Aula 08 Psicologia Do Desenvolvimento e Da Aprendizagem

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PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

E DA APRENDIZAGEM
AULA 8 - O COTIDIANO NA
PRÁTICA DOCENTE

Olá!
A escola pode ser entendida como um local de conhecimento e criação
de cidadãos capazes de exercerem a cidadania e analisarem criticamente as
informações que recebem. No entanto, para que isso seja possível, é
importante que a docência atue como uma ferramenta para o
desenvolvimento de um processo transformador.
Nesta unidade de aprendizagem, você irá estudar sobre o cotidiano
escolar e como a sua organização interfere nas práticas pedagógicas dos
professores e os aspectos que devem ser considerados no momento de
planejar a rotina escolar.
Bons estudos!
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, os conteúdos aqui
abordados deverão ser assimilados da seguinte forma:

 Conhecer o cotidiano escolar.


 Reconhecer a prática docente como um processo
Nesta aula, você vai conferir os contextos conceituais da psicologia,
transformador.
entenderá como ela alcançou o seu estatuto de cientificidade. Além disso, terá a
 Identificar os elementos constitutivos da aula e suas relações.
oportunidade de conhecer as três grandes doutrinas da psicologia, behaviorismo,
psicanálise e Gestalt, e as áreas de atuação do psicólogo.

 Compreender o conceito de psicologia


 Identificar as diferentes áreas de atuação da psicologia
 Conhecer as áreas de atuação do psicólogo.
O COTIDIANO ESCOLAR: CONSCIENTIZAÇÃO DA PROFISSÃO

Um dos papéis da escola é desenvolver a autonomia de seus alunos, prepará-


los para a vida e promover vivências, práticas e conhecimentos diversificados. O
professor, seguindo essa concepção, também contribui para esse importante trabalho,
visto que é responsável por ensinar habilidades sociais e cívicas, a fim de que o aluno
se torne uma pessoa crítica, reflexiva, consciente e responsável pela transformação
da realidade em que está inserido.
Além disso, é importante que o professor ofereça subsídios aos alunos,
demonstrando comprometimento e interesse com as questões sobre aprendizagem e
conscientizando-se sobre o papel que exerce. É fundamental também que ele vise ao
empenho, contentamento e à participação dos educandos, a partir de conhecimentos
construídos diariamente no decorrer do processo de ensino. Alarcão (1996, p. 177)
destaca:

Ser professor implica saber quem sou, as razões pelas quais faço o que faço
e consciencializar-me do lugar que ocupo na sociedade. Numa perspectiva
de promoção do estatuto da profissão docente, os professores têm de ser
agentes ativos do seu próprio desenvolvimento e do funcionamento das
escolas como organização ao serviço do grande projeto social que é a
formação dos educandos.

Nesse sentido, é importante pensar na formação de seres humanos críticos,


pensantes, criativos e que também saibam utilizar a memória como base da
criatividade, a partir da mediação da aprendizagem e da promoção de aulas voltadas
para a participação, o pensamento, o diálogo, o comprometimento, o empenho e os
saberes dos educandos.
Colocam-se assim alguns questionamentos: afinal, todo esse trabalho
acontece somente dentro da sala de aula? Ele está reservado apenas a esse
ambiente? Como se dá a relação de aprendizagem quando é proposto algo que
transcende o espaço físico de uma sala? Buscando responder essas questões, é
importante pensar que o espaço da sala de aula acolhe inúmeras realidades,
vivências, experiências e conhecimentos.
Consequentemente, é um cenário em que variadas configurações de docência
são exercidas. Essa diversidade pressupõe um diálogo entre teoria e prática, bem
como entre a dimensão interna e externa da docência, no que se refere a o que, a
quem e para que ensinar.
Partindo desse pressuposto, à docência no cotidiano escolar transcende os
limites da sala de aula, revelando outros espaços importantes que são promotores de
ensino e aprendizagem. Tais espaços contribuem para que sejam proporcionadas
novas experiências, saberes, pensamentos e possibilidades de crescimento e
discussão. Libâneo (1994) destaca que o processo de ensino não deve ser restrito ao
espaço da sala de aula. O autor ainda acrescenta que:

[...] o trabalho docente é uma das modalidades específicas da prática


educativa mais ampla que ocorre na sociedade. Para compreendermos a
importância do ensino na formação humana é preciso considerá-lo no
conjunto das tarefas educativas exigidas pela vida em sociedade (LIBÂNEO,
1994, p. 15).

