Proteção Jurídica Saúde Mental Indígena
Proteção Jurídica Saúde Mental Indígena
Proteção Jurídica Saúde Mental Indígena
indígena brasileiro
RESUMO
1
Mestra em Gestão e Tecnologia aplicadas à Educação pela Universidade do Estado da Bahia. Especialista
em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação pela Universidade do Estado da Bahia.
Bacharela em Direito pelo Centro Universitário Jorge Amado. Licenciada em Estudos Sociais pela
Universidade do Estado da Bahia. Professora junto à Universidade do Estado da Bahia. E-mail:
[email protected].
2
Bacharel em Direito pela Universidade do Estado da Bahia e Pós-graduando lato sensu em Direito do
Trabalho e Previdenciário pela Pontífica Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
[email protected].
3
Bacharela em Direito pela Universidade do Estado da Bahia e Pós-graduanda lato sensu em Direito do
Trabalho e Previdenciário pela Pontífica Universidade Católica de Minas Gerais. E-mail:
[email protected]).
Palavras-chave: Indígenas. Saúde mental. Direito. Brasil.
RESUMEN
INTRODUÇÃO
A questão relativa à saúde indígena no Brasil é um dos temas escamoteados por pouca
visibilidade, assim como quase toda a temática dos povos originários em nosso território. A
invisibilidade que recobre as temáticas indígenas tem como pano de fundo a politica de
negação de direitos destes povos e, portanto, a saúde mental indígena é tema sobre o qual
paira um quase desconhecimento.
A saúde mental para os não-índios foi motivo de ampla discussão nas áreas médica e
legislativa nos últimos cinco anos, o que desembocou no processo de humanização dos
tratamentos psiquiátricos, que ficou conhecido como reforma antimanicomial. Entretanto,
quando a temática é a saúde mental dos povos indígenas, quase não há discussão e o
surgimento de um texto normativo específico para tal matéria pouco repercutiu no dia-a-
dia destes sujeitos de direito (indígenas), bem como para a estrutura governamental.
1 Conceito de saúde
O conceito de saúde adotado neste trabalho toma por base a Constituição da Organização
Mundial de Saúde - OMS, datada de 1946, que define saúde enquanto um “estado de
completo bem-estar físico, mental e social”4. A definição trazida pela OMS inaugura a ideia
de saúde enquanto completude em três esferas do ser humano: corpo, psique e ambiente
social. Esta completude, na verdade, contempla uma tríade indissociável, pois o corpo está
inserido no espaço social e sua psique o é intrínseca.
Ainda tomando por base a Constituição da OMS, identificamos que a saúde é concebida
por este organismo internacional como direito fundamental de “todo ser humano, sem
distinção de raça, de religião, de credo político, de condições econômicas ou sociais5”.
Entendida como direito fundamental, é, portanto, inquestionável a obrigatoriedade do
Estado em atendê-la. Saúde enquanto direito fundamental ao ser humano e portanto raça
única.
Na formulação da OMS, percebe-se, ainda, que a condição social ou econômica não deve
ser barreira para a garantia da saúde, pois caberá ao Estado assegurar que todos tenham
acesso à saúde plena. Assim sendo, “Os Governos têm responsabilidade pela saúde dos
seus povos, a qual só pode ser assumida pelo estabelecimento de medidas sanitárias e
sociais adequadas6”, logo, a saúde é um direito social7, extensivo a todos, não se admitindo
discriminações negativas.
4
Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) – 1946.
5
Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) – 1946.
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Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) – 1946.
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Consideram-se direitos sociais ou direitos fundamentais de segunda dimensão, de acordo com Dimoulis e
Martins (2010, p. 57), “direitos que permitem aos indivíduos exigir determinada atuação do Estado, no intuito
Ultrapassada a conceituação de saúde, passemos ao conceito de saúde mental, cuja
abordagem é essencial a este trabalho.
Neste sentido, a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná publicou em site oficial que:
Percebe-se que os critérios apresentam relação muito forte com o coletivo, quando
verificam percepção da realidade, integração, domínio ambiental e competência social.
de melhorar suas condições de vida, garantindo os pressupostos necessários para o exercício da liberdade,
incluindo as liberdades de status negativus”.
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Preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO) – 1946.
Deste modo, depreende-se que um indivíduo saudável reflete na sociedade e, portanto,
prevenir, cuidar e assistir comunidades de povos originários em matéria social, ambiental
e econômica significa promover saúde física e psíquica.
