Sensacao de Orgao e Pacto Narsicico Da Branquitude Ivina de Paula

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PAIVA DE PAULA, Ivina. Sensação de órgão e pacto narcísico da branquitude: a


importância de pensar questões raciais na clínica. In: VOLPI, José Henrique;
VOLPI, Sandra Mara (Org.) 25º CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS
CORPORAIS. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2022. [ISBN – 978-65-89012-02-
3]. Disponível em: https://www.centroreichiano.com.br/anais-dos-congressos-de-
psicologia/ Acesso em: ____/____/____.

SENSAÇÃO DE ÓRGÃO E PACTO NARCÍSICO DA BRANQUITUDE: A


IMPORTÂNCIA DE PENSAR QUESTÕES RACIAIS NA CLÍNICA.

Ivina Paiva de Paula

RESUMO

Este artigo visa discutir como a sensação de órgão de terapeutas pode ser afetada por
questões sociais, especialmente o racismo, que atravessam o processo de subjetivação de
todos nós. A partir do conceito de “pacto narcísico da branquitude” discuto como o racismo
estrutural que constitui a sociedade brasileira afeta também a forma de olhar e sentir o outro. É
importante que nós, terapeutas corporais, estejamos conscientes das questões raciais que nos
atravessam para que de fato possamos estabelecer pontes radiantes com as pessoas que
atendemos, sem estigmatizá-las ou minimizar sofrimentos e vivências que não atravessam
nosso corpo, no caso de terapeutas brancas e brancos.

Palavras-chave: Sensação de Órgão. Branquitude. Racismo. Pacto narcísico.

Esse trabalho surgiu a partir de alguns questionamentos. Ao estudar o conceito de


sensação de órgão e suas implicações no processo terapêutico, me vieram as perguntas: quais
atravessamentos sociais estão relacionados à capacidade de conexão do meu corpo, enquanto
terapeuta, ao corpo de pacientes na clínica? O meu lugar social, enquanto mulher cisgênero
branca de classe média, participa de que forma dos processos corporais que me atravessam
no contato com as pessoas que atendo? A quais corpos eu me abro mais e, portanto, sou mais
empática? O que ser branca produz, em termos de memórias inconscientes no meu corpo, e
me faz ver ou não ver determinados processos?

Nas abordagens psicoterapêuticas corporais o corpo aparece como elemento central: é


palco de intervenções e também fonte de informações sobre a constituição da pessoa e seus
processos subjetivos. Ou seja, para a psicologia corporal o corpo comunica a história da
pessoa, e a intervenção terapêutica alia a fala a intervenções diretamente no corpo, que visam
liberar a energia estagnada nas couraças e, dessa forma, restabelecer o fluxo energético vital
da pessoa, buscando a autorregulação (VOLPI, 2020). Nesse processo, não só o corpo da1
paciente está no centro do trabalho, mas também o corpo da terapeuta: REICH (1995) enfatiza

1
Neste artigo, opto por usar o feminino ao me referir a “terapeuta” e “paciente”. Essa escolha se dá pelo fato de eu
ser mulher e também como um posicionamento político de denúncia da linguagem sexista que invisibiliza mulheres
e pessoas não binárias ao estabelecer o masculino como generalização do humano.

