Aula N.º 8 e 9

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08/03/2024

CASOS PRÁTICO

Pronuncie-se sobre a validade dos seguintes casamentos:


a) Casamento do padrasto (viúvo/divorciado) com a viúva do seu enteado;
b) Casamento do sogro com a viúva de um dos seus filhos;
c) Casamento do genro com a madrasta da sua antiga mulher.

Resolução:

a) Entre padrasto e a viúva do enteado não existe qualquer relação familiar, logo, não se
verifica a existência de qualquer impedimento matrimonial. Assim, não se verificando
qualquer relação familiar, o casamento entre ambos é perfeitamente válido.

b) Entre sogro e a viúva do filho existe um vínculo de afinidade, resultante do casamento desta com o filho
daquele. Nos termos do art. 1585.º do CC, a afinidade não cessa com a dissolução do casamento por morte,
razão pela qual, mesmo após a morte do filho, mantém-se o vínculo familiar entre o pai e a viúva do filho.

Por esta razão, verifica-se um impedimento dirimente relativo da afinidade na linha


reta (art. 1602.º, al.c) do CC), que obsta à celebração do casamento entre ambos

➢ Caso tal impedimento seja detetado no decurso do processo preliminar do casamento, o


Conservador não deve autorizar a celebração do casamento.

➢ Contudo, se porventura, não obstante a existência do impedimento, o casamento vier a ser celebrado, o
mesmo é anulável nos termos do art. 1631.º/al. a) do CC. Esta causa de anulabilidade para ser
invocada, tem de ser reconhecida por decisão judicial transitada em julgado proferida em ação
especialmente intentada para o efeito, nos termos do art. 1632.º do CC.

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Tendo em conta o impedimento que se verifica, a ação de anulação terá que ser intentada no
prazo de 6 meses após a dissolução do casamento (art. 1643.º/1 c) do CC. Têm legitimidade
para intentar a ação as pessoas referidas no art. 1639.º do CC.

c) Casamento do genro com a madrasta da sua antiga mulher. Trata-se de uma situação
em que não existe entre os nubentes qualquer relação familiar. Esta relação que se
estabelece entre um dos cônjuges e os afins do outro não constitui relação de afinidade,
uma vez que afinidade não gera afinidade. Assim sendo, não existe qualquer
impedimento que obste à celebração do casamento.

❖ Sistemas matrimoniais

1. Ester e Jacob, que pertencem à Comunidade Judaica de Belmonte pretendem casar-se na sinagoga
segundo os ritos da sua religião. Sabem que a Comunidade Judaica de Belmonte já obteve atestado
de radicação. Que valor terá o casamento que realizarem?

• Casamento religioso - Igrejas ou comunidades “radicadas no País”


O casamento religioso é apenas uma forma de celebração do casamento, o qual fica
sujeito em todos os aspetos às mesmas normas por que se rege o casamento civil.

➢ Artigo 19.º - Lei da Liberdade religiosa

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O Estado permite que os cidadãos celebrem casamento religioso , concede-lhe efeitos


legais, mas sujeita-os ao mesmo regime do casamento civil, dá-lhes os mesmos efeitos.

Sistema do casamento civil facultativo

❖Formalidades
1) Processo preliminar de casamento

2) Celebração do casamento
▪ Indispensável presença de nubentes (ou de um + procurador), do ministro de culto
credenciado e de 2 testemunhas (art. 19.º, n.º 4 Lei Liberdade Religiosa)

3) Registo

2. Imagine que Diogo pretende casar com a sua namorada, Hilária. Porém, sendo ambos
portugueses e pretendendo casar em Portugal, em agosto deste ano, compraram casa em
Madrid, onde residem e continuarão a residir habitualmente. É possível convencionarem um
regime patrimonial para o seu casamento previsto na Lei espanhola? Comente.

Quanto ao regime de bens verifica-se que os nubentes têm a mesma nacionalidade e que a residência
habitual comum à data do casamento será em Espanha.

