Analise Econ - Financeita Fazenda Rincão Da Figueira
Analise Econ - Financeita Fazenda Rincão Da Figueira
Analise Econ - Financeita Fazenda Rincão Da Figueira
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS (DCA)
COMISSÃO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (COMGRAD)
Análise econômico-financeira da
Fazenda Rincão da Figueira
Porto Alegre
2010
Leonardo Prado Dutra
Análise econômico-financeira da
Fazenda Rincão da Figueira
Porto Alegre
2010
2
Leonardo Prado Dutra
Análise econômico-financeira da
Fazenda Rincão da Figueira
Conceito final:
BANCA EXAMINADORA
______________________________________
______________________________________
______________________________________
3
AGRADECIMENTOS
4
RESUMO
5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
6
LISTA DE TABELAS
7
Tabela 31 - Tamanho do rebanho .................................................................. 106
Tabela 32 - Projeção da capacidade produtiva .............................................. 107
Tabela 33 - Planejamento de Produção ......................................................... 109
Tabela 34 - Planejamento de Estoques ......................................................... 110
Tabela 35 - Planejamento de Mão-de-Obra Direta ........................................ 111
Tabela 36 - Planejamento de Custos Indiretos .............................................. 112
Tabela 37 - Compra anual de bovinos ........................................................... 112
Tabela 38 - Planejamento de Despesas ........................................................ 114
Tabela 39 - Planejamento de Impostos .......................................................... 115
Tabela 40 - Valor Presente Liquido do Investimento do Projeto 2 ................. 119
Tabela 41 - Taxa Interna de Retorno do Projeto 2 ......................................... 120
Tabela 42 - Payback Descontado do Projeto 2 .............................................. 122
Tabela 43 - Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal
......................................................................................................................... 123
Tabela 44 - Comparação entre os projetos 1 e 2 ........................................... 124
Tabela 45 - Métodos de avaliação de investimento: projeto 1 x projeto 2 ..... 125
8
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 13
1. DEFINIÇÃO DO TEMA .............................................................................. 15
1. JUSTIFICATIVAS ...................................................................................... 18
2. OBJETIVOS ............................................................................................... 20
4.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................. 20
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 20
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 21
5.1 O EMPREENDEDORISMO ..................................................................... 21
5.2 O AGRONEGÓCIO ................................................................................. 23
5.3 A ATIVIDADE DE BOVINOCULTURA .................................................... 24
5.3.1 Os segmentos de criação .................................................................. 25
5.3.2 Os sistemas de produção .................................................................. 25
5.4 GESTÃO FINANCEIRA ........................................................................... 29
5.5 DECISÕES FINANCEIRAS ..................................................................... 30
5.6 ORÇAMENTO OPERACIONAL .............................................................. 31
5.6.1 Planejamento de Vendas .................................................................. 31
5.6.1.1 Previsão de Vendas .................................................................... 32
5.6.1.2 Preço .......................................................................................... 33
5.6.2 Planejamento de Produção ............................................................... 34
5.6.3 Planejamento de Estoques................................................................ 35
5.6.4 Planejamento de Mão-de-obra Direta................................................ 36
5.6.5 Planejamento dos Custos Indiretos de Produção .............................. 37
5.6.6 Planejamento de Despesas de Vendas............................................. 37
5.6.7 Planejamento de Despesas Administrativas ..................................... 38
5.6.8 Despesas Tributárias......................................................................... 38
5.6.9 Despesas Financeiras ....................................................................... 41
5.7 ORÇAMENTO FINANCEIRO .................................................................. 42
5.7.1 Fluxo de Caixa .................................................................................. 42
5.7.2 Orçamento de Caixa.......................................................................... 43
5.7.2.1 Investimento Inicial ..................................................................... 45
5.7.2.2 Saldo Inicial de Caixa ................................................................. 45
5.8 DRE PROJETADO .................................................................................. 46
5.9 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO ............................... 46
5.9.1 Método do Payback ........................................................................... 48
5.9.2 Valor Presente Líquido ...................................................................... 49
5.9.3 Taxa Interna de Retorno .................................................................... 49
10
5.10 RISCO.................................................................................................... 50
5.10.1 Análise de Sensibilidade ................................................................. 51
4. METODOLOGIA ........................................................................................ 53
5. ANÁLISE DO MERCADO .......................................................................... 56
6. O NEGÓCIO ATUAL DA FAZENDA RINCÃO DA FIGUEIRA .................. 58
7. PROJETO UM: CRIA, RECRIA E ENGORDA .......................................... 61
9.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO ..................................................................... 62
9.1.1 Cria .................................................................................................... 63
9.1.2 Recria e Engorda .............................................................................. 63
9.2 INVESTIMENTO INICIAL ........................................................................ 64
9.2.1 Melhoramento da Pastagem: ............................................................ 65
9.2.2 Implementação do sistema de Pastoreio Rotativo Racional (PRR): .. 67
9.2.3 Capital de Giro .................................................................................. 69
9.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL ........................................................ 71
9.3.1 Planejamento de vendas ................................................................... 71
9.3.1.1 Previsão de Vendas .................................................................... 72
9.3.1.2 Preço .......................................................................................... 77
9.3.2 Planejamento de Produção ............................................................... 79
9.3.2.1 Estoques ..................................................................................... 80
9.3.2.2 Mão-de-obra Direta ..................................................................... 81
9.3.2.3 Custos Indiretos de Produção ..................................................... 82
9.3.3 Planejamento de Despesas ............................................................... 83
9.3.4 Impostos ............................................................................................ 84
9.4 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ....................................................... 85
9.5 PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIVO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO
....................................................................................................................... 85
9.6 ANÁLISES ECONÔMICO-FINANCEIRAS .............................................. 87
9.6.1 Valor Presente Líquido ...................................................................... 87
9.6.2 Taxa Interna de Retorno.................................................................... 88
9.6.3 Payback Descontado......................................................................... 90
9.7 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ............................................................... 90
8. PROJETO DOIS: ENGORDA .................................................................... 93
10.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO ................................................................... 94
10.1.1 Engorda ........................................................................................... 95
10.2 INVESTIMENTO INICIAL ...................................................................... 96
10.2.1 Melhoramento da Pastagem Nativa: ............................................... 97
10.2.2 Implementação do sistema de Pastoreio Rotativo Racional (PRR) . 98
10.2.3 Aquisição de terneiros em leilões .................................................. 100
10.2.4 Capital de Giro: ............................................................................. 101
10.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL .................................................... 102
10.3.1 Planejamento de vendas ............................................................... 103
10.3.1.1 Previsão de Vendas ................................................................ 104
11
10.3.1.2 Preço ...................................................................................... 107
10.3.2 Planejamento de Produção ........................................................... 109
10.3.2.1 Estoques ................................................................................. 109
10.3.2.2 Mão-de-obra Direta ................................................................. 110
10.3.2.3 Custos Indiretos de Produção ................................................. 111
10.3.3 Planejamento de Despesas ........................................................... 113
10.4 IMPOSTOS .......................................................................................... 114
10.5 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA ................................................... 116
10.6 PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIDO DE RESULTADO DO EXERCICIO
..................................................................................................................... 117
10.7 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA............................................... 119
10.7.1 Valor Presente Líquido (VPL) ........................................................ 119
10.7.2 Taxa Interna de Retorno (TIR) ...................................................... 120
10.7.3 Payback Descontado..................................................................... 122
10.8 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ........................................................... 123
9. ANÁLISE DOS PROJETOS DE INVESTIMENTOS ................................ 124
10. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................. 128
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 130
APÊNDICES.................................................................................................... 135
ANEXOS ......................................................................................................... 140
12
1. INTRODUÇÃO
13
Os novos padrões de produção de gado de corte associados a mercados
de produtos e insumos cada vez mais competitivos levaram a um incremento
nos custos de produção. Dessa forma, a redução da lucratividade do setor de
agropecuária tornou-se um fator de seleção natural para aqueles produtores
mais eficientes. Para se manter na atividade, o pecuarista tem que reestruturar
seus métodos de produção. Neste cenário, a atividade agropecuária tem
passado por uma mudança cultural quanto à visão empresarial dos pecuaristas
em todo o território nacional. Assim, tem-se notado a necessidade de que as
decisões dentro dos sistemas de produção sejam calcadas em informações
cada vez mais precisas quanto ao uso de fatores produtivos e seus respectivos
preços.
Em função desse contexto, foi identificada a necessidade de mensurar o
desempenho econômico-financeiro da Fazenda Rincão da Figueira, assim
como projetar o sucesso vindouro do negócio, que possui como essência, a
criação de bovinos de corte voltada ao abastecimento da indústria nacional de
carnes.
