que pusestes vossos membros ao
serviço da impureza e da iniquidade, vivendo iniquamente,
assim ponde agora os vossos membros ao serviço da justiça,
2'» vivendo santamente. Enquanto éreis escravos do pecado.
21 estáveis privados da justiça. Que fruto tirastes das coisas
22 de que agora vos envergonhais ? pois, o fim delas é a morte.
Agora, porém, livres do pecado e feitos servos de Deus, possuís
como fruto a santidade, e como têrmo final a vida eterna.
23 Porque o salário do pecado é a morte ; a graça de Deus,
porém, é a vida eterna, em Cristo Jesús, Senhor nosso.
7 Libertação da lei mosaica. Não sabeis, irmãos —
falo a quem conhece a lei — que a lei só tem poder sobre o
2 homem enquanto ele vive ? Assim, a mulher casada está
obrigada á lei enquanto o marido vive ; morrendo o marido.
3 não está mais ligada ao marido pela lei. Se em vida do marido
se entregasse a outro homem, seria chamada adúltera . Mas.
falecido o marido, está livre em face da lei, e não será adúltera,
se se entregar a outro homem.
4 Assim também vós, meus irmãos, pelo corpo de Cristo
estáis mortos para a lei, e pertenceis a outrem, àquele que
U — Jesús, nosso Senhor.
Romanos 7, 5 — 8, 2 291

ressurgiu dentre os mortos. Produzamos, pois, fruto para Deus. 6


Enquanto vivíamos ao sabor da carne, as paixões desperta-
das pela lei nos faziam produzir fruto para a morte; agora, 6
porém, somos livres da lei, e pela morte libertos das suas al-
gemas; pelo que servimos segundo um espírito novo, e não
mais segundo a letra antiga.
A lei e o pecado. Que diremos, pois ? que a lei é 7
pecado ? De modo algum ! mas é que eu não cheguei a conhe-
cer o pecado senão mediante a lei. Pois, nada saberia da con-
Fx. 20, cupiscência,
17 que o mandamento se a lei não
serviudissesse: "Nãoao cobiçarás".
de ensejo pecado, paraDedesper-
modo s
tar em mim toda a espécie de concupiscência. Onde não há
lei está morto o pecado. Outrora, vivia eu sem a lei ; mas, 9
assim que veio o mandamento, despertou o pecado ; e eu
morri. Assim foi que o mandamento, em vez de levar á vida, 10
me levou á morte. Pois o pecado, encontrando ensejo no n
mandamento, iludiu-me e precipitou-me na morte. A lei, por
conseguinte, é santa. O mandamento é santo, justo e bom. 12
De maneira que uma coisa boa se me tornou causa y*,
de morte ? De modo algum. Antes devia o pecado revelar-se
como pecado, levando-me á morte por meio daquilo que era -
bom; devia o pecado revelar, á luz do mandamento, o quanto
encerra de excessivamente pecaminoso.
A lei e o homem. A lei, como sabemos, é espiritual, 14
ao passo que eu sou carnal, vendido ao pecado. Não compreen- 15
do o meu modo de agir ; pois não faço aquilo que quero, mas,
sim, aquilo que aborreço. Ora, se faço o que não quero, dou 16
razão á lei. Mas, neste caso, já não sou eu quem age, age o 17
pecado que em mim habita. Pois sei que em mim — isto é, 18
em minha carne — não habita o que seja bom. Está em mim
ofaço
"querer"
o bem oquebem, mas mas
quero, não faço
o "executar". Com quero.
o mal que não efeito, Ora,
não 20rj
se faço o que não quero, já não sou eu quem age, mas, sim, o
pecado que em mim habita. Encontro, pois, esta lei : quando 21
quero fazer o bem sinto-me mais inclinado ao mal. Segundo 22
o homem interior, acho satisfação na lei de Deus ; mas per- 2â
cebo nos meus membros outra lei, que se opõe á lei do meu
espírito e me traz cativo sob a lei do pecado, que reina nos
meus membros.
Infeliz de mim ! quem me libertará deste corpo mor- 24
tífero ? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor. -5
De maneira que, segundo o espírito, sirvo á lei de Deus;
segundo a carne, porém, á lei do pecado.
Felicidade do estado da graça. Assim, já não se 8
encontra nada de condenável naqueles que estão em Cristo
Jesús; porque a lei do espírito, que dá a vida em Jesus Cristo, 2
14 — quero, o bem, 15 — aborreço, o mal. 24 — A graça de Deus
1 — Jesús, e não vivem segundo a carne
Romanos 8, 3 — 25

3 te livrou da lei do pecado e da morte. Pois, o que era impossí-


vel á lei, porque desvirtuada pela carne, isto fez Deus en-
viando seu Filho na figura da carne pecadora e por causa do
pecado, condenando na carne dêle o pecado, afim de que as
4 justas exigências da lei achassem cumprimento em nós, que
já não vivemos ao sabor da carne, mas segundo o espirito.
5 Os que vivem segundo a carne apetecem o que é carnal ;
os que vivem segundo o espírito apetecem o que é espiritual.
6 O que a carne apetece é morte, o que o espírito apetece é
7 vida e paz. Pois, o apetite da carne é inimigo de Deus ;
3 não se sujeita á lei de Deus, nem o pode. Os que andam ao
9 sabor da carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não
andais segundo a carne, mas segundo o espírito — se é que o
espírito de Deus habita em vós. Mas quem não possue o
LO espírito de Cristo não pertence a ele. Se, porém, Cristo ha-
bitar em vós, morra embora o corpo, em consequência do
pecado, o espírito vive, graças á justificação. Se habitar
11 em vós o espírito daquêle que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, então esse mesmo que ressuscitou dentre os mortos
a Cristo Jesus há de vivificar também o vosso corpo mortal,
por meio do seu espírito, que em vós habita.
12 Filhos de Deus. Pelo que, não devemos á carne
13 vivermos segundo a carne. Se viverdes segundo a carne,
morrereis. Mas, se pelo espírito mortificardes os apetites
14 da carne, vivereis. Porque todos os que se guiam pelo espí-
15 rito de Deus são filhos de Deus. Porquanto, não recebestes
o espírito da escravidão para andardes novamente com
temor ; mas recebestes o espírito da filiação adotiva, que nos
IS
17 diz aoexclamar:
faz "Abba,
nosso espírito que Pai"
somos! filhos
Fsse de
mesmo
Deus. espírito
Ora, se ésomos
que
filhos, também somos herdeiros — herdeiros de Deus e co-
herdeiros de Cristo — contanto que padeçamos com ele
para sermos com ele glorificados.
18 Glória celeste. Pois eu tenho para mim que os pa-
decimentos dotempo presente não se comparam com a glória
19 futura que se há de revelar em nós. Porquanto, os anseios
da criação são anseios pela revelação dos filhos de Deus.
20 A criação foi sujeita á corruptibilidade, não por vontade pró-
21 pria; mas por aquele que a sujeitou. Mas a criação tem es-
perança de ser libertada da escravidão do ccrruptivel e alcan-
22 çar a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Com efeito,
sabemos que toda a criação geme e sofre dores de parto até
23 ao presente. E não somente ela, como também nós, que
possuímos as primícias do espírito, gememos em nosso inte-
24 rior, ansiando pela redenção do nosso corpo e pela filiação
divina. Ainda que salvos, continuamos a viver esperando. O
que se vê cumprido não mais se espera. Pois como se pode
esperar o que se tem visivel diante de si ?
25 Mas o que não vemos isto é que esperamos e aguarda-
mos com paciência.
Romanos 8, 26 — 9, 7 293

Do mesmo modo, vem também o espírito em auxílio 26


da nossa fraqueza; porque não sabemos o que seja pedir ás
direitas. Por isso é que o espírito intercede por nós com
gemidos súplices, que não se exprimem por palavras. Mas 27
aquêle que perscruta os corações sabe o que o espírito deseja,
porque intercede pelos santos, segundo a vontade de Deus,
Sabemos que todas as coisas redundam em beneficio 28
dos que amam a Deus, porque segundo os seus designios são
chamados. Porque, aos que Deus de antemão conheceu 29
também os predestinou a se assemelharem á imagem de seu
Filho, para que este seja o primogénito entre muitos irmãos,
e aos que predestinou também os chamou. E aos que chamou 3o
justifica-os. E aos que justifica condú-los á glória.
Exaltação da graça divina. Que diremos a isto ? 31
Se Deus é por nós quem será contra nós ? Se nem poupou
ao próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos 32
daria tudo juntamente com êle ? Quem acusaria os eleitos 33
de Deus ? Deus é que os justifica. Quem os condenaria ? 34
Cristo Jesus lá está. Morreu, e até ressuscitou e está sentado
á direita de Deus, intercedendo por nós. Quem nos separaria as
do amor de Cristo ? a tribulação ? a angustia ? a persegui-
ção ? a fome ? a desnudez ? o perigo ? a espada ? — pois
está escrito : "Por tua causa estamos sendo trucidados, dia 3G
adia;
isto somos somosvencedores
quais ovelhas
pela devirtude
matadouro".
daquêle —queMasnosdeamou.
tudo 37
Estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem 38
potestades, nem coisas presentes, nem futuras, nem potências,
nem o que há nas alturas, nem nas profundezas, nem criatura 39
alguma será capaz de nos separar do amor de Deus, que está
em Cristo, nosso Senhor.

Israel e a justificação
Interesse do apóstolo pela sorte de Israel. Digo a 9
verdade — por Cristo, que não minto ! — a consciência me
dá testemunho pelo Espírito Santo de que é grande a minha
tristeza, incessante a dôr do meu coração. Quisera eu mesmo 2
carregar a maldição, ser banido de Cristo, em lugar de meus 3
irmãos, patricios meus segundo a carne. São israelitas. Deles 4
é que são a filiação adotiva, a gloria, as alianças, a legis-
lação, oculto, as promessas. Dêles são os patriarcas. Deles 5
descende Cristo segundo a carne, êle, que está acima de tudo,
Deus bendito para sempre. Amen.
Israel e a promessa divina. Não falha a palavra G
de Deus. Mas nem todos os que descendem de Israel são is-
raelitas, como nem todos os descendentes de Abraão são fi-
lhos seus. Pois foi dito : "De Isaac tomarão nome os teus 7
28 — chamados a ser santos. 38 — potestades, nem virtudes,
294 Romanos 9, 8 — 29

8 descendentes '. Quero dizer que não os filhos carnais são Gn 21,
filhos de Deus, mas os filhos da promessa é que passarão 12
por descendentes. Porque a palavra da promessa dizia :
■> "Por esse tempo voltarei; e Sara terá um filho". E isto se Gn 18,
10 deu não somente com Sara, senão também com Rebeca, que 10
u teve filhos de um só varão, nosso pai Isaac. Ainda não
eram nascidos, nem tinham cometido nem bem nem mal, Gn 25,
e já fizera Deus a escolha, segundo c seu designio inabalá- 28
12 vel. Porque não são as obras que decidem, mas, sim,
aquêle que chama ; tanto assim que Rebeca teve êste recado :
"O mais velho servirá ao mais novo". Assim também está
13 escrito : "Amei a Jacó e odiei a Esaú". Mi 1, 2
A liberdade de Deus na distribuição das graças.
14 Que diremos, pois ? que há injustiça em Deus ? De modo
-5 quem
algum. mePorque a Moisés
aprouver diz ele : "Terei
ter misericórdia misericórdia
; e terei piedade com
com Ex sí.
^
ít;quem me Peloaprouver
que, nãoterdepende
piedade",do querer, nem do correr,
mas, sim, do compadecimento de Deus. Pois diz a escritura Ex9,ie
17 oa Faraó : "Paraafimistodeé que
meu poder, que te
em chamei
todo o: mundo
para manifestar em ti
seja revelado
18 odeixa
meu nanome". Compadece-se,
obstinação a quem quer.portanto, de quem quer, e
19 Objetar-me-ás : "Porque, pois, censura ele? quem
20 contenderes
pode lá resistir
comá Deus
sua vontade
? pode,?"acaso,
Quem o ésartefato
tu, ó homem,
dizer aopara
ar-
21 sobre
tífice :a "Por que me fizeste assim ?" ou não tem o
argila e não pode fazer da mesma massa um vasooleiro poder
22 precioso ou um vaso de uso ordinário ? e, se Deus, depois
de suportar com muita paciência os vasos da ira, votados à
perdição, quis nêles manifestar a sua ira e mostrar o seu poder;
ao passo que nos vasos de misericórdia, que destinou á glória,
23 quis patentear a riqueza da sua glória ? Para isto é que nos
24 chamou, não só de entre os judeus, mas também de entre os
gentios.
25 O povo
povo meu a quemeleito. Diz meu
não era ele por
povo,bocae querida
de Oséias: "Chamarei
minha a quem Os 2,26
2- 1
26 não era minha querida. E, em vez de lhes dizer : Não sois
27 meu povo, serão chamados : Filhos de Deus vivo.
lhos deIsaías
Israel exclama
for comosobre Israel do: mar,
as areias "Se osónúmero dosserá
um resto fi- is 10,22
18 salvo ; porque o Senhor cumprirá a sua palavra na terra,
cabalmente e em breve.
29 Predisse ainda Isaías : "Se o Senhor dos exércitos u i, 9
não nos deixara um resto, seriamos como Sodoma e seme-
lhantes aGomorra".

25 — querida ; e agraciada a quem não era agraciada.


28 — breve e com equidade sim em breve a cumprirá.
Romanos 9, 30 — 10, 19 295

Culpa de Israel. Que diremos, pois ? Os gentios, 30


que não procuravam a justificação, alcançaram a justifica-
ção, e a justificação pela fé; ao passo que Israel, alvejan- 31
do a justificação, não atingiu o alvo.
I» 8,14 E por que não ? Porque pretendia atingí-lo, não pela à-i
-8' 26 fé, mas pelas obras. Tropeçou na pedra de tropeço, conforme 33
está
pêço, escrito : "Eisdequeescândalo.
uma rocha ponho em Mas
Sião quem
uma pedra de tro-
crer nêle não
será confundido".
Meus irmãos, o desejo do meu coração e a súplica que 10
a Deus dirijo é por eles, pela sua salvação. Dou-lhes o teste- 2
munho de que teem zelo por Deus, mas falta de compreen-
são. Negam-se a reconhecer a justificação por Deus, e 3
pretendem estabelecer a sua própria, recusando sujeitar-se á
justificação de Deus. Pois, o têrmo final da lei é Cristo, que 4
justifica a todo o homem que crê.
A fé indispensável para a justificação. Com 5
efeito, Moisés escreve sobre a justificação mediante a lei :
"Só o homem que a cumprir terá a vida por meio dela" ;
Lv 18,5 ao passo que a justificação pela fé diz : "Não digas em teu 6
coração : Quem subirá ao céu ?" — a saber : para fazer descer 7
Di 30,2 para
a Cristo
revocar— "ou : Quem
a Cristo descerá
dentre ao abismo
os mortos. Que ?"diz,— pois,
a saber
a es: s
Dt 30, critura ? "Perto de ti está a palavra ; está em tua boca e em
14 Se
teu com
coração",
a bôca quer dizer : quea palavra
confessares Jesus é odaSenhor,
fé que e pregamos.
se em teu 9
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Pois, com o coração é que se crê — e isto conduz á 10
justificação; com a bôca se confessa — e isto conduz á salva- 11
U 28, ção. Tanto assim que a escritura diz : "Ninguém que nêle
16 crê
um será confundido".
e o mesmo é senhor Não há diferença
de todos, entre judeu
enriquecendo a todose gentio
os que ; 12
o invocam. Sim, "quem invocar o nome do Senhor será 13
salvo".
J 12,32 Culpável incredulidade de Israel. Mas, como in- 14
vocarão aquêle em quem não crêem ? como crerão naquele
de que não ouviram ? Como ouvirão dele, se não há arauto ?
is 52,7 e como haverá arautos, se não forem mandados ? Diz a es- 15
is 53,1 critura : "Quão formosos são os pés dos que anunciam a boa 10
nova". Mas nem tôdos obedecem á boa nova ; pois diz
Isaías : "Senhor, quem dará fé ao que prégamos ?" A fé, 17
portanto,mento devem da prégação ; a pregação, porém, é manda-
Cristo.
Ll 18,5 Entretanto, pergunto: Porventura, não a ouviram? 18
De certo. Pois, "por toda a terra se espalhou a sua voz,
Dt 32. e até aos confins do orbe a sua palavra". Mas, pergunto ainda: lu
21 Israel acaso não o compreendeu ? Já diz Moisés : "Far-vos-
15 — dos que veem pregar a paz ,
Romanos 10, 20 — 11, 20

ei ciumentos de um povo que não é povo, e exasperar-vos-ei


sobre um povo insensato".
20 E Isaías se abalança a dizer : "Fiz-me encontrar pelos I» 65,1
que não me procuravam ; revelei-me aos que não pergunta-
vam por mim".
21 A Israel, porém, diz : "Todo o dia estou com as mãos is 65,2
estendidas para um povo teimoso e rebelde".
\\ O escol de Israel. Ora, pergunto eu : Rejeitou Deus
porventura o seu povo ? Certo que não. Pois também eu sou
Israelita, descendente de Abraão, da tribu de Benjamin.
2 Não, Deus não rejeitou o seu povo, que outrora escolheu.
Não sabeis o que diz a escritura a respeito de Elias, quando
3 êle acusava
tas, Senhor,o derribaram
povo peranteos Deus : "Mataram
teus altares os teus
; fiquei apenasprofe-
eu,
4 e também a mim me querem matar" ? — que resposta teve t Rs
êle de Deus ? "Reservei para mim sete mil homens, que não 19'10
5 dobraram o joelho a Baal". Assim também no tempo presente % Rs
6 ficou um resto, escolhido pela graça. Mas, se foi pela graça, 19'18
não foi pelas obras. Do contrário, a graça já não seria graça.
7 Vocação dos gentios, estímulo para Israel. Que
diremos, pois? que Israel não conseguiu o que pretendia;
somente o conseguiu o escol, enquanto os restantes ficaram
8 obcecados,
ao presente segundo o que está
dia um espírito escrito :olhos
de torpor, "Deu-lhes
para nãoDeus até I* 29,1 o
verem,
9 lhes
ouvidos para emnãolaço
a mesa ouvirem". Diz armadilha
e cilada, em ainda Davie justo
: "Torne-se-
castigo
10 Obscureçam-se-lhes os olhos, para que não vejam, e anderr. SI 68,23
sempre de costas encurvadas".
11 Ora, pergunto : Se tropeçaram, foi para cair ? De
modo algum ! Antes foi pela sua quéda que a salvação
12 coube aos gentios, para rivalizarem com eles. Ora, se a suíí
queda reverteu em riqueza para o mundo, e a sua falência.
13 representa uma riqueza para os gentios, quanto mais o seu
número, quando completo. A vós, gentios, vos digo : Na
qualidade de apóstolo dos pagãos, hei de fazer honra ao meu
í4 ministério, a ver se consigo estimular á emulação os meu:
15 patrícios para salvar alguns deles. Pois, se a sua reprovação
trouxe reconciliação ao mundo, que será o seu acolhimento
L6 senão vida do meio da morte ? Se forem santas as primícias
sê-lo-á a massa toda : e, se for santa a raiz, sê-lo-ão também
os ramos.
17 Israel, oliveira de lei. Ora, se se quebraram al-
guns dêsses ramos, e tu, oliveira silvestre passaste a ser en-
18 xertada no meio deles, participando da raiz e da seiva da
oliveira de lei : não te vanglories contra os outros ramos.
Se te vangloriares, lembra-te de que não és tu que sustentas
19 a raiz, mas, sim, a raiz que te sustenta a ti. Dirás, porém :
Quebraram-se os ramos para que eu fosse enxertada. Mui-
20 to embora ! foram quebrados por causa da sua increduli-
297
Romanos 11, 21 — 12, 2

dade, ao passo que tu foste enxertada graças á tua fé. Não


te ensoberbeças, por isso, mas enche-te de temor ; porque, se 21
Deus não poupou os ramos naturais, também não te há de
poupar a ti. Considera por isso a bondade de Deus, como 22
também o seu rigor : o rigor para com aqueles que caíram, a
bondade de Deus para contigo — suposto que continues fiel
á sua bondade ; do contrário, também tu serás cortada.
Entretanto, também aqueles serão reenxertados se 23
não persistirem na sua incredulidade : porque Deus tem o
poder de os enxertar novamente. Pois, se tu foste cortada de 24
oliveira silvestre, a que por natureza pertences, e, contra a
natureza, foste enxertada numa oliveira de lei, quanto mais
facilmente não se enxertarão na própria oliveira os ramos que
por natureza a ela pertencem !
Salvação final de Israel. Meus irmãos, não quero 25
que ignoreis o seguinte mistério, para que aos vossos olhos
não Israel
de vos tenhais
durará por sábios.até E'
somente que que a cegueirao duma
se complete númeroparte dos
gentios. E então Israel em peso será salvo, como está escrito : 2G
é"De
estaSião virá o que
a aliança Salvador,
com eles e porá
faço,termo
para áquando
impiedade
lhesdetirar
Jacóos; 27
pecados". 28
Quanto ao evangelho, é verdade que êles são inimigos,
para proveito vosso ; mas, segundo a eleição, são êles muito 2y
queridos por causa de seus pais. Porque os dons de Deus
e a vocação são irrevogáveis. Do mesmo modo que vós, um 30
dia, éreis rebeldes contra Deus, agora, porém, encontrastes
misericórdia em atenção á rebeldia deles, assim também se 31
rebelaram êles, afim de alcançarem piedade pela misericórdia
que vos coube a vós. Assim Deus fêz cair a todos em rebeldia, 32
para usar de misericórdia para com todos.

Exaltação de Deus. O' profundidade das riquezas, 33


da sabedoria e do conhecimento de Deus ! quão incompreen-
síveis são os seus desígnios ! quão imperscrutáveis os seus 35
caminhos ! pois, quem conhece os pesnamentos do Senhor ? 34
Quem é conselheiro dêle ? quem lhe dá primeiro para que te-
nha de receber em troca ? Dêle, por êle e para êle são tôdas
as coisas. A êle seja glória pelos séculos. Amén.

DEVERES MORAIS DO CRISTXo


Deveres Gerais

Vida santa. Meus irmãos, rogo-vos pela misericór-


dia de Deus que ofereçais vosso corpo em holocausto vivo, 12
santo e agradável a Deus ; assim será espiritual o vosso culto.
Não vos conformeis com êste mundo, mas reformai-vos pela
298 Romanos 12, 3 — 13, 3

renovação do vosso espirito, afim de conhecerdes qual seja


a vontade de Deus, o que seja bom, agradável e perfeito.
3 Vida eclesiástica. Em virtude da graça que me
foi dada, admoesto cada um de vós a que não tenha de si
mesmo idéia mais alta do que é justo; tenha de si idéia mo-
desta. Depende da fé com que Deus aquinhoou cada um.
4 Porque, do mesmo modo que num só corpo temos muitos
5 membros, mas nem todos os membros teem a mesma função,
assim constituimos todos nós um só corpo em Cristo, ao
6 passo que entre nós somos membros, diversamente dotados,
7 segundo a graça que nos foi concedida. Quem tiver o dom da
profecia use dêle em harmonia com a fé; quem tiver algum
múnus, desempenhe esse múnus ; quem tiver de ensinar,
8 ensine ; quem tiver de exortar, exorte ; quem der esmola,
dê com simplicidade; quem é superior, seja-o com solici-
tude; quem exerce a misericórdia, exerça-a alegremente.
Caridade do próximo. Seja a caridade sem fingi-
9 mento. Odiai o mal e abraçai o bem. Amai-vos mutuamente
10 com caridade fraterna, porfiando em provas de estima um
para com o outro. Não desfaleçais no zelo ; sêde fervorosos
í x de espirito; servi ao Senhor. Sêde alegres na esperança ;
pacientes nos sofrimentos, perseverantes na oração. Acudi
12 às necessidades dos santos; esmerai-vos na hospitalidade,
is Abençoai aos que vos perseguem ; abençoai-os e não os amal-
,4 diçoeis. Alegrai-vos com os alegres, e chorai com os que cho-
ram. Cultivai a harmonia entre vós ; não tenhais grandes
15 pretensões, mas condescendei com o que é humilde. Não
i«j vos tenhais em conta de sábios.
Espírito pacífico. Não pagueis a ninguém mal por
17 mal. Procurai fazer o bem perante todos os homens. Vivei
18 em paz com toda a gente, quanto possível e enquanto depende
de vós. Não vos vingueis por vós mesmos, caríssimos, mas
19 dai lugar á ira; porque está escrito : "A mim me pertence a
vingança ; eu é que retribuirei", diz o Senhor. Pelo contrário, Dt 32,
20 ver
"se teu
com inimigo estiverdecom
sêde, dá-lhe fome,se dá-lhe
beber, assim dc comeracumularás
fizeres, ; se esti- pv 25.
brasasmasvivas
2L mal, sobreo mal
vence a suacomcabeça".
o bem. Não te deixes vencer pelo 21
Obediência à autoridade. Esteja cada qual sujeito
13 a° poder da autoridade ; porque não há autoridade que
não venha de Deus, e as que existem foram instituídas por
Deus. Pelo que, quem se revolta contra a autoridade, revolta-
se contra a ordem de Deus; os rebeldes, porém, atraem sobre
2 si próprios a condenação. Os governos não são motivo de
s temor aos homens de bem, mas, sim, aos que praticam o mal.

18 — bem, não somente perante Deus mas também


Romanos 13, 4 — 14, 7 299

Sc não quiseres ter que recear a autoridade, pratica o bem, e


merecer-ihe-ás louvor ; porque ela é auxiliadora de Deus 4
para teu bem. Se, porém, praticares o mal, teme-a ; pois,
não é sem razão que ela leva a espada ; é que é auxiliadora
de Deus para infligir o castigo aos malfeitores. Pelo que é 5
necessário prestar-lhe sujeição, não sómente pelo temor do
castigo, mas também
esta a razão por que por motivos
pagais tributode ;conciência. E' também
pois, os encarregados 6
deste serviço são ministros de Deus. Dai a cada um o que lhe 7
compete : tributo a quem tributo, imposto a quem imposto,
temor a quem temor, honra a quem honra compete.
5x 20, Santidade universal. A ninguém fiqueis devendo 8
coisa alguma, a não ser a caridade mútua ; quem ama o pró- 9
)t 5,17 ximo cumpre a lei ; pois, os mandamentos : "Não cometerás
adultério,
também outro não matarás, não furtarás,
mandamento qualquer,não todos
cobiçarás", como
se resumem
nêste único não
A caridade : "Amarás
pratica o omalteucontra
próximo como aDeti modo
o próximo. mesmo".
que io
pela caridade se cumpre cabalmente a lei.
Assimde procedei,
da a hora conhecedores
vos levantardes do sono do; tempo. E* chega-
porque agora está u
mais próxima a nossa salvação do que outrora, quando abra-
çamos afé. Vai adiantada a noite, e vem despontando o dia. 12
Despojemo-nos, pois, das obras das trevas e revistamo-nos
das armas da luz í Vivamos honestamente, como em pleno 13
dia ; não em glutonarias e bebedeiras, não em volúpias e
luxúrias, não em contendas e rivalidades ; mas revesti-vos 14
do Senhor Jesús Cristo, e não ceveis a carne para as concu-
piscências.
Deveres para com os cristãos fracos
Juízos temerários. Acolhei a quem é fraco na fé, 14
sem lhe criticar as intenções. Fste crê que pôde comer de 2
tudo ; o fraco, porém, só come vegetais. Quem come não
despreze a quem deixa de comer ; e quem não come não con-
dene a quem come ; porque Deus o acolheu. Quem és tu 3
que proferes sentença contra um servo alheio ? que ele esteja 4
em pé ou caia -— isto é com o seu senhor. Entretanto, há de
ficar de pé, porque o Senhor é assaz poderoso para o sus-
tentar.
£ste faz diferença entre dia e dia, ao passo que aquele 5
considera iguais todos os dias. Fique, pois, cada qual com o
seu modo de ver. Quem guarda o tal dia guarda-o per causa 6
do Senhor, quem come come por causa do Senhor pois que
dá graças a Deus ; e quem se abstém de comer, abstérr-se
por causa do Senhor, e também ele agradece a Deus. Ne- 7
9 — furtarás, não levantarás falso testemunho,
1 1 — nos levantarmes.
Romanos 14, 8 — 15, 6

8 nhum de nós vive para si, nem morre para si mesmo. Viven-
do, vivemos para o Senhor ; morrendo, morremos para o
9 Senhor. Vivamos, pois, ou morramos — ao Senhor é que
1 pertencemos. Porque foi precisamente por isso que Cristo
10 morreu e tornou à vida : para reinar sobre os vivos e os
mortos. Por que proferes sentença contra teu irmão ou
por que desprezas a teu irmão, quando todos temos de
11 comparecer ante o tribunal de Deus? Pois está escrito: Is 45,
4 Por minha vida, diz o Senhor, que diante de mim sedo- 23
brará todo Sim, ocada joelho,
um e detodanósa lingua louvará
há de dar a Deus".
contas a Deus de si
mesmo.
13
Evitar o escândalo. Deixemos, pois, de nos julgar
m uns aos outros. Esforçai-vos antes por não ofender nem es-
candalizarnenhum
a irmão. Sei, e estou convencido em o Se-
nhor Jesus de que nada há impuro em si mesmo ; sómen-
15 te e impuro aos olhos de quem o considera impuro. Mas,
se teu irmão se ofende com o que comes, o teu procedi-
u; mento não corresponde à caridade. Não deites a perder com o
17 teu manjar um homem por quem Cristo morreu. Não expo-
nhais à injuria o bem que possuis. Pois o reino de Deus
18 não consiste em comida e bebida, mas, sim, na justiça, na
In paz e na alegria do Espirito Santo. Quem dêste modo serve
a Cristo é agradável a Deus e agradável aos homens. Aspi-
20 remos, portanto, ao que promove a paz e a edificação mútua.
Não destruas a obra de Deus por amor a uma comida. Todas
21 as coisas são puras, mas quem escandaliza comendo, para
22 este é pecado. Convém então não comer carne, nem tomar
vinho nem outra coisa com que teu irmão se ojenda. Guarda
contigo mesmo e aos olhos de Deus a tua convicção. Bem
23 haja quem não tem remorsos sobre o que considera justo !
Quem, pelo contrário, duvida, e não obstante come, já está
julgado ; porque não procede de boa fé. Tudo o que não
procede de boa fé é pecado.
15 _indulgência A . com os fracos. Ura, ^ nos, que somos SI 6810
2 fortes, devemos suportar as fragilidades dos fracos e não agir
3 a nosso bel-prazer. Seja cada um de nós amável para com seu
próximo, afim de edificá-lo no bem. Também Cristo não
4 viveu a seu bel-prazer, mas está escrito : "Caem sobre mim
as injúriasgamente,dospara ensinamento
que te injuriam".
nosso Tudo o que
é que foi foi escrito
escrito, afim deanti-
que
5 colhamos paciência e consolação nas escrituras, para guardar-
mos a esperança. O Deus de paciência e da consolação vos
6 conceda harmonia entre vós, segundo a vontade de Jesús
Cristo, para que, unânimes e a uma só voz, glorifiqueis a
Deus, Pai de nosso Senhor Jesús Cristo.

16 — possuímos. 21 — ofenda escandalize ou fraqueie 2 — vós


Romanos 15, 7 — 24

Pelo que socorra um ao outro, assim como também 1


Cristo vos socorreu, pela glória de Deus. Digo que Cristo s
se submeteu à circuncisão por causa da veracidade de Deus,
afim de cumprir as promessas feitas aos pais Os gentios, o
50' porém, glorificam a Deus pela sua misericórdia. Pois, está
>t 32, escrito : "Por isso, hei-de glorificar-te entre os gentios e
43 cantarei louvores a teu nome". E mais : "Alegrai-vos, gen- 10
tios, em companhia de seu povo 1" E ainda : "Louvai o Se- n
1 [Jfc.l nhor, gentios todos! Glorifiquem-no todos os povos".
Diz mais
para dominar sobreIsaías
todos: os"Brotará
gentios ;umnelerebento
teem asde nações
Jessé 12
posta aO sua
Deus esperança".
da esperança vos encha de toda a alegria, 13
de paz na fé, para que sejais riquíssimos de esperança pela
virtude do Espirito Santo.
Conclusão
Motivos da epistola. Estou firmemente convencido, 14
meus irmãos, de que estais cheios de boa vontade, repletos
de todo o conhecimento, e bem capazes de vos exortar uns
aos outros. Ainda assim vos escrevi — e em parte com bas- 15
tante franqueza — afim de vos revocar á memória algumas
coisas, e fi-lo em atenção à graça que me foi dada por Deus.
Pois tenho a missão de ministro de Cristo Jesus entre os gen- 16
tios, e o múnus sagrado de anunciar o evangelho de Deus,
para que os gentios se tornem holocausto agradável, santifi-
cado pelo Espírito Santo. Nas coisas de Deus tenho, pois. n
motivo de me gloriar em Cristo Jesus ; porque não ousaria is
falar de coisas que Cristo não tivesse operado por mim, no
intuito de levar os gentios à obediência, por palavras e obras,
à força de milagres e prodígios e pela virtude do Espirito San- 1
to. Dest'arte,
gelho de Cristofuipor espargindo largamente
todas aquelas a prégação
regiões, do evan-
desde Jerusalém 20
até a Ilíria ; timbrava em não anunciar o evangelho onde já 21
se conhecia o nome de Cristo; pois não queria edificar sobre
1 52. fundamento alheio; porquanto está escrito : "Vê-lo-ão aque-
16 les a quem ainda não fora anunciado ; e ouvi-lo-ão os que
dele ainda não tinham notícia".
Planos de viagem. Foi este o motivo que, de pre- 22
íerência, me impediu de vos visitar. Agora, porém, não te- 23
nho mais campo de atividade cá por estas bandas, e desde
largos anos estou com desejo de vos visitar. Nutro esperan- 24
ças de vos ver quando aí passar de viagem para a Espa-
nha, acompanhado por vós, depois de têr gozado um pou-
co da vossa companhia.
8 — Cristo Jesus 9 — porisso, Senhor
15 — vos escrevi, meus irmãos
72 — visitar, e não me foi possível até hojç.
302 Romanos 15, 25 — 16, 16

Primeiramente, porém, vou em demanda de Jerusa-


lém a serviçoespontaneamente
resolveram dos santos. E* fazer
que auma
Macedónia
coleta a efavor
a Acaia
dos
pobres que há entre os santos de Jerusalém. Fizeram-no de
bom grado ; pois são devedores dêles, tanto assim que, se os
gentios participam dos bens espirituais dos judeus, convém
que a estes acudam com bers materiais. Quando, pois, tiver
cumprido isto e lhes tiver feito entrega do resultado, hei de
visitar-vos por ocasião da minha viagem para a Espanha.
Estou certo de que, se for ter convosco, vos levarei abun-
dantes bênçãos de Cristo.
Rogo-vos, meus irmãos, por nosso Senhor Jesús Cristo
e pelo amor do espirito, que com as vossas orações a Deus
me assistais na luta, para que seja livre dos infiéis da Judéia
e que o serviço de caridade em prol de Jerusalém encontre
acolhimento favorável da parte dos santos. Então irei visi-
no meio tar-vosdecom satisfação,
vós. se Deus quiser, e cobrarei novo alento
O Deus da paz seja com todos vós. Amén.
Recomendações e saudades. Recomendo-vos nossa
irmã Febe, que se acha ao serviço da igreja de Cencréia.
Acolhei-a no Senhor, assim como convém a santos. Acudi-
lhe com todas as coisas em que necessitar de vós ; ela tem
acudido a muitos, e a mim também.
Saudações a Prisca e Áquila, auxiliares meus em
Cristo Jesús, que arriscaram a cabeça por minha vida,
o que não somente eu, mas também todas as igrejas do
gentilismo lhes agradecemos. Saudações também à cristan-
dade que se acha em casa dêles. Saudações a meu querido
Epêneto, primicia que a Asia deu a Cristo. Saudações a Maria,
que tanto se afadigou por vós. Saudações a Andrônico e
J unias, patrícios meus e companheiros de prisão, tão estima-
dos dos apóstolos, e cristãos já antes de mim. Saudações a
Amplia to, a quem tanto quero no Senhor. Saudações a Ur-
bano, nosso companheiro de trabalho em Cristo, como tam-
bém a meu amigo Staquis. Saudações a Apeles, provado em
Cristo. Saudações aos da família de Aristóbulo. Saudações
a meu patrício Herodião. Saudações aos da família de Nar-
ciso, que vivem no Senhor. Saudações a Trifena e Trifosa,
que se afadigam no Senhor. Saudações à querida Pérside,
que há tempo trabalha pelo Senhor. Saudações a Rufo, eleito
do Senhor, e a sua mãe, que também é minha. Saudações
a Asíncrito, a Flegonte, a Hermes, e Pátrobas, a Hermas, e
aos outros irmãos aí. Saudações a Filólogo e Júlia, a Nereu
e sua irmã, a Olimpíades e a todos os santos que com eles
se acham. Saudai- vos uns aos outros no ósculo santo. Sau-
dam-vos todas as igrejas de Cristo.

29 — bênçãos do Evangelho
30 — Espírito Santo
Romanos 16, 17 — 27 303

Cuidado com os herejes. Rogo-vos, meus irmãos, 17


que tomeis cuidado com os que provocam dissensões e
escândalos, em contradição com a doutrina que aprendestes.
Fugi desses tais ! Essa gente não serve a nosso Senhor lã
Jesus Cristo, mas ao próprio ventre, e com belas e piedosas
frases seduzem as almas simples. A vossa obediência se
tornou notória em toda a parte. Por isso me encheis de alegria, i^
O que quero é que sejais sábios no bem, mas simples no to-
cante ao mal. O Deus da paz não tardará a esmagar Satanaz 20
debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
seja convosco.
Saudações de Corinto. Saudações de Timóteo, 21
companheiro meu de trabalhos ; bem como dos meus pa-
trícios Lúcio, Jason e Sosípatro.
Também eu, Tércio, que escrevi esta carta, vos saúdo 22
no Senhor.
Saudações de Gaio, hospedeiro meu, e de toda a igreja. 23
Saudações de Erasto, prefeito da cidade, e do irmão, 24
Quarto.
Glória a Deus. A êle, que é poderoso para vos 25
confirmar, segundo meu evangelho, pregação de Jesus Cristo
— revelação do mistério que desde a eternidade andou
oculto, mas agora, graças às escrituras dos profetas e por 26
ordem do eterno Deus, se revelou a todos os povos para os
levar á obediência da fé ■— a êle, o único Deus sábio, seja por 27
Jesús Cristo gloria pelos séculos dos séculos. Amen.

NOTAS EXPLICATIVAS

Segundo a sua geração humana é Jesús filho de Davi ; 1


segundo a geração eterna, é Filho de Deus, como prova á 3—4
evidência a sua gloriosa ressurreição.
Encerra o evangelho uma virtude divina, que a todos 16 — 17
os homens — quer judeus, quer pagãos — pode dar a graça
da justificação, e, com isto, a eterna salvação. Mas para isto
é necessária a fé como condição indispensável.
expõe oAntes
apóstolo de principiar
a profundaa cantar
miséria asmoral,
glóriasprimeiramente
da redenção, 18—32
dos pagãos, e depois dos judeus. Os gentios não se ajudavam
devidamente da luz da razão natural para chegarem ao co-
nhecimento deDeus. entregando-se á mais absurda idolatria
(19-23) e caindo no abismo de hedionda imoralidade.
23 — Quarto.
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amen.
27 — honra e gloria
304 NOTAS — Romanos 2, 1 — 4, 8

2 Depois de historiar a decadência moral dos pagãos,


1— 10 passa o apóstolo a demonstrar que os judeus, a despeito da
revelação divina, se entregaram aos mesmos vícios que aque-
les. Se Deus é longânimo para dar tempo de penitência ao
pecador, é também justo e há de retribuir a cada qual segundo
as suas obras (4-10).
17—29 O judeu não será salvo pelo fato de conhecer a lei,
se a não puser por obra. Nem tão pouco o salvará a simples
cerimonia da circuncisão, se não viver conforme o espírito
da mesma.
3 No intuito de atalhar equivocos, afirma o apóstolo
1 — 4 que. apesar de tudo, o judaismo leva grande vantagem
ao paganismo, pois foi êle o depositário das revelações
divinas (1-2) ; nem será anulado êste privilégio pelo fato
de terem os israelitas recusado abraçar a fé em Jesus Cris-
to (3-4).
5— 8 Se, não obstante os numerosos abusos, Deus não tirou
'a religião revelada aos judeus, não se segue daí que não cas-
tigue opecado, que, em última análise, reverterá em maior
glória de Deus ; do contrário, não poderia Deus castigar
pecado algum.
9—18 Por mais que o apóstolo conceda a superioridade do
judaismo sobre o paganismo, não deixa de frisar que tan-
to uns como outros são pecadores e não se podem salvar
por forças próprias.
21—26 Depois de esclarecer devidamente o estado moral da
humanidade e frisar a impossibilidade da salvação por virtude
própria, passa o apóstolo a mostrar que pela fé em Jesús
Cristo, o qual com sua morte na cruz satisfez á divina jus-
tiça, podem todos os homens alcançar a salvação.
25 — 25 Pela morte sangrenta de Cristo patenteou Deus a
gravidade do pecado. Deus é justo por natureza, e tor-
na justo por participação a todo o homem que crer na vir-
tude justificante da morte de Jesús.
28 Torna o apóstolo a realçar a absoluta necessidade da
fé,
raiz de toda "aa justificação
porque fé é o princípio
; umada vez
salvação,
que semo fundamento e a
ela é impossível
agradar testamento,
antigo a Deus e alcançar a filiação divina".
independentemente As obrasnada
de Cristo, do
podiam contribuir para a justificação.
4 Mostra o apóstolo, pelo exemplo de Abraão e pelas
1—8 palavras de Davi, que a justificação interior não é devi-
da ás obras do homem, senão á graça que Deus lhe concede,
em atenção á fé em Jesús Cristo.
NOTAS — Romanos 4, 13 — 6, 6 305

A Abraão e seus descendentes prometeu-lhes Deus 13—17


em herança o reino celeste ; quem crê nesta promessa terá
parte na recompensa. Portanto, não é a observância da lei
que justifica, mas a fé ; e todos os que teem fé são filhos es-
pirituais de Abraão, sejam da estirpe natural do patriarca,
sejam oriundos do paganismo. — Note-se que São Paulo
não estabelece confronto entre a fé e as obras simplesmente,
mas entre as obras rituais do antigo testamento e a jê cristã
do novo testamento, estando, assim, de perfeito acordo com
a epístola de São Tiago, que tanto encarece a necessidade das
boas obras.
O homem de fé não perde a paciência nas tribula- 5
ções,
do Espírito sai
mas delas grandemente aproveitado, pela graça 2~ 5
Santo.
Em consequência do pecado entrou no mundo a morte 12—14
corporal, que abrange também aqueles que não teem pecado
pessoal (as crianças), porquanto em Adão todos pecaram
(pecado original) — assim como em Cristo todos serão jus-
tificados.

Se Adão foi causa de ruina para todos os homens, 15— 17


foi Jesus Cristo causa de ressurreição para todos, e a repara-
ção se provou muito mais rica e abundante do que a destrui-
ção ; porque a morte do Redentor nos liberta não somente
do pecado original, que contraimos em Adão, senão ainda
dos pecados pessoais, em que incorrermos por culpa própria.
A lei mosaica não estava em condições de destruir 20
nem diminuir os pecados, concorrendo antes para realçar
ainda mais o contraste entre o bem e o mal. Mas, depois
de o pecado tocar o auge, veio, mais poderosa ainda, a graça
do Redentor.
Entretanto, do que vai dito não se deve inferir que 6
convém pecar afim de fazer resplandecer em luz mais viva 1—2
a graça de Deus ; porque seria absurdo querer entregar-se
ao pecado e ao mesmo tempo participar da graça santi-
ficante.

Costumava-se, geralmente, naquele tempo, adminis- 3^-6


trar o batismo por imersão, razão por que o apóstolo o com-
para a um sepultamento. A submersão do batizando nas
águas simboliza a descida do corpo de Cristo ao seio da
terra ; a emersão do batizado das águas significa a ressurrei-
ção de Cristo das trevas do sepulcro. Ora, do mesmo modo
que Jesus Cristo, após a ressurreição, não mais tornaa mor-
rer, assim deve também o discípulo de Cristo, depois de ba-
tizado, preservar-se da morte moral do pecado, levando uma
vida imortal pela graça santificante, agôra, e, um dia pela
glória celeste.
306 NOTAS — Romanos 6, 7 — 8, 9

7 — 14 Assim como o defunto já não é atingido pelos dis-


positivos da lei, de modo análogo, quem pelo batismo morreu
com Cristo para o mundo, deve estar imune do poder do
pecado. E' esta a gloriosa liberdade do evangelho.
15—18 Torna o apóstolo a rebater a idéia de que a abolição
da lei mosaica equi valha a uma abolição da lei moral (15).
Quem se entrega ao serviço de qualquer soberano, tem de
lhe obedecer (16) ; ora, pela justificação foi o cristão liber-
tado da escravidão do pecado e colocado ao serviço de Cristo
(17) ; tem, pois, obrigação de servir, não ao pecado, mas á
virtude (18).
7 Passa o apóstolo a ilustrar a idéia do tópico 6, 14:
1 — 6 recorrendo
4 já não estamos a umasobcomparação
o domínio datirada
lei, mas, sim, social
da vida da graça",
: um
acordo entre duas pessoas — como, por exemplo, o contrato
matrimonial — só tem vigor enquanto vivem os dois contra-
tantes morrendo
; um deles, fica desobrigado o outro. Assim,
morreu o cristão com Cristo pela submersão na água batis-
mal, e, com isto, ficou livre da obrigação da lei, e deve servir
a Deus numa vida nova e espiritual.
7— 8 A lei não é pecado ; mas nem por isso deixa de vigorar
certa relação entre uma e outra coisa ; porquanto a lei
leva o homem ao conhecimento do "pecado", quer dizer,
da concupiscência inata na natureza humana e que nos in-
duz á transgressão da lei.
9—11 Antes do uso da razão, ignora o homem a lei ; mais
tarde, chega a conhecer a lei e ao mesmo tempo sente des-
pertar em si a concupiscência, que o põe em conflito com a
lei e o leva á morte moral.
13 Não é a lei que nos leva á morte moral, mas, sim,
a concupiscência, que se revolta contra a lei, patenteando,
dest'arte, toda a sua maldade.
14—23 O homem sente em si dois princípios antagónicos :
um, que o impele para o alto ; outro, que o arrasta para
baixo, tornando-se êle, assim, um enigma para si mesrro.
24 O corpo é chamado mortífero por ser a sede da con-
cupiscência, que dá ocasião á morte moral.
8 Os que foram espiritualmente regenerados estão li-
l_9 vres da lei, do poder do pecado e da morte — vitória essa
que é devida, não á lei mosaica, mas unicamente á morte
redentora de Cristo (1-3), que nos dá a força moral de cum-
prirmos alei divina (4), contanto que o homem coopere sin-
ceramente com a graça da redenção, resista aos apetites car-
nais esiga os impulsos do espírito (5-9).
NOTAS — Romanos 8, 15 — 10, 21 307

Graças á justificação, somos filhos de Deus ; pelo 15


que devemos servir ao Senhor com amor filial, e não cmo
temor servil.
Tão grande é a glória que aguarda os filhos de Deus, 18— 25
que a própria natureza irracional, sujeita á corrupção pelo
pecado do homem, suspira por esse momento libertador ;
o pecado será eliminado, e restabelecido o reino dos filhos de
Deus, em que também a natureza inferior terá parte. Mais
ainda do que a natureza irracional, anseia o mundo espiritual
por essa hora ditosa.
O apóstolo remata a sua doutrina sobre a redenção 31—39
e a justificação com a afirmação de que nada existe no céu
nem na terra, nem no inferno que possa tornar infelizes os
que são felizes e confirmados no amor de Jesus Cristo.
Ainda que boa parte do povo de Israel tenha frustrado 9
as graças da redenção, nem por isso deixará Deus de ser 3—16
fiél ás suas promessas, que mais visam um Israel espiritual
— isto é, os crentes em geral — do que os descendentes na-
turais de Abraão. E' o que está a provar a história dos filhos
de Abraão.
Abraão e de E'Isaac.
o que está a provar a história dos filhos de

das suasFazgraças
São Paulo ver que injustiça
; njão comete Deus é alguma
livre na emdistribuição
deixar os 14—18
judeus na sua obstinação voluntária, nem lesa direitos alheios
quando convida os pagãos a serem herdeiros das promessas
messiânicas.

conta deNão Deus,


se segue uma daívezquequea perdição do homem
a todos dá corra por; 19— 24
graça suficiente
se a êste dá mais do que aquele — quem teria o direito de in-
criminá-lo por causa desta liberalidade ? Deus é longânimo
para com os seus inimigos e magnânimo para com seus
amigos.
Ainda que os judeus mostrem grande zelo religioso, 10
falta-lhes a compreensão de que, com o advento do Messias, 2—10
expirou a lei antiga (2-4) como já indicara o próprio Moisés,
apelando para a justificação pela 4é. Não faltam motivos de
credibilidade, pois Jesus Cristo já desceu do céu, assumindo
a natureza humana, e já ressuscitou da morte, provando o seu
poder divino. E' indispensável abraçar e professar esta fé.
Nada prégar
mandando deixouo Deus de fazer
evangelho para ossalvar
a todos povos os; homens,
mas os 14~ 21
judeus resistiram á super-abundância das graças divinas,
quando numerosos pagãos se resolveram a abraçar a fé em
Jesus Cristo.
308 NOTAS — Romanos 11, 1 — 15, 24

11 Entretanto, não se segue daí que o povo de Israel


l—io fosse rejeitado por completo ; tanto assim que o próprio
apóstolo é filho de Israel, como o foram também muitos
outros que chegaram á salvação pela fé no Messias (1-6),
ainda que a maior parte persistisse na sua obstinação.
9—10 Davi era protótipo de Cristo ; pelo que os inimigos
dele simbolizavam os adversários do Salvador. Mesa —
quer dizer, alimento, isca, engodo ; a comparação é tomada
da armadilha ou do laço do caçador ; assim como a ave ou o
animal incauto cai vítima da morte por causa de um bocado
apetitoso, assim acabarão por perecer os pecadores entregues
a seus gozos materiais.
li — 16 A quéda de Israel reverteu em bênçãos para os povos
pagãos, que acolheram os arautos do evangelho expulsos
por aqueles. Se tantos bens produziu a quéda de Israel,
quantos não causará a sua ressurreição !
17—18 Israel é o tronco ; o paganismo representa os ramos
que nêle foram enxertados.
22 Procure cada qual preencher cabalmente o cargo pe-
3_8 culiar que lhe coube na igreja de Deus, e não se preocupe
com planos ambiciosos.
A' medida que se vai aproximando o fim da noite
n_14 terrestre e despontando o dia da eternidade, deve o homem
desfazer-se dos vícios e dedicar-se á prática das virtudes
cristãs.
Havia duas classes de fiéis : uns, de conciência mais
14 larga ; outros, mais estreita ; uns desprezavam certos ritos
1—13 exteriores, que a outros pareciam indispensáveis. Recomenda
o apóstolo que, por estas coisas, ninguém forme juizo teme-
rário do próximo, e proceda cada qual conforme os ditames
da sua conciência.
13—21 Acautele-se cada qual que com o seu procedimento,
no tocante á observância de certos ritos exteriores; não dê
escândalo ao próximo, de conciência mais delicada ou es-
crupulosa.
15 Este bem é a liberdade quanto a certos manjares
proibidos pela lei mosaica.
15 Jesus Cristo ofereceu o seu evangelho e suas graças
1—24 aos judeus circuncisos, aos quais tinham sido feitas as pro-
messas, que deviam cumpri r-se para que Deus se provasse
fiel
antes de tudoE'a por
e veraz. isso que deos Deus,
fidelidade judeus aoconvertidos
passo que glorificam
os pagãos
que abraçaram o cristianismo enaltecem a misericórdia do
Senhor, que os chamou também a eles ao reino messiânico.
NOTAS — Romanos 16, 1 — 13 309

Faz esta extensa lista ver o florescimento do apostolado 16


leigo entre os cristãos de Roma. 1—24
Febe era, provavelmente, portadora da epístola aos 2
romanos.
Cencréia era o porto de Corinto.
Prisca (ou Priscila) e Áquila era o casal judeu-cris- 3—4
tão de que falam At. 18, 2. 3. 18. 26. Os demais personagens
nos são desconhecidos.
Rufo é, provavelmente, idêntico ao que meneio- 13
na Mc 15,21, como sendo filho de Simão Cireneu. Gaio,
batizado por mãos de São Paulo (1 Cr 1, 14), e o tesoureiro
Erasto eram cidadãos de Corinto.
PRIMEIRA EPISTOLA AOS CORÍNTIOS

Introdução

1 . Corinto, reconstruída por Júlio César, no ano 44,


antes de Cristo, sobre as ruinas duma cidade antiga, foi
pelo imperador Augusto criada capital da provincia da Acaia.
Com a crescente opulência, tomaram grande incremento,
não só as ciências e artes, mas também o luxo e a imoralidade.
2. Foi por ocasião da sua segunda excursão missio-
nária que São Paulo chegou a Corinto. Ao cabo de um ano e
meio de indefessos labores, deixou aí constituída uma grande
e próspera cristandade, que era fadada a tornar-se a igreja-
mãe da Grécia (At 18, 1-18). Depois da partida do apóstolo
chegou a Corinto um sábio de Alexandria, por nome Apolo,
homem de grande eloquência e ótimo conhecedor das es-
crituras. Não tardou a granjear numerosos amigos e admira-
dores, graças ao brilho e à amenidade das suas conferências.
Pouco depois, apareceram uns judeu-cristãos da Palestina,
que se diziam intimamente relacionados com Simão Pedro
e pretendiam deslustrar o prestigio de São Paulo. Havia,
nesta cristandade, ainda outra facção, que se ufanavam de
partidários de Cristo e não queriam saber de intermediário
humano.
Tal era o estado das coisas em Corinto : quatro
partidos, que proclamavam como seus respetivos chefes a
Paulo, a Apolo, a Pedro ou a Cristo (1 Cr 1, 12). Dessas
dissensões tivera o apóstolo noticia por meio dos amigos duma
certa Cloé (1 Cr 1, 11).
Conhecia êle, outrossim, o estado moral da igreja de
Corinto. Não tinham os cristãos saido incólumes do contágio
daquela Sodoma pagã ; um dos neófitos vivia até em relações
escandalosas com sua madrasta, e os outros toleravam no
seu meio esse incestuoso. Pendências entre cristãos eram sub-
metidas àautoridade pagã. Além disto tinham os emissá-
rios da igreja de Corinto cientificado oralmente ao apóstolo
da desenvoltura de costumes no mundo feminino, das desor-
dens ocorridas nos ágapes e das dúvidas que alguns susci-
tavam, no tocante à ressurreição dos mortos. Finalmente, en-
viara acristandade uma missiva a São Paulo, solicitando es-
clarecimentos sobre o estado matrimonial e virginal, bem
como sobre a liceidade da manducação dos sacrifícios ofe-
recidos aos deuses, sobre o valor dos carismas, etc.
1 Coríntios — Introdução 311

Não faltava, pois, ao apóstolo ocasião nem motivo


para intervir. Escreveu uma epistola aos corintios, afim de
restabelecer a ordem alterada e responder às perguntas pro-
postas.

pelo fim3. daFoipermanência esta epistolade composta


São Paulo emnesta
E'feso(l
cidade,Cr prova-
16, 8)
velmente pela Páscoa de 55-56 (1 Cr 5,6-8).
A autenticidade da carta tem a seu favor os melhores
testemunhos da antiguidade cristã. Já a menciona São Cle-
mente de Roma (f 97 ?) na carta que ele mesmo dirigiu aos
corintios dando-a como produção de São Paulo. São Poli-
carpo (f155) apela para a autoridade do apóstolo das gentes,
citando as palavras que se lêem em 1 Cr 6, 2.
PRIMEIRA EPISTOLA DE SÃO PAULO AOS CORÍNTIOS
Paulo
pela vontade de Deus, chamado a ser apóstolo de Jesus
Cristo, e o irmão Sóstenes,
à igreja de Deus em Corinto, aos que foram santificados
em Cristo Jesus e chamados a ser santos, juntamente com
todos os que com êles ou conosco, por toda a parte, invocam
o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Seja convosco a graça e a paz de Deus, nosso Pai, e
do Senhor Jesus Cristo.
Ação de graças. Não deixo de agradecer a meu Deus,
por vossa causa, pela graça de Deus que vos foi concedida
em Cristo Jesus. Por êle é que fostes enriquecidos de tudo :
em toda a doutrina e em todo o conhecimento. Agora lan-
çou raizes entre vós o testemunho sobre Cristo. De ma-
neira que em nenhum dom da graça sofreis míngua, en-
quanto aguardais a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele vos dará perseverança até ao fim, para que apareçais
sem culpa no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Deus é fiel,
e êlesusvos
Cristo.chamou à sociedade de seu Filho, nosso Senhor Je-
REPRESSÃO DE ABUSOS DIVERSOS
Espírito partidário
O fato. Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo,
vos rogo, irmãos: sêde todos unânimes; não haja dissen-
sões entre vós ; sêde perfeitamente unidos em vosso sentir
e julgar. Pois fui informado, meus irmãos, pela gente de
Cloé de que reinam desavenças entre vós. Refiro-me ao
fato de dizer um de vós : ""Eu sou de Paulo"; outro : "Eu
de Apolo" ; outro ainda ; "Eu sou de Cefas" ; e mais outro :
"Eu sou de Cristo".
Será que Cristo está dividido ? acaso foi Paulo cruci-
ficado por vós ? ou fostes batizados em nome de Paulo ?
Graças a Deus que, à exceção de Crispo e Gaio, não batizei
nenhum de vós ! Assim, ninguém poderá afirmar que fostes
batizados em meu ;nome.
mília de Estéfanas não me E'consta
verdade, batizei também
ter batizado a fa-
mais alguém.
8 — - dia do advento
1 Coríntios 1, 17 — 2, 7 313

Pois não me enviou Cristo para batizar, mas, sim, para prégar 17
o evangelho, e isto não com altissonante sabedoria, para não
desvirtuar a cruz de Cristo.
A prégação da cruz. Verdade é que a palavra da is
cruz é loucura para os que se perdem; para nós, porém, que
nos
larei salvamos,
a sabedoriavirtude de Deus.
dos sábios, Pois está
e rejeitarei escrito : "Aniqui-
a prudência dos pru- 19
Onde está o sábio ? onde o escriba ? onde o retórico dentes". 20
deste mundo ? Acaso, não declarou Deus loucura a sabedoria 21
dêste mundo ? Uma vez que o mundo, com a sua sabedoria,
não conheceu a Deus em sua divina sabedoria, aprouve a Deus
salvar os crentes por uma mensagem que é tida por loucura. 22
Os judeus reclamam prodigios, os gregos procuram a sabe- 23
dória, — nós, porém, prégamos a Cristo crucificado, escân-
dalo para os judeus, loucura para os gentios ; mas para os 24
que são chamados — quer judeus, quer gentios — Cristo 25
como virtude de Deus e sabedoria de Deus ! Porque a "lou-
de Deuscura" deéDeus
mais éforte
mais quesábia que os homens; e a "fraqueza"
os homens.
26
Eleição dos humildes. Vede, meus irmãos, os que
foram chamados entre vós ; não são muitos os sábios munda- 27
nos, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres. Não,
o que passa por estulto aos olhos do mundo, isto escolheu
Deus para confundir os sábios ; e o que passa por fraco aos
olhos do mundo isto escolheu Deus para confundir o que é 28
forte ; e o que o mundo tem em conta de vil, de desprezivel
e de nada, isto escolheu Deus para aniquilar aquilo que é tido 29
por valioso ; para que ninguém se glorie em face de Deus ; 30
é por ele que estais em Cristo Jesus, o qual por Deus se tor-
nou para nós sabedoria, justificação, santificação e reden- 31
ção. a "Quem
diz escritura.quiser gloriar-se glorie-se no Senhor", como
2
Pregação do missionário. Meus irmãos, quando
fui ter convosco, para vos dar testemunho de Deus não me
apresentei com ares de sábio nem palavras altissonantes. 2
Pois entendia que não convinha ostentar entre vós outra 3
ciência a não ser Jesus Cristo — o Crucificado. Foi com sen-
timento de fraqueza, de temor e de grande hesitação que 4
apareci no meio de vós ; e o que vos disse e vos préguei não 5
consistia em palavras persuasivas de sabedoria, mas na de-
monstração de espirito e poder, para que a vossa fé não se
baseasse em sabedoria humana, mas, sim, no poder de Deus.
Sabedoria cristã. Verdade é que também nós 6
prégamos a sabedoria, mas só para os que aspiram à perfeição,
porém não a sabedoria dêste mundo, nem dos príncipes dêste
mundo, que hão de perecer ; mas o que anunciamos é a sabe-
1 — Cristo 4 — humana sabedoria
314 1 Coríntios 2,, 8 — 3, 13
doria de Deus, misteriosa e oculta, sabedoria que Deus trazia
reservada para a nossa glorificação, antes que o mundo exis-
8 tisse. Mas nenhum dos principes deste mundo a compreen-
deu ;pois, se a houvessem compreendido, não teriam crucifi-
9 cado o Senhor da glória. Vem a propósito o que diz a es-
critura "Nem
mais penetrou : olhoscoração
em viram, humano
nem ouvidos
o queouviram, nem ja- is 64,4
Deus preparou
10 àqueles A quenós,o porém, amam".a revelou Deus por seu espirito; porque
o espirito penetra todas as coisas, mesmo as profundezas de
11 Deus. Quem sabe o que vai no interior do homem, a não ser
o espirito, que dentro do homem está ? assim também ninguém
12 conhece o íntimo de Deus, senão o espirito de Deus. Não re-
cebemos oespirito do mundo, mas o espirito que vem de Deus,
para que conheçamos os dons que nos foram prodigalizados
13 por Deus. E é o que anunciamos, com palavras ditadas,
não pela sabedoria humana, mas pelo espirito, declarando que
14 é espiritual a homens espirituais. O homem natural não com-
pre nde o que é do espirito de Deus ; tem-no em conta de
15 estultícia ; nem o pode compreender, porque é em sentido
espiritual que deve ser entendido. O homem espiritual, pelo
contrário, compreende tudo, ao passo que êle mesmo não é por
16 ninguém compreendido. "Pois quem compreende a mente is 40,
do Senhor, que o possa ensinar ?" Nós temos o espirito de 13
Cristo.
3 Rivalidades. Meus irmãos. Não vos pude falar
como a homens espirituais, mas, sim, como a homens carnais,
2 como a crianças em Cristo. Dei-vos leite em alimento, e não
comida sólida, porque não estáveis em condições de suportá-
la ; nem agora estais em condições, porque sois ainda carnais.
3 Pois, enquanto reinarem entre vós rivalidades e discórdias,
não será por serdes carnais e viverdes de modo todo humano ?
4 Porquanto, se um diz : "Eu sou de Paulo", e outro : "Eu de
5Apolo",Pois, não quem
é isto é muito
Apolo humano
? quem ?é Paulo ? servos apenas,
que vos levaram à fé, cada qual segundo o modo que o senhor
6 lhe deu. Eu plantei, Apolo regou, mas quem deu o crescimen-
7 to foi Deus. Por isso, o que vale não é quem planta, nem quem
8 rega, mas, sim, aquele que faz crescer, que é Deus. Quem
planta vai de acordo com aquele que rega ; e cada um terá
a sua recompensa, segundo o trabalho que houver prestado ;
9 pois nós somos cooperadores de Deus, e vós sois lavoura
de Deus, arquitetura de Deus.
10 Na qualidade de prudente arquiteto, lancei o alicerce,
auxiliado pela graça de Deus ; outro levantará sobre êle o
edifício. Mas veja cada qual como o leva adiante a cons-
11 trução. Pois ninguém pode lançar fundamento diverso do
que foi lançado, que é Jesus Cristo. Mas se alguém levan-
12 ta sobre este fundamento um edifício de ouro, de prata e
13 de pedras preciosas, ou então de madeira, de feno e de pa-
lha, não tardará a manifestar-se na obra de cada um ; há de
1 Coríntios 3, 14 — 4, 11

revelá-lo o dia, porque se há de patentear no fogo. Pois há de


o fogo provar o que vale a obra de cada um. Se a constru- 14
ção resistir, será êle premiado ; se, porém, a sua obra for 15
consumida pelo fogo, sofrerá dano ; êle mesmo será salvo,
mas somente como que pelo fogo.
Espírito de soberba. Não sabeis que sois tem- 16
pio de Deus e que o espirito de Deus habita em vós ? Quem
destruir o templo de Deus será por Deus destruído ; por- 17
que o templo de Deus é santo — e isto sois vós.
Orgulho partidário. Minguem se iluda ! quem se 18
julga sábio aos olhos do mundo, torne-se estulto, afim de ser
sábio ; porquanto a sabedoria deste mundo passa por estul- í9
tícia diante de Deus ; tanto assim que está escrito : "Apanha
êle os sábios na sua própria astúcia"; e mais ainda: "Sabe 20
o Senhor que são vãos os pensamentos dos sábios". Pelo que
ninguém se glorie num homem ; pois que tudo vos pertence : 21
Paulo, Apolo e Cefas, o mundo, a vida e a morte ; o presente 22
eé de
o futuro
Deus. — tudo é vosso. Vós, porém, sois de Cristo, e Cristo 23.
Considerem-nos, portanto, os homens como servos de
Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se 2
requer do administrador é que seja fiel. Quanto a mim, não 3
me importa o juizo que de mim fazeis, ou faça outro
juiz humano ; nem sequer importa o juizo que eu formo de
mim mesmo. E, ainda que de nada me acuse a conciência, 4
nem por isso me tenho por justificado — quem me julga é o
Senhor. Não julgueis, pois, antes do tempo, enquanto não 5
apareça o Senhor ; êle porá às claras o que se acha oculto,
revelando até os sentimentos dos corações. E então cada um
terá de Deus o seu louvor.
O que aí vai, meus irmãos, foi por vossa causa que o 6
referi a mim e a Apolo, para que em nossa pessoa aprendais a
máxima:
pois entre "Não passarse além
vós quem do que
enalteça está deescrito!"
a favor um c comNãoprejuízo
haja, 7
de outro. Pois quem é que te dá distinção ? que possues que
não tenhas recebido ? Mas, se o recebeste porque te ufanas
como se o não receberas ? Vós já estais fartos ; estais ricos, 8
já estais reinando sem nós — oxalá reinásseis, de fato ! que
também nós reinaríamos convosco.

a nós, Quinhão
apóstolos, odoúltimo
apóstolo. Creio condenados
lugar, como que Deus àdesignou
morte ; 9
porquanto nos tornámos espetáculo para o mundo, para os
anjos e os homens.
Nós somos. estul tos por amor de Cristo — e vós sábios 10
em Cristo ; nós somos fracos — e vós fortes ; vós estimados
— e nós desprezados. Até à presente hora, andamos sofrendo 11
fome, sede e desnudez ; somos maltratados, vivemos sem casa
dia do Senhor
316 1 Coríntios 4, 12 — 5, 10

12 e nos afadigamos com o trabalho das nossas mãos ; lançam-


nos maldições — e nós espargimos bênçãos ; perseguem-nos —
13 e nós o sofremos ; caluniam-nos — e nós consolamos ; até esta
hora somos considerados como o lixo do mundo e a escória
de todos.
14 Pai da comunidade. Escrevo-vos isto, não para vos
envergonhar, mas para vos admoestar, como a filhos meus
15 caríssimos. Ainda que tivésseis milhares de preceptores em
Cristo, não tendes, todavia, muitos pais. Ora, pela prégação
do evangelho eu me tornei vosso pai em Cristo Jesus.
16 Pelo que vos exorto a que me tomeis por modelo. Foi por
17 esta razão que vos enviei Timóteo, filho meu caríssimo e fiel
no Senhor, para que ele vos revocasse á memória o caminho
que trilho, em Cristo conforme ensino por toda a parte, em
18 todas as igrejas. Há entre vós alguns que se enfatuam como
li) se eu não mais tornasse a ir têr convosco. Hei de visitar- vos
porém, em breve, se o Senhor quiser ; e desejaria ver então,
não as palavras desses enfatuados, mas, sim, a sua virtude ;
20 porquanto o reino de Deus não consiste em palavras, porém
21 na virtude. Que quereis ? que eu vá visitar-vos com a
vara, ou no espirito de caridade e de mansidão ?

Misérias morais
5 Caso escandaloso. Ouve-se dizer constantemente
que reina entre vós a luxúria, e uma luxúria tal que nem
mesmo entre pagãos se encontra, a ponto de haver quem viva
2 com a mulher de seu próprio pai. E ainda andais enfatuados,
em vez de mostrardes pesar, para eliminar do vosso meio se-
3 melhante malfeitor. Eu, embora corporalmente ausente,
oresente estou em espirito ; e, como se convosco estivesse,
4 já proferi sentença sobre aquele malfeitor : reuni-vos comigo
em espirito, em nome de nosso Senhor Jesus, e, pelo poder do
5 Senhor Jesus, entregai esse homem a Satanaz, para a perdi-
ção da carne, afim de que se salve seu espirito, no dia do Se-
nhor Jenís.
ç Não é nada bela a vossa jactância. Ignorais, porventu-
ra, que o fermento, embora pouco, leveda a massa toda ?
7 Fora, pois, com esse fermento velho ! sede massa nova,
pois que sois massa sem fermento, Também foi imolado
8 Cristo, vosso cordeiro pascal. Celebremos, portanto, a nossa
festa, não mais no fermento velho, nem no fermento da ma-
lícia eda iniquidade, mas no pão ázimo da sinceridade e da
verdade.
9 Trato com impuros. Escrevi-vos naquela carta
10 que não tivésseis relações com os impuros. Com isto me
16 — modelo, assim como eu tomo por modelo a Cristo.
17 — Cristo Jesus 4 — Jesus Cristo 5 — Jesus Cristo.
1 Coríntios 5, 11 — 6, 19 317

referia, não aos impuros deste mundo em geral, os avarentos,


os ladrões ou idólatras ; senão tereis de sair do mundo ;
mas escrevi-vos no sentido de não mantcrdes relações com n
um homem que, dizendo-se irmão, é impuro, avarento, idó-
latra, blasfemador, beberrão ou ladrão — a um tal não
deveis tolerá-lo nem como companheiro de mesa. Pois com 12
que direito havia eu de julgar os que estão de fora ? Não é
que julgais os que são do número dos de dentro ? Os que es- 13
tão de fora serão julgados por Deus. Eliminai do vosso meio
o malfeitor !
Processos perante juizes gentios. Ousará algum 6
de vós, implicado num processo contra outro, solicitar justiça
aos iníquos, e não aos santos ? Não sabeis, porventura, que 2
os santos hão de julgar o mundo ? Se, portanto, o mundo
será julgado por vós, não serieis competentes para julgar
essas coisas insignificantes ? Acaso ignorais que havemos de 3
julgar os anjos ? quanto mais essas coisas de cada dia !
Quando, pois, tiverdes qualquer litígio sobre coisas da vida 4
quotidiana, constitui juizes aqueles que aliás nenhuma cotação
teem na que
possível igrejanão! —hajaparaentre
vergonha
vós um vossa
único é homem
que digoentendido,
isso. E' 5
capaz de funcionar como árbitro entre irmãos ? mas o que se 6
vê são processos entre irmão e irmão — e isso perante incré-
dulos. O simples fato de existirem discórdias entre vós é 7
mau sinal. Por que não preferis sofrer injustiça ? por que
não tolerais antes a fraude ? Em vez disto, vós mesmos come- 8
teis injustiça e fraude, e isto até contra irmãos. Não sabeis 9
que os injustos não terão parte no reino de Deus ? Não vos 10
iludais ! os impuros, os idólatras, os adúlteros, os luxuriosos,
os sodomitas, os ladrões, os avarentos, os beberrões, os blas-
femadores, os salteadores não terão parte no reino de Deus.
E tais fostes vós em parte. Agora, porem, fostes purificados, 11
fostes santificados, fostes justificados em nome do Senhor Je-
sús Cristo e pelo espírito de nosso Deus.
O corpo, templo de Deus. Tudo me é permitido, 12
mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas não con-
vém que eu me deixe escravizar por coisa alguma. As comidas 13
são para o estômago, e o estômago para as comidas ; e Deus
deixará perecer um e outro. O corpo, porém, não é para a lu-
xúria, mas para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Deus que 14
ressuscitou o Senhor, há de também ressuscitar-nos a nós
pelo seu poder. Não sabeis que os vossos corpos são membros 15
de Cristo ? e eu tomaria os membros de Cristo e os faria
2, membros duma meretriz ? Nunca ! Ou ignorais que quem se 16
24 entrega a uma meretriz se torna um só corpo com ela ? pois
foi dito que serão dois em uma só carne. Mas, quem se entre- 17
ga ao Senhor fica um só espirito com ele. Fugi da luxuria ! 18
Todo o outro pecado que o homem comete não lhe atinge o
corpo ; mas quem se entrega à luxúria peca contra seu próprio
corpo. Não sabeis que vosso corpo é templo do Espirito San- 19
318 1 Coríntios 6, 20 — 7, 18

to, que habita em vós e que de Deus recebestes ? de maneira


20 que já não pertenceis a vós mesmos ? Fostes comprados por
alto preço ; glorificai, pelo que glorificai a Deus no vosso
corpo.
RESPOSTAS DIVERSAS
Matrimonio e virgindade
7 Sociedade matrimonial. A propósito daquilo de que
me escrevestes, digo que é bom para o homem não se apro-
2 ximar de mulher. Entretanto, em vista do perigo da luxúria,
tenha cada homem sua mulher, e cada mulher seu marido.
3 O marido conceda à mulher o que lhe deve ; e da mesma ma-
4 neira também a mulher ao marido. A mulher não pode dispor
do seu corpo, senão o marido ; do mesmo modo não pode o
5 marido dispor do seu corpo, mas a mulher. Não vos negueis
um ao outro, senão de comum acordo, e por algum tempo,
afim de vos entregardes á oração ; em seguida, porém, tornai
a conviver, para que Satanaz não vos arme ciladas por fal-
6 tares à continência. Digo isto como concessão, e não como
7 preceito ; porque desejaria que todos os homens jossem
como eu. Entretanto, cada um recebeu de Deus um dom es-
8 pecial, um este, outro aquele. Aos solteiros e às viuvas digo
que lhes é conveniente conservarem-se assim como eu. Se,
9 porém, não puderem viver continentes, casem ; pois é melhor
casarem do que arderem de volúpia.
10 Vínculo conjugal. Aos casados preceitua o Senhor
— e não eu — que a mulher não se separe do marido. No
caso, porém, que se separe, fique sem casar, ou se reconcilie
11 com o marido. Pela mesma forma não abandone o marido
32 sua mulher. Aos demais digo eu — e não o Senhor — que,
13 se algum irmão tiver uma mulher descrente que de boa von-
tade viva com ele, não a abandone. E, se uma mulher tiver
um marido descrente que de boa vontade viva com ela,
não abandone o marido. Porque o marido descrente é santi-
ficado pela mulher ; como também a mulher descrente é
santificada pelo irmão ; do contrário, os vossos filhos seriam
impuros, quando de fato são santos. Mas, se a parte descrente
quiser separar-se, separe-se ; pois, neste, caso, o irmão ou a
irmã não estão ligados, uma vez que Deus vos chamou para
16 a paz. Mulher, sabes tu se salvarás teu marido? Homem,
sabes tu se salvarás tua mulher ?
17 Mudança de estado. Viva cada um de modo como
o Senhor lho concedeu, segundo a vocação que tem de Deus.
E' esta uma recomendação que dou a todas as igrejas. Quem
18 foi chamado como circuncidado não procure disfarçá-lo ;
quem foi chamado como incircunciso, não se faça circuncidar.
20 — glorificai e trazei
7 — todos vós fôsseis
13 — mulher crente
1 Coríntios 7, 19 — 40 319

O que importa não é ser circuncidado ou incircunciso, mas a i9


observância dos mandamentos de Deus. Fique cada qual no 20
estado no qual recebeu a vocação. Se foste chamado como 21
servo, não te dê isto cuidados ; e, ainda que possas ser livre
prefere servir ; pois quem como servo foi chamado ao Se- 22
nhor é um liberto do Senhor ; do mesmo modo, quem foi
chamado como livre não deixa de ser servo de Cristo. Por
alto preço fostes comprados ; não vos torneis escravos dos 23
homens. Meus irmãos, fique cada qual diante de Deus, no 24
estado em que recebeu a vocação.
Recomendação da virgindade. Quanto às virgens, 25
não tenho mandamento do Senhor ; dou, porém, um con-
selho como quem merece confiança por ser agraciado do Se-
nhor. Entendo que, por causa da presente tribulação, é 26
bom ficarem assim — como é bom para outro qualquer. Se
estás ligado a uma mulher, não procures separação ; se estás 2i
solteiro, não procures mulher. Entretanto, se casares, não
pecas. E se a virgem casar não peca. Fstes, todavia, pade-
cerão tribulação da carne, de que eu quisera preservar-vos.
O que vos digo, meus irmãos, é que o tempo é breve. Pelo
que convém que os casados vivam como se casados não fossem;
os tristes, como se não andassem tristes ; os alegres, como se
não estivessem alegres ; os que adquirem, como se nada pos-
suís em ;e os que se ocupam de coisas mundanas, como se
delas não se ocupassem ; porque passa a ligura deste mundo.
Quisera ver-vos sem cuidados. Quem não é casado cuida das
coisas do Senhor e procura agradar ao Senhor ; mas quem
é casado cuida das coisas do mundo e procura agradar à mu-
lher — e está dividido. A mulher não casada c a virgem cui-
dam das coisas do Senhor e procuram ser santas de corpo e
alma ; ao passo que a casada pensa nas coisas do mundo e
procura agradar ao marido.
Digo isto para vosso bem, e não para vos armar um
laço ; mas porque me interesso pelos bons costumes e por uma
desimpedida entrega ao Senhor.
Casamento da filha. Entretanto, se alguém acha
desairoso que uma filha donzela passe da idade, e se tem con-
veniência, faça como entender; não peca, podem casar. Mas
quem possue coração firme e não tem que ceder a nenhuma
necessidade, quem é senhor da sua vontade e assentou consi-
go conservar virgem a sua filha, faz bem. Quem, por conse-
guinte, casa a sua virgem, faz bem; quem não a casa faz
melhor.
Atitude da viuva. A mulher está ligada enquanto o 39
marido vive ; mas, se êle morrer, está livre e pode casar com
quem quiser, contanto que seja no Senhor. Contudo, será 40
mais feliz se ficar como está. Isto é meu conselho, e creio
que também eu tenho o espirito de Deus.
32 — a Deus 36 — se ela casar.
320 1 Coríntios 8, 1 — 9, 10

Participação na idolatria
8 Consideração para com os fracos. Quanto às car-
nes sacrificadas aos ídolos, creio que todos temos a necessária
ciência. — A ciência, é verdade, incha, mas a caridade edifica.
2 Quem se ufana de seu saber, nem sequer sabe de que modo
3 convém saber ; quem ama a Deus este é conhecido dêle.
4 — No que, pois, toca aos comestiveis sacrificados aos ídolos,
sabemos que não existem ídolos no mundo, e que não há senão
5 um só Deus. Por mais numerosos que sejam, no céu e na
terra, os chamados deuses — pois há tantos deuses quantos
6 senhores -mas para nós existe um só Deus, o Pai, do qual pro-
vêem todas as coisas e que é o nosso destino ; e um só Senhor,
Jesus Cristo, por quem tudo foi criado, e por ele também nós.
7 Entretanto, nem todos possuem a verdadeira com-
pre nsãoalguns,
; ainda imbuídos da idéia de ídolos, comem
da carne como sendo sacrilicio de ídolos, e saem com a con-
8 ciência manchada, porque é fraca. Não é a comida que nos
dá valor aos olhos de Deus ; nãc valemos mais por comermos,
9 nem valemos menos por não comermos. Vêde, porém, que
esta vossa liberdade não venha a ser ocasião de escândalo
10 para "osPorque,fracos.se alguém te vir à mesa num templo de ídolos,
a ti, que és instruido, não se sentirá ele, quando de conciência
fraca, induzido a comer das carnes sacrificadas aos ídolos ?
n De maneira que o fraco poderá perecer por causa do teu co-
nhecimento, êle, o irmão, pelo qual Cristo morreu. Mas,
12 se pecardes contra os irmãos, ofendendo-lhes a conciência
13 fraca, é contra Cristo que pecais. Se, portanto, uma comida
serve de escândalo a meu irmão, não quisera jamais comer
carne, para não escandalizar a meu irmão.
9 Paulo, como modelo. Não sou, porventura, li-
vre ? não sou apóstolo ? não vi eu nosso Senhor Jesús ? não
2 sois vós obra minha no Senhor ? Se para outros não sou após-
tolo, para vós, certamente não deixo de o ser ; pois que vós
* sois o
que apresentosigilo do aosmeuqueapostolado
me fazem norecriminações.
Senhor. E' esta a defesa
4 Não temos nós, porventura, o direito de aceitar
5 comida e bebida ? não temos o direito de nos tazer acompa-
nhar por uma mulher irmã, a exemplo dos demais apóstolos,
6 irmãos no Senhor, e Cefas ? Ou será que eu e Barnabé somos
7 os únicos sem o direito de abrir mão do trabalho ? Quem
há por aí que vá à guerra á sua custa ? quem planta uma vi-
nha, enão come do seu fruto ? quem apascenta um rebanho,
8 e não se alimenta do leite do rebanho ? Será que não passa
9 de costume humano o que estou dizendo ? ou não diz o mesmo
também a lei ? pois está escrito na lei de Moisés : "Não porás Dt 25,4
10 mordaça
teressa pelos ao boi
bois que pisaserá
? Não o trigo". Será queporDeus
principalmente causasó dese nós
in-

9,1 — Jesus Cristo 9,6 — fazer isto


1 Coríntios 9, 11 — 10, 1 321

que assim fala ? Com efeito, é por nossa causa que está
escrito : Quem lavra a terra lavre com esperança. Quem de-
bulha ocereal faça-o com a esperança de perceber o seu qui-
nhão. Ora, se semeamos entre vós bens espirituais, será de- U
mais colhermos dos bens materais que vos pertencem ? Se
outros teem direito sobre vós, quanto mais nós ! Entretanto, 12
não temos feito uso deste direito ; pelo contrário, tomamos
tudo sôbre nós mesmos, para não criar nenhum obstáculo ao
evangelho de Cristo.
Não sabeis que os que trabalham no santuário, do 13
santuário se alimentam ? e quem serve ao altar, no altar
tem parte ? Do mesmo modo, ordenou o Senhor que os que 14
prégam o evangelho, do evangelho vivam.

de nenhum Renúncia
desses heróica. "Eu, escrevo
direitos. Não porém, não
isto tenho feitodaqui
para que uso 15
por diante assim se faça comigo ; prefiro morrer a renunciar a
esta minha glória. A pregação do evangelho não me redunda 16
em glória, uma vez que é minha obrigação — ai de mim se
não pregasse o evangelho! Se o faço de livre vontade, tenho 17
direito a premio ; se, porém o faço obrigado, apenas me
desincumbo de um cargo que me foi confiado. Em que i«
consiste, pois. o meu merecimento ? No fato de pregar de livre
vontade o evangelho sem fazer valer o direito que me dá o
evangelho. Ainda que livre em todo o sentido, fiz-me escravo u
de todos, afim de ganhar o maior número possível. Para os
judeus me fiz como judeu, afim de ganhar os judeus ; para 20
os que estão sujeitos à lei me fiz como quem está sob a lei —
embora não mais esteja sob a lei — afim de ganhar os súbdi-
tos da lei. Para os que vivem sem a lei me fiz como quem 21
vive sem a lei — ainda que não esteja isento da lei de Deus,
mas ligado pela lei de Cristo — afim de ganhar os que vi-
vem sem a lei. Com os fracos me fiz fraco, afim de ga- 22
nhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, afim de salvar ao 23
menos alguns. Faço tudo isto por causa do evangelho, para
ter parte nele.
Salvar a alma. Ignorais, por ventura, que no estádio 24
todos correm, mas um só recebe o premio ? Correi, pois, de
tal modo que o alcanceis. Todo, o atleta pratica abstinência 25
em todas as coisas ; fazem-no eles para conquistar uma
coroa perecivel ; nós, porém, por causa de uma coroa impere-
cível. Assim corro também eu. mas não à toa ; pelejo tam- 26
bém eu. mas não como quem fustiga o ar ; antes mantenho em 27
disciplina o meu corpo e o obrigo à sujeição, para que, depois
de ter prégado a outros, não venha eu mesmo a ser indigno
do premio.
Para escarmento. Quisera; meus irmãos, que não igno- \Q
rásseis que nossos pais estiveram todos sob a nuvem; que todos
23 — salvar a todos
322 1 Coríntios 10, 2 — 27

2 passaram o mar ; que todos na nuvem e no mar, receberam


3 o batismo em Moisés ; que todos comeram o mesmo man-
4 jar espiritual e beberam a mesma bebida espiritual — pois
bebiam da pedra espiritual que os acompanhava, pedra que
5 era Cristo — Entretanto, da maior parte deles não se agra-
dou Deus, pelo que sucumbiram no deserto. Ora, acon-
6 teceu isto para nos servir de exemplo, para que não co-
bicemos omal, como aqueles cobiçaram. Nem vos entre-
7 gueis à idolatria, como alguns deles ; por quanto está es-
crito :"Sentava-se o povo para comer e beber, e levantava-
8 se para dêles
alguns folgarpraticaram,
e dançar". e pereceram
Não pratiquemos
vinte e luxúria,
três mil como
num
9 só dia. Não tentemos ao Senhor, como alguns dêles o ten- Ex 82,6
ih taram, e foram mortos pelas serpentes. Nem murmureis,
como alguns dêles murmuraram, e foram arrebatados pelo
n anjo exterminador. Tudo isto que lhes aconteceu vale como
exemplo ; e foi escrito para escarmento nosso, que presen-
12 ciamos a plenitude dos tempos. Quem, pois, julga estar em
13 pé, tome cuidado que não venha a cair. Não vos sobreveio
nenhuma tentação que não fosse humana ; Deus é fiel ;
não permirá que sejais tentados acima das vossas forças ;
antes levará a bom têrmo a tentação para que possais su-
portá-la.
34 Manjares cultuais. Pelo que, queridos meus, fugi
15 da idolatria. Falo como a pessoas de critério ; avaliai por
16 vós mesmos o que estou dizendo. O cálice da bênção que
consagramos não é a comunhão do sangue de Cristo ? e o
pão que partimos não é a participação do corpo de Cristo ?
17 Ora, como é um só pão, assim também nós, muitos que somos,
formamos um só corpo ; pois todos participamos de um só
18 pão. Considerai o Israel terreno : não é verdade que os que
comem das vitimas teem parte no altar do sacrifício ?
19 Que quero dizer com isto ? que um sacrifício feito
aos idolos, seja alguma coisa ? ou que o ídolo seja alguma
20 coisa ? Não ; o que os pagãos sacrificam é sacrificio ofereci-
do aos demónios, e não a Deus. Mas não quero que te-
21 nhais sociedade com os demónios ; não podeis beber o cálice
e do Senhor e o cálice dos demónios ; não podeis tomar
22 parte na mesa do Senhor e na mesa dos demónios. Queremos,
acaso, provocar o Senhor ? somos mais fortes que ele ?
23 Avisos práticos. Tudo é permitido, mas nem tudo
24 convém. Tudo ê permitido, mas nem tudo edifica. Ninguém
procure os seus interesses, mas o bem do próximo.
25 Comei de tudo o que se vende no mercado, sem in-
quirirdes, por escrúpulos de conciência. "Pois ao Senhor Sl 23,1
26
27 pertence a terra eportudoum quanto
fordes convidado ela econtém".
descrente Se portanto,
tiverdes vontade de lá
ir, comei de tudo o que vos for servido, sem nada indagardes,
8 — a Cristo 16 — do Senhor 23 — me é permitido (2 vezes).
1 Coríntios 10, 28 — 11, 18 323

por escrúpulos de conciência. Mas se alguém vos advertir :


