D. Adm Ii - Aula 13 - 27-05-24

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DIREITO ADMINISTRATIVO II

PROF. ANTÔNIO CIPRIANO


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4. AGENTES PÚBLICOS

AGENTES PÚBLICOS

Inicialmente, vale esclarecer que qualquer pessoa que age em nome do


Estado é agente público, independentemente de vínculo jurídico, ainda que
atue sem remuneração e transitoriamente. Assim, uma vez que é o Estado
que está atuando por via do sujeito, responderá pelos atos praticados, sendo
a responsabilidade objetiva do Estado nos moldes do art. 37, §62 da CF/88.

Todos os particulares contratados sob regime de cargo temporário, nos


moldes definidos pelo art. 37, IX, da Constituição Federal, são considerados
agentes públicos e exercem função pública.
4. AGENTES PÚBLICOS

4.1 CLASSIFICAÇÃO DE AGENTES PÚBLICOS

Os agentes podem ser classificados em:

I. Agentes políticos;

II. Particulares em colaboração com o poder público;

III. Servidores estatais/servidores públicos.

·
4. AGENTES PÚBLICOS

I) Agentes políticos – é indiscutível na doutrina que são agentes políticos os


detentores de mandato eletivo e os secretários e ministros de Estado.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Melo, agentes políticos são os chefes do


executivo (Presidente da República, governadores e prefeitos), seus auxiliares
diretos (secretários estaduais e municipais) e também aqueles eleitos para o
exercício de mandato no Poder Legislativo (senadores, deputados e vereadores).

O Supremo Tribunal Federal acrescenta os membros da Magistratura e os


membros do Ministério Público como agentes políticos, haja vista atuarem no
exercido de funções essenciais ao Estado e praticarem atos inerentes à soberania
do Estado (RE 228977-2/STF). Divergência doutrinária!!!
4. AGENTES PÚBLICOS

II) Particulares em colaboração com o Poder Público – são aqueles que, sem
perderem a qualidade de particulares, atuam, em situações excepcionais, em
nome do Estado, mesmo em caráter temporário ou ocasional,
independentemente do vínculo jurídico estabelecido, exercendo função
pública. São chamados por Hely Lopes Meireles de "agentes honoríficos".

Podem ser divididos em designados; voluntários; delegados:

a) Designados/nomeados/requisitados – São todos aqueles que atuam em


virtude de convocação efetivada pelo Poder Público. Exercem múnus público,
tem a obrigação de participar quando requisitados sob pena de sanção. Ex.
jurados, mesários, conscritos (serviço militar obrigatório).
4. AGENTES PÚBLICOS

b) Voluntários/gestores de negócios – Aqueles que atuam voluntariamente


em repartições, escolas, hospitais públicos ou em situações de
calamidade/emergência, nas hipóteses em que o ente estatal realiza
programa de voluntariado.

c) Delegados – São aqueles que atuam na prestação de serviços públicos


mediante delegação do Estado. Ex. Serviços notariais ou de registro.

ATENÇÃO! Não é pacífica esta classificação. Entretanto, são considerados, para


a doutrina majoritária, agentes públicos, quando atuam na prestação do
serviço público delegado.
4. AGENTES PÚBLICOS

III) Servidores Estatais ou Servidores Públicos – Também são chamados de


Agentes Administrativos, têm vínculo com o Estado, no exercício da função
administrativa. Possuem vínculo de dependência e sua natureza de trabalho é
não eventual, haja vista possuírem relação de trabalho de natureza profissional
com a Administração Pública direta, autárquica ou fundacional e recebem
remuneração paga pelo erário.

Podem ser divididos em:

a) servidores temporários;
b) servidores estatutários/efetivos.
c) servidores celetistas/empregados públicos;
d) militares
4. AGENTES PÚBLICOS
4. AGENTES PÚBLICOS

a) Servidores Temporários – Todos aqueles contratados, com base no art. 37,


inciso IX, da Constituição Federal, para atendimento, em caráter excepcional,
de necessidades não permanentes dos órgãos públicos, sem concurso.

A contratação de servidores temporários deve ser para um serviço temporário


de interesse público e de caráter de excepcional.

O serviço deve ser definido por meio de lei específica (todos os entes podem
ter suas legislações sobre) que determine seus contornos e características, os
limites máximos de duração destes contratos, além de regulamentar o
regime aplicado a estes servidores, devidamente justificado pela autoridade
responsável pela contratação, dentro das hipóteses permitidas em lei.
4. AGENTES PÚBLICOS

ATENÇÃO! É inconstitucional a contratação de temporários em situação que


deveria haver nomeação de servidores efetivos. Burla à concurso público.
Prefeituras. Ex. profissionais da saúde no COVID, IBGE (censo 2022). Vide Lei
8.745/93.

ATENÇÃO! Em regra, pelo STJ, é vedada esta contratação para serviços ordinários
permanentes do Estado, por ausência de concurso público (saída: princípio da
continuidade), exceto quando a demanda for temporária. Ex. Polícia Penal.

