Aula N.º 8 e 9
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CASOS PRÁTICO
Resolução:
a) Entre padrasto e a viúva do enteado não existe qualquer relação familiar, logo, não se
verifica a existência de qualquer impedimento matrimonial. Assim, não se verificando
qualquer relação familiar, o casamento entre ambos é perfeitamente válido.
b) Entre sogro e a viúva do filho existe um vínculo de afinidade, resultante do casamento desta com o filho
daquele. Nos termos do art. 1585.º do CC, a afinidade não cessa com a dissolução do casamento por morte,
razão pela qual, mesmo após a morte do filho, mantém-se o vínculo familiar entre o pai e a viúva do filho.
➢ Contudo, se porventura, não obstante a existência do impedimento, o casamento vier a ser celebrado, o
mesmo é anulável nos termos do art. 1631.º/al. a) do CC. Esta causa de anulabilidade para ser
invocada, tem de ser reconhecida por decisão judicial transitada em julgado proferida em ação
especialmente intentada para o efeito, nos termos do art. 1632.º do CC.
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Tendo em conta o impedimento que se verifica, a ação de anulação terá que ser intentada no
prazo de 6 meses após a dissolução do casamento (art. 1643.º/1 c) do CC. Têm legitimidade
para intentar a ação as pessoas referidas no art. 1639.º do CC.
c) Casamento do genro com a madrasta da sua antiga mulher. Trata-se de uma situação
em que não existe entre os nubentes qualquer relação familiar. Esta relação que se
estabelece entre um dos cônjuges e os afins do outro não constitui relação de afinidade,
uma vez que afinidade não gera afinidade. Assim sendo, não existe qualquer
impedimento que obste à celebração do casamento.
❖ Sistemas matrimoniais
1. Ester e Jacob, que pertencem à Comunidade Judaica de Belmonte pretendem casar-se na sinagoga
segundo os ritos da sua religião. Sabem que a Comunidade Judaica de Belmonte já obteve atestado
de radicação. Que valor terá o casamento que realizarem?
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❖Formalidades
1) Processo preliminar de casamento
2) Celebração do casamento
▪ Indispensável presença de nubentes (ou de um + procurador), do ministro de culto
credenciado e de 2 testemunhas (art. 19.º, n.º 4 Lei Liberdade Religiosa)
3) Registo
2. Imagine que Diogo pretende casar com a sua namorada, Hilária. Porém, sendo ambos
portugueses e pretendendo casar em Portugal, em agosto deste ano, compraram casa em
Madrid, onde residem e continuarão a residir habitualmente. É possível convencionarem um
regime patrimonial para o seu casamento previsto na Lei espanhola? Comente.
Quanto ao regime de bens verifica-se que os nubentes têm a mesma nacionalidade e que a residência
habitual comum à data do casamento será em Espanha.
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❖ Consentimento
Liberdade do consentimento
Erro
ARTIGO 1636º (Erro que vicia a vontade)
“O erro que vicia a vontade só é relevante para efeitos de anulação quando recaia sobre qualidades
essenciais da pessoa do outro cônjuge, seja desculpável e se mostre que sem ele, razoavelmente, o
casamento não teria sido celebrado.”
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Formalidades do casamento
1.º Processo preliminar de casamento
2.º Incidentes do processo
3.º Celebração de casamento
4.º Registo do casamento
Aqueles que pretendem contrair casamento devem fazer a declaração para casamento:
pessoalmente ou por intermédio de procurador.
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Legitimidade?
- nubentes
- procuradores
Artigo 136.º
Forma e conteúdo da declaração
1 - A declaração para casamento deve constar de documento com aposição do nome do funcionário do registo civil ou
de documento assinado pelos nubentes e apresentado pessoalmente, pelo correio ou por via eletrónica, nos termos a
regulamentar em portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça.
