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AMBIENTE ECONÔMICO, GESTÃO ESTRATÉGICA DOS

NEGÓCIOS, GESTÃO DE PESSOAS E HABILIDADES GERENCIAIS

Gestão Estratégica dos Negócios e o Risco Corporativo


Pode-se conceber que a estratégia seja o delineamento de um plano de
ações, procedimentos, métodos e aplicações de médio e longo prazo para
alcançar um resultado futuro, levando-se em consideração variáveis
endógenas (internas) e principalmente exógenas (externas) de uma
organização empresarial.
É possível desenvolver um planejamento sobre a prática e a aplicação
estratégica, e, dessa forma, podemos revisitar um conceito observado em
blocos anteriores:
Planejamento Estratégico é todo o processo de criação e execução de
uma estratégia para alcançar objetivos na organização, desde a definição das
metas até às tomadas de decisão, mobilizações e efetivas ações para alcançar
o que se propôs com foco no sucesso empresarial. (DRUCKER apud SOUZA;
MENEGUETTI, 2019, p. 36).
Ao aplicar uma metodologia e um protocolo desenvolvido para a criação
e execução de uma estratégia estamos lidando com o planejamento
estratégico. Este planejamento também pode ser utilizado para o
desenvolvimento de uma aplicação tipicamente voltada para o gerenciamento
de riscos.
O risco estratégico pode ser compreendido como o conjunto de variáveis
internas e externas as quais possam sutil ou severamente afetar o
desenvolvimento do objetivo da entidade em amplitude estratégica, podendo
conceber que tal influência seja um importante elemento na preocupação das
ações e medidas diligenciadas pelo comitê gestor da entidade.
Pode-se dizer que algumas variáveis necessitam de uma análise mais
aprofundada do ponto de vista estratégico, são elas: o comportamento
macroeconômico do mercado, o ambiente legal, o contexto político e social em
que está inserida a organização e o delineamento cultural e de valores.
Um importante instrumento que pode ser utilizado para uma análise mais
específica dos riscos corporativos em nível estratégico é a matriz SWOT
(Strengths – Força; Weaknesses – Fraquezas; Oportunities – Oportunidades;
Threats – Ameaças).

Figura – Análise SWOT.

A análise SWOT pode ser realizada por intermédio de uma matriz cujo
desenvolvimento pode contemplar a exemplificação de variáveis que possam
afetar nossa entidade por categoria, conforme os riscos corporativos
identificados pelo comitê gestor ou pelos profissionais responsáveis pelo
delineamento do modelo.
É importante que esta informação seja de conhecimento de todos os
colaboradores e de todos os stakeholders na empresa, momento o qual
identificarão o nível de risco conforme o posto assumido na entidade e
conduzirão os respectivos processos, de modo a mitigar ou afastar potenciais
riscos corporativos.

Ambiente Econômico e o Risco Corporativo


O ambiente econômico deve ser cuidadosamente analisado pelo gestor
em relação ao desenvolvimento de potencial risco corporativo, algumas
variáveis acabam por influenciar significativamente os objetivos da entidade,
sejam operacionais ou estratégicos.
A revista Exame, em reportagem desenvolvida (2016), acabou por
exemplificar alguns dos principais riscos econômicos os quais podem
substancialmente afetar uma entidade de acordo com o Fórum Econômico
Mundial (World Economic Forum – WEF), conforme apresentados na figura.

Desem Choque
Comérci
prego e dos preços de
o ilegal
Subemprego energia

Crises Bolha
fiscais s de ativos

Fonte: adaptado de Revista Exame, 2016.


Figura – Riscos Econômicos de acordo com o Fórum Econômico
Mundial (WEF).

O desemprego e o subemprego, conforme a abordagem pode ser


severamente prejudicial para o desenvolvimento econômico e para a
estabilidade social, pois acaba por incluir grande parcela da população em
atividades laborais frágeis, as quais não permitem o desenvolvimento de
competências e de habilidades para serem utilizadas de forma contínua em
empresas consolidadas (EXAME, 2016).
A mão de obra, do ponto de vista técnico e tecnológico, é frágil e
escassa para trabalhos que exigem um arcabouço de conhecimento e
informação mais robusto. As pessoas precisam ter condições de trabalho e
renda dignas para que, com tempo e condições sociais, possam se
desenvolver e abrir novas possibilidades de alocação técnica superior em
empresas que exijam maior aprimoramento de desenvolvimento informacional.
O comércio ilegal também é visto como uma variável que pode
significantemente afetar o risco corporativo, pois empresas criadas fora da
parametrização legal acabam por deteriorar o fluxo financeiro adequado das
entidades, provocar sonegação fiscal e influenciar em práticas ilegais como
falsificação e tráfico de pessoas.

