Informe 30
Informe 30
Em sua reunião de 19 de outubro a Congregação da Este último ponto tem importância decisiva para o
FFLCH aprovou documento encaminhado pela Direção, conjunto: sem ela a vida acadêmica perde o oxigênio que
e decidiu incorporá-lo como texto-base para a realização só pode retirar do encontro diferenciado e irrestrito, que
de uma seqüência de reuniões em várias instâncias para hoje não tem como se realizar. É, pois, um equívoco su-
examinar os problemas nele suscitados. É o seguinte o por que a área em questão (o porão da antiga biblioteca
teor do documento. de Filosofia e Ciências Sociais, um andar abaixo de área
efetivamente reservada para os centros estudantis e por
eles ocupada) venha a ser convertida em “lanchonete”
CARTA ABERTA À COMUNIDADE ACADÊMICA sem mais. A idéia é reservar esse espaço (que se projeta
sobre amplo gramado) para constituir aquela área de
A questão do uso dos espaços nos diversos prédios convivência da escola toda, da qual os serviços de ali-
da FFLCH ganhou caráter agudo ultimamente, com epi- mentação seriam meros componentes.
sódios que incluem manifestações estudantis de vários O que se opõe a isso? Há protestos veementes de
tipos. A sua importância transcende, contudo, as propos- setores estudantis, que vêem nessa proposta um atenta-
tas e reações episódicas. Está em jogo toda uma con- do às suas liberdades e, sobretudo, à sua “autonomia”
cepção da natureza da universidade pública. (pelo que entendem a capacidade de dispor de espaços
Convém expor, sumariamente, a questão pontual que próprios e deles fazerem o uso que quiserem). Um ponto
suscitou o desentendimento e os embates em curso. À da querela em curso merece especial consideração, por-
primeira vista trata-se simplesmente de saber se cabe ou que toca o cerne das questões programáticas referidas
não instalar uma lanchonete em área do prédio de Filoso- acima. Diz ele respeito ao caráter público da universida-
fia e Ciências Sociais, que vem sendo utilizada pelos res- de e, por conseqüência, dos seus espaços. Nas recen-
pectivos centros estudantis para suas atividades. Na tes manifestações estudantis transparece uma
realidade, trata-se de muito mais do que isso. Está em jogo combinação entre um peculiar entendimento do que vem
uma concepção muito precisa do que deve ser feito nesta a ser público com uma aplicação linear do princípio ma-
escola para nela construir a difícil mescla de diversidade e joritário. Isto resulta no lema, proclamado até em docu-
unidade, sem a qual ela perde vitalidade e desliza rumo à mentos escritos, de que a “a universidade é nossa”
estéril fragmentação da rotina menor. Em termos (presumivelmente porque os estudantes constituem a
programáticos, essa concepção se traduz numa seqüên- maioria na instituição). Isto é de suma importância para
cia de prioridades. Em primeiro lugar, atenção nas ativida- o debate sério do tema. Na base dessa concepção está
des-fim: ensino e pesquisa têm primazia absoluta. Em o entendimento de que público é aquilo que pertence a
segundo lugar, ênfase no uso compartilhado de espaços e todos, ou não pertence a ninguém (ou, então, pertence à
equipamentos. Em terceiro lugar, especial empenho na maioria). O critério, portanto, é de posse, ou, no limite,
criação de espaços de convivência abertos a todos que de de propriedade. A isto, contudo, cabe contrapor uma con-
alguma maneira participam da vida desta escola. cepção do caráter público de uma instituição que retoma
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a grande vertente clássica e republicana do tema, se-
gundo a qual o termo tem caráter normativo. Designa
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tão central, relativa a temas graves que dizem respeito à depois, a do real significado da “autonomia” de cada cate-
universidade como um todo. A questão da forma de uso goria, com referência especial àquela que mais a invoca,
de espaços reservados a categorias específicas dentro a dos estudantes – e, no caso destes, se essa autonomia
da universidade, em especial no caso dos estudantes – pode ser alcançada sem auto-financiamento das suas ati-
de longe a categoria mais beneficiada pela ocupação, vidades; finalmente, e como decorrência direta da ques-
regulamentada ou por mero costume, de áreas privativas tão anterior, deve ser examinada a fundo a relação que
– deve ser objeto de exame aprofundado e debate sério. historicamente se estabeleceu em muitas senão todas as
Isto envolve uma pauta de debates para o período próxi- unidades da USP, entre a ocupação de espaços por gru-
mo, sempre com referência ao tema fundamental, das re- pos estudantis e modalidades de busca de financiamento
lações entre as diversas categorias da comunidade para suas atividades. Se essa tarefa fundamental de refle-
acadêmica em busca da construção de um novo pacto de xão crítica não for enfrentada com urgência, o alarido, as
convivência. Primeiro, a questão do uso, por todas as ca- ameaças e as condutas agressivas prevalecerão sobre o
tegorias, do espaço nas unidades de ensino e pesquisa; argumento racional em nome da universidade.
ARTIGO
Basta prestarmos atenção nos discursos para verifi- advento do cristianismo, a moralidade religiosa vai ficando
carmos que já se tornou lugar comum a expressão “falta cada vez mais atrelada às instituições laicas, às
de ética” para designar uma multiplicidade de comporta- corporações e às organizações políticas, até que a neces-
mentos e de atitudes que, supostamente, estariam ferin- sidade de autonomia da vida política estabeleça uma rup-
do alguma ética, sem que se explicite também qual. tura ou pelo menos delimite muito bem os campos da
Se entre os gregos e romanos a ética designava uma moralidade religiosa que não pode se confundir com aquela
disciplina que tratava da disposição de caráter que devia que deve acompanhar a vida política nas sociedades mo-
ser moldado dentro de uma certa tradição de costumes e de dernas. Nestas, impõe-se, por exemplo, a convivência entre
leis escritas ou não ou, então, um conjunto de normas e leis religiões diferentes no mesmo espaço político, no qual a
segundo as quais os indivíduos deveriam se pautar, o mal- tolerância passa a ser a regra dos comportamentos de
estar atual, à primeira vista, parece indicar que a chamada adeptos de religiões diferentes, sob pena de desagrega-
“falta de ética” é apenas a prática sistemática do não-cum- ção das condições elementares da boa convivência.
primento das regras que norteiam a vida em sociedade. No plano das corporações ou, mais recentemente,
Se pensarmos nas grandes religiões, com seus sis- das associações profissionais, com a delimitação de
temas de moral, não é muito difícil, por exemplo, para seus campos cada vez mais específicos, surge a ne-
um cristão, para um judeu ou para um muçulmano, iden- cessidade de criação de normas que possam moldar o
tificar quando o seu comportamento se torna incompatí- caráter dos profissionais, cujo comportamento terá uma
vel com a religião da qual é adepto. A falta de ética, nesses pauta muito especial, de acordo com as exigências de
casos, é agir fora dos padrões morais que se apresen- cada profissão.
tam nos textos sagrados ou então que a tradição forjou A grande dificuldade é a construção de normas que
por intermédio e com base neles. Nesses casos, a dispo- regulem o comportamento dos cidadãos, em geral adep-
sição de caráter do cristão, do judeu ou do muçulmano é tos de religiões diferentes e inseridos em profissões e
cunhada dentro de uma prática educacional que tem como atividades distintas. Demos exemplos das religiões tradi-
propósito a transmissão do legado de uma forte tradição cionais, e das associações profissionais, mas podería-
que precisa a cada momento fortalecer-se e, quando mui- mos acrescentar aí muitas outras religiões, organizações
to, adaptar-se aos tempos sem perder as raízes. e agrupamentos sociais com fins específicos.
Com o fortalecimento das religiões, sobretudo após o Como visualizar a possibilidade de que indivíduos de
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uma determinada sociedade pluralista, possam ter uma dis- particulares, que estão pautando a vida de todos. Por
posição de caráter moldado por um conjunto de normas e isso mesmo, a expressão “ética na política” só pode indi-
leis claramente expostas e compreendidas por todos sem car um comportamento condizente com as regras do jogo
que haja muitas ambigüidades, de tal modo que todos este- político. E entendemos por jogo político não somente o
jam cientes das regras do jogo? Se isso for possível, então exercício da atividade política por supostamente “profis-
estaremos em condições de estabelecer também com mui- sionais do ramo”, os políticos, mas por todos os cida-
ta clareza o que é um comportamento “antiético”. dãos, os quais, numa vida política normal, assumem
Essa questão diz respeito à construção mesmo da co- cargos políticos eventualmente, sem que isso venha a
munidade política e da figura do cidadão. A freqüência da transformar-se numa profissão. Aliás, desde quando o
ocorrência da expressão “falta de ética” indica certamente exercício de algum cargo político se transformou em pro-
uma ausência de clareza a respeito do seu significado para fissão? Se assim fosse, bastaria fazer um código de éti-
além daqueles que indicamos acima, isto é, do universo re- ca para os “políticos profissionais”, para que houvesse
ligioso ou das demais atividades de grupo nas quais os indi- “ética na política”. As comissões de ética do nosso Con-
víduos se sentem mais confortáveis para identificarem o gresso são uma tentativa para isso, num reconhecimen-
conjunto de regras que devem nortear os comportamentos. to, ou melhor, num auto-reconhecimento de que ali se
O julgamento das práticas consideradas “sem ética” exerce uma profissão. A política só se tornou “profissão”
advém exatamente das inserções religiosas ou de grupos, por uma aberração do sistema representativo.
e, frequentemente, assume um tom moralista muito forte, O mal-estar revelado pela tão repetida expressão “fal-
como se as regras quebradas fossem muito claras, tal como ta de ética” é um sintoma da falta de regras claras que
nas grandes religiões. O que queremos dizer é que, com a regulamentem a vida política e todas as instituições ne-
vida política e a cidadania em construção, faltam regras cessárias para o seu bom funcionamento. Sem o fortale-
claras do jogo. As instituições políticas extremamente frá- cimento dessas instituições, sem uma vida política intensa
geis permitem práticas totalmente fora de controle ou en- que envolva os cidadãos na construção de projetos co-
tão pautadas por outras regras que não as da política, não muns viáveis, sem o fim da chamada categoria dos “pro-
públicas, mas típicas de indivíduos inseridos no espaço fissionais da política”, a “falta de ética na política”, por
público pelo viés de sua particularidade e presos a ele. exemplo, ou simplesmente a “falta de ética” será tão
Quando as regras do jogo da vida política não são polissêmica quando vazia de sentido ou então mera ex-
claras, “o que se quebra” resvala sempre para instâncias pressão de um moralismo exacerbado.
HOMENAGEM
No último dia 28 de setembro, a Diretoria e a Congregação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
realizaram uma homenagem ao professor FLÁVIO WOLF DE AGUIAR, por oca-
sião de sua aposentadoria.
Flávio, professor de Literatura Brasileira do Departamento de Letras
Clássicas e Vernáculas, optou por se aposentar da Universidade para se
dedicar a outros trabalhos e projetos. Colaborador da Agência Carta Maior
desde 2003, ele agora vai assumir o cargo de editor-chefe da mesma.
Como colaborador, ele escreve artigos e realiza coberturas televisivas, como
as dos Fóruns Sociais Mundiais. Agora, pretende se dedicar mais ao jorna-
lismo, como uma maneira de acompanhar mais de perto as mudanças po-
líticas e sociais pelas quais o mundo vem passando desde as últimas décadas. Prof. Dr. Gabriel Cohn
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Além disso, o professor possui alguns projetos literários, o A sessão foi encerrada pelo diretor, que refletiu so-
que inclui a criação de livros de ficção, de crônica e de bre a experiência do homenageado, tendo em vista as
crítica. diversas atuações de Flávio. “O que está em jogo aqui é
A abertura do evento foi feita pelo diretor da o exercício de uma experiência continuada. Hoje se fe-
FFLCH, professor Gabriel Cohn. Já a vice-diretora, pro- cha um ciclo, mas abre-se outro, para o qual ele retoma,
fessora Sandra Margarida Nitrini, conduziu a mesa, de maneira enriquecida, tudo o que foi acumulado nas
composta pelo pró-reitor de Cultura e Extensão e ex- suas múltiplas atividades, tudo o que foi acumulado nes-
diretor da Faculdade, professor Sedi Hirano; pela pro- sa experiência, que significa reflexão e intervenção, para
fessora Zilda Márcia Grícoli, do Departamento de projetá-la num novo horizonte. Que seja muito bela a sua
História; pelo professor Flávio Wolf de Aguiar, pela fun- experiência”, finalizou.
cionária Marlene Petros Angelides e pelo assistente
acadêmico José Clóvis de Medeiros Lima.
Inicialmente, o professor Sedi explicou o motivo de
sua presença. “Estou aqui não apenas na condição for-
mal de pró-reitor e de representante da Reitora, mas tam-
bém na condição de amigo pessoal do Flávio e de sua
família”, afirmou. O Pró-reitor relembrou a atuação de
Flávio na presidência da Associação dos Docentes da
USP (Adusp) entre os anos de 1989 e 1991. “Nessa épo-
ca, eu era secretário executivo do Cruesp (Conselho dos
Reitores das Universidades Estaduais Paulistas). Flávio
Sandra, e Flávio
participou da elaboração e da assinatura de um docu-
mento histórico, que definia uma data-base para as dis-
cussões salariais na USP, Unicamp e Unesp”, explicou. DISCURSO DA PROFESSORA SANDRA MARGARIDA NITRINI
Sedi também ressaltou a cordialidade do colega e ami-
go. “Ele não misturava a diplomacia com o grande espí- Tenho o prazer de participar desta sessão de home-
rito de luta em defesa dos funcionários, dos professores nagem ao nosso colega, Flávio Wolf de Aguiar, profes-
e da própria Universidade de São Paulo”. sor de Literatura Brasileira desta Faculdade, desde 1973.
A professora Sandra, por sua vez, fez uma breve Deixa-nos para se dedicar a outros projetos profissionais.
apresentação do homenageado, destacando o seu Durante 33 anos, Flávio viveu intensamente a vida
engajamento institucional e a sua militância política. Já a universitária: participou com empenho de órgãos
professora Zilda leu o texto Entre os pampas, a selva de colegiados, de assembléias, de plenárias; engajou-se em
pedras, os Céus e o espáco cibernético: as múltiplas todas as lutas em defesa da qualidade do ensino públi-
territorialidades de Flávio Aguiar”, escrito por ela. Nele, a co; esteve presente em fóruns de discussões sobre o cur-
professora fala sobre a atuação do homenageado em rículo de Letras, convocados por órgãos colegiados, ou
diversas frentes (literatura, teatro, jornalismo, educação, pela comissão Interdepartamental de Letras, ou por enti-
etc), “com o intuito claro de desvendar os mundos e dia- dades estudantis. Esteve presente em muitos outros
logar com todas as possibilidades da produção cultural”. fóruns sobre assuntos importantes que diziam respeito
O homenageado discursou de uma maneira inusita- não só ao nosso espaço universitário mas a questões
da: leu uma carta dirigida ao professor Gabriel e a todos pungentes que afetavam a sociedade. Tenho em mente
os presentes na ocasião, relembrando momentos signifi- o perfil do Flávio, como defensor firme de suas idéias,
cativos de sua trajetória na USP e justificando as opções aberto ao diálogo e mesmo à conciliação, quando se im-
feitas ao longo de sua vida. punha interesse coletivo. Nas discussões acaloradas,
Por fim, a funcionária Marlene Petros, do centro Angel sempre atuou com equilíbrio e elegância. Flávio foi ainda
Rama, entregou ao professor uma placa de homenagem um militante da Adusp, tendo sido seu presidente na
e agradeceu a oportunidade de ter trabalhado com ele década de noventa.
durante oito anos. “Convivi, nesses oito anos, com muita Esta vertente de engajamento institucional e de
compreensão, solidariedade, respeito profissional e huma- militância política desde os tempos da ditadura, quando
no, reconhecimento e o aconselhamento diário”, afirmou. ainda estudante e jovem professor, constitui um aspecto
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diferencial do Flávio. Ele é também um excelente profes- que serão muitos os convites. Parabéns, Flávio. Que suas
sor, pesquisador e formador de mestres e doutores. Diga- realizações daqui para a frente sejam tão bem sucedi-
se de passagem, professor querido dos alunos, dos das quanto a sua atuação entre nós. Transmito-lhe o
funcionários e dos colegas. abraço da Congregação.
Sua produção intelectual no âmbito dos estudos
alencarianos, do teatro do século XIX, da dramaturg ia
e da literatura brasileiras, em geral, é extensa e ampla-
mente reconhecida nos meios acadêmicos. Não é o caso
de se enumerarem aqui seus artigos, ensaios, capítulos
de livros , livros de autoria própria, livros organizados in-
dividualmente ou em co-autoria, mas convém lembrar
que ele foi agraciado com o prêmio Jabuti, por duas ve-
zes: em 1984, na Categoria Ensaio Literário (O verso e o
reverso de José de Alencar) e em 2000 na Categoria
romance (Anita).
