Aula 6 - Arquitetura CISC X RISC

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Arquitetura CISC X RISC

Prof. Leandro Ferreira

Descrição

Conceitos de arquiteturas CISC e RISC: características, vantagens e


desvantagens.

Propósito

Compreender as vantagens e desvantagens das arquiteturas RISC e


CISC e suas influências no desenvolvimento dos processadores, assim
como identificar os motivos para a escolha de cada uma das
arquiteturas, lembrando que, atualmente, os processadores costumam
utilizar uma combinação de ambas (em arquiteturas híbridas).

Preparação

Antes de iniciar o estudo, você deve conhecer os conceitos de Estrutura


Básica do Computador, Instruções e Etapas de Processamento.

Objetivos

Módulo 1

Características da arquitetura CISC


Identificar características e propriedades da arquitetura CISC.

Módulo 2

Características da arquitetura RISC


Identificar características e propriedades da arquitetura RISC.
meeting_room
Introdução
Os termos RISC e CISC podem ser compreendidas como tipos de
conjuntos de instruções de máquinas que fazem parte da
arquitetura de computadores desenvolvidas pela indústria de
computação.

Conhecer o tipo de arquitetura RISC e CISC é importante, pois é


esse conjunto de instruções que dará a ordem para que o
computador execute determinada operação. Assim, o projeto de
um processador é centrado no conjunto de instruções de
máquina elabodado para que ele execute, ou seja, do conjunto de
operações primitivas que ele pode executar.

Cada arquitetura tem sua forma de ser implementada, suas


vantagens e desvantagens que acabam norteando a escolha de
uma ou de outra, ou de ambas, a chamada arquitetura híbrida.

Aqui você compreenderá bem o que são as arquiteturas CISC,


RISC e híbrida, bem como suas características e principais
diferenças.

Bons estudos!
1 - Características da arquitetura CISC
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar características e propriedades da
arquitetura CISC.

Vamos começar!

video_library
Revisões sobre o funcionamento do
computador
Veja alguns conceitos importantes para o funcionamento do
computador.

Arquitetura CISC
O conceito da arquitetura

video_library
Abordagem CISC na arquitetura de
processadores

A abordagem CISC (Complex Instruction Set Computer - Computador


com Conjunto Complexo de Instruções) está relacionada às
possibilidades na hora de se projetar a arquitetura de um processador,
com instruções específicas para o maior número de funcionalidades
possível. Além disso, essas instruções realizam operações com
diferentes níveis de complexidade, buscando, muitas vezes, operandos
na memória principal e retornando a ela os resultados.

Isso faz com que a quantidade de instruções seja extensa e que a


Unidade de Controle do processador seja bastante complexa para
decodificar a instrução a ser executada. Entretanto, a complexidade é
compensada por poucos acessos à memória e soluções adequadas
para problemas específicos.

Veja um esquema que ilustra a arquitetura CISC:

Esquema ilustrativo da arquitetura CISC.

Origem
A abordagem CISC surgiu de uma evolução dos processadores. Essa
sigla só começou a ser usada após a criação do conceito de RISC no
início da década de 1980 (a ser visto no próximo módulo), quando os
processadores anteriores passaram a ser chamados de CISC de forma
retroativa.

Conforme a tecnologia de fabricação e a capacidade computacional


evoluíam, problemas mais complexos puderam ser resolvidos pelos
processadores. Para esses problemas, foram sendo criadas novas
instruções específicas.

Exemplo
É possível adicionar uma instrução específica para multiplicar números
reais em vez de realizar repetidas somas (instrução mais simples).

Características

Veja na tabela exemplos de processadores CISC, sua evolução no que


diz respeito à quantidade e ao tamanho das instruções.

Tamanho da
Processador Ano
instrução

IBM 370 1970 2 a 6 bytes

VAX11 1978 2 a 57 bytes

Intel 8008 1972 1 a 3 bytes

Intel 286 1982 2 a 5 bytes

Intel 386 1985 2 a 16 bytes

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Tabela: Exemplos de processadores CISC.
Leandro Ferreira.

Múltiplo endereçamento
Observando a última coluna da tabela anterior, é possível perceber o
conceito principal e uma das definições mais usuais de arquitetura com
abordagem CISC: diversos tipos de endereçamento.