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a importância de que a terapeuta sinta a expressão facial da paciente para que possa
compreendê-la. Para o autor, essa capacidade de conexão se dá a partir dos movimentos
expressivos da paciente, que geram uma imitação no nosso próprio organismo. “Imitando
esses movimentos, “sentimos” e compreendemos a expressão em nós mesmos e,
consequentemente, no paciente.” (REICH, 1995, p.335).
Esse processo de sintonia corporal da terapeuta com os processos da paciente é
chamado de sensação de órgão, e BERNSTORFF e ALENCAR (2015), aprofundando o que
Reich preconizou, definem que esta “é a capacidade que o psicólogo desenvolve de sentir,
sintonizar-se com o paciente, ficando apto a compreender o que ele precisa e seu objetivo com
o que traz verbalmente ou não para as sessões.” (p. 26). Sensação de órgão, portanto, tem a
ver com a capacidade empática da terapeuta e CAMARGO e MIRANDA (2019) definem que, a
partir dessa compreensão, “a empatia sai da esfera mental ou da “alma” e passa a se localizar
no corpo, pra além da ação consciente ou moral.”(p.1). A sensação de órgão é um dos
caminhos que possibilitam o estabelecimento de uma ponte radiante no processo terapêutico,
ou seja, de uma conexão energética com potencial transformador entre terapeuta e paciente.
Considero importante acrescentar que a constituição dos processos corporais e
subjetivos acontece dentro de um ambiente histórico-social e, portanto, é atravessada por
fatores coletivos (sociais). Dessa forma, a meu ver, a sensação de órgão da terapeuta não é
neutra e apenas inconsciente: ela é também constituída pelas questões sociais. Portanto,
considero que a ponte radiante só pode ser estabelecida com força suficiente para promover
transformações se os processos coletivos envolvidos no tempo-espaço de terapeuta e paciente
forem considerados juntamente com os processos corporais individuais de cada uma. Esses
aspectos coletivos podem ser relacionados a inúmeros fatores, como classe social, gênero,
orientação sexual, raça ou etnia, dentre outros. Neste trabalho o meu foco é pensar os
atravessamentos raciais no processo terapêutico e, como sou uma psicóloga branca, discuto
as questões raciais a partir da perspectiva da branquitude e seus mecanismos.
Acredito que nós, psicoterapeutas corporais, precisamos, para além de conhecer teorias
e técnicas relacionadas à abordagem em questão, pensar também nessas questões coletivas
que contribuem para a nossa subjetivação e para a constituição corporal das pessoas. A nossa
sensação de órgão tem atravessamentos sociais que, se não forem conscientes, nos colocam
em risco de termos uma prática racista com pacientes negros ou de reforçar a hegemonia
branca, dentro do que a psicóloga Maria Aparecida Bento nomeia como pacto narcísico da
branquitude (BENTO, 2022).. A meu ver, essas reflexões se inserem numa perspectiva

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radicalmente reichiana, visto que Reich, ao longo de toda a sua obra, buscou relacionar
questões sociais coletivas com processos psicocorporais individuais: a constituição social da
neurose (REICH, 1995).
Para compreender o conceito de branquitude no Brasil e estabelecer relações com a
prática psicoterapêutica corporal, é importante antes considerar brevemente a formação social
brasileira, e a inserção e presença do conceito de raça e do racismo até os dias atuais.
O Brasil foi constituído a partir da invasão de portugueses ao território que antes era
habitado por inúmeros povos indígenas, dando início ao processo colonial. O extermínio de
milhões de indígenas (por doenças trazidas pelos europeus, por conflitos para dominação de
territórios e por inúmeras outras violências), a escravização de uma parcela considerável dos
sobreviventes e o estupro das mulheres: tudo isso inaugurou o que hoje chamamos de pátria
(RIBEIRO, 2015). Além disso, para atender às necessidades crescentes da metrópole de roubo
dos recursos naturais do território invadido, milhares de africanos foram arrancados de diversas
regiões do continente e trazidos à força, em condições degradantes, para serem
comercializados como escravos no Brasil.
O regime da escravidão durou quase quatro séculos no Brasil, e se sustentou a partir da
violência, do apagamento dos vínculos familiares e comunitários, da exploração exaustiva da
força de trabalho, da invasão dos corpos e da negação da humanidade de homens, mulheres e
crianças. Depois de muita luta e resistência, principalmente de pessoas negras libertas e
quilombolas, em 1888 o país deixou de ter a escravidão como regime de trabalho legalizado,
mas nenhum tipo de política pública foi pensada para a compensação da população negra
pelos séculos de tratamento desumano. Pelo contrário, o Estado brasileiro adotou inúmeras
medidas legais que visavam o extermínio dessa população e o branqueamento gradual do país
(SCHWARCZ, 2012).
Maria Cristina Francisco, em seu livro “Olhos negros atravessaram o mar”
(FRANCISCO, 2020), realiza um estudo aprofundado sobre algumas das inúmeras marcas do
processo colonial escravagista na coletividade e nos corpos e psiquismos de descendentes de
indígenas e negros. Como afirma a autora:
Não houve políticas públicas de educação, saúde ou habitação para inclusão
dessa população na sociedade. Com o povo nas ruas e sem nenhuma
reparação, inclusive psíquica, a reprodução da condição imposta de exclusão
por centenas de anos continua a existir, e nas elites revela-se o medo de
conflitos e mudanças em sua posição social de privilégio. (FRANCISCO, 2020,
p. 64)