ATENÇÃO! Esses servidores não são celetistas, embora sejam contratados pelo
poder público, não se submetendo às regras da CLT, e sim a um regime especial,
segundo AGU. Suas causas, de acordo com STF, são julgadas na justiça comum
(estadual ou federal) e não na justiça do trabalho.
4. AGENTES PÚBLICOS

b) servidores efetivos/estatutários – Enquanto os servidores


celetistas/empregados públicos, têm seu vínculo decorrente da assinatura de
um contrato de emprego, os servidores estatutários têm vínculo de natureza
legal e todos os seus direitos e obrigações decorrem diretamente da
lei/estatuto e ocupam cargo público.

Em virtude da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em controle


concentrado de constitucionalidade, produzindo efeito vinculante até o
julgamento final da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.135, aplica-se,
atualmente, o texto original do art. 39 da Carta Magna que define a
aplicação de Regime Jurídico Único para os servidores da Administração
direta, autárquica e fundacional, de todos os entes, o que antes era múltiplo.
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Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no


âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os
servidores da administração pública direta, das autarquias e das fundações
públicas. (Vide ADI nº 2.135)

Há preferência do regime estatutário. Segundo a professora Fernanda Marinela ao dispor


acerca das garantias inerentes ao regime estatutário que "esses direitos garantem aos
servidores maior segurança e conforto para o exercício de suas funções, o que representa,
ao menos, na teoria, uma maior eficiência, moralidade e impessoalidade nos serviços
públicos”.

No âmbito federal, não há discussão acerca da adoção de regime jurídico único, em virtude
da aplicação da lei 8.112/90 que define que todos os servidores da Administração Direta,
autárquica e fundacional se submetem ao regime estatutário definido por aquela lei. Vide
Lei Municipal nº 910/76 (Curvelo/MG). Lei nº 869/52 (MG).
4. AGENTES PÚBLICOS

Todos os servidores que haviam ingressado no serviço público antes da Constituição


Federal, sob o regime de emprego, tiveram a conversão do regime em estatutário.

O tempo de serviço destes servidores será contado como título quando se


submeterem a concurso para fins de efetivação, na forma da lei (art. 19, §1º, do ADCT).

Estabilidade, nos moldes estipulados pelo art. 19 da ADCT, somente foi adquirida pelos
servidores que ingressaram, ao menos cinco anos, antes da promulgação da carta
Constitucional.

Nestas Leis/estatutos haverão disposições sobre ingresso, provimento, vacância,


carreira, cargos, posse e exercício, estágio probatório e estabilidade, direitos, deveres,
sanções, promoção, progressão, licenças, férias, aposentadoria (RPPS) e etc.
4. AGENTES PÚBLICOS

c) Servidores Celetistas/empregados público – Estes agentes tem vínculo


permanente com o Estado, com prazo indeterminado, sob relação de emprego,
sendo-lhes aplicável o regime da CLT, subsidiariamente às normas estipuladas
por lei especifica. No âmbito federal, a regulamentação destes empregos se deu
por meio da edição da Lei nº 9.962/00.

ATENÇÃO! Estes servidores estão proibidos de acumularem seus empregos com


outros cargos ou empregos públicos, salvo as exceções constitucionalmente
admitidas (art. 37, XVII, CF/88).

São agentes públicos para fins de responsabilização por atos de Improbidade


administrativa (art. 2º, da lei 8.429/92, e enquadram-se na definição de
"funcionário público" para fins penais, art. 327,CP).
4. AGENTES PÚBLICOS

• Seus atos se submetem a correção e controle judicial, por melo dos remédios
Constitucionais como dos demais agentes públicos.

• Submetem-se a regime geral de previdência social, entre outras normas de


direito privado a eles aplicáveis.

• Não se admite a extensão da estabilidade aos detentores de empregos


(doutrina e súmula 390, II, do TST).

• Os atos de dispensa dos empregados das empresas estatais prestadoras de


serviços públicos devem ser motivados (STF).
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d) Militares - Consideram-se militares no Brasil, nos termos dos arts. 42 e 142


da Constituição da República de 1988:

• os membros das Forças Armadas, incluindo Exército, Marinha e


Aeronáutica;
• polícias militares dos Estados;
• corpos de bombeiros.

Os militares, até 1998, eram estudados como espécie de servidores públicos,


ao lado dos servidores civis. Ocorre que a Emenda Constitucional 18/98 deu
autonomia aos militares, prevendo regras comuns entre eles e servidores
públicos.
4. AGENTES PÚBLICOS

4.2 CARGO PÚBLICO, EMPREGO PÚBLICO E FUNÇÃO PÚBLICA

Emprego público é o vínculo profissional entre a Administração Pública e os


seus agentes regidos pela CLT, mediante celebração de contrato que definirá
todos os diretos e obrigações do particular sujeito a disciplina administrativa e
também dos entes estatais, na relação ajustada.

