Aula 6
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AULA 6
CONTEXTUALIZANDO
automação inteligentes
Mediante o que foi apresentado até então, é fato que a IA está mudando
as habilidades necessárias para um número significativo de funções e criando
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novas. Por isso, é preciso se preocupar com a educação, ou seja, com o
desenvolvimento dessas novas habilidades.
A educação do futuro deve ter foco na criatividade, raciocínio lógico e
pensamento divergente (Sarfati, 2016). Como vimos, as corporações precisarão
de um número menor de pessoas, mas mais criativas, com maior raciocínio
lógico e maior capacidade de resolver problemas.
Sobre o raciocínio lógico, este será requisito para a formação de
profissionais – exemplo disso são algumas escolas já introduzirem disciplinas de
programação e lógica (Sarfati, 2016). Em relação ao pensamento divergente, o
objetivo é que, já durante a formação, os alunos sejam estimulados a “gerar
diversas soluções para o mesmo problema” (Sarfati, 2016, p. 28).
Assim, “o modelo de negócio de escolas (ensino fundamental, médio ou
superior) terá que mudar para um modelo mais inovador, flexível, com currículos
obrigatórios mínimos e mais vivência fora da sala de aula” (Sarfati, 2016, p. 28).
Deverá se adaptar às necessidades que a nova economia – promovida, em
grande parte, pela IA – está criando, para as quais novas habilidades são
exigidas.
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negócios e possibilidades de várias criações de valor (value), na medida em que
pode ser usado em conjunto com outras tecnologias, como a Internet das coisas
e a computação em nuvem (Mayer-Schönberger, 2001).
Doneda et al. (2018) ressalta que, além dos benefícios da tomada de
decisão – como agilidade e redução de custos –, automatizar as decisões pode
afetar os direitos dos indivíduos como autonomia e personalidade, igualdade e
privacidade. Por mais que exista alguma regulamentação para a proteção de
dados pessoais, o autor argumenta que é necessário propor soluções que irão
além das regras de privacidade. Para ele, é necessário construir uma agenda
relacionada aos princípios éticos da IA e das decisões automatizadas apoiadas
por ela (Doneda et al., 2018).
Essas e outras questões são alguns dos desafios enfrentados pela IA,
como veremos no último tema desta aula.
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Na opinião deles, a IA, especialmente o aprendizado de máquina, é a
tecnologia de propósito geral mais importante atualmente. O impacto dessas
inovações nos negócios e na economia será refletido não apenas em suas
contribuições diretas, mas também em sua capacidade de viabilizar e inspirar
inovações complementares. Novos produtos e processos estão sendo
possibilitados por melhores sistemas de visão, reconhecimento de fala, solução
inteligente de problemas e muitos outros recursos que o aprendizado de máquina
oferece (Brynjolfsson; McAfee, 2017).
As empresas e executivos mais ágeis e adaptáveis serão os que
prosperarão nesse ambiente. As organizações que conseguirem perceber
rapidamente as oportunidades e responder a elas terão a vantagem competitiva
no cenário da IA. Portanto, a estratégia de sucesso é estar disposto a
experimentar e aprender rapidamente (Brynjolfsson; McAfee, 2017). Os autores
são enfáticos ao dizer que se os gerentes não estão realizando experimentos na
área de aprendizado de máquina, não estão fazendo seu trabalho.
Investir em processos de inovação é uma das formas que as organizações
buscam diferenciar-se das demais e criar vantagem competitiva (Tidd; Bessanti;
Pavit, 2015). Nesse sentido, para Cockburn, Henderson e Stern (2018)
argumentam que, além de a IA aumentar muito a eficiência da economia
existente, ela pode ter um impacto ainda maior, servindo como um novo "método
de invenção" de uso geral que pode remodelar a natureza do processo de
inovação e da organização do P&D (Cockburn; Henderson; Stern, 2018).
Os autores sugerem que isso provavelmente levará a uma substituição
significativa das pesquisas mais rotineiras e intensivas em mão de obra por
outras que tirem vantagem da interação entre grandes conjuntos de dados
gerados passivamente e algoritmos de previsão aprimorados (Cockburn;
Henderson; Stern, 2018).
Ao mesmo tempo, as possíveis recompensas comerciais por dominar
esse modo de pesquisa provavelmente darão início a um período de corrida,
impulsionado por poderosos incentivos para que empresas individuais adquiram
e controlem grandes conjuntos de dados críticos e algoritmos específicos de
aplicativos (Cockburn; Henderson; Stern, 2018). Dessa forma, os autores ainda
sugerem que que políticas que incentivem a transparência e o compartilhamento
de conjuntos de dados essenciais entre atores públicos e privados possam ser
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ferramentas para estimular a produtividade da pesquisa e a concorrência
orientada à inovação no futuro.
Para que a IA se torne um recurso relevante em estratégias futuras, as
empresas devem descobrir como humanos e computadores podem desenvolver
os pontos fortes uns dos outros com vistas a criar vantagem competitiva. Isso
não é fácil: as empresas precisam de acesso privilegiado aos dados – muitas
não têm agora – e aprender a fazer com que pessoas e máquinas trabalhem
efetivamente juntas, capacidade que poucas possuem atualmente. Além disso,
devem criar estruturas organizacionais flexíveis, o que significa mudanças
culturais para a empresa e o funcionário (Ransbotham et al., 2017).
Hoje, praticamente qualquer empresa precisa de um plano em relação à
IA. A maioria não o tem, e aquelas mais lentas vão ficar para trás e podem
encontrar o campo cada vez mais difícil de criar vantagem competitiva
(Ransbotham et al., 2017).
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de gestão e automatização na tomada de decisão a fim de deixar alguns
processos relacionados ao governo mais ágeis e reduzir custos, como
vimos anteriormente.
