O Medo Na Ginastica Artistica Feminina
O Medo Na Ginastica Artistica Feminina
O Medo Na Ginastica Artistica Feminina
SÃO PAULO
2008
ii
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE QUADROS
RESUMO
ABSTRACT
The sport environment presents many situations were fears emerge from
specific stimuli, which may vary according to the individual. Artistic Gymnastics (AG)
is a sport that involves a constant risk. The manifestation of fear brings, consequently
and among other things, low self-esteem, discomfort or shame before colleagues,
physical integrity risk, learning difficulties and even drop-out. Consequently, the
outcomes to these situations demands attention since the first steps on AG.
Interviewing first level competitive gymnasts, this research investigates the fear
behavior in AG. The main starter situations of fear were identified, like fear of injury,
fear of making errors, fear of the unknown, and fear of the coach. Furthermore, the
naive strategies, commonly used by gymnasts in order to cope with fear the
gymnasts’ perceptions of their coaches, parents and peers attitudes in the face of
their fears were observed. Thus, the purpose of this study was to improve
understanding of this specific context with regards to fear and its effects over
gymnasts parents and coaches.
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DA LITERATURA
entendimento do fenômeno emocional. Mas a linha norteadora que irá conduzir esta
pesquisa será baseada na “emoção”, devido as suas características de grande
intensidade e alto estado de ativação, além da curta duração de tempo (WATSON,
2000).
A emoção está relacionada a uma resposta imediata desencadeada por um
evento específico, que gera mudanças de ordem fisiológica, experimental e
comportamental. As emoções são geralmente súbitas. Tornamos-nos furiosos se
alguém nos agride, ou assustados se vamos atravessar a rua e quase somos
atropelados por um caminhão. Nestes incidentes, a emoção interrompe nossa ação
prévia e organiza nossa mente para lidar com o evento. Há estados emocionais que
podem durar horas, ou mesmo dias e meses (JENKINS, OATLEY & STEIN, 1998).
Os sentimentos se referem especificamente às experiências subjetivas de um
organismo, em resposta as emoções e ao humor, sem que haja mudanças
fisiológicas ou comportamentais. Um pouco mais duradouro que a emoção, o humor
é entendido como algo mais difuso, e ao contrário da emoção, não tem relação a um
objeto. O humor pode ser gerado a partir de uma emoção, sentimento ou afeto.
Assim, em virtude da emoção envolver mudanças fisiológicas e comportamentais,
esta representa um estado afetivo mais enérgico do que o humor e os sentimentos
(EKMAN, 1999, FRIJDA, 1993, OATLEY, KELTNER & JENKINS, 2006, WATSON,
2000; WATSON & CLARK, 1994).
Mas nem todas as denominações que se referem ao fenômeno afetivo são
relacionadas a respostas de experiências específicas intensas e de curta duração.
Cada indivíduo apresenta uma tendência estável a experimentar determinada
emoção ou humor, conhecida como traço emocional. Quando esta tendência está
relacionada à origem hereditária do indivíduo, é denominada temperamento
(WATSON & CLARK, 1994).
Quando nos depararmos com tantas denominações que descrevem a
experiência subjetiva de uma pessoa em determinada situação, pode parecer
complicado conseguirmos diferenciar cada uma delas. Assim, OATLEY, KELTNER e
JENKINS (2006) sugerem que há uma distinção entre os componentes do fenômeno
afetivo em função da duração de cada um. As emoções duram minutos ou horas; os
sentimentos duram minutos, horas ou dias; os humores duram horas, dias, semanas
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2.4 Emoção
A emoção pode ser definida como um sistema de resposta
psicofisiológico, distinto e integrado. Em essência, uma emoção representa uma
reação altamente organizada e estruturada, incitada por um evento relevante às
necessidades, metas ou sobrevivência do organismo (WATSON, 2000). Além do
mais, as emoções são compostas por componentes inter-relacionados, mas
diferenciáveis entre si. São considerados três aspectos básicos: a experiência ou
sentimento consciente da emoção; os processos que ocorrem no cérebro e no
sistema nervoso e a observação de padrões expressivos da emoção, particularmente
os que ocorrem na face (IZARD, 1977). Para WATSON (2000), ainda deve-se incluir
nestes componentes básicos as formas de adaptações comportamentais.
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2.5 Medo
A origem da palavra medo provém do latim metus e significa temor. Está
geralmente associada a um evento percebido e avaliado como potencialmente
promotor de conseqüências negativas, sobre o qual o indivíduo pode antecipar algo
(HUBER, 2000). Por esse motivo o medo está mais centrado na avaliação cognitiva
do que na reação emocional. Grande parte das manifestações do medo está
relacionada com um perigo real ou específico (REMOR, 2000).
O medo é responsável pelo alerta de que algo está ameaçando nosso
bem-estar. Pode ser definido como uma “emoção primitiva e a princípio intensa,
caracterizada por um modelo sistemático de alterações corporais (...) e por certos
tipos de conduta, em particular a fuga e a ocultação” (HUBER, 2000, p.7-8).
Para HAMM e WAIKE (2005), o medo é um estado emocional aversivo,
causado por ameaças externas e ativadoras do sistema defensivo do organismo.
Este sistema do medo organiza padrões de comportamento que se ajustam as
ameaças. É um mecanismo extremamente importante para a sobrevivência, pois
prepara o organismo para a fuga efetiva e motiva a esquiva. O sistema de ativação
do medo se inicia com o aumento da proximidade da ameaça ou de estímulos
dolorosos. Assim que o organismo detecta a ameaça, há a paralisação do mesmo e
o aumento do estado de vigilância em direção à ameaça. À medida que a ameaça se
aproxima, a intensidade da resposta ao medo aumenta e mobiliza recursos
energéticos para a fuga. Ao se atingir certo estágio de proximidade do medo ocorre a
fuga ou, se não for uma opção, há uma luta ou, se a luta não é uma opção, há a
imobilização completa tônica, também chamada de paralisação. Assim que a ameaça
desaparece, a intensidade da resposta ao medo é reduzida. Este tipo de
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situação tem um lado bom para mim”), que têm como finalidade
afugentar o medo.
A Psicologia utiliza o termo medo e o caracteriza como uma série de emoções
que se baseiam na percepção, na expectativa ou na imaginação, e que estão
associadas a um estado de excitação desagradável (HUBER, 2000).