Além de romance, escreveu poesia. Cito Colar de vi- Flávio, Zilda e Marlene
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Flávio abre sempre muitas frentes, com o intuito cla- na categoria Ensaio Literário, com A Comedia Nacional e
ro de desvendar os mundos e dialogar com todas as pos- o Teatro de José de Alencar; em 2000, ganhou o mesmo
sibilidades da produção cultural. Daí a formação prêmio na categoria Romance com Anita. Trabalhou na
diversificada: literatura, teatro, jornalismo, educação. Essa TV USP e nos iniciou no sistema Web.
plêiade de linguagens e aportes teóricos completa-se com Filhas, mulheres, netas, colegas, amigas são muitas as
o ser político. Homem da polis, sabe respeitar as diver- mulheres na vida deste gaúcho nada machista, que
gências e alterar posições numa coerência exemplar. rememora sempre momentos muito especiais desta trajetó-
Com companheiros e adversários, a doçura da ria intensa. Desde o pedido para abotoar a camisa em uma
discordância não se interpõe às gentilezas, e ao respeito assembléia na FFLCH, até as ausências nos chopinhos para
humano traço decisivo de seu modo de ser, mas não lhe cuidar da neta que lhe diz: Vovô! Você é lindo!!!
tira a firmeza, a defesa veemente de valores e idéias, É fundamental rememorar o Flávio lutando para com-
estas prenhes de democracia, pois sabe negociar e re- por equipes de teatro nos CEUs criados na gestão Marta
conhecer quando o outro têm proposta mais adequada. Suplicy. A alegria de poder colaborar com essa atividade
Como professor, estimula os estudantes a desbrava- tão importante no desenvolvimento cultural das crianças,
rem veredas muitas vezes espinhosas, mas férteis no o empenho em combinar expressões locais e ampliar o
desenvolvimento de novos caminhos da teoria e da críti- repertório dos jovens e, especialmente, a certeza de po-
ca literária. Como orientador dezenas de mestres e dou- der estender todo o acúmulo de experiências na área
tores atestam a generosidade, a amizade e o estímulo à teatral aos muitos sujeitos da periferia da cidade eram
todos os que com ele puderam partilhar da viagem inte- visíveis no olhar deste colega. E a tristeza pelo encer-
lectual que o trabalho de orientação permite. ramento do projeto num prazo tão curto, provocou dores
Flávio foi muito além. Dedicou anos de sua vida em profundas neste homem, quase sempre alegre e otimista.
defesa das universidades públicas brasileiras, tão Também merece destaque o frescor do seu pensa-
ameaçadas por sistema empresarial de ensino, cujos mento e a juventude que o acompanha. Vê-lo como re-
objetivos são a exploração e o lucro. Esteve no processo pórter, cinegrafista, articulista e editor na cobertura dos
de formação da ADUSP e do ANDES, organizações que Fóruns Sociais Mundiais foi muito bom. De novo, um
puderam contar com seu empenho, em longos anos de menino descobrindo novos mundos, ampliando as fron-
dedicação. Naquela oportunidade foi membro de conse- teiras, refazendo territorialidades simbólicas.
lhos, negociou verbas para os serviços públicos em nível Flávio afasta-se neste momento do nosso cotidiano.
estadual e nacional, integrou as lutas pela educação em Segue o caminho que se tornou mais profundo em sua
fóruns internacionais e, deste modo, manteve-se atuante vida profissional. Ganha Carta Maior, perdemos nós! En-
de modo crítico nos vários momentos em que as articula- tretanto, antes de encerrar essa breve saudação quero
ções imperialistas agiram com maior violência contra o país. dizer a ti meu amigo, emprestando palavras de Mia Couto
Na USP, esteve presente nas resistências durante o no Ultimo vôo do Flamingo, pela boca de Ana Deusqueira:
período militar de modo ativo e intransigente, juntamente
a muitos de seus colegas e professores. Trabalhou pela Aprenda isso meu amigo. Sabe por que gostei de si? Foi quando
democratização e apresentou, como resultados de inú- lhe vi atravessar a estrada, o modo como andava. Um homem se
meros debates e congressos, proposta de reforma do pode medir pelo jeito como anda. Você caminhava timiudinho,
estatuto que poderia superar o autoritarismo imposto à faz conta um menino que sempre se dirige para a lição. Foi isso
instituição pelo regime militar. Perdeu. Perdemos todos que apreciei. O senhor é um homem bom!
e a Universidade encaminhou-se para uma via tecnocrá- Eu vi desde desde. ... Lá de onde o senhor vem também há os
tica hoje praticamente dominante. bons. Isto me basta para eu ter esperança. Unzinho que seja me
Fez sua carreira acadêmica em nossa escola e pós- basta. Ao vê-lo, logo no primeiro dia eu disse para mim: este vai
doutorado em Montreal, no Canadá. Na FFLCH, partici- salvar-se. Porque aqui você precisa calar sua sabedoria para
pou e participa em esferas de discussões e de decisões, sobreviver. Conhece a diferença entre o sábio branco e o sábio
tais como conselhos, comissões, congregações. Escre- preto? A sabedoria do branco mede-se pela pressa com que res-
veu artigos, organizou livros, elaborou resenhas, escre- ponde. Entre nós, o mais sábio é aquele que mais demora a res-
veu poesias e romance. Em 1984, ganhou o Prêmio Jabuti ponder. Alguns são tão sábios que nunca respondem.
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ousadia de se rebelarem contra ela. Outros com o exílio,
ou com a perda de meios de subsistência e direitos. To-
dos pagamos com a perda, durante pouco mais de duas
décadas, de muito de nossa alegria de viver, cicatriz que
até hoje empana nossos melhores sorrisos e nossas mais
sonoras gargalhadas.
Mas muitos sobrevivemos, e continuamos fiéis aos
princípios que animaram nossas aspirações e nossas
lutas. Já maduros, assistimos a derrocada da ditadura, o
restabelecimento da democracia, ainda que com as limi-
tações emanadas pela injustiça estrutural da nossa soci-
CARTA DO PROFESSOR FLÁVIO WOLF DE AGUIAR edade, uma das mais iníquas do mundo.
Agora, ao adentrarmos o terceiro milênio da era cris-
Ao Ilmo. Sr. Prof. Dr. Gabriel Cohn tã, compartilhamos as perplexidades com as gerações
Diretor da Faculdade de Filosofia, mais antigas e as mais novas. O mundo mudou, não como
Letras e Ciências Humanas da queríamos, nem sempre para melhor. Mas podemos di-
Universidade de São Paulo. zer que para nós e pelo menos para o consenso geral, a
Aos 28 de setembro de 2006 liberdade tornou-se um valor necessário, e as desigual-
dades extremas, embora continuem existindo, tornaram-
Meu querido amigo e, por teu intermédio, minhas se insuportáveis para uma consciência que se queira
queridas amigas e meus queridos amigos. informada, ilustrada, coerente e consistente do ponto de
Escolhi dirigir-te esta carta, escrita com antecedência, vista ético, para além da hipocrisia auto-complacente:
por duas razões. A primeira foi a tentativa de garantir, pela quando éramos muito jovens, não era assim. Lembro-
leitura, que a emoção não me embargue a voz. A segunda me do tempo em que a pobreza e a miséria eram ditas
foi a de proporcionar, regimentalmente, que as minhas pa- “da vontade de Deus”, enquanto a liberdade era vista
lavras sejam registradas na ata da sessão regular da Con- como um excesso no caso de povos pobres. É verdade
gregação que se seguirá a esta homenagem que tua que hoje o Deus mercado justifica para muitos as injusti-
generosidade e a dos demais tornaram possível. ças e a compressão de direitos basilares da civilização
Este é o momento culminante de minha vida de pro- para esmagadoras e esmagadas maiorias em muitos
fessor e de minha carreira na Universidade de São Pau- países, inclusive nos centrais do capitalismo. Mas os que
lo. Nada se iguala a este reconhecimento por parte de nos erguemos contra essas injustiças não somos mais
meus pares, e aqui eu incluo os estudantes e os funcio- uma minoria derrotada, como ficamos nos momentos
nários, ao lado de meus colegas docentes. mais sinistros da ditadura passada.
Além de uma homenagem pessoal, que me comove, Ao longo de minha passagem por esta Congregação
vejo aí também uma saudação aos valores democráti- nestes anos todos, a partir de 1974, aprendi com meus
cos que acabaram sendo os de minha geração e que colegas a fazer da democracia um valor permanente. Não
aprendi a cultivar e ampliar conceitualmente e na prática uso a expressão “universal” porque ela ficou reservada
no convívio, nestes 37 anos, com meus e minhas cole- para o elogio de uma das formas da democracia, a libe-
gas aqui nesta Faculdade que se fez a minha Casa, con- ral e de inspiração burguesa que, sem dúvida faz parte
tando o tempo de estudante, e há 32 nesta Congregação da experiência democrática, mas que não é a única. Digo
que foi nosso gabinete comum de trabalho e dedicação. “permanente” porque para muitos de nós a democracia
Não tomo geração no sentido genérico de vivência era vista como uma passagem, de uso tático contra os
num período histórico expresso numericamente. opressores daquele momento, mas assim que nos livrás-
Éramos jovens estudantes e/ou jovens professores semos deles poderíamos suspender, ainda que momen-
em 1964 e 1968, muitas vezes ambas as coisas. Vimos taneamente, as liberdades democráticas, porque nossos
o futuro ser roubado a todo um povo pela ditadura mais valores seriam universais.
infame que se abateu sobre a vida brasileira, porque aca- Nossa Congregação, nossa Faculdade, estão longe
lentada e acolhida por muitos que se diziam e ainda hoje de serem plenamente democráticas. Podemos e deve-
se dizem liberais. Muitos de nós pagaram com a vida a mos procurar aperfeiçoa-las. Sabemos, por exemplo, que
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aqui a representação de funcionários e estudantes está para novas vivências e investigações.
subdimensionada, podendo haver discordâncias quanto Isto não quer dizer que devamos cair na armadilha da
ao número adequado, o mesmo acontecendo em relação auto-contemplação e da fixação num passado que deve
às categorias docentes. Mas ao longo desses trinta e tan- ser visto sim, com reverência e respeito, mas sem impedir
tos anos de história pude ver esta Congregação cons- que nos aprestemos para os novos desafios do futuro.
truir, em que pesem as limitações, e pelo esforço comum, É significativo que as Secretarias de Direitos Huma-
a sua legitimidade, justamente aquilo que fora roubado nos, a Federal e a Estadual, num belo movimento supra-
de toda a nossa vida legal pela imposição da ditadura de partidário em tempo de eleição, tenham comparecido ao
1964 e por uma reforma universitária feita nos marcos do prédio da Maria Antônia para a cerimônia que inaugurou
autoritarismo que, se modernizou instituições, recusou- oficialmente a coleta de material visando a constituição
se a instituir ou simplesmente cerceou a representativi- de um banco de dados genéticos de familiares de desa-
dade em seu interior. parecidos políticos. Este mesmo fato deve nos impulsio-
Hoje, podemos dizer com tranqüilidade que a nossa nar para aceitarmos os desafios do presente e do futuro,
Congregação se legitimou, na prática, como o órgão so- que são os de intensificar nos espaços das universida-
berano de nossa Faculdade, e que assim deve continuar des públicas a atualização dos valores que nos anima-
sendo, para que não destruamos o sentido de nossa pró- ram buscando melhores políticas de extensão, intensificar
pria história. E o que possibilitou essa conquista, que é a indissociabilidade entre ela, o ensino e a pesquisa, e a
de toda a Faculdade, foi a qualidade dos debates aqui participação mais ousada na discussão de políticas pú-
dentro, que foram se ampliando, se fizeram significativos blicas em relação à produção, apropriação e dissemina-
quanto àquilo que é a matéria mesmo de nossa Faculda- ção do conhecimento e do saber.
de e da Universidade, que é a formulação de um pensa- Vivi vários momentos memoráveis nesta Congrega-
mento crítico, rigoroso e ao mesmo tempo generoso ção. Na construção da sua legitimidade, houve um mar-
quanto à democratização do saber. co zero de iniciação. Rememorando-o quero homenagear
A ideologia da sacralização do Mercado como pana- todos os outros. Refiro-me ao momento, no hoje longín-
céia universal veio acompanhada, nas últimas décadas, quo ano de 1975, em que se espalhou por esta universi-
por um olhar que vê nas instituições universitárias meras dade a notícia da morte de nosso colega Vladimir Herzog,
prestadoras de serviço. Isto as induziu à busca desenfre- professor da ECA. No dia seguinte ao de sua morte está-
ada dos superávits de produtividade, e do crescimento vamos reunidos aqui mesmo nesta sala, com a presi-
do seu Produto Interno Bruto, sem discussão dos aspec- dência do prof. Eurípides Simões de Paula. Vínhamos
tos qualitativos desse crescimento. Essa tendência arris- de recentes acontecimentos traumáticos: tentativas de
ca fazer nosso Produto cada vez mais Interno, voltado expulsão de professores, mas felizmente com as primei-
apenas para as estatísticas competitivas, e cada vez mais ras reações por parte de colegas da Casa, e a literal de-
Bruto, apesar da aparente sofisticação. posição de nosso diretor, prof. Eduardo de Oliveira
Felizmente tais tendências não encontraram acolhida França, pelo Secretário de Segurança Pública do Esta-
fácil em nossa Faculdade e ela, certamente ao lado de do, Erasmo Dias, porque, entre outras razões, ele permi-
outras instituições, como a nossa valorosa Adusp, conti- tira a presença do prof. cassado Ângelo Ricci numa banca.
nuou sendo um foco de pensamento voltado para outra O prof. Ricci de quem, aliás, tive a honra de ser aluno no
universidade possível. A presença do debate de alternati- Rio Grande do Sul, fora aposentado compulsoriamente
vas (que hoje deveria ser intensificado) em nossa Congre- por recusar a colaboração com a ditadura enquanto era
gação deu a ele indispensável foro institucional, contribuindo diretor da Faculdade de Filosofia da UFGRS.
de modo decisivo para que nossa Faculdade não renegas- Em meio à Congregação, uma multidão de alunos e
se sua tradição ilustrada e de pensamento radical (como professores invadiu a sala, exigindo que nos pronunci-
diz Millor Fernandes, “livre pensar é só pensar”). Essa tra- ássemos sobre o assassinato do professor Herzog. À fren-
dição, que é sua razão histórica de ser, abre-a para as cons- te vinha a profa. Maria Isaura Pereira de Queiroz.
telações totalizantes (e não totalitárias) desse pensamento Seguiu-se um diálogo veemente entre ela e o prof.
e para o medir-se com as vicissitudes históricas que a emol- Eurípides, que dizia não querer colocar em risco a so-
duram, nem sempre favoráveis, mas sempre instigantes brevivência da Congregação e da Faculdade. Ao final,
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INFORME Número 30 – outubro/2006
concertou-se que haveria pronunciamentos de quem O primeiro é o Padre Valter Seidl, meu professor no
quisesse se manifestar sobre o caso, e que o teor de tais Colégio Anchieta, em Porto Alegre. Tivemos a honra de
manifestações seria levado ao Conselho Universitário, o sermos expulsos ambos, eu como aluno e ele como pro-
que de fato acabou acontecendo. Foi com estas peque- fessor, pelo nosso esquerdismo contestador, ao fim do
nas frestas de liberdade, num momento de arbítrio e re- ano de 1963. O Padre Valter veio para o ABC, sediando-
pressão, que o espírito da busca da legitimidade se na paróquia do Carmo. Por isso, tornou-se o capelão
enraizou-se e floresceu nesta Congregação, para dela, do Sindicato dos Metalúrgicos então de São Bernardo,
espero, nunca mais sair. hoje do ABC, podendo acompanhar acontecimentos ex-
Antes de encerrar quero eu mesmo fazer algumas traordinários que mudaram a história do Brasil, e deles
homenagens. Considero-me afortunado, pois tive mes- participar, trazendo-lhes inclusive a bênção do Cristo
tres e colegas extraordinários. Não poderei mencionar libertário que era o seu.
todos. Cada nome que eu disser, representa toda uma A segunda é a professora Gladys Colburn, da
coleção de nomes cuja contribuição para minha vida foi Burlington High School em Vermont, nos Estados Uni-
extraordinária. Assinalo aqui a presença da Iole, que me dos, cujas aulas de literatura inglesa, em 1964 e 1965
acompanhou durante tantos anos neste tempo de USP. me convenceram que meu destino era o das Letras, e
Também meu irmão Rogério aqui está, vindo especi- não o da Medicina, como eu pensava. Acho inclusive que
almente de Porto Alegre para esta solenidade. Agradeço nós deveríamos aprovar uma moção de louvor a ela, pela
as palavras generosas dos membros da mesa, professo- quantidade de vidas que salvou ao impedir que eu me
res e meus amigos Sedi Hirano (que está aqui em seu tornasse médico.
nome e em nome da sra. Reitora, Profa. Suely Vilela), Por último, registro que recebi de meus colegas mais
Gabriel Cohn, Sandra Nitrini, Zilda Yokoi, à Marlene Petros próximos a carinhosa reprimenda de que me aposento sem
Angelides, que representa os funcionários, ao José Cló- ter feito sequer a livre-docência. Aceito-a, mas se não peço
vis, Secretário Acadêmico e por intermédio deles agrade- concordância, demando solidariedade. Apenas para regis-
ço a generosidade de todos os membros da Congregação tro menciono que no momento adequado para a livre-
que me propiciou este belo momento em minha vida. docência, escrevi um romance, com 5 anos de pesquisa e
Agradeço ainda a presença do meu querido amigo Prof. 2 de escritura. Aquele gesto prenunciava já o gesto pre-
Boris Schnaiderman, nele saudando a todos os presentes. sente, que me traz aqui, de construção de projetos, sem-
Como amigo e mestre para mim em conjugar vida acadêmi- pre em torno da palavra, que, se permanecem inspirados
ca e militância política, lembro o professor Antonio Candido. nos valores desta Casa, nela já não se contém.