Isto é carne sacrificada aos ídolos' ' , não a comais, em atenção 28
àquele que vos advertiu, por motivo de conciência — quero
dizer, não da conciência própria, mas da do outro. Porque 29
sujeitaria eu a minha liberdade ao critério da conciência de
outrem ? se com gratidão como uma coisa, por que havia de 30
merecer censura por aquilo que tomo com ação de graças ?
Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra 31
coisa qualquer, fazei tudo pela glória de Deus. Não deis mo- 32
tivo de escândalo nem a judeus nem a gentios, nem à igreja
de Deus ; assim como também cu procuro em tudo agradar 33
a todos, não buscando os meus interêsses, mas os interêsses
dos muitos, para que se salvem.
Sêde imitadores meus, assim como eu sou imitador 11
de Cristo.
Inconveniências no culto divino
Mulheres veladas. Acho louvável que em tudo vos 2
lembreis de mim e guardeis as minhas instruções, assim como
vo-las dei. Quisera, porém, chamar- vos à memoria que Cristo 3
é o chefe de todo o homem, que o chefe da mulher é o homem,
e que Deus é o chefe de Cristo. Todo o homem que orar ou 4
profetizar de cabeça coberta, deshonra a seu chefe. E toda
a mulher que orar, ou profetizar de cabeça descoberta, 5
deshonra a seu chefe, nivelando-se á mulher de cabelo rapado.
A mulher que não velar a cabeça, vá cortar o cabelo. Ora, se G
é vergonhoso para a mulher cortar o cabelo, ou rapar-se, vele
a cabeça. O homem não precisa de cobrir a cabeça, por ser 7
imagem e resplendor de Deus ; ao passo que a mulher é o
resplendor do homem ; pois o homem não provém da mulher, 8
mas a mulher provém do homem ; nem o homem foi feito por 9
causa da mulher, mas, sim, a mulher por causa do homem.
Por isso, deve a mulher levar na cabeça um distintivo de io
que está sob o poder — por causa dos anjos. Entretanto, no li
Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o ho-
mem éindependente da mulher ; pois, como a mulher provém 12
do
mas homem,
tudo vem assimde oDeus.
homem deve a sua origem à mulher —
Julgai por vós mesmos se é conveniente que uma 13
mulher ore a Deus não tendo véu. Não vos ensina a própria 14
natureza que para o homem é deshonroso usar cabelo com- 15
prido, ao passo que para a mulher o cabelo comprido é um or-
namento ?A cabeleira lhe foi dada como véu. Entretanto, 16
se alguém fizer questão de defender a sua opinião, não temos
nós êsse costume, nem tão pouco as igrejas de Deus.
Reuniões eucarísticas. Aos dar-vos estas exorta- 17
ções, não posso louvar que as vossas reuniões redundem, não
em proveito, mas em prejuizo vosso. Em primeiro lugar, 13
2 — louvável, meus irmãos, 16 — á igreja,
324 1 Coríntios 11, 19 — 12, 10

ouço que, quando vos reunis, há dissensões entre vós, e em


1" parte o creio. Nem pode deixar de haver dissensões entre
vós. para que se manifestem dentre vós aqueles que são de
20 virtude comprovada. Quando, pois, vos reunis, não é mais
21 para celebrardes a ceia do Senhor; porque cada qual, ao
comer, antecipa a sua ceia — e um sofre fome, enquanto outro
22 está ébrio. Não tendes casas onde comer e beber ? ou despre-
zais a igreja de Deus e melindrais os indigentes ? que vos
direi ? Hei de louva r-vos ? neste ponto não vos louvo.
23 saber : Porquanto, que o Senhor recebi do na
Jesus! Senhor
noite o'emquequevosfoi ensinei,
entregue,a
24 tomou o pão, e, havendo dado graças, o partiu e disse : "Isto
ê o meu corpo, que é entregue por vós; fazei. isto em me-
25 mória de mim". Da^ mesma forma, depois da ceia, tomou
o cálice, fazei
sangue: dizendo isto :em"Fste cálicedeé mim
memória o novotodas
testamento
as vezesem quemeuo
2(5 beberdes".
e beberdes o Porque, todas as vezes
cálice, anunciareis que do
a morte comerdes
Senhor, êsteaté pão
que
27 ele venha. Pelo que, quem comer indignamente o pão, ou be-
ber o cálice do Senhor será réu do corpo e do sangue do Se-
28 nhor. Examine-se, pois, o homem, e assim coma do pão e
29 beba do cálice. Porque quem come e bebe come e bebe a pró-
pria condenação, não fazendo discernimento _ do corpo. Por
s0 isso é que há entre vós tantos fracos e enfermos, e alguns
31 já adormeceram. Mas, se nos examinássemos após mesmos,
32 não seriamos julgados. Se, porém, somos julgados pelo Se-
com onhor, éparamundo.correção nossa, afim de não sermos 'condenados
33 Portanto, meus irmãos, quando ?vos reunis para a
34 refeição, esperai uns pelos outros. Se alguém estiver com fome,
coma em ca$a, para que a vossa reunião não reverta em con-
denação vossa.
Quanto ao mais, hei de regularizá-lo quando aí for.
12 Dons divinos. A propósito dos dons espirituais,
meus irmãos, não quero deixar- vos na ignorância. Sabeis
2 que, quando pagãos, vos deixáveis levar cegamente aos ídolos
3 mudos. Ora, faço-vos saber que ninguém que fala pelo es-
pirito de Deus diz mal de Jesus ; e ninguém pode proclamar
a Jesus como Senhor, senão pelo Espirito Santo.
4 São diversos os dons espirituais, mas o espirito é
5 um só ; diversos são os ministérios, mas um só é o Senhor ;
6 há operações diversas, mas um só Deus que tudo opera em
7s ftodos.
estação E'do para espirito. utilidade
A um que a cada umpelose espirito
é concedido concede o adommani-
da
9 sabedoria ; a outro o dom da ciência, pelo mesmo espirito ;
a outro, o dom da fé, pelo mesmo espirito ; a outro, o dom
de curar doenças, pelo mesmo espirito ; a outro, a virtude
10 de fazer milagres ; a outro, a profecia ; a outro, o discerni-
24 — "Tomai e comei, isto é o meu corpo. 27 — este pão
29 — bebe indignamente 29 — corpo do Senhor.
1 Coríntios 12, 11 — 13, 2 325

mento dos espíritos; a outro, o dom das línguas ; a outro, 11


a interpretação dos idiomas. Tudo isto faz um e o mesmo
espirito, que distribue os seus dons a cada um como quer.
A igreja, corpo de Cristo. Do mesmo modo que o 12
corpo é um só, mas tem muitos membros, e todos êstes mem-
bros apesar da sua multiplicidade, formam um só corpó : as-
sim também acontece com Cristo. Todos tios fomos, pelo 13
batismo, por um só espirito, unidos em um só corpo — judeus
e gentios, escravos e livres — todos fomos imbuídos de um só
espirito. Pois também o corpo não consta de um só membro, 14
senão de muitos. Se o pé dissesse: "Porque não sou mão, 15
não pertenço ao corpo", nem por isso deixaria de fazer parte
do corpo. E, se o ouvido dissesse : "Porque não sou vista, ig
não corpo.
do pertençoSe ao corpo",
o corpo fossenemtodoporvista,
isso deixaria de fazer
onde ficaria parte?
o ouvido 17
e, sé fosse todo ouvido, onde ficaria o ólfato ? Deus marcou a 18
cada membro a sua função no corpo, segundo a sua vontade.
Se tudo fosse apenas um membro, que seria então do corpo ? 19
Entretanto, são muitos os membros, e um só o corpo. Não 20
pode a vista dizer á mão : "Não preciso de ti" ; nemtãopou- 21
co
Pelopode a cabeçajustamente
contrário, dizer aos ospésmembros
: "Não donecessito de vós".
corpo que mais 22
fracos parecem é que são os mais necessários. Os membros 2?»
•do corpo que temos em conta de menos nobres, tratamo-los
com tanto maior respeito ; os menos decentes são recatados
com maior decência, ao passo que os decentes não necessitam
disto."
membrosDeus organizou
menos nobres,assim
para o quecorpo,
não distinguindo mais os
houvesse desordem 24
25
no corpo, mas que os membros, harmonicamente, tivessem
solicitude uns dos outros. Se um membro sofre, todos sofrem 26
com êle ; se um membro é honrado, todos os membros se
alegram com êle.
Ora, vós sois o corpo de Cristo, e, cada um da sua 27
parte, membro dêle. A alguns constitue Deus na igreja como 28
apóstolos ; a outros como profetas, a outros como doutores ;
ainda a outros para operar milagres, para curar doentes, para
prestar socorros, para governar, cargos para diversas línguas.
São todos, porventura, apóstolos ? todos profetas ? todos 29
doutores ? todos taumaturgos ? será que todos teem o dom
de curas milagrosas ? falam todos em línguas diversas ? teem 30
todos o dom da interpretação de idiomas ?
Não deixeis de aspirar aos dons superiores. 31
Entretanto, eu vos mostrarei um caminho ainda mais
excelente.
1*
Apoteose da caridade. Se eu falasse a lingUa dos
homens e dos anjos, mas não tivesse a caridade, não passaria
dum metal sonoro ou duma campainha a tinir. E, se tivesse 2
o dom da profecia, se penetrasse todos os mistérios e possuísse
28 — línguas e interpretação de idiomas.
326 1 Coríntios 13, 3 — 14, 12

todos os conhecimentos, se tivesse toda a fé a ponto de trans-


portar montanhas, mas não tivesse a caridade — nada seria.
3 E, se distribuisse entre os pobres todos os meus haveres, e
entregasse o meu corpo á fogueira, mas não possuísse a ca-
4 ridade — de nada me serviria. A caridade é paciente, a cari-
dade é benigna ; a caridade não é ciumenta, não é indeco-
5 rosa; não é orgulhosa, não é enfatuada, não é interesseira,
r> não se irrita, não guarda rancor; não folga com a injustiça,
7 mas alegra-se com a verdade, tudo suporta, tudo crê, tudo
8 espera, tudo sofre — a caridade jamais acaba.
Terão fim as profecias, expirará o dom das línguas,
9 perecerá a ciência ; porque imperfeito é o nosso conhecer,
10 imperfeito o nosso profetizar ; mas, quando vier o que é
perfeito, acabará o que é imperfeito.
11 Quando eu era criança falava como criança, pensava
como criança, ajuizava como criança ; mas, quando me tor-
12 nei homem, despojei-me do que era pueril. Vemos agora como
que em espelho e enigma ; então, porém, veremos face a face ;
agora conheço apenas em parte ; então, porém, conhecerei
13 assim como eu mesmo sou conhecido. Por ora, ficam a fé, a
esperança e a caridade, estas três — a maior delas, porém,
é a caridade. Aspirai á caridade !
14 O dom da profecia e das línguas. Esforçai-vos
por alcançar os dons espirituais, mormente, porém, o dom
2 da profecia. Pois quem faz uso do dom das línguas, não fala
aos homens, mas a Deus ; ninguém o entende, porque fala
3 coisas misteriosas ditadas pelo espirito. Mas quem profetiza
4 fala aos homens, edificando, exortando, consolando. Quem
fala pelo dom das línguas edifica-se apenas a si mesmo ;
5 mas quem profetiza edifica a igreja. Quisera que todos
tivésseis o dom das línguas ; porém, ainda mais, que tivésseis
o dom da profecia ; porque quem profetiza é superior àquele
que fala em línguas, salvo se também as interpreta para edi-
ficação da igreja.
c Meus irmãos. Suposto que a vós me dirigisse com
o dom das línguas, que proveito havíeis de tirar se não vos
dissesse palavras de revelação, de conhecimento, de profecia
7 ou doutrina ? Se instrumentos inanimados, como a flauta ou
a cítara, emitissem sons que não fossem nitidamente distintos,
como se entenderia o que se toca na flauta ou na cítara ? E,
8 se a trombeta désse apenas um ruido confuso, quem se pre-
9 pararia para a luta ? O mesmo acontece convosco : se, ao
lo falardes em línguas, não proferirdes palavras inteligíveis,
n como
vento. se Háhá de no entender
mundo tantas o que línguas,
diz ? E' eo cada
mesmoumaqueconsta
falar de
ao
sons ; mas, se ignoro a significação do som, fico alheio àquele
que fala, assim como êle me fica alheio a mim.
12 Já que tanto vos esforçais por alcançar os dons es-
pirituais, procurai enriquecer-vos dos que sirvam de edifi-
4 — igreja de Deus.
1 Coríntios 14, 13 — 35

cação à igreja. Quem, por conseguinte, possue o dom das 13


línguas, peça o dom da interpretação. Pois se eu orar numa 14
língua, o meu espirito ora, sim, mas o meu entendimento
fica sem fruto. Que se segue daí ? Que hei de orar com o es- 15
pirito, e orar com a inteligência ; cantarei com o espirito,
e cantarei com a inteligência. Se cantares só em espirito, 16
como é que um inexperiente responderá amen á tua ação de
graças, se não compreende o que dizes ? Pode ser ótima a tua 17
ação de graças, mas o outro não se edifica. Graças a Deus 18
que possuo o dom das linguas em grau superior a todos vós ;
e, no entanto, quero antes proferir numa assembleia, cinco 19
palavras que se entendam, para instruir os outros, do que dez
mil palavras em lingua estranha. Meus irmãos ; não sejais 20
crianças no modo de pensar ; quanto à malícia, sim, sêde
crianças ; mas no modo de pensar sêde homens maduros.
Está escrito
bios alheios falarei naa êste
lei : povo
"Em ; linguas estranhas
nem assim e por lá-
me atenderá, 21
diz o Senhor".
os crentes, mas Portanto,
para os odescrentes
dom das linguas é sinal,
; ao passo quenãoo para
dom 22
da profecia serve aos crentes e não aos descrentes. Ora,
se a comunidade dos fiéis se reunisse e todos falassem em lin- 23
guas diversas, e entrassem não iniciados ou descrentes — não
diriam que estais loucos ? Se, porém, todos profetizarem, e 24
entrar um descrente ou um não iniciado, todos lhe falam á
conciência, todos lhe proferem sentença, revelam-se os se-
grêdos do seu coração ; e êle acabará por se prostrar de face 25
em terra, adorando a Deus e confessando que Deus está
realmente no meio de vós.
Normas litúrgicas. Que importa, pois, fazer, meus 26
irmãos ? Nas vossas reuniões tenha um algum cântico, ou-
tro uma doutrina, outro uma revelação, um dom de linguas,
uma interpretação ; mas sirva tudo isto para a edificação.
Se houver quem tenha o dom das linguas não falem mais de 27
dois, ou, quando muito, três, e sucessivamente, e um dê a
interpretação. Não havendo intérprete, calem-se na assem- 28
bléia aqueles ; falem consigo mesmos ou com Deus. Quanto
aos profetas, falem apenas dois ou três ; os outros dêem pare- 29
cer. No caso que algum daqueles que estão sentados tenha 30
uma revelação, cale-se o primeiro. Todos podeis profetizar, 31
mas um após outro, para que todos recebam doutrina e exor-
tação. Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. 32
Deus não é de confusão, mas de paz Assim ê em todas as 33
igrejas dos santos.
Mulheres na liturgia. Fiquem as mulheres caladas, 34
na assembleia não lhes compete falar; teem de subordinar-
Gn 3,16 se, conforme prescreve a lei. Se quiserem saber alguma
coisa, perguntem em casa a seus maridos ; pois não convém 35

26 — um de vós 33 — assim ensino


328 1 Coríntios 14, 36 — 15, 19

36 que a mulher fale na assembléia. Partiu de vós, porventura,


a palavra de Deus ? ou foi só a vós que chegou ?
37 Quem se tem em conta de profeta ou favorecido de
dons espirituais, reconheça que o que estou escrevendo é
38 preceito do Senhor. Se, porém, não o reconhecer, nem ele
seja reconhecido.
39 Aspirai, pois, meus irmãos, ao dom da profecia; mas
não ponhais embargo ao dom das línguas. Tudo se faça com
decência e boa ordem.

Ressurreição dos mortos


15 Ressurreição de Cristo. Meus irmãos, venho expli-
car-vos o evangelho que vos preguei. Vós o abraçastes e nêle
2 guardardes
perseverais assim
firmes.comoE' nêle
vo-lo que está ;a dovossa
preguei salvação,
contrário, em sevãoo
teríeis abraçado a fé.
3 Antes de tudo, vos ensinei p que eu mesmo recebi ;
que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo a escritura ;
4 que foi sepultado, e, segundo a escritura, ressuscitou no
u terceiro dia ; apareceu a Cefas, e, depois, ~ aos doze. Em
6 seguida, apareceu a mais de quinhentos irmãos reunidos, a
maior parte dos quais ainda vive, ao passo que alguns morre-
7 ram. Depois apareceu a Tiago; mais tarde,' a todos os após-
8 tolos, e, por último de todos, apareceu-me também a mim,
9 que nem ainda estava maduro. Pois eú sou o menor dentre os
apóstolos, nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque
19 persegui a igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que
sou; a sua graça não tem sido estéril em mim; pelo contrário
tenho trabalhado mais que todos os outros ; quer dizer, não
eu, mas a graça de Deus comigo.
11 Eu ou elesa —fé.é esta a nossa pregação, e foi dest'arte
que abraçastes
12 Se Cristo não ressuscitara. Ora, quando se préga
que Cristo ressuscitou dentre os mortos, como é que alguns
13 de vós afirmam que nem há ressurreição dos mortos ? Se não
há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou.
14 Mas, se Cristo não ressuscitou, então é vã a nossa prégação,
15 vã também é a vossa fé ; e nós aqui estamos como falsas tes-
temunhas de Deus, porque contra Deus depusemos que
ressuscitou a Cristo, quando de fato não o ressuscitou —
16 se é que os mortos não ressuscitam. Se os mortos não ressus-
17 citam, também Cristo não ressuscitou. Mas, se Cristo não
18 ressuscitou, então é vã a vossa fé e ainda estais nos vossos
pecados, e estão perdidos também os que em Cristo morreram.
19 Se tão somente para esta vida temos esperança em Cristo,
somos os mais deploráveis de todos os homens.
5 — onze.
1 Coríntios 15, 20 — 43 329

Cristo, primícia dos ressuscitados. Entretanto, 20


'Cristo ressuscitou dentre os mortos, primícia dos que repou-
saram. Por um só homem veio a morte, por um só homem vem 21
a ressurreição dcs mortos. Pois, assim como todos morreram 22
em Adão, assim todos serão vivificados em Cristo ; cada qual 23
quando chegar a sua vez ; Cristo foi o primeiro ; em seguida,
os que pertencerem a Cristo na sua vinda. Depois vem a £4
consumação, quando ele entregar o reino a Deus Pai, após
haver destruído todo o principado, dominação e poder ;
pois importa que êle reine até que reduza todos os inimigos 25
debaixo de seus pés. O último inimigo a ser derrotado é a 26
morte. dizPorquanto,
quando "submeteu
que tudo está sujeito, tudo a seus pés".
naturalmente Ora,
se excetua 27
aquele que tudo lhe sujeitou: Mas, quando tudo lhe estiver 28
sujeito, então o próprio Filho se submeterá àquele que tudo
lhe sujeitou. E sérá Deus tudo em todas as coisas.
Ponderações humanas. E que pretendem aqueles 29
que se fazem batizar a favor dos mortos ? se os mortos de
fato não ressuscitam, por que então se fazem batizar em prol
deles ? E porque nos expomos também nós a perigos a toda 30
a hora ? Dia por dia, estou em perigo de morte, tão certo 81
como vós, meus irmãos,ASois a minha glória em Jesus Cristo,
nosso Senhor. Se, em Ffeso, eu tivesse lutado com as feras 32
só como homem, de que me serviria ? Se os- mortos não ressus-
citam, então "comamos e bebamos, porque amanhã morre-
remos!" Não vosAndai
bons constumes. iludaiscom! Más
toda companhias
a sobriedade corrompem
e não pequeis.os 33
Alguns não teem idéia de Deus — para vergonha vossa o 34
digo.
Possibilidade da ressurreição. Mas, perguntará 35
alguém: Como hão de os mortos ressuscitar ? cem que corpo
virão ?
Insensato ! o que semeias não chega a viver sem que 36
primeiro morra. O que semeias não é a planta que se há de 37
formar, mas é o simples grão, por exemplo de trigo ou outro
qualquer. Deus, porém, lhe dá a forma que lhe apraz, e a cada 38
semente a sua forma peculiar.
O corpo redivivo. Nem todos os corpos são da mes- 39
ma espécie ; outro é o corpo do homem, outro o dos quadrú-
pedes, outro o das aves, outro o dos peixes. Há também cor- 40
pos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos ce-
lestes e outra a dos terrestres ; diverso é o brilho dó sol, 41
diverso o da lua, é diverso ó das estrelas — e até vai diferença
de claridade de estrela a estrêla.
"E' o que se dá com a ressurreição dos mortos. O que 42
se semeia é corruptível — o que ressuscita é incorruptível; o
que se semeia é humilde — o que ressuscita é glorioso ; o 43
26 — lhe está
330 1 Coríntios 15, 44 — 16, 8

que se semeia é fraco — o que ressuscita é forte ; o que se


semeia é um corpo material — o que ressuscita é um corpo
espiritual.
44 Se há corpo material, há também corpo espiritual.
45 Pois está escrito: "Foi feito o primeiro homem, Adão, or-
46 O que há ganismo vivo' ; o segundo
primeiro não é o Adão, porém,
espiritual, espirito
senão vivificante.
o material ; em Gn 2,7
47 seguida vem o espiritual. O primeiro homem é formado da
48 terra, é terrestre ; o segundo homem vem do céu. Qual o
terrestre, tais os terrestres ; qual o celeste, tais os celestes.
49 Assim como representamos em nós a imagem do que é ter-
restre, assim também representaremos em nós a imagem do
50 que é celeste. O que vos declaro, meus irmãos, é que a carne
e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrup-
tibilidade partilhará a incorruptibilidade.
51 Eis que vos revelo um mistério : nem todos havemos de
morrer, mas todos seremos transformados. Será repentinamen-
52 te, num instante, ao ultimo som da trombeta. Soará a trom-
beta, eressuscitarão os mortos, incorruptiveis, e nós seremos
53 transformados. Importa que êste ser corruptível revista a
incorruptibilidade, que êste ser mortal revista a imortali-
dade.
54 Triunfo sobre a morte. Ora, quando êste ser cor-
ruptível tiver revestido a incorruptibilidade. quando êste ser
mortal tiver revestido a imortalidade, então se cumprirá
a palavra da escritura : "Foi a morte tragada na vitória.
55 Que é da tua vitória, ó morte ? que é do teu aguilhão, ó mor-
56 porém,
te ?" O está
aguilhão na lei.da morte é o pecado ; a força do pecado,
57 nosso Graças
Senhor a! Deus, que nos dá a vitória por Jesus Cristo,
58 Pelo que, irmãos meus caríssimos, permanecei firmes
e inabaláveis ; trabalhai com zêlo na obra do Senhor, na
certeza de que não é baldado o vosso esforço no Senhor.
16 Conclusão. Quanto às coletas em beneficio dos
santos, guiai-vos pelo que ordenei às igrejas da Galácia :
2 No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte
alguma coisa para si, quanto quiser, para que a coleta não se
3 faça só por ocasião da minha chegada. Quando aí estiver,
hei de enviar a Jerusalém, com carta de recomendação,
4 homens de vossa confiança, para que levem o vosso óbulo.
Se for conveniente que vá também eu, podem eles acompa-
5 nnar-me.
Irei târ convosco pelo caminho da Macedónia, pois
6 pela Macedónia só vou de passagem. Convosco, porém,
7 ficarei mais tempo, talvez o inverno todo. Podeis então
8 acompanhar-me à despedida, quando seguir viagem. Não
47 — - céu, é celeste.
51 — todos havemos de ressuscitar, mas nem todos seremos transformados
1 Coríntios 16, 9 — 24

quisera ver- vos apenas de passagem; espero demorar-me 9


algum tempo no meio de vós, se o Senhor o permitir. Até
Pentecostes
larga e auspiciosa, ficarei embora
em E'feso, onde sepoucos
não sejam me abriu uma porta
os adversários. 10
Quando chegar Timóteo, providenciai para que
possa estar convosco sem temor ; trabalha como eu na n
obra do Senhor. E que ninguém o menospreze ! Acompa-
nhai-o antes pacificamente para que venha ter comigo ; 12
espero-o com os irmãos. Quanto ao irmão Apolo, pedi-lhe
encarecidamente que fosse visitar-vcs em companhia dos ir-
mãos ;mas não houve meio de movê-lo a empreender a via-
gem agora ; irá, todavia, mais tarde, oportunamente. 13
Sede vigilantes ! estai firmes na fé ! sede homens, 14
sede fortes ! Tudo quanto fizerdes, fazei-o com caridade. 15
Mais um pedido, meus irmãos : conheceis a familia de Es-
téjanas. São as primícias da Acaia, que se consagraram ao ie
serviço dos santos. Mcstrai-vcs dedicados a tais homens,
como em geral a todos os que trabalham e se afadigam. Estou 17
satisfeito pela chegada de Estéfanas, Fortunato e Acaico;
porque supriram a vossa ausência, confortando a minha al- ig
ma e a vossa. Mostrai-vos reconhecidos a tais homens.
Enviam- vos lembranças as igrejas da Asia. Muitas 19
saudações no Senhor, de Áquila e Priscila, bem como da cris-
tandade que se acha em sua casa. Lembranças de todos os 20
irmãos. Saudai-vos uns aos outros no ósculo santo.
Aí vai a minha saudação, de próprio punho : Paulo. 21
Quem não ama ao Senhor, maldito seja ! Maran-atha! 22
A graça do Senhor Jesús seja convosco. 23
A todos vós o meu amor, em Cristo Jesús. 24

NOTAS EXPLICATIVAS
Não quiseram os sábios do mundo conhecer a Deus,
embora não lhes escasseassem provas da sua existência
(cf Rm 1, 19 s) ; por isso deixou Deus de parte a sabedoria
humana e serviu-se da ignominia da cruz para salvar a hu-
manidade. Acruz e o sofrimento, que parecem loucura aos
mundanos, são suprema sabedoria aos olhos de Deus.
Também entre os cristãos de Corinto havia maior
número de humildes que de poderosos.
O homem, confiado nas suas faculdades meramente
naturais, não pode atingir as verdades sobrenaturais do cris-
tianismo,, que até lhe parecem absurdas ; ao passo que o
homem espiritual iluminado pela fé as compreende e abraça,
tornando-se com isto uma espécie de enigma para o profano.
15 — Estéfanas, Fortunato e Acaico.
19 — casa, onde, me acho hospedado.
22 — Senhor Jesus Cristo. 23 — Jesús Cristo. 24 — Jesus. Amen.
332 NOTAS — 1 Coríntios 3, 1 — 7, 24

3 São Paulo, com a sua prégação, lançara os fundamen-


12—34 tos da igreja de Corinto ; outros, após a partida dele, le-
variam adiante a construção. No dia do juizo se verá com que
material cada um trabalhou : se com o ouro, a, prata e as
pedras preciosas de doutrinas sólidas e virtudes acrisoladas,
se com a madeira, o, feno e a palha do palavreado vão e exem-
plos ambiguos.
21—23 Ninguém ponha a sua confiança em mestre humano,
como se dêle dependesse a sua salvação ; pois todos os mes-
tres não passam de instrumentos nas mãos de Deus, para
utilidade espiritual dos fiéis.
4 O que. vale de todos os mestres exemplificou-o São
6 Paulo na sua pessoa e na de Apolo, para que os coríntios
aprendessem a não enaltecer um homem mais do que convém,
segundo os ditames dos livros sacros.
8__13 Aos olhos do mundo é o apostolado a mais triste con-
dição do homem, mas aos olhos de Deus é sublime privilégio.
5 Na qualidade de representante de Jesus Cristo, ex-
4_5clue São Paulo da comunidade eclesiástica o pecador im-
penitente eescandaloso, entregando-o ao reino de Sata-
naz, isto é, ao mundo dominado pelo príncipe das trevas,
para que êste castigo o faça cair em si.
6_8 Alusão ás cerimonias pascais dos judeus. O fermen-
to significa o mau exemplo daquele homem.
12—13 Os pagãos não estão sujeitos á jurisdição eclesiás-
tica do apóstolo.
g Nem tudo convém fazer, embora seja moralmente li-
I7_2i cito, para não ofender o próximo. Nem é justo deixar-se
dominar por qualquer inclinação viciosa. A manducação
deste ou daquele alimento é, de per si, coisa indiferente
mas não o é do mesmo modo qualquer gozo sensual ; porque,
segundo a vontade de Deus, tem o corpo destino superior
que não o da satisfação carnal ; é membro do corpo místico
de Cristo e criado para participar da glória da alma, desde
o dia da ressurreição universal.
rj O matrimonio entre cristãos é indissolúvel. Ha-
lo— i6 vend°> porém,
tã, e a outra pagã,umse esta casalúltima
em que uma a parte
se negar querer seja cris-
continuar
a vida matrimonial, pode a parte cristã requerer separação,
com dissolução do vínculo matrimonial ; porque, do contrário,
correria perigo de perder a fé. No caso, porém, que a parte
pagã queira continuar no matrimonio, não se dissolva o vín-
culo conjugal ; porque a convivência pacífica com o cônjuge
cristão poderá redundar em bênção espiritual para a parte
pagã, dispondo-a, talvez, para a conversão (privilégio paulino).
17—24 Convém que o homem, após a sua conversão ao cris-
tianismo, continue no seu ofício ou profissão de antes ;
pois o cristão pode santificar-se em qualquer estado de
vida que seja honesto.
NOTAS — 1 Coríntios 7, 21 — 11, 10 333

Recomenda o apóstolo aos escravos das famílias cris- 21


tãs que, mesmo depois de batizados, continuem a servir
de boa vontade, contentando-se com a liberdade espiri-
tual.
Refere-se o apóstolo aos pais e tutores. 36—38
Comia-se, em parte, nos banquetes rituais, a carne g
que sobrava dos sacrifícios oferecidos aos deuses, em parte i__3
se vendia no mercado. Agitava-se entre os fiéis a questão
sobre a liceidade ou iliceidade da manducação dessas carnes.
Tomando por ponto de partida o seu próprio exem- 9
pio, insiste São Paulo na necessidade da abnegação cristã i — 14
mostrando como, muitas vezes, a caridade nos impõe a ren-
núncia aos nossos direitos e á nossa liberdade. Na qualidade
de apóstolo, bem podia ele exigir que a cristandade o provesse
do necessário, a ele e aos seus colaboradores ; como também
teria o direito de entregar os trabalhos domésticos a uma au-
xiliar cristã. Preferiu, porém, renunciar a todos êsses privi-
légios, afim de não embaraçar a difusão do evangelho.
A despeito dos extraordinários privilégios que Deus 10
concedera aos israelitas no deserto, não atingiram eles o i— 6
termo da peregrinação, perecendo no ermo, por não terem
sabido dominar os seus apetites. Ninguém se dê, pois. por
muito seguro da salvação, mesmo que se ache cumulado de
favores especiais.
O manjar e a bebida espirituais (quer dizer, que sim- 3—4
bolizavam coisa espiritual) eram o maná e a água do rochedo,
protótipos do corpo e sangue de Cristo, o qual na sua divin-
dade, os acompanhava.
contantoE' que permitido
não secomer
tenha das carnes idólatra,
intenção sacrificadas
nem aosse ídolos,
escan- 23-11 1
dalize opróximo, de conciência escrupulosa.
Era costume em Corinto que, nas reuniões públicas,
os homens se apresentassem de cabeça descoberta, em sinal 2 12
da sua autoridade, enquanto as mulheres vinham veladas,
em prova de sua sujeição ao marido. Parece que algumas
mulheres promoviam um movimento de indébita "emanci-
pação feminina", simbolizada pela abolição do véu. O
apóstolo reprova semelhante inovação, provando pela natu-
reza humana e pela escritura sagrada que a mulher deve
obedecer ao marido.
Convém que a mulher leve na cabeça um distin- 10
tivo do poder que o marido tem sobre ela (o véu), por cau-
sa dos anjos, isto é, dos espíritos celestes que serviram
de intermediários da lei de e Deus,
ram para essa determinação e, dest'arte,
a sujeição da mulher coopera-
ao ma-
rido, tendo motivo de alegrar-se pela observância da ordem
divinamente estabelecida.
334 NOTAS — 1 Coríntios 11, 12 — 15, 20

12 — 31 No intuito de imitarem a santa ceia de Cristo, cos-


tumavam os fiéis daquele tempo reunir-se para celebrar
o mistério eucarístico. Vinha esta celebração unida a um
ágape, ou banquete fraternal, que devia, de preferência,
reverter em beneficio das classes pobres.
Entretanto, se introduzira o abuso de os cristãos
mais remediados fazerem entre si o ágape, deixando os po-
bres sem nada. E com isto sofria notável detrimento o ca-
ráter caritativo e a unção religiosa dessas reuniões.
30 Entende-se enfermidade e morte moral, consequên-
cia da indigna recepção da Eucaristia.
12 Havia, na primitiva igreja, diversas pessoas dotadas
1 de carismas extraordinários destinados á edificação dos fiéis
e á conversão dos infiéis. Acontecia, porém, que nas reuniões
litúrgicas o uso dêsses privilégios degenerasse em abuso e
desordem ; pelo que o apóstolo se apressa a dar esclareci-
mentos ediretivas práticas sobre este particular.
2—3 Quem fala por inspiração divina promove o reino de
Cristo ; quem lhe põe embargo, está sob a influência do es-
pírito maligno.
12 — 31 Dissera o apóstolo que, não obstante a multiplicidade
dos dons divinos, um só é o Espírito Santo, autor dêles ;
e passa a mostrar esta verdade por meio de um paralelo
tirado do corpo humano : assim como cada membro e cada
órgão tem a sua função peculiar, ainda que todos tenham por
princípio um e o mesmo espírito (a alma), que dirige a um
fim harmónico as diversas partes e suas atividades — de modo
análogo acontece também na igreja de Deus.
13 Os próprios carismas do Espírito Santo não tornam
1 — 13 o homem mais perfeito e agradável a Deus, se lhe faltar
a verdadeira caridade do próximo baseada no amor de Deus.
12 Na vida presente não conhecemos as coisas de Deus
senão de um modo indireto, como que num espelho, e obscu-
ramente, como que em visão enigmática ; no mundo futuro,
porém, os conheceremos direta e claramente.
14 Na igreja primitiva, ocupava o dom da profecia a
1 — 4 primeira plana. Consisitia em falar aos fiéis, sob o impulso
do Espírito Santo, de um modo tão claro que já nenhuma
interpretação ulterior era necessária. O dom das linguas,
ao envez disto, se manifestava em palavras estranhas, pro-
feridas sob a atuação do Espírito Santo, mas que não eram
inteligíveis aos ouvintes sem a competente interpretação
15 Quer o apóstolo dizer que, no dia da sua conversão,
8 não estava ainda maduro para o múnus apostólico.
20 Jesus Cristo é a primícia dentre os mortos porque pri-
meiro ressuscitou do sepulcro, abrindo-nos, assim, o cami-
nho para a gloriosa ressurreição.
NOTAS — 1 Coríntios 15, 24 — 16, 22 335

No fim do mundo resplandecerá visivelmente o poder 24—25


de Jesus Cristo sobre todas as potências adversas. A morte
será derrotada para sempre, e será restituída a vida aos cor-
pos dos defuntos.
Havia entre os coríntios quem pusesse em dúvida a 29
imortalidade da alma, e a ressurreição dos corpos. Passa o
apóstolo a refutar esta dúvida pelas praxes desses mesmos
homens, que se faziam batizar em prol dos defuntos não
batizados — coisa absurda, no caso que esses defuntos já
não existissem nem houvesse esperança de ressurreição.
Claro está que o apóstolo não aprova essa cerimonia singular ;
toma-a tão somente por ponto de partida para formar um
argumento ad hominem.
Mostra São Paulo o fato da ressurreição dos corpos. 35—38
Morrer para viver !
Expõe as propriedades que terá o corpo ressuscitado. 39—49
Entre os próprios corpos gloriosos ainda haverá graduações,
assim como há diferença de fulgor entre as diversas estrelas.
O corpo mortal de Cristo se transformara em corpo 45
imortal — assim acontecerá também a cada um de nós :
Jesús Cristo é o autor da vida imortal do nosso corpo.
O poder sinistro do pecado original foi posto em relevo 46
pela lei de Moisés ; porque foi em atenção ao pecado que a
lei se tornou tão minaz e tão rigorosa nos seus dispositivos.
Os santos — são os cristãos de Jerusalém, que eram 16
muito pobres.
O primeiro dia da semana — já nesse tempo ceie- 2
brava a igreja o domingo em vez do sábado (cf. At. 20,7).
Áquila e Priscila (Prisca), que de Corinto se haviam i*j
mudado para como
igreja, assim E'feso, tinham
fizeram mais oferecido
tarde ema Roma
sua casa
(cf. para
Rm.
16, 3).
Maran-atha — quer dizer : Vem, Senhor ! Exprime 22
esta exclamação o vivíssimo anseio que os cristãos tinham
do próximo advento de Cristo juiz. Corresponde ao nosso
aleluia ou amén.
SEGUNDA EPISTOLA AOS CORÍNTIOS
Introdução
1 . O que moveu São Paulo a dirigir uma segunda
epistola aos cristãos de Corinto foram as noticias que daí
lhe trouxera Tito. A maioria da cristandade chorara sincera-
mente odesgosto que tinham causado ao apóstolo (7, 7-11) e
continuavam fiéis ás doutrinas de seu pastor. O incestuoso,
expulso da igreja, convertera-se (2, 5-11).
Entretanto, muitos havia que se mostravam hostis
a São Paulo, devido às intrigas que certos mestres judeu-
cristãos espalhavam, acoimando-o de egoista, covarde, in-
teresseiro, apoucado de espirito, falto de vocação apostólica,
abusador da sua autoridade, etc. (3,5; 4, 5; 10, 8, 10; 12,
16 ss; 13, 1 ss.). De mais a mais, continuava a vigorar en-
tre os corintios um forte pendor para o paganismo (6, 1 1 ss.),
e a desejada coleta estava ainda por ser terminada (8, òss ;
9, 3. 5).
Pelo que o apóstolo mandou Tito a Corinto com uma
segunda carta, afim de compor, até à sua chegada, as desor-
dens ainda existentes, justificar o procedimento do apóstolo,
defender-lhe a autoridade e rebater as diatribes dos adver-
sários. Representa esta epistola uma magistral auto-apologia
de São Paulo, dados a veemência e o calor da sua linguagem.
2. A autenticidade da carta é universalmente reco-
nhecida. Tanto o conteúdo como a forma veem cheios de
particularidades paulinas.
O tempo da composição cai no ano 57. Segundo At
20, 6, celebrou São Paulo as solenidades pascais em Filipes,
aonde fora depois de passar em Corinto três meses (At 20,3).
Ainda antes dêsse tempo percorrera a Macedónia por espaço
de alguns meses. A carta foi escrita na Macedónia, talvez na
cidade de Filipes (2 Cr 8, 1; 9, 2. 4).
SEGUNDA EPISTOLA DE DE SÃO PAULO AOS CORÍNTIOS
Paulo
pela vontade de Deus, Apóstolo de Jesus Cristo,
e o irmão Timóteo, 1
á igreja de Deus em Corinto com todos os santos
em toda a Acaia. A graça e a paz vos sejam dadas da parte
de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.
Ação de graças. Bendito seja Deus, pai de nosso 3
Senhor Jesus Cristo, pai das misericórdias e Deus de toda a
consolação
para que também ! E' elenósquepossamos
nos consola em toda
consolar os quea estão
adversidade,
atribu- 4
lados, por aquela mesma consolação que de Deus recebe-
mos. Pois, do mesmo modo que nos couberam em larga es- 5
cala os sofrimentos de Cristo, assim também nos cabem larga-
mente as consolações por meio de Cristo. Se sofremos tribu- 6
lação é para vossa consolação e proveito ; se somos conso-
solados, é igualmente para consolação vossa, afim de que pos-
sais suportar com paciência os mesmos sofrimentos que nós
padecemos. Por isso, temos firme esperança em vós ; porque 7
sabemos que tendes parte nas consolações, assim como a ten-
des nos padecimentos.
Não quiséramos, irmãos, que ignorásseis as tribula- 8
ções que passámos na Asia. Foram excessivamente grandes,
acima das nossas forças, a ponto de já desesperarmos da vida ;
já trazíamos dentro de nós a sentença de morte, para que não 9
confiássemos em nós mesmos, mas, sim, em Deus, que ressus-
cita os mortos. Livrou-nos agora de tamanhos perigos, e nos 10
há de livrar para o futuro. Nele é que temos posto a nossa n
confiança ; há de nos livrar daqui por diante, tanto mais
que também vós nos ajudais com a vossa oração ; assim, por
numerosos lábios, serão dadas muitas graças a Deus, pelo
beneficio que nos concedeu.

AUTO-APOLOGIA DO APOSTOLO
Refutação de suspeitas diversas
Nada de ambiguidade. A nossa glória consiste no 12
testemunho da conciência de têrmos andado pelo mundo em
santidade e sinceridade diante de Deus ; não em sabedoria
6 — - vossas; se somos confortados é para conforto e salvação vossa.
338 2 Coríntios 1, 13 — 2, 11

humana, mas na graça divina, principalmente entre vós.


33 Pois não vos escrevemos outra coisa senão a que pela leitura
14 possais compreender. Espero que compreendereis de todo o
que já em parte compreendestes ; que no dia de nosso Se-
nhor Jesús seremos nós a vossa glória, e vós a nossa.
15 Nada de inconstância. Confiado nisto, já antes
pretendia visitar-vos, para que recebêsseis mais outra graça.
16 De vós tencionava dirigir-me então para a Macedónia, re-
gressar da Macedónia até vós e ser acompanhado por vós à
17 Judeia. Terá sido falta de reflexão o que presidiu a êste pla-
no ? ou será que eu tomo propósitos a capricho, de maneira
18 que em mim o "sim, sim" equivalha ao "não, não" ? Pela
i.9 fidelidade
ao mesmo de Deus, Porque
tempo! o que ovosFilho
dizemos não Jesús
de Deus, é "sim" e "não"
Cristo, que
nós — eu, Silvano e Timóteo — vos temos pregado, não
era "sim" e "não" ao mesmo tempo ; nele só existia o "sim".
20 Todas as promessas de Deus encontraram nele um "sim" ;
por issoFoi
21 Deus. é que Deuslheque
cantamos
nos firmouo nosso "amen",a pela
em Cristo, nós eglória
a vósde;
22 que nos ungiu; foi ele também que nos assinalou com o seu
sigilo, e, como penhor, infundiu o Espirito em nossos cora-
ções.
23
Delicadeza. Por minha vida, tomo a Deus por tes-
24 temunha de que a razão de não ter ido a Corinto foi para vos
poupar. O que pretendemos não é dominar sobre vossa fé,
9 mas contribuir para a vossa alegria, porquanto já estais fir-
mes na fé. Resolvi não tornar a vós por entre tristezas. Pois,
se vos causar tristeza, quem me alegrará ? acaso aquele a
quem eu dei pesar ? Pelo que liquidei a questão por escrito,
para que, à minha chegada, não sofra pesar da parte daqueles
que me deviam dar prazer. Tenho fé em todos vós que a mi-
4 nha alegria seja a alegria de vós todos. Foi por entre tribula-
para vos ções, angustias
contristar,d'almamase muitas
para voslágrimas
mostrarqueo vos escrevi, que
muitíssimo não
vos quero.
Indulgente caridade. Se alguém causou pesar, não
tanto me contristou a mim, como, em parte — para não
6 exagerar — a todos vós. Baste-lhe o castigo que a maior
7 parte lhe infligiu. Perdoai-lhe agora e consolai-o para que
esse tal não seja levado ao desespero por excessiva tristeza.
Pelo que vos exorto a que tenhais caridade para com ele.
9 Escrevi-vos com o fim de verificar se sois obedientes em tudo.
10 Mas, a quem vós perdoardes, também eu lhe perdoarei. E, se
concedi perdão — se é que havia que perdoar — concedi-o
11 por amor de vós, em face de Cristo. Não caiamos nos laços
de Satanaz, pois que lhe conhecemos as tramas.

14 — Jesús Cristo 3 — liquidei convosco


2 Coríntios 2, 12 — 3, 15 339

Graças a Deus. Quando cheguei a Tróade para 12


pregar o evangelho de Cristo, foi-me aberta uma porta no
Senhor ; mas não tinha paz na alma, por não encontrar meu 13
irmão Tito. Por isso me despedi daí e fui em demanda da
Macedónia.
Mas graças a Deus, que sempre nos dá vitória em Cristo 14
e nos concede difundir por toda a parte o odor do seu conhe-
cimento. Porquanto o odor de Cristo somos nós, para Deus, 15
entre os que se salvam, como os que se perdem ; para êstes ic
um odor de morte que mata, para aqueles um odor de vida
que vivifica. E quem é idóneo para isto ? Nós não somos 17
como tantos outros que fazem da palavra de Deus um ne-
gócio ;mas é com sinceridade e diante de Deus que falamos
em Cristo.
Excelência do múnus apostólico
Sublimidade do ministério. Começamos de novo a 3
louvar-nos a nós mesmos ? será que, como certa gente, temos
mister de carta de recomendação para vós ou de vós ? Não ; 2
a nossa carta de recomendação sois vós mesmos, carta escrita
dentro do nosso coração, legivel e inteligível a todo o mundo.
Não há duvida, vós sois uma carta de Cristo, por nós 3
exarada, não com tinta, mas com o espirito de Deus vivo ;
não em tábua de pedra, mas nas tábuas de carne dos vossos
corações. Esta coniiança temos nós em Deus, por Cristo. 4
Por virtude própria, não somos capazes de conceber pensa- 5
mento algum ; a nossa capacidade vem de Deus ; foi ele
que nos capacitou para ministros do novo testamento, 6
testamento não da letra, mas do espirito ; porque a letra mata,
o espirito é que vivifica.
Ora, se já o ministério da morte, gravado com letras 7
em pedra, era tão brilhante, que os filhos de Israel não valiam
fitar o rosto de Moisés por causa do fulgor do seu semblante
— fulgor tão transitório — quanto mais brilhante não será o 8
ministério do espirito ! Pois, se o ministério da condenação 9
já era tão glorioso, muito mais glorioso será o ministério da
justificação. O esplendor de então empalidece por completo, 10
em face desta glória incomparável. Pois, se tão esplêndido era 11
o que se desvanece, quanto mais esplêndido não há de ser o
que permanece !
Liberdade apostólica. Animados desta esperança, 12
apresentamo-nos com grande desassombro. Não imitamos Í8
o exemplo de Moisés, que velava a face, para que os filhos de
Israel não comtemplassem o fim daquilo que ia perecer.
Entretanto, continuaram êles com o sentimento endurecido ; 14
e até o presente dia, à leitura do antigo testamento, continua
a exisitr êsse mesmo véu ; fica oculto que em Cristo haja
de ter fim. Sim, até hoje, à leitura de Moisés, teem êles um 15
14 — Cristo Jesus
340 2 Coríntios 3, 16 — 4, 18

16 véu sobre o coração ; mas, se se converterem ao Senhor, será


17 tirado o véu. O Senhor é o espirito ; mas onde reina o espi-
18 rito do Senhor aí há liberdade. Todos nós, porém, comtem- Ex 34>
piamos,
transformados de facena descoberta, a glória
mesma imagem, do Senhor,
de claridade em eclaridade.
seremos 34
E* o que provém do espirito do Senhor.
4 Verdade desassombrada. Ora, uma vez agraciados
2 com êste ministério, não conhecemos desalento. Renuncia-
mos a secretas e infames astúcias ; não recorremos a intrigas,
nem adulteramos a palavra de Deus ; apregoamos a verda-
de sem rebuços e nos impomos a toda a conciência humana
3 aos olhos de Deus. Se, ainda assim, o nosso evangelho é
"coisa para
4 dem, obscura", é obscura aos
os incrédulos, tão somente
quais o para
deus osdeste
que mundo
se per-
cegou o entendimento, para que não resplandeça a luz do
evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.
5 Pois não é a nós mesmos que prégamos, mas a Jesus Cristo
como sendo o Senhor ; a nós mesmos, porém, como sendo
6 servos vossos por amor de Jesus. Deus, que ordenou que das
trevas rompesse a luz, resplandece também em nossos cora- Gn 1»3
ções para fazer brilhar o conhecimento da glória divina, em
face de Jesus Cristo.
7 Virtude divina e fraqueza humana. Entretanto,
levamos êste tesouro em vasos de barro, para que a sublimi-
dade da virtude não se atribua a nós, mas a Deus.
8 De todas as partes somos atribulados, porém não es-
magados ; cheios de angústias, mas não em desespêro ;
9 perseguidos, mas não abandonados ; oprimidos, mas rí]ão
10 aniquilados. Sempre trazemos em nosso corpo a morte de
Jesús, para que também a vida cjè Jesús se manifeste em nosso
1 1 corpo. Em plena vida somos por causa de J esús entregues á
morte, para que também a vida de J esús se revele em nos-
so corpo mortal. Em nós domina a morte ; em vós a vida.
12 Como possuímos o mesmo espirito de fé de que diz a escritu-
13 ra: "Creio, por isso é que falo", cremos também nós, e por SI 115,
issoé que falamos. Pois sabemos que o mesmo que ressus-
14 citou o Senhor Jesús há de também ressuscita r-nos a nós
com Jesús e convosco apresentar-vos ante a sua face. Pois
15 tudo acontece por amor de vós para que a graça redunde em
muitíssimos e assim se aumente a ação de graças pela glória
de Deus.
Por isso é que não desfalecemos. Embora se destrua
em nós o homem exterior, o interior se renova, de dia para
dia. Porquanto a ligeira tribulação que de presente sofremos
merece-nos um tesouro eterno de glória incomparável ;
contan,to que cravemos o olhar, não nas coisas visíveis, mas
nas invisíveis ; pois o visível dura pouco tempo, ao passo que
o invisível é eterno.
4 — não lhes
2 Coríntios 5, 1 — 6, 2 341

Saudades do céu. Pois sabemos que, quando se 5


desfizer a nossa tenda terrestre, receberemos uma casa
eterna no céu, casa edificada não por mãos humanas, mas
por Deus. Pelo que suspiramos cheios de saudades por ves- 2
tirmos sobre ela a nossa habitação celeste ; se dela formos re- 3
vestidos, não seremos encontrados desnudos. Enquanto,
pois, continuamos a viver na tenda, gememos, angustiados, 4
porque desejaríamos não ser despojados, mas sobre vestidos,
para que o que é mortal seja absorvido pela vida. E Deus, 5
que isto nos destinou, nos deu como penhor o Espirito. Pelo 6
que andamos sempre consolados, na certeza de que, enquanto
vivermos em corpo, somos peregrinos, e estamos longe do
Senhor. — Pois que ainda andamos pela fé, e não pela visão. 7
— Entretanto, nos consolamos, ainda que preferissemcs emi- 8
grar do habitáculo do corpo e gozar da presença do Senhor.
Por esta razão nos esforçamos por lhe agradar, quer esteja- 9
mos no habitáculo corpóreo, quer fora dêle ; porquanto te- 10
remos de comparecer todos ante o tribunal de Cristo, para
que cada um receba a retribuição do bem e do mal que houver
praticado durante a sua vida mortal.
Amor a Cristo. Penetrados do temor do Senhor, U
procuramos ganhar os homens. De Deus somos cabalmente
conhecidos, e espero que também a vossa conciência nos re-
conheça. Não nos vimos gabar de novo diante de vós, mas 12
damo-vos ensejo para vos ufanardes de nós, para que possais
responder àqueles que se gloriam só por fora, mas não por
dentro. Se é verdade que nos arrebatámos em excesso, foi 13
por Deus ; se fomos comedidos, foi por vós. A caridade 14
de Cristo é que nos impele, quando consideramos que, se um
Is 43,19 morreu por todos, todos morreram. Por todos morreu êle, 15
para que os que vivem já não vivam para si, mas para aquele
que por êles morreu e ressuscitou.
Arauto da Redenção. Por isso é que desde agora 16
já não julgamos a ninguém segundo a carne ; e, se outrora
julgámos a Cristo segundo a carne, já agora não pensamos
dêste modo. Pois, quem vive em Cristo é criatura nova ; 17
passou o que era velho — e eis que se fez o que é novo ! Tudo 18
isto vem de Deus, que por meio de Cristo nos reconciliou
consigo e nos outorgou o ministério da reconciliação. Sim, 19
foi por meio de Cristo que Deus reconciliou consigo o mundo ;
já não lhe imputa os pecados e incumbiu-nos de anunciarmos
a reconciliação. E', pois, em lugar de Cristo que desempenha- 20
mos o ministério. E' Deus que por nosso intermédio exorta.
Em lugar de Cristo é que pedimos : reconciliai-vos com Deus.
Aquele que de pecado nada sabia fê-lo Deus pecado por nós, 21
para que por êle fôssemos justificados diante de Deus.
Na qualidade de cooperadores seus, vos admoestamos 6
Is 49,8 que não recebais em vão a graça de Deus ; pois que foi dito :
"No tempo oportuno te atendo, no dia da salvação te valho". 2
2 Coríntios 6, 3 — 7, 4

Eis que agora é que é o "tempo oportuno", agora é o "dia da


salvação".
3 Auto-retrato do apóstolo. Não damos motivo al-
gum de escândalo para que o nosso ministério não sofra des-
* douro ; em tudo nos provamos servos de Deus, com muita
paciência, nas tribulações, nas necessidades e nas angús-
5 tias ; por entre açoites, cárceres e sedições ; em trabalhos,
6 vigílias e jejuns ; pela castidade e ciência ; pela longanimi-
dade e bondade ; pelo Espirito Santo e por sincera cari-
7 dade ; pela veracidade e pela virtude de Deus ; pelas ar-
2 mas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas; por entre
honras e ignomínias ; por entre ultrajes e louvores ; tidos per
9 impostores, porém verdadeiros ; ignorados, porém conhecidos;
como moribundos, e ainda vivos ; castigados, porém não mor-
10 tos ; aflitos, porém sempre alegres ; indigentes, porém en-
riquecendo amuitos ; sem posses, mas possuidores de tudo.
Avisos e exortações

11 Cuidado com os vícios pagãos ! Coríntios, abri-


10 ram-se-vos os nossos lábios, dilatou-se-nos o coração. E não é
pequeno o espaço que nêle ocupais ; estreito, porém, é o
lugar que vosso coração oferece. Pagai igual com igual —
13 falo como que a filhos queridos — e dilatai o vosso coração.
Não vos sujeiteis ao mesmo jugo que os incrédulos.
14 Pois que tem que ver a justiça com a iniquidade ? que há
de comum entre a luz e as trevas ? em que se harmonizam
15 Cristo e Belial ? que partilha tem o crente com o descrente ?
como se coaduna o templo de Deus com os idolos ? Pois que
16 somos templo de Deus vivo, e Deus disse: "Hei de habi- Lv 26,
tar e andar no meio dêles ; serei o seu Deus, e êles serão 12
o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio dêles, separai-vos, is 52, li
17 diz o Senhor ; não toqueis em coisa impura ! Então vos hei Jr 32 38
de receber e serei vosso pai, e vós me sereis filhos e filhas, diz
18 o Senhor, o Onipotente".
De posse de semelhantes promessas, caríssimos meus,
n preservemo-nos de toda a mancha do corpo e da alma, e, no
temor de Deus, aspiremos a uma santidade cada vez mais
perfeita.
Perdão e amor aos corintios. Acolhei-nos dentro
2 de vós ! Não temos feito injustiça a ninguém, a ninguém
temos prejudicado, a ninguém enganado. Não digo isto para
3 vos dosacusar
em nosso; pois que para
coração já acima
a vidadizia
e paraquea estais
morte. conosco
Grande uni-
éa
confiança que em vós deposito ; grande é o orgulho que sinto
4 por vós ; estou cheio de consolação, transbordo de jubilo
em todas as nossas tribulações.
16 — sois
2 Coríntios 7, 5 — 8, 5 343

Alegria e júbilo do apóstolo. Pois, quando viemos 5


da Macedónia, não teve o nosso corpo descanso algum, mas
padecia toda a espécie de tribulação ; lutas por fora e an-
gustias por dentro. Deus, porém, que consola os acabrunhados, 6
consolou-nos também a nós com a chegada de Tito ; e não 7
somente com sua chegada, como também com a consolação
que entre vós experimentou. Falou-nos das vossas saudades,
do vosso pranto, da dedicação que me consagrais ; e isto au- 8
mentou a minha alegria. Se na minha carta vos contristei,
não me arrependo. E se outrora me arrependi — pois vejo
que aquela carta vos afligiu, embora por pouco tempo —
agora, contudo, folgo, não por vos ter contristado, mas por 9
que a tristeza vos conduziu ao arrependimento : entriste-
cestes-vos de um modo agradável a Deus, e não sofrestes
dano algum por nossa causa. A tristeza agradável a Deus 10
produz uma contrição salutar, que não é objeto de arre-
pendimento ; a tristeza do mundo, porém, gera a morte.
Vêde quanta seriedade produziu entre vós essa tristeza grata n
a Deus : levou-vos a sentimentos de perdão, de pesar, de
temor, de saudades, de zêlo, de expiação. Déstes prova cabal
de que não sois culpados neste particular.
Se, portanto, vos escrevi, não o fiz por causa daquele 12
que cometeu a injúria, nem por causa de quem a padeceu,
mas para que se manifestasse a dedicação que nos consagrais
diante de Deus. E' o que nos consola. 13
Fraternidade apostólica. Acresceu a esta conso- 14
lação a satisfação ainda muito maior causada pela alegria
que Tito experimentou ao ser a sua alma confortada por vós.
Se em presença dele me ufanei de vós, não passei vergonha ;
do mesmo modo que tudo que de vós temos dito é a expressão
da verdade, assim também se provou verdadeiro o elogio
que vos tecemos em face de Tito. Cresceu de ponto o amor 15
que seu coração vos dedica, com a recordação da obediência
de todos vós, e do temor e tremor com que o acolhestes.
Folgo de poder confiar em vós em todas as coisas. 16

A coleta a favor dos cristãos em Jerusalém


Coleta na Macedónia. Meus irmãos, damo-vos 8
notícias do dom de Deus que se fez às igrejas da Macedónia.
Ainda que oprimidos de grande tribulação, estão cheios de 2
alegria, e do abismo da sua pobreza derramou-se riquissima
torrente de desinteressada caridade. Dou-lhes testemunho 3
de que, na medida das suas posses — e mesmo acima das suas
posses — se mostraram liberais ; pediram-nos encarecida- 4
mente que, por favor, lhes permitissemos contribuírem para o
subsidio prestado aos santos. Não somente deram, como 5
esperávamos ; deram-se a si mesmos ao Senhor, e depois
também a nós, conforme a vontade de Deus.
344 2 Coríntios 8, 6 — - • 9, 3

6 Coleta em Corinto. Pelo que recomendámos a


Tito que levasse a têrmo, entre vós essa obra de caridade,
7 outrora iniciada. Já que em tudo vos distinguis, na fé e na
doutrina, no conhecimento, em toda a espécie de zelo, e no
amor para conosco, distinguí-vos também nesta obra de
8 caridade. Não digo isto como quem manda ; quisera tão so-
mente provar, no zelo de outros, a sinceridade de vossa ca-
o ridade. Porquanto conheceis a caridade de nosso Senhor
Jesus Cristo, que, sendo rico, se tornou pobre por vosso
io um
amor,conselho
para que que vós
vos fôsseis ricosserporparasuautilidade
dou, por pobreza.vossa
E' apenas
; pois
que já o ano passado começastes, não somente com a execu-
n ção, mas também com a vontade. Agora, pois, levai a têrmo
a obra, para que à prontidão no querer corresponda o fato
12 real, segundo as posses de cada um. Porque a boa vonta-
de é agradável a Deus, quando dá segundo as posses, mas
13 não acima das posses. Naturalmente, não deveis vós mesmos
14 sofrer penúria por aliviardes os outros. Convém que haja
compensação : agora supre a vossa abundância a indigência
dêles, e êles vos acudirão na penúria quando tiverem abun-
15 dância; assim tudo se compensa; conforme aquilo da escri- Ex 16
tura: "Quem muito colhia não tinha abundância, e quem 18
pouco colhia não sofria penúria".
1G Embaixadores apostólicos. Graças a Deus que pôs
17 no coração de Tito a mesma solicitude por vós. Pois não só
aceitou prontamente o nosso pedjdo, mas, espontaneamente
18 e cheio de zêlo, se faz de partida para vos visitar. Em compa-
nhia dêle enviamos o irmão cujo louvor pela prégação do
llJ evangelho vai por todas as igrejas. Além disto, foi êle desti-
nado pelas igrejas por companheiro nosso, nesta obra de
caridade que empreendemos pela glória do Senhor e como
20 prova da nossa boa vontade. Assim, queremos evitar que, ao
mandarmos tão ricos donativos, recaia suspeita sobre nós ;
21 porque procuramos andar corre tos, não somente aos olhos
22 de Deus, mas também aos dos homens. Com êles mandamos
ainda nosso irmão cujo zêlo temos experimentado em muitas
ocasiões, e que agora, dada a grande confiança que tem em
23 vós, se mostra ainda muito mais zeloso. Quanto a Tito, é êle
24 companheiro meu e cooperador junto de vós. Quanto a nos-
sos irmãos, são êles os embaixadores das igrejas e glória de
Cristo. Dai-lhes, pois, o vosso amor e justificai os elogios que
vos temos tecido.
9 Testemunhas da cole ta. Acho excusado escrever-
vos ainda mais sobre o auxilio a prestar aos santos ; porque
2 não desconheço a vossa boa vontade, que elogio em face dos
macedônios, dizendo : "A Acaia está preparada desde o ano
passado". O vosso zêlo tem servido de estímulo a muitos.
3 Entretanto, mando os irmãos, para que não se desmin-
ta o que, neste particular, dissemos de louvável a vosso
respeito ; afim de que, como ia dizendo, estejais preparados.
2 Coríntios 9, 4 — 10, 7 345

Do contrário, se fossem comigo alguns macedônios, e vos en- 4


contrassem mal preparados, passariamos — para não dizer,
passaríeis — vergonha, neste ponto. Por este motivo, achei 5
necessário pedir aos irmãos que para aí partissem antes de
mim e ultimassem a coleta que prometestes, para que esti-
avareza.vesse tudo em ordem — como donativo de bênção, e não de
Premio da liberalidade. Mais uma palavra: quem 6
pouco semeia pouco colherá ; quem semeia com abundância,
com abundância colherá. Dê cada qual o que houver resol- 7
vido em seu coração ; mas não a contra-gôsto nem forçada-
mente ;Deus ama a quem dá com alegria. Deus é assaz po- 8
deroso para vos dar abundância de tôdos os bens, de maneira
que, em tudo, tenhais sempre o suficiente, e ainda vos sobre
para qualquer obra de caridade, conforme diz a Escritura :
"Distribue e dá aos pobres, a sua justiça permanece eterna- 9
Sl m,9 mente".dará
comer, Ora,também quem aoa vós
semeador dá a semente
rica sementeira e faráe omedrar
pão para
os 10
frutos da vossa justiça. Assim vos tornareis ricos para li
qualquer obra caritativa, que por nosso intermédio reverte
em ação de graças a Deus. Porquanto, êste serviço de assis- 12
tência não somente acode ás necessidades dos santos, mas
também é fonte de abundantes ações de graças dirigidas a
Deus. Porque, em consequência dêste ato de caridade, 13
hão de eles louvar a Deus pelo fato de serdes devotadcs con-
fessores do evangelho de Cristo e de lhes manifestardes, a
êles e a tôdos os outros, sincera solidariedade. Nem deixarão 14
de orar por vós, querendo-vos muito, porque tão extraordi-
nária se revelou em vós a graça de Deus.
Graças a Deus por seu dom de inefável grandeza ! 15

Ajuste de contas com os adversários


Armas do apóstolo. Eu, Paulo, vos exorto pela 10
entre vós,e benignidade
mansidão sou timido, demas,
Cristo, eu, que,
quando "quando
ausente, sou presente
ousado
para convosco". Rogo-vos que, quando presente, não tenha 2
de proceder
com com aquela
certa gente, que tem"ousadia" que julgo
a nossa vida necessária
em conta para
de carnal.
Vivemos em carne, é verdade, mas não lutamos segundo a 3
carne ; as armas da nossa milicia não são carnais, mas são
poderosas armas de Deus, para arrasar baluartes, desfazer 4
sofismas e tudo quanto se erguer contra o conhecimento de 5
Deus ; cativamos todo o pensamento, obrigando-o a servir a
Cristo. Estamos prontos a castigar toda a desobediência, 6
logo que seja perfeita a vossa obediência.
Autoridade do apóstolo. Atendei ao que está pa- 7
tente diante dos olhos. Se alguém se ufana de pertencer a
Cristo, lembre-se de que também nós tão bem como êle
346 2 Coríntios 10, 8 — íl, 9

8 pertencemos a Cristo. E se, além disto, me gloriasse da auto-


ridade que nosso Senhor nos outorgou, para a vossa edifica-
ção, enão para a vossa destruição, não passaria vergonha por
9 isso. Mas não se pense que com as minhas cartas eu queira
10 apenas
fortes e aterrar-vos.
veementes ; "Essas cartas
mas a sua — dizem
presença êles é —mesquinha
pessoal são bem
11 sabendo
e o seu modo que, de falar épresente
quando sem vigor !" Quem
e pelo assimhavemos
fato nos fala fique
de
provar tal qual somos ausente e por escrito.
12 Presunção dos adversários. Não ousamos, certa-
mente, comparar-nos ou igualar-nos àqueles que a si mes-
mos se recomendam. Esses, na sua insensatez, só se medem
13 consigo mesmos e se comparam consigo mesmos. Nós, porém,
quando nos gloriamos não passamos os limites, mas respei-
tamos os limites do campo que Deus nos assinalou e que
14 se estende até vós. Se até vós não chegássemos, seriamos
homens sem critério. Entretanto, até vós chegámos com a
15 prégação do evangelho de Cristo. Nem nos gloriamos des-
medidamente de trabalhos alheios ; mas nutrimos a espe-
rança de, com o crescer da vossa fé, gozarmos de grande
consideração entre vós, dentro da esfera da nossa atividade,
36 e levarmos o evangelho para além das vossas fronteiras, sem
nos gloriarmos, em seara alheia, de trabalhos prestados por
17
18 outrem.
não é comprovado "Quem seaquele gloriar,
que glorie-se no Senhor".
se recomenda a si mesmo,Porque
mas, Jr9.23
sim, aquele a quem o Senhor recomenda".
11 Direitos do apóstolo. Tolerai um pouco da mi-
2 nha insensatez. Sim, tolerai-o da minha parte; pois
luto por vós com ciúmes divinos ; desposei-vos com um
homem, afim de vos apresentar a Cristo como virgem pura.
3 Só o que receio é que, como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim venha a corromper-se também o
vosso pensar, apartando-se da sincera dedicação a Cristo.
4 Pois, quando aparece alguém e préga um Jesus diferente da-
quele que vos temos prégado ; ou quando recebeis outro es-
pirito que não aquele que adotastes ; ou outro evangelho que
5 não tendes abraçado — de boa mente o tolerais. Entretanto,
6 estou que imperito
que seja em nada nosou falar,
inferior
não aoso sou
"super-apóstolos".
na ciência ; e Ainda
desta
nunca temos deixado de vos dar provas a cada passo.
7 Desinteresse do apóstolo. Será que andei mal em
me humilhar para vos exaltar a vós, prégando-vos de graça
8 o evangelho de Deus ? Cheguei a despojar outras igrejas,
aceitando subsídios, afim de vos servir a vós. E, quando no
9 meio de vós sofria penúria, a ninguém fui pesado ; o que
me faltava supriram-no os irmãos vindos da Macedónia.
12 — Nós nos medimos com nós mesmos e nos comparamos com nós
mesmos.
18 — Deus.
2 Coríntios 11, 10 — 33 347

Dest'arte, evitei cuidadosamente ser-vos pesado, e evi-


tá-lo-ei para o futuro. Pela verdade de Cristo que professo : 10
não me será tirada esta glória nas regiões de Acaia [ Por
que ? porque não vos amo ? Deus o sabe ! O que faço não 11
deixarei de o fazer para o futuro, para atalhar pretextos 12
àqueles que, na sua ufania, quiseram parecer semelhantes a
nós. Não passam de falsos apóstolos esses tais, operários *3
astutos, que se arvoram em apóstolos de Cristo. Pudera não ! 14
pois se o próprio Satanaz se apresenta como anjo de luz !
Pelo que não é de estranhar que seus servidores se arvorem 15
em servos da justiça. O fim deles corresponderá às suas
obras.
Loucuras da jactância. Ninguém — repito — me i6
tenha por insensato ; ou então, tende-me em conta de insen-
sato, para que também eu possa gloriar-me um pouco.
O que vou dizer não o digo no espirito do Senhor, mas como 17
um insensato, gloriando-me de tais coisas. Já que tantos se ig
gloriam segundo a carne, também eu me gloriarei ; pois, de 19
tão sábios que sois, de boa mente tolerais os insensatos ;
tolerais que vos escravizem, que vos explorem, que vos de- 20
fraudem, que vos tratem com altivez, que vos firam no rosto.
Lutas e labores. Nesta parte — com vergonha o 21
confesso ■ — temos sido fracos. Mas daquilo de que outrem se
ufana — falo com insensatez — também eu me ufano.
São hebreus ? — também eu ! São israelitas ? ■— tam- 22
bem eu ! São descendentes de Abraão ? — também eu !
São ministros de Cristo ? — falo como insensato — ainda 23
mais o sou eu : em trabalhos sem conta, em prisões muitís-
simas, em maus tratos sem medida, em perigos de morte bem
frequentes. Dos judeus recebi cinco vezes quarenta açoites 24
menos um ; três vezes fui vergastado, uma vez apedrejado ; 25
três vezes sofri naufrágio ; perdido em alto mar, andei uma
noite e um dia. Nas jornadas, tenho estado frequentemente 2fí
em perigos da parte de rios, perigos da parte de salteadores,
perigo da parte dos meus patrícios, perigos da parte dos pa-
gãos ; perigos nas cidades, perigos nos desertos, perigos no
mar, perigos da parte de falsos irmãos. Além disto : traba- 27
lhos e canseiras, numerosas vigílias, fome e sêde, muitos je-
juns, frio e desnudez. Prescindindo do mais, pesa sobre mim 28
a afluência quotidiana e a solicitude que tenho por todas as
igrejas. _Quem enfraquece, que eu não enfraqueça ? quem se 29
escandaliza, que eu não me abrase?
Se é preciso gloriar-se alguém, gloriar-me-ei das 30
minhas fraquezas. Deus, pai de nosso Senhor Jesus, — seja 31
bendito pelos séculos ! — sabe que não minto. Em Damasco 32
mandou o governador do rei Aretas guardar a cidade dos
damascenos para me prender ; mas desceram-me, dentro 33
de um cesto, pela janela, muralha abaixo, e assim escapei
das suas mãos.
16 — de Deus. 30 — Jesus Cristo,
348 2 Coríntios 12, 1 — 20

12 Visões do apóstolo. Já que é preciso gloriar-se


alguém — embora não convenha — passarei às visões e
2 revelações do Senhor. Conheço um homem em Cristo que,
há quatorze anos foi arrebatado ao terceiro céu — se em cor-
3 po, não sei ; se fora do corpo, não sei ; Deus o sabe — o que
sei desse homem é que foi arrebatado ao paraiso — dentro
4 ou fora do corpo não sei, Deus o sabe — e percebeu coisas
misteriosas, que a nenhum homem é concedido exprimir.
5 Disto é que me gloriarei; mas de mim mesmo não me glo-
o riarei, a não ser das minhas fraquezas. Não seria insensato,
ainda que quisesse gloriar-me, porque diria a verdade ; mas
abstenho-me, para que ninguém me tenha em conta de mais
7 do que vê em mim e ouve de mim. Mas para que a grandeza
das revelações não me levasse ao orgulho, foi-me posto na
carne um aguilhão, arauto de Satanaz, que me esbofeteia
8 para que eu não me ensoberbeça. Por isso roguei três vezes
ao Senhor que aquele se retirasse de mim ; êle porém, me
9 disse : "Basta-te a minha graça ; na fraqueza é que se aper-
feiçoa aforça". Pelo que prefiro gíoriar-me das minhas fra-
ioestaquezas,
razão paraquequemedesça sobre mim
comprazo a força deultrajes,
em Jraquezas, Cristo. necessi-
E' por
dades, perseguições e angústias por amor de Cristo ; porque,
quando sou fraco, então é que sou forte.
11 Disposto a todos os sacrifícios. Aí tendes a minha
insensatez ! vós é que me obrigastes. Por vós é que eu devia
ser recomendado ; porquanto em nada sou inferior aos "super-
M apóstolos", ainda que nada
nha missão apostólica foramseja. Pois as credenciais
apresentadas no meio de da vós
mi-
através de muita paciência, de milagres, prodígios e feitos
poderosos. Em que ponto fostes considerados inferiores ás
13 outras igrejas ? Talvez na circunstância de eu não vos têr
!4 sido pesado ? Perdoai-me esta injúria. Eis que pela terceira
vez estou resolvido a visitar-vos, e sem vos ser pesado ;
porque eu não procuro o que é vosso, mas a vós mesmos.
Pois não são os filhos que devem ganhar tesouros para os
*5 pais, mas, sim, os pais para os filhos. Quanto a mim, de boa
vontade sacrificarei o que é meu, e me sacrificarei a mim
mesmo pelas vossas almas. Se, portanto, vos tenho tão gran-
de amor, será que mereço menos amor da vossa parte ?
16 Ora bem : não vos fui pesado. Mas, como sou "homem
17 daqueles
astuto", vos que "enganei".
vos enviei ? Por Pediventura,
a Tito, vos exploreicomporêlealgum
e mandei mais
18 o irmão. Será que Tito vos explorou ? Não andamos nós
com o mesmo espirito ? não seguimos as mesmas pègadas ?
19 Há muito, de certo, já estais pensando que nos quei-
mosramos justificar ; aosmasvossos
em Cristo tudo olhos. E' perante para
isto, caríssimos, Deus edificação
que fala-
20 vossa. Só receio que, à minha chegada, eu não vos encontre
quais vos desejo, e que vós me encontreis qual não me desejais;
10 — em minhas fraquezas.
2 Coríntios 12, 21 — 13, 13

que haja entre vós contendas, rivalidades, discórdias, dissen-


sões, calúnias, murmurações, arrogâncias e desordens ; receio 21
que meu Deus me humilhe por ocasião da minha chegada no
meio de vós, e que eu deva chorar sobre aqueles muitos que
antes pecaram e não se converteram da luxuria, impureza
e dos excessos cometidos.

Conclusão. E' pela terceira vez que vou ter convos- ^3


co. "Pelo depoimento de duas ou três testemunhas se há 2
de decidir toda osa questão".
ram, e a todos mais digo Para
desdeaqueles que tenho
já o que outroraditopeca-
ou-
trora — - como na minha segunda permanência, assim tam-
bém agora, ainda ausente — se outra vez aparecer, não
haverá mais perdão. Pedis-me uma prova de que Cristo fa-
la em mim. Ele não é fraco contra vós, mas mostra no meio 3
de vós o seu poder. Embora crucificado em fraqueza, vive
pelo poder de Deus. Também nós, ainda que sejamos fra- 4
cos nêle, com ele, contudo, vivemos por vós pelo poder de
Deus.
Examinai-vos se estais na fé, provai-vos a vós mesmos. 5
Ou não sabeis que Jesus Cristo está em vós ? se não, não se-
rieis comprovados. Espero, todavia, que reconhecereis que 6
nós não deixamos de ser comprovados. Rogamos a Deus que 7
não pratiqueis mal nenhum, não para nos darmos por compro-
vados ; mas para que pratiqueis o bem, embora nós pareça-
mos não comprovados. Porquanto, nada podemos contra a 8
verdade, senão em prol da verdade. Alegramo-nos, de sermos 9
fracos ; vós, porém, fortes ; é por isso que oramos por vosso
aperfeiçoamento.
Escrevo-vos isto, estando ausente, para que, quando 10
presente, não tenha de fazer uso da autoridade que o Se-
nhor me concedeu para edificação, e não para destruição.
Saudações e bênção. Quanto ao mais, meus ir- 11
mãos, alegrai-vos e sede perfeitos ; consolai-vos mutuamente,
vivei em paz e harmonia, e estará convosco o Deus da cari-
dade eda paz. Saudai-vos uns aos outros no ósculo santo. 12
Lembranças de todos os santos.
A graça do Senhor Jesus Cristo, a caridade de Deus, 13
e a comunicação do Espirito Santo sejam com todos vós.

NOTAS EXPLICATIVAS
A paciência do apóstolo deve servir de exemplo aos 1
fiéis : se o imitarem, serão consolados por Deus. 6—7
Talvez que o apóstolo se refira ao tumulto provocado 8
pelo artífice Demétrio (At. 19, 23-41).

13 — vós. Amen.
350 NOTAS — 2 Coríntios 1, 13 — 3, 11

Tinham os adversários acusado a São Paulo de não


serem as suas cartas a expressão lídima dos seus sentimentos
pessoais (cf. 10,10).
Por motivo de força maior tinha o apóstolo modifi-
cado o seu itinerário, expresso em 1 Cr. 16, 5, demandando
primeiro as regiões da Macedónia e retardando, assim, a sua
viágem a Corinto. Pelo que os adversários o acoimam de
inconstante nas suas resoluções. Rebate o apóstolo essa
insinuação ; quem obedece á prudência humana modifica
os seus planos segundo as conveniências e interêsses do mo-
mento, mas quem age sob o impulso do Espírito Santo guia-se
por motivos superiores e tem só em vista a maior glória de
Deus e salvação das almas.
2 Foi indulgente caridade que o apóstolo deixou de
1—4 apresentar-se em Corinto, afim de não ter de proceder contra
certos cristãos descuidados dos seus deveres. De resto, só
teria esta visita causado novas tristezas a êle mesmo, á vista
de certas indisciplinas.
5—14 Refere-se o apóstolo ao pecador público que, segundo
1 Cr. 5, fora excluído da comunidade eclesiástica. Reparado
o mal, convinha que o pecador contrito fosse restituido á
comunhão da igreja, para que não se entregasse ao des-
espero.
12 Dá o apóstolo aos coríntios mais uma prova do entra-
nhado amor que lhes tem, por sinal que não lhe sofria o
coração deixar-se ficar em Tróade, por mais belo e promissor
qUe fosse o campo da sua atividade ; mas dirigiu-se ao en-
contro de Tito, afim de receber, quanto antes, notícias de
Corinto.
15—17 Para os que rejeitam a pregação evangélica vem ela
a tornar-se caminho para a morte eterna ; para os que
a aceitam, caminho para a vida eterna. A palavra de Deus
não é como
adquirir mercadoria; mas
a bel-prazer venal, que qualquer
requer-se dos seus "mestre" possa
arautos grande
pureza de intenção, bem como a competente missão da au-
toridade eclesiástica.
Os adversários acoimam o apóstolo de jactancioso.
Declara êste que não tem mister de cartas de recomendação,
que a melhor recomendação a seu favor é a própria igreja
de Corinto ; se, no antigo testamento, a lei do rigor foi es-
crita por Deus em pedra inerte, foi a lei do amor gravada
pelo Espírito Santo nos corações dos coríntios.
A letra, isto é, a lei antiga, cominava pena de morte
a quem não a observasse ; ao passo que a lei nova, que é
espírito e vida, desperta na alma a vida sobrenatural pela
graça.
O serviço da morte é o antigo testamento, que repre-
sentava simbolicamente a morte espiritual (pecado orignial),
empenhado em levar o homem ao conhecimento da mesma
NOTAS — 2 Coríntios 3, 12 — 8, 6 351

ao passo que o novo testamento defende e preserva da morte


pelo espírito da vida. Chama-se o antigo testamento também
"serviço sedelimitava
porque condenação", ou simplesmente
a fulminar : "condenação",
castigos sem poder dar a graça
santificante. Por mais brilhante que fosse a lei antiga, não
deixava de ser uma preparação para a aliança eterna de Jesus
Cristo.
Moisés, quando falava com o povo, cobria o rosto 12—18
com um véu, para impedir o deslumbramento. O rosto
coberto de Moisés simboliza que os israelitas se recusavam
a reconhecer a cessação do antigo testamento, com o advento
do novo ; ao passo que o rosto descoberto insinuava que os
serventuários do culto novo deviam falar com grande desas-
sombro eliberdade apostólica.
Deus, que, um dia, fêz resplandecer a luz no meio 4
das trevas, esclarece a mente do apóstolo para iluminar as 6
almas dos ouvintes com o conhecimento de Jesus Cristo.
O apóstolo, mesmo nos maiores perigos, é preservado 12—12
da morte, porque está sob a proteção do corpo glorioso de
Jesus ; e, ainda em face da morte corporal, gera nas almas
dos fiéis a vida espiritual
O apóstolo compara o corpo mortal do homem com g
uma tenda armada de passagem, á beira da estrada, e o
corpo glorioso como uma casa construída para a eterni-
dade. Bem desejáramos nós não ver destruida a tenda
atual,a senão
esta vontade"sobrevestida"
de Deus. pela casa futura ; mas não é
A vida terrestre é um ligeiro período do exílio, que 6—9
não nos há de entristecer, se não perdermos de vista que
estamos de caminho para a pátria celeste.
Se, no dizer dos adversários, o apóstolo se excedeu 13
em trabalhos, a ponto de parecer estar fora de si, foi tudo
pela glória de Deus.
O que preserva o apóstolo do desfalecimento, no meio 14
dos seus árduos labores, é a consideração do grande amor
que Jesus manifestou na obra da redenção. Devem os seus
verdadeiros discípulos corresponder a esse amor, procurando
aplicar a todos os homens os frutos da redenção.
Antes da sua conversão se guiava êle por normas na- 16
turais ; depois, por ditames sobrenaturais.
Sente o apóstolo estuar na alma o incêndio do amor 6
de Cristo ; por isso, suporta de bom grado todos os trabalhos 3—11
e vicissitudes que traz consigo a sua missão.
Dá o apóstolo expressão á sua alegria em face das 7
notícias que Tito lhe trouxera acerca do êxito da sua carta 5—7
aos coríntios.
Comprometera-se o apóstolo (Gl 2, 10) a socorrer os 8
cristãos pobres de Jerusalém, e neste intuito organiza uma 1—6
352 NOTAS — 2 Coríntios 8, 6 — 12, 2

coleta em Corinto, apontando para o exemplo edificante


dos fiéis da Macedónia, que, não obstante a sua pobreza,
se tinham mostrado sumamente generosos para com seus
irmãos palestinenses.
9 Dissera o apóstolo aos cristãos da Macedónia que a
1—5 Acaia (da qual faz parte Corinto), desde muito estava con-
tribuindo para o cocorro dos pobres de Jerusalém (cf 8, 10).
Tão grande foi o efeito que estas palavras produziram nos
macedônios, que São Paulo dá êstes cristãos como exemplo a
ser imitado pelos coríntios.
10—12 A esmola é como que uma sementinha que, lançada
no terreno da indigência, se multiplica em riquíssima seara
de bênçãos divinas para o semeador.
10 Essa invectiva se tinha dirigido contra o apóstolo ;
1—5 êle, porém, a repele, fazendo votos para que não tenha mo-
tivo de mostrar o seu rigor, quando presente ; é homem,
sim, mas o seu procedimento se pauta por normas divinas»
na certeza de que a vitória final será de Deus.
I2_i5 Os adversários apelam para os seus méritos e teem
mister cartas de recomendação, ao passo que o apóstolo se
limita a apontar para a sua missão divina de evangelizador
do gentilismo.
H O apóstolo considera seu dever prevenir os coríntios
1—2 contra certos mestres suspeitos. Se, neste louvável empenho,
se vê obrigado a falar nos seus privilégios pessoais, a modo de
tolo, merece desculpas, em atenção ao fim que tem em vista ;
pois, na qualidade de dedicado paraninfo, não pode permitir
que a igreja, que é toda e só de Cristo, venha a tornar-se
infiel ao divino Esposo.
5desorientavam
Os tais a"super-apóstolos" eram procurando
cristandade de Cristo, mestres judeus que
por todos
os modos amesquinhar a obra de São Paulo.
7 Os adversários declaram indigno do apóstolo ganhar
o pão de cada dia com o trabalho de suas mãos. São Paulo
faz ver o contrário.
16—17 Reconhece mais uma vez o apóstolo que louvar-se
a si mesmo é próprio dos tolos ; mas a causa do evangelho
a isto o impele, e êle o faz afim de premunir os coríntios
contra os embusteiros, que se dão ares de apóstolos.
22 — 23 No tocante á descendência natural, é São Paulo igual
aos seus contraditores (22) ; como apóstolo lhes é superior
e sofreu por Jesus Cristo o que nenhum dêles sofreu (23-33).
24 Permitia a lei de Moisés (Dt 25, 3) que se dessem 40
açoites ao condenado, mas, para não incorrer no perigo de
transgredir a lei, era costume dar apenas 39 golpes.
12 E' a humildade do apóstolo que o leva a falar de si
2 mesmo na 3V* pessoa. Foi, em espírito, arrebatado acima das
NOTAS — 2 Coríntios 12, 2 — 13, 6 353

regiões atmosféricas e sidéreas, até ao trono de Deus uno e


trino.
Parecem as palavras do apóstolo indicar sofrimentos 7
físicos, que o atormentavam quais espinhos encravados na
carne e como bofetadas desferidas pelo espírito infernal.
São precisamente as nossas misérias naturais que 9
mais põem em relevo a força da graça divina.
Parece que havia em Corinto quem acusasse o apóstolo, i6
não de têr ele mesmo espoliado a cristandade, mas de têr
enviado aí cooperadores interesseiros.