Essas variáveis podem afetar sobremaneira a atividade econômica da


organização, pois a coloca em posição desvantajosa face aos benefícios ilícitos
que as empresas informais alcançam em relação a sua atuação no mercado. É
importante que os gestores identifiquem esta prática em sua região e saibam
atuar de modo a mitigar ou eliminar a participação de empresas ilícitas, ou
informais, possibilitando a concorrência ampla e plena sadiamente entre as
entidades empresariais.
O choque no preço de energia também é uma importante variável a ser
considerada, pois, a oscilação na matriz energética utilizada pela entidade
pode deteriorar a capacidade de geração de lucratividade e resultados de
curto, médio e longo prazo.
Oscilações provocadas no preço da gasolina, óleo diesel e outras
matrizes energéticas podem fazer com que a entidade tenha prejuízos e
dissabores em relação à potencial formação patrimonial, com relação ao
desenvolvimento de suas operações.
As crises fiscais também podem impactar rigorosamente o risco
corporativo empresarial, e economias emergentes como a do Brasil conseguem
concentrar práticas burocráticas amplas, prejudicando o desenvolvimento dos
objetivos corporativos. O rigor no uso dos recursos públicos também é salutar,
pois possibilita o investimento direto em infraestrutura, essencial para diminuir
os gargalos logísticos para o traslado e para a integração de toda a cadeia de
suprimentos no setor produtivo.
Bolhas de ativos representam a capacidade de atuação de profissionais
da especulação, que ganham com a confiança e desconfiança contínua em um
mercado considerado emergente ou em desenvolvimento como o brasileiro.
Se houver falha na comunicação dos resultados, deflagrados
principalmente pelas companhias em Sociedade Anônima, alguns
especuladores utilizarão esta via para obter ganho expressivo sobre a compra
e venda de ações, deturpando a política cambial e de ajuste tributário do país
como um todo.
Gestão de Pessoas

O desenvolvimento da correta gestão de pessoas na entidade também


pode contribuir amplamente para a mitigação e redução do risco corporativo. A
gestão de pessoas surge como uma prática corporativa, a qual diligencia ações
voltadas para o desenvolvimento do bem-estar e aumento da produtividade dos
colaboradores.
Muitas técnicas foram criadas e compartilhadas por pensadores e
profissionais da administração a partir da década de 1950. Nesse momento, a
área de Recursos Humanos era a responsável por diligenciar rotinas,
atividades e métodos que pudessem fazer com que o trabalho e o esforço
laboral fossem mais produtivos.
A partir da década de 1970, um novo conjunto de práticas começou a
ser desenvolvido pelas organizações, particularmente vinculado ao
departamento de pessoal, que observou alguns fatores higiênicos a serem
mantidos no ambiente de trabalho e sua contribuição efetiva para a melhora do
bem-estar dos colaboradores e aumento do nível de produtividade
organizacional.
A gestão de pessoas propriamente dita surge a partir de 1980 como um
conjunto de práticas corporativas que diligenciam pelo bem-estar do
colaborador, tanto na entidade quanto fora da organização. A partir desse
momento, é possível identificar nas organizações um esforço adicional em
fazer com que o colaborador mantivesse um estado de saúde mental
harmônico em seu ambiente de trabalho e em seu convívio social e familiar.

TeD
Treinamento e Trabalho em
Motivação
Desenvolvimen equipe e Empatia
to

Recrutamento Pesquisa de
e Seleção satisfação laboral
Figura – Variáveis de gestão de pessoas e o Risco corporativo.