Menciono também a profa. Walnice Nogueira Galvão, Um dos livros fundamentais de minha formação foi
minha orientadora ontem, hoje e sempre. Dentro os que Narciso e Goldmund, de Hermann Hesse. A história se
foram meus mestres e depois tornaram-se meus amigos, passa na Idade Média. Narciso e Golmund vivem num con-
lembro o prof. João Alexandre Barbosa, recentemente vento, onde o primeiro é o mestre e o segundo o discípulo.
falecido. Faço também menção a meus colegas de Lite- Entre eles desenvolve-se uma amizade imorredoura. Mas
ratura Brasileira, entre eles José Aderaldo Castello, são muito diferentes. Narciso, que é filósofo,permanece
Alfredo Bosi, o pessoal do Beco do Theatro, herança que no convento; Goldmund, que é escultor, aventura-se pelo
temos do querido Prof. Décio de Almeida Prado. Lembro espaço e pelo tempo, testemunhando o fim de um univer-
o pessoal do Centro Ángel Rama, em cuja secretária so de valores que antes eram julgados eternos, e o nasci-
Marlene Petros Angelides homenageio todos os funcio- mento de outro, cujos contornos são indefinidos. Traz para
nários desta Casa. o mestre notícias desses fatos extraordinários, tanto em
Quanto aos que foram meus colegas de formação e suas narrativas como nas cicatrizes de amor e ódio que
depois de docência, homenageio todas e todos lembrando povoam seu corpo, ao fim de cada viagem.
aquele que, para mim, foi e permanece o exemplo que eu Não estou ironizando nem criticando meus colegas.
procuro seguir, o querido prof. João Luís Machado Lafetá. Narciso não é narcisista. Pelo contrário, quem busca se re-
Dentre os mestres que tive antes de vir para a uni- conhecer na imagem que os outros (sobretudo as outras...)
versidade, como estudante, quero lembrar dois em lhe devolvem é Goldmund. Narciso é apaixonado pela cla-
nome de todos. reza do pensamento, em que vê um espelho onde se en-
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
contram as aspirações da criatura e os desígnios implanta- diretor de nossa Casa. Essa maturidade impõe a busca da
dos pelo Criador na sua Criação rebelde. Narciso aspira por- lucidez para reconhecermos qual a natureza das pulsões
tanto à percepção do ser e da totalidade. Goldmund se que movem nossos caminhos e definem nossos valores
entrega de todo à precariedade da história, mergulhando na e trajetórias. E hoje,com serenidade, reconheço que mi-
vertigem sôfrega das passagens pelo tempo. nha admiração fica com Narciso, mas meu destino é o
Meu querido amigo Gabriel, minhas amigas, meus ami- de Goldmund.
gos. A chegada à maturidade impõe prudência, mas inclu-
sive a prudência de não nos furtarmos às ousadias Muito obrigado.
necessárias, como a tua de merecidamente se tornar o PROF. FLÁVIO WOLF DE AGUIAR
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INFORME Número 30 – outubro/2006
ENTREVISTA
Aline Vicente Miguel: Primeiramente, gostaria que o de 1976, mas ela começou a ser organizada no final de 1975,
senhor me falasse um pouco sobre os pontos mais logo após a morte do professor e jornalista Vladimir Herzog.
marcantes de sua carreira. Eu fui um dos fundadores, participei desde o começo da
Adusp. O grupo do qual eu fazia parte ganhou a eleição
Flávio Wolf de Aguiar: O primeiro ponto marcante da mi- para a diretoria em 1987, aí eu fui vice-presidente. Entre
nha carreira universitária se deu ainda na Universidade 1989 e 1991 fui eleito presidente da Associação.
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Logo quando Como presidente, eu contribuí para deixar duas marcas
entrei no curso de Letras, na Faculdade de Filosofia, em muito grandes. A primeira foi transformá-la em uma se-
1966, fui convidado para integrar um grupo de Teoria Lite- ção sindical do Sindicato Nacional dos Docentes (AN-
rária. Realizamos uma grande atualização da bibliografia DES). Ela pôde manter a sua autonomia, mas ganhou o
do romance no Brasil. Traduzimos vários livros importan- corpo de representação sindical. A segunda foi a assina-
tíssimos. Eu, por exemplo, traduzi O tempo e o Romance, tura de um acordo entre as três reitorias (USP, Unicamp
de um professor da Universidade de Jerusalém chamado e Unesp) e o chamado Fórum das Seis (composto pelas
Adam Abraham Mendilow, que é um clássico da teoria lite- associações de docentes e de funcionários das três uni-
rária com respeito ao discurso sobre o tempo. versidades), que definia uma data-base e um fórum para
Já como estudante de pós-graduação da USP, participei as reivindicações salariais e para as discussões sobre
de um outro grupo, juntamente com a Lígia Chiapinni e as condições de trabalho. O fórum se constituiu numa
com o José Miguel Wisnik. Participamos intensamente, reunião entre o Cruesp (Conselho dos Reitores da Uni-
além da luta contra a ditadura, de um longo debate sobre versidades Estaduais Paulistas) e o Fórum das Seis.
o destino da FFLCH. Porque a Faculdade de Filosofia Havia uma pressão para que cada universidade fizesse
que conhecemos hoje é um fragmento do que era: abran- suas discussões salariais isoladamente, o que enfraque-
gia física, matemática, química e assim por diante. Com ceria o movimento. Devo dizer que o reitor da USP en-
a reforma em 1970, a Faculdade foi reduzida a essa área tão, o prof. Lobo, e o secretário do Cruesp, prof. Sedi,
de algumas humanidades. Foi aí que ela virou a Facul- compreenderam a situação e ajudaram na decisão. Mais
dade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Antiga- uma vez, prevaleceu a integração.
mente, era Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. E Também participei da criação do Centro Angel Rama, um
então colocou-se, de várias maneiras, um debate muito centro interdepartamental da FFLCH voltado não ape-
intenso sobre o destino dessa Faculdade, se ela deveria nas para a América Latina, mas também para conceber o
ser desmembrada ou não. E era um debate recorrente. Brasil como parte da América Latina. Isso foi em 1985, sob
Houve um grupo forte que queria criar um instituto de a inspiração do pensamento do professor Antonio Candido
Letras. E nós sempre nos opusemos a isso. A nossa ge- e do professor Angel Rama, que já morreu infelizmente.
ração sentia essa vocação da Faculdade para uma visão Ele ministrou um curso aqui na USP e sempre teve um
mais integrada do conhecimento, ao invés da visão mais ideal de buscar uma integração da América Latina.
separada ou funcional, que foi a visão da reforma de 1970. Entre os anos de 1998 e 2000, atuei como apresentador
Esses debates foram muito importantes, porque se agi- do programa Olhar da USP, da TV USP, um noticiário
tavam em torno da concepção, da produção, do estilo e comentado. Durante esse período, fiz entrevistas notá-
da formatação do conhecimento. Por isso, acho até que veis, com pessoas que possuem verdadeiras histórias
o debate foi mais importante do que as respostas. de vida para contar. Entre elas, uma com o professor
Um outro aspecto muito importante, em que também esta- Antonio Candido e outra com o professor Aziz Ab’Saber.
vam presentes esse grupo e essas idéias de uma forma Outro ponto alto da minha carreira na TV USP foi entre-
mais ampla, foi a criação da Associação dos Docentes da vistar o professor Boris Schnaiderman e o empresário
USP (Adusp). Ela não surgiu apenas como uma associação Roberto de Melo e Souza (irmão de Antonio Candido).
de caráter corporativo. Sua criação oficial se deu no início Ambos fizeram parte da FEB (Força Expedicionária Brasi-
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
leira) e lutaram na Itália durante a 2º Guerra Mundial: Boris ação em que, mesmo do ponto de vista legal, eu não esta-
na artilharia e Roberto no esquadrão caça minas. ria burlando o tempo integral (dedicação exclusiva à USP),
Isso foi uma experiência muito rica que me catapultou para mas do ponto de vista prático eu estaria. Então a aposen-
a Agência Carta Maior, em 2002. O professor Bernardo tadoria permite que eu me libere para outras atividades,
Kucinsky, que já colaborava com a Carta Maior, me apre- outros projetos, de maneira consistente. E que eu conti-
sentou para o Joaquim Ernesto Palhares, dono da Agência. nue com um trabalho consistente na Universidade tam-
Eles me chamaram para fazer televisão, pois tinham a idéia bém. Acho que hoje em dia as solicitações (eu estou falando
de fazer um programa noticioso, que acabou não dando de oportunidades de trabalho) que são feitas aos profes-
certo. Mas eu continuei lá. Logo em seguida, em 2003, eu sores de universitários são muitas e muito variadas.
fui para o Fórum Social Mundial para fazer entrevistas e aí
eu introduzi uma coisa nova na Carta Maior: resolvemos AVM: Quais, por exemplo?
fazer um documentário sobre o Fórum. Isso se instituiu, vi- FWA: Participar de políticas públicas. Por exemplo, du-
rou um sucesso, e passamos a fazer documentários sobre rante a gestão da Marta Suplicy, eu participei de um gru-
todos os fóruns desde então. A partir de 2004, quando volta- po de trabalho, junto à Secretaria de Cultura, na área de
mos da Índia, começamos a realizar transmissões ao vivo teatro. Era um projeto de formação de público, uma das
pela web. Assim que a minha aposentadoria sair no diário atividades mais gratificantes que eu tive nos últimos tem-
oficial, eu vou assumir o cargo de editor-chefe da Carta Maior. pos. Participei, também, de mais dois outros projetos: a
publicação do teatro completa de Nélson Rodrigues e a
AVM: O senhor pretende continuar colaborando com publicação da obra completa de Érico Veríssimo.
a pós-graduação e participando de outras atividades Por ocasião do cinqüentenário de Grande Sertão: Vere-
ligadas à USP e à FFLCH? das, também elaborei, para a Editora Nova Fronteira, uma
FWA: Sim, eu pretendo continuar ligado à pós-gradua- seleta de textos de Guimarães Rosa dedicada a alunos
ção, ministrando aulas e orientando trabalhos. Pretendo do Ensino Médio. As atividades editoriais no Brasil liga-
também continuar ligado ao Centro Angel Rama e a ou- das a área de humanidades aumentaram muito, felizmen-
tras atividades, como a própria Comissão de Audiovisual. te. E é natural que professores mais experientes sejam
Existe um aspecto, que eu acho importante levantar, que convidados para trabalhar nessas áreas.
eu penso que hoje, na USP, a pós-graduação depende
muito da participação dos professores aposentados. Sem AVM: E foi difícil para o senhor tomar a decisão de se
isso, a pós-graduação, não digo que pararia de funcionar, aposentar?
mas sofreria muito, por causa da experiência desses pro- FWA: Eu acho que o processo de conscientização desse
fessores e por causa do número de docentes. Na medida desejo foi um pouco lento: demorei mais ou menos um ano
em que os aposentados se liberam de outras tarefas, eles para me dar conta de que eu queria pedir a aposentadoria.
podem participar de maneira, não digo mais intensa do Foi uma coisa voluntária, não me aconteceu nada que me
ponto de vista dos horários, mas do ponto de vista da pró- forçasse a pedir a aposentadoria.
pria dedicação à pós. Nesses termos, a pós-graduação Foi um processo longo porque isso significa um rito de pas-
“ganha” com a aposentadoria, ao contrário do que se pen- sagem na vida de uma pessoa como eu. Tenho 40 anos de
sa normalmente. Na verdade, poucos professores param dedicação à Universidade. São 33 anos como docente da
completamente as atividades quando se aposentam. Mes- USP, mas eu conto esse tempo desde quando eu entrei na
mo aqueles que caem na aposentadoria compulsória, UFRGS, em 1966, no curso de Letras. Eu já tinha a idéia de
muitas vezes, continuam ligados à pós-graduação. concluir a graduação, de fazer a pós e de ser professor uni-
Há essa possibilidade de adequar mais a dedicação ao versitário. Além disso, eu mal entrei na Universidade e já me
seu trabalho às suas próprias condições de vida. É o meu tornei secretário de cultura do Centro Acadêmico da Facul-
caso, por exemplo. Eu cheguei num ponto em que fazia dade de Filosofia lá em Porto Alegre. Então eu conto isso
parte do meu projeto me dedicar mais a área de jornalis- como tempo de dedicação à Universidade.
mo e à criação literária. A Universidade para mim foi uma causa, não foi só um
emprego. Foi um emprego também, claro, mas ela foi
AVM: Então foi por isso que o senhor resolveu se uma causa pessoal, uma causa política e uma causa
aposentar? cultural, como para muitas pessoas da minha geração.
FWA: Sim. Naturalmente, eu não aceitaria criar uma situ- Então, chegado o momento em que se resolve mudar de
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INFORME Número 30 – outubro/2006
posição, inevitavelmente fui levado a esses tipos de ava- sagem sem volta.
liações da vida, rememorações, etc. É um momento mui-
to rico para se fazer o balanço desse tempo todo, o AVM: O senhor fez algum curso de jornalismo?
balanço de uma vida.
FWA: Não, o curso de jornalismo que eu fiz foi na práti-
AVM: O que pesou mais na hora de se decidir pelo ca, fui um autodidata. Tive grandes mestres jornalistas,
jornalismo? convivi com grandes jornalistas brasileiros e isso para
FWA: Eu quero construir um novo projeto em torno de mim foi muito gratificante.
uma participação política no campo do jornalismo. Não Primeiramente, tive no campo cultural uma influência em
pretendo virar um político profissional, não é isso, mas Porto Alegre muito interessante: Calvero, o crítico de cine-
eu quero ter uma participação mais intensa nesse pro- ma com quem eu primeiro trabalhei. Ele dirigia a página
cesso de grandes transformações que ocorrem hoje. de cinema de um jornal de Porto Alegre (Folha da Tarde).