O Regulamento (UE) Nº 2016/1103, do Conselho de 24 de junho de 2016, em vigor a partir de 29 de


janeiro de 2019, no seu artigo 22.º, veio permitir aos futuros cônjuges, acordar em designar a lei
aplicável ao regime matrimonial, desde que corresponda à lei da residência habitual dos futuros
cônjuges ou de um deles, ou à lei da nacionalidade de qualquer dos nubentes. Na ausência de acordo de
escolha de lei, o artigo 26.º do Regulamento, estabelece os critérios de conexão supletiva que irão
determinar a lei aplicável.

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❖ Consentimento

Ana e Igor conheceram-se em 2018 numa concentração de motards e casaram em dezembro


de 2020. Igor tinha vivido de 2015 a 2017 na Rússia. No passado dia 13 de março, no
contexto da atenção dirigida para o cenário de guerra atual, ao ver um site noticioso, Ana
apercebe-se que a organização de motards a que Igor tinha pertencido na Rússia era afinal
uma organização muito ativa de extrema-direita, responsável por ataques xenófobos e por
outras atividades de cariz criminal. Hoje vem alegar que, se tivesse sabido de tal situação,
nunca teria casado com Igor e pretende anular o casamento. Pode fazê-lo?

Liberdade do consentimento
Erro
ARTIGO 1636º (Erro que vicia a vontade)
“O erro que vicia a vontade só é relevante para efeitos de anulação quando recaia sobre qualidades
essenciais da pessoa do outro cônjuge, seja desculpável e se mostre que sem ele, razoavelmente, o
casamento não teria sido celebrado.”

ARTIGO 1631º (Causas de anulabilidade)


“É anulável o casamento:
b) Celebrado, por parte de um ou de ambos os nubentes, com falta de vontade ou com a
vontade viciada por erro ou coacção; (...)”

ARTIGO 1645º (Anulação fundada em vícios da vontade)


“A ação de anulação fundada em vícios da vontade caduca, se não for instaurada dentro dos seis
meses subsequentes à cessação do vício.”

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ARTIGO 1641º (Anulação fundada em vícios da vontade)


“A ação de anulação fundada em vícios da vontade só pode ser intentada pelo cônjuge que foi
vítima do erro ou da coação; mas podem prosseguir na ação os seus parentes, afins na linha reta,
herdeiros ou adotantes, se o autor falecer na pendência da causa.”

ARTIGO 288º (Confirmação)


“1. A anulabilidade é sanável mediante confirmação. (...)”

Formalidades do casamento
1.º Processo preliminar de casamento
2.º Incidentes do processo
3.º Celebração de casamento
4.º Registo do casamento

1.º Processo preliminar de casamento

Aqueles que pretendem contrair casamento devem fazer a declaração para casamento:
pessoalmente ou por intermédio de procurador.

Onde? qualquer Conservatória do Registo Civil (art. 134.º CRC)

Finalidade da declaração: instauração do processo de casamento


(arts.135.º CRC)

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Artigo 135.º CRC


Declaração para casamento
1 - Aqueles que pretendam contrair casamento devem declará-lo, pessoalmente ou por intermédio de procurador,
numa conservatória do registo civil e requerer a instauração do processo de casamento.
2 - A declaração para instauração do processo relativa ao casamento católico pode ainda ser prestada pelo pároco
competente para a organização do processo canónico, sob a forma de requerimento por si assinado.
3 - Se a declaração for prestada pelo pároco e, posteriormente à instauração do processo, os nubentes pretenderem casar
civilmente, é necessário que estes renovem a declaração inicial.
4 - A declaração para instauração de processo relativo ao casamento civil sob forma religiosa pode ainda ser prestada
pelo ministro do culto da igreja ou comunidade religiosa radicada no País, mediante requerimento por si assinado.
5 - Os nubentes podem apresentar cumulativamente no processo preliminar de casamento o pedido de qualquer um dos
processos previstos nos artigos 253.º e 255.º, bem como o pedido de suprimento de certidão de registo regulado nos
artigos 266.º e seguintes.