Para isso, serão utilizados métodos de análise financeira e de
investimentos a fim de apontar, dentre dois projetos de melhoria da atividade
produtiva da propriedade, àquele mais viável para ser aplicado pelo gestor.
14
2. DEFINIÇÃO DO TEMA
15
No cenário do aumento de competição no setor do agronegócio e busca
por eficiência técnica e econômica nos negócios da pecuária, o aprimoramento
das técnicas gerenciais das propriedades rurais apresenta-se como uma
possibilidade de se alcançar sucesso na atividade. Esses aprimoramentos
podem ser obtidos pela associação de técnicas de avaliação econômica
tradicionais às ferramentas gerenciais.
A necessidade da análise econômica da atividade é extremamente
importante, pois, por meio dela, o produtor passa a conhecer com detalhes e a
utilizar, de maneira inteligente e econômica, os fatores de produção (terra,
trabalho e capital). Dessa forma, localiza os pontos de estrangulamento, para
depois concentrar esforços gerenciais e tecnológicos, para obter sucesso na
sua atividade e atingir os seus objetivos de maximização de lucros ou
minimização de custos.
Neste contexto, pretende-se analisar a viabilidade econômico-financeira
de dois sistemas de criação e terminação de bovinos de corte: a aquisição do
terneiro1, para engorda e posterior venda chamado de recria2; e a cria3, no qual
se produz o terneiro através de vacas matrizes e touros reprodutores.
Esses dois sistemas escolhidos para serem analisados estão entre os
mais praticados na região em que se situa a Fazenda Rincão da Figueira. Não
há uma predominância ou preferência de um ou outro, o que basicamente os
distingue é que no primeiro sistema citado é feita a aquisição do novilho em
feiras ou leilões, colocado em pastagem para ser engordado e depois
comercializado; ao passo que no segundo método é necessário ter uma vaca
matriz e um touro para fazer o cruzamento e gerar o bezerro que,
posteriormente será engordado no pasto.
Os dois sistemas serão apresentados como projetos independentes, no
qual serão expostas as principais diferenças entre eles, desde a análise do
1
Também conhecido por bezerro, bovino entre zero e seis meses de vida que ainda é
amamentado pela vaca.
2
Sistema de produção em que os terneiros recém desmamados são comprados e revendidos
como novilhos (entre 18 e 24 meses de idade).
3
Sistema de produção com vacas matrizes e touros reprodutores para formação de terneiros,
podendo utilizar inseminação artificial.
16
investimento inicial, análise de custos, projeção de receitas e despesas, e
análise de ganho de eficiência da produtividade.
17
3. JUSTIFICATIVAS
18
falta de controle sobre as receitas e despesas da Fazenda dificulta o
planejamento e a tomada de decisão dos administradores.
Hoje, sabe-se que a atividade desenvolvida não apresenta bons
resultados. O gestor acredita que as técnicas utilizadas nos processos
produtivos, atrelado ao mau gerenciamento das finanças, estão diminuindo a
competitividade da Fazenda.
Com base nessas questões foi identificada a necessidade de mensurar
os investimentos feitos, assim como planejar e controlar os investimentos para
a implementação de mudanças. A necessidade em gerar todos os dados
financeiros do negócio para auxiliar na tomada de decisão por parte dos
administradores é visto como uma das razões para a realização desse estudo.
Para a escolha mais acurada do projeto, é necessário conhecer todos os
fatores que envolvem o negócio, para então utilizar-se de ferramentas de
análise financeira que aceitem ou rejeitem o investimento. Faz-se
indispensável, então, avistar quais os recursos necessários a serem
empregados e as receitas e as despesas operacionais, que constituirão as
informações financeiras para embasar a tomada de decisão.
Para finalizar, como argumenta Peter Drucker (2003), a administração
deve colocar o desempenho econômico em primeiro lugar, pois uma empresa
só justifica a sua existência mediante os resultados econômicos que produz
independente dos demais resultados que obtiver.
Portanto, com o intuito de recolocar a Fazenda Rincão da Figueira em
níveis competitivos no mercado em que atua, busca-se, nesse trabalho
responder a seguinte pergunta: qual é o projeto mais recomendável para a
Fazenda Rincão da Figueira do ponto de vista econômico-financeiro: comprar o
novilho e engordá-lo ou produzi-lo dentro da propriedade, através do sistema
criação, aquele no qual utiliza-se vacas matrizes e touros reprodutores?
19
4. OBJETIVOS
20
5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
5.1 O EMPREENDEDORISMO
21
Analisando esse contexto, pode-se dizer que o empreendedor é aquele
responsável pelo movimento de crescimento econômico, pois assumindo o
papel de inovador acaba por renovar, transformar e criar novas oportunidades
de negócios.
Quando faz-se referência ao perfil empreendedor, pode-se afirmar que
este é um ser social, sendo produto do meio em que vive (Dolabela, 2006).
Existem países que são mais ou menos empreendedores, dependendo muito
da visão positiva ou negativa com que as perspectivas são desejadas pela
sociedade.
No Brasil o empreendedorismo não é algo novo, pois pode-se afirmar
que os colonizadores lusitanos eram empreendedores, e os frutos dos seus
empreendimentos foram relatados nos primeiros engenhos de açúcar
construídos na época. Todavia, o empreendedorismo é fruto do capitalismo,
visto que para o sucesso daquele faz-se necessário algumas prerrogativas
como: o livre direito de acumular capital, e a liberdade individual de todo
cidadão.
Destaca-se as seguintes características do empreendedor Dolabela
(2006):
a) São influenciadores ou possuem um modelo a ser seguido;
b) Possuem autonomia, autoconfiança, otimismo e necessidade de
realização;
c) Normalmente trabalham sozinhos, têm perseverança e
tenacidade;
d) Aprendem com os erros, tendo grande energia, sendo
trabalhadores incansáveis;
e) Fixam metas a serem alcançadas e lutam contra padrões
impostos, diferenciando-se dos outros;
f) Tem forte intuição e alto comprometimento;
g) Criam situações a fim de ter o feedback;
h) Sabem buscar, utilizar e controlar recursos;
i) São idealistas e sonhadores;
22
j) São líderes naturais, criando relacionamentos próprios com os
seus subalternos;
k) São orientados pelos resultados no longo prazo;
l) Conhecem bem o seu ramo de atuação, definindo o que devem
aprender para realizar seus projetos;
m) Não são aventureiros, correm riscos calculados.
Nesse sentido busca-se a relação dessas características atreladas ao
produtor rural, fomentador do agronegócio.
5.2 O AGRONEGÓCIO
23
No entanto, a dependência brasileira das commodities4 agrícolas
sempre deixou o mercado bastante vulnerável a crises internacionais. Segundo
Varian (2006), a maior oferta de um mesmo produto faz com que o preço de
mercado venha a diminuir, buscando seu ponto de equilíbrio. Fato corriqueiro
no agronegócio brasileiro.
Na atividade de bovinocultura, forte representante do agronegócio
brasileiro, não é diferente. As variações dos preços causadas por oscilações na
oferta e demanda do produto são os grandes vilões para o produtor. Por este
motivo faz-se presente a importância da profissionalização do homem rural,
pois passa a ser necessária a precisão na apuração dos custos envolvidos em
todo o processo produtivo, porque assim conseguem ajustar gargalos na
produção, conseqüentemente reduzir custo e melhorar preços.
4
Commodities são produtos básicos, homogêneos e de amplo consumo, que podem ser
produzidos e negociados por uma ampla gama de empresas. Podem ser produtos
agropecuários, oi como boi gordo, soja, café, minerais como ouro, prata, petróleo e platina;
como as moedas mais requisitadas (dólar e euro), ações de grandes empresas, títulos de
governos nacionais, etc.
24
sanitárias de manejo e cultivo de pastagens também foram acrescentadas. A
criação de padrões raciais foi se difundindo, propiciando um aumento de
produção, tendo como pólo irradiador a Inglaterra.
A fim de um melhor entendimento da bovinocultura, alguns temas devem
ser abordados: o segmento de criação e os sistemas de produção.
25
Todavia, alguns produtores preferem ser especialistas; sendo então as
seguintes especialidades:
a) Criadores: são produtores que possuem vacas matrizes e
touros reprodutores, podendo utilizar inseminação artificial. O
produto do criador corresponde a terneiros para serem vendidos
a outros produtores;
b) Recriadores: corresponde aos produtores que compram
terneiros após o desmame, revendendo-os como novilhos ( com
idade de 18 a 24 meses);
c) Engordadores: consiste naqueles produtores que compram
novilhos e fazem a sua terminação ou engorde do animal para
abate.
