Aula 26 - Cuidados de Higiene e Conforto

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ASPETOS ESPECÍFICOS NO CUIDADO À Ano Letivo:

2023/2024
PESSOA EM SITUAÇÃO VULNERÁVEL:
CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO Prof: Maria Rufino
CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO
•O cuidado de higiene e conforto é uma necessidade humana, “imprescindível para a
condição de vida saudável” (Nóbrega & Silva, 2009, p. 9)

•Cuidado de higiene e conforto pode ser definido como um conjunto de práticas que
visam manter a pessoa limpa, promovendo-lhe proteção, promoção e manutenção
de saúde, relaxamento, conforto, autoestima e sensação de bem-estar (Nightingale,
2005; Potter & Perry, 2006).
NUM ESTUDO SOBRE OS CUIDADOS DE HIGIENE E
CONFORTO…
•O banho foi considerado pelos enfermeiros como um instrumento de cuidado, tempo de

relação, momento de atenção às necessidades e processo de organização dos cuidados.

•Relativamente ao banho como instrumento de cuidado, os enfermeiros enfatizaram que este

é um momento em que se promove a higiene corporal, proporcionando um momento de

avaliação, de mobilização e de relaxamento.

•No banho, como um tempo de relação, foi referido que é uma oportunidade para se fortalecer

a relação terapêutica, pois é um momento onde estão mais tempo junto das pessoas

cuidadas.

•No banho, como um momento de atenção às necessidades, os enfermeiros valorizaram os

seguintes focos: Pele, mobilidade, autocuidado, higiene, orientação, odor e ventilação.


•Os cuidados de higiene e conforto são uma oportunidade para
comunicar com a pessoa, avaliar a sua condição física e psicológica,
identificar medos e ansiedades, planear cuidados e prestar uma
atenção individualizada, sem impor os seus próprios padrões de
higiene (Carrascal & Ramírez, 2015).
O profissional de saúde deve privilegiar o momento dos cuidados de higiene
(é por excelência um momento único de cuidar). Ele:
 Toca;

 Promove conforto;

 Comunica;

 Escuta;

 Observa;

 Transmite confiança.
•O lavar-se e ser lavado por alguém é uma experiência que nunca
escolhemos e as vivências que daí emergem são muito variadas, podendo
ser agradáveis, desagradáveis ou mesmo dolorosas.

•O profissional de saúde deve:


• Ver o outro sempre forma positiva;

• Ajudar as pessoas a adquirir hábitos de higiene e autocuidado;

• Envolver a família ou pessoa significativa nos cuidados.


•Com o intuito de melhorar ou manter as capacidades da pessoa para o autocuidado,
o profissional de saúde não se deve centrar apenas na dependência da pessoa,
devendo avaliar também o seu potencial, atendendo à capacidade cognitiva,
capacidade motora, estratégias adaptativas que possam facilitar a manutenção e/ou
reaquisição da sua independência e autonomia (Gineste & Pellissier, 2008;
Nightingale, 2005; Phaneuf, 2010).
VANTAGENS DOS CUIDADOS DE HIGIENE DE PÉ
OU SENTADOS
Para Gineste e Pellissier (2008) e Phaneuf (2010), a maioria dos cuidados de higiene deve ser realizado de pé, de
acordo com as condições da pessoa, ou sentado, devido às múltiplas vantagens para o corpo humano.

(i) no sistema muscular – permite a manutenção da amplitude dos movimentos;

(ii) no sistema ósseo – possibilita a prevenção da osteoporose dado que favorece o metabolismo ósseo do cálcio
que se faz através da carga;

(iii) na função respiratória – aumenta a capacidade pulmonar, melhorando a ventilação pulmonar;

(iv) na atividade cardíaca e circulação sanguínea – a posição de pé favorece o retorno venoso periférico;

(v) no sistema nervoso central – promove a estimulação sensorial, a relação e a manutenção do esquema
corporal e do equilíbrio.
•O banho no leito deve considerar-se como último recurso, quando não há
outra alternativa.

•Pressupõe-se que a tipologia do cuidado de higiene deve responder sempre


aos pressupostos de conforto, vontade, higienização, manutenção de
capacidades, promoção da funcionalidade e prevenção da degradação física
e cognitiva.
FREQUÊNCIA DO BANHO
•A frequência do cuidado de higiene deve ser negociada, de acordo com a preferência da
pessoa e as características da pele. Devem considerar-se, neste contexto, as alterações
fisiológicas na pele da pessoa idosa, tornando-se mais frágil, bem como a atrofia das
glândulas sebáceas, que origina desidratação da pele (Stephen-Haynes, 2012).

