O Playboy e A Secretaria - Angel Dias
O Playboy e A Secretaria - Angel Dias
O Playboy e A Secretaria - Angel Dias
Cecília Richards
Desde a infância venho matando um leão por dia para
continuar viva, cresci em uma família disfuncional em meio a brigas
e confusões, sabia exatamente que não queria aquilo para mim.
Me centrei em meus estudos, mantendo o foco em um futuro
melhor, uma vida digna e tentando equilibrar isso e um alcoólatra
que chamo de pai.
Não tenho tempo para nada que não seja a faculdade e o
emprego que consegui. Até me deparar com o homem mais
arrogante que já vi na vida e me apaixonar perdidamente por ele.
Capítulo 1
Estou na minha cobertura no First Hill Plaza[1] olhando para
baixo com um cigarro na mão, a noite hoje foi muito interessante e
como de costume, acabei com duas beldades na minha cama.
O vento gelado está aliviando o calor do meu corpo nu, um
corpo do qual eu não preciso sentir vergonha, nem receio, minha
nudez, na verdade, é meu maior orgulho.
Sim, sou muito egocêntrico e não tenho vergonha em assumir.
Sou o único herdeiro de um império bilionário, nunca precisei
fazer um esforço sequer para ter algo na vida, tudo o que quero vem
até mim num estalar de dedos... dinheiro, bebidas, mulheres,
absolutamente tudo é meu a qualquer momento, não há nada que eu
deseje que não possua.
Recordo-me do almoço que tive com a minha mãe hoje e
como dona Carmen estava irritada.
— Eduardo? Está ouvindo o que estou dizendo? — Tirei os
olhos da recepcionista que estava me olhando e foquei a atenção na
minha mãe. — Ouviu o que eu disse?
Limpei a garganta.
— Muito provavelmente algo a respeito da empresa, você não
fala sobre outra coisa mãe, já estou até acostumado.
Ela me direcionou um olhar ainda mais furioso.
— Empresa essa que garante a sua vida de farra e luxos!
Empresa da qual dou a minha vida e meu sangue para manter nos
trilhos e você simplesmente ignora! — As pessoas em volta olharam
na nossa direção. — Empresa que se você não tomar um rumo vai
acabar destruindo em menos de uma semana!
Minha mãe é a senhora dos exageros, ela não suporta a
minha vida libertina, e de uns tempos para cá está pegando muito no
meu pé.
— Mãe, já fiz a faculdade que me pediu, me formei...
— Com muita ajuda, pensa que eu não sabia que pagava as
pessoas para fazer seus trabalhos? Acha que não sei que você saiu
formado sem sequer fazer algum esforço? Edu, já passou da hora de
você crescer, meu filho, há tanto o que você precisa aprender antes
de assumir as coisas. — Suspira. — Estou cansada, preciso me
aposentar, como é que vou confiar em você? Me diga, como?
Raramente minha mãe briga comigo, dessa vez ela estava
muito estressada.
Felizmente eu sabia como contornar todas as raras vezes que
essas situações aconteciam.
— Mãe, sei bem que a senhora quer um bom herdeiro,
quando chegar o momento, sei que não vou decepcioná-la. — Ela
me encara, respirando fundo. — Tenho que ir mãe, tenho algumas
coisas para fazer mais tarde.
— Que coisas Eduardo? Que coisas? O que é que você tem
ou faz na sua vida? — As perguntas dela estavam me incomodando
um pouco. — Tudo Edu, absolutamente tudo o que você tem, e tudo
o que vai ter um dia, vem do meu esforço, dos meus sacrifícios,
daquela empresa! O que está esperando para se juntar a nós, se
tornar parte do legado da nossa família?
Me levantei quando já não queria mais ouvir todas aquelas
baboseiras
— Não vou discutir mãe, o dia está bom demais, quente,
perfeito... e eu não quero mais falar sobre isso. — Dei um beijo em
seu rosto e saí, encerrando aquela conversa chata.
Naquele dia tinha programado um pool party[2] em uma das
casas da família, uma festa incrível regada a álcool, drogas e
mulheres, não queria ficar de mau humor.
No fim das contas, o que minha mãe disse acabou me
deixando irritado o bastante para não conseguir fazer mais nada,
fiquei algumas poucas horas, mas de cara fechada e sem conseguir
me divertir.