No âmbito federal, a CLT é aplicada subsidiariamente às normas estipuladas pela


lei 9.962/00.

O contrato de trabalho será celebrado por prazo indeterminado e somente será


rescindido por ato unilateral da Administração Pública, nas hipóteses do art. 3º da
lei 9.962/00.
4. AGENTES PÚBLICOS

A criação de empregos públicos deve ser feita mediante lei e, pelo princípio da
simetria das formas, se exige esta mesma regra para sua extinção. Ex. MGS.

O cargo público configura-se uma unidade de competência a qual será atribuída


uma relação de atribuições e que deve ser criado mediante lei e assumido por
um determinado agente, com vinculo estatutário, de natureza profissional e
permanente, para execução das atividades a ele inerentes.

A criação de cargos públicos deve ser feita mediante lei de iniciativa do Poder cuja
estrutura o cargo integrará.

A definição das atribuições deste cargo, bem como a denominação e a


remuneração correspondente a ele, dependem de lei.
4. AGENTES PÚBLICOS

Os cargos públicos podem ser classificados quanto à:

a) esfera de governo: federais, estaduais e municipais.

b) posição estatal: cargos de carreira (divisão feita dentro da mesma estrutura


profissional, permitindo a progressão funcional e a promoção, mediante
critérios de antiguidade e merecimento) e cargos isolados (embora façam
parte da estrutura organizacional do ente federativo, não integram carreira
específica, haja vista não haver escalonamento de funções, o que impede a
possibilidade de progressão funcional).
4. AGENTES PÚBLICOS

c) garantia conferida ao ocupante: cargo em comissão (funções que exigem a


confiança direta e pessoal da autoridade pública e por causa disso tais cargos
podem ser preenchidos por quaisquer pessoas, não precisa de concurso
público ou qualquer procedimento seletivo); cargo eletivo (preenchidos por
agente aprovados em concurso público de provas ou de provas e títulos. A
estabilidade vem depois prazo de três anos de efetivo exercido somado à
aprovação em avaliação especial de desempenho e cargo vitalício (atividades
de alta responsabilidade que justificam uma necessidade de maior garantia,
sob pena de se admitir a incidência de pressões políticas na execução de suas
atividades).
4. AGENTES PÚBLICOS

A função pública é o conjunto de atividades atribuída a um cargo ou emprego


público, seja este cargo, isolado ou de carreira, para provimento efetivo, vitalício
ou em comissão. Deve ser criada e extinta mediante a edição de lei.

A função de confiança não é atribuída a nenhum cargo público, sendo disposta


diretamente na organização administrativa e atribuída a um servidor que já
detenha cargo público efetivo. Exige a confiança direta da autoridade pública
nomeante.

Não se deve confundir com os cargos em comissão, que correspondem a cargo


público cuja função se qualifica pela execução de atividades de direção, chefia e
assessoramento.
4. AGENTES PÚBLICOS

Funções de confiança são atribuídas a servidor efetivo que goze da credibilidade


da autoridade pública responsável pela nomeação, a qual não depende de qualquer
espécie de processo seletivo ou concurso.

4.2.1 Principais Características

Em garantia ao princípio da impessoalidade, o texto constitucional prevê ampla


acessibilidade aos cargos e empregos públicos, dispondo, no art. 37, J que devem
ser acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da legislação aplicável.

Excepcionalmente, o art. 12, §3º, da Constituição da República, define alguns cargos


que somente podem ser preenchidos por brasileiros natos.
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Ex. Participam e compõem o Conselho da República "seis cidadãos brasileiros


natos, com mais de trinta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo
Presidente da República, dois eleitas pelo Senado Federal e dois eleitos pela
Câmara dos Deputadas, todos com mandato de três anos, vedada a
recondução" (VII, art. 89, CF/88).

Já o requisito básico para garantia de impessoalidade, moralidade e isonomia


no acesso a cargos públicos é a realização de concurso público, de provas ou
de provas e títulos, uma vez que os critérios de seleção são objetivos, não se
admitindo quaisquer espécies de favoritismos ou discriminações indevidas (li,
do art: 37, da CF/88).
4. AGENTES PÚBLICOS

A complexidade da prova e o nível de exigência deve ser compatível com a carreira a


ser preenchida mediante o processo seletivo.

Não se admite no Brasil a escolha de candidatos baseada somente em concurso de


títulos.

Não se admite qualquer espécie de provimento derivado que permita ao servidor


assumir cargo em outra carreira que não aquela em que foi regularmente investido
por meio de concurso (Súmula Vinculante n° 43, do STF).

Não se admitem os chamados concursos internos, por meio dos quais antigos
servidores poderiam assumir cargos em nova carreira, criada por lei, que não guarda
uniformidade com aquela carreira na qual o servidor ingressou mediante concurso.
OBRIGADO.

PROF. ANTÔNIO CIPRIANO


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