Analise Econ - Financeita Fazenda Rincão Da Figueira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS (DCA)
COMISSÃO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (COMGRAD)

Leonardo Prado Dutra

Análise econômico-financeira da
Fazenda Rincão da Figueira

Porto Alegre
2010
Leonardo Prado Dutra

Análise econômico-financeira da
Fazenda Rincão da Figueira

Trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado ao Departamento de
Ciências Administrativas da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como
requisito parcial para a obtenção do grau de
Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. José Eduardo Zdanowicz

Porto Alegre
2010

2
Leonardo Prado Dutra

Análise econômico-financeira da
Fazenda Rincão da Figueira

Trabalho de conclusão de curso de


graduação em administração na
Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.

Conceito final:

Aprovado em ............ de .....................................de...........

BANCA EXAMINADORA

______________________________________
______________________________________
______________________________________

3
AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer as pessoas que ajudaram na concepção desse


trabalho.
Em primeiro lugar, agradeço à minha família. Meu pai, João Augusto N.
Dutra, pela disponibilidade, não somente nesse trabalho, mas durante toda a
minha trajetória estudantil. Agradeço também a minha mãe, Dione Beatriz
Prado Dutra, pela preocupação, pelo exemplo, por sempre acreditar e me
apoiar nas minhas decisões e, acima de tudo, pelo amor e pela dedicação; e à
minha irmã, Bibiana, pela paciência e compreensão.
Por último, sou grato aos meus amigos e em especial à Priscila, pelo seu
companheirismo, carinho e importante apoio em mais esse desafio da minha
vida.

4
RESUMO

O presente estudo propõe uma melhoria ao modelo de negócio atual da


Fazenda Rincão da Figueira. Foram confrontados dois projetos distintos para
que apenas um seja escolhido de acordo com os critérios financeiros de análise
de investimentos. Ambos os projetos simulam todos os custos e receitas
envolvidas na implementação de um sistema específico de pecuária sendo que
no primeiro é proposta uma melhoria do cenário atual, utilizando o rebanho
existente na propriedade, e o segundo trás um modelo de negócio
completamente novo, com a compra anual de terneiros em leilões. A intenção
deste estudo é auxiliar o agronegócio da empresa com técnicas formais de
administração financeira que auxiliem na avaliação, seleção e controle dos
investimentos realizados, gerando resultados financeiros maximizados.

Palavras-chave: análise financeira, viabilidade de investimentos, pecuária,


agronegócio.

5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Interação entre os Sistemas de Produção e o Mercado .................. 28


Figura 2 - Mapa da Região das Missões .......................................................... 57
Figura 3 - Calendário das etapas da criação de bovinos previsto para o Projeto
1......................................................................................................................... 61
Figura 4 - Projeção Gráfica do Fluxo de Caixa ................................................. 85
Figura 5 - Calendário das etapas da criação de bovinos previsto para o Projeto
2 ........................................................................................................................ 94
Figura 6 - Projeção Gráfica do Fluxo de Caixa ............................................... 115
Quadro 1 - Alíquota de utilização da propriedade rural .................................... 40
Quadro 2 - Consumo Mundial de Carne Bovina ............................................... 56
Gráfico 1 - Alocação da Receita Bruta do Projeto 1 ......................................... 86
Gráfico 2.- VPL em função da TIR do Projeto 1 ............................................... 89
Gráfico 3 - Alocação da Receita Bruta do Projeto 2 ....................................... 118
Gráfico 4 - VPL em função da TIR do Projeto 2 ............................................. 121

6
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Investimento inicial do Projeto 1 ...................................................... 64


Tabela 2 - Investimentos na melhoria da pastagem nativa .............................. 66
Tabela 3 - Investimentos na Implementação do Pastoreio Racional Rotativo . 68
Tabela 4 - Total de Capital de Giro no Ano Zero .............................................. 69
Tabela 5 - Projeção da Receita de Bovinos ..................................................... 71
Tabela 6 - Rebanho no Ano Zero (em cabeças de gado) ................................ 72
Tabela 7 - Quantidade de Unidades Animais recomendada por hectare ......... 74
Tabela 8 - Projeção da evolução do rebanho (em cabeças de gado) .............. 75
Tabela 9 - Quantidade de animais a serem vendidos (em cabeças de gado) . 76
Tabela 10 - Projeção da capacidade produtiva ................................................ 77
Tabela 11 - Precos praticados no Mercado Fisico de Boi Gordo ..................... 78
Tabela 12 - Precos praticados no Mercado Fisico de Vaca Gorda .................. 79
Tabela 13 - Planejamento de Produção ........................................................... 80
Tabela 14 - Planejamento de Estoques ........................................................... 81
Tabela 15 - Planejamento de Mão-de-Obra Direta .......................................... 81
Tabela 16 - Planejamento de Custos Indiretos ................................................ 82
Tabela 17 - Planejamento de Despesas .......................................................... 83
Tabela 18 - Planejamento de Impostos ............................................................ 84
Tabela 19 - Valor Presente Liquido do Investimento ........................................ 85
Tabela 20 - Taxa Interna de Retorno do Projeto 1 ........................................... 89
Tabela 21 - Payback Descontado do Projeto 1 ................................................ 90
Tabela 22 - Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal 91
Tabela 23 - Investimento inicial do Projeto 2 .................................................... 97
Tabela 24 - Investimentos na melhoria da pastagem nativa ............................ 98
Tabela 25 - Investimentos na Implementação do Pastoreio Racional Rotativo 99
Tabela 26 - Investimento na compra de terneiros .......................................... 101
Tabela 27 - Total de Capital de Giro no Ano Zero .......................................... 102
Tabela 28 - Projeção da Receita de Bovinos no Ano Zero ............................ 103
Tabela 29 - Projeção da Receita de Bovinos ................................................. 104
Tabela 30 - Bovinos a serem vendidos no Ano Zero ..................................... 105

7
Tabela 31 - Tamanho do rebanho .................................................................. 106
Tabela 32 - Projeção da capacidade produtiva .............................................. 107
Tabela 33 - Planejamento de Produção ......................................................... 109
Tabela 34 - Planejamento de Estoques ......................................................... 110
Tabela 35 - Planejamento de Mão-de-Obra Direta ........................................ 111
Tabela 36 - Planejamento de Custos Indiretos .............................................. 112
Tabela 37 - Compra anual de bovinos ........................................................... 112
Tabela 38 - Planejamento de Despesas ........................................................ 114
Tabela 39 - Planejamento de Impostos .......................................................... 115
Tabela 40 - Valor Presente Liquido do Investimento do Projeto 2 ................. 119
Tabela 41 - Taxa Interna de Retorno do Projeto 2 ......................................... 120
Tabela 42 - Payback Descontado do Projeto 2 .............................................. 122
Tabela 43 - Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal
......................................................................................................................... 123
Tabela 44 - Comparação entre os projetos 1 e 2 ........................................... 124
Tabela 45 - Métodos de avaliação de investimento: projeto 1 x projeto 2 ..... 125

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DRE – Demonstração do Resultado do Exercício


EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Eng. Agrº - Engenheiro Agrônomo
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS - Imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços
INSS – Imposto Nacional de Seguridade Social
PRR – Pastoreio Rotativo Racional
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
TIR – Taxa Interna de Retorno
TMA – Taxa Mínima de Atratividade
UA – Unidade Animal
UA/ha – Unidade animal por hectare
VPL – Valor Presente Líquido

9
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
1. DEFINIÇÃO DO TEMA .............................................................................. 15
1. JUSTIFICATIVAS ...................................................................................... 18
2. OBJETIVOS ............................................................................................... 20
4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 20
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 20
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 21
5.1 O EMPREENDEDORISMO ..................................................................... 21
5.2 O AGRONEGÓCIO ................................................................................. 23
5.3 A ATIVIDADE DE BOVINOCULTURA .................................................... 24
5.3.1 Os segmentos de criação .................................................................. 25
5.3.2 Os sistemas de produção .................................................................. 25
5.4 GESTÃO FINANCEIRA ........................................................................... 29
5.5 DECISÕES FINANCEIRAS ..................................................................... 30
5.6 ORÇAMENTO OPERACIONAL .............................................................. 31
5.6.1 Planejamento de Vendas .................................................................. 31
5.6.1.1 Previsão de Vendas .................................................................... 32
5.6.1.2 Preço .......................................................................................... 33
5.6.2 Planejamento de Produção ............................................................... 34
5.6.3 Planejamento de Estoques................................................................ 35
5.6.4 Planejamento de Mão-de-obra Direta................................................ 36
5.6.5 Planejamento dos Custos Indiretos de Produção .............................. 37
5.6.6 Planejamento de Despesas de Vendas............................................. 37
5.6.7 Planejamento de Despesas Administrativas ..................................... 38
5.6.8 Despesas Tributárias......................................................................... 38
5.6.9 Despesas Financeiras ....................................................................... 41
5.7 ORÇAMENTO FINANCEIRO .................................................................. 42
5.7.1 Fluxo de Caixa .................................................................................. 42
5.7.2 Orçamento de Caixa.......................................................................... 43
5.7.2.1 Investimento Inicial ..................................................................... 45
5.7.2.2 Saldo Inicial de Caixa ................................................................. 45
5.8 DRE PROJETADO .................................................................................. 46
5.9 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO ............................... 46
5.9.1 Método do Payback ........................................................................... 48
5.9.2 Valor Presente Líquido ...................................................................... 49
5.9.3 Taxa Interna de Retorno .................................................................... 49

10
5.10 RISCO.................................................................................................... 50
5.10.1 Análise de Sensibilidade ................................................................. 51
4. METODOLOGIA ........................................................................................ 53
5. ANÁLISE DO MERCADO .......................................................................... 56
6. O NEGÓCIO ATUAL DA FAZENDA RINCÃO DA FIGUEIRA .................. 58
7. PROJETO UM: CRIA, RECRIA E ENGORDA .......................................... 61
9.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO ..................................................................... 62
9.1.1 Cria .................................................................................................... 63
9.1.2 Recria e Engorda .............................................................................. 63
9.2 INVESTIMENTO INICIAL ........................................................................ 64
9.2.1 Melhoramento da Pastagem: ............................................................ 65
9.2.2 Implementação do sistema de Pastoreio Rotativo Racional (PRR): .. 67
9.2.3 Capital de Giro .................................................................................. 69
9.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL ........................................................ 71
9.3.1 Planejamento de vendas ................................................................... 71
9.3.1.1 Previsão de Vendas .................................................................... 72
9.3.1.2 Preço .......................................................................................... 77
9.3.2 Planejamento de Produção ............................................................... 79
9.3.2.1 Estoques ..................................................................................... 80
9.3.2.2 Mão-de-obra Direta ..................................................................... 81
9.3.2.3 Custos Indiretos de Produção ..................................................... 82
9.3.3 Planejamento de Despesas ............................................................... 83
9.3.4 Impostos ............................................................................................ 84
9.4 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ....................................................... 85
9.5 PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO
....................................................................................................................... 85
9.6 ANÁLISES ECONÔMICO-FINANCEIRAS .............................................. 87
9.6.1 Valor Presente Líquido ...................................................................... 87
9.6.2 Taxa Interna de Retorno.................................................................... 88
9.6.3 Payback Descontado......................................................................... 90
9.7 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ............................................................... 90
8. PROJETO DOIS: ENGORDA .................................................................... 93
10.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO ................................................................... 94
10.1.1 Engorda ........................................................................................... 95
10.2 INVESTIMENTO INICIAL ...................................................................... 96
10.2.1 Melhoramento da Pastagem Nativa: ............................................... 97
10.2.2 Implementação do sistema de Pastoreio Rotativo Racional (PRR) . 98
10.2.3 Aquisição de terneiros em leilões .................................................. 100
10.2.4 Capital de Giro: ............................................................................. 101
10.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL .................................................... 102
10.3.1 Planejamento de vendas ............................................................... 103
10.3.1.1 Previsão de Vendas ................................................................ 104

11
10.3.1.2 Preço ...................................................................................... 107
10.3.2 Planejamento de Produção ........................................................... 109
10.3.2.1 Estoques ................................................................................. 109
10.3.2.2 Mão-de-obra Direta ................................................................. 110
10.3.2.3 Custos Indiretos de Produção ................................................. 111
10.3.3 Planejamento de Despesas ........................................................... 113
10.4 IMPOSTOS .......................................................................................... 114
10.5 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ................................................... 116
10.6 PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIDO DE RESULTADO DO EXERCICIO
..................................................................................................................... 117
10.7 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA............................................... 119
10.7.1 Valor Presente Líquido (VPL) ........................................................ 119
10.7.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ...................................................... 120
10.7.3 Payback Descontado..................................................................... 122
10.8 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ........................................................... 123
9. ANÁLISE DOS PROJETOS DE INVESTIMENTOS ................................ 124
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 130
APÊNDICES.................................................................................................... 135
ANEXOS ......................................................................................................... 140

12
1. INTRODUÇÃO

O cenário atual de competitividade do mercado transformou a forma de


gerenciamento das empresas e exigiu uma rápida adaptação e ajuste a essas
mudanças. A ineficiência administrativa deixou claro que não existe mais
espaço para o amadorismo. Para fortalecer seu negócio e fortificar-se diante os
concorrentes, o empresário está ciente que seu desempenho é consequência
das decisões tomadas pela gestão financeira da organização. O reflexo de
todas essas decisões, somadas ao desempenho econômico da empresa, irão
compor o resultado que a mesma estará auferindo num determinado período,
podendo ser satisfatório ou não, do ponto de vista do retorno sobre o
investimento.
Na atual conjuntura brasileira, as micros e pequenas empresas são muito
significativas para a economia do país, pois além de empregarem 25 milhões
de pessoas, geram renda para uma grande quantidade de famílias e
democratizam as oportunidades em todo o país. Porém, há estatísticas
preocupantes: 56% dos negócios que abrem suas portas no Brasil quebram
antes de completar cinco anos de operação, conforme dados SEBRAE (2008).
No âmbito do agronegócio não é diferente: o estreitamento das margens,
a intensa concorrência, o baixo valor agregado, o custo do dinheiro, a alta carga
tributária, a importação, os fenômenos meteorológicos e outros percalços
tornam esse ambiente tenuoso, onde o empreendedor tem poucas chances
para crescer. Apesar desses entraves, o agronegócio, segundo o Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA); é responsável por 33% do
Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos
brasileiros.
Explorando um pouco mais este segmento da economia, destaca-se a
bovinocultura de corte, ramo de atividade em que está inserida a Fazenda
Rincão da Figueira, objeto deste estudo. Segundo a Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carnes – ABIEC, a bovinocultura de corte é
responsável pela maior fatia do agronegócio brasileiro, gerando um faturamento
de mais de R$ 50 bilhões/ano, e ofertando cerca de 7,5 milhões de empregos.

13
Os novos padrões de produção de gado de corte associados a mercados
de produtos e insumos cada vez mais competitivos levaram a um incremento
nos custos de produção. Dessa forma, a redução da lucratividade do setor de
agropecuária tornou-se um fator de seleção natural para aqueles produtores
mais eficientes. Para se manter na atividade, o pecuarista tem que reestruturar
seus métodos de produção. Neste cenário, a atividade agropecuária tem
passado por uma mudança cultural quanto à visão empresarial dos pecuaristas
em todo o território nacional. Assim, tem-se notado a necessidade de que as
decisões dentro dos sistemas de produção sejam calcadas em informações
cada vez mais precisas quanto ao uso de fatores produtivos e seus respectivos
preços.
Em função desse contexto, foi identificada a necessidade de mensurar o
desempenho econômico-financeiro da Fazenda Rincão da Figueira, assim
como projetar o sucesso vindouro do negócio, que possui como essência, a
criação de bovinos de corte voltada ao abastecimento da indústria nacional de
carnes.
Para isso, serão utilizados métodos de análise financeira e de
investimentos a fim de apontar, dentre dois projetos de melhoria da atividade
produtiva da propriedade, àquele mais viável para ser aplicado pelo gestor.

14
2. DEFINIÇÃO DO TEMA

Atualmente, o rebanho brasileiro é composto de 157,5 milhões de


cabeças, dos quais 13,47 milhões estão no Estado do Rio Grande do Sul. A
produção brasileira de carne é de 7,3 milhões de toneladas, sendo a
participação do Rio Grande do Sul de 604.147 toneladas, ou seja, 8,2% do total
brasileiro (EMBRAPA). No entanto, esses números continuam crescendo,
segundo as projeções do agronegócio feitas pelo Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, a produção de carne bovina no Brasil vai crescer
26% até 2020, atingindo quase 10 milhões de toneladas/ano. Com isso, tornar-
se-á mais acirrada a competitividade nesse setor da economia, fazendo com
que a concorrência se intensifique e que haja uma busca maior por produtos
diferenciados, de melhor qualidade a preços competitivos.
Apesar da tradição gaúcha na criação de bovinos, o Estado do Rio
Grande do Sul responde hoje somente por 7% do rebanho total de bovinos do
Brasil (IBGE 2008), e assume a sexta colocação entre os estados da
Federação em rebanho de bovinos. Contudo, há muitos produtores gaúchos
que seguem as tradições de seus ancestrais e praticam a produção pecuária
extensiva, sem a implementação de tecnologias. Eles utilizam técnicas de
gestão e produção baseadas em conhecimentos empíricos, no qual a tomada
de decisão é realizada de maneira subjetiva e intuitiva, sem nenhum
conhecimento científico. Os produtores com essa visão acreditam que a
experiência passada de geração a geração sob o legado da tentativa e erro é
suficiente para manter o negócio lucrativo.
Este cenário reflete a situação da propriedade rural a ser estudada, a
Fazenda Rincão da Figueira, localizada no município de Bossoroca, região das
Missões, Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Após o falecimento do
patriarca da família, que utilizava sua experiência e conhecimentos empíricos
para produzir e gerir a propriedade, nenhuma técnica foi aprimorada, portanto a
produção agropecuária nessa fazenda gaúcha tornou-se ameaçada.

15
No cenário do aumento de competição no setor do agronegócio e busca
por eficiência técnica e econômica nos negócios da pecuária, o aprimoramento
das técnicas gerenciais das propriedades rurais apresenta-se como uma
possibilidade de se alcançar sucesso na atividade. Esses aprimoramentos
podem ser obtidos pela associação de técnicas de avaliação econômica
tradicionais às ferramentas gerenciais.
A necessidade da análise econômica da atividade é extremamente
importante, pois, por meio dela, o produtor passa a conhecer com detalhes e a
utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de produção (terra,
trabalho e capital). Dessa forma, localiza os pontos de estrangulamento, para
depois concentrar esforços gerenciais e tecnológicos, para obter sucesso na
sua atividade e atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou
minimização de custos.
Neste contexto, pretende-se analisar a viabilidade econômico-financeira
de dois sistemas de criação e terminação de bovinos de corte: a aquisição do
terneiro1, para engorda e posterior venda chamado de recria2; e a cria3, no qual
se produz o terneiro através de vacas matrizes e touros reprodutores.
Esses dois sistemas escolhidos para serem analisados estão entre os
mais praticados na região em que se situa a Fazenda Rincão da Figueira. Não
há uma predominância ou preferência de um ou outro, o que basicamente os
distingue é que no primeiro sistema citado é feita a aquisição do novilho em
feiras ou leilões, colocado em pastagem para ser engordado e depois
comercializado; ao passo que no segundo método é necessário ter uma vaca
matriz e um touro para fazer o cruzamento e gerar o bezerro que,
posteriormente será engordado no pasto.
Os dois sistemas serão apresentados como projetos independentes, no
qual serão expostas as principais diferenças entre eles, desde a análise do

1
Também conhecido por bezerro, bovino entre zero e seis meses de vida que ainda é
amamentado pela vaca.
2
Sistema de produção em que os terneiros recém desmamados são comprados e revendidos
como novilhos (entre 18 e 24 meses de idade).
3
Sistema de produção com vacas matrizes e touros reprodutores para formação de terneiros,
podendo utilizar inseminação artificial.

16
investimento inicial, análise de custos, projeção de receitas e despesas, e
análise de ganho de eficiência da produtividade.