Para Santos (2001), as etapas envolvidas na criação de bovinos
requerem manejos diferenciados, porém todas elas estão fortemente
relacionadas, pois o resultado de cada uma depende da tomada de decisão do
produtor rural no que diz respeito ao descarte, à engorda, às matrizes e às
novilhas para reposição.
No processo de cria o produtor visa à produção de bezerros
desmamados, sendo que, para isso, ele deve dispor de um sistema de manejo
adequado. E ainda, para complementar deve dispor de boas condições
ambientais, assim como uma assistência, tecnologias avanças e métodos
gerenciais eficientes.
26
Já no sistema de recria, o produtor visa obter animais jovens, mas com
tamanho avantajado. Nesta etapa, o produtor se depara com diversas
possibilidades de negócios, pois com o animal já adquirindo um porte maior, é
possível encaminhá-lo para ser abatido como novilho precoce, terminar o
animal para vendê-lo adulto, negociá-lo em feira ou mantê-lo na propriedade
como matriz.
Resumindo, no sistema de recria será feita a seleção dos animais que no
futuro serão encaminhados para o sistema de cria ou engorde. No caso das
fêmeas, se em plena condições, ela será utilizada como matriz, caso seja
infértil, será destinada ao sistema de engorda para descarte. No caso dos
machos aqueles considerados com melhores características genéticas serão
selecionadas para virarem touros reprodutores. Em caso contrário, serão
castrados e encaminhados ao o sistema de engorde e serem vendidos para
abate.
O último processo, principal razão de existir de toda a cadeia de
produção bovina, consiste na engorda. O objetivo principal é a venda de
animais para abate em frigoríficos e matadouros, e nesta fase juntam-se aos
animais inicialmente reservados para tal fim, os descartados da cria e recria.
A figura a seguir ilustra de maneira clara a cadeia produtiva descrita
acima.
27
Interação entre os Sistemas de Produção e o Mercado
28
animais jovens e magros de outros produtores, conseguindo agregar mais valor
ao produto.
No trabalho em questão é relatada a atividade produtiva de uma
Fazenda localizada em uma região periférica do Brasil, que utiliza justamente o
método extensivo do uso da terra. No entanto, busca-se modernizar o processo
produtivo desse empreendimento rural através de uma gestão financeira
apurada. Portanto, analisar-se-á os projetos propostos, que procuram, via
aprimoramento dos métodos de produção, alocar a Fazenda em um outro elo
da cadeia produtiva de carnes, visando o melhor resultado econômico para
esta.
29
financeiros que oferecem sustentação ao negócio essencial. Assim, a análise
financeira fornece ferramentas que tornam flexíveis e corretas as decisões de
investimento, avaliando o momento apropriado e mais vantajoso.
Em última instância, pode haver um impacto econômico no negócio,
podendo torná-lo insustentável, não podendo dar continuidade ao seu
desenvolvimento.
30
operações e os investimentos da empresa, considerando o retorno
esperado pelos sócios.
31
empresa baseia-se nas estimativas de vendas. As vendas representam
a fonte básica de entrada de recursos monetários, os investimentos
adicionais em ativos imobilizados, o volume de despesas a ser
planejado, as necessidades de mão-de-obra, o nível de produção e
vários outros aspectos operacionais importantes dependem do
orçamento de vendas.
Segundo Tung (1983), a previsão das vendas pode ser definida como a
fixação prévia das vendas, em quantidade e em valor, tendo em conta as
limitações impostas à empresa e a ação desta sobre tais limitações.
Ao prever o número de unidades vendidas a empresa leva em
consideração questões mercadológicas no que tange o ambiente pretendido, a
clientela alvo e os concorrentes. Conforme Dolabela (2006), esses três pilares
representam a análise de mercado, primeiro passo do plano de marketing das
empresas.
32
Ao realizar a análise de mercado a empresa compreenderá melhor as
limitações que seu produto terá no mercado, de maneira quantitativa, ou seja,
quanto o mercado está disposto a absorver do produto em questão, e também
o valor percebido pelo público alvo, o que influenciará a política de preços da
empresa. Segundo Lunkes (2003, p. 42), “a primeira coisa a fazer quando
estabelecer o orçamento de vendas é definir os fatores limitadores ou
restrições”. Faz-se necessário um diagnóstico de seu ambiente interno e
externo, com a intenção de identificar os eventos que possam interferir nas
previsões de vendas da empresa.
Ainda como fatores do ambiente externo que influenciam a previsão de
vendas podem relacionar-se intervenções políticas, seja no nivelamento de
preços como legislações que de certa forma influenciam a política de vendas,
Para a realização da previsão de vendas são utilizados dados históricos
de vendas adicionados a dados estatísticos do mercado. Deve-se ter com
clareza o mix de produtos que serão ofertados e em que quantidade. Assim
sendo, deve ser monitorado o previsto com o realizado (vendido) para realizar
os ajustes necessários.
Após, juntando a previsão de vendas à política de preços praticada pela
organização, resulta na receita bruta de vendas. Um aspecto importante nessa
previsão é o levantamento de dados coerentes e confiáveis para uma previsão,
sendo que tal previsão, quando automatizada, seja obtida de forma direta e
confiável.
5.6.1.2 Preço
33
O método de custo concebe o preço de venda do produto baseado no
custo de produção de uma unidade. Para tal, é necessário, segundo Dolabela
(2006), que o empreendedor tenha uma noção precisa da sua estrutura de
custos. A determinação dos custos pode indicar também se a empresa tem ou
não condições de penetrar no mercado.
A utilização do método da concorrência baseia-se na análise da
concorrência buscando estudar os preços praticados pelos mesmos. Através
dessa análise, é extraído o preço de mercado médio, que norteará o preço do
produto em questão. Durante essa análise pode ser constatado que, seus
custos de produção estão muito altos ou que, para uma inserção rápida no
mercado, as margens de lucro estipuladas pela empresa deverão sofrer
ajustes.
Braga (1995) faz referência a um terceiro método de precificação, Du
Pont. Para a aplicação desse método utilizada-se as seguintes variáveis no
cálculo: a taxa de retorno sobre o investimento, considerando a velocidade das
vendas desejada para o período orçado, mais os custos (fixos e variáveis)
unitários projetados e as despesas diretamente proporcionais ao preço de
venda finai como propaganda, publicidade, comissões de vendedores, fretes,
seguros, etc.
Para Zdanowicz (2003, p.153) “a política de precificação para a maioria
das empresas brasileiras é uma combinação dos métodos baseados nos custos
de compras e produção, comparativamente com os preços praticados pela
concorrência”.
34
Para Welsch (1996, p.127), “As quantidades exigidas pelo plano de
marketing ajustado em função das políticas de produção e estoques deverão
indicar os volumes a serem fabricados por produto e período”.
Com o término do planejamento de produção, passa a ser possível a
elaboração dos orçamentos de estoques (matérias-primas a serem usadas na
produção), da mão de obra necessária e custos indiretos de produção.
35
b) fixação das políticas de estoques em função das necessidades de
matérias-primas estimados na determinação das quantidades, da
conveniência de compras, da capacidade e dos custos de estocagem
da empresa, dos custos administrativos de compras e da natureza do
item;
c) determinação do custo estimado de matérias-primas necessárias à
produção, que inclui o preço de compra, mais o frete e as despesas
associadas à entrega do bem. Esta estimativa é das mais complexas,
em particular, para as empresas industriais, cujos preços oscilam
muito durante o ano.
Cumpre ressaltar que a complexidade de programar e controlar a
produção torna esses pontos os mais difíceis de serem cumpridos, visto que as
empresas possuem diversos produtos, com matérias diferentes, o que acaba
por dificultar a mensuração e avaliação destas.
36
necessário de mão-de-obra direta, o número de empregados exigidos, o custo
unitário de fabricação de cada produto, necessidades de fluxo de caixa e para
permitir o controle do trabalho realizado.
37
Tung (1983) complementa dizendo que no caso das despesas de vendas
é preciso levar em consideração as estratégias de neutralização das forças da
concorrência, ou a entrada de um novo produto no mercado,
conseqüentemente, ajustando um volume de despesas com publicidade e
distribuição adequadas.
38
comercializar a produção rural de terceiros, deverá se regularizar como pessoa
jurídica (empresa), não sendo mais considerado produtor rural.