E mais, o medo é percebido subjetivamente como tensão, nervosismo e
opressão. Ao mesmo tempo, é observada uma atividade mais intensa do sistema
nervoso autônomo (HONGLER, 1988). O indivíduo medroso apresenta um
comportamento perturbado pela apreensão do fracasso e coloca sempre em questão
suas capacidades, o que o impede de alcançar sua melhor performance. Assim, este
indivíduo, geralmente, também se encontra estressado (por ter passado por alguma
situação potencialmente perigosa e agonizante, tanto física quanto psicológica). A
Figura 2 ilustra esta situação.
Daniele Hypólito, Daiane dos Santos, Diego Hypólito e Jade Barbosa, a mídia tem
focado atenção para a participação brasileira no cenário da GA. Assim, hoje em dia
temos acesso fácil à transmissão televisiva de competições, aumentando-se a
familiaridade com as características e as peculiaridades da modalidade. Quem já
assistiu alguma vez a uma competição de GA pôde facilmente observar que um
mínimo deslize pode prejudicar e até comprometer sensivelmente a participação do
atleta. Considerando-se esse aspecto e somando-se a todas as emoções e as
pressões observadas anteriormente, a esfera psicológica de um ginasta de alto nível
deve ser bem amparada, a fim de lidar com o ambiente de alta demanda emocional.
Suponha que uma ginasta iniciante tenha diversas experiências de quedas
bruscas da trave de equilíbrio, enquanto realiza um determinado exercício, causando
medo e considerável dor. Neste caso, um estímulo neutro (a realização do exercício
na trave de equilíbrio) será logo seguido por um estímulo incondicionado (a queda
brusca), originando uma resposta incondicionada (manifestação do medo). A partir
desse momento, o estímulo neutro anterior (a realização do exercício na trave de
equilíbrio) tende a provocar diretamente a resposta (manifestação do medo). Assim,
quando essa ginasta iniciante realizar este exercício específico na trave de equilíbrio,
será mais comum surgir o sentimento de medo e de tensão (MARTIN, 1996). A
Figura 4 ilustra esta situação.
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- ansiedade: medo indefinido, difuso ou crônico, que ocorre sem causa específica.
Geralmente é manifestada pela sensação de que algo ruim irá acontecer. Em
determinadas situações, é causada pela experiência do atleta em responder a
descargas adrenérgicas resultantes da antecipação de um exercício de alto grau de
complexidade ou de uma competição importante;
- medo ilógico: freqüentemente se relaciona a uma causa específica externa e ocorre
em ginastas que sempre pensam de forma negativa (“Eu nunca acerto os elementos
na presença de meus pais”; “Eu sempre me machuco ao tentar algum elemento
novo”). Pensar assim é um meio de enfrentar os padrões de pensamentos ilógicos.
Segundo ELLIS e HARPER (1975), o pensamento lógico é muito importante, pois os
ilógicos impedem, freqüentemente, a elaboração de soluções efetivas para vencer o
medo;
- medo divertido: certas situações de risco produzem excitação e os atletas se
sentem no controle de seus medos, ou no controle de alguém em quem confiam,
podem se divertir com as situações e gostam de descrever tais experiências de
maneira exagerada;
- medo do fracasso: a maioria das pessoas quer experimentar o sucesso sem ter o
risco de enfrentar o fracasso, evitando eventuais constrangimentos. Todavia, é muito
importante que o indivíduo já tenha vivenciado alguma espécie de fracasso. Deve
haver equilíbrio nas experiências de sucesso e de fracasso dos ginastas. O sucesso
e o fracasso, assim como em todas as modalidades esportivas, estão presentes no
ambiente da GA. O desenvolvimento da capacidade do atleta em lidar com ambas as
situações será fundamental na sua formação. Assim, MURRAY (1982) reforça que a
diminuição do medo do fracasso facilita o processo de aprendizagem.
Em estudo realizado por FEIGLEY (1987), o autor atenta para o fato de o
medo ser, freqüentemente, a maior barreira psicológica responsável por evitar o
aprendizado de novos exercícios, e de retardar o progresso de exercícios já
aprendidos. CARTONI, MINGANTI e ZELLI (2005) e NUNOMURA (1998) corroboram
com FEIGLEY ao citar estudos que indicam que o medo é um dos fatores
responsáveis que comprometem o sucesso na GA, além de uma das possíveis
causas de acidentes.
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Tanto é verdade que em 1981, após uma queda de cabeça no solo, teve amnésia
momentânea, durante quinze minutos. Após esse evento, seu técnico convenceu-a a
abandonar o esporte, visto que estava representando um perigo para sua integridade
física. A ginasta deixou o medo superar seus atos.
Por outro lado, FEIGLEY (1987) observou que o medo tem atraído muitos
atletas para a GA. Geralmente, os esportes que induzem ao medo são procurados
por atletas que vêem nisso um fator fundamental para novos desafios. Entretanto,
mesmo nestas situações, é imprescindível que os atletas que são motivados a
modalidade pelo sentimento do medo estejam sempre no controle da situação nas
quais competem.
Apesar de este sentimento ser considerado como um empecilho ao
desenvolvimento dos atletas na GA, é de extrema importância que se conservem
algumas características essenciais do medo, responsável pelo estabelecimento de
limites relacionados à manutenção do bem-estar e da segurança dos ginastas
(BROCHADO, 2002).
Segundo FEIGLEY (1987) ao contrário do que se imagina, o medo tem vários
fatores positivos. As reações causadas pelo medo produzem, normalmente, resposta
adrenérgica. A adrenalina pode resultar em ganho de força, de velocidade e do nível
de alerta que, se associados ao domínio, podem melhorar a performance do atleta.
Portanto, ao se deparar com uma situação de alto risco, em que a conseqüência é
incerta e dependem de si próprios para alcançar o sucesso, estimula-se o suporte
para o desenvolvimento de sua auto-estima através da superação do desafio.
1
.O “coping”. consiste de respostas comportamentais aprendidas que diminuem, com
sucesso, o nível de ativação, minimizando ou neutralizando a importância de uma condição
perigosa ou desagradável. (LAZARUS & FOLKMAN, 1984)
31
que almejamos aprender, sem que se realize fisicamente uma parte ou o conjunto do
exercício.
A realização de movimentos relativamente complexos também pode ser
melhorada com a PM. O desenvolvimento é maior com a PM mental do que com um
simples treinamento de observação, porém jamais alcançará a melhora de
rendimento obtida pelo treinamento real (SCHMIDT, 1993). HONGLER (1988) indica
que há melhor assimilação da PM se esta for dividida em três partes, quais sejam: a
verbalização do desenvolvimento do movimento em seu conjunto, a observação de
um atleta que executa perfeitamente o exercício (ocorrendo a representação mental)
e a realização do exercício, em que se dirigem atenção especial às sensações
corporais que acompanham o movimento. A utilização da PM no esporte de alto nível
também ocorre na recuperação após lesões ou outras interrupções no treinamento.