Algumas outras variáveis foram importantes para a diminuição dos riscos


corporativos no desenvolvimento de tarefas, sendo elas demonstradas a partir
da figura. A primeira variável a ser considerada é a Motivação, sendo
necessário que a alta gestão da entidade desenvolva programas de estímulo
financeiro e um plano de carreira robusto, conforme as melhores práticas de
mercado.
Programas de gestão de pessoas que impactem na bonificação por
metas atingidas e desenvolvam competições saudáveis entre os colaboradores
são essenciais para que a motivação seja alavancada no ambiente laboral. Isso
demonstra a preocupação da entidade para com os colaboradores e a
recompensa pelo esforço desenvolvido, conforme os objetivos operacionais e
estratégicos alcançados em relação a um determinado período.
Uma importante variável a ser observada é a política de implementação
constante de TeD (Treinamento e Desenvolvimento); treinar significa atribuir
uma competência laboral a quem ainda não tenha, e desenvolver significa
aprimorar uma competência laboral de um colaborador a qual já detenha a
expertise e o conhecimento sobre determinada técnica ou metodologia de
trabalho.
Desenvolver programas de TeD auxiliam positivamente para a
diminuição e mitigação dos riscos corporativos, pois possibilitam com que o
colaborador esteja em constante avanço em relação às melhores práticas e
técnicas laborais encontradas em mercado. É importante denotar que não
bastam treinamentos de reciclagem, mas um programa amplo de
desenvolvimento de perfis laborais conforme as metas organizacionais da
entidade e do colaborador para médio e longo prazo.
O desenvolvimento da variável do Trabalho em Equipe e da Empatia é
fundamental para que a inteligência emocional permaneça no relacionamento
entre pares colaboradores na entidade, o desenvolvimento das rotinas laborais
depende de uma ótima relação interpessoal entre os colaboradores,
influenciada pela dinâmica de amistosidade e de empatia pela entidade.
Comumente, é possível observar que entidades que não prezam pelo
desenvolvimento da empatia têm forte prejuízo corporativo com práticas de
sabotagem entre colaboradores na própria organização; aumentando
sobremaneira os riscos corporativos por ações empregadas para o prejuízo de
um colaborador, refletindo em prejuízo inequívoco para toda a organização.
A aplicação de técnicas coerentes e precisas de Recrutamento e
Seleção também pode auxiliar a diminuir o risco corporativo, o delineamento
do perfil de vaga conforme a competência do selecionado faz com que o cargo
seja ocupado pelo colaborador que realmente desenvolveu a destreza, a
experiência e a capacidade técnica para realizar tal função.
A implementação rotineira e dinâmica de pesquisas de satisfação no
ambiente laboral auxilia a compreender a complexidade das relações
interpessoais e o nível de satisfação dos colaboradores ao desempenhar suas
respectivas tarefas. As pesquisas também são relevantes para apurar as
condições de salário, esforço, convívio e a relação com as políticas internas
corporativas.
A pesquisa evidencia também o clima organizacional, variável
significativa para esclarecer como os funcionários estão lidando com as rotinas
impostas progressivamente, e como estão obtendo qualidade de vida no
ambiente laboral.

Diminuição no nível de

Redução no número de faltas reclamação dos clientes

Menor número de
Menor nível de retrabalho e erros
afastamentos

Figura – Informações possíveis identificadas a partir das pesquisas


laborais.
As informações alcançadas a partir das pesquisas laborais podem
auxiliar em alguns riscos corporativos associados ao esforço do colaborador,
conforme ilustração da figura. Redução no nível de faltas, de afastamento do
colaborador, nas reclamações dos clientes por mau atendimento e diminuição
do retrabalho e dos erros em processos administrativos pode ser essencial
para a mitigação de riscos corporativos.

Habilidades Gerenciais

Uma ótima gestão de pessoas implantada pela entidade também faz


com que as habilidades gerenciais sejam mais bem desenvolvidas,
contribuindo fundamentalmente para a diminuição dos riscos corporativos na
tomada de decisão por parte dos colaboradores. Conforme o Instituto Brasileiro
de Coaching (2017), podemos considerar como principais Competências e
Habilidades Gerenciais:
1. Habilidade para planejar
2. Senso de análise
3. Comunicação clara e sem ruídos
4. Persuasão e negociação
5. Motivação
6. Liderança

Conforme exemplificação acima, o desenvolvimento de habilidades


gerenciais envolve o estabelecimento de competências, para que o gestor
possa se organizar quanto ao cumprimento de prazos e de protocolos em
relação às metas a serem alcançadas.