•Outro tipo de aspetos que devem ser atendidos diz respeito, por exemplo, ao tipo de
produtos de higiene pessoal que a pessoa prefere e está habituada, pressão da água do
chuveiro, e temperatura da água.
PRINCÍPIOS A TER EM CONTA
•Um outro princípio a ter em consideração ao longo do procedimento, visa assegurar
a privacidade e a segurança da pessoa, mantendo a pessoa coberta e expondo
unicamente as partes do corpo a serem lavadas. Promove-se, o mais possível, a
independência da pessoa no cuidado (Potter & Perry, 2006).

•Durante a prestação de cuidados de higiene e conforto, o profissional de saúde não


deve descurar o respeito pela privacidade da pessoa a ser cuidada.
PRIVACIDADE DO DOENTE
•É importante que o profissional de saúde esteja sensibilizado para o respeito pela
privacidade da pessoa, introduzindo medidas que permitam salvaguardar a mesma.
Exemplos destas medidas incluem o uso de biombos, fechar as cortinas laterais,
fechar a porta e janelas, a exposição mínima do corpo ou cobrir as partes que não
necessitam de ficar expostas com compressas, lençóis, entre outros (Baggio,
Pomatti, Bettinelli, & Erdmann, 2011).
SITUAÇÕES ESPECÍFICAS
•Se tivermos perante uma pessoa vítima de violação, devemos ter atenção à
privacidade, à exposição do corpo, aos comentários.

•Se estivermos perante um indivíduo com dor, devemos prestar cuidados de higiene
e conforto com tempo, dedicação, avaliar a altura do dia que tem menos dor,
averiguar a real necessidade dos cuidados de higiene, minimizar as mobilizações.
PARA REFLETIR…
•Deve evitar-se que os cuidados de higiene e conforto deixem de ser considerados como
uma simples tarefa do turno da manhã, rotinizada com um único objetivo de
higienização, em que as pessoas são reduzidas, essencialmente, a corpos que são
cuidados de forma semelhante e repetitiva (Fonseca et al., 2015).

•Estes cuidados devem passar a ser intencionais de desenvolvimento humano de quem


está eticamente vulnerável, preservando as suas particularidades e características como
pessoa humana, promovendo a sua dignidade e fazendo com que usufruam dos seus
direitos fundamentais: liberdade, cidadania e autonomia (Gineste & Pellissier, 2008;
Phaneuf, 2010; Salgueiro, 2014).
TIPOS DE CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO
➢Banho no Chuveiro com ajuda parcial – Consiste em lavar até 54% do corpo do cliente no
chuveiro e assisti-lo a trocar de roupa e arranjar-se;

➢Banho no Chuveiro com ajuda total – Consiste em lavar o corpo do cliente no chuveiro,
trocar de roupa e arranjar o cliente ou assistir continuamente o cliente a fazê-lo;

➢Banho na cama com ajuda parcial – Consiste em lavar até 54% do corpo do cliente na cama
e assisti-lo a trocar de roupa e arranjar-se;

➢ Banho na cama com ajuda total – Consiste em lavar o corpo do cliente na cama, trocar de
roupa e arranjar o cliente ou assistir continuamente o cliente a fazê-lo.

Manual de Normas de Enfermagem


CUIDADOS DE HIGIENE E CONFORTO - OBJETIVOS
•Cuidar da higiene individual;

•Estimular a função respiratória, circulatória, de mobilidade e de eliminação;

•Manter a integridade da pele – limpeza da pele e a sua hidratação;

•Observação física da pessoa;

•Proporcionar conforto, bem-estar, relaxamento e repouso, melhorando a autoimagem;

•Promover o autocuidado/ Favorecer/Estimular a independência da pessoa;

•Ensinar/Instruir para o autocuidado de higiene pessoal.


Por vezes os doentes e/ou idosos podem recusar os cuidados de higiene…
 O doente pode ter dificuldade para mover-se e tenha medo da água ou de cair, pode ainda estar
deprimida, sentir dores, tonturas ou mesmo sentir-se envergonhada de ficar exposta à outra
pessoa, especialmente se o cuidador for do sexo oposto.

 É preciso que o cuidador tenha muita sensibilidade para lidar com essas questões.

 É importante respeitar os costumes da pessoa cuidada. É necessário estabelecer uma


relação de confiança, que requer tempo, disponibilidade e respeito.
•Quer seja um banho no chuveiro, quer seja na cama, deve ter-se atenção a:
• Verificar indicações e precauções específicas em relação ao movimento ou
posicionamento;
• Verificar a presença de cateteres, sondas, soros, algálias, pensos… e proteger.

