Livro Diário de Uma Garota Nada Popular

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CIP-BRASIL.

CATALOGAÇÃO NA FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
R925d
Rus el , Rachel Renée
Diário de uma garota nad popular [recurso el trônico]: histórias de uma vida nem um pouco fabulosa / Rachel Renée Rus el ;
tradução Antônio Xerxen sky. - Campinas, SP: Verus, 2011.
recurso digital : il.
Tradução de: D rk Diaries: Tales from a Not-So-Fabulous Life
F rmato: ePub
Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions
Mod de aces o: W rld Wide Web
ISBN 978-85-7686-116-4 (recurso el trônico)
1. Literatura infantojuvenil american . 2. Livros el trônicos. I. Xerxen sky, Antônio. II. Título.
11-1779 CDD: 028.5
CDU: 087.5
2a edição

Tradução
Antônio Xerxenesky
Par minha filha Nikki,
que tentou ser a melh r f rmiguinha
do f rmigueiro, quando, na verdade,
sempre foi uma bela b rboleta.
TÍTULO ORIGINAL: D rk Diaries: Tales from a Not-So-Fabulous Life

EDITORA: Raïs a Castro

COORDENADORA EDITORIAL: Ana Paula Gomes

COPIDESQUE: An a Carolina G. de Souza

REVISÃO: Ana Paula Gomes

DIAGRAMAÇÃO DA VERSÃO IMPRESSA: André S. Tav res da Silva

CAPA, PROJETO GRÁFICO E ILUSTRAÇÕES: Lisa Vega

Copyright © Rachel Ren é Rus el , 2009

Tradução © Verus Edit ra, 2010

Tod s os direitos res rvados, no Brasil, p r Verus Edit ra.

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida p r qualquer f rma e/ou quaisquer meios (el trônico ou mecânico,
incluindo fot cópia e grav ção) ou arquivad em qualquer sistema ou banco de dados sem permis ão escrita da edit ra.

VERUS EDITORA LTDA. Rua Ben dicto Aristides Ribeiro, 55, Jd. Santa Gen bra II Campinas/SP - 13084-753 - Brasil

Fone/Fax: (19) 3249-0001, verus@verusedit ra.com.br, www.verusedit ra.com.br


AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradec r a tod s que me ajudar m a transf rmar meu sonho em realidade:

Liesa Abrams, minha fantástica edit ra, p r demonstrar tanta paixão p r este projeto e p r amá-lo
tanto quanto eu.

Lisa Vega, minha superdiret ra de arte, p r seu olhar afiado e paciência inesgotável.

Daniel Laz r, da Writers House, meu agente mar vilhos que NUNCA d rme. Agradeço a você p r
ter percebido o potencial deste livro quando ainda era apenas um esboço de cinquenta páginas sobre
uma garota estranha e sua fad madrinha. Também agradeço aos meus outros agentes da Writers
House, Maja Nikolic, Cecilia de la Campa e Anghar d Kowal, que estão cuidando dos direitos
internacionais.

Nikki Rus el e Leisl Adams, minhas as istentes de criação muito talentosas, cujo esf rço me ajudou a
finalizar este projeto dentro do prazo.

D ris Edwards, minha mãe, p r estar pres nte nas h ras boas e ruins e sempre me gar ntir que minha
escrita era divertida, mesmo quando provavelmente não era.

Minhas filhas, Erin e Nikki Rus el , pelo am r e apoio.

Arian a Robinson, Mikayla Robinson e Sydney James, minhas sobrinhas pré-adolescentes, p r ser m as
mais meigas, fabulosas e brutais críticas que um aut r pode des jar.
SÁBADO, 31 DE AGOSTO

Às vez s eu me pergunto se minha mãe não é completamente SEM NOÇÃO. E tem dias em que eu
tenho certeza de que ela é.

Tipo hoje.

O dram começou de manhã, quando perguntei com quem não quer nad se ela me compraria um
des es novos iPhones que fazem praticamente tudo. Eu considerav is o uma nec s idade, só perdendo
par , sei lá, oxigênio.

Que maneira melh r de descolar um lugar no grupinho das GDPs (garotas, descolad s e populares) no
Westchester Country Day, meu novo colégio particular, do que impres ionando geral com um celular
novo e arras d r?

Ano pas ado, parecia que eu era a ÚNICA pes oa do colégio INTEIRO que não tinha um. Então
comprei um celular usado superbar to pela Internet.

Era mai r do que eu queria, mas daí pensei que não tinha com errar com aquel precinho ridículo.

Deixei o tel fone no meu armário e espalhei par tod mundo que ag ra tod s podiam ligar no meu
celular NOVO par contar os bab dos mais QUENTES! E daí pas ei a contar os minutos até minha
vida social começar a bombar.

Fiquei bem nervosa quando duas GDPs atraves ar m o c rred r fal ndo no celular.
Elas vieram direto no meu armário e começar m a me trat r com se fos em minhas melh res amigas.
Então me convidar m par sentar com elas na h ra do almoço, e eu fiquei tipo: “Hu m... tá bom”.
Mas p r dentro eu estav pulando feito uma louca e fazendo minha “dancinha feliz do Sno py”.

Daí as coisas ficar m muito esquisitas. Elas dis eram que tinham ouvido fal r do meu novo celular
carís imo com design especial, e que tod mundo (ou seja, o resto das GDPs) estav louco par ver o
ap relho.

Eu já ia explicar que tinha dito “bab dos quentes no meu celular novo”, NÃO “novos bab dos no meu
celular quente”, mas nem deu tempo, p rque infelizmente meu tel fone começou a tocar. De um jeito
absurdamente alto. Fiz de tudo par ign rá-lo, mas as duas GDPs estav m me olhando de um jeito
tipo: “Ué, você não vai atender?!”
Óbvio que eu não queria atender, p rque tinha a lev impres ão de que elas iam ficar meio
dec pcionad s quando vis em meu celular.

Então fiquei ali, t rcendo par que el par s e de tocar, mas is o não acontec u. E log , log tod
mundo no c rred r estav olhando par mim também.

No fim, desisti, abri meu armário e atendi o tel fone. Basicamente par par r com aquel toque
PÉSSIMO.

Falei alguma coisa tipo: “Alô? Não... não é daqui. Foi engano”.

E, quando me virei, as duas GDPs estav m c rrendo pelo c rred r e gritando: “Desliga is o! Desliga
is o!” Acho que aquilo significav que elas provavelmente NÃO queriam mais que eu sentas e com elas
na h ra do almoço. Que droga.
A coisa mais imp rtante que aprendi no ano pas ado foi que ter um tel fone TOSCO – ou NÃO TER
nenhum – pode arruinar sua vida social. Apesar de um monte de garotas famosas ESQUECEREM de
usar calcinha, você não encontra nenhuma delas andando p r aí sem celular. P r is o eu estav
enchendo a minha mãe par ela me comprar um iPhone.

Até tentei guardar dinheiro par comprar um, mas é impos ível. Até p rque eu sou uma artista e
MUITO VICIADA em des nhar!

Tipo, se eu não faço is o tod dia, eu fico MALUCA!

Gasto TODAS as minhas econ mias em cadernos, lápis, canetas, cursos e coisas do tipo. Ai, tô tão
FALIDA que compro casquinha de s rvet parcelad no McDonald’s!

Mas o que imp rta é que, quando a minha mãe voltou do shop ing com um pres nte especial de volta às
aulas, eu tinha certeza do que era.

Ela veio com um blá-blá-blá sobre com estudar numa escola nova ia ser uma “época estres ante de
muito crescimento pes oal” par mim e de com minha melh r “válvula de escape” seria “comunicar”
minhas “ideias e sentimentos”.
Fiquei muito
EMPOLGADA
p rque a gente pode se comunicar com um
CELULAR NOVO!
Né?!

Eu meio que ign rei a mai r parte das coisas que ela estav dizendo, p rque eu estav SONHANDO
com tod s os toques, músicas e filmes irados que eu ia baixar. Ia ser AMOR À PRIMEIRA VISTA!

Mas depois que minha mãe finalmente terminou seu discurso, ela abriu um en rme s rriso, me abraçou e
me entregou um LIVRO.

Eu abri o livro e virei as páginas FRENETICAMENTE, achando que ela podia ter escondido o celular
novo ali no meio.
Na h ra fez muito sentido, p rque todas as propag ndas diziam que era o modelo mais fininho do
mercado.

Mas aos poucos a ficha foi caindo: minha mãe NÃO tinha comprado um celular par mim, e o tal do

pres nte era só um livro idiota.

Is o é que eu chamo de DESGOSTO!

Então notei que TODAS as páginas do livro estav m EM BRANCO.

Tipo AH. NÃO. ELA. NÃO. FEZ. ISSO!

Minha mãe tinha me dado duas coisas: um DIÁRIO e a prova definitiva de que ela É realmente uma

Ã
SEM NOÇÃO!!
Ninguém mais no mundo escrev seus sentimentos mais profundos e seus mai res podres num diário!
SABE POR QUÊ?

P rque, se uma ou duas pes oas descobrirem seus LANCES, is o pode arruinar sua reputação.

Es e tipo de coisa tem que ser postad num blog, par que MILHÕES de pes oas pos am ler!!!

Só alguém MUITO IDIOTA seria pego ESCREVENDO em um DIÁRIO!!

Es e é O pi r pres nte que eu já ganhei em TODA a minha vida! Eu queria gritar com todas as minhas
f rças:
“Mãe, eu não preciso de um livro IDIOTA com 282 páginas
EM BRANCO!!”

Eu PRECISO é poder “comunicar” minhas “ideias e sentimentos” aos meus amigos usando o meu próprio
celular.

Peraí! Que idiota. Sempre esqueço. Eu não tenho amigos. AINDA. Mas is o pode mudar do dia par a
noite, e eu preciso estar prepar da. Com um celular lindo, novinho em folha!

Enquanto is o, eu NÃO vou escrev r neste diário de novo.

NUNCA! JAMAIS!!
SEGUNDA-FEIRA, 2 DE SETEMBRO

Tá bom. Eu sei que dis e que nunca mais ia escrev r neste diário. E estav fal ndo sério.
Definitivamente não sou daquel tipinho de garota que se joga embaixo das cobertas com um diário e
uma caixa de bombons par escrev r um monte de coisas melosas sobre o garot dos meus sonhos, meu
primeiro beijo ou de com estou AFLITA com a INCRÍVEL descoberta de que sou uma PRINCESA de
um pequeno reino encantado onde só fal m francês e que ag ra vale MILHÕES.

EU DEFINITIVAMENTE NÃO SOU ASSIM!

MINHA VIDA É UMA DROGA!!

Andei o dia inteiro pela minha nova escola parec ndo um zumbi de glos . Ninguém nem me deu oi.
ESTA SOU EU!

EU ME SINTO INVISÍVEL A MAIOR PARTE DO TEMPO!


Com é que eu vou me dar bem em um colégio tod metido a besta com o Westchester Country Day?
Tem até um Starbucks do lado da cantina!

Eu queria que o meu pai NUNCA tives e sido contrat do par ded tizar es e lugar.

Podem pegar a droga da bolsa que me deram p r dó e dar par alguém que queira e precise dela,
p rque es e alguém com certeza NÃO SOU EU!
TERÇA-FEIRA, 3 DE SETEMBRO

Já é mais de meia-noite e eu estou surtando p rque ainda não fiz a lição de cas . É de literatura, e
estamos lendo Sonho de uma noite de verão, do Shakespeare. Fiquei surpresa, p rque eu não sabia que
el escrevia romance adolescente.

É sobre um elfo traves o cham do Puck. Ele tenta ac bar com o nam ro de um cas l superfofo que
está perdido numa fl resta encantad .

Então, um carinha com cabeça de burro entra de pen tra numa bal da en rme de fad s e ac ba
ficando com a rainha delas. Muito bizarro!

Nos a tarefa é responder três perguntas sobre o PUCK:


1. Você considera Puck o personagem central da história? P r quê?

2. De que f rma as ações e as car cterísticas de Puck criam o clima da história?

3. Use a imaginação e descreva Puck detalhad mente, ou faça um des nho del .

As duas primeiras não eram tão difíceis, e eu terminei rapidinho. Mas a terceira deu um nó na minha
cabeça.

Eu não tinha a men r ideia de com era o Puck.

Mas tentei imaginá-lo com relhas pontudinhas e TÃO GATO QUANTO:


Eu também estav m rrendo de curiosidade par saber se a vida del não tinha sido ARRUINADA
pelo fato de ter um nome tão h rrível.

Aposto que a galera popular da escola o cham va de “Pus”, “Pucca” ou alguma coisa ainda pi r.

COITADO DO PUCK !!
Tentei entrar naquel site Wiki-qualquer-coisa de onde tod mundo copia tudo par ver se não tinha
nenhuma fot do Puck.

Mas eu não lembrav o nome do site e estav com muita preguiça de procurar no Go gle.

Fiquei surpresa quando alguém bateu na p rta do meu quarto as im tão tarde, e achei que era a
minha irmãzinha de 6 anos, a Brian a.

Há mais ou menos uma seman ela perdeu um dente da frente e o enterrou no nos o quintal par ver
se ia crescer alguma coisa. Ela SEMPRE faz umas coisas malucas des e tipo.
Minha mãe diz que é p rque ela ainda é muito pequena. Mas eu acho que é p rque ela tem o cérebro
de uma caixa de giz de cera.

Só de brincadeira, eu falei par a Brian a que a fad do dente recolhia os dentes das crianças do
mundo tod e depois colav tudo com Super Bonder par fazer dentaduras par os velhinhos.

E dis e que ela estav FERRADA, já que tinha cav do um buraco e enterrado o dente em algum lugar
do quintal.

O mais engraçado é que a Brian a acreditou MESMO nis o. Ela ac bou arrancando metade das fl res
do jardim tentando encontrar o dente.

De lá par cá, a Brian a está meio par noica, achando que a fad do dente vai invadir o quarto dela
no meio da noite e arrancar TODOS os dentes dela par fazer dentaduras.

Mas o tiro meio que saiu pela culatra, p rque ag ra ela SE RECUSA a ir ao banheiro de noite, a
menos que eu dê uma conferida par ter certeza de que a fad do dente não está escondida atrás
da c rtina ou embaixo das toalhas.

E se eu não f r bem rápida, a Brian a ac ba sofrendo um pequeno “acidente” em cima do carpet do


meu quarto.
Infelizmente, eu descobri do pi r jeito pos ível que, ao contrário do que dizem na TV, aquel s
produtos de limpeza NÃO TIRAM qualquer cheiro.

S rte minha que não era a Brian a batendo na p rta, e sim os meus pais.

Antes que eu pudes e dizer “Entra”, el s já f ram tipo invadindo, com sempre fazem, e is o me
irrita muito, p rque te ricamente este é o MEU quarto! E, com cidadã, eu tenho direito à
PRIVACIDADE, que el s estão sempre violando.
Da próxima vez que os meus pais ou a Brian a entrarem as im, eu vou gritar:

“Ei! P r que vocês não SE MUDAM par o meu


quarto?!”
Seja com f r, meus pais dis eram que tinham achado estranho eu ainda estar ac rdad fazendo a
lição de cas e queriam saber com andav m as coisas na escola.

Foi muito bizarro, p rque, bem na h ra que eu ia responder, tive um at que e comec i a ch rar.
Meus pais ficar m chocados e olhar m par mim e depois um par o outro. Finalmente, minha mãe me
abraçou e dis e:
“Tadinho do meu bebê!”, o que só PIOROU tudo.

Não me enturmar na escola já era bem ruim. Mas ag ra eu tinha de pas ar p r uma humilhação a mais:
ter 14 anos e ainda ser cham da de “meu bebê”! De rep nte, o rosto do meu pai se iluminou.

“Ei, eu tenho uma ideia! Nós sabemos que você está muito estres ad ultimamente p rque troc u de
escola. Aposto que, se espalhás emos post-its com frases animad ras pela cas , is o ia ajudá-la a se
ad ptar. O que você acha?”

Eu dis e: “Certo, pai, o que eu acho é o SEGUINTE: que ideia IDIOTA! Com se uns post-its com
frases cafonas fos em resolver o problema de eu ser uma TREMENDA FRACASSADA na escola. Quer
saber o que mais eu acho? Aquel artigo que dizia que ven nos contra insetos mat m as células do
cérebro dev ser verdade!”

Mas is o tudo eu dis e dentro da minha cabeça, então só eu mesma escutei.

Meus pais ficar m me encar ndo, e eu estav começando a ficar arrepiad . Finalmente, depois de
séculos, minha mãe s rriu e dis e: “Querida, lembre-se de que nós am mos você! E, quando precisar de
nós, estaremos ali no fim do c rred r”.
Eles voltar m par o quarto, e eu ouvi que cochichar m p r um tempo. Provavelmente estav m
discutindo se eu dev ria ser mandad par um hospício naquel exato momento, ou se dev riam esperar
até a manhã do dia seguinte.

Já que era muito tarde, resolvi terminar a lição de cas do Puck no intervalo antes da aula.

Será que você ainda tem que entregar a lição de cas se estiver presa num MANICÔMIO?
QUARTA-FEIRA, 4 DE SETEMBRO

A nova edição da revista Que Demais! diz que o segredo da felicidade são os quatro As:

Amigos, Animação, Andar na Moda e Azar ção


Mas infelizmente o mais perto que eu já cheguei de “amigos, animação, andar na moda e az ração” foi
ter o armário bem ao lado da MacKenzie Hol ister.

Ela é A garota mais popular da oitav série.

Com eu sou s rtuda!


Eu tinha ac bado de cruzar o c rred r entupido de gente par chegar ao meu armário e quase tinha
sido pisotead .

Então, com num pas e de mágica, a multidão se dividiu em duas, que nem o lance no mar Vermelho.

Foi a primeira vez que vi a MacKenzie desfilando pelo c rred r, com se estives e numa pas arela na
Seman de Moda de Paris ou coisa do tipo.

Ela era loira de olhos azuis e estav vestida com se ac bas e de sair de uma ses ão de fot s par a
cap da Vogue.

E imediat mente tod mundo (menos eu) ficou hipnotizado pelos poder s de encanto dela e perdeu
completamente a cabeça.
“E aí, MacKenzie?”

“Você está uma gat , MacKenzie!”

“Você vai à minha festa no fim de seman , MacKenzie?”

“Amei seus sap tos, MacKenzie!”

“Cas comigo, MacKenzie?”

“Você não sabe quem está a fim de você, MacKenzie!”

“Esta é outra bolsa de grife, MacKenzie?”

“Seu cabelo está lindo hoje, MacKenzie!”

“Se você se sentar comigo no almoço, eu arranco meu olho com um lápis, col co dentro de um sanduíche
de carne com mostarda e com , MacKenzie!”
O que também prova a minha te ria de que SEMPRE há pelo menos UM ANORMAL completamente
pirado em TODAS as escolas do país!

Era “MacKenzie! MacKenzie! MacKenzie!” Quando ela caminhou até o armário bem ao lado do meu,
eu soube na h ra que teria um ano MUITO ruim naquel colégio.
Estando tão perto do esplend r daquela incrível, ainda que repugnante perfeição, eu me senti ainda
mais uma grande FRACASSADA. E ela INVADIR boa parte do meu espaço não ajudou muito !!

Não era com se eu estives e com inveja dela nem nad do tipo. Quer dizer, is o seria totalmente
imaturo.

Entre uma aula e outra, a MacKenzie e as amigas dela ficam sempre bem em frente ao MEU armário
só de FFF.
Is o quer dizer:

FICAM RINDO, FOFOCANDO E FAZENDO A


MAQUIAGEM
E sempre que eu consigo criar c ragem par dizer: “Dá licença, eu preciso pegar umas coisas no meu
armário”, elas simplesmente me ign ram, ou reviram os olhos e dizem coisas do tipo: “Tá nervosinha?”
ou “Qual é o problema DELA?”

E eu respondo algo do tipo: “Ei, colega, eu não tenho problema COISA NENHUMA!”

Mas is o eu falo dentro da minha cabeça, então só eu mesma escuto.

Mas no fundo estou um pouco preocupad e envergonhad , p rque uma parte minúscula de mim – uma
parte bem besta e sombria – AMARIA ser a melh r amiga da MacKenzie!
E eu acho es a minha parte TÃO nojenta... que quase me faz... VOMITAR!

Mas ag ra um comentário mais animado: estou ad rando usar maquiagem também.

O meu glos fav rito dos últimos tempos é o Gatynha Beijokera Loka de M rango.

É uma delícia, tem gosto de t rta de m rango.

Infelizmente, nenhum gatinho superfofo (tipo o Brandon Roberts, o car que senta na minha frente
na aula de biol gia) ficou a fim de mim e se ap ixon u p r estes fantásticos lábios brilhantes, com
acontec nas propag ndas do GATYNHA BEIJOKERA que pas am na TV.
Mas vai saber!
Pode ser que role!

Enquanto is o, resolvi tentar curtir o fato de que estou solteira.

Ah, quase esqueci! Meu pai vai me buscar depois da aula par me levar ao dentista.

POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOR, não deixe que el vá me pegar com a Kombi do trab lho,
que tem uma bar ta de plástico gigante em cima do teto.

Sério, eu MORRERIA se alguém descobris e que eu só estudo nes e colégio p rque el foi ded tizado
pelo meu pai!

!!
QUINTA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO

MacKenzie e suas amigas metidas estão quase realmente me tirando do sério! Elas estão sempre
fazendo comentários PÉSSIMOS sobre qualquer garota que pas e a menos de dois metros. Quem elas
pensam que são, sabe?

O ESQUADRÃO DA MODA?!

Hoje, em menos de um minuto, enquanto pas av glos a MacKenzie fez um monte de críticas que
ac bariam com qualquer um:

Ã
“Você não precisa de PERMISSÃO par ser tão FEIA?”

“Es a roupa seria perfeita par fazer caridade. Se ela soubes e que fica com CARA de quem tem 3
anos de IDADE quando veste is o, ia se desfazer de tudo na h ra.”

“NOSSA! Eu comprei exat mente a mesma blusa que ela tá usando! Num pet shop, par o meu
cach rro.”

“De onde vem es e CHEIRO HORRÍVEL?! Ela dev ria pas ar umas gotinhas de perfume em vez de
mergulhar nel !”

“Ela tem TANTA espinha na car que usa uma marca de maquiagem especial. Cham Tô Nem Aí.”

“Que cabelo é es e? Parec um ninho de rato m rto!”

“Ela se acha TÃO gat . Na boa, ela é a prova de que um saco de estrume pode criar pernas e braços
e sair andando p r aí.”

Cham r a MacKenzie de “malvad ” seria pegar lev . Ela é PERVERSA! É um PIT BULL com sombra
nos olhos e chinelo da Chanel!
SEXTA-FEIRA, 6 DE SETEMBRO

Eu acho que finalmente entendi p r que não me dou bem nes e colégio. Preciso de roupas novas, de um
daquel s estilistas famos s que têm loja no shop ing.

Tipo aquelas lojas onde as vended ras se vestem com a Han ah Montan , têm piercing no umbigo,
luzes nos cabelos e s rriso falso.

Mas o que me deixa LOUCA DA VIDA é es a mania nojenta que elas têm de abrir a p rta quando
você está experimentando uma roupa e enfiar a cabeça par dentro do provad r quando você está
PRATICAMENTE PELADA. É o suficiente par você ter vontade de arrancar os cabelos delas.

E quando você se olha no espelho, nota na h ra que ficou HORRÍVEL em você. Mas as vended ras
abrem um s rriso en rme, se fazem de amigas e MENTEM NA CARA DURA, dizendo que a roupa (1)
ficou fantástica, (2) realça a c r natural da sua pel e (3) combina com a c r dos seus olhos.

Elas vão dizer is o ATÉ MESMO se você estiver provando um daquel s en rmes SACOS DE LIXO!
Eu também ODEIO roupas “ESNOBES”.
É quando a mesma roupa fica COMPLETAMENTE difer nte em duas garotas bem parecidas. Quanto
mais popular você é na escola, MELHOR ela vai ficar no seu c rpo, e, quanto mais excluída você f r,
PIOR vai ficar no seu c rpo. Não sei com uma roupa fica sabendo de tod s es es detalhes sobre a sua
vida, mas obviamente ela SABE!

POR QUE EU ODEIO ROUPAS ESNOBES!


O fenômeno da ROUPA ESNOBE é uma coisa meio confusa. Eu espero que o governo destine verbas
par que os cientistas o estudem, e também par descobrir com as meias fazem par sumir da

lav d ra. Mas, até lá, ATENÇÃO CONSUMIDORAS !

De qualquer f rma, quando a minha mãe comprar roupas de marca par mim, eu vou dizer poucas e
boas par a MacKenzie e par sua panelinha.

Mas, antes de fal r qualquer coisa, eu vou botar as mãos na cintura e dar aquela mexida no pescoço
que nem a Tyra Banks faz, só par mostrar par elas com eu tenho atitude.