De acordo com BRANDÃO (2005), a utilização de treinamento mental parece
ser essencial para minimizar, ou até mesmo eliminar as interferências dos fatores
psicológicos negativos em busca de uma performance melhor. O treinamento mental
irá influenciar no controle das respostas físicas, mentais e comportamentais a esses
fatores BRANDÃO (2005). Para cada situação específica, seja no treinamento ou em
competição, os ginastas podem utilizar diferentes tipos de imagens mentais e
diferentes conteúdos, através da memorização de aspectos do movimento, do
controle da distração, do equilíbrio dos estados emocionais, do aumento da
autoconfiança e, até mesmo, da recuperação de lesões.
Outros autores também constataram que a PM auxilia muito na preparação da
GA, de iniciantes a atletas de alto rendimento. MASSIMO (1990, 1981, 1977) realizou
estudos com ginastas, indicando que as estratégias mentais são utilizadas pela
maioria na superação do medo. As principais estratégias adotadas são a
visualização, o pensamento positivo e a concentração. Outra estratégia utilizada na
GA é denominada de coreografia mental (ARNOLD, 1999), na qual o ginasta se
imagina realizando corretamente uma seqüência de exercícios.
Para a utilização das estratégias de treinamento mental, BRANDÃO (2005,
p.114) cita algumas observações importantes para o trabalho adequado, entre elas:
1) estabelecer uma linha de comunicação sincera e eficiente com o ginasta, para
que seja criada uma atmosfera receptiva ao trabalho;
33
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Natureza da Pesquisa
A pesquisa foi norteada através de um recorte qualitativo, no qual o alicerce se
baseia na descrição, na análise e na interpretação das informações obtidas durante o
processo investigatório. Este caminho permitiu compreender as informações de
maneira contextualizada, ao invés de buscar generalizações ou uma verdade
universal através dos dados e respeitará a verdade dentro de um universo delimitado
(NEGRINE, 2004).
De acordo com TRIVIÑOS (1987), as cinco características básicas que
configuram a pesquisa qualitativa são:
1) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados, e o
pesquisador como seu principal instrumento;
2) A pesquisa qualitativa é descritiva;
3) A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto.
4) O significado é a preocupação essencial;
5) A análise de dados tende a seguir um processo indutivo.
A pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa e naturalística do
mundo, o que significa que estuda o fenômeno em seu ambiente natural, buscando
produzir sentido ou interpretar os significados atribuídos ao fenômeno estudado. O
campo de pesquisa é constituído através das práticas interpretativas do pesquisador
(GUERRIERO, 2006). Nesta abordagem não há, necessariamente, a intenção de
generalização dos resultados obtidos para outros contextos (PATTON, 2002).
A definição das metodologias de pesquisa qualitativa é dada por MINAYO
(1994), como capazes de incorporar a questão do significado e da intencionalidade
como inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas
tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções
humanas significativas.
Dentro das possibilidades existentes de pesquisa qualitativa, o tipo de
pesquisa selecionado foi a pesquisa de campo, ou seja, foi desenvolvido no ambiente
real em que o problema foi gerado. Esta tem como propósito contribuir com
conhecimento que possa auxiliar as pessoas no entendimento da natureza do
problema (PATTON, 2002).
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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao utilizar o método de análise proposto por BARDIN (2004), os dados
encontrados nesta pesquisa foram organizados em categorias. Para concluir cada
categoria, a leitura flutuante foi realizada insistentemente. Dessa maneira, foram
estabelecidas unidades de registro, no caso, temas que emergiram das entrevistas.
Após o surgimento dos temas, a seleção das unidades de contexto foi realizada,
fazendo uso de segmentos do texto ou da mensagem que refletem o significado das
unidades de registro.
Os resultados levantados foram organizados e apresentados em três
categorias: o medo e suas causas, estratégias para controle do medo e percepções
das ginastas sobre as atitudes de seus técnicos, pais e colegas diante de seus
medos e de seus erros.
Ao serem registrados os trechos nos quais o entrevistador está interagindo
com a entrevistada, demonstrados nas unidades de contexto, optou-se por indicar
estes trechos em itálico e entre parênteses. Os nomes dos técnicos e do psicólogo
foram substituídos pela sua respectiva profissão, em texto sublinhado, visando
preservar suas identidades.
A primeira categoria apresenta os diferentes tipos de medos relatados pelas
ginastas e suas justificativas para a manifestação dos mesmos. A segunda categoria
expõe as estratégias ingênuas utilizadas pelas ginastas na tentativa de controle do
medo. A terceira categoria é composta por informações que esclarecem as atitudes
dos técnicos, dos pais e das colegas de treinamento, frente à manifestação dos
medos apresentados pelas ginastas e de erros ocorridos em situações de
treinamento e competição.
O medo da lesão foi a unidade de registro que apresentou o mais alto índice
de ocorrência dentre as ginastas entrevistadas, surgindo em um total de nove
ocorrências. Esta unidade de registro foi definida através do relato específico
envolvendo o medo da manutenção da integridade física e, conseqüentemente, da
lesão. O medo da lesão existe quando um ginasta perde a confiança na sua
habilidade de realizar um exercício, com sucesso, em uma situação ameaçadora ou
exigente (BANDURA, 1997; MAGYAR & CHASE, 1996). O medo da lesão foi descrito
por estudos (CARTONI, MINGANTI & ZELLI, 2005; CHASE, MAGYAR & DRAKE,
2005) como um medo comum manifestado na GA.
O medo da lesão física é uma das principais dimensões do medo que podem
ser conduzidas ao longo da vida (MILLER, BARRET, HAMPE & NOBLE, 1972). Esta
forma de caracterização do medo é comum em crianças nesta faixa etária (nove a
dez anos de idade), pois é uma fase de transição entre os medos que se
caracterizavam como imaginários (medo de fantasmas ou medo do escuro, por
exemplo), comuns em crianças menores, e os medos reais (manifestados através de
perigos físicos ou de lesões), que surgem no início da pré-adolescência (MURIS,
MERCKELBACH & COLLARIS, 1997; OLLENDICK & KING, 1991).
O contexto da GA de alto nível é caracterizado pela prática intensiva, a alta
demanda competitiva, a demonstração pública de habilidades e a avaliação por
terceiros (DUDA & GANO-OVERWAY, 1996). Alguns estudos descrevem a GA como
uma modalidade esportiva extenuante, podendo ser considerada até perigosa
(CAINE, CAINE & LINDER, 1996; KERR & MINDEN, 1988). Talvez pelas suas
particularidades, descritas anteriormente, os tipos de medos mais comuns
encontrados na GA revelam a preocupação das ginastas com sua integridade física.