Nesse sentido, é possível afirmar que, além dos conteúdos curriculares


propostos pelos planos de estudo das escolas e mantenedoras, é importante que o
professor contemple em seu planejamento conhecimentos, saberes e discussões
relacionados à vida em sociedade, visto que os alunos estão inseridos nesse contexto
e precisam estar preparados para enfrentar, dialogar e refletir sobre as questões que
norteiam o seu cotidiano. Para isso, é necessário que o professor crie condições de
estudo, bem como selecione e reorganize os conteúdos de maneira que sejam
oportunizadas práticas educativas pautadas nas exigências da vida social, e que vão
além do espaço da sala de aula.
Saviani (2011) considera que a educação vai além dos muros da escola,
partindo da premissa de que o “saber sistematizado” deve ser trabalhado dentro das
escolas, como um conhecimento mais elevado do cotidiano.
Moacir Gadotti (2006, documento on-line), em seu artigo A escola na cidade
que educa, fala a respeito da cidade educadora — conceito que se consolidou no
início da década de 1990, em Barcelona (Espanha) — e dispõe, a partir da aprovação
de uma carta no Congresso Internacional das Cidades Educadoras, alguns princípios
básicos que caracterizam uma cidade que educa. Basicamente “[...] é a cidade, como
espaço de cultura, educando a escola e todos que circulam em seus espaços, e a
escola, como palco de espetáculo da vida, educando a cidade numa troca de saberes
e de competências” (GADOTTI, 2006, p. 134, documento on-line). A escola, numa
perspectiva transformadora, tem como papel:

[...] contribuir para criar as condições que viabilizem a cidadania, por meio da
socialização da informação, da discussão, da transparência, gerando uma
nova mentalidade, uma nova cultura, em relação ao caráter público do espaço
da cidade (GADOTTI, 2006, p. 138, documento on-line).

Além disso, Libâneo (2001, documento on-line) afirma que é papel da escola e
do professor criar condições favoráveis de estudo, que tornem o aluno sujeito ativo de
sua própria aprendizagem. Outra questão importante é compreender que os alunos
são parte integrante do processo de ensino e aprendizagem.
Assim, além de transmitir conhecimentos e conteúdos, cabe ao professor
mediar e propor discussões, desafios e problemáticas que sejam significativas,
propícias e pertinentes ao cotidiano da escola, da turma e dos estudantes. Libâneo
(2011, p. 8, documento on-line) acrescenta:

O professor põe-se como mediador entre o aluno e os objetos de estudo,


enquanto os alunos estabelecem com o conhecimento uma relação de
estudo. A par disso, professores e alunos estão implicados numa relação
social que se materializa na sala de aula, mas, também, na dinâmica das
relações internas que ocorre na escola em suas práticas organizativas.