Penso que existem grandes mudanças na paisagem cul- Calvero fazia um tipo de jornalismo e de crítica cinemato-
tural e política do nosso povo que estão ocorrendo nes- gráfica aberta, ao mesmo tempo rigorosa, mas democráti-
sa abertura do século XXI. Então me deu a idéia de ca, e para mim sempre foi uma fonte de inspiração.
acompanhar esses processos de uma maneira, ao mes- Depois, o outro mestre do jornalismo que eu tive foi o pro-
mo tempo, mais de perto e mais livre do que, pelo menos fessor Décio Almeida Prado, que foi o diretor daquilo que
no meu caso, a Universidade permitia. nós considerávamos um dos melhores cadernos de litera-
Por exemplo, a Carta Maior acompanha e faz a cobertu- tura da época: o Suplemento Literário do Estado de S.
ra de todos os Fóruns Sociais Mundiais. Esses encon- Paulo. Naquela época, eu nem conhecia o professor Dé-
tros tornaram-se uma espécie de antena parabólica, nos cio, mas a leitura do Suplemento Literário me marcou mui-
quais se percebem todas as mudanças que estão acon- to desde sempre. Quando eu cheguei aqui em São Paulo,
tecendo, as novas propostas que vão surgindo, e aque- eu acabei entrando na USP por causa dele, que me convi-
las que são superadas pelo tempo. Eu quero participar dou para dar aulas de Teatro e de Literatura Brasileira.
de tudo isso mais intensamente do que eu pude até ago- Durante o ano de 1974, tive a honra de ter trabalhado
ra. Não pude acompanhar a cobertura de vários fóruns sob a direção do Samuel Wainer, um grande ícone do
porque eu tinha obrigações na Universidade. Eu não po- jornalismo brasileiro, quando ele tentou rearticular o Últi-
dia interromper o curso aqui e ir para Barcelona. De re- ma Hora aqui em São Paulo. Já na imprensa alternativa,
pente, eu senti mais vontade de me entregar mais para convivi com dois grandes jornalistas que me inspiraram
esse tipo de observação. muito. Um foi o Raimundo Rodrigues Pereira, que era
É o que eu escrevi naquela carta: entre aqueles dois per- diretor do Movimento e editor de cultura do jornal. Outro,
sonagens (Narciso e Goldmund), minha admiração fica o Bernardo Kuscinski, que é professor da Escola de Co-
com Narciso, mas o meu destino é o de Goldmund. Já o municações e Artes da USP, com quem eu trabalhei no
fato de eu vir para o estado de São Paulo, foi um pouco Movimento. O Raimundo era o editor-chefe do jornal e o
Goldmund, porque eu tive que tomar a decisão de deixar Bernardo era um colaborador assíduo, membro do con-
Porto Alegre, a minha cidade natal. Eu vim para cá na selho de redação, assim como eu. Eu me considero mui-
virada de 1968 para 1969, naquela época conturbada da to afortunado porque não fiz faculdade de jornalismo, mas
instituição do AI-5. tive uma formação na prática com grandes mestres do
Durante algum tempo, eu acalentei a idéia de voltar a jornalismo brasileiro.
trabalhar em Porto Alegre. Porém, no mesmo ano que
eu vim, em 1969, o grupo de teoria literária ao qual eu AVM: O que significaram, para o senhor, esses mais de
estava ligado na UFRGS, liderado pelos professores 30 anos dedicados à USP e à FFLCH? O que, de mais
Ângelo Ricci e Dionísio Toledo, foi dizimado pela ditadu- importante, o senhor aprendeu aqui? O que espera que
ra. Todos os professores foram cassados. Então, de re- os colegas e os alunos tomem como exemplo seu?
pente, eu me vi como um índio que tinha ido para a cidade FWA: O que eu aprendi na Universidade de São Paulo,
e que, depois, descobre que a sua tribo não existia mais, como professor, como aluno e como militante, foi a im-
tinha sido dizimada, dispersa. Então eu fiquei sem ter portância, para uma nação e para uma sociedade, das
para onde voltar. Também fui desenvolvendo laços com suas universidades. A universidade, em qualquer lugar
a USP, aí me dei conta de que, realmente, era uma pas- que ela esteja e por mais precária que ela seja, é um
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
fator de civilização. Ou seja, ela faz parte do lado civiliza- plo, mas é visto, na verdade, como o topo de uma pirâmi-
do da civilização. Esta tem lados civilizados, mas tam- de, tanto por forças da direita quanto por forças da es-
bém tem lados absolutamente predadores e predatórios querda. Isso tem feito declinar a sua vocação para
do meio ambiente e da cultura. Uma universidade sem- construir um pensamento radical e para participar da dis-
pre é um campo de liberdade de pensamento, por mais cussão de políticas públicas e projetos nacionais ou in-
precária que seja, por mais fechada que seja, como a ternacionais de longo alcance. Hoje, isso é pensado em
USP foi durante os anos da ditadura militar. Sempre existe outros lugares. A participação das universidades e da
esse núcleo duro de pensamento dentro de uma univer- FFLCH nesse processo deveria ser muito maior do que
sidade, que faz com que as pessoas tenham mais liber- é. Isso envolve, inclusive, políticas de extensão, que são
dade para pensar do que teriam, por exemplo, no inseparáveis do ensino e da pesquisa.
mercado privado de trabalho. Por exemplo, esse projeto de teatro do qual eu participei
Se há um exemplo meu que eu gostaria que os meus alu- na Secretaria de Cultura de São Paulo durante a gestão
nos, colegas, e professores mais jovens seguissem, é o da Marta. Para mim, ele não deveria ter ficado apenas
mesmo exemplo que eu tive. Vou citar apenas um, mas na Secretaria de Cultura. Muda-se a gestão, mudam-se
foram muitos: o exemplo do professor Antonio Candido. as vontades, mudam-se os projetos. Se houvesse um
Ele me ensinou a ter uma dedicação primorosa à elabora- convênio com uma universidade, isso não aconteceria.
ção do pensamento de natureza crítica e, ao mesmo tem- Também acho que a FFLCH deveria se comprometer mais
po, uma dedicação generosa à militância pela universidade com a formação continuada dos professores da rede
pública, por valores humanistas e libertários, e também pe- pública. Caberia à Faculdade e à universidade uma mai-
los valores e convicções socialistas. Isso não significa, or participação nas discussões das grandes linhas do sis-
necessariamente, política partidária. Não é isso. São prin- tema educacional brasileiro. Ela nasceu com a vocação
cípios e valores ligados ao socialismo, no sentido de que de formar professores. Estes, na grande maioria, são for-
Antonio Candido mesmo, certa vez, me disse que todo mados nas escolas particulares por aí, e têm má forma-
liberal que se esquece dos princípios socialistas acaba se ção. E nós, muitas vezes, passamos um longo tempo mais
tornando um reacionário. E que todo socialista que se es- preocupados em formar professores para essas outras
quece dos princípios liberais, acaba se tornando autoritá- faculdades. Agora pelo que eu percebi, o corpo de alu-
rio. É o exemplo que eu procurei seguir. Portanto, eu espero, nos da graduação que planeja se dedicar ao Ensino Mé-
é o exemplo que eu quero deixar também. dio está aumentando. No entanto, muitas vezes, as
políticas das grandes universidades dos grandes centros
AVM: O senhor possui uma vasta experiência na área urbanos brasileiros se distanciaram dessa preocupação
acadêmica e institucional da Universidade. Lecionou com o sistema educacional como um todo.
na graduação durante mais de 30 anos, foi presiden- Acho que o caráter social da nossa Faculdade precisa
te da Associação dos Docentes da USP (Adusp), di- ser reforçado, pois ele foi bastante fragilizado na univer-
retor do Centro Angel Rama. Na sua opinião, quais sidade como um todo. Na condição de professor apo-
os maiores desafios que devem ser enfrentados pela sentado que não pretende sumir da Faculdade, quem
USP e pela FFLCH daqui para frente? Quais mudan- sabe eu não possa dar uma contribuição mais intensa
ças o senhor espera que ocorram? também nesse campo?
FWA: Eu tenho comparecido a muitos debates sobre esse
assunto, sobre educação, universidades e faculdades. E AVM: Durante o evento da Congregação em sua home-
para causar um certo impacto na platéia eu tenho come- nagem, alguns participantes mencionaram a sua dedi-
çado dizendo assim: “Não venho trazer boas notícias”. cação a sua família. Para o senhor, como é a conciliação
Por que isso? Porque eu penso que nas sociedades de seus projetos e atividades com a vida familiar?
emergentes acabou triunfando a concepção de que o FWA: Eu fui um dos primeiros homens militantes femi-
ensino superior é, basicamente, um ensino de prestação nistas, não só nos aspectos políticos, mas também nos
de serviços e que pode servir para corrigir, apenas em aspectos da vida privada. Sempre me envolvi muito na
parte, as profundas desigualdades sociais dessas socie- criação das minhas filhas e agora também na criação
dades. O ensino superior é visto como o alto de uma das minhas netas.
pirâmide e não como o centro do pensamento. Eu sou da geração de 1968, época em que eu era um
Ele deveria ser o centro de um sistema educacional am- estudante universitário. Essa geração viveu um momen-
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to muito peculiar da vida brasileira e mundial: procura- nossos pais como modelo para o nosso. É claro que nin-
mos unir a ética da responsabilidade pública com a ética guém deixou de ser quem era, e nem abandonou a his-
dos princípios individuais e do espaço privado. Tínha- tória e a família que tinha. No entanto, nós procuramos
mos a exata noção de que eram duas esferas separa- construir modelos próprios, às vezes com sucesso, às
das, mas, quando não há essa união, acontecem vezes com exagero, às vezes sem sucesso. Essa nova
desastres como os que estão ocorrendo hoje. simbologia impunha um compartilhamento das vicissitu-
Considerávamos insuportável alguém defender a igual- des, das exigências e das alegrias da vida doméstica.
dade das mulheres no plano da retórica pública e, na Eu, inclusive, vou escrever um livro que vai se chamar
vida privada, continuar deixando todas as tarefas domés- Um homem na cozinha. E vou começar dizendo: “Este
ticas para elas. Conseguimos, em boa parte, acabar com não é um livro de receitas, pelo contrário. É um livro épi-
alguns preconceitos, mas não vencemos todos. Tenta- co, que narra uma aventura épica da conquista de um
mos acabar com essa dicotomia, que era muito comum território que me era vedado”. Porque não era só o ho-
no campo da esquerda. Os homens comportavam-se de mem que delegava as tarefas para as mulheres. Elas
determinada maneira fora de casa e dentro dela eram também não aceitavam que fizéssemos as coisas. E eu
machistas e autoritários. tive que conquistar esse espaço, foi uma guerra, uma
Posso dizer que compartilhamos com a geração român- guerra interior, mas exterior também, no sentido de con-
tica a característica de que não tivemos o mundo dos quistar o território e de quebrar esse estereótipo.
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DIRETORIA
POR ALINE VICENTE MIGUEL
Reconstruir a unida- “Como diretor, tenho uma posição ativa para fazer propos-
de e a identidade de uma tas, mas não posso atuar simplesmente da maneira que eu
escola que é imensamen- achar mais conveniente, dando ordens de cima para baixo.
te importante não apenas Estou subordinado à Congregação e ao CTA”, afirma.
para a USP, mas em es- A Congregação também é o espaço para a discussão e
cala nacional. Esse é o a tomada de posição em relação a temas importantes da
grande desafio a ser en- atualidade que possam afetar a Faculdade, a universidade
frentado pelo professor ou o sistema educacional como um todo. Esse órgão pode
Prof. Gabriel Cohn
Gabriel Cohn à frente da elaborar, por exemplo, um documento manifestando-se a
diretoria da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Hu- favor ou contra certas medidas tomadas pelo Ministério da
manas. Diretor da FFLCH desde março desse ano, Educação. Desse modo, ela tem autoridade para represen-
Gabriel Cohn afirma que as suas atividades cotidianas tar a opinião da FFLCH em relação a determinado assunto.
na direção caminham de maneira satisfatória, o que nem No entanto, o diretor lamenta o fato de que a Con-
sempre ocorre em relação às grandes políticas da esco- gregação tenha se tornado uma instância de recursos.
la. “O dia-a-dia vai bem, pois tenho todo tipo de apoio. “Tudo o que não deu certo em algum lugar vai para a
No entanto, quando temos que pensar a escola, a uni- Congregação para ser deliberado. Isso inclui desde um
versidade e o ensino superior a longo prazo, pisamos candidato que se sentiu prejudicado em um concurso até
em um terreno pouco firme”, explica. um estudante que não teve a sua inscrição aceita para o
O espaço para a discussão das grandes políticas de ingresso na pós-graduação”, explica. “Isso é um proble-
pesquisa, ensino, formação e extensão é a Congregação, ma sério, pois ao invés de debatermos sobre as grandes
um órgão colegiado deliberativo composto por representan- questões, passamos a maior parte do tempo decidindo
tes de cada categoria docente e por representantes dos fun- problemas menores, sobre os quais nem todos estão in-
cionários e alunos. É ela que orienta a atuação do diretor. formados”, lamenta.
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
Gabriel também cita um problema clássico em rela- elas se vejam e se falem”, diz.
ção à representação estudantil nesse colegiado. Segun- No entanto, ele vem enfrentando alguns problemas
do ele, como os estudantes são uma fração flutuante da com os estudantes para a concretização dessa propos-
Universidade, as orientações e opiniões são muito varia- ta. Isso porque a área em que seria construído o centro
das. “É complicado formular e manter políticas de longo de convivência é utilizada pelos alunos para discussões,
prazo. Em determinado ano, há uma representação dis- debates e atividades culturais e festivas. “Minha propos-
cente que defende ardorosamente uma posição e, em ta choca-se diretamente com essa tradição de que cada
outro, surge outra representação com reivindicações to- um deve ter seu próprio espaço. Acho que deveria haver
talmente diferentes da anterior”. Ao mesmo tempo que o um maior compartilhamento”, defende.
diretor reconhece que essa diversidade é importante para Esse objetivo de integração também se reflete nas
alimentar o debate contínuo, ele lamenta o fato de que propostas acadêmicas do diretor. Ele pretende estimular
ela pode, muitas vezes, dificultar o consenso, as deci- as discussões sobre as atividades de ensino e de pes-
sões e a implantação das propostas. quisas, a fim de articular mais fortemente as diversas áre-
Quanto aos seus principais projetos de gestão, Cohn as do conhecimento que a FFLCH abrange. Por isso, tem
afirma que um deles é a reforma do prédio da Adminis- comparecido às reuniões de cada Conselho de Departa-
tração. “Eu diria que essa reforma não é bem uma priori- mento da unidade, para verificar quais são os problemas
dade, e sim uma necessidade”. Segundo ele, o projeto já e os pontos fortes da cada um. Uma proposta é fazer um
foi aprovado pela COESF (Coordenadoria de Espaço mapeamento das áreas carentes e das áreas emergen-
Físico da USP) e deverá ser iniciado no próximo ano. tes, a fim de dar mais consistência ao ensino e à pesqui-
Também está programada uma reforma no prédio de sa. Segundo o diretor, também já está em estudo a
Geografia e História, o que inclui solucionar os proble- realização de um micro congresso na Faculdade, no pri-
mas de infiltração no teto, a instalação de elevadores e a meiro semestre do ano que vem, para reunir todos os
construção de uma via de ligação entre esse prédio e a professores da unidade. “Temos um número imenso de
Biblioteca Central, passando pelo prédio de Filosofia e professores novos. Precisamos integrá-los à Faculdade,
Ciências Sociais. “Isso é muito importante, pois vai per- fazer com que eles e os professores mais velhos se co-
mitir um fluxo maior entre os diversos prédios e vai dar nheçam e troquem experiências”, explica.
alento a minha prioridade fundamental: a integração en- Apesar de considerar o número de docentes e de fun-
tre professores, funcionários e alunos”, explica. cionários insuficiente, Gabriel está satisfeito com a quali-
O diretor afirma que sente-se extremamente preocupa- dade e o desempenho de ambos. “Muitas das nossas
do com a inexistência de espaços compartilhados para a dificuldades ficam escondidas pelo fato de termos um pes-
convivência na FFLCH. Assim, sua intenção é construir um soal técnico e administrativo muito dedicado, que cobre as
tipo de um restaurante / café no porão do prédio de Filosofia lacunas. Isso é bom, porque faz a Faculdade andar, mas
e Ciências Sociais, de modo que ele se constitua num cen- as insuficiências ficam meio ocultas”, explica.
tro de vivência. “Estou convencido de que um estudante pode Ele também acha que dada a alta qualidade do cor-
mudar o rumo de sua trajetória intelectual por conta de um po docente, é possível produzir mais do que está se pro-
encontro fortuito que tenha com um docente de outra área. duzindo. “Temos uma certa capacidade ociosa. Dá para
Se pensarmos que aqui temos desde cartografia até fazer muito mais em termos de docência e pesquisa”,
sânscrito, veremos a riqueza da nossa escola”, afirma. afirma. O diretor defende que devem ser abertas novas
Para o professor, a sociedade atual como um todo, áreas de estudos em função das necessidades da socie-
incluindo-se a Universidade, sofre uma deterioração das dade contemporânea e das transformações pelas quais
relações humanas. “Nossa sociedade não funciona sem o mundo vem passando. “Há uma tendência de nos fi-
atritos. Há uma má fé estrutural, que causa formas ran- xarmos nas nossas especialidades, o que faz com que
corosas e ressentidas de ação humana, culminado numa não percebamos as mudanças que estão ocorrendo lá
espécie de auto-defesa perversa e na desconfiança em fora. A Faculdade deve estar atenta para responder aos
relação ao outro. Para ele, a solução para esse proble- estímulos da sociedade”, explica. Segundo Cohn, isso
ma seria a intensificação da interação social e o contribuirá para reforçar a identidade da FFLCH e a per-
desbloqueio dos fluxos de contato. “Devemos fazer com cepção de sua própria importância. “Se eu contribuir para
que as pessoas tenham condições de checar seus pre- que essa escola se torne mais alegre e mais orgulhosa
conceitos em contato direto com o outro, fazer com que de si, ficarei feliz”, finaliza.
