Parecer Referencial 0004 2020 COORD E-CJU Adm Como Locat Ria
Parecer Referencial 0004 2020 COORD E-CJU Adm Como Locat Ria
Parecer Referencial 0004 2020 COORD E-CJU Adm Como Locat Ria
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE SERVIÇOS SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE
MÃO-DE-OBRA
COORDENAÇÃO GERAL - SEM DEDICAÇÃO EXCLUSIVA MDO
RUA SANTA CATARINA, 480 - 6º ANDAR LOURDES BELO HORIZONTE CEP 30.170-081
NUP: 00688.001305/2020-17
INTERESSADOS: CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE SERVIÇOS SEM
DEDICAÇÃO EXCLUSIVA DE MÃO-DE-OBRA
ASSUNTOS: CONTRATO DE LOCAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO LOCATÁRIA. PRORROGAÇÃO DO
PRAZO DE VIGÊNCIA.
I. RELATÓRIO
Da manifestação jurídica referencial. A Orientação Normativa AGU nº 55, de 23 de maio de 2014.
1. A presente manifestação jurídica referencial tem por objetivo reunir em um único arrazoado os entendimentos
jurídicos homogêneos que esta unidade Consultiva emite em seus Pareceres sobre o tema da prorrogação do prazo de vigência de
contratos de locação em que a Administração Pública figure como locatária.
2. O intuito é tornar dispensável o envio de processos versando sobre a matéria objeto desta manifestação jurídica
referencial, sem que isso implique em amesquinhamento da atuação consultiva ou fragilização da prestação do assessoramento
jurídico imposto por lei (art. 11, VI, da Lei Complementar n. 73/1993; art. 38, VI e parágrafo único, da lei n. 8.666/1993).
3. Com efeito, a Orientação Normativa nº 55, de 23 de maio de 2014, do Advogado-Geral da União, inaugurou a
denominada manifestação jurídica referencial no âmbito da Advocacia-Geral da União, em resposta aos reclames por uma maior
racionalização, celeridade, eficiência e economicidade da atuação dos seus órgãos consultivos.
5. Como se pode observar, a construção de uma manifestação jurídica referencial depende da comprovação de que o
volume de processos possa impactar, justificadamente, a atuação do órgão consultivo ou a celeridade dos serviços administrativos.
Além disso, deve-se comprovar que a atividade jurídica que seria demandada se restringiria à mera conferência de documentos ou à
enunciação-padrão de adequação jurídica da instrução ou conclusão firmada pela área técnica.
6. Quanto ao primeiro requisito, tem-se que o volume de processos em matérias idênticas e recorrentes impacta a
atuação deste órgão consultivo, bem como a celeridade dos serviços administrativos, em desprestígio ao princípio da razoável
duração do processo, e, ocasionalmente, à segurança jurídica. Deveras, a multiplicidade desse tipo de demanda traz impactos
negativos no tempo em que os advogados poderiam se dedicar ao estudo e aprofundamento de matérias verdadeiramente complexas
e relevantes, nos mais variados temas.
7. A presente proposta de padronização diminuirá a necessidade de análise individualizada dos processos relativos
a prorrogações de vigência dos contratos de locação, prestigiando o princípio da eficiência e uniformizando a atuação do órgão
jurídico neste tipo de matéria repetitiva, sem prejuízo da segurança jurídica necessária à prática do ato. Proporcionará ainda o
redimensionamento da atuação consultiva para análise das demandas e consultas jurídicas mais complexas e relevantes.
8. Ademais, a presente manifestação referencial pode ser considerada, sob certa perspectiva, uma continuidade da
política de tratamento conferida por esta e-CJU SSEM relativamente ao macrotema da desburocratização e simplificação dos
procedimentos de prorrogação do prazo de vigência contratual iniciado pelo Parecer Referencial n. 00002/2020/COORD/E-
CJU/SSEM/CGU/AGU. Como visto naquela ocasião, o quantitativo de processos distribuídos acerca deste
macrotema representava cerca de 1/4 de toda a movimentação da e-CJU SSEM.
9. Quanto ao segundo requisito, saliente-se que a dispensa de análise jurídica individualizada de processos que tenham
por objeto a prorrogação do prazo de vigência de contratos de locação em que a Administração Pública figure como
locatária, justifica-se em razão deste tipo de processo ser, em geral, de baixa complexidade, instruído com atos e documentos de
cunho meramente administrativo e revestidos de certa singeleza, cuja conferência é de atribuição dos agentes responsáveis pela
instrução do processo. De fato, em casos como tais, a atividade jurídica acaba por se restringir à verificação do atendimento das
exigências legais a partir da simples conferência de documentos.
10. Não se está a dizer que esses processos jamais deverão ser encaminhados ao órgão jurídico consultivo. Questões de
natureza jurídica que eventualmente sobressaiam de um processo e que suscitem dúvidas específicas no gestor público quanto a
forma de proceder podem e devem ser pontualmente submetidas à análise da unidade consultiva sempre que o órgão assessorado
entender necessário.
11. Pelo exposto, considerando que, a uma, todo o contorno jurídico que envolve o processo de prorrogação do prazo
de vigência desse tipo de contrato, com ou sem reajuste, já está contido no presente Parecer Referencial; a duas, a pluralidade de
processos com matéria jurídica idêntica a impactar a atuação do órgão consultivo; e, por fim, a análise dos mesmos demandar mera
atividade burocrática de conferência documental, resta configurado que a situação objeto de análise se amolda às diretrizes traçadas
na Orientação Normativa n° 55/2014, dispensando-se a submissão individualizada e obrigatória de processos versando sobre
esta matéria à análise unidade consultiva.
12. Por fim, registre-se que compete ao Órgão assessorado atestar que o assunto tratado no processo corresponde
àquele versado na manifestação jurídica referencial, para o fim de não encaminhamento do mesmo. Decorre daí, que não se deve
adotar como praxe o envio dos autos para a e-CJU deliberar se a análise individualizada se faz necessária ou não, pois o escopo da
manifestação referencial é justamente eliminar esse trâmite.
II. ANÁLISE
13. No âmbito do Poder Executivo Federal, o Decreto nº 10.193, de 27 de dezembro de 2019, estabeleceu limites e
instâncias de governança para a contratação de bens e serviços. Dentro desse contexto, fixou também uma condição expressa acerca
da necessidade de autorização especial para a prorrogação dos contratos de locação em vigor:
Art. 5º A celebração de contratos de locação de imóvel e a prorrogação dos contratos de locação em vigor,
com valor igual ou superior a R$ 10.000,00 (dez mil reais) por mês, serão autorizadas por ato do Ministro de
Estado, do titular de cargos de natureza especial ou do titular de órgão diretamente subordinado ao Presidente
da República, vedada a delegação de competência..