17
3. JUSTIFICATIVAS

A eficiência produtiva é um dos pilares para que os negócios apecuários


possam atingir níveis satisfatórios de competitividade. No contexto da pecuária,
a busca por aumento da produção através de ganhos de produtividade, em
detrimento do aumento do rebanho, tem levado a uma reestruturação dos
sistemas produtivos de gado de corte. Essa reestruturação é baseada na
eficiência produtiva, sendo esta diretamente relacionada com a eficiência
econômica dos sistemas de produção.
Em razão da nova ordem econômica, os negócios agropecuários
revestem-se da mesma complexidade, importância e dinâmica dos demais
setores da economia (indústria, comércio e serviços), exigindo do produtor rural
uma nova visão da administração dos seus negócios. Assim, é notória a
necessidade de abandonar a posição tradicional de sitiante / fazendeiro para
assumir o papel de empresário rural, independente do tamanho de sua
propriedade e do seu sistema de produção de gado de corte.
A competitividade atua como uma seleção natural onde quem realmente
está preparado perpetua e quem não está, tende a fracassar. É nesse contexto
que a Fazenda Rincão da Figueira planeja prosperar investindo no
melhoramento da sua técnica de gestão e produção.
Muitas propriedades rurais as quais ainda perduram técnicas antigas de
gestão: falta de planejamento e controle de investimentos e despesas, tomada
de decisão intuitiva e técnicas de produção empíricas, passadas de geração a
geração; estão perdendo espaço no vasto mercado do agronegócio brasileiro.
Na Fazenda em estudo não é diferente. Os atuais proprietários não
possuem um orçamento preciso dos investimentos feitos para a produção e
venda do produto final (boi gordo para ser abatido pelos frigoríficos). Não há o
planejamento e controle de custos a fim de verificar se a atividade que está
sendo desenvolvida na propriedade é, de fato, rentável.
Nesse comércio, o preço do produto final é fornecido pelo mercado.
Assim sendo, o produtor está sujeito ao preço imposto pelos frigoríficos. Logo, a

18
falta de controle sobre as receitas e despesas da Fazenda dificulta o
planejamento e a tomada de decisão dos administradores.
Hoje, sabe-se que a atividade desenvolvida não apresenta bons
resultados. O gestor acredita que as técnicas utilizadas nos processos
produtivos, atrelado ao mau gerenciamento das finanças, estão diminuindo a
competitividade da Fazenda.
Com base nessas questões foi identificada a necessidade de mensurar
os investimentos feitos, assim como planejar e controlar os investimentos para
a implementação de mudanças. A necessidade em gerar todos os dados
financeiros do negócio para auxiliar na tomada de decisão por parte dos
administradores é visto como uma das razões para a realização desse estudo.
Para a escolha mais acurada do projeto, é necessário conhecer todos os
fatores que envolvem o negócio, para então utilizar-se de ferramentas de
análise financeira que aceitem ou rejeitem o investimento. Faz-se
indispensável, então, avistar quais os recursos necessários a serem
empregados e as receitas e as despesas operacionais, que constituirão as
informações financeiras para embasar a tomada de decisão.
Para finalizar, como argumenta Peter Drucker (2003), a administração
deve colocar o desempenho econômico em primeiro lugar, pois uma empresa
só justifica a sua existência mediante os resultados econômicos que produz
independente dos demais resultados que obtiver.
Portanto, com o intuito de recolocar a Fazenda Rincão da Figueira em
níveis competitivos no mercado em que atua, busca-se, nesse trabalho
responder a seguinte pergunta: qual é o projeto mais recomendável para a
Fazenda Rincão da Figueira do ponto de vista econômico-financeiro: comprar o
novilho e engordá-lo ou produzi-lo dentro da propriedade, através do sistema
criação, aquele no qual utiliza-se vacas matrizes e touros reprodutores?

19
4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a viabilidade econômico-financeira de dois projetos para criação e


comercialização de bovinos de corte na Fazenda Rincão da Figueira.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Estimar os investimentos iniciais necessários para os dois


projetos.
b) Projetar os orçamentos operacionais para os dois tipos de
produção de bovinos de corte; o novilho comprado e o produzido
na propriedade.
c) Estruturar o orçamento de caixa, avaliando a capacidade de
liquidez nas duas situações.
d) Analisar o desempenho de cada projeto para encontrar, utilizando
a ferramenta do DRE projetado, qual será o mais lucrativo.
e) Utilizar os critérios de avaliação de investimentos e os estudos de
riscos para avaliar a viabilidade financeira de ambos os projetos.
f) Analisar qual é o projeto que se mostra mais adequado
economicamente para a Fazenda Rincão da Figueira.

20
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O conteúdo que será exposto nesse momento será uma ferramenta


importante para a otimização do trabalho de investigação, garantindo ao leitor e
ao pesquisador, embasamentos quanto aos conteúdos que serão expostos ao
longo do trabalho.
Conforme Moreira (2008, p. 03), a revisão da literatura:

Serve para posicionar o leitor do trabalho e o próprio pesquisador


acerca dos avanços, retrocessos ou áreas envoltas em penumbra.
Fornece informações para contextualizar a extensão e significância do
problema que se maneja. Aponta e discute possíveis soluções para
problemas similares e oferece alternativas de metodologias que tem
sido utilizadas para a solução do problema.

Considerando dois projetos que serão analisados na Fazenda Rincão da


Figueira, cabe agora compreender os conceitos necessários para que a análise
de viabilidade desses seja consistente e precisa. O entendimento e a absorção
das informações poderão, dessa forma, ser intensificados.
Serão relatados os conceitos utilizados no processo de produção tais
como os custos com mão-de-obra, custos indiretos de produção e despesas.
Nas análises financeiras utilizadas para tomada de decisão serão abordados os
conceitos do valor presente líquido, da taxa interna de retorno e payback.

5.1 O EMPREENDEDORISMO

A palavra empreendedor possui origem francesa, referindo-se àquele


que assume riscos e começa algo novo, porém os proprietários de segunda e
terceira geração, e até mesmo executivos com perfil inovador também são
considerados empreendedores (Abdala, 2003).
Dolabela (2006) associou o empreendedor ao desenvolvimento
econômico, à inovação e ao aproveitamento de oportunidades de negócios.

21
Analisando esse contexto, pode-se dizer que o empreendedor é aquele
responsável pelo movimento de crescimento econômico, pois assumindo o
papel de inovador acaba por renovar, transformar e criar novas oportunidades
de negócios.
Quando faz-se referência ao perfil empreendedor, pode-se afirmar que
este é um ser social, sendo produto do meio em que vive (Dolabela, 2006).
Existem países que são mais ou menos empreendedores, dependendo muito
da visão positiva ou negativa com que as perspectivas são desejadas pela
sociedade.
No Brasil o empreendedorismo não é algo novo, pois pode-se afirmar
que os colonizadores lusitanos eram empreendedores, e os frutos dos seus
empreendimentos foram relatados nos primeiros engenhos de açúcar
construídos na época. Todavia, o empreendedorismo é fruto do capitalismo,
visto que para o sucesso daquele faz-se necessário algumas prerrogativas
como: o livre direito de acumular capital, e a liberdade individual de todo
cidadão.
Destaca-se as seguintes características do empreendedor Dolabela
(2006):
a) São influenciadores ou possuem um modelo a ser seguido;
b) Possuem autonomia, autoconfiança, otimismo e necessidade de
realização;
c) Normalmente trabalham sozinhos, têm perseverança e
tenacidade;
d) Aprendem com os erros, tendo grande energia, sendo
trabalhadores incansáveis;
e) Fixam metas a serem alcançadas e lutam contra padrões
impostos, diferenciando-se dos outros;
f) Tem forte intuição e alto comprometimento;
g) Criam situações a fim de ter o feedback;
h) Sabem buscar, utilizar e controlar recursos;
i) São idealistas e sonhadores;

22
j) São líderes naturais, criando relacionamentos próprios com os
seus subalternos;
k) São orientados pelos resultados no longo prazo;
l) Conhecem bem o seu ramo de atuação, definindo o que devem
aprender para realizar seus projetos;
m) Não são aventureiros, correm riscos calculados.
Nesse sentido busca-se a relação dessas características atreladas ao
produtor rural, fomentador do agronegócio.

5.2 O AGRONEGÓCIO

O agronegócio ou agribusiness é tratado como um ramo econômico da


agropecuária mais profissionalizada, e sua principal função não é a de
subsistência, mas sim a geração de excedentes para o comércio de artigos
primários.
Segundo Kein (2003), o termo agribusiness foi utilizado pela primeira vez
pelo professores Davis e Golberg em 1957. Nos seus estudos os autores
enunciaram o conceito como sendo a soma de todas as operações de produção
e distribuição de insumos agrícolas, passando pelo armazenamento,
processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir
deles.
Apesar de ser uma definição recente, o agronegócio é presente em toda
história das civilizações. Com a geração do excedente de produção no campo,
permitiu-se o desenvolvimento das modernas sociedades industriais. Assim,
podemos afirmar que o agronegócio teve seu início no Brasil a partir do cultivo
de cana-de-açúcar há mais de 500 anos.
Hoje, não é possível negar a importância do setor de agronegócio no
país, pois através de sua exploração a economia brasileira pode capitalizar-se
com recursos necessários para financiar o seu desenvolvimento industrial.

23
No entanto, a dependência brasileira das commodities4 agrícolas
sempre deixou o mercado bastante vulnerável a crises internacionais. Segundo
Varian (2006), a maior oferta de um mesmo produto faz com que o preço de
mercado venha a diminuir, buscando seu ponto de equilíbrio. Fato corriqueiro
no agronegócio brasileiro.
Na atividade de bovinocultura, forte representante do agronegócio
brasileiro, não é diferente. As variações dos preços causadas por oscilações na
oferta e demanda do produto são os grandes vilões para o produtor. Por este
motivo faz-se presente a importância da profissionalização do homem rural,
pois passa a ser necessária a precisão na apuração dos custos envolvidos em
todo o processo produtivo, porque assim conseguem ajustar gargalos na
produção, conseqüentemente reduzir custo e melhorar preços.

5.3 A ATIVIDADE DE BOVINOCULTURA

Segundo Mielitz (1995), a bovinocultura praticada antigamente na


Europa tinha a função de manter a fertilidade do solo através do fornecimento
de matéria orgânica (esterco), força de tração, leite e secundariamente a carne.
Está última era proveniente de animais excedentes (novos nascimentos ou
descarte dos velhos). Com o advento da moderna agricultura, e com a adoção
de praguicidas e adubação química, a bovinocultura tornou-se uma atividade
com objetivos próprios, sendo exportada para a nova fronteira que se abria fora
da Europa.
Mielitz (1995) também coloca que, inicialmente, a expansão dos
rebanhos se dava em ritmo determinado pelo crescimento natural sendo
influenciado por determinantes climáticas. Gradativamente, inovações

4
Commodities são produtos básicos, homogêneos e de amplo consumo, que podem ser
produzidos e negociados por uma ampla gama de empresas. Podem ser produtos
agropecuários, oi como boi gordo, soja, café, minerais como ouro, prata, petróleo e platina;
como as moedas mais requisitadas (dólar e euro), ações de grandes empresas, títulos de
governos nacionais, etc.

24
sanitárias de manejo e cultivo de pastagens também foram acrescentadas. A
criação de padrões raciais foi se difundindo, propiciando um aumento de
produção, tendo como pólo irradiador a Inglaterra.
A fim de um melhor entendimento da bovinocultura, alguns temas devem
ser abordados: o segmento de criação e os sistemas de produção.

5.3.1 Os segmentos de criação

Existem dois tipos de segmentos na bovinocultura: a criação de gado


leiteiro e a criação de gado de corte.
Na cultura de gado leiteiro, a atividade é voltada para a extração do leite
necessário ao funcionamento da indústria alimentícia de laticínios. Já a cultura
de gado de corte é voltada ao abate de animais para consumo, tais como, à
confecção de artigos derivados das partes do animal. Com a carne são
produzidos alimentos e rações; o couro pode ser utilizado para confecção de
roupas, sapatos, cintos, tapetes; até os ossos podem ser utilizados para
produção de ração.
A cultura de gado de corte exige raças de animais mais robustos, com
maior capacidade de ganho de massa corpórea, isto é: facilidade para ganhar
peso em gordura e carne.

5.3.2 Os sistemas de produção

Alves (2001) aponta a existência de três sistemas de produção bovina: a


cria, a recria e o engorde. O produtor que realiza o ciclo completo engloba
todos estes processos, acompanhando o animal do nascimento até a venda
para abate.

25
Todavia, alguns produtores preferem ser especialistas; sendo então as
seguintes especialidades:
a) Criadores: são produtores que possuem vacas matrizes e
touros reprodutores, podendo utilizar inseminação artificial. O
produto do criador corresponde a terneiros para serem vendidos
a outros produtores;
b) Recriadores: corresponde aos produtores que compram
terneiros após o desmame, revendendo-os como novilhos ( com
idade de 18 a 24 meses);
c) Engordadores: consiste naqueles produtores que compram
novilhos e fazem a sua terminação ou engorde do animal para
abate.
Para Santos (2001), as etapas envolvidas na criação de bovinos
requerem manejos diferenciados, porém todas elas estão fortemente
relacionadas, pois o resultado de cada uma depende da tomada de decisão do
produtor rural no que diz respeito ao descarte, à engorda, às matrizes e às
novilhas para reposição.
No processo de cria o produtor visa à produção de bezerros
desmamados, sendo que, para isso, ele deve dispor de um sistema de manejo
adequado. E ainda, para complementar deve dispor de boas condições
ambientais, assim como uma assistência, tecnologias avanças e métodos
gerenciais eficientes.

A eficiência do sistema de cria está relacionada com a produtividade da


vaca. Nesta fase, a escolha das matrizes para a composição do rebanho é
importante, pois requer identificação do genótipo mais adequado para as
condições ambientais a que o animal estará inserido (Santos, 2001).

Santos (2001) coloca ainda que, normalmente, entre 15 e 20% das


matrizes são substituídas ao ano. As matrizes que não atendem mais as
exigências para a reprodução são ofertadas para o sistema de gado comercial
ou passam a etapa de engorde para futuro descarte.

26
Já no sistema de recria, o produtor visa obter animais jovens, mas com
tamanho avantajado. Nesta etapa, o produtor se depara com diversas
possibilidades de negócios, pois com o animal já adquirindo um porte maior, é
possível encaminhá-lo para ser abatido como novilho precoce, terminar o
animal para vendê-lo adulto, negociá-lo em feira ou mantê-lo na propriedade
como matriz.
Resumindo, no sistema de recria será feita a seleção dos animais que no
futuro serão encaminhados para o sistema de cria ou engorde. No caso das
fêmeas, se em plena condições, ela será utilizada como matriz, caso seja
infértil, será destinada ao sistema de engorda para descarte. No caso dos
machos aqueles considerados com melhores características genéticas serão
selecionadas para virarem touros reprodutores. Em caso contrário, serão
castrados e encaminhados ao o sistema de engorde e serem vendidos para
abate.
O último processo, principal razão de existir de toda a cadeia de
produção bovina, consiste na engorda. O objetivo principal é a venda de
animais para abate em frigoríficos e matadouros, e nesta fase juntam-se aos
animais inicialmente reservados para tal fim, os descartados da cria e recria.
A figura a seguir ilustra de maneira clara a cadeia produtiva descrita
acima.

27
Interação entre os Sistemas de Produção e o Mercado

Figura 1. Interação entre os Sistemas de Produção e o Mercado


Fonte: Santos (2001), modificado pelo autor

De acordo com Mielitz (1995), a bovinocultura brasileira como um todo é


pouco inovadora, e normalmente as propriedades inclinadas à inovação são as
que se especializam na engorda de animais para o abate. No entanto os
processos de inovação são diferentes de região para região:

No Rio Grande do Sul, é mais frequente a produção em ciclo completo, e


as inovações basearam-se no cultivo de pastagens forrageias,
principalmente de inverno, para apascentamento do campo. Já em São
Paulo, as inovações mais expressivas dizem respeito à terminação dos
animais em regime de confinamento, utilizando-se de subprodutos
industriais, culturas vegetais como cana-de-açúcar, milho, capineiras,
alimentos industriais, etc. (Mielitz, 1995)

Mielitz (1995), também explica que a bovinocultura de cria e recria


desenvolvida nas regiões periféricas do país constituí o elo mais atrasado do
processo produtivo. Nessas regiões são utilizados principalmente métodos
extensivos no uso da terra. No entanto, há uma interdependência entre esses
mercados produtores de carne, no qual os engordadores acabam por adquirir

28
animais jovens e magros de outros produtores, conseguindo agregar mais valor
ao produto.
No trabalho em questão é relatada a atividade produtiva de uma
Fazenda localizada em uma região periférica do Brasil, que utiliza justamente o
método extensivo do uso da terra. No entanto, busca-se modernizar o processo
produtivo desse empreendimento rural através de uma gestão financeira
apurada. Portanto, analisar-se-á os projetos propostos, que procuram, via
aprimoramento dos métodos de produção, alocar a Fazenda em um outro elo
da cadeia produtiva de carnes, visando o melhor resultado econômico para
esta.

5.4 GESTÃO FINANCEIRA

A gestão financeira é um conjunto de ações e procedimentos


administrativos que envolvem o planejamento, a análise e o controle das
atividades financeiras da empresa. O objetivo da gestão financeira é melhorar
os resultados apresentados pela empresa e aumentar o valor do patrimônio por
meio da geração de lucro líquido proveniente das atividades operacionais. Uma
correta administração financeira permite que se visualize a atual situação da
empresa. Registros adequados permitem análises e colaboram com o
planejamento para otimizar resultados.
Assaf Neto e Silva (2002) destacam que contextos econômicos
modernos de concorrência de mercado exigem das empresas maior eficiência
na gestão financeira de seus recursos, não cabendo indecisões sobre o que
fazer com eles. Considerando o momento atual da economia, com alto nível de
competição, inovações e globalização, uma boa administração financeira faz
total diferença para o sucesso da organização.
A performance das operações e viabilidade a longo prazo de qualquer
negócio está sujeito a uma série contínua de decisões econômicas. Cada uma
dessas decisões, por sua vez, ativa movimentos específicos dos recursos

29
financeiros que oferecem sustentação ao negócio essencial. Assim, a análise
financeira fornece ferramentas que tornam flexíveis e corretas as decisões de
investimento, avaliando o momento apropriado e mais vantajoso.
Em última instância, pode haver um impacto econômico no negócio,
podendo torná-lo insustentável, não podendo dar continuidade ao seu
desenvolvimento.

5.5 DECISÕES FINANCEIRAS

As informações têm-se tornado o principal diferencial competitivo


empresarial, sendo sua utilização de vital importância para sobrevivência e
manutenção do negócio. O administrador utiliza as Demonstrações Financeiras
e Contábeis para basear suas avaliações acerca de riscos e retornos.
Gitman (1997) argumenta que há três atividades primárias fundamentais
que são de responsabilidade do administrador financeiro:

a) realizar análises e planejamento financeiro: estabelecimento de


diretrizes operacionais e estratégias a serem adotadas para que a
organização evolua financeiramente, como estimativas de vendas,
projeções financeiras e análises econômicas do ambiente em que a
empresa está inserida;
b) tomar decisões de investimento: estabelecimento de um plano de
negócios, definindo a aplicação do capital cuja premissa básica é a de
que um investimento mostra-se economicamente atraente quando o
seu retorno esperado exceder a taxa de retorno exigida pelos
proprietários de capital;
c) tomar decisões de financiamento: definição de qual é a combinação
mais apropriada entre financiamentos a curto e a longo prazo e qual é
a melhor forma de conseguir recursos financeiros para manter as

30
operações e os investimentos da empresa, considerando o retorno
esperado pelos sócios.

5.6 ORÇAMENTO OPERACIONAL

No contexto do orçamento operacional encontram-se as projeções


relativas à atividade operacional da empresa. É a elaboração da projeção da
receita, dos custos e das despesas operacionais. Com o estabelecimento de
tais variáveis para o ano seguinte, alcança-se a projeção do lucro esperado na
atividade.
O orçamento é a técnica que toma por base informações e dados de
experiências passadas para projetar resultados futuros. A técnica orçamentária
fundamenta-se em prévia formulação de um plano geral de ação da empresa,
de acordo com os objetivos, metas e políticas de curto e longo prazo, tendo
como princípio a otimização no emprego dos recursos financeiros no período
projetado.

5.6.1 Planejamento de Vendas

O ponto de partida para a esquematização de um orçamento empresarial


é a administração das vendas. Um bom orçamento de vendas serve como base
para os outros orçamentos e auxilia nas tomadas de decisões no período
projetado.
“Planejar vendas significa fixar com antecedência as quantidades físicas
e os volumes monetários correspondentes” (Tung, 1983, p. 101).
O orçamento operacional deve iniciar pelo plano de vendas, conforme
argumenta Welsch (1996, p. 75.):

O plano de vendas é o alicerce do planejamento periódico numa


empresa, pois praticamente todo o restante do planejamento da

31
empresa baseia-se nas estimativas de vendas. As vendas representam
a fonte básica de entrada de recursos monetários, os investimentos
adicionais em ativos imobilizados, o volume de despesas a ser
planejado, as necessidades de mão-de-obra, o nível de produção e
vários outros aspectos operacionais importantes dependem do
orçamento de vendas.

