Aula 03 Segurança Pública

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Defesa do Estado e das Instituições Democráticas de Direito |

Introdução

DISCIPLINA
DEFESA DO ESTADO E DAS
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS DE
DIREITO

CONTEÚDO

Segurança Pública na
Constituição Federal
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Introdução

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Introdução

Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Introdução --------------------------------------------------------------------------------------------------- 4
2 Segurança Pública ----------------------------------------------------------------------------------------- 4
2.1 Direito à greve ------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 8

3 Guarda Municipal ----------------------------------------------------------------------------------------- 9


4 Polícia Legislativa----------------------------------------------------------------------------------------- 12
5 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
6 Referências bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 14

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Introdução

1 Introdução
A segurança pública é um dos muitos direitos sociais garantidos a todos os cidadãos
pela nossa Constituição Federal, tamanha é a sua importância que é trazido pelo art.
5º, como um direito individual do ser humano e pelo art. 6º como um direito social
do cidadão. Contudo, não é simplesmente pelo fato, da segurança pública ser um
direito social que todo cidadão terá um agente da polícia a sua inteira disposição 24
horas por dia, para garantir a segurança da população o Estado não deve
disponibilizar um policial para cada família, mas sim implementar políticas públicas
direcionadas a segurança, com o intuito de frear os índices de criminalidade,
viabilizando ao cidadão o acesso a esse direito, através dos órgãos de segurança
pública.

2 Segurança Pública

De acordo com o art. 144 da Constituição Federal, a segurança pública trata-se de um


dever do Estado e resume-se em um direito nacional, sendo responsabilidade de
todos garanti-la, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: a) polícia federal; b) polícia
rodoviária federal; c) polícia ferroviária federal; d) polícias civis; e) polícias militares e
corpos de bombeiros militares. Assim, para que o ente consiga cumprir com a sua
função de assegurar a garantia da lei e da ordem, faz-se necessário o exercício do
poder de polícia, com o intuito de limitar os direitos individuais face ao interesse
público.

De acordo com Claudio Pereira de Souza Neto (2018) “um conceito de segurança
pública adequado à Constituição de 1988 é um conceito que se harmonize com o
princípio democrático, com os direitos fundamentais e com a dignidade da pessoa
humana. Por essa razão, apenas as políticas de segurança pública alicerçadas em
concepções democráticas, comprometidas com a observância efetiva desses
princípios, são compatíveis com a Constituição Federal”.

Há muito entendia-se que o rol apresentado no art. 144 era taxativo, sendo vedado a
criação de qualquer outro órgão de segurança pública diferente daqueles expressos

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Segurança Pública

na Constituição Federal. No entanto, esse paradigma foi quebrado pelo Supremo


Tribunal Federal no julgamento da ADI 6.621-TO que, por unanimidade, que os
agentes de necrotomia, papiloscopista e peritos oficiais são servidores da polícia civil
de Estado-membro. Isto é, através do voto, o STF consolidou o entendimento de que
a competência para tratar de segurança pública é concorrente entre a União e os
Estados, garantindo a esses últimos a prerrogativa de desenvolver institucionalmente
os órgãos de política científica. Essa decisão é extremamente recente e, portanto,
ainda é muito cedo para prever os impactos que ela trará ao Direito Constitucional a
longo prazo, portanto, considere que, em regra, o rol trazido pelo art. 144 da
Constituição Federal é taxativo, porém, é possível relativizá-lo.