14. Desta feita, caso o valor mensal da presente locação seja igual ou superior a R$10.000,00 (dez mil reais) por mês,
mostra-se obrigatória, como condição necessária para a juridicidade da prorrogação, a prévia obtenção e a consequente juntada ao
processo da respectiva autorização do Ministro de Estado ou da autoridade similar, conforme estatui o referido art. 5º do Decreto nº
10.193/2019, devendo o órgão assessorado providenciar a juntada aos autos da respectiva autorização.
15. Recomenda-se, igualmente, que a área técnica do Órgão verifique a eventual existência de outros atos normativos
(Decretos, Portarias etc) no âmbito de sua estrutura organizacional que preveja “limites”, "contingenciamento orçamentário" ou a
"restrição ao empenho de verbas”, com efeitos aplicáveis ao caso concreto.
16. Observa-se, ademais, que o art. 4º do Decreto n.º 10.193/2019 exige a observância, nos contratos de locação,
de "área útil para o trabalho individual a ser utilizada por servidor, empregado, militar ou terceirizado que exerça suas atividades
no imóvel [...] estabelecida em ato da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União da Secretaria Especial de
Desestatização, Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia". Portanto, o cumprimento dessa exigência está
condicionado à edição, pelo Ministério da Economia, do ato complementar mencionado no caput do art. 4º do Decreto n.º
10.193/2019, não havendo esta Consultoria logrado êxito em localizar, por ora, o normativo. Sem embargo disso, deverá a
Administração se certificar da existência, ou não, do referido ato, atestando nos autos a informação obtida.
II.2.1. Fundamento legal e inaplicabilidade das restrições previstas no art. 57 da lei 8.666/93.
17. O art. 62, § 3º, da Lei de Licitações prevê, expressamente, que se aplicam aos contratos de locação em que a
Administração seja locatária o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 da Lei n.º 8.666/93:
Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como
nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de
licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis,
tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de
serviço.
[....]
§ 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei e demais normas gerais, no que couber:
I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação em que o Poder Público seja locatário, e aos
demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de direito privado;"
18. A disciplina legal justifica-se pelo fato de que a locação é uma das modalidades de contrato que a Administração
Pública celebra, predominantemente, sob as normas de direito privado. Admite a legislação, apenas, a incidência de determinadas
normas de direito público, visando a resguardar a observância do princípio da legalidade e o respeito ao interesse público.
19. Observe-se que o artigo 57 da lei 8.666/93 - que trata da duração e prorrogação dos contratos administrativos -, não
foi mencionado pelo art. 62, § 3º entre as regras aplicáveis aos contratos de locação em que o Poder Público seja locatário. Ao
contrário, a Lei nº 8.666/93 (artigo 62, § 3º, inciso I) expressamente afasta a norma do artigo 57 nos casos de locação em que a
Administração é locatária. Esse tipo de ajuste, conquanto regido por algumas regras de direito público, sofre maior influência de
normas do direito privado, aplicando-se, na essência, as regras de locação previstas na Lei nº 8.245/91 (Lei no Inquilinato), que
prescreve:
Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por
igual prazo, desde que, cumulativamente:
I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado;
II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de
cinco anos;
III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três
anos.
§ 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no
caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário.
§ 2º Quando o contrato autorizar que o locatário utilize o imóvel para as atividades de sociedade de que faça
parte e que a esta passe a pertencer o fundo de comércio, o direito a renovação poderá ser exercido pelo
locatário ou pela sociedade.
§ 3º Dissolvida a sociedade comercial por morte de um dos sócios, o sócio sobrevivente fica sub - rogado no
direito a renovação, desde que continue no mesmo ramo.
§ 4º O direito a renovação do contrato estende - se às locações celebradas por indústrias e sociedades civis
com fim lucrativo, regularmente constituídas, desde que ocorrentes os pressupostos previstos neste artigo.
§ 5º Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até
seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor.
20. Tal entendimento está assentado em Orientação Normativa no âmbito da Advocacia-Geral da União, a qual, a par
de reconhecer a sujeição do ajuste predominantemente ao regime privatístico, estabelece a inaplicabilidade do prazo máximo de 60
(sessenta) meses previsto no art. 57, II, da lei de licitações ao caso:
21. Portanto, nos contratos de locação em que a Administração Pública figura como locatária, a norma que disciplina a
matéria da prorrogação do período de vigência do contrato é a lei nº 8.245/1991 (Lei do Inquilinato), não se sujeitando o ajuste ao
limite máximo de 60 (sessenta) meses previsto no art. 57, II da Lei 8666/93.
22. Examinando os dispositivos legais pertinentes, a interpretação a eles conferida pelos órgãos desta Advocacia-Geral
da União acerca do tema, bem como precedentes do TCU, verifica-se que, no tocante à prorrogação (renovação) de prazos de
vigência dos contratos de locação nos quais a Administração Pública figure como locatária, devem ser observados os seguintes
requisitos, a saber:
a) Contrato em vigor, celebrado por escrito e com prazo determinado;
b) Previsão sobre a prorrogação de prazos no instrumento convocatório e/ou contrato;
c) Não ocorrência de solução de continuidade;
d) Manifestação de interesse do locador na prorrogação;
e) Justificativa da prorrogação;
f) Consulta a outros órgãos públicos, especialmente à Secretaria de Patrimônio da União (SPU), sobre a
existência de imóvel com as características pretendidas;
g) Autorização prévia para a prorrogação emitida pela autoridade competente;
h) Comprovação de que o locador mantém as condições iniciais de habilitação;
i) Demonstração de que o valor do contrato permanece economicamente vantajoso para a Administração,
mediante a realização de avaliação prévia e pesquisa de mercado;
j) Existência de disponibilidade orçamentária;
k) Declaração de que as mesmas condições ensejadoras da contratação direta permanecem presentes (se for o
caso);
l) Manifestação do Fiscal do Contrato.
23. Cada uma das exigências acima será melhor abordada nos tópicos específicos adiante.
24. Apesar da já aludida incidência predominante do regime privatístico, tem-se entendido que o art. 47 da lei nº
8.245/1991 é inaplicável aos contratos de locação de imóvel para a Administração Pública no ponto em que prevê o ajuste verbal e
a prorrogação automática da avença por prazo indeterminado. Nesse sentido já decidiu o TCU (Acórdão n.º 1127/2009 - TCU/
Plenário):
25. Portanto, tanto o contrato inicial quanto as eventuais prorrogações firmadas pelo Poder Público na condição de
locatário devem ser necessariamente celebrados por escrito e com prazo de vigência determinado, não se sujeitando a prazos fatais
de duração, principalmente aquele declinado no art. 57, II, da Lei n° 8.666/93.