Ã
A Tyra diz que toda garota dev encontrar sua bel za interi r e ign rar suas INIMIGAS. Ela é TÃO
doce, e uma modelo mar vilhosa!

Emb ra, tenho de admitir, ela seja meio ASSUSTADORA no America’s Next Top Model.

Principalmente quando fica gritando com as coitad s das participantes, dizendo coisas do tipo: “Suas
GORDAS, NOJENTAS imprestáveis! Vocês NUNCA conseguirão entrar no mundo da moda com eu fiz!
Vocês NÃO têm ideia de quanto eu SOFRI e DEI O SANGUE! E tirem es e s rriso da car antes que
eu o ARRANQUE daí, suas #@$%&!”

Daí ela começa a ch rar loucamente e a comer um monte de Tic Tac.

Eu simplesmente AMO es a mulher!


Decidi que vou fal r bem na car da MacKenzie (talvez no último dia de aula) que, só p rque ela e
seus clones se vestem com

MODELETES,
elas NÃO têm o direito de fazer comentários destrutivos sobre as outras pes oas.

“Pes oas” quer dizer garotas que usam roupas comprad s em lojas de departamento.

Garotas com ... bem, EU!

Ok. NÃO é um grande segredo que as roupas des as lojas NÃO SÃO tão legais quanto as de marcas
famosas.
E sim, é bem desagradável (e desanimad r) ter de pas ar pela seção FEMININA, de TAMANHOS
ESPECIAIS e de GESTANTES par chegar à TEEN...

É óbvio que a mai ria das meninas pref re comprar nas lojas chiques do shop ing!

ENCONTRANDO A SEÇÃO TEEN

A minha mãe diz que não inter s a de onde vêm suas roupas, desde que estejam limpas. Certo?

ERRADO!!
Queria ganhar um dólar cad vez que ouço a MacKenzie soltando gritinhos do tipo: “NOSSA! ONDE
es as garotas RIDÍCULAS compram roupas tão HORRÍVEIS?! Eu prefiro vir par a escola com o
traseiro de f ra a comprar minhas roupas num lugar onde vendem CORTADORES DE GRAMA!”

Par ser sincera, eu não sabia que as lojas onde eu compro as minhas roupas vendem is o. E, mesmo se
vender m, grande coisa.

Também não é com se as roupas cheiras em a c rtad r de gram . Pelo menos eu nunca notei.

Da próxima vez que eu f r fazer compras, vou cheirar as roupas antes de levar, só par ter certeza.

Também vou de peruca, chapéu, óculos escuros e bigode postiço, só par gar ntir que não vou ser
reconhecida.
ENFIM, TANTO FAZ!!
SÁBADO, 7 DE SETEMBRO

Minha mãe e meu pai estão me deixando LOUCA! Nas últimas doze h ras, el s colar m ao red r da
cas 139 post-its das c res do arco-íris com mensagens positivas bem idiotas, do tipo:

“Seja SUA melh r amiga! Convide VOCÊ MESMA par ir à sua cas !”

Pena que eu não consegui ler o que el s colar m na t rradeira, p rque pegou fog quando eu tentei
fazer t rrad s com m rango no café da manhã.

Tive de virar um cop de suco de lar nja no papel par ap gar o fog .

E depois dis o, a t rradeira começou a derret r, soltando umas faíscas azuis e fazendo um barulho
muito alto, com se estives e furiosa, tipo:
GGGGGGGGGRRRRRRRRR!!
Eu acho que provavelmente vamos precisar de uma nova.

Mas o que foi ASSUSTADOR mesmo é que a cas podia ter pegado fog . Tudo p rque meus pais
colar m um papel no buraco de enfiar as t rrad s.

Sei que as intenções eram boas, mas às vez s el s são tão

CONSTRANGEDORES!
DOMINGO, 8 DE SETEMBRO

Já estou ficando ap v rad , p rque o fim de seman está ac bando e am nhã tenho de ir par a
escola de novo. Uma seman inteira já se pas ou e eu ainda não fiz nenhum amigo. Estou me sentindo
meio... SUFOCADA... p rque estou muito sozinha. Dá um nó no estômago, com se eu tives e engolido
um... SAPO en rme, g rdo e ven nos !

Estou pensando seriamente em pedir aos meus pais par me deixarem m rar com a minha avó, par que
eu pos a estudar na minha antiga escola.

Sei que aquela escola não era perfeita. Mas eu daria qualquer coisa par rev r meus colegas da aula de

artes. Eu sinto muito a falta del s !


De qualquer f rma, minha avó vive num daquel s prédios par pes oas idosas que são “jovens de espírito
e quer m ter uma vida plena e ativa”. Então ela é, tipo, superantenad nas últimas tendências e tal.

Ela também é meio estranha (tá bom, MUITO ESTRANHA) e completamente viciad no Show do
Milhão.

No ano pas ado, minha avó comprou um computad r pela Internet par poder treinar par participar
do Show do Milhão.

Ag ra ela pas a a mai r parte do tempo no computad r, dec rando nomes de livros e a capital de
diversos países.

Ela planeja usar es a pesquisa e as estratégias que inventou par escrev r um manual cham do Show do
Milhão par idiotas.

Minha avó acha que o livro dela pode vender mais que Harry Pot er.
Eu nunca achei que fos e preciso saber lá muita coisa par participar de um program de TV, mas ela
dis e que você tem que treinar com se fos e jogar a Copa do Mundo.

Ela tom u umas golad s de en rgético, olhou par mim bem séria e dis e: “Querida, quando a vida lhe
apres nta um desafio, você pode ser uma FRANGUINHA ou uma verdadeira CAMPEÃ. A escolha é
SUA!”

Então começou a cantar “Girls Just Want to Have Fun” muito alto.
QUE ÓTIMO! Finalmente a minha avó está ficando GAGÁ! Será que ela não entende que você está
simplesmente preso a algumas coisas na vida e não tem com fazer nad ?! Fal sério!

Mas tenho que admitir que ela sacou direitinho com funciona o Show do Milhão. Da última vez que a
vi jogando junto com a TV, ela acertou tudinho! Foi incrível, p rque ela ganharia uns quinhentos mil
dólares em dinheiro, três carros, um barco e uma viagem com acompanhante, além de fraldas
geriátricas par usar pelo resto da vida.
Eu dei um abraço nela e dis e: “Vovó, você manja tudo do Show do Milhão, estou rgulhosa. Mas você
dev ria sair mais de cas ”.

Minha avó s rriu e dis e que a vida dela estav bem animad , ag ra que ela fazia aulas de hip-hop
num clube da terceira idade. E o profes r dela, Mano Krump, é “da h ra”!

Daí perguntou se eu queria vê-la “botando pra quebrar”.

Na verdade, ela está muito bem par alguém com 76 anos! Minha avó é meio MALUCA, mas é o
MÁXIMO!
SEGUNDA-FEIRA, 9 DE SETEMBRO

Hoje de manhã os c rred res estav m cheios de cartazes col ridos das Ações Aleatórias de Arte de
Vanguarda, nos a exposição de arte anual.

Eu estou SUPERanimad , p rque o prêmio par o primeiro lugar de cad turma é de quinhentos
dólares em dinheiro! LINDO!

Seria suficiente par comprar um celular, uma roupa no shop ing E material de arte.

Mas o mais imp rtante é que, se eu vences e, deixaria de ser uma “IDIOTA DAS ARTES excluída”
par me t rnar uma “DIVA DAS ARTES sedut ra”, e de uma h ra par outra!

Quem poderia imaginar que meus dotes artísticos me levariam direto par a panelinha das GDPs?

Então fui c rrendo até a secretaria par pegar a ficha de inscrição e fiquei surpresa, p rque já tinha
fila.

E adivinha quem mais estav lá?

MacKenzie !!!!
Com sempre ela estav numa tag relice sem fim: “Tipo, com eu ser i uma modelo-estilista-pop star,
já tenho um p rtfólio com set lo ks INCRÍVEIS que des nhei par a minha futura coleção, que vai se
cham r SUPER-10-COLADA, e serão as mesmas peças que planejo usar na minha turnê com a Miley
Cirus, que obviamente vai cair de joelhos pelas roupas des nhad s p r MIM e vai gastar um milhão de
dólares com elas. Daí, eu vou me matricular nas melh res universidades dos Estados Unidos, tipo
Harvard, Yale, ou o Instituto de Moda e Cosméticos de Westchester, que, aliás, é da minha tia
Claris a!”

Tá bom. Eu admito que SURTEI p r ter de competir com a MacKenzie.

Ela ficou me encar ndo com aquel s olhos azuis, e eu senti cal frios e um embrulho no estômago.

Então, de rep nte, tive uma rev lação, e eu SUPER entendi o que a minha avó quis dizer quando
falou:

“Você pode ser uma FRANGUINHA ou uma verdadeira CAMPEÃ. A escolha é sua”.

Então, reuni toda minha f rça de vontade e det rminação, respirei fundo e criei c ragem par
decidir ali mesmo o que eu era:
Quando a mulher da secretaria perguntou se eu estav lá par pegar a ficha de inscrição par a
exposição de arte de vanguarda, eu simplesmente par lisei e comec i a cac rejar feito uma galinha:

Có, có, có, có-ó-có-ó!

Daí a MacKenzie deu uma gargalhad , com se a MINHA participação no concurso fos e a coisa mais
ridícula que ela já tinha ouvido.

Foi quando eu vi o f rmulário am relo par quem queria ser as istente de rganização da biblioteca,
também conhecido com AOB. Tod dia na h ra do intervalo, algumas pes oas iam até a biblioteca
par col car os livros de volta nas estantes. A vida de um AOB é tão inter s ante quanto ficar
esperando uma demão de tinta secar.

Então, em vez de tentar realizar o meu sonho de ganhar um grande concurso de artes, eu me inscrevi
com uma IDIOTA par rganizar livros IMUNDOS e CHATOS na BIBLIOTECA!

MEU FUTURO INFELIZ COMO ASSISTENTE DE ORGANIZAÇÃO


DA BIBLIOTECA

E é TUDO culpa da MacKenzie!!


Quando eu ap reci na biblioteca na h ra do intervalo, a bibliotecária, sra. Peach, deu uma volta
comigo. Ela dis e que eu trab lharia com outras duas garotas que haviam se inscrito na seman
anteri r.
Mas o que eu queria mesmo saber é QUEM, em pleno juízo, se inscrev ria par rganizar livros com
ATIVIDADE EXTRACURRICULAR?!

Pelo menos eu tinha uma boa desculpa.

Fiz is o num momento em que estav temp rariamente DOIDA p r causa do olhar congelante da
MacKenzie. Is o par lisou as células do meu cérebro, diminuiu meus batimentos cardíacos e imobilizou
completamente meu c rpo, e p r causa dis o não pude me inscrev r par o concurso de artes.
TERÇA-FEIRA, 10 DE SETEMBRO

Tive o pi r acidente do mundo na aula de francês hoje. Quando eu estav pegando o livro na minha
mochila, meu perfume, cham do Garota Ousad , caiu no chão.

Par meu az r, a tampinha foi par r longe, e o frasco virou todinho.

Meu profes r, o sr. Sei Lá o Quê (não sei pronunciar o nome del , parec um espirro), começou a
gritar um monte de coisas em francês que pareciam xingamentos.

Então el tirou os alunos da sal , p rque tod mundo estav com falta de ar, tos indo e com os olhos
ardendo.

E, enquanto a gente esperav o cheiro pas ar no c rred r, el veio tod arrogante e me perguntou, na
MINHA língua (que eu ENTENDO), se eu estav tentando ASSASSINÁ-LO.

Ok! Em primeiro lugar, eu nem gosto tanto as im da aula de francês. E, em segundo lugar, foi SÓ um
acidente!

Quer dizer, NÃO é que o perfume fos e matá-lo DE VERDADE. Pelo menos eu acho que não.

Mas, p r outro lado, e SE mat s e MESMO?! E se meu profes r de francês desmaias e enquanto
comia um lanchinho na sal dos profes res e m rres e p r asfixia de Garota Ousad ??!!
E se, p r três dias, ninguém notas e o cheiro nojento saindo do cadáver del , já que o almoço que
servem no colégio já cheira a carne podre?!

A polícia ia começar uma investigação, e eu seria a principal suspeita.

Então o CSI faria vários testes nos pelos do nariz do meu profes r e encontraria vestígios de
Garota Ousad .

Eles descobririam que eu era culpad p r exp r o profes r a uma dose letal do perfume.

E se a equipe do CSI tives e SECRETAMENTE plantado TODAS as provas contra... MOI??

(Aliás, MOI é “MIM” em francês!)

Eu ac baria sendo mandad par a CADEIRA ELÉTRICA log no primeiro ano do ensino médio, o que
seria UMA DROGA!
E depois eu ficaria COMPLETAMENTE pas ad , p rque perderia a autoescola e a f rmatura!

Ag ra que fiquei pensando, o sr. Sei Lá o Quê dev AMAR a MacKenzie, p rque ela é muito boa em
francês e consegue pronunciar o sobrenome com som de espirro del .
Aposto que, se ela tives e deixado o Garota Ousad DELA cair no chão durante a aula e a tampinha
voas e longe, el NÃO teria gritado nem a acusado de tentar mat r ninguém.

Mas is o p rque a MacKenzie é a

MISS PERFEIÇÃO!!
Aposto que ela vai até GANHAR o concurso de artes!

E depois dis o, só de sac nagem, ela vai pegar 189 livros na biblioteca e devolver tudo no dia seguinte.

É claro, EU VOU SER a que vai estar PRESA lá tendo que col car cad livro de volta no lugar, já
que sou uma as istente de rganização da biblioteca IMBECIL.

Minha vida patética é TÃO INJUSTA que me dá vontade de

GRITAR! !!
QUARTA-FEIRA, 11 DE SETEMBRO

Hoje, na cantina do colégio, tod mundo estav super mpolgado p rque a MacKenzie estav
entregando os convites par sua festa de aniversário. Pelo jeito com a Lisa Wang e a Sar h
Gros man se abraçav m e ch rav m, eu podia jurar que elas iam participar daquel program da
MTV, My Super Swe t 16. Is o era mais que NOJENTO!

Elas pareciam as gêmeas Olsen. Nunca entendi p r que as Olsen estão sempre abraçad s. Elas f ram o
primeiro caso de gêmeas não siamesas que pareciam grudad s pelo quadril.

Pelo resto do dia, tod mundo que a MacKenzie convidav ficav bab ndo nela, com se fos e um

cach rro raivos . Menos o Brandon Roberts.


Quando entregou o convite par el , ela até que tentou jogar um charme enrolando a ponta do cabelo
com o dedo e abrindo um s rriso en rme. Até deixou cair “acidentalmente” a bolsa par que el
juntas e as coisas par ela, com a Tyra ensinou a fazer quando você quer que um car repare em
você.

Mas o Brandon só olhou par o convite, col cou na mochila e continuou andando.

E, car mba, com ela ficou brav quando el a ign rou daquel jeito.

Então, antes que ela pudes e pegar sua Vict r Hugo de trez ntos dólares do chão, a equipe de
atletismo do colégio pas ou p r ali e pisoteou a bolsa todinha. Eu pes oalmente até curti mais as
pegad s de tênis sujo do que aquela estampa sem graça.

De qualquer f rma, o Brandon é O MÁÁÁÁXIIIMOOO!!!

Pelo que vi, el parec ser um daquel s reb ldes bem na del .

Ele é repórter e fotógrafo do j rnal da escola e já ganhou alguns prêmios de fot j rnalismo.

Uma vez el até sentou do meu lado na h ra do almoço, mas acho que nem not u que eu ficav
olhando par el .

Talvez p rque os cachinhos de seu cabelo bagunçado estão SEMPRE caindo sobre os olhos.

E hoje na aula de biol gia, quando el perguntou se podia tirar uma fot MINHA dis ecando um sapo
par botar no j rnal do colégio, eu quase MORRI!!

Eu tremia tanto que mal conseguia segurar o bisturi.

Ag ra, tod s os detalhes daquel rosto perfeito estão grav dos par sempre na minha mente.

Á
SERÁ QUE EU
ESTOU ME
APAIXONANDO
PELA
PRIMEIRA VEZ?!
Eu vejo você nos meus sonhos
com sua camisa branca fav rita,
desabot ad ,
sentado à minha frente
na cantina da escola.
Nunca vi ninguém
comer bat ta frita tão lindamente.

Eu vejo você na aula de biol gia,


tirando fot s par o j rnal do colégio,
quando você sus urra par
o fundo da minha alma:
“Segure o sapo neste ângulo”.

Pois só você
é cap z de fazer uma fot
de um sapo dis ecado
parec r tão cheia de vida.
Tão viva. Ainda que m rta.

Dói se sentir as im,


saber que você nunca vai saber de mim.
Quer r pas ar os dedos
em seus cabelos negros, cacheados,
pois me dou conta de que
o cheiro podre do f rmol
e o olhar tedios de um sapo m rto
sempre lembrarão NÓS DOIS!
QUINTA-FEIRA, 12 DE SETEMBRO

Durante a aula de educação física, até as garotas Tenho-Medo-da-Bola estav m fofocando sobre a
festa da MacKenzie. Com se alguma delas tives e a men r chance de ser convidad .

Elas são as afetad s que andam em grupo e soltam gritinhos histéricos sempre que uma bola pas a
perto.

Pode ser de basquet , futebol, vôlei, tênis, pingue-pongue, futebol americano, beisebol, na alina ou até
bola de s rvet . Elas NÃO têm muito discernimento.
É is o aí! Conte sempre com as garotas Tenho-Medo-da-Bola par estrag r tudo e perder o jog
p r você.

É um saco ter garotas com a Chloe e a Zoey no seu time. Especialmente se você ODEIA tomar
banho depois da educação física (só de pensar em tomar uma ducha no colégio, já sinto náuseas).

Vai ser tudo culpa DELAS se eu pegar uma doença incurável p r causa do mofo NOJENTO que cresce
em volta des es chuveiros asqueros s.

POR QUE EU ODEIO TOMAR BANHO NO COLÉGIO!


Foi realmente uma surpresa quando a Chloe e a Zoey vieram fal r comigo depois da aula. Obviamente
eu fingi que NÃO estav louca da vida pelo banho que tive de tomar p rque elas simplesmente fugiram
da bola.

Parec que a bibliotecária, a sra. Peach, havia dito que eu tinha me inscrito par trab lhar com elas
na biblioteca, e elas estav m realmente EMPOLGADAS com is o.

Tipo, O QUE tem de tão empolgante em rganizar uma biblioteca?? Mas eu fingi que estav tão
emocionad quanto elas.

Falei algo do tipo: “MEU DEUS! MEU DEUS! Nem acredito que vamos rganizar livros juntas. Com
is o é LEGAL, né?”

Acab mos almoçando juntas na mesa 9, e foi muito bom NÃO ter que comer sozinha pelo menos uma
vez.

O nome completo da Chloe é Chloe Christina Garcia, e a família dela é dona de uma empresa de
inf rmática. É incrível, p rque ela já leu TODOS os livros mais legais.

Ela dis e que sente na pel as alegrias e tristezas de cad personagem e aprende várias coisas sobre a
vida, sobre meninos, am r e com beijar, o que ela pret nde usar no próximo ano, quando começar o
ensino médio.
Ela dis e que tem 983 livros e que já leu a mai ria duas vez s.

Fiquei tipo: “UAU!”

O nome completo da Zoey é Zoeysha Ebony Franklin, a mãe dela é advogad e o pai é diret r de
uma grav d ra. Ela conhec praticamente TODAS as estrelas da música pop.

Zoey dis e que gosta de ler autoajuda e, no momento, está procurando maneiras de “aprim rar” o
relacionamento que mantém com as três “figuras maternas” de sua vida: sua mãe, uma avó que ajudou
na sua criação e a madrasta.

Entendi direitinho o dram , p rque sei p r experiência própria que uma ÚNICA “figura materna” já
pode ser traumática e causar danos psicológicos.

Já imaginou TRÊS? MEU DEUS!

Então a Zoey dis e: “Com você aguenta ter o armário ao lado do da MacKenzie? Ela é tão BURRA
que é cap z de pas ar glos na testa pra ver se tem alguma ideia brilhante uma vez na vida! E às
vez s ser tão superficial pode gerar problemas multifacetados ligados à autoestima”.

Eu NÃO podia acreditar que a Zoey estav fal ndo uma coisa des as. Eu pensav que tod mundo
aqui idolatrav a MacKenzie.

Nós rimos tanto que saíram pedaços de cenoura pelo meu nariz!
As três ficar m tipo: “AAAAIIII! QUE NOJENTO!”

Então a Chloe dis e rindo: “Ei! Tatu com gosto de cenoura! Vamos dar par a MacKenzie, ela pode
botar na sal da de tofu. Seria uma cobertura bem light! A panelinha dela está sempre ferrando com
tod mundo mesmo!”

Rimos tanto des a piad que as pes oas sentad s nas outras mesas começar m a olhar par nós.

Cheguei até a ver a MacKenzie espiando na nos a direção. Mas ela desviou o olhar rapidinho, par não
comet rmos o terrível engano de achar que ela notav nos a existência. Aposto que ela queria saber o
que estav rolando.

Ag ra estou até pensando em perdoar a Chloe e a Zoey p r tod aquel FIASCO do chuveiro na aula
de educação física. Hoje foi um dia muito bom!
!!
SEXTA-FEIRA, 13 DE SETEMBRO

Eu já estav CANSADA e IRRITADA de tanto ouvir fal r da MacKenzie e da PORCARIA de


festinha dela. Mas, com ela está na minha aula de geometria e eu sento log atrás dela, eu sabia que
teria de dar um jeito de aguentar. Eu me concentrav em fazer o pos ível par ign rá-la quando ela
se virou, s rriu e fez a coisa MAIS ESTRANHA DO MUNDO!

Ela ME deu um convite rosa brilhante am rrado com um laço branco de cetim.

Eu fui pega de surpresa e quase caí da cadeira.

Minha cabeça estav tipo:

MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS!


Era a coisa mais linda que eu já tinha visto na vida. Só perde talvez par aquel iPhone novo que eu
queria.

Quem poderia imaginar que eu seria convidad par A festa do ano?

Então eu me toquei que podia ser algum tipo de PIADA maldosa.

Olhei ao red r par ver se não havia nenhuma câmera escondida, meio que esperando que o Ashton
Kutcher (não dá pra acreditar que el é cas do com uma mulher mais velha que a minha mãe) saís e
gritando...
É UMA PEGADINHA!!
Daí eu me dei conta de que várias das outras garotas da sal estav m olhando par mim com inveja,
sem poder acreditar naquilo.

Foi realmente estranho, p rque na h ra eu me liguei que o meu moletom pref rido estav cheio de
bolinhas.

Eu meio que tentei disfarçar e arrancar algumas.

Afinal, nenhuma amiga da MacKenzie seria pega usando um moletom que não-é-do-shop ing e cheio de
bolinhas.

Então, fiz uma anotação mental...


MacKenzie ainda s rria com se eu fos e sua nova melh r amiga de infância ou algo do tipo.

“Ei, fofa! Eu estav pensando se você...”

Mas eu estav TÃO EMPOLGADA que complet i a frase antes de ela terminar.
“Eu ia AMAR, MacKenzie! Obrigad pelo convite... fofa!”

OK. Então eu chamei a Mackenzie de “fofa”, mesmo achando que es a pal vra era muito falsa.

E sim, eu estav NAS NUVENS, tão FELIZ quanto a Vanes a Hudgens no dia em que soube que NÃO
seria mandad emb ra do High Scho l Musical 3!

Mas, antes de qualquer coisa, eu estav CHOCADA. Não conseguia acreditar que iria mesmo à festa
da MacKenzie! Log eu ia ter amigas superdescolad s e uma vida social. E talvez até fizes e umas
luzes, col cas e um piercing no umbigo e arranjas e um nam rado.

Já estav começando a achar que a revista Que Demais! tinha razão. Talvez a chave par a felicidade
fos em mesmo as amizades, a animação, andar na moda e a az ração!!
Minhas mãos tremiam enquanto eu tirav o laço que prendia o convite.

De rep nte, a MacKenzie fez uma careta e começou a me olhar com se eu fos e um chiclet
grudado na sola do seu sap to.

“Sua IDIOTA!”, ela grunhiu. “O QUE você está fazendo?!”

“Ããã, abrindo o m-meu convite?”, gaguejei.

Eu já estav começando a ter um mau pres entimento quanto a es a história toda de festa.

“Com se eu fos e convidar você?!”, ela desdenhou, jogando as tranças louras par trás e me olhando
t rto. “Você não é a aluna nova que pas a o dia inteiro perto do meu armário, com se fos e uma
psicopat obcecad ?”

“É, sim... quer dizer, NÃO! Na verdade, o meu armário fica ao lado do seu”, murmurei.