Considerando tal conceito, está obrigado a apresentar a declaração de
IR o produtor rural que:
obteve, em qualquer mês, ganho de capital na alienação de bens ou
direitos, sujeito à incidência do imposto, ou realizou operações em
bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas;
obteve receita bruta em valor superior a R$ 86.075,40 (oitenta e seis mil
setenta e cinco reais e quarenta centavos);
pretenda compensar, no ano-calendário corrente ou posteriores,
prejuízos de anos-calendário anteriores ou do próprio ano-calendário do
ano corrente;
teve a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro, de bens ou direitos,
inclusive terra nua, de valor total superior a R$ 300.000,00 (trezentos mil
reais);
optou pela isenção do imposto sobre a renda incidente sobre o ganho de
capital auferido na venda de imóveis residenciais, cujo produto da venda
seja destinado à aplicação na aquisição de imóveis residenciais
localizados no País, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados da
celebração do contrato de venda, nos termos do art. 39 da Lei nº 11.196,
de 21 de novembro de 2005.
A vantagem que o produtor rural pessoa física tem neste caso é a
possibilidade de realizar a apuração do Imposto de Renda devido através do
livro-caixa da atividade rural. Por este regime, o contabilista do produtor rural irá
apurar a base de cálculo do Imposto de Renda através do lançamento das
receitas e despesas que tal produtor tiver com sua atividade, sendo que sobre o
saldo resultante dessa operação,será aplicada a alíquota do Imposto de Renda
Pessoa Física, encontrando-se então o valor do imposto devido.
De acordo com a Receita Federal, as alíquotas IRPF 2010 foram
prefixadas de acordo com os seguintes valores:
39
Até R$ 1.499,15 – Isento
De R$ 1.499,16 até R$ 2.246,75 – Alíquota: 7,5%
De R$ 2.246,76 até R$ 2.995,70 – Alíquota: 15%
De R$ 2.995,71 até R$ 3.743,19 – Alíquota: 22,5%
Acima de R$ 3.743,20 – Alíquota: 27,5%
40
engorda. A alíquota a ser paga pelo produtor rural pessoa física, representa
2,3% sobre o valor comercializado, sendo o recolhimento da obrigatoriedade
feito por meio da Guia da Previdência Social – GPS – utilizando o número de
Cadastro Específico do INSS – CEI.
41
Ressalta-se então, que a decisão em captar ou não recursos de terceiros
para investimentos deve ser tomada por àqueles responsáveis pelo orçamento
de investimentos, e portanto, esses recursos devem constar em despesas
financeiras.
42
A informação gerada pelo fluxo de caixa demonstra como serão as
entradas e saídas de recursos da empresa. É através deste fluxo financeiro que
as empresa planejam e tomam decisões importantes de investimentos,
financiamentos, distribuição de recursos, etc. fundamentais para a continuidade
das operações da organização.
Na projeção do fluxo de caixa, indica-se não apenas o valor dos
financiamentos que a empresa necessitará para desenvolver as suas
atividades, mas também quando ele será utilizado. Deve-se atentar para não
confundir o fluxo de caixa com os registros contábeis, pois o primeiro projeta o
futuro retratando a situação atual, ao passo que o segundo consolida fatos já
acontecidos.
O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de análise
e avaliação de uma empresa, proporcionando ao administrador uma visão
futura dos recursos financeiros da empresa, integrando o caixa central, as
contas correntes em bancos, contas de aplicações, receitas, despesas e as
previsões. As decisões relacionadas à compra, venda, investimentos, aportes
de capital pelos sócios, captação ou pagamento de empréstimos e
desinvestimentos, constituem um fluxo contínuo entre as fontes geradoras e as
utilizadoras de recursos. Deve e pode ser utilizado por empresas de qualquer
porte, dado a sua importância e simplicidade.
43
Para Assaf Neto e Silva (2002) o aspecto mais importante de uma
decisão de investimento está centrado no dimensionamento dos fluxos
previstos de caixa a serem gerados pelas propostas em análise.
Segundo Ross e Westerfield (2002), quando se começa a avaliar uma
proposta de investimento é necessário um conjunto de demonstrações
contábeis projetadas. A partir de então é possível projetar o fluxos de caixa
para o projeto. Uma vez que concluída essa projeção do fluxos de caixa, já é
possível estimar o valor do projeto.
Vale destacar ainda que, para decisões de investimentos devem ser
utilizados fluxos de caixa operacionais incrementais. O mesmo autor explica
que custos irrecuperáveis devem ser ignorados e que tanto custos de
oportunidade quanto efeitos colaterais devem ser levados em conta. Deve ser
considerado somente as variações nos fluxos de caixa da empresa que
ocorreram quando da aceitação do projeto.
Um fator importante na preparação do orçamento são os pagamentos
efetuados pela empresa no período do planejamento financeiro. Os
pagamentos mais importantes são as compras à vista, salários, pagamentos de
impostos, pagamento de empréstimos, aquisição de equipamentos, entre
outros. Para isso, faz-se necessário a elaboração de outros orçamentos
auxiliares, por exemplo, de contas a pagar, contas a receber, aplicações e
empréstimos.
Para Gitman (1997), o orçamento de caixa será estruturado, com base
nos seguintes cálculos:
44
5.7.2.1 Investimento Inicial
45
5.8 DRE PROJETADO
46
Conforme Zdanowicz (1998), toda a alternativa de investimento deve ser
analisada, em sua viabilidade econômico-financeira, através de um fluxo de
caixa descontado, considerando-se os futuros ingressos e desembolsos e
recursos.
Wili Dal Zot (2006) coloca os métodos abaixo para análise de projetos de
investimento:
Valor Presente Líquido (VPL)
47
5.9.1 Método do Payback
48
5.9.2 Valor Presente Líquido
49
negócio, ou seja, é a taxa de retorno que o empreendimento deverá oferecer, e
que quando utilizada como taxa de desconto, resulta em valor presente líquido
igual a zero.
Se a taxa interna de retorno do projeto em análise for maior que a taxa
mínima de atratividade, o investimento deve ser aceito. Caso contrário, afirma
Ross e Westerfield (2002), que o projeto deve ser rejeitado. A taxa interna de
retorno é muito utilizada, principalmente em conjunto com a análise do valor
presente líquido, apresentando a vantagem de fácil compreensão.
Há ainda a taxa interna de retorno modificada (TIRM) que surge para
sanar as deficiências da TIR, tais como: a existência de uma ou nenhuma taxa
interna de retorno, desconsideração das taxas de financiamento de capital e de
reinvestimento de lucros.
Segundo Ross, Westerfield e Jordan (2008) para calculá-la os fluxos de
caixa são descontados até o presente, e os fluxos de caixa positivos são
capitalizados até o final do projeto.
5.10 RISCO
50
riscos, principalmente quando o fluxo for por um período mais extenso,
podendo não se concretizar a previsão.
De acordo com Assaf Neto e Silva (2002), como os fluxos de caixa
projetados não são conhecidos com certeza, devem ser utilizadas técnicas para
avaliação de riscos. É importante observar sinais de perigo e medidas que
poderão ser tomadas para reduzi-lo.
Investimentos possuem graus diferentes de risco pela sua
imprevisibilidade futura. Prontamente podem ser qualificados em investimento
de alto, médio e baixo risco. Tal diferença de classificação se dá pelo nível de
segurança embutido na aplicação, e que é inversamente proporcional ao risco.
Portanto, a maior segurança de um investimento se traduz em menores
possibilidades de perdas, porém, em contrapartida, normalmente, apresentam
um retorno menor ao investidor. No mesmo sentido, investimentos com baixo
nível de segurança podem oferecer maiores retornos, ao passo que podem
trazer perdas devido ao risco.
Assaf Neto e Silva (2002) define essa análise de risco como aquela
capaz de revelar quanto o resultado econômico de um investimento se
modificará diante alterações em variáveis estimadas dos fluxos de caixas.
Na análise de sensibilidade cada variável de entrada (receitas, custos
variáveis, custos fixos, etc.) é alterada em vários pontos percentuais acima e
abaixo do valor esperado. Calcula-se um novo valor presente líquido para cada
um destes valores, mantendo-se constante o valor esperado das demais
variáveis. A análise indica a sensibilidade do VPL a estas mudanças e assim, o
impacto na viabilidade do projeto.
Através desta análise é possível identificar onde há necessidade de mais
informações, sinalizada pelas situações em que provocaram valor presente
líquido negativo. Pode proporcionar uma boa percepção sobre o risco do
projeto. Projetos muito sensíveis são arriscados porque um erro relativamente
51
pequeno na estimativa de uma variável produzirá um grande impacto no retorno
esperado.
A importância da análise de sensibilidade está em poder identificar quais
variáveis relacionadas ao empreendimento apresentam maior impacto no
resultado final, para então ser possível analisar possíveis cenários para o
empreendimento.
52
6. METODOLOGIA
53
questão. E para isso, entrevistas foram realizadas em busca de dados e
informações sobre as técnicas e tudo mais que envolve o novo processo
proposto.