Ementa: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO


ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO. LEGISLAÇÃO QUE CONSIDERA
AGENTES DE NECROTOMIA, PAPILOSCOPISTAS E PERITOS OFICIAIS COMO SERVIDORES DA
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DO TOCANTINS, E QUE DISCIPLINA ATRIBUIÇÕES DA
SUPERINTENDÊNCIA DE POLÍCIA CIENTÍFICA DO ESTADO. NATUREZA REGULAMENTAR DO
DECRETO Nº 5.979/2019. CONHECIMENTO DA AÇÃO DIRETA. COMPREENSÃO
CONSTITUCIONALMENTE ADEQUADA DO ROL CONTIDO NO ARTIGO 144 DA CRFB/88.
AUTONOMIA DA POLÍCIA CIENTÍFICA. POSSIBILIDADE DE O ENTE FEDERADO CRIAR
SUPERINTENDÊNCIA DE POLÍCIA CIENTÍFICA NÃO SUBORDINADA À POLÍCIA CIVIL. AÇÃO
DIRETA JULGADA IMPROCEDENTE. 1. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia
Judiciária apresenta-se como entidade apta a, nos termos do art. 103, IX da CRFB/88, ajuizar
ação direta de inconstitucionalidade que questiona desenho institucional da segurança pública
com possíveis reflexos sobre a atuação de Delegados da Polícia Civil. 2. A despeito da
consolidada jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal sobre a impossibilidade de
conhecer, em ação direta, da incompatibilidade entre decretos secundários e a legislação
ordinária, o Decreto nº 5.979/2019, do Estado do Tocantins, revela suficiente generalidade,
abstração e independência normativa para permitir a fiscalização abstrata de sua
constitucionalidade. 3. A tradicional compreensão sobre a taxatividade do rol do art. 144
da Constituição da República cedeu lugar a interpretação menos restritiva, permitindo
aos entes federativos criarem polícias científicas autônomas que, do ponto de vista da
organização administrativa, não estejam vinculadas à Polícia Civil. 4. Não ofende a
Constituição da República legislação estadual que considera agentes de necrotomia,
papiloscopistas e peritos oficiais como servidores da polícia civil de Estado-membro,
remetendo o poder de controle e supervisão exercido sobre eles a Superintendência de
Polícia Científica. 5. Ação direta julgada improcedente.

(ADI 6621, Relator(a): EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 08/06/2021, PROCESSO
ELETRÔNICO DJe-122 DIVULG 23-06-2021 PUBLIC 24-06-2021)

Como descrito por Claudio Pereira de Souza Neto (2018) “há duas grandes

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Segurança Pública

concepções de segurança pública que rivalizam desde a reabertura democrática e até


o presente, passando pela Assembleia Nacional Constituinte: uma centrada na ideia
de combate; outra, na de prestação de serviço público”. De acordo com o autor a ideia
de combate, basicamente, reflete a “missão institucional das polícias em termos
bélicos”, neste caso os criminosos são transformados em inimigos internos e,
consequentemente, precisam ser combatidos por meio de uma estratégia de guerra,
que justifica o emprego de medidas excepcionais. Em contrapartida, a ideia de
prestação de serviço público remete ao sentido de servir, como se o cidadão deixasse
de ser o “inimigo” para ocupar uma posição de “destinatário” do serviço público, que
se traduz na segurança. Neste último, “o combate militar é substituído pela prevenção,
pela integração com políticas sociais, por medidas administrativas de redução dos
riscos e pela ênfase na investigação criminal”.

Assim, partindo desta concepção, a doutrina defende que os órgãos de segurança


pública elencados no rol do art. 144 podem ser classificados em dois grupos distintos,
as polícias administrativas e as polícias judiciárias. De acordo com Flávio Martins
(2019) “a polícia administrativa, também chamada de polícia preventiva, por meios
ostensivos, exerce a ação estatal destinada a evitar a prática de infrações penais, bem
como manter a ordem pública”. Assim, podemos citar como exemplos de polícia
administrativa as polícias federais (polícia federal, polícia rodoviária federal e a polícia
ferroviária federal), as polícias militares e os corpos de bombeiros militares.

Por outro lado, as polícias judiciárias são aquelas que atuam de forma repressiva e
investigatória, pois, dependem da ocorrência do fato criminoso para agir. A polícia
judiciária também é representada pela polícia federal – que também atua de forma
preventiva – e pela polícia civil (FERNANDES, 2020). É por conta disso que Flávio
Martins (2019) afirma que “a polícia federal é, ao mesmo tempo, polícia administrativa
e polícia judiciária. É polícia administrativa pois, dentre suas atribuições, está a de
‘prevenir o tráfico ilícito de entorpecentes’, ‘funções de polícia marítima, aeroportuária
e de fronteiras’ (art. 144, § 1º, II e III da CF)”, além disso, de acordo com o inciso IV
também do art. 144, cabe a polícia federal “exercer, com exclusividade, as funções de
polícia judiciária da União”.

No mais, é importante destacar a presença da Força Nacional de Segurança Pública,

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legitimada na Lei 11.473/07 como uma espécie de convenio firmado entre a União, os
Estados e o Distrito Federal, em prol da segurança Pública. Conforme destaca Flávio
Martins (2019) “a Força Nacional oferece apoio às entidades de segurança pública e
atua em situações de emergência e calamidades. Foi criada em 2004, com sede em
Brasília, coordenado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP)”.

Em consonância, Bernardo Fernandes (2020) afirma que, a abrangência de atuação da


Força Nacional de Segurança Pública “é o policiamento ostensivo – preventivo –
voltado à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio. E é composta por servidores com treinamento especial pelo Ministério da
Justiça, sendo integrantes das polícias federais e dos órgãos de segurança pública dos
Estados que aderiram ao programa voluntariamente”.