26. Registre-se que embora deva ser determinado, o prazo da prorrogação não precisa ser necessariamente pelo período
fixo de 12 (doze) meses ou outro qualquer. Antes, deve ter ao menos uma duração razoável, aferida no caso concreto,
motivadamente, de acordo com as reais necessidades do órgão contratante e com vistas a resguardar o interesse público e preservar
a vantajosidade da contratação para a Administração.
"Todavia, em virtude da atenção e do zelo com a coisa pública, a duração adequada para esse tipo de
contrato deve ser analisada caso a caso, sempre de acordo com a legislação que se lhe impõe e conforme
os princípios que regem a Administração Pública, em especial quanto à verificação da vantajosidade da
proposta em confronto com outras opções, nos termos do art. 3º da Lei nº 8.666/93". (destacamos)
29. A locação de imóveis por parte da Administração Pública já foi tema de manifestações da Câmara Permanente de
Licitações e Contratos Administrativos da Procuradoria-Geral Federal (CPLC/PGF), mais especificamente por meio do Parecer nº
01/2013/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU e do Parecer nº 02/2014/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU. No que interessa à situação em
exame, tem-se que o Parecer nº 02/2014/CPLC/DEPCONSU/PGF/AGU, apresentou, dentre suas conclusões, o entendimento
quanto a necessidade da previsão de prazo de vigência contratual ser compatível com a perspectiva de ocupação pela
Administração:
a) Nos contratos de locação em que a Administração Pública seja locatária, a cláusula de prorrogação
automática, ainda que por prazo determinado, não tem amparo legal;
b) A fim de evitar constantes procedimentos de prorrogação nas locações, a Administração deve
compatibilizar o prazo de vigência contratual com a perspectiva de ocupação, não se limitando aos 60
(sessenta) meses do art. 57, II, da Lei n° 8.666/93 (ON/AGU N° 06/2009);
c) No procedimento de prorrogação (renovação) das locações, a Administração deve demonstrar a
manutenção de todos os requisitos iniciais da contratação, a exemplo daqueles arrolados no art. 24, X, da Lei
n° 8.666/93. (g. n.)
30. É possível, por exemplo, que no caso concreto a fixação do prazo de doze meses não seja a melhor opção, técnica
ou economicamente. Assim, mediante justificativa e demonstração de alguma peculiaridade presente no caso concreto, admite-se a
fixação de prazo inicial distinto, bem como a prorrogação por prazo diverso do original. A justificativa deve se fazer presente, em
qualquer caso. Observe-se nesse sentido a dicção da Orientação Normativa nº 38, de 13 de dezembro de 2011, da Advocacia-Geral
da União:
Nos contratos de prestação de serviços de natureza continuada deve-se observar que: a) o prazo de vigência
originário, de regra, é de até 12 meses; b) excepcionalmente, este prazo poderá ser fixado por período
superior a 12 meses nos casos em que, diante da peculiaridade e/ou complexidade do objeto, fique
tecnicamente demonstrado o benefício advindo para a Administração; e c) é juridicamente possível a
prorrogação do contrato por prazo diverso do contratado originariamente.
31. Assim, cumpre ao órgão estabelecer, caso a caso, um prazo de vigência que atenda a suas necessidades, porém
limitado e adequado à preservação do interesse público.
32. Vale relembrar também que, se o prazo estipulado for igual ou superior a dez anos, o órgão assessorado deverá
exigir vênia conjugal, se for o caso (art. 3º da lei 8.245/1991).
33. Tratando-se de contrato de locação que tenha sido firmado após prévio procedimento licitatório, é imprescindível
que a possibilidade de prorrogação tenha constado do ato convocatório e em cláusula contratual.
34. A possibilidade de prorrogação é fator que pode influenciar no interesse e na decisão dos competidores quanto à
participação no certame, de modo que sua previsão expressa no edital (e na minuta contratual que o tenha integrado) constitui-
se requisito da prorrogação contratual. Nesse sentido, vide a recente Orientação Normativa nº 65, de 29 de maio de 2020, da
Advocacia-Geral da União, que se aplica por analogia:
35. Destarte, em se tratando de contrato de locação oriundo de prévia licitação pública, caso não haja previsão editalícia
e contratual específica, reputa-se irregular a prorrogação, uma vez que, nessas condições, o ato de prorrogar resultaria em violação
aos princípios da isonomia e da vinculação ao instrumento convocatório.
36. Tratando-se, porém, de contrato de locação resultante de contratação direta - por dispensa ou inexigibilidade de
licitação - não há que se falar em instrumento convocatório. Remanesce, porém, a exigência de que a possibilidade de prorrogação
do contrato esteja expressamente prevista em cláusula contratual.
37. Tal entendimento decorre, contrario sensu, do teor da Orientação Normativa CJU-MG nº 29, de 23 de março de
2009 - expressamente recepcionada por esta e-CJU SSEM (vide NUP 00688.001188/2020-83) -, que assentou o entendimento de
que a prorrogação da vigência contratual somente independe de previsão contratual expressa nas hipóteses em que o prazo de
vigência original do contrato seja superior a 5 anos (60 meses):
38. A Orientação Normativa nº 03, do Excelentíssimo Advogado-Geral da União, traça a diretriz a ser observada no
que concerne ao prazo de vigência dos Contratos, bem como dos seus Aditivos, visando à verificação da ocorrência, ou não, da
solução de continuidade:
39. Portanto, tratando-se da primeira prorrogação do prazo de vigência contratual, caso o Contrato ainda se encontra em
vigor, não há que se falar em solução de continuidade da contratação desde que o termo aditivo seja assinado por ambas as partes
até a data prevista como termo final do ajuste.
40. Tratando-se, por outro lado, de contrato que já sofreu prorrogações, faz-se importante analisar cada um dos termos
aditivos pretéritos, a fim de verificar se todos os prazos foram respeitados. Verificando-se não ter havido solução de continuidade, a
mesma recomendação descrita no parágrafo anterior se torna aplicável aqui: o novo termo aditivo deverá ser assinado por ambas as
partes até a data prevista como termo final do ajuste.
41. Cumpre lembrar que a contagem dos prazos de vigência deve ser feita de data a data, incluindo-se o dia da
assinatura e o dia de igual número ao de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. É o entendimento exarado no
Parecer n.º 85/2019/DECOR/CGU/AGU:
42. Assim sendo, quando o prazo de vigência contratual for definido em meses ou anos, o prazo expirará no dia de
igual número ao de seu início ou, na falta de correspondência precisa, no dia imediato.