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Para que processos tão absurdos como as invasões coloniais e a escravidão fossem
“justificáveis”, todo um processo ideológico (que uniu explicações religiosas, biológicas,
filosóficas etc) foi criado, e o conceito de raça2 como configuradora de distinção entre seres
humanos foi forjado. A ideia de raça foi fundamental para a construção da noção de hierarquia
entre seres humanos, o que possibilitou afirmações de que existiam os humanos superiores
(europeus, brancos, definidos por si mesmos como civilizados e cultural, cognitivo e
esteticamente melhores) e os “selvagens” naturalmente inferiores (povos originários das
Américas, da África e da Ásia). Essa ideologia da superioridade racial justificou todas as
violências citadas anteriormente e até hoje está na base das desigualdades raciais observadas
na sociedade brasileira (SCHUCMAN, 2020; BENTO, 2022; FRANCISCO, 2020). Ainda sobre
a questão racial, enfatizo que, apesar do racismo estar presente em diversas partes do mundo,
em cada contexto ele se apresenta de uma maneira. No contexto brasileiro, a identificação de
uma pessoa como racializada está relacionada a características fenotípicas, sendo a cor da
pele a principal delas, mas também o cabelo e o formato do nariz e da boca, principalmente
(SCHUCMAN, 2020).
É nesse contexto que a branquitude se forja, como ideal e sinônimo de superioridade.
Sendo a referência, a branquitude aparece como norma e se exclui do debate racial, como se
racializados fossem os outros, todos os não-brancos (BENTO, 2014).O termo branquitude pode
ser entendido tanto como a identidade racial da pessoa branca quanto como um sistema
coletivo de manutenção de privilégios para um grupo em detrimento de todos os outros
(SCHUCMAN, 2020). Os privilégios associados à branquitude podem ser materiais (maior
facilidade de acesso à moradia educação, saúde, espaços de lazer etc) e/ou simbólicos
(concepção estética, cultural e subjetiva supervalorizada e idealizada) e, mesmo pessoas
brancas que não se sentem superiores às pessoas não brancas, usufruem desses privilégios
em algum grau (SCHUCMAN, 2020; BENTO, 2014).
Sobre essa questão, SCHUCMAN (2020), citando Lourenço Cardoso, explica que o
autor, em sua pesquisa de mestrado, diferencia sujeitos da “branquitude crítica” (aquelas
pessoas que reconhecem e desaprovam o racismo) e da “branquitude acrítica” (pessoas
brancas que propagam as ideias de supremacia racial branca). Como ela comenta:
Essa distinção feita por Cardoso é necessária para compreender que há uma
parcela de brancos que obtém privilégios de sua identidade racial não por

2
Destaco que raça como conceito biológico não existe entre seres humanos, porém como categoria sociológica o
termo se apresenta até hoje, e é nessa perspectiva que esse trabalho se ancora (SCHUCMAN, 2020).

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exercer conscientemente o racismo, nem tampouco por concordar com ele,


mas sim por estar inserida em uma sociedade de estrutura racista, enquanto o
outro grupo propaga direta e indiretamente a superioridade e pureza racial
brancas. (SCHUCMAN, 2020, p. 69)