— Ah, qual é Edu? Vai ficar com essa cara amarrada até
quando? – Ricardo, meu melhor amigo desde o tempo de escola,
gritou para mim enquanto eu bebia sentado em um canto mais
afastado dos outros. — O que tá pegando com você hoje?
Olhei em volta, vendo aquele monte de pessoas, a maioria
nem sequer sabia o nome, nem porque estavam ali.
— Minha mãe acabou me deixando com um humor péssimo,
acho que vou para casa...
Me levantei para ir embora, mas duas das meninas que
estavam ali me seguraram pelo braço.
— Não vai... por favor, queríamos tanto poder te fazer
companhia. — Pediu, com a voz manhosa.
A risada estrondosa de Ricardo soou alto.
— Isso aí meninas, deem um jeito nesse idiota e se restar
algo dele, tragam ele de volta para cá. — Fala, com um sorriso
enorme no rosto.
Ele sumiu entre as pessoas e eu, que estava planejando ficar
sozinho, acabei com duas mulheres maravilhosas. Como poderia
reclamar de algo? Minha vida é perfeita.
Balanço a cabeça espantando esses pensamentos das coisas
que aconteceram hoje e trago o meu cigarro.
Mãos começam a alisar as minhas costas e abdômen, com
unhas espertas me dando leves arranhões.
— Vem para a cama... ainda queremos mais. — Uma das
garotas pede, sorrindo e sua mão vai parar no meio das minhas
pernas, acariciando-me até que fique duro, pronto para mais uma
rodada insana com as duas.
E é claro que não desperdicei a chance de brincar mais uma
vez, indo direto para a cama e ficando lá até amanhecer.
Capítulo 2
Estava prestes a sair de casa quando meu pai me chamou.
— Ei... você precisa deixar um dinheiro comigo! — Reclamou.
Desde que minha mãe se foi, é tudo o que ele tem feito,
reclamar, reclamar e reclamar.
Cresci em meio ao caos, meus pais nem consigo imaginar por
que se casaram, ele sempre foi péssimo, não sei como minha mãe
conseguia... bem, agora eu sou a bola da vez, e ele desconta todas
as frustrações em mim.
— Eu já disse que não sou banco pai, se quer bebida,
trabalhe e compre, não vou ficar gastando meu dinheiro todo com
você! — Continuei me arrumando para sair.
— É isso que eu recebo por ter te criado até agora? Só
ingratidão! Eu sei bem que você tem dinheiro, desde que começou a
trabalhar naquela empresa chique do centro você tem se vestido
melhor, comprou mais coisas para você...
Dei uma risada amarga balançando a cabeça.
— É isso que fazemos quando trabalhamos pai, compramos o
que temos vontade com o nosso dinheiro, não com o do outro.
Meu pai é um escroto, mas infelizmente eu não consigo
abandoná-lo, fico pensando em como é que ele vai se virar sem mim,
se conseguiria fazer isso, e sempre que penso a resposta que me
vem à mente é não, ele não conseguiria.
— Eu já faço o bastante pagando o aluguel, fazendo as
compras e pagando as contas, não tenho obrigação de sustentar
seus vícios.
Além disso, quando ele bebe acabava deixando de ser
inofensivo, então quanto mais longe do álcool eu conseguia mantê-
lo, melhor era para a nossa convivência.
Consegui com muito esforço trabalhar como secretária de
uma empresa grande, ganhava bem o bastante para pagar a parte
da minha faculdade que não tinha conseguido com a bolsa e manter
as coisas importantes em casa.
Mesmo quando minha mãe estava viva eu tive que trabalhar
cedo, ela também não era um exemplo de mulher, nem de mãe.
Sempre me culpava pelo fracasso de sua vida. Quem destruiu o
corpo e a felicidade dela.
Tomava antidepressivos com álcool e passava boa parte do
dia apagada. Se eu não aprendesse a me virar sozinha, teria morrido
a muito tempo, ou pior, poderia ter me tornado alguma versão dela.
— Não vai deixar nada? — Ele me parou segurando meu
pulso quando eu já estava abrindo a porta. — Não precisa ser
muito...
Olhei para ele e depois para onde ele estava me segurando.
— Solte, eu não vou te dar nada, não tenho a obrigação, na
verdade seria o contrário, você é quem deveria ter me mantido, não
eu manter você e a casa. Preciso ir trabalhar, não posso me atrasar.