As rotinas de treinamento das ginastas estão sempre permeadas por estes
riscos de quedas e acidentes, o que pode potencializar uma eventual manifestação
deste tipo de medo. Em algum momento de sua vida como atleta, a ginasta irá se
deparar com algum acidente, seja com ela mesma ou com alguma colega de
treinamento.
Esta questão da observação da lesão de uma colega foi constatada em três
das ginastas entrevistadas. Elas relataram que sentiram medo após terem visto uma
colega se machucando, mesmo que nunca tenha acontecido nenhum evento
semelhante com alguma delas. Em um dos casos a ginasta declarou: “Eu fiquei com
bastante medo de ela ter se machucado, assim, de não poder mais voltar para a Ginástica, porque ela
é boa. Aí eu fiquei com medo, mas mesmo assim eu continuei, fiz o que tinha que fazer”. Outra
ginasta disse: Tem uma menina da tarde que quebrou o braço. Eu tenho (medo) na trave também.” A
terceira disse que, ao ver a amiga caindo: “Eu fiquei com medo”.
A literatura se refere a este tipo de aquisição do medo como condicionamento
ou experiência indireta (BANDURA, 1977; RACHMAN, 1977). Entretanto, RACHMAN
(1977) trata diretamente da aquisição do medo, enquanto BANDURA (1977)
direciona seu estudo para a influência da crença de eficácia. Porém, ambos indicam
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Durante a entrevista, uma ginasta (S1) disse: “Tenho medo de errar na competição”.
Outra ginasta (S6) declarou: “Quando eu erro, eu tenho medo de fazer. Eu peço ajuda, aí eu
faço”. Nestes casos, uma ginasta estava se referindo à situação de competição,
claramente observável em seu discurso. A outra ginasta se referia à situação de
treinamento, uma vez que necessita da ajuda do treinador para continuar a sessão,
um fato que não pode ocorrer durante uma competição.
Nos casos acima mencionados, a ginasta S1 havia dito que sentia nervosismo
ao competir. Em um momento, ela descreveu uma competição na qual havia caído
da trave de equilíbrio, sem que houvesse lesão, mas obtendo uma nota baixa. Na
mesma competição, ao saltar sobre a mesa, a ginasta realizou o primeiro salto com
sucesso. Porém, na segunda tentativa, ela desistiu e não conseguiu saltar. Esse
evento pode ser uma das causas da manifestação do medo de errar em competição
apresentado por esta ginasta.
A ginasta S6 também disse que apresenta um nervosismo ao se deparar com
uma situação na qual o medo está presente. Ao ser questionada sobre a
manifestação de seu medo, a ginasta disse que chora quando não consegue
controlar a situação. Ao tentar ser mais específica sobre quando ocorre este fato, a
ginasta declarou: ”É um dia que não estou “naquele dia”. Aí eu fico com medo e começo a chorar”.
Neste caso, o choro parece ser a “válvula de escape” da referida ginasta, pois não
consegue controlar a situação e manifesta seus sentimentos desta forma.
Complementando esta unidade de registro, a ginasta S3 afirmou que havia
ficado nervosa durante uma apresentação realizada no clube em que treina. Neste
evento, estavam presentes os pais, as amigas e os treinadores. Com isso, o medo do
erro se torna visível através da frustração da ginasta em falhar perante as pessoas
presentes, as quais fazem parte do ambiente social da ginasta. DUDA e GANO-
OVERWAY (1996) constataram que as ginastas apresentavam algumas situações,
tais como medo de avaliação (por pais, árbitros, técnicos ou pessoas famosas), de
cometer erros ou das expectativas de si mesmo ou de outras pessoas, como fontes
geradoras de estresse para estas atletas. Apesar deste tipo de medo ser comumente
caracterizado em adolescentes, o medo de determinadas situações sociais e da
crítica também pode ser encontrado em crianças (MURIS et al.,1997).
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Dentre as ginastas acima referidas, foi constatado nas entrevistas que quatro
delas tinham medo dos técnicos, em função de algumas atitudes por eles
apresentadas. SMITH, SMOLL e CURTIS (1979) observaram que uma prática
comum adotada por treinadores do esporte infantil se baseia na crítica intensa
dirigida à criança, após esta cometer um erro técnico ou tático durante o treinamento
ou na competição.
A ginasta S1 declarou: “(Tenho) Medo de não conseguir fazer algumas coisas. (...)
Porque, de vez em quando, tem que ficar até o fim, até conseguir. (...) (Senão) Sobe na corda.” Este
relato exemplifica a questão do erro técnico da ginasta ocasionar a punição por parte
do técnico.
As ginastas S11, S12 e S13 são treinadas pelo mesmo técnico. São
encontradas evidências do comportamento agressivo deste técnico nos três casos. A
ginasta S11 disse: “Aí ele, o técnico, ele fica bravo (quando erra no treino).” Em outro trecho, a
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mesma ginasta relatou: “Ele (o técnico) fala que é pra nós fazermos, que não temos mais idade
pra errar, essas coisas.... Fica bravo.” Novamente, em outro trecho, a ginasta aborda a
atitude do técnico ao observar o erro da mesma: “(Você virou o lado para acertar o exercício.
Mas o que você pensou naquela hora?) Hora? (É. Você fez (o exercício) uma vez, escorregou a mão
e bateu a cabeça na trave...) E se eu me quebraria ali, ele ia me xingar. (Te xingar?) Ia gritar. (Por que
você errou?) É.”
Ao ser questionada sobre a postura de seus técnicos nos treinamentos, a
ginasta S13 disse: “O técnico tem vezes que é meio estressado.” Em outro trecho, relata:
“(Ele dá bronca) Nas meninas que ficam brincando. Ele grita e fala bravo com a gente.” Um fato
importante de ser mencionado se refere a questão deste técnico também ser árbitro
pela Federação Paulista de Ginástica. Portanto, em algumas competições, ele
participa como árbitro, julgando suas atletas. Assim, as ginastas também podem
manifestar o medo em função da avaliação deste técnico. Essa ginasta demonstrou
esta particularidade, exemplificado neste trecho: “(Mas você já pensou em errar (em frente
ao técnico)? O que você pensou?) Que ele ia brigar, se a gente caísse bem na frente dele. (E sempre
que erra ele briga?) É. Ele fica com uma cara assim... (E dá medo?) É.” Para esta ginasta parece
ser difícil desassociar a figura do técnico com a do árbitro. Talvez por imaginar que,
ao retornar de alguma competição na qual errou algo, será repreendida.