Legitimidade?
- nubentes
- procuradores

Forma da declaração: art.º 136 do CRC

Artigo 136.º
Forma e conteúdo da declaração
1 - A declaração para casamento deve constar de documento com aposição do nome do funcionário do registo civil ou
de documento assinado pelos nubentes e apresentado pessoalmente, pelo correio ou por via eletrónica, nos termos a
regulamentar em portaria do membro do Governo responsável pela área da justiça.
2 - A declaração deve conter os seguintes elementos:
a) O nome completo, idade, estado, naturalidade e residência habitual dos nubentes;
b) O nome completo dos pais e a menção do falecimento de algum deles, se o nubente for menor;
c) O nome completo e residência habitual do tutor, se algum dos nubentes for menor e tiver tutela instituída;
d) No caso de novas núpcias de algum dos nubentes, a data do óbito ou da morte presumida do cônjuge anterior e a data
da sentença que a declarou, ou a data do divórcio ou de anulação do casamento anterior, com a indicação da data do
trânsito em julgado das sentenças, ou, tratando-se de casamento católico, a data do averbamento da declaração de
nulidade ou da dissolução por dispensa;
e) A indicação de algum dos nubentes ter filhos, salvo se o regime de bens for imperativo;
f) (Revogada.)
g) A modalidade de casamento que os nubentes pretendem contrair e a conservatória ou paróquia em que deve ser
celebrado e, no caso de casamento civil sob forma religiosa, a indicação do ministro do culto credenciado para o acto;
h) A menção de o casamento ser celebrado com ou sem convenção antenupcial, salvo se o regime de bens for imperativo,
caso em que apenas se refere a existência da convenção quando esta tenha sido outorgada;
i) Os elementos de referenciação dos documentos de identificação dos nubentes, quando exigíveis, ou o protesto pela sua
apresentação posterior;
j) No caso previsto no n.º 2 do artigo 166.º, a declaração expressa de que, de harmonia com a respectiva lei pessoal,
nenhum impedimento obsta à celebração do casamento;
l) (Revogada.)
m) (Revogada.)

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Despacho final: art.º 144 CRC

No prazo de 1 dia a contar da última diligência, o conservador deve lavrar despacho a


autorizar os nubentes a celebrar o casamento ou a mandar arquivar o processo.

No despacho devem ser identificados os nubentes, feita referência à


existência ou inexistência de impedimentos ao casamento e apreciada a
capacidade matrimonial dos nubentes.

O despacho desfavorável à celebração do casamento é notificado aos


nubentes, pessoalmente ou por carta registada, que podem dele recorrer
nos 8 dias seguintes à data da notificação (art. 292.º CRC).

2.º Incidentes do processo

O processo preliminar de casamento termina com o despacho previsto no art. 144.º CRC, mas há
necessidade de considerar algumas hipóteses particulares que podem verificar-se – incidentes do processo.

a) Certificado para casamento: art.º 146 CRC


Se os nubentes, na declaração inicial ou posteriormente, houverem manifestado a intenção de celebrar
casamento católico ou casamento civil sob forma religiosa, é passado pelo conservador, dentro do
prazo de um dia, um certificado no qual se declara que os nubentes podem contrair casamento.

b) Dispensa dos impedimentos impedientes

Nos termos do artigo 1609.º, os impedimentos impedientes podem ser dispensados.

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✓ O processo é instaurado e instruído na conservatória (art. 253.º, 1, CRC)

✓ Na petição, os interessados justificam os motivos da pretensão (art. 253.º, 2 CRC)

✓ O conservador profere decisão fundamentada sobre concessão ou denegação da dispensa,


uma vez organizado e instruído o processo (art. 254.º, 1 CRC)

✓ Se um dos nubentes for menor, são, sempre que possível, ouvidos os pais ou o tutor (art.
254.º, 2 CRC)

✓ A decisão é notificada aos interessados (art. 254.º, 4 CRC)

✓ Cabe recurso para o juiz da comarca (art. 254.º, 4 CRC)

c) Denúncia dos impedimentos

Qualquer pessoa pode declarar a existência de impedimentos, até à data da celebração do


casamento (arts. 1611.º, 1 CC e 142.º, 1, CRC)

O conservador deve fazer constar do processo de casamento o


impedimento.