“Tem certeza?”, ela perguntou, me olhando de cima a baixo com se eu estives e mentindo. Não dav
par acreditar que ela estav fingindo que não sabia quem eu era. Eu tinha um armário ao lado do
dela fazia, tipo, MIL ANOS!

“Certeza ABSOLUTA!”, respondi.

Daí a MacKenzie pegou seu glos da Gatynha Beijokera e aplicou umas três cam das nos lábios. Depois
de se olhar num espelhinho p r dois minutos (ela é VIDRADA em si mesma!), ela o fechou e olhou par
mim de novo.

“Antes de você ser GROSSA e me interromper, eu estav tentando pedir par você PASSAR es e
convite par a JESSICA! Será que é tão difícil as im? P r que você tinha que abrir com se fos e um
GORILA selvagem?”, ela dis e.
A turma inteira se virou e olhou par mim.

NÃO dav par acreditar no que ela estav dizendo. Com é que ela tinha c ragem de me cham r de

SELVAGEM??!!
“Ah tá, desculpa!”, eu dis e, tentando parec r indifer nte, enquanto me segurav par não ch rar.
“Hum, quem é Jes ica?”

De rep nte eu senti um cutucão no ombro.


Me virei par olhar par a garota que estav sentad atrás de mim.

Ela tinha longos cabelos louros e estav usando glos com glit er nos lábios, minis aia rosa, blusa rosa e
uma faixa no cabelo cheia de diam ntes falsos c r-de-rosa.

Se eu tives e visto es a garota numa loja de brinquedos, juro que a teria confundido com a nova
boneca da moda:
“Eu sou a Jes ica”, ela dis e, revirando os olhos. “Não acredito que você abriu o MEU convite!”

Eu estav des sperad mente tentando refazer o laço com a fita de cetim quando ela arrancou o
convite da minha mão com tanta f rça que quase c rtei o dedo no papel.

Me senti, tipo, uma COMPLETA RETARDADA! E, par pi rar tudo, notei que vários colegas estav m
dando risadinhas.

Es e com certeza foi O momento mais CONSTRANGEDOR de toda a minha vidinha


PATÉTICA!!

E eu tinha certeza de que, em alguns minutos, tod mundo na escola INTEIRA estaria fofocando
sobre is o p r t rpedo.

Fiquei aliviad quando a nos a profes ra de matemática, a sra. Sprague, finalmente começou a aula.

Ela pas ou uma h ra inteirinha na lousa rev ndo a f rma de calcular o volume de um cilindro, de uma
esfera e de um cone par a prova.

COMO CALCULAR O VOLUME


O VOLUME DE UM CILINDRO É IGUAL A: (ÁREA DA BASE)
X ALTURA = r2a π

O VOLUME DE UMA ESFERA = 4/3 r3 π

O VOLUME DE UM CONE É 1/3


DA (ÁREA DA BASE) X ALTURA
= 1/3 r2aπ
Mas eu estav muito nervosa par me concentrar em fórmulas matemáticas e NÃO estav prestando
um pingo de atenção. Fiquei só olhando par a parte de trás da cabeça da MacKenzie, des jando
desap rec r dali.

Acho que eu devia estar muito triste, p rque uma lágrima esc rreu pela minha bochecha e pingou no
meu caderno de geometria.
g
Mas eu limpei com a manga do meu moletom que não-é-do-shop ing cheio de bolinhas antes que alguém
vis e.

Mesmo estando totalmente deprimida com tod o DRAMA p r causa do convite, eu nem estav tão
brav as im com a MacKenzie.

EU SOU UMA COMPLETA FRACASSADA!! Se eu fos e dar uma festa, também NÃO TERIA me
convidado!
SÁBADO, 14 DE SETEMBRO

Eu tive a PIOR seman da história! POR QUÊ?

P rque a MacKenzie está ACABANDO com a minha vida.

1º Ela ARRUINOU as minhas chances no concurso de artes.

2º Ela me DESPREZOU ao NÃO me convidar par a festa.

3º Ela me RIDICULARIZOU me cham ndo de selvagem.

4º Ela me HUMILHOU EM PÚBLICO ao me dar um convite e depois me DESCONVIDAR.

5º Ela tentou ROUBAR o grande am r da minha vida, Brandon Roberts, quando enrol u a ponta dos
cabelos e flertou com el .

Planejei pas ar o fim de seman INTEIRO de pijam , sentad na cam , DEPRIMIDA e OLHANDO


par a pared .
Perto da h ra do almoço, minha mãe entrou no meu quarto superanimad e avisou que teríamos um
churrasco em família.

Ela dis e: “Querida, se vista log e venha par o quintal se DIVERTIR com a gente!”

É óbvio que eu não estav no clima par “me divertir”, e tudo que eu queria era ficar sozinha.

E eu não gostav de ficar no quintal, p rque já tinha visto umas ar nhas bem grandinhas p r lá.

Eu tenho uma coisa com ar nhas – elas me dão arrepios.


Além dis o, meu médico dis e que eu sou alérgica a bichos que sugam sangue humano, tipo ar nhas,
mosquitos, sangues ugas e vampiros.

Meu lema é: “NUNCA confie em chupad res de sangue!”

Enfim, quando eu fui par o quintal, vi que meu pai estav vestindo o avental e o chapéu de cozinheiro
que demos par el no Dia dos Pais.

Nel estav escrito “Meu pai cozinha muito bem!”, mas a mai r parte das letras havia sumido na
lav gem, e ag ra só dav par ler “Meu pai co m bem!”.
A maneira com arranjamos aquel pres nte é meio constranged ra. Minha mãe levou a Brian a e eu
até um supermercado e nos deu trinta dólares par gastar num bom pres nte de Dia dos Pais.

Mas, depois que a Brian a comprou duas bonecas p r 9,99 dólares e eu comprei o último CD da Miley
Cirus p r cat rze, sobrar m só 6,01 par gastar no pres nte, o que não era lá muita coisa.

Nos a s rte foi que eu vi um des es chapéus h rríveis de cozinheiro em prom ção p r 3,87 dólares. E
ainda vinha um avental junto.

Nós podíamos escolher entre “Beije o cozinheiro!”, “Quando mamãe não está feliz, ninguém está
feliz!”, “Dá-lhe Timão” e “Meu pai cozinha muito bem!” em letras lar nja flu rescente.

E, com o pres nte foi superbar to, ainda ficamos com um troquinho par comprar um cartão.

Mas eu convenci a Brian a de que o pap i ia pref rir um cartão feito p r nós mesmas, e que ELA
poderia fazer DE GRAÇA usando uma folha de papel, giz de cera e glit er.

Ela amou a ideia, e eu gastei o troc com pipoca e suco de ab caxi par mim. Até que estav gostos ,
se levarmos em conta que eu estav m rrendo de fome e que f ram comprados num supermercado.

Quem poderia imaginar que o pap i am ria tanto aquel pres nte cafona!

“Este é o MELHOR pres nte de Dia dos Pais que eu já ganhei em toda a minha vida!”, el dis e, com
os olhos cheios de lágrimas.

O que NÃO quer dizer lá muita coisa, p rque tod ano a Brian a e eu nos superamos par achar o
pres nte MAIS TOSCO de Dia dos Pais.

Mas nós sempre damos um jeitinho de desviar uma verba par nós mesmas. O Dia dos Pais é ag ra a
nos a dat fav rita, depois do nos o aniversário e do Nat l.
Seja com f r, meu pai estav as ando uma carne enquanto as obiav umas músicas velhas.

Daí, do nad , el conseguiu criar um problema. Não p rque estav as obiando, mas p r causa da
churrasqueira.

Eu acho que é o que poderíamos cham r de um problema com insetos.

Então, quando el me pediu par buscar c rrendo o inseticida, eu tive um verdadeiro MAU
pres entimento.
Falei: “Pai, tem certeza?”

E el : “Eu não gastei vinte dólares em bifes par dividi-los com es as moscas malditas!”

Bem, ISSO foi um grande erro, p rque NÃO se trat va de moscas.


O CHURRASCO DA NOSSA FAMÍLIA
(UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS)
*FIM*

Você poderia imaginar que um ded tizad r experiente seria cap z de reconhec r uma mosca.

Par az r do meu pai, el estav lidando com uma nuvem de MARIMBONDOS ENFURECIDOS!!

Daí que o nos o almoço ac bou sendo um desastre total.

Par o meu pai se sentir um pouco melh r, nós tod s comentamos com el estav lindo com aquel
chapéu e aquel avental, mesmo tendo se sujado tod ao cair dentro da lat de lixo da vizinha
quando estav fugindo dos marimbondos.

TADINHO DO PAPAI !!

Pelo menos a boa notícia é que eu pude voltar par o meu quarto e ficar deprê p r mais algumas
h ras. UHUU!
SEGUNDA-FEIRA, 16 DE SETEMBRO

Hoje nós fizemos a prova de matemática sobre cálculo de volumes, e eu estav supernervosa.
Especialmente p rque não sou tão boa as im em matemática.

A última vez que tirei uma nota dec nte nes a matéria foi na primeira série. E até daquela vez eu
errei quase metade das respostas.

Só que acontec u de eu sentar perto da Andrea Snarkowski, a garota mais inteligente de toda a
primeira série. Estávamos fazendo uma prova de adição quando “acidentalmente” notei que a resposta
da Andrea par uma das questões era difer nte da minha. Então, no último minuto, resolvi riscar
minha resposta com um X e usar a mesma que ela tinha encontrado.

Foi bom eu ter feito is o, p rque tirei 10 naquela prova! Minha profes ra ficou tão satisfeita com a
minha milagrosa evolução – nos meus melh res dias, eu costumav tirar 3 ou 4 – que bot u uma
estrelinha dourad ao lado da minha nota. E só os grandes gênios com a Andrea Snarkowski
ganhav m estrelinhas dourad s ao lado de suas notas.

Com eu havia me transf rmado em uma aluna brilhante de matemática, também rec bi o Prêmio
Estudante do Mês, e saiu uma fot minha no j rnal da escola.
Meu pai e minha mãe ficar m TÃO rgulhos s de mim!

Eles tirar m 127 cópias da rep rtagem e mandar m pelo c rreio par cad um dos meus parentes ao
red r do país.

Eu mal pos o imaginar com el s ficar m felizes e empolgados ao abrir a carta:


Tá bom, pode ser que alguns dos meus parentes não tenham me reconhecido de primeira.

Mas, se tives em, eu tenho certeza de que teriam ficado super rgulhos s.
Enfim, minha prova de geometria sobre cálculo de volumes estav bem difícil.

Eu sei que dev ria ter estudado mais. Mas, com pas ei o fim de seman inteiro deprê, eu meio que
fiquei sem tempo par estudar.

Par fal r a verdade, eu só rez i feito uma louca durante a prova.

Às vez s até em voz alta:

“POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOR, ME AJUDE A PASSAR NA PROVA! ME PERDOE POR TER COCHILADO NA IGREJA
NO DOMINGO PASSADO, EU PROMETO QUE NÃO VAI ACONTECER DE NOVO. ALÉM DISSO, VOCÊ PODE ME DIZER SE A
π π
FÓRMULA PARA CALCULAR O VOLUME DE UM CILINDRO É r2a OU ar2 ? E, PARA CALCULAR UMA ESFERA, VOCÊ
MULTIPLICA O...?”

Acho que algumas pes oas sentad s perto de mim ouviram um pouquinho.

Eu fiquei TÃO feliz quando a prova finalmente terminou!

Enquanto eu guardav as minhas coisas na mochila par ir par a próxima aula, foi impos ível não
repar r que a MacKenzie me encar va com um olhar maldos .
Daí ela andou até a Jes ica e dis e: “Hoje é o último dia par se inscrev r no concurso de artes, e eu
tenho que levar o meu f rmulário lá na secretaria. Encontro você na frente do meu armário. Tá bom,
fl r?”

Então a Jes ica olhou par mim e dis e bem alto: “Mac, eu tenho CERTEZA de que você vai ficar em
primeiro lugar. As roupas que você des nha são tão de... hã... POPOZUDAS!”

NÃO dav par acreditar que a Jes ica tinha dito is o, p rque “pop zudas” é muito f ra de moda!

Mas o que me deixou furiosa foi que a MacKenzie riu na minha direção e dis e: “Nikki, a escola
inteira sabe que você é muito MEDROSA par entrar na competição de artes, p rque EU SOU uma
artista muito melh r do que você. Então, nem se preocupe mais com is o!”
Tá bom. Mesmo que a MacKenzie não tenha de fato DITO is o, ela definitivamente me olhou com se
estives e PENSANDO as im.

E, de qualquer f rma, foi um INSULTO asqueros contra a minha dignidade.

Daí ela jog u os cabelos par trás e saiu da sal rebolando. Eu ODEIO quando a MacKenzie rebola!

Com ela OUSA fal r sobre o concurso de artes des e jeito, bem na minha car ??!!

Principalmente p rque eu NÃO me inscrevi p r culpa DELA.

Tod es e lance me deixou LOUCA!

De rep nte, eu não aguentei mais e gritei bem alto: “Foi a MacKenzie que COMEÇOU es a GUERRA,
e ag ra SOU EU que vou TERMINAR!!”

Mas is o tudo eu dis e dentro da minha cabeça, p r is o só eu mesma escutei.

Então eu prometi solen mente a mim mesma:

EU, NIKKI J. MAXWELL,


de livre e espontânea vontade,
estou oficialmente me inscrev ndo no
CONCURSO DE ARTE DE VANGUARDA!!

Eu ia de uma vez p r todas mostrar par a MacKenzie que eu sou MEGA talentosa quando o as unto
é arte. E nis o EU sou MUITO MAIS TALENTOSA do que ELA!

Então eu peguei todas as minhas coisas e fui até a secretaria par pre ncher a ficha de inscrição.
Com certeza absoluta a MacKenzie ainda estaria lá, aplicando a décima quarta cam da de glos e se
gab ndo sem par r das roupas que des nhou.

“... e tod mundo acha que os lo ks que eu crio são O MÁXIMO, e que eu vou ser RICA e FAMOSA e
me mudar par HOLLYWOOD e blá-blá-blá!”

Eu estav casualmente relax ndo atrás de uma planta en rme em frente à p rta da secretaria,
cuidando da minha própria vida, quando, até que enfim, a MacKenzie saiu.

Mas é claro que eu NÃO estav , tipo, espionando a garota nem nad .

Eu só não queria cham r muita atenção nem queria que a MacKenzie pensas e que me inscrev r no
concurso era uma grande coisa par mim.
Apesar de que, par ser honesta, ERA uma grande coisa.

Era A coisa mais imp rtante que eu já tinha tentado em TODOS os meus cat rze anos de vida aqui
na terra.

Entrei voando na secretaria e pre nchi rapidinho a ficha de inscrição.

Quando eu entreguei a folha par a secretária, senti um misto de empolgação, náuseas e pânico
revirando no meu estômago com restos de comida num triturad r de lixo.

Saí da secretaria e tive que me apoiar na pared .

Meu c ração batia tão f rte que eu conseguia ouvir. Comec i a pensar se aquilo tudo não tinha sido
um grande erro.

Daí, do nad , tive uma terrível sensação de que alguém me observav , apesar de os c rred res
parec rem vazios.

De rep nte, uma folha da planta em que eu tinha me escondido se mex u, e vi aquel OLHO me
encar ndo! Depois, dois olhos. Olhos congelantes bem azuis.

A MacKenzie (SIM, a MacKenzie) estav me espionando atrás daquela en rme planta em frente à
p rta da secretaria!
E ELA FOI PEGA MUITO NO FLAGRA!
Finalmente, ela saiu detrás da planta e rebol u até o beb douro, com se só estives e com sed . Mas
par mim era óbvio que ela estav tentando me FORÇAR a mudar de ideia sobre o concurso usando
técnicas de TORTURA AQUÁTICA.
“OOOOOPS! SINTO MUITO!”

MacKenzie tentou se fazer de tímida e inocente, com se tod o lance com o jato de água tives e
sido um acidente. Mas eu olhei naquel s olhos azuis brilhantes e tive certeza de que ela fez de
propósito.

Eu ainda não conseguia acreditar que tinha mesmo pegado a MacKenzie me ESPIONANDO!

O que me deixou meio IRRITADA, p rque eu não a sigo p r aí, ESPIONANDO nem me met ndo na vida
dela.

Bem, pelo menos não com tanta frequência.

Hoje foi tipo uma GRANDE exceção, até p rque nós duas estávamos nos inscrev ndo no concurso ao
mesmo tempo.
Mas se rebaixar a ponto de me ESPIONAR?!

ESSA GAROTA É
UMA CRIANÇA
MIMADA!
TERÇA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO

Eu não consigo acreditar que estou escrev ndo is o escondida no depósito do zelad r!! Eu sei que aqui
é supersujo e tem cheiro de vas oura velha, úmida e mofad , mas não consegui pensar em nenhum outro
lugar par ir. EU DEFINITIVAMENTE

ODEIO! ODEIO! ODEIO! ODEIO! ODEIO! ODEIO! ESSA ESCOLA IDIOTA!!

Hoje na h ra do almoço, eu estav carregando a minha bandeja e caminhando em direção à mesa 9,


onde encontraria a Chloe e a Zoey. Estav tudo indo bem, p rque eu já havia pas ado de fininho pela
mesa dos atletas, cuidando par que os jogad res de futebol não ficas em fazendo aquel s barulhos
constranged res de peido com o sovaco.

Mas, quando pas ei ao lado da mesa da MacKenzie, eu realmente não estav prestando atenção. Ela e
a Jes ica AINDA deviam estar furiosas comigo p r causa do convite e do concurso de artes, p rque
acontec u o seguinte:

EU NO REFEITÓRIO TENTANDO CHEGAR À MESA 9


Eu tropec i, e de rep nte tudo começou a se mover em câmera lenta. A comida na minha bandeja vo u
p r cima da minha cabeça, e ouvi uma voz bem conhecida gritando:

“Nããããããããããããããão!”
E, par minha DESGRAÇA, me dei conta de que a voz era MINHA!
Eu caí no chão e fiquei tão pas ad que mal conseguia respirar. Minha roupa ficou toda lambuzad de
mac rrão e crem de cer ja, que era a sobrem sa. Eu parecia uma versão real das pinturas a dedo que
minha irmã fazia.
Fechei os olhos e fiquei lá com uma baleia encalhad , sentindo d r em cad parte do c rpo. Até meu
cabelo doía. Mas o pi r de tudo foi que tod mundo ria feito louco.

Fiquei com TANTA vergonha que quis MORRER. Eu mal conseguia enxergar, p rque tinha crem de
cer ja nos olhos, e par onde quer que eu olhas e tudo parecia vermelho e b rrado.

Finalmente consegui reunir f rças suficientes par ficar de joelhos.

Mas, sempre que tentav me levantar, esc rregav na mistura de espaguet e crem e caía de novo.

Eu tenho que admitir, dev ter sido hilário me ver daquel jeito.

E, se não tives e acontecido COMIGO, eu provavelmente estaria m rrendo de rir junto com tod
mundo.

Então a MacKenzie cruzou os braços, olhou par mim e gritou:

“E AÍ, NIKKI, ESTÁ SE DIVERTINDO BASTANTE?!”


É claro que es e comentário engraçadinho fez com que tod s ris em ainda mais.

Foi a coisa MAIS CRUEL que a MacKenzie poderia ter dito, até p rque ela era uma das responsáveis
pela “diversão”.

Me senti tão humilhad que comec i a ch rar.

A boa notícia é que as lágrimas tirar m os restos de comida que eu tinha nos olhos e voltei a
enxergar.
A má notícia, p rém, é que a primeira coisa que vi foi um car ajoelhado na minha frente com uma
câmera pendurad no pescoço.

E só UMA pes oa na escola inteira tem uma câmera des as.

Em meio segundo eu já tinha certeza de que ap rec ria na PRIMEIRA PÁGINA da próxima edição do

j rnal da escola !

E eu NÃO ia mandar es e artigo par nenhum parente.

Estav na car que, de uma f rma ou de outra, a MacKenzie havia seduzido o Brandon com seu
incrível charme e o levado par o LADO NEGRO!
E depois fez LAVAGEM CEREBRAL nel !

Com é que o garot de quem eu estav A FIM – o AMOR secreto da minha vida – poderia fazer
algo tão HORRÍVEL e MALDOSO comigo?!

Me senti com se o meu c ração tives e sido apunhal do com a minha caneta da s rte – aquela rosa
com tinta brilhante, que tem penas, pingentes e lantejoulas na ponta –, e eu tives e sido ab ndonad
agonizando. No chão da cantina do colégio. Com tod mundo olhando. E rindo. Pelo meu am do
BRANDON!!

Então acontec u a coisa mais bizarra.

Brandon meio que s rriu par mim, col cou a câmera de lado, segurou a minha mão e me levantou do
chão.

“Você... está bem?”

Eu tentei dizer “Sim”, mas a minha voz emitiu um som estranho, com se eu estives e engasgad ou
algo as im. Então eu engoli e respirei fundo.

“Claro. Estou bem. Eu comi mac rrão no jantar ontem, mas el não era as im tão liso!”

Me encolhi toda. Não dav par acreditar que eu tinha dito aquilo. Eu sou tão RETARDADA!!

Então eu fiquei olhando, encantad , par o Brandon, enquanto el me pas av um guardan po. Parecia
que tudo estav em câmera lenta. Eu quase MORRI quando acidentalmente nos os dedos se
TOCARAM...
... mesmo que tenha sido tão rápido, com um esquilo amável p rém selvagem sugando o doce néctar de
uma daquelas delicad s fl res roxas do jardim da minha mãe, que meu pai matou sem quer r com o
ven no par ervas daninhas. Nos o olhar se cruzou e, p r um segundo, foi com se estivés emos olhando
par dentro da profunda e mística caverna que existe em nos a alma. Eu me lembrarei PARA
SEMPRE das pal vras que el cochichou no meu ouvido trêmulo:

“É... Eu acho que você está... com um negócio na car ”.

Eu fiquei vermelha e com as pernas bambas. “Acho que é o meu almoço...”

“É, dev ser...”

Infelizmente, nos o papo emo (que, aliás, quer dizer “emotivo”) foi bruscamente interrompido pelo
monit r do ref itório, o sr. N rfolk. Mas tod mundo o cham de sr. No... e uma pal vra não muito
agradável.
Ele começou a limpar a bagunça no chão e a dar um sermão sobre a minha responsabilidade, com uma
jovem adulta, de manter a comida na bandeja o tempo tod . Brandon revirou os olhos de maneira
supercharmosa e meio que s rriu par mim de novo.

“Acho que nos vemos na aula de biol gia.”

“Sim... tá bom. E obrigad . Pelo guardan po e tal.”

“Ah, bel za.”

“Na verdade, a gente usa guardan pos iguais a es es lá em cas . Minha mãe compra na prom ção. No
supermercado...”

“Ah... legal. Bom, até mais.”

“Até, nos vemos na aula de bio.”

Brandon pegou sua mochila e saiu do ref itório.

Eu apertei o guardan po contra o peito e suspirei.

Apesar de tudo que tinha acontecido, eu de rep nte fiquei MUITO feliz e comec i a sentir, tipo,
b rboletinhas pelo meu c rpo tod .

Mas is o durou só uns dez segundos, que foi o tempo que levou até eu repar r na MacKenzie.

Ela estav MUITO brav , de boca aberta e com a car toda t rta.
Na real, ela estav meio as ustad ra!

“Espero que você não seja IMBECIL a ponto de achar que ELE iria gostar de uma FRACASSADA
com você!”, ela gritou enlouquecida.

Mas eu acho que ainda estav meio des rientad , p rque não tinha a men r ideia do que ela estav
fal ndo.

“Ahn... el QUEM?”, perguntei.

Foi quando a Jes ica deixou escap r: “Você é tão IDIOTA. MEU DEUS! Olhem! Eu acho que ela
MIJOU nas calças!”

E a MacKenzie dis e: “MEU DEUS! Você tem razão. Ela MIJOU nas calças!”
As duas começar m a rir e a apontar par mim de novo.

Eu só revirei os olhos e dis e: “Tá bom! Eu derrubei LEITE nas calças. Vocês são tão burras que não
sabem nem o que é leite?”

Depois dis o, saí c rrendo do ref itório e entrei no primeiro banheiro feminino que encontrei.

Lá dentro tinha umas cinco meninas em frente ao espelho, experimentando os sab res do glos umas
das outras.

Elas ficar m completamente par lisad s e me encar vam em choque, de queixo caído.

Era com se NUNCA tives em visto alguém coberto de mac rrão e crem de cer ja da cabeça aos pés.

Com tem gente GROSSA!

Voltei par o c rred r cambaleando, com um zumbi. Mas, em vez de deixar uma trilha viscosa de
carne podre, eu deixav uma trilha de mac rrão, molho e crem de cer ja.

Então me dei conta de que a p rta do depósito do zelad r estav entreaberta. Espiei ali dentro e,
com não havia ninguém, entrei de fininho e fechei a p rta.

