Influência Da Memória de Trabalho Na Vida de Idosos Ativos
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Influência Da Memória de Trabalho Na Vida de Idosos Ativos
2021v24i1p547-563
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Kelly Silva
Rafaela Fonseca de Oliveira
Josilene Luciene Duarte
Rodrigo Dornelas
Patrícia Aparecida Zuanetti
Pablo Jordão Alcântara Cruz
Raphaela Barroso Guedes Granzotti
Silva, K., Oliveira, R. F., Duarte, J. L., Dornelas, R., Zuanetti, P. A., Cruz, P. J. A., & Granzotti, R. B. G. (2021). Influência da memória
de trabalho na qualidade de vida de idosos ativos. Revista Kairós-Gerontologia, 24(1), 547-563. ISSprint 1516-2567.
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Pablo Jordão Alcântara Cruz, & Raphaela Barroso Guedes Granzotti
ABSTRACT: This study aims to relate the performance in Working Memory with the self-
perception of Quality of Life in active older people. This study is an observational, cross-
sectional, quantitative, and descriptive study carried out in a community center for the elderly
in Aracaju, SE, Brazil, which concluded that the Working Memory was associated with self-
perception of quality of life and satisfaction with health in the population studied.
Keywords: Aging; Quality of life; Memory.
Introdução
Silva, K., Oliveira, R. F., Duarte, J. L., Dornelas, R., Zuanetti, P. A., Cruz, P. J. A., & Granzotti, R. B. G. (2021). Influência da memória
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Diversos fatores podem interferir nas condições de saúde dos idosos, sendo que a
memória ganha destaque por favorecer a autonomia e a independência na velhice, uma vez que
está diretamente ligada à capacidade de aprender, comunicar-se e resolver situações simples e
complexas do cotidiano (Mascarello, 2013; Uehara, & Fernandez, 2010). Especificamente, a
memória de trabalho (MT) é responsável por armazenar e manipular de forma temporária as
informações, etapa importante que concerne na fixação ou exclusão da informação após o uso
da mesma (Baddeley, 2000). É constituída por subcomponentes responsáveis pela informação
linguística (Memória de Trabalho Alça Fonológica, MTAF), pelo conteúdo visual e espacial
(Memória de Trabalho Esboço Visuoespacial, MTVE), pelo controle da atenção (Executivo
Central), e pela memória de longa duração (buffer episódico) (Baddeley, & Hitch, 1974;
Baddeley, 2000).
Pesquisas revelam que a MT pode ser afetada pela presença de doenças, sintomas
depressivos, estresse e sobrecarga de atividades (De Nardi et al., 2013; Mascarello, 2013).
Sendo assim, é necessário entender, cada vez mais, os fatores que afetam essa memória, uma
vez que a alteração interfere diretamente nas atividades de vida diárias e, consequentemente,
na qualidade de vida (QV) dos idosos (Bourscheid, Mothes, & Irigaray, 2016; Mascarello,
2013; Silva et al., 2017).
A respeito da QV, pesquisas realizadas nos últimos anos evidenciam diversas condições
que afetam a qualidade de vida nessa faixa etária. Em particular, destacam-se o diabetes
(Santos, Campos, & Flor, 2019), a hipertensão arterial (Paiva et al., 2016a), a fragilidade
(Freitas et al., 2016), a solidão (Castro, & Amorim, 2016), as multimorbidades (Amaral et al.,
2018), o declínio cognitivo (Leite et al., 2012) e as condições socioeconômicas, demográficas
e de saúde (Paiva et al., 2016b; Sousa et al., 2018). Portanto, quanto maior a exposição a estas
condições, pior tende a ser a percepção de qualidade de vida. Nesse curso da vida, estudos
relacionam a repercussão da faixa etária com a cognição do sujeito e, especialmente nesses
casos, a memória de trabalho (MT) é a mais afetada (Mascarello, 2013).
Entretanto, há fatores que contribuem para a QV dos idosos, como a participação em
grupos de convivência que oferecem diversos estímulos para a melhoria das habilidades
cognitivas e, por decorrência, da QV. Sabe-se que a participação dos idosos em grupos de
convivência, de socialização e lazer, se constituem como recursos indispensáveis para o bem-
estar e diminuição dos sintomas depressivos nesse segmento populacional por oferecer um
importante suporte social (Braz, Zaia, & Bittar, 2015; Gonçalves et al., 2014; Gonçalves et al.,
2015; Gullich, Duro, & Cesar, 2016; Leite, et al., 2012; Piane et al., 2016).