Na terceira visita a Corinto procederá o apóstolo com 13


todo o rigor da lei. l_2
Acusando de não apresentar os caraterísticos de um 3—6
legítimo embaixador de Cristo, recomenda o apóstolo aos
coríntios que, no interêsse deles mesmos, não queiram
provocar semelhante apresentação, á qual não resistiria
a fragilidade dos culpados. Sujeito embora a fraquezas
pessoais, contava, todavia, com a assistência de Deus no
desempenho do múnus apostólico. Também a aparente
fraqueza de Cristo viera culminar no mais estupendo po-
der. Que os coríntios se examinem a ver se possuem o cris-
tianismo genuíno, que o apóstolo, da sua parte, lhes mos-
trará o que Jesus Cristo opera nêle.
EPISTOLA AOS GÁLATAS

Introdução
1 . Eram os gálatas um povo de raça céltica. Cedendo
ao embate dos germanos, no seu avanço progressivo às re-
giões do Reno, pelo ano 300 antes de Cristo, emigraram nu-
merosos celtas para o sul e sueste, chegando alguns até à
Asia-Menor. Aí fundaram uma colónia, que teve o nome de
Galácia. Na sua segunda e terceira excursão missionária
tinha o apóstolo Paulo visitado estas terras (At 16 ; 18, 23)
e fundado aí algumas cristandades (Gl 4, 13-15). Predomi-
nava, nessas igrejas, o elemento étnico-cristão (4, 8 ; 5, 2;
6, 13), embora não faltassem judeu-cristãos (3, 13 s; 4, 3).
Há, todavia, quem opine não ser esta epístola dirigida aos
cristãos da parte setentrional, mas, sim, aos habitantes do
sul da província romana apelidada Galácia, quer dizer, ás
igrejas da Pisídia e Licaônia, que o apóstolo perlustrara em
sua primeira viagem.
2. Deixara são Paulo a Galácia e achava-se em Êfeso,
quando certos doutores judaizantes vieram causar sérios
distúrbios entre os gálatas, semeando doutrinas ambíguas.
Tentavam persuadir aos neófitos que só podia participar da
plenitude do reino messiânico quem se fizesse cirduncidar e
adotasse a lei mosaica. Para alcançar mais eficazmente êste
seu intento, exageravam desmedidamente o valor da lei an-
tiga e amesquinhavam o prestigio de São Paulo, estrénuo
paladino da liberdade do evangelho. Apelavam para o exem-
plo dos grandes apóstolos que tinham sido inseparáveis
companheiros de Jesus, e continuavam ainda a observar a
lei de Moisés. Paulo — diziam — que admitia os pagãos à
igreja sem a circuncisão, não era apóstolo no sentido próprio
da palavra ; tinha recebido de homens a sua doutrina e mis-
são ; o seu evangelho não concordava com o dos demais após-
tolos. Anoticia dessas intrigas e o grande perigo que corriam
os cristãos da Galácia encheram de profunda aflição a alma
do apóstolo. Achou, pois, de urgente necessidade intervir,
reivindicar a sua autoridade apostólica (cap. 1-2) e provar
verdadeira a sua doutrina sobre a justificação : alcança-se a
justificação pela fé viva em Jesus Cristo ; está dispensada a
circuncisão e a lei mosaica (cap. 3-6).
3. A carta não foi escrita antes da 3.a excursão
apostólica, por sinal que o autor alude a duas visitas suas
Gálatas — Introdução 355

feitas á Galácia (4, 13). Deve ter sido composta logo depois
da 2.a viagem, porque só assim se justifica a estranheza que
São Paulo manifesta diante da rápida mudança de sentimen-
tos dos gálatas (1,6). A origem da epistola cai, pois, no prin-
cipio da permanência do apóstolo em Êfeso, isto é, no ano 53
ou 54.
Na hipótese de serem os cristãos da Galácia meri-
dional os destinatários da missiva, pode ter ela nascido
durante a 2.a viagem apostólica do autor (42-52).
A autenticidade da epistola é garantida pelo testemu-
nho unânime da antiguidade cristã. O fragmento muratoria-
no, Santo Ireneu, Tertuliano e Clemente Alexandrino falam
dela como sendo uma epistola de São Paulo.
EPISTOLA DE SÃO PAULO AOS GÁLATAS
Paulo

1 constituído apóstolo, não pelos homens, nem por intermédio


de homem ; mas, sim, por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o
2 ressuscitou entre os mortos ; em companhia de todos os ir-
mãos : ás igrejas da Galácia.
3 A graça e a paz vos sejam dadas por Deus Pai e nosso
4 Senhor Jesus Cristo, o qual se imolou por nossos pecados,
afim de nos libertar deste mundo perverso, segundo a vontade
5 de Deus, nosso Pai. A ele seja glória pelos séculos dos séculos.
Amen.
6 Introdução. Estou admirado de que tão depressa
passeis daquele que vos chamou à graça de Cristo para
7 outro evangelho — quando nem há outro evangelho. O que
há é que alguns vos perturbam e adulteram o evangelho de
8 Cristo. Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo do céu, pre-
gássemos evangelho diferente do que vos temos pregado —
9 maldito seja ! Repito aqui o que já outrora vos dissemos :
se alguém vos anunciar um evangelho diferente daquele que
recebeste — maldito seja !
10 E\ porventura, o favor dos homens que eu procuro
agora, ou o favor de Deus ? pretendo eu, acaso, agradar
aos homens ? Se procurasse agradar aos homens, não seria
servo de Cristo.
Origem do evangelho paulino
11 Paulo, judeu. Asseguro-vos, meus irmãos, que o
12 evangelho que vos préguei não é obra de homens : não o
recebi de homem algum, nem o aprendi por estudos ; mas
foi-me revelado por Jesus Cristo.
13 Conheceis a vida que eu levava, outrora, no judaismo,
quão desmedidamente perseguia a igreja de Deus e procura-
14 va exterminá-la ; avantajava-me, no fervor pelo judaismo,
a muitos companheiros de idade do meu povo, pelo excesso
com que zelava pelas tradições de meus pais.
15 Paulo, apóstolo. Aprouve então àquele que me
destinara desde o seio de minha mãe e me chamara por sua
16 graça, revelar em mim seu Filho, para que eu o evangelizasse
17 entre os gentios. Desde aquela hora, não consultei a carne
nem o sangue, nem subi a Jerusalém ter com os que antes de
Gálatas 1, 18 — 2, 14 357

mim eram apóstolos ; mas parti para a Arábia, e tornei a


regressar a Damasco. Só três anos mais tarde é que fui 18
a Jerusalém para ver a Cefas, e estive com êle quatorze
dias. Dos outros apóstolos não vi nenhum, a não ser Tiago, 19
irmão do Senhor. O que estou a escrever-vos — tomo a Deus 20
por testemunha — não é mentira. Depois demandei as re-
giões da Síria e Cilicia ; as igrejas cristãs da Judéia não che- 21
garam a conhecer-me pessoalmente ; o que tinham ouvido 22
era isto : Aquele que outrora nos perseguia anuncia agora a 23
fé que então procurava exterminar. E glorificavam a Deus 24
por minha causa.
Aprovação do evangelho paulino pelos apóstolos. 2
Decorridos quatorze anos subi novamente a Jerusalém, em
companhia de Barnabé, levando também a Tito. Fui em 2
consequência de uma revelação ; e apresentei-lhes — mor-
mente os que gozavam de autoridade — o evangelho que
prégo entre
andado á toa. os gentios. E' que
Entretanto, nemnãosequer
quiserameuandar, nem têr
companheiro 3
Tito, que era gentio, foi obrigado a circuncidar-se. E isto 4
apesar de se terem introduzido sorrateiramente entre nós
uns falsos irmãos e estavam a querer roubar-nos a liberdade
que temos em Cristo Jesus, para nos reduzirem à escravidão.
A êsses tais nem por um momento nos sujeitámos, para que 5
se vos conservasse a verdade do evangelho.
Quanto àqueles que gozavam de autoridade — fos- 6
sem como fossem, não me importa ; Deus não conhece
acepção de pessoa — os que tinham autoridade a nada mais
me obrigaram. Antes pelo contrário, compreenderam que a ?
mim se me fora confiada a evangelização dos incircuncisos,
assim como a Pedro tocavam os circuncidados. Pois, o mesmo 8
que assistia a Pedro, no apostolado entre os circuncidados,
assistia-me também a mim, no meio dos gentios. Também 9
compreenderam que, de fato, me coubera, a graça. Tiago,
Cefas e João, que são considerados como colunas, deram-
nos as mãos fraternalmente, a mim e a Barnabé, que nós
pregássemos entre os gentios, e êles entre os da circuncisão. io
Recomendaram apenas que nos lembrássemos dos pobres, o
que também fiz solicitamente.
Reconhecimento por parte de Pedro. Tendo 11
Cefas chegado a Antioquia, enfrentei-o face a face, porque
merecia censura. Pois, antes de chegarem alguns da parte 12
de Tiago, comia êle com os pagãos ; mas, depois da chegada
dêles, retraíu-se e segregou-se — por mêdo dos circuncidados.
Os outros judeus lhe imitaram a simulação ; o próprio Bar- 13
nabé se deixou levar pelo fingimento dêles.
Ora, vendo eu que a sua atitude não correspondia 14
á verdade do evangelho, disse afoitamente a Cefas em pre-
gentio, sençae denão
todosde: judeu,
**Se tu,como
que ésé que
judeu, vivesos àgentios
obrigas maneiraa vi-
de
verem de modo judaico ?"
Gálatas 2, 15 — 3, 14

15 Isenção da lei. Nós somos judeus de nascença, e


16 não pecadores de origem pagã. Entretanto, sabemos que o
homem não se justifica pelas obras da lei, mas, sim, pela
fé em Jesus Cristo. Por isso é que abraçámos a fé em Cristo
Jesus : para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas
obras da lei. Pois, pelas obras da lei nenhum homem se
17 justifica. Ora, se nesse empenho de nos justificarmos em
Cristo, fôssemos encontrados pecadores, não seria então
ÍS Cristo fautor do pecado ? Impossivel ! mas, se torno a edifi-
ld car o que antes arrasei, constituo-me prevaricador. Pois, pe.la
lei morri para a lei, afim de viver para Deus. Com Cristo es-
20 tou cravado na cruz. Já não sou eu quem vive, — Cristo é
que vive em mim. Enquanto vivo na carne, vivo na fé no
21 Filho de Deus, que me amou e se imolou por mim. Não falo
em desabono da graça de Deus : se houvesse justificação
pela lei, em vão morrera Cristo.
Conteúdo do evangelho paulino

^que é Experiência
que vos fascinou dos quando
gálatas. vosO'foigálatas sem aos
pintado critério
olhos !
2 Jesus Cristo crucificado ? Só uma coisa quisera eu saber de
vós : Foi pelas obras da lei que recebestes o espirito, ou
3 pela mensagem da fé ? Sois assim tão insensatos ? começastes
4 pelo espirito — e acabaríeis agora pela carne ? teríeis experi-
mentado em vão tão grandes coisas ? Se é que foi em vão !. . .
5 Aquele que vos comunica o espirito e opera milagres no meio
de vós, porventura o faz pelas obras da lei, ou pela aceitação
da mensagem da fé ?
6 Exemplo de Abraão. E' o caso de Abraão : "Creu
7 em
filhosDeus, e isto lhe
de Abraão são foi imputado
os que paraNa justiça".
teem fé. previsão Notai
de que que
Deusos
8 justificaria os gentios pela fé, prenunciou a escritura a Abraão:
9 "Em testi abençoados
serão abençoados juntamentetodoscomos Abraão,
povos". oLogo, são osTodos,
crente. cren-
10 porém, que se guiam pelas obras da lei estão sujeitos á maldi-
ção ; porquanto está escrito : "Maldito quem não cumprir
11 com
Por ondeperseverança
se evidencia tudo queo que estádeescrito
diante no livro édajustifi-
Deus ninguém lei".
12 cado pela lei ; porquanto: "o justo vive pela fé". A lei nada
tem que ver com a fé, mas diz : "Quem a observar alcançará
13 por elaCristo a vida". livrou-nos da maldição da lei, tomando sobre
si a maldição em nosso lugar ; pois está escrito : "Maldito
14 seja todo aquele
Assim é que, que porestá meio
suspenso no madeiro".
de Cristo Jesus, deviam os
gentios ter parte na bênção de Abraão, para que nós rece-
bêssemos pela fé o Espirito prometido.

1 — ■ fascinou, para não obedecerdes a verdade


Gálatas 3, 15 — 4, 9

Meus irmãos, vou lembrar, o que vai entre os homens. 15


Ninguém declara nulo, nem acrescenta cláusula ao testamento
duma pessoa exarado na forma da lei. Ora, a Abraão e a seu 16
descendente foram feitas as promessas. Não se diz : "A seus
descendentes", no plural : mas no singular ; "a seu descen-
mento dado dente", isto élegítimo
: a Cristo. O que não
por Deus queropodedizer
ser éanulado
isto : umpelatesta-
lei, 17
que veio quatrocentos e trinta anos mais tarde ; a lei não
pode frustrar a promessa. Se a herança proviesse da lei, 18
já não nasceria da promessa. E, no entanto, foi pela promessa
que Deus a deu gratuitamente a Abraão.
Escopo da lei. Que fim, tem pois a lei ? Foi dada 19
por causa das transgressões, até que viesse o descendente
a quem visava a promessa. Promulgada pelos anjos; passou
pelas mãos dum medianeiro. Ora, não se requer medianeiro 2o
quando se trata de um só — e Deus é um só. De maneira que
a lei contradiz ás promessas de Deus ? De forma alguma. 2i
Se a lei fosse dada como sendo capaz de comunicar a vida,
então, sim, a justificação viria da lei. Mas a escritura de- 22
clara tudo sujeito ao pecado, para que os crentes participas-
sem da promessa mediante a fé em Jesus Cristo.
Antes que viesse a fé, estávamos postos sob a lei e 23
devia a leiobservância,
rigorosa até que fosse
servir de pedagogo reveladaa aCristo,
a levar-nos fé. Dest'arte
afim de 24
sermos justificados pela fé. Mas, depois que veio a fé, não 25
mais estamos sujeitos ao pedagogo ; graças á fé em Jesus 26
Cristo, todos sois filhos de Deus. Todos os que fostes batiza- 27
dos em Cristo vos revestistes de Cristo. Já não há judeu 28
nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem
mulher — todos vós sois um só em Cristo Jesus. E, se sois 29
de Cristo sois também descendentes de Abraão e herdeiros se-
gundo a promessa.

quanto Fim da lei, aé vinda


o herdeiro menor,de em
Cristo.
nada Ora,
diferedigo
dumeu servo,
: En- ^
embora seja senhor de tudo. Mas está sob tutores e curado-
res até ao prazo determinado pelo pai. Era esta a nossa con-
dição: quando menores, servíamos como escravos aos ele-
mentos do mundo. Chegada, porém, a plenitude dos tempos,
enviou Deus seu Filho, formado duma mulher, sujeito à lei,
afim de que resgatasse os que estavam sob a lei, para que 0
fôssemos adotados como filhos. E, porque sois filhos, enviou 6
Deus ao nosso coração o espirito de seu Filho, que clama :
"Abba,filho,
como Pai !"também Portanto, já não
herdeiro por ésDeus.
servo, senão filho ; e, 7
Vida segundo o Evangelho paulino
Cuidado com a escravidão da lei. Outrora, quan- 8
do não conhecieis a Deus, servieis a deuses, que nem existem
na realidade. Agora, porém, que conheceis a Deus, e, mais 9
ainda, que sois conhecidos de Deus — como tornaríeis a ele-
Gálatas 4, 10 — 5, 2

mentos tão pobres e caducos, que de novo lhes queirais ser-


10 vir ? pois que ligais importância a dias, meses, festividades e
11 anos ? Receio que tenha sido em vão o meu trabalho entre
vós. . .
12 Rogo-vos, meus irmãos, que vos torneis iguais a mim ;
pois que também eu sou como um de vós. Em nada me
13 ofendestes. Bem sabeis como da primeira vez que vos pré-
guei o evangelho em enfermidade corporal, e que grande
14 provação vos exigiu o meu estado físico. Mas nem por isso
me desprezastes nem me repudiastes ; antes me acolhestes
15 como um mensageiro de Deus; sim, como ao próprio Cris-
to Jesus. Que é feito do vosso santo entusiasmo ? Asseguro-
vos que, possivelmente, vos terieis arrancado os olhos para
16 mos dar.
Tornei-me, acaso, inimigo vosso pelo fato de vos ter
17 pregado a verdade ?
Aqueles tais que se empenham por vós, não o fazem
18 com boas intenções ; querem levar- vos á deserção, para que
19 pelo
tomeisbemo partido deles. naE'minha
e não apenas muito ausência.
belo ter Filhinhos
zelo, quando
meus é!
20 novamente sofro por vós dores de parto, até que Cristo se
forme em vós. Quem me dera estar agora convosco e usar de
21 outra linguagem ! mas não sei em que tom falar- vos. . .
Filhos da escravidão, filhos da liberdade. Dizei-
22 me, vós, que quereis viver debaixo da lei : Não ouvis o que
diz a lei ? Pois está escrito : Abraão teve dois filhos : um da Gn 16,
23 escrava e outro da mulher livre. O da escrava nascera de 15
24 modo natural ; mas o da mulher livre, em virtude da promessa.
25 Isto foi dito por alegoria : essas mulheres simbolizam os dois
testamentos : Agar, o do monte Sinai, que leva á escravidão
26 — pois Agar significa o monte na Arábia, que se assemelha
á atual Jerusalém, que é escrava com seus filhos. A mulher
27 livre, porém, significa a Jerusalém lá do alto, que é nossa Is 54,1
mãe. Pois está
luz ! exulta escritotu,: que
e rejubila, "Alegra-te, estéril,
não conheces que não
as dores dás á!
de parto
porque mais filhos tem a que estava abandonada do que a
28
29que Vós,
tem marido".
irmãos, sois filhos da promessa, como Isaac. Mas,
como naquele tempo, quem nascera de modo natural perse-
30 guia
tambémao agora.
que nascera segundo
Entretanto, que odizespírito, assim? acontece
a escritura Despede Gn^*
31 a escrava com seu filho ; porque o filho da escrava não há
de ser herdeiro
irmãos, não somoscom filhos
o filhoda daescrava,
mulher mas,
livre".
sim, daDe que
modoé livre.
que,
5
A liberdade cristã. Cristo nos conquistou a liberdade.
2 Ficai, pois, firmes e não vos dobreis novamente ao jugo da
escravidão. Eis que eu, Paulo, vos digo : Se vos fizerdes
21 — lestes 25 — Sinai é um monte
31 — Na Vulgata lese:... que é livre, graças à liberdade que Cristo
nos conquistou. Ficai. . .*"
Gálatas 5, 3 — 6, 2 361

circuncidar, de nada vos servirá Cristo. Mais uma vez de- 3


claro que todo o homem que se fizer circuncidar está obri-
gado a cumprir toda a lei. Se procurardes a justificação pela 4
lei, estais separados de Cristo e perdestes a graça ; pcis é
pelo espírito e em virtude da fé que aguardamos a desejada 5
justificação. Em Cristo Jesus nada vale estar circuncidado 6
ou estar incircunciso ; mas, sim, a fé que opera pela caridade.
Andáveis tão bem ! Quem vos embargou o passo 7
para deixardes de obedecer a verdade ? A esta mudança 8
não vos
pouco de persuadiu aqueletoda
fermento leveda que a vos chamou
massa... ! E' que con-
Entretanto, um 910
fio de vós no Senhor que não mudeis de sentimentos. Quem
vos perturbar será castigado, seja quem for.
Meus irmãos. Se eu continuasse a prégar a circuncisão, n
ainda seria perseguido ? Pois estaria eliminado o escândalo
da cruz.
Oxalá se castrassem de vez os que vos perturbam ! 12
Vida pelo espirito. Fostes chamados à liberdade, 13
meus irmãos. Não abuseis da liberdade para servirdes aos
prazeres carnais. Procurai antes servir uns aos outros em
caridade ; porque toda a lei acha cumprimento neste único 14
preceito: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Se,
porém, vos mordeis e dilacerais mutuamente — tomai cui- 15
dado que não vos devoreis uns aos outros !. . .
O que digo é isto : Vivei segundo o espirito e não sa- 16
tisfaçais os apetites da carne. Pois a carne apetece contra o 17
espirito, e o espirito contra a carne ; são adversários um do
outro. Assim, não fazeis o que quereis. Se vos guiardes pelo 18
espirito, não estejais sujeitos à lei. Entre as obras da carne 1<J
contam-se manifestamente a fornicação, a luxúria, a idola- 20
tria, a magia, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras,
as rixas, as discórdias, o espirito de partido, a inveja, o homi- 21
cidio, a embriaguez, a glutonaria, e coisas semelhantes. Re-
pito o que já vos disse em outra ocasião : os que praticam
estas coisas não herdarão o reino de Deus. Os frutos do es- 22
pirito, porém, são : a caridade, a alegria, a paz, a paciência,
a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, a conti- 23
nencia Contra estas coisas não há lei. Os que são de Cris-
to Jesús crucificaram a sua carne com as paixões e concupis- 24
cêhcias. Se recebemos a vida pelo espírito, andemos também 25
segundo o espírito. Não cobicemos a glória vã, não nos pro- 26
voquemos nem invejemos uns aos outros.
Indulgência para com os que erram. Meus ir- Q
mãos. Se alguém tiver o descuido de cair numa falta, cor-
rigi-o em espírito de mansidão, vós, que sois homens es-
pirituais. Tem cuidado de ti mesmo para que não caias
também tu em tentação. Suporte o fardo um do outro; 2
19 — fornicação, a impudicícia
23 — mansidão, a modéstia, a continência, a castidade
Gálatas 6, 3 — 18

3 assim cumprireis a lei de Cristo. Quem julga ser alguma


4 coisa, quando nada é, engana-se a si mesmo. Examine cada
qual as suas próprias obras — e guardará muito consigo
5 cada
mesmoum a tem
sua fardo
"ufania", em consigo
bastante vez de levá-la
mesmo. a outra gente ;
Obras boas. Quem recebe instrução na doutrina,
reparta de todos os seus bens com o que instrue.
Não vos enganeis : não se zomba de Deus ! o que
8 o homem semear, isto colherá. Quem semear em sua carne,
da carne colherá perdição ; mas quem semear no espirito, do
9 espirito colherá a vida eterna. Não nos cansemos de fazer o
bem ; porque, se não desfalecermos, a seu tempo colheremos.
10 Façamos,
fé. pois, bem a todos, principalmente aos irmãos na

n Conclusão. Vede as letras grandes que de próprio


12 punho acrescento. Os que procuram agradar a outra gente
vos impõem a circuncisão, unicamente para não sofrerem
3 3 perseguição por causa da cruz de Cristo. E, no entanto,
êsses tais, apesar de circuncidados, nem guardam a lei ;
mas querem que vós vos mandeis circuncidar para êles se
14 gloriarem em vossa pessoa. Longe de mim, porém, gloriar-me,
a não ser na cruz de nosso Senhor J esús Cristo, por quem o
mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo. Em
15 Cristo Jesus nada vale circuncisão nem incircuncisão ; mas,
ití sim, a nova criatura. Sobre todos os que se guiarem por esta
norma e sobre os verdadeiros israelitas desçam a paz e a
misericórdia.
17 Daqui por diante já ninguém venha vexar-me ; porque
eu trago em meu corpo as cicatrizes de Jesus
IS A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com vosso
espirito, irmãos. Amen.

NOTAS EXPLICATIVAS
1 Frisa São Paulo a sua missão apostólica diretamente
1—5 divina, e dá a morte redentora de Jesus Cristo como úni-
catres
fontejudaizantes
de salvação, pontos êsses, impugnados pelos mes-
da Galácia.
n—12 Recebeu São Paulo a sua doutrina diretamente de
Deus, e por Deus foi nela instruído. Passa, em seguida,
a provar historicamente esta sua asserção.
18 Com este procedimento reconhecia o apóstolo das
gentes uma autoridade superior na pessoa de São Pedro.
(7 — do Senhor Jesus.
NOTAS — Gálatas 2, 1 — 3, 18 363

Não tinha o apóstolo a menor dúvida sobre a verdade 2


e origem divina do evangelho que prégava ; mas, para cortar 2
todas as cavilações dos adversários, como se ele discordasse
dos demais apóstolos, achou bem avisado solicitar a aprova-
ção destes últimos. A figura do lutador na arena é muito
familiar a São Paulo (cf 1 Cr 9,24 ; Fp 2, 16 ; Tm 4, 7).
Não cometera São Pedro nenhum êrro doutrinário, 14
senão apenas uma imprudência disciplinar ; bem sabia
o chefe dos apóstolos que os étnico-cristãos não estavam
sujeitos á lei de Moisés, nos pontos em questão ; mos-
trara-se, porém, conivente demais para com os judeu-cristãos,
incitando com seu poderoso exemplo os outros a enveredarem
pelo mesmo caminho. Em face deste inconveniente, o após-
lho. tolo dos gentios o censura, invocando a liberdade do evange-
Dirigem-se estas palavras aos judeu-cristãos, e não já 15
a São Pedro, que não tinha necessidade de semelhante ins-
trução (cf v. 12). Afirma São Paulo que não é pecado algum
abandonar a lei de Moisés ; pois, se pecado fora, recairia
ele sobre a pessoa de Cristo, por causa do qual abandonámos
a lei antiga (15-17).

Loucura seria crer que a fé em Cristo, principiada 3


pelo Espírito Santo, deva ser aperfeiçoada pela circun- 3
cisão carnal, segundo a lei mosaica.

Abraão foi justificado, não em virtude da circuncisão, 6~9


nem da observância da lei, mas pela fé nas promessas divinas.
E' tambémde este
genuínos o caminho
Abraão para seus
são os crentes, e sódescendentes.
eles é que serãoFilhos
her-
deiros das promessas.
A sagrada escritura declara malditos todos os que 10 — 14
não observarem com perseverança todos os dispositivos
da lei, mas, como isto é impossível ao homem natural, sem
a graça de Deus, segue-se que são malditos todos os que da
lei esperam salvação (10-12). Nenhum outro senão só
Jesús Cristo estava em condições de tirar essa maldição
(13), de maneira que a bênção coube a todos os povos, mas
só pelo Messias (14).

Um testamento exarado na forma da lei não pode 15—**


ser anulado por qualquer homem ; muito menos o testa-
mento de Deus solenemente promulgado. Ora, a promessa
messiânica foi feita a Abraão com juramento (15-16), pro-
messa que a lei, vinda muito mais tarde, não pôde anular ;
donde se segue que a salvação não deriva da lei de Moisés
mas exclusivamente da promessa de Deus (17-18).
364 NOTAS — Gálatas 3, 19 — 4, 32

Em face das promessas messiânicas não ocupa a lei


mosaica senão plano secundário ; tinha ela por fim pre^
servar os israelitas da contaminação do paganismo cir-
cunvizinho. Além disto, fora dado por intermédio de
homem (Moisés), ao passo que as promessas foram feitas
a Abraão diretamente por Deus (19-20). Entretanto, a
lei não contravinha ás promessas, rompendo antes caminho
para a conquista das mesmas ; era para Israel como que um
guarda
preparouvigilante
a lei o contra
povo eleitoa invasão
para deo erros pagãos.
caminho da fé,Dest'arte,
que, na
plenitude dos tempos, ia ser aberto por Jesus Cristo.
Como o filho adulto já não está sujeito á disciplina
do pedagogo, assim, após o advento de Cristo, já não estão
os judeu-cristãos sujeitos á lei antiga, nem tão pouco os
étnico-cristão, uma vez que todos na qualidade de filhos de
Deus, gozam das mesmas regalias ; é o batismo que nos faz
todos iguais, filhos do mesmo Deus (27-29).

4 O herdeiro, enquanto menor, não se distingue do ser-


l__3 vo, no tocante ao uso dos bens paternos, que ainda lhe são
reservados pelos tutores e curadores. Assim, antes do
advento de Cristo, se achavam os homens — quer judeus,
quer pagãos — na menoridade, tendo por tutores e curadores
os elementos do mundo — exrpessão essa com que o após-
tolo designa, provávelmente, as potências espirituais adver-
sas a Deus (demónios), a cuja influência se achava exposta a
humanidade irredenta.
7 Os cristãos, pela morte redentora de Cristo, passa-
ram da condição de servos para a de filhos e herdeiros do
reino celeste.
8—10 Depois destas exposições teórico-dogmáticas, passa
o apóstolo a pôr em relêvo a insensatez dos gálatas, que, das
alturas da filiação divina, se dispõem a voltar ás regiões da
servidão mosaica.
12—14 Pelo amor que, em tempos idos, lhe manifestaram os
gálatas, lhes suplica o apóstolo que se libertem da observância
da lei mosaica, não apenas exterior, senão também interior-
mente.
21—32 Estabelece o apóstolo um engenhoso paralélo entre
as duas mulheres de Abraão, Agar e Sara, por um lado, e o
antigo e novo testamento, por outro lado. A escrava
Agar, que deu á luz um filho escravo, é o símbolo da lei
antiga, fundada no monte Sinai ; pois a antiga aliança é
como que uma mãe que gera para a escravidão, obrigando
seus filhos á observância da lei ; Sara, porém, esposa livre
de Abraão, ainda que a princípio estéril, veio a tornar-se
mãe fecunda de descendência mais numerosa que Agar.
Do mesmo modo, será também a família cristã mais numero-
sa que a do povo hebreu, embora hostilizada por esses últimos,
NOTAS — Gálatas 4, 32 — 6, 17 365

assim como Ismael, filho de Agar, perseguia a Isaac, filho


de Sara. Entretanto, como Agar acabou por ser expulsa da
casa juntamente com seu filho, assim serão também excluídos
da casa de Deus os judeus descrentes, que não quiseram re-
nunciar áescravidão da lei mosaica. Os crentes, porém,
que em J esús Cristo se libertaram da lei antiga, não devem
voltar á escravidão dessa lei.
Quem põe a sua esperança na circuncisão, não pode 5
esperar salvação em Jesus Cristo. 2
O fato de o apóstolo dar a fé em Jesus Cristo como 11
causa única da redenção, com exclusão da circuncisão, lhe
suscitara numerosos inimigos entre os judeus, os quais, no
entanto, apregoavam que, de vez em quando, êle prégava a
necessidade da circuncisão, calúnia essa, de que São Paulo
se defende vigorosamente.
Previne o apóstolo que não se entenda mal a liberdade 13—22
do evangelho, como sendo carta branca para uma vida sem
freio nem lei, quando essa gloriosa liberdade prescreve pre-
cisamente omais perfeito domínio do espírito sobre a carne.
Recomenda o apóstolo a humildade e a caridade, em 6
atenção á fragilidade humana ; trate cada qual do seu 1— 4
próprio progresso espiritual, e terá motivo de sobra para não
se ensoberbecer e criticar o próximo (cf 2 Cr 12, 9, 19).
O apóstolo compara a conduta moral do homem com a 8
semeadura e a colheita, enquanto a carne e o espírito simbo-
lizam os respetivos campos.
Por via de regra, ditava o apóstolo as suas epístolas ; 11
o que se segue foi acrescentado de próprio punho, afim de
autenticar a genuidade da carta e frisar a importância da
observação final (cf 2 Ts 3, 17).
Estas chagas são os ferimentos e as cicatrizes que 17
o apóstolo tinha, provenientes das perseguições e dos maus
tratos que sofrera por causa do evangelho de Jesús Cristo.
EPISTOLAS AOS EFÉSIOS
Introdução
1. A epístola aos efésios é, na opinião da maior parte
dos exegetas contemporâneos, uma carta circular dirigida,
não só aos cristãos de E'feso, mas a todas as igrejas filiais que
dependiam
geral da mesma, desta igreja-mãe
bem como (1). E' o que faz decrero escrito
a circunstância o conteúdo
não
conter saudação para os habitantes de Êfeso, formalidade
essa que São Paulo não deixaria de parte, no caso que os des-
tinatários exclusivos fossem os fiéis daquela cristandade —
tanto
anos (cf. Ef que
mais 1, 15 êle ; 3, tinha
2-4 ; trabalhado
4, 20, 21). emQuem,
E'fesoapesar
quasedisto,
três
considerasse a epístola como dirigida a uma igreja em parti-
cular, não andaria, talvez enganada em dar como destina-
tários os fiéis de Laodicéia ; porque segundo Cl. 4, 16, o após-
tolo escreveu uma carta especial a essa cristandade.
2 . Deram ocasião a esta carta as noticias que o após-
tolo teve das igrejas da Asia-Menor, fundadas depois da sua
partida e que pela maior parte se compunham de étnico-
cristãos (2, lis. 19 ; 3, 1; 4, 17). Ouvira o apóstolo da fé e
do amor desses neófitos (1, 15), da solicitude que tinham por
seu pai espiritual (3, 13; 4, 1;6, 21 s.); por outro lado, não ig-
norava as tentações e o pendor que tinham ás tradições pagãs,
bem como a dificuldade que experimentavam em perseverar
na comunidade cristã (2, 11-22 ; 4, 3-6). Com êsses cristãos
é que o apóstolo das gentes quis travar relações, confirmá-los
na fé e na vida cristã, robustecê-los no espírito de unidade,
na conciência de perfeita igualdade com os demais filhos da
igreja de Cristo e entusiasmá-los por essa única igreja verda-
deira (2, 19-22; 3, 1-6).
3. Se traçarmos um paralelo entre Ef 6, 21 e Cl 4, 7
s., e ainda Fm v. 12, evidencia-se que estas três cartas foram
escritas ao mesmo tempo e no mesmo lugar ; tendo as duas
primeiras como portador Tíquico, ao passo que a última foi
entregue por mãos de Onésimo, companheiro daquele. Ora,
sendo que, segundo Fm v. 22, São Paulo prevê como certa a
sua libertação do cativeiro, devem as mencionadas epístolas
ter sido escritas em Roma, no ano 63, pelo fim da primeira
prisão do apóstolo.
4. A autenticidade da epístola aos efésios baseia-se
perfeitamente na tradição cristã. Já a cita Santo Ireneu,
bem como o fragmento de Muratori, encontrando-se tam
bem em tôdas as antigas versões.
traz 1)na Note-seprimeiraquefrase, as palavras "em Efeso",nosquecódices
não se encontram a Vulgata
mais
antigos, como não
tina, nem os escritores eclesiásticos. se conheciam os padres da igreja prís-
EPISTOLA Dt SÃO PAULO AOS EFÉSIOS

Paulo
pela vontade de Deus apóstolo de Jesus Cristo, aos 1
santos em E'feso, que teem fé em Cristo Jesus.
A graça vos seja dada e a paz por Deus, nosso Pai, 2
e pelo Senhor Jesus Cristo.
Benefício da redenção
Exaltação da graça de Deus. Bendito seja Deus, 3
pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou, em Cris-
to, com toda a bênção espiritual no céu, Nele nos escolheu 4
Deus antes da criação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensiveis diante dele ; com caridade nos predestinou, 5
segundo a sua livre vontade, para filhos seus, por Jesus Cristo, fi
para que enaltecêssemos a magnificência da sua graça, que nos
prodigalizou no seu dileto. Nêle é que temes a redenção, 7
pelo seu sangue, a remissão dos pecados, devido á riqueza 8
da sua graça, que em torrentes derramou sobre nós, a par de
toda a sabedoria e conhecimento. Revelou-nos o mistério 9
da sua vontade ; pois o desígnio que estabelecera e queria 10
executar na plenitude dos tempos era este : fazer convergir
para Cristo como cabeça tudo quanto existe no céu e na terra.
Nêle é que fomos chamados para a herança ; para isto é que 11
fomos predestinados segundo o decreto daquele que tudo faz
conforme os ditames da sua vontade, afim de que exaltásse- 12
mos a sua glória, nós, que há tempo temos posto a nossa con-
fiança em Cristo.
Ouvistes a palavra da verdade, a boa nova da vossa 13
salvação, e abraçastes a fé. Nêle é que fostes assinalados
pelo sigilo do Espirito Santo, que é o penhor da nossa herança 14
até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória.
Sublimidade da redenção. Desde que soube da 15
vossa fé no Senhor Jesus e do vosso amor para com todos os
santos, não deixo de render graças por vós sempre que de vós 16
me lembro nas minhas orações. Queira o Deus de nosso 17
Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, conceder- vos o espírito
da sabedoria e da revelação, para que chegueis a conhecê-lo ;
7 — dileto Filho.
368 Efésios 1, 18 — 2, 20

18 queira iluminar os olhos do vosso coração para que compreen-


dais a que esperança fostes chamados, quão rica é a gloriosa
l& herança que dá aos santos, e quão incomparávelmente grande
é o poder que manifesta em nós, que abraçamos a fé.
20 Com efeito, manifesta-se o seu poder extraordinário na pes-
soa de Cristo, quando o ressuscitou dentre os mortos e o
fez sentar-se á sua direita no céu, superior a todos os princi-
21 pados e potestades, virtudes e dominações, e que outro nome
22 haja, não só neste mundo, como também no futuro. Submeteu
23 tudo a seus pés e o fêz cabeça soberana da igreja ; é ela o seu
corpo, repleta dêle, que de tudo enche o universo inteiro.
2 Dignidade do cristão. Estáveis mortos em conse-
2 quência dos vossos delitos e pecados, nos quais andáveis
outrora, segundo as máximas deste mundo, á mercê do prín-
cipe dos poderes nos ares, espirito esse que ainda agora opera
3 nos filhos da desobediência. No meio dêles andávamos tam-
bém todos nós, um dia, segundo os apetites da carne ; obede-
cíamos aos desejos da carne e dos sentidos, e éramos por na-
4 tureza filhos da ira, como os outros. Deus, porém, que é rico
5 em misericórdias, mcstrou-nos o seu grande amor, conduzin-
do-nos á vida com Cristo, a nós, que estávamos mortos pelos
6 nossos pecados. A vossa salvação é obra de sua graça. Em
7 Cristo Jesus é que nos ressuscitou e nos designou o lugar no
céu, afim de mostrar nos tempos futuros a superabundante
riqueza de sua graça, pelo amor que nos tem em Jesús Cris-
8 to. Sim, foi pela graça que fostes remidos, em virtude da
9 fé. Não é merecimento vosso, é dádiva de Deus ; não é de-
vido as obras, para que ninguém se glorie. Somos criaturas
10 dêle, destinados por Cristo Jesús a obras boas ; para que
nelas vivamos nos escolheu Deus, há muito tempo.
11 Vocação dos gentios. Lembrai-vos, pois, de que
outrora éreis pagãos de nascença, apelidados incircuncisos
pelos chamados circuncidados, aqueles em cujo corpo foi
12 feita a circuncisão por mão humana. Naquele tempo, vivíeis
sem Cristo, excluídos da comunhão de Israel e privados da
aliança da promissão ; vivíeis nêste mundo sem esperança
13 e sem Deus. Agora, porém, vós, que andáveis longe, chegas-
14 atesnossa
perto,paz. em Cristo
Foi êleJesús
que —congraçou
pelo sangue de Cristo.
as duas partes, E'arra-
êle
sando o muro divisório, eliminando, em sua carne, a inimi-
15 zade e abolindo a lei com seus preceitos e decretos. Pacifi-
cador, queria, em sua pessoa, formar das duas partes um ho-
16 mem novo, e, num só corpo, reconciliar ambos com Deus,
17 destruindo êle mesmo, na cruz, a inimizade. A vós, que an-
dáveis longe, veio anunciar a paz, e a paz também aos que
18 estavam perto. E\ pois, por êle que, uns e outros, temos
iy acesso ao Pai, num só espirito. Portanto, já não sois hospe-
des, nem peregrinos, mas concidadãos dos santos e membros
20 da familia de Deus. Fostes edificados sobre o fundamento
dos apóstolos e profetas, sendo o próprio Cristo Jesús a pe-
Efésios 2, 21 — 4, 3 369

dra todo
cio angular. E' nele
e cresce numquetemplo
vem travar-se
santo no solidamente o edifi-
Senhor. Nêle sois 2122
também vós edificados para serdes habitáculo espiritual de
Deus.

por vós,Ministério
gentios, do
eu, apóstolo. E' por isso
Paulo, prisioneiro de que
Cristointercedo
Jesús. 3
Certamente ouvistes do ministério da graça que entre vós 2
me foi outorgado. Pois foi por uma revelação que cheguei 3
a conhecer o mistério, que acabo de descrever em poucas
palavras. Se o lerdes, podeis compreender qual o conheci- 4
mento que tenho do mistério de Cristo, mistério que, em ou- 5
tros tempos, não foi assim manifestado aos filhos dos homens
como agora é revelado pelo espírito aos seus santos apóstolos
e profetas : que os gentios são co-herdeiros em Cristo Jesus, 6
membros e participantes das promessas, t/ o que se depreen- 7
de do evangelho do qual sou ministro pela graça que Deus
me concedeu em virtude de seu poder. A mim, o menor den- 8
tre todos os santos, me coube a graça de anunciar aos gentios
as inescrutáveis riquezas de Cristo e patentear como se rea- 9
lizou esse mistério, oculto desde a eternidade em Deus, Criador
do universo, mas revelado agora pela igreja aos principados 10
e às potestades nos céus como sendo a sabedoria de Deus.
que tudo abrange. Foi este o seu eterno desígnio, que execu- n
tou em Cristo, Senhor nosso. Nêle nos podemos confiada- 12
mente aproximar de Deus, pela fé que nêle temos. Pelo que 13
vos suplico não desfaleçais por causa das tribulações que
por vós padeço ; pois que redundam em glória vossa.
Intercessão do apóstolo. Pelo que, dobro o joelho 14
diante do Pai, do qual deriva toda a paternidade no céu e 15
na terra. Queira ele conceder-vos, segundo as riquezas da 16
sua glória, que por seu espírito vos robusteçais interiormente ;
que Cristo habite em vossos corações pela fé, e que sejais 17
bem arraigados e consolidados na caridade. Então estareis 18
em condições de compreender, com todos os santos, a largura,
o comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor 10
de Cristo, que excede toda a compreensão. Sereis então re-
pletos da plenitude de Deus ; a ele, porém que, por sua efi- 20
caz virtude dentro de nós, vale fazer incomparavelmente
mais do que possamos pedir ou imaginar, a ele seja glória na 21
igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, pelos séculos
dos séculos. Amen.
Exortações e preceitos morais
União e harmonia. Prisioneiro no Senhor, exorto- 4
vos a que vos porteis dignos da vocação que vos coube,
com tóda a humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos 2
uns aos outros com caridade. Sede solícitos em guardar a 3
14 — Pai de nosso Senhor Jesus Ciisto
370 Efésios 4, 4 — 29

4 unidade do espírito pelo vinculo da paz. Um só corpo e um


só espírito, assim como também a vossa vocação vos deu uma
5 só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo ;
6 um
todossó eDeus, e Pai de todos, que opera acima de todos, por
em todos.
• Múnus eclesiásticos. A cada um de nós foi conce- sl Ç7»
dida a graça segundo a medida com que Cristo a distribuiu.
8 Por isso foi dito : "Subiu ás alturas, levando em seu poder
9 esse
os cativos
subir esenão
distribuindo dons aos
que primeiro tenhahomens".
descido Ora, que supõe
ás baixadas da
10 terra ? Quem desceu é o mesmo que subiu aos céus, para le-
11 var o universo á perfeição. Assim foi que destinou uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para arautos do evan-
12 gelho, ou para pastores e mestres, afim de aperfeiçoarem os
santos para o desempenho do seu ministério, em ordem a
Vó edificar o corpo de Cristo, até chegarmos todos á unidade da
fé e do conhecimento do Filho de Deus, á perfeita virilidade,
14 á plenitude da idade de Cristo. Então não seremos mais crian-
ças, balouçados e impelidos por qualquer sopro de doutrina,
15 pela fraudulência dos homens e pelas astúcias do erro. Pelo
contrário, abraçaremos a verdade, e em caridade cresceremos
16 naquele que é a cabeça : Cristo. Partindo dele, se organiza
e se mantém firme o corpo todo, por meio de cada junta
que exerce a sua função segundo a capacidade de cada
membro. Destarte se vai completando o crescimento do cor-
po e se edifica pela caridade.
17 O homem novo. Digo-vos, portanto, e conjuro-vos
no Senhor : Não vos porteis mais como pagãos, que andam á
18 mercê dos seus sentimentos perversos. Teem o entendimento
obscurecido, e são alheios á vida em Deus ; porque são vítimas
19 da ignorância e dureza de coração ; baldos de todo o senti-
mento, entregam-se á luxúria, praticando, insaciáveis, toda
20 a espécie de impureza. Não foi isto que aprendestes de Cristo,
21 vós que dele ouvistes e estais instruídos a seu respeito. Em
22 Jesús é que está a verdade. Renunciai á vida antiga e despo-
jai-vos do homem velho, que perece por causa dos seus
23 apetites falazes. Renovai-vos no vosso modo de sentir, e re-
24 vescí-vos do homem novo, que é criado segundo Deus, em
verdade, justiça e santidade.
25 Deveres para com o próximo. Abandonai, pois, a
mentira. Fale cada um a verdade a seu próximo, pois que so-
26 mos membros entre nós. Quando vos irardes, não queirais pe-
car; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis entrada
27 ao demónio. Quem foi ladrão, não torne a furtar, mas procu-
23 re ganhar honestamente pelo trabalho das suas mãos com que
29 possa socorrer ainda aos necessitados. Não passe por vossos.
lábios palavra má, mas só palavra boa e, quando mister, edi-
6 — todos nós. 29 — edificante na fé
Efésios 4, 30 — 5, 27 371

jicantej assim fará bem aos que a ouvirem. Não contristeis o 30


Espírito Santo de Deus, que recebestes como sigilo para o 3i
dia da redenção. Longe de vós toda a aspereza e violência,
toda a cólera, vociferação e blasfémia, como qualquer malda- 32
de ! Sede antes benignos e misericordiosos uns para com os
outros ; perdoai-vos mutuamente, assim como Deus vos per-
doou em Cristo. 5
Sêde imitadores de Deus, como filhos diletos dele, 2
e andai no amor como também Cristo vos amou e por nós
se imolou — sacrifício de grato odor para Deus. ^
Filhos da luz. A luxúria, como toda a espécie de
impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como 4
convém a santos. Nem tão pouco haja conversa indecente,
tola ou leviana ; tais coisas não conveem. Tanto mais con- 5
vém ação de graças. Convencei-vos disto : que nenhum es-
cravo da luxúria, nenhum impuro, nenhum avarento — quer
dizer, idólatra — tem parte no reino de Cristo e de Deus. 6
Ninguém vos iluda com palavreado vão ; por causa disto é 7
que a ira de Deus vem sobre os filhos da desobediência. Não 8
façais causa comum com eles. Um dia éreis trevas ; agora,
porém, sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz. O 9
fruto da luz se revela em pura bondade, justiça e verdade. 10
Examinai o que é agradável ao Senhor. Não tomeis parte n
nas obras infrutíferas das trevas, antes desmascarai-as. O 12
que êles praticam ás ocultas, é por demais vergonhoso até 13
nomeá-lo. Tudo que se expõe á luz é por ela iluminado ;
sim, quando iluminado, se torna em luz. Por onde se diz : 14
"Desperta, tu, que dormes ! levanta-te dentre os mortos, 15
eandais
Cristo! te não iluminará !" Pelo que,
como insensatos, mas vêde
como solicitamente
sábios. Tirai como
bom 1716
proveito do tempo, que os dias são maus. Por isto, não sejais
insensatos, mas aprendei a compreender qual seja a vontade 18
do Senhor. Não vos embriagueis de vinho — que isto leva ]o
á luxúria — mas enchei-vos do espirito. Entretende-vos com
salmos, hinos e cânticos espirituais ; cantai de coração e 20
salmodiai ao Senhor. Dai graças sem cessar a Deus Pai,
por tudo, em nome de nosso Senhor Jesus Crist .
21
Deveres de estado. Sujei tai-vos uns aos outros no 22
temor de Cristo. Mulheres, submetei-vos a vossos maridos 23
como ao Senhor ; porque o marido é o chefe da mulher, assim
como Cristo é o chefe da igreja, êle, salvador de seu corpo. 24
Ora, como a igreja está sujeita a Cristo, assim o sejam em tudo
as mulheres a seus maridos. 25
Maridos, amai a vossas mulheres, assim como Cristo 26
amou a igreja e por ela se entregou, afim de santificá-la, 27
purificando-a
preparar uma noigreja
batismo d'águasempela
gloriosa, palavranem; assim
mácula, quis
ruga, nem
1 — ■ nos 15 — Pelo que, irmãos meus, 17 — de Deus.
18 — Espirito Santo. 27 — palavra da vida
372 Efésios 5, 28 — 6, 20

23 coisa semelhante ; mas santa e imaculada. Assim amem


também os maridos suas mulheres, como a seu próprio corpo.
29 Quem ama a sua mulher ama a si mesmo. Nunca ninguém
30 odiou
Cristo afazsuaá suaprópria
igrejacarne
; pois; nós
antes a nutre
somos e trata.
membros do seuE' corpo.
o que
Sl "Por isso é que o homem deixa pai e mãe e se une á sua mu-
32 lher, etério
se sublime,
tornamquero essesdizer,
dois uma
com sórelação
carne".a Cristo
Vai nistoe áumigreja.
mis-
33 Assim ame cada um de vós a sua mulher como a si mesmo ;
a mulher, porém, tenha reverência a seu marido.
g. Filhos, sede obedientes a vossos pais, no Senhor,
2 porque assim convém. O primeiro mandamento que leva
uma promessa diz : "Honra teu pai e tua mãe para que gozes
bem-estar e vida longa sobre a terra".
4 Pais, não provoqueis á ira vossos filhos ; mas educai-os
na disciplina e na doutrina do Senhor.
5 Servos, obedecei a vossos senhores temporais com te-
6 mor e tremor, mas de coração sincero, como a Cristo. Não
7 sirvais só quando vistos, para agradar aos homens ; sêde
servos de Cristo que de bom grado cumprem a vontade de
8 Deus. Servi de boa mente, como ao Senhor, e não aos ho-
mens ;pois sabeis que cada um — quer escravo, quer livre —
receberá do Senhor a sua recompensa pelo bem que fizer.
9 E vós, senhores, procedei do mesmo modo com os
servos. Abstende-vos de ameaças. Pois sabeis que tanto
vós como eles tendes no céu o mesmo Senhor, que não co-
nhece acepção de pessoas.
Armadura espiritual. Finalmente, sêde fortes no
10 Senhor, por sua poderosa virtude. Revesti-vos da armadura
11 de Deus, para que possais resistir ás ciladas do demónio. A
nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra os
12 principados e as potestades, contra os sinistros dominadores
dêste mundo, contra os espíritos malignos nas alturas do céu.
Revestí-vos, pois, da armadura de Deus, para que no dia
13 mau possais debelar tudo e afirmar o campo. Ficai, pois,
14 firmes, cingidos da verdade, cobertos da couraça da justiça,
15 os pés calçados de prontidão para anunciar o evangelho da
paz. Por cima de tudo embraçai o escudo da fé, com que ex-
16 tinguir possais todos os projéteis ígneos do maligno. Lançai
17 mão do capacete da salvação e do gládio do espírito, que é a
palavra de Deus. Com ardentes preces e súplicas pedi sem
18 cessar em espirito; e vigiai com perseverança e rogai por
todos os santos e também por mim, para que me seja dada a
39 verdadeira palavra, quando tiver de abrir os lábios, afim de
anunciar desassombradamente o mistério do evangelho, do
qual sou defensor, embora algemado. Assim falarei deste-
20 midamente, como é meu dever.

30 — corpo, carne da sua carne osso do seu osso.


10 — Finalmente, meus irmãos,
Efésios 6, 21 — 24

Conclusão. Se quiserdes saber qual a minha situa- 21


£ão e como passo, de tudo vos informará Tíquico, irmão
queridopara
envio, e servo no Senhor.
que saibais o que E'é feito
por isso mesmo
de nós e paraquequevo-lo
êle 22
console os vossos corações. A paz seja com os irmãos e a 23
caridade juntamente com a fé por parte de Deus Pai e do
Senhor Jesus Cristo. A graça seja com todos os que votam 24
amor constante a nosso Senhor Jesus Cristo.

NOTAS EXPLICATIVAS

Note-se
gata traz que as frase,
na primeira palavras
não "em Éfeso", que
se encontram a Vul- 101
nos códices
mais antigos.
O que o pecado desunira, devia Cristo reuní-lo sob
um único princípio, a exemplo do que vai entre os membros
do corpo humano, centralizados pelo princípio diretor da
cabeça ; devia J esús tornar-se rei e centro de todos os cora-
ções, centro de todo o universo material e espiritual.
A posse do Espírito Santo nesta vida é garantia e 13
penhor da eterna bem-aventurança.
Jesus ressuscitado foi, segundo a sua natureza humana, 21—23
exaltado acima de todos os coros angélicos ; é êle a cabeça
da Igreja que se acha toda repleta e compenetrada dos seus
dons e das suas graças.
Antes da sua conversão, viviam os cristãos nas trevas
da morte espiritual á mercê dos ditames de Satanaz e da car-
ne ; Deus, porém, os libertou da morte do pecado pelos me-
celeste. recimentos de Jesus Cristo, predestinando-os para a glória
Conhecia o código civil da Grécia duas classes de ho- 11—22
mens : os cidadãos e os hóspedes, ou estrangeiros. Não
gozavam êstes últimos foros de cidade, nem tomavam parte
na vida oficial da república. Distinção análoga vigorava,
outrora, entre judeus e pagãos, sendo aqueles por assim
dizer, os cidadãos do reino de Deus nesta terra, ao passo
que os gentios eram considerados apenas como hóspedes
adventícios. Jesús Cristo, porém arrasou o muro divisório,
congraçando todose regalias
mesmos direitos oxs povos espirituais.
numa só família cristã, com os

O mistério a que o apóstolo se refere, é o da incarnação 3


do Verbo divino. 9
Os próprios anjos do céu ignoravam o mistério da 10
incarnação, até que fosse manifestado pelo Espírito Santo.
24 — Cristo. Amcn.
374 NOTAS — Efésios 3, 13 — 6, 18

Não descoroçoeis em face dos meus sofrimentos ! ufa-


nai-vos antes de me verdes tão perseguido no cumprimento
da minha missão apstólica entre vós.
Todas as classes de seres racionais, anjos e homens,
fazem parte da grande família do Pai celeste.
Ainda que um só seja o espírito que governa a igre-
ja, contudo são muitas as funções exercidas por êste espírito
— assim como também J esús Cristo é um só, mas reúne em
sua pessoa o que há de mais alto e de mais baixo. Reina em
a igreja a maior unidade na mais vasta multiplicidade
Dia houve em que em vós reinavam as trevas da ig-
norância ;agora, porém, resplandece a luz do conhecimento.
Não consta da origem deste tópico ; talvez que re-
monte a um cântico religioso conhecido nas reuniões litúr-
gicas do tempo.
Alude o apóstolo ao batismo, cuja força purificadora
provém da morte do Redentor.
Deve o cristão munir-se de armas sobrenaturais, por-
que tem de lutar contra os demónios, que, expulsos do céu,
vagueiam pelo mundo para perder as almas.
EPISTOLA AOS FILIPENSES

Introdução

1. Filipes, cujo nome deriva de Filipe, pai de Ale-


xandre Magno, era uma das principais cidades da Macedónia.
Por ocasião de sua 2.a excursão missionária, fundou São Paulo
ali a primeira cristandade em terras da Europa (At 16, 1 1-40).
Depois de abandonar a cidade, continuou a considerar Filipes
como sua igreja predileta. Só ela tinha o privilégio de poder
enviar subsídios pecuniários a seu pai espiritual, como de
fato, enviou para Tessalónica e Corinto, e, depois, para Roma,
durante o cativeiro do apóstolo na capital do império (Fp
4, 15 s; 2, 15 ; 4, 10-18; 2 Cr 11, 8 s).

2. O portador da coleta foi Epafrodito, o qual deu


parte a Paulo da solicitude que os filipenses tinham pela sorte
do apóstolo preso, e não menos pela causa magna do evange-
lho (Fp 1, 12). Descreveu-lhe também o estado religioso e
moral da cristandade, estado que era, no geral, muito satis-
fatório, abstração feita de umas desavenças e rivalidades que
existiam (4, 2, s). Bem mais graves eram as tribulações e os
perigos de fora (1, 28 s ; 3, 2, 18 s). Quando Epafrodito se
dispôs a regressar para Filipes, entregou-lhe Paulo uma
carta de agradecimento, na qual informa sobre a sua situação
e dá algumas admoestações ditadas pela solicitude paternal
do seu coração. Esta epístola, mais do que outra qualquer,
leva o cunho de uma correspondência pessoal e intima, ver-
dadeira carta de amizade ; escreveu-a o grande apóstolo
com o coração nas mãos, como se costuma dizer.

3. Este notável documento foi escrito em Roma, á


sombra do cárcere (1, 7-13; 4, 22). Deve têr sido na primeira
prisão romana ; porque a liberdade de movimento que esta
carta faz entrever não se coaduna com o segundo cativeiro.
376 Filipenses — Introdução

Parece datar dos fins daquela prisão, quando os inquéritos


iam terminando e principiava o processo propriamente dito ;
seria, pois, pelo ano 63 (cf. 1, 12 s.; 20-26 ; 2, 24).
A autenticidade desta epístola é atestada sobejamente
pela cristandade, desde os tempos mais remotos. Entre ou-
tros, São Policarpo, discípulo de São João, na sua carta
aos filipenses, apela para êste escrito do apóstolo das gentes.
EPISTOLA DE SÃO PAULO AOS FILIPENSES
Paulo e Timóteo

servos de Oisto Jesus, 1


a todos os santos em Cristo Jesus em Filipes, a par dos seus
pastores e diáconos.
A graça e a paz vos sejam dadas por Deus, nosso Pai, 2
e pelo Senhor Jesus Cristo.
Agradecimento e intercessão. Dou graças a Deus, 3
todas as vezes que me lembro de vós, e em cada uma das mi- 4
nhãs orações rogo sempre por todos vós, cheio de alegria 5
pelo interesse que vos mereceu o evangelho, desde o primeiro
dia até agora. Pelo que nutro a firme confiança de que 6
aquele que em vós iniciou a boa obra também a levará a
êxito
de todos cabal,vósatéêsteao conceito,
dia de Cristo Jesus.
porque vos E'trago
justomuique dentro
eu forme
do 7
coração, a vós que participais da minha graça, quer esteja
em algemas, quer defenda e confirme o evangelho. Deus 8
me é testemunha das saudades que tenho de todos vós, no
mais entranhado amor de Cristo Jesus. O que rogo é que 9
vossa caridade se enriqueça cada vez mais do conhecimento
e de tôda a compreensão daquilo que importa ; de modo 10
que no dia de Cristo vos possais apresentar puros e irrepreen- 11
siveis, cheios dede Deus.
ria e louvor frutos de justiça, por Jesus Cristo, para gló-

Notícias pessoais do apóstolo


Estado do evangelho. Quisera fazer-vos saber, 12
meus irmãos, que a situação em que me acho redundou em
maior proveito do evangelho ; tanto assim que em todo o 13
pretório e a todos os demais se tornou manifesto que é por
amor de Cristo que eu carrego estas algemas. Também as 14
minhas algemas encheram de coragem no Senhor a maior
parte dos irmãos, de maneira que ousam com maior desas-
sombro anunciar a palavra de Deus. Alguns, é verdade, 15
pregam a Cristo por motivoAde inveja e ciúmes;; outros,
porém, com reta intenção. Estes, por amor, na certeza de 16
que eu fui constituido defensor do evangelho ; aqueles, movi- 17
5 — evangelho de Cristo 7 — alegria
378 Filípenses 1, 18 — % 16

dos de egoísmo e deslealdade, procurando tornar ainda mais


18 pesadas as minhas cadeias. Mas que importa ? contanto que
de todos os modos, quer sinceramente, quer com segunda
intenção,minha
alegria se anuncie
semprea Cristo.
será. E' esta a minha alegria, e
19 Situação do apóstolo. Pois, tenho para mim que,
graças ás vossas preces e á assistência do espírito de Jesus
20 Cristo, isto me reverterá em salvação. Espero firme e confia-
damente não ser confundido de forma alguma ; mas que
sem reserva venha Cristo a ser glorificado em meu corpo
21 também agora, como o foi sempre, quer na vida, quer na
22 morte. Porque para mim Cristo é a vida, e a morte me é lucro.
Se tenho de continuar a viver, é-me isto trabalho frutuoso ;
23 de maneira que não sei o que escolher. Sinto-me impelido
para uma e outra parte : anseio por me desprender e estar
com Cristo — -seria isto sem comparação o melhor. Mas, con-
24 tinuar a viver, é mais necessário por causa de vós. Pelo que
25 nutro a confiança de ficar e permanecer ainda em vossa
26 companhia, para proveito vosso e consolação da vossa fé.
Então será ainda bem maior o vosso júbilo em Cristo Jesus
por minha causa, quando tornar a vós.
27 Encarecimento da harmonia. O que importa é
que leveis uma vida digna do evangelho de Cristo. Quando
vier, quisera ver, ou, ficando longe, quisera ouvir que es-
tais firmes num só espírito, lutando unanimemente pela fé
-8 no evangelho, sem vos deixardes de modo algum intimidar
pelos adversários. Isto lhes servirá de sinal de que êles se
perdem, e vós vos salvais ; e isto provém de Deus. Pois, a
29 vós foi concedida a graça de não somente crerdes em Cris-
to, mas também de sofrerdes por ele ; pois tendes de pelejar
30 oestais
mesmoouvindo.combate que me vistes pelejar e do qual agora
2 Ora, se é que vos merece estima uma exortação em
Cristo, se uma carinhosa persuasão, se a comunhão do espi-
2 rito, e um entranhado amor — enchei a medida de minha
3 alegria, e tende um e o mesmo modo de sentir, animados do
mesmo amor, do mesmo espirito, avessos a todo o espírito de
contenda e vanglória. Tenha cada qual a humildade de con-
4 siderar o próximo superior a si mesmo. Ninguém tenha em
vista só os seus próprios interesses, mas também os do outro.
5 Exemplo de Cristo. Compenetrai-vos dos mesmos
6 sentimentos que teve Cristo Jesus, o qual, subsistindo na
forma de Deus, não julgou dever aferrar-se a essa divina
7 igualdade ; mas despojou-se a si mesmo, assumindo forma
de servo, tornando-se igual aos homens e aparecendo como
8 homem no exterior. Humilhou-se a si mesmo, fazendo-se
9 obediente até á morte, e morte na cruz. Pelo que também
Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todos os
10 nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho,
Filipenses 2, 11 — 3, 1 379

dos que estão no céu, na terra, e debaixo da terra, e toda a 11


língua confesse, pela gloria de Deus Pai, que Jesus Cristo ê
o Senhor.
Zelo na pratica do bem. Portanto, caríssimos 12
meus, como sempre tendes sido obedientes, operai a vossa
salvação com temor e tremor, não somente em minha pre-
sença, mas ainda mais agora na minha ausência. Pois, é 13
Deus que em vós opera tanto o querer como o fazer, conforme
o seu agrado.
Fazei tudo sem murmurar nem hesitar, para que 14
sejais irrepreensiveis e puros, filhos de Deus imaculados, 15
no meio de uma geração corruta e perversa, entre a qual bri-
lhareis como os luzeiros no universo. Guardai a palavra da 16
vida, para glória minha no dia de Cristo ; então não terei
corrido em vão, nem trabalhado em vão. Ainda que tenha 17
de derramar o meu sangue, hei de alegrar-me e congratular-
me com todos vós, pelo sacrifício e pelo serviço da vossa fé.
Por este motivo alegrai-vos também vós e congratulai-vcs 18
comigo.
Recomendações. Nutro a esperança, no Senhor
Jesus, de poder em breve enviar-vos Timóteo, para ter noti-
cias vossas, e ficar contente. Não tenho outro homem de 9Q
idênticos sentimentos, e que por vós se interesse com afeto
mais sincero ; todos os mais só procuram os seus próprios 21
interesses, e não os interêsses de Cristo Jesus. Bem sabeis 22
que prova deu de si ; como um filho serve ao pai, assim me
serviu ele, a bem do evangelho. A êste, pois, espero enviar 23
logo que tenha noção exata da minha situação.
Confio, porém, no Senhor que eu mesmo irei em breve. 24
Além disto, achei necessário reenviar-vos o irmão 25
Epafrodito, companheiro meu de trabalhos e lutas, mensa-
geiro vosso, que me socorreu nas minhas necessidades.
Estava êle com saudades de todos vós, e andava inquieto, 26
por terdes ouvido de sua enfermidade ; e, de fato, esteve
mortalmente enfêrmo. Deus, porém, teve compaixão dêle, 27
e não somente dêle, mas também de mim, para que não me
viesse pesar sobre pesar. Tanto mais me apresso a man- 2S
dar-vo-lo, para que tenhais a satisfação de revê-lo e eu me
veja com um cuidado a menos. Acolhei-o, pois, no Senhor 29
e com toda a alegria, e tende em grande estima a homens
dêsses ; porque foi por amor à obra de Cristo que êle esteve
às portasenquanto
servir, da mortevós; estais
pôs emlonge
jogodea mim.
"própria vida para me 3(j
Avisos e admoestações á cristandade
Mestres judaizantes. Quanto ao mais, meus ir-
mãos, alegrai-vos no Senhor. Se vos escrevo o mesmo não 3

2311 —— vo-lo
confesseenviar
que o Senhor Jesus Cristo
24 — breve ver-vos.está na gloria de Deus Pai.
Filipenses 3, 2 — 21

2 me aborrece a mim, e a vós vos dá segurança. Cuidado com


os cães ! ' cuidado com os operários perversos ! cuidado com
3 a mutilação ! Nós é que somos os verdadeiros circuncida-
dos, nós, que servimos a Deus em espirito, que nos glo-
4 riamos em Cristo Jesus, e não confiamos em privilégios ex-
ternos, ainda que de privilégios me pudesse eu gabar. Se
alguém julga poder gabar-se de privilégios externos, com
5 mais razão o poderia eu. Fui circuncidado no oitavo dia,
sou do povo de Israel, da tribu de Benjamin, hebreu e fi-
6 lho de hebreus ; fui fariseu em face da lei ; ardoroso perse-
guidor da igreja, e de vida irrepreensível, á luz da justiça
legal.
7 Ideal cristão. Entretanto, o que se me afigurava
lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo.
8 Sim, considero como perda todas as coisas em face do inex-
cedivel conhecimento de meu Senhor Jesus Cristo. Por amor
dele é que renunciei a tudo isto e o tenho em conta de lixo,
9 afim de ganhar a Cristo e viver nele — e isto não em virtude
da minha justiça, que é da lei, mas, sim, daquela que provém
da fé em Cristo, em virtude da justiça que vem de Deus
10 mediante a fé. Assim quisera eu conhecê-lo cada vez melhor,
e a virtude da sua ressurreição, e ter parte nos seus sofrimen-
11 tos ; quisera parecer-me com ele também na morte, a ver
se chego também eu a ressurgir dentre os mortos.
líí Não que eu tenha já atingido o alvo e a perfeição ;
mas vou-lhe à conquista e quisera atingi-la ; pois que tam-
bém eu fui atingido por Cristo Jesus.
13 Meus irmãos, não tenho a pretensão de haver já atin-
gido oalvo. Uma coisa, porém, não deixo de fazer : lanço ao
olvido o que fica para trás e atiro-me ao que tenho adiante.
14 Mirando o alvo, vou à conquista do premio, para o qual Deus
15 no céu me chamou, em Cristo Jesus. Seja este o modo de
pensar de todos os que somos perfeitos. E se, por ventura,
16 sois de outro parecer, há de vos Deus esclarecer sobre isto.
O quemos noimporta
mesmo érumo.
que, no ponto em que estivermos, prossiga-

17 Inimigos da cruz. Sede imitadores meus, irmãos,


e ponde os olhos naqueles que se guiam pelo nosso exemplo.
18 Porque muitos vivem - como frequentes vezes vos tenho dito,
e agora repito entre lágrimas - como inimigos da cruz de Cris-
is) to. O fim dêles é a perdição, o seu deus é o ventre. Ufanam-
20 se da sua infâmia. Só teem gosto pelas coisas terrenas. A
nossa pátria, porém, é o céu, donde aguardamos o Salvador,
21 o Senhor Jesus Cristo. Ele, que tem o poder de sujeitar
tudo à sua vontade, transformará o nosso corpo frágil, tor-
nando-o semelhante a seu corpo glorificado.
vos é necessário.
1 — igreja de Deus. 9 — Cristo Jesus,
6 — sejamos unânimes e andemos segundo a mesma norma.
16 —
Filipenses 4, 1 — 23

Portanto, irmãos meus caríssimos e mui queridos, 4


alegria minha e coroa minha : ficai firmes no Senhor,
caríssimos !
Exortações. Exorto a Evódia e admoesto a Sínti- 2
que a serem unânimes no Senhor. Rogo também a ti, fiel 3
companheiro, que lhes prestes auxilio. Trabalharam comi-
go em prol do evangelho, em companhia de Clemente e dos
demais colaboradores meus. Os seus nomes estão no livro
da vida.
Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito : alegrai- 4
vos ! Mostrai a todos os homens a vossa benignidade. 5
O Senhor está perto. Não vos inquieteis com coisa alguma ; 6
mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades, em fer-
vorosa prece e ação de graças ; e a paz de Deus, que excede 7
toda a compreensão, guardará os vossos corações e os vossos
pensamentos, em Cristo Jesus.
Finalmente, meus irmãos, ocupai-vos com tudo o 8
que é verdadeiro, digno, justo, santo, amável, atraente,
virtuoso ou digno de louvor. O que aprendestes e herdastes, 9
o que ouvistes e observastes em mim, isto praticai. E o Deus
da paz será convosco.
Gratidão do apóstolo. Foi imensa a minha satis- 10
fação no Senhor, porque, finalmente tivestes ensejo de me
acudir ; verdade é que sempre estáveis com vontade de me
acudir, mas não tínheis oportunidade. Digo isto, não por n
causa das privações ; aprendi a adaptar-me a todas as cir-
cunstâncias ; sei viver na penúria, e sei também como ha- 12
ver-me na abundância, estou familiarizado com toda e qual-
quer situação : viver saciado, e passar fome ; têr abundân-
cia, esofrer necessidade. Tudo posso naquele que me conforta. 13
Entretanto, fizestes bem em acudir á minha tribulação. Não 14
ignorais, meus filipenses, que, quando comecei a prégar o 15
evangelho e parti da Macedónia, nenhuma igreja estreitou
comigo relações de dar e receber, senão vós somente. Tam- 16
bém para Tessalônica me enviastes, mais de uma vez, o que
havia mister para o meu sustento. Não é a dádiva que me 17
importa, mas, sim, o lucro que vós daí auferis, riquíssimo.
Agora tenho tudo. Tenho em abundância. Tornei-me 18
rico desde que recebi o que por mão de Epafrodito me man-
dastes — qual perfume suave, qual sacrifício grato e agra-
dável aDeus. Meu Deus, porém, segundo a sua riqueza, ;9
há de satisfazer todos os vossos desejos, na glória de Cristo
Jesus.
séculos. A Amen. Deus, nosso Pai, seja glória pelos séculos dos 20

Conclusão. Saudai a cada um dos santos em Cristo 21


Jesus. Saúdam- vos os irmãos que estão comigo. Saúdam- 22
vos todos os santos, especialmente os da casa de César.
A graça do Senhor Jesús Cristo seja com o vosso es- 23
pírito. Amen
NOTAS EXPLICATIVAS

1
1 davam "Episcopos"
então todos —os isto é : guardas,
chefes da igreja,pastores — se apeli-
quer tivessem re-
cebido asagração episcopal, quer apenas a ordenação sacer-
dotal. Cf At 20, 17, 28.
7 Os filipenses, provendo o sustento material do após-
tolo, teem parte nos merecimentos dele. A graça (ou ale-
gria) significa os sofrimentos de São Paulo encarcerado.
23_25 Atendendo a seu desejo pessoal, preferiria o apóstolo
morrer e unir-se com Cristo, no céu ; mas, por causa dos
fiéis confiados a seu cuidado, prefere viver e trabalhar, e
nutre a firme confiança de que, para este fim, Deus o conser-
vará em vida ainda por algum tempo.
28 A constância dos fiéis no bem é garantia da sua sal-
vação, emotivo de confusão para os pecadores impenitentes.
2 Não deixará de haver harmonia e caridade entre os
5—8 fiéis, se eles se guiarem pelo exemplo de humildade, que
nos deu Jesus Cristo, o qual longe de se aferrar á majestade
celeste, se despojou da mesma, aparecendo entre nós em
forma despretenciosa de homem mortal e de servo obediente.
O mundo pecador se afigura ao apóstolo qual noite
tenebrosa, onde, aqui e acolá, cintilam as estrelas das igrejas
cristãs, que no dia do advento de Cristo juiz formarão o mais
belo triunfo de seu fundador. O martírio seria motivo de
satisfação para o apóstolo mesmo e para os fiéis de Filipes.
Certos mestres judeus constituíam grande perigo para
as jovens cristandades. — O apóstolo compara esses intrusos
a cães, desordeiros e mutilados, por ligarem demasiada im-
portância ádescendência natural e á mutilação corporal
praticada na circuncisão, com flagrante menoscabo do espí-
rito desta cerimonia ; os cristãos é que são os verdadeiros
circuncidados, espiritualmente.
Tempo houve em que o apóstolo teve em grande apre-
ço os privilégios do judaísmo ; desde a sua conversão, porém,
os teem em pouca conta, prezando tanto mais a vida gloriosa
de Cristo e ansiando por tomar parte na paixão dele, afim de,
um dra, chegar á gloriosa ressurreição.
Concede o apóstolo que ainda não é perfeito ; mas,
desde que Jesus Cristo como que o empolgou, ás portas de
Damasco, se assemelha ele a um lutador que corre na arena,
nem cessa de correr com todas as forças até atingir a meta.
4 • Evódia e Síntique, que nos são, aliás, desconhecidas,
parecem ter ocupado lugar de destaque na cristandade
filipense. O fiel companheiro vem a ser, provávelmente,
Epafrodito, portador da epístola. Clemente talvez seja
idêntico ao que, mais tarde, se notabilizou como pontí-
fice romano.
Notas — Filipenses 4, 16 — 22 383

Não costumava o apóstolo aceitar subsídios mate- 16


riais dos fiéis, por mais estrênuamente que, em teoria, advo-
gasse este direito para os operários apostólicos ; com os seus
queridos filipenses, porém, abriu exceção, aceitando das
suas mãos dádivas de caridade.
Os da casa de César — quer dizer, os empregados 22
e servos do palácio imperial de Roma.
EPISTOLA AOS COLOSSENSES

Introdução

1. Colosses, cidade da província asiática da Frigia


Maior, fora evangelizada por Epafras, discípulo de São Paulo,
no tempo em que êste se achava em Êfeso. O apóstolo
lá não esteve em pessoa (Cl 2, 1) ; mas nem por isso deixa
de se interessar vivamente pela fundação de seu discí-
pulo, dedicando-lhe uma carta especial ; porquanto o
estado dos neófitos colossenses reclamava uma instrução à
parte.
de E' que adoaliás
ser desviada florescente
verdadeiro cristandade
evangelho pelos corria
herejesperigo
que
nela se tinham introduzido. Degradavam eles a dignidade
de Cristo, nivelando-o com os anjos (2, 18 s). Juntamente
com a pessoa de Cristo, desprestigiavam também a sua obra
e tentavam deslumbrar os colossenses com um pretenso
conhecimento superior, prometendo-lhes uma perfeição mais
alta, contanto que observassem as festas judaicas e se absti-
vessem de certos manjares (2, 16, 20 s).
E* epístola,
sente contradeclarando
esses herejes que o apóstolo
a dignidade pessoal escreve
de Cristoa pre-
e a
perfeição da sua obra redentora, terminando por incitar os
fiéis a uma vida genuinamente cristã.
2. A carta data do mesmo tempo que as epístolas
aos efésios e a Filemon, isto é, do ano 62. Garantem-lhe
a autenticidade o fragmento muratoriano, santo Ireneu,
Tertuliano e outros.
EPISTOLA DE S. PAULO AOS COLOSSENSES
Paulo

pela vontade de Deus, apóstolo de Cristo Jesus, 1


e o irmão Timóteo :
aos santos e fiéis irmão em Cristo em Colosses. A graça
e a paz vos sejam dadas por Deus, nosso Pai.
Agradecimento e intercessão. Nas orações que
por vós fazemos não cessamos de dar graças a Deus, Pai de
nosso Senhor, Jesus Cristo, porque tivemos noticia da vossa 3
fé em Cristo Jesus, e da caridade que votais a todos os santos;
e isto por causa da esperança que vos está reservada no céu. 4
Dela já tendes conhecimento pela palavra da verdade, o
evangelho, que chegou até vós. Como em todo o mundo, 5
assim também entre vós vai ele tomando incremento e produ-
zindo fruto desde o dia em que o ouvistes e de verdade co- 6
nhecestes a graça de Deus. Neste sentido vos instruiu
Epafras, nosso caríssimo companheiro de trabalhos, que é
por vós fiel servidor de Cristo. Foi ele também que nos 7
deu notícias do vosso amor espiritual.
A partir do dia em que o soubemos, não cessamos 8
de orar e suplicar por vós, para que o conhecimento da sua
vontade vos enriqueça de toda a sabedoria e entendimento 9
espiritual, afim de levardes uma vida digna e em tudo agra-
dável ao Senhor, frutificardes em todas as boas obras e cres-
cerdes no conhecimento de Deus. Que por seu excelso poder 10
sejais armados de toda a fortaleza, para toda a paciência e
longanimidade, agradecendo jubilosos ao Pai, que nos tor- 11
nou maduros para participar da herança dos seus santos
na luz. 1?*
Excelência única de Cristo
Cristo criador do universo. Arrancou-nos ele do
poder das trevas, fazendo-nos passar para o reino de seu 13
Filho querido. Nele é que temos a redenção, a remissão dos
pecados.
anterior aE'todaele aa imagem
criatura.de Deus
Nêle invisivel, o Primogénito,
foram criadas todas as 1514
16
1 — Cristo Jesus
2 — Pai e pelo Senhor Jesus Cristo. 14 — redenção por seu sangue
386 Colossenses 1, 17 — 2, 6

17 coisas, no céu e na terra, visiveis e invisíveis, tronos e domi-


nações, principados e potestades — tudo foi criado por êle
e para verso
êle.subsiste.
Êle está acima do universo. E' nêle que o uni-

18 corpo, Cristo,
da igreja, redentor do mundo.
é o princípio, E' êle a cabeça
o Primogénito dentre do
os
19 mortos. Pelo que ocupa a primazia em todas as coisas,
porque aprouve a Deus que nêle residisse toda a sua pleni-
20 tude, e por seu intermédio tudo reconciliasse consigo, tudo
quanto existe na terra e no céu, restabelecendo a paz pelo
seu sangue na cruz.
21 Outrora andáveis longe dêle e por vossas obras más
22 vos sentíeis inimigos seus. Agora vos reconciliou êle pela
morte de seu corpo humano, afim de vos apresentar santos,
imaculados, irrepreensíveis a seus olhos — contanto que
permaneçais inabaláveis na fé, firmes e inconcussos na
23 esperança do evangelho que ouvistes. Foi prégado a toda
a criatura que existe debaixo do céu. E eu, Paulo, fui cons-
tituído ministro dêle.

24 Múnus apostólico. Agora, sim, folgo de sofrer


por vós, completando, assim, na minha carne o que ainda
25 falta nadunda emmedida
proveitododosofrimento
seu corpo, com Cristo.
a igreja, E' fui
da qual o que re-
consti-
tuído ministro, em virtude do cargo que Deus me confiou
pelo vosso bem ; tenho de apregoar a palavra de Deus. O
26 mistério que andou oculto a todas as idades e gerações,
veio a manifestar-se agora aos seus santos. Quis Deus fazer-
27 lhes conhecer as riquezas da glória que êste mistério encerra
para os gentios : Cristo em vós ! a esperança da glória.
^8 A êle é que anunciamos, admoestando toda a gente e ins-
truindo cada homem em toda a sabedoria, afim de levarmos
todos os
29 eu trabalho homens e luto,á por
perfeição em Cristo.
sua força, que operaE' poderosamen-
por isso que
te no meu interior. Pois, quero que saibais do muito que
2 me preocupo por vós e pelos que estão em Laodicéia, como
também por todos os que não me conhecem de vista. Que
2 êles, de coração animoso e unidos na caridade, venham a
enriquecer-se do conhecimento da compreensão cabal do
3 mistério de Deus,daque
todos os tesouros é Cristo.
sabedoria e daE'ciência.
nêle que se ocultam

4 Salvador e Medianeiro. Digo isto para que nin-


5 guém venha iludir-vos com artes retóricas. Pois, embora
ausente de corpo, não deixo de estar convosco em espírito,
contemplando com satisfação a vossa disciplina e a firmeza
6 de vossa fé em Cristo. Ora, uma vez que reconhecestes a
Cristo Jesus por Senhor vosso, vivei nêle, lançai raízes,

28 — Cristo Jesus. 2 — Deus Pai, que é Cristo Jesus.


Colossenses 2, 7 — 3, 4 387

sobreedificai-vos nêle, sede firmes na fé, conforme fostes 7


ensinados, e dai-lhe abundantes ações de graças.
Cuidado que ninguém vos colha nas malhas de alti- 8
sonante filosofia e de vãos sofismas, baseado em tradições
humanas, nos elementos do mundo, e não em Cristo. Nele 9
habita substancialmente toda a plenitude da divindade, e
pela união com
êíe superior a todoêlee équalquer
que partilhais dessa
principado plenitude. E'
e potestade. 10
Nêle também recebestes a circuncisão, não feita pela n
mão, espoliando a carne do corpo ; mas a circuncisão em
Cristo. Com êle fostes sepultados no batismo ; nêle ressus- 12
citastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dentre
os mortos.
Vós, que estáveis mortos pelos vossos pecados e pela 13
incircuncisão da vossa carne, Deus vos revocou à vida junta-
mente com êle ; perdoou-nos todos os pecados, anulou o ti- 14
tulo de divida que nos acusava com os seus dispositivos,
destruiu-o pregando-o na cruz; espoliou os principados e as 15
potestades, exibindo-os em público e derrotando-os por meio
dêle.
Ascese falsa e verdadeira. Ninguém, pois, vos 16
condene por causa de comida ou de bebida, por causa duma
festa, lua nova ou sábado. Estas coisas não passam de som- ti
bras daquilo que estava por vir ; a realidade disso é Cristo.
Ninguém vos roube o galardão, afetando humildade ou 18
culto de anjos, gabando-se de pretensas visões, enfatuado,
sem fundamento, no seu sensualismo carnal. Em vez dis- i.9
to adira àquele que é a cabeça, a qual por meio de tendões
e juntas, conserva todo o corpo unido e firme, fazendo-o
crescer para Deus.
Se com Cristo morrestes para os elementos do mundo, 20
porque permitis que vos imponham preceitos, como se ainda
vivêsseis com o mundo ? "Não pegues nisto !'" "Não comas 21
aquilo"
depois de"Não o toques
usado, acabarásequer !" e, no São
no nada. entanto, tudo eaquilo,
preceitos dou- 22
trinas humanas. Teem ares de sabedoria, com toda essa pie- 23
dade arbitrária, essas humilhações e austeridades corporais ;
mas não teem valor e não servem senão para lisonjear a carne.
Ideal da vida cristã
O homem velho e o homem novo. Se ressusci- 3
tastes com Cristo, procurai o que está lá no alto, onde está
Cristo, sentado á direita de Deus. Aspirai ás coisas que 2
estão lá no alto, e não ás que estão cá na terra. Pois que 3
morrestes, e a vossa vida está com Cristo oculta em Deus.
Mas, quando aparecer Cristo, nossa vida, aparecereis tam- 4
bém vós com êle na glória.
13 — vos
3 — vossa.
388 Colossenses 3, 5 — 4, 1

6 - Mortificai, portanto, o que de apetites terrenos há


em vossos membros : a libertinagem, a impureza, a paixão,
6 os maus desejos, a cobiça, que é idolatria. Por causa disto
7 é que a ira de Deus vem sobre os filhos da rebeldia. Também
vós andáveis outrora entregues a essas coisas, quando vivíeis
8 no meio dêles. Agora, porém, despojai-vos de tudo isto :
da ira, da indignação, da malícia, da blasfémia e das pala-
vras torpes da vossa boca.
9 Não mintais uns aos outros, uma vez que despistes
10 o homem velho com as suas obras, e vos revestistes do novo,
que leva em si a imagem do Criador e conduz a novos conhe-
cimentos. Aí não se trata mais de gentio ou judeu, de cir-
11 cuncidado ou incircunciso, de bárbaro ou cita, de escravo ou
livre — Cristo é que é tudo e em todos !
12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e
amados, de entranhada misericórdia, de benignidade, de
humildade, de mansidão, de paciência.
13 Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutua-
mente, se alguém tiver motivo de queixa contra outro.
Assim como o Senhor vos perdoou, assim perdoai também
14 vós. Acima de tudo isto, tende caridade, que é o vínculo da
15 perfeição. Reine a paz de Cristo em vossos corações. Pois
para ela é que fostes chamados como um só corpo. Sêde
16 agradecidos. Habite entre vós, em toda a sua plenitude,
a palavra de Cristo.
Instrui-vos e exortai-vos uns aos outros com toda a
sabedoria. De coração grato cantai a Deus salmos, hinos
17 e cânticos espirituais. Tudo quanto fizerdes por palavra
ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por
êle graças a Deus Pai.
18 Deveres de estado. Mulheres, sêde submissas aos
vossos maridos ; porque assim convém no Senhor.
19 Maridos, amai a vossas mulheres e não as trateis
com aspereza.
20 Filhos, obedecei em tudo a vossos pais ; porque isto
agrada ao Senhor.
21 nimem. Pais, não irriteis vossos filhos, para que não desa-
22 Servos, sujeitai-vos em tudo aos vossos senhores
temporais, servindo, não só quando vigiados, para agradar aos
23 homens, mas de coração sincero e no temor de Deus. Tudo
quanto fizerdes, fazei-o de boa mente ; pois é para o Senhor,
e não para os homens, na certeza de que em recompensa
24 recebereis do Senhor a herança. Servi a Cristo Senhor.
25 Quem cometer injustiça, receberá a paga da injustiça, e não
há acepção de pessoa.
4 Senhores, dai aos vossos servos o que é justo e con-
veniente ;lembrai-vos de que também vós tendes um Se-
nhor no céu.

17 — Jesús Cristo. 25 — pessoa diante de Deus.


Colossenses 4, 2 — 18

Trato com Deus e com o mundo. Sede perseve- 2


rantes na oração. Sede vigilantes e gratos. Orai também 3
por nós, para que Deus abra uma porta á nossa prégação,
de maneira que possamos anunciar o mistério de Cristo, por
causa do qual estou preso, e apregoá-lo de tal modo como é 4
da minha obrigação. Sede sábios no trato com os de fora e 5
aproveitai o tempo. Seja sempre amável a vossa conversa 6
e temperada com sal; assim sabereis que resposta dar a cada
um.
Conclusão. Quanto á minha situação, dar-vos-á 7
notícia minuciosa o caríssimo irmão Tíquico, servo fiel
e companheiro no Senhor. Por isso mesmo vo-lo envio 8
para vos informar sobre a nossa situação e alentar os
vossos corações. Com ele segue Onésimo, caríssimo e fiel 9
irmão, e patrício vosso. Eles vos darão noticia de tudo que
aqui se passa.
Saudações de Aristarco, meu companheiro de prisão ; 10
e de Marcos, primo de Barnabé. A respeito dele já recebes-
tes recomendação ; acolheio-o bem quando for ter convosco.
Saudações também de Jesús, apelidado Justo. São estes 11
os únicos dos circuncidados que comigo trabalham pelo reino
de Deus, e me dão consolação.
Saudações de vosso patrício Epafras, servo de Cristo 12
Jesús, que não cessa de lutar por vós em suas orações, para
que sejais perfeitos, na plena observância de toda a vontade
de Deus. Asseguro- vos que muito se afadiga por vós e pelos 13
irmãos em Laodicéia e Hierápolis.
bém deSaudações Demas. de Lucas, o caríssimo médico ; como tam- 14
Saudai os irmãos em Laodicéia, mormente a Ninfas 15
e os da casa.
Depois de lida entre vós, esta carta, providenciai ig
para que seja lida também na igreja dos laodicenses, e pro-
curai ler a de Laodicéia. Dizei a Arquipo que procure 17
desempenhar bem o cargo que recebeu no Senhor.
Vai de próprio punho a minha saudação : Paulo. 18
convosco.Lembrai-vos de que estou algemado. A graça seja

NOTAS EXPLICATIVAS
A igreja é o corpo místico de Cristo, cuja cabeça é 1
ele mesmo. Nesta qualidade, em virtude da sua divindade, 19— 19
comunica Jesús todas as graças aos membros da igreja.
A prisão e demais sofrimentos do apóstolo redundam ?4
em prol dos colossenses e da igreja em geral, porque ele pa-
8 — se informar sobre a vossa situação
18 — convosco Amen.
390 NOTAS — Colossenses 1, 25 — 4, 16

dece no seu corpo físico parte das tribulações que o corpo


místico de Cristo padece na pessoa dos seus fiéis.
25—26 Foi São Paulo incumbido de prégar aos gentios o mis-
tério, isto é, os desígnios de Deus, no tocante á salvação do
género humano.
2 Previne o apóstolo os leitores da ciência vã e ilusória
8—12
de certos filósofos. Jesus é superior aos próprios anjos do céu.
A verdadeira circuncisão consiste na mortificação das pai-
xões sensuais, e tem o seu início no batismo, onde é sepultado
o homem velho, para ressuscitar o homem novo.
13—15 O título de dívida dos nossos pecados se achava no
poder dos espíritos malignos ; Jesus Cristo, porém, arrancou
este documento ao nosso credor infernal e o inutilizou, pre-
gando-o no estandarte vitorioso da cruz.
17_19 Do mesmo modo que o corpo projeta sombras em cer-
ta direção, assim também lançava a lei antiga as sombras
'das cerimonias
não já a sombra, rituais. Agora,
mas o corpo real porém, temos Somos
de Cristo. diantemembros
de nós,
do corposários demístico de Jesus.seja
que o homem E', por
pois,demais
falsa a indigno
doutrina para
dos adver-
tratar
pessoalmente com Deus e que êsse trato deva ser feito por
intermédio dos anjos.
3 Pelo batismo, símbolo da morte de Cristo, morre o
3 — 4 homem para o mundo, afim de viver só para Deus.
12—14 O cristão batizado, revestido de Cristo, deve apro-
priar-se também das virtudes dêle, cingindo por cima de
tudo a caridade, que eleva á suprema perfeição todas as ou-
tras virtudes. Cf. 1 Cr. 13.