Dessa forma, temos:

R-R
Para instruções que usam registradores como entrada e saída.

R-M

Quando um dos elementos (operandos ou resultado) deve ser


buscado/escrito na memória e ao menos um em registrador.

M-M

Para instruções em que os operandos e o resultado estão na


memória.

O princípio fundamental da abordagem CISC é a realização de


operações complexas, que envolvem buscar operandos na memória
principal, operar sobre eles (na ULA) e guardar o resultado já na
memória.

Nesses casos, o código de máquina é mais simples de se gerar pelo


compilador, pois, geralmente, há relação direta entre uma linha de
código em alto nível e uma instrução da arquitetura, veja:

Código de máquina
A linguagem de máquina é o conjunto de instruções (em binário) que
determinado processador consegue executar.

Para ser executado, um programa escrito em alto nível (em C, Python, ou


Java, por exemplo) deve ser convertido em linguagem de máquina,
formando o código de máquina: versão do programa compreensível pelo
processador.

Pseudocódigo De Alto Nível


content_copy
Na linha 1, temos a declaração da variável a. Vamos assumir que ela
está alocada na memória principal em M[&a] (em que &a representa o
endereço de a).

Na linha 2, desejamos realizar a soma entre os valores de a e 5 e


guardar o resultado, sobrescrevendo o valor da variável a para 8.

No caso de uma abordagem CISC, há uma instrução que realiza


exatamente esse processo. Como exemplo, na arquitetura do 386,
temos a instrução ADDI, que realiza a adição de um valor imediato. Veja
a instrução em Assembly:

Assembly
content_copy

Segundo o manual do Processador 386, essa instrução leva 2 pulsos de


clock (2 CLK) quando operada sobre um registrador e 7 CLK quando
operada sobre um endereço de memória. Essa diferença se dá pela
necessidade de buscar o operando e escrever o resultado na memória.

Clock
Para operar de forma organizada, o processador utiliza um relógio (Clock)
que gera pulsos em intervalos regulares. A cada vez que um pulso de clock
é recebido, uma “etapa” é executada, e todo o circuito avança um passo.
Dessa forma, uma instrução que leve 2 pulsos (ciclos) de clock será
executada após dois pulsos serem emitidos para o circuito.

Analogia da hamburgueria

video_library
Arquitetura CISC – Na analogia da
hamburgueria

Para facilitar o entendimento da abordagem CISC, usaremos uma


analogia com uma hamburgueria.

Na primeira loja (CISC), temos uma grande quantidade de lanches


possíveis, cada um é identificado por um número.

Originalmente, essa loja só vendia hambúrguer (1) ou cheeseburger (2)


e, por simplicidade, cada pedido era processado por completo antes de
o próximo ser iniciado.
Hambúrguer (1)

Cheeseburger (2)
O mesmo funcionário desempenhava diferentes funções:

edit
Anotar o pedido
Busca de Instrução.

lunch_dining
Montar os sanduíches
1 ou 2 (Execução)

transfer_within_a_station
Entregar o pedido no balcão
WriteBack ou Escrita de Registrador.

Com a evolução da loja, o pedido ganhou acompanhamentos (batata,


refrigerante, milk-shake, tortinhas etc.) e passou a ter duas opções de
entrega:

No balcão
Registrador.
Em casa
Escrita em memória.

Por conta desse incremento, mais de cem tipos de lanches podiam ser
pedidos.

Agora, um passo adicional era necessário após o recebimento do pedido


(BI – Buscar Instrução): descobrir a receita do sanduíche escolhido, pois
ninguém conseguia decorar tantas combinações e separar os
ingredientes do pedido (Decodificação de Instrução e Busca de
Operandos).

Com isso, dois novos problemas surgiram:

warning Espaço

As receitas e os novos ingredientes ocupavam


muito espaço na loja, diminuindo a extensão do
balcão (registradores).

warning Tempo

Por vezes, a falta de algum ingrediente fazia com


que o funcionário fosse buscá-lo no mercado

( à ói b d )
(acesso à memória para buscar um operando),
aumentando a espera pelo pedido.

Da mesma forma, a abordagem CISC necessita de um circuito complexo


de Unidade de Controle para decodificar as instruções (microprograma)
que ocupa parte do processador, limitando o número de registradores.