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Métodos
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Resultados
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Tabela 2. Frequência absoluta e relativa nas duas questões iniciais do questionário WHOQOL- breve
Nem satisfeito
Muito insatisfeito Insatisfeito nem Satisfeito Muito satisfeito
insatisfeito
Tabela 3. Desempenho dos idosos na tarefa de memória de trabalho alça fonológica na ordem direta e inversa
MTAF OD Maior sequência MTAF OI Maior sequência
OD OI
Média (± DP) 14,9 (±2,9) 5,3 (±0,8) 7,9 (±3,0) 3,5 (±1,1)
Mediana 15 5 8 3
Mínimo 9 4 0 0
Máximo 23 7 14 5
Nota: DP = Desvio-padrão; MTAF = Memória de Trabalho Alça Fonológica; OD = ordem direta e OI = ordem
inversa
Tabela 4. Desempenho dos idosos na tarefa de memória de trabalho visuoespacial na ordem direta e inversa.
MTVE OD Maior sequência MTVE OI Maior sequência
OD OI
Média (± DP) 21,4 (±3,9) 4,4 (±0,6) 14,3 (±4,8) 3,5 (±0,8)
Mediana 21 4 14 4
Mínimo 16 3 5 2
Máximo 28 5 25 5
Legenda: DP = Desvio-padrão; MTVE = Memória de Trabalho Visuoespacial; OD = ordem direta e OI = ordem
inversa
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Discussão
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Estudos com idosos ativos com baixa escolaridade são essenciais pela forte associação
entre o desempenho cognitivo e a escolaridade. No Nordeste, 38,6% dos idosos não são
alfabetizados (IBGE, 2017), similarmente ao estudo de Silva et al. (2017), em que 33,3% não
eram alfabetizados; nesta pesquisa, a porcentagem encontrada foi de 12,1%. Nota-se, em várias
pesquisas, que a baixa escolaridade influencia negativamente na vida dos idosos, uma vez que
esta variável interfere no desempenho em provas de memória (Silva et al., 2014), na autonomia
e na qualidade de vida dos sujeitos idosos (Paiva et al., 2016).
Na presente pesquisa, as doenças preexistentes mais incidentes foram a Hipertensão
Arterial Sistêmica (61%), seguida de Diabetes (41,5%). Dados estes que corroboram os achados
de Lima, Araujo e Scattolin (2016). Diante desse resultado, percebe-se que comumente são
encontradas doenças crônicas não transmissíveis nesta população, devendo os profissionais de
saúde estarem em alerta com relação aos agravos provocados por estas comorbidades, buscando
estratégias para promover a saúde integral dos idosos. A presença de comorbidades crônicas,
como a Diabetes Mellitus tipo 2, associada à hiperglicemia, constitui um fator de maior
complexidade que interfere no desempenho cognitivo, como a memória, orientação e atenção
(Ferreira et al., 2014), reduzindo a satisfação com a qualidade de vida, na presença de
hipertensão arterial sistêmica (Paiva et al., 2016) e diabetes (Santos, Campos, & Flor, 2019).
Os participantes da presente pesquisa referiram realizar atividade física em média três
(±2,1) vezes na semana, frequência superior à encontrada em outro estudo (Camões et al.,
2016). Este achado certamente contribuiu para o bom desempenho nas provas de MT utilizados
nesta pesquisa, considerando-se que pesquisas vêm relatando os benefícios agudos e crônicos
do exercício físico sobre o desempenho cognitivo. Sendo que de forma aguda a melhora é,
provavelmente, decorrente do aumento do fluxo sanguíneo cerebral com um consequente
aumento do aporte de nutrientes, assim como por um aumento na atividade de
neurotransmissores. Enquanto que, cronicamente, hipotetiza-se que a atividade física seja capaz
de promover adaptações em estruturas cerebrais e na plasticidade sináptica que culminariam
com melhoras no desempenho cognitivo (Merege Filho et al., 2014).
A respeito da autoavaliação da percepção da qualidade de vida nos idosos desta
pesquisa, identificou-se que 68,3% relataram ser “boa ou muito boa”. Tal resultado vai ao
encontro aos achados de Santos et al. (2015), os quais relataram que a maioria dos idosos
classificaram a qualidade de vida como “boa ou muito boa”. Já em relação à satisfação com a
saúde, nesta amostra, 41,5% dos participantes responderam que estão “satisfeitos”.
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Conclusão
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