Gabarito 2a Lista Exercicios 2023
Gabarito 2a Lista Exercicios 2023
Gabarito 2a Lista Exercicios 2023
Logic, logic, logic. Logic is the beginning of wisdom, Valeris, not the end.
Dr. Spock, in Star Trek VI: The Undiscovered Country (1992)
Problemas
3. Estabeleça a negação das seguintes proposições, onde P e Q são duas funções proposicio-
nais bem definidas quaisquer:
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(a) Todos os estudantes de SI da EACH são do sexo masculino;
Existem estudantes de SI da EACH que são do sexo feminino
(b) Alguns estudantes de GPP da EACH têm 25 anos ou mais;
Todos os estudantes de GPP da EACH têm 24 anos ou menos
(c) Todos os estudantes da EACH moram na ZL.
Alguns estudantes da EACH não moram na ZL
(a) Existem pelo menos três números inteiros distintos que satisfazem a propriedade P;
Uma possibilidade é (∃ x, y, z ∈ Z) (x ̸= y ̸= z ̸= x) (P(x) ∧ P(y) ∧ P(z)). A parte
(∃ x, y, z ∈ Z) é uma abreviação válida para (∃ x ∈ Z) (∃ y ∈ Z) (∃ z ∈ Z).
(b) Existem no máximo três números inteiros distintos que satisfazem a propriedade P.
A negação dessa proposição depende da negação de f (r) > 0 → g(s) > 0. Como
p → q ≡ ¬p ∨ q, temos ¬(p → q) ≡ p ∧ ¬q, de modo que a negação da expressão acima
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se torna
(∃ s ∈ R) (∀ r ∈ R) ( f (r) > 0 ∧ g(s) ⩽ 0).
Essas expressões não possuem conteúdo matemático algum a menos que a função g
dependa de r ou de f (r). Caso contrário, uma vez que tenhamos escolhido um s ∈ R, o
valor de g(s) fica dado, independentemente de r ou f (r).
2. Mostre que se a soma dos dígitos de um número n ∈ N qualquer é divisível por 9 então
n é divisível por 9 e vice-versa. Notação: se um número n é divisível pelo número d
escrevemos d | n, que se lê “d divide n”.
Um número n ∈ N qualquer pode ser escrito na base 10 como
k
n = (dk dk−1 · · · d0 )10 = dk 10k + dk−1 10k−1 + · · · + d1 101 + d0 = ∑ di 10i ;
i=0
(a)Aformulação do princípio do pombal costuma ser atribuída ao matemático alemão Peter Gustav Lejeune Dirichlet
(1805–1859) por volta de 1842, embora haja evidências de que o princípio fosse conhecido anteriormente. Dirichlet
se referia ao princípio do pombal como Schubfachprinzip, ou “princípio da gaveta”, em alemão.
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para algum k ∈ N. Adicionando dk (10k − 1) + dk−1 (10k−1 − 1) + · · · + d1 (101 − 1) a
ambos os lados da equação acima e reparando que cada termo dessa soma é múltiplo de
9,(b) concluímos que dk 10k + dk−1 10k−1 + · · · + d1 101 + d0 = n também é divisível por 9.
Agora a “volta”. Assumindo que 9 | n, temos que
onde usamos as propriedades (a+b) mod k = (a mod k +b mod k) mod k, (ab) mod k =
(a mod k)(b mod k) e 10i mod 9 = 1 para todo i ⩾ 0. Assim, vemos que n ≡ 0 (mod 9)
se e somente se (d0 + d1 + · · · + dk ) ≡ 0 (mod 9).
3. Para um dado n ∈ Z, mostre (a) de forma direta e (b) por contraposição que se n2 é par,
então n é par. Qual das duas demonstrações lhe parece mais objetiva e compreensível?
(b) Estamos afirmando que 9 | (10k − 1) para todo k ⩾ 1, isto é, que 9 | (10 − 1), 9 | (100 − 1), 9 | (1000 − 1) etc.