2 - A declaração deve conter os seguintes elementos:
a) O nome completo, idade, estado, naturalidade e residência habitual dos nubentes;
b) O nome completo dos pais e a menção do falecimento de algum deles, se o nubente for menor;
c) O nome completo e residência habitual do tutor, se algum dos nubentes for menor e tiver tutela instituída;
d) No caso de novas núpcias de algum dos nubentes, a data do óbito ou da morte presumida do cônjuge anterior e a data
da sentença que a declarou, ou a data do divórcio ou de anulação do casamento anterior, com a indicação da data do
trânsito em julgado das sentenças, ou, tratando-se de casamento católico, a data do averbamento da declaração de
nulidade ou da dissolução por dispensa;
e) A indicação de algum dos nubentes ter filhos, salvo se o regime de bens for imperativo;
f) (Revogada.)
g) A modalidade de casamento que os nubentes pretendem contrair e a conservatória ou paróquia em que deve ser
celebrado e, no caso de casamento civil sob forma religiosa, a indicação do ministro do culto credenciado para o acto;
h) A menção de o casamento ser celebrado com ou sem convenção antenupcial, salvo se o regime de bens for imperativo,
caso em que apenas se refere a existência da convenção quando esta tenha sido outorgada;
i) Os elementos de referenciação dos documentos de identificação dos nubentes, quando exigíveis, ou o protesto pela sua
apresentação posterior;
j) No caso previsto no n.º 2 do artigo 166.º, a declaração expressa de que, de harmonia com a respectiva lei pessoal,
nenhum impedimento obsta à celebração do casamento;
l) (Revogada.)
m) (Revogada.)
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O processo preliminar de casamento termina com o despacho previsto no art. 144.º CRC, mas há
necessidade de considerar algumas hipóteses particulares que podem verificar-se – incidentes do processo.
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✓ Se um dos nubentes for menor, são, sempre que possível, ouvidos os pais ou o tutor (art.
254.º, 2 CRC)
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Declaração de impedimento
Impugnação
Falta de impugnação ou confissão
(20 dias)
O conservador remete o processo para o juiz
O conservador profere despacho a considerar da comarca (prazo de 2 dias) – art- 249.º CRC
o impedimento procedente e manda arquivar
o processo de casamento (art.º 247.º CRC)
Art. 250.º/1CRC Art. 250.º/2CRC
Se o despacho final for favorável, o casamento deverá celebrar-se dentro dos seis meses
seguintes (arts. 1614.º CC e 145.º, n.º 1, CRC).
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A cerimónia da celebração, que é pública, está regulada no art. 155.º CRC, e está sujeita
segundo a vontade dos nubentes:
▪ à forma fixada neste Código e nas leis do registo civil (v. 155.º CRC)
▪ à forma religiosa, nos termos da legislação especial
Artigo 155.º
Solenidade
A celebração do casamento é pública e feita pela forma seguinte:
a) O conservador, depois de anunciar que naquele local vai ter lugar a celebração do casamento, lê, da declaração inicial, os elementos
relativos à identificação dos nubentes e os referentes ao seu propósito de o contrair, bem como o despacho final previsto no artigo 144.º;
b) Se os nubentes forem menores e ainda não tiver sido dado o consentimento dos pais ou tutor, nem suprida essa autorização, o conservador
pergunta às pessoas que o devem prestar se o concedem, suspendendo a realização do ato se não for concedido;
c) Em seguida, o conservador interpela as pessoas presentes para que declarem se conhecem algum impedimento que obste à realização do
casamento;
d) Não sendo declarado qualquer impedimento e depois de referir os direitos e deveres dos cônjuges, previstos na lei civil, o conservador
pergunta a cada um dos nubentes se aceita o outro por consorte; e) Cada um dos nubentes responde, sucessiva e claramente: «É de minha livre
vontade casar com F. [indicando o nome completo do outro nubente].»
2 - Prestado o consentimento dos contraentes, o conservador diz, em voz alta, de modo a ser ouvido por todos os presentes: «Em nome da lei e
da República Portuguesa, declaro F. e F. [indicando os nomes completos de marido e mulher] unidos pelo casamento.».
➢ o registo faz prova plena de todos os factos nele contidos (cfr. art. 371.º CC
e art. 3.º CRC)
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▪ Modalidades do registo
O registo civil dos factos a ele sujeitos é lavrado por meio de assento ou de averbamento,
podendo os assentos, por sua vez, ser lavrados por inscrição ou por transcrição. (art. 51.º-53.º
CRC)
O registo pode, ainda, ser efetuado por menção no assento de outro ato, como acontece com
a convenção antenupcial, que é registada mediante a sua menção no texto do assento de
casamento quando o auto seja lavrado ou a certidão da respetiva escritura seja apresentada
até à celebração do casamento (art. 190.º, n.º 1).