O orçamento de vendas expressa, de maneira geral, uma série de


características, posicionamentos, objetivos e estratégias das organizações.
Para realizar um planejamento de vendas é necessário conhecimento das
condições atuais da empresa, abrangendo sua capacidade produtiva e sua
estrutura, o mercado ao qual está disposta a penetrar, o impacto dos objetivos
sobre o próprio planejamento da empresa e, por fim, sua estratégia de
administração tanto em curto quanto em longo prazo.
As decisões administrativas que serão tomadas nos passos seguintes
dependem diretamente do resultado obtido com o planejamento de vendas.
Trata-se não apenas da multiplicação do número de unidades que se considera
possível vender, pelo preço de venda esperado. De acordo com Welsch (1996)
existem, por trás desses fatores, muitas considerações como planos de
promoção, publicidade e despesas de vendas, em busca de alcançar os
objetivos traçados.

5.6.1.1 Previsão de Vendas

Segundo Tung (1983), a previsão das vendas pode ser definida como a
fixação prévia das vendas, em quantidade e em valor, tendo em conta as
limitações impostas à empresa e a ação desta sobre tais limitações.
Ao prever o número de unidades vendidas a empresa leva em
consideração questões mercadológicas no que tange o ambiente pretendido, a
clientela alvo e os concorrentes. Conforme Dolabela (2006), esses três pilares
representam a análise de mercado, primeiro passo do plano de marketing das
empresas.

32
Ao realizar a análise de mercado a empresa compreenderá melhor as
limitações que seu produto terá no mercado, de maneira quantitativa, ou seja,
quanto o mercado está disposto a absorver do produto em questão, e também
o valor percebido pelo público alvo, o que influenciará a política de preços da
empresa. Segundo Lunkes (2003, p. 42), “a primeira coisa a fazer quando
estabelecer o orçamento de vendas é definir os fatores limitadores ou
restrições”. Faz-se necessário um diagnóstico de seu ambiente interno e
externo, com a intenção de identificar os eventos que possam interferir nas
previsões de vendas da empresa.
Ainda como fatores do ambiente externo que influenciam a previsão de
vendas podem relacionar-se intervenções políticas, seja no nivelamento de
preços como legislações que de certa forma influenciam a política de vendas,
Para a realização da previsão de vendas são utilizados dados históricos
de vendas adicionados a dados estatísticos do mercado. Deve-se ter com
clareza o mix de produtos que serão ofertados e em que quantidade. Assim
sendo, deve ser monitorado o previsto com o realizado (vendido) para realizar
os ajustes necessários.
Após, juntando a previsão de vendas à política de preços praticada pela
organização, resulta na receita bruta de vendas. Um aspecto importante nessa
previsão é o levantamento de dados coerentes e confiáveis para uma previsão,
sendo que tal previsão, quando automatizada, seja obtida de forma direta e
confiável.

5.6.1.2 Preço

De acordo com a teoria exposta por Sanvicente e Santos (2008, p. 46),


“A política de preços envolve a definição de linhas mestras a serem seguidas
pela empresa na fixação dos preços de venda de seus produtos. São utilizados
basicamente dois métodos: o de custo e o da concorrência”.

33
O método de custo concebe o preço de venda do produto baseado no
custo de produção de uma unidade. Para tal, é necessário, segundo Dolabela
(2006), que o empreendedor tenha uma noção precisa da sua estrutura de
custos. A determinação dos custos pode indicar também se a empresa tem ou
não condições de penetrar no mercado.
A utilização do método da concorrência baseia-se na análise da
concorrência buscando estudar os preços praticados pelos mesmos. Através
dessa análise, é extraído o preço de mercado médio, que norteará o preço do
produto em questão. Durante essa análise pode ser constatado que, seus
custos de produção estão muito altos ou que, para uma inserção rápida no
mercado, as margens de lucro estipuladas pela empresa deverão sofrer
ajustes.
Braga (1995) faz referência a um terceiro método de precificação, Du
Pont. Para a aplicação desse método utilizada-se as seguintes variáveis no
cálculo: a taxa de retorno sobre o investimento, considerando a velocidade das
vendas desejada para o período orçado, mais os custos (fixos e variáveis)
unitários projetados e as despesas diretamente proporcionais ao preço de
venda finai como propaganda, publicidade, comissões de vendedores, fretes,
seguros, etc.
Para Zdanowicz (2003, p.153) “a política de precificação para a maioria
das empresas brasileiras é uma combinação dos métodos baseados nos custos
de compras e produção, comparativamente com os preços praticados pela
concorrência”.

5.6.2 Planejamento de Produção

Com base nas metas de vendas, políticas de estoques e estoques


iniciais de produtos acabados, será elaborado o orçamento de produção no
qual serão estimadas as quantidades de produção necessárias para que a
empresa supra todo o seu planejamento de vendas.

34
Para Welsch (1996, p.127), “As quantidades exigidas pelo plano de
marketing ajustado em função das políticas de produção e estoques deverão
indicar os volumes a serem fabricados por produto e período”.
Com o término do planejamento de produção, passa a ser possível a
elaboração dos orçamentos de estoques (matérias-primas a serem usadas na
produção), da mão de obra necessária e custos indiretos de produção.

5.6.3 Planejamento de Estoques

Estoques geram custo e, por este motivo, seu planejamento é de grande


importância ao resultado da companhia. Devem atender eficazmente as
necessidades projetadas no orçamento de produção e contemplam diversos
tipos de produtos: matéria-prima, produto acabado, produto em elaboração,
manutenção, segurança, etc.
O planejamento mais importante de estoques é o de matéria-prima. Para
cada tipo de produto a ser produzido, deve existir uma lista mestre de insumos
constando todas as matérias-primas e suas respectivas quantidades
necessárias para a produção de cada produto.
Como fatores importantes da elaboração do controle de estoques,
Welsch (1996) elenca, dentre outros, as quantidades necessárias para atender
às exigências em termos de vendas, a política de estoques mínimos, a
perecibilidade dos produtos, a duração do período de produção, as instalações
de armazenagem e a adequação dos recursos financeiros para cobrir o custo
de produção dos estoques com antecedência em relação ao período de
vendas.
Para Zdanowicz (2003, p.157) a elaboração do orçamento de matéria-
prima deve seguir as seguintes etapas:
a) projeção das quantidades de matérias-primas necessárias à
fabricação, tomando por base o orçamento de produção e, em dados
históricos, a composição de matérias-primas de cada produto;

35
b) fixação das políticas de estoques em função das necessidades de
matérias-primas estimados na determinação das quantidades, da
conveniência de compras, da capacidade e dos custos de estocagem
da empresa, dos custos administrativos de compras e da natureza do
item;
c) determinação do custo estimado de matérias-primas necessárias à
produção, que inclui o preço de compra, mais o frete e as despesas
associadas à entrega do bem. Esta estimativa é das mais complexas,
em particular, para as empresas industriais, cujos preços oscilam
muito durante o ano.
Cumpre ressaltar que a complexidade de programar e controlar a
produção torna esses pontos os mais difíceis de serem cumpridos, visto que as
empresas possuem diversos produtos, com matérias diferentes, o que acaba
por dificultar a mensuração e avaliação destas.

5.6.4 Planejamento de Mão-de-obra Direta

Os custos de mão-de-obra compreendem todas as despesas


relacionadas às pessoas empregadas pela empresa: executivos, supervisores,
operários e trabalhadores braçais. A mão-de-obra, geralmente, é classificada
em direta e indireta. Welsch (1996) conceitua os custos de mão-de-obra direta
como aqueles que compreendem os salários pagos aos empregados
diretamente envolvidos em atividades específicas de produção.
O orçamento de mão-de-obra direta absorve uma parcela substancial
dos custos totais. De acordo com Sanvicente e Santos (2008, p.87), “Orçar mão
de obra significa: a) estimar a quantidade de mão-de-obra direta que será
necessária para cumprir o programa da produção, b) projetar a taxa horária que
será utilizada, c) calcular o custo total de mão de obra.”
As principais razões para a preparação de um orçamento de mão-de-
obra direta envolvem o fornecimento de dados de planejamento para o volume

36
necessário de mão-de-obra direta, o número de empregados exigidos, o custo
unitário de fabricação de cada produto, necessidades de fluxo de caixa e para
permitir o controle do trabalho realizado.

5.6.5 Planejamento dos Custos Indiretos de Produção

Esse é o terceiro ponto do Orçamento de Produção. Sanvicente e Santos


(2008) resumem os custos indiretos como todos os custos fabris que não são
classificados como mão-de-obra direta ou matéria-prima e são reconhecidos
em nível de departamento ou à nível da fábrica como um todo. É complexo em
função da heterogeneidade dos itens envolvidos e pela dificuldade em
correlacionar o montante de custos indiretos aos volumes de produção.
Segundo Welsch (1996), os custos indiretos de produção podem ser
classificados em:
a) custos fixos: custos que tendem a manter o seu valor total constante
de mês a mês, independentemente das flutuações da produção ou do volume
de trabalho realizado. Em um departamento de produção, por exemplo, custos
fixos são salários de supervisores, impostos prediais, seguros, depreciação,
entre outros.
b) custos variáveis: custos cujo valor tende a oscilar diretamente em
relação à alteração da produção ou do volume de trabalho realizado.

5.6.6 Planejamento de Despesas de Vendas

Segundo Fernandes (2005), as despesas com vendas estão ligadas ao


orçamento de vendas e dependem dele. Como exemplo, podemos citar:
1) salários fixos e comissões sobre vendas do pessoal comercial;
2) propaganda e publicidade;
3) despesas de representação.

37
Tung (1983) complementa dizendo que no caso das despesas de vendas
é preciso levar em consideração as estratégias de neutralização das forças da
concorrência, ou a entrada de um novo produto no mercado,
conseqüentemente, ajustando um volume de despesas com publicidade e
distribuição adequadas.

5.6.7 Planejamento de Despesas Administrativas

As despesas administrativas incluem outros custos que não os das


operações de produção e vendas de uma empresa. Em geral, são custos por
serviços e suporte prestados a toda organização e, por esse motivo, geralmente
classificados como despesas fixas.
Para Sanvicente e Santos (2008), as despesas administrativas incluem
todas despesas necessárias para a gestão das operações de uma empresa.
Como exemplo cita-se custos com mão de obra indireta e seus devidos
encargos sociais.

5.6.8 Despesas Tributárias

Em relação à legislação tributária incidente sobre uma propriedade rural,


temos o Imposto Territorial Rural (ITR) e a Contribuição Social pela
Comercialização da Produção (FUNRURAL). Sobre os rendimentos da pessoa
física, incide também o IRPF, Imposto de Renda Pessoa Física.
De acordo com os artigos 58 a 71 do Regulamento do Imposto de
Renda, Lei nº. 11.052, de 2004, art. 1º; Decreto nº. 3.000, de 1999 - (RIR/1999),
o Produtor Rural é toda pessoa física que explore atividades agrícolas e/ou
pecuárias, onde não sejam alteradas a composição e as características do
produto “in natura”. Ainda de acordo com tais artigos, o produtor rural que
realizar o beneficiamento e a industrialização de sua produção, ou que

38
comercializar a produção rural de terceiros, deverá se regularizar como pessoa
jurídica (empresa), não sendo mais considerado produtor rural.
Considerando tal conceito, está obrigado a apresentar a declaração de
IR o produtor rural que:
 obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou
direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em
bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;
 obteve receita bruta em valor superior a R$ 86.075,40 (oitenta e seis mil
setenta e cinco reais e quarenta centavos);
 pretenda compensar, no ano-calendário corrente ou posteriores,
prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário do
ano corrente;
 teve a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro, de bens ou direitos,
inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais);
 optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de
capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda
seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais
localizados no País, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da
celebração do contrato de venda, nos termos do art. 39 da Lei nº 11.196,
de 21 de novembro de 2005.
A vantagem que o produtor rural pessoa física tem neste caso é a
possibilidade de realizar a apuração do Imposto de Renda devido através do
livro-caixa da atividade rural. Por este regime, o contabilista do produtor rural irá
apurar a base de cálculo do Imposto de Renda através do lançamento das
receitas e despesas que tal produtor tiver com sua atividade, sendo que sobre o
saldo resultante dessa operação,será aplicada a alíquota do Imposto de Renda
Pessoa Física, encontrando-se então o valor do imposto devido.
De acordo com a Receita Federal, as alíquotas IRPF 2010 foram
prefixadas de acordo com os seguintes valores:

39
 Até R$ 1.499,15 – Isento
 De R$ 1.499,16 até R$ 2.246,75 – Alíquota: 7,5%
 De R$ 2.246,76 até R$ 2.995,70 – Alíquota: 15%
 De R$ 2.995,71 até R$ 3.743,19 – Alíquota: 22,5%
 Acima de R$ 3.743,20 – Alíquota: 27,5%

Em relação às obrigações tributárias estaduais, o produtor rural é


beneficiado pelo regime de deferimento do ICMS, ou seja, quem arca com o
pagamento do ICMS sobre os produtos comercializados pelo produtor rural é o
estabelecimento que receber tais produtos para industrialização e/ou
comercialização.
Já o ITR, é um imposto incidente sobre a propriedade rural, sendo a sua
base de cálculo, o Valor da Terra Nua Tributável (VTNT) (Lei nº 9.393, de 1996,
art. 11; RITR/2002, arts. 30 à 35, Receita Federal). O valor do ITR a ser pago é
obtido mediante a multiplicação do VTNT pela alíquota correspondente,
considerados a área total e o grau de utilização (GU) do imóvel rural, ou seja, a
relação percentual entre a área efetivamente utilizada pela atividade rural e a
área aproveitável do imóvel rural. A alíquota é estipulada para cada imóvel
rural, de acordo com o quadro 1.

ÁREA TOTAL GRAU DE UTILIZAÇÃO (em %)

DO IMÓVEL Maior que Maior que Maior que Maior que


Até 30
80 65 até 65 50 até 65 30 até 50
(em hectares)
Até 50 0,03 0,2080 0,40 0,70 1,00
Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00
Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00
Quadro 1. Alíquota de utilização da propriedade rural.
Fonte: Receita Federal, Lei nº 9.393, de 1996, art. 11, e Anexo; RITR/2002, art. 34; IN SRF nº
256, de 2002, art. 34.

Por fim, a Contribuição Social pela Comercialização da Produção Rural –


FUNRURAL, legalizada pela Lei nº 8.540/92, que representa uma parcela a ser
devida quando ocorrer a comercialização de animais destinados a cria, recria e

40
engorda. A alíquota a ser paga pelo produtor rural pessoa física, representa
2,3% sobre o valor comercializado, sendo o recolhimento da obrigatoriedade
feito por meio da Guia da Previdência Social – GPS – utilizando o número de
Cadastro Específico do INSS – CEI.

5.6.9 Despesas Financeiras

No planejamento de despesas financeiras serão designados os


desembolsos futuros decorrentes da captação de recursos para investimentos
ou manutenção do capital de giro.
O principal objetivo do orçamento das despesas financeiras projetar os
pagamentos dos recursos de terceiros, captados ou a captar pela empresa, ou
seja, a devolução do principal e dos encargos financeiros, às instituições
bancárias. (Zdanowicz, 2003).
Assim sendo, o orçamento de despesas financeiras projetará os juros de
(Zdanowicz, 2003, p.167):
a) “funcionamento, que podem ser identificadas pelos juros pagos
mediante as captações de recursos financeiros destinados à
obtenção de capital de giro para a empresa e , também, pelas
operações de descontos de títulos, cobrança simples, carteira,
bancos, vinculadas;
b) Financiamento, que estão relacionadas às inversões fixas realizados,
ou a realizar, no período projetado, como nas aquisições de item de
ativo fixo, nas operações de reforço de capital de giro de longo prazo
e nos contratos de arrendamento mercantil (Ieasing).”
Logo, têm-se como as principais despesas financeiras serão
representadas pelos juros, impostos sobre operações de crédito, taxa de
abertura de crédito, atualizações monetárias, comissões bancárias e taxas de
análise,

41
Ressalta-se então, que a decisão em captar ou não recursos de terceiros
para investimentos deve ser tomada por àqueles responsáveis pelo orçamento
de investimentos, e portanto, esses recursos devem constar em despesas
financeiras.

5.7 ORÇAMENTO FINANCEIRO

Consiste na elaboração de orçamentos complementares das atividades


que influenciam o fluxo de caixa. Esse orçamento possibilita à empresa obter as
informações antecipadas quanto à necessidade ou disponibilidade de recursos
financeiros, o que facilita a tomada de decisões sobre os fatores que envolvem
o gerenciamento do caixa. Por essa razão, faz-se necessário o aprofundamento
do conceito de fluxo de caixa.

5.7.1 Fluxo de Caixa

O fluxo de caixa é uma das principais ferramentas auxiliares à tomada de


decisão. Zdanowicz (2004, p.28):

O fluxo de caixa é o instrumento mais importante para o administrador


financeiro pois, através dele, planeja as necessidades ou não de
recursos financeiros a serem captados pela empresa. De acordo com a
situação econômico-financeira da empresa, ele irá diagnosticar e
prognosticar os objetivos máximos de liquidez e rentabilidade para o
período em apreciação, de forma quantificada em função das metas
propostas.

O fluxo de caixa consiste no acompanhamento das entradas e saídas de


recursos financeiros no caixa da empresa. Ele mostra o horizonte de curto e
médio prazo, para que o empreendedor possa escolher os melhores percursos
e evitar qualquer imprevisto (Dolabela, 2006).

42
A informação gerada pelo fluxo de caixa demonstra como serão as
entradas e saídas de recursos da empresa. É através deste fluxo financeiro que
as empresa planejam e tomam decisões importantes de investimentos,
financiamentos, distribuição de recursos, etc. fundamentais para a continuidade
das operações da organização.
Na projeção do fluxo de caixa, indica-se não apenas o valor dos
financiamentos que a empresa necessitará para desenvolver as suas
atividades, mas também quando ele será utilizado. Deve-se atentar para não
confundir o fluxo de caixa com os registros contábeis, pois o primeiro projeta o
futuro retratando a situação atual, ao passo que o segundo consolida fatos já
acontecidos.
O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de análise
e avaliação de uma empresa, proporcionando ao administrador uma visão
futura dos recursos financeiros da empresa, integrando o caixa central, as
contas correntes em bancos, contas de aplicações, receitas, despesas e as
previsões. As decisões relacionadas à compra, venda, investimentos, aportes
de capital pelos sócios, captação ou pagamento de empréstimos e
desinvestimentos, constituem um fluxo contínuo entre as fontes geradoras e as
utilizadoras de recursos. Deve e pode ser utilizado por empresas de qualquer
porte, dado a sua importância e simplicidade.

5.7.2 Orçamento de Caixa

O orçamento de caixa é um instrumento de controle de todas as entradas


e saídas no caixa, ou seja, as receitas e despesas, visando orientar a gestão
financeira da empresa. Para Zdanowicz (2004), o caixa é constituído pela
estimativa dos seguintes componentes: investimento inicial, saldo de caixa
inicial, total de entradas, total de saídas, saldo no período, reserva de capital,
depreciação e fluxo líquido de caixa.

43
Para Assaf Neto e Silva (2002) o aspecto mais importante de uma
decisão de investimento está centrado no dimensionamento dos fluxos
previstos de caixa a serem gerados pelas propostas em análise.
Segundo Ross e Westerfield (2002), quando se começa a avaliar uma
proposta de investimento é necessário um conjunto de demonstrações
contábeis projetadas. A partir de então é possível projetar o fluxos de caixa
para o projeto. Uma vez que concluída essa projeção do fluxos de caixa, já é
possível estimar o valor do projeto.
Vale destacar ainda que, para decisões de investimentos devem ser
utilizados fluxos de caixa operacionais incrementais. O mesmo autor explica
que custos irrecuperáveis devem ser ignorados e que tanto custos de
oportunidade quanto efeitos colaterais devem ser levados em conta. Deve ser
considerado somente as variações nos fluxos de caixa da empresa que
ocorreram quando da aceitação do projeto.
Um fator importante na preparação do orçamento são os pagamentos
efetuados pela empresa no período do planejamento financeiro. Os
pagamentos mais importantes são as compras à vista, salários, pagamentos de
impostos, pagamento de empréstimos, aquisição de equipamentos, entre
outros. Para isso, faz-se necessário a elaboração de outros orçamentos
auxiliares, por exemplo, de contas a pagar, contas a receber, aplicações e
empréstimos.
Para Gitman (1997), o orçamento de caixa será estruturado, com base
nos seguintes cálculos:

Entradas de caixa – Saídas de caixa = Fluxo de caixa líquido

Fluxo de caixa + Saldo inicial de caixa + Efeito de operações de financiamento


=Saldo final de caixa

As entradas e saídas de caixa são decorrentes do Orçamento


Operacional. Os novos conceitos a serem levantados para a consolidação de
um orçamento de caixa é o Investimento Inicial e o Saldo Inicial de Caixa.

