003 Ferreira+Bastos+Dança
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REVISTA BRASILEIRA DE FILOSOFIA DA RELIGIÃO / BRASÍLIA / V. 8 N.º 2 / DEZ. 2021 / ISSN 2358-8284
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Disse uma vez o filósofo Nietzsche que não acreditaria num Deus que não
soubesse dançar (2011, p. 59). Perguntamo-nos aqui qual sentido se pode apreender ao
pensarmos que uma das formas de comunicação das divindades nos cultos de motriz
africana 1 acontece pela dança?
Este trabalho visa investigar, nas chamadas danças dos Orixás, a gestualidade e a
expressividade presentes em suas movimentações. Acreditamos que elas remetam a
certos aspectos estéticos que, além de expressarem beleza, ensinam-nos sobre a
resistência das populações escravizadas, sobre seus códigos de compreensão de mundo,
bem como suas manifestações mais sensíveis e corpóreas, tal como é o caso da dança.
1
“O termo motriz é utilizado pelo pesquisador Zeca Ligiero para substituir matriz, pois, segundo ele, não
pretende apontar para a existência “apenas de uma ‘matriz africana’, mas sobretudo de ‘motrizes’
desenvolvidas por africanos e seus descendentes na diáspora, presentes nas celebrações festivas e
ritualísticas no continente americano independentemente dos limites territoriais e ou linguísticos [sic] dos
seus habitantes.” (FERREIRA, 2017, p. 129).
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A DANÇA DIVINIZADA DOS ORIXÁS
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Programa ligado ao grupo “Geofilosofia e performances do pensamento” da Unilab – campus dos Malês.
Para mais informações acessar: http://pausapoetica.wixsite.com/andancas
3
Acerca disso publicamos o artigo “AnDanças – o movimento corporal do pensamento” na série “Extensão
Universitária e Sociedade – Volume 1 A ecologia dos Saberes” da UNEB. Resumidamente, partimos do
pressuposto filosófico de que o pensamento acontece no corpo e, portanto, que o movimento corpóreo
também é gerador de pensamento (teoria).
4
Ao longo de quatro anos, frequentamos oficinas de dança dos Orixás e/ou dança afro, danças populares e
eventos semelhantes, além de produzirmos eventos no assim em projetos de extensão. Por considerarmos
que tais práticas constituem nossas referências para produção dessas reflexões, mencionamos adiante
algumas atividades externas de que participamos e seus/uas autores/as:
- http://pausapoetica.wixsite.com/andancas/atividades
- Oficina Corpos Conscientes – Carlos Santos Becerra – Unilab – 2014;
- Os caminhos da zamba – Verônica Navarro, Maga Schule, Marcelino Peralta – 2015;
- curso livre de Dança afro – Tatiana Campelo - Escola de dança da Funceb – 2014;
- Dança Afro Contemporânea – Maestro Monza Calabar e Marcela Barravento – Mercado Cultural de São
Francisco do Conde – 2015;
- Dança afro: Corpo, ritmo e ritual em estudo. Stephanie Bangoura - casa do Benin, Salvador – 2015;
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1. MILAGRES DO POVO
A faixa de terra formada por mangues, baixios e tabuleiros que contornam a Baía de
Todos os Santos. Um “anfiteatro” com três degraus tendo como palco a cidade do
Salvador e como “orquestra” a Baía de Todos os Santos. O Recôncavo é uma região de
topografia baixa, com exceção da zona de Cruz das Almas, onde a altitude média é de
200m. (ORMINDO, 2011, p. 207).