Junto aos gestores, também foi definido os objetivos e as
disponibilidades destes para novos empreendimentos. Alinhou-se o mercado a
ser explorado e a sua posição em relação a estes.
Para a análise da produção de bovinos foram levantadas duas
possibilidades: a implementação de melhorias mantendo o processo atual da
propriedade ou trocando para começar a atuar somente na ponta da cadeia da
cadeia produtiva.
Após a compilação dessas informações, iniciou-se o processo de
orçamento dos projetos, compreendendo o investimento inicial necessário para
cada um deles, tanto em ativos fixos quanto em capital, as receitas e despesas
operacionais, e por fim, as projeções financeiras da venda de bovinos.
Com as receitas e despesas estimadas foram elaboradas as duas
principais ferramentas do ponto de vista econômico-financeiro: a projeção do
demonstrativo de resultado do exercício e o planejamento de fluxo de caixa.
Este serviu como base para o calculo de todos os indicadores de viabilidade
que foram gerados no instante seguinte.
Para avaliar a viabilidade econômico-financeira dos projetos, foram
trazidas ferramentas financeiras que, na fazenda em questão, nunca haviam
sido utilizadas. Como resultante, foi vislumbrado o potencial dos projetos em
apresentados.
Utilizou-se dos métodos tradicionais expostos nas teorias de
Administração Financeira e, com a avaliação dos projetos de maneira isolada,
foi possível levantar as seguintes hipóteses:
a) A produção atual, quando implementadas as melhorias propostas no
projeto um é viável financeiramente;
b) A produção atual, quando implementadas as melhorias propostas no
projeto dois é inviável financeiramente;
c) Os dois projetos são viáveis financeiramente sendo a cria, recria e
engorda mais recomendado do que somente engorda;
54
d) Os dois projetos são viáveis financeiramente sendo o projeto que
considera somente a engorda mais recomendável que a cria, recria e
engorda.
e) O processo de produção de cria, recria e engorda, assim como
somente o somente engorda, são inviáveis financeiramente.
Ao final do estudo, foi confirmada uma das hipóteses citadas acima,
concluindo, entre os projetos trazidos para análise, qual trará melhores
resultados econômico para o negócio. Dessa forma, foi possível disponibilizar
ao gestor da Fazenda Rincão da Figueira, informações suficientes para que sua
decisão fosse tomada com a maior segurança e acuracidade possível.
55
7. ANÁLISE DO MERCADO
56
milhões de toneladas. Os números relativos aos principais consumos estão
expostos abaixo.
57
8. O NEGÓCIO ATUAL DA FAZENDA RINCÃO DA FIGUEIRA
58
Atualmente, possui como principal atividade a pecuária de corte,
operando como criador de gado. Na área total, há 822 cabeças de gado, sendo
312 novilhos macho e fêmeas, 350 vacas, 7 touros e 153 terneiros. Toda
produção é destinada a terminação, ou seja, é entregue a frigoríficos que, por
sua vez, fazem o abate, os devidos cortes e a distribuição da carne a
supermercados, casas de carnes e restaurantes.
Dentro da extensão territorial total da propriedade não há uma área
destinada especialmente à pastagem não nativa, o que acaba comprometendo
o engorde e a manutenção do peso médio do rebanho, principalmente na
estação do inverno. Assim sendo, aqueles animais destinados à venda são
colocados para engordar em pastagem nativa a fim de ganharem peso antes de
serem comercializados.
Os principais custos de produção envolvidos na criação de bovinos de
corte na Fazenda Rincão da Figueira são:
Mão-de-obra: há três funcionários responsáveis pela manutenção
de toda a atividade. Além disso, há a necessidade de mão-de-obra temporária
para auxiliar em épocas de vacinação do rebanho, marcação, e manutenção
das cercas.
Alimentação do rebanho: os dispêndios com alimentação do
rebanho são compostos por sal mineral, suplementos alimentares e pastagem
de inverno.
Sanidade: os itens que compõem este grupo de despesas são:
agulha para aplicação de medicamentos, carrapaticida, vermífugo, antibióticos,
vacinas, vitaminas e outros.
Reprodução: para a reprodução tem-se os gastos com a compra
dos touros reprodutores.
Impostos: os impostos incidentes sobre a atividade são o Imposto
Territorial Rural (ITR); Contribuição Previdenciária sobre a Comercialização
Rural (FUNRURAL) e o Imposto de Renda, quando há lucro.
Despesas Diversas: como despesas diversas se enquadram todas
as despesas que não foram citadas acima como: contribuição rural, encargos
financeiros (juros), reparos e manutenção.
59
Toda produção de novilhos machos é vendida para os frigoríficos da
região. Nos últimos dois anos a receita apurada com a venda dos animais não
foi satisfatória para o gestor da propriedade, pois segundo ele, não ultrapassou
os custos. Não foi possível precisar os números reais do negócio atual, em
virtude de sua má administração, na qual não há controle acurado,
principalmente das saídas de caixa.
Hoje em dia, as atividades rotineiras de sustentação são suportados
pelos três funcionários da propriedade, que decidem sem um prévio
planejamento quanto e em que gastar os recursos disponíveis. Pelo fato de o
gestor residir longe da Fazenda e não considerar esta como sua função
principal, não controla esses gastos de perto, fazendo com que haja
demasiados desperdícios financeiros.
Outro fator que resulta no descontrole das finanças é o descasamento do
fluxo de caixa gerado pela pecuária, pois a receita é concentrada em dois
meses do ano, enquanto os gastos ocorrem mensalmente. Se não existe um
planejamento eficaz do fluxo de caixa, não há planejamento de reservas
financeiras para honrar compromissos futuros, ou seja, a administração torna-
se ineficaz.
Em função da posição atual de estagnação da atividade econômica da
Fazenda e visando um planejamento para a sua administração, pretende-se
propor nesse trabalho um novo modelo de negócio que possa organizar a
propriedade, fomentar a atividade, otimizar recursos e proporcionar lucros ao
seu proprietário.
60
9. PROJETO UM: CRIA, RECRIA E ENGORDA
5
O sistema onde o gado fica sobre uma mesma área de pastagem por um período prolongado
de tempo.
61
9.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO
62
Quando os terneiros chegam aos sétimo mês de idade, estes passam
pelo processo de desmame. Nesta etapa, os terneiros novos são apartados das
vacas e já encaminhados ao pastoreio rotativo racional, onde passarão pela
fase de engorde.
9.1.1 Cria
63
dos doze meses são manejadas no sistema de pastoreio racional rotativo, visto
que se melhores alimentadas pode-se aumentar o índice de prenhez,
atualmente em 60%.
Já os machos serão direcionados para a pastagem intensificada, sob o
manejo do pastoreio rotativo racional. Permanecem por dezenove meses sob o
sistema intensivo de pastoreio até completarem 24 meses de idade, período em
que adquirem um peso suficiente para serem vendidos, em torno de 500 kg.
Além do melhoramento da pastagem nativa que será realizado em toda
a área, a extensão destinada ao PRR ainda receberá o reforço do plantio de
aveia, forrageira de alto valor nutritivo. Como não se trabalhará com o regime
de confinamento, todo o rebanho de novilhos destinado a terminação será
engordado em pastagem.
Todos os animais serão pesados aos 12,18 e 24 meses de idade para
que se faça o acompanhamento do ganho de peso, se conferir se esta está de
acordo com o planejado.
Ao completarem um ano de idade, os animais serão marcados a ferro
quente, na perna esquerda, com a marca da Fazenda.
64
O valor total esta exposto na tabela abaixo e será detalhado nos passos
seguintes.
65
(Federacite VIII, pg.87), um operador de trator consegue fazer de 30 a 40
hectares por dia.
Passada essa etapa, é preciso realizar a preparação do solo, que
compõe a aplicação de calcário e superfosfato triplo (P2O5), buscando a
revitalização do campo nativo desgastado. Para a extensão desejada, 500 ha,
são necessários 3.500 kg/ha de calcário e 120 kg/ha de P2O5, segundo o Eng.
Agrº Telmo Fabrício Dutra. A aplicação desses componentes será desempenha
pelos dois funcionários da propriedade.
Por fim, buscando melhorar a qualidade da pastagem, será feita a
semeadura de três qualidades de forrageiras não consideradas nativas: aveia
preta, azevém e comichão(trevo). Nessa etapa será necessária a utilização de
mais algumas horas de trator, pois antes da semeadura é preciso gradear6 a
terra. Como esse trabalho é realizado na mesma extensão são necessários
mais 107 de trator.
