MS 20187 2015 10 07
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187 - DF (2013/0158982-6)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE : MANOEL GENIVAL RODRIGUES
ADVOGADO : ALEXANDRE AUGUSTO SANTOS DE VASCONCELOS E
OUTRO(S)
IMPETRADO : MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
INTERES. : UNIÃO
EMENTA
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autotutela.
ACÓRDÃO
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Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da
PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, conceder a segurança, nos termos do
voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Benedito
Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Olindo Menezes
(Desembargador Convocado do TRF 1ª Região) e Humberto Martins votaram com o Sr.
Ministro Relator.
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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20.187 - DF (2013/0158982-6)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE : MANOEL GENIVAL RODRIGUES
ADVOGADO : ALEXANDRE AUGUSTO SANTOS DE VASCONCELOS E
OUTRO(S)
IMPETRADO : MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
INTERES. : UNIÃO
RELATÓRIO
3. Aduz que, conquanto não tenha sido informado, nos últimos anos,
de qualquer iniciativa da Administração para revisar ou anular a anistia concedida, em
15.2.2011, foi editada a Portaria Interministerial 134, do Ministro de Estado da Justiça e
do Advogado Geral da União, criando o Grupo de Trabalho Interministerial com a
finalidade de reexaminar as anistias embasadas na Portaria 1.104-GM3/1964, sendo
que, recentemente, foi publicada a Portaria 286, que anulou a anistia do impetrante; este
é o ato coator.
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5. O pedido liminar foi deferido às fls. 94/99.
8. É o relatório.
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MANDADO DE SEGURANÇA Nº 20.187 - DF (2013/0158982-6)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE : MANOEL GENIVAL RODRIGUES
ADVOGADO : ALEXANDRE AUGUSTO SANTOS DE VASCONCELOS E
OUTRO(S)
IMPETRADO : MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
INTERES. : UNIÃO
VOTO
MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. ANISTIADO
POLÍTICO, EX-INTEGRANTE DA AERONÁUTICA. PORTARIA QUE
CONCEDEU ANISTIA POLÍTICA ANULADA PELO MINISTRO DA JUSTIÇA
(TERCEIRA FASE), MAIS DE 5 ANOS APÓS A SUA PUBLICAÇÃO.
DECADÊNCIA. ART. 54 DA LEI 9.784/99. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO
DE MÁ-FÉ EM PROCESSO ADMINISTRATIVO. RESSALVA DO PONTO DE
VISTA DO RELATOR. ORDEM CONCEDIDA.
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suspensão ou interrupção do prazo. Entretanto, a Lei 9.784/99 adotou um
critério amplo para a configuração do exercício da autotutela, bastando uma
medida de autoridade que implique impugnação do ato (art. 54, § 2o.).
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interesse de agir da parte Impetrante e, eventualmente, a possibilidade se
reconhecer a decadência prevista no art. 54 da Lei 9.784/99. A anulação da
anistia seria o ato que, em tese, ofenderia o direito líquido e certo do
Impetrante.
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demonstração se dê no curso do feito mandamental; mas se foi feita a demonstração
documental e prévia da ilegalidade ou do abuso, não há razão jurídica para não se dar
curso ao pedido de segurança e se decidi-lo segundo os cânones do Direito.
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9. A permissão de indefinida revisão ou revogação dos atos pela
Administração Pública encerra perigo para a própria estabilidade das relações sociais,
sendo os princípios da confiança e da segurança jurídica componentes da própria ética
jurídica; é por tal razão que, no ordenamento jurídico brasileiro, a prescritibilidade é a
regra, e a imprescritibilidade a exceção, somente atuando em casos prévia e
expressamente definidos.
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considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade
administrativa que importe impugnação à validade do ato (artigo 54, caput, e
parágrafo 2o. da Lei 9.784/99).
2. Instaurado o processo de revisão de anistiado político após
decorridos mais de sete anos da sua concessão e quase seis anos de
recebimento da prestação mensal, permanente e continuada, resta
consumado o prazo decadencial de que cuida o artigo 54 da Lei 9.784/99.
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uns direta, e outros indiretamente, como observou Seabra Fagundes.
Interferem com a ordem e estabilidade das relações sociais em escala muito
maior.
16. Por sua vez, o art. 1o., § 2o., III da mesma lei, define autoridade
como sendo o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
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com poder de decidir sobre a anulação do ato. Além disso, somente os procedimentos
que importem impugnação formal e direta à validade do ato, assegurando ao
interessado o exercício da ampla defesa e do contraditório, é que afastam a
configuração da inércia da Administração.
19. Com efeito, o citado § 2o. do art. 54 da Lei 9.784/99 deve ser
interpretado em consonância com a regra geral prevista no caput, sob pena de tornar
inócuo o limite temporal mitigador do poder-dever da Administração de anular seus atos,
motivo pelo qual não se deve admitir que os atos preparatórios para a instauração do
processo de anulação do ato administrativo sejam considerados como exercício do
direito de autotutela.
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22. Foi decidido que não se poderia aferir, de plano, a decadência na via
mandamental, uma vez que tanto a instituição de grupos de trabalhos para revisão dos
atos concessivos de anistia pela edição da Portaria Interministerial 134/2011 quanto o
despacho do Ministro da Justiça para instauração do procedimento administrativo
específico em relação a cada anistiado limitaram-se a abrir discussão sobre a
legalidade do ato de anistia na seara administrativa (cf. MS 18.149/DF, Rel. Min.
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Rel. p/ Acórdão Min. MAURO CAMPBELL
MARQUES, DJe 9.6.2015)
25. Convém registrar, por fim, que nem se diga que a anulação da
anistia não representa, por si só, abalo à segurança jurídica, uma vez que
concretamente representa fato prospectivo de lesão ao patrimônio jurídico subjetivo do
anistiado, quando já transcorridos anos e anos de sua perfectibilização.
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ocorrência da decadência da Administração em anular a anistia concedida ao
impetrante. Resta prejudicado o Agravo Regimental interposto em face à decisão
concessiva liminar.
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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA SEÇÃO
Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HERMAN BENJAMIN
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. FLAVIO GIRON
Secretária
Bela. Carolina Véras
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : MANOEL GENIVAL RODRIGUES
ADVOGADO : ALEXANDRE AUGUSTO SANTOS DE VASCONCELOS E OUTRO(S)
IMPETRADO : MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA
INTERES. : UNIÃO
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Seção, por unanimidade, concedeu a segurança, nos termos do voto do Sr. Ministro
Relator."
Os Srs. Ministros Og Fernandes, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves,
Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Olindo Menezes (Desembargador
Convocado do TRF 1ª Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator.
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