— Puxei meu braço, saindo para iniciar minha jornada.
Eu precisava sair bem mais cedo, para chegar ao trabalho já
que minha casa não ficava muito perto. Menti no meu endereço,
passei o da minha única amiga da faculdade para conseguir a vaga,
sei que nesses lugares dão preferência a quem mora perto pela
pontualidade, e por isso saio de casa uma hora e meia antes, para
chegar dentro do meu horário na empresa.
Já era difícil lidar com meu chefe quando estava tudo certo,
quando eu cometia um erro, fosse ele qual fosse, era ainda mais
complicado.
Minha vida não foi um mar de rosas, creio que a de ninguém
seja, não tenho tempo para muitos amigos, não consigo ter um
namorado, nem sequer consigo assistir televisão ou ler um livro...
tenho que dividir muito bem o meu tempo.
— Respira... isso tudo um dia vai ser recompensado. — Digo
para mim mesma ao chegar no trabalho, me sentando em minha
mesa.
Deixei minhas coisas organizadas sobre a mesa, peguei meu
bloquinho de notas e imprimi tudo o que meu chefe faria naquele dia.
Olhei para meu reflexo cansado na porta de vidro e abri um
sorriso antes de bater.
E aqui vou eu para mais um dia.
A vi saindo mais uma vez, mas agora Lucas passou direto por
ela e ele me viu na mesma calçada indo em direção ao ponto. Seu
olhar para mim foi assassino.
Vi meu ônibus chegando ao ponto e, para a minha surpresa,
Cecília entrou, apressei o passo e entrei também.
Não imaginei que ela estava tão brava com o que tinha
acontecido, além de não me querer ao seu lado, ela também saiu do
lugar onde estava sentada.
Mas nada foi mais chocante do que ver que a maquiagem que
ela passou estava saindo e que por baixo havia uma mancha roxa
que se destacava na pele branca.
“Que porra é essa?”
Ela carregou um pouco na base onde a marca estava, mas
depois de um dia inteiro de trabalho, a maquiagem não estava sendo
mais eficiente e seus olhos inchados mostram que ela provavelmente
esfregou muito o rosto depois de chorar.
Também não deve ter ideia de como se usa, porque ela
passou apenas na mancha e um pouco em volta, mas não no resto
do rosto, o que deixou a pele com um tom diferente.
Sem aguentar ficar calado como ela pediu, perguntei
novamente quem fez aquilo.
Ela parece uma criatura tão delicada, é difícil de imaginar que
alguém possa querer machucá-la.
— Vem cá, você tem algum tipo de problema psicológico? —
A pergunta me pegou de surpresa. — Eu não sou médica, mas as
suas mudanças drásticas de comportamento não devem ser
completamente naturais!
Abri a boca para responder, mas ela não me permitiu.
— Eu honestamente estou cansada e você não tem nada a
ver com a minha vida! Então por que não continua sendo o babaca
que eu conheci no primeiro dia e para de me perturbar?
— Por quê? Se sente mais à vontade quando eu estou sendo
detestável porque tem medo do pode sentir se eu me tornar alguém
melhor?
Ela não me respondeu e seu rosto ficou completamente
vermelho.
É quase impossível para mim não achar graça daquilo, não só
era a primeira mulher que tinha coragem de falar daquela maneira
comigo, mesmo que não saiba quem eu sou, como também cora
como uma adolescente e isso chega a ser excitante.
Mas se eu quero que ela se torne a chave para o meu retorno
para casa, preciso que ao menos me tolere, o que parece não ser o
caso no momento.
Ergui as mãos em sinal de rendição.
— Vim em paz, não quero te irritar, juro, só quero realmente
que me desculpe, quanto ao seu rosto, estou mesmo preocupado,
não sou só um curioso. Se puder ajudar em algo...
Cecília me olha dentro dos olhos pela primeira vez, era como
se visse meu interior, os olhos grandes e penetrantes me causaram
um arrepio, senti que seu olhar pode analisar minha alma.
— Não guardo rancor, não se preocupe.
— Não é apenas com isso que estou preocupado. — Toquei
seu rosto.
A sensação que tenho ao continuar a olhando nos olhos foi de
que estava falando a verdade, que não era apenas uma encenação
para ter o que quero.
Ela parece tão indefesa, que liga todos os botões dos meus
instintos de proteção.
— Por que está aqui? — Mordeu o canto dos lábios.