4 Temperada com sal — acertada e distinta, e não gros-


6 seira e insípida.
16 Laodicéia e Hierápolis eram duas cidades vizinhas a
Colosses. Perdeu-se provávelmente, esta outra carta a que
se refere o apóstolo, a não ser que seja a epístola aos efésios.
PRIMEIRA EPISTOLA AOS TESSALONICENSES

Introdução

1. No tempo de São Paulo era Tessalônica — hoje


Saloniki, sobre o Mar Egeu — um dos mais notáveis empó-
rios comerciais do império romano. Passou o apóstolo
por esta cidade na sua 2.a excursão missionária. O resultado
que a sua prégação surtira entre os judeus fora insignificante ;
tanto maior, porém, entre os étnico-judeus e entre os gentios
em geral. A breve trecho, se viu o arauto do evangelho
obrigado a deixar a cidade, em face das perseguições que lhe
moviam seus patrícios (At 17, 1-10; 1 Ts 1, 9). No intuito
de defender dos perseguidores a nascente cristandade, que
não lhe era dado visitar pessoalmente, enviou-lhe de Atenas
seu fiel discípulo Timóteo (At 17, 15; 1 Ts 3, 1-5) para que
verificasse o estado da igreja e lhe desse as competentes
informações. Timóteo desempenhou-se da incumbência ;
mas, de volta, já não encontrou a São Paulo em Atenas,
senão em Corinto (At 18, 5).
2. A ocasião imediata da origem desta epístola foi
o regresso de Timóteo e as notícias tão ansiosamente espe-
radas — notícias em parte bem alviçareiras, em parte muito
tristes. Grandemente consoladora era a informação sobre
o estado próspero da cristandade de Tessalônica ; a firmeza
da fé, o ardor da caridade e a tocante dedicação dos fiéis a
seu pai espiritual (1 Ts. 3,6 s; 4,9). Menos animador, porém,
era o fato de terem os judeus imputado ao apóstolo inten-
ções interesseiras, trabalhando por desprestigiá-lo perante
os tessalonicenses e, dest'arte, solapar-lhes a confiança
na doutrina proposta (2, 3-6). Acrescia que alguns cris-
tãos não tinham ainda extirpado devidamente o pendor
pagão á luxúria, a deslealdade e a indolência (4, 3-ó, 11;
5, 14). Além do mais, não tinha o apóstolo tido ensejo
de dar aos neófitos instrução completa sobre o fim do
mundo e o juízo final, razão por que muitos aguardavam
êstes acontecimentos para os dias da sua vida corporal,
deplorando que os defuntos se vissem privados de presencia-
rem o espetáculo do glorioso advento do Senhor (4, 13-18).
Impelido pela solicitude paternal que votava a todos
os seus filhos espirituais, resolveu São Paulo escrever aos
tessalonicenses, tomando por ponto de partida as informa-
392 Tessalonicenses — Introdução

ções de Timóteo ; procura confirmar nos leitores a fé no


evangelho e a dedicação para com seu pastor ; exorta-os
a uma vida santa e dá-lhes os necessários esclarecimentos
sobre a segunda vinda de Cristo.
3. Escreveu São Paulo esta carta imediatamente
após o regresso de Timóteo (3, 6; At 18, 5), quer dizer, no
princípio da sua estadia em Corinto, por volta do ano 51.
A origem paulina do documento vem sobejamente
atestada por Santo Ireneu, Clemente de Alexandria, Tertu-
liano, o fragmento muratoriano, e outros.
Decreto da Comissão Bíblica, de 18 de junho de 1915 :
Na passagem 1 Ts. 4, 15-17 não se considera tão iminente o
segundo advento de Cristo que o apóstolo se inclua a si
e aos leitores no número dos fiéis que hajam de ir ao encontro
do Senhor, sem passarem pela morte.
PRIMEIRA EPISTOLA DE SÃO PAULO AOS
TESSALONICENSES

Paulo
Silvano e Timóteo :
á igreja de Tessalônica, que está em Deus Pai e no
Senhor Jesus Cristo.
A graça e a paz sejam convosco.
Ação de graças e reconhecimento. Damos graças 1
a Deus por todos vós, sempre que em nossas preces de vós 2
nos lembramos. Trazemos em contínua recordação, aos 3
olhos de Deus, nosso Pai, a vossa fé tão ativa, a vossa tão 4
abnegada caridade e a firme esperança que tendes em nosso
Senhor Jesus Cristo. Sabemos, irmãos queridos de Deus, 5
que sois do número dos eleitos, porque o nosso evangelho
vos foi prégado não somente com palavras, mas com grande 6
poder, no Espírito Santo e com toda a convicção. Não
ignorais de que modo temos andado no meio de vós para o
vosso bem. Tornastes- vos imitadores nossos e do Senhor, 7
acolhendo a palavra de Deus com a alegria do Espirito Santo, 8
apesar de numerosas tribulações. Tornastes-vos modêlo
para todos os fiéis da Macedónia e da Acaia. Partindo de
vós, se divulgou a palavra do Senhor, não apenas pela Ma-
cedónia eAcaia, mas propagou-se por toda a parte a fé qye
tendes em
mesmos contam Deus. qual
E' excusado falarmos
o acolhimento que nisto ; poisparte
da vossa eles 9
tivemos, e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para
servirdes ao Deus vivo e verdadeiro, e esperardes do céu a
seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos — Jesus, 10
que nos livra da ira futura.
Relações do apóstolo com os fiéis
Pregação em Tessalônica. Bem sabeis, irmãos, que 2
não foi sem vigor o nosso aparecimento entre vós. Embora
tivéssemos passado, anteriormente, em Filipes, sofrimentos 2
e maus tratos, como estais informados, resolvemos, contudo,
confiados em nosso Deus, anunciar-vos o evangelho dc Deus,
no meio de grandes lutas. Porque a nossa prégação nada 3
tem que ver com intuitos enganosos ou impuros, nem com
394 1 Tessalonicenses 2, 4 — 3, 1

4 segundas intenções. Uma vez que Deus nos achou dignos de


confiar-nos o evangelho, falamos, não para agradar aos ho-
mens, mas, sim, a Deus, que perscruta os nossos corações.
5 Como sabeis, não viemos com adulações, nem com secreta
ganância — Deus é testemunha — nem tão pouco temos
6 procurado a glória dos homens, nem da vossa parte, nem da
7 parte de outros. Posto que nós, na qualidade de embaixa-
dor de Cristo, pudéssemos fazer valer a nossa autoridade,
apresentámo-nos, contudo, no meio de vós com tanta suavi-
dade como uma mãe a acarinhar os seus filhinhos. Tanto
8 bem vos queríamos que era ardente desejo nosso dar-vos,
não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida,
9 de tanto amor que vos tinhamos. Ainda estareis lembrados,
meus irmãos, dos nossos trabalhos e fadigas; trabalhamos
dia e noite para não sermos pesados a nenhum de vós. Foi
assim que vos prégámos o evangelho de Deus. Vós sois tes-
io temunhas, e Deus o é igualmente, de quão puro, justo e ir-
repreensível tem sido o nosso modo de proceder para con-
i! vosco, quando abraçastes a fé. Bem sabeis como exortá-
12 vamos a cada um de vós, como um pai a seus filhos ; como
vos incutiamos ânimo e vos conjurávamos a levardes uma
vida digna de Deus, que vos chamou ao seu reino glorioso.
13 Efeito da pregação. Por esta razão é que damos
sem cessar graças a Deus : por terdes acolhido a palavra
divina que de nós ouvistes, não como palavra de homem,
mas como palavra de Deus, o que é na verdade, por sinal que
está produzindo efeito entre vós, os crentes.
14 Meus irmãos, sois imitadores das igrejas de Deus
na Judéia, que estão em Cristo Jesus ; pois que da parte
dos vossos patrícios tivestes de sofrer o mesmo que aqueles
15 sofreram da parte dos judeus. Mataram o Senhor Jesus
e os profetas e nos perseguiram a nós. Desagradam a Deus
16 e são inimigos de toda a gente. Querem impedir-nos de
prégarmos aos gentios para que se salvem ; e com isto vão
enchendo a medida de seus pecados, até que caia sobre êles
até ao extremo a ira.
17 Saudades. Meus irmãos, desde que, por algum
tempo, nos achamos separados de vós — não de coração,
mas vos
de de tornar
vista — a estamos ver. com grandes e mui vivas saudades
18 Pelo que, mais de uma vez tivemos tenção de vos
visitar, eu, Paulo ; Satanaz, porém, nos tem impedido.
19 Pois, que é a nossa esperança, a nossa alegria, a nossa co-
roa de glória diante do Senhor Jesus, quando vier ? não
20 serieis vós ? Sim, vós sois a nossa glória e alegria nossa.
g Pelosolvemosque, não podendo
ficar sozinho suportar
em Atenas por mais a tempo,
e enviámos re-
Timóteo,

16 — ira de Deus. 19 — Jesus Cristo


1 Tessaloncenses 3, 2 — 4, 8 395

nosso irmão e servo de Deus na prégação do evangelho, com 2


o fim de vos fortalecer e animar na fé, para que ninguém
desfalecesse nas presentes tribulações. Sabeis que é este o 3
nosso destino. Quando da nossa permanência convosco já vos 4
predizíamos que teríamos de passar tribulações. Foi o que
aconteceu, como estais cientes. Por isso, não podendo su- 5
portar por mais tempo, mandei-o a vós para colher infor-
mações a respeito da vossa fé, se o tentador não vos arma-
va ciladas e frustrava o nosso trabalho.
Notícias alviçareiras. Agora, porém, regressou daí «
para junto de nós Timóteo, trazendo-nos alviçareiras notícias
da vossa fé e caridade, e asseverando que nos guardais sempre
afetuosa lembrança e que tendes saudades de tornar a ver-
nos, assimque,como
irmãos: nós asdatemos
no meio nossa detristeza
vós. E'e angustia,
essa vossanosfé, enche
meus 7
de consolação. Agora sim, criámos alma nova, uma vez que 8
estais firmes no Senhor. Como poderíamos agradecer bas- 9
tante a Deus por vós pela satisfação que nos déstes diante
de nosso Deus ? Noite e dia oramos com instância para que 10
tornemos a ver-vos, afim de completarmos o que, por ventura,
falte ainda á vossa fé.
Deus, nosso Pai, e nosso Senhor Jesus dirija os nossos n
passos para junto de vós ! A vós, porém, vos faça o Senhor 12
crescer e enriquecer na caridade mútua e para com todos os
homens, a exemplo do amor que nós vos temos. Queira ele 13
confirmar os vossos corações para que sejais irrepreensíveis
e santos aos olhos de Deus, nosso Pai, quando Nosso Senhor
Jesus vier com todos os seus santos.
Admoestações e ensinamentos aos fiéis
Vida santa. Quanto ao mais, irmãos, rogamo-vos 4
e exortamo-vos no Senhor Jesus que, tendo ouvido de nós
como deveis viver para agradar a Deus, assim também vi-
vais de fato, afim de progredirdes cada vez mais. Pois, co- 2
nheceis os preceitos que da parte do Senhor Jesus vos te- 3
mos dado. Porquanto, é esta a vontade do Senhor : a vos-
sa santificação ; que vos abstenhais da luxúria ; que cada 4
qual saiba possuir santa e honestamente sua esposa, e não 5
com apaixonada concupiscência, como os pagãos que não
conhecem a Deus.
Ninguém engane, nem defraude a seu irmão nos ne- 6
gócios ; porque o Senhor castiga tudo isto, como já outrora
vos temos dito e inculcado. Pois, Deus não nos chamou para 7
a impureza, mas, sim, para a santidade. Quem despreza estas 8
coisas não despreza um homem, mas a Deus, que vos infun-
diu o seu Santo Espírito.

1 1 — Jesús Cristo 13 — santos. Amen.


13 — Jesús Cristo 7 — nos.
396 1 Tessalonicenses 4, 9 — 5, 14

9 Caridade. Sobre a caridade fraterna excusamos


escrever-vos ; pois que aprendestes de Deus a amar-vos
10 mutuamente. E é o que fazeis para com todos os irmãos em
toda a Macedónia. Entretanto, vos recomendamos, irmãos,
11 que nisto vos afervoreis cada vez mais. Timbrai em levar
vida tranquila, ocupar-vos com vossas próprias coisas e tra-
12 balhar com vossas mãos, conforme as nossas diretivas ; en-
tão, sim, andareis com honra aos olhos dos de fora, e não tereis
necessidade de quem quer que seja.
13 A sorte dos finados. Meus irmãos, não queremos
deixar-vos na ignorância a respeito dos que faleceram, para
que não vos entristeçais, como os outros que não teem espe-
1* rança. Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, aduzirá
Deus os defuntos por meio de Jesus e em companhia dele.
15 Pois, isto vos declaramos, como palavra do Senhor : que
nós, os "sobreviventes", não tomaremos a dianteira, na vinda
16 do Senhor, aos que morreram. Pois quando soar o brado,
a voz do arcanjo e a trombeta de Deus, descerá do céu o
Senhor. E então ressuscitarão primeiro os que morreram em
17 Cristo ; emdeles
companhia seguida nós, os pelos
arrebatados "sobreviventes",
ares, sobre as seremos
nuvens, em
ao
encontro do Senhor ; e assim estaremos para sempre com o
18 Senhor. Consolai-vos, uns aos outros com estas palavras.
5 Vigilância. No tocante ao tempo e ao prazo, é ex-
2 cusado escrever-vos, meus irmãos, porque sabeis perfeita-
mente que o dia do Senhor virá como ladrão de noite. Quan-
3 do os homens disserem : Paz e segurança ! então lhes sobre-
virá repentina destruição, como as dores sobre a mulher
4 grávida ; e não lhe escaparão. Vós, porém, meus irmãos,
não andais em trevas, que esse dia não vos surpreenda como
5 um ladrão ; pois que todos sois filhos da luz, filhos do dia.
6 Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durma-
7 mos, a exemplo dos outros ; mas vigiemos e sejamos sóbrios.
Quem dorme, dorme de noite ; quem se embriaga, embria-
8 ga-se de noite ; nós, pelo contrário, que somos do dia, se-
jamos sóbrios, armados da couraça da fé e da caridade,
3 e do capacete da esperança da salvação ; porquanto, não nos
destinou Deus para a ira, mas, sim, para alcançarmos a sal-
10 vação por Nosso Senhor Jesus Cristo, que morreu por nós,
afim de que nós — quer vigiando, quer dormindo — vivamos
11 em união com ele. Consolai-vos, pois, e edificai-vos mutua-
mente, como já fazeis.
12 Advertências finais. Rogamo-vos, irmãos, que vos
mostreis reconhecidos para com os que se afadigam por vós
iS e vos são superiores e guias no Senhor. Tende para com eles
especial amor e estima por causa da sua missão. Vivei em
paz uns com os outros.
14 Outrossim, vos rogamos, irmãos, que chameis á
ordem os desordeiros, consoleis os pusilânimes, acolhais os
1 Tessalonicenses 5, 15 — 28 397

fracos e tenhais paciência com tôdos. Vêde que ninguém 15


pague mal por mal ; procurai fazer sempre bem uns aos
outros e a toda a gente. Andai sempre alegres. Orai sem 16
cessar. Dai graça por tudo ; pois esta é a vontade de Deus, 17
em Cristo J esús . 18
Não extingais o espírito, nem tenhais em pouca 1*J
conta as profecias. Examinai tudo, e ficai com o que é bom. 20
Guardai-vos de toda a espécie do mal. 21
O Deus da paz vos conceda santidade perfeita. Que 22
vosso espírito, vossa alma e vosso corpo se conservem de todo 23
irrepreensiveis na vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quem vos chamou é fiel, e o levará a efeito. 24

Conclusão. Orai por nós, irmãos. Saudai a todos


os irmãos no ósculo santo.
Conjuro- vos pelo Senhor que leiais esta carta a tôdos
os irmãos.
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco.

NOTAS EXPLICATIVAS

Nós, os "sobreviventes" — são palavras dos tessa- 4


lonicenses, citadas pelo apóstolo sem decidir se correspondem 15—17
á verdade ou não. Não afirma São Paulo que ele e seus con-
temporâneos de fato viverão até ao segundo advento de
Cristo, mas indica tão somente a possibilidade teórica do
caso ; e nisto não merece reparo algum, porque, sendo o tem-
po do fim do mundo segredo privativo de Deus, como afirma
Jesus, existe para os homens de qualquer período histórico
a possibilidade de virem a ser contemporâneos dêste magno
acontecimento. Nada avança o apóstolo sobre a proximidade
ou a distância do advento de Cristo.

Quando os homens estiverem descuidosamente entre- 5


gues aos prazeres da vida, aparecerá o dia do Senhor, co- 3
lhendo de suspresa os incrédulos.
Não se devem desprezar sem mais nem menos os 19

27 — santos irmãos. 28 — convosco. Amen.


398 NOTAS — 1 Tessalonicenses

dons do Espírito Santo ; mas convém que cada qual faça


uso dos carismas para proveito espiritual da igreja.

que osE'tessalonicenses
o são critério que a tudo adeve
aprendam presidiros; carismas
discernir convém
verdadeiros de certas ilusões subjetivas ou fraudes diabólicas.
Não rejeitar tudo, nem aceitar tudo sem exame prévio !
SEGUNDA EPISTOLA AOS TESSALONICENSES

Introdução

1 . A primeira carta de São Paulo aos tessalonicenses.


ao que parece, não surtiu o efeito desejado. Sob a pressão
da perseguição, subira a tal ponto a espectação do advento
de Cristo juiz, que os neófitos chegaram a aguardá-lo de um
dia para outro. Estribava-se esta ilusão, em parte numa
pretensa profecia, em parte numa suposta afirmação, oral
ou escrita, do apóstolo, causando terror e consternação em
uns (2 Ts. 2, 1. 2), ociosidade e descuido dos seus deveres
em outros (3, 6. 11). Foi o que moveu o apóstolo a escrever
nova carta, refutando o erro sobre o advento imediato de
Cristo, e censurando o procedimento desregrado de muitos
fiéis.
' 2. Em vista da correlação íntima que vigora entre
as duas cartas aos tessalonicenses, deve a segunda ter sido
escrita pouco depois da primeira, no tempo em que Silas e
Timóteo ainda estavam com o apóstolo em Corinto ; seria,
pois, pelo ano 5 1 .
A autenticidade está fora de dúvida, atentos os tes-
temunhos de Santo Ireneu, Clemente de Alexandria, Tertu-
liano, do fragmento muratoriano, e outros.
SEGUNDA EPISTOLA DE SÂO PAULO AOS
TESSALONICENSES

Paulo,

Silvano e Timóteo :

1 à igreja de Tessalônica. que está em Deus, nosso Pai. e no


2 Senhor Jesús Cristo. A graça e a paz vos sejam dadas
por Deus Pai e pelo Senhor Jesús Cristo.

s Introdução solene. Meus irmãos, por vossa causa


é que nos sentimos obrigados a dar incessantes graças a Deus
E com razão ; porque vai em continuo aumento a vossa fé.
e cada vez maior e a caridade que cada um de vós tem para
4 com os outros. E' por isso que nos ufanamos de vós nas
igrejas de Deus, porque em todas as perseguições e tribula-
ções que padeceis mostrais tamanha paciência e espirito
de fé.
5tornardes E' nisto
dignosquedo sereino
mostra o justopelojuizo
de Deus, qualdesofreis.
Deus : emJusto
vos
C é que Deus pague com tribulação aos que vos atribulam; e
7 que a vós, os atribulados, vos dê alívio juntamente conosco,
para quando o Senhor Jesus se manifestar, vindo do céu
com os seus exércitos angélicos, por entre chamas de fogo.
s Então retribuirá àqueles que não reconhecem a Deus e que
g não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesús. Serão
punidos com penas eternas, banidos da face do Senhor e da
10 sua grande glória, quando vier para ser glorificado por todos
os seus santos e admirado de todos os crentes. Pois, entre
vós encontrou fé o nosso testemunho.
11 Pelo que não cessamos de suplicar por vós para que
nosso Deus vos faça dignos da vossa vocação e dê vigoroso
impulso ao zêlo que tendes pelo bem e à obra da vossa fé.
12 Assim será glorificado em vós o nome de nosso Senhor Je-
sús e vós nele, pela graça do nosso Deus e do Senhor Jesús
Cristo.

8 — Jesus Cristo — Jesus Cristo.


I?.
2 Tessalonicenses 2, 1 — 3, 5 401

O segundo advento de Cristo


Preliminares da vinda. Quanto á vinda de nosso 2
Senhor Jesus Cristo e a nossa reunião com ele, rogamo-vos,
irmãos, que não percais tão depressa a serenidade de espírito, 2
e não vos deixeis aterrar, nem por algum espírito, nem por
uma pretensa palavra ou carta da nossa parte, como se o dia
do Senhor já estivesse próximo. Não vos deixeis iludir por 3
pessoa alguma nem de modo algum. Deve vir primeiro a
apostasia e aparecer o homem sem lei, o filho da perdição, 4
o adversário que se arvora acima de Deus e tudo que é
santo, a ponto de sentar-se no templo de Deus e querer passar
por Deus. Não vos lembrais de que vos dizia isto quando 5
estava convosco ? Sabeis o que é que ainda o impede de 6
aparecer a seu tempo. O mistério da iniquidade já está 7
trabalhando ; mas é necessário que seja eliminado aquele
que ainda lhe põe embargo. Então aparecerá aquele per- s
verso ; mas o Senhor Jesús o matará com o sopro de sua
boca e o destruirá com o esplendor da sua vinda.
Aparecerá aquele tal na virtude de Satanaz, com toda 9
a espécie de portentos, sinais e prodígios falazes, procurando
por todos os meios seduzir à iniquidade os que se perdem por io
não amarem e abraçarem a verdade que os salvaria. E por ]i
isso que Deus lhes manda o poder da sedução, para darem
fé à mentira, e serem entregues ao juizo todos os que não de- 12
ram crédito á verdade, mas antes se comprouveram na ini-
quidade.
Exortação. Nós, porém, irmãos queridos do Senhor, 13
devemos dar incessantes graças a Deus por vós ; porque
desde o principio vos escolheu Deus para a salvação, median-
te a santificação do Espírito e da fé na verdade. Por meio 14
do nosso evangelho vos chamou para tomardes parte na
glória de nosso Senhor Jesús Cristo.
Portanto, irmãos, ficai firmes ; permanecei fiéis 15
ás tradições que, oralmente ou por escrito, recebestes, de
nós. Nosso Senhor Jesús Cristo, e Deus, nosso Pai, que 16
nos amou e em sua graça nos deu perene consolação e boa
esperança, anime os vossos corações e os robusteça para 17
toda a boa obra e palavra.
Exortações diversas
Oração pelo apóstolo. Finalmente, irmãos, orai 3
por nós para que se espalhe rapidamente e seja glorificada a
palavra do Senhor, a exemplo do que aconteceu entre vós;
e para que sejamos livres de homens iniquos e perversos : 2
pois, nem todos abraçam a fé. O Senhor é fiel, e há de for- 3
talecer-vos e guardar-vos do maligno. Temos confiança 4
em vós no Senhor, que tanto agora como para o futuro vos
guieis pelas nossas diretivas. Que o Senhor dirija os vossos 5
corações para o amor de Deus e a paciência de Cristo.
402 2 Tessalonicenses 3, 6 — 18

6 Dever do trabalho. Ordenamo-vos, irmãos, em no-


me de nosso Senhor Jesus Cristo, que eviteis a companhia
de todo o irmão que leve vida desordeira e não se conforme
7 com a doutrina que de nós recebeu. Bem sabeis de que
8 modo deveis imitar-nos. Não levámos vida desordeira
em vosso meio, nem comemos de graça o pão de ninguém ;
antes trabalhámos noite e dia, entre labutas e fadigas, para
9 não sermos pesados a nenhum de vós. Não que não tivésse-
mos direito a isto ; mas para vos dar exemplo a imitar. Quan-
io do estávamos entre vós já vos demos êste preceito : Quem
n não quer trabalhar também não há de comer. Entretanto,
soubemos que alguns dentre vós levam vida á toa ; em vez
12 de trabalhar vivem ociosos. A esses tais ordenamos enca-
recidamente em o Senhor J esús Cristo que trabalhem sosse-
13 gadamente e tràtem de ganhar o seu pão. Vós, porém, ir-
14 mãos, não vos canseis de praticar o bem. Se alguém deso-
bedecer ao que mandamos por carta, notai-o, e não tenhais
relações com ele, para que fique envergonhado. Não o
considereis, todavia, como inimigo, mas procurai corrigi-lo
15 como irmão.
Conclusão. O Senhor da paz vos conceda a paz em
todo o tempo e lugar. O Senhor seja com todos vós.
Vai de próprio punho a minha saudação : Paulo.
E' estanha letra.
a minha assinatura em todas as cartas. Aí está a mi-
A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos
vós.

NOTAS EXPLICATIVAS
1 Procura o apóstolo consolar os fiéis com a perspectiva
5_7 da retribuição de Deus, que castigará a injustiça ora triun-
fante, erecompensará a virtude espezinhada.
2 Déra origem a esta ideia sobre o advento próximo
2 de Cristo juiz uma tal ou qual revelação superior, que alguns
faziam valer, ao passo que outros apelavam para palavras
que o apóstolo tivesse proferido de viva voz, ou deixado por
escrito.
3—5 Dois acontecimentos devem preceder o fim do mun-
do : a grande apostasia e o aparecimento do anti-Cristo.
6—7 Por maior que fosse já então a impiedade, não podia
contudo o anti-Cristo manifestar-se abertamente, por se
achar embargado por alguém. Não consta quem seja êsse
alguém, pois que se trata de eventos vindouros. Cf 2, 1 .

18 — vós. Amcn.
PRIMEIRA EPISTOLA A TIMÓTEO

Introdução

1 . As duas epístolas a Timóteo e a carta a Tito


ostentam intima afinidade de caráter e denominam-se geral-
menteepístolas
' pastorais", porque tratam dos deveres e
das obrigações
remotos do pastor
consideram-se estasd'almas. Desde
cartas, quer os temposquermais
no oriente, no
ocidente, como canónicas, isto é, pertencentes ao rol dos
livros sacros. Teem a seu favor o testemunho de Santo Ire-
neu, o fragmento muratoriano, Orígenes, a par das versões
mais antigas.
Segundo decisão da Comissão Bíblica de 12 de ju-
nho de 1913, é o apóstolo São Paulo o autor das epístolas
pastorais, remontando a sua origem ao periodo que medeia
entre o fim do primeiro cativeiro romano e a morte do após-
tolo, quer dizer, os anos de 63 a 67.
2. Timóteo converteu-se ao cristianismo em Listra
da Licaônia, por ocasião da primeira expedição evangélica
de São Paulo (At 16, 1-3); e na segunda associou-se-lhe como
colaborador. A partir dessa data encontramos a Timóteo
companheiro quase inseparável do grande evangelizador
dos povos, o qual, desprezando a pouca idade do discipulo,
lhe confiava missões nada fáceis (1 Ts 3, 1-8 ; 1 Cr 4, 17 ;
16, 10; Fp 2, 19-23 ; Hb 13, 23). Livre do primeiro cati-
veiro, empreendeu Paulo novas excursões em companhia de
Timóteo, acabando por lhe confiar a direção da igreja de
E feso (1 Tm 1,3). No seu último cativeiro desejava o após-
tolo têr a seu lado o dedicado amigo, razão por que o chamou
a Roma. Após a morte do mestre, voltou Timóteo para
Êfeso, reassumindo o seu múnus pastoral. Diz a tradição
que morreu mártir. A igreja lhe celebra a festa em 24 de
janeiro.
3. A epístola supõe na igreja efesina uma vida cristã
de bastante duração, tanto assim que existia uma completa
jerarquia eclesiástica, nem faltava bom número de heresias
(1 Tm 5, 17; 3, 6, 8). Segundo Atos dos Apóstolos 20,
29 s., não se conheciam aí doutrinas falsas até ao ano 58 ;
pelo que a epístola em questão deve têr nascido no lapso
de tempo compreendido entre o 1.° e o 2.° cativeiro romano
do apóstolo, mais ou menos no ano 65.
404

4. Os perigos que São Paulo agourava, por ocasião


da sua despedida de Mileto, se tinham tornado realidade :
herejes audazes cairam, quais lobos famintos, sobre o peque-
no rebanho de Cristo. Por mais que o apóstolo, na sua per-
manência em Êfeso, houvesse trabalhado por atalhar esses
males, não lhe sobrara tempo para extirpá-los de todo
Ficou Timóteo sozinho no campo de luta, soldado e arqui-
teto ao mesmo tempo. Nesta tão crítica situação acudiu o
experimentado mestre ao jovem discípulo, transmitindo-lhe
por escrito as suas instruções e diretivas.
PRIMEIRA EPISTOLA DE SÃO PAULO A TIMÓTEO

Paulo, 1
apóstolo de Cristo Jesus
por ordem de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus,
nossa esperança :
a Timóteo 2
seu filho genuíno na fé.
Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai, e de
Cristo Jesus, Senhor nosso.
Diretivas pastorais
Luta contra os herejes. Pedi-te, por ocasião da 3
minha partida para a Macedónia, que ficasses em Êfeso
afim de inculcar a certa gente que não ensinem doutrinas
erróneas, nem se ocupem com fábulas e intermináveis ques- 4
toes de genealogia, coisas que servem antes para contendas
do que para o aproveitamento na fé. O escopo da nossa 5
prégação deve ser este : que o amor nasça do coração puro,
da boa conciência e da fé sincera. Disto aberraram alguns, 6
entregando-se a palavreado vão, e arvorando-se em douto- 7
res da lei, quando nem entendem o que dizem e com tanta
afoiteza afirmam.
Sabemos que a lei é boa, contanto que se aplique 8
como convém, e se tenha presente que a lei não foi feita para 9
o justo, mas, sim, para os transgressores, os rebeldes, impios,
os pecadores, os irreverentes, os profanos, os assassinos de
pai e mãe, os homicidas, os fornicadores, os sodomitas, os 10
traficantes de homens, os mentirosos, os perjuros, e o que mais
haja contrário à sã doutrina. Assim diz o evangelho da 11
glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado.
Doutrina genuina. Dou graças a nosso Senhor 12
Jesus Cristo, que me deu forças, me considerou fiel e me es-
colheu para seu ministério, a mim, que outrora fui blasfema- 13
dor, perseguidor e perverso. Mas alcancei misericórdia 14
porque agi por ignorância, na incredulidade. Tanto mais
2 — que ndo 13 — misei icordia de Deus
406 1 Timóteo 1, 15 — 3, 2

13 abundante foi a graça de nosso Senhor, a par da fé e do amor


de Cristo Jesus. Verdadeira e merecedora da aceitação de
todos é esta doutrina: que Cristo Jesus veio ao mundo para
16 salvar os pecadores, entre os quais sou eu o primeiro. Mas
foi por isso mesmo que encontrei misericórdia, para que
Cristo J esús manifestasse de preferência em mim toda a sua
longanimidade, afim de que eu servisse de modelo a todos
17 os que pela fé nele alcançarem a vida eterna. A ele, o Rei
dos séculos, Deus imortal, invisível e único, seja honra e gló-
ria pelos séculos dos séculos. Amen.
is E*móteo, esta a doutrina
em atenção que tequerecomendo,
às profecias te dizem filho meu, hm
respeito, Ti-
19 virtude delas peleja o bom conbate, conserva a fé e a boa con-
ciência. Alguns desprezaram isto, e sofreram naufrágio na fé,
20 entre êles Himèneu e Alexandre. Entregueio-os a Satanaz,
para que percam o vêzo de blasfemar.
2 Intercessão universal. Antes de tudo, te exorto
a que se façam preces, intercessão e ações de graças por
2 todos os homens, pelos reis e por todas as autoridades, para
gozarmos vida sossegada e tranquila, em toda a piedade e
3 pureza. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador,
4 o qual quer que todos os homens se salvem e cheguem ao
õ conhecimento da verdade. Pois, não há senão um só Deus,
e um só medianeiro entre Deus e os homens : o homem
7g que
Cristoem Jesus,
boa hora que devia
se entregou como resgate
ser apregoado. Distoporé que
tôdos. E' o
fui cons-
tituído arauto e apóstolo — digo a verdade, e não minto —
para ensinar aos povos a fé e a verdade.
Aviso para homens e mulheres. Quero que os ho-
mens, onde quer que estejam, isentos de ira e descaridade,
tJ levantem mãos puras em oração. Da mesma forma, quero
que as mulheres andem com decência, ataviando-se com re-
cato emodéstia, e não com cabeleira frisada, adereços de ouro,
pérolas e vestidos de luxo ; mas antes ornadas de boas obras,
i° como convém a mulheres que fazem profissão de piedade.
11 A mulher procure ensinamentos em silêncio e submissão. Não
12 permito que a mulher ensine nem que dê ordens ao marido,
13 mas convém que se conserve em silêncio. Pois, o primeiro a
14 ser criado foi Adão ; depois, Eva. Mas não foi Adão que se
deixou iludir, senão a mulher que, enganada caiu em pecado.
15 Pode, todavia, salvar-se pelo cumprimento dos seus deveres
de mãe, contanto que persevere na fé, na caridade, e leve a
vida santa e recatada.
3 Ministérios eclesiásticos. Palavra verdadeira é
esta : Quem aspira ao múnus de pastor aspira a um múnus
2 sublime, importa que o pastor seja irrepreensível, marido
de uma só mulher, sóbrio, criterioso, de bons costumes,
2 — costumes, hcnesto.
407
1 Timóteo 3, 3 — 4, 10

hospitaleiro, versado no ensino ; que não seja amigo de be- 3


bidas, nem violento ; mas, sim, modesto, amigo da paz e 4
isento de cobiça ; que saiba governar bem a sua família e 5
traga os filhos em toda a obediência e castidade — pois, 6
quem não sabe governara sua própria casa, como adminis-
trará a igreja de Deus ? Não seja neófito, para que não se
ensoberbeça e venha a cair réu do juizo do demónio, importa 7
outrossim, que goze de boa reputação entre os de fora, afim
de não incorrer em difamação e no laço do demónio.
Da mesma forma, sejam também os diáconos honestos, 8
não homens de duas linguas, não dados a muito vinho, nem
ávidos de torpe ganância ; que guardem o mistério da fé 9
numa conciência pura. Também é necessário que sejam 10
primeiramente provados, e só depois exerçam o ministério,
se forem irrepreensíveis. Assim sejam também as mulheres n
honestas, não maldizentes ; mas sóbrias e de confiança em
tudo. Os diáconos maridos de uma só mulher, e governem 12
bem os filhos e a casa. Pois, os que desempenharem bem o 13
seu ministério alcançarão honrosa posição e grande confiança
na fé, que é em Cristo Jesus.
Coluna da verdade. Escrevo-te isto, embora tenha n
esperança de ver-te em breve. Se, todavia, tardar, sa- 15
berás como deves proceder na casa de Deus, que é a igreja
de Deus vivo, coluna e alicerce da verdade. Evidentemente, ie
é sublime o mistério da piedade, aquele que apareceu na
carne, autenticado pelo Espirito, manifestado aos anjos,
anunciado aos povos, acreditado no mundo, exaltado na
glória.
Espíritos embusteiros. Diz claramente o Espirito
que, em tempos posteriores, uns quantos hão de apostatar
da fé, dando ouvidos a espiritos embusteiros e doutrinas de
demónios. Aderirão a hipocrisia de mestres mentirosos, fer-
reteados pela própria conciência. Proibem o matrimónio e
o uso de certos manjares, que Deus criou para que os fiéis,
conhecedores da verdade, os tomem de coração agradecido
Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada há de reprovável,
contanto que se use com ação de graças; é santificado pela
palavra de Deus e pela oração.
Diretivas pessoais
Vida exemplar. Recomenda isto aos irmãos, e serás 6
um bom ministro de Cristo Jesus, nutrindo-se com as palavras
da fé e a sã doutrina^ que tomaste por norma. Não dês 7
atenção a fábulas ineptas de velhas. Exercita-te na piedade. 8
Pois, os exercícios corporais pouco proveito trazem, ao passo
que a piedade é proveitosa para tudo, tem promessa da vida
para o presente e o futuro. Verdadeira e digna da aceitação 9
de todosporque
tamos, é esta temos
palavra.
postaE'a por isso esperança
nossa que trabalhamos
no Deuse vi-
lu- 10
vo, que é Salvador de tôdos os homens, maximé dos fiéis.
408 1 Timóteo 4, 11 .f~ 5, 10

n
12 E' isto que tedeves
Ninguém pregarpore inculcar.
despreze seres jovem. Sê modêlo
para os fiéis, no modo de falar e de viver, na caridade, na fé,
13 na castidade. Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à
U exortação, ao ensino. Não deixes ficar infecundo em ti o dom
da graça, que recebeste em virtude de palavras inspiradas e
is por ocasião da imposição das mãos de presbiteros. Dedica- te
a isto, põe nisto o teu cuidado, para que o teu aproveitamento
16 se torne manifesto a todos. Presta atenção a ti mesmo e à
doutrina : conserva-te firme nela. Se isto fizeres, salvar-
te-ás a ti mesmo e aos que te ouvirem.
5 Atitude para com diversas classes. Não trates
com aspereza a um velho ; mas fala-lhe como a um pai. Aos
2 jovens trata-os como a irmãos ; as mulheres de idade como
a mães ; a jovens como a irmãs, com a maior honestidade
3 Atitude para com as viúvas. Ampara as viúvas
4 que vivem a sós. Se uma viúva tem filhos ou netos, apren- -
dam êles antes de tudo a cumprir os deveres de piedade para
com a própria familia e mostrem-se, dest arte, reconhecidos
5 aos progenitores. Isto é que é agradável a Deus. Uma
viúva que vive a sós põe a sua esperança em Deus e não
t; cessa de orar e suplicar dia e noite. Mas, se levar vida
7 dissoluta, está morta em plena vida. Inculca-lhes isto para
s que andem irrepreensíveis. Mas quem se descuida dos seus,
principalmente das pessoas de casa, renegou a fé, e é pior
que um incrédulo.
9 Não inscrevas no rol das viúvas senão a que tenha ao
menos sessenta anos, tenha casado só uma vez, e goze da
• j reputação de praticar o bem — quer seja educando bem os
Hinos, exercendo a hospitalidade, lavando os pés aos santos,
acudindo aos atribulados, ou de outro modo qualquer se
tenha dedicado à prática das boas obras,
íi Não admitas viúvas jovens; porque, quando nelas
despertar a sensualidade, contra a vontade de Cristo, quere-
12 rão casar, e incorrerão em sentença condenatória, faltando à
13 fidelidade anterior. Além disto, costumam andar ociosas de
casa em casa, e não somente ociosas, mas também faladeiras
14 e amigas de novidades, dizendo o que não convém. Quero,
pois, que as jovens tornem a casar, sejam mães, tomem conta
15 do lar e não dêem aos adversários motivo de difamação. Já
16 algumas se perverteram e seguem a Satanaz. Se uma mulher
fiel tiver viúvas em sua companhia, subministre-lhes o neces-
sário, e não onere a igreja, para que esta possa acudir às
viúvas que vivem a sós.
17 Atitude para com os presbiteros. Presbíteros que
desempenham corretamente o seu ministério merecem
trato duplamente honroso, mormente os que se afadigam nos
lb labores da palavra e da doutrina. Pois diz a escritura : "Não Dt 25,4
i'J amarres a boca ao boi que pisa o grão". E ainda : "O ope- Lw i<',7
rário bem merece o seu sustento". Não aceites acusação con-
1 Timóteo 5, 20 - 6, 15 409

tra um presbítero, a não ser com duas ou três testemunhas. 20


Aos que tiverem caído em falta, repreende-os em presença
de todos, para que também os outros tenham mêdo. Con- 21
juro-te por Deus, por Cristo Jesus e pelos anjos eleitos que
nisto procedas sem prevenção nem parcialidade. Não sejas 22
precipitado em impor as mãos a alguém, e não te tornes
cúmplice de pecados aiheios. Conserva- te casto.
Não continues a beber só agua, mas toma também um 23
pouco de vinho, por causa do teu estômago e dos teus fre-
quentes achaques.
Em alguns homens os pecados são manifestos, mesmu 24
antes do julgamento, ao passo que em outros só se descobrem
mais tarde. Da mesma forma, são manifestas também as 26
obras boas, e, quando assim não seja, não podem ficar ocultas.
Atitude para com os escravos. Todos os que se g
acham sob o jugo da escravidão considerem os seus senhores
dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a dputrina
não sofram desdouro. Os que teem senhores crentes, não 2
lhes mostrem menos estima porque são seus irmãos ; antes
os sirvam ainda melhor, por serem crentes e amados de Deus,
e dediquem-se à prática do bem. Isto é que ensina e inculca.
Cuidado com a cobiça. Quem ensina de outro mudo 3
e não se guia pelas palavras sãs de nosso Senhor Jesus Cristo
t sua doutrina, está obcecado ; não compreende coisa alguma 4
Labora de mania de questionar e sofisticar. Daí nascem as
invejas, contendas, blasfémias, suspeitas, contínuos confli-
tos entre homens de coração corruto e avêssos à verdade, que 5
consideram a piedade como uma fonte de lucro. A piedade 6
é, sim, uma fonte de lucro bem grande, quando unida à so-
briedade. Nada trouxemos ao mundo, e nada podemos 7
daqui levar. Se temos o que comer e com que nos vestir, g
estejamos contentes. Os que querem enriquecer caem em 9
tentação e no laço e em muitos desejos tolos e nocivos, que
precipitam os homens á ruina e á perdição ; porquanto a \q
cobiça do dinheiro é a raiz de todos os males. Não poucos,
pela cobiça de possuir, aberraram da fé e se emaranharam em
muitas aflições.
Timóteo como uiodêlo. Tu, porém, varão de Deus, n
foge disto. Aspira tanto mais á justiça, á piedade, á fé, á
caridade, á paciência, á mansidão. Peleja o bom combate da 12
fé, conquista a vida eterna. Para isto é que foste chamado
e disto fizeste tão bela profissão de fé diante de numerosas
testemunhas. Em face de Deus, que dá vida a todas as coisas, 13
e em face de Cristo Jesus, que diante de Pôncio Pilatos fez
tão bela profissão, eu te ordeno : Guarda sem mancha nem 14
falha o mandamento, até o advento de nosso Senhor J esús
Cristo, advento que, a seu tempo, mostrará o bem-aventurado 15
9 — laço do diabo
1 Timóteo 6, 16 -— 21

16 e único Soberano, o Rei dos reis e o Senhor dos senhores, ele,


o único imortal, que habita numa luz inacessivel, o que nunca
foi nem pode ser visto por homem algum — a ele seja honra
e poder pelos séculos. Amen.
17 Aos ricos deste mundo manda que não se ensoberbe-
çam nem ponham a sua esperança nas riquezas tão mal se-
guras, mas, sim, em Deus, que nos concede fruirmos tudo
18 em abundância ; que pratiquem o bem, se enriqueçam de
boas obras, dêem com liberalidade, repartam do seu, lançan-
19 do assim um fundamento sólido para o futuro. Assim alcan-
çarão avida verdadeira.

20 besteConclusão. O' Timóteo,


;foge do mundano guarda o bem
e vão palavreado e das que rece-
questões
21 sobre
que deleo que falsamente
fizeram chamam
profissão "conhecimento",
apostataram da fé. A alguns
graça
seja convosco.

NOTAS EXPLICATIVAS
1 A lei visa antes os pecadores do que os justos, porque
s_^n aqueles que necessitam de um freio para as suas paixões,
ao passo que êstes servem a Deus por amor.
18 Alude o apóstolo a um fato que nos é desconhecido ;
parece que havia homens esclarecidos que indigitavam a
pessoa de Timóteo como sendo varão mais idóneo para
governar a igreja de Êfeso. Cf At 13, 2.
20 Himeneu parece ser idêntico ao negador da ressur-
reição de que fala 2 Tm 2, 17. Alexandre talvez seja o
ferreiro que vem mencionado em 2 Tm 4, 14.
São excluidos da comunidade eclesiástica.

Não compete á mulher aparecer oficialmente em fun-


ções litúrgicas.
3
2 Nêsse tempo não existia celibato obrigatório.
11 Entende-se, provávelmente, as esposas dos diáconos,
ou então as mulheres piedosas que se dedicavam ao serviço
especial da igreja.
15—16 São as colunas e os alicerces que sustentam o edifício
todo — assim como a igreja sustenta o templo revelação di-
vina ;dondelibilidade
se conclue
doutrinária. c(ue compete á igreja o dom da infa-

4 Professavam aqueles herejes erros dualistas e dou-


3 trinas gnósticas, segundo as quais a matéria é má em si
17 — Deus vivo 21 — contigo. Amen.
NOTAS — 1 Timóteo 4, 14 — 6, 1 411

mesma, pelo que convém desfazer-se dela. Por esta mes-


ma razão proibiam também o matrimonio e exigiam a absten-
ção de certos manjares
Faz São Paulo recordar a graça da sagração episcopal 14
O apóstolo impunha as mãos ao sagrando, no que era imitado
pelos demais sacerdotes presentes. Cf. 2 Tm 1, 6. Acresciam
as vozes inspiradas, que davam a Timóteo como o pastor
divinamente predestinado. Cf. acima 1, 18.
Trata-se duma categoria de pessoas existentes na 5
igreja primitiva : as viúvas honoríficas, cujos nomes eram 9—12
lançados num registro especial. Era condição essencial
para êste título contarem certa idade, terem estado casadas
só uma vez e haverem levado vida edificante. Não se acei-
tavam viúvas mais jovens, porque facilmente procurariam
contrair segundas núpcias, violando, assim, o voto de absten
ção sexual e quebrando a fidelidade a Cristo.
Trata-se da ordenação dos diáconos e presbíteros <~
da sagração episcopal. Cf. acima, 4, 14.
O apóstolo impõe ao bispo de Éfeso a obrigação de
examinar rigorosamente os candidatos ao apostolado, a
ver se levavam vida virtuosa ou viciosa.
Não podia o cristianismo abolir, desde logo, a escra 6
vatura — tanto mais que perante o evangelho, os senhores 1
e os escravos eram servos de Cristo e gozavam da liberdade
dos filhos de Deus, a Caridade cristã, porém, acabou por
suplantar paulatinamente a escravatura.
Com este
mais tarde, "conhecimento"
se chamou designa o apóstolo
gnosis ou gnosticismo, espécie odeteo-
que,
sofia.
SEGUNDA EPISTOLA A TIMÓTEO

Introdução
Foi esta segunda carta a Timóteo exarada durante o
segundo cativeiro romano de São Paulo, no ano 66-67, quan-
do o infatigável lutador já via iminente o têrmo de sua car-
reira (4, 6-8). A's tribulações exteriores acrescia a dor pro-
seus amigos funda de se everdiscipulos
o apóstolo abandonado
de outrora de quase
; apenas ficara todos os'
com êle
São Lucas (4,9-, 1 1). Pelo que se lhe avivou o desejo de ter
a seu lado o querido discípulo Timóteo. Chamou-o, pois, à
capital do império.
A presente epístola é uma tocante carta de despedida,
repassada do mais vivo sentimento ; é um maravilhoso tes-
tamento, em que o mestre exorta o jovem discipulo ao cora-
joso desempenho de sua grande missão e lhe explica o melhor
modo de se portar em face dos inimigos da verdade.
SEGUNDA EPISTOLA DE SÃO PAULO A TIMÓTEO

Paulo,

pela vontade de Deus, apóstolo de Cristo Jesus, 1


para prégação da vida em Cristo Jesus,
a Timóteo, 2
filho caríssimo
Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, Pai, e de
Jesús Cristo, nosso Senhor.
Ação de graças. Dou graças a Deus — a quem 3
sirvo com a conciência pura, desde os meus ascendentes -
ao lembrar-me incessantemente de ti nas minhas orações,
dia e noite. A memória das tuas lágrimas me enche de sau- 4
dades
presentede ao
ver-te, paraa gozar
espirito tua fé desincera,
perfeitaquealegria. E' quetuatrago
já animava avó 5
Lóide, e tua mãe Eunice, e, estou certo, anima também a ti.
Fidelidade no serviço de Deus
Intrepidez apostólica. Pelo que te exorto a que 6
faças reviver o dom da graça de Deus, que em ti está pela
imposição das minhas mãos. Porquanto, não foi o espírito 7
de timidez que Deus nos deLi, mas, sim, o espirito da forta-
leza, do amor, da prudência. Não te envergonhes, pois, de s
dar testemunho de nosso Senhor, nem te envergonhes de mim,
prisioneiro por causa dêle. Suporta, na virtude de Deus, os
trabalhos pelo evangelho. Porque ele nos salvou e nos agra- 9
ciou com santa vocação, não em atenção ás nossas obras,
mas segundo o desígnio da sua graça, destinado a nós, em
Cristo Jesus, desde a eternidade, e manifestado agora pelo apa- 10
recimento de nosso Salvador Jesús Cristo. Aniquilou êle a
morte, e, mediante o evangelho, colocou em plena luz a vi-
da na imortalidade — e disto fui constituído arauto, após-
tolo edoutor. 11
envergonho, E' porporque
isso que
sei eu sofro presto
a quem estas coisas ; mas certo
fé, e estou não me
de 12
que êle tem o poder de guardar até àquele dia o bem que lhe
confiei. Toma por modêlo os ensinamentos salutares que de 13
1 1 — doutor dos gentios.
414 2 Timóteo 1. 14 — 2, 19

mim recebeste, na fé e no amor que temos em Cristo Jesus


14 Guarda o tesouro que recebeste pela virtude do Espírito San
to, que habita em nós.
15 Bem sabes que todos os da Asia se retiraram de mim.
lf' entre êles Figelo conceder-lhe
queira o Senhor e Hermógenes.misericórdia
A* casa de ;Onesíforo,
frequentesporém,
vezes
me tem dado alívio, sem se envergonhar das minhas cadeias
17 Quando êle veio a Roma, pôs grande cuidado em procurar-me,
13 até que me encontrou. ■— Conceda-lhe o Senhor a graça de
encontrar misericórdia ante o Senhor naquele dia. — Sabes
melhor que ninguém que grandes serviços prestou êle em
. F/feso.

2 O apostolado e sua recompensa. Sê, pois forte.


2 meu filho, em virtude da graça de Cristo Jesus. O que de
mim ouviste, em presença de numerosas testemunhas, isto
transmite a homens de confiança e capazes de ensinar a ou-
3 tros. Suporta os sofrimentos como bom soldado de Cristo
4 Jesus. Ninguém que vai á guerra se implica em negócios
5 mundanos, para não desagradar a seu general. O lutador
na arena não é coroado sem que tenha lutado legitimamente.
e O lavrador que se afadiga é o primeiro a ter direito aos fru
7 tos. Compreende bem o que digo. O Senhor te fará compre-
s ender tudo isto. Lembra-te de que Jesus Cristo, descen-
dente de Davi, ressurgiu dentre os mortos, conforme anunciei
9 Por isso é que eu sofro e estou algemado como um criminoso ;
10 mas a palavra de Deus não está algemada. Suporto tudo por
amor aos eleitos, para que também êles alcancem a sal-
11 vação em Cristo Jesus e a glória eterna. Verdadeira é a pa-
12 lavra : se com êle morrermos, com êle também viveremos ;
se com êle perseverarmos, com êle também reinaremos ; se,
J3 porém, o negarmos, também êle nos negará. Se formos in-
fiéis, êle continua fiel ; não pode desmentir a si mesmo.
Atitude para com os herejes
14 Os herejes do presente. Isto faze lembrar e con-
jura-os em face de Deus, que não se entreguem a conten-
das, porque de nada servem senão para a perdição dos ou-
là vintes. Põe todo o empenho em provar-te aos olhos de Deus
trabalhador destemido, administrador correto da palavra da
16 verdade. Foge de palavreado profano e vazio. Faz au-
n mentar cada vez mais a impiedade. As suas palavras alas-
18 tram como o câncer. Assim foi com Himeneu e Fileto, que
aberraram da verdade, afirmando que já se realizou a ressur-
19 reição. Fazem a muitos perder a fé. Entretanto, está firme
o baluarte de Deus, ostentando os dizeres : "O Senhor co-
nhece os seus", e ; "Renuncie á impiedade quem invoca o
nome do Senhor".
18 — me prestou 8 — o Senhor Jesús 10 — celeste.
2 Timóteo 2, 20 = 3, 17 415

Numa casa grande não há somente vasos de ouro e 20


de prata, mas também de madeira e de barro : alguns ser-
vem para fins honrosos, outros para serviço ordinário Ora, 21
quem não tiver relações com essa gente é um vaso honroso
e santo, útil ao Senhor, apto para toda a boa obra.
Foge das paixões da mocidade. Aspira à justiça. 22
k jé, á caridade, e a paz com os que de coração puro invocam
o Senhor. Evita questões tolas e disparatadas, na certeza 23
de que somente geram contendas. Não convém que o servo 24
do Senhor se dê a contendas, mas que seja afável para com
todos, versado no ensino, e paciente. Repreende com bons 25
modos os adversários; talvez que Deus os leve á conversão
de maneira que cheguem ao conhecimento da verdade e 2(5
á conversão escapando dos laços do demónio, que os traz
presos à mercê da sua vontade.
Os herejes do futuro. Sabe que nos últimos dias 3
virão tempos perigosos. Haverá homens egoistas, ami- 2
gos do dinheiro, jactanciosos, soberbos, blasfemos, desobe-
dientes aos pais, ingratos, impios, sem afeição, sem fidelidade, 3
caluniadores, dissolutos, deshumanos, vis ; traidores, pro- 4
tervos, enfatuados, mais amantes dos prazeres do que de
Deus ; ostentando aparência de piedade, sem lhe possuirem 5
a virtude. Foge dêsses tais. Dêles fazem parte os que pe- 6
netram nas casas e aliciam mulheres fracas, mulheres carre-
gadas de pecados e que se deixam levar por toda a espécie
de apetites ; que estão sempre querendo aprender sem nunca 7
chegar ao conhecimento da verdade. Do mesmo modo que 3
Janes e Mambres resistiram a Moisés, assim resistem também
eles á verdade — homens de espirito corruto e mal seguros
na fé. Mas não irão longe, porque a sua insensatez se há de 9
tornar
les. manifesta a todos, a exemplo do que se deu com aque-

Perseverança no apostolado. Tu, porém, tomaste 10


por norma a minha doutrina, o meu modo de vida, o meu
ideal, a minha fé, a minha longanimidade, a minha caridade. 11
a minha paciência, as minhas perseguições e os meus sofri-
mentos, que passei em Antioquia, Icônio e Listra. Que
grandes perseguições tive de suportar ! Pois todos os que 12
querem levar vida piedosa em Cristo hão de sofrer persegui- 13
ção. Homens perversos e impostores vão indo de mal a pior,
enganados e enganadores. Tu, porém, fica com o que apren- 14
deste e de que estás convencido ; pois sabes quem foi o teu
mestre. Desde pequeno conheces as sagradas escrituras ; 15
delas poderás haurir conhecimento sobre a salvação pela fé
em Cristo Jesús. Porquanto, toda a escritura divinamente ]Ç>
inspirada é útil para ensinar, para arguir, para corrigir e
para educar armado
a perfeição, na justiça,
para Dest'arte
toda a boaatinge
obra. o homem de Deus 17

24 — adversários da verdade
416 2 Timóteo 4, 1 -- 22

4 Conjurote em face de Deus e de Cristo Jesus, que


há de julgar os vivos e os mortos, por seu advento e por seu
2 reino : anuncia a palavra, insiste nela, quer seja oportuno,
quer inoportuno, argúe, repreende, admoesta, com toda a
3 paciência e com todo o jeito. Porque virá tempo em que
acharão insuportável a sã doutrina, e, pelo prurido de ouvir,
acrescentarão mestres sobre mestres, a seu capricho e talante.
Fecharão os ouvidos á verdade e se deleitarão com fábulas-
4 Tu, porém, sê prudente em tudo, suporta os trabalhos, prega
5 o evangelho, desempenha com perfeição o teu ministério.
6 Quanto a mim, já estou para ser imolado. Apro-
7 xima-se o tempo do meu passamento. Pelejei o bom com-
g bate. Terminei a carreira. Guardei a fé. No mais, está-
me reservada a coroa da justiça, que me dará naquele dia o
Senhor, justo juiz ; e não somente a mim, mas a tôdos os
que anseiam por seu advento.
9 Conclusão. Apressa-te a visitar-me quanto antes.
10 Demas abandonou-me por amor a êste mundo, e foi para
Tessalônica ; Crescente para a Galácia ; Tito para a Dal-
11 mácia. Apenas Lucas está comigo. Leva contigo a Marcos
e conduze-o aqui, porque preciso dos seus serviços. Tíquico,
12
13 que deixei paraE'feso.
mandei-o em Tróade, emQuando
casa devieres,
Carpotraze contigo osa livros,
; também capa,
34 sobretudo os pergaminhos. Alexandre, o ferreiro, me fez
muito mal ; o Senhor lhe retribuirá segundo as suas obras.
15 Toma também tu cuidado com êle, porque fez violenta opo~
16 sição ás nossas palavras. Na minha primeira defesa não
houve ninguém que me valesse ; tôdos me abandonaram
17 — perdoados sejam ! — o Senhor, porém, me assistiu e me
deu forças para que por meu intermédio fosse anunciada a
boa nova e chegasse aos ouvidos de tôdos os povos. Assim
18 escapei às fauces do leão. O Senhor me há de livrar de todas
as tramas perversas e me levará, são e salvo, para o seu reino
celeste. A êle seja glória pelos séculos dos séculos. Amen.
19 Saudações a Prisca e Áquila, também á familia de
20 Onesíforo. Erasto ficou em Corinto ; a Trófimo deixei-o
21 doente em Mileto. Apressa-te a vir antes do inverno.
Saudações de Eubulo, Pudente, Lino, Cláudia, e de
tôdos os irmãos.
22 O Senhor Jesus seja com o teu espírito. A graça
se ja convosco .
NOTAS EXPLICATIVAS
1 Embora perseguidor da igreja, a princípio, não o fora
3 Paulo por malícia, senão por ignorância (1 Tm 1, 13).
2 Temos aqui um argumento a favor da tradição oral,
2 ou a doutrina de Cristo transmitida de viva voz.
5 — ministério, sê sóbrio. 22 — Jesús Cristo,
22 — convosco. Amçn.
NOTAS — 2 Timóteo 2, 3 — 3, 14 417

No intuito de animar a seu querido discípulo, põe- 3 -8


lhe o apóstolo diante dos olhos o exemplo do soldado, do
lutador da arena e do lavrador, bem como a vida do pró-
prio Cristo, que, através de grandes tribulações, chegou á
gloria mais excelsa.
E' primitiva.
na igreja de supor que se trate de um cântico sacro usado n 13
Identificavam esses herejes a ressurreição dos corpos 18
com a regeneração espiritual pelo batismo.
Os vasos destinados a fins ignóbeis são os herejes 20
que existem na casa de Deus, a igreja.

Segundo a tradição hebraica, eram Janes e Mambres 3


aqueles dois feiticeiros
vam a resistência que com
de Faraó as suas divina.
á verdade artes mágicas apoia- g
Alcançarão a coroa da eterna glória todos os que, me- 4
diante uma vida cristã, se prepararem para o segundo advento 8
de Cristo.
Identifica-se este Alexandre com o que vem meneio- 14
nado em 1 Tm 1, 20 ; a exclusão da igreja o fizera inimigo
mortal do apóstolo, contra o qual movia intrigas de toda a
sorte.
EPISTOLA A TITO

Introdução
1. Tito, filho de pais gentios, acompanhou a Pau
lo e Barnabé na viagem ao concílio apostólico de Jerusalém
(Gl 2, 1-3). Depois de incumbido pelo apóstolo de diversas
e importantes missões (2 Cr, 18; 8, 6. 16), foi nomeado pastor
espiritual de Creta (Tt 1,5). Dirigiu-se mais tarde á Dalmá-
cia, por ordem de São Paulo (2 Tm 4, 10), e, regressando para
Creta depois da morte do mesmo, veio a falecer piedosamente
nesta mesma ilha. A igreja lhe celebra a festa no dia 6 de
fevereiro.
2. A viagem de São Paulo a Creta (Tt 1, 5) não cabe
nas vicissitudes da sua vida antes do cativeiro romano ;
só mais tarde encontramos vaga para intercalar esta digres-
são. Pelo que parece provável têr-se verificado a visita a
Creta, bem como a composição da nossa epístola, entre o
primeiro e o segundo cativeiro romano do apóstolo, talvez
no ano 65.
3. Bem árdua era a tarefa de Tito em Creta, dado o
caráter mentiroso e imoral dos seus habitantes, devido não
menos á larga difusão de diversas heresias (Tt 1. 10. 11. 14;
3, 9-11). Em vista disso, achou o apóstolo conveniente
animar o seu discípulo por meio duma carta, na qual torna a
lembrar-lhe os principios que devia seguir no desempenho
do seu múnus, princípios, que já anteriormente lhe inculcara
de viva voz.
EPÍSTOLA DE SÂO PAULO A TITO

Paulo,

servo de Deus, apóstolo de Jesus Cristo, encarregado de 1


levar a fé aos eleitos de Deus, o conhecimento da verdade,
que gera a piedade, e a esperança da vida eterna, que prome- 2
teu desde toda a eternidade o Deus infalivel ; e em tempo 3
oportuno manifestou a sua palavra mediante a prégação,
que me foi confiada por ordem de Deus, nosso Salvador
A Tito, seu filho genuíno pela fé comum. A graça e a 4
paz de Deus Pai, e de nosso Salvador Jesus Cristo.
Solicitude pela igreja de Creta
Nomeação de pastores. Deixei-te em Creta, para 5
regulares o que ainda está por fazer, e instituíres presbíteros
em cada cidade como te ordenei. Importa que o presbítero 6
seja irrepreensível, marido de uma só mulher, que tenha fi-
lhos fiéis que não sejam acoimados de dissolutos, nem de
insubordinados. Porquanto é mister que o pastor, na quali- 7
dade de dispenseiro de Deus, seja irrepreensível ; que não
seja arrogante, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem vio-
lento, nem ávido de sórdido lucro : mas, sim, hospitaleiro, 8
amigo do bem, comedido, justo, piedoso, continente; que se 9
atenha á palavra fidedigna, conforme foi ensinada, para que
esteja em condições de ministrar a sã doutrina e refutar os
contraditores.

nados, Luta
faladores contravãosos eherejes.*
sedutores, Pois há muitos insubordi-
principalmente entre os 10
da
transtornam famílias inteiras, propalando doutrinas porque
circuncisão. E' preciso fazer calar esses tais, incon- 11
venientes por causa de sórdida ganância. Disse um dos seus 12
próprios profetas . "Os cretenses são sempre mentirosos,
bestas ruins, ventres preguiçosos". E' exato êste testemunho. 13
Repreende-os, pois, com rigor, que sejam sãos na fé e não 14
dêem ouvidos a fábulas judaicas e preceitos de gente avessa
á verdade. Para os puros, tudo é puro ; mas para o im- 15
puro e descrente nada é puro ; estão com a mente e
a conciência manchadas ; afirmam que conhecem a Deus, 16
4 — querido
420 Tito 2, 1 — 3, 5

ao passo que o negam pelas obras ; abomináveis êsses ha


mens, rebeldes, são inaptos para qualquer obra boa
Conselhos pastorais
2 Solicitude pelas diversas classes. Tu, porém,
prega o que esteja em harmonia com a sã doutrina : que os
2 homens de idade sejam sóbrios, honestos, comedidos, sãos na
3 fé, na caridade e na paciência. Da mesma forma se portem
as mulheres idosas com dignidade, não sejam caluniadoras,
4 nem entregues á embriaguez ; porém, modelos do bem,
5 e que ensinem ás jovens a amarem seus maridos e quere-
rem bem a seus filhos, a serem prudentes, castas, amigas do
lar, benignas, submissas a seus maridos, para que não se
diga mal da palavra de Deus.
Também aos jovens exorta-os a que vivam morige-
7 rados. Dá-lhes tu mesmo em tudo exemplo de vida modelar ,
nas obras boas. Mostra na doutrina pureza e dignidade.
8 Seja a tua palavra sã e irrefutável, de maneira que o adver-
sário se confunda, e não tenha mal nenhum a dizer de nós.
9 Sejam os escravos em tudo submissos a seus senhores,
procurando contentá-los, sem os contradizer ; não cometam
io fraude alguma, tratando antes de primar pela fidelidade em
todas as coisas, afim de que em tudo façam honra á doutrina
de Deus, nosso Salvador.
n A graça da Redenção. Porquanto apareceu para
12 todos os homens a graça de Deus, portadora da salvação,
ensinando-nos a renunciar á impiedade e aos desejos munda-
nos, e a levar neste mundo uma vida sóbria, justa e piedosa.
18 Aguardamos assim, em ditosa esperança, o glorioso apareci-
mento do grande Deus e Salvador nosso, J esús Cristo, que se
14 entregou por nós para nos resgatar de toda a iniquidade,
e purificar para si um povo de eleição e zeloso na prática
do bem.
15 Deste modo fala, exorta e repreende, com toda a au-
toridade. Eque ninguém te despreze.
3 Vida social. Insiste com êles para que se sujeitem
ao poder das autoridades, que lhes obedeçam e se mostrem
2 prontos para qualquer obra boa ; que não injuriem a nin-
guém, nem sejam briguentos ; porém modestos e cheios de
3 mansidão para com todos os homens. Tempo houve em que
também nós éramos insensatos, rebeldes, escravos do erro
e de toda a espécie de vicios e paixões, levando uma vida de
malícia e de inveja — odiados e cheios de ódio uns aos outros.
4 Apareceu então a benignidade e o amor humanitário de nosso
divino Salvador e nos trouxe a salvação, não em virtude de
õ obras justas que houvéssemos feito, mas segundo a sua mise-
ricórdia: pelo banho da regeneração e pela renovação no
5 — castas sóbrias
Tito 3, 6 16

Espirito Santo, que derramou abundante sobre nós, por 6


Jesús Cristo, Salvador nosso, afim de que, justificados pela 7
sua graça, sejamos herdeiros da vida eterna, que aguardamos.
lavra, eCuidado
eu quero com
que a osinculques
herejes.com E'firmeza
verdadeira estacrêem
: os que pa- s
em
que Deus
é bomdedicam-se
e útil aos fervorosamente
homens. Não àdêsprática
ouvidodo abem. E' o
parvoices, 9
questões de genealogia, discussões e contendas sobre a lei ;
porque são inúteis e vãs.
Depois de admoestar uma ou duas vezes a um hereje, 10
evita-o, na certeza de que esse tal é um perverso, que pelo 11
seu pecado se condena a si próprio.
Conclusão. Logo que eu te enviar Ártemas e Tí- 12
quico, apressa-te a vir ter comigo a Nicópolis, onde tenciono
passar o inverno. Provê devidamente para a viagem a Zenas, 13
o jurisconsulto, e a Apolo, para que nada lhes falte. Convém
que a nossa gente aprenda a prestar beneficios por entre 14
penúria e necessidade. Senão,, ficam estéreis.
Saudações de todos os que estão comigo. Saúda os 15
que nos querem bem na fé.
A graça seja com todos vós.
NOTAS EXPLICATIVAS
Presbítero e bispo sao sinónimos em linguagem bíblica, 1
embora, na realidade, existisse diferença e subordinação 5—7
jerárquica. Cf. Fp 1, 1.
São palavras do poeta cretense Epimênides (sec 6° 12
a Cr.), ao qual os seus patrícios chamavam "profeta".
pureza E*ou dapureza
disposição
moral interior
dos seus doatoshomem que deriva a im-
exteriores. is
Na pessoa de Jesús Cristo apareceu a graça de Deus, 2
que a todos quer salvar. 11
O princípio da salvação é o batismo, pelo qual o homem o
é renovado interiormente. *~
Como em 1 Tm. 1, 4, trata-se também aqui de prosá- ^
pias e árvores genealógicas construídas pelos judeus com fins
actanciosos e nem sempre com fundamento histórico.
Artemas
cooperador de Sãoe Zenas
Paulo.nosCf.são
At desconhecidos. Tíquico é
20, 4 ; 2 Tm 4, 12. 12— lã
Ápia era a esposa de Filemon. Arquipo, talvez filho 2
de Filêmon, ocupava cargo eclesiástico. Cf. Cl 4, 17.
O apóstolo remete a Filêmon o escravo fugitivo Oné- 12— 16
simo, reconhecendo com isto, consoante o espírito da época,
os direitos legais do Senhor sobre o servo ; ao mesmo tempo,
porém, apela para os sentimentos cristãos de Filêmon para
com seu irmão na fé.
Filêmon é devedor de São Paulo, porque êste o con- 19
vertera á fé cristã, que é um bem incomparávelmente maior
que os bens materiais que o apóstolo lhe deve
15 — A graça de Deus seja com tôdos vós. Amen.
EPISTOLA A FILEMON

Introdução

Durante o seu primeiro cativeiro romano ganhara


São Paulo para a religião cristã um escravo, por nome Oné-
simo (v. 1. 9). Fugira esse homem a seu senhor, chamado
Filemon, cristão residente em Colosses, na Frigia, e fora ter
com São Paulo, a Roma. Ainda que Onésimo pudera prestar
ótimos serviços á causa do evangelho, na capital dos Césares,
não quis, contudo, o apóstolo retê-lo consigo, mas, respeitan-
do as leis então vigentes, preferiu remetê-lo a seu amo. Nesta
ocasião entregou-lhe a presente carta de recomendação,
afim
bilêmon. de preparar-lhe bom acolhimento e trato em casa de
A autenticidade da epístola, que, em vista de sua exi-
guidade, não encontrou citação frequente, vem abonada
pela antiga versão latina, pelo fragmento muratoriano, por
Fertuliano, Origenes, e outros.
EPISTOLA DE SÂO PAULO A FILEMON

Paulo,

prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo : ao querido 1


Filemon, nosso cooperador, á irmã Apia, ao nosso compa- 2
nheiro de lutas, Arquipo, e á igreja em tua casa.
A graça e a paz vos sejam dadas por Deus, riusso 3
Pai, e pelo Senhor Jesus Cristo.
Ação de graças. Dou graças a Deus todas as vezes 4
que nas minhas orações, me lembro de ti ; porque soube da -o
caridade e da fé que manifestas para com o Senhor Jesus e
todos os santos. Que a atividade da tua fé te faça conhecer 6
eficazmente todo o bem que devemos a Cristo. Muita ale- 7
gria e consolação me deu a tua caridade, porque os corações
dos santos encontraram alivio por teu intermédio, meu
irmão.
Intercessão por Onésimo. Ainda que em Cristo 8
me assistisse o direito de prescrever-te o que convém, contudo,
pelo muito que te quero, prefiro rogar-te. Eu, Paulo, que sou 9
velho, e ainda por cima, prisioneiro de Cristo Jesus, venho ro- 10
gar-te a bem de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas.
Tempo houve em que êle te foi inútil ; agora, porém, é útil, 11
tanto a ti como a mim. Aí to remeto, como se fora o meu 12
coração. Bem quisera retê-lo comigo, para que na minha 13
prisão me servisse em teu lugar, em prol do evangelho. En-
tretanto, nada quis fazer sem o teu consentimento, para que 14
o bem que praticares não seja como que forçado, mas, sim
espontâneo.
Talvez que êle se separou de ti por algum tempo, 15
afim de que tornasses a rehá vê-lo para sempre, não já como 16
escravo, mas, como algo de melhor : como irmão caríssimo.
E' o que
para êle é para
ti, tanto como mim,
homem,e em como
alto gráu ; quanto
também mais o será
no Senhor.
Se, portanto me tens amizade, recebe-o como se fora 17
eu. Se te causou prejuizo, ou te está devendo alguma coisa, 18
lança isto á minha conta. Eu, Paulo, te escrevo de próprio 19
punho, que o pagarei — para não lembrar de quanto tu me és
devedor. Sim, meu irmão, quisera têr algum proveito de ti, 20
no Senhor ; concede êsse prazer a meu coração, em Cristo
2 — caríssima irmã. 5 — Cristo Jesús. 8 — Cristo Jestís
424 Filemon 1, 21 — 25

Conclusão. Confiado em tua docilidade é que te


escrevo, certo de que farás mais do que peço. Ao mesmo tem-
po me prepara pousada ; espero ser-vos restituído, em vir-
tude das vossas orações.
Saudações de Epafras, preso comigo em Cristo Je-
sus ; como também de Marcos, Aristarco, Demas e Lucas,
companheiros meus de trabalho.
A graça do Senhor J esús Cristo seja com vosso espírito
Amen.
EPISTOLA AOS HEBREUS

Introdução

1. Falta na epístola aos hebreus (como nas cartai;


dc São J oão) a costumada introdução, que, nas outras cartas
paulinas, nomeia o remetente e o destinatário. Entretanto,
os mais antigos códices e versões não deixam de epigrafá-la :
aos hebreus. Sob o nome de hebreus entendem-se os judeu-
cristãos, e, mui provávelmente, os de Jerusalém e da Pales-
tina ; pois eram precisamente estes que corriam risco de
recair no judaismo. São Tiago Menor, chefe e sustentáculo
dos cristãos da terra santa, sucumbira vítima da perseguição
judaica, no ano 62. Revivia naquele tempo, entre os judeus,
o mais violento fanatismo nacional-religioso, culminando
na guerra aberta contra Roma e subsequente destruição de
Jerusalém. Viver e conservar a fé num ambiente tão des-
favorável exigia grandes sacrifícios aos cristãos palestinenses.
Cada sinagoga, cada pedra evocava venerandas tradições do
antigo testamento ; e nas alturas de Sião os chamavam ao
culto divino as magnificências do mais belo templo do mundo.
Pelo que não vinha fora de propósito uma palavra
apostólica que robustecesse os neófitos na fé em Jesus Cristo
(Hb tola13,frisa22). E' nesse do
as excelências intuito
novo que o autor sobre
testamento da presente epís-
a lei antiga.
2. A carta apresenta diversas particularidades ex-
teriores que a distinguem das outras epístolas paulinas
Falta a fórmula introdutória, bem como a saudação final.
O documento reveste antes a forma de um tratado teológico
do que de uma carta. Os pensamentos veem desenvolvidos
muito por extenso ; o estilo revela maior esmero e calma do
que em geral.
Se perguntarmos á tradição antiquíssima da igreja,
até ao 4.° século, sobre a autoria da epístola, chegamos a sa-
ber que todas as igrejas do oriente a consideravam desde o
princípio como obra do apóstolo Paulo, a partir do 4.° sé-
culo, também no ocidente se lhe reconhece o caráter paulino ;
quando até essa data era em parte desconhecida, em parte
atribuída a outro autor. Foi, pois, com toda a razão que o
concílio de Trento a citou entre as 14 epístolas de São Paulo.
Quanto ás particularidades formais da carta, já os
autores antigos as explicavam pela suposição de se ter São
426 Hebreus — Introdução

Paulo servido dum amanuense ou colaborador, que deu de-


terminada forma literária aos pensamentos do apóstolo.
Não consta ao certo quem fosse esse auxiliar ; Clemente
Romano ? Lucas ou Barnabé ? o judeu -cristão alexandrino
Apolo ? ou algum outro.
3. A epístola foi escrita antes da destruição de Je-
rusalém, eantes do princípio da guerra judaica (67), por sinal
que supõe ainda existente o culto israelita, nCm alude com
palavra alguma àquela tremenda catástrofe, nem tão pouco
á fuga dos cristãos. A sua origem cai, porém, num tempo
posterior á morte de são Tiago (+ 62), talvez no ano 63
(cf. Hb 13, 23). Do tópico 13, 24 se depreende que a carta
nasceu na Itália, provávelmente em Roma, depois do pri-
meiro cativeiro do apóstolo.
Segundo decisão da Comissão Bíblica de 24 de junho
de 1914, representa este documento uma verdadeira e genuina
carta de São Paulo, ainda que o apóstolo não a tenha escrito
de próprio punho.
EPISTOLA DE SÃO PAULO AOS HEBREUS

Introdução. Muitas vezes e de modos diversos fa- ]


lou Deus, antigamente, aos pais pelos profetas ; nestes
últimos dias, porém, falou-nos por meio de seu Filho, a 2
quem constituiu herdeiro do universo e pelo qual também
criouseuo Ser
do mundo. E' ele oo universo
; sustenta esplendor com
de sua glória
a sua e a imagem
palavra onipo- 3
tente. Depois de conceder resgate dos pecados, sentou-se
á direita da majestade nas alturas. Tão superior é êle aos 4
anjos quanto o nome que herdou excede o dêles.
SUBLIMIDADE DO NOVO TESTAMENTO
Excelência de Cristo
Cristo superior aos anjos. Pois, a quem dentre os 5
?] 2 7 anjos disse Deus alguma vez : "Tu és meu Filho, hoje
2 Rs 7 te gereiQuando ?" ou então
tornar: "Eu lhe serei no
a introduzir Pai,mundo
e êle meo Primogêmt
será Filho" 1 6
si 96.7 diz : "Adorem-no todos os anjos de Deus",
si 103, Dos anjos diz : "Torna em vendavais os seus anjos, 7
4 e em raios flamejantes os seus ministros" ; ao passo que do 8
Filho diz : ; "O
dos séculos cetroteude trono,
justiça óé oDeus,
cetro subsiste pelos Porque
do teu reino. séculos 9
Sl 44,7 amaste a justiça e odiaste a injustiça, por isso, ó Deus, te
ungiu o teu Deus com o óleo da alegria, como a nenhum dos
teus companheiros".
Si 101, e os céusE ainda : "No
são obra princípio,
das tuas mãos. Senhor, tu fundaste
Eles passarão ; tu, aporém,
terra, 1011
26 permaneces ; todos envelhecerão como um vestido ; tu os
dobrarás como um manto, como um vestuário, e mudar-se-ão; 12
ao passo que tu és o mesmo e os teus anos não terão
Sl 109, fim". A qual dos anjos disse êle jamais : "Senta-te á minha 13
1 direita até que eu reduza os teus inimigos a escabelo dos teus
pés" ? Porventura, não são todos êles apenas espíritos ser- 14
vidores, enviados ao serviço dos que devem herdar a sal-
vação ?
Obediência a Cristo. Pelo que importa observemos 2
tanto mais cuidadosamente a mensagem que ouvimos ;
senão, poderíamos errar o alvo. Pois, se já era inquebran- 2
428 Hebreus 2, 3 3, 5

tável a palavra promulgada por intermédio dos anjos, a


ponto de se vingar devidamente toda a transgressão e re-
8 beldia, como passaríamos nós impunes, se menosprezássemos
semelhante mensagem de salvação ? Anunciada primeira-
mente pelo Senhor, chegou ao depois até nós por via de tra-
4 dição pelos que a ouviram. Foi divinamente comprovada
por sinais, milagres e prodígios e pela comunicação do Espí-
rito Santo, segundo a vontade dè Deus.
8 Cristo, rei do universo. Não foi aos anjos que ele
6 sujeitou o mundo futuro, de que falamos. Mas algures
7 se diz : "Que
homem, que o écontemples
o homem, que dele te lembres
? Fizeste-o ? um filho
pouco inferior do
aos an- gl 8,5
jos; de glória e honra o coroaste: submeteste a seus pés
8 tôdas as coisas". Ora, se lhe submeteu todas as coisas, nada
9 excetuou que não lhe esteja sujeito. Por enquanto, é verda-
de, ainda não vemos que tudo lhes está sujeito ; vemos,
todavia, que Jesus, que fora colocado abaixo dos anjos, foi
coroado de glória e honra por causa da morte que sofreu ;
é que, segundo as disposições da graça de Deus, devia ele
10 sofrer a morte por cada um. Pois convinha que aquele
por quem e para quem existe o universo, atingisse a perfeição
por meio do sofrimento, afim de conduzir á glória numerosos
11 filhos e torna r-se-lhes autor de salvação. Porque nós, o
Santificador como os santificados, descendemos de um só,
razão por que não se envergonha ele de os chamar irmãos,
12 dizendo: "Anunciarei o teu nome a meus irmãos e te cantarei sl 2Í
louvores em plena assembleia".
13 E mais: "Porei nele a minha confiança". E nova- is RJ
mente : "Eis-me aqui, com os filhos que Deus me deu".
H Ora, sendo que os filhos assumiram carne e sangue, assumiu- Is 8,1
os também ele, afim de aniquilar pela morte aquele que tem
15 nas mãos o poder da morte — o demónio — e libertar os que
16 em virtude do temor á morte, passaram a vida toda como
escravos. Não andou solícito pelos anjos, mas, sim, pelos
17 filhos de Abraão. Convinha por isto que em tudo se tor-
nasse semelhante aos irmãos, afim de ser junto a Deus um
pontífice misericordioso e fiel e capaz de expiar os pecados
18 do povo. Pois, tendo ele mesmo padecido com as tentações,
está em condições de valer aos que se acham tentados.
3 Cristo superior a Moisés. Por conseguinte, meus
santos irmãos e companheiros da vocação celeste, considerai
a Jesus como embaixador e sumo sacerdote da nossa religião.
2 Foi fiel a quem o constituiu, a exemplo do que foi Moisés em
3 toda a sua casa. Sim, foi achado digno duma honra tanto
maior do que Moisés, quanto um arquiteto merece maior
4 honra do que a casa. Toda a casa tem o seu arquiteto ;
5 o arquiteto do universo, porém, é Deus. Se Moisés foi fiel
em toda a sua casa, como servo, indigitando as revelações.
7 — coroaste e o constituíste sobre as obras das tuas mãos»
Hebreus 3, 6 — 4, 10

Cristo, na qualidade de filho, está acima de sua casa. Nós 6


é que somos sua casa, contanto que guardemos inabalável
até ro fim a confiança e a esperança da glória.
94.8 Cuidado com a apostasia. Ouvi, pois, hoje, a sua 7
voz, como diz o Espírito Santo : "Não queirais endurecer
os vossos
no dia da tentação, corações,no como
deserto,poronde
ocasião
vossosdapais"exasperação",
me tentaram 98
e provocaram, embora vissem as minhas obras por espaço de 10
quarenta anos. Pelo que me indignei contra essa raça, e
disse : Sempre desvariam no seu coração ; não reconhecem
os meus caminhos. Por isso jurei na minha ira : Não entra- \i
rão no meu repouso".
Vede, pois, irmãos, que não haja entre vós quem tenha L2
coração mau e incrédulo, e chegue a apostatar de Deus vivo.
Exortai-vos antes uns aos outros, dia por dia, enquanto 13
ainda
iludido for
pelo "hoje", pecado. para
Pois, que ninguémsócios
nós somos de devósCristo,
se endureça,
contan- 14
to que nos conservemos inabaláveis até ao fim na primitiva
confiança. Quando se diz : "Hoje ouvi a sua voz ! não 15
queirais endurecer os vossos corações, assim como na "exas-
peração" — quem eram os ouvintes que o exasperaram ? Não [6
eram, porventura, todos os que, chefiados por Moisés, ti-
nham saído do Egito ? Contra quem se indignou êle por es- n
paço de quarenta anos ? Não eram, acaso, os que tinham
pecado e cujos corpos tombaram no deserto ? E a quem jurou tg
êle que não entrariam no seu repouso ? Não eram os desobe- ^
dientes ? Vemos, pois, que foi por causa da sua descrença
que não puderam entrar.
Exortação á fidelidade. Ainda está por ser cum- 4
prida a promessa de entrar no seu repouso. Tenhamos,
pois, o cuidado que nenhum entre vós fique atrazado. Pois, 2
tanto a nós como a eles coube a boa nova. A eles, porém, de
nada lhes serviu o conhecimento da prégação, por não a te-
rem abraçado com fé. Nós, porém, entraremos no repouso, 3
^ se abraçarmos a fé, segundo o que foi dito : "Assim jurei na
minhaterminada
está ira : Nãoa obra entrarão no meudesde
da criação repouso". E, nodo entanto,
o principio mundo;
n 2,2 pois lê-se algures sobre o sétimo dia : "No sétimo dia descan- 4
sou Deus de todas as suas obras". Ora, este dito : "Não 5
entrarão no meu repouso" faz crer que outros hão de entrar r
nele. Aqueles, porém, a quem primeiro fora dirigida a men-
sagem deixaram de entrar, devido á sua descrença. Pelo que 7
torna Deus a marcar outro dia, um "hoje", dizendo por bôca
de Davi, após um grande lapso de tempo : "Hoje, ouvi a
sua voz ! não queirais endurecer os vossos corações". Se g
94'2 Josué os introduzira no repouso, não se falaria ao depois de
um outro dia. De maneira que ainda fica em perspectiva 9
ao povo de Deus um descanso sabatino ; pois, quem uma 10
vez entrou no seu repouso, descansa das suas obras, assim
como Deus descansa das suas.
430

Empenhemo-nos, portanto, por entrar nesse repouso,


para que ninguém incorra em idêntica pena de desobediên-
cia ; porque a palavra de Deus é viva, eficaz, e mais pene-
trante do que qualquer espada de dois gumes : penetra até
separar um do outro a alma, o espírito, a medula e os ossos;
exerce juizo sôbre os pensamentos e as intenções do coração
Não há criatura que se oculte á sua presença ; tudo jaz des-
nudo e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de
prestar contas.
Cristo superior aos sacerdotes do antigo testamento
Jesus pontífice. Temos, portanto, um pontífice
excelso, que atravessou os céus — Jesus, o Filho de Deus
Permaneçamos, pois, firmes em a nossa religião ! Porque
não temos um pontífice incapaz de se condoer das nossas fra-
quezas, mas um que em tudo foi provado como nós, exceto
o pecado. Aproximemo-nos, pois, confiadamente, do trono
da graça para alcançarmos misericórdia e graça, no tempo
em que houvermos mister.
Todo o pontífice é tirado do meio dos homens e cons-
tituído abem dos homens, no tocante ás suas relações com
Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados deles.
Deve saber compadecer-se dos que ignoram e erram, porque
êle mesmo está sujeito a fraquezas. Pelo que tem de oferecer
sacrifícios tanto pelos pecados do povo como pelos seus pró-
prios. Ninguém se arroga esta dignidade ; mas deve ser
chamado por Deus, como Aarão. Do mesmo modo também si 2, 7
Cristo não se elevou, êle mesmo, á dignidade de pontífice,
mas foi constituído por quem lhe disse : "Tu és meu Filho ; SI 109,
hoje te gerei". Ou, como em outro lugar : "Tu és sacer- 4
dote para
Nos sempre, dias de segundo
sua vidaa terrestre
ordem de apresentou,
Melquisedec".
no meio
de veemente clamor e lágrimas, suplicantes preces àquele
que o podia preservar da morte ; e foi ouvido em atenção á
sua reverencia. E, embora fosse Filho, aprendeu, contudo,
obediência pelo sofrimento, e, depois de consumado, se tor-
nou para todos os que o seguem autor de eterna salvação e
foi por Deus designado pontífice segundo a ordem de Melqui-
sedec.
Desejo de perfeição. Muita coisa teríamos a dizer
deste assunto ; mas é de difícil explicação, e vós não estais
dispostos a ouvi-lo. Pelo tempo, já devíeis ser mestres ;
mas, em vez disto, necessitais de que tornem a ensinar-vos
os primeiros rudimentos da palavra de Deus. Como crianças
precisais de leite, em lugar de alimento sólido. Quem não
compreende o que se lhe diz em linguagem correta, precisa
de leite ; é criança. Os adultos, porém, que pelo costume