44
5.7.2.1 Investimento Inicial

O investimento inicial é o dispêndio de capital feito no tempo zero e é


calculado ao se subtrair todos os fluxos de entrada de caixa e saída de caixa
que ocorrem nesse momento. Os fluxos de caixa a serem considerados são: o
custo do novo ativo, custos de instalação e demais despesas pré-operacionais,
resultados da venda de um ativo velho, assim como quaisquer impostos
aplicados e restituídos em sua venda.

5.7.2.2 Saldo Inicial de Caixa

O Saldo inicial de Caixa equivale ao capital de giro inicial. O capital de


giro é constituído pelos recursos necessários ao financiamento do ciclo
operacional da empresa, ou seja, aquisição de mercadorias, pagamento das
despesas, financiamento a clientes, etc. Segundo Braga (1995), o capital de
giro é o valor dos recursos envolvidos na movimentação do dia-a-dia da
empresa.
A partir do fluxo de caixa resultante da consideração dos prazos e
valores dos elementos constituintes do ciclo operacional deve-se estimar o
capital de giro necessário ao funcionamento da empresa, abrangendo a gestão
dos valores a receber e a pagar, bem como os estoques e provisões. É
importante destacar que vendas à vista, elevação de prazos para pagamentos
aos fornecedores, reduzem a necessidade de capital de giro.

45
5.8 DRE PROJETADO

Para Zdanowickz (2004, p. 65) “o Demonstrativo de Resultado do


Exercício (DRE) projetado é o instrumento gerencial que irá informar o
desempenho econômico da empresa, no período considerado, bem como suas
repercussões financeiras”. Em outras palavras, trará informações de
lucratividade do negócio. Essa demonstração permitirá visualizar,
sinteticamente, os orçamentos de vendas, produção e despesas operacionais,
bem como o lucro líquido ou prejuízo operacional projetados.
Utilizando os dados do DRE Projetado, é possível avaliar a eficiência do
plano geral de operações da empresa. Também é possível obter relações
significativas entre os custos e as receitas operacionais, assim como entre as
tendências das vendas, dos custos, das despesas e dos lucros.
Do ponto de vista dos credores, o DRE Projetado poderá receber a
atenção quanto à oportunidade dos empréstimos a longo prazo. Isto provém da
constatação de que a capacidade da empresa em pagar as obrigações a longo
prazo resulta da sua capacidade em obter lucros, isto é, da sua lucratividade.
Quanto aos acionistas ou novos investidores, o DRE Projetado permite
avaliar, por parte dos mesmos, o interesse em continuar investindo na empresa
ou parar de fazê-lo, em conseqüência da remuneração que seus capitais
receberão.
Em síntese, o Demonstrativo de Resultado do Exercício Projetado
informará a futura situação econômica da empresa, ou seja, a capacidade que
a empresa terá de gerar lucros.

5.9 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO

A avaliação de investimento busca ajudar na decisão de onde um


montante deve ser aplicado, considerando alguns métodos para a tomada de
decisão quanto ao mais atrativo para o investidor.

46
Conforme Zdanowicz (1998), toda a alternativa de investimento deve ser
analisada, em sua viabilidade econômico-financeira, através de um fluxo de
caixa descontado, considerando-se os futuros ingressos e desembolsos e
recursos.
Wili Dal Zot (2006) coloca os métodos abaixo para análise de projetos de
investimento:
 Valor Presente Líquido (VPL)

 Taxa interna de Retorno (TIR)

 Período de recuperação de capital (Payback)

Segundo Gitman (1997), a melhor técnica para análise de investimento é


o valor presente líquido, do ponto de vista teórico. Isso se justifica, pois essa
técnica considera no cálculo, o reinvestimento das entradas de caixa
intermediárias a uma taxa mais conservadora e realista do que a taxa interna
de retorno, que utiliza normalmente uma taxa mais elevada. Do ponto de vista
prático, a taxa interna de retorno é a mais utilizada para os tomadores de
decisão, visto que é expressa em percentuais, muito mais utilizado quando se
trata de análise de investimentos.
O payback é normalmente aplicado como uma medida de liquidez do
capital investido num projeto e não um critério de avaliação de investimento,
pois não considerara os fluxos de caixa associados ao projeto e não especifica
qual o período que o projeto terá a maximização da riqueza para a empresa.
Todos os métodos descritos a seguir serão empregados utilizando como
base a construção de um fluxo de caixa completo e o mais próximo da
realidade possível.

47
5.9.1 Método do Payback

De acordo com Securato (2008, p. 50), “é a determinação do número de


períodos necessários para recuperar o capital investido”. Neste método de
análise de investimento, o projeto passa a ser considerado aceitável quando o
período de retorno do capital investido é previsto dentro de uma escala
temporal menor do que a exigida pelo investidor. Caso contrário, o projeto
passa a ser rejeitado.
O payback é uma das técnicas de avaliação de investimento mais
comuns que existem. Sua principal vantagem em relação aos outros métodos
consiste em que a este leva em conta o tempo do investimento e
conseqüentemente é uma metodologia mais apropriada para ambientes com
risco elevado. Este método visa calcular o nº de períodos ou quanto tempo o
investidor irá precisar para recuperar o investimento realizado. Um investimento
significa uma saída imediata de dinheiro. Em contrapartida se espera receber
fluxos de caixa que visem recuperar essa saída. O payback calcula quanto
tempo irá demorar para retornar todos os fluxos até igualar-se os investimento
inicial
No entanto, este método não considera o valor dos fluxos de caixa no
tempo associados ao projeto e não especifica o período em que o projeto terá
sua riqueza maximizada.
Para tentar contornar tal restrição, pode-se utilizar o método do payback
descontado, em que se devem trazer os valores dos fluxos de caixa para
valores presentes e identificar, assim como o anterior, o tempo necessário para
que a empresa recupere o capital investido inicial.

48
5.9.2 Valor Presente Líquido

Segundo Ross e Westerfield (2002) um investimento vale a pena quando


cria valor para os seus acionistas. Cria-se valor identificando investimentos que
valem mais no mercado do que seu custo de aquisição. Sendo que algo vale
mais do que seu custo quando o todo vale mais do que o custo de suas partes.
De acordo com Securato (2008, p.51), “o método do valor presente
líquido é caracterizado pela transferência para a data zero das entradas e
saídas do fluxo de caixa associado ao projeto sendo utilizada uma taxa
denominada taxa mínima de atratividade (TMA)”. Esta taxa indica o custo de
oportunidade do capital investido no empreendimento, que deve refletir o valor
do dinheiro no tempo e o risco do projeto. Normalmente, é usada uma taxa que
indique a rentabilidade que se estaria auferindo se o montante do investimento
inicial tivesse sido aplicado em outro tipo de investimento com risco
semelhante.
Caso a diferença entre valor gerado e investimento seja negativa, o
projeto deve ser rejeitado ou refeito, pois não há geração de valor para a
empresa, e sim perda. No entanto, caso o valor resultante seja positivo, o
projeto em análise passa a ser aceitável pelo investidor.

5.9.3 Taxa Interna de Retorno

Schmidt, Santos e Kloeckner (2006), definem que a taxa interna de


retorno iguala os fluxos de caixa descontados de um investimento ao valor
inicialmente investido. Ou seja, é a taxa de juros para a qual o VPL é nulo, pois
expressa quanto de retorno mínimo gera a sequência dos fluxos de caixa
analisados.
Securato (2008) estabelece que a taxa interna de retorno é a
remuneração do capital investido. Serve para análise da rentabilidade do

49
negócio, ou seja, é a taxa de retorno que o empreendimento deverá oferecer, e
que quando utilizada como taxa de desconto, resulta em valor presente líquido
igual a zero.
Se a taxa interna de retorno do projeto em análise for maior que a taxa
mínima de atratividade, o investimento deve ser aceito. Caso contrário, afirma
Ross e Westerfield (2002), que o projeto deve ser rejeitado. A taxa interna de
retorno é muito utilizada, principalmente em conjunto com a análise do valor
presente líquido, apresentando a vantagem de fácil compreensão.
Há ainda a taxa interna de retorno modificada (TIRM) que surge para
sanar as deficiências da TIR, tais como: a existência de uma ou nenhuma taxa
interna de retorno, desconsideração das taxas de financiamento de capital e de
reinvestimento de lucros.
Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2008) para calculá-la os fluxos de
caixa são descontados até o presente, e os fluxos de caixa positivos são
capitalizados até o final do projeto.

5.10 RISCO

Risco é a incerteza em relação a uma expectativa futura, que em


finanças pode-se relacionar a chance de incorrer em algum prejuízo financeiro.
Por esse motivo, associa-se risco ao retorno financeiro, mantendo sempre a
relação diretamente proporcional. Logo, ativos financeiros com possibilidades
de alto retorno, são ditos de alto risco; e vice-versa . O Risco pode ainda ser a
variável incerteza no que diz respeito à variabilidade do retorno dos respectivos
ativos.
Pode ser definido como o grau de insegurança na obtenção do retorno
esperado em um determinado investimento. Segundo Gitman (2002, p.205):
“No sentido mais básico, risco é a chance de perda financeira”.
Embora a análise do valor presente líquido seja considerada pelos
financistas como a melhor técnica de decisão de investimento, há incertezas e

50
riscos, principalmente quando o fluxo for por um período mais extenso,
podendo não se concretizar a previsão.
De acordo com Assaf Neto e Silva (2002), como os fluxos de caixa
projetados não são conhecidos com certeza, devem ser utilizadas técnicas para
avaliação de riscos. É importante observar sinais de perigo e medidas que
poderão ser tomadas para reduzi-lo.
Investimentos possuem graus diferentes de risco pela sua
imprevisibilidade futura. Prontamente podem ser qualificados em investimento
de alto, médio e baixo risco. Tal diferença de classificação se dá pelo nível de
segurança embutido na aplicação, e que é inversamente proporcional ao risco.
Portanto, a maior segurança de um investimento se traduz em menores
possibilidades de perdas, porém, em contrapartida, normalmente, apresentam
um retorno menor ao investidor. No mesmo sentido, investimentos com baixo
nível de segurança podem oferecer maiores retornos, ao passo que podem
trazer perdas devido ao risco.

5.10.1 Análise de Sensibilidade

Assaf Neto e Silva (2002) define essa análise de risco como aquela
capaz de revelar quanto o resultado econômico de um investimento se
modificará diante alterações em variáveis estimadas dos fluxos de caixas.
Na análise de sensibilidade cada variável de entrada (receitas, custos
variáveis, custos fixos, etc.) é alterada em vários pontos percentuais acima e
abaixo do valor esperado. Calcula-se um novo valor presente líquido para cada
um destes valores, mantendo-se constante o valor esperado das demais
variáveis. A análise indica a sensibilidade do VPL a estas mudanças e assim, o
impacto na viabilidade do projeto.
Através desta análise é possível identificar onde há necessidade de mais
informações, sinalizada pelas situações em que provocaram valor presente
líquido negativo. Pode proporcionar uma boa percepção sobre o risco do
projeto. Projetos muito sensíveis são arriscados porque um erro relativamente

51
pequeno na estimativa de uma variável produzirá um grande impacto no retorno
esperado.
A importância da análise de sensibilidade está em poder identificar quais
variáveis relacionadas ao empreendimento apresentam maior impacto no
resultado final, para então ser possível analisar possíveis cenários para o
empreendimento.

52
6. METODOLOGIA

Este trabalho terá suas pesquisas embasadas no método de Estudo de


Caso. O estudo de caso é uma forma de pesquisa que relata práticas
organizacionais ou oferece alternativas de políticas para as empresas. Yin
(2001) afirma que, o estudo de caso é uma investigação empírica sobre um
fenômeno atual dentro de seu contexto da vida real. Especificadamente, este é
um estudo descritivo que teve por objetivo embasar e analisar, utilizando dados
obtidos por observação e entrevistas, a decisão do melhor negócio a ser
desenvolvido na Fazenda Rincão da Figueira.
Para a realização deste trabalho foram feitas diversas entrevistas com o
gestor da propriedade, buscando entender melhor o ambiente em que estão
inseridos, assim como os seus objetivos. Então, conhecendo a estrutura atual
da empresa, conseguiu-se com mais clareza compreender os projetos de
investimento que estão sendo analisados, bem como as áreas nas quais eles
precisam de suporte.
Foram estabelecidos dois projetos a serem analisados. Estes são
projetos mutuamente excludentes, ou seja, a seleção de um elimina a escolha
do outro, pois serão realizados na mesma área física.
Um dos projetos foi a implementação de melhorias no sistema de
produção atual da Fazenda. Beneficiou-se do sistema já utilizado, aproveitando
alguns processos já existentes, porém investimentos em melhorias foram o
núcleo dessa análise. Foram levantadas questões relativas aos investimentos
novos necessários, e prováveis riscos envolvidos no novo processo. Por
estarem remodelando seus processos, os gestores necessitavam de
ferramentas que os ajudassem no melhor entendimento e controle do negócio.
Para isso, o referencial teórico funcionou como um passo-a-passo, elencando
aspectos importantes que deveriam ser levados em conta para obtenção de um
projeto baseado em dados realistas.
O outro projeto expõe a análise de um modo de produção diferente do já
utilizado na Fazenda, chamado de engorde. Para isso, buscaram-se referências
sobre tudo que engloba sua real aplicabilidade no empreendimento em

53
questão. E para isso, entrevistas foram realizadas em busca de dados e
informações sobre as técnicas e tudo mais que envolve o novo processo
proposto.
Junto aos gestores, também foi definido os objetivos e as
disponibilidades destes para novos empreendimentos. Alinhou-se o mercado a
ser explorado e a sua posição em relação a estes.
Para a análise da produção de bovinos foram levantadas duas
possibilidades: a implementação de melhorias mantendo o processo atual da
propriedade ou trocando para começar a atuar somente na ponta da cadeia da
cadeia produtiva.
Após a compilação dessas informações, iniciou-se o processo de
orçamento dos projetos, compreendendo o investimento inicial necessário para
cada um deles, tanto em ativos fixos quanto em capital, as receitas e despesas
operacionais, e por fim, as projeções financeiras da venda de bovinos.
Com as receitas e despesas estimadas foram elaboradas as duas
principais ferramentas do ponto de vista econômico-financeiro: a projeção do
demonstrativo de resultado do exercício e o planejamento de fluxo de caixa.
Este serviu como base para o calculo de todos os indicadores de viabilidade
que foram gerados no instante seguinte.
Para avaliar a viabilidade econômico-financeira dos projetos, foram
trazidas ferramentas financeiras que, na fazenda em questão, nunca haviam
sido utilizadas. Como resultante, foi vislumbrado o potencial dos projetos em
apresentados.
Utilizou-se dos métodos tradicionais expostos nas teorias de
Administração Financeira e, com a avaliação dos projetos de maneira isolada,
foi possível levantar as seguintes hipóteses:
a) A produção atual, quando implementadas as melhorias propostas no
projeto um é viável financeiramente;
b) A produção atual, quando implementadas as melhorias propostas no
projeto dois é inviável financeiramente;
c) Os dois projetos são viáveis financeiramente sendo a cria, recria e
engorda mais recomendado do que somente engorda;

54
d) Os dois projetos são viáveis financeiramente sendo o projeto que
considera somente a engorda mais recomendável que a cria, recria e
engorda.
e) O processo de produção de cria, recria e engorda, assim como
somente o somente engorda, são inviáveis financeiramente.
Ao final do estudo, foi confirmada uma das hipóteses citadas acima,
concluindo, entre os projetos trazidos para análise, qual trará melhores
resultados econômico para o negócio. Dessa forma, foi possível disponibilizar
ao gestor da Fazenda Rincão da Figueira, informações suficientes para que sua
decisão fosse tomada com a maior segurança e acuracidade possível.

55
7. ANÁLISE DO MERCADO

O processo de globalização da economia vem promovendo a corrida por


melhores índices de qualidade e produtividade, estabelecendo a competição
para atender as fortes exigências dos mercados – nacional e internacional.
Nesse cenário destaca-se o agronegócio que é hoje a principal locomotiva da
economia brasileira e responde por um em cada três reais gerados no país de
acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Em 2009, a agropecuária mostrou queda no PIB de 5,2%, fechando o
ano na marca de R$ 718 bilhões, conforme dados da Confederação Nacional
da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Os principais fatores que geraram
prejuízo ao PIB da agropecuária em 2009 foram os reflexos da crise mundial.
Em relação ao potencial brasileiro, o país tem um rebanho bovino de
cerca de 190 milhões de cabeças, em contínuo crescimento e tem apresentado
avanços nos índices de produtividade. A bovinocultura de corte representa a
maior fatia do agronegócio brasileiro, gerando faturamento de mais de R$ 50
bilhões/ano e oferecendo cerca de 7,5 milhões de empregos, conforme estudo
da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, ABIEC.
Entre os diferenciais competitivos que o Brasil possui frente aos seus
principais países concorrentes, destacam-se: a grande extensão de terras, que
permitem ganho em escala e expansão da atividade pecuária; a genética
bovina melhorada e adaptada ao meio ambiente; a tecnologia necessária para
aumentar os índices de produtividade e, principalmente, as condições
climáticas favoráveis à produção pecuária de baixo custo e ambientalmente
correta (Franco, 2003).
Em relação aos subprodutos bovino podemos citar a carne, a pele, o
sebo, as vísceras e os ossos. Portanto, produtos provenientes do abate bovino
se espalham por empresas do setor alimentício, calçadista e de insumos
industriais e agropecuários.
A carne é considerada o principal output do abate bovino. Em 2009,
produziu-se no Brasil, 9.180 milhões de toneladas de carne bovina sendo
superado apenas pelos Estados Unidos que alcançou uma produção de 11.816

56
milhões de toneladas. Os números relativos aos principais consumos estão
expostos abaixo.

Quadro 2. Consumo Mundial de Carne Bovina.


Fonte: Extraído de www.abiec.com.br, adaptado pelo autor.

No ano de 2009 foram abatidas, no Brasil, 27,975 milhões de cabeças de


bovinos, queda de 2,5% sobre o número obtido em 2008. No acumulado do
ano, regionalmente o Centro-Oeste respondeu por 35,15% de todo o abate
nacional de bovinos; e o Sudeste, 23,3%. Mato Grosso é o estado com o maior
percentual de abate, 14,29% do total, seguido de perto por São Paulo, 12,7%.
No que tange o Rio Grande do Sul, em oitavo lugar neste ranking, foram
abatidas um total de 1.557 milhões de cabeças de gado.

57
8. O NEGÓCIO ATUAL DA FAZENDA RINCÃO DA FIGUEIRA

A propriedade estudada nesse trabalho situa-se no município de


Bossoroca, Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, distante 530km de Porto
Alegre, e abrange 516 hectares. Está inserida na região denominada
missioneira e sua economia restringe-se à agricultura e à pecuária.

MAPA DA REGIÃO DAS MISSÕES

Figura 2. Mapa da Região das Missões.


Fonte: Mapas da Fundação de Economia e Estatística,2008, adaptado pelo autor.

Há 70 anos a família Nascimento Dutra detém a posse dessa extensão


de terra, na qual sempre utilizou para exploração da atividade agropecuária.
Desde 1999, após a falta do patriarca da família, quem era o responsável
pelas tomadas de decisões do negócio, esta responsabilidade passou a ser do
filho primogênito, Sr. João Augusto Nascimento Dutra. Desde então, não houve
novos investimentos para fomentar a atividade, apenas para mantê-la; obtendo
resultados suficientes somente para honrar com gastos de manutenção básica,
impostos territoriais e custos com empregados.

58
Atualmente, possui como principal atividade a pecuária de corte,
operando como criador de gado. Na área total, há 822 cabeças de gado, sendo
312 novilhos macho e fêmeas, 350 vacas, 7 touros e 153 terneiros. Toda
produção é destinada a terminação, ou seja, é entregue a frigoríficos que, por
sua vez, fazem o abate, os devidos cortes e a distribuição da carne a
supermercados, casas de carnes e restaurantes.
Dentro da extensão territorial total da propriedade não há uma área
destinada especialmente à pastagem não nativa, o que acaba comprometendo
o engorde e a manutenção do peso médio do rebanho, principalmente na
estação do inverno. Assim sendo, aqueles animais destinados à venda são
colocados para engordar em pastagem nativa a fim de ganharem peso antes de
serem comercializados.
Os principais custos de produção envolvidos na criação de bovinos de
corte na Fazenda Rincão da Figueira são:
 Mão-de-obra: há três funcionários responsáveis pela manutenção
de toda a atividade. Além disso, há a necessidade de mão-de-obra temporária
para auxiliar em épocas de vacinação do rebanho, marcação, e manutenção
das cercas.
 Alimentação do rebanho: os dispêndios com alimentação do
rebanho são compostos por sal mineral, suplementos alimentares e pastagem
de inverno.
 Sanidade: os itens que compõem este grupo de despesas são:
agulha para aplicação de medicamentos, carrapaticida, vermífugo, antibióticos,
vacinas, vitaminas e outros.
 Reprodução: para a reprodução tem-se os gastos com a compra
dos touros reprodutores.
 Impostos: os impostos incidentes sobre a atividade são o Imposto
Territorial Rural (ITR); Contribuição Previdenciária sobre a Comercialização
Rural (FUNRURAL) e o Imposto de Renda, quando há lucro.
 Despesas Diversas: como despesas diversas se enquadram todas
as despesas que não foram citadas acima como: contribuição rural, encargos
financeiros (juros), reparos e manutenção.

