Parecer Jurídico Instrumento Particular de Novação - André Nicolau
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Avenida Saúde, nº86, M. Mirim SP
PARECER JURÍDICO
Prezados,
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O presente Parecer Jurídico tem por objeto o INSTRUMENTO PARTICULAR PARA NOVAÇÃO E RETIFICAÇÃO DE
ESCRITURA PÚBLICA DE CONFISSÃO DE DÍVIDA, E AJUSTE DAS PARTES, o qual teve por objeto a novação
quanto aos termos e condições da “ESCRITURA PÚBLICA DE CONFISSÃO DE DÍVIDA, NOVAÇÃO
E PROMESSA DE DAÇÃO EM PAGAMENTO - LIVRO N.2 3055 - PÁG. N.2 211 - PRIMEIRO
TRASLADO” lavrada na data de 2 de julho de 2020 (02/07/2020) pelo tabelião do 15º Cartório de Notas da
Comarca da Capital do Estado de São Paulo, sendo este documento modificado pelo referido instrumento
particular que está na iminência de ser celebrado entre as partes supra discriminadas.
Nesse contexto, V. Sas. solicitam-nos o exame de certos aspectos do negócio jurídico cartularizado nos
documentos supracitados, para que emitamos nosso entendimento a respeito de determinados aspectos
relacionados ao mesmo, o que fazemos na forma do presente Perecer Técnico Jurídico ("PARECER").
I – INTRODUÇÃO
O presente Parecer se estrutura de forma dividida em tópicos, os quais se apresentam na seguinte ordem:
1. De início importa destacar que a primeira alteração que este novo Instrumento
Particular trás em relação ao contrato que vigia nos termos da Escritura Pública lavrada na data de 1º de
julho de 2020 (01/07/2020) já aparece no introito do documento, pois, ao contrário do título executivo
anterior, o qual não previa qualquer garantia do pagamento dada pela Devedora à Credora, o novo
instrumento de plano traz a qualificação de AVALISTAS.
3. A partir deste primeiro destaque, verifica-se que o presente instrumento se propõe sob
um paradigma de equidade entre as partes, uma vez que, nos termos da Escritura Pública de Confissão
de Dívidas, a parte CREDORA não possuía nenhuma garantia do recebimento, ao passo que a parte
DEVEDORA já detinha o total domínio sobre o bem que fora objeto da compra e venda.
5. Neste sentido, para fins de maior esclarecimento, tratemos ponto a ponto as alterações
propostas no documento, comparando-as com o texto anterior, o que se procede, desde já.
7. O item 1.1. tem por objeto a discriminação dos bens imóveis cujo domínio estava
sendo transferido na mesma data em que a escritura pública de Confissão de Dívida estava sendo
lavrada e pactuada entre a CREDORA e a DEVEDORA.
8. Na sequência, o item 1.1.1. discorria sob o valor venal atribuído a cada um dos bens
imóveis discriminados no item anterior.
9. Por seu turno o item 1.2., e seus subitens “1.2. – a” e “1.2. – b” discriminava o valor
da compra dos imóveis, bem como a forma de pagamento que estava sendo estabelecida, conforme
vejamos:
1.2. - Referida compra foi efetuada pelo preço de R$6.120.000,00 (seis milhões, cento e
vinte mil reais), correspondendo R$909.432,00 (novecentos e nove mil. quatrocentos e trinta
e dois reais) ao imóvel da matrícula n2 232.671; R$463.896,00 (quatrocentos e sessenta e
três mil, oitocentos e noventa e seis reais) ao imóvel da matrícula nº 232.672; e,
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R$4.746.672,00 (quatro milhões, setecentos e quarenta e seis mil, seiscentos e setenta e dois
reais) ao imóvel da matrícula nº 232.673, integralmente recebido da DEVEDORA pela
CREDORA, da seguinte forma:
(a) – R$ 3.060.000,00 (três milhões e sessenta mil reais), pagos nesta data por
meio de Transferência Eletrônica Disponível – TED, na conta corrente nº 05011388-
6, Agência nº 0118, Banco nº 033 – Santander, de titularidade da Vendedora
(Credora); e,
(b) - R$ 3.060.000,00 (três milhões e sessenta mil reais), por meio de 01 (uma)
nota promissória no valor de R$ 3.060.000,00 (três milhões e sessenta mil reais)
emitida em caráter "pro solvendo" e com vencimento à vista, em favor da
VENDEDORA (Credora).