A Constituição Federal de 1988 garantiu a todos uma gama de direitos sociais básicos. A
saúde constitui direito de todos e dever do Estado, a partir de um acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção. A proteção à saúde encontra-se
guarnecida expressamente nos artigos 6º e 196, ambos da Constituição Federal, os quais
são transcritos abaixo:
As ações e políticas ligadas à saúde representam relevância pública, de modo que o Estado
é o responsável por criá-las, bem como executá-las. As normas constitucionais destacam a
universalidade deste direito e, desta forma, inclui a extensão da titularidade do direito à
saúde aos indígenas. Na sua função garantidora, o Estado, por meio da norma expressa no
art. 198 da Constituição Federal de 1988, estabelece a estruturação do Sistema Único de
Saúde e traz importantes diretrizes. Dentre estas, destacam-se o princípio do atendimento
integral (inciso II) e a participação da comunidade (inciso III).
O Decreto nº 564/92, que institui a Fundação Nacional de Apoio ao Indio – FUNAI, por
sua vez, em seu artigo segundo, que trata das finalidades da referida Fundação, incluiu
entre estas, no inciso V, “promover a prestação de assistência médico-sanitária aos
índios”. Ainda neste mesmo diploma legal o artigo 1710 determina como uma das
competências da Diretoria de Assistência a prevenção e assistência à saúde.
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Art. 54. Os índios têm direito aos meios de proteção à saúde facultados à comunhão nacional. Parágrafo
único. Na infância, na maternidade, na doença e na velhice, deve ser assegurada ao silvícola, especial
assistência dos poderes públicos, em estabelecimentos a esse fim destinados. Art. 55. O regime geral da
previdência social será extensivo aos índios, atendidas as condições sociais, econômicas e culturais das
comunidades beneficiadas.
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Art. 17. À Diretoria de Assistência compete promover e dirigir, a nível nacional, as ações de assistência
aos índios nas áreas de proteção aos grupos indígenas isolados, de política de educação, de prevenção e
assistência à saúde, de execução das atividades relativas à preservação, conservação e recuperação do
meio ambiente das terras indígenas, de gerência econômica do patrimônio indígena e de desenvolvimento
de atividades sociais e produtivas.
jurídicos, mas sua efetivação, no entanto, ainda é questionável. Passaremos, então, à
análise dos decretos específicos sobre a saúde indígena.
Inicialmente, foi editado o Decreto nº 1.141/94, que dispunha sobre as ações de proteção
ambiental, saúde e apoio às atividades produtivas para as comunidades indígenas, o qual
foi revogado pelo Decreto nº 7.747/ 2012. Posteriormente, este último também foi
revogado, de modo que o amparo legal à saúde indígena, atualmente, baseia-se no Decreto
nº 3.156/99, que faz referência aos diplomas legais acima citados em sua ementa11.
O Decreto nº 3.156/99, em seu artigo 1º, declara que a atenção à saúde indígena é de
competência da União e adjetiva a extensão desta atenção com integralidade, ou seja, não
apenas a saúde corporal, mas também a saúde mental. O paragrafo único12 do mencionado
dispositivo legal, por sua vez, ressalva que, apesar da competência ser da União, os demais
entes estatais também podem atuar na promoção da saúde indígena.
Ainda neste Decreto, o artigo 2º, que trata das diretrizes que devem ser seguidas para a
atenção à saúde do indígena, inclui entre os objetivos almejados o alcance do equilíbrio
bio-psicosocial13, não restando dúvidas sobre a abrangência da saúde mental por este
diploma normativo. As diretrizes a serem seguidas, por sua vez, estão dispostas nos incisos
deste mesmo artigo 2º.
Dentre estes incisos, destacaremos três neste trabalho, em razão de sua vinculação à
discussão sobre saúde mental, quais sejam: o inciso V, que determina “a restauração das
condições ambientais, cuja violação se relacione diretamente com o surgimento de
11
Dispõe sobre as condições para a prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do
Sistema Único de Saúde, pelo Ministério da Saúde, altera dispositivos dos Decretos nºs 564, de 8 de junho
de 1992, e 1.141, de 19 de maio de 1994, e dá outras providências.
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Parágrafo único. As ações e serviços de saúde prestados aos índios pela União não prejudicam as
desenvolvidas pelos Municípios e Estados, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
13
Art. 2º Para o cumprimento do disposto no artigo anterior, deverão ser observadas as seguintes diretrizes
destinadas à promoção, proteção e recuperação da saúde do índio, objetivando o alcance do equilíbrio bio-
psico-social, com o reconhecimento do valor e da complementariedade das práticas da medicina indígena,
segundo as peculiaridades de cada comunidade, o perfil epidemiológico e a condição sanitária:[...]
doenças e de outros agravos da saúde”, remetendo, nitidamente, às condições sociais e de
convívio que podem causar transtornos ou desconfortos psicológicos; o inciso VIII, que
determina “a participação das comunidades indígenas envolvidas na elaboração da
política de saúde indígena, de seus programas e projetos de implementação”, permitindo
assim, que os problemas reais vividos pelas comunidades indígenas sejam contemplados
na citada política de saúde e, por fim, o inciso IX, que obriga “o reconhecimento da
organização social e política, dos costumes, das línguas, das crenças e das tradições dos
índios”, relacionando-se com a proteção da cultura, já que esta constitui-se em elemento
identitário social que repercute no o bem-estar integral das comunidades indígenas.