O processo é suspenso até que o impedimento cesse, seja dispensado ou julgado


improcedente por decisão judicial com trânsito em julgado (art. 1611.º, 3 CC e 142.º, 2
CRC)

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Processo de impedimento do casamento

Declaração de impedimento

Citação dos nubentes

Impugnação
Falta de impugnação ou confissão
(20 dias)
O conservador remete o processo para o juiz
O conservador profere despacho a considerar da comarca (prazo de 2 dias) – art- 249.º CRC
o impedimento procedente e manda arquivar
o processo de casamento (art.º 247.º CRC)
Art. 250.º/1CRC Art. 250.º/2CRC

Recurso para a Relação (art. 251.º/1 CRC)

3.º Celebração de casamento

Se o despacho final for favorável, o casamento deverá celebrar-se dentro dos seis meses
seguintes (arts. 1614.º CC e 145.º, n.º 1, CRC).

No ato da celebração devem estar presentes:


- ambos os nubentes; ou
- um deles e o procurador do outro; e
- o conservador.

- é ainda obrigatória a presença de duas testemunhas quando a identidade de qualquer dos


nubentes ou do procurador não possa ser verificada por uma das formas previstas nas als.
a), b) e c) do n.º 3 do art. 154.ºCRC.

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A cerimónia da celebração, que é pública, está regulada no art. 155.º CRC, e está sujeita
segundo a vontade dos nubentes:

▪ à forma fixada neste Código e nas leis do registo civil (v. 155.º CRC)
▪ à forma religiosa, nos termos da legislação especial

Artigo 155.º
Solenidade
A celebração do casamento é pública e feita pela forma seguinte:
a) O conservador, depois de anunciar que naquele local vai ter lugar a celebração do casamento, lê, da declaração inicial, os elementos
relativos à identificação dos nubentes e os referentes ao seu propósito de o contrair, bem como o despacho final previsto no artigo 144.º;
b) Se os nubentes forem menores e ainda não tiver sido dado o consentimento dos pais ou tutor, nem suprida essa autorização, o conservador
pergunta às pessoas que o devem prestar se o concedem, suspendendo a realização do ato se não for concedido;
c) Em seguida, o conservador interpela as pessoas presentes para que declarem se conhecem algum impedimento que obste à realização do
casamento;
d) Não sendo declarado qualquer impedimento e depois de referir os direitos e deveres dos cônjuges, previstos na lei civil, o conservador
pergunta a cada um dos nubentes se aceita o outro por consorte; e) Cada um dos nubentes responde, sucessiva e claramente: «É de minha livre
vontade casar com F. [indicando o nome completo do outro nubente].»
2 - Prestado o consentimento dos contraentes, o conservador diz, em voz alta, de modo a ser ouvido por todos os presentes: «Em nome da lei e
da República Portuguesa, declaro F. e F. [indicando os nomes completos de marido e mulher] unidos pelo casamento.».

4.º Registo do casamento

Artigo 1.º Objeto e obrigatoriedade do registo

1 - O registo civil é obrigatório e tem por objeto os seguintes factos:


(...)
d) O casamento;
(...)
2 - Os factos respeitantes a estrangeiros só estão sujeitos a registo obrigatório quando ocorram em
território português.