Em outro caso, a ginasta S12 declarou que seu técnico apresenta, além de
atitudes agressivas, como punições verbais, violência física. Em seu discurso:
“(Quando você erra, seu técnico dá bronca?) Dá, grita, às vezes puxa o cabelo. Bate na perna...
(Sempre que você erra?) Se eu erro bastante. (E já puxou o cabelo?) Já. Um monte de vezes. (Como?
Se você errava o quê, por exemplo?) Assim, no salto, ele mandava eu olhar pra mão. Aí eu vejo, e
não olho pra mão. Aí eu faço de novo e não olho. Aí ele fala: “Olha pra mão” (e demonstra como ele
puxa seu cabelo).” Ao longo da entrevista, esta ginasta, ao ser questionada sobre os
auxílios prestados por pais e colegas no controle de seus medos, ela ainda se referiu
novamente ao técnico, como podemos observar no seguinte exemplo, no qual a
ginasta se refere à sua mãe lhe dizendo: “Da próxima vez, se você errar, tentar fazer de
novo.”. E ainda complementa: “Pra eu não ligar pras broncas do técnico.” De acordo com
BECKER JUNIOR e TELÖKEN (2008), não há estudos que apresentam situações de
agressão física no ambiente esportivo, nem no Brasil nem em outros países da
América do Sul. Entretanto, os autores citam um estudo realizado por AE (1993), no
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se sinta segura, estimulando uma atitude mental positiva, que pode ser aplicada a
outras situações e exercícios posteriores.
Uma das ginastas relatou: “Nas primeiras vezes, eles (os treinadores) seguravam.
Quando eu comecei a fazer sozinha eu comecei a ficar com medo, porque eu fazia errado. Aí depois
ele (o treinador) me treinou na cama elástica, aí quando eu fui pro solo eu vi que melhorei e perdi o
medo. (...) eu comecei a errar, a acertar, depois eu comecei a acertar direto.” Para essa ginasta, o
medo foi controlado após o domínio técnico do elemento que estava sendo praticado.
Por outro lado, a outra ginasta que utiliza essa estratégia demonstra que as
situações que manifestam o medo para ela são cíclicas. Isto pode ser observado no
seguinte trecho: “Têm vezes que uma (ginasta) cai no solo, na trave. Eu sempre tenho medo. Têm
vezes que uma cai no flic. Eu fico com medo, mas um mês depois passa. Aí uma cai de novo e volta o
medo.”
Esta categoria foi definida através das interpretações subjetivas das ginastas,
de como as pessoas que fazem parte do seu dia-a-dia reagem aos medos
apresentados por elas, e se existe auxílio entre elas de alguma maneira.
WYLLEMAN, KNOP, VANDEN AUWEELE e SLOORE (1997), atentam para a
necessidade de estudos que dêem oportunidade para as crianças manifestarem suas
opiniões, sobre suas relações com pais e treinadores.
Além do medo, objeto principal desta pesquisa, a análise das atitudes de
técnicos e pais também abordou os erros cometidos pelas ginastas, tanto em
competições quanto em treinamentos. A justificativa para a inclusão dessa variável
se dá na importância que as ginastas dão para a perfeição técnica de suas
habilidades. DUDA e GANO-OVERWAY (1996) detectaram as principais fontes de
estresse para jovens ginastas, encontrando, dentre oito fontes causadoras, três que
se referiam direta ou indiretamente ao erro, sendo as quais: medo de avaliação,
medo de cometer erros e medo de lesão. Ao definir as duas primeiras fontes, os
autores focam suas análises na conseqüência social do erro, pois ao cometer o erro,
as ginastas estão se expondo à avaliação (possivelmente negativa) de pais, colegas
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e árbitros, dentre outros. Neste caso, o erro também pode ser interpretado como
fracasso. Por outro lado, ao considerar o medo de lesão, não podemos deixar de
lado que a lesão é causada, na maioria das vezes, pela realização de um exercício
de maneira incorreta, sendo caracterizado como erro. Por isso, ao se observar
cuidadosamente os dados encontrados nesta pesquisa, o erro pareceu ser uma
variável passível de uma análise mais profunda, em função da grande manifestação
no discurso das ginastas entrevistadas.
4.3.1 Técnicos
BYRNE (1993) sistematizou as ações das pessoas envolvidas no ambiente
esportivo, consistindo o principal aspecto que será responsável pela formação do
atleta no processo de ensino-aprendizagem-treinamento da modalidade que ele
pratica. As ações das pessoas que influenciam na definição do ambiente esportivo
foram denominadas pelo autor de “círculo de influências”, cujo qual é composto pelas
figuras dos técnicos, professores, pais, árbitros, torcedores, clubes, entre outros,
trazendo benefícios ou prejuízos à formação do atleta. Dentre eles, os elementos que
parecem ser os mais importantes nestas relações são os pais e os técnicos. Para
tanto, foi determinado um modelo que analisa as relações entre pais, técnicos e
crianças, denominado modelo do “triângulo esportivo”. Este triângulo é constituído
por pares de relações fundamentais, inevitáveis e decisivos na formação esportiva da
criança, entre técnicos-crianças, pais-crianças e técnicos-pais (BYRNE, 1993).
Existem casos de comportamentos extremamente abusivos de pais, exercendo
pressão demasiada em seus filhos ou até agredindo-os. Entretanto, as soluções
oferecidas por diversos técnicos, como negligenciar ou rejeitar a participação dos
pais, não são aceitáveis. Com um quadro sendo caracterizado, muitas vezes, com
conflitos semelhantes aos supracitados, é óbvio que a relação com o terceiro vértice
componente do triângulo será afetada. A consciência só pode ser alcançada através
de uma comunicação de duas vias. As relações entre as figuras que participam
diariamente na rotina das ginastas e as mesmas devem ser melhores
compreendidas, para que a formação destas atletas ocorra da melhor maneira
possível. Tendo-se em vista a complexidade do tema abordado, as análises
posteriores serão realizadas através de subcategorias referentes a cada componente
60
suas realizações esportivas (JOWETT & COCKERILL, 2003). Nesta análise, a figura
do técnico será considerada em função de seu posicionamento e comportamento
diante a manifestação dos medos de suas ginastas.
A grande maioria das ginastas entrevistadas se referiu ao técnico como
importante no auxílio do controle do medo. Dentre as treze ginastas, seis afirmaram
que os técnicos sabiam de seus medos (46% do total), sendo que cinco (38,5%) já
conversaram com os técnicos a respeito de seus medos. É um número alto, levando-
se em consideração a faixa etária das ginastas, ao contrário dos dados levantados
pelo estudo de MASSIMO (1990), no qual foi observado que somente 16% das
atletas que participaram da pesquisa (11 de um total de 65) conversavam com seus
técnicos sobre seus medos.