O Risco Corporativo
O Risco Corporativo envolve o senso de análise para antecipar
problemas e possíveis eventos que possam evidenciar potenciais prejuízos à
entidade, como desenvolvimento da capacidade de comunicação de forma
inequívoca para com os colaboradores, saber convencer os demais colegas
para estes serem positivamente influenciados por suas propostas e ideais.
O gestor que detém energia e sensatez pode influenciar positivamente a
equipe, assim como aquele que consegue conduzir todos os colaboradores
para alcançarem novos resultados em prol da organização. Estes elementos
reunidos, enquanto habilidades gerenciais observadas nos gestores podem
contribuir efetivamente com o desenvolvimento de ações e rotinas que possam
mitigar os riscos corporativos em uma entidade.

CONDUZINDO INVESTIGAÇÕES CORPORATIVAS

Investigação Corporativa
A investigação corporativa é uma importante tarefa a ser desenvolvida
na entidade, para compreender, evidenciar, esclarecer e corrigir potenciais atos
desenvolvidos por gestores, colaboradores ou demais stakeholders, em relação
às fraudes ou violações que possam ter sido empregadas em face de controles
internos ou protocolos e processos organizacionais.
A investigação corporativa no Brasil deve estar embasada na Lei
Anticorrupção Brasileira (Lei 12.846/2013) e no código de ética corporativo
desenvolvido pela entidade. Algumas organizações multinacionais utilizam
também como parâmetro a lei norte-americana Foreign Corrrupt Practices Act
(FCPA) (PWC, 2018).
Conforme relatório sobre práticas de investigação da PWC (2018),
alguns fatores podem dar início a uma investigação corporativa por quebra de
protocolos de controle e de processos organizacionais, sendo eles:
a. fraudes em relatórios financeiros;
b. conflitos e subornos vinculados a ataques cibernéticos;
c. denúncias e acusações de irregularidades corporativas.

Toda investigação corporativa, por início, deve privilegiar a aplicação da


Constituição do Brasil de 1988 no que concerne ao respeito dos direitos
individuais, à possibilidade de apresentação de ampla defesa e ao exercício
inequívoco do contraditório em processo administrativo e à possibilidade de
garantia de privacidade e sigilo das informações de foro íntimo.
Do recebimento da denúncia corporativa
O ato de denunciar pode ser compreendido como levar a informação de
fato significativa ocorrida ao conhecimento de autoridade a qual possa iniciar
procedimento previsto em Lei ou em Código de Ética Corporativo. A denúncia é
a efetivação da evidência de que existe um indício de autoria de um ato
irregular dentro da organização, plausível de ser verificado e averiguado em
instância administrativa própria.
Alguns canais podem ser utilizados para que a denúncia seja efetivada,
pois é o meio ou o procedimento hábil ou apto que o colaborador ou qualquer
stakeholder pode fazer uso, para que a administração tome contato com o
indício de irregularidade e possa iniciar procedimento apuratório, se for o caso.

E-mail
Telefone anônimo Intranet
anônimo

Sistema ERP de
Atendimento presencial
Carta integração com
por profissional
fornecedores
Figura– Canais para denúncia corporativa.

Os canais permitem com que a informação sobre a irregularidade


cometida chegue tanto por intermédio de meios vinculados aos colaboradores
quanto aos demais stakeholders, como fornecedores, compradores, agentes
terceirizados e outros, os quais mantêm relacionamento corporativo com a
organização.
Ao desenvolver a denúncia, é importante que algumas informações
sejam antes observadas por parte do analista: fundamento da denúncia, objeto
da irregularidade, setor administrativo vinculado, eventual prejuízo econômico-
financeiro nome dos colaboradores ou das pessoas envolvidas, o tempo e o
local dos fatos.
Fundamento da denúncia

Objeto da irregularidade

Setor administrativo

Prejuízo econômico - financeiro

Nome dos colaboradores ou das


pessoas envolvidas

Tempo dos fatos

Local dos fatos

Figura – Elementos a serem observados na denúncia.

Um formulário ou um protocolo de atendimento pode ser desenvolvido


pela entidade para que as denúncias sejam padronizadas. Desta forma, a
análise poderá ser realizada de maneira mais célere, com o encaminhamento
de imediato para as autoridades responsáveis pelo cumprimento do compliance
na entidade.
Conforme será estudado no próximo bloco, o termo em inglês
compliance representa o conjunto de ações as quais devem ser
desencadeadas conforme o estabelecido no código de ética da entidade a
partir da conformidade delimitada por normas e regramentos internos.
Do processamento da investigação corporativa

O processamento da denúncia deverá der realizado por um comitê


exclusivo, nomeado pela alta gestão para este fim, que deverá aliar toda e
qualquer informação relacionada com o ato (ou o conjunto de atos) destacado
na denúncia realizada.
O desenvolvimento do trabalho desses profissionais deverá ser neutro e
poderá envolver o auxílio de entidades de consultoria e de auditoria externa, as
quais poderão dar o respectivo respaldo acerca da licitude das tarefas
realizadas, assim como do controle de um possível viés ou tentativa de
articulação política que poderá surgir dentro da entidade para influenciar o
resultado do processo desenvolvido.