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6. Um aluno metido a espertinho “demonstrou” o seguinte “lema”: sabemos que −2 < 1;
elevando ambos os lados dessa inequação ao quadrado concluímos que 4 < 1. O que há
de errado com essa “demonstração”?
(c) Uma exposição didática e erudita do raciocínio indutivo e do papel das analogias em matemático é dada por
G. Pólya (1887–1985) em Mathematics and Plausible Reasoning, Volume I: Induction and Analogy in Mathematics
(Princeton, NJ: Princeton University Press, 1954); a indução matemática é especialmente tratada no Capitulo VII.
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de forma que a identidade vale para k + 1 também e daí, pelo princípio de indução
finita, vale para todo n ∈ N.
(b) 13 + 23 + · · · + n3 = (1 + 2 + · · · + n)2 para todo n ⩾ 1. Essa identidade quase
milagrosa é conhecida como identidade de Nicômaco de Gerasa (ca. 60 – ca. 120);
(c) Dados n ⩾ 2 números a1 , . . . , an ∈ R quaisquer, não todos nulos,
a1 + a2 + · · · + an a1 a2
= + +···
1 + a1 + a2 + · · · + an 1 + a1 (1 + a1 )(1 + a1 + a2 )
an
+ .
(1 + a1 + a2 + · · · + an−1 )(1 + a1 + a2 + · · · + an )
9. Mostre por indução matemática (ou qualquer outra maneira) que os seguintes resultados
de divisibilidade valem para todo n ∈ N:
10. Mostre por indução finita que (cos θ + i sin θ )n = cos nθ + i sin nθ para todo n ⩾ 1, onde
i é a unidade imaginária que satisfaz i2 = −1. Esse resultado é conhecido como teorema
de De Moivre. Repita a demonstração usando a identidade de Euler eiθ = cos θ + i sin θ .
x2
d n −x2
Hn (x) = e − e
dx
é um polinômio de grau n. O que podemos dizer sobre a paridade de Hn (x)? Os polinômios
de Hermite Hn (x) formam uma importante família de funções na análise matemática;
eles aparecem, por exemplo, em análise numérica (integração gaussiana) e na solução da
equação de Schrödinger para um oscilador harmônico quântico.
Quando n = 0, H0 (x) = 1. Quando n = 1 obtemos
2
d −x2 2 2
H1 (x) = e x − e = e x (2x)e−x = 2x,
dx
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um polinômio de grau 1, de forma que a proposição vale para o caso n = 1. Vamos supor
agora que a proposição vale para um n = k > 1 qualquer (hipótese de indução) e vamos
verificar se podemos concluir que ela vale também para n = k + 1. Por hipótese temos
2
d k −x2 2 2
ex − e = e x Hk (x) e−x = Hk (x),
dx
um polinômio de grau k. Quando n = k + 1 obtemos
2
d k+1 −x2 2
d 2 2 2
ex − e = ex − Hk (x) e−x = e x 2x Hk (x) − Hk′ (x) e−x
dx dx
= 2x Hk (x) − Hk′ (x),
onde Hk′ (x) denota a derivada de Hk (x) em relação a x. Como por hipótese Hk (x) é um
polinômio de grau k, Hk′ (x) é um polinômio de grau k − 1, a soma 2x Hk (x) − Hk′ (x) é um
polinômio de grau k + 1 e a proposição está verificada.
Repare que (i) obtivemos uma relação de recorrência bastante simples para os polinômios
Hn (x): H0 (x) = 1, Hk+1 (x) = 2x Hk (x) − Hk′ (x), k ⩾ 1 e (ii) os polinômios Hk (x) possuem
paridade bem definida dada pela paridade de seus índices, já que o termo principal de
cada Hk (x) é dado por (2x)k , isto é, para todo k ⩾ 0 os polinômios H2k (x) são funções
pares e os polinômios H2k+1 (x) são funções ímpares de x.
12. Mostre que para todo conjunto de n ⩾ 1 funções diferenciáveis f1 (x), . . . , fn (x) vale
14. Em aula demonstramos que se a e b são números irracionais, então ab pode ser racional
√ √
analisando o caso em que a = 2 e b = 2.(d) Mostre, pelo mesmo método, que se a e b
√
são números irracionais, então ab pode ser irracional. Dica: 1 + 2 é irracional.