Os privilégios associados à branquitude são facilmente observáveis na sociedade


brasileira, basta conhecer dados estatísticos sobre raça das pessoas que vivem em bairros
nobres nas principais capitais brasileiras, ou sobre acesso à educação superior e serviços de
saúde, além de outros fatores que compõem os índices de desenvolvimento humano
(CARNEIRO, 2011). Além disso, a representação midiática de pessoas brancas é
preponderante nos meios de comunicação, o que garante possibilidades de identificação
positiva para o grupo branco, em detrimento dos grupos não brancos, que além de serem sub
representados, muitas vezes o são de forma estereotipada e associada a valores negativos,
como marginalidade ou subemprego (SCHUCMAN, 2020).
A prevalência desses privilégios não tem só a ver com fatores do passado (a
usurpação do produto da força de trabalho de negros e indígenas, através do regime de
trabalho escravo, por parte de pessoas brancas), mas se atualiza constantemente no presente,
como demonstra a psicóloga Dra. Maria Aparecida Bento. A autora é uma das pioneiras nos
estudos sobre branquitude no Brasil e escreve sobre os pactos narcísicos, espécie de “acordo
tácito” insconsciente entre pessoas brancas e que envolve o silenciamento sobre o tema do
racismo no Brasil e a tendência de brancos de “encarar as desigualdades raciais como um
problema do negro” (BENTO, 2014, p.46). O pacto narcísico da branquitude visa a manutenção
dos privilégios que nós, brancas e brancos, temos socialmente e pode ser demonstrado
através da estrutura de poder das grandes organizações, que, através do discurso falacioso da
meritocracia, são majoritariamente comandadas por pessoas brancas, principalmente homens
(BENTO,2022). Como explica a autora:
Esse pacto da branquitude possui um componente narcísico, de
autopreservação, como se o “diferente” ameaçasse o “normal”, o “universal”.
Esse sentimento de ameaça e medo está na essência do preconceito, da
representação que é feita do outro e da forma como reagimos a ele. (BENTO,
2022, p. 18)

Portanto, quando pensamos em branquitude e no pacto narcísico não se trata apenas


de questões individuais, mas também de um sistema coletivo do qual toda pessoa branca é
signatária, querendo ou não. Porém, individualmente existem reflexos dessa questão coletiva:
no fato de, por exemplo, poder escolher não pensar sobre questões raciais, enquanto pessoas

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não brancas são a todo tempo lembradas de sua não adequação à norma (branca), seja
sofrendo com a violência policial ou sendo preteridas em vagas de trabalho por não
apresentarem o padrão estético/cultural branco (BENTO, 2022; FRANCISCO, 2020). Portanto,
num país com o histórico e a realidade social do Brasil, não olhar para as nossas questões
raciais é contribuir com o racismo: seja negando a dor das pessoas pretas ou reforçando o
pacto da branquitude e a invisibilidade da raça branca enquanto parte essencial na construção
e manutenção dessa realidade desigual.
E como essas questões se relacionam com o trabalho de psicoterapeutas corporais?
Ou reformulando melhor o questionamento, talvez o que eu poderia me perguntar é se existe
algum aspecto dessas questões que não se relacionam com o trabalho de psicoterapeutas
corporais. Pensando no contexto coletivo, acredito que as terapias corporais precisam se
racializar, ou seja, trazer para o arcabouço de sua práxis as questões raciais que constituem,
física e subjetivamente, todas as pessoas. Além disso, é importante construir uma psicologia
corporal brasileira, pensada a partir das nuances culturais e históricas específicas da nossa
população.
Acredito que uma terapeuta corporal que tem consciência dos próprios processos
raciais e compreende o contexto social brasileiro tem mais possibilidades de se conectar e
construir pontes radiantes com as pessoas que atende. RESNECK-SANNES (2022) comenta
que o principal fator de cura percebido por clientes3, em relação ao processo terapêutico, é a
relação terapeuta-cliente. Portanto, a meu ver, se o que cura é a capacidade de empatia e
sintonia com as pessoas que atendemos, é preciso, juntamente com todas as questões
teóricas e técnicas, que estejamos conscientes dos processos sociais que afetam
profundamente o corpo de pessoa com quem nos deparamos. Acredito ainda que a questão
racial, devido à amplitude de seus efeitos, seja uma das principais questões sociais,
juntamente com aquelas referentes a gênero, a ser considerada.
Uma parte muito importante do trabalho de terapeutas brancas é buscar estudar o que
já foi produzido sobre o tema, e nesse sentido sugiro alguns nomes, como Maria Cristina
Francisco (que atua e escreve a partir da bioenergética e biossíntese), Maria Aparecida Bento
(psicologia social), Lucas Veiga (que oferece cursos sobre Psicologia Preta e escreve a partir
da esquizoanálise), Neusa Santos Souza, Virginia Bicudo e Grada Kilomba (psicanálise) e

3
Neste artigo eu prefiro utilizar o termo “paciente” para me referir às pessoas atendidas no processo
psicoterapêutico. Apenas nesse trecho utilizo a palavra “cliente”, em respeito à terminologia utilizada pela autora no
texto citado.

