Módulo 1 - Introdução À Abordagem Lean
Módulo 1 - Introdução À Abordagem Lean
à Transformação Digital
na Administração Pública
Introdução à Abordagem Lean
Módulo
1
Governo e Transformação Digital. Estratégia e Planjamento
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Conteudistas
Eduardo de Souza Lima, 2022.
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.
Enap, 2022
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Unidade 1: Conceituação e Contextualização da Abordagem Lean..... 5
Referências ........................................................................................................................ 37
Referências ........................................................................................................................ 58
Apresentação e Boas-vindas
Olá! Seja bem-vindo (a) ao curso Abordagem Lean aplicada à Transformação Digital
na Administração Pública. Antes de iniciar seus estudos neste curso, assista ao vídeo
de apresentação.
Videoaula: Apresentação
Esta capacitação foi elaborada com o intuito de que você encontre aqui os
conhecimentos fundamentais para internalizar o mindset necessário para a
aplicação da abordadagem Lean nos projetos alinhados à transformação digital
na Administração Pública. Ao final dos seus estudos, você poderá implementar
melhorias contínuas em seus processos de trabalho e projetos, tendo sempre como
objetivo a redução dos desperdícios.
Para isso, o conteúdo deste curso está estruturado em 4 (quatro) módulos. Veja a seguir:
Agora é hora de continuar seu aprendizado sobre o tema deste curso. Bons estudos!
Esse termo foi utilizado como um sinônimo de se fazer cada vez mais com cada vez
menos recursos – seja esforço humano, equipamentos, tempo e/ou espaço.
De uma forma simplificada, o Lean é uma filosofia de gestão que preza pela busca da redução
de todo e qualquer tipo de desperdício, bem como da melhoria contínua dos processos.
Para iniciar seus estudos sobre a abordagem Lean, este módulo introdutório está dividido
em duas unidades. Na primeira unidade, você verá a conceituação e contextualização
histórica da abordagem Lean. E, na segunda, conhecerá alguns métodos usadados pelo
modelo de transformação Lean (Lean Transformation Framework).
Ao final desta unidade, você será capaz de compreender o que é a filosofia Lean, bem
como suas particularidades e formas de uso.
Suas bases remontam ao Sistema Toyota de Produção (STP), que, por sua vez, tem
sua origem no período de escassez de recursos provocado pela Segunda Guerra
Mundial. Para se tornar competitiva no cenário de reconstrução do Japão pós-
Segunda Guerra, a Toyota teve que inovar o modo como era realizado o seu processo
produtivo, o que propiciou a ela desenvolver uma filosofia própria de gestão (que
mais tarde ficaria conhecida como Toyota Way). O ponto chave do Toyota Way foi
levar em consideração o modo de vida japonês, conforme descrito a seguir:
Com isso, para se conseguir com efeito a redução de custos pretendida, Taiichi Ohno,
um diretor da Toyota, focou os esforços da empresa para a eliminação do que ele
chamou de “sete tipos de desperdícios”:
1 superprodução;
2 tempo de espera;
3 transporte;
4 excesso de processamento;
5 inventário;
6 movimento; e
7 defeitos.
Para Ohno (1997), tratava-se de uma redução “de efetivos” e “de custos”.
Essa resposta você vai conhecer a seguir, mas é possível adiantar que o sucesso do
Sistema Toyota de Produção deve-se a dois pilares: o “Just-in-Time (JIT)” e o “Jidoka”.
Método Just-in-Time
Ohno (1997) definiu o Just-in-Time como um método que visa “produzir apenas o
indispensável, no momento necessário e na quantidade requerida”. Para conseguir
isso, Ohno adotou uma estratégia que ele chamou de “Sistema de Supermercado”.
A inspiração para a criação desse sistema veio à sua mente após ele ler um artigo publicado
em 1954 em uma revista comercial japonesa que relatou que a empresa estadunidense
Lockheed Aircraft Corporation (atualmente Lockheed Martin), fabricante de aviões de
Guerra, adotou um sistema de estoques similar ao adotado por supermercados, e que
isso estava gerando uma economia na base de US$ 250.000,00 ao ano, além da liberação
significativa de espaço de armazenamento que poderia ser usado para outros fins.
Ao ler este artigo, Ohno vislumbrou que o sistema de reposição de estoques utilizado
pelos supermercados poderia perfeitamente servir como um modelo para o que estava
tentando realizar na fábrica. O sistema de reposição de estoques dos supermercados
funciona assim: um cliente retira a quantidade desejada de produtos da prateleira
que deseja comprar. É somente após a compra que a loja reabastece a prateleira com
produtos novos suficientes para preencher o espaço vazio da prateleira.