Além disso, dependendo da quantidade de acessos à memória, o tempo


de execução das instruções varia muito (receber o pedido, buscar
ingrediente no mercado, entregar o pedido em casa).

A primeira solução para agilizar a produção na hamburgueria foi


contratar cinco funcionários especializados, um para cada atividade.
Veja:

Processar pedidos no caixa


BI - Buscar Instrução.

Separar ingredientes e receita


DI - Decodificar Instrução.
Montar os lanches
EXE - Execução.

Entregar no balcão
WB - WriteBack.

Entregar em domicílio
AM - Acesso à Memória.

Com cada funcionário realizando uma atividade específica, bastava


passar a tarefa processada adiante para que a próxima pudesse ser
realizada, como em uma linha de montagem. Muito satisfeito com o
resultado, o dono da loja resolveu contratar mais funcionários
especializados para a linha de montagem, que chegava a ter 31 etapas
nos pedidos mais complexos.
Comentário
Essa implementação é feita nos processadores (pipeline) de forma
similar. Uma das características dos computadores CISC é a
complexidade de seus pipelines. Alguns chegaram a ter 31 estágios de
pipeline.

video_library
O pipeline do processador

Veja exemplos de estágios de pipeline nas microarquiteturas da Intel:

Intel
A Intel Corporation, empresa de tecnologia americana, é uma das maiores
produtoras mundiais de chips, principalmente processadores. É
reconhecida pela criação da série de chips x86 e também da série Pentium.

Microarquitetura Estágios de Pipeline

P5 (Pentium) 5

P6 (Pentium 3) 14

P6 (Pentium Pro) 14

NetBurst (Willamette) 20

NetBurst (Northwood) 20

NetBurst (Prescott) 31

NetBurst (Cedar Mill) 31

Core 14

Broadwell 14 a 19
Microarquitetura Estágios de Pipeline

Sandy Bridge 14

Silvermont 14 a 17

Haswell 14 a 19

Skylake 14 a 19

Kabylake 14 a 19

Tabela: Exemplos de estágios de pipeline.


Leandro Ferreira.

Diante do exemplo, podemos dizer que todos os problemas da


hamburgueria acabaram?

Resposta
A solução da linha de montagem ajudou a hamburgueria, mas ainda
existiam gargalos que a paralisavam, principalmente quando havia
necessidade de entregar pedidos ou buscar ingredientes (acessos à
memória).

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A abordagem CISC para arquitetura do processador possui diversas


características e peculiaridades, como a combinação de operações
e formas de armazenamento, com o objetivo de aperfeiçoar a
execução das instruções.

Assinale a alternativa em que as operações, quando presentes


como etapas da mesma instrução, permitem caracterizar a
presença de uma abordagem CISC.

Operação Aritmética na ULA e armazenamento na


A
memória.
B Busca de Registrador e Operação Aritmética na ULA.

C Busca de Registrador e Escrita de Registrador.

Busca de Registrador e armazenamento na


D
memória.

E Busca e escrita em cache L1.

Parabéns! A alternativa A está correta.

A abordagem CISC tem como principal característica a execução de


operações complexas, como a combinação de operações
aritméticas e o acesso direto à memória (para busca ou escrita de
dados). A única opção que garante que tal operação complexa está
acontecendo é a letra A , pois as demais podem ocorrer em
operações simples.

Questão 2

Os processadores CISC possuem várias características que, quando


agregadas, permitem classificá-los dessa forma.

Assinale a opção que não representa uma característica de


processadores CISC.

A Múltiplos tipos de endereçamento.

B Conjunto de muitas instruções.

C Unidade de controle simples.

D Pipeline com poucos estágios.


Unidade de controle hardwired, isto é, não há
E
microprograma.

Parabéns! A alternativa C está correta.

Por conter muitas instruções possíveis e diferentes, a Unidade de


Controle CISC é complexa. Ela precisa decodificar qual instrução
será executada e gerar todos os seus sinais de controle.

2 - Características da arquitetura RISC


Ao final deste módulo, você será capaz de identificar características e propriedades da
arquitetura RISC.

Arquitetura RISC

O conceito da arquitetura

video_library
Abordagem RISC na arquitetura de
processadores

A abordagem RISC (Reduced Instruction Set Computer - Computador


com Conjunto Restrito de Instruções) se refere às escolhas na hora de
projetar a arquitetura de um processador. Essa abordagem possui
poucas instruções genéricas, com as quais se montam as operações
mais complexas. Além disso, as instruções realizam operações apenas
sobre os registradores, exceto nos casos de instruções específicas, que
servem apenas para buscar ou guardar dados na memória.