Figura 1 - Órgãos de política de segurança pública.

Fonte: Adaptado de Masson (2020).

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Por fim, é válido destacar o disposto no § 7º do art. 144 da Constituição Federal, o


qual determina que a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela
segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades serão definidas
em leis infraconstitucionais.

2.1 Direito à greve

De acordo com o art. 9º da Constituição Federal “é assegurado o direito de greve,


competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender”. No entanto, assim como ocorre com
os militares (art. 142, § 3º, IV, CF), o direito a greve é vedado aos agentes de segurança
pública pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE 654.432) em 2017. Desta forma, não terão direito a greve a Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Ferroviária Federal, a Polícia Civil, a Polícia
Militar e o Corpo de Bombeiros Militar.

CONSTITUCIONAL. GARANTIA DA SEGURANÇA INTERNA, ORDEM PÚBLICA E PAZ SOCIAL.


INTERPRETAÇÃO TELEOLÓGICA DOS ART. 9º, § 1º, ART. 37, VII, E ART. 144, DA CF. VEDAÇÃO
ABSOLUTA AO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE AOS SERVIDORES PÚBLICOS INTEGRANTES
DAS CARREIRAS DE SEGURANÇA PÚBLICA. 1.A atividade policial é carreira de Estado
imprescindível a manutenção da normalidade democrática, sendo impossível sua
complementação ou substituição pela atividade privada. A carreira policial é o braço armado
do Estado, responsável pela garantia da segurança interna, ordem pública e paz social. E o
Estado não faz greve. O Estado em greve é anárquico. A Constituição Federal não permite.
2.Aparente colisão de direitos. Prevalência do interesse público e social na manutenção da
segurança interna, da ordem pública e da paz social sobre o interesse individual de
determinada categoria de servidores públicos. Impossibilidade absoluta do exercício do direito
de greve às carreiras policiais. Interpretação teleológica do texto constitucional, em especial
dos artigos 9º, § 1º, 37, VII e 144. 3.Recurso provido, com afirmação de tese de repercussão
geral: “1 - O exercício do direito de greve, sob qualquer forma ou modalidade, é vedado
aos policiais civis e a todos os servidores públicos que atuem diretamente na área de
segurança pública. 2 - É obrigatória a participação do Poder Público em mediação
instaurada pelos órgãos classistas das carreiras de segurança pública, nos termos do art.
165 do Código de Processo Civil, para vocalização dos interesses da categoria.

(ARE 654432, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES,


Tribunal Pleno, julgado em 05/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL -
MÉRITO DJe-114 DIVULG 08-06-2018 PUBLIC 11-06-2018)

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Guarda Municipal

Nas palavras de Nathalia Masson (2020) “a maioria dos Ministros firmou o


entendimento de que não há como permitir que o braço armado investigativo do
Estado possa exercer o direito de greve sem colocar em risco a função precípua do
Estado, exercido por esse órgão, juntamente com outros, de garantir a segurança, a
ordem pública e a paz social. Ainda, segundo a Corte, no confronto entre o direito de
greve e o direito da sociedade à ordem pública e à paz social deve prevalecer o
interesse público e social em relação ao interesse individual de determinada
categoria”.

Da mesma forma, Bernardo Fernandes (2020) afirma que “a greve é proibida por força
dos princípios constitucionais que regem os órgãos de segurança pública. Nesses
termos, a greve não é um direito absoluto e, nesse caso, deverá ser feito um
balanceamento entre o direito de greve e o direito de toda a sociedade à segurança
pública e à manutenção da ordem pública e paz social. Nesse caso, há a prevalência
do interesse público e do interesse social sobre o interesse individual de uma
categoria. Por essa razão, em nome da segurança pública, os policiais não podem fazer
greve”. Em suma o autor afirma que a vedação ao direito à greve com relação aos
policiais não está relacionada ao princípio da continuidade do serviço público, mas,
sim, “por conta do direito de toda a sociedade à garantia da segurança pública, à
garantia da ordem pública e da paz social”.

3 Guarda Municipal
O § 8º do art. 144 da Constituição Federal autoriza que os Municípios constituam, por
meio de lei, as guardas municipais, as quais serão destinadas à proteção dos bens,
serviços e instalações. Portando, ainda que as guardas municipais não estejam
dispostas no rol do art. 144, por conta do § 8º, a Lei 14.022/14 regulamenta seu
funcionamento e estabelece como diretrizes as mesmas competências atribuídas aos
demais órgãos de segurança pública. Foi também neste sentido, o voto do Min.
Alexandre de Moraes no RE 846.854/SP “não só a guarda civil faz parte da segurança
pública na Constituição, nos termos do artigo 144, como a Lei nº 13.022/2014 tratou-
a como segurança pública, dá funções de segurança pública, tanto que faz questão de
ressalvar as competências de segurança do Estado e da União”.