43. Como o ajuste decorre de acordo de vontades das partes contratantes, é imprescindível haver concordância prévia
da Contratada quanto à prorrogação e seus respectivos termos.
e) Justificativa formal.
44. Conforme dispõe o § 2º, do artigo 57, da Lei nº 8.666/93, toda prorrogação de prazo deverá ser justificada por
escrito e previamente autorizada pela autoridade competente para celebrar o contrato.
“A prorrogação de prazo deverá ser justificada por escrito e previamente autorizada pela autoridade
competente do setor de licitações, devendo ser promovida mediante celebração de termo aditivo, o qual
deverá ser submetido à aprovação da consultoria jurídica do órgão ou entidade contratante.”
46. Quanto aos tópicos que devem constar da justificativa, pode-se tomar como modelo, por analogia, o anexo IX da
Instrução Normativa 05/2017 - SEGES/MPDG:
3. Nas contratações de serviços continuados, o contratado não tem direito subjetivo à prorrogação contratual
que objetiva a obtenção de preços e condições mais vantajosas para a Administração, podendo ser
prorrogados, a cada 12 (doze) meses, até o limite de 60 (sessenta) meses, desde que a instrução processual
contemple:
a) estar formalmente demonstrado que a forma de prestação dos serviços tem natureza continuada;
b) relatório que discorra sobre a execução do contrato, com informações de que os serviços tenham sido
prestados regularmente;
c) justificativa e motivo, por escrito, de que a Administração mantém interesse na realização do serviço;
d) comprovação de que o valor do contrato permanece economicamente vantajoso para a Administração;
e) manifestação expressa da contratada informando o interesse na prorrogação; e
f) comprovação de que o contratado mantém as condições iniciais de habilitação.
47. Como se sabe, a justificativa para a prorrogação de um contrato administrativo é questão que foge à análise
meramente jurídica, pois apenas a Administração Pública, usuária do bem imóvel, tem condições de aferir e justificar a
permanência da necessidade pública que vem sendo satisfeita por meio do contrato de locação. Trata-se, assim, de matéria de
caráter administrativo, estranha às atribuições estritamente jurídicas desta unidade de consultoria, estando as declarações lançadas
aos autos quanto ao assunto sob exclusiva responsabilidade de seus subscritores.
48. Cumpre-nos tão somente recomendar que a justificativa seja a mais completa possível, elaborada e submetida à
autoridade competente para autorização do aditamento, contendo, dentre outas, as seguintes informações: a) demonstração da
natureza continuada da necessidade pública; b) informações sobre a execução contratual, inclusive atestando a regularidade no
cumprimento das obrigações do locador; c) demonstração do interesse da Administração na continuidade da locação; d)
demonstração da economicidade do preço do contrato; e) informação sobre o interesse do locador na prorrogação da vigência
contratual; f) informação sobre a manutenção das condições iniciais de habilitação e qualificação pelo locador.
49. Constitui-se pressuposto de legitimidade administrativa e jurídica, de plena satisfação do interesse público e de
atendimento ao princípio da economicidade para a continuidade do presente contrato de locação que, comprovadamente, não exista
na localidade nenhum imóvel próprio da União disponível e capaz de atende às necessidades do órgão contratante.
50. Ora, inexistiria qualquer fundamento lógico ou jurídico para se alugar um imóvel, tendo em vista a evidente
onerosidade da contratação, se a União dispusesse de um imóvel que de forma equivalente fosse capaz de atender às necessidades
administrativas atualmente atendidas pelo contrato de locação em comento.
51. Consoante os termos do Parecer n. 92/2017/DECOR/CGU/AGU, é necessária a consulta à SPU antes de se passar à
escolha de imóveis particulares. Assim:
18. Após tal detalhamento, é imprescindível consulta prévia à Secretaria do Patrimônio da União para que se
saiba se há imóvel público disponível e apto a atender ao órgão ou entidade. Tal consulta decorre de
comandos legais e regulamentares inscritos no art. 79 do Decreto-Lei n.º 9.760/46, no art. 11 do Decreto n.º
3.725/2001 e no art. 4.º, § 5.º, do Decreto-Lei n.º 1.184/71. Neste sentido, vale lembrar que o Tribunal de
Contas da União vem enfatizando a necessidade de obediência a tais normas:
Voto
(...)
31. Manifesto-me sobre outro aspecto da contratação que não foi abordado no exame realizado pela Selog. A
entrega de imóvel de propriedade da União a órgão da administração está prevista expressamente no art. 79
do Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, estando regulamentada pelo Decreto nº 3.725, de 10 de
janeiro de 2001, da seguinte forma:
'Art. 11. A entrega de imóvel para uso da Administração Pública Federal, nos termos do art. 79 do Decreto-
Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946, compete privativamente à Secretaria do Patrimônio da União.
§ 1º A entrega será realizada, indistintamente a órgãos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e
observará, dentre outros, os seguintes critérios:
I - ordem de solicitação;
II - real necessidade do órgão;
III - vocação do imóvel; e
IV - compatibilidade do imóvel com as necessidades do órgão, quanto aos aspectos de espaço, localização e
condições físicas do terreno e do prédio"'
32. É descabido o dispêndio de verba pública com aluguéis se existe imóvel disponível capaz de atender ao
interesse da Administração. Dessa maneira, observo que, antes da locação de imóvel de terceiros, a
Administração deveria provocar a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) quanto à existência, ou não, de
imóvel disponível do patrimônio da União. Tal exigência também se encontra positivada pelo art. 4º, § 5º, do
Decreto-Lei nº 1.184/71, transcrito a seguir:
'Art. 4º Os imóveis recebidos em pagamento de créditos tributários incorporam-se ao patrimônio da União.
(...)
§5º Nenhum órgão ou autarquia da União contratará a utilização onerosa de imóvel, sem consultar,
previamente, o Serviço do Patrimônio da União se existe próprio federal disponível no local.' (grifou-se)
(Acórdão n.º 2420/2015 – Plenário do TCU, de 30/09/2015, relatado pelo Exmo. Sr. Ministro Benjamin
Zymler)
19. Dessa forma, somente diante da inexistência de imóvel público capaz de satisfazer às necessidades do
órgão ou entidade, o gestor pode dar o passo seguinte, qual seja, prospectar o mercado imobiliário.