Com uma pequena quantidade de instruções, a Unidade de Controle do


processador é bastante simples para decodificar a instrução para ser
executada. Dessa forma, sobra espaço para mais registradores.

Veja um esquema que ilustra a arquitetura RISC:

Esquema ilustrativo da arquitetura RISC.

Origem
A abordagem RISC surgiu no início da década de 1980. A partir da sua
criação, os processadores anteriores passaram a ser retroativamente
chamados de CISC. O surgimento da abordagem RISC se deu na
tentativa de resolver as deficiências que começavam a aparecer nos
processadores tradicionais (que passariam a ser chamados de CISC).

As diversas operações complexas eram pouco utilizadas pelos


programas, pois dependiam de otimização do código em alto nível. As
múltiplas formas de endereçamento faziam com que cada instrução
demorasse um número variável de clocks para que fosse possível
executar. Por fim, a Unidade de Controle grande deixava pouco espaço
para registradores, demandando diversas operações de acesso à
memória.

Para resolver esses problemas, foi proposta a abordagem RISC.


Premissas e características
A nova abordagem proposta possuía algumas premissas que geraram
certas características na arquitetura resultante:

Quantidade de Instruções expand_more

Premissa: quantidade restrita de instruções, com as quais era


possível montar as outras.

A quantidade reduzida de instruções diminui o tamanho e a


complexidade da Unidade de Controle para decodificação da
instrução. Com isso, sobra mais espaço para registradores no
processador. Enquanto os processadores CISC costumam ter até
8 registradores, é comum que os processadores RISC tenham
mais de 32, chegando até a algumas centenas.

Tempo de Execução expand_more

Premissa: as instruções devem ser executadas com duração


próxima, facilitando o pipeline.

A premissa de execução com duração próxima serve para


facilitar a previsibilidade do processamento de cada instrução. A
ideia é que cada etapa da instrução consiga ser executada em
um ciclo de máquina (CLK). Como todas as instruções operam
usando apenas os rápidos registradores, isso é possível. As
exceções são as instruções LOAD e STORE.

Operação das Instruções expand_more

Premissa: as instruções devem operar sobre registradores,


exceto em algumas específicas para busca e gravação de dados
na memória (LOAD e STORE). As instruções LOAD e STORE
servem para acessar a memória.

Com a operação sobre os registradores, o pipeline executa de


forma próxima ao ideal (1 etapa por ciclo), exceto pelos acessos
à memória das instruções LOAD e STORE, que demandam um
tempo maior de espera.

Pipeline

Considere as etapas vistas no módulo anterior:

Buscar Instrução (BI)

Decodificar Instrução (DI)

Execução (EXE)

Acesso à Memória (AM).

WriteBack (WB).

Veja agora um exemplo de pipeline com modelo RISC com 3 instruções


executadas durante 10 pulsos de clock:
Tabela: Exemplo de pipeline com modelo RISC.

Com essa tabela, percebemos que três instruções são executadas:

1.
Começa no primeiro pulso de clock.

2.
Começa no segundo pulso de clock.

3.
Começa no terceiro pulso de clock.

Todo o processo leva 10 pulsos de clock.

Repare que os quadrados vazios (marcados em amarelo na tabela


anterior) indicam a parada do pipeline para aguardar os dois ciclos
necessários para a busca do valor guardado na memória. Além disso,
determinada etapa só pode aparecer uma vez em cada coluna. Portanto,
apenas uma instrução pode iniciar por pulso, pois todas devem executar
BI inicialmente.

Convertendo o código
No módulo anterior, vimos as seguintes linhas de pseudocódigo de alto
nível:

Pseudocódigo De Alto Nível


content_copy
Como podemos realizar essa operação no modelo RISC, onde não há
operações que façam adição de elementos diretamente da memória
(terceira premissa de um processador RISC)?