Método Jidoka
Já o conceito de Jidoka (que pode ser traduzido como “automação com inteligência
humana” ou “autonomação”) vem da ideia de que cada maquinário/equipamento deve
ser capaz de automaticamente sinalizar (feita por um dispositivo chamado Andon) e
parar quando ocorrer um problema de produção.
Não havendo falhas, não há desperdício de material. Com isso, não se faz necessário
ter um operador por máquina, devendo esta receber atenção humana apenas em
uma situação anormal.
Exemplo do Jidoka
Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
1 Detecte a anormalidade;
2 Pare;
Nas duas décadas seguintes, o sistema utilizado na Toyota ganhou proeminência por
todo o Japão, e a prova do seu sucesso chegou aos Estados Unidos.
Tal artigo, que é um compilado de observações feitas por Krafcik ao estudar e analisar
90 fábricas em 20 países, traz pela primeira vez a palavra “Lean” (traduzível para o
português como “enxuto”). Ele cunhou essa palavra ao perceber que o sistema de
produção utilizado pela Toyota era em tudo reduzido em relação à produção em massa:
menos esforço dos funcionários, menos espaço para a fabricação, menos investimento
em ferramentas, menos tempo gasto em planejamento, menos estoques etc.
Mas foi somente em 1990 (2 anos após a editoração do artigo de Krafcik, portanto),
com a publicação do livro "The Machine that Changed the World", de autoria de James
P. Womack, Daniel T. Jones e Daniel Roos, que os conceitos do Lean se popularizaram.
Para uma melhor compreensão, o quadro a seguir, traz, de forma resumida, o que
foi dito acima.
Princípio Objetivo
Já em 1996, com o livro “Lean Thinking: Banish Waste and Create Wealth in Your Corporation”
(traduzido para o português como “A mentalidade enxuta nas empresas: elimine o
desperdício e crie riqueza”), os autores Daniel Jones e James Womack concluíram que o
Lean não é apenas um sistema de produção, com ferramentas de qualidade e melhoria,
mas, sim, uma filosofia de gestão, onde as pessoas estão no centro da improvisação
contínua, decifrando, assim, os pilares da mentalidade enxuta.
A aplicação desses pilares nos mais variados setores fez com que o Lean deixasse de
ser uma exclusividade da indústria automobilística, dando origem a novas abordagens
– conforme o quadro abaixo – e, por conseguinte, a novas metodologias, que fazem a
ponte das premissas Lean com as particularidades daquele setor/campo de atuação.
Perceba que os princípios do Lean, aplicados aos diferentes contextos de cada setor, faz
com que a aplicação desta abordagem seja mais ampla. Por exemplo, a Boeing é talvez a
mais famosa reestruturação de uma fábrica para melhor se adequar ao Lean.
Há outros exemplos, como a Intel, case de sucesso que está explorando os princípios
Lean no contexto da Inteligência Artificial (IA) e da Internet das Coisas (IoT). Pode-se ser
citado, ainda, um hospital canadense, que se utilizou da abordagem Lean para diminuir
tempos de espera em seu pronto socorro.
Para uma melhor compreensão desse contexto de novos paradigmas, veja o infográfico
abaixo, que apresenta a Linha do Tempo da Mentalidade Enxuta.
Arsenale di Veneza
1891
1898
Linha de produção
Fonte: Workers...(1913).
1924
1926
1929
Platt Brothers
1933
1936
1943
1947 – 1950
1950
Visita à Ford
1956
Kanban
1973
1988
1996
2 O envolvimento de todos;
Kiichiro Toyoda acreditava que as condições ideais são criadas quando máquinas,
instalações e pessoas trabalham juntas, criando o cenário perfeito de redução
Esse ponto de vista é defendido, por exemplo, por Freitas et al. (2018). Para ele, o Lean
é uma filosofia de gestão por influenciar diretamente na cultura das organizações,
mudando a maneira como seus membros agem. Sabadka, Molnar e Fedorko (2017) vão
além, advogando que o pensamento enxuto deve não só ser praticado continuamente,
mas também constar na missão organizacional.