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INFORME Número 30 – outubro/2006
VICE-DIRETORIA
POR ALINE VICENTE MIGUEL
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
SECRETARIA DA DIREÇÃO E DA VICE-DIREÇÃO
POR ALINE VICENTE MIGUEL
Para assessorar a direção e a vice-direção da Facul- uma sintonia muito grande para trabalharmos em con-
dade, há duas secretárias: Vânia Santos de Melo e Vilma junto”, explica Vilma. Vânia, por sua vez, considera que
Corrêa Arantes. Entre as suas principais atividades, estão essa método de trabalho faz com que o serviço renda
o atendimento ao público (pessoalmente e por telefone ou mais. “Nós duas sabemos de tudo o que acontece. Se
e-mail) e a agenda do diretor e da vice-diretora. Elas tam- uma secretária está ausente, a outra tem condições de
bém são responsáveis por arquivar toda a documentação resolver os problemas”, afirma.
que chega e que sai da Diretoria. Isso inclui, por exemplo, Satisfeitas com o andamento do serviço, elas não
ofícios do gabinete da reitora e das pró-reitorias, comuni- encontram nenhum problema ou dificuldade para
cados de outras unidades e universidades, solicitações de realizá-lo. No entanto, sugerem uma mudança que
professores da Faculdade, entre outros. agilizaria o trabalho. Todos os ofícios que saem da di-
Ambas concordam que duas secretárias são sufici- retoria são registrados em um livro. Elas consideram
entes para dar conta do trabalho. “Uma é pouco, pois a que seria mais adequado registrá-los em um banco de
Faculdade é muito grande”, afirma Vilma. dados no computador.
Nos anos anteriores, havia uma secretária só para o Elas também ressaltam que além do trabalho rotinei-
diretor e outra para a vice-diretora. No entanto, Vânia e ro, cada dia acontecem coisas novas e diferentes, como
Vilma não trabalham com essa divisão: elas possuem as solicitações urgentes e problemas inesperados. “Deve-
mesmas responsabilidades. “O trabalho e os assuntos mos resolver os problemas de imediato, pois as pessoas
são os mesmos, pois se o diretor não está, a vice res- não podem esperar. Assim, todos os dias aprendemos
ponde por ele. Então eu acho que nós duas devemos ter coisas novas”, finaliza Vânia.
Wilma Vânia
O foco da Comissão de Cooperação Internacional da câmbio desde 1997. Embora não esteja legalmente inte-
FFLCH é viabilizar a implementação de convênios acadê- grado à Comissão, ele colabora com as suas atividades.
micos entre a Faculdade e universidades estrangeiras. Isso Anteriormente, o professor Pablo Rubem Mariconda era
possibilita tanto o desenvolvimento de projetos de pesqui- o presidente. Com a sua ida para a assessoria da Pró-
sas em conjunto quanto o intercâmbio de estudantes. Reitoria de Cultura e Extensão, a professora Maria das
Essa Comissão, cujo presidente é a professora Ma- Graças assumiu o cargo.
ria das Graças de Souza, foi instituída oficialmente em Rosângela explica que uma de suas funções, assim
março desse ano e possui um representante docente de como a de Antonio Carlos, é orientar os professores que
cada Departamento. Suas atividades são secretariadas desejam firmar um convênio. De acordo com o objetivo
por Rosângela Duarte Vicente. Há também o senhor An- do mesmo, eles dão instruções sobre o modelo de minu-
tonio Carlos Eigenheer, que desempenha a função de ta ideal. Posteriormente, ela será analisada pelo Grupo
Assessor para Assuntos de Convênios Culturais e Inter- Assessor para Convênios da Reitoria e pela Consultoria
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INFORME Número 30 – outubro/2006
Jurídica (CJ) da USP. “Pela nossa experiência, já sabe- Antonio Carlos ressal-
mos o que a nossa Consultoria pode ou não aprovar. ta que, para realizar esse
Assim, orientamos os docentes para que essa proposta trabalho, o funcionário
seja formulada da maneira mais correta possível, para deve possuir algumas ca-
não atrasar a assinatura”, racterísticas básicas. “De-
explica Rosângela. vemos ser atenciosos e
Ela também atua na bem educados para moni-
intermediação entre o pro- torar os estudantes que Antonio Carlos
fessor coordenador do chegam e que vão, facilitando a estadia dos alunos aqui
convênio e a instituição es- e no exterior”, explica. Rosângela considera esse traba-
trangeira na fase de nego- lho gratificante. “É muito satisfatório enviar um aluno da
ciações. Como as FFLCH para o exterior e ver ele retornar com novos apren-
Rosângela cláusulas das minutas de- dizados e experiências”, afirma.
vem estar de acordo tanto com a legislação da USP quan- Eles também são responsáveis pelo intercâmbio na-
to com a da universidade no exterior, deve-se chegar a um cional, recebendo alunos de instituições como UNESP e
consenso antes da assinatura. “Às vezes, as instituições Unicamp. Em 2005, 26 estudantes dessas duas institui-
enviam algumas minutas diferentes dos modelos aprova- ções realizaram cursos na FFLCH. Em 2006, esse nú-
dos pela nossa Reitoria. Devo analisá-las com cuidado e mero subiu para 45.
adequá-las a nossa legislação, até que ambas instituições Ambos concordam que dois funcionários são sufici-
cheguem a um acordo”, afirma a secretária. entes para dar conta do trabalho. No entanto, um dos
Chegado a um consenso, a proposta do convênio deve problemas que dificulta o bom andamento das ativida-
ser aprovada pelo Conselho Departamental da qual o pro- des é a burocracia de algumas instâncias da Reitoria,
fessor responsável faz parte e pelo CTA (Conselho Técni- tais como o Grupo Assessor para Convênios e a CJ. O
co Administrativo). Depois, a CCInt da Universidade emite desafio maior, no entanto, não é enfrentar essa burocra-
um parecer de mérito. Em seguida, a proposta é analisada cia e sim lidar com vários idiomas. Rosângela recebe as
pelo Grupo Assessor e deve ser adequada de acordo com
minutas e os documentos no idioma do país do qual a
as suas recomendações. Feito isso, o convênio é assina-
instituição pertence. O inglês ela domina, mas há textos
do. O professor Pablo ressalta que a Comissão pode for-
que chegam em francês, espanhol, italiano, etc. “Não
necer um grande apoio ao docente coordenador do
posso parar, tenho que dar andamento ao serviço. Se
convênio nessa fase de negociações, já que possui uma
não conheço a língua, pesquiso na Internet ou procuro
abertura maior para tratar com a CJ. Hoje, há 23 convêni-
ajuda de alguém que conheça. Essa busca constante do
os acadêmicos vigentes na Faculdade. Outros 12 estão
conhecimento é interessante”, afirma.
em negociação e 11 estão colhendo assinaturas.
O professor Pablo explica que, como a CCInt da
Quanto ao intercâmbio de estudantes, Rosângela e
FFLCH ainda é nova, as principais atividades que ele
Antonio Carlos também são responsáveis por fazer a
desenvolveu nesses meses de gestão foi a elaboração
intermediação entre o aluno da FFLCH e a instituição
do regimento e a divulgação dos trabalhos. A professora
estrangeira, enviando a documentação necessária. No
Maria das Graças afirma que pretende dar continuidade
entanto, há alguns pré-requisitos para o estudante que
aos mesmos planos que já estavam em desenvolvimen-
deseja estudar no exterior: ele deve conhecer bem a lín-
gua do país, estar cursando pelo menos o 2º ano de gra- to. Essa divulgação pode ser feita tanto por meio de reu-
duação e ter condições de se bancar lá fora, já que o niões quanto por meio de cartazes que divulguem, por
convênio prevê apenas o ensino gratuito. No ano de 2005, exemplo, prazos para seleções de estudantes para inter-
foram enviados 16 alunos da Faculdade para o exterior. câmbios. Como na Comissão há representantes de to-
Em 2006, esse número chegou a 20, sendo 7 estudan- dos os Departamentos, o professor acredita que as
tes no primeiro semestre e outros 13 no segundo. discussões e decisões podem ser transmitidas rapida-
A secretária e o assessor também recebem os alunos mente por tais representantes para seus colegas de De-
estrangeiros, orientando-os sobre moradia, matrículas e partamento. “Esse é um canal de comunicação que
disciplinas. Nos anos de 2005 e 2006, foram recebidos, podemos explorar”, diz.
respectivamente, 44 e 40 alunos estrangeiros. Para Maria das Graças, a relevância da comissão
20
Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
está na sua capacidade tanto de fornecer apoio instituci- MEMBROS TITULARES DA COMISSÃO
onal aos pesquisadores que desejam firmar acordos in- · Profª. Dra. Maria das Graças de Souza (presidente –
ternacionais quanto de estimular novas iniciativas. Pablo Departamento de Filosofia)
acredita que a característica mais importante da CCInt é · Profª. Dra. Arlete Orlando Cavaliere (DLO)
a sua capacidade de articular as ações. “Anteriormente, · Prof. Dr. Benjamin Abdala Júnior (DLCV)
tudo ficava fragmentado, pois cada Departamento ou gru- · Profª. Dra. Eni de Mesquita Samara (DH)
po de pesquisadores fazia um convênio e ninguém mais · Prof. Dr. Jairo Morais Nunes (DL)
ficava sabendo”, finaliza. · Profª. Dra. Laura Janina Hosiasson (DLM)
· Prof. Dr. Márcio Ferreira da Silva (DA)
FUNCIONÁRIOS · Profª. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda (DS)
· Rosângela Duarte Vicente – Secretária da Comissão · Profª. Dra. Maria Mônica Arroyo (DG)
· Antonio Carlos Eigenheer – Assessor para Assuntos de · Profª. Dra. Marta Teresa da Silva Arretche (DCP)
Convênios Culturais e Intercâmbios · Prof. Dr. Samuel de Vasconcelos Titan Júnior (DTLLC)
SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO
POR ALINE VICENTE MIGUEL
O Serviço de Comunicação da Faculdade de Filoso- municação Verônica Reis Cristo. Além da produção dos
fia, Letras e Ciências Humanas pode ser dividido em programas, ela também realiza outras atividades, como
quatro áreas de atividades: Comunicação, Editoração, a elaboração de press releases sobre eventos e ativida-
Internet e Audiovisual. des promovidas pela FFLCH e a divulgação dos mes-
Sob a coordenação de mos para docentes, funcionários, alunos e para a
Eliana Bento da Silva Ama- imprensa interna e externa.
tuzzi Barros, os funcioná- Um dos problemas que dificulta essa atividade é a
rios e estagiários da área de falta de comunicação entre os seis prédios da unidade.
comunicação são respon- “É difícil saber de tudo o que ocorre na Faculdade. A di-
sáveis pela divulgação cien- vulgação só ocorre se o organizador do evento sente essa
tífica da Faculdade por meio necessidade. Sem contar que também há aqueles que
de diferentes veículos. Isso desconhecem esse tipo de serviço”, lamenta.
Eliana
inclui, por exemplo, a pro- Verônica também é
dução de notícias, reportagens e entrevistas para os bole- responsável pela elabora-
tins internos Informe e Você Sabia e para a Sala de ção do clipping anual
Imprensa (www.fflch.usp.br/sdi/imprensa.html). Os assun- FFLCH na Mídia, que con-
tos são variados: vão desde a divulgação de eventos e siste na seleção de maté-
pesquisas da Faculdade até entrevistas com professores rias sobre a Faculdade
sobre determinados assuntos ligados à realidade brasilei- veiculadas na mídia im-
ra. Para a realização dessas atividades, o Serviço conta pressa e em portais da
com duas estagiárias do curso de Jornalismo: Aline Vicente Internet. Porém, como o Verônica
Miguel e Mariana Pereira Lenharo. Ambas também asses- acesso aos jornais, revistas e a alguns sites depende,
soram a imprensa interna e a externa, agilizando o contato muitas vezes, de assinaturas, esse clipping é apenas uma
entre jornalistas e docentes da FFLCH. amostra daquilo que sai na imprensa.
Quanto aos programas de Web Rádio e TV Digital, Outras atividades que ela realiza são a elaboração
que estão em fase de finalização e em breve serão de ofícios e memorandos e a redação do Manual de Co-
disponibilizados no site da FFLCH, cabe a essa área a municação, que fornece uma orientação à comunidade
elaboração das pautas, dos roteiros e das entrevistas e acadêmica sobre como trabalhar junto aos veículos de
a edição dos programas. Uma das funcionárias do Servi- comunicação, aos alunos e ao público em geral. Junta-
ço que vem trabalhando nessa parte é a técnica de co- mente com Eliana, Verônica também trabalha com ques-
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INFORME Número 30 – outubro/2006
tões de planejamento de comunicação. “Fazer planos de lha com comunicação recebe muitos ‘nãos’. Às vezes,
comunicação é pensar que tipo de imagem da FFLCH dependemos apenas da palavra de alguém para finali-
você quer passar para as pessoas. Assim, temos que zarmos uma matéria e publicá-la e o serviço fica para-
definir o que queremos transmitir e de que maneira reali- do”, lamenta.
zar essa transmissão”, explica.
Além da coordenação de todas as atividades cita- ÁREA DE EDITORAÇÃO
das, cabe à Eliana a captação de recursos e de patrocí-
nios para os projetos que o Serviço desenvolve. No Além da produção e da diagramação dos boletins
momento, dois estão em andamento. Um é o projeto de Informe e Você Sabia, a área de Editoração também ela-
estúdio de Web Rádio e TV Digital, que ainda está em bora materiais impressos de divulgação de eventos e de
estudo e deverá ser montado na própria sala do Serviço atividades promovidas pela FFLCH. Como exemplo, te-
de Comunicação. O segundo é um projeto que pretende mos: cartazes, banners, folders, convites e cadernos de
equipar algumas salas da Faculdade com aparelhos de resumos de eventos, de Aulas Magnas e de títulos de
Audiovisual. A idéia é deixar o Salão Nobre preparado para Professores Eméritos.
a realização de uma videoconferência. Já na sala de De- Dorli Hiroko Yamaoka,
fesa e na de Reuniões, serão instalados projetores. que coordena essa área,
Ainda em relação aos projetos, o Serviço também explica que além da de-
está envolvido em alguns que a Faculdade desenvolve. finição de um layout e da
Entre eles, estão o I Projeto de Integração Social da composição e diagrama-
FFLCH, a Comissão Interna de Gestão de Qualidade e ção do material, também
Produtividade e a Sala de Apoio Educativo. Assim, a es- deve ser feito o tratamen-
tagiária de Relações Públicas Daniela Yoko Taminato to e a digitalização das Dorli
realiza um trabalho de apoio aos três. No I Projeto de imagens que serão utili-
Integração Social, por exemplo, ela foi responsável pela zadas. Feito isso, o material é impresso de maneira in-
elaboração do formulário de solicitação de verbas para a vertida em uma folha transparente, chamada filme laser.
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, pelo levantamento de Ele é, então, encaminhado ao Serviço de Artes Gráficas,
livros e materiais necessários às atividades e pelo contato onde são realizados a impressão e o acabamento.
com os alunos participantes do projeto. Atualmente, está Dorli também faz parte da Comissão de Publicação
em andamento uma outra etapa: a feira de estudantes. On-line, cuja constituição foi aprovada pelo CTA (Conse-
“Estamos em fase de estudo e estruturação do evento, lho Técnico Administrativo) há cerca de um ano. O objeti-
definindo os objetivos e o público-alvo”, explica Daniela. vo é estudar e definir um layout para que as teses
Já na Comissão citada, cujo objetivo é a integração premiadas pela FFLCH sejam disponibilizadas na Internet,
dos funcionários em torno do tema da qualidade de vida e respeitando-se o registro ISBN (International Standard Book
da produtividade, Daniela participa das reuniões e redige Number), como se fossem publicações impressas. “Foi o
as atas correspondentes. Quanto à sala de Apoio Educati- Departamento de Lingüística que levantou essa possibili-
vo, a estagiária é responsável pelo cadastro dos funcioná- dade, já que a publicação de um livro requer um custo
rios e pelo levantamento de dados e informações. alto”, explica Dorli. Ela é responsável por elaborar um pro-
Para Eliana, o maior desafio do Serviço é “adminis- jeto gráfico padrão, sendo que a diagramação das teses
trar a falta de equipamentos e de pessoal, de modo a ficará por conta de cada Departamento.
impedir que o serviço pare”. Os maiores problemas da Ela considera que o maior problema da área, atual-
seção, para ela, são a burocracia para a aquisição dos mente, é a falta de equipamentos de qualidade para a
equipamentos e o número insuficiente de funcionários impressão. “Como não temos um boa impressora a laser,
fixos, já que o serviço conta com três estagiárias e uma imprimimos o filme laser no xerox, o que atrasa o anda-
funcionária temporária. “Cada um de nós desenvolve di- mento das atividades”, explica Dorli. No entanto, até o
versas funções, o que impede a concentração dos funcio- final do ano, o Serviço deve receber uma nova fotocopia-
nários e estagiários em uma única tarefa. Mesmo assim, a dora, o que permitirá a impressão de cartazes em forma-
qualidade do serviço é de boa para ótima”, afirma. to A3 e A4 coloridos e em preto e branco.