Coleta de oitiva de testemunhas

Troca de mensagens por email


e redes sociais

Documentos trasladados

Elementos dos sistemas


informacionais

Perícia extrajudicial

Uso de câmeras e rastreamento


interno por áudio

Figura – Elementos a serem utilizados para a instrução probatória.

O levantamento do conteúdo probatório é de suma importância para o


direcionamento dos trabalhos a serem realizados, algumas fontes podem ser
utilizadas eficazmente e pertinente para que as provas sejam coletadas. A
coleta deverá conter somente provas lícitas admitidas em Direito para fins de
contencioso civil e penal (processo civil e penal) se for o caso de
desenvolvimento posterior.
A partir da coleta das informações por intermédio de entrevistas de
testemunhas, documentos apresentados, relatório técnico dos sistemas
informacionais, informações obtidas em redes sociais e e-mails corporativos e
perícia extrajudicial, é possível que o comitê de auditoria e compliance tenha
elementos suficientes para desencadear a formação de convicção quanto a
prática ou não de atos, ou ações fraudatórias quanto aos interesses da
organização.

Do processamento do relatório conclusivo


Conforme o relatório sobre práticas de investigação da PWC (2018),
alguns fatores deverão ser considerados pelos supervisores de auditoria no
momento da execução de seus respectivos relatórios quanto à ocorrência de
fraude:

a. Materialidade quantitativa.
b. Materialidade qualitativa.
c. Gravidade
d. Pervasividade.
e. Resposta da administração a uma denúncia.
f. Dificuldade de resolução.

O relatório final do comitê de auditoria e compliance deverão verificar


alguns quesitos com a materialidade quantitativa, que diz respeito à
importância em fluxo financeiro que a ruptura trouxe para a organização; e com
a materialidade qualitativa, que observará se a partir da ação delituosa
ocorreram danos efetivos à marca, à reputação da organização e à imagem
perante os colaboradores, stakeholders e principalmente aos clientes e
investidores.
O relatório deverá evidenciar também a gravidade, que demonstram
quais foram às regras e os quesitos violados em relação à legislação e ao
código de ética empresarial da entidade; deverá demonstrar a pervasividade,
que caracteriza a possibilidade da ação envolver apenas um pequeno núcleo
gerencial da entidade, ou ser uma ação sistêmica que envolve toda a cultura
organizacional.
Por fim, o relatório deverá abordar a resposta da administração a uma
denúncia, a qual não poderá ficar sem resposta e levantamento de conjuntos
probatórios para a informação de fraude, levantados a investigação; e deverá
expor eventuais dificuldades de resolução para a elaboração do relatório,
evidenciando variáveis internas e externas que limitaram o desenvolvimento da
apuração e conclusão do relatório a partir do conjunto de dados obtidos.

Repercussões do Relatório Final


O relatório poderá apresentar cinco possíveis entendimentos a serem
destacados para apreciação do comitê gestor ou para a alta administração da
entidade, sendo eles: procedência de toda a denúncia, procedência de parte da
denúncia, improcedência da denúncia, descaracterização da denúncia por falta
de conteúdo probatório e procedência da denúncia, com repercussões na
esfera da justiça cível e criminal.
O relatório poderá ser composto a partir de uma capa, sumário
executivo, apresentação da denúncia circunstanciada, coleta e demonstração
das provas levantadas, análise final e validação por todos os membros
pertencentes ao conselho de auditoria e compliance, os quais fizeram parte do
desenvolvimento das informações em momento apresentado.