Os frutos resultantes dessa melhoria, como citado na p.65, poderão ser
sentidos já no ano 1, no entanto os anos subseqüentes serão marcados por
resultados expressivos de melhoramento do pasto;
Os custos envolvidos nesse processo são apresentados na tabela 2:
6
Método utilizado para afofar a superfície do terreno a fim de facilitar a penetração das
sementes não solo.
66
necessitará ser feita todos os anos, ao contrário das sementes de azevém, que
deverão ser semeadas no solo todos os anos, a fim de garantir uma pastagem
robusta para o rebanho.
Portanto, os dispêndios iniciais para melhoramento da pastagem nativa,
adicionando os valores dos insumos para preparação do solo, as sementes de
pastagens e as horas de trator necessárias para a limpar o terreno, totaliza-se
R$ 124,250,00.
67
Uma cerca elétrica é composta basicamente de um eletrificador, sistema
de aterramento, mourões, palanquins, fios isoladores e condutores, e
acessórios. Para encontrar os custos dos nateriais envolvidos na construção da
cerca elétrica foi feito um levantamento de preço nas lojas agropecuárias da
região, resultando no valor total a ser investido.
Dando sequência a implementação do PRR, deve-se atender às
necessidades fisiológicas dos bovinos, que necessitam de 40 litros de água por
dia cada. Como a área foi subdividida, para não comprometer o abastecimento
de água dos piquetes foi necessário o investimento em um sistema hidráulico.
Para isso utilizou-se um reservatório com capacidade para 10.000 litros, oito
bebedouros, mangueiras, bomba d’água e outros acessórios.
Seguindo esse processo é possível obter um ganho de peso intensivo,
em torno de 15 kg/mês, conforme a médica veterinária Rosa Maria Jardim
Carvalho (FEDERACITE VIII). Considerando que os animais iniciam o processo
intensivo de pastoreio após o desmame (entre maio e julho), pesando em
média 200 kg, e permaneçam até completarem 24-26 meses de idade
(dezembro a janeiro), espera-se que ao saírem para terminação tenham
ganhado, em média, 300 kg, chegando a pesar 500 kg no total. Peso
considerado bom para o abate. FEDERACITE VIII (1999). Todavia, ao passar
dois anos o melhoramento da pastagem costuma apresentar ganhos mais
expressivos, fazendo com que os animais alcancem até 550 kg.
Na tabela abaixo é possível visualizar os custos envolvidos para construir
a cerca elétrica e o sistema hidráulico:
68
Tabela 3. Investimentos na Implementação do Pastoreio Racional Rotativo.
Fonte: Elaborado pelo autor
69
operacionais, pois a propriedade já está legalmente registrada e apta para
desempenhar suas operações.
70
9.3 PLANEJAMENTO OPERACIONAL
71
Tabela 5. Projeção da Receita de Bovinos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
72
Tabela 6. Rebanho no Ano Zero (em cabeças de gado).
Fonte: Elaborado pelo autor.
7
UA = unidade animal; unidade de medida do rebanho.
73
Tabela 7. Quantidade de Unidades animais recomendada por hectare.
Fonte: Pulpo (1979), modificado pelo autor
74
Tabela 8. Projeção da evolução do rebanho (em cabeças de gado).
Fonte: Elaborado pelo autor.
75
Tabela 9. Quantidade de animais a serem vendidos (em cabeças de gado).
Fonte: Elaborado pelo autor.
76
Tabela 10. Projeção da capacidade produtiva.
Fonte: Elaborado pelo autor.
9.3.1.2 Preço
77
Assim, quando o pecuarista vender os bois, poderá eventualmente defrontar-se
com um preço que não remunere sua atividade ou que não cubra seu custo de
produção.
No Rio Grande do Sul, diferentemente do restante do Brasil, o preço é
referenciado em quilos ao invés de arrobas8. Para fixação do preço de venda a
ser utilizado nesse trabalho, buscaram-se cotações atuais dos preços
praticados no mercado especifico da região.
As tabelas com as cotações do dia 04/06/2010 podem ser vistas abaixo:
8
Medida de peso equivalente a 14,687 kg.
78
MERCADO FISICO DA VACA GORDA
79
Segundo a bibliografia, essa etapa envolve o planejamento de estoques,
necessidades de mão-de-obra direta e os custos indiretos de produção. Nesse
projeto o valor total a ser desembolsado na produção pode ser visto abaixo.
9.3.2.1 Estoques
80
Tabela 14. Planejamento de Estoques.
Fonte: Elaborado pelo autor.
81
9.3.2.3 Custos Indiretos de Produção
82
9.3.3 Planejamento de Despesas
83
9.3.4 Impostos
84
9.4 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
85
períodos o lucro se faz presente com uma margem líquida de 14,11% no ano 1
chegando a 30,34% no ano 10. Esse ganho de margem é devido ao aumento
da capacidade produtiva principalmente a partir do quarto ano já que nessa
etapa a pastagem esta em plenitude de qualidade e quantidade, fazendo com
que o gado obtenha um peso maior.
Fazendo uma análise vertical (Apêndice B), verificamos que no ano 1,
primeiro ano em que foi apurado algum lucro, 48,61% da receita bruta fica
comprometida com o custo de mercadoria vendida, e 31,92% com todas as
despesas envolvidas. Com a evolução e aprimoramento do processo produtivo
ao longo dos anos, gerando incrementos significativos nos quilos dos animais
voltados a venda, esses percentuais reduzem consideravelmente. A partir do
sétimo ano, entramos em uma estabilidade econômica, onde 34,77% da receita
bruta fica retida nos compromissos financeiros atrelados ao custo da
mercadoria vendida e em contrapartida, 23,27% correspondem as despesas
necessárias para manter o negocio. A redução da participação percentual
desses dois itens é gerada pelo crescimento de 39,77% da receita e demonstra,
por conseqüência, que há uma geração maior de lucro.
86
A partir do ano 7, há uma estabilidade financeira, já que ha limitações da
área funcional, ou seja, não há mais crescimentos no rebanho e, alem disso, há
maximização da capacidade de obtenção de peso nos animais. Esses dois
fatores seriam responsáveis por um aumento da receita, caso tivessem sofrido
crescimento. Em contrapartida, neste momento, os custos, despesas e
impostos também foram otimizados a ponto de não haver possibilidades
visíveis de redução a não ser o item referente ao pagamento do pró-labore do
proprietário, inserida nas despesas administrativas. O valor utilizado foi o que o
diretor do negócio considerou justo para remunerar as suas atividades,
entretanto, percebe-se nesse item uma possibilidade de redução, tornando a
atividade ainda mais lucrativa.
87
Abaixo é possível visualizar o fluxo de caixa e o fluxo de caixa descontado ao
valor presente.
88
Gráfico 2. VPL em função da TIR do Projeto 1
Fonte: Elaborado pelo Autor.
89
9.6.3 Payback Descontado
90
Já que, para composição da receita é utilizada a formula: preço por quilo
x peso por animal, o resultado encontrado de sensibilidade do VPL ao
variarmos percentualmente o preço, será o mesmo valor que encontramos ao
variar o peso. São, portanto, variáveis inter-relacionadas que, se avaliadas
separadamente, como supõe essa análise (cálculo de forma independente:
primeiro foi analisado o efeito do preço e após, o efeito da variação do peso)
gera os mesmos resultados para os novos valores de VPL, conforme é
demonstrado na tabela abaixo.
Tabela 22. Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal.
Fonte: Elaborado pelo Autor.
91
demonstra-se bastante sensível e, portanto, arriscado do ponto de vista
financeiro.
92
10. PROJETO DOIS: ENGORDA
93
10.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO
94
10.1.1 Engorda
95
g) Estado de saúde - animais doentes aproveitam mal os alimentos e em
geral são de engorda demorada e antieconômica.
h) Estado de carne - um boi muito magro necessita de bastante tempo
para chegar ao estado normal de carnes e só depois começa a engordar.
Conseqüentemente, é de engorda mais demorada e cara.
i) Conformação - pessoas familiarizadas com o comércio de gado de
corte, dizem que o animal possuidor de conformação que indica capacidade de
ganhar peso, possui “boa caixa”. Isto significa que apresenta tórax, esqueleto e
tamanho bem desenvolvido, ao contrário do bovino mau para a engorda, que
possui corpo achatado, flancos deprimidos, costelas planas e tamanho
reduzido. Atributos que indicam baixa capacidade para aumento de peso no
transcurso do período de engorda.