Bancos: a utilização da IA por instituições financeiras e bancos se dá
principalmente para a detecção de fraudes que inclui comportamentos
suspeitos de movimentação de contas. Melhora a tomada de decisão, pois
os algoritmos de IA podem processar um número muito maior de
informação e geralmente com maior precisão do que os funcionários
humanos. Nesse sentido, podem identificar padrões e prever transações
fraudulentas (Batra; Queirolo; Santhanam, 2018).
Varejo: a IA pode ajudar na detecção de roubo, no aprimoramento do
autoatendimento por meio de um catálogo eletrônico e sistema interligado
de pagamento. Além disso, um número considerável de varejistas já está
utilizando sistemas com câmeras e sensores para detectar quando os
compradores levam ou devolvem itens da loja e para aumentar a
cobertura dos vendedores, os quais monitoram por câmera clientes que
necessitam de ajuda específica. O auxílio da IA no futuro pode ser
estendido para aperfeiçoar sistemas que identificam clientes com alto
potencial de compra, observando a expressão facial (humor), roupas e
número de acompanhantes (Batra; Queirolo; Santhanam, 2018).
Saúde:
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diagnósticos, como no caso da utilização do Watson pelo Hospital Mãe de
Deus para colaborar no diagnóstico de câncer1.
Agricultura: a IA tem o potencial de ajudar a sustentabilidade da
agricultura e de otimizar a produção de alimentos em todo o mundo,
analisando as regiões agrícolas e identificando o que é necessário para
melhorar o rendimento das culturas (Chen et al., 2016; Doneda et al.,
2018). A chamada agricultura de precisão (ou agricultura 4.0) tem como
característica a utilização de técnicas de IA para aumentar a produtividade
e a sustentabilidade. São várias as possibilidades e, nesse sentido, são
exemplos os trabalhos de Galvão et al. (2018), com a aplicação da visão
computacional para detecção de doenças fúngicas, e e Soares et al.
(2014), com a aplicação de redes neurais artificiais na estimativa da
retenção de água do solo (Soares et al., 2014).
Transporte: a IA aplicada aos transportes está sendo desenvolvida
amplamente com base nos carros autônomos, conhecido projeto de
grandes empresas de tecnologia como Google. Mas, segundo Doneda et
al. (2018), baseado em McGoocan (2017), também está sendo usada
para o planejamento de transportes, que envolve desde a otimização de
serviços básicos como horários de ônibus e metrô, até o controle das
condições de tráfego.
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Para saber mais sobre a utilização do Watson pelo Hospital Mãe de Deus, acesse o link
<https://www.maededeus.com.br/noticias/hospital-gaucho-e-o-1-da-america-do-sul-a-utilizar-
plataforma-de-inteligencia-artificial-contra-o-cancer/>. Acesso em: 10 jan. 2020.
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conquistas significativas em aplicações de machine learning). No entanto, há
uma série de desafios a serem enfrentados.
Iniciaremos as discussões com as questões trazidas por Doneda et al.
(2018) estritamente relacionadas às pessoas, como remoção da
responsabilidade humana, desvalorização de competências humanas, erosão da
autodeterminação humana, facilitação de condutas humanas controversas ou
mesmo malévolas, e preconceito e injustiça. São todas questões delicadas, na
qual não há consenso ainda, mas é necessária reflexão a respeito. Para tanto
elas são trazidas no Quadro 2.
Problemas e
Descrição
riscos
“Refere-se ao fato de sempre que um sistema de
inteligência artificial puder ser responsabilizado por uma
falha ou má conduta – dada a complexa ‘cadeia’ de
Remoção da
designers, fornecedores e usos automatizados que essas
responsabilidade
tecnologias envolvem sem intervenção humana – essa
humana
tendência poderá tornar mais difícil a responsabilização
das pessoas por falhas específicas da IA” (Doneda et al.,
2018, p. 11)
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Sobre a privacidade e regulamento, refere-se ao fato de que os dados e
os algoritmos que constituem a IA não podem ser simplesmente precisos e de
alto desempenho; eles também precisam satisfazer as preocupações de
privacidade e atender aos requisitos regulamentares (Ransbotham et al., 2017).
Garantir a privacidade dos dados depende de se terem fortes práticas de
governança deles. As empresas líderes de mercado na utilização da IA são muito
mais propensas a ter boas práticas de governança de dados do que aquelas que
adotam esporadicamente a IA. Essa grande lacuna representa outra barreira
para as organizações que estão atrasadas no desenvolvimento de seus recursos
de IA (Ransbotham et al., 2017) e um desafio para todo o campo da IA.
Além desses desafios, Sarfati (2016) traz questões sociais, uma vez que
a IA pode ser um divisor de águas entre os trabalhadores e pode aumentar as
desigualdades sociais. No entanto, são também temas controversos que não
cabe a nós decidirmos adotá-los como verdade, mas sim conhecê-los.
Com relação a ser um divisor de águas entre trabalhadores, é referente
ao fato argumentado por Sarfati (2016, p. 28) no qual:
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
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c) ( ) Segundo Cockburn, Henderson e Stern (2018), a IA pode auxiliar nos
processos de inovação e, por consequência, atribuir vantagem competitiva. Uma
das formas para isso é a substituição de pesquisas mais rotineiras e intensivas
em mão de obra por outras que interagem com grandes conjuntos de dados.
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d) ( ) Segundo Batra, Queirolo e Santhanam (2018), a aprendizagem de máquina
e a deep learning serão as tecnologias com maiores oportunidades da IA.
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e) ( ) A regulação dos dados é um desafio enfrentado principalmente pelas
grandes empresas que possuem aplicações em IA, pois elas não possuem
governança de dados.
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FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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