A principal atitude dos técnicos diante da manifestação do medo da ginasta é
a segurança manual. Ao observar que a ginasta está apresentando medo, o técnico
auxilia a ginasta mais enfaticamente. Isto pode ser verificado no seguinte
depoimento: “Quando a gente erra uma vez, ele (o técnico) ajuda duas. Aí depois a gente faz na
trave menor”. Outra ginasta relatou: “Aí, um outro técnico, ele ficava do meu lado, tentando deixar
eu fazer o flic-flic. Ele falava que ia colocar a mão. Eu achava que ele ia colocar e aí, hup, eu fiz”.
Estes exemplos demonstram como as ginastas confiam em seus técnicos e a
importância deste tipo de auxílio. MASSIMO (1990) atenta para a importância da
ajuda manual quando a ginasta demonstra medo. Para ele, o contato físico é
especialmente importante neste caso, pois garante a segurança da ginasta. O autor
afirma, também, que além do auxílio manual, o técnico deve falar com seu ginasta
enquanto este realiza o exercício responsável pela manifestação do medo,
auxiliando-o no esforço direcionado.
62
você?) Que se eu não conseguisse, eu ia pra corda. Aí eu ia. Aí depois eu não conseguia, eu tava
fraca. Aí eu ia pra corda. (Aí, quando você voltava, você estava fraca e não conseguia. Você falava
isso pra ele?) Não. (Por quê?) Porque com todas as meninas acontece isso. (De errar e ir pra corda?)
É.”
No caso desta ginasta, ela não informou ao treinador que o erro cometido era
tanto pelo medo quanto pela falta de força, devido à necessidade de subir a corda.
Além disso, quando a ginasta se referia à ajuda do treinador em um momento
específico, e em outro não, a mesma se refere à divisão dos exercícios em estações,
que compõem um circuito. Neste caso, a ginasta realizava um exercício com auxílio
em uma estação, e em a outra estação, ela tentava realiza-lo sozinha. Este ciclo se
manteve por um tempo, até a ginasta controlar o medo do exercício e conseguir
realiza-lo. Isto só ocorreu após o auxílio de outro treinador, observado no seguinte
trecho: “Antes, eu tinha medo de fazer rodante-flic-flic. Aí eu começava a chorar, desistia no meio e
caia de costas, e me machucava. Aí, um outro técnico, ele ficava do meu lado, tentando deixar eu
fazer o flic-flic. Ele falava que ia colocar a mão (...) e aí, hup, eu fiz.” Este técnico conseguiu
proporcionar à ginasta maior autoconfiança, resultando na realização com sucesso
do exercício causador daquele medo.
Outro caso de punição física, manifestado pela ginasta S12, parece ser mais
grave. A ginasta relatou que o técnico se utiliza, às vezes, de agressão física. De
acordo com a ginasta, o técnico: “Dá (bronca), grita, às vezes puxa o cabelo. Bate na perna...”
Este tipo de atitude não deveria ser cabível em nenhuma situação. Entretanto, a
ginasta alterna, em seu discurso, sentimentos negativos e positivos em relação ao
técnico, como podemos observar na seguinte passagem: “(E como você se sente quando
ele (o técnico) faz isso (a agride)?). Fico triste. (Ele faz isso bastante?) Agora ele está parando. É
porque hoje ele não veio. (Mas quando ele vem, sempre tem (agressão))? Agora ele não está fazendo
muito não. Está legalzinho. (Ele é muito bravo?) Às vezes ele é bravo, legal,...” A ginasta também
menciona a confiança que tem no técnico, e que acha que o técnico poderia ajudá-la
com seus medos. Mas, tendo em vista o comportamento agressivo do técnico, ela se
sente inibida para abordar o assunto.
No caso da ginasta S12, a mãe tem consciência do comportamento agressivo
do técnico. Mas a ginasta não mencionou, em nenhum momento, se esse
conhecimento abrange também, a questão da violência física. Ao relatar este fato,
ela disse: “(Você conversa em casa sobre isso (seus medos)?) Só com a minha mãe. (E o que ela te
67
fala?) Da próxima vez, se você errar, tentar fazer de novo... pra eu não ligar pras broncas do técnico.
(Ela sabe que o técnico é bravo? Ela já viu?) Sim. (E o que ela te fala sobre isso?) Só pra eu não ligar
pra ele.”
4.3.2 Pais
A próxima subcategoria irá abordar o papel dos pais no desenvolvimento das
ginastas. Os pais irão complementar a tríade abordada anteriormente, denominada
modelo do “triângulo esportivo” (BYRNE, 1993).
A família é apresentada por HELLSTEDT (1995) como o ambiente social
primário, onde a criança pode desenvolver sua identidade, auto-estima e motivação
para o sucesso. Por isso, para este autor, um ambiente familiar desorganizado causa
relações interpessoais inadequadas, problemas de aceitação ao treinador, a
deficiência de controle interno e autodisciplina do atleta. Por isso, a família pode
apresentar tanto aspectos positivos quanto negativos no desenvolvimento do
desportista.
Os pais, de acordo com MACHADO (1997), revelam-se pessoas de cobranças
acima da média. Pela aproximação afetiva, exercem o direito de insultar, esbravejar,
entre outras atitudes, como se estas fossem modificar o desempenho de seus filhos.
As influências que os pais exercem sobre as crianças no esporte competitivo, pode
determinar o contexto favorável ou não para a otimização do rendimento em seu
futuro no esporte (VILANI & SAMULSKI, 2002).
A participação dos pais na vida esportiva dos filhos pode apresentar diversos
níveis de interação. VILANI e SAMULSKI (2002) apresentaram características típicas
das formas de envolvimento dos pais neste contexto, dividindo-os em quatro grupos:
pais desinteressados, pais mal-informados, pais excitados e pais fanáticos. O grupo
dos pais desinteressados transfere a responsabilidade de cuidar de seus filhos para
os treinadores, além de não terem conhecimento da vontade da criança em praticar
aquela modalidade esportiva, muitas vezes escolhida pelos próprios pais. Desta
maneira, a criança pode não somente abandonar a prática, mas também criar
intolerância a esta modalidade. Já os pais mal informados permitem a prática do
esporte escolhido pelo filho, após uma primeira conversa, mas posteriormente não se
envolvem no processo. Nestes casos, os autores indicam que não parece haver
68
suporte. Estudos realizados com famílias de atletas parecem indicar que, para a
maioria dos jovens atletas, a família é um sistema social vital de suporte, responsável
por nutrir e encorajar seu desenvolvimento (HELLSTEDT, 1987). Mesmo assim, há
uma linha tênue entre a motivação positiva para a realização e a pressão excessiva.