10. Por fim, o item 1.3 versava sob a forma de liquidação da Nota Promissória,
estabelecendo que o adimplemento não se daria em moeda nacional, mas sim mediante a entrega de
área construída, a ser entregue pela DEVEDORA à CREDORA, nas condições que seriam discriminadas
nas clausulas subsequentes da Escritura Pública.
11. No novo Instrumento Particular, os elementos que compõe os itens 1.1. e 1.1.1.
encontram-se apresentados como uma espécie de “pontos de partida”, nas considerações introdutórias,
itens “i”; “ii” e “iii”, nos seguintes termos:
CONSIDERANDO QUE:
12. O item” iv” das considerações iniciais do Instrumento Particular dedica-se a explicitar
informação que já era de pleno conhecimento de Vossa Senhoria, a saber, acerca da operação societária
na qual a totalidade das quotas sociais da empresa GLB CASEMIRO DA ROCHA
EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA passaram constituir patrimônio da nova empresa AF
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13. Os itens “v” e “vi” das considerações iniciais do Instrumento Particular versam sobre
o mesmo objeto dos itens “1.2” – “1.2.a” – “1.2.b” e “1.3.” da Escritura Pública de Confissão de
Dívida, isto é, discrimina o valor da compra dos imóveis, bem como a forma de pagamento que estava
sendo estabelecida.
14. Assim, chegamos à proposta de nova redação à clausula “1” e “1.1.” da Escritura
Pública que será lavrada com os termos da repactuação. Tal cláusula terá por objeto a Confissão de
Dívida da CREDORA em relação ao saldo devedor já atualizado, bem como a forma de pagamento
repactuada que se está firmando entre as partes, conforme vejamos:
1-) As Partes aditam, como de fato aditado tem o presente Instrumento, para RETIFICAR o
CAPÍTULO I e seus subitens (I. DA CONFISSÃO DE DÍVIDA) e incluir o subitem 1.4, a
qual passará a vigorar com a seguinte redação:
15. Um breve detalhe, tendo em vista que todos os temas que compunham os itens “1.2”
– “1.2.a” – “1.2.b” e “1.3.” perderam razão de ser nos termos do Instrumento Particular de repactuação,
ao contrário do que sugere a própria minuta, o novo subitem 1.4. deveria ser designado como subitem
“1.2.”.
17. Conforme já apontado nas primeiras considerações que compõe este Parecer Técnico
Jurídico, estas cláusulas em específico são, de fato o primeiro elemento de efetiva equidade trazido à
relação contratual que fora estabelecida em julho de 2020, isto porque, enfim, a parte CREDORA passa a
deter alguma modalidade de garantia jurídica do recebimento.
18. Acerca da Garantia “em si mesma”, importa comentar que se trata de garantia pessoal
dada pelos Avalistas, de modo que estes respondem com seus patrimônios particulares em eventuais
casos de inadimplência por parte da DEVEDORA.
19. A cláusula “2” do Instrumento Particular sob análise tem por objeto a retificação
integral dos termos concernentes às disposições relativas às unidades autônomas estabelecidas na
escritura pública de confissão de dívidas de 1º de julho de 2020, especificamente quanto aos itens: 3.2 à
3.9, daquele Instrumento, de modo que as mesma passariam a ter a seguinte redação:
3.2. Caso as unidades autônomas unidades autônomas residenciais tenham, somadas, área
privativa construída diferente da área prometida em "DAÇÃO RESIDENCIAL", fica ajustado
que caso as unidades autônomas tenham, somadas, área privativa construída menor, a
DEVEDORA pagará a diferença de metragem à CREDORA de acordo com o preço e
condição prevista no item "3.3." abaixo.