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Toda produção de novilhos machos é vendida para os frigoríficos da
região. Nos últimos dois anos a receita apurada com a venda dos animais não
foi satisfatória para o gestor da propriedade, pois segundo ele, não ultrapassou
os custos. Não foi possível precisar os números reais do negócio atual, em
virtude de sua má administração, na qual não há controle acurado,
principalmente das saídas de caixa.
Hoje em dia, as atividades rotineiras de sustentação são suportados
pelos três funcionários da propriedade, que decidem sem um prévio
planejamento quanto e em que gastar os recursos disponíveis. Pelo fato de o
gestor residir longe da Fazenda e não considerar esta como sua função
principal, não controla esses gastos de perto, fazendo com que haja
demasiados desperdícios financeiros.
Outro fator que resulta no descontrole das finanças é o descasamento do
fluxo de caixa gerado pela pecuária, pois a receita é concentrada em dois
meses do ano, enquanto os gastos ocorrem mensalmente. Se não existe um
planejamento eficaz do fluxo de caixa, não há planejamento de reservas
financeiras para honrar compromissos futuros, ou seja, a administração torna-
se ineficaz.
Em função da posição atual de estagnação da atividade econômica da
Fazenda e visando um planejamento para a sua administração, pretende-se
propor nesse trabalho um novo modelo de negócio que possa organizar a
propriedade, fomentar a atividade, otimizar recursos e proporcionar lucros ao
seu proprietário.

60
9. PROJETO UM: CRIA, RECRIA E ENGORDA

O sistema de produção a ser analisado nessa etapa integra as atividades


de cria, recria e engorda do gado. Esse procedimento é atualmente utilizado na
Fazenda Rincão da Figueira. Entretanto, o que será sugerido nessa etapa é a
melhoria do processo atual, com uma gestão mais acurada que gerará
melhores índices de rebanho e melhores níveis de rentabilidade.
Para que se possa tomar com maior eficiência a decisão de melhora dos
índices do rebanho, tem-se pela frente um conjunto de fatores que podem ser
alterados para que sistemicamente se tenha resultados desejados. Entre eles
estão: a melhora da fertilidade, o aumento do peso, a melhoria da pastagem, a
adoção do cruzamento industrial para geração de animais com maior vigor
híbrido, implantação de novas técnicas de produção, a antecipação da
maturidade sexual, a adoção da inseminação artificial, dentre outros.
Contrapondo o custo dessas opções com as condições atuais da
propriedade serão propostas duas melhorias: o revigoramento da pastagem
nativa já existente e a implantação do pastoreio rotativo racional.
A área analisada nesse projeto abrange 500 hectares, que serão
utilizados para pecuária de bovinos. Nessa área será feito o melhoramento da
pastagem. No entanto, 240 ha serão destinados a implementação do pastoreio
rotativo racional, onde engordarão os terneiros(as), e novilhos(as) e vacas para
descarte. O restante da área ficará destinado às vacas de cria e aos touros sob
o pastoreio contínuo5.
Para compreensão do novo modelo de negócio considerado no projeto
um, será descrito a seguir seu funcionamento considerando as alterações
necessárias.

5
O sistema onde o gado fica sobre uma mesma área de pastagem por um período prolongado
de tempo.

61
9.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO

O sistema de produção utilizado no Projeto Um é constituído pela cria,


recria e engorda. Para realização de todo o processo de produção proposto é
necessário respeitar uma cadeia temporal, conforme representada pela figura
abaixo.

Figura 3. Calendário das etapas da criação de bovinos previsto para o Projeto 1.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Na figura 3 é possível observar o cronograma de produção completo,


desde o entouramento, passando pelos nascimentos, desmame até chegar o
período em que os animais são encaminhados para engorde. Percebe-se que o
tempo necessário são de 4 anos, porém, como esse já era o processo
recorrente na Fazenda, as etapas intercalam-se resultando em bois prontos
para abate todos os anos.
A etapa inicial corresponde ao entoure. Nesta etapa, os touros
reprodutores são colocados em contato com as vacas matrizes por um período
de quarto meses, para realizar a reprodução. Este processo de acasalamento é
denominado de monta natural. Após esse período é realizado o exame de
toque, a fim de identificar àquelas vacas que ficaram prenhas. Respeitando o
tempo de gestação dos bovinos, 6 meses, os nascimentos dos terneiros
começam a ocorrer a partir de agosto, perdurando por três meses até que todos
os partos sejam realizados.

62
Quando os terneiros chegam aos sétimo mês de idade, estes passam
pelo processo de desmame. Nesta etapa, os terneiros novos são apartados das
vacas e já encaminhados ao pastoreio rotativo racional, onde passarão pela
fase de engorde.

9.1.1 Cria

O sistema de acasalamento utilizado será a monta natural, com um touro


para 30 vacas. A estação de monta é de 120 dias (de novembro a fevereiro),
período no qual os touros são colocados em contato com as vacas matrizes
para reproduzirem.
O diagnóstico de gestação será realizado em abril/maio, quando serão
eliminadas as novilhas que não ficaram prenhas e as vacas com produções de
bezerros. As vacas que falharam pelo segundo ano consecutivo, ou seja, que
não ficaram prenhas serão descartadas.
Durante o período de nascimento (agosto-novembro), os partos de cria
serão vistoriados diariamente e os bezerros recém-nascidos terão os primeiros
cuidados sanitários.
Os bezerros permanecerão com as mães até os 6/7 meses de idade,
quando serão desmamados. Nessa ocasião, serão pesados e apartados das
mães.

9.1.2 Recria e Engorda

Após a desmama, machos e fêmeas serão recriados separadamente. As


fêmeas serão manejadas em pastoreio tradicional até 12 meses de idade, pois
possuem diferentes necessidades nutritivas ao longo do ano. No entanto, após

63
dos doze meses são manejadas no sistema de pastoreio racional rotativo, visto
que se melhores alimentadas pode-se aumentar o índice de prenhez,
atualmente em 60%.
Já os machos serão direcionados para a pastagem intensificada, sob o
manejo do pastoreio rotativo racional. Permanecem por dezenove meses sob o
sistema intensivo de pastoreio até completarem 24 meses de idade, período em
que adquirem um peso suficiente para serem vendidos, em torno de 500 kg.
Além do melhoramento da pastagem nativa que será realizado em toda
a área, a extensão destinada ao PRR ainda receberá o reforço do plantio de
aveia, forrageira de alto valor nutritivo. Como não se trabalhará com o regime
de confinamento, todo o rebanho de novilhos destinado a terminação será
engordado em pastagem.
Todos os animais serão pesados aos 12,18 e 24 meses de idade para
que se faça o acompanhamento do ganho de peso, se conferir se esta está de
acordo com o planejado.
Ao completarem um ano de idade, os animais serão marcados a ferro
quente, na perna esquerda, com a marca da Fazenda.

9.2 INVESTIMENTO INICIAL

O projeto em questão prevê um aprimoramento, seguido de um


melhoramento da atividade desenvolvida atualmente na propriedade.
Não será necessário desembolso financeiro para a compra do estoque
inicial de bovinos já que para a implementação do projeto 1 serão aproveitados
os animais já existentes na propriedade hoje.
No entanto haverá a necessidade de investimento em duas melhorias
que fomentarão a atividade da Fazenda: a implementação de um sistema de
pastoreio rotativo e o melhoramento da pastagem nativa. Esse investimento
será feito no primeiro ano (ano zero), podendo ser sentido os resultados já a
partir do ano 1.

64
O valor total esta exposto na tabela abaixo e será detalhado nos passos
seguintes.

Tabela 1. Investimento inicial do Projeto 1.


Fonte: Elaborado pelo autor

A seguir são descritas as duas melhorias necessárias:

9.2.1 Melhoramento da Pastagem:

A fim de garantir a produção abundante de pastagem, principal fonte de


alimento do rebanho, será feito um melhoramento do campo nativo nos 500 ha
de área reservadas para pecuária. Com isto, busca-se diminuir o gargalo
existente no que tange a produção de forrageiras no período do inverno, de
maio a agosto, assim como aumentar a quantidade e qualidade da pastagem
da primavera/verão, de setembro a abril.
Primeiramente, para implementar a melhoria é necessário limpar todo o
campo com intuito de eliminar aquela vegetação considerada uma praga, e de
baixo valor nutritivo para o rebanho. Para isso, precisa-se de um trator com
lâminas apropriadas, chamadas de esteiras, para arrancar o inço. Não há o
interesse, por parte do proprietário, de imobilizar um capital na compra de um
trator para realizar essa função. Logo, para a limpeza do campo, vai ser
alugado um trator e o seu respectivo motorista. Acredita-se que 107 horas de
mão-se-obra são suficientes para finalizar esse trabalho em toda a área útil,
500 ha, visto que, segundo o Eng. Agrº Antônio Carlos Rodrigues Marques

65
(Federacite VIII, pg.87), um operador de trator consegue fazer de 30 a 40
hectares por dia.
Passada essa etapa, é preciso realizar a preparação do solo, que
compõe a aplicação de calcário e superfosfato triplo (P2O5), buscando a
revitalização do campo nativo desgastado. Para a extensão desejada, 500 ha,
são necessários 3.500 kg/ha de calcário e 120 kg/ha de P2O5, segundo o Eng.
Agrº Telmo Fabrício Dutra. A aplicação desses componentes será desempenha
pelos dois funcionários da propriedade.
Por fim, buscando melhorar a qualidade da pastagem, será feita a
semeadura de três qualidades de forrageiras não consideradas nativas: aveia
preta, azevém e comichão(trevo). Nessa etapa será necessária a utilização de
mais algumas horas de trator, pois antes da semeadura é preciso gradear6 a
terra. Como esse trabalho é realizado na mesma extensão são necessários
mais 107 de trator.
Os frutos resultantes dessa melhoria, como citado na p.65, poderão ser
sentidos já no ano 1, no entanto os anos subseqüentes serão marcados por
resultados expressivos de melhoramento do pasto;
Os custos envolvidos nesse processo são apresentados na tabela 2:

Tabela 2. Investimentos na melhoria da pastagem nativa.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Conforme observa-se na tabela 2, o calcário, responsável por corrigir a


acidez do solo, é representado pelo maior gasto. Porém, a aplicação deste não

6
Método utilizado para afofar a superfície do terreno a fim de facilitar a penetração das
sementes não solo.

66
necessitará ser feita todos os anos, ao contrário das sementes de azevém, que
deverão ser semeadas no solo todos os anos, a fim de garantir uma pastagem
robusta para o rebanho.
Portanto, os dispêndios iniciais para melhoramento da pastagem nativa,
adicionando os valores dos insumos para preparação do solo, as sementes de
pastagens e as horas de trator necessárias para a limpar o terreno, totaliza-se
R$ 124,250,00.

9.2.2 Implementação do sistema de Pastoreio Rotativo Racional (PRR):

Com o intuito de tornar a Fazenda Rincão da Figueira uma espécie de


linha de produção de novilhos para terminação, busca-se no sistema de
pastoreio rotativo racional esse resultado.
Para a implementação do PRR, o primeiro passo é dividir a área
destinada a essa atividade, 240 ha, em 24 lotes menores, chamados de
piquetes. A fim de separar fêmeas de machos, os 240 ha foram divididos em
dois rodeios de 120 ha com 12 piquetes de 10 ha cada.
Com essa subdivisão, consegue-se otimizar o aproveitamento do pasto,
pois o rebanho permanece por um período pequeno em cada piquete, neste
caso de 3 a 4 dias, de acordo com as características da região, que no período
do inverno necessita em média de 45 dias de repouso para recuperar a
pastagem. O intuito do pastoreio rotativo é fazer com que o gado, ao deslocar-
se entre os piquetes sempre encontre pasto alto e na melhor qualidade para
consumo, aumentando o aproveitamento deste na dieta alimentar.
Dentre as alternativas buscadas para demarcar os piquetes, encontrou-
se na cerca elétrica, ao contrário das cercas convencionais comumente
utilizadas na região, a melhor alternativa no que diz respeito ao custo x
benefício. Utilizou-se como base para a construção da cerca elétrica as
técnicas apresentadas pelo Engenheiro Agrônomo Ricardo Avancini Trois
FEDRACITE VIII (livro).

67
Uma cerca elétrica é composta basicamente de um eletrificador, sistema
de aterramento, mourões, palanquins, fios isoladores e condutores, e
acessórios. Para encontrar os custos dos nateriais envolvidos na construção da
cerca elétrica foi feito um levantamento de preço nas lojas agropecuárias da
região, resultando no valor total a ser investido.
Dando sequência a implementação do PRR, deve-se atender às
necessidades fisiológicas dos bovinos, que necessitam de 40 litros de água por
dia cada. Como a área foi subdividida, para não comprometer o abastecimento
de água dos piquetes foi necessário o investimento em um sistema hidráulico.
Para isso utilizou-se um reservatório com capacidade para 10.000 litros, oito
bebedouros, mangueiras, bomba d’água e outros acessórios.
Seguindo esse processo é possível obter um ganho de peso intensivo,
em torno de 15 kg/mês, conforme a médica veterinária Rosa Maria Jardim
Carvalho (FEDERACITE VIII). Considerando que os animais iniciam o processo
intensivo de pastoreio após o desmame (entre maio e julho), pesando em
média 200 kg, e permaneçam até completarem 24-26 meses de idade
(dezembro a janeiro), espera-se que ao saírem para terminação tenham
ganhado, em média, 300 kg, chegando a pesar 500 kg no total. Peso
considerado bom para o abate. FEDERACITE VIII (1999). Todavia, ao passar
dois anos o melhoramento da pastagem costuma apresentar ganhos mais
expressivos, fazendo com que os animais alcancem até 550 kg.
Na tabela abaixo é possível visualizar os custos envolvidos para construir
a cerca elétrica e o sistema hidráulico:

68
Tabela 3. Investimentos na Implementação do Pastoreio Racional Rotativo.
Fonte: Elaborado pelo autor

Nota-se dentre os custos que compõe a implementação do pastoreio


rotativo racional, o sistema hidráulico como o responsável por 76% do custo
total e, somente os bebedouros por 57%. No entanto, a tecnologia empregada
nesta etapa é de extrema importância para que o empreendimento rural
alcance seus objetivos.

9.2.3 Capital de Giro

Para o sustento e manutenção da propriedade neste primeiro ano é


necessário um capital de giro estimado em R$83.708,80. O capital de giro
equivale aos custos necessários para o financiamento da operação, neste caso
as despesas de luz, água, telefone, combustível, pró-labore, mão-de-obra,
honorários do contador entre outros gastos. Não haverá despesas pré-

69
operacionais, pois a propriedade já está legalmente registrada e apta para
desempenhar suas operações.

Tabela 4. Total de Capital de Giro no Ano Zero.


Fonte: Elaborado pelo autor.

O resumo do capital de giro necessário no ano zero de investimento está


exposto abaixo, porém o detalhamento de cada linha será abordado no
Planejamento de Produção, visto que serão praticamente os mesmos custos
anuais.
Há também a necessidade de mensurar o custo de oportunidade
referente ao capital investido nessas melhorias. Se esse recurso financeiro de
R$153.520,97 gasto pra investir no melhoramento da pastagem e na
implementação do pastoreio rotativo racional não tivesse sendo utilizado para
esse fim, estaria alocado na caderneta de poupança, rendendo a taxa nominal
de 6,8% a.a. Portando, o custo de oportunidade a ser considerado será de
R$10.444,58 ao ano.

70
9.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL

Essa etapa compreende todo o planejamento das receitas e despesas


que ocorrerão durante o período a ser analisado. Após a realização desses
cálculos poderá ser elaborado o Fluxo de Caixa da empresa.

9.3.1 Planejamento de vendas

Esse planejamento exige que sejam determinadas duas variáveis: a


quantidade estimada de quilos de boi a ser vendida e o preço/kg. Dessa forma,
a entrada de caixa por ano poderá ser projetada. O intuito desse planejamento
é, além de estipular a receita gerada pela exploração econômica da
comercialização de bovinos de corte, servir como alicerce aos demais
orçamentos. Essa projeção é de extrema importância para o sucesso do
negocio.
Para sua realização, foi necessário conhecer a capacidade produtiva da
propriedade, o mercado no qual está inserido e os preços praticados por este.
Com essas três informações, foi possível mensurar a receita esperada pela
venda de bovinos:

71
Tabela 5. Projeção da Receita de Bovinos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

9.3.1.1 Previsão de Vendas

Para projetarmos a quantidade de vendas serão consideradas as


seguintes variáveis: área destinada para o projeto, número de animais e quilos
de boi.
A área destinada será de 500 ha, onde 240 ha ficarão disponíveis para o
pastoreio rotativo racional, local onde será feita a engorda intensiva dos animais
machos destinados a terminação, das vacas para descarte e a engorda das
novilhas com até 24 meses de idade que posteriormente serão destinadas a
reprodução. O restante da propriedade irá abrigar as vacas matrizes e os touros
encarregados pela reprodução.
Esse projeto visa melhorar o modelo de negócio atual, logo, serão
aproveitados para inicio do estudo, os animais já existentes na propriedade:
672 bovinos, entre machos e fêmeas. O detalhamento pode ser visto na tabela
do Ano Zero.

72
Tabela 6. Rebanho no Ano Zero (em cabeças de gado).
Fonte: Elaborado pelo autor.

A projeção da composição do rebanho e da quantidade de animais a


serem vendidos foi feita para 10 anos a partir do ano zero. Partiu-se do ano
zero considerando a quantidade atual de animais, e para o planejamento dos
demais anos, foram utilizadas as seguintes premissas:
a) A área destinada à pastagem, onde serão engordados os animais
para serem vendidos é de 240 ha, sendo povoada por 1 UA7/ha, de
acordo com as leis do pastoreio racional rotativo, conforme tabela 7:

7
UA = unidade animal; unidade de medida do rebanho.

73
Tabela 7. Quantidade de Unidades animais recomendada por hectare.
Fonte: Pulpo (1979), modificado pelo autor

b) O número de vacas corresponde ao total de vacas do ano anterior


menos o percentual de descarte, acrescidos do total de novilhos
fêmeas com idade de 24 anos;
c) No ano zero foi planejada a venda de 100 vacas matrizes (chamadas
de vacas para descarte) devido às restrições físicas da área;
d) O percentual de descarte de vacas corresponde à 20% do total de
vacas do ano anterior (até o ano 4) e ocorre em função da invalidez
ou falhas de fecundidade;
e) A partir do ano 5 o numero de vacas matrizes será fixado em 276,
devido à capacidade de suporte físico da propriedade;
f) O índice de fecundidade conhecido como índice de prenhez,
corresponde a 60% do total de vacas colocadas em cria, de acordo
com dados históricos da propriedade;
g) A proporção necessária para entouramento é de 1 touro para cada 30
vacas. Para isso estima-se que será descartado 1 touro a cada ano
porém esse será reposto para que mantenha a proporção desejada;
h) Para a projeção de nascimentos, considerou-se um índice de 50%
entre machos e fêmeas;
i) Em cima do número total de animais do rebanho, aplicou-se um
percentual histórico de mortalidade de 2%a.a., causada por acidentes
e doenças.
Os números projetados estão a seguir:

74
Tabela 8. Projeção da evolução do rebanho (em cabeças de gado).
Fonte: Elaborado pelo autor.

Dentre os animais que serão manejados no pastoreio rotativo racional,


somente ficam de fora as vacas, descriminadas na tabela acima como Total de
vacas, e os touros. O restante dos animais serão divididos em dois lotes e
manejados nos 24 piquetes de 10ha cada um.
Em relação à quantidade de animais que participarão do sistema de
pastoreio rotativo, somente os novilhos machos de 24 meses e as vacas para
descarte serão comercializados. As vacas de cria e touros comporão o
processo de criação, sendo vendidos apenas quando não conseguirem mais
desempenhar as suas funções. Para isso aplicou-se o percentual anual de
descarte desses animais, já mencionado anteriormente. Já as novilhas serão
engordadas, e quando assumirem 25 meses serão destinadas a procriação,
pois acredita-se que se estes animais estiverem bem alimentados pode haver
um aumento no índice de prenhez.
Na tabela a seguir consegue-se observar com mais clareza a quantidade
de animais que serão comercializados. Nota-se que na quantidade de vacas
para descarte está sendo contabilizados os 100 animais a mais já mencionados
anteriormente.