Eu me sentia PÉSSIMA! Foi quando comec i a ch rar e a escrev r no meu diário.


Log comec i a ouvir algumas vozes vag mente familiares sus urrando e rindo do outro lado da p rta.

Eu tinha certeza de que a panelinha da MacKenzie estav tentando me encontrar par me encher
ainda mais o saco com a história do xixi nas calças.

“Tem certeza de que ela está aí dentro?”

“Acho que sim. O mac rrão vai até a p rta e depois desap rec . E, veja, aqui tem pegad s de cer ja!
Ela só pode estar aqui.”

Só pensei: QUE BELEZA!

Naquela h ra, eu teria feito qualquer coisa par EVAPORAR.


Então elas tiveram a c ragem de bater na minha p rta. Bem, não exat mente na minha p rta, mas na
do depósito do zelad r.

Me senti com aquelas vítimas de filme de terr r, que estão sozinhas em cas e ouvem alguém batendo
na p rta.

E, quando elas vão abrir, a plateia toda fica gritando: “NÃO ABRE! NÃO ABRE!”

Mas elas abrem mesmo as im, p rque não sabem que estão num filme de terr r.
SEXTA-FEIRA 14 (O MINUTO DO PESADELO)

Mas eu não sou TÃO burra!

Ã
Eu SABIA que estav presa num filme de terr r, então NÃO abri a p rta do depósito do zelad r.
De rep nte tudo ficou em silêncio, e suspeitei de que se trat va de um truque par me fazer pensar
que elas tinham ido emb ra.

Mas algo me dizia que elas continuav m lá f ra.

“Nikki, você está bem?! Nós ac bamos de saber o que acontec u.”

“Sim, a gente queria saber se está tudo bem!”

Então, finalmente eu reconheci as vozes.

Eram a CHLOE e a ZOEY!!


A Zoey dis e: “Amiga, não me faça derrubar a p rta, p rque você sabe que eu sou bem cap z de
fazer is o!”

Is o me fez rir, p rque a Zoey tinha dificuldade até par abrir o armário. E às vez s até
garrafinhas de água.

E eu tipo: Ah, tá!

Então a Chloe falou: “Se você não sair daí e vier fal r com a gente, nós vamos ENTRAR!”

A próxima coisa que eu notei foi elas duas enfiando a cabeça dentro do depósito e fazendo um monte
de palhaçad s.

A Chloe começou a urrar, enquanto chacoalhav as mãos feito uma louca, e a Zoey ficou mostrando a
língua e piscando par mim.
Elas estav m tipo...

“E AÍ, AMIGA!!”
P r algum motivo, vê-las me fez começar a ch rar de novo. Pouco tempo depois, estávamos as três
bem calmas, discutindo no depósito do zelad r sobre o dram tod que tinha rolado p r causa da
Jes ica e da MacKenzie.

Mas não contei a parte do Brandon, p rque ainda estav com um pouco de vergonha dis o. E também
p rque eu tinha certeza de que el escolheria a MacKenzie em vez de mim. Se eu fos e um garot ,
também escolheria. Eu não tinha NENHUMA esperança de que o Brandon gostas e de mim de verdade.
O intervalo do almoço pas ou voando. A Chloe e a Zoey me ajudar m a esfregar a mai r parte das
manchas de comida da minha roupa com toalha e sabão na pia do banheiro.
Mas algumas manchas não saíram. E eu mal acreditei quando a Zoey foi c rrendo até o armário dela
par pegar seu blusão da s rte fav rito par que eu vestis e p r cima e escondes e a sujeira.

E a Chloe dis e que, se eu pas as e mais um pouco de seu glos ultrabrilhante Bal de Maçã e um pouco
de seu delinead r azul-marinho, tod mundo (principalmente os garot s) repar ria nos meus lindos e
sab ros s lábios e nos meus olhos encantad res, em vez de prestar atenção naquela mancha de mijo...
quer dizer... de LEITE na parte da frente da minha calça.

Que, par minha s rte, não estav muito visível, p rque já estav começando a secar.

Apesar de todas as coisas ruins que acontec ram comigo durante o almoço, eu definitivamente me
sinto bem melh r ag ra. Talvez eu não odeie mais tanto as im es e colégio. Mas aposto que o Brandon
me acha uma

TREMENDA OTÁRIA!!
QUARTA-FEIRA, 18 DE SETEMBRO

Eu acho que estou sofrendo de semcelularofobia.

Sei que o nome parec de uma doença asquerosa em que o doente fica coberto da cabeça aos pés com
feridas e verrugas, ou qualquer outra coisa nojenta des as.

Mas, na verdade, é o medo irracional de NÃO ter um celular.

A pi r coisa de sofrer de semcelularofobia é que ela pode causar alucinações e levar você a fazer
coisas incrivelmente BABACAS.

Acho que eu tive um at que des a doença deg nerativa hoje, quando estav voltando da escola.

Eu tive a impres ão de ver jogado na calçad , ao lado da nos a caixa de c rreio, um aces ório de
celular pequeno e superbonitinho, daquel s que se encaixam atrás da relha.

Fiquei tipo: “MARAVILHA!! Um aces ório de celular caiu do céu DE GRAÇA! Parec ÓTIMO!”

Mas, quando cheguei mais perto, notei que era c r da pel .

Percebi que o que eu tinha encontrado era, na verdade, um APARELHO AUDITIVO.

Óbvio que eu fiquei arras da quando me dei conta dis o, p rque já estav vibrando p r ter
encontrado um aces ório de celular de graça, bem ali no meio da calçad .

Achei que o ap relho devia ser da sra. Wal ab nger, a velhinha que m ra na cas ao lado da nos a.
Eu suspeitav que ela andav meio surda p rque nos últimos dias, quando eu estav indo par o colégio
e dizia “Bom dia”, ela me pedia par rep tir umas set vez s.

Ela tem um y rkshire esquelético cham do Muf in e o leva par pas ear duas vez s p r dia. O
Muf in parec uma bola de algodão com quatro pat s, mas é tão cruel quanto um doberman .

Enfim, pas ei uns cinco minutos tentando decidir se batia ou não na p rta da sra. Wal ab nger par
perguntar se ela tinha perdido seu ap relho auditivo. Mas me dei conta de que, se ela NÃO tives e
perdido, eu perderia um bom tempo e en rgia. E, se ela TIVESSE, seria um desperdício de tempo e
en rgia AINDA MAIOR. E eu tinha razão. Acontec u o seguinte:
O QUE EU DISSE O QUE ELA DISSE
Olá, sra. Wal ab nger. Só vim perguntar se a O que você dis e, menina?
senh ra perdeu seu ap relho de audição.
Seu APARELHO AUDITIVO!! A senh ra perdeu? Ahn? Fal mais alto, pode ser?
A senh ra perdeu seu APARELHO AUDITIVO?! Ahn? Você dis e que eu tenho um ESPELHO
MUITO ANTIGO??
APARELHO AUDITIVO!! APARELHO Não tente me fazer de boba, sua pestinha! Se eu
AUDITIVO!! preciso de um espelho novo ou não, is o não é da
sua conta. SAIA JÁ DA MINHA CASA!!

E eu tipo: “Deixa pra lá!” Meu papo com a sra. Wal ab nger NÃO foi muito bom. Então resolvi ficar
com o ap relho dela p r um tempo. Com ela só sai de cas par pas ear com o cach rro, o que era o
PIOR que poderia acontec r?!
Tá bom, talvez a PIOR coisa que pudes e acontec r seria a sra. Wal ab nger ser atropelad p r um
caminhão.

Mas is o seria MINHA culpa?!


QUINTA-FEIRA, 19 DE SETEMBRO

Hoje a minha profes ra de ciências, a sra. Si mons, lembrou à turma que o nos o trab lho sobre com
a reciclagem pode ajudar a interromper o aquecimento global tem de ser entregue na próxima
segunda. Eu ainda não tinha a men r ideia do que ia fazer. Provavelmente ac baria esperando minha
criatividade desabrochar e inventaria alguma coisa na última noite antes da entrega, com sempre.

Na h ra do almoço, vi as GDPs amontoad s ao red r da MacKenzie, histéricas p r causa do novo


celular Prad que ela tinha ganhado. E adivinha só! Ela tinha um aces ório encaixado ao red r da
relha que era quase idêntico ao ap relho auditivo que eu tinha encontrado.

Mesmo que eu já estives e me sentindo meio culpad p r ficar com o ap relho auditivo da sra.
Wal ab nger, de rep nte tive uma ideia brilhante par o trab lho de ciências. Era o seguinte:

1. Estimular a reciclagem par diminuir a poluição.

2. Ajudar a ac bar com o aquecimento global reduzindo o número de gostos nas que ficam
tag relando sem par r no celular.

3. Fazer a minha popularidade no colégio bombar levando tod mundo a acreditar que eu tenho um
des es celulares caros, igualzinho ao da MacKenzie.

Peguei emprestad a filmad ra do meu pai e filmei o trab lho.

COMO FAZER UM CELULAR FAUX UTILIZANDO UM APARELHO


AUDITIVO
(Um trab lho de ciências p r NIKKI MAXWELL)
Olá, eu sou a Nikki. Vou mostrar a vocês com fazer um celular “faux” utilizando um ap relho
auditivo. A pal vra “faux” é pronunciad “fô”, com em “fobia”. É uma pal vra em francês que só
gente metida usa, e quer dizer “falso” ou “f rjado”.

PRIMEIRO PASSO: SEPARE OS MATERIAIS

Par este trab lho, você vai precisar de:

• 1 ap relho auditivo (reciclado, encontrado ou “emprestado”)


• 1 prato de papelão
• 1 tubo de tinta spray (preta ou pratead , dep ndendo do modelo que você quer fazer)

SEGUNDO PASSO: PINTE O APARELHO AUDITIVO


Utilizando a minha criatividade e tod o meu talento par a arte e os trab lhos manuais, col co o
ap relho auditivo reciclado da sra. Wal ab nger – quer dizer, o MEU ap relho auditivo reciclado no
prato de papelão.

Então, eu o pinto cuidadosamente com tinta preta metalizad .

Em seguida, deixo a tinta secar p r trinta minutos.

Reciclar é uma atitude fundamental par ac bar com o aquecimento global, com a minha excel nte
profes ra, a sra. Si mons, nos ensinou na aula de ciências. (Palmas par a sra. Si mons.)

TERCEIRO PASSO: CRIE UM ROTEIRO PARA SUAS CHAMADAS FAUX


Mesmo que seu celular pareça tão real que é cap z de engan r até sua família e seus amigos, é preciso
lembrar sempre que el NÃO é de verdade. Is o significa que você terá de inventar coisas faux
(falsas) par fal r quando estiver usando o celular, tipo:

1. “Triiiiiiiim! Triiiiiiiiiim!”
(Is o é seu tel fone tocando. Recomendo usar uma voz bem aguda par que pareça de verdade. Ou
você pode cantar ou murmurar sua música fav rita.)

2. “MEU DEUS! NÃO ACREDITO que ela dis e is o! Vou desligar e ligar par a (insira o nome da
mai r fofoqueira da sua escola) ag rinha!”

3. “Eu ad raria dar meu número par você, mas já rec bo TANTAS ligações que meus pais estão
dizendo que, se eu der o número par mais alguém, vou ficar sem tel fone. Mas, se quiser, eu pos o
botar seu nome na lista de espera...”
4. “Alô? Alô? Tá me ouvindo ag ra? Tá c rtando a ligação! Alô?!”

5. “#@$%&!! Caiu de novo! EU ODEIO ter conta na (insira o nome da pi r operad ra da sua
região)!”

6. “Alô, eu queria pedir uma pizza grande com (insira o ingrediente que você mais gosta) extra e sem
(insira o ingrediente que você menos gosta). Obrigad !”

7. “PUTZ! Es a p rcaria não está funcionando! Ou está sem bateria, ou eu preciso comprar créditos.
Desculpa!”
(Es a mentira muito convincente você vai contar sempre que alguém pedir seu celular emprestado par
dar uma ligadinha. LEMBRE-SE DE QUE ELE NÃO É DE VERDADE!)

QUARTO PASSO: ENCAIXE SEU CELULAR FAUX NA ORELHA E COMECE A FALAR


Par béns!
Seu novo celular faux já está pronto par ser usado!

IMPRESSIONE sua família e CAUSE INVEJA em seus amigos.

E o mais imp rtante: faça a SUA parte par ajudar a DIMINUIR o aquecimento global. Transf rme
seu velho ap relho auditivo em um celular faux hoje mesmo!

***FIM***

Infelizmente, eu tive alguns probleminhas com o quarto pas o. Depois do jantar, decidi treinar um
pouco o barulho do meu toque, par que eu pudes e começar a rec ber ligações falsas já no outro dia
no colégio. Eu estav usando meu tel fone fazia uns cinco minutos quando comec i a sentir algo
parecido com uma queimadura na relha direita e em volta dela.

Depois de dez minutos, aquilo se t rnou uma irritação na pel . Daquelas que incom dam MUITO.

Não dem rei par chegar à conclusão de que aquela irritação na pel era culpa da minha MÃE!

P r que ela nunca se preocupou em me dizer que eu sou superalérgica a tinta spray preta metalizad ?
Ela TINHA que saber is o, né? Foi ela quem me bot u no mundo!

S rte a minha que meu pai ainda tinha um pouco de antialérgico guardado, da vez em que el foi
at cado p r aquel s marimbondos. Então eu apliquei em volta da relha e em uma parte da bochecha.

Com eu não tinha mais nad par fazer com o ap relho auditivo da sra. Wal ab nger, decidi que a
coisa mais ética e c rreta seria devolver o negócio par ela.

ANONIMAMENTE!
Botei o ap relho numa caixinha com um laço e grampe i um recadinho em cima. Deixei na frente da
p rta dela, toquei a campainha e saí c rrendo. Não é que eu estives e com medo dela nem nad . Só
queria fazer uma surpresa.

Mais tarde, vi a sra. Wal ab nger pas eando com o cach rro, e ela estav com o ap relho e um s rriso
en rme no rosto.

Se ALGUM DIA eu encontrar outro ap relho auditivo na calçad , tenho certeza de que vou pas ar
reto. Só espero que:

1. Eu tire uma nota alta no meu trab lho sobre o aquecimento global.

2. Es a irritação na minha pel suma antes da aula de am nhã.

ECA! !!
SEXTA-FEIRA, 20 DE SETEMBRO

Eu já havia ac rdado e estav me prepar ndo par ir ao colégio quando notei que eu AINDA estav
com a alergia causad pelo meu celular faux! Quase engasguei com a pasta de dente branquead ra de
menta, com brilho extra, antitártaro e antiplac s.
Ag ra que o gatinho do Brandon finalmente not u minha existência, eu NÃO PODIA ir par o colégio
com uma irritação que fazia minha relha parec r a de um elfo com graves queimaduras de sol. Sabe
aquel s elfos de des nho animado que fazem biscoitos dentro de uma árv re infestad de f rmigas,
cupins, centopeias e besouros? Sempre me perguntei o que eram aquelas coisas marrons crocantes nos
biscoitos. Eca a a a!

Ã
Enfim, eu sabia que a minha mãe NÃO ia me deixar mat r aula a não ser que eu estives e com pelo
menos uns 140 graus de febre. Que, aliás, é a mesma temperatura na qual ela as a o peru de Nat l.

O lema da minha mãe é: “Ei! P r que deixar que um simples caso de gangrena ou lepra a impeça de
rec ber uma boa educação?!”

Depois de tentar tod s os truques pos íveis, finalmente descobri com convencer a minha mãe de que
estou muito mal par ir à escola. Tenho que FINGIR que estou vomitando até as tripas.

Quão DOENTIO é ISSO?!

Tive es a ideia no último inverno, quando a Brian a tev infecção intestinal. Minha mãe tirou folga do
trab lho e deixou a minha irmãzinha faltar no colégio p r uma seman inteirinha.

Par completar, ela comprou tod s os filmes da Disney fav ritos da Brian a em DVD e um jog de
computad r novo par ela ter o que fazer quando estives e em cas .
Acho que a mamãe dev ter ficado muito com vida com aquel vômito tod . Umas três seman s depois,
eu faltei na escola p r causa de uma infecção na garganta e achei que is o ia me render pelo menos
alguns CDs novos. Mas tudo que ganhei foi uma caixa de picolés. E, par pi rar, era tudo sem açúcar

e de baixa cal ria. Parecia suco de pepino congelado no palitinho. Fiquei tipo supersatisfeita!

Valeu mesmo, mãe!

Mas eu tenho de admitir: a Brian a ESTAVA mesmo muito pi r do que eu. Ela não conseguia segurar
nad no estômago, nem água!

Eu me recusav a chegar perto dela sem a minha cap de proteção antivômito:


Com eu sabia que a minha mãe não ia considerar minha alergia grave o suficiente par me deixar
ficar em cas , decidi descer e fazer uma batida de vômito falso, também conhecido com “vômito
faux”. O mais engraçado é que eu precisei fazer es e vômito faux p r causa da inflam ção causad
pelo meu celular faux. A vida é mesmo cheia de pequenas ironias.
Minha s rte é que fui a primeira a levantar, então eu tinha a cozinha inteira só par mim p r uns
quinze minutos. Com eu ia ac bar fazendo sujeira, botei meu pijam velho de c raçõezinhos e c rri
par o andar de baixo.

Minha rec ita secreta era superfácil e tinha cheiro e ap rência de vômito de verdade:

VÔMITO FAUX PARA FALTAR NA ESCOLA

1 xícar de floc s de aveia cozidos

½ xícar de crem azedo (ou manteiga rançosa, ou qualquer coisa que tenha cheiro de leite
estrag do)

2 palitinhos de queijo picados (par dar textura)

1 ovo cru (par ficar bem pegajos )

1 lat de ervilha (par col ração verde podre)

¼ de xícar de uva-pas a (par ficar mais nojento)

Misture os ingredientes e cozinhe em fog baixo p r dois minutos.

Deixe a mistura esfriar até a temperatura de vômito.


Use livrem nte, o quanto f r nec s ário.
Rende de 4 a 5 xícar s.
ATENÇÃO: Is o é TÃO nojento que pode fazer mal ao seu estômago de verdade, levando você a

vomitar de verdade. Nes e caso, você terá que faltar à aula de verdade !

Col quei duas xícar s em uma tigela e subi de novo par o segundo andar. Fui até o meu quarto e
espalhei a mistura na parte da frente do meu pijam de c raçõezinhos. Daí gritei numa voz bem
manhosa:

“MÃE! P r fav r, vem c rrendo! Não tô me sentindo muito bem. Tô com o estômago embrulhado, e
acho que eu vou...

ble a a a rrrrg hhhhh!”


Claro que funcion u perfeitamente !! Minha mãe caiu direitinho e dis e que eu não só estav com
o estômago embrulhado com também tinha uma inflam ção na relha.

Ela dis e que, com eu não estav com febre, era bem provável que me sentiria melh r se pas as e o
dia de repouso na cam . Respondi que já me sentia bem melh r (piscadinhas inocentes). Daí ela limpou
meu “vômito”, me ajudou no banho e me col cou de volta na cam , com direito a beijinho e tudo.

D rmi até meio-dia, h ra do program da Tyra Banks. Eu simplesmente AMO es a MULHER!

Mas, quando fui até a cozinha par beliscar um pouco do almoço, me dei conta de que tinha me
ESQUECIDO completamente de jogar as sobras do vômito faux no lixo.

P r is o, quando eu vi que a minha mãe tinha deixado um bilhet no balcão onde estav a panela
(ag ra vazia), SABIA que tinha me metido na MAIOR encrenca. Entrei em pânico, e meu estômago
ficou embrulhado, mas des a vez DE VERDADE! O bilhet dizia:
Pas ei a tarde toda vendo TV e at cando a geladeira. Eu até pedi uma pizza!
Além dis o, TRÊS coisas me deixar m superfeliz:

1. O program da Tyra Banks estav DEMAIS!

2. Minha alergia sarou completamente.

3. Meus pais acham que eu sou uma versão de 14 anos da Nigel a.


SEGUNDA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO

Eu acho que a Chloe e a Zoey ficar m malucas de vez!

Primeiro, elas quase surtar m quando a sra. Peach dis e que levaria seis de suas AOBs mais dedicad s
par Nova Y rk par participar da Seman Nacional da Biblioteca.

Pelo que eu entendi, é com se fos e um carnav l só de pes oas que am m bibliotecas. A sra. Peach já
está planejando tudo, mesmo o ev nto só sendo em abril – ou seja, ainda faltam set mes s.

Mas, quando a sra. Peach dis e que rolaria uma confraternização com vários escrit res famos s, tipo
a Stephenie Mey r, a Meg Cabot, o Rick Ri rdan e um outro car que eu nunca ouvi fal r (a Zoey
dis e que el é filho do dr. Phil e o guru da autoajuda par adolescentes PREFERIDO dela), a Chloe
e a Zoey começar m a pular de um lado par o outro e a berrar até não poder mais.

Eu falei: “Amigas, fiquem SUSSA, PLEEEASE!”

ANÚNCIO DA SRA. PEACH


Quer dizer, eu até estav empolgad , mas não DESSE JEITO. Ag ra, se a sra. Peach avisas e que ia
nos levar par Nova Y rk par uma confraternização com, sei lá, os Jonas Brothers, o Kanye West E
o Justin Timberlake, eu teria tido um treco, desmaiado e me revirado no chão num at que epilético.

O QUE EU QUERIA QUE A SRA. PEACH TIVESSE ANUNCIADO...!


A Chloe e a Zoey são muito queridas e ótimas amigas. Mas eu tenho que admitir que às vez s elas
são... tipo... MUITO ESTRANHAS!!

Durante tod o tempo que a gente pas ou rganizando os livros, elas ficar m fal ndo sobre com
precisávamos fazer algo realmente especial par convencer a sra. Peach a escolher nós três par ir a
Nova Y rk.

“E p r que a gente simplesmente não tenta ser as AOBs MAIS dedicad s?”, sugeri. “Podíamos
começar tirando a poeira des es livros.”

Me parecia, tipo, óbvio.


Mas a Chloe e a Zoey olhar m par mim com se eu fos e louca.

“TODAS as outras AOBs vão fazer coisas chat s com ESSA par tentar impres ioná-la!”, a Chloe
suspirou.

“Claro! Nós temos que bolar algum plano secreto par surpre nder a sra. Peach!”, a Zoey dis e,
empolgad .

Tá bom, tirar a poeira dos livros NÃO era exat mente uma ideia genial. Mas pelo menos me ajudaria a
espirrar menos.

Nós estávamos botando em rdem umas revistas novas quando a Chloe encontrou uma Que Demais! e
começou a folhear. De rep nte, ela deu um gritinho:

“MEU DEUS! É exat mente is o que a gente devia fazer!”


“O quê? Fazer uma transf rmação e virar modelos?”, perguntei sarcasticamente.

“NÃO! Óbvio que não!”, ela respondeu, revirando os olhos.

“Já sei! Já sei! Deixe. Seu. Rosto. Livre. De. Espinhas!”, dis e a Zoey, lendo uma das cham das na
cap da revista.

“Claro que não!”, dis e a Chloe. “Não é is o!” Ela estav tão empolgad que parecia que seus olhos iam
saltar par f ra. Então ela enfiou a revista na nos a car e apontou.

“...ISSO!!”
Zoey e eu ficamos tipo: “TATUAGEM?! Você tá LOUCA?!”

“Uma tatuagem de incentivo à leitura seria PERFEITA! E ia mostrar com nós som s sérias e
comprometidas. Com certeza a sra. Peach nos escolheria par a viagem!”, gritou a Chloe.
“Que ideia IRADA!”, dis e a Zoey, olhando com admiração a modelo linda e tatuad na cap da
revista.

“Aposto que vamos ficar tão descolad s quanto ela quando fizermos as nos as! DEMAIS!”

Ok. Eu aguentaria numa boa uma viagem chat par a Seman Nacional da Biblioteca. Mas jam is
faria uma tatuagem par CELEBRAR uma viagem chat par a Seman Nacional da Biblioteca. Aliás,
QUE tipo de tatuagem eu faria?
Eu tinha de pensar rápido. “Hum... Eu também acho que é uma ótima ideia, gente. Mas uns dias atrás
eu descobri que sou... superalérgica a... ap relhos auditivos pintados com spray.”

A Chloe e a Zoey ficar m perdidas.

“P r que alguém pintaria um ap relho de audição com tinta spray? Is o é TÃO bizarro!”, dis e a
Chloe, bal nçando a cabeça com se eu fos e realmente patética. A Zoey conc rdou.

Foi quando eu me irritei e comec i a gritar com elas: “Vocês sabem o que eu acho BIZARRO? Bizarro
é fazer uma TATUAGEM par a Seman Nacional da Biblioteca!!” Mas is o tudo eu dis e dentro da
minha cabeça, então só eu mesma escutei.