8 — Filho de Deus
Hebreus 6, 1 — 7, 3 431

trazem as faculdades exercitadas para distinguirem o bem e


o mal, recebem alimento sólido.
Entretanto, deixemos de parte as primeiras noções 6
da doutrina de Cristo, e voltemos a atenção para coisas mais
altas. Não tornemos a lançar os fundamentos, falando 2
da renúncia ás obras mortas, da fé em Deus, da doutrina sobre
o batismo, a imposição das mãos, a ressurreição dos mortos
e a eterna retribuição. Vamos, pois, a isto, com o favor de 3
Deus. Porque os que uma vez foram iluminados, os que sa- 4
borearam o dom celeste, que receberam o Espírito Santo,
que experimentaram as belezas da palavra divina e as virtu- 5
des do mundo futuro, e não obstante apostataram — é
impossivel reconduzir á conversão esses tais ; porque, da sua 6
parte, crucificam novamente o Filho de Deus e fazem-no
alvo de escárneo. O terreno que bebe a chuva que lhe vem 7
abundante, e fornece aos cultivadores o competente fruto,
receberá as bênçãos de Deus. Se, envez disso, não produzir 8
senão espinhos e abrolhos, será réu da maldição e acabará
por ser incendiado.
Jubilosa esperança. Apesar de usarmos expres- 9
soes destas, formamos contudo melhor conceito de vós.
caríssimos, e estamos convencidos de que alcançareis a
salvação. Porque Deus não é injusto, a ponto de se esque- 10
cer da vossa tão operosa caridade, que manifestastes por amor
a seu nome, servindo aos santos, como continuais a servi-los.
Ora, o que nós desejaríamos é que cada um de vós désse pro- 11
vas deste mesmo zêlo no tocante á esperança, afim de a levar
á perfeição e não ceder ao desalento, Imitai aos que pela 12
fé e pela paciência chegam a herdar as promessas.
Quando Deus fez a promessa a Abraão, não podia 13
jurar por um que fosse maior, e jurou por si mesmo, dizendo :
n 22, "Abençoar-te-ei ricamente e multiplicarte-ei extraordina- 14
16 riamente". Os Ele
metido. esperou
homens juramcomporpaciência,
alguém que e alcançou o pro-
seja maior, e o 1615
juramento dá garantia e corta toda a contradição. Ora, 17
no intuito de patentear aos herdeiros da promessa quão irre-
vogável era a sua resolução, recorreu Deus ao juramento, 18
afim de que dois fatos irrevogáveis, em que Deus não podia
mentir, nos dessem ponto de apoio, a nós que, nos aferramos á
esperançasegura
âncora em perspectiva.
para a alma ;E' penetra
nela queatéencontramos arrimo,
ao interior do san- 19
tíssimo, onde entrou por nós, como precursor, Jesus, o pon- 20
tífice eterno segundo a ordem de Melquisedec.
Jesús, pontífice segundo a ordem de Melquisedec. 7
Este Melquisedec era rei de Salém e sacerdote de Deus
altíssimo. Saiu ao encontro de Abraão, quando este regres-
sava da derrota dos reis ; e lançou-lhe a benção. Ao que
Abraão lhe deu o dízimo de tudo. O seu nome significa em 2
primeiro lugar : rei da justiça ; mas também : rei de Salém,
que vem a ser : rei da paz. Sem pai, sem mãe, sem genealo- 3
Hebreus 7, 4 — 27

gia, sem princípio de dias nem fim de vida — é assim que ele
se assemelha ao Filho de Deus e permanece sacerdote eter-
namente.
4 Vede, pois, quão sublime devia ser aquele a quem o
patriarca Abraão deu os dízimos dos melhores despojos.
5 Verdade é que também os filhos de Levi, chamados ao sacer-
dócio, são autorizados pela lei a receberem os dízimos do povo,
isto é, dos seus irmãos, conquanto também estes sejam des-
0 cendentes de Abraão. Aquele, porém, embora não descen-
desse de Abraão, recebeu dele os dízimos, e abençoou o por-
7 tador das promessas. Ora, é fora de dúvida que o inferior
g recebe a benjção de quem é superior. Os que aqui recebem
os dízimos são homens mortais, ao passo que ali é alguém de
9 cuja sobrevivência se dá testemunho. Assim é que também
Levi — a quem são dados os dízimos, na pessoa de Abraão ;
10 porque ainda estava por ser gerado pelo patriarca, quando se
deu o encontro com Melquisedec.
Excelência de Cristo sobre o sacerdócio levítico.
11 Se o sacerdócio levítico, base da legislação do povo, trouxesse
a perfeição definitiva, que necessidade haveria de estatuir
outro sacerdote denominado "segundo a ordem de Melqui-
12 de
13 sedec", e não "segundo
sacerdócio a ordem de Aarão"
importa necessariamente ? ora, mudança
em mudança de lei.
Porque aquele a quem isto diz respeito, pertence a outra tri-
14 bu da qual ninguém ainda serviu ao altar ; pois, como é
sabido, nosso Senhor nasceu de Judá, tribu da qual Moisés
15 não fêz nenhuma declaração concernente a sacerdotes. Mais
claro ainda se torna isto, quando se constitue um sacerdote
iq semelhante a Melquisedec, não em virtude de descendência
!7 carnal, como quer a lei, mas, sim, em virtude duma vida
imortal. Pois diz o testemunho : "Tu és sacerdote para
18 sempre, segundo a ordem de Melquisedec". Com isto está si 109,
19 abolida a lei anterior, porque era caduca e sem proveito. Pois 4
a lei nada levou á perfeição ; serviu apenas de guia para uma
esperança melhor, que nos faz aproximar de Deus.
20JesusSeo foi
21 aqueles se tornaram
com juramento, sacerdotes
mediante aquelesemque juramento,
lhe disse : S1 i^9»
"Jurou o Senhor, e não se arrependerá : Tu és sacerdote
22
23 para sempre".
ça mais perfeita.Jesús tornou-se por isso o fiador duma alian-
Mais. Enquanto ali havia numerosos sacerdotes —
24 uma vez que a morte os impedia de o ficarem para sempre —
25 possue êste, por ser imortal, um sacerdócio sempiterno. Pelo
que também pode salvar perfeitamente os que por seu inter-
médio se chegarem a Deus ; pois que vive para sempre para
interceder por eles.
26 Convinha que tal fosse o nosso pontífice : santo, irre-
preensível, impoluto, não do número dos pecadores, mais
27 excelso que os céus : que não tem, como os sumos sacerdotes,
25 — nós.
433
Hebreus 7, 28 — 9, 4

necessidade de oferecer diáriamente sacrifícios pelos próprios


pecados, e depois pelos do povo. Foi o que prestou uma vez, 28
por todas, quando êle mesmo se ofereceu em sacrifício. En-
quanto, pois, a lei constituia sumos sacerdotes sujeitos ás
fraquezas, a palavra do juramento constitue, para o tempo
posterior á lei, o Filho eternamente perfeito.
O Sacrifício de Cristo superior aos sacrificios do
antigo testamento 8
Sacerdócio de Cristo no céu. O ponto principal de
quanto levámos dito é que temos um pontífice sentado á 2
direita do trono da majestade celeste. Desempenha o 3
ministério no santuário, tabernáculo verdadeiro, edificado
pelo Senhor, e não por homens. Pois todo o pontífice é 4
constituído com o fim de oferecer dons e sacrifícios. Pelo
que deve também êste ter alguma coisa que oferecer. Se vi- 5
vesse sobre a terra, nem seria sacerdote, uma vez que já há
quem ofereça dons segundo a lei. Estes exercem as funções
25, cultuais naquilo que é figura e sombra do santuário celeste ;
40 por sinal que Moisés, no ponto de ultimar o tabernáculo, 6
recebeu esta ordem : "Olha — foi-lhe dito — faze tudo se-
ministério gundo o modelo
que coubeque ateJesus
foi mostrado
é tanto maisno monte". Mas o 7
excelente quanto
mais sublime é o testamento de que êle é medianeiro, testa- 8
mento que tem por base promessas mais sublimes. Pois, se
aquele primeiro fora sem defeito, não haveria por que esta-
le' belecer o segundo.
rão dias, diz o Senhor,Pois emêle que
profere a censura:
travarei Eis que
uma nova vi- 9
aliança
com aançacasa como a deque Israel
travei e com
com seus
a casa
pais,dequando
Judá ;os"nãotomei
uma pela
ali-
mão e os conduzi para fora da terra do Egito ; pois, não 10
permaneceram fiéis á minha aliança, e por isso também
eu os abandonei, diz o Senhor. Mas a aliança que depois
daqueles dias travarei com a casa de Israel, diz o Senhor,
será esta : Infundir-lhes-ei na alma as minhas leis, e gravá- 11
las-ei no seu coração ; eu serei o seu Deus, e êles serão o
meu povo. Já ninguém terá que ensinar a seu próximo,
nem a seu irmão, dizendo: Aprende a conhecer o Senhor ; 12
porque todos êles, pequenos e grandes, me hão de conhe-
cer. Perdoar-lhes-ei as iniquidades, e não mais guardarei 13
lembrança dos seus pecados".
antiquado Ora, o quem fala emMas,
precedente. um o"novo" testamento,e decrépito
que é antiquado deu por
está prestes a perecer. 9
Imperfeição dos sacrifícios antigos. Verdade é 2
que também o testamento antigo tinha as suas prescrições
cultuais e um santuário temporal. Era um tabernáculo
em cuja parte anterior se achavam o candelabro e a mesa 3
com os pães doda segundo
Por detrás proposição. E' o queo tabernáculo
véu ficava se denomina chamado
o "santo".o 4
434 Hebreus 9, 5 — 24

"santíssimo",
5 arca da aliança,encerrando
coberta deo ouro
altar por
dostôdas
perfumes, de ouro,
as partes ea
; dentro
dela se encontrava um vaso de ouro com o maná, a vara viri-
3 dente de Aarão, e as tábuas da lei. Sobre a arca se erguiam
os querubins da glória, sombreando o propiciatório.
7 Mas não vem a propósito pormenorizar estas coisas.
Tal era a construção.
No tabernáculo da frente entram os sacerdotes tôdas
as vezes que desempenham as funções rituais ; ao passo que
8 no outro entra somente o pontífice uma vez por ano, e só
com o sangue, que oferece pelos delitos próprios e do povo.
9 Com isto insinua o Espírito Santo que, enquanto subsistir
o primeiro tabernáculo, não há entrada franca no santíssimo.
10 E' o que éque
sacrifícios significativo para não
são oferecidos o tempo
estão presente : os dons
em condições de pu-e
rificar cabalmente a conciência do sacrificante. As prescri-
ções externas sobre comidas e bebidas, e toda a espécie de
11 abluções só teem vigor até ao tempo da reorganização.
Infinita perfeição do sacrifício de Cristo. Cristo,
12 porém, apareceu como pontífice dos bens futuròs. Entrou no
- tabernáculo
mãos humanas,maisnemexcelente e perfeito,
mesmo deste mundo. não Não
construído por
entrou com
33 o sangue de cabritos e novilhos, mas uma vez por tôdas com
o seu próprio sangue, entrou no santíssimo, ele. que realizou
14 uma redenção de valor eterno. Ora, se o sangue de cabritos
e touros, e as cinzas de uma vitela conferiam pela aspersão
pureza corporal aos impuros, quanto mais o sangue de Cristo,
que em virtude do seu espirito eterno se ofereceu a Deus
como hóstia imaculada, purificará a vossa conciência das
15 obras mortas, para servirdes a Deus vivo ?.
Jesus, medianeiro do novo testamento. Por isso é
que ele é o medianeiro dum novo testamento. Padeceu a
16 morte para expiar os pecados cometidos sob o primeiro testa-
17 mento, pssra que os chamados recebam a herança eterna pro-
metida. Em Se tratando de testamento, é mister que primeiro
18 se prove a morte do testador ; só com sua morte é que o
testamento adquire força de lei. Enquanto o testador vive,
ainda não vale. Por esta razão, nem o antigo testamento se
inaugurou sem sangue. Depois de expor ao povo todos os
20 preceitos da lei, tomou Moisés o sangue dos novilhos e ca-
21 britos bem como a água e a lã vermelha e o hissope, e asper-
22 giu o livro e todo o povo, dizendo : é o sangue da alliança
que Deus travou conosco". Da mesma forma aspergiu com
23 sangue o tabernáculo e todos os utensilios do culto. Segun-
do a lei, quase tôdas as coisas se purificam com sangue.
Sem efusão de sangue não há remissão. Assim é que se pu-
24 rificam os protótipos das coisas celestes ; mas as coisas ce-
lestes mesmas requerem sacrifícios ainda superiores a êsses.
Porque Jesus Cristo não entrou num santuário feito por
mão humana e apenas protótipo do verdadeiro ; mas entrou
Hebreus 9, 25 — 10, 19

no próprio céu, afim de se apresentar agora intercessor nosso


ante a face de Deus. Nem precisa sacrificar-se sempre de 25
novo, a exemplo do sumo sacerdote, que, ano por ano, entra
no santíssimo com sangue alheio ; do contrário, devia ter
padecido muitas vezes, desde a criação do mundo. Mas, 26
apareceu só uma vez, na plenitude dos tempos, para destruir
o pecado pela imolação de si mesmo. E do mesmo modo 27
que está decretado ao homem morrer uma vez, ao que se
segue o juízo, assim também Cristo se imolou uma vez para 28
tirar os pecados dos muitos. Quando voltar, nada terá com
o pecado ; mas aparecerá para salvar os que o esperam.
Único sacrifício verdadeiro. A lei não passa duma 10
sombra dos bens futuros ; ela não é a realidade das coisas.
Ano por ano são oferecidos sempre os mesmos sacrifícios,
mas que não estão em condições de levar á perfeição os sa-
crificantes. Pois, não se teria deixado de oferecê-los se os 2
sacrificantes, uma vez purificados, não tivessem mais conci-
ência do pecado ? Entretanto, ano por ano se renova a recor- 3
dação dos pecados ; porque é impossivel que o sangue de 4
touros e cabritos tire pecados. Por isso diz ele ao entrar no 5
139,7 mundo : "Sacrifícios cruentos e incruentos não os queres ;
déste-me, porém, um corpo. Holocaustos e expiações não te 6
agradam ; pelo que eu disse : Eis que venho, meu Deus, 7
para cumprir a tua vontade conforme está escrito de mim
no volume do livro".
Acima diz : "Sacrifícios cruentos e incruentos, ho- 8
locaustos
— e, no e entanto,
expiações são
não prescritos
os queres nem pela achas
lei. Eneles agrado" : 9
prossegue
"Eis que
assim venho para
o primeiro para cumprir
estabelecera tua vontade" Graças
o segundo. — abrogando
a esta 10
vontade é que somos santificados uma vez por todas, pela
imolação única do corpo de Jesus Cristo.
Cada sacerdote exerce dia por dia as funções litúrgicas, 11
oferecendo sempre os mesmos sacrifícios, que não podem,
todavia, tirar os pecados ; ao passo que Jesús Cristo ofereceu 12
só uma vez o sacrifício pelos pecados, e está sentado para
sempre á direita de Deus, esperando "até que seus inimigos 13
sejam reduzidos
sacrifício levou á aperfeição,
escabelo edosparaseussempre,
pés". osComque êste único 14
se tornam
rr 31, santos. E' o que também nos atesta o Espírito Santo ; 15
33 porque foi dito : "Esta é a aliança que travo com eles, no 16
31 129' fim daqueles dias — diz o Senhor. Infundo-lhes no coração
a minha lei e escrevo-lha na alma ; não mais guardarei lem- 17
brança dos seuso pecados
vez perdoado pecado, ejádas
não suas iniquidades".
há mister oferecer Ora, uma ^3
sacrifício
por ele.
FIDELIDADE AO NOVO TESTAMENTO
Perseverança na fé. Pelo que, meus irmãos, em ^
virtude do sangue de Jesús, esperamos confiadamente entrar
436 Hebreus 10, 20 — 11, 5

20 no
nos santíssimo.
abriu através E'do este véu, o quer
novodizer
caminho da vida,
: através da suaque êle
carne.
21 Temos também um pontífice excelso, constituido sobre a
22 casa de Deus. Aproximemo-nos, pois, de coração sincero
e cheios de fé, já que os corações se acham purificados da má
23 conciência, e o corpo lavado com água pura. Conservemo-
nos inabaláveis na confiança da nossa esperança — porque é
24 fiel quem fez a promessa — e sejamos solícitos em nos esti-
25 mular mutuamente á caridade e ás boas obras. Nem nos
descuidemos de comparecer á nossa reunião, como alguns
costumam fazer ; procuremos antes animar-nos á proporção
que virdes aproximar-se o dia.
26 Pois, se pecarmos propositalmente e depois de co-
nhecida averdade, já não há sacrifício pelos nossos pecados ;
27 aguarda-nos um juízo tremendo e o fogo vingador, que con-
28 sumirá os adversários. Quem transgredir a lei de Moisés
e for arguido por duas ou tres testemunhas, é punido de morte
?3 sem piedade ; quanto maior castigo não merecerá aquele
que pisar aos pés o Filho de Deus, que tiver em conta de vil
o sangue do testamento que o santificou, e ultrajar o Espírito
30 da graça ! Pois, sabemos quem foi que disse : "A mim me Dt32,
pertence a vingança ; eu é que retribuirei". E mais : "O 35
31 Deus
Senhor vivo
julgará ! o seu povo". E' horrendo cair nas mãos de

32 Firmeza na fé. Evocai os dias de outrora. Depois


de iluminados, tivestes de sustentar dolorosas lutas : ora
S3 feitos alvo de injúrias e tribulações, ora participando da sorte
31 dos que tais coisas sofriam. Padecestes com os encarcerados.
Suportastes com alegria o esbulho dos vossos haveres, na
convicção de receberdes um cabedal melhor e permanente.
35 Não percais, pois, a confiança que tamanho galardão merece.
36 O que haveis mister é perseverança, afim de cumprirdes a
vontade de Deus e alcançardes o bem que êle prometeu.
3? "Ainda
38 vir, e nãoum tardará.
pouquinhoO meu
de tempo e viráda aquele
justo vive fé ; doquedesertor,
há de Hc2,3
39 porém,
número não
dos sedesertores
agrada minha
e que alma".
perecem Ora, nós não
; mas, sim, somos do
dos que
teem fé e salvam sua alma.
11 Heróis da fé. A fé consiste na firme confiança
daquilo que se espera, na convicção daquilo que não se vê.
2 Foi por ela que os antigos mereceram grande louvor. Pela
3 fé é que sabemos que o universo foi criado pela palavra de
Deus, de maneira que do invisível saiu o visível.
4 Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus um sacrifício
mais agradável do que Caim, e por ela mereceu o testemunho
de "justo", ; testemunho
crifício pela dado oporqueDeus
fé nos fala ainda na ocasião
há tempo morreu.do sa-
5 Foi pela fé que Henoc se viu arrebatado dêste mundo
sem provar a morte ; nem mais foi encontrado, porque
Deus o arrebatara. E, antes de arrebatado, recebeu o tes-
437
Hebreus 1 1, 6 — 26

témunho de que agradava a Deus. Ora, sem fé é impossível 6


agradar a Deus. Pois, quem se aproxima de Deus deve
crer que ele existe e retribue aos que o procuram.
Foi pela fé que Noé teve noticia de coisas que ainda ?
não via, e, com santa reverência, fabricou a arca para sal-
vamento da sua familia. Pela fé anunciou ruína ao mundo,
e alcançou a justificação mediante a fé.
Foi pela fé que A.braão, obcemperando ao chamado de 8
Deus, saiu em demanda dum país que devia receber por he-
rança. Partiu sem saber para onde. Em virtude da fé es- S
tabeleceu-se como estrangeiro na terra da promissão, habi-
tando em tendas, como Isaac e Jacó, co-herdeiros da mesma
promissão.
çada, cujo fundador E' que aguardava
e arquitetoa écidade
Deus. solidamente alicer- 10
Foi pela fé que Sara, embora passara da idade, recebeu li
a força de ser mãe, porque teve por fiel aquele que lhe déra a 12
promessa. De maneira que dum só homem — e esse já
amortecido — ■ tiveram origem descendentes tão numerosos
como as estrelas do céu e como as areias incontáveis da praia
do mar.
Morreram todos estes na fé, sem ver o cumprimento 13
da promessa ; apenas a avistaram e saudaram, de longe,
confessando-se peregrinos e hóspedes sobre a terra. Com 14
estas palavras dão a entender que demandavam uma pátria. 15
Se tivessem em mente aquela pátria de que saíram, não lhes
faltara tempo de tornarem atrás. Entretanto, demandavam 16
outra melhor, a saber : a do céu. Por esta razão não des-
denha lugar
parou Deus chamar-se
de moradia.o "Deus deles"; porquanto lhes pre-
Foi pela fé que Abraão, sujeito á prova, ofereceu Isaac, 17
e ia imolar o unigénito, do qual lhe fora dito : "Por meio de 18
Isaac é que terás descendentes". Mas confiava que Deus ]-
seria assaz poderoso para ressuscitáLlo dentre os mortos.
Por isso o recuperou como protótipo.
Foi pela fé que Isaac abençoou a J acó e Esaú, em aten- 20
ção a tempos vindouros.
Foi pela fé que Jacó, moribundo, lançou a bênção 21
aos dois filhos de José e se inclinou ante a soberania do cetro
dêle.
Foi pela fé que José, ás portas da morte, anunciou o 22
êxodo dos filhos de Israel, e deu instruções a respeito dos seus
ossos.
Foi pela fé que Moisés, recem-nascido, foi escondido 23
durante três meses por seus pais, porque a criança lhes pare-
cia encantadora ; nem temeram o decreto do rei. Foi pela 24
fé que Moisés, quando adulto, recusou passar por filho da 25
filha de Faraó, preferindo sofrer maus tratos com o povo de
Deus a gozar a delicia transitória do pecado ; teve o opróbrio 20
de Cristo em conta de maior riqueza do que os tesouros do
Egito, porque trazia os olhos postos na retribuição. Impelido
11
— Sára, que era estéril
438 Hebreus 11, 27 — 12, 9

27 pela fé, abandonou o Egito, sem temer a indignação do rei,


28 e permaneceu inabalável como se visse o Invisivel. Em vir-
tude da fé mandou celebrar a páscoa e a aspersão do sangue
para que o exterminador não tocasse nos primogénitos.
29 Em virtude da fé atravessaram eles o Mar Vermelho, como
por terreno enxuto, e, quando os egípcios tentaram o mesmo,
acabaram submersos nas vagas.
30 Foi em virtude da fé que marcharam sete dias em
derredor das muralhas de Jericó, e essas ruiram.
31 Graças á sua fé escapou a meretriz Raab de perecer
com
dores. rebeldes, por ter acolhido pacificamente os explora-
os
32 Que mais direi ? Falta-me o tempo para falar de
tôdcs : de Gedeão, de Barac, de Sansão, de Jefté, de Davi,
33 de Samuel e dos profetas. Pela fé conquistaram reinos, es-
tabeleceramjustiça,
a receberam promessas, fecharam fauces
34 de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio
da espada, de fracos se tornaram fortes, mostram-se heróis
35 na guerra, puseram em fuga exércitos inimigos. Mulheres
tornaram a receber os seus mortos, ressuscitados. Outros
deixaram-se martirizar e recusaram a libertação, afim de al-
36 cançar uma ressurreição mais sublime. Outros ainda so-
37 freram ludibries e açoites, grilhões e cárceres. Ferem ape-
drejados, torturados, serrados, mortos a espada, vagaram
por aí em péles de carneiros e de cabras, curtindo privações,
38 angústias e maus tratos. Deles não era digno o mundo. Erra-
ram por desertos e montes, por espeluncas e cavernas da
terra.
39 Todos eles granjearam louvor por causa da fé — mas
40 não alcançaram o cumprimento da promessa. Para nós,
porém,
deviam sem providenciou
nós atingirDeus coisa melhor. E' que eles não
a meta.
12 Lutas e coroas. Estamos, pois, circundados de toda
uma nuvem de testemunhas. Desembaracemo-nos, portanto,
de qualquer impecilho, mormente do pecado que nos traz
enredados, e corramos com perseverança ao certame que nos
espera. Cravemos os olhos em Jesus, autor e consumador
2 da nossa fé. Tinha diante de si o gozo. Em vez dele, porém,
abraçou a cruz, zombando da ignomínia. Agora está sentado
3 á direita do trono de Deus. Não deixeis de pensar nele muitas
vêzes, êle, que suportou todas as contradições dos pecadores ;
4 assim não descoroçoareis nem perdereis o ânimo. Ainda não
resististes até ao sangue, na luta contra o pecado - — e já
5 lançastes ao olvido a exortação que vos fala como a filhos :
"Meu quando
ti nimés filho, nãopordesprezes a disciplina
êle repreendido do Senhor,
; porque nem castiga
o Senhor desa- Pv3,ii
a quem ama ; fere a todo aquele que reconhece por filho".
7 Deus vos trata como a filhos. Pois onde o filho a quem
3 o pai não castigue ? Se passásseis sem castigo — coisa a que
ninguém escapa — serieis bastardos, e não filhos legítimos.
9 Se tivemos por educadores nossos pais corporais, e lhes vota-
439
Hebreus 12, 10 — 13, 3

mos estima, porque não nos sujeitaríamos ao pai espiritual,


para alcançarmos a vida? Aqueles nos disciplinavam por 10
breve período e a seu bel-prazer, ao passo que este o faz para
o nosso bem, afim de termos parte em sua santidade. Toda 11
a educação, é certo, não é para o momento motivo de alegria,
mas de tristeza ; mais tarde, porém, produz o fruto pacífico
da justiça aos que passaram por essa esccla. Pelo que, tor- 12
nai a erguer as mãos desfalecidas e os joelhos vacilantes.
Andai por caminhos retos. Descarte, quem claudicar, não 13
será destroncado, mas, sim, curado.
Perigo da apostasia. Empenhai-vos por viver em 14
paz com todos e alcançar a santidade ; porque sem ela nin-
guém chegará a ver o Senhor. Tomai cuidado que ninguém 15
perca a graça de Deus ; que não brote nenhuma planta ve-
nenosa, alastrando-se e contaminando a muitos ; que nin- 16
guém seja impuro e insensato como Esaú, que por um sim-
ples manjar vendeu o seu direito de primogenitura. Mais 17
tarde, como sabeis, queria receber a bênção ; mas foi-lhe
recusada ; nem alcançou mudança de sentimentos, embora
a solicitasse
monte palpável, com alágrimas.
um fogo em E' chamas,
que não avosescuridão,
abeirastestrevas,
dum 1818
tempestade, clangôr de trombeta e voz de trovão, a ponto
de os ouvintes pedirem não mais se lhes falasse assim. Não 20
Ex 19, suportaram a ameaça : "Até o animal que tocar o monte seja
13 apedrejado". Sim, tão terrível era a aparição, que o próprio 21
Dt 9,19 Moisés Vós, dizia :pelo "Estou a tremervosde terror".
contrário, aproximastes do monte 22
Sião, á cidade de Deus vivo ; á celeste Jerusalém ; a inume-
ráveis multidões de anjos ; á festiva assembléia dos primo- 23
gênitos consignados no céu ; a Deus, o juiz de todos ; aos
espíritos dos justos perfeitos ; a Jesus, o medianeiro do novo 24
testamento ; ao sangue da aspersão, que fala mais poderosa-
mente que o de Abel.
Vêde que não rejeiteis aquele que fala. Pois, se nem 25
escaparam impunes os que o rejeitaram quando se revelava
sobre a terra, quanto mais nós, se rejeitarmos aquele que
fala do céu. Naquele tempo, a sua voz abalou a terra ' 26
agora, porém, anunciou: "Mais uma vez — e hei de abalar,
não somente a terra, mas até o céu !" O fato de ele dizer 27
Ag 2,7 "Mais será
criado uma transformado,
vez" indica quepara tudoquequefique
é abalável,
o que é tudo que é
inabalável.
Ora, sendo que entraremos na posse dum reino inabalável, 28
sejamos gratos e prestemos serviço agradável a Deus, com
Dt4,24 temor e reverência ; porque "nosso Deus é um fogo devora- 29
dor".
Exortações particulares. Continuai a fomentar a 13
caridade fraterna. Nem vos esqueçais da hospitalidade ; 2
alguns, sem o saber, hospedaram anjos. Lembrai-vos dos 3
encarcerados, como se vós mesmos estivésseis presos com eles ;
25 — nos fala
Hebreus 13, 4 — 25

bem como dos maltratados, como se vivêsseis no corpo deles.


4 Seja o matrimonio honesto entre todos e o leito nupcial
imaculado ; porque Deus julgará os fornicadores e os adúl-
5 teros. Seja a vossa vida isenta de cobiça ; contentai-vos
com o que tendes ; porque Deus mesmo disse : "Não te Js 1,5
6 abandonarei nem te deixarei sem socorro". De maneira que
possamos dizer confiadamente: "O Senhor é meu auxilia- SI 117,
dor ; não tenho o que temer ; que me poderá fazer o homem ?" 6
7 Lembrai-vos dos vossos superiores, que vos prégaram
a palavra de Deus. Atentai no fim de sua vida, e imitai-lhes
8 a fé. Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje, e para todo o
9 sempre. Não vos deixeis enganar com toda a espécie de
doutrinas estranhas. Convém robustecer o coração com a
graça, e não com manjares, que não trouxeram proveito aos
10 que a eles se entregaram. Nós temos um altar do qual não
] 1 podem comer os servidores do tabernáculo. Porque os cor-
pos dos animais cujo sangue é pelo pontífice levado ao san-
tíssimo como sacrifício de expiação, são queimados fora do
12 arraial. Por esta razão sofreu também Jesus "fora das por-
tas", afim de santificar o povo com o seu próprio sangue.
i°'
14 Saiamos,
ignomínia. pois, a ele não
Porque "foratemos
do arraial", participando
aqui pátria permanente,da mas
sua
16 demandamos a vindoura. Por ele, pois, tributemos a Deus
incessante sacrifício de louvor : a oferenda dos lábios que
iti bendizem o seu nome. Não vos esqueçais de benfazer e re-
partir com os outros ; esses sacrificios é que agradam a Deus.
17 Obedecei aos vossos superiores e sêde-lhes submissos ;
porque eles vigiam sobre as vossas almas e delas teem de dar
contas. Oxalá as possam dar com alegria, e não a gemer ;
que isto não vos será proveitoso..
18 Conclusão. Orai por nós. Temos a persuasão de
estar com boa conciência, já que nos esforçamos por levar
1 1 vida correta em tudo ; mas rogo-vos encarecidamente que o
façais, para que quanto antes vos seja eu restituído.
20 O Deus da paz, que pelo sangue do testamento eterno
suscitou dentre os mortos ao grande Pastor das ovelhas, nos-
21 so Senhor Jesus, vos fortaleça em todo o bem, afim de cum-
prirdes asua vontade, e para que ele opere em vós, por Jesus
Cristo, o que for do seu agrado. A ele seja glória pelos séculos
dos séculos. Amen.
22 Rogo-vos, meus irmãos, que recebais de boa mente
estas
brevidade.palavras de admoestação. Escrevi-vos com toda a
23 Sabei que o nosso irmão Timóteo foi posto em liber-
dade. Em sua companhia vos hei de visitar, logo que ele
venha.
24 Saudações a todos os vossos superiores, e a todos os
santos.
Saúdam- vos os irmãos na Itália.
25 A graça seja com todos vós. Amen.
21 — Jesus Cristo
NOTAS EXPLICATIVAS

J esús é superior aos anj os e merece ser por êles adorado ; 1


os espíritosnaturais,
as forças celestes o obedecem
vento e o afogo.
Deus do mesmo modo que 6~- ^

Não foi aos anjos que Deus confiou a soberania do 5—9


reino messiânico, mas, sim, a seu Filho unigénito, o qual,
na incarnação, paixão e morte, se colocou abaixo dos an-
jos, mas foi, depois da ascensão, exaltado acima deles.
Tudo está sujeito a Cristo, embora não se tenha manifes-
tado ainda cabalmente essa submissão ; tudo isto coube
a Jesus em virtude da sua morte redentora.
Aprouve a Deus exaltar seu Filho á eterna glória por 10 —18
meio de sofrimento. Vigora entre Jesus e os fiéis uma rela-
ção de fraternidade, porque ambos teem a mesma origem,
razão por que Cristo, por boca do salmista, se diz irmão nosso.
Por isso, assumiu a natureza humana e quis morrer por nós,
quebrantando o poder de Satanaz e tirando-nos o medo da
morte. Se tivera de remir os anjos, não teria assumido a
natureza humana, tornando^se igual a nós em tudo, menos
no pecado.

Assim como Moisés, no antigo testamento, foi fiél 3


administrador da família de Deus, assim o é também Cristo
na nova aliança. Se os leitores foram discípulos devotados
de Moisés, quanto mais não o deverão ser de Cristo, que é
infinitamente superior àquele ! Moisés não passava de um
como arquiteto auxiliar na construção da casa de Israel,
enquanto J esús Cristo é o único fundador do templo do cris-
tianismo. Além disto, não foi Moisés senão um simples servo
de casa, encarregado de transmitir ao povo as revelações
divinas, ao passo que Jesús Cristo, na qualidade de Filho
de Deus, é o senhor da casa e o chefe da família, que são os
fiéis.
Recordando acontecimentos históricos, previne o 7—18
apóstolo da apostasia do cristianismo e da fé. Os israelitas
que se tinham rebelado contra Moisés e Aarão não entrarão
na terra da promissão, perecendo no deserto. Nem os dois
chefes entraram, por terem duvidado da palavra de Deus.

Prometera Deus aos israelitas o descanso na terra 4


da promissão, símbolo do descanso eterno no reino da glória, i 7
que aguardamos, tanto nós como os israelitas no deserto.
Deus mesmo já se acha nesse descanso, humanamente fa-
lando, desde o sétimo dia da criação. Os israelitas incrédulos
e rebeldes não conseguiram entrar no descanso de Deus ;
Deus, porém, é fiel e novamente prometeu a Davi o ingresso
na terra da promissão, que é o reino messiânico.
442 NOTAS — Hebreus 4, 8 — 7, 10

8 — io Não se diga que Josué introduiu o povo eleito na


terra da promissão, expirando, assim, as promessas de Deus ;
pois foi ainda depois de Josué, no tempo de Davi, que Deus
prometeu introduzir seu povo na terra da promissão. Quem
nela entrar, terá eterno repouso em Deus.
n—l 3 Exorta o apóstolo os leitores a não perderem de vis-
ta este têrmo glorioso ; o eterno descanso em Deus, afim
de não caírem vítimas da incredulidade e se verem, des-
carte exluídos da eterna felicidade. Não deixaria de reali-
zar-se esta ameaça, porque a palavra de Deus é de irresistível
veemência, penetrando até ás mais íntimas profundezas de
todo ser.

5 São dois os requisitos que se hão de verificar na


1 7 pessoa do sumo sacerdote : 1) compreensão das fraquezas
do pecador, 2) missão divina. Ambas as condições se acham
verificadas na pessoa de Cristo, que em Getsêmane experi-
mentou afragilidade humana e foi mandado ao mundo pelo
eterno Pai, como já dava provas o antigo testamento.
11—14 A doutrina sobre o sacerdócio de Cristo é tão subli-
me e tão profunda que só será compreendida por espíritos
maduros e pelas almas criteriosas, quais não são ainda os
destinatários da epístola, apesar de viverem desde muito
tempo á luz do cristianismo.
6 Obras mortas são as que carecem da vida sobrenatural
1 da graça santificante.
4_8 Descreve o apóstolo a gravidade da apostasia do
cristianismo. Quem, como os primeiros cristãos, recebeu
tamanha abundância, graças divinas, e, apesar disto, recair
no êrro antigo, comete um crime comparável ao dos judeus
que crucificaram a Jesus. Quanto maiores as graças frustra-
das, tarito maior o perigo da impenitência final.
13—20 Aduz o apóstolo, como exemplo da verdade explanada,
a pessoa de Abraão, ao qual Deus, após o sacrifício de Isaac,
confirmou com juramento as promessas feitas anteriormente
— juramento, que abrange todos os tempos e todos os filhos
de Deus. O que, pois, nos deve encher de alento é a promessa
de Deus e seu j uramento. Esta esperança se estriba em J esús,
que nos precedeu para o céu.

Melquisedec é protótipo de Cristo, por ser ao mesmo


tempo sacerdote e rei. Dele não meciona a sagrada escritura
nem pai nem mãe nem descendência alguma, como não indica
morte nem sucessor.
O sacerdócio de Melquisedec é superior ao levítico,
tanto assim que Melquisedec abençoou a Abraão e dêle
NOTAS — Hebreus 7, 11 — 9, 14 443

recebeu os dízimos. Na bênção de Melquisedec estavam


incluídos todos os sacerdotes levíticos, descendentes de
Abraão, que, indiretamente, pagaram dízimos a Melqui-
sedec na pessoa de Abraão. Por isso, é o sacerdócio de
Melquisedec protótipo de Cristo.
Era imperfeito o sacerdócio levítico, como imperfeita 11 — 19
era a lei mosaica, salvaguarda do mesmo. Não estavam em
condições de conduzir o povo á reconciliação com Deus.
Pelo que se fazia mister um novo sumo sacerdote, não da
estirpe de Aarão, mas da ordem de Melquisedec — e êste
é Jesus Cristo.
Aduz o apóstolo mais três razões a favor da excelên- 20 — 28
cia do sacerdócio da nova lei sobre o da antiga, a saber :
1) o sacerdote antigo não era iniciado no seu múnus com so-
lene juramento — Jesus Cristo sim ; 2) os sacerdotes an-
tigos mudavam frequentemente, arrebatados pela morte
— ao passo que Jesus Cristo é sacerdote eterno e imortal;
3) os sacerdotes antigos tinham de oferecer sacrifícios tam-
bém por seus
sacerdote sem próprios
mácula. pecados — enquanto Jesus Cristo é

Depois de pôr em relevo a pessoa do sumo sacerdote 8


da nova lei, passa o apóstolo a encarecer a sublimidade do i — 5
seu múnus. Enquanto os sacerdotes levíticos exerciam as
suas funções no tabernáculo terrestre, Jesus Cristo as desem-
penha sem cessar no templo da celeste Jerusalém, apresen-
tando-se ao Pai celeste como Cordeiro imolado por nossos
pecados.
Desta excelência do sacerdócio de Cristo sobre o do 6 — 14
antigo testamento dá testemunho o próprio Deus, pro-
metendo estabelecer uma aliança nova, melhor que a antiga,
em que encontremos as verdadeiras relações entre Deus,
e os homens, bem como o perdão dos pecados, que o antigo
testamento não podia dar.

A separação que existia entre o santo e o santíssimo, 9


e, sobretudo, a inacessibilidade dest ultimo, indicava que 6—10
Deus
todos era inatingível
aqueles enquanto
sacrifícios vigorassenãoa lei
e abluções antiga. E'senão
efetuavam que
uma pureza levítica exterior, mas não uma reconciliação e
justificação interior do homem.
O sacerdote levítico entrava no santíssimo através- H— 14
sando o santo ; Jesus penetrou no santíssimo do Pai ce-
leste, não com o sangue de animais imolados, mas com o seu
próprfo sangue derramado na ara da cruz, operando uma
redenção de efeitos eternos. Êste sangue, longe de nos comu-
nicar apenas uma pureza ritual, purifica o homem interior
e realmente.
444 NOTAS — Hebreus 9, 15 — 11, 19

15—24 Quer no antigo quer no novo testamento era necessária


a efusão de sangue para a validade do pacto estabelecido ;
naqueles tempos, derramava o sacerdote o sangue dos ani-
mais ; agora derrama o sumo sacerdote o seu próprio snague.
Se aquelas vítimas e holocaustos testificavam o valor do
tabernáculo antigo, quanto mais sublime não deve ser o
tabernáculo novo, aspergido com o sangue do Cordeiro e
Deus !
25—28 De encontro aos sacrifícios levíticos que se repetiam
diáriamente, não necessita o sacrifício de Jesus Cristo de
ser reiterado ; do contrario devera têr-se sacrificado inú-
meras vezes desde o princípio do mundo. Do mesmo modo
que o homem morre uma só vez, assim também pôde Jesus
imolar-se por nós só uma única vez.
10 Já o antigo testamento indigitava a insuficiência dos
5—10 sacrifícios levíticos, representando o Messias em atitude
de oferecer o sacrifício de si mesmo, afim de alcançar aos
pecadores a redenção e a justificação interior.
L5 — 18 O único sacrifício da nova lei é o Calvário. Não con-
travém a esta verdade a doutrina da igreja sobre o sacrifício
da missa, uma vez que este sacrifício não é outro senão o da
cruz, mas apenas a representação e, até certo ponto, a reno-
vação mística do mesmo.
L9— 23 a morte na cruz rasgou o véu, isto é, o corpo de Cristo,
franqueando-nos, assim, o ingresso no santíssimo celeste e o
acesso ao trono de Deus. Tenhamos, pois, firme confiança
e aproximcmo-nos com fé sincera !
-4 — 31 Devem os cristãos animar-se reciprocamente pelo bom
exemplo, principalmente para comparecerem ás reuniões
religiosas ; e deve este zêlo crescer na medida que se apro-
xima o dia do juizo. Quem de caso pensado, apostatar de
Cristo e permanecer neste estado, já nenhum sacrifício
lhe poderá trazer salvação ; só terá de esperar os horrores
da morte e as penas eternas.
H Depois de frisar a necessidade da fé, expõe o apóstolo
i 2 ° conceito da mesma, ilustrando-o com exemplos bíblicos.
10 Demandava Abraão uma pátria permanente, a qual,
porém, não se encontra neste mundo transitório, senão no
mundo eterno, cujas portas lhe franqueou um descendente
seu, Jesús Cristo.
16 As saudades que o patriarca tinha da pátria celeste,
o fizeram agradável aos olhos de Deus, que lhe deu por pátria
eterna a celeste Jerusalém.
J-9 Isaac, que, por intervenção divina, foi preservado da
morte, é o protótipo do Messias que, pela virtude de Deus,
ressuscitou da morte.
NOTAS — Hebreus 11, 25 — 13, 13 445

A ignominia que Moisés sofreu pelo povo de Israel 25 — 26


é símbolo da que Jesus sofreu pela redenção do género hu-
mano, razão por que aquela vem com o nome de "ignomínia
de Cristo".
os períodosO espírito poderoso
principais de São dePaulo
da história Israelpassa de relance 3S— 38
: submeteram
reinos os juizes e Davi; fizeram triunfar a justiça, os juizes
e os reis ; receberam promessas Davi e os profetas ; fecha-
ram fauces de leões Sansão, Davi e Daniel ; entinguiram a
veemênciado fogo os três jovens na fornalha da Babilónia!
escaparam ao fio da espada Davi, Elias e Eliseu ; de fracos
se fizeram fortes Sansão e Ezequias ; mostraram-se heróis
na luta os juízes, Davi e os Macabeus ; receberam os seus
mortos, redivivos, a viúva de Sarepta e a Sunamítide ; mor-
reram mártires Eleázaro e os irmãos Macabeus com sua
mãe ; sofreu cadeias e cárceres Jeremias ; foi apedrejado
Zacarias; morto a espada Urias; andaram em peles de ove-
lhas e de cabras Elias e Eliseu ; vaguearam por montes e
desertos Elias e os fugitivos, no tempo dos Macabeus.
Os patriarcas não lograram ver o objeto dos seus 39 — 40
ardentes anelos, ao passo que em nossos dias apareceu o
suspirado Salvador do mundo. As bênçãos do tempo pre-
sentes redundam em benefício dos antepassados.

Deve êste exército de gloriosos heróis servir de estí- J2


mulo aos leitores para se desembaraçarem de tudo que en- x
fraquecê-los possa na fé.
Ervas venenosas são o vício e a heresia.
Se já o povo de Israel tinha de santificar-se prévia- 15
mente para poder receber o decálogo, no monte Sinai (Êx. 18 — 24
19, 10), quanto mais o deve a família cristã, afim de per-
tencer a uma aliança, cercada, não já de fenómenos terrí-
ficos, mas da serena majestade do amor de Jesus Cristo.
Os filhos da igreja são os primogénitos de Deus, purificados
pelo sangue de Cristo, que mais alto clama implorando
graça do que bradava por vingança o sangue do inocente
Abel.
Se tão severamente era castigada a desobediência ao 25 — 29
antigo testamento, quanto mais a apostasia da nova aliança !
Naquele tempo, falava Deus na terra, no Sinai, agora faz-se
ouvir desde as alturas do céu ; naquele tempo, a sua voz aba-
lava a terra, agora faz tremer o céu e a terra ; aquele teste-
munho era passageiro, êste é eterno.

Exorta os fiéis da Palestina a se lembrarem dos seus J3


diretores espirituais, de São Tiago, bispo de Jerusalém, 7—13
e de Santo Estêvão, que tinham morrido mártires da fé
446 NOTAS — Hebreus 13, 13

Quem dos altares judaicos espera a salvação, está excluí-


do do altar de Cristo. Segundo a lei mosaica, não era per-
mitido comer as carnes das vítimas imoladas no grande dia
da expiação nacional ; deviam elas ser queimadas fora do
arraial ou da comunidade israelítica — da mesma forma, foi
Jesús Cristo, verdadeira vítima expiatória, imolada fora das
portas da cidade. Quem, portanto, quiser aderir a Cristo,
terá que sair de Jerusalém, isto é, abandonar o judaísmo.
EPISTOLAS CATÓLICAS

As epístolas do novo testamento que não teem por


autor a São Paulo, mas algum outro apóstolo, se intitulam,
desde os primeiros
este nome tempos,destinadas
do fato de serem "epístolasa umcatólicas". Deriva
círculo de leitores
mais
e, de amplo,
fato, sãoouestas universal.
epístolas"Católico" quer dizer
cartas circulares, universal,
ou encíclicas,
como diríamos hoje. Verdade é que esta designação não
cabe, em toda a extensão, á segunda e terceira epístola de
São João ; mas o que decide é o cará ter da maior parte delas.
Além disto, apresentam esses escritos um conteúdo mais
geral, não se referindo a fatos particulares ; as circunstân-
cias de tempo e lugar desempenham papel muito secundário.
São, a bem dizer, tratados teológicos e escritos doutrinários.
A sucessão que estas cartas ocupam na Vulgata re-
monta ao século 4.°, na igreja oriental : Tiago ; 1 e 2 Pedro ;
1, 2 e 3 João ; Judas. A ordem apresentada pela igreja oci-
dental era diferente, a saber : 1 e 2 Pedro ; 1, 2 e 3 João ;
Tiago e Judas.
EPISTOLA DE SÃO TIAGO

Introdução

1. Tiago — cognominado Menor (ou Júnior) para


distingui-lo de Tiago Maior (ou Sénior), filho de Zebedeu e
Salomé — era filho de Alfeu, ou Cléofas (Mt 10, 3) e irmão
de Judas Tadeu (Jd v 1) ; sua mãe chamava-se Maria (Mt
27, 56) era
Tiago, e erapois,
"irmã",
parente(quer
de dizer
Nosso : Senhor,
parenta)pelo
da mãe
que éde chama-
Jesus.
do de preferência
Tiago Maior morrera "irmãomártir
do Senhor"
já no ano(Gl 42,
1, 19). Enquanto
gozava Tiago
Menor da mais alta consideração, nos trinta anos que se se-
da igrejaguiram á(Gl
ascensão
2, 9), dea par
Cristo. São Paulo
de Pedro lhe chama
e João. "coluna
Devia ele esse
prestígio em parte ao fato de ocupar o cargo de primeiro bispo
de Jerusalém e ser venerado como chefe espiritual de todos os
judeus cristãos ; em parte o devia á sua grande piedade,
que o fazia estimadíssimo de cristãos e judeus, granjeando-lhe
oreligiosa,
nome de sucumbindo
"justo". Masvítima nem por
de isso
um escapou á perseguição
motim popular, pelo
ano 62. A igreja lhe celebra a memória no dia 1.° de maio.

2. São Tiago dedica a sua epístola "ás doze tribus


e não os judeus (1,1).
na dispersão" Entende-se
incrédulos ; pois ocomapóstolo
isto os chama
judeu-cristãos,
os leito-
res muitas vezes de irmãos na mesma fé. As palavras "na
dispersão",
do, todavia,parecem aludirqueaosa judeus
impossível palestinenses,
expressão não sen-
se deva tomar em
sentido figurado, designando os fiéis disseminados no meio dos
incrédulos (cf. 1 Pd 1, 1). De maneira que poderíamos
considerar como destinatários da epístola as igrejas judeu-
cristãs da Palestina e países limítrofes. Existiam, nessas cris-
tandades, diversos males e inconvenientes morais, como
fossem : a falta de fé viva e duma paciente resignação nos
sofrimentos, o espírito de maledicência, etc. Assim que o
pastor de Jerusalém soube deste estado de coisas, julgou
dever da sua solicitude pastoral dirigir aos fiéis uma carta
circular para debelar êsses males.
3. Não é fácil precisar o tempo em que foi composta
a presente carta. Em vista da respeitável difusão do evan-
449
Tiago — Introdução

gelho que ela supõe, e das aberrações religiosas e morais já


existentes, parece provável que tenha sido escrita antes do
ano 48.
4. Desde o principio, a igreja reconheceu canónica
esta epístola. Já a citavam São Clemente Romano e o
"Pastor deindícios
aparecem Hermas".
que dãoNocomo
próprio
autor corpo do documento
a são Tiago ; exorta,
ordena, previne e repreende em têrmos tais que supõem uma
autoridade extraordinária e uma posição bem elevada. Os
preceitos morais da carta são bem um reflexo do espírito de
Tiago, o "justo", e a insistente recomendação da oração
(1, 5-9; 4, 2, 3 ; 5, 16, 17) corresponde perfeitamente ao
zêlo com que o apóstolo cultivava a união com Deus.
EPISTOLA DE SÃO TIAGO

Tiago,

1 servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, apresenta sauda-


ções ás doze tribus na dispersão.
Sabedoria celeste
2 Alegria no sofrimento. Meus irmãos, tende por
motivo de pura alegria sofrer toda a sorte de provações ;
3 porquanto sabeis que a fé, quando genuína, produz a paciên-
£ cia ; a paciência, porém, leva á perfeição. Assim é que se-
reis perfeitos, irrepreensiveis e sem falta.
5 Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus, que dá a todos com largueza e sem palavras ásperas ;
6 e ser-lhe-á concedida. Mas peça com fé e sem admitir du-
vida alguma. Quem duvida assemelha-se á onda do mar
7 agitada pelo vento e levada de cá para lá. Não pense, pois,
s esse homem que receberá alguma coisa do Senhor. O homem
de duas almas é inconstante em todos os seus caminhos.
9 Desprezo do mundo. O irmão de condição humilde
10 glorie-se da sua dignidade ; o rico, porém, da sua insignifi-
2 1 cancia, porque passará como a flor do campo : desponta o sol
com seus ardores e cresta o capim, cai-lhe a flor e perece a lou-
çanía do seu aspeto. Da mesma forma, há de o rico defi-
12 nhar nos seus caminhos. Bem-aventurado o homem que su-
porta aprovação ! Depois de comprovado, receberá a coroa
da vida, que Deus prometeu aos que o amam.
13 Ninguém, quando tentado, diga que é Deus que o
tenta. Pois Deus não é tentado para o mal, nem ele mesmo
14 tenta pessoa alguma. Não, cada qual, quando tentado, é
15 aliciado e seduzido pela própria concupiscência. A concu-
picência, depois de conceber, gera o pecado ; e o pecado, uma
16 vez consumado, produz a morte. Não vos iludais, irmãos
17 meus carissimos : lá do alto, do Pai das luzes, só vem coisa
boa, só vem dom perfeito ; nele não há mudança nem sombra
18 de vicissitude. De livre vontade nos chamou ele á vida
pela palavra da verdade, para que fôssemos como que as
primícias das suas criaturas,
Tiago 1, 19 — 2, 14 451

Cristianismo ativo. Sabei, irmãos caríssimos, que 12


todo o homem deve ser pronto para ouvir, ponderado no falar
e moroso em se irar ; porque na ira o homem não faz o que é 20
justo aos olhos de Deus. Pelo que, despojai-vcs de toda a 21
impureza e de todas as relíquias do mal, e acolhei com docili-
dade a palavra que vos foi implantada e que pode salvar
as vossas almas. Sede cumpridores da palavra, e não apenas 22
ouvintes, enganando- vos a vós mesmos. Pois, quem é só- 23
mente ouvinte da palavra, e não cumpridor, parece-se com um
homem que contempla ao espelho as suas feições naturais ;
mas, depois de as contemplar, vai-se embora — e para logo 24
se esquece como é que era. Quem, pelo contrário, contempla 25
atentamente a lei perfeita da liberdade e nela se aprofunda
— não á guisa de ouvinte esquecediço, mas, sim, como exe-
cutor da obra — este é que será bem-aventurado no que fizer.
Se alguém se tem em conta de piedoso, mas não re- 26
freia a sua língua, ilude o seu próprio coração. A piedade pura 27
e sem mancha aos olhos de Deus Pai está em socorrer os ór-
fãos e as viúvas nas suas aflições, e conservar-se imune da
corrupção do mundo.
Imparcialidade. Meus irmãos, conservai isenta de 2
parcialidade a fé que tendes em nosso tão glorioso Senhor
Jesus Cristo. Entra na vossa reunião um homem com uns 2
anéis de ouro e ricamente vestido, e outro pobre, com vestes
imundas; e vós só atendeis ao que está ricamente vestido e lhe 3
dizeis: Senta-te aqui no lugar cómodo ; e dizeis ao pobre : 4
Fica-te aí em pé ; ou : Senta-te cá em baixo ao escabêlo
dos meus pés — não duvidais, porventura, lá convosco e
julgais segurido princípios impios ? Escutai, irmãos meus 5
caríssimos : acaso n|ão escolheu Deus precisamente os po-
bres aos olhos do mundo para os fazer ricos na fé e herdei-
ros do reino que prometeu aos que o amam ? Vós, porém, 6
tratais com desprezo o pobre. E não são os ricos que vos opri-
mem e vos arrastam aos tribunais ? Não são êles que ultra- 7
jam o nome excelso que professais ?
Se, todavia, observardes o preceito régio, consoante 8
aentão,
escritura sim, :procedeis
"Amaráscorretamente.
a teu próximoSe, como a ti mesmo",
pelo contrário, vos 9
guiardes pelo espírito de parcialidade, cometeis pecado, e a
lei vos declara transgressores. Quem observa toda a lei, mas 10
falta em um ponto, é réu do todo. Porque o mesmo que
disse : "Não cometerás adultério", também disse : "Não n
matarás".
porém matares, Se, por conseguinte,da não
és transgressor lei. cometeres
Portai-vos,adultério,
pois, de 12
tal maneira em palavras e obras como quem é responsável
em face da lei e da liberdade. Será julgado sem miseri- 13
córdia quem não usou de misericórdia ; a misericórdia, po-
rém, triunfe sobre o juízo.
Boas obras. De que serve, irmãos meus, dizer al- 14
guém que tem fé, quando não tem obras ? Poderá, porventura,
452 Tiago 2, 15 — 3, 12

15 a fé saivá-Io ? Se um irmão ou uma irmã estiverem com falta


de roupa ou do sustento quotidiano, e alguém de vós lhes
13 disser : "Ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos !" mas não lhes
derdes o que hão mister para a vida — de que servirá isto ?
17 Omorta.
mesmo se dá com a fé : se não tiver obras, por si só está
IS Entretanto, dirá alguém : "Tu tens a fé, e eu tenho
10 as obras".
trarei pelas Mostra-me a tua fé
obras a minha fé.semTu obras, que há
crês que eu te
um demons-
Deus ?
Muito bem. Mas também os demónios crêem — e tremem.
20 Queres convencer-te, ó homem insensato, de que a
21 fé sem as obras é sem valor ? Não foi nosso pai Abraão
justificado pelas obras, quando colocou sobre o altar seu
22 filho Isaac ? A fé, como vês, apenas cooperava com as obras,
23 mas só pelas obras é que se tornou perfeita a fé. Dest'arte
se cumpriu a escritura, que diz ; "Abraão creu em Deus,
e isto lhe foi imputado para justificação", e foi chamado
24 "amigo de pelas
25 justificado Deus". obras,
Vêdes, por somente
e não conseguinte,
pela que
fé. oEhomem
não foié
também a meretriz Raab justificada pelas obras, quando
acolheu os exploradores e os fêz sair por outro caminho ?
26 Assim, como o corpo sem a alma está morto, assim também
a fé sem as obras está morta.
3 Cautela no falar. Meus irmãos, não vos arvoreis
muito em mestres, certos de que seremos julgados tanto mais
2 severamente ; pois que todos caímos em mui tas faltas. Quem
não comete falta no falar é homem perfeito e capaz dum com-
3 pleto domínio sobre si mesmo. Aos cavalos metemos-lhes
um freio na boca para que nos obedeçam, e com êle governa-
4 mos todo o animal. Vêde, os navios, por maiores que sejam
e agitados de veementes tempestades, com um pequeno leme
5 se voltam para onde o piloto os dirige. Assim também
a língua não passa dum membro pequenino ; mas ufana-se
de grandes coisas.
Reparai como um fogo insignificante incendia uma
6 grande floresta. Também a língua é um fogo — um mundo
de iniquidade ! A língua prova-se entre os nossos membros
como um poder que mancha todo o corpo e, inflamado pelo
7 inferno, põe em chamas todo o curso da nossa vida. Toda
a sorte de féras, aves, reptis e animais aquáticos, sabe-os
o homem dominar, e tem-nos dominado; mas a língua ne-
8 nhum homem a pode dominar ; êsse mal irrequieto, cheio
de veneno mortífero.
9 Com ela bendizemos a Nosso Senhor e Pai, e com ela
10 maldizemos os homens, feitos á imagem de Deus. Da mesma
boca sai a bênção e a maldição. Não convém, meus irmãos,
11 que assim seja. Será que uma fonte deita água doce e água
12 amarga pela mesma bica ? Meus irmãos, pode acaso uma fi-
7 — outros animais
Tiago 3, 13 — 4, 14 453

gueira produzir olivasl ou uma videira, figos ? Nem tão pou-


co pode uma nascente de água salgada fornecer água doce.
Sabedoria terrestre 18
14
Discórdia. Quem dentre vós é sábio e inteligente ?
Pois, que dê provas por uma vida virtuosa de que ás suas 15
obras preside uma sabedoria suave. Mas, se abrigardes no
coração ciúmes acerbos e espírito de discórdia, não vos gló- 16
rieis falsamente, em contradição com a verdade Não é esta 1?
a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, sensual, diabó-
lica mesmo. Onde reinam ciúmes e discórdias aí há des-
ordem etoda a espécie de maldade. A sabedoria, porém, 18
que vem do alto é, antes de tudo, pura, como também pacífica,
modesta, dócil, cheia de misericórdia e de bons frutos, im-
parcial, avessa á hipocrisia. Em paz é semeado o fruto da 4
justiça pelos amigos da paz.
Cobiça. Donde veem as inimizades e as contendas 2
entre vós ? Donde senão das concupiscências que pelejam na
vossa carne ? Cobiçais alguma coisa — e não a conseguis.
Cometeis homicidio, cedeis á inveja, aos ciúmes — e não o 3
podeis alcançar. Pleiteais e lutais por algo-e ficais sem ele.
E' que não orais. Orais por alguma coisa, e não a recebeis,
porque orais mal. Quereis empregá-la nas vossas paixões. 4
Espírito mundano. Adúlteros ! não sabeis que a
amizade do mundo é inimizade com Deus ? Quem quiser
ser amigo do mundo constitue-se inimigo de Deus. Acaso 5
pensais que a escritura diz em vão : "Com amor zeloso
anseia
tanto maior Deus épelo espírito
a graça que que
ele em
dá. nós
Porfezissohabitar" ? Mas
é que se diz : 6
"Deus resiste aos soberbos, aos humildes, porém, dá a graça". 7
Submetei-vos, pois, a Deus ; resisti ao demónio, e êle fugirá 8
de vós. Aproximai-vos de Deus, e êle se aproximará de
vós. Limpai as mãos, pecadores, e purificai o coração, ho- 9
mens de duas almas. Compenetrai-vos da vossa miséria,
cobrí-vos de luto e chorai. Torne-se em pranto o vosso 10
riso, e em tristeza a vossa alegria. Humilhai-vos aos olhos
do Senhor, e êle vos exaltará.
Descaridade. Meus irmãos, não faleis mal uns dos
outros. Quem fala mal de seu irmão, ou quem julga a seu
irmão, diz mal da lei e julga a lei. Ora, se julgas a lei não
és observador da lei, mas antes te arvoras em juiz da mesma. 12
Entretanto, um só é o legislador, um só o juiz : é aquele que
tem o poder de salvar e de perder. Mas, quem és tu que te
arvoras em juiz do próximo ?

je, ou Planos
amanhã temerários.
vamos a estaAtenção, vós que
ou àquela dizeise :lá "Ho-
cidade, pas- 13
saremos um ano, a negociar e ganhar dinheiro" e, no entanto, 14
12 — uvas
17 — dócil, acessível ao bem,
Tiago 4, 15 — o, 16

15 nem sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida ?


Um sopro sois vós, que é visivel por uns momentos — e de-
pois se desvanece ! Em vez disto dizei antes : "Se o Senhor
16
17 contrário,viveremos
quiser, vos gloriaise defaremos isto ou aquilo".
vossa jactância. Toda essa Vós, pelo
jactância
é má. Quem pode fazer o bem, e deixa de o fazer, comete
pecado.
5 Escravidão das riquezas. Eia, vós que sois ricos,
chorai e pranteai as calamidades que vos sobrevirão ! Apo-
2 drecerão as vossas riquezas, e os vossos vestidos serão carco-
3 midos das traças ; corrompe-se o vosso ouro e a vossa prata,
e a corrupção dará testemunho contra vós, devorando-vos as
carnes como o fogo. Ainda nos últimos dias acumulastes
•1 tesouros. Eis que o salário que injustamente recusastes aos
trabalhadores que ceifaram os vossos campos está a bradar
em altas vozes ; e o clamor dos ceifeiros chegou ao ouvido
5 do Senhor dos exércitos. Tendes vivido sobre a terra em
banquetes e vos cevastes ainda no dia da matança ; conde-
6 nastes e assassinastes o justo, sem que êle vos opusesse re-
sistência.
RECOMENDAÇÕES FINAIS
Exortação á paciência. Esperai, pois, com paciên-
cia, meus irmãos, até que apareça o Senhor. Vêde como o
lavrador fica á espera do precioso fruto da terra, aguardando
com paciência que ela receba as primeiras e as últimas chuvas.
8 Da mesma forma, tende também vós paciência. Tende cora-
9 ção forte ! Aproxima-se a vinda do Senhor. Não vos quei-
xeis, irmãos, uns dos outros, para que não sejais julgados.
1° Eis que o juiz está á porta ! Meus irmãos, tomai por modelos
de sofrimento e paciência os profetas, que falaram em nome
11 do Senhor. Eis que chamamos bem-aventurados os que su-
portam os sofrimentos. Ouvistes falar da paciência de Jó,
e sabeis a que fim o Senhor o levou. Pois o Senhor é cheio
de misericórdia e de compaixão.
12 Antes de tudo, meus irmãos, não jureis nem pelo
céu, nem pela terra, nem façais juramento algum. O vosso
sim seja sim, e o vosso não seja não ; senão, caíreis réus do
juizo.
13 Oração perseverante. Há entre vós quem sofra ?
14 Recorra á oração. Vai bem ? Cante louvores. Há entre
vós algum enfêrmo ? Mande chamar os presbíteros da igreja,
que orem sobre êle, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
15 E a oração da fé salvará o enfêrmo, e o Senhor lhe dará alívio ;
16 e, se tiver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai,
pois, os pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para
que encontreis saúde ; porque é de grande valor a oração
4 — tesouros de ira.
Tiago 5, 17 — 20 455

perseverante do justo. Elias era homem igual a nós ; en-


tretanto, orou com instância para que não chovesse — e
por espaço de três anos e seis meses não mais caiu chuva
sobre o país. Tornou a orar — e o céu deu chuva, e a terra
produziu o seu fruto.
Meus irmãos, se algum de vós converter á verdade
a quem dela aberrou, saiba que aquele que reconduzir dos
seus desvarios um pecador salva da morte a alma dele e faz
desaparecer numerosos pecados.

NOTAS EXPLICATIVAS
Isto é, a sabedoria prática, que norteia e aquilata
todos os atos da vida pelo fim último.
O cristão, embora pobre, tem motivos de ufania em
atenção á sua dignidade de filho de Deus ; o rico não deixe
de considerar a vaidade de todas as coisas terrenas e a própria
fragilidade moral.
Compara o apóstolo a concupiscência com uma mu-
lher perversa que alicia o homem ; o fruto dessa união é o
pecado, que, não retratado leva á morte eterna.
Concedeu-nos Deus a graça inestimável da regenera-
ção espiritual, mediante o evangelho, constituindo-nos,
assim, primícias do seu reino.
O evangelho é a lei da liberdade, porque foi dado
para os livres filhos de Deus, e não para os esscravos do pe-
cado ; elimina da alma os sentimentos mesquinhos, en-
chendo-a de grandes ideais.
Preferir os ricos aos pobres não se coaduna com o
espírito do evangelho.
Só a fé vivificada pelas obras é que conduz á salvação,
como entre outros mostra o exemplo de Abraão e o de Raab.
Não convém dar, a cada passo, prescrições a outrem,
que isto só aumenta a nossa responsabilidade.
Quem sabe dominar a língua dá a entender que se
esforça lealmente por levar uma vida cristã e tender á per-
feição.
Lendo que deus estabelecera pacto sagrado com o
povo de Israel, equivale a aliança com o mundo pagão a uma
espécie
tamento.de adultério. E' esta a terminologia do antigo tes-
Deus quer a alma humana tôdaApara si, e não repar-
tida entre o Criador e as criaturas. Cf. Êx. 20, 5 ; Is 63, 8-lò.
Como o gado destinado ao matadouro come tranqui-
lamente, sem nada suspeitar, assim folgam os mundanos,
sem se lembrar da morte iminente.
O dia do juizo vem perto, porque para Deus mil anos
são como um dia (2 Pd 3, 8).
PRIMEIRA EPISTOLA DE PEDRO

Introdução

1. O chefe dos apóstolos, Pedro — antigamente


Simão, ou Simeão (At 15, 14; 2 Pd 1, 1) — era filho de um tal
João, ou Jonas, natural de Betsaida, sobre o lago de Genesaré
(Jo 1, 42-44). Foi apresentado a Jesus por seu irmão André,
e(ou:
o divino
Kefa),que Mestre
querlhedizer
impôs
pedrao significativo
(J o 1, 42; Msnome
3, 16;deLc"Cefas"
6, 14).
Já em vida ocupava Pedro o primeiro lugar entre os apóstolos.
Depois da sua ressurreição, conferiu-lhe Jesus o primado
sobre a sua igreja, poder esse que são Pedro começou a exer-
cer logo depois da ascensão do Senhor. A princípio pregou o
evangelho em Jerusalém e na Palestina ; mais tarde em
Roma, aonde foi, provavelmente, logo depois de libertado do
cárcere de Jerusalém. Entretanto, não residia permanente-
mente na capital do império, tanto assim que assistiu ao con-
cilio dos apóstolos em Jerusalém (At 15) ; pouco depois o
encontramos em Antioquia (Gl 2, 11-14). Morreu mártir, tal-
tez no ano 67, em Roma.
2. A autenticidade da epístola vem abonada pelos
escritores cristãos mais antigos. Eusébio a inclue no rol dos
livros sacros universalmente aceitos. Com isto concorda
também o conteúdo da carta. O perfil que da personalidade
de Pedro nos dão os livros históricos do novo testamento
coincide perfeitamente com o que temos nêste escrito ; as
mesmas idéias e doutrinas que, segundo os Atos dos Após-
tolos, caraterizam a Simão Pedro, encontramo-las também
nesta epístola.
3. A ocasião externa que lhe deu origem foi a si-
tuação aflitiva e critica em que se achavam as cristandades
da Asia-Menor, em face da hostilidade do ambiente pagão.
A profissão do cristianismo levantava como que uma barreira
entre os neófitos e seus conterrâneos gentios. R,essentiam-se
êsses últimos da separação e tomavam para com os converti-
dos uma atitude infensa, que, não raro, se manifestava em
calúnias e perseguições (2, 12, 19. 20; 3, 14. 17;4. 4. 12).
Acarretava êsse estado de coisas para os neófitos, duplo perigo,
a saber : o de se verem tentados a opor resistência ativa aos
adversários, ou o de cairem vítimas de desânimo e tornarem
1 Pedro — Introdução 457

a fazer causa comum com o meio mundano que os cercava.


Pelo que se resolveu o chefe dos apóstolos a inculcar aos lei-
tores da sua missiva que o cristianismo é a religião verdadeira,
não obstante as dores e as perseguições que a êle se prendem.
Exorta-os a levarem uma vida genuinamente cristã (5, 12).
4. Como lugar de origem vem designada Babilónia
(5, 13). Mas é certo que com este nome não se entende a
metrópole ás margens do Eufrates, senão a cidade do Tibre.
Não somente o Apocalipse (14, 8), mas também diversos es-
critores judaicos, bem como os livros sibilinos do primeiro
século designam a cidade de Roma com o apelido de Babi-
lónia. Quanto ao tempo da composição, faz a epístola supor
uma larga difusão do evangelho, o que só era possível após
a atividade
desta cidade de(anoSão59). PauloEm emtodo
E'feso e depois
o caso, teve adacarta
sua partida
origem
antes do ano 64, quando rompeu a perseguição religiosa de-
baixo de nolenta
Nero,tragédia.
porque não faz menção alguma dessa sangui-
PRIMEIRA EPISTOLA DE SÃO PEDRO
Pedro,

1 apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos peregrinos dispersos no


Ponto, na Galácia, na Capadócia, na Asia e Bitinia, e que,
2 segundo os designios de Deus Pai e pela santificação do Es-
pírito, são destinados á obediência e á aspersão do sangue de
Jesus Cristo.
A graça e a paz vos sejam dadas abundantes.
3 Exaltação de Deus. Bendito seja Deus, Pai de
nosso Senhor J esús Cristo, que, segundo a sua grande mise-
ricórdia, nos regenerou, pela ressurreição de Jesus Cristo
dentre os mortos, para uma esperança viva, para uma heran-
4 ça imortal, imaculada, imarcescivel, que nos está reservada
6 afim
no céu. E' o poder de
de alcançardes Deus quequevosnoguarda,
a salvação, fim dosmediante
tempos sea há
fé,
6 de manifestar. Então exultareis, ainda que agora, se preciso
for, por pouco tempo, tenhais de passar por várias provações.
7 Com isto se há de comprovar a vossa fé. tornando-se mais
preciosa que o ouro perecível acrisolado ao fogo, para lou-
vor, glória e honra vossa, á revelação de Jesus Cristo. Vós
8 o amais, embora não o tenhais visto. Nêle credes, ainda
que não o tenhais diante dos olhos. Pelo que gozareis duma
p inefável e gloriosa alegria, quando tiverdes atingido o alvo
10 da vossa fé : a salvação da alma. Salvação esta, que já os
profetas procuravam e investigavam, vaticinando a respeito
11 da graça que se vos comunicou. Investigavam qual o tempo
e quais as circunstâncias a que aludia o espírito de Cristo que
os animava, quando predizia a paixão e a futura glória de
12 Cristo. Revelou-se-lhes que não serviam ao interesse pró-
prio, mas a vós, com a mensagem que os arautos do evangelho
vos comunicam agora pela virtude do Espírito Santo enviado
do céu — coisas que os próprios anjos desejam contemplar.
Normas da vida cristã
13 Vida santa. Cingi-vos, pois, em espirito ; sede só-
brios eponde toda a vossa esperança na graça que vos será
14 comunicada quando Jesus Cristo se revelar. Como filhos
15 obedientes, não mais vos guieis pelos vossos apetites, como
outrora, quando ignorantes ; mas sede santos em todo o
7 — curo
1 Pedro 1, 16 — 2, 10 459

vosso procedimento, como é santo aquele que vos chamou ; 16


li» porquanto
Se invocais está comoescrito
Pai :aquele
"Sede que,
santos,
semporque
acepçãoeu sou santo".
de pessoas, 17
44 julga a cada um segundo as suas obras, vivei êm temor sa-
lutar durante este período da vossa peregrinação. Bem sa- 18
beis que não foi com valores caducos, como ouro e prata,
que fostes resgatados da vossa vida frívola, que herdastes
dos pais ; mas, sim, pelo sangue precioso de Jesus Cristo, lít
cordeiro sem mancha nem defeito. — Já antes da criação do 20
mundo fora para isto escolhido, porém não apareceu senão
nos últimos tempos por causa de vós. Por ele é que alcanças- 21
tes a fé em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos e o glo-
rificou ; de sorte que a vossa fé é também esperança em
Deus.

Amor do próximo. Purificai as vossas almas pela 22


obediência à verdade, em sincera fraternidade, amando-vos
intimamente uns aos outros; pois que renascestes, não de se- 23
mente corruptivel, mas incorruptível, pela palavra de Deus,
que
pim, é eviva
todae aeterna, ao passo
sua glória comoquea flor
"todade a campo
carne é: como o ca-o
murcha 24
10,8 capim e perece a flor — a palavra do Senhor, porém, perma- 2»
nece eternamente".
Esta palavra é a que no evangelho vos foi anunciada. 2
Despojai-vos, pois, de toda a malicia, de toda a astúcia,
hipocrisia, inveja, e de todo o espírito de calúnia.
União com Jesus Cristo. Como crianças recém- 2
nascidas, apetecei o puro leite espiritual, que vos faça cres-
cer para a salvação; porquanto já saboreastes quão suave é o 3
Senhor.
Aderi a ele, pedra viva rejeitada pelos homens, mas 4
por Deus escolhida e elevada a honras. Como pedras vivas 5
fazei-vos edificar num templo espiritual, num sacerdócio
santo, oferecendo por Jesús Cristo sacrifícios espirituais e
;8, agradáveis a Deus. Diz por isso a escritura : "Eis que lanço 6
6 em Sião uma pedra angular, escolhida, magnifica; quem nela
crer não será confundido".
yj,7,
para osA descrentes
vós, crentes,se étornou que caberá a honraque; os
ele a pedra ao arquitetos
passo que 7
rejeitaram. Esta é que foi colocada como pedra angular,
vindoobedecem
não a ser a "pedra de tropeço,
á palavra por isso pedra
é que denela
queda". Porque
tropeçam ; é s
este o deu destino. Vós, porém, sois a geração eleita, o sa- 9
cerdócio régio, a nação santa, o povo conquistado. Vós é
que deveis apregoar as grandezas daquele que das trevas vos
chamou à sua luz admirável ; vós, que outrora éreis a nega- 10
ção de um povo, já agora sois o povo de Deus ; outrora des-
graçados, sois agora agraciados.
22 — caridade
460 1 Pedro 2, 11 — 3, 7

11 Deveres para com a autoridade. Caríssimos, rogo-


vos, que como hóspedes e peregrinos, vos abstenhais dos
12 apetites carnais, que pelejam contra a alma. Levai conduta
irrepreensivel no meio dos gentios, para que mesmo aqueles
que vos caluniam como malfeitores, vejam as vossas boas
obras e glorifiquem a Deus no dia em que vos visitar.
13 Submetei-vos a toda a autoridade humana por causa
14 do Senhor, quer seja ao rei como a soberano, quer seja aos
governadores que por ordem dele castigam os malfeitores
15 e louvam os bons. Porque é vontade de Deus que pela prá-
tica do bem façais emudecer os homens ignorantes e sem cri-
16 tério. Sois livres, sim, porém não para fazerdes da liberdade
17 um pretexto de malícia, mas como servos de Deus. Honrai
a todos, amai os irmãos, temei a Deus, respeitai o rei.
IS Deveres dos escravos. Escravos, sede submissos
aos vossos senhores com todo o temor ; não somente aos bons
13 e moderados, como também aos de mau génio. Pois é agra-
20 davel a Deus suportardes as aflições e injustiças, com o pen-
samento em Deus. Que glória seria essa, se por vossos peca-
dos sofrêsseis maus tratos ? Se, ao envez disso, passais afli-
ções apesar de praticardes o bem, isto, sim, que é agradável
21 aos olhos de Deus. Pois, a isto é que fostes chamados; porque
também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo,
22 para que lhe sigais as pègadas — êle, que não cometeu pe-
cado, nem se encontrou falsidade em sua boca quando inju-
23 riado, não injuriava, e, sofrendo, não ameaçava ; mas en-
24 tregou tudo ao justo juiz. Levou em seu corpo os nossos
pecados sobre o madeiro, afim de que nós, mortos para o
pecado, vivêssemos para a justiça. Por suas chagas é que
25 fostes curados. Andáveis como ovelhas desgarradas ; agora
porém, voltastes ao pastor e guarda das vossas almas.
3 Deveres dos casados. Da mesma forma, também
vós mulheres, sede submissas aos vossos maridos. Assim, os
que ainda não obedecem á palavra serão ganhos mesmo sem
palavra, pela conduta das mulheres, á vista da vossa vida
2 pura e timorata. Não consista o vosso adorno em exteriori-
3 dades, em cabeleiras, adereços de ouro ou luxo de vestuário.
4 O que tem valor aos olhos de Deus é tão somente o homem
oculto e interior com o seu espírito invariavelmente pacífico
5 e modesto. Assim se adornavam antigamente, as santas
mulheres que punham em Deus a sua esperança e eram sub-
6 missas a seus maridos. Assim obedecia Sara a Abraão, cha-
mando-lhe
bem e não vos ' 'senhor".
deixardesVósintimidar
sois filhas
por delas,
ameaçase praticardes
alguma. o
7 Da mesma forma, também vós, maridos, procedei
razoavelmente no trato com as vossas mulheres, como sendo
a parte mais fraca ; trata-as com respeito, porque são con-
que vosvoscoestorveherdeiras dana graça
oração.da vida. Dest'arte não haverá o
23 — injusto
1 Pedro 3, 8 — 4, 5 461

Espírito pacífico. Sede, finalmente, todos unâni- 8


mes, cheios de compaixão e caridade fraterna, misericórdia,
humildade. Não retribuais mal com mal, nem injúria com 9
injúria. Antes pelo contrário, espargi bênçãos ; pois, a isto
é que fostes chamados : para herdardes a bênção. Porquanto, 10
quem quiser viver vida contente e ver dias felizes, refreie a
sua lingua do mal, e os seus lábios não profiram falsidade ;
fuja do mal e pratique o bem, procure a paz e trabalhe por n
alcançá-la. Os olhos do Senhor contemplam os justos, e seus 12
ouvidos lhes atendem as súplicas ; contra os malfeitores, po-
rém, se volta o rosto irado do Senhor".
Motivos da vida e do sofrimento cristão
A paixão de Cristo. Quem vos faria mal, se sois 13
zelosos pelo bem ? Felizes de vós, se tiverdes de padecer 14
por causa da justiça ! Não vos intimideis com ameaças
nem percais o sossego. Guardai santamente em vossos cora- 15
ções a Cristo Senhor, sempre prontos a satisfazer com bran-
dura, respeito e boa conciência, a todo o homem que vos pe-
dir razões da esperança que vos anima ; para que se confun- 16
dam os que caluniam a vossa vida honesta em Cristo. Sem-
pre é melhor sofrer, se Deus quiser, por praticar o bem do 17
que por fazer o mal.
Também Cristo morreu uma vez pelos pecados — 18
ele, o justo, pelos injustos — para vos cortdúzir a Deus.
Sofreu a morte segundo a carne, mas foi ressuscitado á vida
segundo o espírito. E assim foi levar a sua mensagem ás al-
mas detidas no cárcere, que tinham sido descrentes nos dias 20
de Noé, quando Deus esperava com paciência enquanto se
fabricava a arca, na qual só uns poucos, isto é, oito pessoas,
se salvaram através das águas. O antítipo disto, o batismo, 21
é que vos salva. Não consiste numa purificação corporal,
mas em implorar a Deus uma boa conciência, em virtude da
ressurreição de Jesús Cristo, Ele subiu ao céu e está sentado 22
á direita tde estades e asDeus, onde lhe estão submissos os anjos, as po-
virtudes.
Nossa morte com Cristo. Sendo, pois, que Cristo 4
padeceu segundo a carne, armai-vos também vós do mesmo
pensamento ; porque, quem sofre segundo a carne renunciou
ao pecado. No resto da sua vida corporal não mais servirá 2
ás paixões humanas, mas á vontade de Deus. Bastante
tempo satisfizestes, outrora, a vontade aos gentios, vivendo 3
em luxúrias, volúpias, bacanais, glutonerias, bebedeiras e
pecaminosa idolatria. Estranham êles agora que já não 4
lhes façais companhia nas desordens dessa vida desbragada,
pelo que vos cobrem de injúrias. Mas hão de dar contas 5
20 — contavam com a paciência de Deus
21 — Ele,
eterna,depois de dorrotar a morte, para nos fazer herdeiros da vida
1 Pedro 4, 6 — 5, 8

aquele que está pronto para julgar os vivos e os mortos.


6 Por isso é que também aos mortos foi anunciado o evangelho,
para que, julgados embora segundo a carne, como homens,
não deixem de viver em espírito, pela virtude de Deus.
7 O juizo. Aproxima-se o fim de todas as coisas.
8 Andai, pois, com prudência e vigiai em oração. Antes de tudo,
amai-vos intimamente uns aos outros, porque a caridade en-
9 cobre a multidão dos pecados. Sede hospitaleiros uns para
10 com os outros, sem nenhuma murmuração. Prestai-vos
serviços mútuos conforme os dons da graça que cada um re-
cebeu ;assim vos mostrareis bons administradores da graça
11 multiforme de Deus. Quem possue o dom de falar proponha
a palavra de Deus ; quem exerce algum cargo desempenhe-o
com a virtude que Deus concede, para que em todas as coisas
seja Deus glorificado, por Jesus Cristo, a quem compete a
glória e o poder, pelos séculos dos séculos. Amen.
12 Caríssimos, não estranheis quando vos ameaçarem
chamas de fogo — é pela vossa comprovação. Nada de ex-
13 traordinário vos acontece. Alegrai-vos antes de terdes parte
na paixão de Cristo, para que também á manifestação da sua
14 glória possais alegrar- vos e exultar. Bem-aventurados de
vós, se vos ultrajarem por causa do nome de Cristo ! Assim
repousará sobre vós o espírito da glória, o espírito de Deus.
15 Nenhum de vós sofra como sendo homicida, ladrão, malfeitor,
16 ou desordeiro. Mas, se alguém sofre por ser cristão, não se
envergonhe disto ; antes glorifique a Deus por causa deste
n de
nome.
Deus. E' Mas, chegado o tempo de
se principiar por principiar o juizo
nós, que fim levarãopela casa
aqueles
IS que desobedecem ao evangelho de Deus ? Se mal se salva o
19 justo, onde irá parar o ímpio, o pecador ? Por isso, os que
sofrem conforme a vontade de Deus recomendem a sua alma
ao Criador fiel, mediante uma vida virtuosa.
5 Perspectiva da glória celeste. Aos anciãos dentre
vós rogo, eu, ancião também e testemunha da paixão de
Cristo, como também sócio da glória que se há de revelar :
2 Apascentai o rebanho que Deus tem no meio de vós, não cons-
trangidos, mas espontaneamente, como Deus o quer ; não
3 por sórdida ganância, mas, sim, por amor ; não sejais como
senhores da comunidade, mas sede modelos para o rebanho.
4 Quando aparecer o Pastor supremo, recebereis imarcescivel
5 coroa de glória. E vós, os mais novos, submetei-vos aos
mais velhos. Revesti-vos todos de humildade, no trato uns
com os outros ; porque Deus resiste aos soberbos, ao passo
6 que aos humildes dá a sua graça. Humilhai-vos, pois, sob a
poderosa mão de Deus, para que, em tempo propicio, vos
7 eleve. Lançai nele todas as vossas solicitudes, porque ele
8 tem cuidado de vós. Sede sóbrios e vigilantes. O demónio,
vosso adversário, anda em derredor como leão a rugir, pro-
3 — rebanho, e de coração.
1 Pedro 5, 9 — 13 463

curando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé, cientes 9


que vossos irmãos, lá fora no mundo, passam por idênticos
sofrimentos.
O Deus de toda a graça, que por Cristo vos chamou á 10
sua glória, ao termo de breves sofrimentos, vos há de armar,
fortalecer, robustecer e consolidar. Dele ê o poder pelos 11
séculos dos séculos. Amen.
Conclusão. Por mão de Silvano, irmão fiel, é que 12
vos escrevi, com brevidade, a meu ver, protestando e asse-
verando-vos que a graça em que estais firmes é a verdadeira
graça de Deus.
Saúda-vos a igreja de Babilónia, vossa compárineira 18
de eleição, como também Marcos, meu filho. Saúdai-vos
uns aos outros no ósculo da caridade.
A paz seja com todos vós, em Cristo.

NOTAS EXPLICATIVAS
Profissão do mistério da Santíssima Trindade \
Tão grande é a glória da graça redentora, que os io— 12
profetas anelavam por contemplá-la, e até para os anjos
do céu é objeto de inefável suavidade.
A fé, baseada na ressurreição e glorificação de Jesus 21
Cristo, promete aos fiéis a herança celeste, de sorte que a fé
em Deus é ao mesmo tempo esperança nos bens divinos.