75
Tabela 9. Quantidade de animais a serem vendidos (em cabeças de gado).
Fonte: Elaborado pelo autor.

Como nesse mercado vendem-se quilos de carne e não cabeça de gado


faz-se necessário transformar a projeção de quantidade de animais a serem
vendidos. Para tal, conforme mencionado no Investimento Inicial, com a
implementação do sistema de pastoreio rotativo, otimiza-se o ganho de peso
resultando em animais com 24-26 meses, prontos para abate, pesando cerca
de 500 Kg.
Já as vacas selecionadas para descarte serão consideradas com
pesagem de aproximadamente 500 kg, alcançando 550 kg no ano 4, visto que
também passarão pelo processo de engorde intensivo. Porém, é possível
perceber que no ano zero os animais ainda não se encontram no peso ideal,
pois os resultados oriundos dos investimentos em melhorias ainda não podem
ser percebidos.
Os touros separados para serem vendidos, segundo dados do
proprietário, pesam em média 1.300 kg e não têm influência do pastoreio
rotativo porque não participam deste processo.
Abaixo, a tabela 10 representa o total, em quilos, a serem
comercializados, projetando 10 anos a partir do ano zero:

76
Tabela 10. Projeção da capacidade produtiva.
Fonte: Elaborado pelo autor.

9.3.1.2 Preço

Nesse ramo de atividade, o preço é definido pelo mercado, logo, o


produtor rural é um tomador de preços.
No caso específico da atividade pecuária, há um risco de variação de
preço que pode ser percebido no fato de o produtor normalmente engordar
seus animais sem saber previamente por qual preço poderá vendê-los ao
frigorífico na época do abate.
Com efeito, ao longo do período de engorda, os preços do boi podem
variar, até de modo expressivo, sob o impacto dos diversos fatores que
influenciam a oferta e a demanda do produto. Entre os grandes agentes
causadores dessas oscilações de preço, no caso da oferta, estão os efeitos de
intempéries (variações climáticas), como longos períodos de estiagem,
provocando a diminuição das pastagens, chuvas em excesso, pragas e
doenças, dentre outros; já na demanda, tais oscilações são causadas por
mudanças na política econômica do Estado, alterações nos níveis de renda dos
consumidores, variações bruscas nos preços da carne suína ou do frango (bens
substitutos), e até mesmo a modificação dos hábitos de consumo, entre outras.

77
Assim, quando o pecuarista vender os bois, poderá eventualmente defrontar-se
com um preço que não remunere sua atividade ou que não cubra seu custo de
produção.
No Rio Grande do Sul, diferentemente do restante do Brasil, o preço é
referenciado em quilos ao invés de arrobas8. Para fixação do preço de venda a
ser utilizado nesse trabalho, buscaram-se cotações atuais dos preços
praticados no mercado especifico da região.
As tabelas com as cotações do dia 04/06/2010 podem ser vistas abaixo:

MERCADO FISICO DO BOI GORDO

Tabela 11. Precos praticados no Mercado Fisico de Boi Gordo.


Fonte: http://www.fazendeiro.com.br/Mercado/cotacoes/Cotacoes.asp

8
Medida de peso equivalente a 14,687 kg.

78
MERCADO FISICO DA VACA GORDA

Tabela 12. Precos praticados no Mercado Fisico de Vaca Gorda.


Fonte: http://www.fazendeiro.com.br/Mercado/cotacoes/Cotacoes.asp

Conforme dados do Portal do Fazendeiro, o preço do boi gordo no


mercado físico praticado na localidade de Palmeira das Missões, mesma região
da Fazenda Rincão da Figueira, é de R$2,45/kg. Esse será o preço utilizado
para projeção da receita.
Como também será utilizado para composição da receita a venda das
vacas para descarte, buscou-se, no mercado físico, o preço atual de referência
desses animais. Para as vacas gordas o preço praticado pelo mercado que
será utilizado é de R$2,20/Kg, conforme pode ser visto na tabela acima.

9.3.2 Planejamento de Produção

Essa etapa prevê a realização do orçamento de todo e qualquer custo


envolvido com a produção, bem como os custos indiretos. Planeja-se produzir
em torno de 160 terneiros por ano, entre machos fêmeas, e engordar em média
477 bovinos com idade entre 6 e 24 meses mais as vacas para descarte.

79
Segundo a bibliografia, essa etapa envolve o planejamento de estoques,
necessidades de mão-de-obra direta e os custos indiretos de produção. Nesse
projeto o valor total a ser desembolsado na produção pode ser visto abaixo.

Tabela 13. Planejamento de Produção.


Fonte: Elaborado pelo autor.

9.3.2.1 Estoques

Em relação ao produto acabado, este não tem a necessidade de ficar


estocado, pois após finalizar o ciclo de pastoreio para engorde os animais já
são vendidos para o abate ou direcionados diretamente para reprodução.
Neste caso, o estoque de matéria-prima é composto basicamente pelos
insumos necessários para a manutenção e reparos. Neste caso, estimou-se
como estoque de segurança, 10% do total utilizado anualmente dos seguintes
materiais: arames para manutenção de cerca, mangueiras para eventuais
imprevistos no sistema hidráulico, uma quantidade de sal mineral para garantir
a alimentação dos animais, e alguns outros materiais como pregos e
ferramentas utilizados eventualmente.
O resumo dos estoques está apresentado abaixo em detalhes.

80
Tabela 14. Planejamento de Estoques.
Fonte: Elaborado pelo autor.

9.3.2.2 Mão-de-obra Direta

Para realizar o manejo diário do rebanho, assim como realizar qualquer


reparo necessário na estrutura, dois funcionários são suficientes. Com isso, a
Fazenda mantém 2 trabalhadores fixos, com carteira assinada, honrando,
portanto, os compromissos com os encargos sociais.
Há, no entanto, atividades sazonais como: vacinação, banho do rebanho
e marcação; no qual é necessário um reforço de mão de obra. Para suprir essa
necessidade utiliza-se uma mão de obra temporária de dois funcionários, que
trabalharão em média 30 dias no ano, sendo o custo de R$20,00 por dia .

Tabela 15. Planejamento de Mão-de-Obra Direta.


Fonte: Elaborado pelo autor.

81
9.3.2.3 Custos Indiretos de Produção

De acordo com os conceitos de Sanvincete e Santos (2008), os custos


indiretos serão tratados nesse trabalho como todos os custos que não se
encaixam como estoque, nem mão de obra direta e serão divididos em dois
conceitos: custos fixos e custos variáveis.
a) Custos Fixos: custos que tendem a manter o seu valor total
constante, independentemente das flutuações da produção ou do
volume de trabalho realizado. No caso da propriedade estudada,
serão fixos - a limpeza de qualquer inço e pragas do pasto, porém,
somente na área destinada ao pastoreio rotativo; a adubação e
semeação de pastagem e a remuneração do veterinário.
b) Custos variáveis: como custo variável, ou seja, aquele cujo valor
tende a oscilar diretamente em relação à alteração da produção
pode-se considerar – a aquisição de touros, para que seja mantida
sempre a mesma proporção em relação às vacas matrizes; a
manutenção das cercas; o tratamento fitossanitário; o complemento
alimentar, expresso pelo sal mineral.

Tabela 16. Planejamento de Custos Indiretos.


Fonte: Elaborado pelo autor.

82
9.3.3 Planejamento de Despesas

Para o tipo de atividade que estamos planejando, não incorre despesas


com vendas. Os compradores interessados procuram o produtor rural e vão até
ele, já com o caminhão para o frete do rebanho. Lá mesmo fazem a pesagem da
carga e acordam o preço, geralmente o praticado pelo mercado.
As despesas administrativas consideram o pró-labore do proprietário,
gastos com água, telefone, energia elétrica, materiais de expediente e os
honorários do contador. Esses valores foram estimados considerando as reais
despesas incorridas na Fazenda. Salvo os gastos com energia elétrica, que em
virtude dos investimentos realizados na propriedade, passarão a compor uma
parcela maior entre as despesas administrativas.
Compondo as despesas tributárias há o pagamento anual de Imposto
Territorial Rural (ITR), que conforme a revisão bibliográfica é proporcional ao
tamanho da propriedade e a taxa utilizada com a atividade de exploração. Neste
caso, foi utilizada a alíquota de 0,10% sobre o valor da terra nua.
Nota-se que a maior despesa está o pró-labore do proprietário, porém
este valor é considerável justo por ele.

Tabela 17. Planejamento de Despesas.


Fonte: Elaborada pelo Autor

83
9.3.4 Impostos

Atualmente a Fazenda Rincão da Figueira constitui uma propriedade rural


e por esse motivo, honra seus compromissos com o Governo através da
Contribuição Social Sobre a Comercialização da Produção Rural (FUNRURAL).
Conforme a revisão bibliográfica, a alíquota que incide é de 2,3% sobre o valor
total da comercialização de animais.
O proprietário optou por não constituir uma empresa, sendo assim, a
alíquota que incidirá sobre os lucros será àquela referente ao Imposto de Renda
Pessoa Física (IRPF). A vantagem que o produtor rural tem com essa escolha é
poder utilizar o Livro Caixa, ou seja, deduzir todos os custos envolvidos na
atividade rural, reduzindo a base de cálculo do imposto. No entanto, as alíquotas
incidentes serão àquelas referentes ao IRPF, conforme revisão bibliográfica.
Neste caso, o planejamento dos impostos para o projeto em análise foi
calculado com base no DRE projetado.

Tabela 18. Planejamento de Impostos.


Fonte: Elaborada pelo autor.

84
9.4 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Com a apuração das vendas projetadas, do investimento inicial, dos


custos diretos e indiretos da operação, além da tributação imposta pelo
governo, torna-se possível a elaboração dos fluxos de caixa de dez anos de
atividade para a Fazenda Rincão da Figueira (Apêndice A)
Para esse projeto, como esta sendo realizada uma melhoria na atividade
já existente, o ano zero será caracterizado por um fluxo de caixa negativo,
mesmo possuindo uma receita advinda da atividade produtiva. No entanto, a
partir do ano 1 já é possível perceber um fluxo de caixa positivo.
Graficamente, o fluxo de caixa para a produção agropecuária para este
projeto apresenta-se conforte a figura abaixo:

PROJEÇÃO GRÁFICA DO FLUXO DE CAIXA

Figura 4. Projeção Gráfica do Fluxo de Caixa.


Fonte: Elaborado pelo autor.

9.5 PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

Com os dados obtidos anteriormente, ainda é possível verificar a


situação econômica projetada. Através da demonstração de resultado de
exercício (Apêndice B) verifica-se que apesar do alto investimento inicial
despendido, somente o ano zero apresentou resultado negativo. Nos demais

85
períodos o lucro se faz presente com uma margem líquida de 14,11% no ano 1
chegando a 30,34% no ano 10. Esse ganho de margem é devido ao aumento
da capacidade produtiva principalmente a partir do quarto ano já que nessa
etapa a pastagem esta em plenitude de qualidade e quantidade, fazendo com
que o gado obtenha um peso maior.
Fazendo uma análise vertical (Apêndice B), verificamos que no ano 1,
primeiro ano em que foi apurado algum lucro, 48,61% da receita bruta fica
comprometida com o custo de mercadoria vendida, e 31,92% com todas as
despesas envolvidas. Com a evolução e aprimoramento do processo produtivo
ao longo dos anos, gerando incrementos significativos nos quilos dos animais
voltados a venda, esses percentuais reduzem consideravelmente. A partir do
sétimo ano, entramos em uma estabilidade econômica, onde 34,77% da receita
bruta fica retida nos compromissos financeiros atrelados ao custo da
mercadoria vendida e em contrapartida, 23,27% correspondem as despesas
necessárias para manter o negocio. A redução da participação percentual
desses dois itens é gerada pelo crescimento de 39,77% da receita e demonstra,
por conseqüência, que há uma geração maior de lucro.

Gráfico 1. Alocação da Receita Bruta do Projeto 1.


Fonte: Elaborado pelo autor.

86
A partir do ano 7, há uma estabilidade financeira, já que ha limitações da
área funcional, ou seja, não há mais crescimentos no rebanho e, alem disso, há
maximização da capacidade de obtenção de peso nos animais. Esses dois
fatores seriam responsáveis por um aumento da receita, caso tivessem sofrido
crescimento. Em contrapartida, neste momento, os custos, despesas e
impostos também foram otimizados a ponto de não haver possibilidades
visíveis de redução a não ser o item referente ao pagamento do pró-labore do
proprietário, inserida nas despesas administrativas. O valor utilizado foi o que o
diretor do negócio considerou justo para remunerar as suas atividades,
entretanto, percebe-se nesse item uma possibilidade de redução, tornando a
atividade ainda mais lucrativa.

9.6 ANÁLISES ECONÔMICO-FINANCEIRAS

Para a análise de viabilidade desse projeto foi utilizada a taxa mínima de


atratividade de 9,5%, taxa básica de juros, acrescido de um prêmio pelo risco
de 5%.

9.6.1 Valor Presente Líquido

Ao trazermos os fluxos de caixa para o presente a uma taxa de 14,5% ao


ano, obtemos um valor presente líquido de R$148.370,83, ou seja,
considerando a taxa mínima de atratividade, a soma dos fluxos de caixa
projetados são maiores que o investimento inicial e ainda gera o valor citado
acima.
Neste caso, conclui-se que o projeto é viável economicamente quando
utilizado o método do valor presente líquido para análise de investimento.

87
Abaixo é possível visualizar o fluxo de caixa e o fluxo de caixa descontado ao
valor presente.

Tabela 19. Valor presente liquido do Investimento.


Fonte: Elaborado pelo autor.

9.6.2 Taxa Interna de Retorno

Utilizando as informações do gráfico abaixo é possível perceber que


quando a curva ultrapassa o eixo da taxa interna de retorno, o valor presente
líquido apresenta-se nulo. Para esse projeto, esse ponto é representado pela
taxa de 87,39%a.a. Sendo essa a taxa interna de retorno encontrada, nota-se
que ela supera a taxa mínima de atratividade, logo o projeto apresenta-se
financeiramente viável quando utilizado esse método para análise de
investimento.

88
Gráfico 2. VPL em função da TIR do Projeto 1
Fonte: Elaborado pelo Autor.

Para encontrar a TIR é feito um cálculo, através da tentativa e erro, no


qual os fluxos de caixas são descontados até que o VPL se iguale a zero.
Como a taxa encontrada foi maior que a taxa mínima de atratividade destinada
para o projeto, 14,50%a.a, este passa a ser aceito. O detalhamento do
resultado pode ser visto na tabela a seguir.

Tabela 20. Taxa Interna de Retorno do Projeto 1.


Fonte: Elaborado pelo autor.

89
9.6.3 Payback Descontado

Para utilizar de maneira mais eficaz o método de análise do payback,


descontaram-se os fluxos de caixa utilizando a TMA de 14,50%. Com os fluxos
de caixa trazidos ao presente, o retorno do capital investido se dá em 1 ano e 7
meses, considerando o primeiro ano como investimento inicial.
Como esse projeto foi uma melhoria da atividade atual da Fazenda, pode
ser um dos motivos pelo qual o retorno do capital investido foi em tão pouco
tempo.

Tabela 21. Payback Descontado do Projeto 1.


Fonte: Elaborado pelo Autor.

9.7 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

A fim de mensurar os possíveis desvios dos resultados obtidos nesse


estudo, será feita a analise de sensibilidade. Nessa analise será verificado o
efeito gerado no VPL de acordo com a variação percentual dos seguintes
fatores: o preço e o peso por animal.

90
Já que, para composição da receita é utilizada a formula: preço por quilo
x peso por animal, o resultado encontrado de sensibilidade do VPL ao
variarmos percentualmente o preço, será o mesmo valor que encontramos ao
variar o peso. São, portanto, variáveis inter-relacionadas que, se avaliadas
separadamente, como supõe essa análise (cálculo de forma independente:
primeiro foi analisado o efeito do preço e após, o efeito da variação do peso)
gera os mesmos resultados para os novos valores de VPL, conforme é
demonstrado na tabela abaixo.

Tabela 22. Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal.
Fonte: Elaborado pelo Autor.

Essas variáveis foram selecionadas por serem os principais riscos desse


projeto. O preço, por ser ditado pelo mercado, oscila de acordo com as leis da
oferta e demanda. Conforme já levantado nesse trabalho, também varia pela
renda da população e pelo preço dos bens substitutos, sendo reajustado
diariamente pelo mercado. É, portanto, fator de risco ao projeto já que não se
pode garantir sua cotação futura.
Já o peso dos animais varia em função da alimentação ofertada. A
grande ameaça à pastagem, principal alimento do gado, é dada pelos efeitos
meteorológicos como estiagens e geadas.
Como constatado na tabela 22, uma variação de 15% no preço ou no
peso, gera um efeito de 71% de alteração no valor presente mínimo esperado
desse projeto. O projeto não chega a ser inviável no pior cenário, entretanto,

91
demonstra-se bastante sensível e, portanto, arriscado do ponto de vista
financeiro.

92
10. PROJETO DOIS: ENGORDA

O que será sugerido nesta etapa será uma mudança do sistema de


produção atual, o que fará a Fazenda passar a atuar na última fase da cadeia
produtiva do pecuarista, a engorda. Para isso serão propostas duas melhorias
já referenciadas no projeto um: o revigoramento da pastagem nativa e a
implementação do pastoreio rotativo racional. Acredita-se que esses
investimentos são de grande importância para que o projeto torne-se lucrativo.
Esse projeto consiste na analise da implementação do sistema de
produção de engorda na Fazenda Rincão da Figueira. Diferentemente do
Projeto 1, nesse estudo os animais não passarão pelas fases de cria e recria.
Com o intuito de redução do tempo e otimização da produção, será proposto a
compra de bovinos para que possam ser beneficiados no local e
posteriormente, vendidos.
A compra dos terneiros recém desmamados será realizada em feiras e
leilões de bovinos, muito tradicionais na região. Os animais serão adquiridos
ainda jovens e serão engordados em pastagem para serem vendidos, gordos,
quando alcançarem na média 24 meses de idade. Cabe ressaltar a importância
das melhorias sugeridas para que o projeto dois tenha seu objetivo atingido.
A área analisada nesse projeto abrange 500 hectares. Nessa área será
feito o melhoramento da pastagem. No entanto, 480 ha serão destinados a
implementação do pastoreio rotativo racional, onde engordarão os terneiros. Os
20 ha restantes ficaram destinados ao reservatório de água, açudes e manejo
do rebanho.
Para compreensão desse modelo de negócio será descrito a seguir seu
funcionamento considerando as alterações necessárias.

93
10.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO

O sistema de produção utilizado no Projeto Dois é a engorda. Para


realização do processo de produção proposto é necessário respeitar uma
cadeia temporal, conforme representada pela figura 5.

Figura 5. Calendário das etapas da criação de bovinos previsto para o Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Nesse sistema, os terneiros recém desmamados (7 meses) serão


adquiridos nos meses de junho a julho e serão inseridos no sistema de
pastoreio rotativo racional para iniciarem o processo de engorda. A cada três
dias, os terneiros serão remanejados de piquetes, permitindo assim, que os
animais se alimentem com o pasto de qualidade e quantidade necessária para
um ganho de peso satisfatório. Todo o processo de engorda deve durar cerca
de 18 meses, iniciando-se novamente.
A aquisição dos animais é feita através de leilão de terneiros. Esse tipo
de evento é o principal ponto de distribuição dos produtos da atividade de cria e
é onde se realiza a transferência de propriedade. Diversos leilões ocorrem nas
cidades próximas à Fazenda, o que não descarta a importância em manter uma
ótima relação com os produtores, a fim de garantir preferências na escolha do
produto.
Após 18 meses sendo alimentados em pastoreio intensivo, o rebanho
adquire a idade de 24 meses e se encontra pronto para terminação, Nesta
etapa já podem ser chamados de boi gordo.