➢ o registo constitui, em princípio, a única prova legalmente admitida dos


mencionados atos ou factos, os quais, salvo disposição legal em contrário, não
podem ser invocados quer pelas pessoas a quem respeitem ou seus herdeiros,
quer por terceiros, enquanto não for lavrado o respetivo registo (art.1669.ºCC e
art. 2.º CRC)

➢ o registo faz prova plena de todos os factos nele contidos (cfr. art. 371.º CC
e art. 3.º CRC)

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▪ Modalidades do registo

O registo civil dos factos a ele sujeitos é lavrado por meio de assento ou de averbamento,
podendo os assentos, por sua vez, ser lavrados por inscrição ou por transcrição. (art. 51.º-53.º
CRC)

O registo pode, ainda, ser efetuado por menção no assento de outro ato, como acontece com
a convenção antenupcial, que é registada mediante a sua menção no texto do assento de
casamento quando o auto seja lavrado ou a certidão da respetiva escritura seja apresentada
até à celebração do casamento (art. 190.º, n.º 1).

Os factos sujeitos a registo, como o casamento e o estado civil das pessoas só podem provar-se
pelo acesso à base de dados do registo civil ou por meio de certidão (art. 211.º, n.º 1, CRC).

O registo do casamento pode ser lavrado por inscrição (art. 52.º, al. e)) ou por transcrição (art. 53.º, n.º 1,
als. c), d) e e)), havendo ainda a considerar o caso, previsto no art. 179.º, de casamento católico celebrado
entre cônjuges já vinculados entre si por casamento civil anterior não dissolvido, que é averbado ao
assento deste.

No que se refere ao casamento civil, o registo é lavrado por inscrição em suporte


informático, nos termos gerais (art. 14.º).

importa ter em conta o princípio da retroatividade: os efeitos do casamento não se


produzem só ex nunc, desde a data do registo, mas ex tunc, desde a data da
celebração do ato.
➢ O registo não é constitutivo – formalidade ad probationem.

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O princípio da retroatividade está expresso nos arts. 1670.º, n.º 1, CC e 188.º, n.º 1, CRC,
segundo os quais, efetuado o registo, e ainda que este venha a perder-se, os efeitos civis do
casamento se retrotraem à data da sua celebração.

Ficam ressalvados os direitos de terceiro que sejam


compatíveis com os direitos e deveres de natureza pessoal dos
cônjuges e dos filhos, a não ser que, tratando-se de registo por
transcrição, esta tenha sido efetuada dentro dos sete dias
subsequentes à celebração.

Casamentos urgentes

Quando haja fundado receio de morte próxima de algum dos nubentes, ainda que derivada de
circunstâncias externas, ou iminência de parto, o casamento pode celebrar-se independentemente de
processo preliminar e sem intervenção do funcionário do registo civil (arts. 1622.º, n.º 1, CC e 156.º
CRC).

As formalidades preliminares reduzem-se à proclamação a que se refere a al. a) do art.


156.º — uma proclamação oral ou escrita, feita à porta da casa onde se encontrem os
nubentes, pelo funcionário do registo civil ou, na sua falta, por qualquer das pessoas
presentes, de que vai celebrar-se o casamento.

À celebração do casamento refere-se a al. b) do art. 156.º, que exige uma declaração expressa do
consentimento de cada um dos nubentes perante quatro testemunhas, duas das quais não podem ser
parentes sucessíveis dos nubentes.

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O registo dos casamentos urgentes:


- Nos termos da al. c) do art. 156.º, deve redigir-se uma ata do casamento por documento escrito e sem
formalidades especiais, assinado por todos os intervenientes que saibam e possam fazê-lo;

- Apresentada a ata do casamento, se houver já processo preliminar de casamento organizado o despacho


final do conservador é proferido no prazo de três dias a contar da data da ata ou da última diligência do
processo;

Caso contrário, o conservador organiza oficiosamente, com base na ata, o processo preliminar
de casamento, nos termos dos arts. 134.º e segs. (art. 159.º, n.º 1)

- O casamento urgente fica sujeito a homologação do conservador, que, no despacho final, deve fixar
expressamente todos os elementos que devam constar do assento (art. 159.º, n.º 5).

O casamento urgente não homologado é juridicamente inexistente (art. 1628.º,


al. b), CCiv).