Relatório Final

Descaracterizaçã Procedência da
Procedência de o da denúncia denúncia com
Procedência de Improcedência
parte da por falta de repercussões na
toda a denúncia da denúncia
denúncia conteúdo esfera da justiça
probatório cível e criminal
Figura – Entendimentos a serem destacados para apreciação do
comitê gestor.
É perfeitamente plausível que ao final o relatório também possa indicar
que, a partir dos fundamentos e da análise realizada, ações efetivas sejam
necessárias para resguardar os direitos patrimoniais e contratuais da entidade,
frente as agressões e ataques evidenciados.
O conteúdo do relatório neste caso também servirá ao comitê gestor e
ao setor jurídico da entidade como instrumento hábil e lícito para embasar
pedido judicial de reparação por danos patrimoniais, identificados enquanto
danos emergentes, possíveis lucros cessantes e danos morais.

EMPREENDEDORISMO E SIMULAÇÃO DE GESTÃO,


GERENCIAMENTO DE CRISES DECORRENTES DE FRAUDES E
DESCUMPRIMENTOS DE NORMAS E LEIS DE COMPLIANCE

Gerenciamento de Crises Decorrentes de Fraudes

Pode-se conceber que o gerenciamento de crises seja um conjunto de


metodologias utilizadas para a mitigação de perdas e prejuízos evidenciados
quando ocorrer o evento endógeno (interno) ou exógeno (externo) que
repercutir em rompimento de determinado processo ou ação cotidiana da
organização.
A intenção em implementar um plano para o gerenciamento de crises é
diminuir ou eliminar qualquer possibilidade de prejuízo financeiro, de cunho
patrimonial ou legal que possa se apresentar após o evento danoso
evidenciado pela entidade. A palavra crise tem como definição conflito e
tensão, e seu gerenciamento necessita ser realizado para que demais
prejuízos sejam mitigados, conforme mostrado anteriormente. Conforme a
organização ADS (2018), pode conceber um modelo importante para o
gerenciamento de crises em âmbito da ocorrência das Fraudes Corporativas.
Manual de Crise

Comitê de gerenciamento de crise

Media Training

Monitoramento

Aprendizado com as lições

Fonte: adaptado de ADS Brasil, 2018.


Figura – Elementos utilizados para o gerenciamento da Crise.

Importância do manual de crises


O desenvolvimento do manual de crises é relevante, pois, a partir do
comitê gestor, os colaboradores e os demais stakeholders podem compreender
o que é uma crise e como podem desenvolver soluções prontas e de curto
prazo, para mitigar os efeitos dela em relação às fraudes corporativas. Um
importante aspecto a ser apresentado é a possibilidade de formação de um
comitê de gerenciamento de crises, o qual será composto por diversos
colaboradores da entidade.
O comitê de gerenciamento de crises poderá envolver pessoal
administrativo, financeiro, jurídico, contábil, de comunicação e de outras áreas,
que empreenderão esforços para desenvolverem ações e tarefas, de modo a
conterem o fenômeno apresentado conforme o que fora previamente
estabelecido em manual.

Monitoramento constante e media training


O media training é uma importante técnica a ser utilizada, enquanto
elemento de segurança e transparência das ações realizadas em momento de
crise, pois é a simulação de situações de severidade e de nível crítico que
podem ser criadas anteriormente pela entidade. A partir destas simulações, é
possível treinar o comitê de gerenciamento para as mais diversas tarefas e
possibilidades de soluções, frente aos impactos experimentados.
A necessidade de monitoramento constante é essencial para
diagnosticar possíveis esquemas de fraude corporativa em tempo real e
providenciar ações instantâneas, para reduzir seus potenciais prejuízos a
serem experimentados em momento posterior. O monitoramento pode ser
realizado sobre os canais de comunicações dos colaboradores e stakeholders
e nas redes sociais.
Após passar por uma crise, sempre é importante aprender com as
lições observadas, afinal, no mundo empresarial e corporativo, é incompatível
a reincidência no erro ou na fragilidade exposta no momento onde evidenciou a
lacuna para a prática fraudatória na entidade. Faz-se necessário registrar todas
as ações e medidas antes adotadas e repassá-las enquanto aprendizado
cultural para os demais gestores da entidade, inclusive aqueles que
posteriormente comporão o comitê de gerenciamento de crises.