• O Técnico Auxiliar de Saúde deve planear os cuidados em conjunto com os


enfermeiros e seguir as suas indicações em relação aos cuidados de higiene e
conforto, podendo prestar os cuidados de higiene com supervisão ou em colaboração
com os enfermeiros.
BANHO NO CHUVEIRO
•O banho de chuveiro pode ser feito com a pessoa de pé (caso tenha condições),
sentada numa cadeira de plástico com apoio lateral colocada sobre tapete

antiderrapante, ou em cadeiras próprias para banhos.


MATERIAL
• Roupa e fralda se necessário;

• Toalhas;

• Esponja;

• Luvas;

• Cadeira de Banho;

• Sabão líquido com emoliente e dermoprotetor;

• Creme hidratante;

• Objetos de uso individual – shampoo, gel de banho, escova e pasta de dentes, pente, desodorizante, tantum verde;

• Carro de roupa suja e/ou saco para roupa suja do doente.


PRINCÍPIOS
➢Verificar as condições ambientais da casa de banho: temperatura, ventilação e
iluminação.

➢Atender às preferências e privacidade do cliente – biombo, cortinas, janelas, porta


fechada.

➢Importante promover o autocuidado do cliente e apenas assistir e levar as zonas


que o cliente não consegue.

➢Assistir ou lavar o cliente da zona mais limpa para a mais suja, ou seja, deixar os
genitais para último.
PROCEDIMENTO
1 – Providenciar os produtos para a casa de banho;

2 – Lavar as mãos;

3 – Instruir o doente sobre o procedimento/negociar com o doente;

4 – Assistir ou Transferir o cliente para a cadeira higiénica e deslocar para a casa de banho;

5 – Assistir ou Lavar a cavidade oral;

6 – Assistir ou Despir a roupa e descartar para o carro de roupa suja;

7 – Controlar o fluxo e temperatura de água;

8 – Assistir ou Lavar o cabelo se necessário;


9 – Calçar luvas se necessário;

10 – Assistir ou Lavar e secar o corpo – atenção às orelhas, axilas, umbigo, pregas


cutâneas e espaços interdigitais;

11 – Observar todo o corpo;

12 – Remover luvas, se necessário;

13 – Assistir ou Aplicar substância hidratante, de acordo com o estado e tipo de pele do


cliente;

14 – Assistir ou Vestir ou assistir o cliente a vestir-se;


15 – Assistir ou Arranjar as unhas, se necessário;

16 – Assistir ou Pentear ou assistir o cliente a pentear-se;

17 – Assistir ou Transferir o cliente para a unidade;

18 – Posicionar o cliente na cadeira ou na cama ou assisti-lo;

19 – Assegurar a recolha e lavagem do material e limpeza da casa de banho;

20 – Lavar as mãos.
BANHO NA CAMA
Sempre que o cliente não tiver condições para realizar levante pela
sua condição clínica, ou em última instância, por sua preferência.
PRINCÍPIOS
➢Verificar as condições ambientais da unidade: temperatura, ventilação e iluminação.
➢Atender às preferências e privacidade do cliente – biombo, cortinas, janelas, porta fechada.
➢Importante promover o autocuidado do cliente e apenas assistir e levar as zonas que o cliente
não consegue.
➢Assistir ou lavar o cliente da zona mais limpa para a mais suja, ou seja, quando o doente está
de barriga para cima (decúbito dorsal) e lava-se os genitais, a esponja que lavou os genitais
deve ser imediatamente descartada e utilizar outra esponja para a parte detrás do doente.
➢O banho deve ser dado por dois profissionais (enfermeiro e técnico auxiliar de saúde) –
habitualmente o enfermeiro lava e o técnico auxiliar de saúde seca, posicionando-se um de
cada lado do cliente.
MATERIAL
• Roupa para substituir a da cama e do cliente;

• Toalhas, lençóis, edredão, resguardo e fronhas;

• Esponjas;

• Luvas;

• Sabão líquido com emoliente e dermoprotetor;

• Creme hidratante;

• Objetos de uso individual – shampoo, gel de banho, escova e pasta de dentes, pente, desodorizante, tantum verde;

• Bacias e água quente;

• Carro de roupa suja e/ou saco para roupa suja do doente.