Para que essas relações sejam pertinentes e produtivas, é fundamental que o


professor diversifique a rotina escolar a partir de saídas de campo, visitas e pesquisas,
além de propor atividades que possam ser desenvolvidas em outros espaços da
escola.
Um exemplo são as aulas realizadas em bibliotecas, laboratórios de
informática, brinquedotecas, entre outros. Contudo, é importante destacar que muitas
escolas não possuem recursos materiais e espaços físicos para oferecer um trabalho
diversificado aos alunos, dificultando assim a prática docente e a forma como o
professor vai planejar as suas aulas.
Diante de tais apontamentos, o seu papel é ainda maior, pois ele precisa mediar
as relações sociais, os conteúdos e as necessidades da turma a partir de um cenário
que muitas vezes não é favorável para tal. Mesmo diante dessas dificuldades,
promover atividades no ambiente externo à sala ainda é uma forma de fazer com que
o aluno vivencie o que aprendeu em aula, de maneira que ele faça ligações e relações
ao conteúdo e à teoria.
Assim, ele vivencia, experimenta e aprofunda o que foi aprendido em sala de
aula, o que contribui para que seja autor de seu próprio conhecimento. Essa proposta
que ultrapassa os limites da sala de aula estimula o aprendizado, a vivência em grupo
e a descoberta de saberes e experiências ainda não vivenciados. Além disso, o
professor, ao planejar a sua prática, deve também partir de situações cotidianas,
adaptando-as aos conteúdos que precisam ser trabalhados e aos contextos em que
estão inseridos.
Pereira (2015, documento on-line) complementa dizendo que o grande desafio
é motivar com criatividade, de maneira que a escola não seja vista como um espelho
fixo de conteúdos direcionados a uma sociedade previsível e distante. Em vez disso,
é importante que esteja aberta às mudanças, seja representada pelas figuras do
professor e do aluno e tenha como base o comprometimento e a reflexão entre teoria
e prática no cotidiano escolar. Tardif (2012, p. 128) aponta:

Os professores não buscam somente realizar objetivos; eles atuam, também,


sobre um objeto. O objeto do trabalho dos professores são seres humanos
individualizados e socializados ao mesmo tempo. As relações que eles
estabelecem com seu objeto de trabalho são, portanto, relações humanas,
relações individuais e sociais ao mesmo tempo.

Nesse sentido, embora os professores trabalhem com grupos sociais, é a partir


do trabalho com os indivíduos e das diferenças existentes entre eles que a aula vai se
delineando, ganhando riqueza e significado. Dessa maneira, o profissional do ensino
constrói o seu próprio espaço pedagógico de trabalho e resolve de forma cotidiana as
situações que lhe são postas, apoiado a partir de uma visão de mundo, de homem e
de sociedade (TARDIF, 2012).