Para isso, precisaremos desmembrar a operação complexa em várias


simples:

keyboard_arrow_right 1

Buscar o valor da variavel a na memória (LOAD).

keyboard_arrow_right 2

Realizar a adição imediata de 5.

keyboard_arrow_right 3

Salvar o valor resultante em um registrador (ADDI).

keyboard_arrow_right 4

Guardar o novo valor na variável a em memória


(STORE).
Lembre-se de que na abordagem CISC esse código usava apenas uma
instrução – “ADDI M[&a], 5”.

Essa sequência de operações é exatamente a mesma do exemplo do


pipeline dado anteriormente:

LOAD Reg1, M[&a]

ADDI Reg1, Reg1, 5

STORE Reg1, M[&a]

Podemos ver, na tabela de exemplo do pipeline, que esta simples


operação está levando dez ciclos de máquina (CLK). Então, não parece
tão vantajosa quando comparada a um CISC (que realizava em 7).

A diferença é que essas operações de LOAD e STORE, que são custosas


e atrasam o pipeline, não são usadas tantas vezes assim. Com vários
registradores, as variáveis são carregadas nos registradores quando
aparecem pela primeira vez e ficam sendo operadas ali até que seja
necessário usar esse registrador para outra função.

Para obtermos uma Unidade de Controle menor, sem microprograma,


reduzimos o conjunto de instruções.

Agora, tente responder a próxima pergunta para refletir e consolidar


seus conhecimentos.

border_color
Atividade discursiva
De quem é a responsabilidade de converter a linguagem de alto nível
para esse conjunto reduzido de instruções?
Digite sua resposta aqui

Chave de respostaexpand_more

O ônus desse trabalho recai sobre o compilador, que precisará


otimizar a necessidade de acessar a memória para o mínimo
possível.

Exemplo

Veja algumas arquiteturas que usam a abordagem RISC:

Processador Ano Endereçamento

MIPS 1981 R-R

ARM/A32 1983 R-R

SPARC 1985 R-R

PowerPC 1990 R-R

R-R

 
Tabela: Arquiteturas que usam abordagem RISC.
Leandro Ferreira.

Podemos perceber duas características comuns à abordagem RISC:

Tamanho fixo de instrução


Para simplificar a decodificação.

Operações com endereçamento


Registrador-Registrador.

Retorno à analogia da hamburgueria

Analisaremos agora a rede de hambúrgueres RISC.

O dono da empresa resolveu contratar apenas cinco funcionários para


sua linha de montagem:

Processador de pedidos no caixa


BI - Buscar Instrução.

Preparador
DI - Decodificar Instrução.
Montador
EXE - Execução.

Entregador
AM - Acesso à Memória.

Balconista
WB - WriteBack.

Os funcionários dessa loja devem saber montar pequenas partes de


pedidos: montar um hambúrguer, uma batata, um refrigerante etc.

Os pedidos completos são feitos em uma série de pedidos menores. Por


exemplo:
Além disso, existe um pedido especial que tem a responsabilidade de
buscar ingredientes no mercado (LOAD) e um funcionário apenas para
fazer entregas em domicílio (STORE). Nesse caso, o conjunto de
pedidos menores ficaria assim:

Podemos perceber que, se houvesse uma série de pedidos de 1


hambúrguer apenas, teríamos uma sequência
LOAD/hambúrguer/STORE. Isso seria muito ruim, pois as operações
normais levam um tempo menor e fixo (um pulso de CLK), que podemos
definir como 1 minuto na analogia. Já a busca de ingredientes e entrega
em domicílio pode demorar vários pulsos de CLK (por exemplo, 5
minutos).

Assim, o pedido de 1 hambúrguer para entrega demoraria 11 minutos,


que é o tempo próximo de um pedido similar na hamburgueria CISC (10
minutos). Todavia, se for possível otimizar o conjunto de pedidos para
buscar ingredientes uma única vez e fazer a entrega apenas no final,
montando 10 hambúrgueres de uma vez, teremos a entrega de 10
pedidos em 20 minutos – muito melhor que os 100 minutos da CISC.

Comentário

Podemos perceber o fator determinante no sucesso ou no fracasso da


abordagem RISC. Como vimos, o ônus de otimizar as instruções a partir
do código de alto nível é do compilador, e, se for bem executado, as
operações de acesso à memória serão reduzidas e as operações em
registradores, priorizadas, fazendo o pipeline do processador operar
bem perto do ideal (1 instrução por ciclo).