Merece destaque, também, o artigo 3º14 do Decreto nº 3.156/99, do qual se depreende que
a política de saúde indígena deve ser desenvolvida com o objetivo de proteger e recuperar a
saúde do índio, ao tempo que nomeia a Fundação Nacional da saúde - FUNASA para tal
função. Por fim, o artigo 4º15 ainda contribui acrescendo a possibilidade de organizações
não-governamentais atuarem em conjunto com o poder público na área da saúde.
A Lei no 9.836, de 23 de setembro de 1999, tem por escopo, conforme sua ementa16,
acrescentar dispositivos à Lei nº 8.080/90 e instituir o Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena. Este subsistema, cujos recursos são advindos da União, é hierarquicamente
subordinado ao Sistema Único de saúde – SUS e tem caráter nacional, coletivo e individual
e objetiva promover a saúde integral indígena.
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Art. 3º O Ministério da Saúde estabelecerá as políticas e diretrizes para a promoção, prevenção e
recuperação da saúde do índio, cujas ações serão executadas pela Fundação Nacional de Saúde -
FUNASA.
15
Art. 4º Para os fins previstos neste Decreto, o Ministério da Saúde poderá promover os meios
necessários para que os Estados, Municípios e entidades governamentais e não-governamentais atuem em
prol da eficácia das ações de saúde indígena, observadas as diretrizes estabelecidas no art. 2º deste.
16 o
Acrescenta dispositivos à Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990, que "dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços
correspondentes e dá outras providências", instituindo o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena.
demarcação de terras e integração institucional, dentre outros aspectos elencados no artigo
19-F17 da Lei nº 8080/90.
Cabe ressaltar que a Portaria nº 2.759/2007 foi o primeiro documento a tratar da saúde
mental indígena no Brasil. Trata-se de portaria expedida pelo Ministério da Saúde com
bastante atraso, tendo em vista que outros documentos jurídicos de áreas afins sempre
remeteram para a temática da saúde mental indígena e o poder público permanecia omisso
ante esta demanda de fato e de direito.
De acordo com sua ementa, a referida portaria ”estabelece diretrizes gerais para a Política
de Atenção Integral à Saúde Mental das Populações Indígenas e cria o Comitê Gestor”,
deixando clara a lacuna normativa existente desde a Lei nº 10.216, que já previa a
obrigatoriedade de o Estado fornecer amparo à saúde mental, sem excluir os indígenas.
Esta portaria levou em consideração vários documentos jurídicos internos e externosem
sua elaboração, denotando assim que a proteção à saúde indígena já era temática bastante
17
Art. 19-F: Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as especificidades da
cultura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que se deve pautar
por uma abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à saúde,
18 o
§ 2 O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo,
para isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as populações
indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento necessário em todos os níveis, sem
discriminações.
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Estabelece diretrizes gerais para a Política de Atenção Integral à Saúde Mental das Populações
Indígenas e cria o Comitê Gestor.
debatida. Dentre os documentos utilizados para a expedição da portaria, destacam-se,
internamente, a Lei nº 10.216; o Relatório da III Conferência Nacional de Saúde Mental,
aprovado pelo Conselho Nacional de Saúde; as deliberações da IV Conferência Nacional de
Saúde Indígena; os debates do II Fórum Amazônico de Saúde Mental e as diretrizes da
Carta de Saúde Mental Indígena na Amazônia Legal e as deliberações da Reunião Sobre o
Plano de Saúde Mental Indígena para os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. Quanto
aos documentos internacionais, ressaltam-se a Declaração de Caracas sobre a necessidade
de enfrentar desafios relacionados às populações mais vulneráveis e a Declaração das
Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
Esta portaria ministerial cria um Comitê Gestor para a politica de atenção Integral à saúde
mental das populações Indígenas e estabelece, no seu artigo 2º, as incumbências de tal
Comitê, sobre as quais discorreremos a seguir. A primeira23 delas, referente à elaboração
uma norma de regulamentação das ações de atenção em saúde mental às populações
indígenas, tinha prazo de 45 dias para ser atendida e deveria ser cumprida no conjunto das
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IV - garantir ações integradas, através da articulação institucional entre as diferentes esferas de governo
(União, Estado e Municípios)
21
V - garantir acessibilidade, sobretudo através da potencialização das ações de construção coletiva de
soluções para os problemas de saúde mental no nível da atenção básica, e da potencialização dos CAPS
na construção coletiva de ações em seu território, sobretudo em regiões com grande concentração de
comunidades indígenas;
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VIII - garantir que o Programa de Formação Permanente de Recursos Humanos para a Reforma
Psiquiátrica, já em andamento, absorva, especialmente em regiões com grande concentração de
comunidades indígenas, a problemática da saúde mental indígena.