— Porque eu pego esse ônibus para ir para casa também. —
Desconversei por estar me sentindo inquieto.
Assentiu e se calou.
Não puxo mais assunto, fiquei me analisando e pensando no
que tinha acontecido ali, por que a minha preocupação era tão real?
Devo ser um bom ator, ou no mínimo, realmente sinto que
meu ego foi jogado de cima de um penhasco.
Seja qual for das opções, o que me importa é sair dessa droga
de cidade e voltar para a minha maravilhosa Seattle, meu
apartamento luxuoso, minhas festas e mulheres.
Nunca pensei que eu sentiria tanta falta de ingerir qualquer
coisa com álcool, e nem meu cigarro estou conseguindo comprar,
então reduzi consideravelmente o meu vício.
De vez em quando sinto o olhar dela em mim e quando está
olhando para o outro lado eu a olho.
Cecília é muito bonita, principalmente sem aqueles óculos no
rosto, é delicada, a boca é de um tom rosado que me faz pensar
muitas besteiras, como por exemplo, como ficaria se estivesse
envolvendo meu pau, como suas maçãs do rosto poderiam estar
coradas e a cor de sua bunda redonda depois de um tapa.
A direção que meus pensamentos me levaram fez com que a
calça ficasse desconfortável, precisei mudar um pouco minha
posição para que o volume aparente não a deixasse chocada.
“Caralho! Virei algum tipo de animal irracional agora? Será
possível que não consigo controlar a porra do meu pau?”
Me levantei e ela se levantou ao mesmo tempo.
— Você também mora aqui? — perguntou fazendo uma careta
estranha. — Nunca te vi por aqui.
Deixei-a passar na minha frente e não consegui evitar de olhar
para a bunda.
— Me mudei a pouco tempo. Te acompanho até sua casa. —
Comentei, trincando os dentes.
— Não precisa, tenho o costume de voltar só, obrigada.
Mesmo tendo dito não, a acompanhei, ela mora a apenas três
casas de distância da minha.
— Boa noite, Cecília. — Seu nome pareceu deslizar na minha
língua. — Nos vemos amanhã.
Capítulo 15
Passei a sair no mesmo horário que Cecília, pegamos sempre
o mesmo ônibus de manhã e depois de uma semana indo juntos
todos os dias, ela ficou mais tranquila com a minha presença.
— Bom dia, Eduardo! — Estou esperando por ela na calçada
em frente à sua casa.
Torci a boca.
— Já te pedi um milhão de vezes que me chame de Edu. —
Abri um sorriso sedutor. — É apenas para os mais íntimos.
Bateu com seu ombro no meu braço.
— Ainda bem que não sou tão íntima assim. — O sorriso dela
é contagiante e eu acompanho sorrindo também.
Vi um homem na porta nos observando, imagino que deva ser
alguém da família dela.
— Como está indo no trabalho? Eu soube que você não teve
um bom feedback nos primeiros dias. — Disse quando nos sentamos
no ônibus.
— Digamos que eu estou aprendendo mais rápido do que eu
imaginei. — Para alguém com todas as minhas mordomias durante a
vida toda, uma semana já estar mais à vontade com o trabalho
chega a ser assustador.
— Que bom que se adaptou. — Me olhou nos olhos com um
sorriso de canto.
Nesse momento percebi o quanto estou viciado no sorriso
dela, virou minha meta diária e mesmo quando Lucas não está por
perto, me sinto bem ao vê-la sorrir.
— Como está o seu dia hoje? Muita coisa na agenda do
chefinho? — Revirei os olhos ao falar.
— O que tem contra ele? Vocês dois parecem se conhecer de
antes do trabalho e não se dão bem.
— Impressão sua, não tenho nada contra ele, só não aguento
desaforo, nada demais.
Cecília estreitou os olhos, mas não fez mais nenhum
comentário.
Chegamos à empresa e como em todas as manhãs, Grazi
veio até mim com um sorriso largo no rosto.
— Bom dia, Eduardo! — Olhou para Cecília desfazendo o
sorriso. — Bom dia!
Acenei com a cabeça e fui para o elevador.
— Ela me odeia.
— Impressão sua. — Respondi e ela balançou a cabeça
sorrindo.
— Vou fazer o café. — Apertou no andar da sala de descanso.
— Desce para tomar um golinho depois.
— Vou me trocar e já vou para lá.