3.3. Fica atribuído o valor de R$12.500,00 (doze mil e quinhentos reais), para cada metro
quadrado de área privativa do EMPREENDIMENTO, sendo que o pagamento eventualmente
devido de uma parte a outra deverá ser realizado, em uma única parcela, no prazo de até 30
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3.5. Caso a CREDORA opte por realizar as vendas de suas unidades conjuntamente com a
DEVEDORA, será descontado o percentual de 6% do valor bruto de cada venda de unidade
autônoma efetiva, referente a somatória da comissão de corretagem e da verba de marketing
para a venda das unidades autônomas residências do EMPREENDIMENTO. Caberá à
CREDORA o recolhimento dos tributos incidentes sobre a venda de suas unidades.
3.6. Caso a CREDORA opte por não realizar as vendas de suas unidades residências
conjuntamente com a DEVEDORA, a CREDORA: (a) deverá respeitar o preço contido na
tabela praticada pela DEVEDORA e as correspondentes condições comercias; (b) não poderão
se utilizar do stand de propriedade da DEVEDORA; e, (c) não poderá ser utilizar de empresa
de corretagem diversa daquela escolhida pela DEVEDORA, durante a fase de lançamento e de
construção do EMPREENDIMENTO.
3.7. O não cumprimento das obrigações dispostas no item “3.6” acima, acarretará em multa,
devida pela CREDORA à DEVEDORA, correspondente a R$ 169.207,27 (cento e sessenta e
nove mil, duzentos e sete reais e vinte e sete centavos), sem prejuízo da apuração das perdas
e danos que sejam devidos.
22. Caso Vossa Senhoria viole tais regras, as partes convencionam uma multa que recairá
sobre a CREDORA, nos termos da cláusula “3.7.”.
23.
24.
A. CONCLUSÕES
25. Com base nas peculiaridades da relação jurídico contratual estabelecida entre as partes, conforme
fora analiticamente exposto no presente Parecer, entendemos que:
A. O negócio jurídico originário firmado entre a Sr. Miriam Poli Nicolau e a empresa GLB
CASIMIRO DE ABREU EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA constituiu-se
como contrato de compra e venda direta de imóvel urbano, razão pela qual não se aplicam
ao mesmo as regras referentes aos contratos de incorporação imobiliária;
C. Nos termos da NOVAÇÃO que faz Lei entre as partes “Pacta sunt Servanda”, a empresa
DEVEDORA ainda goza do exercício legítimo do prazo de carência que lhe fora garantido
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no contrato, de modo que ainda não pode ser considerada inadimplente frente a obrigação
de entregar os imóveis ou de pagar à CREDORA o valor de R$ 3.060.000,00 (três
milhões e sessenta mil reais) atualizados e corrigidos desde a data da assinatura da
Escritura de Confissão de Dívida.
26. Neste contexto, e com fundamento nas conclusões supra explicitadas, cumpre apontar as principias
opções de tomada de decisão, ressaltando-se que as mesmas estão ordenadas a partir do critério de
risco ao êxito na realização dos interesses da parte CREDORA, destinatária do presente PARECER.
1º CENÁRIO:
2º CENÁRIO:
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O caso em tela está envolvido por peculiaridades estruturais, quais sejam: (a)
idade avançada da CREDORA; (b) a plena certeza de que a DEVEDORA não
finalizará o empreendimento, haja vista a falta de tempo hábil para tanto, de
modo que poderíamos afirmar que, em tese, a DEVEDORA já estaria
inadimplente; (c) a vultuosa quantia do crédito a ser adimplido sem qualquer
garantia real somados à proibição de negociar o presente crédito com terceiros.
Assim, Entendemos que estes eram os esclarecimentos que nos cabiam apresentar nesse momento e
permanecemos à disposição para quaisquer outros que se façam necessários.
Atenciosamente
Carolina Sass
CAROLINA CRISTINE SASS
OAB/SP: 433.900
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