(d) Em 1934, os matemáticos Alexander Osipovich Gelfond (1906–1968) e Theodor Schneider (1911–1988) mostraram,
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15. Números naturais p ⩾ 2 que são divisíveis somente por 1 e por eles mesmos são chamados
de números primos—por exemplo, 2, 3, 5, 7, 11 são números primos. O teorema
fundamental da aritmética estabelece que todo número natural n ⩾ 2 ou é primo ou pode
ser fatorado em um produto de número primos.
(a) Tente provar o teorema fundamental da aritmética por indução finita comum;
(b) Prove o teorema fundamental da aritmética usando indução finita forte.
16. Suponha que n linhas retas são traçadas no plano de tal forma que nenhuma delas é
paralela a nenhuma outra e que três linhas diferentes nunca se encontram em um único
ponto. Mostre que as linhas dividem o plano em 21 (n2 + n + 2) regiões diferentes.
Convém neste problema (assim como em todos os problemas envolvendo números inteiros)
analisar alguns casos pequenos. Quando dividimos o plano com uma linha (n = 1),
obtemos 2 regiões distintas. Quando dividimos o plano com duas linhas (n = 2), obtemos
4 regiões distintas. Aparentemente a solução para o número máximo Rn de regiões
diferentes que se obtém pelo emprego de n linhas é Rn = 2n : adicionar uma nova linha
simplesmente dobra o número de regiões. Infelizmente, quando verificamos o caso
n = 3, vemos que isso não é verdade. Poderíamos alcançar a duplicação se a n-ésima
linha dividisse cada região anterior em duas, mas quando adicionamos a terceira linha
vemos que ela pode dividir no máximo três das regiões anteriores, independentemente da
disposição das duas primeiras linhas; veja a figura abaixo.
Figura 1: Divisão do plano por 3 linhas diferentes que não se encontram em um único ponto.
Desta observação em diante, podemos proceder por indução: uma vez que traçamos k
linhas, vemos que a (k + 1)-ésima linha deve encontrar cada uma das k linhas já traçadas
em k pontos de interseção distintos, que por sua vez dividem a linha adicionada em k + 1
partes. Assim, a (k + 1)-ésima linha corta exatamente k + 1 das regiões em que o plano
já está dividido, e como cada uma dessas regiões é dividida em duas pela nova linha, o
número de regiões aumenta de k + 1. O número máximo de regiões Rn obedece portanto
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à relação de recorrência Rn+1 = Rn + n. Com R0 = 1, R1 = 1 + 1 = 2, R2 = 2 + 2 =
4, R3 = 4 + 3 = 7 etc. obtemos, em geral,
O raciocínio acima nos permitiu deduzir a expressão para Rn . Prove que o resultado está
correto por indução finita (isto é, que ao passar de k para k + 1 linhas, Rk passa a Rk+1 ).
18. Um dos algoritmos de ordenação mais toscos que se pode imaginar é o selection sort,
descrito pelo Algoritmo S abaixo.(g) Avalie o número de comparações executadas pelo
algoritmo e dê sua ordem de complexidade, isto é, o quanto o processamento necessário
aumenta com o tamanho n da lista a ser ordenada. Observação: você deve evitar de usar o
selection sort para ordenar listas muito grandes ou muito frequentemente, já que existem
algoritmos igualmente simples (quicksort, mergesort) que oferecem um desempenho bem
melhor em quase todos os casos.
(e) Não confundir com o último teorema de Fermat, que diz que não existem soluções inteiras positivas para xn +yn = zn
com n ⩾ 3, enunciado por Fermat em 1637 e demonstrado por Andrew J. Wiles (n. 1953) somente em 1995!
(f) P.
Tannery e C. Henry (eds.), Œvres de Fermat, Tome Deuxième, Correspondance (Paris: Gauthier-Villars, 1894),
XLIV – Fermat à Frenicle, 18 octobre 1640, pp. 206–212.