“Bem, tintas de spray e de tatuagem são ambas... hum, col ridas, então eu tenho certeza de que sou
alérgica”, eu dis e. “O que é muito injusto, p rque eu estav doida par fazer uma tatuagem um dia,
antes de m rrer.”

“Bom, se é uma questão de saúde, nós entendemos, né, Zoey? Ei! P r que você não nos ajuda a
escolher as nos as tatuagens?” A Chloe estav tentando fazer com que eu me sentis e melh r.
“É, vamos pedir par nos os pais nos levarem neste fim de seman !”, dis e a Zoey com empolgação.
“Mal pos o esperar par ver a car da sra. Peach quando vir a nos a tatuagem!”

Mas eu já sabia qual seria a car dela quando vis e a Chloe e a Zoey...

POBRE SRA. PEACH!!


TERÇA-FEIRA, 24 DE SETEMBRO

Eu tinha esperanças de que a Chloe e a Zoey desistis em des a ideia maluca de fazer tatuagem da
Seman Nacional da Biblioteca. Graças a Deus, os pais delas dis eram: “Nem pensar!” Mas, quando me
encontrei com elas na aula de educação física, elas ainda estav m bem chatead s.

Nos a profes ra nos dividiu em grupos de três par a prova de balé, e no começo fiquei feliz que a
Zoey, a Chloe e eu tínhamos ficado juntas. Cad grupo tinha de escolher uma música da coleção de
CDs da profes ra e criar uma pequena c reografia usando os cinco pas os de balé que havíamos
aprendido nas últimas seman s. Com eu sabia fazer tod s el s, tinha certeza de que tiraria 10 na
prova, ou, na pi r das hipótes s, 8.

Mas, infelizmente, a Chloe e a Zoey estav m deprimidas demais par dançar.

Eu dis e alguma coisa do tipo: “Vamos lá, gente, animem-se! Nós temos de fazer a nos a c reografia e
praticar um pouco antes que o tempo ac be”. Mas as duas só olhar m par mim com car de cach rro
pidão.
“Eu não acredito que os nos os pais não vão deixar a gente fazer a tatuagem! É muito injusto!”,
resmungou a Chloe.

“E ag ra a sra. Peach NUNCA vai nos escolher par a viagem a Nova Y rk! É com se tod s os
nos os sonhos tives em sido DESPEDAÇADOS!”, a Zoey ch ramingou, enxugando uma lágrima.

Elas pas ar m os 45 minutos seguintes desab fando, e eu, que sou uma amiga sensível e atenciosa,
fiquei bem quietinha ouvindo.

Daí a profes ra veio e falou que já estav pronta par começar a av liação e que nós seríamos o
segundo grupo. Eu quase enfartei, p rque nós ainda não tínhamos nem escolhido a música, muito menos
feito a c reografia.

Fui c rrendo pegar um CD e o único que tinha sobrado era O lago dos cisnes. E, com eu vi a
MacKenzie mex ndo nel uns minutos antes, fiquei superdesconfiad . Então, a primeira coisa que fiz
foi abrir a caixinha e dar uma olhad . Fiquei surpresa e aliviad ao ver que o CD ainda estav ali
dentro. Eu não confiav nem um pouquinho nes a garota.

O grupo da MacKenzie foi o primeiro, e eu tenho que admitir que elas se saíram superbem. Mas não
foi p r causa do talento natural delas. Somad s, as três tinham tido aulas particulares de balé p r,
sei lá, 89 anos. Elas dançar m a “Dança da fad açucar da” e terminar m a c reografia as im:
Que bando de EXIBIDAS! Tipo, que bailarina de verdade terminaria uma c reografia abrindo
espac te e fazendo XIS par a fot (ou seja, “s rrindo”), com se estives e contente p r ter
ac bado de tirar o ap relho dos dentes? E eu tipo: “Ei, amigas! Is o NÃO É a Dança dos famos s!”
Mas eu dis e is o dentro da minha cabeça, então só eu mesma escutei.

Nós éramos as próximas, e começou a me dar um frio na barriga. Não que eu estives e nervosa, só
odeio pas ar vergonha em público. A Chloe dev ter visto minha car de pânico, p rque cochichou:
“Não fique nervosa! Só vai rep tindo os meus movimentos. Eu tive três seman s de aula de balé quando
estav na segunda série!” Eu dis e: “Obrigad pela inf rmação, Chloe. Ag ra estou me sentindo BEM

melh r!”

Então a Zoey cochichou: “O que fica atrás de nós e o que jaz à nos a frente têm muito pouca
imp rtância, compar do com o que há dentro de nós. Ralph Waldo Emerson”. O que, obviamente, não
tem NADA a ver com NADA!

Eu tive um mau pres entimento quanto à nos a c reografia, e nós nem havíamos começado. Até p rque
eu descobri que o nos o CD, na verdade, NÃO era de O lago dos cisnes. Estav escrito O lago dos
cisnes na caixinha, mas no CD tinha outra coisa escrita. Quando li o que era, fiquei tipo:

Era Thril er, do Michael Jackson!

Então a profes ra arrancou o CD da minha mão, col cou no ap relho de som e dis e par nos
posicionarmos.

Eu ia explicar par ela que estávamos com um probleminha com a música, mas me distraí quando o
grupinho da MacKenzie começou a dar gritinhos e a se abraçar. Elas tinham tirado nota 10. Mas não
é que eu estives e com inveja nem nad . P rque, né, is o seria superimaturo.

Enfim, quando a nos a música começou, a Chloe dev ter esquecido totalmente que nós dev ríamos
apres ntar uma c reografia de balé, p rque começou a fazer uns pas os de dança cheios de suingue,
com se fos e um daquel s zumbis do clipe de “Thril er”.

Quando me dei conta, a Zoey também estav começando a agir feito um zumbi, então eu não tive
escolha e fiz a mesma coisa. Até p rque percebi que a profes ra provavelmente tiraria pontos se a
Chloe e a Zoey estives em andando p r aí feito m rtas-vivas e eu ign ras e tudo e ficas e fazendo
pliés.

Tá certo. Eu gosto muito, muito das duas. Mas, enquanto dançav com elas, eu não conseguia par r de
pensar: Eu sou o quê? Um ímã par gente DOIDA?!

Fiz f rça par lembrar que a culpa era da MacKenzie, e não DELAS.
Na verdade, fiquei surpresa ao ver que a Chloe e a Zoey dançav m bem. Parec que a nos a
profes ra ficou muito impres ionad também, p rque, quando terminamos, ela ficou nos olhando de
queixo caído e começou a bater na mesa com a caneta. Daí pediu par fal rmos com ela depois da
aula. Nós estávamos supernervosas, p rque não sabíamos o que esperar. A Chloe e a Zoey achar m que
talvez ela fos e nos convidar par participar do grupo de dança do colégio, já que ela era as istente
da co rdenad ra. Eu estav cruzando os dedos par que fos e is o, p rque entrar par a equipe de
dança significav , automaticamente, entrar par a panelinha das GDPs.

Nos a profes ra s rriu e dis e: “Meninas, se eu estives e ensinando dança contemp rânea, vocês
tirariam 10!”

Depois de ouvir is o, eu tive certeza de que ela nos daria uma nota boa, mesmo a gente tendo
inventado a c reografia na h ra e dançado a música errad .

Daí a profes ra parou de s rrir.

“Vocês três dev riam ter dançado balé clás ico, mas não chegar m nem perto dis o. A melh r nota que
pos o dar a vocês é 0. Eu sinto muito.”

Nós ficamos tipo: AH. NÃO. ELA. NÃO. VAI. FAZER. ISSO. COM. A. GENTE!!
Eu, a Chloe e a Zoey fom s ESMAGADAS! (LITERALMENTE)
Então gritei par a profes ra: “Você tá LOUCA?! Com é que você vai nos dar 0? Você tem ideia
de com foi difícil fazer es es pas os de dança?

Com certeza el s eram MUITO mais difíceis do que pareciam! Quero ver VOCÊ fazer o mo nwalk
com um zumbi, minha filha!”

Mas is o tudo eu dis e dentro da minha cabeça, então só eu mesma escutei.

E sabe o que mais? Depois dis o, a profes ra ainda tev a car de pau de nos dizer: “Par o
chuveiro!” Tipo, o que ir par o chuveiro tem a ver com balé clás ico?! ABSOLUTAMENTE NADA!!

Ã
Eu fiquei meio irritad com a Chloe e a Zoey p rque, se elas NÃO tives em perdido tempo se
lamentando p r causa da tatuagem e da Seman Nacional da Biblioteca, nós poderíamos ter feito uma
c reografia dec nte par a música certa e ter tirado pelo menos 6. Mas NÃÃÃÃÃÃO!

Daí, no almoço, as coisas f ram de mal a pi r. A Chloe e a Zoey

PIRARAM COMPLETAMENTE!
Elas inventar m tod um esquema par fugir de cas e viver escondidas em túneis subterrâneos
embaixo da Biblioteca Pública de Nova Y rk!

Mas a parte mais absurda é que elas estav m planejando fugir na próxima sexta, e daí ficar set
mes s “só curtindo”, até que a Seman Nacional da Biblioteca começas e, em abril.

Elas se deram conta de que, chegando cedo, poderiam entrar DE GRAÇA e ser as PRIMEIRAS na
fila par a confraternização com os aut res.

A Chloe dis e que m rar na biblioteca seria uma “experiência revig rante”, p rque elas poderiam ler
tod s os livros que quises em, 24 h ras p r dia, sem ter de ficar re rganizando-os.

E a Zoey dis e que elas viveriam de Pepsi Diet e D ritos, que pret ndiam roubar da cantina da
biblioteca durante a noite!

NÃO CONSIGO acreditar que a Chloe e a Zoey fariam uma coisa tão maluca, perigosa e ilegal.
E eu pret ndo fazer tudo que puder par IMPEDI-LAS!

POR QUÊ?!

P rque a Chloe e a Zoey são as minhas MELHORES amigas nes e colégio!

E as minhas ÚNICAS amigas nes e colégio! Mas is o não vem ao caso.

Infelizmente, eu só tenho duas opções:

1. Dedurá-las par os pais delas e c rrer o risco de perder sua amizade par sempre.

OU
2. Descobrir um jeito de arranjar par elas umas tatuagens par a Seman Nacional da Biblioteca
imediat mente!!
QUARTA-FEIRA, 25 DE SETEMBRO

Mal consegui d rmir es a noite! Tive pesadelos de com seria a vida da Chloe e da Zoey nos túneis
secretos embaixo da Biblioteca Pública de Nova Y rk.
Em um dos sonhos que eu tive, elas estav m jantando com alguns vizinhos.

E, no mais as ustad r de tod s, eu me cas va com o Brandon Roberts, e a Chloe e a Zoey eram

minhas madrinhas. Mas elas levar m alguns pen tras par o meu cas mento !

Â
Eu ac rdei EM PÂNICO e gritei muito até perceb r que tinha sido só um pesadelo!
QUINTA-FEIRA, 26 DE SETEMBRO

Hoje, durante o café da manhã, a minha querida irmãzinha Brian a me deixou superirritad .

Eu estav sentad bem tranquila, comendo meu Sucrilhos, lendo a parte de trás da caixa e tentando
descobrir o que eu faria par resolver a questão da Chloe e da Zoey.

Elas tinham planejado fugir em menos de 24 h ras.

A Brian a estav comendo Fruit Lo ps e des nhando uma carinha na mão com uma caneta BIC. Ela
dis e que ia cham r a carinha de “Bicuda”, p rque tinha “nascido de uma BIC”.

Eu estav tentando me concentrar nos meus problemas pes oais, mas mesmo as im a Bicuda pediu que
eu a as istis e dançando “A dona Aranha subiu pela pared ” numa versão remixad .
A dona Aranha tentou subir pela t rneira, mas veio um jato f rte e a derrubou, bou, bou, ou, ou.

Aquilo ac bou com a minha paciência, p rque eu nunca curti muito showzinhos de fantoche.

Enfim, pedi par a Brian a e par a Bicuda par rem de encher o meu saco, p rque eu estav num

TREMENDO MAU HUMOR.


E o fato de que a Bicuda cantando parecia uma baleia jubarte em trab lho de parto não ajudou
muito.

Ela dev ter ficado muito ofendida com a minha crítica imparcial sobre sua técnica vocal, p rque
parou de cantar e deu um soc no meu braço.
Então ag rrei a Bicuda e tentei afogá-la na minha tigela de cer al.

Tipo:

A Brian a começou a gritar: “Par ! A Bicuda não sabe nad r! Deixa ela em paz! Você está destruindo
o rosto dela!”

Mas eu não dei mole. Quer dizer, pelo menos não antes de a minha mãe entrar na cozinha.

“P r que diabos você está prendendo a mão da sua irmã num pote de cer al?! DEIXE A BRIANNA
EM PAZ, AGORA!!”

Então eu soltei a Bicuda, já que não tinha escolha.

A Brian a mostrou a língua par mim. “A Bicuda está dizendo que não vai convidar você par a festa
de aniversário dela! Nã-nã-ni-nã-não!!”
Então eu mostrei a língua par ela e dis e: “Eu já deixei de ser convidad par outra festa de
aniversário mesmo. ENTÃO AZAR!” P r es a eu tenho que agradec r a MacKenzie.

Enfim, acho que ensinei uma boa lição par a Bicuda. Aposto que ela vai pensar duas vez s antes de
interromper meu café da manhã de novo (RISADA DIABÓLICA).

Com meu cer al tinha sido contaminado pelos germes da Bicuda, joguei tudo na pia e voltei par o
quarto.

Sentei na cam e fiquei olhando par a pared , enquanto milhões de coisas pas av m pela minha cabeça.

Tenho que admitir: a questão da Chloe e da Zoey parecia um caso perdido, e não tinha nad que eu

pudes e fazer par mudar is o .

Par pi rar tudo, a Bicuda ainda estav cantando desafinad lá na cozinha. Achei que ia começar a
sair sangue dos meus ouvidos. Pensei até em pegar minha caneta fav rita – uma rosa com tinta à base
de água e atóxica – e des nhar um zíper gigante na boca dela par ver se ela cal va a boca. Mas, se
fizes e is o, eu tenho certeza de que a minha mãe ia BERRAR comigo de novo.

Eu basicamente só uso es a caneta par escrev r no meu diário e par me trazer s rte. Mas, nos
últimos tempos, a parte da s rte não está funcionando muito bem.
Eu estav girando a caneta nos dedos quando, de rep nte, tive a ideia MAIS MALUCA! Fiquei tipo:
AI MEU DEUS! Pode ser que dê certo! Escrevi voando dois bilhet s e depois fui c rrendo par o
colégio, quinze minutos mais cedo, par colá-los no armário da Chloe e da Zoey.
Esper i no depósito do zelad r p r cinco longos minutos, que pareciam não ter fim, e estav
começando a achar que talvez elas não ap rec s em. Mas elas finalmente chegar m.

“Espero que você não tenha cham do a gente aqui par tentar nos fazer mudar de ideia quanto à
fuga”, dis e a Chloe, superséria.

“É! Is o é uma coisa que a gente vai ter que fazer de qualquer jeito”, dis e a Zoey, olhando par o
chão.

Tudo ficou tão quieto e triste que eu achei que ia começar a ch rar.

“Ahhh... Eu pedi par vocês virem aqui par fal r do pres nte especial que eu queria dar par vocês na
seman que vem. Mas já que vocês vão emb ra am nhã...”
Óbvio que a Zoey e a Chloe ficar m supercuriosas e começar m a impl rar par que eu dis es e o que
era.

“Bem, vocês podem não saber, mas até que eu sou uma artista bem razoável. Não que eu esteja me
exibindo. E, com vocês são as minhas melh res amigas, decidi fazer uma tatuagem especial par cad
uma! Daquelas que saem depois de um tempo. Em homenagem à Seman Nacional da Biblioteca!”

Num primeiro momento, as duas só olhar m par mim, com se não des e par acreditar no que eu
estav fal ndo.

Então começar m a pular e a gritar e me abraçar m.

EU, A CHLOE E A ZOEY NUM ABRAÇO COLETIVO!


“Só decidam o que vocês quer m”, eu dis e, “e eu penso em alguma coisa no fim de seman e des nho na
segunda durante o almoço. Mas vocês têm que me promet r uma coisa...”

“Qualquer coisa!!”, conc rdou a Zoey. “Deixe-me adivinhar! Nós temos que desistir de fugir de cas e
viver na Biblioteca de Nova Y rk?”

“Bel za, então está oficialmente CANCELADO!”, completou a Chloe, e fez um sinal com as mãos de
que estav tudo terminado.

“Na verdade, não era bem is o”, eu dis e, escondendo o meu s rriso e tentando parec r séria. “Quero
que vocês duas me prometam que não vão levar RATOS ao meu cas mento!”

“ÃHN?!” Elas olhar m par mim com se eu fos e louca.

“Deixa pra lá!”, eu ri. “É uma longa história.”


SEXTA-FEIRA, 27 DE SETEMBRO

Antes de a aula de biol gia começar, reparei que o Brandon estav meio que olhando par mim, mas eu
não tinha certeza se não era só na minha imaginação. Ultimamente, parecia que, sempre que eu olhav
par ELE, el estav olhando par MIM.

Mas daí nós dois desviávamos o olhar e fingíamos que NÃO ESTÁVAMOS realmente olhando um par o
outro.

Bem, mas hoje el s rriu par mim e dis e: “Então, que tipo de divisão celular você pref re estudar?
Meiose ou mitose?”

S rri de volta e meio que dei de ombros, p rque na verdade eu ODIAVA as duas coisas
IGUALMENTE. Eu tinha medo que qualquer coisa que eu dis es e me fizes e parec r AINDA MAIS
idiota do que el já achav que eu era.

Mas o principal motivo pelo qual eu não conseguia fal r com o Brandon era que eu sofria de um caso
gravís imo de SMR, ou Síndrome da Montanha-Rus a. Estudos rec ntes provar m que es a doença
atinge principalmente garotas com idade entre 8 e 16 anos.

Os sintomas são difíceis de descrev r, mas, sempre que o Brandon fal comigo, tenho no estômago a
sensação de que estou descendo uns trez ntos metros a 120 quilômetros p r h ra. Achar que is o não
pas a de “simples nervosismo” é um erro comum e perigos de diagnóstico.

De rep nte, sem qualquer aviso, me dá uma vontade de jogar as mãos par o céu (com se eu não me
imp rtas e com nad ) e gritar...
Então meu dia ficou ainda MELHOR! Enquanto eu estav trab lhando na biblioteca, o Brandon foi lá
par devolver um livro cham do A fot grafia e você. Eu estav lá sentad , rabiscando uns esboços de
tatuagem par a Chloe e a Zoey, quando el se debruçou no balcão e olhou par o meu caderno.

“Is o é fantástico! Eu não sabia que você era uma artista!”

Olhei ao red r par ver com quem el estav fal ndo. E surtei quando percebi que el estav fal ndo
COMIGO! Eu mal conseguia RESPIRAR.

“Obrigad , mas não é grande coisa. Eu faço cursos de arte há tipo uns mil anos. E no último mês eu
sujei uma das minhas roupas fav ritas com tinta, nem dá par usar mais!!”, tag rel i feito uma idiota.

“Mas uma coisa é certa, você é supertalentosa!”


Os cabelos do Brandon estav m caindo sobre os olhos. Ele s rriu e chegou mais perto ainda par olhar
meus rascunhos. Eu achei que ia MORRER! Ele cheirav a am ciante de roupa, desod rante e...
chiclet de m rango?!

Eu fiquei supervermelha, e era impos ível continuar des nhando com el me olhando daquel jeito.
Comec i a sentir o lance da montanha-rus a de novo... ÊÊÊÊÊÊÊÊ!

De rep nte, os olhos do Brandon parec ram piscar de empolgação.

“Ei! Você vai participar do concurso de artes? Eu vou cobrir par o j rnal.”

“Sim, estou pensando. Mas tod mundo está dizendo que as roupas que a MacKenzie des nha vão
ganhar este ano. Então sei lá...”

“A MacKenzie?! Você está de brincadeira? Você tem mais talento na unha do que ela tem no c rpo
inteiro. Fal ndo sério! Você sabe, né?”

NÃO DAVA par acreditar que o Brandon estav dizendo aquilo! Era tão gros eiro. Tão
maldosamente engraçado. Tão... VERDADE!

Nós dois rimos muito. Não sabia que el tinha um senso de hum r tão aguçado.

Pouco depois, a Chloe e a Zoey chegar m no balcão aos trancos e barrancos, cad uma com uma pilha
de livros par ser guardados.

Quando elas viram a gente, ficar m de boca aberta.

Elas olhar m par mim, depois par o Brandon, par mim de novo e mais uma vez par o Brandon. Daí
par mim de novo. Daí par o Brandon. Daí par mim. Daí par o Brandon de novo.

Is o durou, tipo, uma ETERNIDADE!


Elas ficar m nos observando com se fôs emos algum tipo novo de animal em exibição no zo lógico ou
coisa as im.

Foi TÃO constranged r!

O s rriso do Brandon ficou meio am relo, mas f ra is o el nem ligou muito e foi supertranquilo.

“Oi, Chloe! Oi, Zoey!”, el dis e.

Mas elas estav m tão surpresas que nem responderam.


“Bom, tenho que voltar par a aula. Vejo você depois, Nikki.” Então el pas ou pela p rta e
desap rec u no c rred r.

A Chloe e a Zoey fizeram o mai r caso p rque o Brandon tinha fal do comigo daquel jeito e
começar m a me encher par que eu admitis e que estav a fim del .

As im que as obriguei a jurar de pés juntos que não iam contar par ninguém, dis e que o Brandon
tinha me ajudado depois que a Jes ica me sac neou no ref itório umas seman s antes.

Então eu peguei minha mochila, abri o bolsinho fofo na parte da frente e mostrei par elas O
Guardan po.

No começo elas só olhar m admirad s. Mas log começar m a me provocar e a dar risadinhas, com se
fos em duas crianças. “Dois nam radinhos, só falta dar beijinho!”

Mandei as duas cal rem a boca antes que alguém as ouvis e e espalhas e a história pelo colégio.

A Chloe insistiu que eu dev ria ficar com O Guardan po pelo resto da vida, p rque sempre havia a
chance de eu me encontrar p r ac so com o Brandon em alguma ilha romântica e exótica daqui a uns
vinte anos. Ela dis e que is o poderia acontec r, com naquelas comédias românticas que pas am no
cinema.

O GUARDANAPO DA MINHA MELHOR AMIGA


(SINTONIA DA PAIXÃO)
Dirigido p r Chloe Christina Garcia
FIM
Eu dis e par a Chloe que a história era muito meiga e romântica. Mas, se o guardan po ficas e mesmo
encharcado de ranho e o Brandon me pedis e em cas mento daquel jeito, a MINHA história
provavelmente terminaria de um jeito difer nte.

FIM
A Zoey dis e que não me culpav p r re screv r o final feliz que a Chloe tinha inventado, p rque
ranho e bactérias transmitidas pelo ar eram as duas f rmas mais comuns de transmitir germes par
outras pes oas.

Mas a Chloe reclamou que nós duas tínhamos entendido TUDO errado. O guardan po, com germes ou
não, devia ser ad rado p rque era uma prova do am r do Brandon. E, depois de ler Crepúsculo, ela
aprendeu que am res proibidos, obses ão e sacrifício podiam ser coisas muito complicad s. Tipo ranho.
Eu tenho que admitir que a Chloe tinha razão.

Então a Zoey dis e que eu devia me lembrar sempre que homens são de Marte e mulher s são de
Vênus, p rque el s pensam e se comunicam de maneiras superdifer ntes, de ac rdo com o livro sobre
relacionamentos que ela estav lendo. Fiquei muito surpresa ao ouvir is o, p rque eu achav que a Terra
era o único planeta com vida inteligente.

Estou muito feliz com o fato de a Chloe e a Zoey saber m tantas coisas sobre garot s, am r e es as
coisas.

P rque eu não sei BULHUFAS.

DÃ!!
SÁBADO, 28 DE SETEMBRO

Este vai ser o texto mais LONGO da HISTÓRIA do meu diário! Estou m rrendo de d r de cabeça, e
é tudo culpa da Brian a. P r que, p r que, p r que eu não podia ser filha ÚNICA?!

Ok. Acontec u o seguinte: minha mãe e a Brian a iam ver um filme no cinema hoje à tarde. Mas minha
mãe precisou ir ao shop ing par comprar um pres nte par o chá de bebê que ela tinha mais tarde.

Então ela me ofer ceu dez dólares par levar a Brian a ao cinema no lugar dela. Com eu estou sem
gran , ac bei conc rdando. Achei que, na pi r das hipótes s, eu d rmiria o filme inteiro e ganharia
uma graninha p r um cochilo de noventa minutos.

O filme se cham va A princesa de pirlimpimpim salva a ilha dos bebês unicórnios! Parte 3. Devia ter
umas quatrocentas garotinhas de voz esganiçad lá, e metade estav fantasiad de princesa ou
unicórnio.