Componentes integrantes da aula e suas conexões

A forma pela qual o processo de ensino-aprendizagem é organizado e


sistematizado passa pelo planejamento de uma aula. É por meio dela que o professor
poderá propor e trabalhar com diferentes conteúdos, metodologias e recursos que
promovam a interação e a construção de novos conhecimentos entre os alunos e o
professor, com vistas ao protagonismo estudantil e à implementação de uma postura
crítica reflexiva, inerente à formação humana.
Contudo, para que a aula atribua o papel de diálogo e interação colaborativa,
propício à construção do pensamento crítico e reflexivo e ao desenvolvimento de
novos saberes e habilidades, é fundamental que sejam proporcionados espaços de
questionamentos, indagações e investigações, cuja proposta principal seja a
constante busca dos alunos enquanto sujeitos ativos, autônomos e pesquisadores.
Nesse contexto, existem alguns elementos constitutivos da aula que são
importantes e devem ser levados em consideração antes de se pensar em atividades,
conteúdos e propostas de trabalho, por estarem relacionados entre si e contribuírem
para uma aprendizagem mais significativa.
Entre eles, destacam-se a ação docente, tendo o professor como mediador,
interlocutor e promotor do diálogo; o aluno como parte integrante do contexto e
responsável por buscar novos saberes; o processo de construção do conhecimento e
como se dá a relação entre o ensino e a aprendizagem; o planejamento da prática,
que permite delinear e nortear os caminhos para se alcançar a aprendizagem que se
deseja; os recursos didáticos que serão utilizados durante todo o andamento do
trabalho.
Para especificar melhor cada um desses itens, é importante pensar que todos
eles, em suas especificidades, trabalham de forma integrada e conjunta, visto que
precisam estar interligados para garantir uma educação que esteja pautada na
formação integral do sujeito.
Nesse sentido, para compreender melhor os elementos constitutivos da aula,
vale explicitar a importância de cada um deles no decorrer do processo educativo, a
partir de exemplos que nortearão as discussões acerca dessa temática.
Quando remetemos o nosso pensamento à escola ou às áreas da educação,
logo vem à nossa mente a ação do professor. Esse sujeito, conforme afirma Alarcão
(1996), sem dúvida desempenha um papel de extrema importância na produção e
estruturação do conhecimento pedagógico, visto que é ele o responsável por contribuir
para a formação de um cidadão mais humano, crítico e consciente.
Vasconcellos (2006) complementa dizendo que a atuação do educador
contribui para provocar, desequilibrar e estimular um grupo, no sentido de que este
rompe o seu estágio cognitivo, tornando-o aberto e sensível aos fatos da realidade
que precisa compreender e na qual deve intervir.
Além disso, Freire (1996, p. 42) ressalta: “[...] a prática docente crítica,
implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, entre o fazer e o
pensar sobre o fazer”.
O professor, nesse contexto, tem a oportunidade de proporcionar momentos de
reflexão, construção e participação de todos. Ele é um mediador e facilitador do
processo de ensino-aprendizagem, oportunizando a construção de conhecimentos
significativos, preparando os alunos para a vida em sociedade e auxiliando-os a se
tornarem cidadãos conscientes de suas responsabilidades. Nessa perspectiva, o
educador deixa de ser informante do saber e assume papel de mediador entre o
sujeito e o objeto do conhecimento, fazendo com que os estudantes reflitam e
explorem as suas ideias. Reforça-se assim a consciência crítica em relação a tudo o
que é desenvolvido em sala de aula.
Por meio desse trabalho orientado pelo professor mediador, cabe refletir sobre
outro importante elemento constitutivo da aula: o aluno. Toda a ação do educador —
e da escola como um todo — gira em torno desses sujeitos, bem como das estratégias
que serão oportunizadas para se alcançar uma educação de qualidade, visando a
ampliação dos conhecimentos que vão além dos conteúdos escolares.
Libâneo (1994, p. 65) reafirma que “[...] o centro da atividade escolar não é o
professor nem a matéria, é o aluno ativo e investigador. O professor incentiva, orienta
e organiza situações de aprendizagem, adequando-as às capacidades de
características individuais dos alunos”. Para que tal proposta seja fundamentada, é
preciso integrar o aluno nessa construção, propondo um ensino pautado na
autonomia, no diálogo e na criticidade.
A partir dessa relação recíproca entre professor e aluno, muitas possibilidades
de trabalho podem ser fundamentadas, visto que o educando é estimulado e instigado
a refletir sobre as suas ações cotidianas, visando a um pensamento reflexivo acerca
do contexto em que está inserido.
Alarcão (1996, p. 181) afirma: “O pensamento reflexivo é uma capacidade.
Como tal, não desabrocha espontaneamente, mas pode desenvolver-se. Para isso,
tem de ser cultivado e requer condições favoráveis para o seu desabrochar”. Nesse
sentido, é por meio dos conhecimentos construídos no decorrer do processo escolar
que os alunos se tornarão capazes de exercer o seu pensamento reflexivo e saberão
distinguir melhor o seu papel na sociedade, lutando pelos seus direitos e conquistando
diferentes espaços. Além disso, é preciso ensinar para a criticidade. Freire (1996, p.
35) destaca:

A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao


desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de
esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante
do fenômeno vital. Não haveria criatividade sem a curiosidade que nos move
e que nos põe pacientemente impacientes diante do mundo que não fizemos,
acrescentando a ele algo que fazemos.
Quando a relação recíproca entre professor e aluno está bem fundamentada, é
possível garantir que os conhecimentos sejam construídos, ampliando a relação entre
o ensino e a aprendizagem — elemento que também faz parte da aula e que caminha
ao encontro da proposta da educação de qualidade.
É possível afirmar que os conhecimentos são construídos a partir do momento
em que há o diálogo entre os conteúdos formais e as vivências, histórias e
individualidades que cada estudante possui. Completando essa ideia, é sabido dizer
que os professores devem respeitar os saberes que os estudantes trazem à escola,
desde que não sejam ideológicos e militantes, e discutir com eles a razão de ser de
alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos, respeitando a figura
do professor.
Cabe lembrar que o ato de ensinar não ocorre de forma mecânica e estanque.
Pelo contrário, ele deve ser constantemente revisto, avaliado, aprofundado e pensado,
como forma de buscar uma aprendizagem efetiva.
Nesse sentido, Libâneo (1994, p. 81) destaca: “[...] ensino e aprendizagem são
duas facetas de um mesmo processo. O professor planeja, dirige e controla o
processo de ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria dos alunos
para a aprendizagem”. Interessante que o educando conheça a aprendizagem
autodirigida e seja proativo, assim, saberá o que é certo estudar e o que realmente
valerá a pena.
A aprendizagem pode ser desenvolvida a partir de qualquer atividade que uma
pessoa possa estar praticando ou vivendo. Voltando esses saberes ao ambiente
escolar, pode-se afirmar, de acordo com Libâneo (1994, p. 83), que a aprendizagem:

[...] é um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos


de ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino. Os
resultados da aprendizagem se manifestam em modificações na atividade
externa e interna do sujeito, nas suas relações com o ambiente físico e social.

A aprendizagem escolar, assim, não é algo casual e espontâneo, e sim uma


atividade planejada e dirigida, carregada de intencionalidades. Trata-se de um
processo gradativo em que o conhecimento é construído a partir da mediação da
relação cognitiva entre o aluno, as matérias de estudo e a experiência sociocultural
concreta que os estudantes trazem do seu meio social (LIBÂNEO, 1994). A partir da
aprendizagem, é possível instigar os alunos para a curiosidade.
De acordo com Libâneo (1994, p. 89) “[...] é uma combinação adequada entre
a condução do processo de ensino pelo professor e a assimilação ativa como atividade
autônoma e independente do aluno”. Logo, esse autor afirma que o ensino é uma
atividade mediada para que os alunos se tornem sujeitos ativos na assimilação de
conhecimentos, a fim de desenvolver a preparação para a vida social (LIBÂNEO,
1994).
No entanto, o ensino não pode ser visto como algo estanque. Freire (1996)
parte do termo “inacabamento do ser humano” para expressar que estamos em
constante aprendizado, e que os saberes acontecem em todas as situações nas quais
o sujeito está inserido. É importante, contudo, que haja objetivos claros do que se
deseja alcançar com o trabalho, a fim de ampliar as experiências e práticas sociais,
culturais e pedagógicas.

[...] os currículos não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos.
São uma construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidas em
contextos concretos e em dinâmicas sociais, políticas e culturais, intelectuais
e pedagógicas. Conhecimentos e práticas expostos às novas dinâmicas e
reinterpretadas em cada contexto histórico. As indagações revelam que há
entendimento de que os currículos são orientados pela dinâmica da
Sociedade. Cabe a nós, como profissionais da Educação, encontrar
respostas (LIMA, 2007, p. 9, documento on-line).

Desse modo, os professores deixam de lado exercícios repetitivos e adotam


métodos diversificados, que farão com que o aluno sinta interesse em permanecer na
escola. Gandin e Cruz (1995, p. 64) destacam que “[...] quem compreender o conceito
de necessidade e puder trabalhar eficientemente com ele descobriu a essência do
planejamento”. Fusari (1988, p. 9) complementa:

O planejamento da educação escolar pode ser concebido como processo que


envolve a prática docente no cotidiano escolar, durante todo o ano letivo,
onde o trabalho de formação do aluno, através do currículo escolar, será
priorizado. Assim, o planejamento envolve a fase anterior ao início das aulas,
o durante e o depois, significando o exercício contínuo da ação-reflexão-ação,
o que caracteriza o ser educador.