Pearce e Pons (2013) apontam que uma fraqueza nas abordagens típicas de implementação
enxuta é que os gestores dão demasiada ênfase nas técnicas e ferramentas. Só que
essas, em vez de otimizar todo o sistema, promovem apenas melhorias isoladas e
não duradouras. Por isso, eles orientam as organizações a promoverem entre os seus
colaboradores o chamado “comprometimento com o Lean”.
Comparação entre o Modelo Mental do planejamento convencional e o Modelo Mental pela abordagem Lean
Fonte: Dennis (2007).
No livro “Toyota Way: 14 management principles from the world's greatest manufacturer”, o
autor, Jeffrey K. Liker, desvendou os segredos da Toyota para promover o comprometimento
dos seus colaboradores com a filosofia que a empresa estava implantando, que ele
chamou de “Modelo dos 4Ps da Toyota”.
Veja, a seguir, o que é o “Modelo dos 4Ps da Toyota” e a explicação de cada um dos
conceitos.
1º P = Philosophy (Filosofia)
“Baseie as decisões de gestão em um planejamento de longo prazo, mesmo que isso
deva ser feito em detrimento dos objetivos financeiros de curto prazo” (LIKER, 2004).
Ou seja, a base da pirâmide é sustentada por um pensamento a longo prazo, uma vez
que as pessoas precisam de um propósito para encontrar motivação e estabelecer metas.
2º P = Process (Processo)
O que se busca aqui é um olhar atento ao processo produtivo, com o objetivo de eliminar
toda e qualquer fonte de desperdícios.
Ou seja, este “P” preza pela aprendizagem coletiva. Vicente Falconi, no livro “O
Verdadeiro Poder - Práticas de Gestão que Conduzem a Resultados Revolucionários”
Método da Cumbuca
Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
Iniciado o encontro, os nomes das pessoas são escritos em pedaços de papel e colocados
em uma cumbuca. Um nome, então, é tirado aleatoriamente da cumbuca. Cabe a ela
fazer a apresentação do tema, facilitar a discussão (é importante que todos participem) e
fazer o fechamento com as lições aprendidas e suas aplicações na empresa. Se a pessoa
escolhida não tiver lido o que tinha sido combinado, Falconi enfatiza que a reunião deve
ser desfeita. “Não se deve sortear ou indicar outro, nem mesmo aceitar voluntários
para apresentar. O método é baseado no compromisso de todos” (FALCONI, 2009, p.
7). Mesmo que o nome da pessoa seja sorteado, seu nome volta para a cumbuca para
que numa próxima reunião seu nome possa ser aleatoriamente sorteado novamente.
Acredita-se que o Brainwriting seja mais produtivo que o Brainstorming, uma vez
que o Brainstorming privilegia profissionais mais eloquentes, e exclui os novatos e,
também, os mais introvertidos (HESLING, 2009).
Um estudo concluiu que 62% das ideias de um Brainstorming vem dos participantes
mais desenvoltos, que acabam por monopolizar a conversa. Além disso, as ideias
propostas por esses profissionais ganham prioridade nas análises, já que eles
parecem ter mais convicção de suas ideias.
Por conta disso, é importante que, numa reunião de Brainwriting, haja a manutenção
do anonimato, para que não se crie um viés em relação às ideias.
Outra vantagem desta técnica em relação ao Brainstorming é que, por gerar ideias
anônimas, ela desestimula a competição, fazendo com que o foco se vire para a
coisa mais importante: geração de ideias de qualidade. Mas para isso, o ideal é que
ninguém assuma a sua autoria (HESLING, 2009).
No livro “The Lean Mindset: ask the right questions”, de 2014, os autores Mary Poppendieck
e Tom Poppendieck defendem que a filosofia Lean já é por natureza um mindset, e, por
isso requer um líder que assuma o papel de mentor, solucionando problemas complexos
através da rápida interação com todos.
Genuine Efficiency (Eficiência Genuína): enfatiza que a eficiência deve ser autêntica
e sustentável. A resolução de problemas não se limita a esperar que eles apareçam
para então resolvê-los. A essência de reconhecê-los e identificar suas causas raízes
impulsiona o aprendizado individual e organizacional. Uma vez que um problema é
reconhecido, o impacto e nível de esforço para sua resolução deve ser compreendido
antes do engajamento.
O Kaizen foi trazido para o Ocidente e popularizado por Masaaki Imai por meio de
seu livro Kaizen: The Key to Japan's Competitive Success, publicado em 1986. Segundo
Womack, Jones e Ross (1992) Kaizen é mais do que um processo de aperfeiçoamento
contínuo e gradual. É o fundamento de todas as melhorias de produção enxuta. É a
filosofia total que luta pela perfeição. É o processo que se baseia no envolvimento e
participação de todos os colaboradores, de maneira a realizar melhorias e eliminar
o desperdício que adiciona custo sem agregar valor (LIKER, 2004).