Comparação CISC x RISC


Agora que já sabemos como essas duas abordagens funcionam, vamos
assistir ao vídeo e compará-las!

video_library
Comparação entre as arquiteturas
CISC e RISC
Veja as diferenças e semelhanças, além das vantagens e desvantagens
entre as abordagens.

Tendências

video_library
Tendências de junção das
arquiteturas CISC e RISC nos
processadores atuais

Como vimos, a abordagem CISC surgiu de forma natural, com a


evolução dos processadores; na verdade, ela só foi assim denominada
após o surgimento da abordagem “rival”: RISC. Hoje em dia, como os
processadores tentam misturar as melhores características de ambas
as abordagens, é difícil encontrar processadores CISC “puros”. O mais
usual é encontrar processadores híbridos, que disponibilizam diversas
instruções complexas, com abordagem CISC, mas com um subconjunto
reduzido de instruções otimizadas, como na abordagem RISC, capazes
de serem executadas em pouquíssimos ciclos de clock.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

A abordagem RISC para a arquitetura do processador tem diversas


características e peculiaridades. Assinale a alternativa que contém
duas dessas características.

Grande conjunto de instruções e pipeline com


A
poucos estágios.

Endereçamento múltiplo e pipeline com poucos


B
estágios.

Endereçamento tipo R-R e pequeno conjunto de


C
instruções.

Endereçamento tipo R-M e grande quantidade de


D
registradores.

Endereçamento tipo M-M e grande quantidade de


E
registradores.

Parabéns! A alternativa C está correta.

A abordagem RISC tem como principais características: pequeno


conjunto de instruções, endereçamento do tipo R-R (exceto por
LOAD e STORE), pipeline de poucos estágios e grande quantidade
de registradores.
Questão 2

Um processador RISC busca implementar um pipeline pequeno e


bastante eficiente. Com relação a essa afirmação, podemos definir
como pipeline ideal aquele que teoricamente consiga executar:

A 1 instrução a cada 5 pulsos de clock.

B 1 instrução por ciclo de clock.

C 2 instruções por ciclo de clock.

D 5 instruções por ciclo de clock.

E 10 instruções por ciclo de clock.

Parabéns! A alternativa B está correta.

O pipeline ideal tenta realizar 1 instrução por ciclo, com cada etapa
sendo executada de forma independente em 1 ciclo.

Embora cada instrução leve n ciclos para ser executada (sendo n o


número de estágios do pipeline), o pipeline como um todo finaliza 1
instrução por ciclo.

Considerações finais
Vimos como a evolução da arquitetura dos processadores aumentou a
sua complexidade. Com a inclusão de instruções mais complexas e
endereçamento múltiplo, essa abordagem viria a ser chamada de CISC
(Complex Instruction Set Computer – Computador com Conjunto
Complexo de Instruções).
Mas esse nome só apareceria após o surgimento de um novo
paradigma no projeto de processadores: a abordagem RISC (Reduced
Instruction Set Computer – Computador com Conjunto Restrito de
Instruções).

A abordagem RISC inovou a forma como os processadores eram


projetados, permitindo o surgimento de várias tecnologias que
possuímos hoje, como smartphones e Internet das Coisas (IoT - Internet
of Things), isto é, diversos aparelhos, como geladeiras, câmeras e
outros, conectados à Internet com processadores simples.

A presença das duas abordagens foi importante para tipos distintos de


sistemas. Atualmente, a maioria dos processadores utiliza uma
abordagem híbrida, tentando capitalizar no melhor dos dois mundos.

headset
Podcast
Para encerrar, ouça uma discussão sobre as arquiteturas CISC e RISC,
incluindo uma comparação entre as suas principais características e
propriedades.

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Os trabalhos sobre arquiteturas RISC feitos por David Patterson e


John Hennessy, autores premiados na área.

O manual 8 Bit Parallel Central Processor Unit, que contém as


instruções para o processador Intel 8008.

O manual de referência do programador para o processador Intel


286.
O manual de referência do programador para o processador Intel
386.

Referências
PATTERSON, D. A.; HENESSY, J. L. Organização e projeto de
computadores: a interface hardware/software. 4. ed. Rio de Janeiro:
Editora Elsevier, 2014.

ZELENOVSKY, R.; MENDONÇA, A. PC: um guia prático de hardware e


interfaceamento. 3. ed. Rio de Janeiro: MZ Editora, 2003.

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