Eliana também ressalta a persistência que um pro- A coordenadora ainda ressalta que como o trabalho
fissional da área de comunicação deve ter. “Quem traba- de diagramação exige muita concentração, o ideal seria
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
que sua área estivesse um pouco isolada do restante do todas as informações sobre o mesmo.
Serviço, já que na mesma sala realizam-se atividades de No entanto, o bom andamento dessas atividades é
assessoria de imprensa, transcrição de fitas, atendimento prejudicado pela falta de equipamentos e pela burocra-
ao público, local onde também será montado o estúdio cia para a requisição dos mesmos. “Apenas hoje estamos
de rádio e TV. recebendo equipamentos solicitados há mais de três anos
por serem muito específicos, de atualização crescente e
ÁREA DE INTERNET alguns importados”, exemplifica. “A Universidade, com
esta grande burocracia, acaba levando muito tempo e
A área de Internet do passa a andar a passos de tartaruga, ficando sempre um
Serviço de Comunicação, a degrau atrás do que acontece no mercado”, lamenta o
qual está sob a coordena- funcionário.
ção de Erbert A. da Silva, é Ele também defende que o ideal seria que todas es-
a que conta com um maior sas atividades citadas fossem desmembradas e que cada
número de atividades no- uma delas ficasse sob a responsabilidade de um funcio-
vas em desenvolvimento. nário. Para isso, a mão-de-obra deveria ser ampliada e
Erbert Uma delas é a videoconfe- treinada. “Com divisão de tarefas e com a especializa-
rência, que consiste na transmissão de imagens e de som ção, o trabalho fluiria mais rápido e o resultado seria
entre os interlocutores por meio de uma rede de compu- melhor”, afirma. No entanto, ele ressalta que a qualidade
tadores, permitindo a interação entre os participantes. A e a motivação do quadro de funcionários também são
primeira videoconferência da FFLCH foi realizada em ja- fundamentais. “O seu horizonte quem vai definir é você.
neiro desse ano, entre o professor Leandro Piquet Car- Por isso, nunca pare, encare cada atividade como um
neiro, do Departamento de Ciência Política, e um docente novo desafio. É assim que você conseguirá realizar-se
dos Estados Unidos. pessoal e profissionalmente”, conclui.
Uma outra atividade em desenvolvimento é a parte
técnica dos Serviços de Web Rádio e TV Digital, que con- ÁREA DE AUDIOVISUAL
sistem, respectivamente, nas transmissões de áudio e
de vídeo e áudio pela Internet. Esses dois novos servi- Sob a coordenação do ope-
ços serão responsáveis por potencializar a divulgação rador de audiovisual Eusébio
científica, cultural e acadêmica de professores, funcio- Gregório Costa, essa área pode
nários e alunos da FFLCH, tanto para o público interno ser dividida em duas vertentes
quanto para a sociedade em geral. Isso pode ser realiza- principais. A primeira é a cober-
do tanto na forma de programas quanto por meio de trans- tura e o suporte técnico aos
missões em tempo real de eventos, aulas magnas, eventos da Faculdade que pos-
palestras, congressos, entre outros. suem o apoio da Diretoria. Isso
Eusébio
Segundo Erbert, a edição do programa piloto de Web inclui, por exemplo, serviços de
Rádio já está pronta e foi submetida à aprovação da Co- filmagens, fotografias, edição e sonorização.
missão Editorial de Audiovisual. Ele ainda ressalta que o Além disso, a área de audiovisual é responsável por
Serviço ainda não dispõe de todos os equipamentos ne- fornecer um suporte à área de comunicação do Serviço,
cessário para a produção dos programas, já que estão o que inclui, por exemplo, fotografias que ilustram os
em processo de compras, licitação e pregão. Mesmo as- boletins Informe e Você Sabia, a filmagem de entrevistas
sim, o trabalho vem sendo realizado com o que a equipe e a captação imagens e sons que serão utilizados nos
dispõe ou com a ajuda de terceiros. A edição, por exem- programas de Web Rádio e TV Digital.
plo, foi realizada com o auxílio do LAPEL (Laboratório de Eusébio considera o número de auxiliares e técnicos
Apoio à Pesquisa e ao Ensino de Letras). de audiovisual insuficiente para atender à demanda de
A transmissão on-line de eventos é outra atividade toda a Faculdade. “Já cheguei a atender três eventos no
que desenvolve-se com sucesso. Tendo o endereço do mesmo dia. Se tivéssemos mais funcionários, o trabalho
site, qualquer pessoa pode acessá-lo e assistir ao even- teria sido melhor organizado”, afirma. Ele também res-
to. Por fim, também é responsabilidade dessa área a cri- salta que às vezes o seu serviço é dificultado pela falta
ação de páginas de eventos, na qual são disponibilizadas de organização dos próprios organizadores dos eventos.
23
INFORME Número 30 – outubro/2006
“Muitas pessoas simplesmente jogam um ofício na mi- · Verônica Reis Cristo – técnica de comunicação
nha mão solicitando uma filmagem de última hora. Quan- · Aline Vicente Miguel – estagiária de Jornalismo
do chego com todo o aparato no local, vejo que não · Daniela Yoko Taminato – estagiária de Relações Públicas
preciso de tudo aquilo ou que preciso de muito mais”, · Mariana Pereira Lenharo – estagiária de Jornalismo
lamenta.
Além da área de audiovisual, também cabe a Eusébio ÁREA DE EDITORAÇÃO
o arquivamento de ofícios e as solicitações de materiais · Dorli Hiroko Yamaoka – coordenadora
de compras e de almoxarifado.
ÁREA DE INTERNET
Funcionários · Erbert A. da Silva – coordenador
EDITORA HUMANITAS
POR LÍVIA MAJOR
O principal objetivo da Humanitas, a editora da Facul- avaliar o mérito do trabalho. Se o trabalho obtiver um pa-
dade de Filosofia Letras e Ciências Humanas, é publicar a recer favorável é feito um orçamento para solicitar auxí-
produção científica dos docentes, os trabalhos de iniciação lio da Fapesp”, explica Maria Helena Gonçalves
científica e as dissertações e teses da Faculdade. Mensal- Rodrigues, coordenadora
mente são publicados uma média de quatro títulos, além editorial da Humanitas.
das 40 revistas anuais das áreas específicas da FFLCH. Nem todos os livros são
Os recursos para as publicações são obtidos tanto aprovados para publicação.
pelos financiamentos da Fapesp (Fundação de Amparo a Isso porque alguns têm te-
Pesquisa do estado de São Paulo), como com as vendas mas muito específicos, e o
dos livros e das revistas, já que em geral, a Fapesp cobre Conselho conclui que serão
apenas 50% do custo da publicação. Geralmente a tira- pouco vendidos e financei-
Helena
gem é de 500 exemplares. Caso o tema seja bastante in- ramente não compensam:
teressante e abrangente, a tiragem pode chegar a mil livros. “Não temos objetivos comerciais, mas como o espaço
“O processo ocorre da seguinte forma: o interessado en- para estoque é muito pequeno, acabamos fazendo uma
via o original para a Editora que o apresenta ao Conselho triagem do material”, afirma ela.
Editorial. Após análise, o Conselho indica pareceristas para Também faz parte da editora a Livraria Humanitas-
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
Discurso, localizada no prédio de Filosofia e Ciências line. Dessa forma, o acesso será ainda maior.
Sociais. Lá vendem-se não apenas publicações da A editora é dividida em três setores: editoração, distri-
Humanitas, mas também da Discurso (editora da Facul- buição e livraria. No total são 15 funcionários coordena-
dade de Filosofia) e de outras editoras universitárias. dos por Maria Helena, que cuida também da edição geral
Segundo Helena, essa parceria é um modo de beneficiar dos livros e da administração. No entanto, Maria aponta a
ainda mais o aluno: “Nossos livros são vendidos pelas necessidade de um arte-finalista (profissional para criar as
editoras universitárias de todo o Brasil e vendemos os capa das obras) fixo: “Hoje trabalhamos com estagiários
deles aqui também. São obras que vêm da UFMG (Uni- para esta função, mas criação é um trabalho que deman-
versidade Federal de Minas Gerais), UFRJ (Universida- da tempo, e em geral os estagiários não ficam mais do
de Federal do Rio de Janeiro) e UFPA (Universidade Federal que alguns meses conosco. Quando eles estão realmente
do Pará), por exemplo”. Além disso, as publicações da aprendendo o trabalho, saem daqui”, explica ela.
Humanitas também são distribuídas para livrarias comerci-
ais, como a Livraria Cultura, Fnac, Belas Artes e Seade. FUNCIONÁRIOS
O principal problema da editora é o espaço físico, EDITORA
que é insuficiente e inadequado. Helena afirma que uma · Katia Muller
média de dois mil livros entra em estoque por mês, mas · Marcos Eriverton Vieira
essas obras levam de um a dois anos para serem total- · Maria Helena Golçalves Rodrigues
mente escoadas. Além disso, a área em que funciona a · Selma Maria Consoli Jacintho
editora não possui ventilação. Inicialmente esse espaço · Tatiana Totino Richter
foi projetado para ser uma livraria, mas pela falta de es- · Walquir da Silva
paço, hoje é parte da editora. São 10 pessoas trabalhan-
do em uma área sem janelas. DISTRIBUIÇÃO
Para resolver parte desses problemas, periodicamen- · Leonilda Pais
te a Humanitas realiza promoções, participa das feiras · Valdinéia dos Santos Silva
da Edusp (Editora da USP) e montam pontos de venda
em eventos e seminários. Além disso, a editora está em LIVRARIA
negociação para conseguir um espaço que hoje é da · Ana Maria de Souza Soares Ribeiro
Marcenaria. O projeto já foi aprovado pela Diretoria da · Larissa Neves de Macedo
Faculdade, mas ainda falta a autorização da Prefeitura
do Campus para iniciarem as obras. ESTAGIÁRIOS
Também no sentido de diminuir o estoque, o diretor da · Andreia Nunes Pedrozo Moriz
FFLCH decidiu pela diminuição da tiragem das revistas anu- · Leticia Santos Carniello
ais, que passou a ser de 200 exemplares. Essa mudança · Silvia Carvalho de Almeida
vem acompanhada de um novo projeto da Humanitas: a · Thomaz Massadi Teixeira Kawauche
criação de um site com todas as revistas disponíveis on- · Vanessa Fernanda dos Ouros
Selma Valdinéia
Marcos
Walquir
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INFORME Número 30 – outubro/2006
SERVIÇO DE ARTES GRÁFICAS E SEÇÃO DE GRÁFICA
POR ALINE VICENTE MIGUEL
O Serviço de Artes Gráficas é responsável pela im- Na impressora, há rolos que controlam a quantidade
pressão e acabamento das publicações e materiais de e o amaciamento da tinta. Um outro rolo molha a chapa
divulgação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências com um líquido específico, para que a tinta pegue ape-
Humanas. Segundo João Fernando Querido Salvado, nas no texto e não na chapa inteira. O texto que está na
chefe do Serviço, as publicações são provenientes da chapa é, então, transferido para um cilindro de borracha,
Editora Humanitas, e incluem livros, revistas e apostilas. o qual copia seu conteúdo para o papel.
Já os materiais de divulgação de eventos vêm do Servi- No caso de um livro, por exemplo, após essa eta-
ço de Comunicação, tais como, cartazes, folhetos, ca- pa vem a finalização. Assim, as folhas impressas são
dernos de resumos e de professores eméritos e aulas levadas para a guilhotina, onde são cortadas ao meio.
magnas, além dos Boletins Informe e Você Sabia. Depois elas vão para uma máquina responsável por
João Fernando expli- intercalar as folhas de acordo com a ordem das pági-
ca que antes de iniciar nas. Elas são levadas novamente para a guilhotina e
qualquer impressão, a se- cortadas ao meio, para juntar as duas metades do li-
ção interessada (na maio- vro. Feito isso, um outro equipamento faz a colagem
ria das vezes, a Humanitas da capa no livro.
e o Serviço de Comunica- No entanto, há alguns problemas que dificultam o tra-
ção) deve encaminhar um balho. Um deles é a falta de equipamentos modernos de
João Fernando ofício solicitando o serviço impressão. Segundo Geraldo, há muitos professores que
de impressão à gráfica. produzem as capas de seus livros em gráficas externas,
João Fernando, então, faz um orçamento, o qual precisa já que as máquinas da FFLCH não são adequadas para
ser aprovado pelo solicitante. Materiais provenientes do trabalhar com quadricromia (registro de quatro cores).
Serviço de Comunicação já são pré-aprovados. Os orça- Além disso, ele afirma que a qualidade de certos materi-
mentos da Humanitas, no entanto, precisam de autoriza- ais, como o filme laser e o papel, nem sempre é a me-
ção do diretor da FFLCH. Aprovado o orçamento, ele faz lhor. “Às vezes a impressão não sai como a gente gostaria.
uma ordem de serviço, que é encaminhada para a Seção Procuramos fazer o melhor, mas na medida do possível,
de Gráfica. É aí que se inicia o trabalho de produção. Uma com o que temos nas mãos”, lamenta.
cópia do orçamento e outra da ordem de serviço são envi- Um outro problema é o quadro reduzido de funcio-
adas para o setor financeiro, já que cada Departamento nários. Tanto João Fernando quanto Geraldo concor-
ou seção da unidade possui uma verba específica para dam que doze funcionários são insuficientes para a
gastos com artes gráficas. quantidade de trabalho, ainda mais que dentre eles,
Enquanto o Serviço de Artes Gráficas é responsável há dois afastados por licença-saúde. No primeiro se-
pela parte administrativa, como o controle da entrada e mestre desse ano, o Serviço imprimiu e finalizou 32
saída de materiais, os pedidos de compras e orçamen- publicações, sendo que a tiragem total ultrapassou o
tos, a Seção de Artes Gráficas cuida dos trabalhos de número de 30 mil exemplares. É por isso que João
impressão e acabamento. O chefe da Seção, José Ge- Fernando diz que o grande desafio da equipe é cum-
raldo Pereira, explica todas as etapas do trabalho da prir prazos. “Trabalhamos com máquinas obsoletas e
equipe. Primeiramente, todos os materiais a serem im- pouca mão-de-obra”.
pressos chegam na gráfica em filme laser (uma espécie Além desses dois problemas, uma outra dificuldade
de folha transparente na qual o texto é impresso de ma- apontada por eles é o desconhecimento da área gráfica
neira invertida). Esse filme laser é montado em cima de por parte dos interessados. “Há pessoas que ficam 30
uma chapa de alumínio pré-sensibilizada, a qual é colo- dias produzindo o folder de um evento. Quando o texto
cada numa máquina de exposição. Com a exposição à está pronto, elas querem que a impressão ocorra em 15
luz dentro da máquina, os textos e as imagens do filme minutos”, exemplifica João Fernando. Assim, Geraldo
laser são transferidos para a chapa de alumínio que, de- ressalta que o prazo mínimo para que livros e revistas
pois de revelada, vai para a impressora. fiquem prontos é de 30 dias.