O elevador apitou, mas antes de descer ela impediu as portas
de fecharem.
— Hoje tem ramen burrito[6], trouxe para você. Espero que
goste!
— Preciso aprender a cozinhar para fazer algo para você. —
Comentei pensativo.
— Não, obrigada, prefiro viver. — Soltou a porta e saiu dando
risada.
Fui para o vestiário colocar meu macacão para iniciar o dia,
Jorge estava lá, terminando de se vestir.
— Bom dia!
— Bom dia menino, como está? — A voz dele estava
estranha.
— Bem, muito bem. — Observei com mais calma. — Você
está bem? Parece um pouco cansado.
— Meu menino está doente, tenho passado a noite no hospital
e o dia trabalhando.
— Doente? O que ele tem? — Me aproximei um pouco dele.
— Ele está internado com pneumotórax e para falar a
verdade, não sei se o hospital vai dar conta disso, ele deveria estar
na UTI, mas não há mais leitos disponíveis, então estão fazendo o
que podem.
Vê-lo ali, de pé e trabalhando, mesmo passando por algo
assim é de impressionar qualquer pessoa, e eu muitas vezes,
mesmo saudável e sem problema algum, nunca quis chegar nem
perto da empresa, e nem é um trabalho difícil e braçal o que tenho
que desempenhar com a minha mãe, não é como aqui e mesmo
assim nunca me interessei pelo trabalho.
— Não precisa fazer essa cara, estamos lutando para que ele
fique bem. Vamos começar o dia, temos muito o que fazer.
Quero achar uma maneira de ajudar esse homem, ele
merece, precisa que alguém faça alguma coisa.
Me troquei e fui para a sala de descanso tomar café, mas
parei um pouco antes quando ouvi a voz de Lucas.
— Você vai para a faculdade hoje? — Perguntou a ela. —
Estava pensando se gostaria de ir jantar comigo hoje? Tenho apenas
uma reunião importante no final do dia, depois estamos mais
tranquilos.
— É... acho que pode ser, eu estou com tudo pronto, todos os
documentos estão revisados, aqui nesse envelope.
— Combinado então, jantamos depois da faculdade.
Escutei os passos vindo no corredor e me escondi observando
Lucas passar.
“Jantar com ela é? Vamos ver se você vai.”
Fui para a sala e a encontrei de costas.
— Cheguei!
Meu humor mudou completamente depois que a ouvi aceitar o
convite de Lucas.
Servi uma xícara de café para mim e me apoiei na bancada
para tomar.
— Oi, eu estava te esperando.
— Sei. — Olhei para um envelope grosso na bancada e
coloquei minha xícara perto. — O que vai fazer depois do trabalho?
— Quero saber se ela vai me contar.
Seu rosto assumiu um tom avermelhado que sei que é de
vergonha e ela não me respondeu, só deu de ombros.
Senti a raiva tomando controle de mim, sem entender bem o
motivo e sem querer pensar demais, levei a mão para a xícara, mas
não a peguei, a derrubei de propósito em cima dos documentos.
Cecília colocou as duas mãos na cabeça.
— Eu sei que você fez de propósito! — Gritou comigo. —
Céus! Eu não vou ter tempo de fazer tudo isso mais uma vez! Ele vai
brigar comigo...
— Lucas está caidinho por você, Cecília...
— Ainda é o meu chefe, nunca misturou as coisas, quando
precisa me dar uma bronca, ele faz! — Ela ficou realmente com
muita raiva. — Merda! — Ele vai precisar disso para hoje... — Tirou
os documentos molhados de café de dentro do envelope.
— Eu sinto muito...
— Não! Você não sente, você fez porque quis! — Os olhos
marejados fizeram meu estômago se contrair.
Passou esbarrando em mim como uma onça brava,
praguejando e batendo os saltos no chão com força.
Soquei a parede atrás de mim.
— Porra!
Por que foi que eu fiz isso?
[1]
Prédio de apartamentos de luxo localizado na 1301 Spring St, Seattle.
[2]
Festa na piscina
[3]
Cidade da Califórnia, EUA.
[4] Considerado um carro raro, já que apenas 5 unidades foram fabricadas.
[5]
Atividade que é praticada por prazer nos tempos livres.
[6]
Comida típica da Califórnia, macarrão com ovos, carnes, bacon e cebolinha se
“unindo em matrimônio” num delicioso Wrap.