• a melhoria é infinita.
• Conhecimento coletivo.
De acordo com Tran, Ruppert e Abonyi (2021), a robusta combinação dos princípios
Lean com as concepções da Indústria 4.0 torna mais célere a identificação e mitigação
de desperdícios, bem como torna o procedimento de desenvolvimento de softwares/
inteligência artificial mais ágil e eficiente do que pelos métodos tradicionais.
Para se ter uma ideia do quão poderosa pode ser essa parceria, segundo um estudo
realizado por De Backer, Mancini e Sharma (2017), a experiência com 20 fábricas de
back-end na Ásia demostrou que uma combinação de técnicas enxutas com soluções
tecnológicas da Indústria 4.0 ajudou os fabricantes a sustentarem a melhoria nos
custos de mão de obra e de qualidade.
Nesta unidade, você teve contato com uma visão geral da abordagem Lean, passando
pela contextualização histórica e chegando até a filosofia Lean e suas particularidades
de uso.
Você chegou ao fim desta unidade de estudo! Caso ainda tenha dúvidas, reveja o
conteúdo e se aprofunde nos temas propostos. Até a próxima!
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Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer alguns métodos de Transformation
Framework para o Lean, a fim de sustentar o chamado “comprometimento com o Lean.
De acordo com o Lean Enterprise Institute (L.E.I.), uma transformação Lean requer
aprender uma nova maneira de pensar e agir, caracterizada não por implementar
uma série de etapas ou soluções, mas, sim, por abordar questões-chave de propósito
(qual valor para os clientes?), processo (como melhorar continuamente?), pessoas
(como respeitar, envolver e desenvolver funcionários?), comportamento gerencial
(que estilo de liderança e sistema de gestão são necessários?) e modelos mentais
(como estamos conduzindo essa transformação?).
Para compreender melhor como esse Framework funciona, assista a videoaula a seguir:
Por conta da crise financeira enfrentada pelo mundo em 2007 e 2008, a Starbucks
entendeu que para continuar sendo competitiva, precisaria reduzir custos, e por isso
decidiu apostar na abordagem Lean. Para isso, ela adotou o Modelo de Transformação
Lean proposto pelo Lean Enterprise Institute.
Em 2009, a redução de custos obtida com a ajuda dos princípios Lean ajudou a Starbucks
a obter lucro melhor do que o esperado para a primeira metade daquele ano. À época,
a empresa havia logrado uma redução de custos de US$ 175 milhões, acima dos US$
150 milhões que havia planejado.
Muito do que será relatado aqui foi adaptado para esta capacitação a partir de
reportagens, como a do The Wall Street Journal (JARGON, 2009), e de notícias de sites
e blogs com foco na abordagem Lean, como “aleanjourney.com” (MCMAHON, 2009) e
“lean.org.br” (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2009).
Você verá, a partir de agora, as etapas com que levaram o Starbucks a implementarem
a transformação Lean na empresa e quais foram os resultados disso nas diferentes
frentes de trabalho da equipe.
1ª Etapa - Propósito
Nesta primeira etapa, houve uma abordagem situacional, a fim de identificar o propósito,
a partir das seguintes perguntas-chave:
A pergunta-chave para esta etapa foi: como podemos melhorar o trabalho/serviço atual?
Identificação do problema
Problemas Identificados
• Qualidade: servir café fresco que não atendia aos próprios padrões
da Starbucks.
Desperdícios Identificados
Comparativo sobre a melhoria de processos na Starbucks pela abordagem tradicional e pela abordagem Lean
Fonte: O’Donnell; Heydon (2015). Elaboração: CEPED/UFSC (2022).
• Onde deve ser feito? Reorganize o layout para melhor sequenciamento (fluxo);
Para isso, tiveram como norte a seguinte pergunta-chave: Que pensamento, mentalidade
ou suposições básicas constituem a cultura existente?
Essa equipe preparou uma atividade para mostrar às pessoas a importância da busca
pela melhoria contínua. A atividade pode ser resumida da seguinte forma:
O objetivo da “equipe enxuta” aqui é ressaltar o Kaizen: deixando claro que a atividade
não é uma competição entre equipes, eles ressaltam que as equipes devem trabalhar
juntas de maneira proativa para obter melhorias regulares nesse “processo produtivo
de montagem do boneco”.