26
Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
O chefe do Serviço também lamenta que muitos usu- 2) Seção de Gráfica
ários desrespeitem os trâmites burocráticos. “Há nor- · Aloísio José dos Santos – técnico de gráfica
mas que precisam ser seguidas. Para começarmos um · Amauri Augusto Diniz – auxiliar gráfico
trabalho, necessitamos primeiro de um ofício que es- · Charles de Oliveira – técnico de gráfica
pecifique o que o usuário quer, a quantidade e o tipo de · José Fermino da Silva – técnico de gráfica afastado por
material. Como vou fazer o orçamento sem essas infor- licença médica
mações?” questiona. · José Geraldo Pereira – técnico de gráfica e chefe da
Seção
FUNCIONÁRIOS · Júlio Ruiz Lopes Filho – técnico de gráfica
1) Serviço de Artes Gráficas · Marcelo Domingues – auxiliar gráfico
· João Fernando Querido Salvado – chefe do serviço e · Nilton dos Santos Lopes – técnico de gráfica
técnico para assuntos administrativos · Paulo Augusto de Jesus Ferreira dos Santos – técnico
· Elisabeth Rabockai – técnica para assuntos adminis- de gráfica afastado por licença médica
trativos · Rodolfo Bernardo da Silva – técnico de gráfica
Elisabeth Geraldo
Charles
Marcelo Júlio
27
INFORME Número 30 – outubro/2006
SEÇÃO TÉCNICA DE INFORMÁTICA
POR LÍVIA MAJOR
O Serviço de Informática é responsável por tudo que particular: fazem downloads de softwares piratas ou abrem
se refere a computadores e telefonia na FFLCH. Uma das quaisquer páginas na Internet e acabam contaminando
funções é a manutenção seus computadores com vírus: “Deveria haver normas que
de equipamentos, desen- proibissem isso, ou que penalizassem os funcionários de
volvimento de sistemas, alguma forma. Afinal software pirata é crime. Isso ajudaria
assessorias técnicas e o bastante, porque a FFLCH é uma unidade muito grande e
gerenciamento da rede de muitas assessorias têm esse motivo”.
computadores. Ricardo A equipe é formada por 14 funcionários, entre analis-
Fontoura, chefe do servi- tas, técnicos e estagiários. Os primeiros se dedicam ao
ço, destaca que a asses- desenvolvimento dos sistemas e a manutenção dos ser-
soria técnica prestada é vidores. Já os técnicos trabalham principalmente com a
Ricardo
uma das mais importantes manutenção dos equipamentos e assessorias. Mas para
funções, pois segundo o último levantamento, feito em Ricardo, há a necessidade de uma secretária e de mais
2000, a FFLCH dispunha de uma média de 500 computa- um técnico. “Assim, poderíamos atender com excelência
dores. Hoje esse número aumentou para 1200. todas as áreas”, conclui.
A Faculdade é uma das únicas Unidades que desen-
volve sistemas administrativos. E a Informática é a res-
ponsável por isso. Alguns exemplos são os sistemas FUNCIONÁRIOS
desenvolvidos para a área financeira adotado pelo IME e · Alba Noemi Rios Rodrigues Sousa – Técnica de Contabi-
CCE e o de votação eletrônica adotado também pela Fa- lidade Financeira (em licença para tratamento médico)
culdade de Educação. · Antonio Freitas de Andrade Neto - Analista para Assun-
Já o site da Faculdade é uma parceria entre a tos Administrativos (fica na sala pró-aluno dp prédio de
Informática e o Serviço de Comunicação: “tanto o novo Filosofia e Ciências Sociais)
layout como a manutenção do site são feitos em conjun- · Augusto Cesar Freire Santiago - Analista de Sistemas
to”, explica Ricardo. Outra responsabilidade desse Ser- · Fabio Yoshimitsu Nakamura - estagiário
viço é a compra de todo equipamento de informática. “Os · Fernanda Carolina de Oliveira - estagiária da sala pró-
pedidos são encaminhados direto para nós. Analisamos aluno de Letras
a real necessidade do produto, as características técni- · Flávia Aparecida dos Santos - estagiária
cas e auxiliamos na montagem do edital do pregão”, afir- · Gilberto Vargas - Técnico em Informática
ma ele. No entanto, muitas vezes o usuário não se · José Roberto Visconde de Souza - Analista de Sistemas
preocupa em fazer corretamente a requisição. Segundo · Luciana Roman Lopes - estagiária
Ricardo, o sistema de compras da USP está passando · Luis Ricardo Bérgamo - estagiário
por mudanças, e muitas vezes os equipamentos não es- · Neli Maximino – Analista de Sistemas
tão cadastrados, o que dificulta o serviço. · Ricardo Fontoura - Chefe da Seção Técnica de Informática
Um outro problema, aponta ele, é a falta de uma polí- · Vinicius Sales do Nascimento França - estagiário
tica que normatize o uso dos equipamentos na Faculdade. · Wellington da Silva Moura - Técnico de Informática
Isso porque muitos usuários tratam o instrumento como · Wellington Florentino Leite - estagiário
Neli
Wellington
Gilberto
José Roberto
Augusto Maurício
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
DEPARTAMENTOS – PRÉDIO DE LETRAS
POR ALINE VICENTE MIGUEL
Os funcionários de um Departamento devem en- Cada Departamento, ainda, deve encaminhar para
tender, indistintamente, das três áreas da Faculdade: o Serviço de Cultura e Extensão Universitária da FFLCH
da administrativa, da financeira e da acadêmica. É as propostas para a criação de cursos extracurriculares,
assim que as funcionárias Maria Angela Aiello Bressan bem como cadastrá-los no Sistema Apolo. Em alguns
Schmidt e Maribel Figueiredo Santos da Silva Arruda, Departamentos, os funcionários também se responsa-
secretárias do Departamento de Teoria Literária e Li- bilizam pela divulgação e organização de eventos (na
teratura Comparada e do Departamento de Letras parte financeira e administrativa), cabendo aos docen-
Orientais, respectivamente, definem as principais ati- tes a parte didática.
vidades de suas equipes. Já às secretarias de pós-graduação compete a elabo-
O Informe conversou com cada secretário de Depar- ração do relatório CAPES, que é o carro-chefe para a ava-
tamento do prédio de Letras, bem como com os profes- liação dos programas. Trata-se de um relatório minucioso,
sores chefes de cada um deles, para entender como são anual, sobre todos os programas de pós oferecidos pela
suas rotinas de trabalho e quais são os principais proble- FFLCH, que deve conter todas as atividades, trabalhos e
mas e desafios a serem superados. publicações desenvolvidas por docentes e pós-
Além da coordenação de todo o trabalho dos funcio- graduandos, além dos objetivos e metas do programa.
nários, o secretário é responsável pelo despacho com o Além do credenciamento e recredenciamento de pro-
chefe, pelas correspondências endereçadas à chefia, fessores, disciplinas e bolsistas, há outras atividades de-
por todo material que será analisado na reunião do Con- senvolvidas por essa secretaria. As principais são: a
selho Departamental (pauta) e, consequentemente, pela seleção de bolsas, os processos seletivos para o ingres-
ata da mesma. so na pós e os exames de qualificação. Desse modo, os
Em cada um dos Departamentos da FFLCH funcio- funcionários devem ficar atentos aos prazos para as so-
nam uma secretaria de graduação e uma de pós-gradu- licitações de bolsas junto às agências de fomento, como
ação, nas quais se dá o atendimento aos professores, CAPES e CNPq, receber os projetos de pesquisa dos
alunos e ao público em geral. Entre as atividades admi- alunos e encaminhá-los para a comissão de bolsas, que
nistrativas desenvolvidas na graduação estão a elabora- fará a avaliação.
ção e encaminhamento de ofícios, pedidos de férias, Já as inscrições para a seleção de alunos para o
licenças-prêmios, afastamentos de docentes e funcioná- Mestrado e o Doutorado são realizadas no Serviço de
rios, reserva de salas e de equipamentos, entre outros. Pós-Graduação da Faculdade. As fichas dos inscritos
Já em relação à área financeira, são feitos os pedi- são encaminhadas para as respectivas secretarias de
dos de material de almoxarifado, as solicitações referen- pós, as quais devem cadastrá-las no sistema Fênix,
tes à liberação de verbas para o pagamento de pró-labore aplicar as provas e agendar as entrevistas com os
e de diárias aos professores visitantes, e o controle e orientadores. Concluídas essas etapas, os funcionári-
levantamento da Dotação Básica. os elaboram a tabela de resultados divulgando-os e
Quanto à parte acadêmica, os funcionários da secre- cadastrando-as no Sistema Fênix.
taria assessoram os docentes no cadastro de notas no Já o exame de qualificação é uma espécie de pré-
sistema Júpiter a cada final de semestre e atendem aos defesa: é quando o aluno vai apresentar o seu trabalho.
alunos de graduação nas mais variadas solicitações. Nessa etapa, os funcionários devem preparar atas e ofí-
Como exemplo, temos o pedido para a alteração em bo- cios, receber os exemplares do trabalho e encaminhá-
letins de notas e freqüências. Assim, funcionam como los para todos os membros das bancas e lançar os
mediadores entre as seções de alunos e os professores. resultados no Sistema Fênix.
Cabem ainda a essas secretarias a inclusão e a ex- Em resumo, podemos dizer que cada Departamento
clusão de disciplinas no Sistema Júpiter, a elaboração e é responsável pela vida acadêmica de seus docentes e
o cadastro das estruturas curriculares de cada curso ou alunos. Leia, nas próximas matérias, um pouco mais so-
área e o controle das bolsas de iniciação científica. bre cada Departamento do prédio de Letras.
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INFORME Número 30 – outubro/2006
DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS
POR ALINE VICENTE MIGUEL
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
Funcionários: · Idalina Aparecida Ramos – técnica acadêmica
· Ilza Cavalcante da Silva – técnica acadêmica
· Carmen Sanches Eigenheer – secretária do Departa- · Maria Helena Santos de Souza – técnica acadêmica
mento
SECRETARIA DA PÓS-GRADUAÇÃO
SECRETARIA DA GRADUAÇÃO · Durvalina Marques Estima – técnica acadêmica
· Ana Edite Naves – técnica acadêmica · Jacó Luiz de Souza – técnico acadêmico
· Enedina Alves da Silva – técnica acadêmica · José Sérgio Viana Cunha – técnico acadêmico
Carmen
Maria Helena
Jacó
Idalina
Ilza
Formar indivíduos crí- dialogar com cada um deles para identificar suas deman-
ticos por meio do exercí- das e seus problemas. “Na prática, eu sou o coordenador
cio da leitura e da escrita. de cinco pequenos Departamentos, já que cada área tem
Na opinião do professor uma certa autonomia em relação às demais”, afirma.
Mario Miguel González, As tarefas de um chefe de Departamento dividem-se
chefe do Departamento de em duas partes. Uma é a administrativa: todas as solici-
Letras Modernas (DLM), é tações de qualquer professor do DLM devem passar pe-
Mario esse o objetivo não ape- las mãos do chefe, como afastamentos, férias, licenças,
nas dos cursos de Letras Modernas, mas também do entre outros. A outra é a parte acadêmica, cujas discus-
curso de Letras da FFLCH como um todo. sões ocorrem, fundamentalmente, no âmbito do Conse-
Do ponto de vista acadêmico, o DLM possui cinco lho Departamental. Mario González, inclusive, ressalta
grandes áreas didáticas, que compreendem as línguas e que o Conselho funciona de maneira aberta: qualquer
literaturas inglesa, espanhola, alemã, italiana e france- professor do DLM, mesmo que não seja um represen-
sa. Conta com 65 professores na ativa, mais de 2000 tante eleito de sua categoria, pode comparecer às reuni-
alunos de graduação, perto de 400 na pós-graduação e ões e votar nelas. Desse modo, todas as decisões são
por volta de 2500 na cultura e extensão. Como cada uma tomadas em conjunto. “O chefe não manda, ele coorde-
dessas áreas tem seu coordenador da graduação, da pós na. Eu sou um ponto de encontro das inquietações dos
e dos cursos extracurriculares, cabe ao professor Mario meus colegas, responsável por encaminhá-las ao Con-
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INFORME Número 30 – outubro/2006
selho. Este, em seu conjunto, discutirá e decidirá o que outubro do ano passado houve a contratação de mais
fazer”, explica o professor. Também cabe ao chefe repre- uma pessoa. Ela, entretanto, ressalta que o número de
sentar o seu Departamento na Congregação, no CTA, funcionários é relativo. “Às vezes há muitos funcionários
em eventos, e perante as diversas instâncias ou segmen- e o serviço não sai. O que importa é a qualidade e a
tos da Universidade. motivação de cada um”, afirma.
Para ele, o maior problema do DLM hoje é o Uma das propostas de gestão do professor Mario é,
descompasso entre o número de docentes e a quantidade justamente, ampliar o quadro de funcionários e lutar, con-
de atividades pelas quais eles devem responder. “A pós- juntamente com os demais Departamentos, pelo cumpri-
graduação cresceu, aumentaram as vagas da graduação, mento das negociações da greve de 2002 e a conseguinte
vieram os cursos extracurriculares e as atividades concessão dos claros docentes ainda não outorgados.
institucionais e administrativas. Somos poucos para dar- Uma outra meta é procurar mecanismos de integração
mos conta de todo esse trabalho”, lamenta. “E não é ape- das áreas didáticas do DLM. O professor entende que
nas o trabalho em sala de aula: somos exigidos a pesquisar há três linhas transversais no Departamento: Línguas
e a produzir. A Universidade, porém, nem sempre nos dá Estrangeiras Modernas, Literatura Estrangeira Moderna
condições para isso”, explica o professor. Uma das cau- e Tradução. Segundo ele, Tradução é a área em que isso
sas desse problema é a não reposição dos docentes que é mais fácil de ser implantado, embora nem todas as áreas
se aposentam, já que a USP, como é autônoma, deve ban- estejam igualmente envolvidas e faltem os docentes pro-
car todas as aposentadorias. Ele defende que a solução metidos para o projeto. Na graduação, há algumas disci-
para isso seria o aumento do percentual de repasse da plinas que contemplam essa integração. Um exemplo é
verba do ICMS para as universidades, ainda mais após a a optativa Por que ler os clássicos?, que abrange a leitu-
criação da USP Leste e a incorporação da Faenquil (Fa- ra de obras clássicas de cada uma das literaturas mo-
culdade de Engenharia Química de Lorena) “O governo dernas. O desafio maior é desenvolver essa proposta
faz propaganda de que a Universidade de São Paulo cres- integradora na pós-graduação, o que não significa a fu-
ceu, mas o orçamento continua o mesmo”, diz. são dos programas e sim a criação de atividades que
Hoje, o DLM oferece, nas habilitações da graduação, envolvam o interesse de duas ou mais áreas.
110 vagas em Inglês e Espanhol e 80 em Francês, Ale- Mario González também busca uma integração com
mão e Italiano, divididas nos períodos matutino e notur- os outros Departamentos do curso de Letras. Um exem-
no. O aumento da demanda pelas línguas estrangeiras, plo é o LAPEL (Laboratório de Apoio à Pesquisa e ao
aliado à queda da taxa de evasão do curso de Letras, Ensino de Letras), implementado no ano passado. O
causa uma superlotação das salas de aulas e, conse- objetivo foi fundir espaço físico, funcionários e equipa-
qüentemente, a inviabilização do ensino. “Como você mentos, como vídeos, câmeras e datashows, ao invés
pode ensinar uma língua estrangeira para uma turma de de cada Departamento permanecer com seu laboratório
40, 50 ou 60 alunos? Para o ensino de Literatura você carente de recursos.
tem que dialogar, discutir, debater e conhecer os alunos. O DLM possui, ainda, dois desafios a serem supera-
Em uma sala com 60, você não sabe quem é quem”, dos. Um é a extinção dos cursos de pós-graduação ditos
explica Mario. O ideal, na sua opinião, seria a divisão das latu sensu pelo Conselho de Pós-Graduação, há dois anos.
turmas, mas isso só seria possível com a ampliação do Isso fez com que o Curso de Especialização em Tradu-
prédio, prometida há anos e ainda no projeto, e a obten- ção, do DLM, deixasse de existir. Ainda há algumas tur-
ção de claros para a contratação de mais professores. mas concluindo esse curso, mas ele não admite mais
A falta de recursos humanos também é uma dificul- matrículas. Desse modo, o Conselho Departamental está
dade enfrentada pelos funcionários do Departamento. discutindo a criação e o desenvolvimento de alternativas,
Francisco Moreira dos Santos, secretário do DLM, expli- como um mestrado profissional e/ou um mestrado acadê-
ca que aguarda a reposição de dois funcionários do DLM mico em Tradução, além de disciplinas dessa especialida-
que se aposentaram nos últimos anos. Uma outra dificul- de na graduação. Mais uma vez, a implementação desse
dade apontada por ele é a burocracia para os pedidos de projeto depende da contratação dos docentes prometidos
compras e de verbas. Já a funcionária Edite dos Santos com base nas negociações da greve de 2002.