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Frantz Fanon (que foi psiquiatra, mas suas obras oferecem inúmeras contribuições para a
psicologia), além de inúmeros artigos produzidos por profissionais de diversos coletivos, como
o Instituto Amma Psique e Negritude, de São Paulo.
Todo o trabalho de acolhimento, manejo terapêutico e ampliação da compreensão da
sensação de órgão da terapeuta só se faz possível a partir do desenvolvimento da própria
consciência racial. É pelo nosso corpo que devemos começar a compreender os
atravessamentos do racismo em nossa sociedade. Esse processo envolve que nós, terapeutas,
em primeiro lugar nos racializemos, ou seja, que possamos compreender que fazemos parte de
um grupo racial. O passo seguinte requer que sejamos ativas na busca por leituras e cursos
que possam nos oferecer conhecimento aprofundado sobre a temática. Além disso, é
importante que, em nosso próprio processo terapêutico individual, os sentimentos (culpa,
vergonha, raiva) e preconceitos tenham espaço para serem reconhecidos e trabalhados, tanto
no plano cognitivo quanto no corporal. Precisamos olhar para como os mecanismos da
branquitude operam na nossa forma de pensar e de agir no mundo e também nas nossas
relações (pessoais e profissionais). A consciência racial, aliada com uma postura de
acolhimento e abertura para o processo de cada nova pessoa com quem nos deparamos na
clínica, são grandes aliadas na construção de pontes radiantes. Cada pessoa é única e se
constitui psicocorporalmente de formas próprias, mas alguns processos são coletivos e
precisam ter espaço para serem compartilhados no vínculo terapêutico.
Como já explicitado, o conceito de branquitude foi constituído no bojo do processo
colonial para justificar as atrocidades dos processos de escravidão, que possibilitaram a
acumulação de riqueza e a melhora de vida da população branca como um todo. A ideia de um
outro que me ameaça e não é humano se mantém hoje com o genocídio da população negra e
indígena no Brasil (BENTO, 2022). Essas ideias comparecem na nossa construção subjetiva
sobre a paciente, que, no caso de uma pessoa negra, muitas vezes pode ser estigmatizada,
hipersexualizada, ter a própria dor silenciada/minimizada e, dessa forma, não encontrar
ressonância no corpo da terapeuta que deveria acolhê-la. Ao mesmo tempo, acredito que, no
caso de uma paciente branca, uma terapeuta também branca, se não estiver consciente dos
processos raciais e do pacto narcísico da branquitude, tende a se identificar e proteger
concepções que seguem mantendo pessoas brancas no poder e marginalizando todas as
diferenças.
Em relação ao atendimento de pessoas brancas por terapeutas também brancas, é
esperado que o pacto narcísico compareça, e me questiono sobre como isso se dá e o que é