Mover os itens para mais perto reduzia o tempo, assim como alterar a ordem de
montagem e a padronização do processo de montagem. Ao longo de duas horas e
várias tentativas, as equipes conseguem melhorar o processo produtivo e realizar a
tarefa em cerca de 16 segundos.
Para além da atividade com os bonecos do Mr. Potato Head, a “equipe enxuta”
também faz um trabalho de convencimento com os baristas de que, diminuindo o
tempo de produção de café, sobrará mais tempo para a interação com os clientes,
melhorando, assim, o que eles chamam de “experiência Starbucks”.
Tapping e Shuker (2003), no livro “Value Stream Management for the Lean Office: Eight Steps
to Planning, Mapping, and Sustaining Lean Improvements in Administrative Areas” propuseram
o mais notório framework para o Lean Office. Segundo eles, são 8 os passos para atingir o
estado enxuto em escritórios, a saber:
• Fase 1 - preparação;
Os autores afirmam que após a alta administração estar preparada e comprometida com
a adoção do Lean, a fase de implementação começará com o estabelecimento de uma
equipe enxuta que trabalhará em um projeto piloto em um fluxo de valor selecionado.
Uma vez que o projeto piloto esteja bem estabelecido, eles expandem o esforço de
melhoria para o próximo fluxo de valor e, posteriormente, para toda a organização.
Bortolotti e Romano (2012) fizeram um estudo para investigar o uso da metodologia Lean
no que eles chamaram de “setor de serviços puro”, ou seja, com ausência quase total de
fluxo de material. A estrutura consiste em duas fases, que eles chamaram de “Lean First” e
“Then Automatize” (algo como “enxugar primeiro” e “depois automatizar”).
A estrutura conceitual proposta por Syed Ahmad (2013) visa instilar a cultura enxuta em
uma organização. A mentalidade das pessoas e as atividades diárias de melhoria contínua
são a base para construir a cultura enxuta da Toyota.
Outros fatores identificados que afetarão o cultivo da cultura enxuta são a cultura
organizacional, a cultura nacional e a cultura de trabalho das pessoas. O estudo de Syed
Ahmad (2013), no entanto, não discute em detalhes sobre o "comportamento das pessoas",
que é o fator mais crítico na mudança para uma cultura enxuta.
Melhoria
contínua
Esses dois elementos precisam ser um fator ou elemento importante na criação da cultura
enxuta. Além disso, a indústria deve incluir ou especificar outros elementos com base na
situação atual de sua indústria. A cultura organizacional, a cultura nacional e a cultura de
trabalho precisam se adequar à cultura Lean, de forma que apenas uma única cultura
conduza à transformação Lean.
Nesta unidade, você aprofundou seus estudos sobre a abordagem Lean conhecendo
alguns métodos de transformação Lean.
Que bom que você chegou até aqui! Agora é a hora de você testar seus conhecimentos.
Para isso, acesse o exercício avaliativo disponível no ambiente virtual. Bons estudos!
ANVARI, Alireza. et al. A proposed dynamic model for a lean roadmap. African
Journal of Business Management, [s. l.], v. 5, n.16, p. 6727–6737, 2011
CHAY, Tickfei. et al. Towards lean transformation: the analysis of lean implementation
frameworks. Journal of Manufacturing Technology Management, Bingley, 2015.
LEAN INSTITUTE BRASIL. Um momento instrutivo lean: Starbucks no The Wall Street
Journal. Lean Institute Brasil, São Paulo, 2009. Disponível em: https://www.lean.
org.br/artigos/376/um-momento-instrutivo-lean-starbucks-no-the-wall-street-
journal.aspx. Acesso em: 7 jan. 2022.
MCMAHON, Tim. Lean Learning at Starbucks. A Lean Journey, [s. l.], 2009. Disponível
em: http://www.aleanjourney.com/2009/08/lean-learning-at-starbucks.html. Acesso
em: 7 jan. 2022.
SYED AHMAD, S.A. Culture and lean manufacturing: towards a holistic framework.
Australian Journal of Basic and Applied Sciences, [s. l.], v. 7, n. 1, p. 334-338, 2013.
TAPPING, D.; SHUKER, T. Value Stream Management for the Lean Office: Eight
Steps to Planning, Mapping, and Sustaining Lean Improvements in Administrative
Areas. CRC Press Book, 2003.