Nascimento Mendes Pi, responsável pela secretaria de Um outro desafio diz respeito à recusa, por parte da
pós-graduação, explica que até 2005 ela também sofria Pró-Reitoria de Graduação, (“sem argumentos válidos”,
com a falta de funcionários, Hoje, não mais, já que em na opinião de Mario), da solicitação de cinco anos como
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
prazo mínimo para as habilitações em línguas estrangei- Chefe do Departamento:
ras da graduação em Letras. O professor explica que, Professor Mario Miguel González
como houve a criação de um ano básico, comum a todos
os alunos, é impossível habilitar o aluno em uma língua Suplente do Chefe: Professora Olga Alejandra Mordente
estrangeira apenas nos três anos restantes. No manual
da Fuvest, está estabelecido que o curso de Letras dura FUNCIONÁRIOS
quatro anos. Na prática, os alunos não se formam em · Francisco Moreira dos Santos – secretário do Departa-
menos de cinco anos, a não ser quando a habilitação é mento
apenas em Língua Portuguesa ou em Lingüística. Se-
gundo o chefe do DLM, esse problema já foi encampado SECRETARIA DA GRADUAÇÃO
pela Congregação e pela Diretoria da Faculdade. “Por · Jônatas de Freitas Tallarico – técnico acadêmico
que devemos aceitar que a formação de um médico, de · Maria Cleide Rodrigues da Silva – técnica acadêmica
um advogado ou de um engenheiro dure mais que quatro · Romilda Gonçalves da Silva Petta – técnica acadêmica
anos e a formação de um indivíduo pensante, em condi-
ções de se transformar em professor e pesquisador deve SECRETARIA DA PÓS-GRADUAÇÃO
ocorrer em um prazo menor?, questiona. “O ensino médio · Edite dos Santos Nascimento Mendes Pi – técnica aca-
não consegue ensinar línguas estrangeiras. Nós temos que dêmica
alfabetizar o aluno na língua estrangeira, levá-lo à reflexão · Luís Henrique Costa – técnico acadêmico
crítica sobre essa língua e ao conhecimento e análise de · Caroline Serafim Sardeira da Silva - estagiária
sua literatura. Em três ano, é impossível”, conclui. · Márcia Cristina Arruda de Araújo – monitora
Edite
Francisco
Romilda
Jônatas
Trabalhar para inserir ação matriculados no segundo semestre nas seis habili-
as áreas do Departamen- tações (árabe, armênio, chinês, hebraico, japonês e rus-
to de Letras Orientais so), 91 pós-graduandos nos quatro programas oferecidos
(DLO) no interior do curso (Língua, Literatura e Cultura Árabe, Língua, Literatura e
de Letras e, por sua vez, Cultura Japonesa, Língua Hebraica, Literatura e Cultura
o curso de Letras dentro Judaicas e Literatura e Cultura Russa). Há, ainda, 91 alu-
da área de Humanidades. nos matriculados nos cursos de extensão e difusão cul-
Esse é um dos principais tural. Desse modo, uma das propostas de Mamede é
Mamede
objetivos do professor ampliar o quadro de docentes do Departamento, bem
Mamede Mustafa Jarouche como chefe do DLO. como o de funcionários.
O DLO possui 30 professores, 670 alunos de gradu- Jorge Luiz Mesquita, funcionário responsável pela
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INFORME Número 30 – outubro/2006
secretaria de pós-graduação, é um dos prejudicados pela jam reconhecidos dentro da própria FFLCH. Segundo ele,
carência de servidores. Como o Departamento conta ape- depois da greve de 2002, alguns alunos propuseram a
nas com cinco funcionários e dois monitores, ele fica no inclusão de alguma disciplina obrigatória da área de ori-
impedimento de realizar outras atividades, como a partici- entais no ciclo básico. “A discussão sobre isso não foi
pação em evento culturais e em cursos oferecidos para o nem aceita por parte dos meus colegas dos outros De-
aperfeiçoamento profissional. Além disso, ele também está partamentos”, afirma o professor. Questionado sobre a
fazendo parte de uma Comissão de Sindicância, a pedido viabilidade de se levar essa proposta adiante, Mamede
do diretor Gabriel Cohn. Maribel Figueiredo Santos da deixa claro: “Não há disponibilidade para o diálogo. Eles
Silva Arruda, secretária do Departamento, considera que argumentam que o currículo já está fechado, mas na ver-
a contratação de pelo menos mais um funcionário é fun- dade o que eu vejo é o racismo não apenas contra os
damental para agilizar as tarefas das duas secretarias. árabes, mas contra o oriente em geral”, explica. Para ele,
Um outro problema que Maribel e Jorge vêem no DLO do mesmo modo que o curso de Letras é discriminado
é a falta de entendimento do público quanto às regras e por outras áreas do conhecimento, o DLO é discrimina-
aos prazos para o desenvolvimento de certas atividades. do pelos outros Departamentos de Letras.
Ela cita dois exemplos. Um é o período determinado pelo O professor também cita como exemplo a inexistência
Serviço de Cultura e Extensão Universitária para a entre- de especialistas em filosofia árabe, hebraica ou judaica no
ga das propostas de cursos de difusão, prazo esse que, Departamento de Filosofia. Segundo ele, o DLO contra-
algumas vezes, não é respeitado por alguns docentes. tou, recentemente, um professor para a área de cultura
Outro refere-se às alterações de notas e freqüências soli- árabe, que também é especialista em filosofia árabe. “Qual-
citadas pelos alunos. Segundo ela, alguns estudantes não quer um sabe que essa área é extremamente importante
entendem que, antes de qualquer alteração, o docente res- para a filosofia medieval. Veja só, eu aqui no meu peque-
ponsável pela disciplina deve analisar o caso e assinar a no curso de árabe tentando suprir uma lacuna em um De-
retificação. “Não somos nós que colocamos as regras. Elas partamento tão renomado como o de Filosofia”, diz.
foram aprovadas pelas instâncias competentes e a nós, Desse modo, ele considera que o grande desafio
resta cumpri-las. Quem não é afeito à burocracia, infeliz- do DLO é legitimar, intelectual e academicamente, os
mente, não entende isso”, lamenta a secretária. estudos orientais. Para o professor, essa conscientiza-
Esse problema em relação aos prazos também pre- ção já está presente em muitos alunos. Na sua opinião,
judica a secretaria de pós-graduação, principalmente no o que impede uma procura maior pelos cursos e habili-
que diz respeito ao relatório CAPES. Segundo Jorge, esse tações do Departamento não é o preconceito por parte
trabalho exige uma grande atenção não apenas dos fun- dos estudantes e sim a dificuldade e a falta de tempo e
cionários responsáveis pelo setor, mas principalmente dos de recursos. “O aprendizado de Letras Orientais exige
docentes e dos pós-graduandos. “É preciso que eles nos mais esforços do que o estudo e o aprendizado de lín-
enviem todas as suas publicações, produções, projetos guas indo-européias”, explica. Mamede defende que
e participações em congressos. Ninguém melhor que o seria essencial que os alunos do DLO, não apenas os
próprio aluno ou docente para saber de sua vida acadê- de pós, mas também os de graduação, passassem um
mica”, ressalta Jorge. Ele explica que quando essas in- tempo nos países onde se fala a língua que eles estão
formações não são enviadas no tempo correto, o estudando. “Eu conheço pessoas que falam bem o in-
programa acaba sendo prejudicado com uma nota me- glês, o espanhol, o italiano e o francês sem nunca te-
nor em relação àquela que mereceria. Para ele, a cola- rem saído do Brasil. No caso do árabe, hebraico, chinês,
boração dos docentes e alunos é fundamental para evitar japonês ou armênio é mais difícil, pois são línguas que
que isso aconteça, já que os programas de pós-gradua- possuem estruturas sintáticas e de pensamento com-
ção do DLO são conhecidos nacional e internacionalmen- pletamente diversas das nossas. A Universidade ou os
te. “Muitos dos nossos professores são convidados para órgãos de fomento à pesquisa deveriam disponibilizar
ministrarem cursos no exterior. Recebemos, também, verbas para isso”, finaliza.
muitos professores visitantes. Isso contribui para um cres-
cimento cada vez maior das nossas áreas didáticas”, Chefe do Departamento:
explica. Professor Mamede Mustafa Jarouche
O professor Mamede, no entanto, lamenta que esse Suplente do Chefe:
crescimento e relevância dos estudos orientais não se- Professora Arlete Orlando Cavaliere
34
Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
Funcionários · Iva Dias – técnica acadêmica
· Maribel Figueiredo Santos da Silva Arruda – secretária · Marisa Alves de Souza – monitora
do Departamento · Patrígia Regina Signer Azevedo – monitora
· Marcelo Gonçalves – operador de audiovisual
Secretaria da Pós-graduação
Secretaria da Graduação · Jorge Luiz Mesquita – técnico acadêmico e responsá-
· Álvaro Antonio de Paula – técnico acadêmico vel pela secretaria de pós-graduação.
Iva
Maribel
Álvaro
Jorge
DEPARTAMENTO DE LINGÜÍSTICA
POR ALINE VICENTE MIGUEL
35
INFORME Número 30 – outubro/2006
obrigatórias para os alunos do curso de Fonoaudiologia, Ela ressalta que, recentemente, foi contratada uma pro-
da Faculdade de Medicina da USP (Elementos de Lin- fessora da área, a qual fez uma nova organização no
güística I e II, Fonética e Fonologia). Também oferece laboratório. Hoje, ele dispõe de computadores e softwares
cursos de pós e disciplinas optativas para os alunos de específicos, mas ainda faltam alguns aparelhos e uma
Letras. Desse modo, as contratações visam, além de verba maior para a manutenção.
garantir o oferecimento de todo esse conjunto de disci- Outro desafio é ampliar os cursos de difusão cultural. O
plinas de graduação e pós-graduação, a fortalecer áreas DL já ofereceu, para a comunidade em geral, um curso bá-
de pesquisas já consagradas no Departamento, como sico de lingüística e outro de semiótica. Hoje, oferece ape-
Semiótica e Teoria Gramatical, ou áreas ainda em de- nas um, de swahili (uma língua africana). “Se pudéssemos,
senvolvimento, como Aquisição da Linguagem, e abrir expandiríamos esses cursos. Mas não conseguimos fazer
novas áreas de estudos, como a neurolingüística, uma muitos planos, já que são muitas as coisas das quais estamos
constante solicitação dos alunos. tratando no momento”, explica a professora.
Esmeralda ressalta que o DL tem o objetivo de fa- Ela destaca a importância da articulação do DL com
zer com que os professores recém-contratados ingres- a unidade em geral. Atualmente, há alguns projetos
sem o mais brevemente possível na pós-graduação. No coletivos em desenvolvimento com outros Departa-
entanto, como a pós tem critérios bastante rígidos em mentos. Um é o LEI (Laboratório de Estudos da Into-
termos de excelência, um jovem doutor precisa de al- lerância), no qual alguns docentes do DL trabalham
gum tempo para dar solidez à sua produção acadêmica com a intolerância lingüística. Outro, é um trabalho
e, assim, obter o seu credenciamento no programa. “O sobre a língua de sinais, realizado com alguns defici-
Departamento deve oferecer todas as condições para entes auditivos. Há também um estudo sobre línguas
que esses jovens docentes atinjam esse grau”, afirma. africanas, realizado juntamente com o DLCV. No pró-
Isso inclui o incentivo à participação em congressos e ximo ano, o DL oferecerá uma disciplina optativa aos
eventos, inclusive com o financiamento de visitas, es- alunos de Filosofia. Já os alunos de lingüística terão a
tadias e estágios. Ela explica que, mesmo com um gran- oportunidade de cursar Filosofia da Linguagem no
de acúmulo de trabalho e de carga didática entre os Departamento de Filosofia.
docentes, o DL tem a política de que, a cada semestre, Além dessa integração entre os Departamentos, Es-
um professor se afaste para realizar um estágio de pós- meralda ressalta a pluralidade de visões teóricas exis-
doutorado no exterior. tentes no DL. Segundo a professora, são essas múltiplas
Para a professora, esse incentivo é uma das razões abordagens da lingüística que contribuem para a reali-
para que o curso da pós-graduação em Lingüística te- zação de seminários e grupos no DL, como o Grupo de
nha a nota máxima oferecida pela CAPES: 7. Na opi- Estudos Semióticos (GES-USP) e o Grupo de Estudos e
nião de Érica Flávia de Lima Souza, secretária do Pesquisa em Sociolingüística (GESOL). “Essa pluralidade
Departamento, dada a excelência do curso e o conse- teórica é muito importante, porque faz do DL um ambien-
qüente acúmulo de trabalho existente na secretaria de te muito rico”, conclui.
pós, o número de funcionários não é suficiente: são
apenas 3, mais dois monitores. “Somos um Departa- Chefe do Departamento:
mento pequeno se levarmos em consideração o DLM e Professora Esmeralda Vailati Negrão
o DLCV, mas por termos um curso nota 7, devemos estar Suplente do Chefe:
sempre trabalhando para permanecermos na frente”, Professora Ana Paula Scher
destaca Érica.
Além do problema do espaço físico, insuficiente para Funcionários
as salas de aulas, gabinetes e grupos de pesquisas, o · Érica Flávia de Lima Souza – secretária do Departa-
que é comum em todos os Departamentos do prédio, Es- mento
meralda vê outras dificuldades a serem superadas. Uma · Ben-Hur Eusébio – técnico acadêmico
é a necessidade de expansão e atualização dos equipa- · Camila dos Santos Ribeiro – monitora
mentos disponíveis para as áreas administrativas e para · Daniel Batista Vio – monitor responsável pelo site do
o desenvolvimento de atividades de pesquisa. Esse pro- Departamento
blema também é encontrado no laboratório de fonética. · Robson Dantas Vieira – técnico acadêmico
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
DEPARTAMENTO DE TEORIA
LITERÁRIA E LITERATURA COMPARADA
POR ALINE VICENTE MIGUEL
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INFORME Número 30 – outubro/2006
integração também existe entre os colegas das secretarias. A professora ressalta que o DTLLC privilegia a qualida-
“Nós somos quatro: três na secretária da graduação e um de em seus trabalhos acadêmicos, pesquisas e publicações.
na da pós. Trabalhamos bem em equipe, todos entendem Segundo informa, órgãos de fomento como a CAPES e o
do serviço e das tarefas básicas” explica a secretária. CNPq estão valorizando, hoje, muito mais a quantidade e a
Como o DTLLC é um departamento pequeno, eles rapidez da publicação em detrimento da qualidade. Maria
consideram o número de funcionários suficiente para dar Augusta defende que o trabalho dos intelectuais e pesqui-
conta do trabalho. A única coisa que os funcionários do sadores da área das humanidades possui certas especifici-
DTLLC gostariam de mudar é o problema da falta de co- dades, que não são as mesmas da física, da psicologia ou
municação que ocorre, algumas vezes, com alguns se- da matemática “Muitas vezes, passamos três, cinco, seis
tores da Faculdade. anos, analisando um documento, um livro, um manuscrito.
No entanto, o fato de o Departamento caminhar bem, Só depois temos condições de escrever uma dissertação,
não significa que não existam desafios a serem enfren- uma tese, ou de produzir um livro”, explica. “A USP tem um
tados. A professora Maria Augusta cita alguns deles. Um grau de excelência que deve ser mantido. Não vamos abrir
é tentar retomar a oferta de curso de extensão para a mão disso e começar a publicar em série qualquer coisa
comunidade. Um destes cursos, “Leituras e Leitores”, que apareça pela frente. Não somos fábricas de fazer tex-
realizado há algum tempo resultou em dois livros muito tos, nem distribuidores de títulos”, conclui.
procurados até hoje. Como atividade de extensão o
DTLLC tem desenvolvido regularmente o projeto “A Voz Chefe do Departamento:
do Escritor”. Uma outra proposta da professora é manter Professora Maria Augusta Fonseca
a publicação das duas revistas do Departamento: a
Magma, dos alunos de pós e a Literatura e Sociedade, Suplente do Chefe:
de responsabilidade docente, cuja próxima edição será Professora Andrea Saad Hossne
sobre Literatura Comparada. Ela ainda explica que há
vários professores recém-contratados cujas teses meri- Funcionários
tórias ainda não se transformaram em livros, sendo do · Maria Angela Aiello Bressan Schmidt – secretária do
interesse do Departamento, sempre que possível, Departamento
encaminhá-las a editores para a publicação.
Maria Augusta também destaca como um diferencial Secretaria de Graduação
do DTLLC os seminários acadêmicos, nos quais todos · Suely Maria Regazzo – secretária
os professores se reúnem para a discussão de algum · Zilda Ferraz – técnica acadêmica
tema teórico-crítico. Muitas vezes os docentes fazem a
apresentação de pesquisas que estão no início ou que já Secretaria de Pós-Graduação
foram concluídas. · Luiz de Mattos Alvez – técnico acadêmico
Angela Suely
Luiz Zilda
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
EVENTOS
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INFORME Número 30 – outubro/2006
I ENCONTRO DE
PÓS-GRADUANDOS DA FFLCH/USP
dias 21 A 23 DE NOVEMBRO DE 2006
OBJETIVO
Propiciar a troca de experiências de pesquisa entre mestrandos e doutorandos dos diversos Programas de Pós-
Graduação da Faculdade
COMISSÃO ORGANIZADORA
Coordenadores e/ou vice-coordenadores dos Programas de Pós-Graduação da FFLCH, além de outros professores
interessados
INFORME
Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP
N. 30 – outubro+/2006
O Comitê Editorial do Informe encontra-se à disposição para o recebimento de material. Artigos devem,
preferencialmente, conter 50 linhas de 70 toques e outras matérias (notícias, eventos etc) no máximo 10
linhas. Tel/Fax (0XX11) 3091-4612 e e-mail: [email protected]
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Informativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – USP