(g) Obviamente, pode-se facilmente conceber algoritmos ainda mais toscos, como o bogosort; não há limite para a
imbecilidade algorítmica, como os loops infinitos nunca nos deixam esquecer.
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Algorithm S : Ordenação por seleção
Require: Lista a[1], a[2], . . . , a[n] a ser ordenada segundo algum criterio (“⪯”)
1: for i = 1 to n − 1 do
2: min ← a[i], ind ← i
3: for j = i + 1 to n do
4: if a[ j] ⪯ min then
5: min ← a[ j], ind ← j
6: end if
7: end for
8: Permuta os valores a[i] ↔ a[ind]
9: end for
Ensure: Lista ordenada a[1] ⪯ a[2] ⪯ · · · ⪯ a[n].
Now, in everyday language, the word “or” has at least two different meanings. Taken
in the so-called non-exclusive meaning, the disjunction of two sentences expresses only
that at least one of these sentences is true, without saying anything as to whether or not
both sentences may be true; taken in another meaning, known as the exclusive one, the
(h)AlfredTarski (1901–1983), logicista, matemático e filósofo da ciência de origem polonesa (depois naturalizado
norte-mericano) foi um dos principais contribuidores e analistas do desenvolvimento da lógica no século XX.
Sua teoria da verdade em linguagens formais é ainda hoje estudada e debatida nos meios acadêmicos.
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disjunction of two sentences asserts that one of the sentences is true but that the other is
false. To illustrate, let us suppose we see the following notice put up in a bookstore:
“Customers who are teachers or college students are entitled to a special reduction.”
Here the word “or” is undoubtedly used in the first meaning, since one would not refuse
the reduction to a teacher who is at the same time a college student. On the other hand, if
a child has asked to be taken on a hike in the morning and to a theater in the afternoon,
and we reply: no, we shall go on a hike or we shall go to the theater, then our usage of the
word “or” is obviously of the second kind, since we intend to comply with only one of the
two requests. In logic and in mathematics the word “or” is used always in the first, non
exclusive meaning; the disjunction of two sentences is considered true if at least one of its
members is true, and otherwise false. (. . . ) In order to avoid misunderstandings it would
be expedient, in everyday as well as in scientific language, to use the word “or” by itself
only in the first meaning, and to replace it by the compound expression “either. . . or. . . ”
whenever the second meaning is intended.
Even if we confine ourselves to those cases in which the word “or” occurs in its first
meaning, we find quite noticeable differences between its usage in everyday language and
that in logic. In common language two sentences are joined by the word “or” only when
they are in some way connected in form and content. (. . . ) Moreover, the usage of the word
“or” in everyday speech is influenced by certain psychological factors. Usually we state a
disjunction of two sentences only if we believe that one of them is true but wonder which
one. (. . . )
When creators of contemporary logic were introducing the word “or” into their
considerations, they desired, perhaps subconsciously, to simplify its meaning; in particular,
they endeavored to render this meaning clearer and independent of all psychological factors,
especially of the presence or absence of knowledge. Consequently, they decided to extend
the usage of the word “or”, and to consider the disjunction of any two sentences as a
meaningful whole, even when no connection between their contents or forms should exist
(. . . ). Therefore, a person using the word “or” according to contemporary logic will
consider the expression (. . . ) “2 · 2 = 5 or New York is a large city” as a meaningful and in
fact a true sentence, since its second part is surely true.
Uma anedota acerca da disjunção “ou” conta que quando o filósofo britânico Bertrand
Russell (1872–1970) teve seu primeiro filho, John Conrad Russell (1921–1987), com sua
segunda esposa Dora Black (1894–1986), um colega felicitou-o dizendo “Parabéns, Bertie! É
uma menina ou um menino?”, ao que Russell respondeu, “Sim, claro, o que mais poderia ser?”
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O dominó da indução finita: se você
mostrar que a proposição vale para n = 1
(derrubar o primeiro dominó) e que se ela
vale para n = k (a hipótese de indução)
então vale para n = k + 1 também (o
passo de indução), então a proposição
vale para todo n (todo dominó em queda
atinge o próximo e todos eles caem).
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