O paradoxo que surge a partir deste ponto é a maneira que o atleta enxerga a
participação de sua família. O que percebido como incentivo positivo por alguns
atletas, pode ser uma experiência negativa, desencorajadora e prejudicial para outros
(HELLSTEDT, 1995).
S10 “Às vezes eu conto pra ela (quando não treina bem),
né? Aí ela fala que tem que treinar mais.”
S11 “Ela fala que tá bom. Que se errar, continua a série.
Não precisa se preocupar não.”
S12 “Só (falo) com a minha mãe.”
“Da próxima vez, se você errar, tentar fazer de novo”...
pra eu não ligar pras broncas do técnico.”
expectativas dos pais, mas percebe-se que as crianças sentem as frustrações dos
pais, e não lidam muito bem com isto.
Nestes casos, pode-se observar que os pais estão adotando comportamentos
que valorizam o resultado esperado para suas filhas, e não o esforço delas para a
auto-superação. Para BECKER JUNIOR e TËLOKEN (2008), a criança deveria
sempre ser recebida com afeto, após as competições, independentemente dos
resultados alcançados. Esse ambiente a faria entender que é amada pela pessoa
que ela é, pelo seu esforço, e não pelo sucesso na competição.
A preocupação com o impacto negativo na relação dos pais com os
desempenhos esportivos dos filhos, é um ponto abordado por SMOLL (1986). Para
ele, esse fato se dá, em geral, por uma grande ausência de compreensão do que
significa ser bem sucedido em programas de esporte infantil. Os pais buscam o
melhor para seus filhos, mas podem errar por não conhecerem os significados do
contexto esportivo em que a criança deve estar inserida na infância. Para
HELLSTEDT (1995), esse problema pode ser maior quando a criança aumenta seu
comprometimento com o esporte, havendo maior dispêndio de energia, tanto por
parte dos pais quanto dos atletas. A partir desse momento, algumas famílias
encontram problemas em lidar com essas mudanças, podendo apresentar conflitos
entre os pais, as crianças e os técnicos.
O envolvimento de alguns pais na prática dos filhos é analisado por COGAN e
VIDMAR (2000) no contexto específico da GA. Nesta análise, os autores apresentam
exemplos de superenvolvimento e subenvolvimento dos pais, ambos apresentando
aspectos negativos desta influência. Ao descrever a postura de pais superenvolvidos,
são relatadas atitudes como gritar com árbitros ou adversários em competições,
discutir com o técnico o que deve ser ensinado à sua filha e como isto deve ocorrer,
além de sempre querer se sobressair diante outros pais. Por outro lado, os pais
subenvolvidos raramente estão presentes em eventos nos quais os filhos estão
participando. Nestes casos, o suporte dos pais é o maior anseio desses atletas, que
se sentem negligenciados ou ignorados.
74
4.3.3 Colegas
Ainda dentro da categoria “Percepções das ginastas sobre as atitudes de seus
técnicos, pais e colegas diante de seus medos”, outra subcategoria enquadra as
colegas de treinamento como figuras importantes no fenômeno do medo. Esta
subcategoria foi definida a partir da integração entre a ginasta que está sentindo
medo e suas colegas, desde a consciência coletiva de que algo está acontecendo
com a ginasta, até quais atitudes suas colegas apresentam.
Ao participar do processo de treinamento voltado ao rendimento, as ginastas
despendem de vinte a trinta horas de treino por semana. Dessa maneira, as
atividades sociais que as ginastas participam estão centradas no esporte e em suas
colegas. Portanto, as ginastas, provavelmente, deverão abdicar de outras atividades
recreativas para se dedicar aos treinos (COGAN & VIDMAR, 2000).
Com a expansão de seu ambiente social, a maturação cognitiva e a melhora
das habilidades sociais, as crianças e adolescentes irão direcionar mais tempo na
companhia de seus pares. Com isso, há uma crescente dependência da avaliação da
competência feita por seus companheiros (HORN & WEISS, 1991).
75
Mais da metade das ginastas participantes desta pesquisa, oito nesta unidade
de registro, se ajuda no controle de seus medos. Esse fato pode ser ocasionado pelo
vínculo que as ginastas criam no ambiente esportivo, por passarem tantas horas
juntas nas longas sessões de treinamento. Além do mais, compartilham experiências
e situações semelhantes no decorrer de suas carreiras como atletas. Uma ginasta
relatou: “Eu falo pra elas quando estou com medo e elas me falam o que tem que pensar antes de
fazer. Não ficar com medo, senão vou pensar que vou cair, vou cair, vou cair, aí que eu caio mesmo”.
Outra ginasta disse: “(A amiga) Falou que é pra eu não ligar pro técnico. Que ele é chato
mesmo... que é pra eu fingir que estou fazendo no chão mesmo”. Um outro exemplo de unidade
de conteúdo constatado foi o seguinte: “A gente fala “força” para todo mundo. (...) Ou às vezes
a gente fala as três palavras. (...) As minhas são: eu posso, eu consigo e eu sou capaz. Aí minha
amiga, fala pra mim: “você pode, você consegue e você é capaz”, quando eu vou fazer. Aí, quando ela
vai fazer, eu falo as três palavras dela”.
Através dos três relatos apontados anteriormente, podemos observar as
diferenças entre os grupos de treinamento. Nos primeiros dois exemplos, as
estratégias utilizadas pelas ginastas para auxiliar as amigas são reproduções de
estratégias ingênuas utilizadas no controle do próprio medo. No terceiro exemplo, a
ginasta utiliza uma estratégia ensinada pela psicóloga, baseada em um método
científico, sendo efetiva para ela. Nesta estratégia, cada ginasta seleciona três
palavras que julga motivadoras para sua ação. Com isso, a ginasta se sente mais
confiante na tentativa de controlar seus medos, influenciando na realização dos
77
exercícios. Além disso, essa estratégia parece criar um clima de união entre as
ginastas, uma vez que a ginasta deve saber as três palavras que influenciam em
suas ações, além de saber as palavras das amigas. Esse comprometimento com o
auxílio mútuo é extremamente benevolente para o grupo.
5. CONCLUSÕES
Os relatos das ginastas proporcionaram dados que vêm a contribuir para a
tentativa de entendimento do contexto esportivo no qual estas atletas estão inseridas.