94
10.1.1 Engorda

Conforme o item 5.2.3 p. 26, a fase da engorda consiste na etapa final de


um processo de pecuária, visando a terminação do animal. Sendo assim, será
analisado nesse projeto um novo modelo de negócio para a Fazenda. Serão
comprados terneiros após o desmame, com cerca de 7 meses de idade, para
que sejam colocados na pastagem com o intuito de engordá-los para então
vendê-los ao mercado frigorifico.
A aquisição dos animais é feita através de leilões de terneiros. Essa
etapa é de fator determinante ao sucesso ou ao fracasso do produtor,
viabilizando ou não o processo de comercialização. São pontos a serem
considerados nesse processo de compra:
a) Raça e tipo - o resultado da engorda depende muito dos atributos que
a raça e o tipo conferem aos animais. Os mestiços com maios proporção de
sangue melhorado em geral são preferidos pela maior aptidão à engorda e pelo
tipo menos imperfeito;
b) Procedência - a qualidade das terras e dos pastos da região de
origem, em face das características da zona de engorda, também é importante.
Tanto que os invernistas de certas regiões dão preferência a bois magros
oriundos de determinadas zonas de criação.
c) Regime de criação - o gado adulto sente quando muda de regime de
vida, e isto deve ser considerado na engorda.
d) Tamanho e peso - animais de menor tamanho e menor peso, em
certas circunstâncias, são mais convenientes para a engorda, porque ocupam
menos espaço consomem menos alimentos. Todavia, há exceções ente as
raças;
e) Sexo - na escolha para engorda, devem ser preferidos por ordem:
novilhos, novilhas, vacas novas, vacas velhas, bois velhos e touros. No projeto
em questão será escolhidos somente os novilhos.
f) Idade - os animais muito novos, em vez de acumularem gordura
ganham peso graças ao crescimento; os velhos, aproveitam menos alimentos.

95
g) Estado de saúde - animais doentes aproveitam mal os alimentos e em
geral são de engorda demorada e antieconômica.
h) Estado de carne - um boi muito magro necessita de bastante tempo
para chegar ao estado normal de carnes e só depois começa a engordar.
Conseqüentemente, é de engorda mais demorada e cara.
i) Conformação - pessoas familiarizadas com o comércio de gado de
corte, dizem que o animal possuidor de conformação que indica capacidade de
ganhar peso, possui “boa caixa”. Isto significa que apresenta tórax, esqueleto e
tamanho bem desenvolvido, ao contrário do bovino mau para a engorda, que
possui corpo achatado, flancos deprimidos, costelas planas e tamanho
reduzido. Atributos que indicam baixa capacidade para aumento de peso no
transcurso do período de engorda.
Para esse projeto serão adquiridos somente novilhos de boa procedência
e recém desmamados, com idade média de 7 meses. Serão direcionados ao
sistema rotativo racional de pastoreio por 18 meses. Espera-se que o ganho
médio de peso seja cerca de 350 kg por animal, resultando em uma média de
ganho diário de 640 gramas por cabeça de gado,
Como não será necessária uma área para as matrizes e os touros
reprodutores, o número de bovinos para engorde pode ser superior ao primeiro
projeto, sendo que ao longo de toda a área descampada, 480 ha serão
implementadas as melhorias propostas a fim de torná-la eficiente para receber
a lotação máxima de 1 U.A/ há, conforme tabela 7, p.74.

10.2 INVESTIMENTO INICIAL

A grande diferença desse projeto para o anterior é a necessidade de


investimento financeiro para compra de terneiros, que após o processo de
engorde gerarão a receita da propriedade. Entretanto, para que esses animais
possam ter condições adequadas de ganho de peso, serão propostos os
mesmos investimentos levantados no projeto um: implementação do pastoreio

96
rotativo racional e melhoria da pastagem nativa da propriedade. Além disso,
para manutenção da atividade será necessário nesse primeiro ano, um capital
de giro compatível.
O previsto para desembolso financeiro no primeiro ano está na tabela
abaixo que será esmiuçada a seguir.

Tabela 23. Investimento inicial do Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

10.2.1 Melhoramento da Pastagem Nativa:

A melhoria da pastagem nativa será implementada ao longo dos 480 ha


da Fazenda, garantindo a melhoria da quantidade e qualidade do alimento do
gado ao longo do ano. O conceito é o mesmo aplicado no projeto anterior, item
9.2. Sendo assim, os custos serão calculados mantendo as proporções,
conforme tabela 23.

97
Tabela 24. Investimentos na melhoria da pastagem nativa.
Fonte: Elaborado para autor.

10.2.2 Implementação do sistema de Pastoreio Rotativo Racional (PRR)

Em contrapartida, a implementação do sistema de pastoreio rotativo se


dará de forma diferente, visto que toda a área da propriedade será ocupada
com esse método. Não haverá mais vacas matrizes, touros reprodutores e nem
novilhas, que antes somados ocupavam uma área de cerca de 50% da
propriedade. Como resultado, teremos uma quantidade de animais mais
significativa sendo que 100% deles têm como finalidade, a venda para
terminação. O sistema de pastoreio rotativo ocupará 480 ha de terra, sendo
dividida em dois módulos de 240 ha subdivididos em 24 piquetes de 10 ha
cada. A divisão dos módulos serve para ajudar o manejo, evitar a mistura dos
lotes, além de facilitar o controle do ganho de peso.
Para a demarcação dos piquetes a solução de mais baixo custo
encontrada foi a mesma utilizada no projeto anterior, a cerca elétrica. As
técnicas que serviram de base para a construção foi àquelas sugeridas pelo
Engenheiro Agrônomo Ricardo Avancini Trois FEDRACITE VIII (1999). Logo,
somando o custo dos materiais necessários e suas respectivas quantidades,
chega-se ao investimento total para construção da cerca elétrica nos 480 ha

98
utilizados para o projeto dois. A mão-de-obra empregada para essa função será
dos próprios funcionários da propriedade.
Dando seqüência, para não comprometer o abastecimento de água em
cada piquete, verifica-se a necessidade de investimentos em um sistema
hidráulico. Atendendo às necessidades fisiológicas dos bovinos, 40 litros de
água/dia, será preciso 4 reservatórios de 10.000 litros cada. Isso em função do
aumento do número de animais que ficarão dependentes desse sistema. Além
dos reservatórios, ainda serão necessários outros acessórios como:
bebedouros, mangueiras, bomba d’água, entre outros.
Assim sendo, o custo do investimento inicial para implementação do
pastoreio racional rotativo pode ser melhor visualizado na tabela 24, p 98..

Tabela 25. Investimentos na Implementação do Pastoreio Racional Rotativo.


Fonte: Elaborado pelo autor.

99
10.2.3 Aquisição de terneiros em leilões

Um terceiro ponto que irá compor o investimento inicial para o projeto de


engorda será a aquisição de terneiros. Nesta análise, conforme citado
anteriormente utilizar-se-á somente terneiros machos, que serão adquiridos em
leilões e feiras especializadas. Inicialmente serão utilizados alguns animais já
existentes na propriedade e que já se enquadram nas características
desejadas.
Os leilões são realizados em locais determinados, com maior ou menor
infra-estrutura de currais, bebedouros, restaurantes e locais para diversão e
acomodação. Os animais trazidos de diversas fazendas são separados, para
serem leiloados, em lotes mais ou menos uniformes, de acordo com a
categoria, idade, raça e prazo de pagamento (IEL/CNA/SEBRAE, 2000).
No RS, para a comercialização de terneiros, especificamente, existe um
programa oficial do Estado, que é chamado “Feiras de Terneiros”, que ocorrem
em duas épocas distintas, outono e primavera, e em ambas, exige-se uma
idade e peso mínimo para a inscrição dos animais (Cachapuz, 1995).
A grande vantagem da utilização de leilões é que os participantes não
necessitam de nenhum conhecimento prévio de mercado e o preço é
estabelecido no momento da comercialização. Contudo, quanto mais
informações obtiverem antes de fecharem o negócio, maior o poder de
barganha tanto na venda como na compra de animais.
Estima-se que para inicio do novo modelo proposto para a Fazenda
Rincão da Figueira serão necessários 650 terneiros machos. Desse total, serão
adquiridos 571 animais, considerando que na propriedade já existem 79
terneiros de até 6 meses, conforme tabela 6, p. 73.
Como base para mensuração do total a ser investido nessa aquisição,
utilizou-se como fonte os dados da FARSUL, Federação da Agricultura do
Estado do Rio Grande do Sul, que divulgou dados da 8ª Feira de Terneiros da
Fenasul, realizada em 27.05.2010. Segundo o coordenador da Comissão de
Exposições e Feiras da FARSUL, Francisco Schardong, “a média foi de R$ 3,17

100
por quilo/vivo para os machos, superior a média das feiras do interior já
realizadas, que ficou em R$ 3,00”. Sendo assim, utilizar-se-á nesse projeto,
para a compra dos animais, o custo por quilo de R$ 3,00.
Considerando as características implicadas pelo produtor para a
aquisição dos terneiros, tais como: idade, procedência, peso, etc. àquela de
maior relevância será o peso, pois este vai determinar de fato o valor a ser
investido. Neste caso, o peso médio dos bovinos comprados será de 180
kg/vivo por cabeça. Sendo o preço por kilo R$3,00, observa-sena tabela 25 o
total para o ano zero.

Tabela 26. Investimento na compra de terneiros.


Fonte: Elaborado pelo autor.

10.2.4 Capital de Giro:

Após o investimento nas duas melhorias descritas acima e na


aquisição dos animais que serão engordados, há ainda a necessidade de um
capital de giro para manter o sustento do negócio em períodos sem entrada de
caixa. O capital de giro equivale aos custos necessários para o financiamento
da operação, como as despesas de luz, água, telefone, combustível, pró-labore
do diretor, mão-de-obra, honorários do contador entre outros gastos.

101
Tabela 27. Total de Capital de Giro no Ano Zero.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Nesse projeto, para sustentar a operação estima-se R$96.514 de capital


de giro. As variações justificam-se pelo maior rebanho e maior necessidade de
mão-de-obra temporária e materiais para sustentá-lo. Os impostos também
sofrem um aumento significativo porque, diferentemente do primeiro projeto, os
animais já existentes na propriedade e que não comporão o rebanho de
terneiros, serão vendidos no ano zero. Maior detalhamento na tabela 29, p. 104.
Há também a necessidade de mensurar o custo de oportunidade
referente ao capital investido nesse projeto. Se esse recurso financeiro de
R$488.558,75 gasto pra investir no melhoramento da pastagem, na
implementação do pastoreio rotativo racional e na aquisição dos terneiros não
tivesse sendo utilizado para esse fim, estaria alocado na caderneta de
poupança, rendendo a taxa nominal de 6,8% a.a. Portanto, o custo de
oportunidade a ser considerado será de R$33.238,39 ao ano.

10.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL

O desenvolvimento do planejamento operacional foi o maior desafio na


elaboração do projeto de investimento. Nele, consta a previsão das receitas e

102
despesas dentro de uma visão realista, tentando reproduzir antecipadamente a
operação da Fazenda.
Como no primeiro projeto, será exposto nesse momento o pilar base de
sustentação aos demais planejamentos: Planejamento de vendas.

10.3.1 Planejamento de vendas

O planejamento de vendas compor-se-á por dois planejamentos


acessórios, sendo que na previsão de vendas será exposta a capacidade
produtiva da Fazenda e, no segundo item, será estipulado a que preço será
ofertado o produto. Com esses dois resultados poderemos obter a receita bruta
obtida pela venda dos bovinos, estimada em kg/boi.
No ano de investimento inicial, haverá uma receita formada pela venda
dos animais já existentes na propriedade e que não poderão ser reutilizados
nesse novo modelo de negócio. O total dessa receita está exposta abaixo e
será detalhada nas próximas etapas.

Tabela 28. Projeção da Receita de Bovinos no Ano Zero.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Em relação aos demais anos, a receita deverá se comportar conforme


tabela abaixo:

103
Tabela 29. Projeção da Receita de Bovinos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

10.3.1.1 Previsão de Vendas

Para projetarmos a quantidade de vendas serão consideradas as


seguintes variáveis: área destinada para o projeto, número de animais e quilos
por boi.
Nesse projeto será proposta a venda dos animais já existentes
atualmente na Fazenda no início do ano zero. A partir dessa data, anualmente,
novos terneiros serão adquiridos para engorda e terminação. Sendo assim, dos
822 animais já existentes, 238 serão reaproveitados por serem terneiros
machos, que poderão ser engordados para obtenção de uma receita superior.
Os demais serão vendidos conforme detalhamento abaixo.

104
Tabela 30. Bovinos a serem vendidos no Ano Zero.
Fonte: Elaborado pelo autor.

A área destinada ao projeto 2 será de 500 ha, onde 480 ha serão


destinados aos animais e 20 ha compõem as instalações da Fazenda. Esses
480 ha ficarão integralmente disponíveis para o pastoreio rotativo racional, local
onde será feita a engorda intensiva do total de terneiros comprados até que
completem 24 meses e sejam direcionados a terminação. Sendo assim, existe
ganho de escala se compararmos com o projeto 1, já que nele há cerca de 240
ha ociosos, onde eram abrigadas as vacas matrizes, novilhas e touros, ou seja,
os animais que não eram transformados em receita para a Fazenda.
A grande limitação para um projeto de pecuária é a área já que, para
garantir a alimentação em boa quantidade e qualidade, além de garantir
condições fisiológicas adequadas, preocupou-se em atender o limite de 1
UA/ha, de acordo com as proporções dispostas na tabela 7, p. 74.
Projetou-se que serão adquiridos 650 terneiros anualmente. No primeiro
ano, haverá uma ociosidade justificada pelo tempo de engorda dos animais ser
de 1 ano e meio: os animais adquiridos no ano zero serão vendidos no final do
segundo ano, ou seja, ainda ocuparão hectares no sistema rotativo.

105
Então, algumas premissas adotadas para projetar o número do rebanho
devem ser trazidas para que haja um melhor entendimento:
j) A área destinada à pastagem, onde serão engordados os animais
para serem vendidos é de 480 ha, sendo povoada por 1 UA/ha.
k) Serão adquiridos apenas terneiros machos com peso em torno de
180 kg cada;
l) Serão utilizados os terneiros machos já existentes na propriedade
conforme idade abaixo:
o Novilhos de 7 a 12 meses: diminuirão o número de terneiros a
serem comprados no primeiro ano;
o Novilhos de 13 a 24 meses: serão postos no PRR para serem
engordados e acrescerão a receita do primeiro ano;
m) Em cima do número de animais aplicou-se um percentual histórico de
mortalidade de 2% a.a., causada por acidentes e doenças;
n) um dos módulos no PRR estarão os terneiros recém comprados e no
outro estarão os terneiros de 12 à 24 meses;
O número projetado do rebanho após venda dos animais já existentes na
Fazenda e o investimento inicial no primeiro lote de terneiros, estão disposto a
seguir:

Tabela 31. Tamanho do rebanho.


Fonte: Elaborado pelo autor.

106
Os animais serão divididos em dois lotes e manejados nos 24 piquetes
de 20 ha cada um, sendo 100% dos animais destinados à venda. Essa pode
ser considerada uma vantagem em relação à fase da cria e recria na
propriedade, pois se estende a área destinada à engorda para terminação.
Em relação ao número de animais a serem vendidos, será utilizada a
mesma idade no primeiro projeto, 24-25 meses. Nesse estágio, os animais
terão 18 meses para engordar uma média de 21 kg por mês. . Estima-se que
essa engorda será otimizada a partir do ano 4 quando a pastagem se
encontrará em condições mais fortes.
Abaixo, a tabela 31 representa o total por ano, em quilos a serem
comercializados, projetando 10 anos a partir do ano zero:

Tabela 32. Projeção da capacidade produtiva.


Fonte: Elaborado pelo autor.

10.3.1.2 Preço

A determinação do preço por quilo bovino depende, principalmente, das


condições relacionadas à oferta e demanda de animais para abate. A evolução

107
da oferta é determinada, sobretudo, pelas condições da produção de alimentos
para os animais, manejo realizado e estrutura adequada de processamento e
comercialização dos animais e da carne bovina. A demanda por animais para
abate, por sua vez, deriva-se, da demanda por carne pelo consumidor.
Então, o sistema de produção escolhido para criação dos animais pouco
influi no preço já que esse é determinado pelas forças de mercado. O fator que
possui maior possibilidade de otimização é o custo, em que os pecuaristas
desempenham maiores esforços a fim de reduzi-los, aumentando assim, a
margem da operação.
De acordo com esse conceito, o preço utilizado para esse projeto será o
mesmo considerado no anterior: R$ 2,45/Kg. Esse é o preço do boi gordo
macho no mercado físico praticado na localidade de Palmeira das Missões, no
dia 04/06/2010, conforme tabela 11, p. 78.
Alguns animais precisaram ser vendidos para que se viabilizasse este
projeto, como as novilhas, os touros e as vacas matrizes. Os touros são
comercializados a preço de boi gordo, portanto, R$ 2,45/kg. O que os
diferenciam é o porte robusto, que acaba fazendo com que pesem, em geral,
mais de uma tonelada. As vacas matrizes são aceitas pelo mercado como vaca
gorda. Neste caso utilizou-se o preço de mercado praticado em Palmeira das
Missões, de acordo com a tabela 12, p. 79.
Já as novilhas seguem algumas peculiaridades. Aquelas mais novas,
recém desmamadas, de 7 a 12 meses, geralmente são comercializadas por
criadores em feiras de animais. Neste caso, segue-se a média utilizada no item
10.2 (p. 96), porém com um leve desconto praticado por ser fêmea. O preço
utilizado foi de R$2,98/kg. Para as de mais idade, 13 a 24 meses, por estarem
mais próximas de sua plenitude e em idade de cria, são enquadradas pelo
mercado como vacas gordas, mesmo não atingido ainda o máximo peso médio.

108
10.3.2 Planejamento de Produção

Em termos de produção, estima-se engordar em média 637 bovinos que


participarão do sistema de pastoreio rotativo dos 7 aos 24 meses.
Segundo a bibliografia, essa etapa envolve o planejamento de estoques,
necessidades de mão-de-obra direta e os custos indiretos de produção. Estima-
se que, em grandes grupos, o planejamento de produção apresentar-se
conforme a tabela 32:

Tabela 33. Planejamento de Produção.


Fonte: Elaborado pelo autor.

10.3.2.1 Estoques

Assim como no primeiro projeto, o conceito de estoque em uma


propriedade rural é bastante simples, resumindo-se aos materiais diretos que
são mantidos estocados para necessidade imediata de utilização, dentre eles:
arames utilizados nas cercas, mangueiras utilizadas para o sistema hidráulico,
sal mineral que é um componente da alimentação dos animais, medicamentos,
ferramentas, dentre outros.
Esse número, portanto, é proporcional às instalações e ao número de
animais, sendo assim, sofreu alguns aumentos se relacionado ao projeto 1,
conforme abaixo:

109
Tabela 34. Planejamento de Estoques.
Fonte: Elaborado pelo autor.

10.3.2.2 Mão-de-obra Direta

Para realizar o manejo diário do rebanho, assim como realizar qualquer


reparo necessário na estrutura, são necessários dois funcionários permanentes,
com carteira assinada e pagamentos de encargos sociais, de acordo com o
projeto anterior.
Para meses de intenso trabalho como em épocas de marcação e
vacinação, é contratada mão-de-obra temporária de 4 trabalhadores, 2 a mais
que no Projeto 1, em função do número de cabeças de gado. Esses
funcionários trabalharão uma média de 8 horas por dia durante 30 dias.
Com essa estrutura, a mão-de-obra apresenta-se composta conforme
abaixo:

110
Tabela 35. Planejamento de Mão-de-Obra Direta.
Fonte: Elaborado pelo autor.

10.3.2.3 Custos Indiretos de Produção

Considerando que no projeto 2 estamos implementando um sistema de


produção voltado para a engorda de animais, no qual o preço de compra dos
terneiros para recria é um dos principais itens em volume financeiro, os custos
de produção tem importância destacada e precisam ser detalhadamente
gerenciados. Como forma de gerenciar a evolução dos preços e dos custos de
produção, os produtores necessitam ter acesso cada vez maior a informações
relacionadas à atividade, envolvendo, principalmente, o acompanhamento de
leilões e mesmo as posições de oferta de animais para reposição.
Os custos fixos, que independem das flutuações da produção, englobam
o trabalho com a remoção de inços e pragas do pasto, o gasto com sementes e
adubos para manter o alto nível das forrageiras, os honorários do veterinário e
por fim o custo de oportunidade. Este último apresenta-se como sendo a
remuneração do capital caso não estivesse sendo empregado nesse projeto e
representa 50% do custo fixo total.

111
Tabela 36. Planejamento de Custos Indiretos.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Do total de custos indiretos de produção, a compra dos animais


representa cerca de 85%. Portanto esse ponto é bastante critico ao sucesso do
negócio e está representado financeiramente na tabela abaixo:

Tabela 37. Compra anual de bovinos.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Quanto aos demais custos variáveis envolvidos, eles sofrerão variações


se comparados ao projeto 1 em função do tamanho da estrutura instalada,como

112
a manutenção das cercas e outros materiais diretos, e também em função do
número de bovinos, no caso das vacinas, sal, medicamentos, etc.