52. Mais recentemente, o Exmo. Sr. Advogado-Geral da União editou a seguinte Orientação Normativa sobre o tema:
54. Lado outro, na existência de imóveis em condições de atender à Administração, pode esta justificar a continuidade
do contrato em face das despesas que a Administração terá que arcar com a mudança para outro imóvel, quando se revelarem estas
superiores ao valor dispendido com a locação. De todo modo, é necessário que o gestor avalie de forma racional um determinado
prazo em que os investimentos realizados no imóvel locado possam ser diluídos com o tempo, permitindo assim um planejamento
para a mudança para o imóvel próprio.
55. No que se refere à autorização da autoridade competente, reitera-se a necessidade de observância do quanto
declinado no tópico II.1 da presente manifestação jurídica acerca do art. 5º do Decreto nº 10.193, de 27 de dezembro de 2019.
56. Nos termos do artigo 55, XIII, da Lei nº 8.666/93, a Contratada deverá manter durante a contratação todas as
condições de habilitação e qualificação que foram exigidas inicialmente.
57. No Acórdão nº 213/2017 – Plenário, do Tribunal de Contas da União, que tratou de prorrogação de contratos
oriundos de Dispensa e Inexigibilidade, a Corte firmou entendimento no sentido de que “cada ato de prorrogação equivale a uma
renovação contratual, motivo pelo qual a decisão pela prorrogação de contratação direta deve ser devidamente planejada e
motivada”.
58. Não obstante o acórdão tenha tratado da prorrogação de contratações diretas, a fixação do entendimento de que
cada prorrogação equivale a uma renovação contratual reafirma a necessidade de que as condições de habilitação do certame sejam
mantidas nesse momento.
59. Nos termos do art. 4º da IN nº 03, de 2018, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, “a
verificação de conformidade para habilitação dos fornecedores em licitação, dispensa, inexigibilidade e nos contratos
administrativos pertinentes à aquisição de bens e serviços, inclusive de obras e publicidade, e a alienação e locação poderá ser
comprovada por meio de prévia e regular inscrição cadastral no SICAF”.
60. O registro no SICAF comprova a habilitação jurídica, a qualificação econômico-financeira, a qualificação fiscal, a
qualificação técnica prevista no art. 30, I, da Lei nº 8.666, de 1993 (registro ou inscrição na entidade profissional competente), além
de conter informações sobre impedimentos à contratação com a Administração. Deveras, importante igualmente a orientação para
que a Administração verifique a existência de eventual registro de sanção aplicada à contratada, cujos efeitos torne-a proibida de
celebrar contrato administrativo que alcance a Administração contratante.
61. Assim, cabe à autoridade verificar se a Contratada ainda atende às condições que foram exigidas quando da
realização da licitação ou contratação inicial, consignando tal fato nos autos.
62. Toda prorrogação será precedida de comprovação da vantajosidade da medida para a Administração e certificação
de compatibilidade do valor do aluguel com o valor que o mercado imobiliário local está a praticar.
63. Sobre o ponto, leciona Marçal Justen Filho que “deverá verificar-se a compatibilidade do preço exigido com aquele
de mercado. A Administração não poderá pagar preço ou aluguel superior ao praticado para imóveis similares” (Comentários à lei
de licitações e contratos administrativos. 12 ed. São Paulo: Dialética, 2008, p. 308).
64. A compatibilidade do valor do aluguel com o valor de mercado - a ser demonstrada mediante a realização de
pesquisa prévia de preços -, é requisito condicionante para a realização da contratação e, portanto, para eventuais
prorrogações. Neste sentido, importante mencionar a manifestação técnica do TCU no Acórdão nº 1.127/2009-Plenário:
28. Assim, entende-se necessário ressaltar que decisão de prorrogação de contrato de locação em que
a Administração locatária deve resguardar opção pela melhor oferta, seja contrato oriundo de licitação,
caso em que se preserva essa condição por meio do art. 3o da Lei n° 8.666/93, seja oriundo de dispensa, onde
aplicação do art. 24, inciso X, da mesma Lei exige preço compatível com valor de mercado, segundo
avaliação prévia.
65. Conforme o modelo de contrato de locação de imóveis disponibilizado no sítio eletrônico da Advocacia-Geral da
União, a orientação do TCU é que tal pesquisa de preços englobe a obtenção de orçamentos junto a empresas do ramo (no caso,
imobiliárias). Por óbvio, os orçamentos devem referir-se a imóveis de características, instalações e padrão similares àquele que se
pretende locar (área útil, número de salas, comodidades, padrões de acabamento, localização, manutenção, etc).
66. Pugna-se pela utilização da Instrução Normativa nº 5, de 28 de novembro de 2018, do Sr. Secretário do Patrimônio
da União, do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, ou outra que vier a lhe substituir no futuro, a qual deverá ser
observada no procedimento administrativo para a realização de pesquisa de preços e que trata da elaboração de laudo de avaliação
do imóvel, elaborado ou homologado por agente público, como orienta o TCU (p. ex., no Acórdão 1.085/2009 - 1ª Câmara). Esse
laudo contém análise técnica do valor de mercado, que leva em conta as características individuais do imóvel selecionado, não se
limitando à comparação com imóveis similares. Assim, possui maior nível de precisão e confiabilidade. O valor máximo nele
constante deve ser observado durante o período de vigência, inclusive em caso de eventual reajuste.
67. A renovação do contrato somente poderá ser levada a efeito uma vez comprovada ou justificada a vantajosidade
econômica da contratação para a Administração por força da compatibilidade do valor atual da locação considerando as condições
atuais do mercado.
68. Lembra-se, contudo, que a vantajosidade poderá ser presumida no caso de aplicação de índice oficial ou setorial de
inflação conforme entendimento adotado pela Consultoria-Geral da União externado no Parecer DECOR nº 0001/2019, cuja ementa
transcreve-se:
69. Nesse caso, como bem explicitado no Parecer aludido, cabe ao gestor avaliar cada situação em concreto e justificar
estar o preço reajustado praticado em consonância com o mercado. Destaco pontos do Parecer 0001/2019:
40. Percebido que, numa economia estável, o preço contratado recomposto pela álea ordinária se apresenta
como uma boa referência para ter-se um parâmetro do preço transacional, bem como que a pesquisa de
preços para a contratação de alguns serviços possui pouca fidedignidade e alto custo administrativo, foi
plenamente adequada a análise descrita no bojo do Acórdão nº 1.214/2013, que merece novamente a
transcrição:
184. (...) Ao mesmo tempo, importa lembrar que fazemos parte de uma economia estável, em que a variação
esperada é baixa e pode ser perfeitamente retratada mediante a utilização de índices nacionais, tal como o
INPC. Portanto, não há razão para efetuar pesquisa de mercado todas as vezes que é necessária a realização
de prorrogação contratual, com todo o custo administrativo que representa.