PROCEDIMENTO
1 – Providenciar o material para junto do cliente – temperar água nas bacias;

2 – Lavar as mãos;

3 – Instruir o doente sobre o procedimento/negociar com o doente;

4 – Assistir ou Posicionar o cliente (retirar almofadas se possível) e remover a roupa de


cama, deixando o cliente protegido com o lençol;

5 – Providenciar arrastadeira se necessário;

6 – Assistir ou Lavar o cabelo se necessário;

7 – Assistir ou Lavar a cavidade oral;


8 – Cobrir o pescoço com a toalha e lavar a face, lavar os olhos com água simples, enxaguar e
secar a face e lavar e secar o pavilhão auricular;

9 – Despir a camisa ou pijama e pôr no saco da roupa suja. Calçar luvas. Colocar uma toalha sobre
a parte superior do corpo do cliente e deixar o lençol superior até à região infra umbilical;

10 – Assistir ou Lavar os membros superiores: posicionar o braço mais afastado (descoberto sobre
a toalha), lavar e secar dando especial atenção à região axilar. Executar do mesmo modo para o
braço mais próximo – primeiro lava-se o membro mais afastado do profissional que lava e depois o
mais próximo;

11 – Tórax e abdómen: Assistir ou Lavar e secar o pescoço, tórax e abdómen, com especial
atenção às pregas do pescoço, umbigo e região infra mamária;
12 – Membros inferiores: remover o lençol superior, posicionar a perna mais afastada
sobre a toalha, assistir ou lavar e secar a perna. Executar do mesmo modo para a perna
mais próxima;

13 – Assistir ou Lavar os órgãos genitais e descartar a esponja (sem ir à bacia) e trocar


de luvas;

14 – Virar ou assistir o cliente a virar-se para o lado oposto ao profissional que está a
lavar – o auxiliar ajuda a pessoa a posicionar-se e segura-a em lateral;

15 – Dorso e nádegas: Aprontar uma toalha sobre a cama ao longo da região dorsal,
assistir ou lavar e secar o dorso, lavar e secar as nádegas e região anal;

16 – Remover as luvas;

17 – Assistir ou Colocar creme hidratante na região dorsal;


18 – Com o cliente ainda lateralizado, retirar/enrolar os lençóis de baixo sujos para
baixo do cliente, limpar a superfície da cama e preparar a cama desse lado, com os
lençóis lavados (lençol de baixo e resguardo);

19 – Virar ou assistir o cliente a virar-se para o lado do profissional que está a lavar;

20 – O profissional do lado oposto, retira os lençóis sujos e puxa os lençóis lavados


para terminar a parte de baixo da cama;

21 – Posicionar ou assistir o doente a posicionar-se de barriga para cima e colocar


creme hidratante nos braços, tórax, abdómen e pernas;

22 – Observar todo o corpo;


22 – Vestir cliente ou assisti-lo e colocar fralda, se necessário. Verificar a
necessidade de colocar algum creme específico para a região perianal e
virilhas;

23 – Pentear ou assistir o cliente a pentear;

24 – Posicionar o cliente ou assisti-lo a posicionar-se;

25 – Colocar o lençol lavado de cima e o edredão e tapar o doente;

26 – Lavar as mãos;

27 – Arrumar o material;

28 – Promover o descanso do cliente após a higienização.


➢Quando se aplica o creme hidratante, fazer massagem de conforto para hidratar a pele,
ativar a circulação. Não massajar proeminências ósseas!! Para não aumentar a pressão.

➢É importante secar bem, nomeadamente as pregas cutâneas, para evitar humidade.

➢É importante esticar bem os lençóis e prender para não ficarem dobrados nem
enrugados debaixo do cliente → prevenir zonas de pressão.

➢Trancar as rodas da cama do cliente.

➢Nos cuidados de higiene deve-se usar luvas de proteção e na massagem de conforto


não utilizar, preferencialmente.
➢Ver vídeo:

➢https://www.youtube.com/watch?v=h86K4TRQ4LQ

➢(não consegui arranjar um vídeo de Portugal)


➢No vídeo – quando estão a trocar os lençóis de baixo da cama,
devem colocar um lençol de baixo e um resguardo (ou um lençol
dobrado a meio). No vídeo vão ver colocar um saco/impermeável
antes do resguardo. Este passo não deve ser realizado! Há
resguardos impermeáveis que podem ser colocados por cima do
resguardo de pano.
▪Ressalvo que se pesquisarem outros vídeos, verão que a sequência pode ser:

▪Cara → pescoço → braços → tórax e abdómen → pernas → costas e nádegas → órgãos genitais

▪Ou seja! Apenas lavam os órgãos genitais no final, o que está também correto. Mas implica que o
cliente faça mais uma mobilização, de lado para barriga para cima e novamente de lado para fazer a
cama.

▪Coloquei a sequência:

▪Cara → pescoço → braços → tórax e abdómen → pernas → órgãos genitais (troca luvas e esponja)
→ costas e nádegas → região anal

▪Uma vez que evitamos mais uma mobilização para a pessoa, e devemos também considerar o
conforto do cliente.

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