As constatações obtidas permitiram identificar a percepção subjetiva das
manifestações do medo nas ginastas, conforme proposto no primeiro objetivo desta
pesquisa. Nestes casos, como a maior parte da literatura existente sobre o medo na
GA comprova, o medo da lesão ainda é o medo que mais assola a prática das
ginastas. Este fato pôde ser corroborado através dos relatos das ginastas em relação
aos incidentes ocorridos em situações de competição e de treinamento, seja com a
própria ginasta, seja com alguma colega. Entretanto, os dados obtidos referentes aos
outros medos mencionados, nos permitem fazer uma análise mais completa das
situações nas quais os medos podem se manifestar. O medo do erro e o medo do
técnico são exemplos claros de como as emoções estão estritamente relacionadas
entre si. O fato de a GA ser um esporte no qual a perfeição técnica e a beleza
estética são buscadas constantemente, tornam as ginastas preocupadas com a
avaliação a qual são submetidas, principalmente, em competições. Com isso, o medo
de não corresponderem as expectativas de outros, sejam pais ou técnicos, tornam as
ginastas inseguras ou diminuem sua autoconfiança.
Em relação às estratégias adotadas pelas ginastas, apresentadas como
segundo objetivo desta pesquisa, indicam que as mesmas demonstram ter sua
eficácia. A maioria dos casos apresentados demonstra que as ginastas conseguem
controlar seus medos. Como a manifestação do medo surge para diferentes
situações, às vezes elas conseguem controlar a manifestação de um tipo de medo,
quando, após um tempo, surge outro tipo de medo. Existem casos de ginastas que
não demonstram o medo para si, mas sim em relação a um acidente com uma
colega, imaginando que pode acontecer para si. Essas situações parecem ser bem
assimiladas pelas ginastas, talvez pela convivência diária com situações perigosas.
Entretanto, ao relatarem o medo de seus técnicos, essa situação não apresentou
controle por nenhuma delas. Talvez por não saberem, conscientemente, que
demonstram o medo com essa característica, ou por não saberem como agir nesses
casos. O fato é que as características das estratégias por elas apresentadas, são na
maioria das vezes, eficazes para a manifestação do medo através de um exercício
80
além de muitas já terem vivenciado uma situação pela qual a ginasta está passando.
Dessa maneira, as ginastas se sentem à vontade em abordar este tema em
conversas com as colegas, dando mais segurança para que estas situações sejam
abordadas positivamente.
82
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encontramos em todas as modalidades esportivas competitivas, situações que
colocam os atletas à prova. Entretanto, em poucas modalidades a prática começa tão
cedo quanto na GA. Com isso, em determinados casos e categorias competitivas, as
ginastas ainda não se encontram prontas para tal carga emocional. Essa
precocidade de início da prática da GA a torna famosa e até criticada. Dentre as
ginastas que participaram da pesquisa, a que pratica há menos tempo já está há dois
anos e meio na modalidade (tem nove anos atualmente), enquanto a ginasta que
pratica há mais tempo está há sete anos na GA (possui 10 anos atualmente). São
exemplos reais do início da prática da modalidade no Brasil, pois BOMPA (2002)
indica que o início da prática da GA ocorre entre seis e oito anos de idade.
As pessoas que fazem parte desse contexto, principalmente técnicos e pais,
que participam diretamente, devem tentar compreender a rotina das ginastas e criar
alternativas para a prática construtiva da modalidade. Estes adultos, conforme
GALLAHUE e OZMUN (2005) indicam, devem fornecer oportunidades de
encorajamento e de reforço positivo para as crianças, a fim de desenvolver
continuamente seus auto-conceitos positivos.
A cumplicidade reportada pelas ginastas, em relação aos seus medos, foi um
caso à parte. Nenhuma ocorrência negativa foi apresentada. Mesmo algumas
ginastas relatando que presenciavam atitudes invejosas de outras colegas de
treinamento, sempre havia uma colega para apoiar nos momentos difíceis. Talvez
por elas compartilharem situações semelhantes, por fazerem parte do mesmo
ambiente esportivo, com características semelhantes a todas, a compreensão dos
pares se torna mais sensível. Assim, a intervenção e a colaboração entre as atletas,
é uma ferramenta essencial para a compreensão e o controle das situações
manifestadoras de seus medos.
Como este estudo procurou obter informações a partir de entrevistas com
ginastas, os pontos de vista das atitudes de técnicos, pais e colegas relatados se dão
pelas perspectivas das mesmas. Uma indicação para futuros estudos, reside na
possibilidade de serem realizadas entrevistas com técnicos e pais também,
completando o modelo proposto por BYRNE (1993). A partir daí, informações mais
claras e completas podem ser obtidas, dando outra perspectiva ao contexto.
83
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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94
8. ANEXOS
ANEXO 1
Roteiro das Entrevistas
ANEXO 2
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
DA
1. NOME DO INDIVÍDUO:
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº: SEXO: M F
DATA NASCIMENTO: .
ENDEREÇO: Nº APTO
BAIRRO: CIDADE:
CEP: TELEFONE: DDD ( ) .
2. RESPONSÁVEL LEGAL:
...........................................................................................................................
NATUREZA (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)
.................................................................................
DOCUMENTO DE IDENTIDADE Nº: ............................................SEXO: M F
DATA NASCIMENTO: ......../......../.........
ENDEREÇO:..............................................................................Nº...........APTO..............
BAIRRO:....................................................................CIDADE:..................................... .
CEP:.............................................TELEFONE:DDD(............)..........................................
______________________________________________________________________
__________________________
II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA
______________________________________________________________________
__________________________
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO
SUJEITO DA PESQUISA: (preencher com as orientações abaixo, em linguagem
coloquial)
1. acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios
relacionados à pesquisa, inclusive para dirimir eventuais dúvidas:
- O método de coleta não envolve risco de qualquer natureza ao participante. Será
apresentado, ao final da pesquisa o resultado obtido, através do envio de uma cópia da
pesquisa à Instituição participante, para que tanto os técnicos quanto os ginastas
tenham acesso às informações.
- Myrian Nunomura: Rua Fernando Augusto Santa Cruz, 71, casa 06, Villas II. Fone:
3714-4707
- Luiz Henrique Duarte: Rua Dr. Neto de Araújo, 187, apto. 143. Fone: 7336-8433.
VI - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que me foi explicado, consinto em participar do presente Projeto de Pesquisa.
São Paulo, de de 20 .
________________________________ __________________________________
assinatura do sujeito da pesquisa assinatura do pesquisador
ou responsável legal
(carimbo ou nome legível)