Empreendedorismo e Gestão de Simulação

Para a mitigação dos riscos de fraude corporativa, é essencial que haja


a prática do intraempreendedorismo e do empreendedorismo corporativo.
Podemos compreender todo o uso e implementação de esforços coletivos que,
a partir da inovação e de práticas inéditas de arcabouço em gestão, possam
contribuir para suprir uma necessidade de consumo ou ampliar a capacidade
de prestação de serviços e de produção de uma entidade.
O empreendedorismo implementado internamente
(intraempreendedorismo) e o empreendedorismo corporativo (a partir das
melhores práticas desenvolvidas entre colaboradores e stakeholders) pode
contribuir substancialmente para a redução de fraudes corporativas.
O uso da criatividade e da destreza, a partir de novos processos,
conceitualmente inovador, pode colaborar para o desenvolvimento de
ferramental mais adequado para o desenvolvimento de um gerenciamento
adequado de crise, assim como das práticas para redução da arquitetura de
fraude a ser utilizada por agentes de má-fé dentro e fora da organização.
A simulação de gestão também pode ser um importante aliado no
confronto às fraudes corporativas, pois a partir desta prática é possível
aprimorar e desenvolver habilidades de gestão em “jogos empresariais”, estes
jogos não são necessariamente lúdicos, mas interfaces de testes realizados em
situações ideais que podem dar a resposta a quais tipos de mecanismos e
ações podem ser utilizados em cada risco evidenciado.
As simulações de gestão podem utilizar softwares de inteligência
artificial para potencializar as probabilidades de ocorrências de eventos, assim
como propor soluções viáveis para a recuperação da entidade, frente a uma
circunstância em que envolva uma arquitetura fraudatória consolidada. As
simulações mais bem-sucedidas são aquelas que conseguem diminuir a lacuna
entre o desenvolvimento do modelo ideal e as situações reais encontradas em
âmbito empresarial.
As simulações, enquanto jogos empresariais podem ocorrer por
intermédio de dinâmica de grupos, compartilhando conhecimento e inteligência
sobre o problema identificado, com uso de software de inteligência artificial,
conforme anteriormente descrito, e também de aplicativos funcionais e simples,
que identificam situações do cotidiano e propõem a reflexão do interlocutor
para definição de soluções a partir do contexto apresentado.
Um destes softwares o qual pode ser utilizado para esta finalidade é o
Jogo de Empresas. O aplicativo apresenta modelos ideais de problemas os
quais podem ser avaliados pelos colaboradores e compreendidos para uma
tomada de decisão simulada.
Fonte: Jogo de Empresas, 2016.
Figura – Aplicativo de jogo para simulação de gestão.

O aplicativo apresentado, assim como outros, pode ser obtido


gratuitamente ou adquiridos por intermédio de uma empresa de tecnologia.
Algumas entidades adquirem a licença de uso, pois, a partir dela, conseguem
customizar e adequar o jogo às necessidades e problemas encontrados
cotidianamente na entidade.

Descumprimentos de Normas e Leis de Compliance

A organização pode recorrer à aprovação de um código de ética


normativo o qual demonstre todos os protocolos adotados na organização,
assim como todas as diretrizes a serem seguidas pelos colaboradores e pelos
stakeholders envolvidos com as atividades empresárias.
O código também será um instrumento de compliance, pois, a partir dele
e da conformidade demonstrada para o público envolvido, serão destacadas
situações reais de fragilidades, as quais poderão ser identificadas por ações
intempestivas dos envolvidos e potenciais sanções ou punições para a prática
do ilícito administrativo identificado.
O código e o texto normativo podem detalhar circunstâncias e
procedimentos essenciais para a manutenção de ações dotadas de
austeridade (rigor empresarial), eficiência, eficácia, consciência coletiva e
social, e comprometimento para com os objetivos da organização.
A título de exemplo, podemos propor a leitura completa do código de
ética do SEBRAE Nacional (vide final do bloco, em “Saiba mais”), que destaca
os principais princípios a serem observados por uma entidade, assim como
procedimentos a serem adotados em caso de riscos, fraudes corporativas e
delineamento de possíveis soluções. O código também aponta a aplicabilidade
de sanções para ilícitos administrativos, que podem ser observados na
constância do desenvolvimento das atividades dos colaboradores e
stakeholders.

REFERÊNCIAS

GERENCIAMENTO DE CRISES, sua empresa está preparada? ADS Brasil, 7


dez. 2018.
Disponível em: <https://adsbrasil.com.br/gerenciamento-de-crises-guia-
pratico/>. Acesso em 20 set. 2020.
JOGO DE EMPRESAS. Educity, 2016. Disponível em:
<https://jogodeempresas.com.br/>. Acesso em 20 set. 2020.

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