Com a afirmação de serem os cristãos um sacerdócio 2


real não nega o apóstolo a existência e necessidade do sa- 9
cerdócio no sentido próprio — tão pouco como Deus dispen-
sara das suas funções peculiares os sacerdotes levíticos.
depois de declarar que o povo de Israel era um sacerdócio
régio (Ex 19,9). Do contrário, deveria abolir, não só o sacer
dócio, mas também a realeza pois que dera ao povo todo
o título de real ou régio.
Entre as almas detidas no limbo havia algumas que 19—20
no tempo de Noé, tinham sido incrédulas, convertendo-se,
porém, mais tarde.
As águas do dilúvio, que sustentavam a arca, são um 21
símbolo da água batismal, que se torna, por assim dizer,
portadora de graça santificante. Como os homens então se
salvaram pela arca, assim se salvam agora pelo batismo.
Justo juiz, diz o texto grego, referindo-se a Deus ;
injusto juiz, a Vulgata, falando de Pilatos

10 — Cristo lesús
11 31 —— são a glória
osculo santo e ^ poder
13 — A graça seja com tôdos vós, em Cristo Jesus Amen
464 NOTAS ~ 1 Pedro 4, 1 - 5. 12

4 Sendo que Jesus Cristo morreu segundo o corpo,


1—2 devem os cristãos morrer para a natureza inferior, vivendo
só para Deus
7 Com o primeiro advento de Cristo entrou a plenitude
dos tempos, que é o último período e durará até ao segundo
advento dêle ; só Deus sabe quantos anos ou séculos abrange
este período. Cf Mt 24, 36 ; Mc 13, 22.
8 O ódio descobre malevolamente as faltas do próximo,
a caridade as encobre benignamente.
17—18 Principiará o juízo divino pelos cristãos, que pelos
castigos próprios poderão avaliar a gravidade dos castigos
dos ímpios.
5
12 Silvano e Silas eram companheiros de São Paulo, e
com êle fundaram boa parte das cristandades às quais São
Pedro dirige esta epístola.
SEGUNDA EPISTOLA DE PEDRO

Introdução

1. A' primeira
seguir outra, dirigida ásepístola
mesmasfez cristandades
o príncipe dos apóstolos
(2 Pd 3, 1).
Deu aso a esta segunda carta um fato a que já aludira São
Paulo (At 20, 29 s) : o aparecimento de herejes que, inter-
pretando mal a liberdade do novo testamento, declaravam
lícitas todas as desordens e excessos (antinomistas). Como
narcótico para a própria conciência, e, principalmente, para
levar á apostasia os neófitos, taxavam de mentirosa a dou-
trina do segundo advento de Cristo (2 Pd 3, 3 s). Pelo que
se viu Simão Pedro obrigado a escrever aos cristãos da Asia
Menor, exortando-os á perseverança na fé e premunindo-os
contra as seduções dos falsos profetas.
Dêste mesmo estado de coisas nasceu também a
epístola de São Judas. Vigora entre êsses dois documento*
sacros uma correlação muito íntima, que se explica por uma
razão de dependência mútua. São Paulo, conhecia, provável-
mente, a carta de seu colega Judas e aproveitou para a sua
diversos pensamentos do companheiro.
2. O autor se apresenta a si mesmo com o nome de
Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo (1 , 1). Concor-
dam com isto as qualidades do escritor : foi testemunha da
transfiguração de Cristo (1, 18) e chama a São Paulo seu
colaborador (8, 16). São pouco numerosos os testemunhos
dos primeiros séculos que se referem a esta carta, que é de
pequena extensão e encontrou divulgação mais lenta que
os outros escritos do novo testamento. Contudo, não nos
falta menção dela já nos tempos apostólicos.
3. O tempo e lugar da composição veem insinuados
por alguns tópicos da epístola (1, 13-15) : São Pedro tem
certeza da sua morte próxima, e, sendo que morreu em Roma,
deve a carta ter sido escrita nos últimos tempos do seu cati-
veiro na capital dos Césares (ano 66-67).
SEGUNDA EPISTOLA DE SÃO PEDRO

Simão Pedro,
servo e apóstolo de Jesus Cristo,
1 aos que conosco receberam a mesma fê preciosa peta justifi-
cação de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo.
2 A graça e a paz vos enriqueçam cada vez mais, median-
te o conhecimento de Deus e de nosso Senhor Jesús
A segunda vinda de Cristo
3 Preparativos para a segunda vinda. Deu-nos o seu
divino poder tudo o que se requer para uma vida piedosa,
sendo que assim chegamos a conhecer aquele que em sua
4 glória e virtude nos chamou. Com isto deu-nos o que pro-
metteu de maior e de mais precioso: para que por meio disto
vos torneis participantes da natureza divina, fugindo das
» paixões corruptoras do mundo. Trabalhai, pois, com todo o
6 empenho, para aumentar a vossa fé pela virtude ; a virtu-
de pelo conhecimento, o conhecimento pela temperança, a
7 temperança pela paciência, a paciência pela piedade, a pieda-
8 de pelo amor fraterno, o amor fraterno pela caridade. Se
estas virtudes existirem e medrarem em vós, terão como re-
9 sultado e fruto o pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus
Cristo. Mas quem não possuir estas virtudes é cego e es-
quece-se que foi purificado dos seus pecados antigos. Pelo
í0 que, irmãos meus,
rantir a vossa ponde e cada
vocação eleiçãovez; maior diligência
se assim em não
fizerdes, ga-
chegareis nunca a dar um passo em falso; mas abri r-se- vos-
13 ão de par em par as portas do reino eterno de nosso Senhor
e Salvador Jesús Cristo.
E' por isso que não me canso de vos admoestar, embora
13 estejais cientes e convencidos da verdade. Pois, enquanto
viver nêste tabernáculo, considero obrigação minha estimu-
14 lar- vos sempre com estas exortações. Sei que em breve será
desfeito o meu tabernáculo, conforme me revelou nosso Se-
is nhor Jesús Cristo. Por isso, trabalho por que também depois
do meu passamento vos lembreis sem cessar destas coisas.

1 — fé 2 — Jesús Cristo. 10 — eleição por meio de boas obras


2 Pedro 1, 16 — 2, 12 467

Certeza da segunda vinda. Não nos guiámos por Ui


engenhosas fábulas, quando vos demos notícia do poderoso
advento de nosso Senhor Jesus Cristo ; pois que fomos
testemunhas oculares de sua majestade. Foi honrado e glo- n
rif içado por Deus Pai, Aquando da excelsa majestade ecoou
sobre ele esta voz : "Este é o meu Filho querido, no qual
pus
vimos,a minha
quando complacência"'
estávamos comFoi êle estano a monte
voz quesanto.
do céu Pelo
ou- 18i&
que se nos tornou ainda mais firme o que os profetas disseram;
e vós fazeis bem em atender a isto. E* um facho de luz a
brilhar nas trevas, até que amanheça o dia e a estrela matu-
tina desponte nos vossos corações. Convencei-vos, antes 20
de tudo, de que nenhuma profecia da escritura nasce de in-
vestigação pessoal; tanto assim que nunca se originou pro- 21
tecia por vontade humana ; mas foi por impulso do Espíri-
to Santo que homens santos falaram de Deus.
Aparecimento e sorte dos herejes. Do mesmo mo- 2
do que entre o povo tem havido falsos profetas, assim também
haverá entre vós falsos mestres, que introduzirão heresias
perniciosas e negarão o Senhor que os resgatou, atraindo
sobre si perdição repentina. Serão muitos os seus companhei- 2
ros de dissolução, e por sua causa será injuriado o caminho da
verdade. Cheios de cobiça, explorar- vos-ão com palavras s
mentirosas ; mas não tarda o seu castigo, nem dorme a sua
perdição.
Exemplos da justiça divina. Pois, Deus nem pou- 4
pou os anjos que pecaram, mas precipitou-os aos tenebrosos
abismos do inferno, onde estão reservados para o j uízo. Nem 5
poupou ao mundo antigo, salvando apenas a Noé, arauto da
justiça, com mais sete outros, quando fez romper o dilúvio
sobre o mundo dos ímpios. Votou ao extermínio e reduziu a €
cinzas as cidades de Sodoma e Gomorra, para escarmento aos
ímpios do futuro ; ao passo que salvou o justo Ló, que so- 7
fria muito com a vida dissoluta daqueles perversos. Enquanto 8
o justo vivia no meio dèles} vendo e ouvindo-lhes as ini-
quidades, dia a dia sentia atormentada a sua alma justa.
e reservar osSenhor
E' que o ímpios sabe
para olivrar
castigodano provação os principal-
dia do juízo, piedosos, 9
mente os que se guiam pelos desejos impuros da carne, des- 10
prezando a soberania do Senhor.
Abominação dos herejes. Audaciosos e temerários, 11
não se arreceiam de maldizer as glórias, ao passo que os an-
jos, muito superiores em força e poder, não proferem contra
elas sentença de maldição ante o Senhor. São como animais 12
irracionais, destinados por natureza a serem capturados e

17 — complacência ; ouvi-o.
8 — Era
que, justo no que
dia a dia, via e ouvia enquanto
lhe atormentavam habitava
a alma justa no meio deles,
com iniquidades.
468 2 Pedro 2, 13 — 3, 10

13 mortos. Amaldiçoam o que não compreendem, e acabarão


na ruína como aqueles, e receberão a paga das suas injus-
tiças.
Teem por delícia levar o dia em voluptuosidades ;
essas manchas de ignomínia, em luxuriosos excessos e fraudes
14 se banqueteiam convosco; estão com os olhos cheios de adul-
tério enão se fartam de pecar ; aliciam as almas inconstantes ;
15 teem o coração habituado á mpina ; são filhos da maldição
que abandonaram o Caminho reto e se extraviaram, seguindo
16 o caminho de Balaão, filho de Bosor.. que cobiçou premio
injusto, mas foi repreendido por causa da sua iniquidade :
um animal de carga, incapaz de falar, falou com voz huma-
na, frustrando o plano insensato do profeta.
17 São fontes sem água. Nevoeiros agitados de turbi-
1 s lhões. Aguarda-ds a mais profunda escuridão. Veem com
frases arrogantes e vãs e seduzem pelos apetites impuros da
carne aos que mal acabavam de escapar àqueles que se ex-
19 traviaram. Prometem-lhes a liberdade., quando êles mesmos
são escravos da perdição ; pois, o homern é escravo daquilo
20 por que é vencido. Pelo conhecimento de nosso Senhor Jesus
Cristo tinham fugido dos vícios mundanos ; mas deixaram-se
outra vez enredar e escravizar pelos mesmos, e tornou-se-lhes
21 o último estado pior que o primeiro. Melhor lhes fora não
terem jamais conhecido o caminho da justiça, do que, depois
de conhecê-lo, voltar as costas ao santo mandamento que re-
22 ceberam. Verifica-se nesses tais a verdade do provérbio S
" Volta o cão ao seu vomito" ; e : "O porco, que saiu do ba-
nho, torna a revolver-se no lamaçal".
3 Negação da vinda de Cristo. Caríssimos. Já é esta
a segunda carta que vos escrevo, procurando despertar em
%i vós, por meio de admoestações, um espírito puro, para que
vos lembreis das palavras preditas pelos santos profetas,
bem como do preceito do Senhor e Salvador, que os apóstolos
vos anunciaram.
3 Ficai sabendo, antes de tudo, que nos últimos tempos
aparecerão zombadores sem critério, gente que vive ao sabor
4 das suasmeteu ? paixões,
Desde a dizendo : "Que
morte dos é da tudo
patriarcas sua vinda, que como
continua pro-
5 despercebido
no princípio daque,criação". E' que
em virtude êles deixam
da palavra acintosamente
de Deus, o céu e a
6 terra, desde tempos remotos, se formaram da água e pela
agua, mas que por ela pereceu todo o mundo de então no
" dilúvio. O céu e a terra que agora existem são guardados
pela mesma palavra, destinados ao fogo, no dia do juízo e da
perdição dos ímpios.
s Estretanto, caríssimos, uma coisa convém não igno-
reis :é que para o Senhor um dia é como mil anos, e mil anos
9 são como um dia. Não tarda o Senhor com sua promessa.
Há quem pense em tardança ; mas é antes paciência que usa
para conosco. Não quer que alguém se perca, senão que
io todos se convertam. Mas o dia do Senhor virá como um
469

ladrão ; então os céus se desfarão com um sibilo e os elemen-


tos se dissolverão ao calor, e a terra com tudo o que nela existe
será presa do fogo.
Ora, uma vez que todas estas coisas acabarão em ruína, 1 1
quanto empenho não deveis pôr em uma vida santa e pie-
dosa, concentrando a vossa atenção e os vossos anseios no 12
advento do dia do Senhor. Por causa dêle se dissolverão
os céus, nas chamas e os elementos se fundirão ao calor do
fogo. E então, confiados em sua promessa, esperamos um 13
novo céu e uma nova terra, nos quais habitará a justiça.
Conclusão. Pelo que, caríssimos, na espectativa 14
destas coisas, esforçai-vos por que ele vos encontre puros
c sem mancha e em paz ; fazei com que a longanimidade de 15
nosso Senhor vos reverta em salvação. Neste sentido tam-
bém vos escreveu nosso caríssimo irmão Paulo, segundo a
sabedoria que lhe foi dada. Trata disto em todas as suas
cartas. Há nelas algumas coisas difíceis de compreender, as 16
quais a gente ignorante e mal-segura interpreta falsamente,
para sua própria perdição, assim como também fazem com as
outras escrituras.
Vós, porém, caríssimos, que disto sabeis com antece- n
dência, ficai alerta para não vos deixardes arrastai pelos
desvarios dos ímpios e perderdes a vossa firmeza. Procurai
antes crescer na graça e no conhecimento de nossu Senhoi ia
e Sal vador J esús Cristo. A ele seja glória, agora e no dia da
eternidade. Amen.

NOTAS EXPLICATIVAS
A giaça santificante nos toma participantes da na 1
tureza divina,comconcedendo-nos
sobrenatural Deus. uma união e semelhança 4
A tenda é figura do corpo humano. Cf 2 Çr 5, 1 Lã
Refere-se o apóstolo á transfiguração do Senhor, que 16
ele, Tiago e João presenciaram.
Pela transfiguração dera Jesus prova do seu sobe 19
fano poder, confirmando, assim, os vaticínios dos profetas.
O mau exemplo dos cristãos no meio dus gentios re 2
verte em grande descrédito da religião. 2
As glórias de Deus são os anjos, que assistem ante o n
trono de sua glória. Cf Jd v. 9.
Consiste essa rebeldia em que Balaão tencionasse 16
maldizer ao povo de Israel por causa da recompensa que
esperava, não obstante a proibição de Deus. Cf. Nm 22, 28
Os herejes com suas doutrinas vãs enganam a gente, 18
como poços e nunvens que prometem água, mas não a dão.
Se não tivessem jámais conhecido o evangelho, seria %%
menor a sua culpabilidade
470 NOTAS - 2 Pedro 3, 1 — 16

Alude São Pedro ás profecias do antigo testamento


e ás palavras dos apóstolos que, segundo o preceito do Senhor,
apelavam para o segundo advento de Cristo, exortando os
fiéis a uma vida profundamente cristã,
falso afirmar que o mundo continue sempre igual ;
aí está o dilúvio a provar o contrário ; muito antes dêste ca-
taclisma existiam o céu e a terra, criados do nada, pela pala-
vra ohipotente de Deus, palavra essa que também fez rom-
per o dilúvio, modificando a face da terra.
Como o mundo de então pereceu nas águas, assim
será o mundo atual destruído pelo fogo, no juízo final.
Depreende-se destas palavras que nem todas as par-
tes da sagrada escritura são tão fáceis e inteligíveis que qual-
quer pessôa as possa interpretar com segurança e daí haurir
a sua fé. E' necessário guiarmo-nos pelas normas e diretivas
do magistério infalível da igreja, "coluna e alicerce da ver-
dade", como diz São Paulo.
PRIMEIRA EPISTOLA DE JOÃO

Introdução

1 . O autor da epístola aparece anónimo ; mas em


diversas passagens da mesma se percebe que se identifica
com o autor do quarto evangelho. Pois vigora entre êste e
a presente epístola uma inegável afinidade, quer no tocante
ao conteúdo, quer no estilo e na dicção. E\ pois, de supor que
o autor da nossa epístola seja o evangelista João, como con
firma a tradição antiquíssima, que desde o princípio a consi
derou como tal e a incluía no rol dos livros canónicos. Não
falta em nenhum dos elencos antigos.
2. Era essa carta destinada a acompanhar o evange -
lho de São João e fazer ver como a fé na divindade de Cristo
sazona riquíssimos frutos espirituais, por uma vida santa
e pelo exercício da verdadeira caridade. Nesta exposição
refere-se o autor a vários herejes que impugnavam o caráter
messiânico e a divindade de Cristo.
3. Na qualidade de carta concomitante do quarto
evangelho, dirige-se ela ao mesmo círculo de leitores, isto é,
aos cristãos da
vávelmente logoprovíncia
depois dodaevangelho
Ásia. Foi (pelo
escritaanoem 90).
E'feso, pro-

4. Desde o século 16 agita-se entre os exegetas a


questão se é do autor da epístola ou de outrem o chamado
comma joanneum", quer dizer, as palavras 5, 7 s., que
rezam assim : "No céu, o Pai, o Verbo e o Espírito Santo ;
eé estes
que estastrês sãopalavras
um ; e não
três sedãoencontram
testemunhonosna códigos
terra". gregos,
O fato
nas antigas versões orientais, nem nos antigos manuscritos
da Vulgata. Nem tão pouco ocorrem nas obras dos escri-
tores da igreja, os quais, sem dúvida, se teriam servido delas
nas suas polémicas contra os adversários da santíssima
Trindade. Em vista disso, é provável que elas não sejam
da lavra de São João. Explica-se a interpolação por uma sim-
ples nota marginal, que algum copista tenha feito e que,
mais tarde, passou a ser intercalada no corpo da epístola
PRIMEIRA EPISTOLA OE SÃO JOÃO

1 Introdução. O que era desde o princípio, nós o ou-


vimos, nós o vimos com os próprios olhos, nós o contemplá-
mos e com as nossas mãos apalpámos — o Verbo da vida.
2 Sim, apareceu a vida. Nós a vimos. Damos tescemunho e
vós anunciamos a vida eterna, que estava cem o Pai e nos
3 apareceu visivelmente. Portanto, o que temos visto e ouvido,
isto é que vos anunciamos, para que também vós tenhais
4 comunhão conosco. Nós temos comunhão com o Pai e com
seu Filho Jesus Cristo Isto escrevemos para que a nossa ale-
gria seja perfeita.
Vida na luz

Abstenção do pecado. A mensagem que d,êie rece-


bemos e que vos comunicamos é esta : Deus é luz. Nele
não há trevas. Se dissermos que estamos em comunhão com
êle e andarmbjs nas trevas, mentimos, e não nos guiamos
pela verdade. Se, porém, andarmos na luz, assim corno
também êle está na luz, vivemos em comunhão mútua, e o
sangue de seu Filho Jesus Cristo nos purifica de todo o pe-
cado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos
a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessar
mos os nossos pecados, é êle fiel e justo, perdoando-nos os
pecados e purificando-nos de toda a iniquidade. Se disser
mos que não pecámos, declaramo-lo mentiroso, e a sua pala
vra não está em nós.
Isto vos escrevo, filhinhos meus, para que não pequeis
Mas, se alguém pecar, ternos um advogado junto do Pai :
Jesus
pecadosCristo,
; e não o justo.
somenteE' êle
pelosa vítima
nossos, expiatória
mas tambémpelospelos
nossos
do
mundo inteiro.
Observância dos mandamentos. A prova de que q
conhecemos está em que lhe observemos os mandamentos
4 Quem afirma conhecê-lo, e não lhe observa os mandamentos,
5 é mentiroso, e a verdade não está nele. Mas quem guarda a
sua palavra, tem em si, realmente, o perfeito amor de Deus ;
6 é esta a prova de que estamos nêle. Quem afirma ficar nêle,
deve também proceder assim como êle procedeu.
4 — alegi
Isto vos
ia escrevemos para que voò alegreis, e seja perfeita a vossa
473
1 João 2, 7. — 28

Caríssimos. O que vos escrevo não é um mandamento 7


novo ; mas um mandamento antigo, que tivestes desde o
princípio. O mandamento antigo é a palavra que ouvistes.
E, contudo, é novo o mandamento sobre o qual vos escrevo &
— mandamento, que nele e em vós se verificou. Vão se
dissipando as trevas. Já desponta a luz verdadeira. Quem
afirma estar na luz e odeia a seu irmão, esse ainda continua lj
em trevas. Quem ama a seu irmão permanece na luz, e não 10
há em que tropece. Quem, pelo contrário, odeia a seu irmão n
está em trevas, e em trevas vai caminhando ; nem sabe aonde
vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos.
Escrevo-vos, filhinhos meus : foram perdoados os T-
vossos pecados por amor de seu nome. A vós, pais, es- ri
crevo : conheceis aquêle que é desde o princípio. Escrevo
a vós, jovens : vencestes o maligno. A vós, crianças, escrevi : 14
conheceis o Pai. A vós, pais, escrevi : conheceis aquêle que é
desde o princípio. A vós, moços, escrevi : sois fortes. A palavra
de Deus fica em vós. Vencestes o maligno.
Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Quem 15
ama o mundo não tem em si o amor do Pai ; porque tudo o i6
que há no mundo — concupiscência da carne, concupiscên-
cia dos olhos e soberba da vida — não vem do Pai, mas, sim,
do mundo. Passa o mundo e a sua concupiscência ; masquem n
faz a vontade de Deus permanece eternamente.

Contraste com o mundo. Filhinhos meus, é che- IS


gada a hora extrema, e, como ouvistes, vem o anticristo.
Já agora há muitos anticristos ; por onde vemos que chegou
a hora extrema. Sairam do nosso meio, mas não eram dos 19
nossos. Porque, se dos nossos foram, teriam ficado conosco.
Assim, porém, nêles devia tornar-se notório que nem todos
são dos nossos. Vós, sim, recebestes a unção do santo; sois 20
todos cientes. Não vos escrevo como se ignorásseis a verda- 2]
de, mas antes porque a conheceis e sabeis que da verdade
não provém mentira alguma^ Quem é mentiroso ? só quem 22
nega que Jesus é o Cristo. Este é que é o anticristo. Nega
o Pai e o Filho. Quem nega o Filho, também não admite 23
ó Pai. Quem confessa o Filho, admite também o Pai. Ficai ~4
corri o que ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer
o que desde o princípio ouvistes, também vós permanece-
reis no Filho e no Pai. Então é que nos cabe a sua pro- 25
messa: a vida eterna.
Aí está o que vos quis escrever a respeito dos vossos
sedutores. Recebestes dêle a unção, e ela fica em vós. Não 27
necessitais de mestres ulteriores. A sua unção é que vos en-
sinará tudo. E' ela a verdade integral e infalível. Permane-
cei nele, conforme vos foi ensinado. Sim, filhinhos, perma- :-*
necei nêle. Quando então aparecer, teremos jubilosa con-
fiança enão seremos confundidos ante a sua face, por ocasião
da sua vinda.
1 João 2, 29 — 3, 21

Vida na amizade de Deus


W Vida santa. Sabeis que êle é justo. Logo, sabeis
também que todo o homem amigo da justiça tem dele a sua
vida.
3. Considerai que grande amor nos mostra o Pai : so-
isso que chamados
mos o mundofilhos
não denosDeus, e de fato
reconhece. Pois o também
somos. nãoE'reco-
por
^ nhece a êle Caríssimos, agora somos filhos de Deus ; mas
ainda não se manifestou o que seremos. Sabemos apenas que,
no seu aparecimento, seremos semelhantes a êle e o veremos
2 assim como é. Quem puser nêle esta esperança santifica-se
4 a si mesmo, assim como êle é santo. Quem peca transgride a
h lei. O pecado consiste na transgressão da lei. Sabeis
que êle apareceu para tirar os pecados. Nêle não há pecado.
6 Quem permanece nêle não peca Mas quem peca não o viu
nem o conhece.
7 Filhinhos meus, não vos deixeis seduzir por ninguém.
Quem procede com justiça é justo, assim como êle é justo ;
8 mas quem comete pecado vem do demónio. O demónio é
pecador desde o princípio. Mas o filho de Deus apareceu
9 afim de destruir as obras do demónio Quem recebeu de Deus
a sua vida não comete pecado. Fica nêle o germe divino.
iô Não pode pecar. Sua vida vem de Deus. Nisto se reconhecem
os filhos de Deus e os filhos do demónio : quem não procede
com justiça não é de Deus ; nem tão pouco quem desama seu
irmão

11 Amor fraterno. Pois, a mensagem que ouvistes


desde o princípio diz assim : Amemo-nos uns aos outros.
— Não a exemplo de Cain, que era filho do maligno, e matou a
seu irmão. E por que o matou ? Porque as suas obras eram
más, e as de seu irmão eram justas.
13 Não vos admireis, se o mundo vos odeia. Sabemos
14 que passámos da morte para a vida, porque amamos os ir-
16 mãos. Quem não ama permanece na morte. Quem odeia a
seu irmão é homicida, e sabeis que nenhum homicida possue
no seu interior a vida eterna.
jg Nisto conhecemos o amor : deu a sua vida por nós
Assim devemos também nós dar a vida pelos nossos irmãos
17 Quem possuir bens dêste mundo, e, vendo seu irmão sofrer
necessidade, lhe cerrar o coração — como pode habitar nêle o
lá amor de Deus ? Filhinhos meus, não seja o nosso amor de
palavra, nem de língua ; mas, sim, de obras e de verdade.
13 Nisto conhecemos que somos da verdade e podemos ter a
conciência tranquila : ainda que o coração nos acuse, Deus
é maior do que o nosso coração. Êle sabe todas as coisas.
21 Caríssimos, se o coração não nos acusa, confiamos em Deus
e receberemos das suas mãos tudo quanto pedirmos porque
lò — amor de Deus
475

observamos os seus mandamentos e fazemos o que é do seu 22


agrado,
Êste é o seu mandamento : que creiamos em o nome 2S
de seu Filho Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros,
assim como ele nos ordenou. Quem lhe guarda os manda- 2i
mentos fica em Deus, e Deus nele. Pelo espírito que nos deu
conhecemos que ele fica em nós.
Fuga dos herejes. Caríssimos, não deis crédito a 4
qualquer espírito ; mas examinai os espíritos, a ver se são de
Deus. Muitos falsos profetas teem saído pelo mundo. Nisto
conheceis o espírito de Deus : Todo o espírito que confessa 2
que Jesus Cristo apareceu em carne, êste é de Deus ; ao passo 3
que o espírito
espírito que não confessa
do anti-cristo, a Jesus não
do qual ouvistes que évirá
de Deus.
— e já E'estáo
no mundo. Vós, porém, filhinhos meus, sois de Deus e ven- 4
oestes aqueles , mais poderoso é o que está em vós do que
o que está no mundo. Eles são do mundo ; por isso falam de &
modo mundano, e o mundo presta-lhes ouvidos. Nós, porém, 6
somos de Deus ; e quem conhece a Deus nos dá ouvidos
Quem não conhecemos
pelo qual é de Deus nãoo espírito
nos prestada ouvidos.
verdade eE'o êste o sinal
espírito do
êrro.
Amor com amor se paga. Caríssimos, amemo-nos V
uns aos outros. O amor vem de Deus. Todo aquêle que
ama recebeu de Deus a sua vida e conhece a Deus. Quem 8
não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. Nisto 9
se manifestou o amor de Deus para conosco : em que Deus
enviou ao mundo o seu Filho unigénito, para que por êle te-
nhamos avida. Nisto se revela o amor : não em que nós te- 1°
nhamos amado a Deus, mas que êle nos amou e enviou seu
Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados. Caris- 11
simos, se Deus nos teve tanto amor, devemos também nós
amar-nos uns aos outros. Nunca ninguém viu a Deus; mas, 12
se nos amarmos uns aos outros, permanece Deus em nós, e
se aperfeiçoa em nós o seu amor. Nisto conhecemos que fica- 13
mos nele e êle em nós: em nos ter comunicado o seu espírito 14
Nós vimos e damos testemunho de que o Pai enviou seu
Filho ao mundo como Salvador. Quem confessa que Jesus 15
é o Filho de Deus, nêste permanece Deus e êle permanece em 16
Deus. Conhecemos o amor que Deus nos tem, e abraçámos a
fé. Deus é amor. Quem fica no amor fica em Deus, e Deus 17
fica nêle. A perfeição do nosso amor manifesta-se em têr-
mos confiança para o dia do juízo ; porque estamos nêste
mundo, como também êle está. O amor não admite temor, is
O amor perfeito expele o temor. O temor gera tormento.
Quem teme não é perfeito no amor.
Amemos a Deus, porque êle nos amou primeiro. 19
Quem diz : "Amo a Deus", e odeia a seu irmão, é menti- 20
4 — venceste-lo
10 — amou primeiro 1 7 — ■ amor para com Deus
476

roso. Pois quem não ama a seu irmão visível, não pode amar
21 a Deus que é invisível . Sim , recebemos dele este mandamento:
Quem ama a Deus há de amar também a seu irmão
5 Fé em Cristo. Quem crê que Jesus é o Cristo, tem
de Deus a sua vida. Quem ama o Pai, ama também o
2 Filho dele. Nisto conhecemos que amamos os filhos de
Deus : em amarmos a Deus e guardarmos os seus manda-
3 mentos. Porque o amor de Deus consiste em observarmos
os seus mandamentos. Os seus mandamentos não são diff-
i ceis. Quem tem de Deus a sua vida domina o mundo. A
nossa fé é uma vitória dominadora do mundo.
5 Quem dominaria o mundo, a não ser aquele que
6 crê que Jesus Cristo é o Filho de Deus ? Pois Jesus Cristo é
aquele que veio pela água e pelo sangue ; não somente pela
78 que
água,o espírito
mas pela água ePois
testifica. peloo espírito
sangue eé apeio espírito.De E'ma-o
verdade.
neira que são três os que dão testemunho : o espírito, a
9 água e o sangue; e êstes três são um entre si. Se aceitamos o
testemunho dos homens, maior é o testemunho de Deus
io E Deus deu testemunho de seu Filho. Quem crê no Filho
de Deus tem em si o testemunho. Quem não crê em Deus
fá-lo passar por mentiroso, porque não dá credito ao teste-
n munho que Deus deu de seu Filho. Ora, êsse testemunho
diz que Deus nos deu a vida eterna, vida essa que está em
J2 seu Filho. Aquele que tem o Filho possue a vida. Quem não
tem o Filho de Deus, não possue a vida.
13 O mundo perverso. Isto vos escrevo, a vós, que
credes em o nome do Filho de Deus, para que saibais que es-
:4 tais na posse da vida eterna. E' esta a confiança que nêle
depositamos : que nos atenderá, quando lhe pedirmos algu-
L5 ma coisa, segundo a sua vontade. Ora, sabendo que atende
aos nossos pedidos, sabemos também que receberemos o que
16 pedimos. Quem vê seu irmão cometer um pecado não mortí-
fero, interceda por êle. Deus dará a vida aqueles que come-
17 terem pecados não mortíferos. Há também pecado mortí-
fero. Ém se tratando deste, nada digo de intercessão. Toda a
iniquidade é pecado, mas há também pecado não mortífero.
is Sabemos que quem tem de Deus a sua vida não
19 peca. Quem tem de Deus a sua vida disto se preserva. Nada
pode contra êle o maligno. Sabemos que nós somos de Deus,
ao passo que o mundo está todo entregue ao poder do maligno
Conclusão. Sabemos que o Filho de Deus veio e
nos deu espírito do discernimento para conhecermos o ver-
dadeiro. Estamos no verdadeiro, em seu filho Jesus Cristo.
E* êle o Deus verdadeiro e a vida eterna.
21 Cuidado, filhinhos meus, com os ídolos !
— pelo sangue.
8 — tres
testemunho
são um ;noe céu tres :sãoo osPai,queo dão
Verbotestemunho
e o Espíritona Santo;
terra e estes
10 — testemunho de Deus. 20 — verdadeiro Deus.
17 — mortifero. 21 — idolos! Amen.
NOTAS — 1 João 1, 1 — 6, 16 477

NOTAS EXPLICATIVAS
Pensamentos idênticos se encontram no princípio e 1
no fim do evangelho de São João (1, 1-14 e 20, 19,31). i
Deus é luz — isto é, perfeição puríssima, verdade, ò— t
santidade, beleza.
A lei da caridade não é nova em si mesma, mas com o i ^
exemplo de Cristo adquiriu brilho novo e desusado As
trevas do pecado são incompatíveis com a claridade do
cristianismo genuíno.
A última hora — quer dizer, o último período his- 2
tórico, que é o lapso de tempo entre o 1.° e o 2.° advento 18
de Cristo. Os pródromos do anti-Cristo são os herejes.
Os leitores receberam a unção do Espírito Santo, por 20—2]
meio de Jesus, e estã^» por isso em condições de distinguir
o erro da verdade.
Quem peca dá a entender que Jesus Cristo lhe é 3
alheio, como se jamais o conhecera. 6
Quem renasceu para Deus, pelo batismo, não cai em 9
pecado, enquanto continuar com esse espírito.
Se nos atormentarem angústias sobre pecados come- 20
tidos e sinceramente detestados, e dúvidas sobre o estado
da graça santificante, consolemo-nos com o pensamento
de que Deus está acima das disposições subjetivas do nossr>
coração.
Que está no mundo — isto é, o príncipe do mundo. 4
o demónio. Cf. Jo 16, 11. 4
Jesús Cristo é o Messias prometido e o Filho de Deus, 5
conforme deu testemunho Deus Pai, sobre as águas do Jor- e ?
dão; Deus Filho mediante- o seu sangue na cruz; Deus
Espírito Santo pelas chamas do fogo na festa de Pentecostes.
Pecado mortífero é a impenitência no erro ; por esses
infelizes podemos orar, sim, mas o apóstolo não o prescreve 16
como o dever ; ao passo que recomenda á intercessão dos
fiéis os demais
dernidos no mal.pecadores, ainda não completamente empe-
SEGUNDA E TERCEIRA EPISTOLA DE JOÃO

Introdução
1 . A segunda epístola de São J oão vai endereçada
ánenhuma
"senhoraviúva eleitacristã,
e seusmas,
filhos",
sim, palavras
uma igrejaquedanão
Ásiadesignam
Menor
Empenha-se o discípulo predileto em conservar essa cristan-
dade na fidelidade ao evangelho de Jesus Cristo e preservá-la*
da contaminação da heresia. Onde e quando o apóstolo
tenhaúltimos
nos escrito anos
esta carta,
da suanãoexistência.
o diz a tradição; talvez em E'feso;

2. A terceira epístola de São João tem por destinatá-


rio um tal Gaio, de que, aliás, nada sabemos. Exorta-o o
solícito
peregrinos, pastorprincipalmente
d'almas a mostrar-se
com os hospitaleiro
missionários para
que com
por osaí
passarem.
Também esta carta deve têr sido escrita em E'feso,
pelo fim da vida de São João.
3 O autor das duas epístolas se intitula simples-
mente "o ancião". E' de supor que este nome fosse bem co-
nhecido aos leitores, hipótese essa, que se verifica perfeita-
mente na pessoa do evangelista São J oão, que naquele tempo
contava quase um século de existência, e era excepcional o
prestígio que este único apóstolo sobrevivente gozava na
igreja. De resto, o próprio conteúdo, bem como o estilo das
epístolas são de molde a lembrar o quarto evangelho e a pri-
meira epístola de São João. A brevidade das cartas e o seu
escasso conteúdo dogmático não favoreciam a difusão das
mesmas ; pelo que não possuímos da sua origem apostólica
testemunhos tão numerosos como dos demais escritos do novo
testamento.
SEGUNDA EPISTOLA DE SÂO JOÃO

O Ancião
á senhora eleita e seus filhos, que eu amo na verdade, e não 1
somente eu, mas também todos os que conhecem a verdade,
e isto por amor á verdade, que permanece em nós e estará 2
conosco eternamente.
A graça, a misericórdia e a paz, da parte de Deus 3
Pai e de Jesús Cristo, o Filho do Pai, sejam conosco na ver-
dade e na caridade.

Vida no amor. Deu-me grande satisfação encon 4


trar entre teus filhos quem trilhe o caminho da verdade,
conforme nos ordenou o Pai. Agora, pois, senhora, rogo-te 5
que nos amemos uns aos outros — não como se te escrevesse
um mandamento novo, senão aquele que tivemos desde o
princípio. Ora, o amor se revela em vivermos segundo os 6
seus mandamentos, Este é seu mandamento, como ouvistes
desde o princípio, para que vos guieis por ele.
Firmeza na fé. Muitos sedutores se teem espalhad< > 7
pelo mundo. Negam que Jesús Cristo apareceu em carne.
Assim é o sedutor e anticristo. Cuidado que não percais o 8
fruto dos vossos trabalhos, mas que tenhais plena recompensa.
Quem o desprezar e não perseverar na doutrina de Cristo, 0
não está com Deus ; mas, quem perseverar na doutrina, esse
está com o Pai e o Filho. Se alguém for ter convosco e não 10
vier com esta doutrina, não o recebais em casa, nem mesmo
o cumprimenteis. Pois, quem o cumprimenta se torna cúm- U
plice das suas obras más.
Conclusão. Muitas coisas teria que escrever- vos 12
ainda ; mas não o quis com tinta e papel . Nutro a esperança
de visitar- vos. Então falaremos de viva voz. para que seja 13
completa a nossa alegria.
Saudações dos filhos de tua irmã eleita.

! 2 — vossa
TERCEIRA EPISTOLA DE SÃO JOÃO

O Ancião
ao caríssimo Gaio, a quem amo na verdade
Caríssimo, faço votos para que em tudo gozes de bem-
estar e saúde, assim como a tua alma goza de perfeito herrv
estar.
Elogio de Gaio. Grande satisfação me deu a chegada
dos irmãos, que teceram elogios ao teu amor á verdade.
Não conheço satisfação maior do que esta, de ouvir que meus
filhos andam no caminho da verdade.
Caríssimo, procedes com fidelidade em tudo quanto
fazes aos irmãos, maximé aos estranhos. Em face da igreja
louvaram a tua caridade. Farás bem em provê-los para a
jornada, como é justo aos olhos de Deus. Porque foi por amor
do seu nome que êles partiram, sem nada aceitar dos gentios.
E\ pois, dever nosso acolher a homens dêsses, afim de coope-
rarmos com êles para a causa da verdade.
Queixa sobre Diótrefes. Escrevi á igreja ; mas êsse
Diótrefes, que entre êles se arvora em chefe, não nos rece-
be. Por isso, quando lá for, hei de lançar-lhe em rosto o
procedimento que leva, desacreditando-nos com palavras
malévolas. E não contente com isto, não só êle mesmo re-
cusa receber os irmãos, mas ainda proíbe os outros de os
receberem, chegando a expulsá-los da igreja.
Caríssimo, não imites êsse mal ; mas, sim, o que é
bom. Quem pratica o bem é de Deus ; quem pratica o mal
não viu a Deus. A Demétrio todos lhe tecem louvores, mesmo
a verdade. Nós o confirmamos ; e tu bem sabes que é verí-
dico o nosso testemunho.
Conclusão. Muitas coisas teria de escrever-te
ainda ; mas não o quis com tinta e pena. Espero ver-te em
breve ; então falaremos de viva voz.
A paz seja contigo.
Saudações dos amigos. Saúda os amigos, cada um em
particular.
NOTAS EXPLICATIVAS
Os embusteiros em questão são provavelmente, os
docetas, que negavam corpo real a Jesus Cristo, conce-
dendo-lhe tão sómente um corpo aparente e a divindade.
Os herejes chamados gnósticos se tinham em conta
de espíritos fortes e emancipados, sobranceiros ás tradições
cristãs.
Os filhos da irmã eleita devem ser, a julgar pelo ver-
so 1, os cristãos da igreja irmã em Êfeso, onde se encontrava
o autor da epístola.
Tua verdade — isto é, a tua vida verdadeiramente
cristã.
Refere-se provávelmente, á segunda epístola dirigida
ábispo
comunidade de Gaio. E' pouco
daquela cristandade, de supor
dignoquedesse
Diótrefes
múnus. fosse o
EPISTOLA DE JUDAS TADEU

Introdução

1. Apresenta-se Judas a seus leitores com o título


de irmão de Tiago Menor. Era, pois, filho de Alfeu (Cléofas)
e de Maria,
renta) da mãea qual vem com
de Jesus, razãoo por
nomequede os"irmã" (talvez, cha-
evangelistas pa-
mam a Judas diríamos
primo-irmão, "irmão donós.Senhor" (Mt ao13,colégio
Admitido 55 ; Mcapostólico
6, 3) —
Com seu irmão Tiago, ocupa Judas o décimo lugar na enume-
ração dos apóstolos, em Mateus (10, 2-4) e em Marcos (3.
16-19) ; em Lucas tem o undécimo lugar (6, 14-16 ; At 1, 13).
Traçando
(Lc 6, 16 ; oAtparalelo, vê-se oque
1, 13) levava Judas, "irmão
sobrenome Tadeu (oude Lebeu)
Tiago"
São João
ção feita (14,
das 22) lhe chama
notícias "Judas,
colhidas nos não o Iscariotes".
evangelhos Abstra-
e da menção
geral dos apóstolos, nos Atos, nada sabemos da vida de São
Judas.
na Síria,E'e tradição que prégou
morreu mártir o evangelho
em Arado principalmente,
ou Berito (Beirut). A
igreja lhe celebra a festa no dia 28 de outubro.
2. A epístola de São Judas supõe nos leitores um co-
nhecimento profundo do antigo testamento e das tradições
judaicas, o que faz crer que os destinatários fossem pela
maior parte judeu-cristãos, pertencendo provavelmente ás
cristandades do apóstolo Tiago; pois essas igrejas eram in-
vadidas de certos herejes, que abusavam da liberdade do
evangelho para cohonestar as maiores desordens e excessos
(v. 8. 11. 12. 16. 18). De mãos dadas com esses desvarios
morais ia a negação teórica da divindade de Cristo (v. 48.).
Foi o que moveu o apóstolo a escrever ás cristandades,
pondo-as de sobre-aviso do perigo dos falsos profetas.
3. A epístola foi composta antes da destruição de
Jerusalém; pois é certo que semelhante catástrofe não
deixaria de figurar nos exemplos que o autor aduz como
castigos divinos (v. 5-7). Deve ter sido escrita ainda antes do
ano 67, porque São Pedro, morto nêsse ano, já conhecia a car-
ta. Segundo refere Hegesipo, ficou a igreja palestinense pre-
servada de qualquer cisma e heresia durante a vida de São
Tiago, bispo de Jerusalém. Pelo que não pode a epístola ser
anterior a 62, ano da morte de São Tiago. Nasceu, portanto,
no período de 62 a 67,
483

4. Desde o princípio foi este documento atribuído


ao apóstolo Judas. Dêle já se serviu São Pedro, na sua segunda
epístola (cap. 2 e princípio do cap. 3). Atesta-lhe também o
conhecimento na igreja romana o fragmento muratoriano.
Quase tôdos os antigos escritores cristãos mencionam esta
carta como sendo do apóstolo São Judas/
EPISTOLA DE SÃO JUDAS TADEU

Judas
1 servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago
aos amados em Deus Pai e destinados á vocação por j esús
Cristo.
2 A misericórdia, a paz e a caridade vos enriqueçam
largamente.
3 Introdução. Caríssimos. Era desejo íntimo do meu
coração escrever-vos acerca da nossa comum salvação, e
julguei necessário exortar-vos por escrito a que continueis
a lutar pela fé que uma vez por todas foi confiada aos santos.
4 desde
E' que há
se introduziu
muito estánoexarada
vosso meio
esta certa gente,: para
sentença os quais
ímpios que
abusam da graça de nosso Deus para luxúria e negam o So-
berano único, nosso Senhor Jesus Cristo.
Cuidado com os herejes
ã Exemplos. Embora sabedores de tudo isto, quisera
chamar-vos á memória que o Senhor, depois de salvar da
cerra do Egito o povo, novamente o entregou á perdição por
6 causa da sua incredulidade. Também os anjos que, decaindo
da sua dignidade de príncipes e perdendo o lugar que ocupa-
vam, tem-n-os êle agrilhoados eternamente nas tenebrosas
7 profundezas, reservados para o grande dia do juízo. Da
mesma forma, estão aí, para escarmento, punidas com fogo
eterno, Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas, que,
como estas, viviam entregues á libertinagem e a vícios con-
8 trários á natureza. Assim são também êsses desvairados
que maculam a carne, desprezam o poder do Senhor e ul-
9 trajam-lhe as glórias. Ao passo que o arcanjo Miguel, dispu-
tando com o demónio sobre o corpo de Moisés, não ousou
lançar sentença de maldição, limitando-se a dizer : "Re-
10 prima-te o Senhor !"
não compreendem ; enquanto êsses amaldiçoam
e o que sabem pelo instintotudonatural,
o que
como os brutos irracionais, isto lhes serve de corrupção. Ai
11 dêles ! que trilham o caminho de Cain, e por causa da sua
ganância se deixam arrastar pelo erro de Balaão vindo a
3 — vossa 8 — esses
485
Judas 12 — 25

perecer rebeldes como Coré. Essas manchas banqueteiam-se


despudoradamente em vossos festins, cevando-se a si mesmos.
Essas nuvens sem água, levadas aqui e acolá pelo vento !
Essas árvores sem folhas nem fruto, desarraigadas, dupla-
mente mortas ! vagas furiosas do mar a espumar as suas
imundícies ! estrêlas errantes, a que está reservada para todo
o sempre a sinistra escuridão.
Profecias sobre os herejes. Dêsses tais profetizou
Henoc,
Senhor como sétimo
milhares descendente
de anjos, dea julgar
Adão a: tôdos
"Eis eque vem oa
castigar
todos os ímpios por causa das impiedades que perpetraram,
e por causa de tôdos os insultos que êsses ímpios pecadores
lançaram contra ele".
Murmuram e queixam-se da sua sorte, mas vivem á
mercê das suas paixões ; a sua boca profere arrogâncias e
adulam a gente em pleno rosto, quando é de interesse.
Vós, porém, caríssimos, lembrai-vos das palavras que
já os apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo anunciaram
avisando-vos de que nos últimos tempos apareceriam zom-
badores., guiando-se pelos seus apetites perversos. São
êsses tais que provocam dissensões, homens sensuais e sem
espírito.
Conclusão. Vós, porém, caríssimos, edificai-vos
sobre o fundamento da vossa fé santíssima. Orai no Espírito
Santo. Conservai-vos no amor de Deus. Aguardai a mise-
ricórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna.
Orientai aos que vacilam. Arrancai outros do fogo e salvai-os.
De outros ainda compadecei-vos, cheios de temor. Acaute-
lai-vos, porém, da túnica manchada pela carne.
A ele, que é poderoso para vos preservar da queda e
apresentar-vos, imaculados e jubilosos, ante a sua glória
— a ele, o Deus único e Salvador nosso, seja por nosso Se-
nhor Jesús Cristo glória e magnificência, império e poder,
antes de todo o tempo, e agora, e por tôdos os séculos dos
séculos. Amen.

NOTAS EXPLICATIVAS

Com aqueles pecadores do antigo testamento se pa-


lecem os herejes em questão, e não escaparão a castigos
idênticos.
Refere-se o apóstolo á mortandade no deserto (Nm
14), onde o povo, após o êxodo do Egito, foi condenado a
perecer, em castigo da sua descrença. A Vulgata, substi
tuindo "Senhor" por "Jesús", considera o Messias prome-
12 — seus
24 — glória, no advento de nosso Senhor Jesús Cristo
486 NOTAS — Judas 8 — 23

tido como guia invisível do povo de Israel através do deserto.


Cf. 1 Cr. 10, 4, 9.
Os herejes não reconhecem a soberania de Cristo e
desprezam os anjos, que representam a glória e majestade
de Deus.
Satanaz merecia maldição, mas essa não devia sair
dos lábios do arcanjo ; quanto menofe devem lábios huma-
nos prestar-se a maldições !
A profecia de Henoc não se acha na sagrada escri
tura, mas estriba em tradição oral, encontrando-se, outrossim-
no livro Henoc, que data do 2.° século antes de Cristo, mas não
faz parte do canos dos livros sacros.
Dá o apóstolo algumas diretivas sobre o trato com
cristãos extraviados : os que apenas começam a duvidar
das verdades reveladas necessitam de orientação ; outros,
que se acham como que á beira do abismo, devem ser reti-
rados com extremo esforço como que das chamas dum incên-
dio ; outros ainda, que pecam por humana fragilidade, me-
recem sincera compaixão da parte dos bons, os quais, no en-
mesmo tanto, mal.devem acautelar-se para não saírem contagiados do
APOCALIPSE
Introdução
1. O Apocalipse (*= revelação secreta) é o único
livro do novo testamento que se pode chamar profético.
Verdade é que também nos evangelhos e nas epístolas dos
apóstolos encontramos disseminadas, aqui e acolá, algumas
predições do futuro ; mas é apenas incidentemente e em nú-
mero reduzido, ao passo que o Apocalipse se ocupa de pre-
ferência com a anunciação de eventos vindouros. A lin-
guagem e a exposição lembram vivamente os livros proféticos
do antigo testamento. Como naqueles, predomina também
aqui a linguagem figurada, insinuam-se coisas futuras por
meio de símbolos e de visões. Mas, enquanto os profetas
desempenham o papel de mestres e pastores do seu tempo, e
se servem do tempo do futuro Messias apenas como fundo das
suas visões — o autor do Apocalipse, muito ao envez, coloca
no primeiro plano aquilo que os videntes da lei antiga divi-
savam como eventos últimos ; o assunto principal são os
acontecimentos finais da história.
2. O Apocalipse se intitula a si mesmo obra de
João, servo de Jesús Cristo (1, l. 4. 9; 22, 8). Êste João é,
consoante a convicção dos primeiros séculos cristãos, idêntico
ao apóstolo são João, discípulo predileto de Jesús. Pápias,
discípulo dos apóstolos, conhecia o livro, e o declara oriundo
do apóstolo João. No mesmo sentido falam São Justino,
Santo Ireneu, Melito de Sardes, e outros. Só mais tarde apa=
receu quem ousasse impugnar a autoria de São João, pelo
fato de pretenderem os quiliastas estribar no Apocalipse
(cap. 20) a sua opinião dos mil anos de prazeres sensuais,
que os mártires e justos ressuscitados houvessem de gozar
nêste mundo. Mal, porém, começou o quiliasmo a perder a
sua influência, dissiparam-se também as dúvidas sobre a
autenticidade dêste documento sacro.
3. Sendo que o conteúdo do Apocalipse foi revelado
a São João para que o consignasse por escrito (1, 11. 19), é
de supor que ele tenha redigido êste livro não muito depois
das visões que teve na ilha de Patmos.
Ora, segundo tradição antiquíssima da igreja, foi o
apóstolo desterrado para Patmos sob o govêrno do imperador
Domiciano ; de maneira que o Apocalipse teria sido escrito
lá pelo ano 95.
4. Visa êste livro, em primeira linha, as igrejas da
Ásia Menor, procurando conservá-las na fé e animá-las á cons-
tância, no meio dos perigos e das tribulações ; pois, pelo fim
do século, achavam-se essas cristandades cruelmente perse-
488 Apocalipse — introdução

guidas. O solícito pastor, exilado em ilha solitária, era obri-


gado a viver longe do seu rebanho, enquanto as pobres ove-
lhinhas padeciam graves injúrias da parte das autoridades
pagãs e da população, como também dos judeus ; apareceram
herejes, como os nicolaítas e os cerintianos, e outros. Nessas
conjunturas não faltou, certamente, entre os cristãos quem
receasse pela sorte da igreja de Cristo. O presente livro
vinha dar solução ao problema, vaticinando o triunfo final
da igreja sobre as potências adversas. Dest'arte contibuíu
para encorajar os fiéis no meio das tribulações, e preservou-os
da apostasia da fé.
Mais ainda. Também á igreja universal de todos os
tempos vinha o Apocalipse ministrar-lhe motivos de alento e
consolação. Sejam quais forem as perseguições, nós sabemos
que a igreja sairá triunfante do todas elas, confirmando assim
a solene promessa de Cristo : "As portas do inferno não pre-
valecerão contra ela".
5. Não há livro algum na sagrada escritura que
tenha experimentado interpretações tão diversas e desencon
t radas como o Apocalipse, e isto não apenas com referência
a particularidades, mas até quanto á idéia fundamental. Po-
dem-se reduzir a três categorias as explicações principais :
a) a interpretação histórico-temporal das visões apocalípticas,
teoria essa, que estava grandemente em voga nos primeiros
séculos do cristianismo, prevendo, sobretudo, a vitória da
igreja sobre o judaísmo e o paganismo ; b) a exegese histórico-
eclesiástica, que cuida encontrar simbolizadas no Apocalipse-
as vicissitudes da igreja toda, desde os seus primórdios até á
sua consumação ; c) a interpretação histórico-escatológica,
que vê representada nessas visões a historia final da igreja
nos tempos do anti-cristo, mas de modo que ao mesmo tempo
apareçam esboçados os traços gerais de toda a história ante
rior da igreja.
E* esta última opinião que encontra maior número
de
vável.adeptos entre os interpretes, e que parece a mais pro-
6. A idéia fundamental que passa por todo o Apoca-
lipse, da primeira á última página, e que caracteriza cada
uma das suas partes, é a volta de Cristo para o juízo final
As sete mensagens dirigidas ás cristandades da Asia Menor
formam um como juízo preliminar, que o Senhor institue
com as igrejas, afim de prepará-las para o seu advento final ;
são, por assim dizer, sete brados de alarme, que previnem os
cristãos : Preparai o caminho ao juiz vindouro ! Os sete si-
gilos e as sete trombetas acarretam os castigos de Deus sobre
o mundo e a humanidade (cap. 1-11). Segue-se o grande
castigo sobre as potências anti-cristãs, simbolizadas por três
animais, e a metrópole pagã de Babilónia (cap. 12-20).
Remata o Apocalipse — e a sagrada escritura — com
o aparecimento da vida nova sobre a terra nova e purifica-
da dos horrores do pecado (cap, 21-22)
APOCALIPSE DE SÃO JOÃO
Introdução do vidente. Revelação de Jesús Cristo,
que Deus lhe deu para manifestar a seus servos o que há de
em breve suceder. Tornou-o patente por um anjo a seu servo
João, que dá testemunho do que Deus disse e o que Jesús
Cristo revelou, tudo quanto viu. Feliz de quem ler e ouvir
as palavras proféticas e lhe observar o conteúdo Porque o
tempo está próximo.

João
ás sete igrejas na Asia.
A graça e a paz vos sejam dadas da parte daquele
que é, que era, e que há de vir ; da parte dos sete espíritos,
aante o trono defiel,Deus
testemunha ; e da parte
o primogénito de Jesús
dentre Cristo.
os mortos, E' Êle
o príncipe
dos reis da terra. A êle que nos amou e em seu sangue nos
lavou dos nossos pecados, que nos fez reino e sacerdotes para
Deus, seuAmen.
séculos. Pai — a êle seja glória e poder pelos séculos dos
Eis que êle vem sobre as nuvens. Todos os olhos
o verão, também os que o traspassaram. Todas as tribus da
terra hão de romper em lamentos por causa dêle. Deveras,
assim é.
Eu sou o alfa e o ômega, diz Deus, o Senhor, - êle, que
é, que era e que há de vir — o Onipotente.
Visão inicial. Eu, João, irmão vosso e companheiro
de tribulação, no reino e na perseverança em Jesús, estava
na ilha chamada Patmos, por causa da palavra de Deus e
do testemunho de Jesús. No dia do Senhor fui arrebatado
em espírito, e ouvi por detrás de mim uma voz forte como de
trombeta, que clamava : "Escreve num livro o que estás
vendo e envia-o ás sete igrejas: aETeso, aSmirna, aPérgamo,
a Tiatira, a Sardes, a Filadélfia e a Laodicéia".
Voltei-me para a voz que me falava, e, estando voltado,
vi sete candelabros de ouro, e, no meio dos candelabros,
um vulto semelhante a um filho de homem, em veste talar e
com um cinto de ouro á altura do peito. Tinha a cabeça e os
8 — ômega. o princípio e o fim
9 — reino de Deus e na perseverança em Cristo Jesús
11 - igrejas da Asia 12 — sete candelabros
490 Apocalipse 1, 15 — 2, 13

cabelos brancos como a alvura nívea de la ; os olhos quais


15 chamas de fogo ; os pés semelhantes ao bronze candente na
forja ; a nasua mão
16 Levava voz direita
era comoseteo bramir
estrelas,de egrandes
da bocamassas d'água.
saía-lhe uma
espada de dois gumes. O seu semblante era como o coruscar
do sol em toda a sua veemência.
17 A' vista dele, caí como morto a seus pés. Ao que ele
18 opôsprimeiro
sobre mim a mão direita,
e o último, eu sou dizendo
o vivente.: "Não
Estavatemas
morto! eu; mas
sou
eis que vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da
19 morte e do inferno. Escreve, pois,o que viste, o que é, e o
20 que há de vir : o mistério das sete estrelas que viste em minha
direita, e os sete candelabros de ouro. As sete estrelas são os
anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas
AS SETE MENSAGENS

2 A' igreja de Efeso. Ao anjo da igreja em Éleso


escreve : Isto diz aquele que leva na direita as sete estrelas
2 e anda no meio dos sete candelabros de ouro : Conheço as
tuas obras, os teus trabalhos, a tua paciência ; sei que não
toleras os maus, que puseste á prova os que se arvoram em
apóstolos, sem que o sejam, e que os achaste mentirosos.
3 Também tens paciência e muito sofreste por amor de meu
4 nome, sem desfalecer. Mas tenho contra ti que abandonaste
5 o teu primeiro amor. Lembra-te de que altura caíste.
Entra em ti e torna a proceder como procedias a princípio ;
do contrário, irei ter contigo e removerei do seu lugar o teu
6 candelabro, se não entrares em ti. Uma coisa, porém, tens: é
que detestas as obras dos nicolaítas, que também eu detesto.
7 Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz ás igrejas :
ao vencedor darei a comer da árvore da vida, que está no
paraíso de Deus.
s A' igreja de Smirna. Ao anjo da igreja em Smirna
escreve : Isto diz aquêle que é o primeiro e o último, que
9 estava morto e tornou á vida : Conheço a tua tribulação e a
tua pobreza — mas és rico. Bem sei quantos ultrajes sofres
da parte daquêles que se dizem judeus, sem que o sejam
ío — são antes uma sinagoga de Satanaz. Não temas os pade-
cimentos que ainda te aguardam. Eis aue o demónio fará
lançar ao cárcere alguns de vós, afim ae serdes provados.
Tereis de passar por uma tribulação de dez dias. Sê fiel até
á morte, e eu te darei a coroa da vida.
11 Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz ás igrejas :
o vencedor nada terá que sofrer da morte segunda.
12 A* igreja de Pérgamo. Ao anjo da igreja em Pér-
gamo escreve : Isto diz aquele que leva a espada afiada
j 3 de dois gumes : Sei onde habitas ; lá onde Satanaz levantou
7 — de rneu Deus,
Apocalipse 2, 14 _- 3, 4 491

o seu trono. Tu, porém, guardas o meu nome ; não me ne-


gaste afé, nem mesmo nos dias em que foi morta entre vós
a minha fiél testemunha Antipas, lá onde está o trono de
Satanaz. Mas tenho contra ti algumas coisas : é que tens aí 14
uns adeptos da doutrina de Balaão, que ensinava a Balac
a induzir os filhos de Israel a comerem dos sacrifícios dos
ídolos e a praticarem luxúria. Também tens aí uns adeptos 1í>
das doutrinas dos nicolaí tas. Entra, pois, em ti. Do contrário, 16
não tardarei a ir ter contigo para lutar contra eles com a es-
pada da minha boca.
Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz ás igre- 17
jas : ao vencedor darei o maná oculto e uma pedra branca.
Na pedra está escrito um nome novo, que ninguém conhece
senão aquele que o recebe
A' igreja de Tiatira. Ao anjo da igreja em Tiatira 18
escreve : Isto diz o Filho de Deus, que tem olhos como cha-
mas de fogo, e pés semelhantes a bronze candente : Conheço 1 ■>
as tuas obras, o teu amor, a tua fé, as tuas obras de caridade,
a tua paciência ; sei que tuas últimas obras levam vantagem
ás primeiras. Mas tenho contra ti que dás liberdade á mulher 20
Jezabel, que se arvora em profetisa e com as suas doutrinas
induz os meus servos á luxúria e a comerem dos sacrifícios
dos ídolos. Dei-lhe tempo para se converter ; ela, porém, W
não quer converter-se da sua luxúria. Eis que hei de prós- 22
trá-la no leito das dores ; e os companheiros da luxúria
passarão grande tribulação, se não desistirem das suas obras ;
ferirei de morte a seus filhos, e todas as igreja conhecerão 2$
que sou eu que perscruto os rins e os corações e que a cada um
de vós retribuirei segundo merecem as suas obras. A vós 24
outros, porém, em Tiatira que não abraçais semelhantes dou-
- como trinas,
êlesnem chegastes
dizem - aa conhecer
vós declaro: as "profundezas de Satanaz"
Não vos imporei novos
fardos ; basta que fiqueis com o que tendes até que eu venha. 25
Quem vencer e se guiar pelas minhas obras até ao
fim, dar-lhe-ei poder sobre os gentios. Há de governá-los ?j
com cetro de ferro e esmigalhá-los como vasos de argila. Êsse
é o poder Quem que tem recebi de meuouçaPai.o que
ouvidos E lhe darei a diz
o espírito estrela d'alva.
ás igrejas. 28
A' igreja de Sardes. Ao anjo da igreja em Sardes 3
escreve : Isto diz aquele que tem os sete espíritos de Deus
e as sete estrêlas : Conheço as tuas obras ; o teu nome diz
que vives, e, no entanto, estás morto. Acorda e fortalece 2
o resto que está para morrer ! Pois, eu não achei perfeitas
diante de Deus as tuas obras. Lembra-te do que recebeste e 3
ouviste ; guarda-o e entra em ti. Mas, se não estiveres alerta,
virei como ladrão, e não saberás a hora em que te surpreen-
derei. Entretanto, tens aí em Sardes algumas pessoas que
não mancharam as suas vestes ; essas irão comigo em vestes 1
alvas, porque o merecem.
3 — virei a ti
492 Apocalipse 3, 5 - 22

o O vencedor será vestido de veste alva ; nem jamais lhe


apagarei o nome do livro da vida ; mas confessarei seu nome
diante de meu Pai e diante de seus anjos.
* Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz ás igrejas
A' igreja de Filadélfia. Ao anjo da igreja em Fila-
délfia escreve : Isto diz o Santo, o Verdadeiro, aquêle que
tem a chave de Davi, que abre, e ninguém fecha, que fecha,
8 e ninguém abre : Conheço as tuas obras. Eis que deixei
aberta diante de ti uma porta, que ninguém pode fechar.
Dispões de poucas forças ; mas guardaste a minha palavra
9 e não negaste o meu nome. Eis que te darei alguns da sina-
goga de Satanaz que se dizem judeus, e não o são, mas men-
tem ; farei com que se prostrem a teus pés e reconheçam
10 que te agraciei com o meu amor. Porque guardaste a minha
palavra sobre a paciência, por isso também eu te guardarei
da hora da provação, que sobrevirá a todo o mundo, afim
11 de experimentar os habitantes da terra. Não tardarei a vir.
Guarda o que tens para que ninguém te arrebate a coroa.
12 Ao vencedor fa-lo-ei coluna do templo de meu Deus,
e daí não sairá mais ; nela escreverei o nome de meu Deus e o
nome da cidade de meu Deus, da nova Jerusalém, que desce
do céu, da parte de Deus ; e também o meu novo nome.
13 Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz ás igrejas.
14 A' igreja: Isto
dicéia escreve de Laodicéia. Ao anjoa datestemunha
diz o Veracíssimo, igreja em fiel
Lao e
15 verídica, o princípio da criação de Deus : Conheço as tuas
obras ; sei que não és frio nem quente. Oxalá fosses frio ou
ifi quente. Mas porque és morno — nem frio nem quente —
17 hei de vomitar-te da minha boca. Estou rico, dizes tu ; nada
me falta — e não sabes que és infeliz, miserável, pobre, cego
18 e nu. Dou- te o conselho de me comprares ouro acrisolado no
fogo para enriqueceres ; vestes alvas, para te cobrires e já
não ostentares o vergonhoso da tua desnudez ; e colírio,
.n para lavares os olhos e veres. Repreendo e castigo a todos os
que amo. Trabalha, pois, com zêlo e entra em ti. Eis que
20 estou á porta e bato. Se alguém prestar ouvidos á minha
voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e me banquetearei
com êle, e êle comigo.
21 Ao vencedor fa-lo-ei sentar-se comigo em meu tro-
no, assim como também eu, vencedor, me sentei com meu
Pai em seu trono.
22 Quem tem ouvidos ouça o que o espírito diz ás igrejas

70 — mP abrir
Apocalipse 4. 1 - 5, I 493

0 DRAMA DA VINDA DE CRISTO


Acontecimentos preliminares
A majestade de Deus, Em seguida, tive uma vi- 4
são : Eis uma porta se abriu no céu ; e aquela voz que a
princípio ouvira falar-me como trombeta, disse : "Sobe
aqui ! Mostrar-te-ei
arrebatado em espíritoo que
; e eisacontece depoisarmado
que estava disto".no Logo fui
céu um z
trono, e sobre o trono achava-se alguém sentado. Quem 3
estava sentado apresentava aspeto duma pedra de jaspe e de
sardes. Em roda do trono havia um arco-iris, semelhando
uma esmeralda. Cercavam o trono outros vinte e quatro 4
tronos, e nêsses tronos estavam sentados vinte e quatro an-
ciãos, trajando vestes brancas e com coroas de ouro na cabeça.
Do trono partiam relâmpagos e estampidos de trovões. 5
Diante do trono ardiam sete lâmpadas, que são os sete espí-
ritos de Deus. Estendia-se diante do trono um como que mar ç
de cristal. Ao meio, diante do trono e ao redor do mesmo,
achavam-se quatro seres vivos, cheios de olhos por diante e
por detrás. O primeiro ser era semelhante a um leão, o se- 7
gundo ser a um novilho, o terceiro ser tinha o rosto como
de homem, e o quarto ser parecia-se com uma águia a voar.
Cada um dos quatro seres vivos tinha seis asas, e estavam x
cheios de olhos por fora e por dentro. Cantavam sem des-
canso, dia e noite, dizendo : "Santo, santo, santo é o Senhor,
Deus onipotente,
Assim que que os era, que seres
quatro é, e quevivos
há detributavam
vir". glória, 9
honra e ação de graças ao que estava sentado no trono, e
que vive pelos séculos dos séculos, os vinte e quatro anciãos 10
prostravam-se diante daquele que se achava sentado no trono
e adoravam aquele que vive pelos séculos dos séculos. Depo-
tu, Senhor, sitavam as suas
Deuscoroas
nosso,ao depé receber
do trono,glória,
dizendohonra
: "Digno
e poder.és
Tu criaste o universo. Por tua vontade é que se fez e foi 11
criado".
O livro dos sete sigilos. Na mão direita de quem 5
estava sentado no trono vi um livro, escrito por dentro e por
fora, e selado com sete sigilos. Vi um anjo forte a apregoar 2
em voz alta ; "Quem é digno de abrir o livro e romper-lhe
os
da sigilos
terra quem ?" E não havia abrir
pudesse no céu, nem enaverterra,
o livro nemconteúdo.
o seu debaixo 3
Andava eu em grandes prantos por não haver quem fosse 4
digno de abrir o livro, e ver-lhe o conteúdo.
Entrega do livro ao cordeiro. Então me disse um 5
dos anciãos
de Judá, o descendente : "Não chores ! eis ;queêlevenceu
de Davi o leão odalivro
é que abrirá tribue
lhe romperá os sete sigilos".
Nisto vi, ao meio, diante do trono e dos quatro seres 6
vivos, e no meio ante os anciãos, um cordeiro como que imo-
494 Apocalipse 5, 7 — 6, 8

lado. Tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espí-
ritos de Deus mandados por toda a terra. Aproximou-se e
tomou o livro da mão direita de quem se achava sentado no
trono. Logo que tomou o livro, os quatro seres vivos e os
vinte e quatro anciãos se prostraram diante do cordeiro
Empunhava cada qual uma harpa e uma concha cheia de
incenso — que são as orações dos santos. E cantaram um
cântico novo, dizendo : "Digno és tu de receber o livro e
romper-lhe os sigilos ; porque foste imolado, e com teu san-
gue nos conquistaste para Deus de tôdas as tribus e línguas,
povos e nações. Dêles fizeste a nosso Deus reis e sacerdotes
que governarão
Quando estavaa terra".a olhar, percebi, ao redor do trono,
dos seres vivos e dos anciãos, as vozes de muitos anjos ;
era de milhares de miríades o seu número. Cantavam em al
tas vozes ; "Digno é o Cordeiro imolado de receber poder.
riqueza,E sabedoria, fortaleza,
toda a criatura honra,
que há glória
no céu, na eterra,
louvordebaixo
!" da
terra e no mar — tudo quanto nêles existe — a tôdas ouvi
cantar ; "Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro seja
louvor, honra, glória e poder, pelos séculos dos séculos",
"Amen", responderam os quatro seres vivos ; e os
vinte e quatro anciãos prostraram-se em adoração.
Os quatro primeiros sigilos. Vi então que o Cor-
deiro rompia o primeiro dos sete sigilos. E ouvi o primeiro
dos quatro
Olhei ; e eis seres vivos bradar
um cavalo branco, com voz nele
e quem de trovão
montava: "Vem
estava !
armado dum arco. Foi-lhe entregue uma coroa, com a qual
ele partiu de vitória em vitória.
Ao romper do segundo sigilo, ouvi o segundo ser vivo
dizer : "Vem ! Nisto apareceu outro cavalo, cor de fogo.
e ao que nele estava montado foi dado o poder de tirar a paz
da terra, para que os homens se trucidassem uns aos outros.
Pelo que lhe entregaram uma grande espada.
Ao romper do terceiro sigilo, ouvi o terceiro ser vivo
dizer : Vem ! Olhei ; e eis um cavalo preto, e quem nêle
montava levava uma balança na mão. E percebi uma voz.
no meiopor dosum quatro
trigo serese três
denário, vivos,medidas
que dizia : "Uma por
de cevada medida
um de-de
nário ;Aonãoromper
faças mal ao vinho
do quarto e aoouvi
sigilo, óleo".a voz do quarto ser
vivo dizer : "Vem ! Olhei ; e eis um cavalo baio, e quem
onêle vinha montado
inferno. chamapoder
Foi-lhe dado va-se sobre
"Morte" ; e ia parte
a quarta no seudaséquito
terra,
para destruir á espada, á fome, pela peste e por meio das
feras da terra.
9 — tu. Senhor, 10 — De nós 12 — divindade,
14 — adoração daquele que vive pelos séculos d^s séculos
1 — Vem e vê ! 3 — vem e vê ! 5 — vem e vê.
7 — Vem e vê!
Apocali pse 6, 9 — 7, 10 495

O quinto sigilo. Ao romper do quinto sigilo, vi 9


debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por
causa da palavra de Deus e pelo testemunho que haviam
guardado.
Senhor santoClamavam em altas
e verdadeiro, vozes justiça
em fazer : 'Até equando
vingar hesitas,
o nosso io
sangue dos a habitantes
veste alva da terra?"
cada um deles, Ao que que
pedindo-lhes entregaram
ainda por uma
um 11
pouco de tempo tivessem paciência, até que se completasse o
número de seus companheiros e irmãos que, como êles, haviam
de ser mortos.

O sexto sigilo. Ao romper do sexto sigilo, olhei e 12


sobreveio um grande terremoto ; o sol se tornou negro com
um cilício de luto, a lua se fez toda cor de sangue, e as estrelas 13
do céu caíram sobre a terra, assim como a figueira deixa cair
os seus figos verdes, quando sacudida pelo vendaval. O céu u
recuou como um volume que se enrola. Todos os montes e to-
das as ilhas moveram-se do seu lugar. Então os reis da terra, is
os magnatas, os oficiais, os ricos, os poderosos, os escravos
e os livres — todos se esconderam nas cavernas e por entre
os fraguedos das montanhas. E gritaram aos montes e aos 16
rochedos
está sentado : "Caí
sobresobre nós e eocultai-nos
o trono, da ira do dos olhos !deporque
Cordeiro quem
chegou o grande dia da ira deles — quem poderá subsistir ?" 17
Assinalação dos escolhidos. Em seguida, vi quatro 7
anjos que estavam de plantão nos quatro cantos do globo,
trazendo presos os quatro ventos da terra, para que nenhum
vento soprasse pela terra, nem pelo mar, nem através de
árvore alguma. Vi ainda outro anjo subir do oriente, com o 2
sinal de Deus vivo. Bradou em aíta voz aos quatro anjos a
quem foi dado o poder de fazerem mal á terra e ao mar, di-
zendo :"Não façais mal á terra, nem ao mar, nem ás árvores, 3
até queo assinalemos
E ouvi na fronte os
número dos assinalados servose quarenta
: cento de nosso e Deus".
quatro 4
mil de todas as tribus dos filhos de Israel.
Da tribu de Judá doze mil assinalados ; da tribu de 5
Ruben doze mil ; da tribu de Gad doze mil ; da tribu de Aser
doze mil ; da tribu de Neftalí doze mil ; da tribu de Manassés
doze mil ; da tribu de Simeão doze mil ; da tribu de Levi 6
doze mil ; da tribu de Issacar doze mil ; da tribu de Zabulon 7
doze mil ; da tribu de José doze mil ; da tribu de Benjamin 8
doze mil assinalados.
Os santos diante do trono de Deus. Depois disto 9
tive uma visão. Eis uma multidão que ninguém poderia
contar, de todas as nações, tribus, povos e línguas. Estavam
diante do trono e em presença do Cordeiro, trajando vestes
alvas e com palmas nas mãos. Bradavam em altas vozes : 10
"Salve, Deus nosso ! que está sentado no trono, e o Cordei-
ro !"
Apocalipse 7, 11 — 8, 12

1* - Todos os anjos estavam á roda do trono, dos an-


ciãos edos quatro seres vivos. Prostraram-se sobre os seus
rostos, ante o trono e adoraram a Deus, dizendo :
12 honra, "Deveras!
poder e fortaleza Louvor, glória,a nosso
compete sabedoria,
Deus, agradecimento,
pelos séculos
dos séculos. Amen P
13 Nisto me perguntou um dos anciãos : "Quem são es-
tes, trajados de vestes alvas, e donde veem ?"
14 "Senhor — respondj-lhe — tu é que sabes".
Tornou-me ele : "Estes são os que vieram de gran-
de tribulação, lavaram as suas vestes e purificaram-nas
15 no sangue do Cordeiro. Por isso é que estão diante do trono
de Deus, servindo-o, dia e noite, em seu templo. O que está
sentado sobre o trono habita no meio dêles. Já não terão
16 fome nem sede ; já não cairá sobre eles o sol, nem ardor al-
17 gum ; porque o Cordeiro que está no meio diante do trono
os apascentará e conduzirá ás fontes das águas da vida ;
e Deus enxugará dos seus olhos toda a lágrima".
8 O sétimo sigilo. Ao romper do sétimo sigilo, fêz-se
silêncio no céu, quase por espaço de meia hora.
2 Vi que aos sete anjos, que estão diante de Deus, foram
3 entregues sete trombetas. Nisto apareceu outro anjo e co-
locou-se diante do altar com um turíbulo de ouro ; foi-lhe
dado muito incenso para que juntamente com as orações dos
santos, o deitasse sobre o altar de ouro, em face do trono.
4 Subiu das mãos do anjo, á presença de Deus, o perfume do
5 incenso com as orações dos santos. O anjo tomou o turíbulo,
encheu-o de fogo do altar, e lançou-o por terra. Ao que se
fizeram ouvir estampidos de trovões, relâmpagos e terre-
6 motos. Então os sete anjos com as sete trombetas se prepa-
raram para tocar.
7 As quatro primeiras trombetas. O primeiro anjo
tocou a trombeta — e caiu uma saraivada de fogo misturado
com sangue, que foi atirado sobre a terra. Queimou-se a
terça parte da terra, a terça parte das árvores, e toda a grama
verde pereceu no fogo.
8 O segundo anjo tocou a trombeta — ■ e um como monte
de fogo lançou-se ao mar, e a terça parte do mar mudou-se
0 em sangue, e pereceu um terço das criaturas que vivem no
mar, e um têrço dos navios foi a pique.
10 O terceiro anjo tocou a trombeta — e caiu do céu
um grande astro, luminoso como um archote, e veio tombar
11 sobre a terça parte dos rios e das fontes d'água. Chama-se
"absinto"
das águas, êsse astro.homens
e muitos Converteu em absinto
morreram a terçaporque
dessas águas, parte
se tornaram amargas.
12 O quarto anjo tocou a trombeta — e foi ferida a
terça parte do sol, a terça parte da lua e a têrça parte das
3 — trono de Deus.
497
Apocalipse 8, 13 — 9, 18

estrelas, de maneira que se lhes escureceu a terça parte, e


deixou de resplandecer a terça parte do dia e da noite.
Levantei os olhos e ouvi bradar uma águia que voava 13
pela altura do céu : toques
causa dos restantes "Ai, ai,deai trombeta
dos habitantes da anjos
dos três terra, que
por
ainda vão tocar".
A quinta trombeta. O quinto anjo tocou a trom- 9
beta — e vi uma esrrêla cair do céu sobre a terra. Foi-lhe
entregue a chave para a caverna do abismo. Abriu a caverna 2
do abismo, e da caverna subiu fumaça como a fumaça duma
grande fornalha. Escureceram com a fumaça da caverna
o sol e o ar. Do interior da fumaça sairam gafanhotos, que 3
se foram pela terra. E foi-lhes dado um poder igual ao dos
escorpiões da terra. Mas tiveram ordem de não fazer mal 4
á grama da terra, nem á verdura, nem a árvore alguma,
senão somente aos homens que não levassem na fronte o
sigilo de Deus. Não tiveram, todavia, permissão de os matar 5
mas apenas atormentar por espaço de cinco meses. A sua
mordedura doe como a do escorpião quando fere o homem.
Nesses dias, buscarão os homens a morte, mas não 6
a encontrarão ; desejarão morrer, mas a morte fugirá deles.
Aqueles gafanhotos pareciam corcéis prestes a entrar em ba- 7
talha. Levavam na cabeça umas como coroas de ouro. O
seu rosto era parecido com o rosto humano. Tinham cabelos
como cabelos de mulher. Os seus dentes eram quais dentes 8
de leões. Vestiam couraças que pareciam de ferro. O arruído 9
das suas asas assemelhava-se ao estrépito de numerosos
carros de batalha a arremessar-se á peleja. Tinham caudas 10
e ferrões como de escorpião. Com as suas caudas podiam
fazer mal aos homens durante cinco meses. Teem acima de 11
si como rei o anjo do abismo, que em hebraico se chama Abad-
don, em grego : Apollyon.
Assim passou a primeira calamidade. Mas eis que 12
ainda seguem duas calamidades.
A sexta trombeta. O sexto anjo tocou a trombeta 13
— e ouvi uma vóz que partia dos quatro cantos do altar de
ouro, que está em face de Deus. Dizia ao sexto anjo, que 14
levava a trombeta : "Solta os quatro anjos que se acham
presos
postos áem margem
liberdadeda osgrande
quatrotorrente Eufrates".
anjos, que estavam Eprontos
foram 15
para matar a têrça parte dos homens, em determinado dia,
mês e ano. O número desse exército de cavalaria montava 16
a vinte mil vezes dez mil — foi o número que ouvi. A visão 17
que tive dos cavalos e cavaleiros foi esta : vinham armados
de couraças cor de fogo, cor de jacinto e cor de enxofre.
Os cavalos tinham cabeças de leões, e da boca saía-lhes fogo,
fumaça e enxofre. A êstes três flagelos — o fogo, a fumaça 18
3 — fumaça da caverna
1 1 — Apollyon, e em latim : Exterminans.
Apocalipse 9, 19 — 11, 4

e o enxofre, que lhes saíam da boca — sucumbiu a têrça parte


dos homens. A força desses cavalos está na boca e na cauda.
19 As suas caudas parecem serpentes munidas de cabeças, e
20 com estas fazem mal. Mas nem por isso os outros homens
que não pereceram a esses flagelos, desistiram das obras das
suas mãos, continuando a adorar os demónios e os ídolos de
ouro, de prata, de bronze, de pedra e de madeira — ídolos
21 incapazes de ver, de ouvir e de andar. Nem se converteram
dos seus homicídios, das suas feitiçarias, da sua luxúria e dos
seus roubos.
10 o anjo com o livrinho aberto. Vi ainda outro anjo,
poderoso, que descia do céu, envolto numa nuvem e com um
arco-iris sobre a cabeça. O seu rosto brilhava como o sol,
e seus pés pareciam colunas de fogo. Trazia um livrinho
2 aberto na mão. Pôs o pé direito sobre o mar, e o esquerdo
S sobre a terra, e soltou um brado veemente, como o rugido
do leão. A seu brado fizeram os sete trovões ouvir a sua voz
4 Depois de expirarem os sete trovões, dispus-me a escrever;
mas uma voz do céu dizia : "Guarda sob sigilo o que os tro-
5 vões disseram
Nisto o anjo; que
mas eunãovirao escrevas".
de pé sobre o mar e sobre a terra
6 levantou a mão direita ao céu e jurou por aquele que vive
pelos séculos dos séculos, que criou o céu e tudo o que nele há,
a terra e tudo o que nela existe, o mar e tudo o que êle en-
7 cerramo anjo
: se"Não há mais
dispuser tempo.
a tocar Mas nosse cumprirá
a trombeta, dias em que o séti-
o desígnio
secreto de Deus, conforme anunciou aos seus servos, os pro-
8fetas". E a voz que eu ouvira do céu tornou a falar-me
dizendo : "Vai e toma o livrinho aberto da mão do anjo
9 anjo
que está em pé que
e pedí-lhe sobreme odésse
mar oe livrinho.
sobre a terra".
Ao que Fui
êle ter
me com
disse o:
"Toma lá e come-o. Amargar-te-á o estômago, mas para a
boca será doce como o mel". Tomei o livrinho da mão do
*0 anjo e comi-o. Na boca era doce como mel, mas, depois que
o comi, tornou-se amargo no estômago. Ao que êle me disse :
11 "E' necessário que tornes a profetizar sobre numerosas na-
ções, povos, línguas e reis".
11 A cidade santa e as duas testemunhas. Entrega-
vanta-te uma
ram-me e vaicana,
medirespécie
o templode bastão,
de Deus,dizendo-me
o altar e :os "Le-
que
2 nêle adoram. Deixa, porém, de parte o átrio exterior do
templo ; não o meças. Está entregue aos gentios, que hão
de calcar a cidade santa por espaço de quarenta e dois meses.
3 Darei ordem ás minhas duas testemunhas para prégarem
durante mil e duzentos e sessenta dias, em vestes peniten-
4 ciais. São elas as duas oliveiras e os dois candelabros que
estão diante do Senhor da terra. Se alguém lhes quiser fazer
4 — me dizia
Apocalipse 11, 5 — 12, 2

mal, sair-lhes-á fogo da boca e devorará seus inimigos. Quem, 5


pois, lhes quiser fazer mal perecerá deste modo. Assiste-lhes 6
o poder de fecharem o céu, de sorte que não cairá chuva,
nos dias da sua pregação. Teem também o poder de conver-
ter e"m sangue as águas e de ferir a terra com toda a espécie
de pragas, quantas vezes quiserem. Quando houverem aca- 7
bado o seu testemunho, então a fera que sobe do abismo
os há de guerrear, vencendo e matando-os. Os seus corpos 8
ficarão estendidos nas ruas da grande cidade, que em figura
se chama Sodoma e Egito, e onde foi crucificado seu Senhor.
Uns quantos homens das tribus, povos, línguas e nações 9
verão os cadáveres dêles por espaço de três dias e meio e não
permitirão que se dê sepultura a seus corpos. Alegrar-se-ão io
por causa dêles os habitantes da terra ; folgarão e mandarão
brindes uns aos outros, porque êsses dois profetas eram um
tormento para os habitantes da terra. Passados, porém, n
aquêles três dias, entrou nêles o espírito vital vindo de Deus ;
puseram-se de pé ; e grande temor se apoderou dos que os
viram. Ouviu-se uma vós forte vinda do céu, dizendo-lhes : 12
"Subi aqui!"
numa nuvem. E á vista dos seus inimigos, subiram ao céu
Nessa mesma hora houve um grande terremoto ; 13
desabou a décima parte da cidade, e sete mil pessoas encon-
traram a morte no terremoto. Os restantes encheram-se de
terror e deram glória a Deus.
ro ai. Passou-se o segundo ai ; eis que não tardará o tercei- 14

A sétima trombeta. O sétimo anjo tocou a trom- 15


beta — e fizeram-se ouvir no céu grandes vozes que diziam :
"Coube pelos
reinará a nosso Senhordos e séculos.
séculos a seu Ungido o reino do mundo ;
Ao que os vinte e quatro anciãos, que estão sentados 16
nos seus tronos, em face de Deus, se prostraram de bruços
eDeus
adoraram a Deus,
onipotente, que dizendo
és, que : eras,
"Graças
porquete assumiste
damos, Senhor,
o teu 17
grande poder e tomaste posse do reino. Irritaram-se as na- la
ções ; sobreveio, porém, a tua ira e o tempo de julgares os
mortos e recompensares os teus servos, os profetas, os santos
e os que temem o teu nome, pequenos e grandes ; e o tempo de
perderesAbriu-se
os que entãocorrompem
no céu a o terra".
templo de Deus ; apareceu 10
em seu templo a arca da sua aliança. Segui ram-se relâm-
pagos, estampidos de trovões, terremotos, e fortes saraivadas.
Culminância do drama
O dragão á espreita. Apareceu no céu um grande 12
sinal : uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos
pés, e uma coroa de doze estrêlas sobre a cabeça. Estava 2
grávida e clamava com as dores e angústias do parto.
15 — séculos. Amen. eras e has de vir.
17 —
500 Apocalipse 12, 3 — 13, 3

Ainda outro sinal apareceu no céu : eis um grande


dragão cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres, e com sete
diademas nas suas cabeças. Com a cauda varreu a terça
parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. Colo-
cou-se o dragão diante da mulher que estava para dar á
luz, afim de lhe devorar o filho, logo depois de nascido.
Deu ela á luz um filho varão, que há de reger com cetro de
ferro todos os povos. Mas o filho foi arrebatado para o seu
trono junto de Deus. A mulher, porém, fugiu para o deserto,
onde Deus lhe preparara um lugar, para que aí encontrasse
sustento por espaço de mil e duzentos e sessenta dias.
Vitória de Miguel sobre o dragão. Travou-se então
uma luta no céu : Miguel e seus anjos combatiam contra o
dragão, e também o dragão e seus anjos pelejavam. Mas
estes não puderam resistir, perdeu-se o lugar dêles no céu.
Foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada
demónio e Satanaz, que seduz todo o mundo ; foi lançado
sobre a terra, e com êle foram lançados os seus anjos. Nisto
percebi
o poder, noo reino céu uma voz forte,
de nosso Deus,quee odizia : "Veio
império a salvação,
de seu Ungido.
Acaba de ser precipitado o acusador dos nossos irmãos,
que dia e noite lhes fazia carga diante de nosso Deus. Vence-
ram-no pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho
que deram ; tão pouco apego tiveram á sua vida que lhe pre-
feriram a morte. Pelo que aiegrai-vos, ó céus, e vós, que
nêles habitais. Mas ai da terra e do mar ! porquanto o de-
mónio desceu a vós com grande ira, sabendo quão breve é o
prazo que lhe resta".
Luta do dragão com a mulher. Vendo-se o dragão
precipitado sobre a terra, deitou a perseguir a mulher que
dera á luz o filho varão. Mas foram dadas á mulher duas
grandes asas de águia para que voasse ao deserto, ao lugar,
onde, longe da serpente, fosse sustentada por um tempo, por
dois tempos, e por meio tempo. Então a serpente lançou das
suas fauces torrentes de água no encalço da mulher, para
arrebatá-la nas vagas. Mas a terra veio em auxílio da mu-
lher ;abriu a boca e absorveu a torrente que o dragão lan-
çara das fauces. Exasperou-se o dragão contra a mulher, e
saiu a guerrear os demais filhos dela que observam os manda-
mentos de Deus e aderem ao testemunho de Jesus.
A fera vinda do mar. Estava eu na praia do mar,
quando se me deparou um animal subindo das águas. Tinha
dez chifres e sete cabeças, levando dez diademas sobre os seus
chifres, e um nome blasfemo sobre as cabeças. O animal
que eu via assemelhava-se a um leopardo, tendo pés como de
urso, e boca como de leão. O dragão deu-lhe a sua força,
o seu trono e o seu grande poder. Uma das suas cabeças

7 — grande luta 17 — Jesus Cristo. 2 — a sua força


Apocalipse 13, 4 — 14, 4

estava ferida de morte ; mas a ferida mortal sarou. Todo o 4


mundo, maravilhado, seguiu o animal, adorando o dragão
por ter outorgado o poder ao animal. Adoraram também o
animal, dizendo : "Quem é semelhante a êste animal ? e 5
quem poderá
proferia lutar com
arrogâncias êle ?" Foi-lhe
e blasfémias, e teve dada uma de
permissão bocaproce-
que
der assim por espaço de quarenta e dois meses. Abriu a boca 6
para lançar blasfémias contra Deus, para injuriar-lhe o
nome, o tabernáculo e os habitantes do céu. E foi-lhe tam- 7
bém permitido guerrear os santos e derrotá-los. Foi-lhe
dado poder sobre todas as nações, tribus, linguas e povos.
Adorá-la-ão todos os habitantes da terra, aquêles cujos nomes 8
não se acham, desde o princípio do mundo, escritos no livro
da vida do cordeiro que foi imolado.
Quem tem ouvidos ouça. Quem reduzir outros ao ca- 9
tiveiro, será cativo êle mesmo. Quem ferir pela espada, pela 10
espada morrerá. Aqui é têr paciência e a fé dos santos.
A fera vinda da terra. Vi mais outro animal, que 11
subia da terra. Tinha um par de chifres como o carneiro, mas
falava como um dragão. Exerce aos olhos do primeiro animal 12
o mesmo poder que êste e leva a terra e seus habitantes a
adorarem o primeiro animal, curado da ferida mortal. Rea- 13
liza grandes prodígios, mandando até cair fogo do céu sobre
a terra, á vista dos homens. Com os prodígios que lhe é dado 14
operar aos olhos do animal seduz os habitantes da terra.
Induzindo os habitantes da terra a fabricarem uma imagem
do animal que fora ferido a espada e continuara a viver.
Foi-lhe permitido, outrossim, insuflar vida á imagem do 15
animal de maneira que a imagem do animal falava e mandava
matar todos os que não adorassem a imagem do animal. Fêz 16
com que todos — pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e
escravos — levassem uma marca na mão direita ou na fronte.
Ninguém podia comprar nem vender sem que levasse esta 17
marca : o nome do animal, ou então o número do seu nome.
Aí é ter sabedoria ! Quem for inteligente calcule o número 18
do animal; é o número de um homem. O número é seiscentos
e sessenta e seis.
O Cordeiro e seu cortejo. Levantei os olhos, e eis 14
que o Cordeiro estava no alto do monte Sião, e com êle esta-
vam cento e quarenta e quatro mil, que traziam gravado na
fronte o nome dêle e o nome do seu Pai. Ouvi uma voz do 2
céu, semelhante ao bramir de muitas águas e semelhante ao
rebombar de um grande trovão. A voz que eu ouvia era como
de tocadores de harpas a tangerem as suas harpas. Canta- 3
vam um cântico novo ante o trono, ante os quatro seres vivos
e os anciãos. Ninguém podia aprender êsse cântico senão
aqueles cento e quarenta e quatro mil, resgatados da terra.
Estes são os que não se mancharam com mulheres : são 4
virgens, e seguem o Cordeiro aonde quer que êle vá. Foram
resgatados dentre os homens, primícias para Deus e o Cor-
502 Apocalipse 14, 5 — 15, 1