- Work dance - Junior Oliveira - Teatro dona Canô – Santo Amaro da Purificação – 2015;
- Ballet Afro do Recôncavo – Maestro Monza Calabar e Marcela Barravento – Teatro Dona Canô – Santo
Amaro da Purificação – 2016;
- A ginga que meu corpo dá, pistas para um pensamento sensível afro-brasileiro – Stênio Soares – Mostra
UM’S e outros – UNESPAR – Curitiba – 2016;
- Oficinas dança de Pé no Chão – Taata Muta Imê – (vários locais) – 2015 a 2018;
Também são consideradas as festas de terreiro por nós frequentadas nas casas: Ilê ia Omã de Mãe Lidia de
Oxaguiã em Santo Amaro; terreiro Oyá-Bômin de Mãe Silvia de Oyá Bômin em Acupe; terreiro Nzo Muta
Lombô ye Kaiongo de Taata Muta Imê, bem como o xirê do Bembé do Mercado (2015 a 2018).
Salientamos aqui que nenhuma de nós é iniciada na religião dos Orixás. Nossa relação com essas
manifestações se refere ao que é aberto ao público.
5
O Recôncavo baiano, pensado por Ormindo num contexto Geográfico e histórico, é composto por 26
cidades, sendo elas: Conceição do Almeida, Sapeaçu, Cruz das Almas, Santo Antônio de Jesus, Salinas da
Margarida, Muniz Ferreira, Nazaré, São Felipe, Dom Macedo Costa, Governador Mangabeira, Muritiba,
Cachoeira, São Felix, Maragojipe, Santo Amaro, Saubara, Conceição do Jacuípe, Terra Nova, Amélia
Rodrigues, Laje, Teodoro Sampaio, Candeias, Simões Filho, Salvador, São Francisco do Conde e São
Sebastião do Passe.
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A esse respeito, uma das perspectivas avaliadas por pesquisadores dessa religião
é a de que seu surgimento restituiria as perdas ocasionadas pela escravidão no Brasil,
revivendo o modelo mítico dos antepassados dos escravizados. Contudo, é sempre bom
lembrar que o candomblé não é apenas restituição, sendo também, como diz Caetano
Veloso, “um milagre do povo”. Como diz Robert F. Thompson:
O Ioruba permanece Iorubá precisamente porque sua cultura lhe oferece amplos meios
filosóficos para compreender e, em última instância, transcender os poderes que
periodicamente ameaçam dissolvê-la. O fato de sua religião e arte resistirem aos horrores
do tráfico transatlântico e se estabelecerem firmemente nas Américas (Nova York,
Miami, Havana, Matanzas, Recife, Bahia, Rio de Janeiro), enquanto o comércio de
escravos provava a diáspora Iorubá, reflete o triunfo de uma inexorável vontade
comunitária. (2011, p.33).
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“possessão” 6
conhecida como “rodar no santo” ou “virar no santo” 7
(entre outros
termos). Costuma-se dizer que, quando o Orixá chega, sua/eu filha/o “virou no santo”. A
possessão é, segundo Rabelo, “um evento relacional” em que: “as entidades são
mobilizadas por contextos sensíveis e significativos, que pedem sua presença, e uma vez
presentes, dialogam ativamente com estes contextos” (RABELO, 2014, p.129). A dança
é uma dessas manifestações:
No candomblé, como já vimos, as pessoas que dão ou viram no santo, que vivenciam a
presença do Orixá através da possessão, são chamadas de rodantes. Os Orixás pegam ou
apanham suas filhas rodantes em ocasiões diversas e variáveis – o ritual é o mais
importante delas. Durante as festas em sua homenagem, eles dão rum – dançam
respondendo aos tambores (o rum é um dos três atabaques do terreiro). (RABELO, 2014,
p. 132).
6
Encontramos o uso do termo “possessão” tanto em Miriam Rabelo quanto em Pierre Verger, entretanto,
trata-se de um termo controverso e raramente utilizado entre o povo de santo.
7
Sobre isso cf.: RABELO, Miriam C. M. Enredos, feituras e modos de cuidado dimensões da vida e da
convivência no candomblé (2014). Salvador: EDUFBA. Essa obra é fonte importante de compreensão das
dimensões sagradas dos movimentos vinculados a dança dos oxirás, tal como eles acontecem nos espaços-
momentos religiosos.