(...)
192. É flagrante que o uso de índice específico e adequado, além de trazer significativo benefício à
Administração, será a forma mais apropriada para comprovar que o contrato continua vantajoso no momento
da prorrogação.
...
45. O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e
rendimento funcional, tendo relação direta com a concepção de Estado Democrático de Direito, no qual as
regras e a atuação administrativa buscam dar garantias à coletividade, mas também protegem o indivíduo,
inclusive de uma atuação exageradamente onerosa ou ineficiente do Estado que ele sustenta, através dos
tributos. Como explica Humberto Ávila, para que a administração esteja de acordo com o dever de eficiência,
não basta escolher meios adequados para promover seus fins, pois a eficiência exige mais do que mera
adequação; assim, segundo o referido doutrinador, escolher um “meio adequado para promover um fim, mas
que promove o fim de modo insignificante, com muitos efeitos negativos paralelos ou com pouca certeza, é
violar o dever de eficiência administrativa” (ÁVILA, Humberto. Moralidade, Razoabilidade e Eficiência na
Atividade Administrativa. Belo Horizonte: Revista Brasileira de Direito Público, ano 1, n. 1, abr/jun.2003.)
47. Ademais, como bem observado no referido Parecer, a ausência de obrigatoriedade não impede que o
gestor, diante das especificidades existentes no caso concreto, opte pela realização da pesquisa de preços para
avaliar a vantajosidade econômica da renovação.
...
51. Nessas hipóteses de não realização da pesquisa de preços, deve o gestor atestar, em despacho
fundamentado, que o índice de reajuste aplicável ao contrato acompanha a ordinária variação dos preços de
mercado. Outrossim, deve o gestor apresentar justificativa, seja de ordem econômica, administrativa ou outra
pertinente, a ser indicada como elemento de vantagem (vantajosidade) legitimador da renovação
(prorrogação) contratual.
70. Ressalta-se ainda que a vantajosidade, em sendo critério econômico a justificar a prorrogação, é necessária somente
nos casos em que efetivamente tratar-se de prorrogação, o que não ocorre nos períodos anuais nas situações em que o contrato de
locação for firmado por períodos superiores a 12 meses.
71. A declaração de disponibilidade orçamentária com a respectiva indicação da classificação funcional programática e
da categoria econômica da despesa é uma imposição legal, conforme dispõe o artigo 10, IX, Lei nº 8.429/92, e artigos 38 e 55 da
Lei nº 8.666/93.
72. Cabe também alertar para que, previamente à assinatura do termo aditivo, seja anexada a declaração sobre
a adequação orçamentária e financeira para fazer face às despesas, em conformidade com as normas constantes dos arts. 16 e 17 da
Lei Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal).
73. Atente-se que compete ao órgão verificar a aplicabilidade da Orientação Normativa nº 52 do Advogado-Geral da
União, a fim de dispensar a necessidade da declaração prevista nos referidos arts. 16 e 17 da LC 101/2000:
74. Destaque-se ainda que o item 10, do Anexo IX, da IN nº 05/2017, determina que “nos contratos cuja duração, ou
previsão de duração, ultrapasse um exercício financeiro, deverá ser indicado o crédito e respectivo empenho para atender à
despesa no exercício em curso, bem como cada parcela da despesa relativa à parte a ser executada em exercício futuro, com a
declaração de que, em termos aditivos ou apostilamentos, indicar-se-ão os créditos e empenhos para sua cobertura”, de forma que
além da declaração tratada neste tópico, também na minuta de Termo Aditivo deverá constar a indicação do crédito e respectivo
empenho para atender à despesa.
75. O requisito ora abordado aplica-se somente às hipóteses em que o contrato de locação tenha sido firmado mediante
contratação direta, seja por dispensa de licitação (art. 24, X, da Lei n° 8.666, de 1993) ou por inexigibilidade (art. 25 da Lei n°
8.666/93).
76. No procedimento de prorrogação (renovação) das locações, a Administração deve demonstrar a manutenção de
todos os requisitos iniciais da contratação. Assim é que:
a) caso o contrato tenha sido formalizado com fundamento no art. 25, caput, da Lei n° 8.666, de 1993, deve-
se demonstrar nos autos que o imóvel permanece sendo o único apto a atender as necessidades da
Administração Pública;
b) caso o contrato tenha sido formalizado com fundamento no art. 24, X, da Lei n° 8.666, de 1993, deve-se
demonstrar nos autos que o imóvel locado permanece destinado ao atendimento das finalidades precípuas da
Administração, e que as necessidades de instalação e de localização desta continuam condicionando a
escolha e a permanência do órgão contratante no imóvel locado.
77. Recomenda-se seja providenciada a manifestação formal do Fiscal do Contrato atestando que os serviços de
locação decorrentes da presente contratação estão sendo prestados de forma satisfatória.
II.3. REAJUSTE.
78. Via de regra, ressalvada a hipótese de dúvida jurídica pontual, não se exige parecer jurídico específico para análise
de reajuste, pela razão de que o mesmo pode ser realizado por simples apostila, que não se inclui entre os atos de exame jurídico
obrigatório nos termos do parágrafo único do artigo 38 da Lei 8.666/1993. Com efeito, reajuste não promove alteração no contrato,
mas simples cumprimento da cláusula contratual respectiva.
A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de preços previsto no próprio contrato, as
atualizações, compensações ou penalizações financeiras decorrentes das condições de pagamento nele
previstas, bem como o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido,
não caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dispensando a
celebração de aditamento.
No que toca à cláusula de reajuste, o regime jurídico próprio das locações prevê a possibilidade de as
partes definirem livremente os valores dos aluguéis e os critérios que serão empregados para reajustá-
los durante a vigência do contrato. Essa é a disciplina constante do art. 18 da Lei nº 8.245/91, aplicável aos
contratos de locação em que a Administração figura como locatária: “é lícito às partes fixar, de comum
acordo, novo valor para o aluguel, bem como inserir ou modificar cláusula de reajuste”.
Em contratos dessa espécie, a rigor, adota-se um índice econômico (IGPM) como critério de reajuste. Feito
isso, a cada doze meses, o valor contratado será reajustado, segundo o critério eleito, e, nesse caso, a
formalização do novo valor poderá ocorrer por meio de simples apostilamento, de acordo com o art. 65, §
8º, da Lei nº 8.666/93. (...) ” (Grifos postos) (PRAZOS DE VIGÊNCIA E REAJUSTE NOS CONTRATOS
DE LOCAÇÃO, in ORIENTAÇÃO PRÁTICA - 1035/224/OUT/2012)
81. Se, todavia, por ocasião da assinatura do termo de aditamento de prorrogação contratual houver,
concomitantemente, cláusula de reajuste do valor do contrato, os tópicos que se seguem deverão ser analisados pelo órgão
assessorado.