Eu podia ter cobrado cinquenta dólares da minha mãe par levar a Brian a, p rque o filme era tão
melos que eu quase vomitei.

Mas a Brian a achou o filme superas ustad r, p rque tinha uma fad . E ela m rre de medo que a
fad do dente roube tod s os dentes dela par fazer dentaduras par os velhinhos. Acho que
poderíamos dizer que ela sofre de “fad fobia”.

Enfim, a Brian a praticamente me ENLOUQUECEU, p rque, toda vez que a fad entrav em cena,
ela ficav superas ustad , ag rrav o meu braço e derrubav a minha pipoca.
Devo ter derrubado uns três pacotes inteiros na senh rinha que estav sentad ao meu lado.

Tev uma h ra que parecia que a senh rinha ia ac bar me dando um soc , então achei mais seguro
comer M&Ms.

Fiquei MUITO feliz quando aquel filme imbecil finalmente ac bou.

Eu e a Brian a estávamos esperando a minha mãe na entrad principal. Mas, quando vi meu pai
chegando com a Kombi da Maxwel Exterminad ra de Insetos, tive um pés imo pres entimento. Se bem
que aquela bar ta bizarra no teto da Kombi causav um pés imo pres entimento na mai ria das
pes oas.

P r sinal, o nome da bar ta é Max (sugestão da Brian a, “p rque, se eu tives e um cach rrinho, el
cham ria Max”).

Ã
E eu tipo: “AH, NÃO! Se alguém do colégio me vir entrando na Kombi do meu pai, será o fim da minha
vida”. Procurei p r adolescentes do ensino médio no meio da multidão e, p r s rte, quase só havia
crianças entre 3 e 6 anos. “Oi, garotas, subam! A mãe de vocês ainda está fazendo compras. Eu rec bi
um cham do de em rgência, então vocês podem vir comigo par me fazer companhia”, meu pai dis e,
piscando um olho.

E eu tipo: “Hum... valeu, pai, mas eu tenho uma quantidade absurda de tarefa par fazer. Então será
que você não pode me deixar em cas antes? POR FAVOR!” Eu estav fazendo tod o pos ível par
permanec r calma.

Meu pai olhou par o relógio e franziu a sobrancelha. “Desculpe, mas não tenho tempo par pas ar em
cas . Es a cliente é meio histérica e conc rdou em pag r a tax de em rgência. Ela vai dar uma festa
en rme hoje à noite e dis e que a cas está cheia de insetos. Centenas ap rec ram do nad hoje de
manhã.”

“ECA!!”, Brian a dis e, t rcendo o nariz.

“Eu acho que dev ser uma infestação de besouros”, meu pai continuou. “Espero que a tal da festa não
seja aquel chá de bebê que a sua mãe tem hoje à noite.”

Sentei no banco da frente superirritad e tentei me ab ixar o suficiente par que ninguém
conseguis e me ver.

Sempre que parávamos num sinal vermelho, um monte de gente apontav e começav a rir. Não de mim,
mas da bar ta.

P r algum motivo, a Brian a achou que tod es e pes oal tirando sarro estav só tentando ser
amigável. Então ela começou a s rrir e a mandar beijinhos, com se tives e ac bado de ser el ita Mis
Universo.

E meu pai estav mais do que acostumado a tudo is o. Ele só ign rav tod mundo e cantarolav
junto com o CD de Os embalos de sábado à noite.
Ainda bem que eu encontrei um saco de guloseimas vazio embaixo do banco.

Apesar de estar escrito “ATENÇÃO: PARA EVITAR LESÕES GRAVES OU MORTE, FAVOR DEIXAR ESTE SACO
PLÁSTICO LONGE DO ALCANCE DE CRIANÇAS!”, fiz dois furos no saco e o col quei na cabeça.

Em primeiro lugar, eu NÃO ERA criança.

E, além dis o, eu pref ria sofrer uma m rte lenta e dol rida p r asfixia a ser vista andando no
“bar tomóvel”!

Tenho que admitir, nós devíamos parec r

UM SHOW DE HORRORES SOBRE RODAS.


Era TÃO constranged r!

Fiquei pensando em quanto me machucaria se pulas e de um veículo em movimento, a ses enta


quilômetros p r h ra. Supondo que eu sobrevives e, pelo menos poderia ir a pé par cas e evitaria a
carona humilhante na Kombi do meu pai.

Uns dez minutos depois, entramos em uma estrad que nos levou até uma cas en rme. Uau! Bela cas ,
eu pensei. Pena que está cheia de insetos!

A Brian a olhou par a cas admirad . “Pap i, pos o entrar com você? P r favo o r!”

“Desculpe, princesinha, mas você tem que esperar aqui na Kombi com a sua irmã e cuidar par que
ninguém roube o Max, tá bom?”
Tipo, QUEM em sã consciência ia quer r roubar o MAX?!

Dois insetos pretos brilhantes, cad um com uns cinco centímetros, pousar m na nos a janela.

“É! São besouros mesmo”, meu pai dis e, olhando par el s com cuidado. “H rríveis, p rém inofensivos.
Acho que vou levar uns vinte minutos par ded tizar tod s os cômod s. Mas vou tentar fazer o mais
rápido que puder. Se precisarem de alguma coisa, garotas, vou estar log ali.”

Ele tirou o equipamento de dentro da Kombi e o levou até a entrad da cas . Antes que pudes e
tocar a campainha, uma senh ra de meia-idade superagitad , vestida com roupas de marca, abriu a
p rta e o puxou par dentro.

A Brian a começou a me encher. “Quero ir lá, junto com o PAPAI!”

“NÃO! Você tem que ficar aqui. E cuidar do Max! Lembra?”, falei sev ramente.

Ela t rceu o nariz par mim.

“VOCÊ vai cuidar do Max! Eu preciso ir ao banheiro!”

“Brian a, o pap i já vai voltar. Será que você não consegue se segurar só mais um pouquinho?”

“NÃO! Preciso ir AGOOOOORA!”

E eu tipo: “Que bel za! Tod es e dram p r míseros dez dólares”.

“Tá bom”, eu dis e, finalmente desistindo. “Mas, quando nós entrarmos, não toque em nad ! Só use o
banheiro e saia direto, entendeu?”

“Eu também quero dar um oi par o pap i!”


“Não! Você vai usar o banheiro e nós vamos voltar par a Kombi e esperar...”

Antes que eu pudes e terminar a frase, a Brian a abriu a p rta e c rreu até a entrad da cas .

Quando eu a alcancei, ela já tinha tocado a campainha. “Ding-dong! Ding-dong! Ding-dong!”

A senh ra agitad abriu a p rta de novo e parec u surpresa ao nos ver.

“Ããã... Desculpe incom dá-la”, eu dis e com dificuldade. “Mas nós estávamos esperando pelo nos o pai
ali na Kombi e...”

“Ei, senh ra! Eu preciso fazer PIPIIIIII!”, a Brian a interrompeu.

Então ela começou a se cont rcer e a fazer car feia par gar ntir o ef ito dramático.
A senh ra olhou par a Brian a, depois par mim, depois par a Brian a de novo. Ela abriu um s rriso
com seus lábios finos e vermelhos.

“Ah! Então o pai de vocês é o nos o... exterminad r. Claro, querida, o banheiro é p r aqui. Vem
comigo.”
A parte de dentro da cas parecia ter saído de uma das revistas chiques da mamãe. Nós fom s
levad s p r um c rred r até um lav bo, quando a senh ra rep ntinamente parou de caminhar.

“Ah, esper m! Tem ven no de inseto em tod s os banheiros do primeiro andar. Vocês vão ter que usar
lá em cima. Tod s os quartos têm banheiro. Eu levaria vocês até lá, mas o pes oal do buf et ficou de
me ligar par confirmar o número de convidados.”

O tel fone toc u, e a senh ra saiu c rrendo e nos deixou ali. A Brian a s rriu e disparou escad
acima na minha frente.

Quando ela entrou no primeiro quarto à direita, gritou admirad : “Aa h! Que lindo!”

O quarto era tod dec rado em tons de rosa, e o carpet era tão macio que dav par d rmir nel .
O laptop e a TV de plasma eram de dar inveja. Meu quarto inteiro caberia dentro do closet. Mas
achei meio sem sal par o meu gosto. Não que eu estives e com inveja nem nad . P rque, né, is o seria
superimaturo!
“Ei! Pos o me jogar em cima desta cam incrível?!”, a Brian a perguntou.

“NÃO”, respondi. “Desce já daí!”

Precisei reunir toda a minha f rça de vontade par não sair bisbilhotando p r lá. Fiquei imaginando
qual era o colégio da dona do quarto e se teríamos alguma chance de nos t rnar amigas. Aposto que
ela tinha uma vida perfeita. Difer nte da minha. A Brian a entrou no banheiro da suíte e trancou a
p rta. “Uau, vou pedir um banheiro igual a este de aniversário!”

Pouco depois eu ouvi o barulho da descarga. Mas três minutos se pas ar m e ela ainda não havia saído.

“Brian a, vamos log !!”, gritei.

“Espera, eu estou lav ndo muito bem as minhas mãos com este sabonet de m rango, e depois eu vou
pas ar este desod rante com cheirinho delicios de framboesa.”

“Sai já daí. Nós temos que voltar pra Kombi ag ra.”

“Espera! Eu tô quase pronta!”

De rep nte eu ouvi uma voz asquerosamente familiar.

“Mas, manhê! Eu NÃO POSSO fazer a minha festa com es es INSETOS h rríveis espalhados pela cas !
Nós devíamos ter feito no clube, com eu queria. É tudo culpa SUA!”

Quase fiz xixi nas calças. Era a MACKENZIE !

Fiquei tipo: MEU DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS! Hoje era a festa par a qual eu não havia sido
convidad .
Era tipo o pesadelo mais h rripilante que eu consigo imaginar. Eu estav acuad no quarto da
MacKenzie, minha irmã estav trancad no banheiro da MacKenzie e meu pai estav ded tizando a
cas da MacKenzie. E com se is o tudo não fos e h rrível o suficiente, a nos a Kombi com uma
bar ta nojenta no teto estav estacionad no quintal da MacKenzie com o MEU sobrenome
estampado nela (na Kombi, não na bar ta).

Eu queria cav r um buraco naquel carpet rosa chiquérrimo, me enfiar dentro del e MORRER!
Comec i a esmurrar a p rta.

“Estou ocupad . Vai emb ra!”

“Você já ficou aí tempo suficiente. Ag ra, abre a p rta!”

“Diga ‘p r fav r’.”

“P r fav r.”
“Ag ra diga ‘p r fav r, minha irmãzinha querida’.”

“Tá bom. Abre a p rta, p r fav r, minha irmãzinha querida...”

“NÃO!! Eu ainda NÃO estou pronta!”

“Mããããe! Es a festa vai ser um DESASTRE! Minha reputação vai ser jogad no lixo! Nós temos que
cancelar tudo.”

Dav par ouvir que os gritos da MacKenzie estav m ficando cad vez mais altos. Ela estav subindo
as escad s!

“Brian a. Abre a p rta rápido! POR FAVOR! É uma em rgência!”, sus urrei pela p rta.

“Espera! Estou pas ando o desod rante com cheirinho delicios de framboesa. Hum... qual é a
em rgência?”

Ag ra a MacKenzie já estav no c rred r.

“Mãe, vou ligar par a Jes ica. Ela não vai acreditar que is o está acontec ndo comigo...”

Eu tinha exat mente três segundos par convencer a Brian a a me deixar entrar.

“Brian a! É a FADA DO DENTE! Ela está chegando, e nós temos que fugir daqui!! AGORA!!”

A fechadura abriu, e a Brian a abriu uma frestinha na p rta.

Ela parecia estar com ainda mais medo do que no filme A princesa de pirlimpimpim.
“V-você dis e FA-FA-FADA DO DENTE?!”

“Sim! Vamos, temos que NOS ESCONDER! Rápido!”

A Brian a estav em pânico e começou a ch ramingar.

“Onde é que ela está? Tô com medo! Quero o pap a iiiii!”

“Vamos nos esconder atrás da c rtina da banheira. Se ficarmos bem quietinhas, ela nunca vai nos
achar.”

A Brian a calou a boca na h ra, mas os olhos dela pareciam duas lar njas, de tão grandes.

Eu até fiquei com um pouco de pena.

Nós entramos na banheira e nos amontoamos atrás da c rtina.


Dav par ouvir a MacKenzie caminhando pelo quarto e gritando no celular.

“Jes i, não tenho com dar es a festa ag ra! Nos a cas está infestad de insetos. Quê?... Com é que
eu vou saber que insetos? Eles são en rmes... pretos... hã... umas bar tas ou coisa do tipo. Tem um car
ded tizando, mas ag ra a cas tá fed ndo! FEDENDO, Jes i! Com é que eu vou dar uma festa com
a cas FEDENDO!”
“Nikki, tô com medo. Quero o pap a ai! AGORA!”

“Eu IMPLOREI par a minha mãe me deixar fazer es a festa no clube! A mãe da Lindsey deixou a
festa dela ser no clube. Mas NÃÃÃÃO. Ultimamente, convencer a minha mãe de qualquer coisa é tão
difícil quanto arrancar UM DENTE!”

P r que a MacKenzie tinha que dizer a pal vra com D?

A Brian a surtou e começou a sair da banheira.

“AH, NÃO! Você ouviu! Ela dis e que vai arrancar meu DENTE! Quero ir pra ca a as !”

“Brian a! Espera...!” Eu a segurei com uma chave de pescoço. Finalmente, ela parou de se debater e
ficou toda mole.

Então a malcriad me MORDEU!! FORTE! Soltei o pescoço dela e uivei de d r com um animal
ferido. “AAAIIIII!” Mas gritei dentro da minha cabeça, então só eu mesma escutei.

A Brian a saltou par f ra da banheira, abriu a p rta do banheiro e sumiu!

Fiquei par lisad e prendi a respiração. Não dav par acreditar que aquilo estav acontec ndo
comigo.

Então eu pensei que talvez fos e só um pesadelo. Tipo aquel s sonhos estranhos que tive no começo da
seman com a Chloe e a Zoey. Se eu conseguis e ac rdar, TUDO iria desap rec r.

Então fechei os olhos, me belisquei com f rça e tentei ac rdar.

Mas, quando abri os olhos, eu ainda estav na banheira da MacKenzie, com a marca (ag ra azul e
preta) dos dentes da Brian a no meu braço, perto de uma marca de beliscão vermelha e latejante.
Eu queria TANTO estar MORTA!

De rep nte, outra ideia me pas ou pela cabeça. Se eu abris e o chuveiro da MacKenzie no frio e
ficas e ali embaixo p r cerca de uma h ra, podia ser que eu m rres e de pneumonia. Mas até is o
podia levar alguns dias, e eu precisav estar MORTA NESTE INSTANTE!

“MEU DEUS! Jes i, tem uma CRIANÇA no meu quarto!... Com eu vou saber? Ela ap rec u do nad .
Já dis e par a Amanda um milhão de vez s que meu quarto é proibido par ela e suas amiguinhas
insup rtáveis. Espera um pouco...”

“MÃE...!! A Amanda e as amigas dela estão brincando no meu quarto de novo! P r fav r, será que dá
par você fazer alguma coisa...?!”

“Oi, Jes i, voltei. Se elas tocarem na minha maquiagem de novo, eu juro que estrangulo...”

“Não ouse tocar em mim sua, sua... MALDITA fad do dente!”, a Brian a gritou a plenos pulmões.

De rep nte, tudo ficou branco. Tive certeza de que estav prestes a desmaiar.

“Só um minuto, Je...”

“QUEM dis e par você que eu sou a fad do dente? O QUE você está fazendo no meu quarto? E
CADÊ a AMANDA?!!”

“Você não vai levar os meus dentes! NUNCA!”, a Brian a gritou brav mente.

“MÃE!! AMANDA!! Só um minuto, Je. Tenho que me livrar desta pirralha. Depois vou MATAR a
Amanda. Tá, sai do meu quarto, p r aqui...”

“PARA! Me solta! Eu AMO os meus dentes!”


Houve uma pancad f rte, e a MacKenzie deu um berro.

“MÃE! Acabei de ser at cad p r um demônio! MEU DEUS! Acho que me machuquei de verdade! Não
vou poder vestir meu sap to Prad novo com um machucado en rme na perna!”

“Você ainda tá aí, Jes i? Não pos o dar a minha festa deste jeito. Tô com um machucado do tam nho
de uma panqueca. NÃO!... Não fui machucad p r uma panqueca! Eu dis e que... Só um minuto...!”

Dav par ouvir a MacKenzie mancando escad ab ixo com se fos e um pirat de uma perna só. Tec-
tec, tec-tec, tec-tec.

“MÃE! Na seman pas ad , a Amanda e as amigas dela grudar m chiclet no meu cabelo e usar m os
meus batons! Ag ra uma delas ac bou de...”
Quando os berros da MacKenzie pareciam estar a uma distância segura, pulei par f ra da banheira,
ag rrei a Brian a e a joguei sobre os ombros com se fos e um saco de bat tas.

Sem nem olhar par trás, desci c rrendo as escad s, pas ei voando pelo c rred r, pela entrad da
cas e pela p rta da frente.

Botei o traseiro dela no banco de trás da Kombi e fechei a p rta.

Meu pai estav na frente do p rta-mal s, guardando o equipamento.

“Ah, então as minhas garotinhas estão aí! Sincronia perfeita! Já terminei.”

Enquanto meu pai ligav a Kombi e saía dali, fiquei olhando par a cas , meio que achando que a
MacKenzie sairia p rta af ra esbravejando que a Brian a dev ria ser presa p r fazer um machucado
que a impediria de usar os sap tos Prad novos em sua festa de aniversário. P r incrível que pareça, a
Brian a estav bem tranquila no banco de trás, e até parecia contente.

“Pai, você não sabe o que acontec u. Fui usar o banheiro, lavei as mãos com sabonet de m rango e
pas ei desod rante de framboesa, vi a fad do dente com rolinhos no cabelo fal ndo no tel fone
mágico, e ela dis e que ia me estrangular e arrancar tod s os meus dentes par fazer dentaduras
par os velhinhos. Então, quando ela me ag rrou, eu dei um chute e ela me soltou e começou a cham r
a mãe dela. Daí, ela vo u de volta par a terra das fad s, par ir numa festa de sap tos novos. Com
toda certeza, ela não é muito legal! Prefiro bem mais o Pap i Noel e o Coelhinho da Páscoa.”

S rte nos a que o meu pai não estav prestando muita atenção na história da Brian a. “Sério, minha
princesa? Então o filme A princesa de pirlimpimpim que vocês f ram ver era sobre is o?”

No semáf ro seguinte, reparei que tinha um carro cheio de meninos apontando par nós e rindo.
Col quei o saco plástico de volta na cabeça e me ab ixei no banco.

Eu estav tão furiosa que era cap z de CUSPIR!


Tod es e estres e pela mixaria de dez pilas!!
DOMINGO, 29 DE SETEMBRO

Estou começando a ficar super mpolgad , p rque o concurso de arte de vanguarda começa em oito
dias! Decidi inscrev r uma pintura em aquarela que me exigiu duas férias inteirinhas par terminar.
Gastei mais de 130 h ras com ela.

O único problema é que eu dei a tela de pres nte par os meus pais na última primavera, quando el s
fizeram dez s eis anos de cas mento. Então, tecnicamente, a pintura não é mais minha. Mas ou eu
dav a pintura, ou gastav tod s os 109,21 dólares que guardei durante toda a minha vida par pag r
um jantar par el s num restaurante chique.

Mas eu sabia que o jantar ia ser um desperdício, p rque vi um program na TV que tod s es es
restaurantes famos s servem uns troços supernojentos, tipo perna de rã e lesmas, e depois dão a você
uma p rção minúscula em um prato en rme, com um pouco de xarope de choc late respingado p r cima
de tudo e uma guarnição. E “guarnição” é só um nome chique par um simples ramo de salsinha.

Então, par econ mizar, a Brian a e eu decidimos prepar r nós mesmas um jantar romântico à luz de
velas par fazer uma surpresa de aniversário par os nos os pais. Fom s até a lagoa do parque com um
balde e uma red e caçamos algumas pernas de sapo e lesmas fresquinhas.

Foi MINHA a brilhante ideia de fazer um buf et livre, já que estávamos arranjando a comida
praticamente DE GRAÇA.

CHEF NIKKI E SUA ASSISTENTE PREPARAM UM DELICIOSO JANTAR GOURMET


COM PERNAS DE SAPO E LESMAS
Prepar r um jantar gourmet é certamente muito mais difícil do que eu imaginav . Os sapos ficav m
pulando par f ra da bacia, e as lesmas não par vam quietas no prato. Infelizmente, nenhum program
de TV ensina com controlar es as criaturas enquanto você tenta cozinhá-las.

E a Brian a não ajudav EM NADA! Ela dev ria ser a minha as istente, mas só ficav pegando os
sapos e os beijando par ver se algum se transf rmav em príncipe. Eu a xinguei muito p r causa dis o,
p rque ela não fazia A MENOR IDEIA do que os lábios daquel s sapos já tinham beijado!

Não é de admirar que a Brian a tenha batido o pé quando chegou a h ra de col car a comida no
f rno. Ela dis e que eram tod s seus amigos e que “amigos NÃO COZINHAM amigos!”. Tenho que
admitir, ela TINHA razão. Então decidimos levar o jantar de aniversário dos meus pais de volta par
a lagoa e soltá-los. Pode-se dizer que el s tiveram muita s rte. “Eles” são os sapos e as lesmas, não
os meus pais.

Com o plano do jantar frac s ou e eu não queria me separ r das minhas econ mias, colei uma fita
vermelha de Nat l na minha aquarela e usei com pres nte. Meus pais dev m ter am do, p rque
pag ram um dinheirão par col car uma moldura sofisticad . Daí el s pendurar m na nos a sal de
estar, em cima do sofá.

Mesmo que ag ra seja uma relíquia de família de val r sentimental inestimável, minha mãe dis e que eu
podia pegar a pintura emprestad par o concurso de artes, desde que eu cuidas e dela muito bem.

Fiquei tipo: “Mãe, não precisa se preocupar! Não vai acontec r nad ! Ser i supercuidadosa.
PROMETO!”

Se bem que, pensando nis o ag ra, a Lindsay Lohan dev ter dito a mesma coisa par a mãe dela.
Hu m...
SEGUNDA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO

Sério, não consigo acreditar que hoje a MacKenzie foi ao colégio de muletas. Ela até col u adesivos
de c raçõezinhos nelas, par combinar com sua bolsa Gucci. Só alguém tão superficial com ela
tentaria parec r FOFA mancando p r aí de muletas. Ela nem estav usando ges o. Só tinha um band-
aid do Bob Esponja embaixo do joelho esquerdo. SÉRIO, QUE FINGIDA!!

De ac rdo com as últimas fofocas, a MacKenzie estav fazendo aula de mergulho com um menino
supergato do terceiro ano quando “rompeu os ligamentos da canela” enquanto o salvav do afogamento.
Supostamente, ela teria feito respiração boca a boca nel até que a ambulância chegas e. E, com o
pobre garot impl rou par que ela o acompanhas e até o hospital, ela foi f rçad a cancelar sua
festa de aniversário. Então, foi tudo remarcado par 12 de outubro, um sábado, no clube dos pais
dela. E eu tipo: “Ah, TÁ”.

A MacKenzie é uma trem nda MENTIROSA e FAZ UM DRAMA POR QUALQUER COISINHA! P r
que ela não podia simplesmente dizer a verdade e admitir que a festa foi cancelad p rque a cas
dela estav cheia de insetos e fedia a inseticida?

Enfim, hoje eu mal podia esperar pela h ra do almoço. A Chloe e a Zoey estav m ainda mais
empolgad s que eu. Nos sentamos na mesma mesa de sempre e dev ramos o nos o almoço o mais rápido
que conseguimos.

Então eu levantei a manga da Zoey, peguei a minha caneta da s rte e comec i sua tatuagem. Ela
ficou rindo e se cont rcendo, dizendo que fazia cócegas. Eu dis e:

“ESCUTA AQUI, ZOEY, OU VOCÊ FICA QUIETA E SENTA DIREITO, OU EU VOU


TRANSFORMAR OS RISCOS EM UNS FILHOTES DE COBRA HORRÍVEIS.!!”
S rte dela que ela parou de se mex r depois dis o.

Praticamente tod mundo no ref itório ficou olhando par a gente, mas eu ign rei e continuei
trab lhando. A tatuagem da Zoey ficou superlegal, e ela amou.
Comec i a fazer a tatuagem da Chloe quando uma coisa muito estranha acontec u.

Jason Feldman se levantou, saiu da mesa das GDPs e sentou na NOSSA par ver de perto. Ele é só O
garot mais popular do colégio e presidente do grêmio estudantil.

Na escal de bel za, de 1 a 10, eu diria que el é 9,93.