5 deiro. Jamais saiu da sua boca uma mentira. São imacula-


dos.
6 Os três anjos vingadores. Vi outro anjo a voar
pelas alturas do céu. Tinha de levar uma mensagem de eter-
na salvação aos habitantes da terra, a todas as nações, tri-
7 bus, línguas e povos. Bradou em altas vozes : "Temei a Deus
e glorificai-o ! E' chegada a hora do seu juízo. Adorai a quem
criou o céu, a terra, o mar e as fontes cTágua".
8Babilónia, Seguiu-o
que comoutroo vinho
anjo, inebriante
bradando :da"Caiu, caiu a embria-
sua luxúria grande
gava todos os povos".
9adorar Ao animal eles seguiu-se um terceiro
e sua imagem e lhe anjo,
aceitarclamando
a marca :na "Quem
fronte
10 ou na mão, terá que beber o vinho ardente de Deus, que sem
mescla foi infundido no cálice da sua ira ; com fogo e enxo-
fre será atormentado aos olhos dos santos anjos e do Cordeiro.
n O fumo dos seus tormentos subirá pelos séculos dos séculos.
Não terão repouso nem de dia nem de noite os que adorarem
o animal e sua imagem, e aceitarem a marca do seu nome.
12 Aqui é que se manifesta a perseverança dos santos que guar-
dam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus".
13 aventurados Ouvi do céu agora
desde uma osvozmortos
que dizia : "Escreveno :Senhor.
que morrerem Bem-
Em verdade, diz o Espírito, descansarão dos seus trabalhos ;
porque as suas obras os acompanham".
14 Os três anjos ceifadores. Levantei os olhos, e eis
uma nuvem branca, e sobre a nuvem branca estava sentado
alguém semelhante a um filho de homem. Tinha na cabeça
15 uma coroa de ouro, e na mão uma foice aguda. Saiu do tem-
plo outro anjo e clamou em voz alta ao que estava sentado
sobre a nuvem : "Estende a tua foice e ceifa ; porque é che-
gada ahora da colheita ; estão maduras as searas da terra".
16 Então o que estava sentado sobre a nuvem passou a foice
pela terra — e a terra estava ceifada.
17 Saiu do templo celeste outro anjo, levando também
êle uma foice aguda.
18 Mais outro anjo assomou da parte do altar : tinha
poder sobre o fogo, e bradou em voz alta ao que empunhava
a foice aguda : "Estende a tua foice aguda e corta os cachos
ly da vinha Ao daque terra ; porque
o anjo passou aas sua
suasfoice
uvaspelaestão
terramaduras".
e cortou
os cachos da vinha da terra, atirando-os ao grande lagar da
20 ira de Deus. Foi o lagar pisado fora da cidade. O sangue
que saía do lagar subiu e chegou até aos freios dos cavalos,
numa extensão de mil e seiscentos estádios.
15 Os sete anjos com as conchas. Vi ainda outro si-
nal do céu, grandioso e admirável : sete anjos com os sete
5 — imaculados ante o trono de Deus 13 — me dizia
Apocalipse 15, 2 — 16, 11 503

flagelos últimos, pelos quais havia de consumar-se a ira de


Deus. Antolhava-se-me um como mar de cristal, misturado 2
com fogo ; á beira deste mar de cristal estavam os que ti-
nham vencido o animal e a sua imagem e o número do seu
nome, empunhando as harpas de Deus. Cantavam o cân- 3
tico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, di-
zendo : "Grandes! justos
Deus onipotente e admiráveis são as são
e verdadeiros tuas osobras, ó Senhor,
teus caminhos,
ó Rei dos povos ! Quem não te temeria, Senhor ? quem não 4
glorificaria o teu nome ? Porque só tu és santo. Virão ado-
rar-te todos os povos, porque se revelaram os teus justos
juizos".Em seguida, vi como no céu se abria o templo com o 5
tabernáculo da aliança. Do templo saíram os sete anjos 6
com os sete flagelos, vestidos de alvinitente linho e com uma
cinta de ouro ao peito. Um dos quatro seres vivos entregou 7
aos sete anjos sete conchas de ouro, cheias da ira de Deus,
que vive pelos séculos dos séculos. Encheu-se o templo g
com o fumo da majestade e do poder de Deus. Ninguém
podia entrar no templo, enquanto não se consumassem os
sete flagelos dos sete anjos.
Efusão das quatro primeiras conchas. Ouvi uma 16
voz forte que vinha do templo e dizia aos sete anjos : "Ide
e derramai sobre a terra as sete conchas da ira de Deus".
Ao que o primeiro foi derramar a sua concha sobre 2
a terra — e nasceram úlceras cruéis e malignas aos homens
que levavam a marca do animal e lhe haviam adorado a
imagem.
O segundo anjo derramou a sua concha sobre o mar — 3
e ele ficou como sangue de defunto, e pereceu tudo quanto
vivia no mar.
O terceiro anjo derramou a sua concha sobre os rios 4
e as fontes d'água — e converteram-se em sangue. E ouvi
oqueanjoés santo,
das águas porque dizerassim
: "Justo és, !tu, Derramaram
julgaste que és e que oeras, tu,
sangue 56
dos justos e dos profetas ; pelo que lhes déste sangue a
beber, como mereceram". E ouvi alguém falar da parte do 7
altar : "Sim, Senhor, Deus onipotente, verdadeiros e justos
são osO teus quartojuízos".anjo derramou a sua concha sobre o sol 8
— e foi-lhe dado o poder de queimar a gente com o jogo.
Viram-se os homens abrasados de grandes ardores ; mas 9
blasfemavam o nome de Deus, que tem poder sobre seme-
lhantes flagelos ; não entravam em si nem o glorificavam.
Efusão das três últimas conchas. O quinto anjo 10
derramou a sua concha sobre o trono do animal — e fêz-se
tenebroso o reino dele. Os homens mordiam a língua, de
dor ; mas blasfemavam ao Deus do céu por causa dos seus U
tormentos e das suas úlceras, e não desistiram das suas obras.
5 — és, Senhor, 18 — calor e o fogo.
504 Apocalipse 16, 12 — 17, 9

12 O sexto anjo derramou a sua concha sobre o rio Eu-


frates — e estanca rem-se-lhe as águas para abrir caminho acs
13 reis do oriente. E vi sair da boca do dragão, da boca do
animal e da boca do falso profeta, três espíritos impuros,
14 semelhantes a rãs. São espíritos diabólicos, que operam pro-
dígios evão têr com os reis de toda a terra, afim de os reunir
15 para a
venho como luta no grandeBem-aventurado
ladrão. dia de Deus onipotente.
quem vigiar"Eis que
e tiver
conta das suas vestes, para que não ande nu e se lhe veja a
1G desnudez
ma Armagedon. !" Reunem-n-os no lugar que em hebraico se cha-
17 O sétimo anjo derramou a sua concha sobre o ar —
e do templo, da parte do trono, soou uma voz forte, dizendo :
18 e'Acabou-se
um grande!" terremoto, Seguiram-se tãorelâmpagos, estampidos,
terrível que trovões,
não há memória
19 entre os homens de outro igual. Desfêz-se em três partes a
grande
Deus secidade, recordou e desabaram
da grande asBabilónia,
cidades dose pagãos. E' queo
propinou-lhe
20 cálice do vinho ardente da sua ira. Desapareceram todas as
21 ilhas, e não se viam mais montanhas. Uma formidável sa-
raivada caiu em arrobas sobre os homens. Os homens, po-
rém, blasfemavam a Deus por causa do flagelo da saraivada,
porque era violentíssimo êsse flagelo.
17 A grande meretriz. Aproximou-se um dos sete an-
mostrareitinham
jos que o juízoas sobre
sete conchas
a grandee meretriz
disse-me :sentada
"Vem, áque beirate
2 de vastas águas. Praticaram luxúrias com ela os reis da
terra, e os habitantes da terra se inebriaram com o vinho da
3 Aí
sua viprostituição". E arrebatou-me
uma mulher montada numa feraem cor
espírito a um deserto.
de escarlate, cheia
4 de nomes blasfemos, com sete cabeças e dez chifres. Estava
a mulher vestida de púrpura e escarlate, adornada de ouro,
pedras preciosas e pérolas ; levava na mão uma taça de ouro
5 repleta da sua abominável e imunda luxúria. Trazia escrito
na fronte um nome misterioso : "A grande Babilónia, mãe
6 das
ébriameretrizes
do sangue edos
das santos
abominações do mundo".
e do sangue dos mártiresVi ade mulher
Jesús.
O seu aspeto encheu-me de grande pasmo.
7Explicar-te-ei
Disse-meo mistério
então o anjo: "A que
da mulher e da vem
fera êsse
em pasmo?
que ela
8 vem montada, a qual tem sete cabeças e dez chifres. A fera
que acabas de ver existiu, mas já não existe ; tornará, todavia,
a subir do abismo, e voltará a perecer. A' vista da fera que
existiu, que não mais existe e que voltará espantar-se-ão os
habitantes da terra cujos nomes não se acharem escritos no
9 livro da vida desde a criação do mundo. Aqui é têr juízo a
par de sabedoria !
As sete cabeças significam os sete montes sobre os
quais repousa a mulher, e significam sete reis. Cinco dêles já
8 — existe
Apocalipse 17, 10 — 18, 11 505

caíram ; um subsiste ; o outro ainda não chegou ; e, quando 10


chegar, ficará pouco tempo. A fera que existiu e já não existe
é da sua parte o oitavo. Oriundo dos sete, caminha para a n
perdição. Os dez chifres que viste são dez reis que ainda não
assumiram o poder, mas juntamente com a fera teem poder 12
régio, por espaço de uma hora. São unânimes e comunicam 13
a sua força e seu poder á fera. Farão guerra ao Cordeiro, mas
o Cordeiro os levará de vencida — porque êle é o Senhor dos 14
senhores
os e o Reie os
escolhidos dos fiéis.
reis — e juntamente com êle os chamados,

sentadaDisse-me
a meretriz, aindasignificam
: 'As águas,
povos, junto
nações áse línguas.
quais visteOs 15
dez chifres que viste, e a fera odiarão a meretriz, deixando-a 16
ao desamparo e á desnudez, devorando-lhe as carnes e fazen-
do-a perecer
cutarem os no
seusfogo.desígnios,
E' que Deus
agiremlhesunânimes
pôs no coração exe-
e entrega- 17
rem o seu poder á fera, até que se cumpram as palavras de
Deus. A mulher que viste é a grande cidade que domina sobre i8
os reis da terra.
Queda de Babilónia. Depois disto, vi outro anjo 18
descer do céu ; tinha grande poder, e a terra se iluminou
com seu esplendor. Bradou com voz forte : "Caiu, caiu a 2
grande Babilónia ! tornou-se habitação de demónios, asilo
de todos os espíritos impuros, guarida de todas as aves imun-
das e repugnantes. Porque todos os povos beberam do vinho 3
inebriante da sua luxúria, os reis da terra fornicaram com
ela, e os mercadores da terra enriqueceram com os excessos
das suas libertinagens".
povo meu, Ouvi para
outraquevoznãoa bradar
tenhais doparte
céu nos
: "Retirai-vos
seus delitos, dela,
nem 4
lhe sofrais os flagelos ; porquanto os seus pecados se acumulam 5
até ao céu e o Senhor se recordou das suas iniquidades.
Retribuí-lhe o que ela jez, e pagai-lhe o dobro das suas obras. 6
Propinai-lhe o duplo do cálice que ela propinou. Fazei-a 7
pagar em tormento e aflição o muito que passou em glórias
e voluptuosidades. Estou no meu trono de rainha — diz ela
no seu coração — não sou nenhuma viuva, nem conheço luto.
Por isso virão num só dia os seus flagelos : a morte, o luto, 8
a fome ; será queimada no fogo ; porque poderoso ê Deus, o
Senhor.
A grande lamentação. Os reis da terra que com 9
ela viveram em luxúrias e voluptuosidades hão de chorar
e lamentá-la, quando virem o fumo do seu incêndio. Ficarão io
á distância,
ai ! grande comcidademedo dos seus tormentos,
de Babilónia ! cidade tãoclamando
poderosa :!"Ai,
eis
que numa só hora desabou sobre ti o juízo !"
Os mercadores da terra chorá-la-ão entre lamentos ; n
porque já não há quem lhes compre as mercadorias ; artigos
17 — e entregarem 5 — vos fez 8 — Deus.
506 Apocalipse 18, 12 — 19, 5

12 de ouro e de prata, pedras preciosas e pérolas, linho, púrpura,


seda e escarlate ; toda a espécie de madeira odorífera e toda
a espécie de utensílios de marfim j toda a qualidade de uten-
sílios de madeira preciosa, de bronze, de ferro e de mármore ;
18 canela e especiarias, perfumes, mirra e incenso ; vinho,
azeite, flor de farinha e trigo ; gado, ovelhas, cavalos, novi-
14 lhos e carros ; escravos e servos da gleba. Fugiram de ti os
frutos, delícias do teu coração ; lá se foi tudo que era brilho
e pompa, e rtunca mais voltará.
ir> Os que com isto negociavam e enriqueciam conservar-
se-ão longe dela, com medo dos seus tormentos, e, por entre
16 lágrimas
vestida dee lamentos, clamarão
linho, púrpura : "Ai, coberta
e escarlate, ai ! cidade tão grande
de ouro, pedras !
17 preciosas e pérolas. Numa só hora foi reduzida a nada tama-
is nhaTodos riqueza !".
os pilotos, nautas, mareantes e todos quantos
trabalham no mar conservaram-se arredios, e á vista do fumo
do seu incêndio, exclamaram : "Que cidade houve jamais
19 tão grande como esta ?" Cobriram de cinzas a cabeça e di-
ziam entretesouros
dos seus choros eenriqueceram
lamentos : "Ai,todos
ai daquela
os que grande
tinham cidade!
embar-
cações no mar. E numa só hora foi assolada !"
20 Exultai sobre ela, ó céus, e vós, santos, apóstolos e
profetas ! porque Deus vingou a sentença que ela proferiu
sobre vós.
21 A cidade deserta. Então um anjo poderoso suspen-
deu uma pedra, do tamanho duma mó, e lançou-a ao mar,
dizendo : "Com igual veemência será precipitada Babilónia,
22 a grande cidade, e não será jamais encpntrada. Nunca mais
se ouçam em ti melodias de harpas ou cânticos, nem som de
flauta ou trombeta ! nunca mais se encontre em ti artista
de arte alguma nem jamais se perceba em ti ruído de moinho !
23 Nenhuma luz de lâmpada há de em ti brilhar, nenhuma voz
de esposo e de esposa se há de ouvir em teu interior ! Os
teus mercadores, senhores do mundo, seduziram com suas
24 magias todos os povos. Está manchada do sangue dos pro-
fetas dos
e santos, e de todos os que na terra foram trucidados' ' .
19 O júbilo no céu. Depois disto ouvi no céu uma voz
possante,
a salvação,como de grandes
a glória multidões,
e o poder bradando
competem : "Aleluia
ao nosso Deus !!
2 verdadeiros e justos são os seus juízos. Julgou a grande
meretriz, que com sua luxúria corrompia a terra ; vingou o
sangue dos seus servos com que ela manchou as suas mãos".
3 E continuaram a clamar : "Aleluia ! o fumo dela
sobe pelos séculos dos séculos !".
•l Então se prostraram os vinte e quatro anciãos e os
quatro seres vivos, e adoraram a Deus sentado no trono,
5 dizendo : "Amen, Aleluia r E uma voz saiu do trono, di-
zendo : "Louvai ao nosso Deus, vós todos seus servos,
vós que o temeis, pequenos e grandes !"
Apocalipse 19, 6 — 20, 3 507

E ouvi uma grande multidão cantar como o marulhar 6


de muitas
luia ! tomouáguas
possee odorebombar
seu reino deo Senhor
veementesnossotrovões
Deus, : o "Ale-
Oni-
potente ! Alegremo-nos, exultemos e glorifiquemo-lo ; por- 7
que chegaram as núpcias do Cordeiro, e sua esposa se prepa-
rou ; entregaram-lhe uma veste de obras justas dos santos. s
Ao que ele me disse : "Escreve : Bem-aventurados 9
os que são chamados ao banquete nupcial do Cordeiro".
E acrescentou : "São estas as verdadeiras palavras de
Deus". Então me lancei a seus pés para o adorar. Ele, porém, 10
servodisse
me teu : e de
"Olha,
teus que não que
irmãos, o faças
teem! opois eu não passo
testemunho dum
de Jesus.
Adora
profecia.a Deus". — O testemunho de Jesus é o espírito de
O vencedor montado no cavalo branco. Vi o céu 11
aberto ; e eis um cavalo branco, e quem nele vinha montado
chama-se o Fiel, o Verdadeiro. J ulga e combate com justiça.
Os seus olhos brilham como chamas de fogo, e traz muitos 12
diademas na cabeça e inscrito um nome que ninguém conhece
senão êle só. Traja uma veste ensanguentada ; o seu nome é 13
"Verbo
dos em de Deus".brancos,
cavalos Seguiam-no
vestidososdeexércitos celestes,
alvinitente linho.monta-
Saía- 1415
lhe da boca uma espada aguda com que ferisse os povos.
Governá-los-á com cetro de ferro, e pisará o lagar da ira
veemente de Deus todo-poderoso. Na veste, á ilharga, leva 16
escrito o nome : Rei dos reis, Senhor dos senhores.

Juízo sobre a fera e o falso profeta. Nisto vi um 17


anjo colocado dentro do sol, que clamava em voz alta a todas
as aveso grande
para que voavam
festimpelo
de espaço
Deus !celeste : "Vinde
Comereis carnesreunir-vos
de reis, 18
carnes de chefes militares, carnes de poderosos, carnes de
cavalos e seus cavaleiros, carnes de todos os livres e escravos,
pequenos e grandes".
Vi reunidos a fera e os reis da terra com seus exércitos, l'*
afim de guerrearem o cavaleiro e seu exército. Foi presa a 20
fera juntamente com o falso profeta, que por virtude sua
operava prodígios, seduzindo os que levavam a marca do
animal e lhe adoravam a imagem. Foram os dois lançados
vivos num tanque de fogo a arder com enxofre. Os restantes 21
pereceram pela espada que saía da boca do cavaleiro ; e todas
as aves fartaram-se das suas carnes.
Captura de Satanaz. Vi descer do céu um anjo 20
Empunhava a chave do abismo e uma grande corrente.
Prendeu o dragão, a serpente antiga — que é o demónio, 2
Satanaz — e algemou-o por espaço de mil anos ; precipitou-o
ao abismo, fechou-o e pôs selo sobre êle para que não mais 3
15 — de dois gumes
508 Apocalipse 20, 4 — 21, 5

seduzisse os povos, até que se completassem os mil anos.


Depois disto será posto em liberdade por pouco tempo.
4 Reino milenar. Vi também tronos Os que neles
se sentaram foram incumbidos do julgamento. E vi almas
dos que foram degolados por causa do testemunho de Jesús
e por causa da palavra de Deus, almas que não adoraram o
animal, nem a sua imagem, nem lhe aceitaram a marca na
fronte e nas mãos. Tornaram á vida, e reinaram com Cristo
5 por mil anos. Os outros só reviverão, depois de expirarem os
6 mil
santoanos. E' esta
aquele a primeira
que tomar parteressurreição.
na primeira Bem-aventurado
ressurreição. Nãoe
tem sobre eles poder a segunda morte. Serão sacerdotes de
Deus e de Cristo, reinando com ele durante mil anos.
7 Queda de Satanaz. Decorridos, porém, os mil
S anos, será Satanaz solto do seu cárcere. Sairá pelos quatro
cantos da terra e seduzirá os povos, a Gog e a Magog, reunin-
do-os para a luta. O número deles será como as areias do
9 mar. Espalhar-se-ão pela superfície da terra, cercando o
acampamento dos santos e a cidade tão querida. Mas des-
10 cerá fogo do céu devorando-os. O demónio, que os seduzia,
será lançado ao tanque de fogo e enxofre, juntamente com o
animal e o falso profeta. Serão atormentados, dia e noite,
pelos séculos dos séculos.
11 Proclamação do reino eterno. Vi então um trono
grande e brilhante, e alguém sentado nele. Da sua presença
fugiu o céu e a terra, e não foi achado mais o lugar dêles.
12 Vi os mortos, grandes e pequenos, de pé diante do trono.
Abriram-se livros. Mais outro livro foi aberto, que é o livro
da vida. Foram os mortos julgados segundo as suas obras, as-
13 estava escrito nos livros. O mar expeliu os mortos que en-
sim como cerrava ; também a morte e o inferno entregaram
os mortos que continham ; e foi julgado cada um segundo as
14 suas obras. Ao que a morte e o inferno foram lançados ao
15 Quem
tanque não
de fogo. E' esta
se achava a segunda
inscrito no livromorte, o tanque
da vida de fogo.
era lançado
ao tanque de fogo.
21 O novo céu e a nova terra. Vi então um novo céu
e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra lá se
2 foram ; e o mar já não existe. E eu vi a cidade santa, a
nova Jerusalém, descendo do céu da parte de Deus, prepa-
3 rada como uma noiva adornada para seu noivo. E, do trono,
ouvi uma voz forte dizer : "Eis o habitáculo de Deus entre
os homens! Habitará no meio dêles; eles serão o seu po-
4 vo, e êle, Deus, estará com eles. Enxugará dos seus olhos
toda a lágrima ; já não haverá morte, nem luto, nem lamento,
5 nem dor ; porque passaram as coisas de outrora". E disse
14 — morte. 2 — eu, João,
Apocalipse 21, 6 — 26 509

aquele que estava sentado no trono : "Eis-que renovo todas


as coisas !" E acrescentou : "Escreve : estas palavras são 6
de confiança
sou o alfa e o eômega, verídicas". E prosseguiu
o princípio e o fim.: Ao"Acabou-se
que tiver !sêde
Eu
lhe darei de graça água da fonte da vida. Quem vencer re- 7
ceberá isto ; eu lhe serei Deus, e ele será meu filho. Aos co- 8
vardes, porém, aos incrédulos, aos ímpios, aos homicidas,
aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os menti-
rosos :tocar-lhes-á em partilha o tanque de fogo e enxofre.
E' esta a segunda morte.
A nova Jerusalém. Veio então um dos sete anjos 9
com as conchas repletas dos sete flagelos últimos, e disse-me :
"Vem, que te em
arrebatou-me mostrarei
espíritoa noiva, a esposade dogrande
a um monte Cordeiro".
extensãoE 10
e altura, e mostrou-me a cidade santa Jerusalém a descer do
céu, da parte de Deus, com divina claridade. Brilhava como n
uma pedra preciosa, como o jaspe cristalino. Tinha uma 12
grande e elevada muralha e doze portais. Encimavam os
portais doze anjos. Havia nomes gravados nos portais, os
nomes das doze tribus de Israel. Três portais davam para 13
o léste, três para o norte, três para o sul, e três para o oéste.
A muralha da cidade tinha doze pedras fundamentais, em 14
que estavam gravados os nomes dos doze apóstolos do
Cordeiro.
Aquele que falava comigo trazia uma vara métrica 15
de ouro, para medir a cidade, os seus portais e a sua muralha.
A cidade está construida em quadro, sendo o seu compri- 16
mento igual á sua largura. Mediu a cidade com a sua vara :
eram doze estádios. São iguais o seu comprimento, largura e
altura. Mediu-lhe a muralha: eram cento e quarenta e cinco 17
côvados, segundp a medida dos homens, que é também a
medida dos anjos. A muralha era de jaspe ; a cidade mesma 18
era de ouro puro, límpido como o vidro. As pedras funda- ijj
mentais da cidade estavam ornadas de toda a espécie de pe-
dras preciosas. A primeira pedra fundamental era um jaspe,
a segunda uma safira, a terceira uma calcedònia, a quarta
uma esmeralda, a quinta uma sardónica, a sexta um sárdio, 20
a sétima um Crisólito, a oitava um berilo, a nona um topázio,
a décima um crisópraso, a undécima um jacinto, a duodé-
cima uma ametista. Os doze portais eram doze pérolas, 21
constando cada qual de uma só pérola. As ruas da cidade eram
de ouro puro, diáfano como vidro.
Não vi templo nela. Deus, o Senhor, o Onipotente, 22
o Cordeiro, é que são o seu templo. A cidade não necessita 23
da luz do sol nem da lua. A glória de Deus é que lhe dá
claridade. A sua luz é o cordeiro. Andam os povos ao seu 24
fulgor, e os reis da terra entram nela com as suas magni-
ficências. Não se fecham os seus portais de dia. E noite lá 25
não existe. Serão nela introduzidos a magnificência e os 26
16 — vara de ouro 23 — magnificências e com os seus tesouros.
510 Apocalipse 21, 27 — 22, 19

27 tesouros dos povos. Mas não entrará nenhuma coisa impura,


nem ímpio, nem mentiroso, senão somente aqueles que estão
escritos no livro da vida do Cordeiro.
22 A felicidade da nova Jerusalém. Passou a mos-
trar-me uma torrente de águas vivas, clara como cristal.
2 Brotava do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua
praça e de uma e outra margem da torrente estava a árvore
da vida. Frutifica doze vezes ; produz fruto cada mês.
3 as folhas da árvore dão saúde aos povos. Não haverá mais
4 coisa maldita. Nela está o trono de Deus e do cordeiro, e
5 os seus servos o adoram. Contemplam-lhe a face e levam na
fronte o seu nome. Não há mais noite. Não se precisa de
luz de tocha nem de luz solar. Deus o Senhor é que é a
6 sua luz. E reinarão pelos séculos dos séculos.
Conclusão do livro.
fiança esão verdadeiras estas Disse-me
palavras. eleDeus,
: "Merecem
o Senhor con-
dos
7 espíritos proféticos, enviou o seu anjo para revelar a seus
servos o que há de acontecer em breve. Eis que não tardarei
a vir. Bem-aventurado aquele que tomar a peito as palavras
- proféticas Eu, deste João, livro
é que !"ouvi e vi estas coisas. E, depois de
~ as ter ouvido e visto, caí aos pés do anjo que m'as revelara,
para o adorar. Ele, porém, me disse : "Não faças isto! Eu
não passo dum servo como tu e teus irmãos, os profe-
tas e os que tomarem a peito as palavras dêste livro. A
10 Deus, sim, adora."
11 E prosseguiu : "Não ponhas sob sigilo as palavras
proféticas dêste livro ; porque o tempo está próximo. Conti-
nue o ímpio a cometer impiedades, continue o impuro a co-
meter impurezas ; o justo, porém, se torne ainda mais justo,
12 e o santo ainda mais santo.
Eis que não tardarei a vir. E comigo vem a minha
13 recompensa para retribuir a cada um segundo as suas obras.
14 Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o princípio e o
fim. Bem-aventurados os que lavam as suas vestes ! Terão
15 direito á árvore da vida e a entrarem pelas portas da cidade.
Mas ficarão fora os cães, os magos, os impuros, os assassinos,
16 os idólatras e todo o homem que ama e pratica a mentira.
Eu, Jesús, é que vos enviei meu anjo afim de vos
7 comunicar isto para as igrejas. Eu sou a raiz e o broto de
Davi, ! aE luminosa
Vem quem o estrela 3'alva. Digam
ouvir responda : Vem o !espírito
Quem e tiver
a esposa
sêde :
ig venha ;Declaro quem desejar
a todo receberá
homem de quegraça
tiver a conhecimento
água da vida". das
palavras proféticas dêste livro : Quem lhes acrescentar
alguma coisa, sobre êsse mandará Deus cair os flagelos des-
59 critos nêste livro. E quem tirar alguma das palavras dêste
palavras proféticas
vestes no sangue do Cordeiío.
Apocalipse 21, 20 — 21 511

livro profético, Deus lhe tirará o quinhão na árvore da vida


e na cidade santa, das quais trata este livro.
Amen. QuemVem,disto dá testemunho
Senhor Jesus ! diz : "Sim, virei em breve". 20
Amen. A graça do Senhor Jesus seja com todos os santos. 21

NOTAS EXPLICATIVAS
Aquele que é, e que há de vir — isto é, Deus, que
abrange o presente, o passado e o futuro. Os sete espí-
ritos designam o Espírito Santo com os sete dons (cf. Is 11,
2). Jesus Cristo é fiel testemunha da palavra de Deus ;
remiu-nos com o seu sangue e há de mostrar-se juiz terrível
para com os ímpios. E' o alfa e o ômega — primeira e últi-
todasma letra do alfabeto grego — isto é, o princípio e o fim de
as coisas.
Patmos era uma ilha deserta do mar Egeu, para onde
o imperador Domiciano desterrou o apóstolo São João
por causa da prégação do evangélho.
As sete lâmpadas são as sete cristandades da Asia
Menor que possuem a luz da fé verdadeira. As sete estrelas
são os respetivos pastores destas igrejas. São estrelas porque
espargem os fulgores da revelação divina ; são anjos tutela-
res dasquer
trêlas, cristandades. E' Jesus a Cristo
dizer que recebem que sol
luz dêste sustenta
divino. estas es-
O pastor de Êfeso juntamente com os seus será ex- 2
cluído da igreja de Cristo, se não voltar ao seu fervor pri-
mitivo. Os nicolaítas, aos quais mui louvavelmente, faz
oposição, davam por lícita a luxúria e a manducação das
carnes sacrificadas aos ídolos.
Smirna era a cristandade de São Policarpo (f 155), 19— 23
discípulo de São João ; pobre embora de bens materiais,
é ela riquíssima em dons de Deus.
Pérgamo é designado como sendo séde de Satanaz, 13—17
em atenção á repelente idolatria que aí se prestava a Esculá-
pioçado adoutrina
(Asclépio). dos E' balaamitas.
fato que diversos cristãos
Aos fiéis, porém,tinham abra-
é prometido
um manjar delicioso e uma pedra branca, isto é, a eleição á
eterna bem-aventurança.
Tiatira, cidade célebre por seu comércio de púrpura, 18_~ 29
pátria de Lídia (At 16, 14) tem uma igreja repleta de virtu-
des cristãs, mas tolera em seu meio uma heresia infame,
que é chamda Jezabel, em atenção á conhecida mulher
do rei Acab, a qual seduzia o povo á luxúria. Deus há de
castigar os pecadores, ao passo que os justos receberão a
estrêla matutina da glória celeste.

21 — Jesús Cristo
512 NOTAS — Apocalipse 3, 1 — 6, 11

3 O pastor de Sardes, embora tido por virtuoso, vive


1_6em pecado mortal. Pelo que o apóstolo o exorta a voltar
ao fervor primitivo, para que não seja colhido de surpresa
pelo juízo de Deus. Os poucos cristãos que, em Sardes, se
haviam conservado puros, terão em recompensa a união eterna
com Jesus Cristo.
7—16 Jesus Cristo dispõe das chaves da casa de Davi, isto
é, do reino de Deus. Ninguém vem ao Pai senão por Jesus,
O pastor de Filadélfia resistiu valorosamente aos judeus,
pelo que presenciará a conversão de muitos deles. Todo soe
que perseverarem fiéis nas tribulações serão monumentos
eternos das maravilhas de Deus.
14—18 O pastor de Laodicéia é censurado por causa da ti-
bieza na vida espiritual e exortado a implorar o espírito
da fé, da pureza e do conhecimento do seu estado moral.
4 O vidente de Patmos descreve a majestade de Deus :
í—n o seu fulgor é semelhante ao das pedras preciosas ; rodeiam o
Altíssimo representantes do povo de Deus em vestes sacer-
dotais eornatos régios ; diante do trono eterno ardem, quais
lâmpadas inestintguíveis, os sete dons do Espírito Santo ;
o pavimento parece todo de cristal puríssimo. Circundam
o sólio divino os querubins, lembrando os seres criados mais
perfeitos (cf. Ez 1, 15, 8) ; estão cheios de olhos, quer dizes
que refletem a sabedoria e majestade de Deus., bendizendo-o
eternamente ; entoam nos hinos dos querubins os represen-
tantes do povo de Deus e depõem as suas coroas, em sinal de
submissão.
5 O livro — que, antigamente,, tinha a forma de rolo
l — 6 — contém os desígnios divinos sobre o futuro do reino messiâ-
nico na terra. Vem escrito dos dois lados, para indicar a
abundância de vicissitudes que êle há de passar, no correr dos
séculos. Está fechado com sete selos, porque os planos de
Deus são profundíssimo mistério para a razão humana,
mistérios, que só o Filho de Deus, imolado inocente, poderá
desvendar.
pelos pecadosE' êle do omundo.
Cordeiro Osde Deus
chifresquesimbolizam
se entregou o ápoder
morte ;
os olhos, a sabedoria de Cristo.
Á solução dos quatro primeiros selos aparece de cada
vez um cavaleiro. Vem o primeiro montado em corcel
branco, laureado triunfador, simbolizando a vitoriosa jus-
tiça de Deus. O cavaleiro montado em cavalo cor de fogo
significa a guerra, cheia de sangue e de incêndios. O cava-
leiro do animal preto representa a fome e a carestia, que
obriga a medir a ração para cada dia. O homem montado na
cavalgadura amarela representa a morte, que vem fazer co-
lheita para os seus celeiros, o inferno, que a vem seguindo.
O quinto sêlo insinua o martírio que os cristãos so-
friam pela fé. Suplicam êles que Deus julgue os persegui-
dores para que acabe por sair triunfante o reino de Deus ;
mas teem de esperar até ao fim do mundo.
NOTAS — Apocalipse 6, 12 — 11, 14 513

O sexto sêlo faz lembrar horríveis cataclismas da na-


tureza, que encherão de terror os habitantes do globo.
O firmamento se afigura ao vidente como que uma 14
tolda de tenda, ou como a folha dum livro que se desenrola.
Antes de romper a grande catástrofe, são assinalados 7
os predestinados do judaísmo e do paganismo, que terão de 1 — 17
sofrer como os outros, mas possuem a garantia da perseve-
rança final. Os números não se entendem ao pé da letra, mas
designam uma grande multidão (milhares ; pelo que se
identifica o sentido de "144.000" com o de "inumerável
multidão").
O sétimo sêlo se desentranha em outras tantas trom-
betas, as quais são entregues a sete anjos para anunciarem
os respectivos castigos.
A primeira trombeta anuncia fenómenos terríficos,
prôdromos do juízo final : tempestades, errupções vulcâ-
nicas., meteoros, eclipses ; mas tudo isto não passa de prelú-
dios de acontecimentos mais pavorosos.
A estrêla significa um anjo mau que, com a permissão 9
de Deus, derrama grandes calamidades sobre os ímpios. l
Os gafanhotos (cf. H 1, 6 ; 2, 45) teem ordem de fazer 2 — 12
mal, não ás plantas, mas aos homens, razão por que veem
munidos de ferrão, de longe se parecem com uma nuvem ;
de perto, alguns apresentam forma de homem, outros de
cavalo.
Apollyon — quer dizer : exterminador.
Das bandas do Eufrates vinham antigamente, os
exércitos dos assírios e babilónios assolando as terras de Is-
rael ;dessas mesmas regiões vê o apóstolo romper as cala-
midades finais sobre o género humano.

A' voz cujo


sete trovões, do anjo respondem,
sentido não foi como outros tantos
interpretado écos,
ao vidente. 103—4
A exemplo do profeta Ezequiel, tem o apóstolo de 8 — 10
engulir um livro, quer dizer, assimilar o conteúdo ; é-lhe
doce e agradável receber uma revelação de Deus, porém,
amargo transmití-la ao povo, por ser de significação lutuosa.
O templo será defendido da profanação pagã, ao passo 11
que os átrios do mesmo e a cidade de Jerusalém serão entre- 1— 14
gues ao arbítrio deles, por espaço de 42 meses. Durante este
período aparecerão dois profetas para prégar a penitência ;
mas acabarão por ser assassinados por instigação de Satanaz
e os seus corpos serão deixados sem sepultura ; não tardarão,
porém, a ressuscitar aos olhos de todos e subir ao céu, por
entre grandes terremotos. Jerusalém se parecerá com Sodoma
e o Egito, quanto á perseguição dos mensageiros de Deus.
514 NOTAS — Apocalipse 11, 19 — 17, 13

L5 — 19 Ao som da última trombeta entra a realizar-se tudo


que foi anunciado em 12, 1-22, 5 ; e, antes mesmo que
na terra se executem os desígnios de Deus, já no céu se
celebra a vitória do Altíssimo sobre o mundo anti-cristão.
12 A mulher em questão é a igreja, que aparece sob
1—17 a figura da mãe de Jesus. A igreja de Cristo traz no seio
uma vida nova, com o que redobra o furor do dragão. Entra
êle em conflito com o arcanjo São Miguel e seus anjos, que
acabam por expulsá-lo do reino de Deus. Cheio de cólera,
volta-se o dragão contra a igreja ; mas em vão, porque ela
está sob a proteção de Deus.
13 A féra que sobe do seio do mar de povos (cf. Dn 7)
í é o anti-cristo.
11—18 A féra que vem da terra e auxilia a primeira é a dou-
trina falsa e a sabedoria mundana, aliadas do anti-cristo.
Quem não lhe prestar culto é excluído do convívio civil e
social.
18 Não consta da significação deste número 666 ; é de
notar que em hebraico e grego os númen s são ao mesmo tem-
po letras do alfabeto, resultando, assim um nome determi-
nado.
A inumerável multidão dos bem-aventurados do céu
! 5 (144.000 = milhares) veem representados sob a forma de
virgens (cf. Mt 25, 1-13), para indicar a absoluta pureza
dessas almas.
6_i3 O primeiro anjo previne os homens, o segundo anuncia
a quéda da metrópole do mundo anti-cristão, o terceiro co-
munica o castigo iminente.
8 O anjo antecipa o fato da quéda de Babilónia, cuja
realização histórica passa por todos os cinco capítulos se-
guintes.
14 is A humanidade está madura para a colheita, isto é,
para o juizo final. As uvas maduras vão para o lagar :
o seu sangue se derrama pelo mundo por mais de 310 klm.
16 As sete pragas que seguem fazem lembrar as do
i Egito (Êx. 7, 10).
12—16 Secou o Eufrates, que opunha barreira aos exércitos
invasores. As potências do abismo iludem os príncipes
e os levam á perdição. Do mesmo modo que os reis de
Canaan foram derrotados pelos israelitas em Armagedon
(isto é : monte de Magedon. ou Megido — Jz 5, 19). assim
hão de todos os reis da terra encontrar o seu Armagedon.
17 Vem a metrópole do mundo anticristão personifica-
1—13 da por uma mulher impura e sanguinária, que arrasta á
luxúria e á idolatria os reis e os povos da terra. Serve de tipo
a Roma pagã. O anti-cristo, levado de ciúmes destrói tudo,
NOTAS — Apocalipre 18, 1 — 22, 15 515

Um anjo de Deus proclama a catástrofe da metro- 18


pole anticristã como já realizada ; ao que outra voz do céu í — 24
concita os fiéis a abandonarem a cidade, passando a descre-
ver a decepção dos negociantes e marinheiros, á vista das
ruínas., por fim, outro anjo, lançando ao mar uma mó, re-
presenta ao vivo a perdição final da cidade perversa.
Ao som de hinps e cânticos celebram os eleitos o poder 19
a majestade e a justiça de Deus manifestada no juízo sobre 6— X
a metrópole anticristã, prevendo o dia em que a igreja en-
trará com o divino Esposo no reino da eterna glória. Contras-
ta suavemente, com a imunda meretriz manchada de sangue,
o imaculado fulgor e a túnica alvíssima da Esposa de Cristo.
Montado em corcel cor de neve, ladeado dos exérci- n — 16
tos celestes, sai Jesus Cristo, em marcha triunfal ; os seus
olhos, de brilho intenso, perscrutam todos os mistérios do
universo; o seu nome é insondável arcano; vem corrTas
vestes tintas de sangue, porque acaba de abandonar o campo
de batalha; empunha um cetro de ferro e pisa o lagar, isto é,
exerce juízo sobre os povos.

as suas E'maquinações
precipitado sobre no inferno
a terra,Satanaz e são daparalisadas
em virtude redenção 201—3
de Cristo.
Em lugar da cátedra de Satanaz se ergue o trono de 4—6
Cristo, cujo domínio abrange mil anos. isto é, um período
de longa piritualduração, do 1.°
esse domínio. ao 2.° advento.
O demónio já não temE' poder
de caráter
sobre es-
os
fiéis, que são preservados da morte eterna.
Pouco antes do fim do mundo será solto Satanaz. 7 — 10
Leva aos povos Gog e Magog à luta contra a igreja, não
tardando porém, a ser destruído o seu poderio e lançado no
fogo ele com seus sequazes.
Do seio da criação, purificada do pecado, surge um 21
novo céu e uma terra nova, digno habitáculo da verdadeira i__8
Jerusalém, que é a igreja. Nela estabelece Deus a sua
morada, banindo tôdas as dores e máguas. Os pecadores
não terão parte na felicidade.
O sentido de toda essa descrição da celeste Jeru- 9 — 21
salém é que ela é de inconcebível grandeza e formosura.
Deliciam aos habitantes da celeste Jerusalém as sua- 22
vidades do paraíso ; saciam-nos torrentes de inefável bea- 1 — 2
titude, e o fruto dulcíssimo da visão de Deus lhes comunica
a vida eterna.
São confirmadas como exatas as revelações anterio- 6 — 15
res, tendo por autor o próprio Deus, e que também iluminava
os profetas. Nem tardarão elas a ter o seu cumprimento ;
pelo que será ditoso quem tomar a peito o conteúdo deste
livro e aproveitar a brevidade do tempo para se santificar
516 NOTAS — Apocalipse 22, 15

cada vez mais. Por isso, urge que o homem se purifique


dos seus pecados e vícios, afim de ter ingresso na cidade de
Deus, onde não entrarãos os impenitentes, nem os imundos
("cães").
A igreja, esposa de Cristo, repleta do Espírito Santo,
anseia pelo advento do divino Esposo, anseio esse, que
deve ser o de todo o cristão.
Despede-se J esús do apóstolo com as palavras : "Sim,
virei em breve", ao que o vidente responde cheio de ardor :
"Vem, Senhor Jesus !"
Veio esta palavra a tornar-se, desde então, o brado
de saudades da igreja de Jesus Cristo.
EPISTOLAS E EVANGELHOS PRINCIPAIS
TIRADOS DO NOVO TESTAMENTO

3.a missa:
1. ° domingo do Advento
Ep: Rm 13, 11-14 Ep: Hta 1, 1-12
Ev: Lc 21, 25-33 Ev: Jo 1, 1-14
2. ° domingo do Advento Sánto Estêvão
Ep: Rm 15, 4-13 Ep: At 6, 8-10; 7, 54-59
Ev: Mt 11,2-10 Ev: Mt 23, 34-39
3. ° domingo do Advento São João Evangelista
Ep: Fp 4, 4-7 Ev: Jo 21, 19-24
Ev: Jo 1, 19-28 Santos inocentes
Quarta-feira das 4 têmporas Ep: Ap 14, 1-5
Ev: Lc 1, 26-38 Ev: Mt 2, 13-18
Sexta-feira das 4 têmporas Domingo da oitava de Natal
Ev: Lc 1, 39-47 Ep: Gl 4, 1-7
Sábado das 4 têmporas Ev: Lc 2, 33-40
Ep: 2 Ts 2, 1-8 Sto. Tomaz de Canterbury
Ev: Lc 3, 1-6 Ep: Hb 5, 1-6
Ev: Jo 10, 11-16
4. ° domingo do Advento São Silvestre
Ep: 1 Cr 4, 1-5
Ev: Lc 3, 1-6 Ep: 2 Tm 4, 1-8
Vigília do Natal Ev: Lc 12, 35-40
Ep: Rm 1, 1-6 Circuncisão do Senhor
Ev: Mt 1, 18-21 Ep: Tt 2,
Ev: Lc 2, 2111-15
Natal
1. a missa: Ss. Nome de Jesús
Ep: Tt 2, 11-15 Ep: Lc
Ev: At 2,
4, 218-12
Ev: Lc 2, 1-14
2. » missa: Vigília de Epifânia
Ep: Tt 3, 4-7 Ep: Gl 4, 1-7
Ev: Lc 2, 15-20 Ev: Mt 2, 19-23
518 Epistolas e evangelho

Epifânia do Senhor Quinta-feira dep. 4f. cinzas


Ev: Mt 2, 1-12 Ev: Mt 8, 5-13
Domingo da oitava Sexta-feira dep. 4f. cinzas
Ep: Rm 12, 1-5 Ev: Mt 5, 43-6, 4
Ev: Lc 2, 42-52 Sábado dep. 4f. cinzas
Sagrada família Ev: Mc 6, 47-56
Ep: Cl 3, 12-17 1. ° domingo da Quaresma
Ev: Lc 2, 42-52
Ep: 2 Cr 6, 1-10
Oitava da Epifânia Ev: Mt 4, 1-11
Ev: Jo 1, 29-34 Segunda-feira: Ev: Mt 25, 31-46
Terça-feira: Ev: Mt 21, 10-17
2. ° domingo dep. Epifânia Quarta-feira: Ev: Mt 12, 38-50
Ep: Rm 12, 6-16 Quinta-feira: Ev: Mt 15, 21-28
Ev: Jo 2, 1-11 Sexta-feira: Ev: Jo 5, 1-15
Sábado: Ep: 1 Ts 5, 14-23
3. ° domingo dep. Epifânia Ev: Mt 17, 1-9
Ep: Rm 12, 16-21
Ev: Mt 8,1-13 2. ° domingo da Quaresma
4. ° domingo dep. Epifânia Ep: 1 Ts 4, 1-7
Ev: Mt 17, 1-9
Ep: Rm 13, 8-10 Segunda-feira: Ev: Jo 8, 21-29
Ev: Mt 8, 23-27
Terça-feira: Ev: Mt 23, 1-12
5. ° domingo dep. Epifânia Quarta-feira: Ev: Mt 20, 17-28
Ep: Cl 3, 12-17 Quinta-feira: Ev: Lc 16, 19-31
Ev: Mt 13, 24-30 Sexta-feira: Ev: Mt 21, 33-46
Sábado: Ev: Lc 15, 11-32
6. ° domingo dep. Epifânia 3. ° domingo da Quaresma
Ep: 1 Ts 1, 2-10
Ev: Mt 13, 31-35 Ep: Ef 5, 1-9
Ev: Lc 11, 14-28
Septuagésima Segunda-feira: Ev: Lc 4, 23-30
Ep: 1 Cr 9, 24-10, 6 Terça-feira: Ev: Mt 18, 15-22
Ev: Mt 20, 1-16 Quarta-feira: Ev: Mt 15, 1-20
Quinta-feira: Ev: Lc 4, 38-44
Sexagésima Sexta-feira: Ev: Jo 4, 5-42
Ep: 2 Cr 11, 19-12, 9 Sábado: Ev: Jo 8, 1-11
Ev: Lc 8, 4-15
4. ° domingo da Quaresma
Quinquagésima Ep: Gl 4, 22-31
Ep: 1 Cr 13, 1-13 Ev: Jo 6, 1-15
Ev: Lc 18, 31-43 Segunda-feira: Ev: Jo 2, 13-25
Terça-feira: Ev: Jo 7, 14-31
Quarta-feira de cinzas Quarta-feira: Ev: Jo 9, 1-38
Ev: Mt 6, 16-21 Quinta-feira: Ev: Lc 7, 11-16
Epistolas e evangelho 519

Sexta-feira: Ev: Jo 11, 1-45 Quarta-feira: Ep: At 3, 13-15,


Sábado: Ev: Jo 8, 12-20 17-19
Domingo da paixão Ev: Jo 21, 1-14
Quinta-feira: Ep: At 8, 26-40
Ep: Hb 9, 11-15 Ev: Jo 20, 11-18
Ev: Jo 8, 46-59 Sexta-feira: Ep: 1 Pd 3, 18-22
Segunda-feira: Ev: Jo 7, 32-39 Ev: Mt 28, 16-20
Terça-feira: Ev: Jo 7, 1-13 Sábado: Ep: 1 Pd 2, 1-10
Quarta-feira: Ev: Jo 10, 22-38 Ev: Jo 20, 1-9
Quinta-feira: Ev: Lc 7, 36-50 Domingo de Pascoela
Sexta-feira: Ev: Jo 19, 25-27
Sábado: Ev: Jo 12, 10-36 Ep: 1 Jo 5, 4-10
Ev: Jo 20, 19-31
Domingo de ramos 2. ° domingo dep. da Páscoa
Ep: Fp 2, 5-11 Ep: 1 Pd 2, 21-25
Ev: Mt 21, 1-9 Ev: Jo 10, 11-16
(Paixão de Nosso Senhor: Mt.
26 e 27) 3. ° domingo dep. da Páscoa
Segunda-feira da semana-santa: Ep: 1 Pd 2, 11-19
Ev: Jo 12, 1-9 Ev: Jo 16, 16-22
Terça-feira da semana-santa 4. ° domingo dep. da Páscoa
Paixão de Nosso Senhor:
Mc 14 e 15 Ep: Tg 1, 17-21
Ev: Jo 16, 5-14
Quarta-feira da semana-santa
Paixão de Nosso Senhor: 5. ° domingo dep. da Páscoa
Lc 22 e 23 Ep: Tg 1, 22-27
Ev: Jo 16, 23-30
Quinta-feira santa Rogações: Ep: Tg 5, 16-20
Ep: 1 Cr 11, 20-32 Ev: Lc 11, 5-13
Ev: Jo 13, 1-15 Vigília da ascensão
Sexta-feira santa Ep: Ef 4, 7-13
Paixão de Nosso Senhor: Ev: Jo 17, 1-11
Jo 18 e 19 Ascensão do Senhor
Sábado de aleluia Ep: At 1, 1-11
Ev: Mc 16, 14-20
Ep: Cl 3, 1-4 6. ° domingo dep. da Páscoa
Ev: Mt 28, 1-7
Ep: 1 Pd 4, 7-11
Páscoa Ev: 1-4Jo 15, 16-27 e 16
Ep: 1 Cr 5, 7-8
Ev: Mc 16, 1-7 Vigília de Pentecostes
Segunda-feira de Páscoa Ep: At 19, 1-8
Ep: At 10, 37-43 Ev: Jo 14, 15-21
Ev: Lc 24, 13-35 Pentecostes
Terça-feira: Ep: At 13, 16, 26-33 Ep: At 2, 1-11
Ev: 24, 36-47 Ev: Jo 14, 23-31
520 Epistolas e evangelho

Segunda-feira 6. ° domingotecostes
depois de Pen-
costes de Pente-
Ep: At 10, 34 e 42-48 Ep: Rm 6, 3-11
Ev: Jo 3, 16-21 Ev: Mc 8, 1-9
Terça-feira: Ep: At 8, 14-17 7. ° domingotecostes
depois de Pen-
Ev: Jo 10, 1-10
Quarta-feira: Ep: At 5, 12-16 Ep: Rm 6, 19-23
Ev: Jo 6, 44-52 Ev: Mt 7, 15-21
Quinta-feira: Ep: At 8, 5-8 8. ° domingotecostes
depois de Pen-
Ev: Lc 9, 1-6
Sexta-feira: Ev: Lc 5, 17-26 Ep: Rm 8, 12-17
Sábado: Ep: Rm 5, 1-5 Ev: Lc 16, 1-9
Ev: Lc 4, 38-44 9. ° domingotecostes
depois de Pen-
Santíssima Trindade
Ep: Rm 11, 33-36 Ep: 1 Cr 10, 6-13
Ev: Lc 19, 41-47
Ev: Mt 28, 18-20
10. ° domingo depois de Pen-
tecostes
1. ° domingotecostes
depois de Pen-
Ep: 1 Cr 12, 2-11
Ep: 1 Jo 4, 8-21 Ev: Lc 18, 9-14
Ev: Lc 6, 36-42
Corpo de Deus 11. ° domingo depois de Pen-
tecostes
Ep: 1 Cr 11, 23-29 Ep: 1 Cr 15, 1-10
Ev: Jo 6, 56-59 Ev: Mc 7, 31-37
2. ° domingotecostes
depois de Pen- 12. ° domingo depois de Pen-
tecostes
Ep: 1 Jo 3, 13-18 Ep: 2 Cr 3, 4-9
Ev: Lc 14, 16-24 Ev: Lc 10, 23-37
3. ° domingotecostes
depois de Pen- 13. ° domingo depois de Pen-
tecostes
Ep: 1 Pd 5, 6-11 Ep: Gl 3, 16-22
Ev: Lc 15, 1-10 Ev: Lc 17, 11-19
4. ° domingotecostes
depois de Pen- 14. ° domingo depois de Pen-
tecostes
Ep: Rm 8, 18-23 Ep: Gl 5, 16-34
Ev: Lc 5, 1-11 Ev: Mt 6, 24-33
5. ° domingotecostes
depois de Pen- 15. ° domingo depois de Pen-
tecostes
Ep: 1 Pd 3, 8-15 Ep: Gl 5, 25-6, 10
Ev: Mt 5, 20-24 Ev: Lc 7, 11-16
Epistolas e evangelho 521

16. ° domingo depois de Pen- 24.° domingo depois de Pen-


tecostes
tecostes
Ep: Ef 3, 13-21 Ep: Cl 1, 9-14
Ev: Lc 14, 1-11 Ev: Mt 24, 15-35
17. ° domingo depois de Pen- Cristo-Rei
tecostes Ep: Cl 1, 12-20
Ep: Ef 4, 1-6 Ev: Jo 18, 33-37
Ev: Mt 22, 35-46 Santo André apóstolo
Quarta-feira das 4 têmpo- Ep: Rm 10, 10-18
ras Ev: Mt 4, 18-22
Ev: Mc 9, 19-28 Imaculada Conceição
Sexta-feira das 4 têmporas Ev: Lc 1, 26-28
Ev: Lc 7, 36-50 São Tomé apóstolo
Sábado das 4 têmporas Ep: Ef 2, 19-22
Ep: Hb 9, 2-12 Ev: Jo 20, 24-29
Ev: Lc 13. 6-17 Purificação de Maria SS.
18. ° domingo depois de Pen- (Candelária)
tecostes Ev: Lc 2, 22-32
Ep: 1 Cr 1, 4-8 São Matias apóstolo
Ev: Mt 9, 1-8 Ep: At 1, 15-26
Ev: Mt 11, 25-30
19. ° domingo depois de Pen-
tecostes São José
Ep: Ef 4, 23-28 Ev: Mt 1, 18-21
Ev: Mt 22, 1-14 Anunciação de Maria SS.
20. ° domingo depois de Pen- Ev: Lc 1, 26-38
tecostes
Ep: Ef 5, 15-21 Sete dores de Maria SS.
Ev: Jo 4, 46-53 Ev: Jo 19, 25-27
São Marcos evangelista
21. ° domingo depois de Pen-
tecostes Ev: Lc 10, 1-9
Ep: Ef 6, 10-17 São Filipe e São Tiago
Ev: Mt 18, 23-35 apóstolos
Ev: Jo 14, 1-13
22. ° domingo depois de Pen-
tecostes Sagrado Coração de Jesus
Ep: Fp 1, 6-11 Ep: Ef 3, 8-19
Ev: Mt 22, 15-21 Ev: Jo 19, 31-37
23. ° domingo depois de Pen- São Barnabé apóstolo
tecostes Ep: At 11, 21-26 e 13,
Ep: Fp 3, 17-4, 3 1-3
Ev: Mt 9, 18-26 Ev: Mt 10, 16-22
522 Epistolas e evangelho

São João Batista Natividade de Maria SS.


Ev: Lc 1, 57-68 Ev: Mt í, 1-16
São Pedro e São Paulo São Mateus apóstolo
apóstolos Ev: Mt 9, 9-13
Ep: At 12, 1-11 Santíssimo Rosário:
Ev: Mt 16, 13-19
São Paulo apóstolo Ev: Lc 5, 1-11
Ep: Gl 1, 11-20 São Lucas evangelista
Ev: Mt 10, 16-22 Ep: 2 Cr 8, 16-24;
Preciosíssimo sangue Ev: Lc 10, 1-9
Ep: Hb 9, 11-15 São Simão e São Judas
Ev: Jo 19, 30-35
apóstolos
Visitação de Maria SS. Ep: Ef 4, 7-13;
Ev: Lc 1, 39-47 Ev: Jo 15, 17-25
São Tiago apóstolo Todos os Santos
Ep: 1 Cr 4, 9-15 Ep: Ap 7, 2-12;
Ev: Mt 20, 20-23 Ev: Mt 5, 1-12
SanfAna Finados
Ev: Mt 13, 44-52 1. » missa: Ep: 1 Cr 15, 51-57
Assunção de Maria SS. Ev: Jo 5, 25-29
Ev: Lc 10, 38-42 2. a missa: Ev: Jo 6, 37-40
São Bartolomeu apóstolo 3. a missa: Ep: Ap 14, 13
Ep: 1 Cr 12, 27-31 Ev: Jo 6, 51-55
Ev: Lc 6, 12-19 Dedicação da igreja
Anjos da guarda: Ep: Ap 19,
21, 1-10.
2-5
Ev: Mt 18, 1-10 Ev: Lc
CONCORDÂNCIA DO NOVO TESTAMENTO

Alegria Pd 4, 10; 2 Pd 1, 2-7; 3, 18;


1 Jo 2, 17.
Alegria e religião: Lc 10, 20;
15, 5 s; 24, 52; Jo 15, 11; 16, Amor de Deus
24; 17, 13; At 5, 41; 13, 52; Rm
12, 15; 15, 10; 1 Cr 13, 6; 2 Cr Amor de Deus para cora os
2, 3; 13, 11; Gl 5, 22; Fp 1, homens:
18; 2, 2, 17 s; 4, Fp 4; 1 Ts 2, realidade: Mt 5, 45; 6, 25 ss;
20, 5, 16; Fm 7; 1 Jo 1, 4; 2 Lc 6, 35 s; Jo 3, 16; Rm 5, 8
Jo 12; 3 Jo 4. s; 8, 32; Gl 2, 20; Ef 1, 5 s;
Alegria na religião (Deus) : 2, 4-7; 2 Ts 3, 5; 1 Jo 3, 1, 16;
Mc 2, 10; Lc 10, 21; Rm 12, 12; 4, 8 ss; 10.
14, 17; 15, 13; Gl 5, 22; 1 Ts importância: Jo 3, 16; 17, 26;
I, 6.
Alegria nas tribulações: Mt Rm 5, 5 35; 13, 13; 2 Tm 1,
5, 10 ss; At 5, 4; 20, 24; 2 Cr 7; Jo 3, 1; 4, 7 s; 12, 16.
7, 4; Cl 1, 24; Hb 10, 34; 11, Amor dos homens para com
24-26; 12, 2; 1 Pd 2, 19; 4, 14. Deus:
Alma o mandamento máximo: Mt
10, 37; 22, 36 ss; Mc 12, 29, 33;
Imortalidade: Mt 10, 28; 22, Lc 10, 27; 14, 26.
32; 25, 46; Lc 20, 38; 23, 43; carateristicos : Jo 14, 15, 21,
Jo 5, 24, 29; 8, 31; 10, 28 s; 23 s; 15, 9 s, 14; Rm 8, 35-
II, 25 s; 12, 25; 14, 2 s; 17, 24 39; 1 Cr 13, 4-7; Gl 5, 6; 1
At 7, 58; 1 Cr 15, 19; 2 Cr 5, Jo 3, 18 s; 4, 11 s. 20; 5, 2 s;
1, s, 10; Gl 6, 8; Fp 1, 23; 2 2 Jo 6.
Tm 1, 10; 2, 11 s; 4, 18; Hb
13, 14; 1 Pd 1, 3 ss; 4, 6; Ap propriedades: Jo 15, 9 s; Ef
14, 13. 6, 24;; Fp 1, 9; 1 Jo 4, 16; Ap
Valor: Mt 16, 26; Mt 8, 36 s; 2, 4.
2 Cr 12, 15. efeitos: Mt 19, 27 ss; Lc 7,
Consequências: Mt 6, 33; 47; Jo 14, 21, 23; Rm 8, 28; 13,
Lc 10, 41 s; 12, 3-33; 1 Cr 15, 10; 1 Cr 2, 9; 8, 3; 13, 1-3,
58; 2 Cr 4, 18; Gl 6, 8; Fp 1, 13; 16, 22; Gl 5, 6; Cl 3, 14; 1
9 s; 3, 14-15; Cl 9-11; 3, 1 s; Tm 1, 5, 14; Tg 1, 12; 1 Pd
Ef 5, 17; 1 Tm 4, 14; 6, 17, 1; 4, 8; 1 Jo 4; Jd 21.
524 Concordância

Amor do próximo 24, 4; Jo 20, 12; At 1, 10 s; 5,


Dever: Mt 7, 12; 19, 19; 22, 19; 8, 26; 10, 3-7; 12, 7-11; 27,
23; Ap 1, 1.
39 s; 23, 23; Mc 12, 33; Lc 6, Anjo tutelar: Mt 18, 10; At
31; 10, 27; Jo 13, 34 s 15, 12, 12, 15; Hb 1, 14.
17; Rm 13, 8-10; 1 Cr 13, 1-8,
13; 14, 1; 2 Cr 6, 6; Gl 5, 6, Anticristo
13 s; Ef 5, 2, 14, 16; Cl 3, 14;
1 Ts 4, 9 s; 1 Tm 1, 5; Hb 10, Mt 24, 24; 2 Ts 2, 3 s. 8-10;
24; 13, 1; Tg 2, 8; 1 Pd L 22; 1 Jo 4, 3; Ap 11, 7; 13, 11-18;
2, 17; 4, 8; 2 Pd 1, 7 ss; 1 Jo 19, 11-21.
2, 9-11; 3, 10, 14 s; 4, 7 s, 11,
Valor: Mt 6, 14; 18, 35; 25, Apostasia
31-46; Lc 7, 47; 1 Pd 1, 22; 4, Motivo: 1 Tm 1, 18 s; Cl 2,
8; 2 Pd 1, 7-9; 1 Jo 3, 14 s; 8; Hb 3, 12.
4, 7 s. Prevenção: Mt 7, 15; 10, 28;
Propriedades: Mt 5, 46 s; 7, 15, 14; 16, 26; 24, 4 s; At 5, 29;
12; Lc 6, 31-34; 14, 12-14; Rm 20, 29-31; Rm 16, 17 s. Mc 8,
12, 9-15; 15, 1 s; 1 Cr 10, 24; 36 s; Lc 6, 39; 2 Cr 11, 3, 13 s;
1 Pd 1, 22; 1 Jo 3, 16 ss. Gl 1, 6-9; Ef 4, 14 s; 5, 6 s;
Exemplos: Mt 5, 39-42; Lc 10, Cl 2, 8, 18 s; 2 Ts 2, 2; 2 Tm
36 s; Rm 10, 1; 12, 9, 15; 13, 3, 14; Hb 13, 9; 1 Jo 3, 7; 4, 1;
10; 15, 1 s; 1 Cr 9, 19-22; 10, 2 Jo 7-10; Jd 17-20.
24; Gl 6, 2; Fp 2, 3 s; 1 Ps 5 Castigo: 2 Ts 2, 8-11; Hb 6,
15; 1 Jo 3, 16. 4-9; 10, 26-29; 2 Pd 2, 15, 17,
21; 2 Jo 9.
Amor aos inimigos
Preceito: Mt 5, 44 ss; 18, 33; Apóstolos
Mc 11, 25 s; Lc 6, 27 ss; 35; Vocação: Mt 4, 18-22; 9, 9-13;
Rm 12, 14, 12, 17-20; Ef 4, 26; Mc 1, 15-20; 2, 13-17; Lc 5, 1-
1 Ts 5, 15; 1 Pd 3, 9.
11; 5, 27-32; Jo 1, 35-51; Hb
Exemplos: Mt 26, 50; Lc 23, 5, 4.
34; At 7, 58 s; 1 Cr 4, 12. Eleição: Mt 10, 1-4;; Mc 3,
Anjos 14-19; Lc 6, 13-16.
Existência: Mt 18, 10; 22, 30; Missão: Mt 10, 5-15; Mc 6,
25, 31; 26, 53; Lc 2, 13; 15, 10; 7-13; Lc 9, 1-6.
20, 25, 36; Cl 1, 16; 1 Tm 5, Tarefa: Mt 5, 13-16; 28, 18-
21; Hb 1, 4 s; 12, 22; Ap 5, 11. 20; Mc 4, 21; 9, 50; 16, 14-18;
Missão: Mt 4, 11; 6, 10; 24, Lc 14, 34 s; 11, 33; At 1, 6-8.
31; Lc 2, 13 s; Hb 1, 6; 1 Pd Poderes: Mt 18, 18; Lc 22,
1, 12; Ap 5, 11 s; 7, 12 s. 19; Jo 20, 22 s; 1 Cr 11, 26.
Aparições: Mt 1, 20; 2, 12 s. Condições: Mt 8, 18-22; 9, 57-
19 s. 22; 28, 2, 4; Mc 16, 5; Lc 62; 10, 37-39; 12, 50; 16, 24-28;
1, 12-20, 26-28; 2, 9-15; 22, 43; Lc 14, 25-35.
Concordância 525

Sorte: Mt 10, 16-25; Mc 13, 1 Jo 3, 2; Ap 2, 11; 3, 5; 7, 13-


9-13; Lc 12, 4-12; 21, 12-17. 17; 12, 21; 14, 13; 21, 4.
Prémio: Mt 10, 40-42; Lc 10, diversidade: Jo 14, 2; 1 Cr 15,
16; Jo 13, 20. 40-42; 2 Cr 5, 10; 9, 6.
Instrumentos do Espírito San- Beneficência
ta: Mt 10, 20; Mc 13, 11; Lc 12,
12; Jo 14, 16 s; 20, 22; At 2; Mt 5, 42; 6, 20; Lc 12, 33 s;
9, 17; 15, 28; 1 Cr 2, 10. 16, 9; At 20, 35; 1 Cr 16, 1 s;
Concílio apostólico: At 15, 2 Cr 8, 14 s; 9, 1 s, 5-15; 1 Tm
1-35. 6, 17-19; Hb 13, 1-3, 16; Tg 2,
Batismo 15 s; 1 Jo 3, 17 s.
De João: Mt 3, 5 ss, 11; 21, Bens temporais
25; Mc 1, 4, 8 s; 11, 30; Lc 3, Valor: Mt 6, 19 s, 33; 16, 26;
3, 16; 7, 29; Jo 1, 25 s 33; 3, 19, 33 s; Lc 12, 16-21, 33; 18,
22 s; 4, 1; At 1, 5; 13, 24; 19, 4. 24 s; 1 Cr 7, 29-31; 1 Tm 6, 7;
Cristão : Tg 1, 10.
instituição: Mt 28, 19. Uso: Mt 19, 21; Lc 18, 22;
necessidades: Jo 3, 5. 19, 8; 1 Cr 7, 31; 1 Tm 6, 17-19;
Hb 13, 5; 1 Jo 3, 17.
efeitos: Mc 16, 16; At 2, 38;
22, 16; Rm 6, 3 s; 1, Cr 1, 13-17; Bispos
12, 13; Gl 3, 26 s; Ef 4, 5; 5, Nome: At 20, 17 s; Fp 1, 1;
26; Cl 2, 12; Tt 3, 4-7; Hb 6,
1 s; 1 Pd 3, 21. Ap 2, 3.
administração: At 2, 21; 8, Sagração: 1 Tm 1, 6; 4, 14.
12; 9, 18; 8, 36 ss; 10, 47 s; 16, Múnus: At 20, 28; 1 Cr 4, 1
14 s, 33; 18, 8; 19, 4 s. s; 2 Cr 3, 5 s; 4, 5; 6, 4; 1 Pd
5, 1-4.
Bem-aventurança cf. as epístolas a Timóteo e
Tito.
Na terra: Mt 11, 28-30; Lc 2, Blasfémia
14; 1 Cr 2, 9; Fp 4, 7: Cl 3, 15.
No céu: Mt 12, 31 s; 27, 39-44; Mc 3,
o caminho: Mt 6, 19 s; Lc 28 s; Lc 12, 10; 23, 39-42: 1
12, 15; Rm 6, 8; Gl 6, 8. Cr 12, 3; Cl 3, 8; Ap 13, 6 16,
11.
para todos: Jo 3, 17; 1 Ts 5, Calúnia
9; 1 Tm 2, 4.
inefável: Mt 5, 12; 13, 43; 19, Rm 1, 28 ss; 2 Cr 12, 20; Ef
28; 22, 30; Mc 12, 25; Lc 22, 4, 29; 1 Tm 3, 11; Tg 1, 26;
29 s; Jo 16, 22; 17, 24; Rm 2, 1 Pd 2, 1 s.
10; 6, 23; 8, 17, 30; 1 Cr 15, Castidade
53 ss; 2 Cr 3, 18 4, 17; 5, 1;
Cl 3, 3 s; 2 Tm 4, 8; Hb 4, 9 Rm 6, 11 ss 12, 1; 1 Cr 7;
s 10, 34 s; Tg 1, 12; Pd 3, 13; 2 Cr 6, 16; Gl 5, 16 s, 19-25;
626 Concordância

Fp 4, 8; 1 Ts 4, 3 ss, 7 s; 1 na comunidade: Jo 13, 34 s;


Tm 4, 12; 5, 2, 5 ss, 14, 22; Tt 15, 5; 1 Cr 10, 17; 1 Jo 1, 2, 7.
2, 4 s; Hb 13, 4; 1 Pd 2, 11; Dignidade: Ef 2; Cl 2, 2.
3, 2; 1 Jo 2, 15 ss; Ap 14, 4. Deveres: Ef 4-6; Fp 2, 5; 3,
Ceia 20 s; Cl 3; 2 Pd 1, 3-10; 1 Jo
Ultima: Mt 26, 17-29; Mc 14, 3, 21-24.
12-21; Lc 22, 7-23; Jo 13, 1-30; Cristo v. Jesús
1 Cr 11, 23-26.
Espiritual: Ap 3,20. Comunidade
Céu Rm 12, 4 s; 1 Cr 10, 15-18;
12, 12, 25-27; 2 Cr 13, 13; Ef
Habitáculo de Deus: Mt 5, 1, 22 s; 4, 11 s; 5, 23.
12; 18, 10; Lc 10, 20; 2 Cr 5,
1; 12, 2; Ef 3, 10; Cl 1, 5; 1 Conciência
Pd 1, 4, 12. Espécie: Rm 2, 14-16; 7, 14-
Habitação dos bem-aventura- 23; Gl 5, 17.
dos: Mt 5, 12; Lc 22, 29 s; Jo Obrigação: Rm 14, 5; 14, 22
6, 37-40; 11, 25 s; 14, 2; 17, 24; s; 1 Cr 8, 7, 10-13; Tg 4, 17;
Rm 5, 1 s; 8, 18; 1 Cr 13, 12; 1 Pd 3, 16.
15, 19; 2 Cr 4, 17; Ef 1, 18; Valor: 2 Cr 1, 12; 2 Tm 4,
Cr 1, 4 s; 3, 24; 1 Ts 5, 9; 2 6 ss; 1 Pd 3, 15 s; 1 Jo 3, 18-21.
Tm 2, 11 s; 1 Pd 1, 3-6; 1 Jo
2, 25; 3, 2; Ap 21; 22. Condenação
Crisma Mt 3,12; 8, 12; 13, 49 s; 18, 8
At 8, 14-17; 19, 1 ss; 2 Cr s; 25, 41; Mc 9, 43; 16, 16; Lc
1, 21 s; Ef 1, 13; Hb 6, 2; 1 3, 17; 16, 23 s; Jo 3, 18; 2 Cr
Jo 2, 20, 27. 4, 3 s; 2 Ts 2, 9, s; Hb 10, 27;
2 Pd 2, 4; Jd 6; Ap 19, 20; 20,
Cristão 9 s; 21, 8.
Nome: At 11, 25 s; 26, 28 s; Confiança
2 Cr 10, 7; 1 Pd 2, 9; Ap 3, 12.
Propriedades: Dever: Mt 6, 25-34; Jo 16,
filho de Deus: Jo 1, 12 s; 33; Rm 9, 31; 2 Cr 1, 9 s; 4,
3, 5 s; 14, 21-24; Rm 8, 14-17; 8 s; Hb 10, 35.
9, 8; Cl 3, 26. Motivo: 1 Tm 4, 10; 2 Tm 1,
templo de Deus (Espírito 12; Hb 10, 23; 1 Jo 3, 21 s.
Santo) : 1 Cr 3, 16; 6, 17; Ef Exemplos: Mt 9, 2, 21; 15,
2, 19-22. 22-28; Mc 2, 5; Lc 5, 4-9, 20.
Essência:
em Cristo: Jo 6, 57; 15, 4-6; Conselhos evangélicos
Rm 12, 14 s; 1 Cr 6, 15; Ef 1, Mt 19, 11 s, 21; 1 Cr 7, 1, 8,
22 s. 25 s, 38.
Concordância 527

Contentamento Tm 1. 10; Hb 2. 14 s: 2 Pd 2.
4: 1 Jo 3, «; Jd 6; Ap 12. 9;
Lr 3. H; Rm 8. 28; Fp 4. 11 20. 7.
s; 1 Tm 6. 8; Hb 13. 5: 1 Pd Deus
5. 6 s.
Corpo Existência: At 14, 16; Rm 1,
Dignidade: Mt 6. 25-32; Lc 20; Hb 3. 4; 11, 6.
12, 22-31: Rm 6. Ml; 7. 5 s, Criador: Mc 10, 6; At 4. 24;
24 s; 8. 1; 1 Cr 3, 16; 6. 19 s; 14. 14: 27. 24: Cl 1. 16- Hb 3,
Ef 5, 30. 4; 11. 3; Ap 4. 11; 14, 7.
Destinação: Rm 3. 9 ss. 22 s; Por: Mt 6. 9; 18. 14 Lc 11.
1 Cr 15, 35. 42-44. 52-55. 2; Jo 20, 17; Rm 8. ; V. 3 Cr
Deveres: Rm 6, 12 s; 12. L; 8, 6; 2 Cr 1, 3; 6, 17 s; Gl 4.
13. 14; 1 Cr 3, 17: 6. 13-20; £>. 6; Ef 4. 6; 1 Ts 1, 1 s; 2 Ts
27: 15, 50 s; 2 Cr 4. 10; 5, 8; 2. 15 s; 2 Tm £ 7.
Cl 1, 24; 1 Ts 5. 23; 1 Tm 4. 8. Conservador: Mt 6, 26, 28-30;
Comunhão v. Eucaristia 10. 29 ss; Lc 12, 6; Jo 5. 17;
At 14, 16; 17, 25, 28; Rm 11. 36;
Crueldade C] 1. 17; 1 Tm 6, 13.
Mt 18. 28 ss; 25. 41 sr>; Lc Incompreensível : Jo 1. 18; 4.
tè; 2n S; Tg 2, 13. 24; Rm 11. 33 s; 1 Cr 2, 11; 2
Cr 3. 17; 1 Tm 1, 17; 6. 16.
Culto divino Perfeito: Mt. 19, 17; 18, 9,
Interno- Mt 7, 21; Mc 12. 32 1 Tm 6, 15 s; Ap 15, 4.
s; At 10, 35; Rm 12, 1; 1 Tm Deveres: Mt 5. 48; Ef 5, 2;
4. 8; Hb 13, 16 Tg 1, 27. Hb 12, 28.
Externo: At 2, 41 s, 46 s; 1 Valor: Jo 3, 16; 15, 9; 17. 3.
Cr 14. 26, Hb 10. 24 s.
Discórdia
Demónio
Existência: Lc 10. 13; Ef 6. Mt 5. 40; 12, 25; Mc 3, 24 s;
12; Tg 2, 19; 4, 7; 1 Pd 5, 8 Lc 11. 17; Rm 1, 28 s: 2. 3; 13.
sj 2 Pd 2, 4; Jd 6. 13; 1 Cr 3, 3; 6, 6 s; 11, 16; 14.
Atfendedé: Mt 4, 3 ss; 8. 31; 33; 2 Cr 12, 20; Gl 5, 15 s. 19
13. 19: 16. 23; 25, 39; Mc 1, 12 s; Fp 2, 3; 2 Tm 2, 14. 23 s;
s; 4, 15; 8, 32 s; Lc 4, 1-13; 8, Tt 3. 2; Tg 3. 14-17; 4, 1 .
12; 22, 3, 31 s; Jo 8, 44; 13. 2; Domínio próprio
14, 30; At 5, 3; 13, 9 s; 26, 18;
1 Cr 7. 5; 2 Cr 2, 11; 4, 3 s; Mt 10, 38; 16, 24; Mc 8, 34;
11, 3, 14; Ef 2, 18; 3, 5; 1 Pd Lc 9, 23; 14, 27; Rm 6, 6, 11-20;
5, 8; 1 Jo 3, 3-10; Ap 2, 10; 12, 1; 13, 14; 1 Cr 6, 12; 9, 24-
20, 7. 27: 2 Cr 4, 10; Gl 2, 19 s; 5,
Castigo: Mt 25, 41; Jo 12, 31; 16 ss, 25 s; 6, 14; Cl 3, 5; Tt
16, 11; Rm 16, 20; Cl 2. 15; 2 2. 11 s; 1 Pd 1, 13 ss.
528 Concordância

Embriaguez Valor: Rm 15, 13; 1 Cr 13, 13;


Prevenção: Lc 21. 34; Ef 5, Hb 3, 6; 4, 16; 1 Jn 3, 3.
18; 1 Tm 3. 2 s. 11; Tt í, 8; Motivo: Mt 12, 21; 1 Cr 10,
1 Pd 5. 8 13; 2 Cr 1, 10; Fp 1, 6, 2, 13;
Castigo: 1 Cr 5. 11; 6, 1Q. 14, 13; 1 Ts 2 s; 2 Ts 3, 3;
2 Tm 4. 18.
Eleição
Fato: Mt 8, 11; 24, 22; 25, 34; Espíritos
Lo 18. 7; Rm 8. 33; Cl 3. 12; Bons :
2 Ts 2. 13: Tt I, !; Pd 2, 9; aparições: Mt 3, 16; Mc 1,
Ap 17, 14. 18; Lc 3. 22; Jo 1. 32 s; AA
Nvmero: Mt 20. 16; 22. 3. 5.
14; Rm 11. 2. 25 s; 1 Cr 15, 1 5. 2, 1-4.
Deus; Mt 28. 19; At 5, 3 s;
Escândalo 1 Cr 3, 16 s.
Dado: Atividade :
prevenção: Mt 5, 29 s; 17, 26; na obra da redenção: Mt 1.
18. 6 s; Mc P. 41. 46; Lc 17, 18, 20; 3, 11, 16; 4, 1; 12, 18,
1; Rm 14, 1. 13-16. 20 s; 16. 28; 22, 43; 28 19; Mc 1, 8, 10.
17; 1 Cr 8. 13; 10, 32; 2 Cr 6. 12; 12, 36; Lc 1, 5, 35, 41, 67; 2,
3; 1 Ts 5, 22. 25-27; 3. 16. 22; 4. 1. 14, 18;
castigo: Mt 16, 23; 18. 6 s. Jo 1, 32 s: 16, 13; At 1. 16; 4,
Tomado: Mt 9, 2 s; 10 s; 11, 25; 5, 32: 7. 55; 10. 1.9. 38; 28.
6; 13, 57; 15, 12; Lc 7. 23; 15, 25; Rm 1, 4; 1 Cr 2, 4, 10-16;
2; Mc 6. 3; Jo 6, 62. 2 Cr 3, 3; Ef 1, 15; 1 Ts 1, 5;
4. 8; Hb 2, 4; 9, 14: 1 Pd 1,
Esmola: 2. 11; 2 Pcl 1. 2. 11; 2 Pd 1. 21.
Dever: Mt 5. 42; Lc 3. 11; na igreja: Lc 24, 29; Jo 14.
11, 41; 14. 13; Rm 12. 13, 20; 14 s, 26; 15, 26; 16, 13 ss; 20.
1 Cr 16, 1 s; Ef 4, 28; Tg 2. 15 22: At 1. 2, 5, 8, 33; 2, 1-4, 17
s; 1 Jo 3. 17. s; 4, 8. 31: 6, 10; 7. 51; 9, 31;
Valor: Mt 10. 42; 19, 21; 25, 11. 28; 13. 2, 4; 15, 28; 16, 6 s;
40; Mc 9, 40; Lc 6, 35; 11, 41, 12, 20. 22 s, 28; 21. 4, 11; Rm 9.
33; At 20. 35; 2 Cr 9. 1 s; 7, 1; 15, 19; 1 Cr 2, 10-16; 7, 40;
12; Hb 13. 16. 12; 14, 2; 2 Cr 3, 8, 17 s; 4, 13;
Intenção: Mt 6, 3; 10, 42; 13. 13; 1 Tm 4, 1; Hr? 3. 7;
Mc 9. 40; Rm 12. 3; 1 Cr 13, 3. 1 Jo 5, 6.
Exemplos: Mc 12. 41-44; Lc na alma: Lc 11, 13; Jo 3, 5-
21, 1-4; At 2, 36; 3, 44; 4, 32, 8, 34; 6, 64; 7, 39; 14, 17; At
34-5, 2; 6. 1; 9, 36; 10, 2; 2 Cr 2, 38; 6, 3, 5. 10; 15-19; 9. 17;
10, 44 s. 41; 11, 15, 24; 13, 9,
8, 2.
Esperança 52; 15, 8; 19, 2-6; Rm 5, 5; 8,
15, 30; 1 Cr 2, 10 s; 13, 16; 6,
Objeto: Rm 8, 24; Gl 5, 5; 11, 17, 19; 12, 4; 2 Cr 1, 22; 5,
Hb 11, 1: 1 Pd 1, 13; 2 Pd 3, 9. 5; 6, 6; Gl 3, 2; 4, 6; 5, 16; 6,
Concordância 529
25; Ef 4, 4, 30; 5, 18, 23; 1 Efeitos: Jo 6, 56. 58; 1 Cr 10,
Ts 1, 6, 5, 19; 2, 12; 2 Tm 1, 17; 11, 27-30.
14; Hb 6, 4; 10, 29; 1 Pd 4, 14; Exemplos: At 2, 46; At 20,
1 Jo 3, 24; 4, 2; Jd 20. '7. 11; 1 Cr 10, 16; 11, 20. 26.
Dons: Mt 18, 19 s; Mc 13,
11 s; Lc 8, 39; 12, 11 s; Rm Evangelho
14, 17; 15, 13; 1 Cr 12. 3 s, Valor: At 6, 2 s; 1 Cr 2, 9;
7-41; Gl 6, 22 s. Fp 3. 8; Hb 6. 5; 11. 40.
PecadGs contra êles: Mt 12,
31 s; Mc 3, 28 s; Lc 12. 10. Fé
M aus: v. demónios . Origem: Mt 11, 25 s; 16, 15
ss; Lc 17, 5; Jo 6, 4; 12, 37-40;
Escritura sagrada Rm 9. 15-18; 10, 17; 11, 5-8, 30-
Origem: Mt 22, 43; Mc 12, 32; 1 Cr 1, 21; 15, 10; 2 Cr 3.
.76; At 1, 16; 2 Tm 3. 16 s; 2 4 s; 4, 3 s; Ef 1. 16 ss; 2, 8 s;
Pd 1, 20 s. 3, 14, 16-19; Fp 1. 29; 2 Tm 1,
Fim: Jo 5, 39; 20, 31; Rm 15, 9; Motivos:
Tt 3, 3-5.
Mt 21, 26, 32; Lc 20.
4; Cl 14, 16; 2 Tm 3. 16 s.
5; Jo 1. 7; 1, 50; 2, 11, 22 s;
Interpretação: At 8, 30 s, 35; 4, 39, 41 s, 43; 5, 30; 10, 38; 19.
2 Pd 1, 20; 3, 16; An 13, 18; 35; 20, 25, 29, 31; 1 Cr 2, 4 s,
17. 9. 7; 1 Ts 2, 13; 2 Pd 1, 21; 1 Jo
Complemento: Jo 20. 30 s; 5, 9 s.
21; 25. Preâmbulos: Mc 1. 15; Jo 5,
Estado 46 s; 12, 39; 14, 1; Ef 3. 14,
16 s.
Mt 22, 21; Mc 12. 17; Lc 20, Essência: Hb 11, 1, 3, 6.
25; Jo 19. 11; Rm 13, 1 ss; Tt Necessidade: Mc 16, 16; Jo 3.
3. 1; 1 Pd 2. 13.
36; 6, 29, 69 s; 8, 24; 12, 44; lf>,
Eucaristia 27; At 4. 12; 16, 30 s; 1 Cr 13,
Promessa: Jo 6. 13; 16, 13; Ef 6, 16; 1 Tm 1, 19;
6, 12; 2 Tm 4, 7; Hb 11, 6; 1
Instituição : Mt 26, 17-29; Mc Pd 5. 9; 1 Jo 3, 23; 5, 1; 10.
14, 12-25; Lc 22. 7-23; 1 Cr 11, 12 s.
23-26.
Profissão: Mt 10, 32 s; Mc 8.
Presença real: Mt 26, 27 s; 38: Lc 9, 26; 12, 8 s; Rm 1.
Mc 14, 22-24; Lc 22, 19 s; 1 Cr 16; Rm 10, 9 s; 1 Tm 6, 12-14;
11, 24 s. 2 Tm 2, 12; Hb 4, 14; 10, 23;
Sacrifício: Mt 20, 28; Mc 14, 13, 15; 1 Jo 4, 15.
24; Lc 22, 19 s; 1 Cr 11, 24-26; Distintivos: Mt 7, 21; Rm 2.
Hb 13, 10. 13; 1 Cr 13, 2; Gl 5, 6; Tg 1,
Comunhã.o: Jo 6, 53, 55. 22, 25; 2, 14, 17-22, 24.
Preparação: Mt 5, 23 s; 1 Cr Valor: Mt 9, 1 s, 22, 28-30;
11, 27-31. 17, 19; 21, 21 s; Mc 2, 3; 11, 23;
530 Concordância