82. Antes de passarmos à análise dos requisitos que devem ser observados para a concessão do reajuste, cumpre-nos
registrar desde logo uma recente mudança de entendimento acerca da (im)possibilidade jurídica da preclusão lógica do direito
ao reajuste contratual.
83. Anteriormente, entendia-se que o reajustamento consistiria em verdadeiro direito patrimonial disponível, de
aplicabilidade facultativa, e, por conseguinte, dependeria de requerimento do interessado para ser implementado, sob pena de
preclusão e renúncia tácita ao que lhe seria devido.
84. Tal cenário se alterou com o advento do Parecer nº 79/2019/DECOR/CGU/AGU. Doravante, via de regra o reajuste
deve ser realizado automaticamente e concedido de ofício pela Administração Pública. Por conseguinte, não há que se falar em
preclusão lógica. Eventual assinatura de termo aditivo de prorrogação do prazo de vigência do contrato administrativo sem que a
contratada tenha previamente suscitado seu direito ao reajuste ou promovido a ressalva do direito de assim proceder em momento
posterior em nada afeta o seu direito ao reajuste.
86. Portanto, com fulcro nos princípios que regem as contratações públicas - o da vinculação ao instrumento
convocatório (art. 3º e art. 41 da Lei de Licitações) e o da pacta sunt servanda (art. 66 da Lei de Licitações), bem como o da
garantia da manutenção das condições efetivas da proposta (art. 37, XXI, CF/88) -, após certo período de execução contratual, a
Administração Pública, de ofício, deve aplicar o índice financeiro estabelecido contratualmente para reajustar o seu preço e
reequilibrar sua equação econômico-financeira.
a) salvo disposição editalícia em sentido contrário, o reajuste em sentido estrito de que cuida o art. 61 da
IN nº 5, de 2017, deve ser aplicado ex officio pela Administração, independentemente de solicitação do
contratado, e mediante mero apostilamento (art. 65, § 8º, da Lei nº 8.666, de 1993), desde que preenchidos
os pressupostos legais e contratuais para sua incidência, não estando sujeito à preclusão lógica;
c) caso haja prorrogação da vigência contratual sem a prévia concessão do reajuste em sentido estrito, a
legalidade da continuidade da execução do contrato deve ser precedida de negociação, de maneira a verificar
se é possível que haja renúncia ao reajuste pelo contratado ou; em caso negativo, deve a Administração
avaliar se há vantagem econômica para a prorrogação caso os preços sejam reajustados, observando a
Orientação Normativa AGU nº 60 e o Anexo IX da IN nº 5, de 2017, e se há lastro orçamentário para os
pagamentos, na esteira do art. 7º, § 2º, inciso III, e § 6º, da Lei nº 8.666, de 1993.
88. O reajuste em sentido amplo se subdivide em duas espécies: o reajuste em sentido estrito (atualização do valor
contratual conforme índice estabelecido no contrato) e a repactuação (atualização do valor contratual em razão da variação dos
custos do contrato). No reajuste em sentido estrito há apenas a incidência de um índice de variação de preços; na repactuação
produz-se uma análise da efetiva variação dos custos.
89. No presente caso, importa-nos o reajuste em sentido estrito - espécie de reajuste nos contratos de serviço
continuado sem dedicação exclusiva de mão de obra -, que encontra fundamento de validade nos arts. 40, XI, e 55, III, da Lei nº
8.666/93, e no artigo 2º, da Lei nº 10.192/01, sendo também prevista no plano infralegal no art. 13 do Decreto 9.507/18, e na IN nº
05/2017, da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, nos seus artigos 53 a 61:
IN Nº 05, de 2017
Art. 61. O reajuste em sentido estrito, como espécie de reajuste contratual, consiste na aplicação de índice de
correção monetária previsto no contrato, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção,
admitida a adoção de índices específicos ou setoriais.
§ 1º É admitida estipulação de reajuste em sentido estrito nos contratos de prazo de duração igual ou superior
a um ano, desde que não haja regime de dedicação exclusiva de mão de obra.
§ 2º O reajuste em sentido estrito terá periodicidade igual ou superior a um ano, sendo o termo inicial do
período de correção monetária ou reajuste, a data prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a
que essa proposta se referir, ou, no caso de novo reajuste, a data a que o anterior tiver se referido.
§ 3º São nulos de pleno direito quaisquer expedientes que, na apuração do índice de reajuste, produzam
efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de periodicidade inferior à anual.
§ 4º Nos casos em que o valor dos contratos de serviços continuados sejam preponderantemente formados
pelos custos dos insumos, poderá ser adotado o reajuste de que trata este artigo.
90. Portanto, o reajuste de preços em sentido estritos é espécie de reajuste contratual que deverá ser utilizada nas
contratações de serviços continuados SEM dedicação exclusiva de mão de obra.
91. Pois bem. Feitas estas considerações iniciais, cumpre analisar os pressupostos fixados nos citados diplomas
normativos para a concessão da reajuste de preços nos contratos administrativos:
92. Cada uma das exigências acima será melhor abordada nos tópicos específicos adiante.
93. Impõe-se seja verificado se existe previsão expressa sobre o reajuste dos preços no contrato e/ou também no edital,
a fim de permitir a aplicação da majoração.
94. O contrato de locação de imóvel enquadra-se, inquestionavelmente, na definição de serviço do art. 6º, inciso II
(locação de bens), da Lei nº 8.666/1993. Cuida-se de serviço cuja necessidade de contratação, em regra, se estende por mais de um
exercício e que, por isso, não pode ser interrompido, sob pena de comprometer o desempenho das atividades principais da
Administração. Por essa razão, recomendável se mostra que a contratação seja firmada por mais de um exercício financeiro, de
acordo com o conceito de serviço continuado estipulado na Instrução Normativa SEGES/MP nº 05/2017.
95. Os contratos de serviços sem dedicação exclusiva de mão de obra devem ser preferencialmente reajustados por
índices setoriais e específicos, ou, na falta destes, por índices gerais de preços, com respaldo nos arts. 2º e 3º da Lei nº 10.192/2001,
conforme reconhecido na Orientação Normativa AGU nº 23/2009.