“Você está fazendo uma tatuagem com caneta?! Que legal! Parec de verdade. E eu sei p rque o meu
irmão ac bou de ganhar uma de pres nte de aniversário de 18 anos.”

“É o nos o projeto especial de AOB par a Seman Nacional da Biblioteca”, dis e a Chloe, jogando
charme par cima del .

“É! E todas as revistas de moda estão dizendo que tatuagem é a última TENDÊNCIA!”, acrescentou
a Zoey, com uma voz an sal da igual à da Paris Hilton.
As duas estav m agindo de um jeito tão afetado que dav nojo. Quase achei que fos e vomitar meu
almoço no col do Jason.

“Então o que eu preciso fazer par ganhar uma?”, el perguntou superanimado. “Doar um livro ou algo
as im? Vocês têm algum tipo de ficha de inscrição?”

O rosto da Zoey e o da Chloe se iluminar m ao mesmo tempo, e eu quase conseguia ver lâmpad s
acendendo dentro da cabeça delas.

Eu só suspirei e revirei os olhos. Primeiro foi a história das tatuagens, depois o Balé dos zumbis, depois
a ideia de fugir de cas e viver em túneis subterrâneos embaixo da Biblioteca Pública de Nova Y rk.

Eu não sabia se aguentav mais um episódio des a novela.

A Chloe jog u charme par cima do Jason de novo. “Bem, a Nikki é a diret ra de arte, eu sou
responsável pela arrecad ção de livros, e a Zoey cuida dos agendamentos. Zoey, você poderia entregar
par o Jason uma ficha de inscrição, p r fav r?”

“Hã... que ficha de inscrição?”, a Zoey perguntou, parec ndo superconfusa.

A Chloe piscou par ela e dis e bem alto: “Você sabe, a FICHA DE INSCRIÇÃO que está no seu
CADERNO, bobinha!”

Finalmente, a Zoey sacou. “Ah, AQUELA ficha de inscrição! Claro!” Ela olhou par o Jason e
começou a s rrir toda nervosa.

A Zoey pegou o caderno, arrancou uma folha, escrev u na parte de cima FICHA DE INSCRIÇÃO
PARA TATUAGEM e entregou par a Chloe.

A Chloe adicion u as pal vras DOAÇÃO DE LIVRO (NOVO OU USADO) OBRIGATÓRIA!! em letras
de f rma e entregou par o Jason.
Eu fiquei chocad e até um pouco as ustad de ver a Chloe e a Zoey mentindo daquel jeito. Sempre
achei a honestidade uma coisa superimp rtante numa amizade.

O Jason as inou a ficha de inscrição e gritou par a mesa del , do outro lado do ref itório: “Ei,
Crenshaw! Cham o Thompson e vem ver is o”.

O Ryan Crenshaw era 9,86, e o Mat Thompson 9,98. Os dois chegar m e se sentar m na NOSSA
mesa, ao lado do Jason.

Daí os três começar m a rir e a fal r comigo, com a Chloe e com a Zoey, com se fôs emos GDPs ou
algo parecido.

Foi quando decidi que, emb ra fos e bom ter amigos honestos, amigas-que-fazem-você-ac bar-
cercad -de-gatinhos eram ainda melh r.

E, além dis o, a Chloe e a Zoey não estav m de fato mentindo. Estav m só trab lhando par t rnar
mais atraentes algumas verdades criad s p r elas.

Emb ra eu estives e curtindo muito es a atenção toda, eu tinha um nó na garganta que me deixou
preocupad .

POR QUE os três garot s mais populares da panela das GDPs resolveram do nad se sentar na nos a
mesa, flertando comigo, com a Chloe e com a Zoey, as três mai res TONTAS de tod o colégio?

E O QUE exat mente el s queriam com a gente?

Então eu tive de me esf rçar par entender a questão mais INTRIGANTE e PROBLEMÁTICA de
todas...

Será que a minha caneta da s rte ia DERRETER p r ficar perto de uns GATINHOS TÃO
QUENTES?!
Aqui estão as TRÊS razões pelas quais eu estav um pouco preocupad com a minha caneta...

Uns minutinhos depois, outros set car s tinham vindo até a nos a mesa e estav m pre nchendo a
ficha de inscrição e se gab ndo de quão irad s iam ser suas tat o s.

Finalmente terminei a tatuagem da Chloe, e ela dis e que tinha ficado perfeita.
Jason levantou a manga e se sentou no lugar da Chloe.

“Ei, car s. Escutem! Na minha tat o vai estar escrito ‘GUITAR HERO’!!”

Tod s os garot s começar m a comem rar e a dar soquinhos nas costas del . Ele estav se achando,
com se fos e ganhar um carro imp rtado ou alguma coisa as im.

Daí um monte de garotas se juntou ao red r do monte de garot s par me ver des nhando a
tatuagem do Jason.

“É aquela garota nova?”

“Eu acho que o armário dela fica ao lado do da MacKenzie.”

“Ela é tipo A melh r artista do colégio.”

“Ei, eu quero me inscrev r! Depois me pas a a ficha...”


“Qual é o nome dela mesmo?”

“Mikki, Rikki, Vicki, alguma coisa as im.”

“Sei lá qual é o nome dela, mas ela tem A MANHA.”

“Tô com MUUUUITA inveja! Não sei des nhar nem um bonequinho direito!”

“Ela faz francês comigo. O nome dela é Nikki Maxwel !”

“Eu ADORARIA des nhar no braço do Jason Feldman. Ele é tão SEXY!”

“MEU DEUS! Eu faria qualquer coisa par ser a Nikki Maxwel !”

Eu estav começando a me sentir uma POP STAR!


As únicas GDPs que não estav m em volta da nos a mesa eram a MacKenzie e seu grupinho. Elas
estav m nos ENCARANDO do outro lado do ref itório.

Quando ac bou o intervalo do almoço, eu já tinha feito set tatuagens, a Chloe tinha recolhido nove
livros e a Zoey tinha agendado onze pes oas par fazer tatuagens no almoço de am nhã.

Decidimos cham r o nos o projeto AOB de:

“Troca de Tintas: Dê um Livro e Ganhe uma Tatuagem!”


Em pouquís imo tempo, a escola INTEIRA estav comentando.

A sra. Peach dis e que arrecad r livros par caridade era uma ideia mar vilhosa e que estav
super rgulhosa da gente. O Brandon até me par benizou e dis e que queria me entrevistar par o
j rnal da escola na sexta-feira, já que eu era um “furo de rep rtagem”. Ele dis e que estav
pensando em fot graf r alguns alunos mostrando as tatuagens par col car na matéria. Ag ra eu

estou louca par que sexta chegue log SIMBOLO! Pode ser que a gente ac be ficando
superamigos.

Mas a coisa mais incrível dis o tudo é que a Chloe, a Zoey e eu começamos o dia com AOBs TONTAS
e terminamos com GDPs DIVAS!

TEM NOÇÃO DE COMO ISSO É LEGAL?! !!


TERÇA-FEIRA, 1º DE OUTUBRO

Hoje Total
TATUAGENS 17 24
LIVROS 34 43

Es e lance das tatuagens virou mania na escola toda! Fiz outras onze no almoço de hoje, e um monte
de GDPs se sentou com a gente par ver. Foi ótimo pas ar um tempo com es e pes oal, el s não são
metidos e maldos s com a gente achav . Acho que era só uma questão de conhecê-los melh r.

Par minha surpresa, ac bei fazendo mais seis tatuagens enquanto trab lhav com AOB. Parec que
tod mundo e mais o vizinho, o cach rro e o pap gaio resolveram dar uma pas adinha na biblioteca
antes da aula só par me encher.

Mas a sra. Peach dis e que não tinha problema eu não fazer meu trab lho, já que eu estav
trab lhando pelo nos o projeto.

Até ag ra, nós arrecad mos um total de 43 livros par caridade, o que é excel nte. Mas foi
principalmente p rque a Chloe decidiu começar a cobrar dois livros p r tatuagem, em vez de um. A
Zoey e eu achamos que um livro já estav mais do que bom e fal mos is o par ela.

Mas a Chloe dis e que, com ela era a diret ra de arrecad ção de livros, a decisão era dela e não
nos a. Então, o que a gente achav não fazia difer nça. Sério, ISSO foi muito GROSSO da parte
dela!!

Fiquei tipo: “Ok, Chloe! Supostamente, a gente devia estar fazendo um trab lho em grupo! Mas quem
está se MATANDO par você virar RAINHA?!”
CHLOE, A GRANDE – RAINHA DOS LIVROS

Mas is o tudo eu dis e dentro da minha cabeça, então só eu mesma escutei. Enfim, ag ra estamos

ganhando DOIS livros p r tatuagem, emb ra me pareça um pouco GANANCIOSO. !


QUARTA-FEIRA, 2 DE OUTUBRO

Hoje Total
TATUAGENS 19 43
LIVROS 57 100

Meu sonho era que tod mundo no colégio soubes e quem eu era. E hoje mais de vinte pes oas me

cumprimentar m antes mesmo de a aula começar. Fiquei feliz p r ter tantos novos amigos .

Na aula de biol gia, tivemos de f rmar duplas par an lisar ácaros no microscópio. Eu tinha certeza
de que o Brandon me cham ria par ser dupla del . Mas três pes oas o interromperam enquanto el
tentav fal r comigo.

Dis eram alguma coisa do tipo: “Ei, Nikki, vamos fazer o trab lho juntos, daí a gente pode fal r sobre
com vai ser a minha tatuagem”. Mas eu não queria fal r sobre tatuagens com gente que eu mal
conhecia. Eu queria ter um papo emo superprofundo com o Brandon sobre ácaros.

No fim, ac bei fazendo dupla com a Alexis Hamilton, a capitã das che rleaders. Ela ficou o tempo
tod com um blá-blá-blá sobre com elas (as che rleaders) precisav m que eu inventas e uma
tatuagem “ultrab can ” par o grande jog contra a Central, que, p r sinal, era na sexta.

Mas eu já sabia, p rque as ouvi fal ndo dis o na frente do meu armário hoje de manhã. Algumas delas
estav m esperando p r mim depois da segunda aula e pareciam superirritad s. Não é que eu, tipo,
estives e com medo delas nem nad . Só pulei par dentro do meu armário p rque às vez s fico meio
envergonhad .
Enfim, eu dis e par a Alexis que tod mundo que quises e fazer uma tatuagem tinha de se inscrev r
com a Zoey antes. Mas ela dis e que a Zoey tinha uma lista de espera com 149 pes oas até a
próxima quarta, e ela precisav das tat o s log , já que se trat va de uma em rgência. A Alexis dis e
que já havia doado três livros p r tatuagem par a Chloe, que tinha dado aut rização par que as
che rleaders furas em a fila.

Então AGORA eram TRÊS livros?!

Eu dis e par a Alexis que, com a Zoey era diret ra de agendamento e a Chloe era diret ra de
arrecad ção de livros, ela dev ria ign rar a Chloe. Então a Alexis decidiu tomar uma atitude e se
recusou a fal r comigo ou a ajudar a fazer o trab lho sobre ácaros. Is o é que é dupla!
Mas o que me deixou mais chatead foi o fato de que a Zoey tinha agendado 149 pes oas sem nem
fal r comigo antes. Tenho prova de francês na sexta e de geometria na próxima segunda e, do jeito
que as coisas estão, nem sei se vou conseguir ficar acima da média nes as matérias.

Com é que eu vou estudar se estou ficando ac rdad até mais de meia-noite TODOS os dias par
des nhar todas es as tatuagens?! E eu nem sequer consegui almoçar nos últimos dois dias!

E depois, quando a aula terminou e eu estav indo par cas , a Sam ntha Gates me parou par dizer
com ela tinha am do sua tatuagem do Justin Timberlake. Ela me dis e que todas as colegas de
teatro dela queriam uma também. Então me convidou par sair com elas na sexta depois da aula, e eu
respondi que ia ver se podia. Mas com é que eu vou ter uma vida social se tenho que des nhar

tatuagens 24 h ras p r dia, set dias p r seman ? !


QUINTA-FEIRA, 3 DE OUTUBRO

Hoje Total
TATUAGENS 33 76
LIVROS 99 199

Hoje eu tive um dia PÉSSIMO! Parec que a Chloe, a Zoey e tod s os outros só pensam em
TATUAGEM.

Cheguei mais cedo na escola e fiz nove. Depois fiz cat rze durante o almoço e mais dez na biblioteca.
Is o dá 33 tatuagens!

Daí eu ouvi p r ac so a Zoey dizendo par a Chloe, nas minhas costas, que eu trab lhav mais
devag r do que “uma lesma constipad numa tempestade de gelo” e que eu precisav me apres ar,
p rque já havia 216 pes oas na lista de espera par a seman seguinte. Eu NÃO vou MESMO fazer
216 tatuagens em uma seman ! E eu dis e is o bem na car da Zoey. De um jeito bem amigável.

Depois, a Chloe queria saber p r que eu tinha fal do par a Alexis ign rá-la. Ela dis e que, com as
che rleaders tinham um jog imp rtante, achou que podia col cá-las no top da lista de am nhã. Foi
quando a Zoey dis e que, com diret ra de agendamento, a decisão era só dela, e que ela não se
imp rtav com o que a Chloe pensav . Is o era EXATAMENTE a mesma coisa que a Chloe tinha dito
par a gente uns dias antes.

Então a sra. Peach pediu POR FAVOR par fal rmos mais baixo, p rque afinal nós estávamos em uma
biblioteca.

Mas eu estav mais bem inf rmad . Aquilo NÃO era uma biblioteca...!
SEXTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO

TATUAGENS HOJE – UM ZERO BEM REDONDO!

LIVROS HOJE – UM ZERO BEM REDONDO!

SABE POR QUÊ?

Em primeiro lugar, a Chloe e a Zoey estav m brav s p rque eu não cheguei mais cedo na escola, e
havia dez s et pes oas esperando par fazer tatuagem.

Bem, descuuuulpa! Mas eu tinha prova de francês e precisav estudar.

Depois, na h ra do almoço, havia 25 pes oas esperando. Mas, em vez de se sentarem à mesa 9 par me
ajudar, a Chloe e a Zoey se sentar m com as GDPs, do outro lado do ref itório.

Vi as duas dando risadinhas e jogando charme par cima do Jason, do Ryan e do Mat , enquanto eu
supostamente me mat va de tanto trab lhar, com se fos e a CINDERELA!

Mas eu quase SURTEI quando vi a MacKenzie entregando CONVITES da sua festa, que tinha sido
remarcad par o dia 12, par a Chloe e a Zoey!

Eram envelopes rosa com laços brancos, iguaizinhos àquel que ela havia ME dado.

E depois tomado de volta, quando me DESCONVIDOU!


A Chloe e a Zoey estav m superfelizes e puxando o saco da MacKenzie, mesmo sabendo que eu a
ODIAVA.

ENTÃO fiz a coisa mais madura e racional que podia fazer nes as circunstâncias...

EU ME DEMITI !

Se tiver de des nhar mais uma tatuagem, eu vou

VOMITAR!
Pensei que a Chloe e a Zoey eram minhas amigas de verdade.

Mas ag ra estou vendo que o tempo tod elas só estav m me USANDO par ganhar a viagem par a
Seman Nacional da Biblioteca em Nova Y rk.

COMO É QUE ELAS PUDERAM FAZER ISSO COMIGO?!

Mais tarde, o Brandon foi até o meu armário tod s rridente e dis e que queria me entrevistar par
o j rnal depois da aula. Mas eu dis e par el esquec r is o, p rque a minha carreira de tatuad ra
estav ENCERRADA! Ele me perguntou se estav tudo bem e eu respondi: “Sim, está tudo bem! Só
preciso encontrar novas amigas”. Ele piscou e parec u confuso. Então deu de ombros e foi emb ra.

Então ag ra é com se a CHLOE, a ZOEY e o BRANDON estives em tod s VIAJANDO.

Espero que se divirtam na festinha da MacKenzie, já que tod s f ram convidados e EU NÃO!!

Mas eu não estav com inveja del s nem nad . P rque, né, is o seria superimaturo.
SÁBADO, 5 DE OUTUBRO

Tive o pi r pesadelo da minha vida! Parecia coisa de outro mundo.

A MacKenzie cuspia insetos em mim, e o sinal do colégio tocav sem par r.


Graças a Deus eu ac rdei. Foi quando me dei conta de que já era de manhã, e era o tel fone que
estav tocando, não o sinal do colégio. Eu me arrastei par f ra da cam e atendi o tel fone da
escrivaninha. Era a minha avó, dizendo que planejav vir pas ar duas seman s con sco no fim do mês.
Respondi que meus pais já deviam ter saído de cas , p r is o não tinham atendido o tel fone.

Daí ela perguntou com estav m as coisas, e eu respondi que não estav m muito bem. Contei que estav
pensando em mudar de colégio e perguntei o que ela faria no meu lugar. Ela dis e que o mais
imp rtante NÃO era em que colégio eu estav , e sim se a minha decisão era ser uma campeã ou uma
franguinha.

O que, é claro, não tinha ABSOLUTAMENTE NADA a ver com NADA! Com a minha avó estav de
novo fal ndo coisas que não faziam sentido, eu dis e que a am va, mas que precisav desligar p rque
tinha alguém batendo na p rta. Então desliguei o tel fone.

Nem era mentira p rque, infelizmente, a Brian a e a Bicuda estav m na p rta do meu quarto. A
Bicuda queria que eu a as istis e cantando músicas do High Scho l Musical 3 no mai r estilo Amy
Winehouse.

Não fazia nem três minutos que eu estav ac rdad e já havia sido obrigad a sup rtar a minha avó
caduca, a minha irmã hiperativa e um fantoche idiota. Voltei par a cam , enfiei a cabeça embaixo das
cobertas e GRITEI p r dois minutos inteirinhos.

Tantos DOIDOS p r aí e tão poucos CIRCOS!!


SEGUNDA-FEIRA, 7 DE OUTUBRO

POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOR, NÃO me diga que is o está acontec ndo comigo. Hoje foi o
PIOR dia de TODA a minha vida.

Tudo começou domingo à noite, quando eu estav na minha escrivaninha fazendo ex rcícios de revisão
par a prova de geometria.

Minha mãe entrou no quarto p r volta de meia-noite par dizer que, no dia seguinte, ela ia sair
muito cedo de cas , p rque ia acompanhar um pas eio da escolinha da Brian a.

“Nikki, com você tem prova e o concurso de artes am nhã, é MUITO imp rtante que você programe
seu despertad r par não se atras r.”

E eu tipo: “Obrigad , mãe. Boa noite!”

De fato, eu tinha planos de program r o meu despertad r as im que terminas e os ex rcícios de


geometria.

Mas a próxima coisa que eu lembro é que já era de manhã e eu AINDA estav na escrivaninha, com o
livro de geometria aberto na minha frente.

Quase enfartei, p rque o meu relógio dizia que eram 7h36 da manhã de SEGUNDA, e a minha
primeira aula começav às oito h ras!

A única explicação lógica é que eu devo ter caído no son enquanto estudav .
Meu dia já começou mal!

Tinha ac rdado tarde, não tinha carona par o colégio, minha pintura tinha de ser inscrita no
concurso de artes e a prova de geometria começav em 24, não, 23 minutos.

Até o clima combinav com o meu pés imo hum r. Estav escuro, nublado e chovia.

Eu estav me segurando par não ch rar quando, de rep nte, ouvi o p rtão da nos a gar gem abrir.
C rri par a janela do meu quarto e vi o brilho dos faróis.

ERA O MEU PAI ! E el estav saindo de cas .


C rri pelo meu quarto em pânico, tentando me vestir antes que el saís e. Pulei dentro das minhas
calças e joguei os braços dentro da jaqueta. Com não encontrei um dos pés do sap to, decidi que
col caria os tênis de educação física as im que chegas e ao colégio.

Peguei a mochila e a pintura e voei escad ab ixo feito uma louca. Quando cheguei na p rta da
frente, meu pai já estav na rua.

C rri atrás del sacudindo os braços e gritando histericamente.

“Espera, pai! Espera! Eu tô atras da! Preciso de uma carona até o colégio!”
Só que eu não conseguia c rrer muito rápido, p rque estav carregando a mochila e a pintura. E, é
claro, minhas pantufas de coelhinho também não ajudav m muito.

Infelizmente, meu pai NÃO me viu!

Então fiquei par da na chuva, ali no meio da rua, me sentindo muito, muito mal. Não dav par
acreditar que eu perderia o concurso de artes, tiraria zero na prova de geometria e ganharia uma
falta injustificad , tudo no mesmo dia. Senti um aperto en rme na garganta e fiquei com vontade de
ch rar de novo.

Mas meu pai dev ter finalmente notado que eu estav lá, pelo retrovis r ou algo as im, p rque de
rep nte el pisou no freio. PRRRRRRRRRRRRR! Saí c rrendo no meio da rua até a Kombi o mais
rápido que pude.

Quando entrei, meu pai perguntou: “A Bela Ad rmecida precisa de uma carona até o colégio, ou está
só esperando pelo príncipe encantado?!”

Ign rei a piadinha idiota e afundei no banco do carona. Eu estav encharcad da cabeça aos pés, mas
me sentia feliz e aliviad . Nem tudo estav perdido! Pelo menos ainda.

Mas também me senti superansiosa. Pela primeira vez no ano, eu ia par o colégio no bar tomóvel!!

E se alguém me vis e saindo del eu MORRERIA!

Quando estacionamos em frente ao colégio, já tinha par do de chover. Graças a Deus, o único outro
veículo que havia p r ali era um caminhão en rme com uns homens unif rmizados carregando uns painéis
gigantes. Me dei conta de que deviam ser par a exposição de artes.

Agradeci meu pai pela carona, peguei minha pintura e saí da Kombi. Quando eu ia fechar a p rta, el
fez um sinal e apontou par a minha mochila no chão.

“Ei, acho que você está esquec ndo alguma coisa!”

Col quei a pintura no chão com cuidado e a apoiei na lateral da Kombi.

Então voltei par dentro e peguei a mochila.

“Acho que ag ra foi tudo! Obrigad , pai!”


Acen i e fechei a p rta.

Eu NÃO conseguia acreditar que tinha chegado ao colégio em menos de seis minutos. E ninguém tinha
me visto descer do bar tomóvel, o que foi um milagre.

Então notei uma garota usando cap de chuva, chapéu e botas da Chanel, tudo combinando, descendo
do caminhão estacionado na nos a frente.

“Ei, colega, mais cuidado com is o! É uma obra de arte, não um pedaço de madeira!”, ela reclamou com
um dos homens.

Fiquei par lisad . Pensei em entrar de volta na Kombi e ficar lá até que ela fos e emb ra. Mas era
tarde demais!

A boca da MacKenzie se abriu.

Primeiro, ela fez uma car de espanto quando olhou par mim, par a Kombi e par o Max (sim, a
bar ta). Então ela abriu um s rriso supermalicios .

“Espera um pouco! VOCÊ é dos mesmos Maxwel que têm a Maxwel Exterminad ra de Insetos?! E o
que é es a coisa marrom h rr rosa em cima da Kombi, um cav lo m rto?! Deixe-me adivinhar: é par
combinar com es es coelhinhos m rtos que você tem nos pés?”

Só olhei par ela sem dizer nad .

Ok, a MacKenzie seria a incontestável venced ra se estivés emos competindo par ver quem era a mais
rica e esnobe, des nhav as roupas mais bonitas, tinha mais amigos, um quarto mais legal ou uma cas
mai r.

Mas nós NÃO ESTÁVAMOS.

Ã
Arte de vanguarda tem tudo a ver com TALENTO, e is o a MacKenzie NÃO podia comprar com o
dinheiro dos pais dela.

Eram os seus des nhos de roupa da Super-10-Colad contra a minha aquarela...

Foi aí que finalmente eu me lembrei da minha pintura. Me virei e c rri par pegar a tela, enquanto
meu pai começav a sair com a Kombi.

Mas era tarde demais! Vi aterr rizad a Kombi esmag r lentamente a cam da de vidro, a moldura
de madeira, os meus sonhos e a minha esperança. Foi incrivelmente dol ros ver algo que expres av
tão puramente os meus sentimentos, e que me exigiu mais de 130 h ras de trab lho, ser brutalmente
destruído em segundos.
Mas as lágrimas e os destroços ao lado do meio-fio não estav m nem perto de ser tão feios quanto o
insulto final da MacKenzie.

“Ah não! Esta era a sua obra de arte?! Que pena! Ei, que tal você grudar alguns insetos nela e
inscrevê-la no concurso com obra de arte moderna, cham da Insetos Maxwel no lixo?”

Então ela gargalhou com uma bruxa e saiu rebolando. Eu ODEIO quando a MacKenzie rebola!

Vi com tristeza o bar tomóvel dobrar a esquina e desap rec r pela rua.

Pela primeira vez na vida, eu quis estar lá dentro, quente e sequinha e indo par longe. Longe da
MacKenzie. Longe das minhas amigas que na verdade NÃO eram minhas amigas. Longe do Westchester
Country Day.