10.3.3 Planejamento de Despesas

Neste processo produtivo não há um intermediador do produto final, logo


não se incorre em despesas com vendas. Os compradores vão até o local do
vendedor e fecham o negócio a preços de mercado, levando consigo, já no ato
da compra, o produto adquirido.
Compondo as despesas administrativas têm-se os mesmos gastos
referenciados no projeto anterior: o pró-labore do proprietário, gastos com água,
telefone, energia elétrica, materiais de expediente e os honorários do contador.
Todavia, há uma diferença expressiva quando analisado as despesas com
energia elétrica. Isto se justifica pelo projeto em análise, no qual a área
destinada ao pastoreio demarcada com cerca elétrica é praticamente dobrada
em relação ao anterior, incorrendo em um aumento no gasto com energia. Outro
fator que se traz como responsável pelo aumento desta é a necessidade de
bombear água para todos os piquetes, agora maiores.

113
Tabela 38. Planejamento de Despesas.
Fonte: Elaborado pelo autor.

A despesa tributária corresponde ao pagamento anual do Imposto


Territorial Rural (ITR). É calculado relacionando o valor, o tamanho da
propriedade e a taxa utilizada com a atividade de exploração. Neste caso, foi
utilizada a alíquota de 0,10% sobre o valor da terra nua.
Ao analisar as contas do planejamento de despesas, nota-se que 73% do
total são representados pelo pró-labore da diretoria. O valor de R$3.000 ao mês
foi trazido pelo proprietário da Fazenda como justo para remunerar seu trabalho.
No entanto, abre-se margem para cortes, se necessário.

10.4 IMPOSTOS

Esse projeto não tem finalidade de mudar a constituição da propriedade


rural da Fazenda Rincão da Figueira, por esse motivo, o imposto incidente sobre

114
o faturamento é somente o FUNRURAL. Conforme a revisão bibliográfica, a
alíquota que incide é de 2,3% sobre o valor total da comercialização de animais.
Aproveitando a vantagem que o produtor rural tem em utilizar o Livro
Caixa, o proprietário optou por não constituir uma empresa. Neste caso, incidirá
sobre os seus lucros a alíquota do imposto de renda para pessoas físicas.
Com base no DRE projetado para o projeto 2, os impostos devidos podem
ser melhor visualizados abaixo.

Tabela 39. Planejamento de Impostos.


Fonte: Elaborado pelo autor.

O fato de não haver imposto de renda devido no ano 0, acontece em


decorrência dos investimentos realizados, fazendo com que a ultima linha do
DRE feche no vermelho. Em contrapartida, há pagamento de FUNRURAL, pois
no ano zero foram vendidos todos os animais que não seriam utilizados para
esse processo.

115
10.5 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Apurado o investimento inicial, os custos da operação e as vendas


projetadas com os seus respectivos impostos, torna-se possível projetar o fluxo
de caixa para a Fazenda Rincão da Figueira.
Serão projetados 10 anos das entradas e saídas de caixa. Para esse
projeto está sendo realizada uma melhoria na propriedade seguida de uma
mudança no processo de produção. Por esse motivo, o ano zero é caracterizado
por um fluxo de caixa negativo, mesmo possuindo uma receita advinda da venda
dos animais que não são aproveitados para esse processo.
Graficamente, o fluxo de caixa da produção agropecuária para este
projeto apresenta-se conforme a figura abaixo:

Figura 6. Projeção Gráfica do Fluxo de Caixa.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Ao analisar a figura 6 é possível perceber que o fluxo negativo do ano


zero, devido aos investimentos realizados, já não se repete nos anos
subseqüentes. O salto de receita percebido no ano 1 tem sua justificativa na
quantidade de animais vendidos, pois aqueles que já estavam na propriedade
foram engordados no novo modelo e vendido somente no ano posterior ao
investimento inicial. Os anos 2 e 3 são caracterizado por um processo em
maturação, atingindo o auge do ganho de caixa a partir do ano 4. Acredita-se

116
que nesse período a quantidade de pasto ofertado está em sua melhor
qualidade e quantidade, fazendo com que os animais ganham mais peso.
A projeção do fluxo de caixa é de extrema importância, pois será a peça
fundamental quando se for analisar o investimento. A planilha completa do fluxo
de caixa pode ser vista no Apêndice C.

10.6 PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIDO DE RESULTADO DO EXERCICIO

Com a realização do demonstrativo do resultado do exercício é possível


verificar a situação econômica do negócio Apêndice D.
Com os dados obtidos anteriormente é possível verificar a situação
econômica projetada. Através da demonstração de resultado de exercício
verifica-se que em função do investimento inicial somente o ano zero
apresentou resultado negativo. O ano 1 foi caracterizado por uma distorção dos
fluxos devido a venda dos animais em estágio avançado já existentes na
propriedade. Nos demais períodos o lucro se faz presente com uma margem
líquida sobre o faturamento 24,12%, nos ano 2, chegando a 28,37% no ano 10.
Fazendo uma análise vertical Apêndice D verificamos que no ano 2,
59,17% da receita bruta fica comprometida com o custo de mercadoria vendida,
e 7,55% com todas as despesas envolvidas. Mesmo com a evolução e
aprimoramento do processo produtivo ao longo dos anos, gerando incrementos
nos quilos dos animais voltados a venda, esses percentuais reduzem
levemente. A partir do quarto ano, entramos em uma estabilidade econômica,
onde 53,79% da receita bruta fica retida nos compromissos financeiros
atrelados ao custo da mercadoria vendida e em contrapartida, 7,07%
correspondem as despesas necessárias para manter o negócio. Os impostos,
por serem proporcionais ao volume do faturamento, seguem uma tendência
contrária, e crescem percentualmente ao longo dos anos. A redução da
participação percentual desses dois itens é gerada pelo crescimento de 10% da

117
receita bruta e demonstra, por conseqüência, que há uma geração maior de
lucro.

Gráfico 3. Alocação da Receita Bruta do Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir do ano quarto, há uma estabilidade financeira, já que há


limitações da área funcional, ou seja, não há mais como aumentar o rebanho,
além disso, há maximização da capacidade de obtenção de peso nos animais.
Esses dois fatores seriam responsáveis por um aumento da receita. Em
contrapartida, neste momento, os custos, despesas e impostos também foram
otimizados a ponto de não haver possibilidades visíveis de redução a não ser o
item referente ao pagamento do pró-labore do proprietário, inserido nas
despesas administrativas. O valor utilizado foi o que o diretor do negócio
considerou justo para remunerar as suas atividades, entretanto, percebe-se
nesse item uma possibilidade de redução, tornando a atividade ainda mais
lucrativa.

118
10.7 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA

Com o intuito tornar os dois projetos analisados comparáveis entre si,


para análise da viabilidade econômico-financeira no projeto 2 foram utilizados
os mesmos parâmetros referenciados no item 9.6, projeto 1: a taxa mínima de
atratividade de 9,5%, taxa básica de juros atual, acrescido de um prêmio pelo
risco de 5%, condizente com a atividade desenvolvida no negócio.

10.7.1 Valor Presente Líquido (VPL)

Quando descontados os fluxos de caixa utilizando a taxa mínima de


atratividade de 14,5%, soma-se todas as entradas e saídas para chegar ao
valor presente líquido do investimento. No projeto 2 foi encontrado um VPL de
R$965.551,82, conforme tabela abaixo:

Tabela 40. Valor Presente Liquido do Investimento do Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

119
Neste caso, conclui-se que o projeto é viável economicamente quando
utilizado o método do valor presente líquido para análise de investimento. O
resultado obtido pode também ser apresentado como o montante financeiro no
qual a empresa irá agregar de valor ao seu patrimônio, se escolhido esse
projeto. Na tabela 39 é possível visualizar o fluxo de caixa e o fluxo de caixa
descontado ao valor presente.

10.7.2 Taxa Interna de Retorno (TIR)

É a taxa para igualar o valor de um investimento (valor presente) com os


seus respectivos retornos futuros ou saldos de caixa, ou seja, busca-se o valor
presente nulo. Em análise de investimento significa a taxa de retorno de um
projeto.
Os fluxos gerados para o projeto 2 podem ser melhor percebidos na
tabela 40.

Tabela 41. Taxa Interna de Retorno do Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

120
No projeto em análise a taxa interna de retorno encontrada foi
212,60%a.a. Nota-se que supera a taxa mínima de atratividade proposta para
esse projeto, 14,50%a.a. Neste caso considera-se que esse empreendimento é
viável economicamente quando utilizado esse método de análise de
investimento.
No gráfico abaixo é possível visualizar que quando a curva ultrapassa o
eixo da taxa interna de retorno o valor presente líquido é zero e a taxa
sinalizada indica a taxa interna de retorno encontrada.

Gráfico 4. VPL em função da TIR do Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Apesar de uma forte preferência acadêmica pelo VPL, enquanto método


de análise de investimento, alguns indicam que executivos preferem a TIR ao
invés do VPL. Aparentemente os investidores acham intuitivamente mais
atraente para avaliar investimentos em taxas percentuais ao invés dos valores
monetários do VPL.
Nesse trabalho, para encontrar o melhor projeto, serão confrontados os
resultados de todos os métodos de avaliação, sem evidenciar nenhum deles.

121
10.7.3 Payback Descontado

O cálculo do payback tem como objetivo revelar em quanto tempo o


capital investido retorna ao valor inicial. Para tornar análise mais eficaz é
preciso trazer para valores presentes os fluxos de caixa projetados. A taxa
utilizada para o desconto foi a taxa mínima prevista para esse projeto, 14,5%.
Após realizar o desconto dos fluxos, já se torna possível calcular o
payback do projeto, expresso em anos e meses.

Tabela 42. Payback Descontado do Projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

É possível observar que o capital investido retorna em 1 ano e 3 meses.


Levando em consideração o montante aplicado, o período do payback pode ser
considerado baixo. No entanto, deve-se atender ao ramo de atividade do
projeto, pois esse fator pode expressar uma característica para esse tipo de
aplicação.

122
10.8 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

Assim como no projeto 1, faz-se necessário mensurar os riscos atrelados


às possíveis alterações dos números considerados nesse estudo. Analisar-se-á
o efeito gerado através das variações percebidas no VPL. Quanto mais volátil
se apresentar o VPL, mais arriscado é considerado o negocio já que variações
percentuais para baixo podem levar a inviabilidade do projeto.
Pelos mesmos motivos levantados no projeto anterior, será alterado em
5%, 10% e 15% o preço de venda por quilo do novilho e o peso por animal. A
sensibilidade percebida após essa flexão é apresentada abaixo.

Tabela 43. Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal.
Fonte: Elaborado pelo autor.

Se flexionar-se o preço de venda ou o peso dos animais em quinze


pontos percentuais, gera-se um impacto financeiro de 49% no valor presente
líquido esperado pelo projeto. Esse é o risco atrelado ao projeto do ponto de
vista da variação desses dois fatores, que são os componentes diretos da
receita e, portanto, do sucesso do negócio.

123
11. ANÁLISE DOS PROJETOS DE INVESTIMENTOS

Análise de investimentos pode ser descrita como um conjunto de


técnicas que permitem a comparação entre os resultados de tomada de
decisões referentes a alternativas diferentes de investimento.
Neste trabalho compararam-se dois processos de produção de bovinos
corte para terminação. Duas propostas de investimento divididas em: projeto 1
e projeto 2.
Antes de avaliarmos os dois projetos do ponto de vista financeiro, serão
expostas algumas diferenças operacionais dos modelos levantados para que se
possa comparar de maneira eficaz cada um deles.

Tabela 44. Comparação entre os projetos 1 e 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Na tabela 44 é possível perceber as diferenças geradas pela escolha de


sistemas de produção diferentes. A área total da fazenda foi utilizada em
ambos, porém, àquela destinada a implementação do PRR, responsável
diretamente pelo engorde dos bois, principal receita da propriedade, foi o dobro
no sistema de engorda. Nesse sistema, a maximização do resultado pode ser
percebido no número médio anual de bois gordos destinados à venda e, por
conseqüência, dos quilos.

124
Uma importante diferença entre os dois modelos foi o valor do
investimento inicial, justificado pela necessidade, no projeto 2, de ampliar-se a
área de implementação do PRR e principalmente, pelo desembolso financeiro
inicial na compra de terneiros. Percebe-se portanto, com o auxilio da tabela,
que no projeto 2 houve um dispêndio financeiro maior mas que, pela sua
eficiente utilização de recursos, gerou retornos superiores ao primeiro projeto.
Outro ponto a ser enfatizado é a ociosidade de animais destinados a receita no
projeto 1. Cerca de 50% dos animais totais que nasciam anualmente, não
participavam do PRR e sim eram destinados a formação das matrizes, não
gerando receita imediata e maximizada para a propriedade.
Então, a diferença a mais de lucro que o sistema de engorda proporciona
à Fazenda Rincão da Figueira evidencia este para a tomada de decisão do
gestor.
Após esta análise de comparação dos projetos, cabe agora confrontar os
resultados encontrados nos diferentes métodos para avaliação do investimento,
elegendo qual será mais rentável e oportuno para a Fazenda rincão da
Figueira.
Os métodos de avaliação de investimentos calculados anteriormente,
foram sumarizados e confrontados para que se possa ter uma visão mais crítica
dos resultados obtidos.

Tabela 45. Métodos de avaliação de investimento: projeto 1 x projeto 2.


Fonte: Elaborado pelo autor.

Com base na revisão teórica já citada, ao analisar os resultados


apresentados na tabela 45 pode-se concluir que ambos os projetos são viáveis
financeiramente, atendendo, portanto, às hipóteses C e D expostas na
metodologia, p. 55. Isso pelo fato de o valor presente líquido dos projetos

125
apresentar a soma dos seus fluxos de caixa maior que zero; a taxa interna de
retorno, em ambos os projetos, assumir um valor superior à taxa mínima de
atratividade considerada de 14,50%; e o payback expresso se dá em um
período aceitável para projetos agrícolas que possuem longos anos de vida útil.
Diante de tal situação, qual é o projeto é o projeto mais recomendável?
O valor presente líquido dos dois projetos é suficiente para cobrir seus
riscos e ainda gerar sobras de caixa. Porém, para que se possa atender ao
objetivo da organização de maximização do valor gerado pela sua atividade,
devemos selecionar aquele projeto que apresentar o maior VPL. De acordo
com esse indicador, portanto, o projeto escolhido seria o número 2, àquele no
qual se trata somente da fase de engorda dos bovinos para terminação.
A taxa interna de retorno (TIR) pode ser usada tanto para analisar a
dimensão de retorno do investimento como também para analisar a dimensão
do risco. Na dimensão de remuneração do capital investido, pode ser
interpretada como um limite superior para a rentabilidade de um projeto de
investimento, ou seja, quando resultar em uma taxa maior que a TMA significa
que há mais ganho investindo-se nesse projeto do que naquele que remunera à
taxa mínima de atratividade.
Sendo a TIR um indicador de rentabilidade, quanto maior for essa taxa,
mais rápido será o retorno desse investimento. Neste caso, estamos exigindo
uma taxa de 14,50%% para ambos os projetos, sendo que a taxa de retorno
encontrada é de 87,39% e 212,60% respectivamente. Voltando ao aspecto de
maximização de riquezas, ou seja, mais rentabilidade em menor tempo, a maior
remuneração do capital investido seria obtido com o projeto 2.
Mesmo possuindo fluxos de caixa não convencionais, a regra do VPL e
da TIR levou a decisões idênticas de aceitação. Todavia, por serem projetos
mutuamente excludentes não sobram dúvidas em relação a aceitação do
projeto 2 perante o 1.
Em relação ao payback, que representa o tempo necessário para a
recuperação do investimento, também pode ser interpretado como uma medida
de risco. Quanto maior o período de tempo para se recuperar o capital
investido, maior o risco do projeto. Considerando tal conceito, o projeto 1, de

126
cria, recria e engorde de bovinos, retorna o investimento em 1 ano e 7 meses,
enquanto o projeto 2, somente o engorde de bois para terminação, retorna em 1
ano e 4 meses. Sendo assim, o projeto mais recomendável do ponto de vista do
payback é o que sinaliza menos tempo para o retorno do capital investido.
Mesmo os dois projetos indicando períodos muito próximos, o mais
recomendável do ponto de vista desse método é o projeto 2.
Na análise de sensibilidade, quando analisado o percentual de variação
do VPL gerado pelas alterações no preço por quilo de boi e no peso por animal
, percebe-se que o projeto 1, de cria, recria e engorda, mostra-se mais exposto
ao risco. Isso justifica-se pelo fato que ao aplicarmos uma redução de 15% no
preço do quilo do boi, o VPL responde com uma variação de 71%, ou seja,
mostra-se bastante sensível, embora ainda apresentar um valor presente
líquido positivo. No projeto em que se avalia somente o processo de engorda
de bovinos, considerando a escala de variação aplicada ao preço por quilo,
percebe-se uma variação de 49% do VPL, indicando que este é menos sensível
que aquele. Por fim, verifica-se que mesmo quando expostos às variações
propostas, os projetos continuam cobrindo os custos, os riscos e ainda gerando
lucro para a operação.
Diante dessas análises, a hipótese constatada é de que os dois projetos
são viáveis financeiramente, sendo o sistema 2 é mais recomendável que a
cria, recria e engorda. Sendo assim, esse é o projeto mais adequado
econômica e financeiramente para contribuir com a atividade exploratória da
Fazenda Rincão da Figueira. Essa escolha proporcionará o sucesso da
empresa e a maximização dos lucros.

127
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve por objetivo analisar a viabilidade de


investimento em dois métodos produtivos de bovinos de corte. Foram
considerados o maior número de fatores possíveis, alocados de maneira
otimizada, a fim de os resultados apresentados refletissem a realidade, e a
aplicação de um deles se tornasse possível.
Para isso, foi necessária a realização de diversas visitas à propriedade,
entrevistas com o gestor, pesquisas e coletas de dados de inúmeras naturezas.
Esses dados geraram as projeções financeiras que embasaram a definição do
projeto mais adequado para ser implementado na exploração da atividade
econômica da Fazenda Rincão da Figueira.
Ficou claro que para a produção de bovinos de corte nos 500 ha da
propriedade, os dois sistema abordados, segundo os critérios de avaliação de
investimentos utilizados no trabalho, são viáveis. No entanto, aquele em que se
compra o terneiro para engordá-lo, apresentado como projeto 2, mostrou-se
mais adequado. Pois o potencial de geração de lucro deste supera os
investimentos iniciais necessários, resultando em uma lucratividade para o
empreendimento bem superior ao outro projeto. O processo de engorda
realizado em 480 ha, aliado ao menor tempo em que o boi permanece na
propriedade, 18 meses, foi determinante para o sucesso do investimento.
Sendo assim, os objetivos específicos propostos neste trabalho foram
atingidos possibilitando que o objetivo geral, analisar a viabilidade econômico-
financeira das duas possibilidades de investimentos, fosse também alcançado.
Além de servir para a acuracidade na tomada de decisão por parte do
proprietário, esse trabalho também servirá como ferramenta financeira do dia-a-
dia da empresa. As projeções realizadas servirão como metas a serem
atingidas sendo que, de acordo com os eventos que podem ocorrer na vida
real, os dados podem ser atualizados, proporcionando um maior controle dos
riscos, amenizando seus impactos e melhorando a performance financeira do
negócio.

128
Em relação, ao sistema de produção cria, recria e engorda, já utilizado
na propriedade rural estudada, os estudos demonstraram que este método de
produção é viável. Todavia, os recursos utilizados não são alocados da melhor
maneira, tornando os lucros menores e o projeto menos atraente. O principal
fator desta determinante foi a área destinada a animas responsáveis somente
pela reprodução, ou seja, que não geram receita direta para o negócio. Outro
fator, foi o tempo gasto para que o animal produzido na propriedade esteja
pronto para ser comercializado, 36 meses, o dobro do projeto em comparação.
Como sugestão de trabalhos nessa área, portanto, seria o levantamento de
todos os métodos de exploração da bovinocultura de corte aplicáveis ao Rio
Grande do Sul, como a inseminação artificial, a fim de auxiliar os produtores
rurais a tomar a decisão sobre a melhor maneira de explorar as suas
propriedades.
Para finalizar, fica o aprendizado de que no agronegócio, assim como em
outras áreas, o levantamento e controle minucioso de todos os custos
envolvidos na operação são fundamentais para que as decisões possam ser
tomadas de forma a atingir os melhores resultados econômicos
Portanto, por gerar informações suficientes que auxiliarão os gestores da
Fazenda Rincão da Figueira a avaliar o melhor caminho a seguir, contribuindo
para um processo de decisão de investimentos mais claro e confiável, o estudo
alcançou seu objetivo.

129
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134
APÊNDICES

135
APÊNDICE A – PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DO PROJETO 1

136
APÊNDICE B – PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIVO DO RESULTADO
DE EXERCÍCIO DO PROJETO 1

137
APÊNDICE C – PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DO PROJETO 2

138
APÊNDICE D – PROJEÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO DO PROJETO 2

139
ANEXOS

140
ANEXO 1 – MAPEAMENTO POR GPS DA ÁREA DA FAZENDA RINCÃO DA
FIGUEIRA

141

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