No entanto, o termo planejamento não se restringe unicamente àquele


elaborado pelo professor para o trabalho em sala de aula. É importante destacar o
Projeto Político-Pedagógico (PPP) da instituição, cuja intenção é organizar o trabalho
da escola e considerar as necessidades e os anseios da comunidade escolar.
É um processo de planejamento participativo, em que se aperfeiçoa e se define
em qual tipo de ação educativa se quer realizar, a partir de um posicionamento diante
da leitura da realidade e do embasamento estrutural e legal. Todavia, somente terá
significado se construído por todos os integrantes da instituição, de maneira a valorizar
as opiniões e buscar respostas às indagações da comunidade. Caldieraro (2006, p.
18) destaca:

A construção do Projeto Pedagógico é uma oportunidade para a tomada de


consciência dos principais problemas da escola e das possibilidades de
solução. É também oportunidade para definição das responsabilidades
coletivas e pessoais, na eliminação ou abrandamento dos problemas
detectados.

Para isso, ele deve apresentar alguns pressupostos fundamentais, que


caracterizam a sua elaboração, como prever condições para o seu desenvolvimento
a partir das problemáticas e da realidade da instituição; articular as ações com todos
os segmentos envolvidos, respeitando as diversidades; ser construído coletivamente
e de forma integrada; buscar a democratização da escola.
Assim, os recursos didáticos são elementos essenciais para uma boa aula. São
eles que farão com que o planejamento do professor seja posto em prática, de maneira
que haja uma maior compreensão dos conteúdos escolares. Nesse sentido, haverá a
relação, apropriação e construção do processo de ensino e aprendizagem, a partir da
interação entre educador, educando e objeto de conhecimento.
Os recursos didáticos diversificados podem ser facilmente utilizados para
enriquecer as discussões teóricas, sendo útil como suporte para as práticas
pedagógicas. Tais possibilidades permitem que as experiências cotidianas dos alunos
ganhem significado, propiciando um maior entendimento acerca dos conteúdos
propostos. É fundamental, nesse sentido, que a escola também proporcione espaços
de integração e auxilie o professor na construção do seu planejamento, para que ele
possa elaborar aulas às quais os alunos sintam prazer em assistir. Portanto, são
muitos os fatores que contribuem para o bom andamento da aula e para a efetivação
da aprendizagem.
Libâneo (1994, p. 93) aponta que “[...] o professor planeja, dirige, organiza,
controla e avalia o ensino com endereço certo: a aprendizagem ativa do aluno”. No
entanto, o mesmo autor destaca que não se trata de uma tarefa fácil; é preciso resolver
a contradição entre o ensino e a aprendizagem, além de detectar as dificuldades
apresentadas pelos alunos na assimilação ativa dos conteúdos, de maneira que sejam
encontrados procedimentos que os auxiliem a progredir no desenvolvimento
intelectual.
É preciso, portanto, priorizar a aprendizagem do aluno, seja por meio do
planejamento, da construção da rotina ou do estabelecimento do tempo necessário
para cada proposta de trabalho.
Esse processo requer um repensar constante da prática. Trata-se de
características importantes para quem quer investir e transformar a sala de aula em
um espaço prazeroso de aprendizagem. Assim, o educando se sentirá estimulado a
frequentar a escola com motivação; a escola, por sua vez, poderá alcançar a
qualidade do ensino e a educação para todos, sem discriminações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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de professores: estratégias de supervisão. Porto: Porto, 1996.

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FUSARI, J. C. O papel do planejamento na formação do educador. São Paulo:


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LIBÂNEO, J. C. O essencial da didática e o trabalho do professor: em busca de


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