96. Na falta de índice setorial ou específico, ao adotar o índice geral de preços como critério de reajuste, o gestor deve
analisar o objeto contratual e optar por aquele que melhor reflita a evolução dos custos que compõem o preço dos serviços.
97. No que toca à alteração dos valores, portanto, o setor competente do órgão assessorado deverá atestar que se trata
do correto índice previsto nos documentos que instruíram a contratação.
98. Recomenda-se, ademais, sejam os autos instruídos com a memória do cálculo resultante da aplicação do índice de
reajuste.
99. No que se refere à periodicidade do reajuste, veja-se o que prescreve o art. 61, § 2º, da IN nº 05/2017:
Art. 61.
(...)
§ 2º O reajuste em sentido estrito terá periodicidade igual ou superior a um ano, sendo o termo inicial do
período de correção monetária ou reajuste, a data prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a
que essa proposta se referir, ou, no caso de novo reajuste, a data a que o anterior tiver se referido. (grifo
nosso)
100. Da leitura do referido dispositivo, conclui-se que, tratando-se do primeiro reajuste contratual, o interregno do
prazo de 1 (um) ano para sua concessão terá por termo inicial a data prevista para apresentação da proposta ou do orçamento a que
essa proposta se referir. Por outro lado, já no caso dos demais reajustes, o interregno de 1 (um) ano conta-se a partir da data a que
o anterior reajuste tiver se referido.
101. O termo aditivo deve conter as cláusulas mínimas necessárias para sua compreensão e eficácia.
Destacamos, nesse sentido, a cláusula que prorrogue o prazo estabelecido originariamente no contrato, o que é feito
não pela correção do que está ali escrito (“onde se lê, leia-se...”), porque o que foi estabelecido ali é válido e eficaz, mas sim por
meio de uma disposição específica do aditivo, que consigne a prorrogação do prazo inicial e o novo período de vigência.
102. Em eventuais e excepcionais diferenças a serem pagas retroativamente, pode-se prever o valor total e a forma de
pagamento, inclusive.
104. À luz do quanto exposto, recomenda-se a utilização do seguinte modelo de minuta de termo aditivo, com as
alterações ou adaptações que se fizerem necessárias a cada caso concreto:
“PRIMEIRO (ou segundo, terceiro etc) TERMO ADITIVO AO CONTRATO Nº (...), CELEBRADO
ENTRE A UNIÃO, POR INTERMÉDIO DO (ÓRGÃO PÚBLICO), E (NOME DO LOCADOR(A))
A União, por intermédio do (órgão público), inscrito no CNPJ sob o nº (...), com sede em (endereço), neste
ato representado pelo (nome e cargo do servidor), nomeado pela Portaria (nº e data), publicada no DOU de
(data), portador da Carteira de Identidade nº (...) e inscrito no CPF sob o nº (...), doravante denominada
LOCATÁRIA, e (nome do locador(a)), inscrito(a) no CPF/CNPJ sob o nº (...), com domicílio/sede em
(endereço), doravante designado(a) LOCADOR(A), neste ato representado(a) por (nome do representante),
portador da Carteira de Identidade nº (...) e inscrito no CPF sob o nº (...), tendo em vista o que consta no
Processo Administrativo nº (...), e em observância às disposições da Lei nº 8.245, de 18 de outubro de 1991,
da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993 e do Contrato nº (...), resolvem celebrar o presente Termo de
Aditamento Contratual, mediante as cláusulas e condições a seguir enunciadas.
(Local), (data)
___________________________________________________
Assinatura do representante legal da LOCATÁRIA
___________________________________________________
Assinatura do(a) LOCADOR(A) (ou seu representante legal)
TESTEMUNHAS:
(discriminar assinatura, RG e CPF de cada uma)”.
105. Por fim, recomenda-se a publicação do termo aditivo, “como condição indispensável para sua eficácia”, na forma
do art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993.
106. Deverá o órgão assessorado informar, sempre que solicitado, a relação dos processos, com NUP, em que a presente
manifestação jurídica referencial foi adotada, bem como recomenda-se juntar nos autos a presente declaração:
Processo: __________________________
Objeto: Contrato de locação. Termo Aditivo de Prorrogação de Vigência
Valor estimado (Valor de referência): R$__________________________
Atesto que o presente processo, referindo-se ao termo aditivo acima descrito, adequa-se à manifestação
jurídica referencial correspondente ao PARECER REFERENCIAL n. 00004/2020/COORD/E-CJU/SSEM/
CGU/AGU, cujas recomendações restaram plenamente atendidas no caso concreto, e a instrução dos autos
está regular, de acordo com o que está consignado na lista de verificação juntada aos autos.
Fica, assim, dispensada a remessa dos autos para exame individualizado a cargo da Consultoria Jurídica da
União Virtual Especializada em Serviços sem Dedicação Exclusiva de Mão-de-Obra ou à Consultoria
Jurídica da União do Estado, conforme autorizado pela Orientação Normativa nº 55, da Advocacia-Geral da
União.
__________________________________________________
Identificação (nome e matrícula)e assinatura
III. CONCLUSÃO
107. Diante do exposto, ressalvando-se os aspectos de conveniência e oportunidade, não sujeitos ao crivo desta
Consultoria, é juridicamente possível dar prosseguimento ao feito, prorrogando sua vigência e/ou alterando seu valor, sem
necessidade de submissão individualizada dos autos à e-CJU/SSEM, desde que o Órgão assessorado ateste que o assunto do
processo é o tratado na presente manifestação jurídica referencial e atenda as orientações acima exaradas, consoante Orientação
Normativa nº 55, do Advogado-Geral da União.
108. Reiteramos que eventuais dúvidas jurídicas específicas que surgirem a partir da aplicação da presente manifestação
referencial aos casos concretos devem ser submetidas ao crivo do órgão consultivo da AGU.
109. Submeto o presente Parecer Referencial à apreciação do Exmo. Sr. Coordenador da e-CJU SSEM, a fim de que,
concordando com os termos, dê amplo conhecimento aos órgãos assessorados, comunicando-lhes a desnecessidade de envio de
processos por ela abrangidos para análise individualizada.
(assinado eletronicamente)
DANIEL LIN SANTOS
ADVOGADO DA UNIÃO
Coordenador Substituto da Consultoria Jurídica da União Especializada Virtual (e-CJUs)
de serviços sem dedicação exclusiva de mão-de-obra
Documento assinado eletronicamente por DANIEL LIN SANTOS, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A conferência
da autenticidade do documento está disponível com o código 550230523 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br.
Informações adicionais: Signatário (a): DANIEL LIN SANTOS. Data e Hora: 14-12-2020 13:45. Número de Série: 17381121.
Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.