Eu não me encaixav em lugar nenhum e estav cansad de tentar. Sentei no meio-fio, ao lado dos
restos da minha pintura, e ch rei. Voltou a chover, mas eu não me imp rtei.

Já fazia tipo uns mil anos que eu estav lá sentad , tentando rganizar as coisas na minha cabeça,
quando notei que havia par do de chover. Pelo menos em MIM.

Então reconheci um lev cheiro de am ciante, desod rante e chiclet de m rango.

Olhei par cima e fiquei surpresa, e um pouco constrangida, ao ver o Brandon ali, segurando um
guarda-chuva em cima de mim.

“Você... está bem?”

Eu não respondi.
Então el estendeu a mão. Fiquei olhando par ela e suspirei. Se ficas e sentad na chuva p r muito
tempo, provavelmente ac baria m rrendo de pneumonia. O que, POR SINAL, não parecia uma coisa
as im tão ruim.

Segurei a mão del , e el lentamente me ergueu do meio-fio.

Ã
NÃO dav par acreditar que a gente estav rep tindo es a cena ridícula. Que patético!

Revirei os olhos, dei uma fungad e limpei o nariz na parte de trás da minha mão. Eu NÃO ia deixar
que el me vis e ch rando.

Ficamos ali par dos, sem dizer nad . Ele estav olhando par mim, e eu estav olhando par o chão.

De rep nte, o Brandon enfiou a mão no bolso e tirou de lá um lenço am s ado.

“É... Eu acho que você está... com um negócio na car .”

“Dev ser um TATU!”, respondi com sarcasmo e peguei o lenço da mão del .

“É. Dev ser”, el dis e, se esf rçando par não rir. “Tipo... curti estes sap tos!”

“NÃO são sap tos. São pantufas de coelhinho! Eu estav com muita pres a hoje de manhã, tá?”

As oei o nariz bem alto e com raiva. FOOOOOON!

“Então... é... parec que você tev um pequeno acidente com a sua obra de arte.”

“Eu não cham ria de ‘pequeno’.”

“Bem, se is o faz você se sentir melh r, a MacKenzie está inscrev ndo umas bonecas gigantes de papel.
Eu diria que a sua pintura AINDA é melh r que o trab lho dela. Mesmo dividida em 27 pedaços. Com
lam e algumas minhocas em cima.”

Um s rriso malvado lentamente perc rreu o rosto do Brandon.


“Fal sério. Tod mundo sabe que você tem mais talento na unha do pé do que...”

“Tá! Eu sei. EU SEI...!”, falei, interrompendo-o e ficando muito vermelha. Eu ODIAVA quando el
fazia is o comigo!

Tá bom. Mesmo furiosa com o mundo, tenho que admitir, a coisa toda até que era um pouco divertida.
De um jeito meio t rto.

Finalmente, s rri par o Brandon e el piscou par mim. Ele era muito TONTO! Mas no bom sentido.
Ele tinha um senso de hum r meio estranho, era simpático e um pouco envergonhado, TUDO ao mesmo
tempo. E, difer nte de mim, não era obcecado pelo que as pes oas pensav m del . Acho que ISSO
provavelmente era a coisa mais legal nel .

“Obrigad pelo guarda-chuva!”

“Sem problemas!”

Então caminhamos até a entrad do colégio.

Ainda que lá dentro estives e quentinho, eu estav toda arrepiad .

Minhas pantufas estav m encharcad s, e parecia que eu estav com duas esponjas congelad s nos pés.

“Preciso pegar meus tênis no armário e depois ir até a secretaria ligar par o meu pai. Tomar que el
pos a me trazer umas roupas sequinhas.”

“Então... eu vou com você até a secretaria, se você não se imp rtar. Minha aula é naquela direção.”

Enquanto eu e o Brandon pas ávamos pelo c rred r, algumas pes oas par vam o que estav m fazendo
par nos olhar, e outras nos apontav m e riam. Mas eu simplesmente as ign rei.
Eu sabia que parecia uma doida. A cad pas o que eu dav , minhas pantufas faziam squish-squash,
squish-squash, squish-squash e deixav m pocinhas de água no chão.

Quando finalmente cheguei ao meu armário, havia um monte de gente amontoad ao red r del . No
começo achei que estav m lá p r causa das tatuagens, mas, quando cheguei mais perto, el s se
dividiram e f ram cad um par um lado.

Daí eu vi o que el s estav m olhando.


Senti com se alguém tives e dado um soc tão f rte no meu estômago que eu mal podia respirar.
Tapei a boca e tentei segurar as lágrimas, acho que pela décima vez nesta manhã.

Alguém havia escrito no meu armário com alguma coisa que parecia glos de canela selvagem vermelho-
carmim turbinado.
Que, POR SINAL, é o pref rido da MacKenzie.

“Eu... eu sinto muito!”, o Brandon gaguejou. “Só uma completa idiota faria uma coisa tão má e imbecil
com ...”

Mas eu não ouvi o resto do que el falou.

Apenas me virei, fiz o caminho de volta pelo c rred r cheio de gente e fui direto par a secretaria
ligar par os meus pais.

Não dav mais par aguentar!

Eu ia emb ra do Westchester Country Day.

E não ia voltar NUNCA mais!


TERÇA-FEIRA, 8 DE OUTUBRO

Hoje eu não fui par o colégio p rque estav gripad e pas ei o dia inteiro na cam tomando chá de
limão.

O program da Tyra Banks estav superlegal, com sempre, mas p r algum motivo não me animou
muito.

Depois que o meu pai me pegou na escola ontem, comec i a pensar que talvez eu estives e exagerando.

Foi bem traumático ver a minha pintura sendo destroçad em bilhões de pedaços, mas quem estav
realmente estrag ndo a minha vida era a MacKenzie.

Talvez a Westchester não fos e um lugar tão ruim as im. Talvez, se eu tentas e fal r com a Chloe e a
Zoey, pudés emos voltar a ser amigas. Talvez o Brandon não me achas e tão bab ca.

Então, segunda à tarde, liguei par a biblioteca par fal r com a Chloe e a Zoey.

Além dis o, eu estav um pouquinho curiosa par saber com a MacKenzie tinha se saído no concurso
de artes. Tá bom, admito, eu estav MORRENDO de curiosidade! Minhas mãos estav m até trem ndo
quando disquei o número no tel fone.

“Biblioteca, Zoey fal ndo.”

“Oi, Zoey, sou eu, a Nikki. Tô ligando só pra saber com vocês estão. Você NÃO vai acreditar no que
acontec u comigo hoje de manhã.”

Então ouvi a voz ab fad da Chloe no fundo da ligação.


“Ai, meu Deus! É ela?! Diz que você não pode fal r ag ra p rque nós estamos superocupad s. Não
podemos perder tempo.”

“É... e aí, Nikki? O Brandon nos contou tudo que acontec u. Na verdade, el está aqui ag ra. Sinto
muito pela sua obra de arte...”, a Zoey gaguejou nervosa.

“Sim, claro. Então, o que vocês três estão ...”

“Olha só, Nikki, eu tenho que desligar. A gente está superocupad com, hum... um trab lho. A Chloe e o
Brandon estão mandando um oi.”

“Espera, Zoey! Eu só queria...”

“Desculpa, preciso ir. A gente se vê am nhã. Tchau.”

CLICK!

Depois des a conversa, eu não tinha mais dúvidas de que a Chloe, a Zoey e o Brandon me odiav m.
Então, não havia mais nad a fazer a não ser começar os planos par mudar de escola.

E CHORAR bastante também.

O que eu já vinha fazendo ao longo das últimas 24 h ras.


A única coisa boa dis o tudo é que meus pais têm se preocupado tanto com o meu estado emocional
que finalmente me deixar m mudar par a escola pública mais próxima.

Agradeci meu pai p r conseguir a bolsa de estudos e tal, mas infelizmente não tinha dado certo.

Surpre ndentem nte, a minha mãe e o meu pai aceitar m numa boa o fato de o pres nte de
aniversário del s ter sido destruído.

Eu até prometi pintar um novo, apesar de a Brian a insistir que ela queria fazer um des a vez.

“Não se preocupem, mamãe e pap i! Eu tô fazendo um pres nte de aniversário novinho pra vocês, já tá
quase pronto! E é bem melh r do que aquela pintura velha da Nikki!”

Mas eu tive um mau pres entimento a respeito da obra de arte da Brian a.


Quando perguntei se ela tinha usado tinta guache ou giz de cera, ela dis e: “Não! Eu usei tinta preta
permanente. E des nhei em cima do sofá, exat mente no mesmo lugar onde sua pintura tav
pendurad !”

A Brian a dis e que o des nho dela se cham va...

A FAMÍLIA MAXWELL VISITA A PRINCESA DE PIRLIMPIMPIM


NA ILHA DOS BEBÊS UNICÓRNIOS

Quando minha mãe viu o mural da Brian a, quase desmaiou. E daí minha irmã tentou se livrar botando
a culpa na Bicuda.

Foi muito bom rir de novo depois de ter ficado tão deprimida.
QUARTA-FEIRA, 9 DE OUTUBRO

Meus pais e eu fom s até a Westchester 45 minutos mais cedo par resolver tudo antes que os alunos
começas em a chegar.

Com el s ficar m na secretaria fal ndo com a funcionária e pre nchendo os papéis par a
transferência, não consegui deixar de olhar os painéis col ridos do concurso de artes que estav m no
hal de entrad .

Não imp rtav quanto eu tentas e me convencer de que não estav nem aí, TINHA que saber se a
MacKenzie havia vencido. Eu estav , tipo, obcecad com is o.

Se me apres as e, eu poderia dar uma olhad na exposição durante alguns minutos e ainda teria tempo
par esvaziar o meu armário, voltar par a secretaria e sair do prédio antes que alguém me vis e.

“Bom, é melh r eu ir log ”, murmurei aos meus pais. Peguei a caixa de papelão vazia que havia trazido
par levar tudo que estives e no meu armário e atraves ei o c rred r.

A exposição estav montad em um espaço en rme ao lado do ref itório e era dividida p r série.
Pas ei rápido pela sexta e sétima séries e cheguei à seção da oitav . Tinha uns 25 trab lhos. Log
encontrei o da MacKenzie.

Com tudo que ela fazia, era exagerado, grande e brilhav . Ela havia pintado set manequins em
tam nho real, vestidos com roupas da sua Super-10-Colad , em painéis com dois metros de altura.

Tenho que admitir, ela era uma estilista muito boa.

Mas o estranho é que eu não vi a faixa de primeiro lugar.


Emb ra, conhec ndo a MacKenzie, ela provavelmente tives e levado par cas par que os pais
banhas em a faixa em bronze. As im combinaria com os sap tos dela.

Mas talvez NÃO fos e o caso.

Fiquei surpresa ao ver que a faixa azul estav pendurad na última obra.

Não pude deixar de sentir pena do artista que ia ter que lidar com o dram da derrota pública e
humilhante da MacKenzie.

A obra venced ra era uma série de dez s eis fot grafias em preto e branco, que mostrav m algumas
tatuagens.

Quando li o nome da artista, eu quase

SURTEI!
Reconheci na h ra as tatuagens que eu tinha feito no ombro da Zoey, no braço da Chloe, no pescoço
do Tyler, no t rnozelo da Sophia, no pulso do Mat e as im p r diante.
Então devia ser este o “trab lho” que a Chloe, a Zoey e o Brandon estav m fazendo quando
dis eram que não podiam fal r comigo pelo tel fone segunda à tarde.

Aos poucos, a situação começou a ficar clar na minha cabeça.

Fiquei tipo: “MEU DEUS! EU GANHEI o primeiro lugar no concurso! PRIMEIRO LUGAR e quinhentos
dólares!”

Graças à Chloe, à Zoey e ao Brandon! Eles dev m ter bolado es e super squema depois que a minha
pintura foi destruída. E este painel incrível com o MEU nome dev ter levado h ras par ser feito.

Ã
Eu estav TÃO engan da quanto a el s. Eles eram os MELHORES amigos DO MUNDO! E mais de
uma dúzia de outros alunos tinham aceitado ser fot graf dos. Tudo is o me deixou NAS NUVENS!

Talvez a Westchester não fos e um lugar tão ruim as im, no fim das contas. Eu tinha amigos de
verdade aqui. E é claro que ajudav o fato de ag ra eu ser rica, rica, rica, mais do que eu poderia
sonhar.

Voltei c rrendo par a secretaria e pas ei direto pela p rta.

“Mãe, pai! Mudei de ideia. Quero ficar aqui!”

Os dois parec ram surpresos.

“Querida, você está bem?”, minha mãe perguntou preocupad .

“Na verdade, mãe, estou ÓTIMA! Mudei de ideia. Quero ficar aqui, POR FAVOR!”

“Bom, você que sabe. Tem certeza?”, meu pai dis e, largando a caneta na mesa.

“Tenho sim. Tenho certeza ABSOLUTA.”

A secretária pegou os papéis que estav m com o meu pai, rasgou-os ao meio e jog u os restos no cesto
de lixo.

“Que ótima notícia!”, ela dis e. “E par béns pelo primeiro lugar no concurso de artes! Você vai à
confraternização no próximo sábado, não vai? Eles vão entregar os prêmios em dinheiro e a comida vai
ser mar vilhosa.”

Meus pais pareciam superconfusos. “Pensei que você tinha dito que não...”, minha mãe começou a dizer,
mas eu log a interrompi.
“Olha só, mais tarde eu explico is o. Tipo, vocês dois não têm nenhum compromis o?”, s rri e dei um
tchauzinho par el s, na esperança de que entendes em a mensagem e fos em emb ra.

Minha mãe me beijou na testa. “Tá bom, querida! Ficamos felizes em saber que você decidiu ficar.”

“Sim, e tudo graças à Maxwel Exterminad ra de Insetos!”, meu pai dis e e deu uma piscadinha. “Sabia
que você se daria bem aqui se des e uma chance.”

“Bom, eu preciso ir! Ah. Olha só, pai.” Entreguei a caixa de papelão par el . “Você pode se livrar
dis o aqui pra mim?”

Então me virei e saí c rrendo da secretaria.

Os c rred res se enchiam de alunos e alguns até me cumprimentar m. Enquanto eu voltav até o meu
armário, não tinha muita certeza do que esperar, mas estav pronta e ansiosa par lidar com o que
ap rec s e.

A pixação havia sido removida, graças a Deus. Mas tinha alguma coisa nova no meu armário.

Bati na p rta do depósito do zelad r e então espiei ali dentro.


A Chloe e a Zoey estav m em um canto sentad s no chão, parec ndo supertristes. Fiquei com um
pouco de pena delas.

“Nós dev mos desculpas a você pela maneira com agimos”, a Chloe dis e. “A gente se deixou levar p r
tod es e lance de tatuagens e livros. E is o não foi justo com você.”

“É! E nós também aprendemos quem são nos os amigos de verdade. As GDPs só queriam andar com a
gente p r causa das tatuagens. Bando de falsas!”, completou a Zoey.

“Na verdade, eu meio que percebi is o também. Aquel bando de che rleaders era de dar medo!”, eu
dis e, trem ndo só de lembrar.

“Escuta, p r fav r, não fique zangad , Nikki!”, a Chloe dis e, com os olhos cheios de lágrimas. “Mas
nós temos que confes ar outra coisa...”
A Zoey limpou a garganta.

“Bom, depois que ficamos sabendo do acidente com a sua pintura, fom s atrás dos alunos com as
melh res tatuagens, e o Brandon tirou fot grafias delas durante o almoço. Daí el imprimiu as fot s
no escritório do j rnal do colégio. A sra. Peach nos deixou trab lhar no seu projeto a tarde toda na
biblioteca. Nós o cham mos de O c rpo do estudante.”

“E você não vai acreditar no que acontec u”, a Chloe ch ramingou, secando as lágrimas.

“Eu ganhei!”

“VOCÊ VENCEU!!”, elas dis eram juntas.

“Espera! Você SABIA?!”, a Zoey perguntou, surpresa.

“Sim. Descobri alguns minutinhos atrás.”

“Nós sabemos que não devíamos ter feito is o sem perguntar a você antes. Mas não havia tempo. Você
não está chatead com a gente, está?”, a Chloe perguntou e fez umas caretas par tentar amenizar
o clima.

“Na verdade, estou. Estou MUITO BRAVA!”, eu dis e. A Chloe e a Zoey col car m as mãos na cabeça
e olhar m par o chão.

“Sentimos muito. Só estávamos tentando ajudar...”, a Zoey murmurou.

“Eu achav que vocês eram minhas amigas. Com é que fizeram is o comigo? Estou MUITO BRAVA! Eu
daria QUALQUER coisa par ter visto a car da MacKenzie quando ela PERDEU!” Eu estav me
esf rçando muito par não rir e não conseguia mais me aguentar.
Primeiro, as duas piscar m e parec ram perplexas. Daí, aos poucos f ram surgindo pequenos s rrisos no
rosto delas, até que el s se abriram de ponta a ponta.

“MEU DEUS! Nikki, você tinha que ter visto a car dela”, a Chloe dis e, empolgad . “Quando
anunciar m que você era a venced ra, ela ficou pas ad !”

“Foi muito engraçado! A MacKenzie tev um chilique bem na frente dos juízes!”, a Zoey comentou.

Em pouco tempo estávamos rindo e contando piad s no depósito do zelad r, com nos velhos tempos.

“Ops. Acho que ouvi o sinal da primeira aula”, resmunguei.

“Vamos sair daqui antes que a gente comec a cheirar a mofo!”

A Chloe e a Zoey abriram a p rta e ficar m esperando que eu saís e antes.

“O talento antes... da inteligência!”, a Zoey piscou e depois fez uma careta.

“O talento antes... da bel za!”, a Chloe riu e depois me fez cócegas.

“Ei, amigas, eu vejo o talento! Mas, a não ser p r mim, não tem nad de inteligência ou de bel za p r
aqui!”, provoquei.

Foi quando a Chloe e a Zoey deram soquinhos no meu braço. “AI!!”, eu ri. “Is o dói!!”
QUINTA-FEIRA, 10 DE OUTUBRO

Dev ter acontecido alguma megaliquidação ontem no shop ing ou algo as im, p rque quatro meninas
estav m usando exat mente a mesma roupa.

Eu não tinha repar do nis o, até que ouvi a MacKenzie ridicularizando uma delas no c rred r.

“NOSSA! Olhem is o! TODAS estão vestindo exat mente o mesmo conjuntinho! Já sei, não precisa nem
me dizer. Dav m um pra tod mundo que compras e um McLanche Feliz!”

Eram 7h45, e eu já estav imaginando com ela ficaria com fita isolante colad na boca.

Quando a MacKenzie finalmente se deu conta de que eu estav ali, tentou se fazer de inocente.

“Caso você esteja desconfiad , NÃO fui eu quem escrev u ‘Garota Inseto’ no seu armário. Muita gente
usa glos na c r canela selvagem vermelho-carmim turbinado, sabia?”

Só revirei os olhos. Es a menina é TÃO mentirosa. Não acreditei nem p r um segundo no que ela dis e.

A MacKenzie jog u os cabelos par trás e olhou par sua imagem perfeita no espelho.

“Além dis o, mesmo se tives e sido eu, você não teria com provar!”

Então, ela aplicou sua cam da matinal de glos .

Com eu ia pas ar o ano inteiro com o armário ao lado do da MacKenzie, decidi utilizar a estratégia
“mente-sobre-matéria” de pensamento positivo inventad pela Zoey par lidar com a questão.
Na minha MENTE, eu estav cansad de saber o que a MacKenzie pensav SOBRE os outros, p rque
is o não era MATÉRIA rel vante!

Apesar de que, devo admitir, os brincos de argola que ela estav usando eram lindos demais.

P r que es es brincos en rmes parec m tão GLAMOUROSOS nas GDPs? Mas, quando garotas n rmais
(com eu) os usam, ac bamos precisando de uma cirurgia plástica nas relhas?
A Zoey, a Chloe e eu sentamos juntas à mesa 9 durante o almoço e várias pes oas vieram nos
perguntar sobre as tatuagens. Com o nos o program Troca de Tinta era um grande suces o e
tínhamos arrecad do quase duzentos livros par doar par caridade, decidimos continuar com el
apenas três vez s p r mês, começando em novembro. Ia ser ótimo NÃO ter que me esconder dentro
do armário entre uma aula e outra com medo de bandos de che rleaders furi... – quer dizer, p r
causa da minha timidez.

Mas o mais estranho de tudo é que eu estav começando a ficar ansiosa par participar da Seman
Nacional da Biblioteca na Biblioteca Pública de Nova Y rk. E tínhamos boas chances de ser
sel cionad s. Tipo, imagine só! Eu, a Chloe e a Zoey em Manhat an p r cinco dias, sem os nos os pais!
Is o seria INCRÍVEL!

A gente ia andar na moda e ter muitos amigos, animação e az ração, com naquela matéria da Que
Demais!. E talvez até arranjás emos um jeito de ir ao

PROGRAMA DA TYRA BANKS!


Eu AMO es a MULHER!!
Eu também planejav aproveitar ao máximo a confraternização com tod s aquel s escrit res famos s.
Eu não tinha ideia de que um livro autograf do valia tanto.

Pret ndo juntar uma meia dúzia e depois vendê-los na Internet p r uma boa gran . Então, TCHA-

NAN!! Eu poderia comprar aquel sonhado iPhone! Eu NÃO SOU brilhante?! !

Aliás, decidi guardar os quinhentos dólares do prêmio par fazer um curso de des nho. Vai ser a
quinta vez que ter i aulas naquel ateliê, e a minha profes ra dis e que eu já tenho um p rtfólio bom
o suficiente par entrar na faculdade. O que é fantástico, já que ainda não estou nem no ensino
médio! Ela dis e que, se eu continuar me esf rçando bastante, pode ser que consiga bolsas de estudo
par as melh res faculdades do país. DEMAIS!

O Brandon parou ao lado da nos a mesa par perguntar se poderia me entrevistar sobre o prêmio no
concurso de arte de vanguarda, já que is o era um “furo de rep rtagem”.

Agradeci p r el ter tirado as fot grafias das minhas tatuagens e dis e que tinha sido um excel nte
trab lho. Mas el dis e que não era nad e que planejav usar as fot s na rep rtagem que estav
escrev ndo.

Daí a MacKenzie chegou toda simpática par me dar os par béns. Fiquei tão pas ad que quase
vomitei meu almoço nos sap tos novos dela!

Mas acho que ela só queria flertar com o Brandon, p rque ficou jogando charme par cima del e
dando piscadinhas, com se tives e entrado um cisco no olho dela.

Com é que ela tem a car de pau de fazer is o?! Ela só pode ter QI negativo.
Apesar de termos combinado de não fazer nenhuma tatuagem até o próximo mês, a Chloe e a Zoey
insistiram par que eu fizes e só mais UMA...

EM MIM MESMA.

Minha tatuagem ficou IRADA!

Tá bom. Eu admito que me enganei quando achei que minha avó estav gagá. Mas estav certa quanto
àquel fantoche DEMENTE, a Bicuda.

Depois do almoço, o Brandon foi comigo até a aula de biol gia. Ele tirou os cabelos do rosto com os
dedos (de novo) e s rriu tod envergonhado.

“Então... é... tav pensando se... é... você quer ser minha dupla no trab lho sobre a estrutura da
mitocôndria?”

Ã
NÃO dav par acreditar que el estav me perguntando is o. Então eu olhei no fundo dos olhos del ,
toda séria, e dis e:

“ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!!”

Com certeza el achou que eu era LOUCA.

Mas e daí?! Eu sou as im, não sou?

EU SOU MUITO TONTA!


!!!
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O diário de uma garota nad popular

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Cap
Ficha
Rosto
Dedicatória
Créditos
Agradecimentos
Sábado, 31 de agosto
Segunda-feira, 2 de set mbro
Terça-feira, 3 de set mbro
Quarta-feira, 4 de set mbro
Quinta-feira, 5 de set mbro
Sexta-feira, 6 de set mbro
Sábado, 7 de set mbro
Domingo, 8 de set mbro
Segunda-feira, 9 de set mbro
Terça-feira, 10 de set mbro
Quarta-feira, 11 de set mbro
Quinta-feira, 12 de set mbro
Sexta-feira, 13 de set mbro
Sábado, 14 de set mbro
Segunda-feira, 16 de set mbro
Terça-feira, 17 de set mbro
Sexta-feira 14 (o minuto do pesadelo)
Quarta-feira, 18 de set mbro
Quinta-feira, 19 de set mbro
Sexta-feira, 20 de set mbro
Segunda-feira, 23 de set mbro
Terça-feira, 24 de set mbro
Quarta-feira, 25 de set mbro
Quinta-feira, 26 de set mbro
Sexta-feira, 27 de set mbro
Sábado, 28 de set mbro
Domingo, 29 de set mbro
Segunda-feira, 30 de set mbro
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Quarta-feira, 2 de outubro
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