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possível fazer para ter consciência e romper com o silêncio, visando construir relações mais
genuínas no setting terapêutico. Nesse contexto, algumas temáticas podem aparecer nos
conteúdos verbais, na história individual e familiar e nas relações atuais da paciente:
silenciamento de processos relacionados à ancestrais escravizadores (e às heranças, materiais
e simbólicas, usufruídas pela pessoa no presente), lógicas meritocráticas, que estão na base
dos argumentos de manutenção de pessoas brancas no poder e pessoas negras em posições
subalternizadas (BENTO, 2022), relações de exploração do trabalho de pessoas negras na
vida profissional e pessoal (por exemplo, a relação com empregadas domésticas), pânico de
quem é diferente etc. Não é papel da terapeuta dar aulas sobre o tema ou moralizar a pessoa
atendida, mas seria possível produzir estranhamento quando esses temas aparecem, trazer
questionamentos à tona, convidar a pessoa a perceber onde, no corpo, essas questões
(algumas vezes transgeracionais) se localizam e como afetam a presença dessa pessoa no
mundo e suas relações com outras pessoas (brancas e não brancas)?
Os temas relacionados à constituição da branquitude elencados anteriormente dizem
respeito a um posicionamento social rígido, mantenedor do status quo. Embora os efeitos de
uma sociedade estruturalmente racista sejam muito mais violentos para as pessoas não
brancas, vítimas diretas dos mecanismos de exclusão e violência, acredito que os corpos de
pessoas brancas também são afetados, no sentido de um enrijecimento e evitação de contato.
Esse enrijecimento e fechamento da branquitude em si mesma impede o estabelecimento de
vínculos genuínos e o contato transformador com a diferença. Dessa forma, acredito que
trabalhar as temáticas relacionadas à branquitude no setting terapêutico contribui para a
flexibilização das couraças - físicas e de caráter - e, consequentemente, amplia a capacidade
de que as pessoas atendidas construam pontes radiantes com outras pessoas e culturas,
estéticas e formas de viver no mundo, e talvez essa possibilidade contribua para
transformações coletivas. Aqui acho importante ressaltar que não acredito que a psicoterapia
individual seja o caminho para transformações coletivas profundas, que requerem
investimentos em políticas públicas e processos educativos em massa. Como afirma
SCHUCMAN (2020):
(...) além da psicologia e da constituição dos sujeitos enquanto atores sociais, é
preciso alterar as relações socioeconômicas, os padrões culturais e as formas
de produzir e reproduzir a história brasileira. Assim, as políticas públicas
voltadas para a igualdade racial, como as cotas, o reconhecimento da história e
do espaço do negro e a ação do movimento negro, são essenciais para que os
brancos consigam se deslocar da posição de norma e hegemonia cultural.
(SCHUCMAN, 2020, p. 196)

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Porém, neste trabalho defendo que o espaço psicoterapêutico individual pode - e deve -
dialogar com esses processos coletivos, não se alienando de um contexto social amplo nem
individualizando processos subjetivos que não dizem respeito apenas à pessoa atendida.
Um ponto importante a ser levado em consideração no atendimento psicoterápico de
pessoas brancas é o posicionamento de terapeutas em relação ao crescimento das ideias
supremacistas brancas. É possível pensar que o trabalho psicoterápico pode produzir fissuras
nesse tipo de pensamento, através de questionamentos e também da escuta do que se
encontra na base da escolha de uma pessoa por esse tipo de ideologia?4 Novamente, não
acredito na psicoterapia como única via de transformação para uma questão tão complexa,
mas acredito que uma terapeuta que silencia ou naturaliza esse tipo de pensamento, quando
surge no contexto clínico, está atuando para fortalecer a supremacia branca em nosso país, e
isso, inclusive, fere o Código de Ética da Psicologia (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA,
2005), que preconiza em seu artigo II:
O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das
pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer
formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e
opressão.(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2005, p.7)

CARNEIRO (2011), ao discutir sobre o papel da psicologia no processo das relações


raciais brasileiras, comenta sobre o quanto é necessário compreender e atuar em relação aos
danos psíquicos que o racismo produz em pessoas negras. Além disso, a autora enfatiza que:
Por outro lado, a introdução da variável etnorracial nos estudos e no trabalho
cotidiano dos profissionais da psicologia deve aprofundar também a
investigação dos efeitos perversos sobre a subjetividade dos brancos, das
representações imaginárias e simbólicas do corpo branco como instrumento de
poder e de privilégios à custa da opressão material e simbólica dos outros. Em
termos de saúde mental, o que significam um ego e uma subjetividade inflados
pelo sentimento de superioridade racial?(CARNEIRO, 2011, p. 80)

Com a crescente pauta das questões raciais comparecendo nos diversos espaços
acadêmicos, midiáticos e culturais brasileiros (fruto da luta incessante de ativistas e intelectuais
negros, que constituem espaços de resistência desde muito antes do fim da escravidão formal
no Brasil), muitas pessoas brancas estão entrando em processo de reconhecimento e

4
Antes que se questione a suposta neutralidade da psicologia, ressalto que o Código de Ética profissional (Conselho
Federal de Psicologia, 2005) reitera, em seu primeiro artigo, que o trabalho de psicólogas deve ser pautado pelos
princípios estabelecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.