16, 17 s; Lc 1, 45; 5, 18; 17, 6; 19; 2 Cr 1, 22; 3, 18; 5, 5; 11,


18, 42; Jo 1, 12; 3, 14-18; 5, 24; 4; Gl 3, 2, 5, 14; Ef 5, 26; 1 Ts
6, 35, 40 47; 7, 38; 11, 25 s; 14, 4, 3; 2 Ts 2, 13; Tt 3, 5.
12; 17, 3; At 3, 16; 10, 43; 13, Graça e liberdade: Mt 23, 27;
33-41; 15, 8 s; 16, 31; Rm 1, Jo 1, 12; Rm 6, 12; 12, 21; 1 Cr
16; 3, 21 s, 26; 4, 3-5; 5; 1; 10, 10, 13; Fp 4, 13.
10 s; 15, 13; Gl 2, 16; 3, 6, 8, 11; Graça e obras:
Ef 2, 8; 3, 14, 16 s; Fp 3, 8 s; antes: Rm 9, 16, 20 s; 11, 6,
Hb 4, 3; 10, 38; 11: Tg 1, 3; 33-35; 1 Cr 3, 7; 2 Cr 3, 5; Gl
1 Pd 1, 5-9; 2, 6; 1 Jo 5. 5. 3, 22; Ef 2, 8 s; Fp 2, 13; 2
Tm 1, 9; Tt 3, 4 s.
Felicidade v. Bem- depois: Mt 5, 16; 7, 17, 21;
aventurança 12, 35; Rm 2, 13; Gl 6, 9 s;
Filhos Cl 1, 10; Tt 2, 14; Tg 2, 14-22;
1 Pd 2, 11 s; 2 Pd 1. 10 s; 1
Deveres: Mt 15, 4; 19, 19; Mc Jo 2, 4 s; Ap 20, 12.
7, 10; 10, 19; Lc 18, 20; Ef 6, em geral: Mt 28, 19; Mc 16,
1-3; Cl 3, 20; Mt 10, 37; 12, 46- 15 s; Rm 3, 29; 10, 12; 1 Cr 12,
50; Lc 2, 48 s; 14, 26. 11; Ef 4, 7; 1 Ts 5, 9; 1 Tm
Exemplos: Lc 2, 51; Hb 12, 9. 2, 4; Tt 2, 11.
Fortaleza Necessidade da graça: Mt 18.
14; Lc 18, 26 s; Jo 6, 44 s, 66;
1 Cr 16, 13; Ef 6, 14; Fp 4, Rm 12, 3; 1 Cr 2, 10; 4, 7; 12,
13; 2 Tm 2, 1; Hb 12, 4; 1 Pd 9; 2 Cr 3, 5; 5, 18; Gl 1, 15;
5, 10; 1 Jo 2, 14 Ef 3, 16 ss; 6, 23; Cl 1, 12 s;
Graça Fp 3, 12; Tg 1, 5; 1 Jo 5, 20.
Disposições: Mt 7, 11; Lc 11,
» Como regeneração: Jo 1, 13; 13; 12, 32; Rm 9, 16; Hb 4, 16;
3, 3, 5 s; Rm 6, 6, 12; 7, 6; 8, 1 Pd 5, 5; Ap 21, 6; 22, 17.
2 s; 2 Cr 5, 17; Gl 2, 20; Ef Efeitos: Jo 15, 15; Rm 5, 5;
2, 5; Tt 3, 5; Hb 2, 13; Tg 1, 6, 23; 7, 14-25; 8, 1 s; 1 Cr 3,
18; 1 Pd 1, 2, 23; 1 Jo 2, 29; 3, 16; 12, 3; 15, 10; 2 Cr 3, 5; Gl
9; 4, 7; 5, 1, 18. 5, 24; Fp 4, 13; 1 Ts 5, 23; 13,
Como filiação: Rm 8, 14-23; 9; Tg 4, 8; Jd 24.
Gl 4, 4-7; Ef 1, 5.
autor : Gratidão
Deus: Jo 6, 44, s; 2 Cr 4, 6; Para com Deus:
Ef 1, 17 s; Fp 2, 13. exortação: 1 Cr 10, 30; Ef 5,
Cristo: Mt 3, 11; Mc 1, 8; Lc 20; Fp 4, 6; Cl 1, 9, 12; 2, 6 s;
3, 16; 4, 19; Jo 1, 12, 15 s; Jo 3, 15, 17; 4, 2; 1 Ts 5, 18.
3. 27; At 4, 12, Rm 3, 24-27; 5, motivação: 1 Cr 10, 30; Cl 1,
20 s; Ef 1, 5. 12.
Espírito Santo: Rm 1, 4; 5, exemplos: Mt 26, 26; Mc 6,
5; 8, 9 s, 15; 1 Cr 2, 12; 6, 11, 41; Lc 9, 16; 17, 15 s; Rm 1,
Concordância 531

8; 6, 17; 1 Cr 1, 4; 11, 24; 2 Cr 12, 10; 1 Cr 4, 6 s; Ef 4, 1 s;


1, 11; Ef 1, 3 s, 1 Ts 1, 2 s; Fp 2, 3 s; Cl 3, 12 s.
2 Ts 1, 3. Valor: Mt 5, 3; 11, 25; 18, 4;
Para com os homens: 19, 14; Gl 6, 2 s; Tg 1, 9 s; 4,
exortação: Cl 3, 15; 1 Ts 5, 18; 6, 10; 1 Pr 5, 5 s.
1 Tm 2, 1 s. Exemplos: Mt 11, 29; 20, 28;
Mc 10, 45; Lc 22, 26 s; Jo 13,
Heresia 1-15; Fp 2, 5-8; Lc 1, 38, 48;
Predição: Mt 24, 5, 11, 24; Jo Mt 3, 11; Mc 1, 7; Lc 3, 16; Jo
5, 43; 1 Tm 4, 1; 2 Pd 3, 3; 1 1, 26; At 20, 18 s; 26, 9-11; 1
Jo 2, 18 s; 2 Jo 7 s; Jd 17 ss. Cr 4, 6; 15, 8-10; 2 Cr 12, 5; Ef
3, 7 s; Mt 8, 8; Lc 7, 6.
Fim: 1 Cr 11, 9; 2 Pd 2, 9 s.
Atitude: Mt 7, 15; 24, 4 s; Igreja
At 20, 29-31; Rm 16, 17; 2 Ts Fundação: Mt 16, 18; Jo 10,
3, 6, 14 s; 2 Tm 3, 1-5, 13 s; 16.
Tt 3, 10 s; 1 Jo-4, 1; 2 Jo 10 s; Constituição: Mt 10, 1, 7 s;
Ap 2, 14-16. 16, 18 s; 18, 18 s; 26, 26-28; 28,
Causa: 2 Tm 2, 16 ss; 3, 1-5; 19; Mc 14, 22 ss, 16, 15, 20;
2 Pd 2, 18 s; 3, 14-17; 1 Jo 5, 6. Lc 10, 1; 22, 19 s; Jo 6; 20, 23;
Intenção: Rm 16, 18; 2 Pd 2, 21, 15-17; At 2; 1 Cr 11, 23 ss.
Conservação: At 2, 41 s; 4,
1-4; Ap 2, 14, 16. 32; 13, 1; 1 Cr 12, 28; Ef 1,
Castigo 22 s; 2, 19-22; 3, 21; 4, 11-13;
Castigo: 1 Tm 1, 19 s; Jd 5; 5, 23-27; Cl 1, 18.
Ap 2, 14, 16. Propriedades:
unidade: Mt 12, 25; 16, 18; 18,
Homem 17; Lc 11, 17; Jo 10, 16; 17, 20-
Dignidade: At 17, 28; 1 Cr 23; At 4, 32; Rm 12, 4 s; 1
6, 15-20; 2 Cr 6, 16, 18; Hb 1, Cr 1, 10, 13; 10, 17; 12, 12-27;
14; 2, 10 s; Tg 3, 9; 2 Pd 1, 4. Ef 2, 13-18, 21 s; 4, 4-6, 12 s,
Destinação: Mt 4, 10; 18 s, 14; 15 s; 5, 23; Fp 2, 2; Cl 1, 18,
22, 37, 39; Jo 17, 3; At 17, 26 24; 3, 15.
s; 1 Cr 6, 20; 10, 31; Fp 3, 20; santidade: Mt 3, 17; 4, 17;
1 Ts 4, 3; 5, 9; 1 Tm 2, 4; 1 5-8; 7, 21-24; 12, 36; 16- 24 ss;
Pd 5, 10; 1 Jo 3, 2. 17, 11; 22, 39; 25, 11; Mc 1, 14-
21; 6, 12; 12, 29 s; Lc 1, 74 s;
Humildade 4, 18 s; 5, 2-11; 6, 40; 19, 10;
Exortação: Mt 11, 29; 18, 1- Jo 5, 36; 7, 16, 18; 8, 26 s, 42,
4; 20, 26; Mc 9, 34; Lc 14, 11; 46; 12, 44 s; 14, 21; 17, 17-19;
18, 14; 22, 26; Rm 11, 20; Rm Rm 10, 9; 13, 8-10; 14, 17; 1 Cr
12, 3, 16; 1 Cr 4, 6; Fp 2, 3; Cl 1, 2; 6, 15-20; 8, 4 ss; 10, 13;
2, 18; 3, 12. 13, 4-6; Gl 3, 13; Ef 1, 4; 2,
21; 4, 11-15, 17-32; 5, 25 ss; Fp
Obrigação: Mt 10, 25 28; Rm 3, 15, 20; Cl 3, 16; 1 Ts 2, 11
532 Concordância

s; Tt 1, 1; 2, 14; Hb 2, 14 s; Ef 2, 19-22; 1 Tm 3, 15; 2 Tm


7, 26; 1 Pd 1, 15 s; 2, 5, 9; 3, 2, 20; 1 Pd 2, 6; Hb 12, 12.
15 s; 1 Jo 3, 38 ss; 5, 3 s.
eatolicidade: Mt 24, 14; 28, ím penitência
19; Mc 16, 15, 20; Lc 24, 46 s; Mt 11, 20, 21-24; 12, 32; 23,
At 1, 8; Rm 1, 8; 10, 18; Cl 37; Mc 3, 29; Lc 10, 10-15; 12,
1, 5; 1 Tm 2, 4. 10; Rb 2, 4 s; 6, 12 s; 8, 13;
apostolicidade: Mt 16, 18 s; Ap 2, 21; 9, 18, 21; 16, 9.
18, 18; 28, 19 s; Jo 21, 15-17; Imposição das mãos
Ef 2, 20-22; Ap 21, 14.
Natureza: Mt 13, 38; 21, 43; At 6, 5 s; 8, 17; 13, 3; 19, 6;
Mc 10, 23; Lc 7, 28; 9, 62; 17, 1 Tm 4, 14; 5, 22; 2 THm 1, 6.
20 s; Jo 3, 3, 5; Rm 12, 4 s; 1 Lc 2, 37; 18, 12; At 13, 2 s;
Cr 12, 27; 2 Cr 11, 2; Ef 1, 22 14, 22.
s; 4, 12, 15; 5, 23-30; Ap 19, 7 Impureza
s; Cl 1, 18, 24; 2, 9 s; 3, 15. Prevenção: Mt 15, 19 s; 1 Cr
infalibilidade: Mt 16, 18; 28, 6, 18 ss; 10, 8; Gl 5, 19; Ef 5, 3.
20; Lc 22, 32; Jo 8, 31 s; 14, Castigo: Lc 15, 13, 30; 1 Cr
16 s; 16, 13; 1 Tm 3, 15; 1 Jo 6, 9 s; Ef 5, 5; 1 Ts 4, 7; Hb
2, 26 s. 13, 4; Ap 21, 8.
duração: Mt 16, 18; 24, 14; Incredulidade
28, 20; Lc 1, 32 s; 75; Jo 14, 16.
caráter jurídico: Mt 16, 18; Origem: Lc 16, 27-31; Jo 3.
18, 17 s; 28, 18-20; Jo 20, 21-23; 19 s; 5, 44-47; 8, 42-47; 10, 24
At 1, 12-26; 14, 22; 15, 5 s, 22 ss; 12, 37-40; At 7, 31, 52. 54;
s; 16, 4; 20, 28; 1 Cr 5, 3-5; 7, 13, 45 s; Rm 10, 14; 11, 30 ss;
10 ss; 9, 16 s; 11, 17 s, 33 s; Fp 3, 18 s; 1 Tm 1, 13; Hb 4,
2 Cr 10, 4-8; 13, 2, 10; Ef 3, 7; 2, 11.
2 Ts 3, 6, 14; 1 Tm 1, 20; 3. Castigo: Mt 17, 16; Mc 9, 18;
1; 5, 17 ss; Tt 1, 5-7, 9-11; 3, 16, 14, 16; Jo 3, 18; 36; 8, 24;
10 s; Jo 10. 12, 4S; 15, 22; 20 27; Rm 11,
Deveres: 20; Cl 3, 6; Hb 3, 18; 4, 2, 11;
religiosos: Mt 18, 15-17; Lc 11, 6; 1 Jo 5, 10; Ap 21, 8.
10, 6; At 12, 5; Rm 15, 30; 2 Inferno
Cr 7, 15; Fp 1, 19; 2, 12; Cl 4, Existência: Mt 5, 29 s, 10,
3; 2 Ts 3, 1; Hb 13, 17 ss.
28; 18, 9; 25, 41; Mc 9, 46; 2
civis: Mt 10, 10; Lc 10, 7; Pd 2, 4; Ap 21, 8.
Rm 15, 27; 1 Cr 7, 7-14; Gl 6, Eternidade: Mt 3, 12; 25, 41,
6; Fp 2, 25, 29; 4, 15 ss; 1 Ts 46; Mc 9, 42-47; Lc 3, 17; 16,
5, 12 s. 19-26; 2 Ts 1, 7-9; Ap 14, 14,
Parábolas: Mt 9, 37 s; 13; 20, 11; 20, 9 s.
1-16; 21, 33-46; Mc 4; 12, 1-12; Propriedades: Mt 3, 10; 7, 19;
Lc 8, 4-15; 13, 18-21; 20, 9-19; 8, 11 s; 13, 41 s, 49 s; 25, 30;
Concordância
B3â
Lc 13, 27 s: Hb 10, 26 s, 31; Jejum
Jd 7; Ap 14, 9-11; 20, 14; 21, 8. Espécies: Mt 6, 16-18; Lc 18,
Intemperança 12, 14.
Fim: Mt 17, 20; Mc 9, 23;
hreevnção: Lc 21, 34 s; Rm 13
11-14; 16, 18; Ef 5, 18; Fp 3, Exemplos: Mt 4, 2; 9, 14 s;
18 s. Mc 2, 18-20; Lc 4, 2; 5, 33-35.
Castigo: Lc 16, 19-31; 1 Cr Jesús Cristo
10, 5 ss; Hb 12, 16 s.
Divindade: Mt 1, 23; 3, 17;
Intenção (boa) 8, 29; 9, 4; 10, 8; 11, 27; 12, 14
Mt 5, 20; 6, 1, 21-24; 10, 42; s; 25; 14, 33; 16, 16, 27; 17, 5;
Mc 12, 41 s; 1 Cr 10, 31; Ef 22, 18, 44; 24, 30 s; 26, 63, s;
6, 6 s; Fp 2, 4 s; Cl 3, 17; 3, 28, 18; Mc 1,11; 2, 8; 5, 6 s;
23; 2 Ts 1, 11 s; 1 Tm 1. 5; 6, 7; 9, 7; 14, 16, 62; 15, 39;
Hb 11, 4. 16, 17 ss; Lc 1, 35; 3, 22; 4,
41; 5, 22; 6, 8; 8, 28; 9, 35, 47;
Intercessão 10, 19; 11, 17, 38 s; 22, 10, 69;
Jo 1, 1 ss, 14, 18, 34, 48 s; 5,
Exortação: Mt 5, 44; Lc 0, 17-22; 6, 3, 9 s, 44, 55, 62, 70;
28; Rm 15, 30; 2 Cr 1, 11; Ef 8, 58; 9, 35; 10, 29 s; 11, 14,
1, 16 s; 6, 18 s; Fp 1, 19; Cl 27, 41; 12, 28, 44 s, 13, 1, 19;
1, 9; 4, 3; 1 Ts 1, 2; 5, 25; 2 14, 1 s, 10-14, 20, 29; 16, 4, 15,
Ts 1, 11; 3, 1; 1 Tm 2, 1. 3; 19, 23 s, 30; 17, 2, 20 s; 18, 4;
Tg 5, 16. 20, 28, 31; At 2, 34; 4, 12; 7,
Exemplos: Lc 22, 32; 23, 34; 55; 10, 42; 17, 31; Rm 1, 3; 2,
Jo 17, 9, 11, 15, 20; At 7, 59; 16; 4, 24; 5, 1, 11; 8, 3, 34 ss;
8, 24; 12, 5; Rrn 1, 9 s; 10, 1 9, 5; 1 Cr 15, 21 s; 2 Cr 4, 3 s;
â; Fp 1, 3-5; Cl 4, 12; 2 Tm 1, Gl 1, 12; 4, 4; Ef 1, 20; Fp 2.
3; Mt 8, 6; 15, 22; 17, 14 s; 9 s; 3, 21; Cl 1, 15 s; 2, 9; 3,
Lc 7, 3; Jo 2, 3. 1; 2 Tm 4, 1; Tt 2, 13; Hb 1,
2 s, 5, 8, 10, 13; 10, 12; 12, 2;
Inveja 1 Pd 3, 22; 4, 5; 2 Pd 1, 17;
Mt 20, 9-15; Mc 15, 10; Lc 1 Jo 3, 8; 4, 9; 5, 20; Jd 14 s;
15, 25-30; Jo 3, 26 Rm 1, 28 s; Ap 1, 7; 20, 11 s; 21, 7, 22; 22,
13 s, 16.
13, 13 s; 1 Cr 13; 4-6; Gl 5;
19-21, 26; Fp 1, 15; Tg 4, 2, 5; Humanidade: Mt 1, 1, 16; 4,
1 Pd 2, 1. 2; 8, 20, 24; 11; 19; 21; 18;
Ira 26, 36 ss; 27, 50; Mc 4, 38;
De Deus: Jo 3, 36; Rm 2, 5; 11, 12; Lc 1, 31; 2, 7, 48; 3,
Ap 5, 15 ss. 23; 19, 21; 23, 46 s; 24, 39 s;
Jo 1, 14, 51; 3, 13; 4, s; Ap 1,
Dos homens: Mt 5, 22; Rm 5 s; 5, 9 s; 40; 11, 35; 13, 21;
12, 19; Gl 5, 19 s; . Ef 4, 26; 6, 19, 28; 20, 27; Rm 1, 3; 5, 15;
4; Cl 3, 8, Tt 13 7; Tg 1, 19 s. 9, 4; Gl 4, 4; 1 Cr 15, 21, 45,
534 Concordância

47; Fp 2, 5-7; Cl 1, 22; 1 Tm I 29; Rm 3, 23 ss; 1 Cr 5, 7; 2


2, 5; 3, 16; 2 Tm 2, 8; Hb 2, Cr 5, 14, 19; Gl 1, 4; 3, 13; Ef
11-14, 17 s; 4, 15; 7, 14; 1 Jo 1, 6; 5, 2; Cl 4, 12; 1 Tm 1,
4, 2; Ap 5, 5. 15; 2, 5 s; Tt 1, 3; 2 14; 3, 4
Deus-Homem: Jo 1, 1, 14; 2, ss; Hb 3, 1; 4, 4-10, 29; 1 Pd
1, 18 s; 2, 24; 1 Jo 3, 16; 4, 9
19; 3, 13; 5, 26 s; 14, 28; 17, 5;
At 3, 15; 20, 28; 1 Cr 2, 8; Fp s; Ap 5, 8 s, 12.
2, 7; 1 Jo 4, 2. como Pastor (Rei) : Mt 2, 2;
Messias: Mt 1, 1, 21; 16; 16; 26, 31; 27, 37; Mc 14, 27; 15, 26;
17, 9; 20, 28; 22, 41 s; Mc 1, 24 Lc 1, 32; Jo 1, 49; 10, 11, 14;
s, 34; 3, 11 s; 8, 40; 11, 1; 14, 20; 18, 37; 1 Cr 15, 23-28; Hb 13,
62; 15, 2; Lc 1, 32; 9, 36; 20, 1 Pd 2, 25; 5, 4; Ap 1, 5;
41; Jo 1, 15-34, 42; 5, 33; 6, 38 17, 14; 19, 16.
s; 12, 47; 19, 19; At 5, 31; 7, Importância :
55; 13, 22 s; 1 Cr 1, 30; Gl 3, para Cristo: Lc 24, 26; Jo 10,
13 s; 4, 4 s; Fp 3, 20; 1 Tm 17; At 2, 32-36; 13, 26-41; Rm
1. 15. 14, 9; 1 Cr 15, 28; Ef 1, 19-23;
Profecias cumpridas: Mt 1, Fp 2. 7-11; Hb 5, 7-9; 12, 2.
23; 2, 15; 2, 18, 23; 3, 3; 4, 15 para nós: Mt 4, 16; 20, 28;
s; 3, 17; 11, 10; 12 17-21; 13, Mc 10, 45; Lc 2, 30-32; Jo 1, 4
14 s; 13, 35; 15 8; 21, 4 s, 9, s, 8 s; 3, 19; 4, 13, 6, 44, 66.
16, 42; 22, 43 s; 26, 31; 27, 9, 35; 69; 7, 37; 8, 12; 9, 5; 10, 7, 9,
Mc 1, 2; 11, 9 s; 12, 10 s, 36; 12; 11, 51 s, 12, 24 s; 35, 46; 14,
14, 27; Lc 3, 4 ss; 4, 18 s; 7, 6; 15, 14 s; 17, 3; At 3, 26; 4.
27; 19, 33; 17, 42 s; 22, 37; Jo 12, Rm 3, 24; 4, 25; 5, 1, 6-9;
1, 23; 2, 17; 12, 13 ss, 38, 40; 8, 34; 15, 8 s; 2 Cr 5, 14 s; Gl
13, 18; 15, 25; 19, 24, 36 s; At 1, 3 s; 2, 20; 4, 4 s; Ef 2, 15
3, 22, 24 s; 10, 43. s; 5, 25-27; Cl 1, 26 ss; 2, 13 s;
Sua obra: Fp 2, 9-11; 1 Ts 5, 9 s; 1 Tm
1, 15 s; 2, 5 s; Tt 2, 13 s; Hb 7,
corno Mestre: Mt 5-7; 10, 27; 24; 8, 6; 9, 15, 26 ss; 12, 2, 24;
ití, 14; 21, li; 22, 36; 23, 10;
28, 19; Mc 2, 1 s, 3, 8; Lc 4, s,13,22;12, 1 20; Jo
1 Pd 2, 24 s; 3, 17
1, 5, 7; 2, 1 s; 3, 5,
18 s, 43; 5, 32; 7, 16; 24, 19, 32; 8, 16; 4, 6 s; 5, 27; 6. 27, 63; 8.
Jo 1, 14; 3, 2, 11; 4, 19; 6, 14; 7,
40, 8, 12, 26, 29; 12, 46 s, 49; Juízo
13, 13; 14, 6; 15, 22; At 3, 22; Do Espírito Santo: Jo 12, 31;
7, 37; 1 Cr 1, 24; 9, 12; 2 Cr
2, 12; Ef 3, 14-19; Fp 3, 8; Cl 16, 8-11.
2, 3; Tt 2, 10; Hb 1, 1. Particular: Mt 25, 30; Lc 16,
como sacerdote: Mt 1, 21; 9, 22 s; Rm 2, 5-8; 14, 10, 12; 1
12 s; 11, 28; 20, 28; 26, 26-28; Cr 3, 8; 11, 31; 2 Cr 5, 10; Gl
Mc 10, 45; 14, 22-24; Lc 9, 56; 6, 8; Hb 9, 27; Tg 2, 13.
19, 10, 22, 19 s; Jo 1, 29, 36; Universal:
2, 19; 3, 16 s; 4, 34; 5, 30, 36; íato: Mt 10, 28; 12, 36; 13,
6, 52; 10, 17 s; 12, 34; 17, 5, 20, 41 ss; 16, 27; 26, 64; Mc
Concordância 535

14, 62; Jo 12, 48; 1 Cr 3, 13; 1, 30; 6, 11; Cl 2, 13 s; Tt 3,


4, 5; 2 Pd 2, 4; 1 Jo 4, 17; Jd 4-7; Hb 10, 38; 1 Pd 3, 18.
6; 14 s; Ap 11, 18; 20, 12 s. condições: Mt 4, 17; 7, 16 s;
juiz: Mt 24, 30 s; 25, 31-46; 16, 16 s; 21, 32; 22, 36-40; 28,
Jo 5, 22, 27; At 1, 11; 10, 42; 19; Mc 1, 15; 16, 15 s; Lc 7,
17, 31; Rm 2, 16; 2 Ts 1, 7 s; 47; 13, 3; 15; 18, 8; 24, 25; Jo
2 Tm 4, 1. 3, 36; 8, 24; 14, 23; 20, 21; At
tempo: Mt 24, 36-39; 25, 13; 5, 14; 8, 37; 9, 42; 10, 34-48; 14,
Mc 13, 32 s; Lc 12, 35 s; 17, 22; 15, 7; 16, 31; Rrn 1, 17; 2,
26-30; At 1, 7; 1 Ts 5, 1-5; 2 13; 3, 20-26, 28-30; 4, 4 s, 23
Ts 2, 1 s; 2 Pd 3, 10 s. ss; 5, 1 s; 10, 9 s; 1 Cr 1, 23
prenúncios: Mt 24, 29; Mc 13, 2, 2; 13, 2; 2 Cr 7, 10; 10, 4 ss;
24 s; Lc 21, 9-11, 25 s; At 2, Gl 2, 16-20; 5, 5 s; Ef 2, 8; 4,
13; Fp 3, 9; Cl 2, 12; Tg 2, 14,
20 s; 2 Pd 3, 3-7; Ap 1, 7; 6, 26; 1 Pd 1. 8; 2, 6; 4, 17; 1 Jo
12-17; 16, 14-21. 2, 23; 5, 1, 10, 13.
Justiça Essência :
De Deus : processo: isenção do pecado:
fato: Mt 16, 27; Jo 5, 29; Mt 5, 8; 7, 16-20; 11, 33 ss; Lc
17, 25; At 3, 14; 17, 31; Rm 2, 6, 43-46; 7, 50; Jo 1, 29 5, 14;
2, 6, 11; 1 Cr 3, 8; 4, 5; 2 Cr 8, 11; 13, 10; 15, 3; Rm 5, 1; 6;
5, 10; 9, 6; Gl 2, 6; Eí 6, 8 s; 7, 24; 8, 1 s; 14, 17; 1 Cr 6, 11;
Cl 3, 25; 2 Tm 4, 8; Hb 1, 9; 7, 15; Hb 9, 26; 1 Jo 1, 7 ss;
6, 10, 11, 6; 1 Pd 1, 17; 3, 18; Ap 1, 5.
1 Jo 1, 9; 2, 1; Ap 16, 5, 7. santificação da alma: Mt 5,
valor: Mt 5, 11 s; Rm 2, 6- 20; Jo 1, 13; 3, 5 s, 8; 7, 38 s;
10; 2 Tm 2, 19; 1 Pd 1 17. 8, 47; Rm 5, 5; 8, 9; 1 Cr 1,
Dos homens: 30; 6, 11; 2 Cr 5, 17, 21; Gl 5,
objeto: Mt 5, 20; 23, 23-26; 4 ss; 6, 15; Ef 2, 10; 4, 24; Tt
Lc 18, 9-14; Rm 12, 2; 14, 17 3, 4-7; Hb 10, 38; 1 Pd 1, 3, 23;
s; Gl 5, 5 s; Tg 2, 1, 9. 2 Pd 1, 3 s; 1 Jo 2, 29; 4, 7;
origem: Rm 1, 10 s; 2, 13, 3, 1 s; 4, 4, 7-10.
25-29; 3, 20-31; 4, 1-3, 23-25; estado: Mc 1, 8; Lc 11, 13;
Gl 2, 16; 3, 11; 5, 5; 1 Cr 1, 30; 24, 29; Jo 3, 5; 14, 16; At 2,
Fp 3, 8-11; Tt 3, 4 s; 1 Pd 3, 38; 5, 32; 8, 17; 10, 44 s; Rm
18; 1 Jo 2, 29. 1, 4; 3, 9, 11; 1 Cr 6, 19; 2 Cr
Valor: Mt 13, 43; 25, 46; Rm 2, 9; Ef 4, 4; 2 Ts 2, 12; 1 Pd
5, 3-5; 8, 28; 1 Tm 4, 8; Tg 1, 2; 1 Jo 2, 27; 3, 9.
1, 12; Ap 14, 12 s. Efeitos: Rm 5, 5; 8, 1 s; 11,
exemplos: Mt 1, 19; Lc 1, 6; 17; 1 Cr 3, 16; 6, 19; 2 Cr 6, 16;
23, 47; At 3, 14; 10, 22. Gl 4, 6 s; 2 Tm 1, 7; Tt 3, 7;
Justificação 1 Pd 3, 22; 2 Pd 1, 3-7 Ap 1, 5.
Propriedades: Mt 5, 48; 6, 13;
Causa: At 10, 43; 13, 38 s; 25, 14-30; 26, 41; Lc 6, 36; Jo
Rm 5, 18 s; 8, 30; 10, 4; 1 Cr 3, 36; 15, 2; Rm 8, 16, 31 35-
536 Concordância

39; 1 Cr 2, 12; 4, 4; 9, 27; 15, Castigo: Lc 16, 19 ss; 17, 26-


4 s; 2 Cr 4. 16; 9, 10; Ef 1, 29; Gl 5, 21; Fp 3, 18 s; Tg 5,
14; 4, 15; Fp 2, 12; Hb 4, 1; 2 5; 1 Pd 4, 3 ss.
Pd 3, 18; 1 Jo 3, 6, 14; 4, 15;
Ap 22, 11. Mansidão
Frutos: Mt 16, 27; 19, 29; 20, Dever: Mt 18, 21 s; Gl 6,
8-16; 25, 14-30; Lc 6, 38; 17, 10; 1; Ef 4, 2, 26; Fp 4, 5; Cl 3, 12;
19, 11-28; Rm 2, 5 s; 8, 18; 1 1 Tm 6, 11; 2 Tm 2, 24 s; Tt 3,
Cr 3, 8, 13; 9, 24 ss; 2 Cr 4, 2; Tg 1, 21; 3, 17; 1 Pd 3, 15 s.
17; 11, 15; Gl 6, 7; Ef 2, 8 ss; 22 Origem:
s 1 Cr 13, 4-7; Gl 5,
Fp 3, 13; Cl 1, 10; 1 Tm 4, 8;
2 Tm 4, 8; Tt 1, 2; Hb 10, 36; Premio: Mt 5, 4; 11, 29.
Tg 1, 12; 1 Pd 1, 17; Ap 7, 14-
17; 11, 18; 22, 12. Maria
Lei Mãe de Deus: Mt 1, 18-21, 25;
13, 55; Mc 3, 31 s; 6, 3; Lc 1,
Natural: At 14, 16, Rm 1, 19 31-35, 43; 2, 33, 48; Jo 2, 1;
s; Rm 2, 14 s. 19, 28; At 1, 14; Gl 4, 4.
Mosaica: At 15, 10; Rm 3, 20; Sempre virgem: Mt 1, 18, 20;
4, 15; 5, 20; 7, 1, 7 s; 11-13; 2 Lc 1, 34.
Cr 3, 6-11; Gl 3, 10, 13, 19, 23 Cheia de graça: Lc l, 28.
ss; 1 Tm 1, 9; Hb 7, 18 s. Cheia de virtudes: Mt 2, 14;
Aperfeiçoada por Cristo: Mt Lc 1, 34, 38 ss, 45-55; 2, 19, 43=
5, 17-48; 15, 3-11; 19, 3-12; 23; 48; Jo 2, 5; 19, 25 s.
Mc 7, 1-23; 10, 1-12; 13, 38 ss;
Lc 11, 37-52; 18, 22; 20, 45 ss; Matrimonio
Rm 8, 2; 6, 14; 7, 4-6; 8, 3 s; Sacramento: Ef 5, 23-32.
Gl s, 13; 4. 4 s, 31; Hb 3-7; 9, Fim: 1 Cr 7, 1 s; 5, 9; 1 Tm
1-10.
Liberdade 2, 15; 5, 14; Hb 13, 4.
Indissolubilidade: IAX 5, 32;
Da vontade: Mt 23, 37; Mc 19, 4-6; Mc 10, 4-12; Lc 16, 18;
14, 7; Lc 12, 47; Jo 1, 12; Rm Rm 7, 2 ss; 1 Cr 7, 39.
6, 12; 12, 21; 1 Cr 10, 13; 2 Adultério: Mt 5, 27 s; 15, 19;
Cr 8, 10 s; Fp 4, 13; 1 Ts 5, 19, 9; Rm 7, 3; 1 Cr 6, 9; Gl
21; Hb 3, 7; 4, 7. 5, 19-21; Tg 4, 4
Do cristão: Jo 8, 31 s, 36; Rm Mentira
6, 18, 20, 22; 7, 1-8; 8, 2; 1 Prevenção: Jo 8, 44; Ef 4, 25;
Cr 7, 22 s; 2 Cr 3, 17; Gl 2, Cl 3, 9; Tg 3, 14.
4; 4, 31; 5, 1, 13; Tg 1, 25; 2,
12; 1 Pd 2, 15 s; 2 Pd 2, 19. Castigo: At 5, 2 ss; Ap 21, 8,
27; 22, 15.
Luxúria Milagres
Prevenção: Lc 21, 34; Rm 8, De Jesús: cura
15; 13, 13 s; 14, 17. leprosos: Mt 8, 2; Mc 1, 40;
Concordância 5o7

Lc 5, 12; Lc 17, 12 ss; Mt 11, passa incólume pelos inimi-


5; Lc 7, 22. gos; Lc 4, 29 s.
endemoninhados: Mt 8, 28 ss; penas negras: Lc 5, 1; Jo
Lc 8, 30 ss; Mt 12, 22 ss; Mt 21, 4.
17, 14 ss; Mc 9, 16 ss; Lc 9, 38 transfiguração: Mt 17, 2; Mc
ss; Mc 1, 23; Lc 4, 33 ss; Mt 9, U Lc 9, 28.
15, 22 ss; Mc 7, 24 ss; Lc 8, caminha sobre as águas: Mt
2; Mc 16, 9; Lc 13, 11 ss. 14, 25 ss; Jo 6, 16-21.
cegos: Mt 9, 27 ss; 20, 30 ss; Dos apóstolos: Mt 10, 1-15;
Mq a, 22 ss; Jo 9. Mc 6, 7-13; Lc 9, 1-6; 10, 1-12,
o paralítico: Mt 9, 2 ss; Mc 17-20; At 5, 16.
2, 3 ss; Lc 5, 18 ss. De São Paulo: At 13, 8 ss;
uma mão atrofiada: Mt 12, 14, 7 ss; 16, 16 ss; 19, 12 ss;
10 ss. 20, 9 ss; 28, 3 ss.
o servo do centurião: Mt 8, De São Pedro: At 3, 1 ss; 9,
13. 33 ss; 9, 40 s.
a Malco: Lc 22, 50 ss.
o filho do oficial régio de Ca- Do diácono Filipe: At 8, ti-tí.
farnaum: Jo 4, 46 ss. Dos demais apóstolos: At 5,
um surdo-mudo Mc 7, 32 ss. 19; 12, 6-11; 16, 26.
a sogra de Simão Pedro: Mt Misericórdia
8, 15; Mc 1, 31.
u hidrópico: Lc 14, 2 ss. De Deus: Lc í, 50, 54, 58,
a hemorroíssa: Mt 9, 20 ss; 72, 78; 6, 36; Jo 3, 16 s; 2 Cr
Mc 5, 25; Lc 8, 43. í, 3; Ef 2, 3-5; Cl 2, 13; Tt 3,
Ressuscita à vida: 5; 1 Pd 1, 3.
De Jesús Cristo: Mt 9, 36;
a filha de Jairo: ML 9, 25; Mc 11, 23; Mc 1, 41; 6, 34; 8, 1
5, 41; Lc 8, 54. s; Lc 7, 13, 37, 47 s; 10, 33; 15.
o jovem de Naim: Lc 7, 11 ss. 20; 19, 5, 9 s; 23, 42 s; Jo 8,
a Lázaro: Jo 11; 1 ss. 3; 10, 11.
Multiplica os pães: Mt 14, 19 Dos homens:
ss; Jo 6, 10 ss; Lc 9, 12 ss; Mc dever: Lc 6, 35 s; Rrn 12, 13;
6, 43 ss; 8, 5 ss; Mt 15, 32. Cl 3, 12; 1 Tm 5, 10; 2 Pd 3,
amaldiçoa a figueira estéril: 92.valor: Mt 5, 7; 9, 13; 12 7;
Mt 21, 19; Mc 11, 13.
aplica a tempestade: Mt 8, 23, 23.
24 ss. exemplos: Mt 18, 23; Lc 10,
muda água em vinho; Jo 2, 30-37; 15, 1 s, 11-32; Fp 2, 6
1-11. s; 2 Tm 1, 18; Tt 3, 5 s; Hb
em geral: Mt 4, 23; Lc 8, 2; 2, 17; 4, 15; 5, 2; Jd 21.
Jo 20, 31. Missão
Em Jesús : Mt 28, 19; Mc 16, 15 s; At
ressurreição: Mt 28; Mc 16; 1, 8; 10, 9-16; 13, 2 ss, 16, 9 s;
Lc 24; Jo 20. 3 Jo 5-8.
538 Concordância

Moléstia 4, 3; 1 Tm 2, 9 s; Tt 2, 5; 1
Causa: Jo 5, 14; 9, 3; At 12, Pd 3, 3-5.
21-23; 1 Cr 11, 29 s; Ap 2, 21 s. Direitos: Mt 19, 4-9; 1 Cr 7,
Fim: 2 Cr 1, 4-7; 4, 17; 1 Pd 2, 10 s; Ef, 22-25, 28, 33; Cl 3,
13 s; 1 Pd 3, 1, 6 s.
4, 19.
Deveres: Mt 16, 24; Jo 11, 1- Mundo
3; 1 Tm 6, 17; Tg 5, 13-15; 1 Material:
Pd 2, 20 ss.
Consolo: Mt 4, 24; 8, 2 s, 5 criação: Jo 1, 1-3, 10; 17, 5,
24; At 4, 14, 24; 17, 24; Rm
s; 14-16; 9, 2, 6 s, 20 ss; 27-30; 11, 36; Cl 1, 16; Hb 1, 2; 3, 4;
10, 8; 12, 10; 14, 35 s; Mc 1, 11, 3; Ap 4, 11; 14, 7.
4, 32 ss; 2, 3-13; 5, 25-34; 6, fim: Mt 24, 23-31; Mc 13, 21-
56; Lc 4, 40; 5, 12, 18-26; 8, 43- 25; Lc 21, 25-28; 2 Pd 3, 10;
48; 9, 2; 13, 10-13; 14, 2, 4, 28,
46; Jo 4, 46-51; 5, 5-9; Rm 8, Ap 16-20.
18; 1 Cr 15, 42 s; 2 Cr 4, 8; Espiritual :
12, 9. espécie: Mt 13, 22; Lc 16,
Morte 8; Jo 7, 7; 8, 23; 14, 16 s; 15,
18; 16, 33; 17, 9, 14, 25; 1 Cr
Origem: Rm 5, 12, 17; 6, 23; 1, 27 s; 11, 32; 1 Jo 3, 1; 4,
1 Cr 15, 21 s; Tg 1, 15. 5; 5, 19.
Tempo incerto: Mt 24, 42 ss; prevenção: Mt 18, 7; Rm 12,
25, 1 ss; Mc 13, 13 ss; Lc 12, 2; Cl 2, 3; 1 Tm 6, 9; 2 Tm 2,
16 ss, 35 ss; 21, 34 ss; Jo 12, 4; Tg 4, 4; 2 Pd 1, 3 s; 1 Jo
35; 1 Ts 5, 1-6; Tg 4, 13 ss; 5, 2, 15 ss.
atitude: Mt 6, 24; 16, 24; 19,
9; 2 Pd 3, 10; Ap 3, 3; 16, 15. 27; 1 Cr 7, 31; Gl 1, 4; 6, 14;
Do justo: Lc 6, 23; 16, 22; Fp 3, 7 s; 1 Jo 2, 17; 5, 4 s.
2 Cr 5, 1; Fp 1, 23r 2 Tm 4,
6-8; Tg 1, 12; Ap 7, 13-17; 14, Negação da fé
13. Mt 10, 33; 26, 69 ss; Lc 11,
Do pecador: Mt 25, 30; Lc 16, 23; 12, 9; 1 Tm 5, 8; 2 Tm 2,
22. 12.
Significação: 1 Cr 15, 51; 2 Obediência
Cr 5, 4; Fp 1, 23; 2 Tm 4, 6; Para com Deus: Mt 7, 24; Jo
Hb 9, 27; 11, 35. 4, 34; 5, 30; 6, 38; 14, 30 s;
Consolo: Mt 9, 23 s; Lc 7, 17, 4; At 4, 18 s; Fp 2, 8 s;
13; Jo 11; 1 Ts 4, 12; Ap 21, Hb 5, 8 s; Tg 1, 22; 2, 10 s;
4; 22, 2, 5. 1 Pd 1, 22; 1 Jo 3, 24.
Para com a igreja: Mt 18, 17;
Mulheres (piedosas) 2 Cr 5, 9; Hb 13, 17.
Mt 28, 55 s; Mc 16 40 s; Lc Para com o poder civil: Rm
8, 2 s; 23, 55; Jo 19, 25.
Deveres: 1 Cr 11, 3-15; 1 Ts 17. 1-7; Tt 3, 1 s; 1 Pd 2, 13-
13,
Concordância 539

Obras (boas) valor: Mt 7, 7-11: 17. 21; 18.


Necessárias: Mt 3, 10; 5, 16; 20; 21, 22; 26, 41; Lc 11, 9-13;
18, 7; Jo 16. 23; At 10. 4; Rm
7, 17, 21, 24-27; 12, 35; 19, 17; 10, 1; Fp 1, 19; Cl 4, 12; 2 Ts
Lc 6, 46-49; 13, 3; Jo 14, 21; 15 1, 11; Tg 1, 5-8; 5, 13, 16.
14, 16; Rm 2, 13: Gl 6, 8-10; Ef exemplos: Lc 1, 46-56, 68-79;
2, 10; Cl 1, 10; Tm 6, 17 s; Tt 2, 29-32, 37; At 1, 14; 6, 48; 7,
2. 14; 3, 8, 14; Hb 6, 12; 10 24; 58; 9, 36, 40; 10, 2; 12, 5; 16,
Tg 2, 14-22; 1 Pd 2, 11 s; 2 Pd 25; 20, 36; 21, 5; 2 Tm 1. 3.
1, 10 s; 1 Jo 2, 4 s.
Meritórias: Mt 5, 11 s; 6, 6; Orgulho
10, 42; 16, 27; 19, 29; 20, 8; 25, Prevenção: Rm 1, 29 s; 11.
4 ss, 41-46; Mc 9, 40; Jo 5, 26 20; 1 Cr 4, 7; 13, 4; Gl 5, 26;
s; 12, 26; 13. 17; 15, 14; Rm 2, 2 Tm 3, 2; Jd 16.
6 s. 10, 13; 8, 13; 1 Cr 3, 8; 15, Castigo: Mt 23, 12; Lc 1, 51;
58; 2 Cr 9, 6; Ef 6, 8; Cl 3, 23 14, 11; 18, 14; Tg 4. 6. 16; 1
s; Hb 6, 10; 11, 26; 13, 16; Ap Pd 5, 5; Ap 18, 7 s.
14, 13; 20, 12; 22, 12
Suposição: Mt 6, 16 ss; Jo 15, Paciência
4 s; Gl 6, 8; Ef 2, 8 ss: Cl 3, No sofrimento: Lc 21,19; Rm
23 s. 5, 3-5; 3, 28; 12, 12; 15, 3 s;
Oração 1 Cr 6, 7; 13, 7; 2 Cr 6, 3-5;
De Jesús: Gl 5, 22; Ef 4, 1 s; Cl 3, 12;
2 Ts 1, 4 s; 3, 5; 1 Tm 6, 11;
espírito de oração: Mt 14, 23; 2 Tm 2, 10, 24; 3, 12; Tt 2, 1
26, 38 s; Mc 1, 35; 6, 46; 14, s; Hb 6, 12, 15; 10, 36; 12, 1 s;
33 s; Lc 5, 16; 6, 12; 22, 32, 41, Tg 1, 3 s. 12; 5, 7 s, 11; 1 Pd
44; 23, 46; Hb 5, 7. 2, 19 s; 3. 14. 17; Ap 3, 10;
fórmulas de oração: Mt 6, 9- 14. 12.
13; 11, 25-30; 26, 36-45; Mc 14, Com o próximo: Rm 15, 1;
32-40; Lc 10, 21 s; 11, 2-4; 22, Gl 6, 1 s; Ef 4. 1 s; Cl 3, 12
41; Jo 11, 41 s; 12, 27; 17. s; 1 Ts 5, 14.
Dos fiéis:
Motivos: Mt 7, 3-5; 18, 32 s;
necessidade: Mt 7, 7; Mc 13, Rm 2, 4; 5, 3-5; 8, 35-39; 12,
33; Lc 31, 36; Rm 15, 30; Ef 6, 12; Cl 1, 9, 11; Hb 12, 2 s; 1
17 ss; Cl 4, 3 s; Fp 4, 6; 1 Ts Pd 2, 19 s.
3, 9 s; 2 Ts 3, 1; 1 Tm 2, 8. Exemplos: At 7, 59; 2 Ts 1,
propriedades: Mt 6, 5-8; 7, 7; 4 s; Hb 10, 23-39; Tg 5, 10: 1
15, 7-9; 21, 21 s; 23, 14; Mc 7, Pd 2, 21.
6; 11, 24; 12, 40; Lc 11, 5-9, 40;
18, 1-14; Jo 4, 23 s; 9, 31; 14, 13; Pais
15, 7, 16; 16, 23; Rm 8, 26 s; 12 Deveres: Ef 6, 4; Cl 3, 21.
12; 1 Cr 14, 15; 2 Cr 12 7 s;
Ef 6, 18; Cl 2, 4; 1 Ts 5, 17; Palavra de Deus
Hb 4, 16; Tg 4, 7; 5, 6; 1 Jo Excelência: Mt 4, 4; 5, 17;
3, 21 s; 5, 14 s. 24, 35; Lc 4, 4; 16, 17; Jo 6,
540

24, 69; 17, 17; Ef 6, 17; 1 Ts Expedição bélica Lc 14. 31-


2, 13; 1 Pd 1, 25. 33.
Efeito: Mt 13, 3-9; Mc 4, 3-9. 9-:Fariseu
14. e publicano Lc 18,
13-21; Lc 8, 5-8, 11-15; At 2,
37; 4, 4; 6, 10; 13, 48; 14, 1; Feitor infiel Lc 16. 1-9.
16, 14; 17, 11 s, 32 ss; 19, 9; Fermento Mt 13. 33; Lc 13.
26. 28; Rm 2; 13; Hb 4, 12; 20 s.
Tg 1, 21-25; Mt 10, 14 s; Lc 10, Figueira estéril Lc 13, 6-9.
10 ss; Jo 5, 37 s; 12, 47-50; At Filhos da, casa e cachorrinhos
13, 45 ss; 18, 6. Mt 15, 27 s; Mc 7. 27.
Valor: Mt 7, 24 s; Lc 6, 47 s; Filho pródigo Lc 15, 11-32.
8, 21; 10, 42; 11, 28; Jo 5, 24, Filhos do rei isentos de tri~
40; 8, 31 s; 14, 23 s; At 6, 2.
Exemplos: Lc 5, 5, 1; 10, 39; buto Mt 17, 23-26.
19, 47 s; At 2. 42; 8. 5 s; 13, Filho suplicante Mt 7. 9-11;
42 ss. Lc 11. 11-13.
Fim do mundo (prenúncios)
Parábolas de Jesús Mt 24, 32 s; Mc 13. 28 s; Lc
Administrador fiel Mt 24 45- 21, 29-31.
51; Lc 12, 41-48. Guias cegos Mt 15, 14; Lc
Amigo importuno Lc 11. 5-8. 6. 39.
Argueiro e trave Mt 7, 3-5; Hóspedes pobres Lc 14. 12-14.
Lc 41 s. Impureza real Mt 15, 10 s, 15-
Arvores boas e más Mt 7, 16- 20; Mc 7. 14-23.
20; 12, 33-35; Lc 6, 43-45. Insensato (rico) Lc 12. 16-21.
Banquete régio Lc 14, 16-24. Irmãos desiguais Mt 21, 28-32.
Caprichos pueris: Mt 11, lg, Joio entre o trigo Mt 13, 24-
19; Lc 7. 31-35. 30. 36-43.
Carniça e águias Mt 24, 28; Juiz iníquo Lc 18. 1-8.
Lc 17, 37. Ladrão de noite Mt 24. 23 k\
Casa sôbre rochedo ou areia Lc 12, 39 s.
Mt 7, 24-27; Lc 6, 47-49. Lavradores perversos Mt 21,
Cidade sòbre o monte Mt 5, 33-46; Mc 12, 1-12; Lc 20, 9-19.
14. Lugares no banquete Lc 14,
Devedores (dois) Lc 7, 41- 7-11.
45. Luz do mundo Jo 3, 19-21; 8,
Discípulo e servo Mt 10, 24 12; 9. 5; 12, 35 s. 46.
s; Lc 6, 40; Jo 13, 16; 15, 20. Luz sôbre candelabro Mt 5,
Dracma perdida Lc 15, 8-10. 15-16; Mc 4, 21; Lc 8, 16; 11, 33.
Epulão (rico) e pobre Láza- Médico das almas Mt 9, 12 s;
ro Lc 16, 19-31. Mc 2, 17; Lc 5, 31 s.
Esposo e convivas Mt 9, 14 Messe grande e poucos opera-
s; Mc 2. 18-20; Lc 5, 33-35. rios Mt 9, 37 s; Lc 10, 2.
Concordância
541
M-nns (moedas) Lc 19. 11- Vestidos e odres velhos Mt
27 9. 16 s; Mc 2, 21 s; Lc 5. 36-38
Mostarda (grão) Mt 13. 31 s; Videira Jo 15, 1-8.
Mc 4. 30-32; Lc 13, 13 s. Vinho y.o^c e velho Lc 5, 39.
Ovelha desgarrada Mt 18, 12- Virgens prudentes e tolas Mt
14; Lc 15, 3-7. 25. lr 13.
Pai d° família prudente Mt Pastor cTaimas
13. 52.
Pastor (bom) Jo lo. 1=16, Importância: Jo 17. 3, Km
Pérola Mt 13, 45 s. 11, 13 s; 1 Tm 1. 12; 3. 1; Hb
Plantas desarraigadas Mt 15, 13, 17.
13. Missão: Mt 4, 13-22; 28. 19 s;
Jo 15, 16; 17, 22; At 10, 42; Rm
Porta fechada Lc 13, 25-30. 10, 14 s; 1 Cr 3, 4 s; 2 Cr 4.
Profanação de coisas santas 5 ss; 5, 13-20; Ef 4. 11; Fp 1.
Mt 7, 6. 1; Hb 5. 4.
fíêcie de pescador Mt 13, 47- Tarefa: Mt 28, 19 s; 1 Cr 4.
50. 1; Ts 3, 7 ss; Fp 2, 21; 4, 15
Reino de Cristo e reino de ss; 1 Pd 5, 2 ss; cartas a Ti =
Satanaz Mt 12, 25-30, 43-45; Mc rnóteo e Tito .
3, 23-27, Lc 11. 17=26. Como sacerdote: Mt 18, 18;
Sal da terra: Mt 5. 13: Mc 9, Lc 22, 19; Jo 17, 11, 15 ss; At
50: Lc 14. 34 s. 6. 4; Rm 1, 9; 1 Cr 11, 25; Fp
Samaritano Lc 10, 30-37. 1, 3 s, 9 s; Cl 1, 3, 9; Tg 5.
Semeador Mt 13, 3-9, 18, 23; 14 s; Ap 2. 2-6. 14-16, 19-21; 3,
Mc 4, 3,9, 13-21; Lc 8 5-8, 11- 8. Como prégadors Mt 9, 36 ss;
15.
10, 5 ss, 27; 13, 51 s; 15, 9, 14;
Sementeira a rrescor Mc 4, Lc 6. 39; 9, 2; At 4, 18, 20, 29
5. 19 s, 27 ss, 40 ss; 8, 35, 40;
Servir o dois senhores Mt 6, 11, 26; 13 46; 20, 26 s; Rm 2.
24; Lc 16, 13. 21; 15, 18; 1 Cr 1, 17, 21; 2. 1
Servo cruel Mt 18, 23-35. s, 4 s; 3, 1 s; 9, 14-18, 27; 14, 9;
Servos inúteis Lc 17. 7-10. 2 Cr 2, 14 s, 17; 4. 1 s; 11, 7-9;
Servos vigilantes PvTc. 19. 33- 12, 14 s; Gl 1. 8 s; 4, 16; 1 Ts
37; Lc 12, 35-33. 2, 3-8; 1 Tm 1, 3 s; 6, 20 s; 2
Tm 4, 2-5; Tt 2, 8; 1 Pd 4. 11;
Talentos Mt 25. 14-30. Hb 5, 11-14.
Tesouro: Mt 13. 44. Como pastor: Mt 9, 36; Mc 6.
Torre a construir Lc 14, 28- 34; Jo 10, 1-16; 2 Cr 2, 4; 7.
30. 2 s, 15; 12, 15; Ef 4, 11; 1 Ts
Trabalhadores da vinha Mt 2, 7 s, 11 s; 1 Pd 5, 1-9.
20, 1-16. Deveres: Mt 5, 13-16; 23, 4;
Trigo (grão) Jo 12, 24 s. Lc 5, 5; 11, 46, 52; 14, 34 s;
542 Concordância

At 20, 31; Rm 2, 17-24; 1 Cr Espécies: Mt 18, 6 s; Lc 11.


4. 16; 9, 27; 10, 33; 11, 1; 2 47 s; Rm 1, 32; 2, 24; Ef 5, 6
Cr 1, 12; 8, 21; 11, 2; Fp 2, s; 1 Tm 5, 22.
16 s; 1 Ts 2, 13 9 s; 5, 22; 1 Gráus: Mt 5, 22; 7, 3; 10, 15:
Pd 5, 2 s; 2 Pd í, 12 s; cfr. 23, 24; Lc 10, 12; 12. 47 s; Jo
epístolas a Timóteo e Tito. 19, 11; 1 Jo 5, 16.
Responsabilidade: Mt 23, 14 P. que bradam aos céus: Tg
s; 1 Cr 9, 16 s; Ap 2, 5; 3, 1-3. 5, 4.
Prémio: Mt 5, 11 s; Lc 10, P. contra o Espírito Santo:
20; Jo 12, 26; 1 Cr 3, 8; 9. 17, Mt 12, 31 s; Mc 3, 28 s; Lc 12,
24 s; 1 Pd 5, 1-4. 10; At 7. 51; Hb 6. 4-6; 10,
Pastor e rebanho: Mt 10, 10; 26 s.
Lc 10, 7 s, 16; 1 Cr 9, 7 s, 11- Fealdade: Rm 6, 6-13; 8, 8; 12.
14; 2 Cr 5, 20; Gl 6, 6; 1 Ts 9; 2 Cr 6. 14 ss; Ef 4. 30 s;
5, 12 s; 1 Tm 5, 17; Hb 13, 7 5, 3.
s. 17 s. Loucura: Rm 6. 12-14. 16 20
Paz s; 2 Pd 2, 19.
Castigo: Rm 1, 18; 2, 6, 8 s;
Do mundo: At 9, 31; 1 Tm 6, 21; 2 Cr 5, 10; 7, 1; Gl 6, 7
2, 2. s; Cl 3, 25; 2 Pd 2. 3-7, 9.
De Cristo: Mt 10, 12; Lc 2, Conversão: Mt 6, 12; 9. 2; Mc
14; 10, 5 s; Jo 14, 27; 16 33; 2, 3; Lc 5, 18; % 48 s: 11, 4;
At 10, 36; Rm 5, 1 s; Ef 2, 14, Cl 1, 14; Hb 12, 1; Tg 5. 19
17 ss; 6, 15; Fp 4. 7: Cl 3, 15; s; 1 Pd 2, 1; 1 Jo 1, 7-10.
2 Ts 3, 16.
Da alma: Rm 14, 19; 16, 33; Penitência
16. 20; 1 Cr 7. 15; 14, 33; Gl 5, Sacramento :
22; Ef 4, 3; 1 Ts 5, 13; 2 Tm
?. 22; Hb 12, 14; 1 Pd 3, 10 s. instituição: Jo 20, 22 s; Mt
18, 18.
Pecado original efeitos; Jo 20, 23; Mt 16. 19;
Em geral: Mc 10, 18; .Jo 3, 18, 18; 1 Jo 1, 9.
3-6, 36. condições: 1 Cr 11, 28, 31.
Em particular: Rm 5, 12; 1 cf. parábola do filho pró-
Cr 15. 22; Ef 2. 3. digo, Lc 15, 11-24; bem
como 2 Cr 7, 19) .
Pecado pessoal acusação: At 19, 18; Tg 5, 16
Essência: Rm 2, 23; 4, 15; 5, 1 Jo 1, 9.
13; 8, 7; Ef 2, 1; Tt 2, 14; Hb Virtude :
2, 2; Tg 4, 4; 1 Jo 3, 4; 5, 17. incitamento: Mt 3, 2, 8; 4,
Origem: Jo 3, 19 s; 9, 41, 15, 17; Mc 1, 15; Lc 3, 8; 5, 32;
21 s, 24; Rm 5, 20; Hb 10, 26; At 2, 28; 8, 22 s; 17, 30; 26,
Tg 1, 15; 4, 17; 1 Jo 3, 6. 8 ss; 19 s; Tg 4, 8-10; 1 Pd 3, 11;
5. 18. Ap 2, 5; 8, 3.
Concordância 543
motivos: Lc 13, 3, 5; 15, 7, 21, 27 s; Mc 10, 29 s; Lc 14, 33;
10; At 3, 19; Rm 2. 4; 2 Pd 18, 28-30.
3, 9. Predestinação
valor: Mt 11. 21 s; Lc 10, 13
s; Rm 4, 7 s; 1 Cr 11, 31; Ef Fato: Mt 20, 16; 25, 34; Lc
4, 22-24; 5. 14; Cl 3, 9 s. 10, 20; Jo 5, 21; 6, 37-40; 10.
valor: Mt 11. 21 s; Lc 10, 13 28 s; 13, 18; Rm 8, 28 ss; 11.
s; Rm 4, 7 s; 1 Cr 11, 31; Ef 5, 7; Ef 1, 4-14; 1 Tm 4, 10;
4, 22-24; 5. 14; Cl 3, 9 s. 2 Tm 2, 19 s; 1 Pd 1. 20.
exemplos: Mt 26, 75; Lc 7, Essência: Jo 6, 39; Ef 1, 4,
37 s, 44-48; 15, 11-24; 18, 13; 19, 2 Tm 1, 9.
8 s; 23. 40-43; 2 Cr 7, 9 s. Causa: Mt 24, 22; 25, 34-46;
Perfeição Lc 10, 21; 12, 32; Jo 10, 26 ss;
Desejo: Mt 5, 48; 19, 21; Rm 15, 16; 17, 9; At 13, 48; Rm 8.
12, 2; 1 Cr 14. 20; 15, 58; 2 28; 9, 11-21; 11, 5 s; 1 Cr 2,
Cr 7, 1; 13, 11; Ef l, 3 s; 2, 9; 9, 24 ss; Ef í, 3-14; 2 Ts 2,
13; 2 Tm 1, 9; 1 Pd 1, 20; 2
10; 4, 15, 23 s; 6. 13; Fp 1, 9- Pd 1, 10.
11; 3, 12; Cl 1, 28; 1 Ts 4, 1-4,
7; 5, 23; 2 Trn 3. 16 s; Hb 12, Consequências: Lc 10, 20; Rm
14; Tg 1. 4; 1 Fd 1. 14 ss; 2 11, 20; 1 Cr 4, 4; Fp 2, 12; 3.
Pd 3, 18. 13-15; 2 Pd 1. 10.
Motivos: Mt 5, 48; 19, 16; Lc Primado
18, 19; Ef 5, 1; 1 Pd 2, 24.
Colação: Mt 16, 16-19; Lc 22.
Perseverança 31 s; Jo 1, 41 s; 21, 15 ss.
Exortação: At 11, 23; 13, 43; Exercício: Mt 10, 2; Mc 3. 16;
14, 20 s; 1 Cr 7. 20; 15, 58; 16, Lc 6. 13 s; At 1, 15; 2, 14. 38;
13; 2 Ts 2, 14; 1 Tm 1, 19; Hb 15, 7.
6. 11 s; 10, 23.
Graça de Deus: 1 Cr 1. 8; Profecias (de Jesús)
Ef 6, 10; Fp 1, 6; 2, 13; 1 Ts Sôbre si mesmo: Mt 12. 40;
5, 24; 1 Pd 5, 10. 16. 21 ss; 17, 22 s; 20, 17 ss;
Valor: Mt 10. 22; 24. 13; Mc 26, 20-25, 30-34; Mc 8. 31 ss;
13, 13; Rm 2, 6 s; 11. 22; 1 Cr 9, 30 s; 10, 33 s; 14, 17-21, 27 30;
15, 1 s, 58; Gl 6, 9; Cl 1, 22 22, 21 ss; 34; Jo 2, 19; 13, 21-
s; 1 Ts 3. 8; 2 Ts 3, 13; 1 Tm 27.
4, lèf Hb 3, 14; Tg 1, 25; Ap Sôbre os apóstolos e a igre-
2, 10, 26; ?>. 21. ja: Mt 10, 16-25; 16, 17 ss; Mc
Pobreza 10, 40; 16, 17 s; Lc 21, 8-19; Jo
Real: Lc 15, 13-16; Tg 2, 5. 21, 18-23.
Espiritual: Mt 5, 3; Lc 6, 20 s. Sôbre a destruição de Jeru-
salém e o fim do mundo: Mt
Evangélica: Mt 10, 9 s; 19, 24; Mc 13; Lc 21.
544 Concordância

Príncipe (deste mundo) Além-túmulo: Mt 13, 43; 25,


34: 26, 29; Mc 9, 46; 10, 15;
Lc 4. 6; Jo 12, 31 s; 14, 30; Lc 12, 32; 13, 29; 22, 29 s; At
Ef 2. 2; 1 Jo 5, 18 s. 14, 21; 1 Cr 15, 24, 50; 2 Tm
Providência divina 4. 18; 2 Pd 1, 11.
Fato: Mt 5, 45; Lc 12, 6; Jo Reino milenário
5, 17; At 14, 16; 17, 25, 28; Ap 20, 4 ss.
Rm 11, 36; Cl 1, 17; 1 Tm 6,
13; Hb 1, 3; 1 Pd 5, 7. Renúncia
Males: Rm 8, 28; 2 Cr 4, 17; Mt 10, 39; 16, 24; Mc 8, 34;
Hb 12, 11 s; Tg í, 2 s; 2 Pd Lc 9, 23; 14, 23, 33; 17, 33; Jo
3. 9. 12. 25; 1 Cr 7, 29 ss; 9, 27.
Conclusões: Mt 6, 25-30; Lc Ressurreição
12 22-31; Ef 1, 11 s; 1 Pd 5, 7. De Cristo:
Prudência predita por Jesus: Mt 12, 40;
Mt 10, 16; 11, 25; Lc 16, 8; 16. 21; 17, 9; 26, 32; Mc 14, 28;
Rm 12, 16; 1 Cr 3, 18; 4, 10; Jo 2, 19; 16, 16.
2 Cr 1, 12; 4. 2; Tg 1, 5; 1 fato: Mt 28, 2-6; Mc 16, 6; Lc
Pd 4, 7. 24, 2-6; Jo 20, 21.
Pureza (do coração) testemunhas: Mt 28; Mc 16;
Lc 24; Jo 20, 21; At 1, 9, 21
Mt 5, 8; Jo 13, 8; 1 Cr 6, 11; s; 2, 24, 32; 3, 15; 17, 31; Rm
2 Cr 7, 1; Ef 1. 4; 2 Tm 2, 21; 1, 5; 4, 24 s; 6, 4; 8 11, 34; 1
1 Pd 1, 22: Ap 7, 14; 22, 14. Cr 6, 14; 15, 4-7; Gl 1, 1; Ef 1,
Reconciliação 20; 1 Pd 1, 3 s, 21; Ap 1, 5,
Mt 5, 23-26: 6. 12, 14 s; 18, Dos homens :
35; Mc 11, 25 s; Lc 11, 4; 12, fato: Mt 22, 31 s; Mc 12, 26
58 s; Rm 12, 17 s, 20 s; 1 Cr s; Lc 20, 37 s; Jo 5, 25-29; 6,
13, 4; Ef 4, 26, 31 s; Cl 3, 12 39; 11, 24; At 17, 18, 31-34; 23,
s; 1 Ts 5, 15; 1 Pd 3, 9. 6; 24, 15; 26, 8; Rm 8, 11; 1
Cr 6, 14; 15, 12-22; 2 Cr 1, 9;
Reino de Deus 4, 14; 5, 1; 1 Ts 4, 12-16; 2 Tm
Nn alma: Mt 3, 2; 4, 23; 6, 2, 11; Ap 1, 5; 20, 12.
33; 12, 28; Mc 1, 14 s; 4, 11; estado: Mt 22, 24-30; Mc 12,
12, 34; Lc 8, 1; 9, 2, 60; 10, 19-25; Lc 20, 28-36: 1 Cr 15.
9; 16, 16; 18, 29 s; At 8, 12; 28, 35-44, 51; Fp 3, 21; Cl 3, 4; 1
31. Jo 3, 2.
Na igreja: Mt 13, 38; 21, 43;
Mc 10, 23; Lc 1, 33; 7, 28; 9; Respeito humano
62; Jo 3, 3, 5. Mt 10, 28; Lc 12, 4 s; At 4,
No mundo: Mt 16, 28; 24, 14; 19; Rm 8, 31; 1 Cr 7, 23; 1 Pd
Lc 12. 31; Jo 18, 36.
3, 13-15.
Concordância 545

Exemplos: Mc 6, 26, 28; Jo Universalidade: Jo 3, 14-16;


7. 13; 9, 22 s; 19, 12. Rm v, vf; c, bc-bf; e, vr; b Cr
5, 15; 1 Tm 2, 6; Hb 2, 9; 1 Jo
Revelação 2, 2.
Natural: At 15, 17; 17. 27 s; Frutos: Rm 5-8; 1 Cr 1, 30;
Rm 1, 18 ss. 6, 20; 2 Cr 5, 14 s; Cl 1, 9, 12-
Sobrenatural: Mt 11, 26 s; 16, 14; Hb 9, 14; 10. 26 s; 1 Pd 2,
17; Lc 18, 21; Jo 17. 6; Rm 1, 21; 1 Jo 2, 6.
17; 1 Cr 2, 10; Gl 1, 16; Cl 1, Salvador
26; 4, 4; 1 Tm 3, 16; 2 Tm 1, Pessoa: Mt 1, 21; 9, 13; 20,
10; Hb 1, 1 s; 1 Pd 1, 20. 28; 26, 28; Mc 2, 17; 10, 45; 1
Distintivos: Mt 9, 6; 11, 4 s, Tm 1, 15; 2, 5; 1 Jo 3, 5; 3, 8,
21; 12, 38 ss; Mc 3, 4 s; Lc 17,
12. Jo 2. 11; 5, 36; 7, 17; 15, Ap 1, 5 s.
24; 21, 30 s; Gl 1, 7 ss; Cl 2, Obras: Mt 26, 28; Lc 1, 79; Jo
8; 1 Tm 1. 5; Tt 1, 10-16; 1 1, 9, 29; 3, 17, 19; 8, 12, 51; 12,
Jo 4, 2-6. 46; 17, 4; 18, 37; At 10, 43; Rm
3, 24 s; 4, 25; 5, 6-9; 1 Cr 1, 30,
Riquezas 15, 3; 2 Cr 5, 15; Ef 1, 7 s; Fp
Material : 2, 8; Cl 1, 14; 2, 13 s; Tt 2, 14;
perigos: Mt 6, 24; 19, 23-26; Hb 2, 9; 9, 12-14; 10; 1 Pd 1.
Mc 10, 23 ss; Lc 6, 24 s; 16, 13; 18 s; 2, 24; 3, 18, 22; 1 Jo 1, 7.
1 Tm 6. 0-11; Tg 5. 1-6; Ap 3, Sangue de Cristo
17 s. Preço da Jiossa redenção: At
valor; Mt 6, 19-24; Lc 12, 13- 20, 28; Rm 3, 24 s; 5. 9; 1 Cr
21; 16, 19-31; Tg 1. 11. 6, 20; 7, 23; Ef !, 7 s; 2, 13;
deveres: Lc 14, 12 s; At 4, Cl 1, 14; Hb 9, 13. 20 s; 1 Pd
34 s; 1 Tm 6, 17 ss; Tg 1, 10. 1, 2, 18 s; 1 Jo 1, 7; Ap 1, 5;
Espiritual: 1 Cr 1, 4 s; 4, 8; 5, 9; 7, 14; 12, 14.
2 Cr 6, 10; 8, 7, 9; 1 Tm 6, 18; Sedução
Tg 2, 5; Ap 2. 9; 3, 17 s.
Prevenção: Mt 7, 15 s, 20; 24.
Sábado (descanso) 4 s, 24; Mc 13, 5; 1 Cr 15, 33;
Hh 4. 9. 2 Cr 11, 3; Gl 1, 7 ss; Ef 5, 6
s; Cl 2, 8, 18 s; 2 Ts 2, 3, 9 s;
Sacerdote 2 Pd 2, 18 s; 3, 17; 1 Jo 3, 7.
Múnus: At 14, 22; 15, 2; 1 Castigo: Ap 12, 9.
Rm 1, 16; 3, 23-26; 5, 18; 2 Cr Meios: Mt 10, 16 s; Jo 2, 24
Hb 5, 4; Tg 5, 14. s; 2 Ts 3, 6.
Missão: 1 Cr 4, 1; 2 Cr 5, Seitas v. Heresia
18-20; 6, 3 s; Ef 4, 11-13.
Sofrimentos
Salvação Dos justos: Mt 16, 24; 24, 9;
(cf. Salvador e Jesus Cristo) Mc 13, 9; Lc 13, 1-4; 21, 12; Jo
546 Concordância

9, 1-3; 15. 20; 16, 2; 1 Ts 3, 3; Tentação


2 Tm 3, 12; Hb 12, 6; 1 Pd 3, Origem: Mt 4, 1-11; 16, 23;
17; 4, 12 s; 2 Pd 2, 5 ss, 9. 26, 41; Mc 1, 12; 8, 32 s; Lc
Fim: Jo 9, 3; Ap 2, 21; 3, 4, 1-13; 22, 31 s; Jo 13, 2; At
19; 16, 8-11. 5, 3; Rm 7, 22 s; 2 Cr 12, 7-9;
Atitude: Mt 5, 10-12; At 5, 41; Gl 5, 16 s; Ef 6, 11-17; 1 Ts 3,
Rm 12, 12; 1 Cr 7, 30; 2 Cr 6, 5; Tg 1, 13 s; 1 Pd 5, 8 s.
4 s, 9; 8, 2; Cl 1, 24; Hb 10, Atitude: Mt 4, 1-11; 26, 41;
34; Tg 1, 2; 5, 7-13; 1 Pd 5, 6. Lc 4, 1-13; 1 Cr 10, 13; 2 Cr
3, 5; Ef 6, 11-16; 2 Ts 3, 5; Fp
Consolo: Lc 6, 40; 9, 23; 24, 4, 13; Hb 4, 16; 12, 2-5; Tg 4,
26; Jo 12, 26; 13, 16; 16, 33; 1 7; 1 Pd 5, 8 s; 2 Pd 2, 9; Ap 2,
Cr 10, 13; 2 Cr 1, 3-5; Hb 2, 9 10.
s; 5, 8 s; 10, 32-39; 1 Pd 2, Valor: Rm 5, 3 ss; 2 Tm 2,
20-23; 4, 1. 5; Tg 1, 2-4, 12; 1 Pd 1, 6; Ap
Valor: Mt 5, 10-12; Lc 15, 17- 3, 5, 31 .
20; 24, 26; Jo 15, 2; 16, 20 ss; Trabalho
At 14, 21; 20, 23 s; Rm 5, 3 s; Obrigação e benefício: Mt 20
8, 17 s, 22 s; 1 Cr 11, 32; 2 1-16; 25, 14-30; Ef 4, 23; 1 Ts
Cr 1, 7; 1, 8 s, 17; 7, 4; 8, 2; 4, 11; 2 Ts 3, 10-12.
12, 9 s; Fp 1, 29; 2 Ts 1, 4-7; Intençõo: Lc 5, 4-7; Jo 21, 6.
2 Tm 2, 11 s; 3, 12; Hb 2, 9 s; Exemplos: Mc 6, 3; Lc 2, 51;
5, 8; 12, 5-11; Tg 1, 2-4, 12; 1 3, 23; At 18, 3; 20, 34 s; 2 Cr
Pd 1, 6 s; 2, 20 ss; 3, 14, 17; 11, 27; 1 Ts 2, 9; 2 Ts 3, 8.
4, 1 s, 12 s, 14 ss; 5, 10; 2 Pd Tradição
2, 9; Ap 1, 9; 7, 14.
De Cristo: v. Jesús Cristo. Mt 18, 17; 28, 20; Mc 16, 15;
Lc 10, 16; 24, 15; Jo 20, 30; 21,
Temor 25; At 1, 3; 15, 41; 16, 4; 1 Cr
Natural: Mt 14, 27; 17, 7; 28, 11, 2, 34; Fp 4, 9; 1 Ts 4, 2;
4, 8; Mc 5, 36; 16, 5; Lc 1, 13; 2 Ts 2, 14; 1 Tm 3, 15; 2 Tm
2, 10; 5, 10; 12, 32; 24, 5-37; 1, 13 s; 2, 2; 3, 14; 2 Pd 3, 16;
Jo 12, 15; 14, 27; At 18, 9; 27, 1 Jo 2, 24; 2 Jo 12.
24; Hb 13, 6; 1 Pd 3, 14; Ap 1, Unção
17; 2, 10. Mc 6, 13; Tg 5, 14 s.
De Deus: Lc 1, 50; 2, 25; 23,
40; At 8, 2; 9, 21, 31; 10, 2, 7, Veracidade
35; 16, 14 Rm 8, 15; 2 Cr 7 1; De Deus: Jo 3, 33; 8, 26; 14,
Ef 5, 21; 1 Pd 2, 17; 3, 16. 8; 17, 17; Rm 3, 3 s; 1 Cr 1, 9;
Motivo salutar: Mt 10, 28; Lc 2 Tm 2, 13; Tt 1, 2; Ap 3, 7,
12, 4 s; Rm 3, 18; 11, 20; 2 Cr 14.
5, 11; Fp 2, 12; Hb 12, 28; 1 Dos homens: Jo 8, 3i s; Rm
Pd 1, 17; Ap 14, 7. 9, 1; 1 Cr 13, 6; 2 Cr 11, 31;
54?
Concordância

13, 8; Gl 1, 20; 4, 16; Ef 4, 15, Vedada aos homens: Mt 5,


25; 5, 9; 6, 14. 39; 6, 14; Mc 11, 25; Lc 9, 54
Vestes s; 11, 4; Rm 12, 17, 19; 1 Cr
6, 7; Ef 4, 26; 1 Ts 5, 15; Hb
Mt 11, 8; Lc 16, 19; 1 Tm 2, 10, 30.
9 s; 6, 8; 1 Pd 3, 3-5. Virgindade
Vícios Mt 19, 10 s, 27, 29; Lc 20, 34
Mt 15, 19; Mc 7, 21 s; Rm ss; 1 Cr 7; Ap 14, 4.
1, 29-31; 13, 13; 1 Cr 5, 10 s;
6, 7 s; 2 Cr 12, 20; Gl 5, 19; Virtude
1 Tm 1, 9 s. Essência: Mt 22, 36-40; Mc 12,
Vida 28-34; Lc 10, 25-28; Jo 14, 15;
Temporal: Rm 13, 10; 1 Cr 13, 8; Gl 5, 6;
Cl 3, 14; 1 Tm 1, 5; 1 Jo 5, 3;
valor: Mt 6, 25-34; Lc 12, 19 2 Jo 6.
s, 22-31; Fp 3, 7; Hb 13, 14; Espécies:
Tg 1, 10; 4, 15; 1 Pd 1, 24 s.
finalidade: Mt 5, 48; Ef 1, divinas: 1 Cr 13, 13; 1 Ts 1, 3.
regras: Mt 7, 12; 10, 39; 11, morais: Mt 10, 16; 1 Pd 4, 7;
29; Mc 3, 25 ss; Lc 6, 31, 36; Mt 7, 12; Cl 4, 1; 1 Ts 4, 6; Gl
9, 24; 14, 26; 17, 33; Jo 12, 25 5, 23; Fp 4, 5; Cl 3, 12; 1 Pd
s; 13, 14 s; 15, 12; At 20, 24; 5, 8; Fp 4, 13; 2 Tm 2, 1; 1
Rm 6, 4; 8, 1; 13, 13 s; 14, 7 s; Pd 5, 10.
15, 2; 1 Cr 7, 20; 10, 31; 2 Cr infusas: Rm 5, 1-5; 1 Tm 1, 7.
4, 17; 5, 15; 7, 1; Gl 2, 20; 6, adquiridas: 2 Pd 1, 10 ss; Ap
7-10; Ef 4, 1, 22 ss; 5, 1 s, 17; 22, 11.
Fp 1, 21; Cl 2, 6; 3, 1 s, 9 s, Progresso: Ef 2, 21; 4, 15; Fp
12, 17; 1 Ts 5, 10; Tt 2, 11 s; 3, 12 ss; Cl 1, 10; 1 Ts 4, 1;
3, 8; Hb 12, 14 s; 4, 2; 2 Pd
3, 11 s; 1 Jo 1, 7; 2, 6. 1 Tm 4, 7; 2 Pd 1, 5-8; 3, 18.
Eterna: Mt 5, 12; 19, 29; 20, Frutos: Mt 5, 3-10; Lc 6, 20
1 ss; 25, 14 ss, 34; Rm 4, 4; ss; Gl 5, 17-23.
6, 23; 1 Cr 3, 8; Tg 1, 12. Vocação
Vigilância Fato: Mt 2, 2; 8, 11; 21, 43;
Mt 24, 42 ss; 25, 1-13; 26, 31; Jo 10, 16. (Mt 22, 1-10; At 10).
Mc 19, 33, 35 ss; Lc 12, 37-40; Graça: Mt 20, 16; Gl 1, 6, 15,
21, 36; 1 Cr 10, 12; 16, 13; Gl 16; 5, 8; Ef 1, 16-18; 2, 8;
5, 17; Ef 6, 11 s; Cl 4, 2; 1 Ts 1 Tm 6, 12; Hb 9, 15; 1 Pd 2,
5, 6; 2 Tm 4, 5; Tg 1, 19; 1 9 s; 3, 9.
Pd 4, 7; 5, 8; 1 Jo 2, 15 s; Ap Valor: Rm 8, 30; 1 Ts 2, 12;
3, 2 s; 16, 15. 2 Ts 3, 13; 1 Pd 5, 10.
Vingança Obrigações: Lc 9, 62; 1 Cr 1,
Compete a Deus: Rm 12, 19; 1, 26; 7, 17, 24; Ef 4, 1-3; 2
2 Ts 1, 7 s. Pd 1, 10 s.
ÍNDICE

Preliminares V
Títulos abreviados IX
Dos quatro evangelhos em geral XII
Evangelho :
De São Mateus 1
De São Marcos 67
De São Lucas 104
De São João 167
Atos dos apóstolos 221
Epístolas de São Paulo 277
Aos romanos 283
Aos coríntios (primeira) 310
Aos coríntios (segunda) 336
Aos gálatas 354
Aos efésios 366
Aos filipenses 375
Aos coiossenses 384
Aos tessalonicenses (primeira) 391
Aos tessalonicenses (segunda) 399
A Timóteo (primeira) 403
A Timóteo (segunda) 412
A Tito 418
A Filêmon 422
Aos hebreus 425
Epístolas católicas 447
De Tiago 448
De Pedro (primeira) 456
De Pedro (segunda) 465
De João (primeira) 471
De João (segunda) 478
De João (terceira) 480
De Judas Tadeu 482
Apocalipse de São João 489
Epístolas e evangelhos principais tirados do Novo Testamento 517
Concordância do Novo Testamento 523
4.a edição areno"
"Jesús Naz
Por HUBERTO ROHDEN

QUE DISSERAM DESTA OBRA ?


Um cardial:
"Estamos que essas pérolas evangélicas serão aprecia-
das mesmo pelos espíritos que ainda não conhecem o Cami-
nho, a Verdade e a Vida. Empenhados como nos achamos no
glorioso apostolado da Ação Católica, de muita oportunida-
de se nos afigura este livro".
D. Sebastião Leme (Rio).
Um diplomata:
"Contados assim, os episódios da vida do divino Mestre
se nos apresentam com aquela força persuasiva e aquele
poder de atração das almas com que, há 20 séculos, arras-
tavam as turbas e conquistavam os impérios. "
Dr. Perilo Gomes (Rio).
Membro do Corpo Consular.
Um jornalista:
"JESÚS NAZARENO é um livro que merece ser lido,
não só pelos adeptos do catolicismo, como por todos os que
se interessam pela boa leitura e pelos belos espíritos".
"A Razão" (Santa Maria — R. G. S.).
Um sacerdote:
"E7 a história evangélica, a vida de Jesús, envolvida
num primor de literatura. Num estilo elevado, numa descri-
ção imaginosa que encanta, vai o festejado escritor pintan-
do quadros sedutores, que envolvem a doutrina e os mila-
gres de Jesús. A leitura empolga!"
Censor da Cúria Metropolitana.
P. João B. de Siqueira (Rio)

Preços: 20$000 br.; 30$ ene.


-PAULO 2.aDE
edição TARSO"
Par HUBERTO ROHDEN

"Impecável o presente trabalho: cada período ilumina


a alma, descobrindo perspectivas e panoramas, novos ou de-
lidos; despertando recordações felizes, capazes de afirmar
e de suscitar a coragem de viver as suas idéias e morrer
por seus ideais.
O edifício erguido pela inteligência do autor, obra pri-
ma no género, denuncia cultura invulgar, manifestada em
português de lei, despojado desses vícios detestáveis — a
gíria ou a frase feita — patrocinados pelos criadores de
uma literatura derrancada, tão do gosto da gente leviana
de nossos dias.
Com demonstrar Paulo de Tarso, o intemerato bandei-
rante da fé, o autor põe a descoberta o ilogismo dos que
pretenderam um Cristianismo diverso do pregado pelo prín-
cipe dos apóstolos. Destinado menos ao povo simples e er-
radamente devoto do que aos homens de letras, PAULO
DE TARSO é uma dissertação animada de desassombro...
Repositório de idéias construtoras e sadias, o estudo do
ilustre escritor patrício convida-nos e obriga-nos a pensar
mais firmemente.»."
Cónego Dr. Deusdedit de Araujo (S. Paulo).
(Jornalista e escritor).
"Recebi o livro PAULO DE TARSO, de Huberto Rohden,
e já estou pela metade do volume. Leio-o com admiração
cada vez maior. Acho que nos vossos círculos de Ação Ca-
tólica devíeis introduzir o costume de ler, em cada sessão,
um capítulo deste livro magnífico. A exposição do caracter
eminentemente ativo do Apóstolo, sem prejuízo da sua vida
interior, a harmonia do seu trabalho e da sua oração, re-
velaria em cada sessão uma nóva faceta desta vida, que'
deve servir de modelo aos cristãos militantes do nosso
tempo."
Dr. J. M. Puig y Marquês (Barcelona)
(Um dos maiores escritores católicos da
Espanha moderna).

Preços: 18$ br.; 25$ ene.


"Panorama do Cristianismo"
Por HUBERTO ROHDEN

"Aqui teem os leitores um livro original, pro-


fundo e completo, sobre a natureza do Cristianis-
mo. À luz de mais de 3.000 textos bíblicos estuda
o autor a natureza e os mais subtis cambiantes da
doutrina do Nazareno.
Livros desta natureza, escritos com tanta sin-
ceridade eisenção de preconceitos, são de palpitan-
te atualidade, sobretudo em nossos dias em que os
mercados literários andam abarrotados de futilida-
des, por um lado, e de obras violentamente polémi-
cas, por outro, incapazes de satisfazer a sede espi-
ritual maxime dos nossos homens cultos. Pois o
homem moderno não quer saber o que o adepto
deste ou daquele credo pensa do Cristianismo, mas,
sim, o que o próprio Cristo e seus grandes apósto-
los disseram dos problemas centrais da vida hu-
mana.
PANORAMA DO CRISTIANISMO, livro cató-
lico e com o devido "Imprimatur', da autoridade, é
bem de molde a encaminhar uma reconciliação dos
diversos credos cristãos que, em vez de cultivar o
ideal comum do Evangelho de Jesús Cristo, se de-
gladiam muitas vezes em mesquinhas e descarido-
sas polémicas.
PANORAMA DO CRISTIANISMO é destinado
a prestar um grande serviço ao Cristianismo posi-
tivo, sincero e construtor''.
C. D. R

Preço do volume cartonado: 12$000


"Em Espírito e Verdade"
Por HUBERTO ROHDEN

"Tenho a impressão de que EM ESPÍRITO E VER-


DADE, de todas as suas obras que conheço, é a mais pro-
fundamente sua. Ela retrata a serenidade do seu espírito,
e desvenda o segredo da fonte dessa mesma serenidade.
Incompreensão, tortura de se ver cerceado pela medio-
cridade, cansaço, nostalgia de um paraíso — tudo isto vi-
bra, palpita nas páginas do livro, iluminado pela luz suave
e magníf.ca da fé.
Os comentários ao " Padre-nosso" são lindíssimos, mas
não seria justo achá-los mais belos do que os outros, que
teem todos como que um lampejo, um pensamento profundo
que fica brilhando, no fundo da alma da gente . . .
"O caminho do cristão genuino vai por entre cárceres
e cruzes, forcas e fogueiras, gládios e flagelos, privações
e angústias, mas termina sempre nas alturas do Tabor" —
frase como esta, e são elas por centenas, vale um tesouro.
E' música para os sentidos — suave como um verso — e
música para a alma que se sente consolada... ,
Peço a Deus que continue a cumulá-lo de graças, para
que a nossa literatura seja enriquecida pela magia de sua
pena fulgurante".
Celsa Yves (São Paulo).
(Pseudónimo duma distinta poetisa).

"Não sei se depende da língua ou da pessoa do autor,


u fato é que tudo aquilo se me af.gura tão simples e inte-
ligível que nós, alemães, creio, teríamos de escrever volu-
mes inteiros para exprimir o que aí se diz com poucas pa-
lavras".
John Kloecker (Chicago — U. S. A.)
(Sacerdote e escritor).

Preço do volume cartonado: 15f000-


"AGOST
Por HUBERTO I N
ROHDEN H O"

"Apareceu, finalmente, esta obra tão ansiosa-


mente esperada. Psicologicamente, é, talvez, a obra-
prima, do festejado escritor patrício. Se "Paulo de
Tarso" é uma epopéia de grandeza divina, "Agosti-
nho" é um drama de humana miséria e de divina
misericórdia — sombras e luzes com violentos con-
trastes. Abismos mais profundos do que os do ge-
nial pagão de Cartago, dificilmente os poderá haver
na vida humana — nem mais excelsas alturas do
que as do místico de Hipona,
Lê-se este livro como um romance moderno, re-
passado de intensa vibração. Os mais entusiásticos
devoradores de literatura profana lerão com prazer
este livro sensacional — e também os mais devota-
dos leitores do Evangelho e da Imitação de Cristo
encontrarão nele o que procuram.
"Agostinho" devia ser lido, de preferência, pe-
los nossos intelectuais, mesmo os mais profanos.
Nada de proselitismo extemporâneo, nada de dogma-
tismos preconceituais se encontra nestas páginas.
Reaparace-nos o espírito largo e independente que
conhecemos pelas obras de "Paulo de Tarso", "Pro-
blemas do Espírito", "Em Espírito e Verdade", etc.
A esplêndida "antologia agostiniana", que
ocupa quase um terço do volume, reproduz, em or-
dem sistematizada, os mais luminosos pensamentos
do grande filósofo númida e exímio luminar do
Cristianismo."
M. R. (Rio).

Preço do volume brochado: 18$000; luxuosamente


encadernado: 25$000.
9

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