Os factos sujeitos a registo, como o casamento e o estado civil das pessoas só podem provar-se
pelo acesso à base de dados do registo civil ou por meio de certidão (art. 211.º, n.º 1, CRC).
O registo do casamento pode ser lavrado por inscrição (art. 52.º, al. e)) ou por transcrição (art. 53.º, n.º 1,
als. c), d) e e)), havendo ainda a considerar o caso, previsto no art. 179.º, de casamento católico celebrado
entre cônjuges já vinculados entre si por casamento civil anterior não dissolvido, que é averbado ao
assento deste.
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O princípio da retroatividade está expresso nos arts. 1670.º, n.º 1, CC e 188.º, n.º 1, CRC,
segundo os quais, efetuado o registo, e ainda que este venha a perder-se, os efeitos civis do
casamento se retrotraem à data da sua celebração.
Casamentos urgentes
Quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos nubentes, ainda que derivada de
circunstâncias externas, ou iminência de parto, o casamento pode celebrar-se independentemente de
processo preliminar e sem intervenção do funcionário do registo civil (arts. 1622.º, n.º 1, CC e 156.º
CRC).
À celebração do casamento refere-se a al. b) do art. 156.º, que exige uma declaração expressa do
consentimento de cada um dos nubentes perante quatro testemunhas, duas das quais não podem ser
parentes sucessíveis dos nubentes.
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Caso contrário, o conservador organiza oficiosamente, com base na ata, o processo preliminar
de casamento, nos termos dos arts. 134.º e segs. (art. 159.º, n.º 1)
- O casamento urgente fica sujeito a homologação do conservador, que, no despacho final, deve fixar
expressamente todos os elementos que devam constar do assento (art. 159.º, n.º 5).
O despacho de homologação deve fixar, de acordo com a ata do casamento, completada pelos documentos
juntos ao processo preliminar e pelas diligências efetuadas, os elementos que o assento deve conter; este
deve ser lavrado no prazo de dois dias a contar da data em que o despacho de homologação tenha sido
proferido, e deve conter apenas, como menção especial, a referência à natureza urgente do casamento,
omitindo-se as circunstâncias particulares da celebração (art. 182.º CRegCiv)
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O art. 161.º CRC admite que o casamento contraído no estrangeiro entre dois portugueses ou entre
português e estrangeiro possa ser celebrado por três formas:
a) perante os ministros do culto católico;
b) perante os nossos agentes diplomáticos ou consulares no estrangeiro, pela forma estabelecida na lei
civil;
c) ou perante as autoridades locais competentes, pela forma prevista na lei do lugar da celebração.
Em qualquer dos casos, deve o casamento ser precedido do processo respetivo, organizado nos termos
dos arts. 134.º e segs. pelos agentes diplomáticos ou consulares portugueses ou por qualquer
conservatória do registo civil, exceto se dele estiver dispensado por lei (art. 162.º).
Pelo que respeita ao casamento de estrangeiros em Portugal, regem os arts. 165.º e 166.º CRC.
O casamento pode ser celebrado segundo a forma e nos termos previstos na lei nacional de qualquer dos
nubentes, perante os respetivos agentes diplomáticos ou consulares, desde que igual competência seja
reconhecida pela mesma lei aos agentes diplomáticos e consulares portugueses (arts. 51.º, n.º 1, CC e
165.º CRC), ou por qualquer das formas previstas no CRC.
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❖Formalidades
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2) Celebração do casamento
▪ Indispensável presença de nubentes (ou de um + procurador), do ministro de culto
credenciado e de 2 testemunhas (art. 19.º, n.º 4 Lei Liberdade Religiosa)
3) Registo
▪ Assento lavrado em duplicado no livro de registo ou arquivo eletrónico da igreja 8art.
187.º-A, n.º 1 CRC)
▪ Transcrição (art. 187.º-B e C, CRC)
▪ Comunicação ao ministro do culto
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