23
Art. 2º, I - elaborar e pactuar com as instâncias implicadas, em 45 (quarenta) dias, uma norma que
regulamente as ações de atenção em Saúde Mental às populações indígenas, onde estejam implicadas
estruturas da Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS, da Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS/MS, e
da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA;
esferas governamentais. Esta incumbência, no entanto ,não foi cumprida dentro do prazo,
pois diplomas normativos subsequentes em matéria congênere foram expedidos em 2011 e
não incluíram as populações indígenas. O próprio Ministério da Saúde expediu em 2011 a
portaria nº 3.088 sobre Atenção Psicossocial e houve ainda a expedição do Decreto
Federal nº 7.508/11, que disciplina o SUS e a articulação interfederativa, mas ambos não
fazem referência às populações indígenas.
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II - coordenar as ações no âmbito do Ministério da Saúde, ouvidas as instâncias representativas de
comunidades indígenas, para o enfrentamento das situações emergenciais da atenção à saúde mental
indígena, como o alcoolismo, o suicídio e outros problemas prevalentes;
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III - elaborar um sistema de monitoramento e avaliação das ações de atenção em saúde mental às
populações indígenas, em sua implantação e implementação.
Por derradeiro, sobre o Comitê Gestor, verifica-se que a sua composição26 é de dez
representantes, dentre os quais oito são meros burocráticos. A presidência do Comitê cabe
ao representante do Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde –
FUNASA e apenas um dos membros deste Comitê é vinculado ao Departamento de Ações
Programáticas Estratégicas – Área Técnica de Saúde Mental - DAPES/SAS/MS. Dos
membros restantes, um nos chama a atenção em especial: um pesquisador convidado de
universidade brasileira. Isto porque não é indicada a área de atuação, nem definida a
natureza jurídica da universidade e a vinculação do pesquisador a esta instituição de
ensino superior, ou seja, o critério de escolha não é claro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Art. 3º Definir como integrantes do Comitê, sob a coordenação do primeiro, e a coordenação adjunta do
segundo, os seguintes membros:I - um representante do Departamento de Saúde Indígena da Fundação
Nacional de Saúde – FUNASA;II - um representante do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas
– Área Técnica de Saúde Mental - DAPES/SAS/MS;III - um representante do Projeto VIGISUS -
Departamento de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde - FUNASA;IV - um representante do
Departamento de Atenção Básica - DAB/SAS/MS;V - um representante da Secretaria de Vigilância em
Saúde - SVS/MS;VI - um representante do Conselho de Comunidades Indígenas das cinco regiões do
país;VII - um pesquisador convidado, de universidade brasileira;VIII - um representante do Conselho
Nacional de Secretários de Saúde - CONASS;IX - um representante do Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde - CONASEMS; e X - um representante da Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
Mais especificamente sobre a saúde mental dos indígenas brasileiros, a Portaria nº
2.759/2007 do Ministério da Saúde estabeleceu as diretrizes gerais para a Política de
Atenção Integral à Saúde Mental das Populações Indígenas e determinou a criação do
Comitê Gestor. Entretanto, o disposto pelo referido diploma normativo não tem sido
eficiente, uma vez que apenas houve a criação do mencionado Comitê Gestor, mas o
conteúdo a ser tratado pelo mesmo não foi sistematicamente organizado, como previsto na
norma ministerial. Diante disso, restam totalmente comprometidos o monitoramento e a
avaliação das ações de atenção em saúde mental às populações indígenas que deveriam
nortear a atuação do Comitê Gestor.
Enquanto a Política de Atenção Integral à Saúde Mental das Populações Indígenas mostra-
se ineficiente e, mais do que isso, há uma quase ausência de discussão acerca da temática,
os povos indígenas apresentam, entre outros problemas, taxas alarmantes de suicídio,
conforme demonstrado por dados estatísticos no decorrer deste trabalho.
Referências
MACHADO, Daiane Borges; SANTOS, Darci Neves dos. Suicídio no Brasil, de 2000 a 2012.
In: Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 64,n. 1, p. 45-54, 2015.