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CORPORAIS. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2022. [ISBN – 978-65-89012-02-
3]. Disponível em: https://www.centroreichiano.com.br/anais-dos-congressos-de-
psicologia/ Acesso em: ____/____/____.

desenvolvimento da própria identidade racial. Esse processo, como afirma BENTO (2014),
envolve alguns estágios, sendo que no processo inicial é comum que a pessoa se sinta
culpada e envergonhada por reconhecer em si, em sua família e no próprio grupo social
atitudes racistas. NASCIMENTO (2020) discorre sobre esse processo e comenta que é comum
que pessoas brancas culpadas pela própria branquitude busquem pessoas negras para
desabafar ou comentar sobre o tema, o que gera ainda mais sobrecarga nas pessoas que são
vítimas diretas do racismo. A autora sugere então que pessoas brancas que se sentem
culpadas busquem apoio psicoterápico para lidar com essa culpa e os demais sentimentos
envolvidos. Essa questão é mais um elemento que reforça a importância de que nós,
terapeutas brancas, busquemos compreender as questões raciais da nossa sociedade, para
que possamos acolher e contribuir para o processo de desenvolvimento da identidade racial de
outras pessoas brancas, sem negar ou minimizar o processo de tomada de consciência racial
das pessoas que atendemos.
Quanto à escuta e acolhimento de pessoas negras, considero que uma primeira
questão importante no processo terapêutico é que a terapeuta branca observe suas próprias
sensações e busque diferenciar aquelas que são relacionadas à sensação de órgão (ligada aos
conteúdos da paciente) daquelas que fazem parte do processo da tensão racial e dos próprios
conteúdos raciais da terapeuta. Além disso, é fundamental saber escutar e não minimizar ou
negar os efeitos do racismo na constituição física e emocional das pessoas negras. Pode ser
que o processo de vinculação da paciente com uma terapeuta branca leve mais tempo para
acontecer, visto que socialmente as relações entre pessoas brancas e negras é atravessada
pelas questões raciais já apresentadas. Terapeutas precisam estar atentas para compreender
esse processo e cuidar para que o vínculo possa ser estabelecido sem repetir as violências
raciais que pessoas brancas tendem a cometer com pessoas negras, mesmo que não
intencionalmente.
Há muito ainda para estudar e compreender na prática da Psicologia Corporal com
pessoas brancas e não brancas, mas espero que este trabalho contribua para as reflexões e
debates que já existem há tempos. As perguntas que me fiz no início desse texto seguem
ecoando no meu corpo, e a elas muitas novas se somam a cada novo contato que estabeleço
no ambiente terapêutico. O processo de me racializar tem ajudado a responder algumas
dessas perguntas e sigo em busca de apoios teórico-práticos que me auxiliem a criar novos
questionamentos. Um desejo me move: espero, como mulher branca, aprender cada vez mais

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COMO REFERENCIAR ESSE ARTIGO
PAIVA DE PAULA, Ivina. Sensação de órgão e pacto narcísico da branquitude: a
importância de pensar questões raciais na clínica. In: VOLPI, José Henrique;
VOLPI, Sandra Mara (Org.) 25º CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOTERAPIAS
CORPORAIS. Anais. Curitiba: Centro Reichiano, 2022. [ISBN – 978-65-89012-02-
3]. Disponível em: https://www.centroreichiano.com.br/anais-dos-congressos-de-
psicologia/ Acesso em: ____/____/____.

a romper o pacto de silêncio da branquitude, em busca da construção de uma prática que seja
de fato antirracista.

REFERÊNCIAS

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Brasília: 2005. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/codigo-de-
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corporal: Bioenergética e Biossíntese. Barcelona: HakaBooks, 2020.

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curso de Especialização em Psicologia Corporal. Curitiba: Centro Reichiano, 2020. módulo
2. Acesso em 25/10/2021.

Ivina Paiva de Paula / Brasília / DF / Brasil


Psicóloga (CRP 01/15815), Mestra em Psicologia e Processos de Desenvolvimento Humano
pela Universidade de Brasília. Atua como psicóloga escolar há 11 anos e também como
psicóloga clínica, atendendo adolescentes e adultos. Cursando o segundo ano da
Especialização em Psicologia Corporal no Centro Reichiano - Curitiba/PR.
E-mail: [email protected]

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