Para esse projeto serão adquiridos somente novilhos de boa procedência
e recém desmamados, com idade média de 7 meses. Serão direcionados ao
sistema rotativo racional de pastoreio por 18 meses. Espera-se que o ganho
médio de peso seja cerca de 350 kg por animal, resultando em uma média de
ganho diário de 640 gramas por cabeça de gado,
Como não será necessária uma área para as matrizes e os touros
reprodutores, o número de bovinos para engorde pode ser superior ao primeiro
projeto, sendo que ao longo de toda a área descampada, 480 ha serão
implementadas as melhorias propostas a fim de torná-la eficiente para receber
a lotação máxima de 1 U.A/ há, conforme tabela 7, p.74.
96
rotativo racional e melhoria da pastagem nativa da propriedade. Além disso,
para manutenção da atividade será necessário nesse primeiro ano, um capital
de giro compatível.
O previsto para desembolso financeiro no primeiro ano está na tabela
abaixo que será esmiuçada a seguir.
97
Tabela 24. Investimentos na melhoria da pastagem nativa.
Fonte: Elaborado para autor.
98
utilizados para o projeto dois. A mão-de-obra empregada para essa função será
dos próprios funcionários da propriedade.
Dando seqüência, para não comprometer o abastecimento de água em
cada piquete, verifica-se a necessidade de investimentos em um sistema
hidráulico. Atendendo às necessidades fisiológicas dos bovinos, 40 litros de
água/dia, será preciso 4 reservatórios de 10.000 litros cada. Isso em função do
aumento do número de animais que ficarão dependentes desse sistema. Além
dos reservatórios, ainda serão necessários outros acessórios como:
bebedouros, mangueiras, bomba d’água, entre outros.
Assim sendo, o custo do investimento inicial para implementação do
pastoreio racional rotativo pode ser melhor visualizado na tabela 24, p 98..
99
10.2.3 Aquisição de terneiros em leilões
100
por quilo/vivo para os machos, superior a média das feiras do interior já
realizadas, que ficou em R$ 3,00”. Sendo assim, utilizar-se-á nesse projeto,
para a compra dos animais, o custo por quilo de R$ 3,00.
Considerando as características implicadas pelo produtor para a
aquisição dos terneiros, tais como: idade, procedência, peso, etc. àquela de
maior relevância será o peso, pois este vai determinar de fato o valor a ser
investido. Neste caso, o peso médio dos bovinos comprados será de 180
kg/vivo por cabeça. Sendo o preço por kilo R$3,00, observa-sena tabela 25 o
total para o ano zero.
101
Tabela 27. Total de Capital de Giro no Ano Zero.
Fonte: Elaborado pelo autor.
102
despesas dentro de uma visão realista, tentando reproduzir antecipadamente a
operação da Fazenda.
Como no primeiro projeto, será exposto nesse momento o pilar base de
sustentação aos demais planejamentos: Planejamento de vendas.
103
Tabela 29. Projeção da Receita de Bovinos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
104
Tabela 30. Bovinos a serem vendidos no Ano Zero.
Fonte: Elaborado pelo autor.
105
Então, algumas premissas adotadas para projetar o número do rebanho
devem ser trazidas para que haja um melhor entendimento:
j) A área destinada à pastagem, onde serão engordados os animais
para serem vendidos é de 480 ha, sendo povoada por 1 UA/ha.
k) Serão adquiridos apenas terneiros machos com peso em torno de
180 kg cada;
l) Serão utilizados os terneiros machos já existentes na propriedade
conforme idade abaixo:
o Novilhos de 7 a 12 meses: diminuirão o número de terneiros a
serem comprados no primeiro ano;
o Novilhos de 13 a 24 meses: serão postos no PRR para serem
engordados e acrescerão a receita do primeiro ano;
m) Em cima do número de animais aplicou-se um percentual histórico de
mortalidade de 2% a.a., causada por acidentes e doenças;
n) um dos módulos no PRR estarão os terneiros recém comprados e no
outro estarão os terneiros de 12 à 24 meses;
O número projetado do rebanho após venda dos animais já existentes na
Fazenda e o investimento inicial no primeiro lote de terneiros, estão disposto a
seguir:
106
Os animais serão divididos em dois lotes e manejados nos 24 piquetes
de 20 ha cada um, sendo 100% dos animais destinados à venda. Essa pode
ser considerada uma vantagem em relação à fase da cria e recria na
propriedade, pois se estende a área destinada à engorda para terminação.
Em relação ao número de animais a serem vendidos, será utilizada a
mesma idade no primeiro projeto, 24-25 meses. Nesse estágio, os animais
terão 18 meses para engordar uma média de 21 kg por mês. . Estima-se que
essa engorda será otimizada a partir do ano 4 quando a pastagem se
encontrará em condições mais fortes.
Abaixo, a tabela 31 representa o total por ano, em quilos a serem
comercializados, projetando 10 anos a partir do ano zero:
10.3.1.2 Preço
107
da oferta é determinada, sobretudo, pelas condições da produção de alimentos
para os animais, manejo realizado e estrutura adequada de processamento e
comercialização dos animais e da carne bovina. A demanda por animais para
abate, por sua vez, deriva-se, da demanda por carne pelo consumidor.
Então, o sistema de produção escolhido para criação dos animais pouco
influi no preço já que esse é determinado pelas forças de mercado. O fator que
possui maior possibilidade de otimização é o custo, em que os pecuaristas
desempenham maiores esforços a fim de reduzi-los, aumentando assim, a
margem da operação.
De acordo com esse conceito, o preço utilizado para esse projeto será o
mesmo considerado no anterior: R$ 2,45/Kg. Esse é o preço do boi gordo
macho no mercado físico praticado na localidade de Palmeira das Missões, no
dia 04/06/2010, conforme tabela 11, p. 78.
Alguns animais precisaram ser vendidos para que se viabilizasse este
projeto, como as novilhas, os touros e as vacas matrizes. Os touros são
comercializados a preço de boi gordo, portanto, R$ 2,45/kg. O que os
diferenciam é o porte robusto, que acaba fazendo com que pesem, em geral,
mais de uma tonelada. As vacas matrizes são aceitas pelo mercado como vaca
gorda. Neste caso utilizou-se o preço de mercado praticado em Palmeira das
Missões, de acordo com a tabela 12, p. 79.
Já as novilhas seguem algumas peculiaridades. Aquelas mais novas,
recém desmamadas, de 7 a 12 meses, geralmente são comercializadas por
criadores em feiras de animais. Neste caso, segue-se a média utilizada no item
10.2 (p. 96), porém com um leve desconto praticado por ser fêmea. O preço
utilizado foi de R$2,98/kg. Para as de mais idade, 13 a 24 meses, por estarem
mais próximas de sua plenitude e em idade de cria, são enquadradas pelo
mercado como vacas gordas, mesmo não atingido ainda o máximo peso médio.
108
10.3.2 Planejamento de Produção
10.3.2.1 Estoques
109
Tabela 34. Planejamento de Estoques.
Fonte: Elaborado pelo autor.
110
Tabela 35. Planejamento de Mão-de-Obra Direta.
Fonte: Elaborado pelo autor.
111
Tabela 36. Planejamento de Custos Indiretos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
112
a manutenção das cercas e outros materiais diretos, e também em função do
número de bovinos, no caso das vacinas, sal, medicamentos, etc.
113
Tabela 38. Planejamento de Despesas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
10.4 IMPOSTOS
114
o faturamento é somente o FUNRURAL. Conforme a revisão bibliográfica, a
alíquota que incide é de 2,3% sobre o valor total da comercialização de animais.
Aproveitando a vantagem que o produtor rural tem em utilizar o Livro
Caixa, o proprietário optou por não constituir uma empresa. Neste caso, incidirá
sobre os seus lucros a alíquota do imposto de renda para pessoas físicas.
Com base no DRE projetado para o projeto 2, os impostos devidos podem
ser melhor visualizados abaixo.
115
10.5 PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA
116
que nesse período a quantidade de pasto ofertado está em sua melhor
qualidade e quantidade, fazendo com que os animais ganham mais peso.
A projeção do fluxo de caixa é de extrema importância, pois será a peça
fundamental quando se for analisar o investimento. A planilha completa do fluxo
de caixa pode ser vista no Apêndice C.
117
receita bruta e demonstra, por conseqüência, que há uma geração maior de
lucro.
118
10.7 ANÁLISE ECONÔMICO-FINANCEIRA
119
Neste caso, conclui-se que o projeto é viável economicamente quando
utilizado o método do valor presente líquido para análise de investimento. O
resultado obtido pode também ser apresentado como o montante financeiro no
qual a empresa irá agregar de valor ao seu patrimônio, se escolhido esse
projeto. Na tabela 39 é possível visualizar o fluxo de caixa e o fluxo de caixa
descontado ao valor presente.