8
No texto, o autor faz uma nota explicativa acerca do que ele entende por “mestres”, referindo-se ao texto
“Cargos de ordem hierárquica pertencente da organização própria de cada casa de Candomblé”
(FERREIRA, 2009, p.4).
9
De acordo com Ferreira (apud Martins, 2017, p.51-52), seriam músicos que mantem a disciplina da
orquestra durante os rituais (ogã calofé).
10
Pierre Verger foi um fotografo e etnólogo autoditada e franco-brasileiro.
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Num espetáculo de beleza, sincronia, simetria e riqueza textual, cada Orixá conta
sua história de vida a partir da dança por meio da movimentação ritmizada, seus rituais
de morte, vida, nascimento, suas histórias de amor, caça, entre tantas outras. Todo Orixá
tem idiossincrasias e na dança é bem marcante sua particularidade. Quando esses ritos
religiosos são passados para a cena, para as performances artísticas, eles são
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Segundo Santos, essa manifestação teria sido escolhida para a expressão dos
deuses: “porque ela traz em si o poder do movimento necessário ao equilíbrio da
natureza”. (SANTOS, 1996, p.18)
11
Foram citados os nomes de alguns Orixás de tradição Iorubá. Para mais informações sobre os Orixás e a
sua cultura, tomamos por referência o trabalho de Hendrix Alessandro Anzorena Silveira (2004) “A cultura
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Essa dança vinda do terreiro foi passada para o meio artístico e cultural, sendo
representada mimeticamente por bailarinos em espetáculos e cenas. Na proposta da
estudiosa Inaicyra Falcão Santos (2009) intitulada “Corpo e ancestralidade”, a autora faz
a inter-relação entre a tradição herdada, a oralidade, a mitologia, as danças, os cantos, os
gestos e ritmos, ressignificando na contemporaneidade os valores míticos, a natureza, o
pensamento, a tradição e as histórias individuais. Os ritos vivenciados nos terreiros
influenciam a memória corpórea, carregando as ações influenciadas por esses ritos que
estarão presentes no cotidiano e nos meios artísticos (SANTOS, 2009 p.34).
A dança artística tem códigos gestuais de extrema importância. Quando ela é bem
executada, a comunicação entre o público e a/o dançarina/o acontece, mesmo que a plateia
não tenha muito conhecimento acerca da cultura religiosa pertencente à dança
(FERREIRA, 2009, p.3). É nesse sentido que Augusto Omolu 12, grande Bailarino/ator
baiano, mestre na dança dos Orixás, trata da prática da dança dos Orixás. Para ele, o corpo
do dançante precisa estar concentrado e consciente do que vai realizar, tendo clareza
quanto ao significado de cada movimento e gesto da história que quer contar. É preciso
estar ligado a uma crença e a um tipo de disposição mental. Na transfiguração da dança
dos Orixás para os palcos, é preciso que haja precisão nos códigos gestuais para que haja
comunicação com o público presente:
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Na dança dos Orixás não existe gesto e ou movimento aleatório cada um tem uma
categoria de significado e uma poética configurando assim a “ação física”. Como disse o
próprio Mestre Augusto os “pés pensam” é preciso equalizar as intenções de força, peso,
ritmo e tempo dos pés com os braços, tronco e pernas, as duas devem estar vibrando com
as mesmas energias. Segundo ele toda a movimentação do corpo e principalmente dos
pés tem como referência a terra (chão) toda a energia dos Orixás vem da terra.
Deslocamento espacial e transição de movimentos e qualidades expressivas estão
interligados. (FERREIRA, 2009, p. 6).
O corpo e o mundo estão numa relação de troca. Quando aplicamos uma força
num espaço, ele também “sofre” essa força. No caso da dança dos Orixás, ela tem a
característica particular dos joelhos estarem sempre dobrados, com o corpo encurvado,
pois assim é aplicada uma força maior no chão — o corpo se conecta com o solo e,
consequentemente, essa energia é retribuída por ele 15: “Os pés tocam e se comunicam
com a ancestralidade da terra - aiê - na concepção Yorubá de mundo, e assim estabelecem
fortes relações sagradas com as matrizes africanas” (Sabino; Lody, 2011 p. 75).