O despacho de homologação deve fixar, de acordo com a ata do casamento, completada pelos documentos
juntos ao processo preliminar e pelas diligências efetuadas, os elementos que o assento deve conter; este
deve ser lavrado no prazo de dois dias a contar da data em que o despacho de homologação tenha sido
proferido, e deve conter apenas, como menção especial, a referência à natureza urgente do casamento,
omitindo-se as circunstâncias particulares da celebração (art. 182.º CRegCiv)

Os casamentos urgentes, celebrados sem precedência do processo preliminar,


consideram-se sempre contraídos no regime da separação (art. 1720.º, n.º 1, al. a),
CC)

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❑ Casamentos de portugueses no estrangeiro e de estrangeiros em Portugal

O art. 161.º CRC admite que o casamento contraído no estrangeiro entre dois portugueses ou entre
português e estrangeiro possa ser celebrado por três formas:
a) perante os ministros do culto católico;
b) perante os nossos agentes diplomáticos ou consulares no estrangeiro, pela forma estabelecida na lei
civil;
c) ou perante as autoridades locais competentes, pela forma prevista na lei do lugar da celebração.

Em qualquer dos casos, deve o casamento ser precedido do processo respetivo, organizado nos termos
dos arts. 134.º e segs. pelos agentes diplomáticos ou consulares portugueses ou por qualquer
conservatória do registo civil, exceto se dele estiver dispensado por lei (art. 162.º).

Pelo que respeita ao casamento de estrangeiros em Portugal, regem os arts. 165.º e 166.º CRC.

O casamento pode ser celebrado segundo a forma e nos termos previstos na lei nacional de qualquer dos
nubentes, perante os respetivos agentes diplomáticos ou consulares, desde que igual competência seja
reconhecida pela mesma lei aos agentes diplomáticos e consulares portugueses (arts. 51.º, n.º 1, CC e
165.º CRC), ou por qualquer das formas previstas no CRC.

Neste caso, deve o nubente instruir o processo preliminar com certificado de


capacidade matrimonial, passado pela entidade competente do país de que seja nacional
ou, verificado o condicionalismo do art. 166.º, n.º 2.

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Casamentos civis sob forma religiosa

➢ Artigo 19.º - Lei da Liberdade religiosa

Casamento por forma religiosa


1 - São reconhecidos efeitos civis ao casamento celebrado por forma religiosa perante o ministro do culto de
uma igreja ou comunidade religiosa radicada no País. O ministro do culto deverá ter a nacionalidade
portuguesa ou, sendo estrangeiro, não nacional de Estado membro da União Europeia, ter autorização de
residência temporária ou permanente em Portugal.
2 - Aqueles que pretendam contrair casamento por forma religiosa deverão declará-lo, pessoalmente ou por
intermédio de procurador, no requerimento de instauração do respetivo processo de publicações na
conservatória do registo civil competente, indicando o ministro do culto credenciado para o ato. A declaração
para casamento pode ainda ser prestada pelo ministro do culto, mediante requerimento por si assinado.

❖Formalidades

1) Processo preliminar de casamento:


▪ Declaração para instauração do processo - prestada por ministro de culto;
▪ Comprovação da qualidade e da credenciação do ministro do culto pelo conservador , da
radiação da igreja ou comunidade religiosa (…).
▪ Diligências pelo conservador para assegurar que os nubentes têm conhecimento dos arts.
1577.º, 1600.º, 1671.º, 1672.º CC
▪ Despacho a autorizar a celebração do casamento (ou arquivamento)
▪ Certificado para casamento

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2) Celebração do casamento
▪ Indispensável presença de nubentes (ou de um + procurador), do ministro de culto
credenciado e de 2 testemunhas (art. 19.º, n.º 4 Lei Liberdade Religiosa)

3) Registo
▪ Assento lavrado em duplicado no livro de registo ou arquivo eletrónico da igreja 8art.
187.º-A, n.º 1 CRC)
▪ Transcrição (art. 187.º-B e C, CRC)
▪ Comunicação ao ministro do culto

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