120
No projeto em análise a taxa interna de retorno encontrada foi
212,60%a.a. Nota-se que supera a taxa mínima de atratividade proposta para
esse projeto, 14,50%a.a. Neste caso considera-se que esse empreendimento é
viável economicamente quando utilizado esse método de análise de
investimento.
No gráfico abaixo é possível visualizar que quando a curva ultrapassa o
eixo da taxa interna de retorno o valor presente líquido é zero e a taxa
sinalizada indica a taxa interna de retorno encontrada.
121
10.7.3 Payback Descontado
122
10.8 ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
Tabela 43. Análise de sensibilidade do preço por quilo e do peso por animal.
Fonte: Elaborado pelo autor.
123
11. ANÁLISE DOS PROJETOS DE INVESTIMENTOS
124
Uma importante diferença entre os dois modelos foi o valor do
investimento inicial, justificado pela necessidade, no projeto 2, de ampliar-se a
área de implementação do PRR e principalmente, pelo desembolso financeiro
inicial na compra de terneiros. Percebe-se portanto, com o auxilio da tabela,
que no projeto 2 houve um dispêndio financeiro maior mas que, pela sua
eficiente utilização de recursos, gerou retornos superiores ao primeiro projeto.
Outro ponto a ser enfatizado é a ociosidade de animais destinados a receita no
projeto 1. Cerca de 50% dos animais totais que nasciam anualmente, não
participavam do PRR e sim eram destinados a formação das matrizes, não
gerando receita imediata e maximizada para a propriedade.
Então, a diferença a mais de lucro que o sistema de engorda proporciona
à Fazenda Rincão da Figueira evidencia este para a tomada de decisão do
gestor.
Após esta análise de comparação dos projetos, cabe agora confrontar os
resultados encontrados nos diferentes métodos para avaliação do investimento,
elegendo qual será mais rentável e oportuno para a Fazenda rincão da
Figueira.
Os métodos de avaliação de investimentos calculados anteriormente,
foram sumarizados e confrontados para que se possa ter uma visão mais crítica
dos resultados obtidos.
125
apresentar a soma dos seus fluxos de caixa maior que zero; a taxa interna de
retorno, em ambos os projetos, assumir um valor superior à taxa mínima de
atratividade considerada de 14,50%; e o payback expresso se dá em um
período aceitável para projetos agrícolas que possuem longos anos de vida útil.
Diante de tal situação, qual é o projeto é o projeto mais recomendável?
O valor presente líquido dos dois projetos é suficiente para cobrir seus
riscos e ainda gerar sobras de caixa. Porém, para que se possa atender ao
objetivo da organização de maximização do valor gerado pela sua atividade,
devemos selecionar aquele projeto que apresentar o maior VPL. De acordo
com esse indicador, portanto, o projeto escolhido seria o número 2, àquele no
qual se trata somente da fase de engorda dos bovinos para terminação.
A taxa interna de retorno (TIR) pode ser usada tanto para analisar a
dimensão de retorno do investimento como também para analisar a dimensão
do risco. Na dimensão de remuneração do capital investido, pode ser
interpretada como um limite superior para a rentabilidade de um projeto de
investimento, ou seja, quando resultar em uma taxa maior que a TMA significa
que há mais ganho investindo-se nesse projeto do que naquele que remunera à
taxa mínima de atratividade.
Sendo a TIR um indicador de rentabilidade, quanto maior for essa taxa,
mais rápido será o retorno desse investimento. Neste caso, estamos exigindo
uma taxa de 14,50%% para ambos os projetos, sendo que a taxa de retorno
encontrada é de 87,39% e 212,60% respectivamente. Voltando ao aspecto de
maximização de riquezas, ou seja, mais rentabilidade em menor tempo, a maior
remuneração do capital investido seria obtido com o projeto 2.
Mesmo possuindo fluxos de caixa não convencionais, a regra do VPL e
da TIR levou a decisões idênticas de aceitação. Todavia, por serem projetos
mutuamente excludentes não sobram dúvidas em relação a aceitação do
projeto 2 perante o 1.
Em relação ao payback, que representa o tempo necessário para a
recuperação do investimento, também pode ser interpretado como uma medida
de risco. Quanto maior o período de tempo para se recuperar o capital
investido, maior o risco do projeto. Considerando tal conceito, o projeto 1, de
126
cria, recria e engorde de bovinos, retorna o investimento em 1 ano e 7 meses,
enquanto o projeto 2, somente o engorde de bois para terminação, retorna em 1
ano e 4 meses. Sendo assim, o projeto mais recomendável do ponto de vista do
payback é o que sinaliza menos tempo para o retorno do capital investido.
Mesmo os dois projetos indicando períodos muito próximos, o mais
recomendável do ponto de vista desse método é o projeto 2.
Na análise de sensibilidade, quando analisado o percentual de variação
do VPL gerado pelas alterações no preço por quilo de boi e no peso por animal
, percebe-se que o projeto 1, de cria, recria e engorda, mostra-se mais exposto
ao risco. Isso justifica-se pelo fato que ao aplicarmos uma redução de 15% no
preço do quilo do boi, o VPL responde com uma variação de 71%, ou seja,
mostra-se bastante sensível, embora ainda apresentar um valor presente
líquido positivo. No projeto em que se avalia somente o processo de engorda
de bovinos, considerando a escala de variação aplicada ao preço por quilo,
percebe-se uma variação de 49% do VPL, indicando que este é menos sensível
que aquele. Por fim, verifica-se que mesmo quando expostos às variações
propostas, os projetos continuam cobrindo os custos, os riscos e ainda gerando
lucro para a operação.
Diante dessas análises, a hipótese constatada é de que os dois projetos
são viáveis financeiramente, sendo o sistema 2 é mais recomendável que a
cria, recria e engorda. Sendo assim, esse é o projeto mais adequado
econômica e financeiramente para contribuir com a atividade exploratória da
Fazenda Rincão da Figueira. Essa escolha proporcionará o sucesso da
empresa e a maximização dos lucros.
127
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
128
Em relação, ao sistema de produção cria, recria e engorda, já utilizado
na propriedade rural estudada, os estudos demonstraram que este método de
produção é viável. Todavia, os recursos utilizados não são alocados da melhor
maneira, tornando os lucros menores e o projeto menos atraente. O principal
fator desta determinante foi a área destinada a animas responsáveis somente
pela reprodução, ou seja, que não geram receita direta para o negócio. Outro
fator, foi o tempo gasto para que o animal produzido na propriedade esteja
pronto para ser comercializado, 36 meses, o dobro do projeto em comparação.
Como sugestão de trabalhos nessa área, portanto, seria o levantamento de
todos os métodos de exploração da bovinocultura de corte aplicáveis ao Rio
Grande do Sul, como a inseminação artificial, a fim de auxiliar os produtores
rurais a tomar a decisão sobre a melhor maneira de explorar as suas
propriedades.
Para finalizar, fica o aprendizado de que no agronegócio, assim como em
outras áreas, o levantamento e controle minucioso de todos os custos
envolvidos na operação são fundamentais para que as decisões possam ser
tomadas de forma a atingir os melhores resultados econômicos
Portanto, por gerar informações suficientes que auxiliarão os gestores da
Fazenda Rincão da Figueira a avaliar o melhor caminho a seguir, contribuindo
para um processo de decisão de investimentos mais claro e confiável, o estudo
alcançou seu objetivo.
129
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
130
CACHAPUZ, J. M. S. O panorama setorial da bovinocultura de corte
gaúcha no processo de integração do MERCOCUL. 2. Ed. Porto Alegre:
EMATER-RS, 1995. (EMATER-RS. Série Realidade Rural, 7).
131
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. São Paulo: Addison
Wesley, 1997.
132
MOREIRA, W. Revisão de Literatura e Desenvolvimento Científico:
conceitos e estratégias para confecção. Disponível em: <https://
http://www.fatea.br/janus/pdfs/1/artigo01.pdf >. Acessado em 20 de setembro
de 2009.
133
TUNG, N. H. Orçamento Empresarial no Brasil. São Paulo: Edições
Universidade Empresa, 1983.
134
APÊNDICES
135
APÊNDICE A – PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DO PROJETO 1
136
APÊNDICE B – PROJEÇÃO DO DEMONSTRATIVO DO RESULTADO
DE EXERCÍCIO DO PROJETO 1
137
APÊNDICE C – PROJEÇÃO DO FLUXO DE CAIXA DO PROJETO 2
138
APÊNDICE D – PROJEÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO
EXERCÍCIO DO PROJETO 2
139
ANEXOS
140
ANEXO 1 – MAPEAMENTO POR GPS DA ÁREA DA FAZENDA RINCÃO DA
FIGUEIRA
141