13
Também conhecida como Oyá/Oiá, deusa Yourubá, ela é cultuada inicialmente às margens do rio Niger,
estando relacionada ao elemento fogo no Candomblé e ao despacho dos Eguns (espíritos dos mortos) na
Umbanda, encaminhando os mortos para o outro mundo. Quando associada ao Orixá Xangô, ela está
relacionada aos relâmpagos, trovões e tempestades. No sincretismo religioso, é representada por Santa
Bárbara. “Yansã”, em Nagô, também significa “Mãe do céu rosado” ou “Mãe do entardecer”. Ela dirige os
ventos, as tempestades e a sensualidade feminina. (Moraes, 2015)
14
O empoderamento é a ação social e coletiva de participar de debates e atos com o intuito de potencializar
algumas questões subalternizadas, e da conscientização civil sobre os direitos sociais. Esse ato possibilita
emancipações e conquistas individuais e coletivas, também incentiva a liberdade de decisões.
15
Essa compreensão de danças dos Orixás foi apreendida a partir da participação no curso “DANÇA AFRO
– Corpo, Ritmo e Ritual em estudo”, que ocorreu em agosto de 2015 na Casa de Benin, Salvador/BA.
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Os membros inferiores estão associados aos ancestrais, sendo que nos rituais de iniciação
esta relação é reforçada e atualizada. O lado direito do corpo é considerado masculino; o
esquerdo, feminino, dizendo respeito à ancestralidade masculina e feminina,
respectivamente. Observamos que em vários rituais a sola dos pés deve permanecer em
contato com o chão, visando ao estabelecimento da ligação com importantes poderes que
emanam do elemento terra, também chamado de aiê. Já as mãos são consideradas como
entrada e saída de forças provenientes dos Orixás incorporados em seus “filhos”.
Desempenham desta forma papel importante na dramatização da vida social, pois gestos
adequados são essenciais no cotidiano das relações sociais. Exemplificando, quando as
palmas das mãos se encontram estendidas, voltadas para cima, frente ao corpo, em direção
à autoridade, expressam uma atitude de submissão, de “pedir a benção”. Quando apenas
a palma da mão direita é levantada, indica a benção concedida por uma pessoa portadora
de prestígio e autoridade (MARTINS apud BARROS; TEIXEIRA, 2008, p.89).
16
Sobre isso conferir os trabalhos do pensador congolês Bunseki Fu-Kiau de Zeca Ligiero (2011), que
retomam seu pensamento para falar das performances afro-brasileiras.
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Aqui optamos por falar da dança, mas se consideramos esse aspecto informado
por Ligiero (e por nossa vivência com essas práticas) de que o estético não se separa da
vida, religião e do sagrado, então podemos ver, no âmbito das “performances africanas”
(ou, no nosso caso específico, afro-diaspóricas), uma multiplicidade de linguagens, artes
visuais, música, teatro e literatura. Nesse sentido, podemos, como propõe o filósofo
Wanderson Flor Nascimento, apreender os valores estéticos que ensinados pelos
candomblés: “(..) não apenas como religiões, mas também como modos de vida
elaborados no Brasil com a presença de elementos culturais africanos, como crenças,
saberes, valores e práticas.” (NASCIMENTO, 2016, p.153). Segundo ele, poderemos aí
encontrar presentes certos “aspectos filosóficos” nesses valores. Gostaríamos de nos
despedir falando um pouco acerca disto.
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Esse universo seria justamente o do ballet clássico.
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responsáveis pelos tambores, que aliás, também são vistos como seres que merecem
respeito e obediência — saia do toque, do ritmo, o orixá parará de dançar e chamará a
atenção dos músicos, exigindo a perfeição na batucada para seguir em sua manifestação.
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