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Guarda Municipal

Além disso, no mesmo julgamento, o Min. Dias Toffoli afirma que, embora não exista
um precedente dos Tribunais Superiores que declare expressamente a participação
das Guardas Municipais na segurança pública, elas são alocadas no capítulo específico,
logo, nas palavras do Ministro, “não pode ser outra coisa senão segurança pública.
Não é preciso haver precedente do Supremo para se dizer isso. É o que está dito na
Constituição”.

CONSTITUCIONAL. DIREITOS SOCIAIS. COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA LEGALIDADE


DE GREVE DE SERVIDORES PÚBLICOS CELETISTAS. JUSTIÇA COMUM. FIXAÇÃO DE TESE DE
REPERCUSSÃO GERAL. 1. É competência da justiça comum, federal ou estadual, conforme o
caso, o julgamento de dissídio de greve promovida por servidores públicos, na linha do
precedente firmado no MI 670 (Rel. Min. MAURÍCIO CORRÊA, Rel. p/ acórdão Min. GILMAR
MENDES, Tribunal Pleno, DJe de 30/10/2008). 2. As Guardas Municipais executam atividade
de segurança pública (art. 144, § 8º, da CF), essencial ao atendimento de necessidades
inadiáveis da comunidade (art. 9º, § 1º, CF), pelo que se submetem às restrições firmadas
pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do ARE 654.432 (Rel. Min. EDSON FACHIN,
redator para acórdão Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em
5/4/2017). 3. A essencialidade das atividades desempenhadas pelos servidores públicos
conduz à aplicação da regra de competência firmada pelo Supremo Tribunal Federal no MI
670, mesmo em se tratando de servidores contratados pelo Estado sob o regime celetista. 4.
Negado provimento ao recurso extraordinário e fixada a seguinte tese de repercussão geral:
“A Justiça Comum Federal ou Estadual é competente para julgar a abusividade de greve de
servidores públicos celetistas da administração direta, autarquias e fundações de direito
público”.

(RE 846854, Relator(a): LUIZ FUX, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal
Pleno, julgado em 01/08/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-
022 DIVULG 06-02-2018 PUBLIC 07-02-2018)

Portanto, como se trata de uma decisão relativamente recente, uma parcela da


doutrina entende que, apesar das Guardas Municipais integrarem o capítulo da
segurança pública, elas não fazem parte do rol e da estrutura dos órgãos de segurança
pública constitucionalmente estabelecidos no art. 144. Nas palavras de Vicente Paulo
e Marcelo Alexandrino (2017) “a segurança pública é exercida por meio de órgãos
federais (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Ferroviária Federal) e
estaduais (Polícia Civil, Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro Militar) taxativamente
indicados na Constituição Federal. Não podem os estados e municípios, ainda que no
intuito de desempenharem atribuições que constitucionalmente lhes são próprias,
criar novos órgãos integrantes da segurança pública”.

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Guarda Municipal

No mais, dispõe o art. 2º da Lei 13.022/14 que “incumbe às guardas municipais,


instituições de caráter civil, uniformizadas e armadas conforme previsto em lei, a
função de proteção municipal preventiva, ressalvadas as competências da União, dos
Estados e do Distrito Federal”. Ainda, de acordo com o art. 3º da Lei, são princípios
mínimos de atuação das guardas municipais: a) proteção dos direitos humanos
fundamentais, do exercício da cidadania e das liberdades públicas; b) preservação da
vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas; c) patrulhamento preventivo;
compromisso com a evolução social da comunidade; d) uso progressivo da força.

Por fim, os arts. 4º e 5º discorrem sobre as competências das guardas municipais, as


quais, dentre outras, tem o dever de proteger os bens, serviços, logradouros públicos
e municipais e das instalações do Município.

✓ zelar pelos bens, equipamentos e prédios públicos do Município;


✓ prevenir e inibir, pela presença e vigilância, bem como coibir, infrações penais
ou administrativas e atos infracionais que atentem contra os bens, serviços e
instalações municipais;
✓ atuar, preventiva e permanentemente, no território do Município, para a
proteção sistêmica da população que utiliza os bens, serviços e instalações
municipais;
✓ colaborar, de forma integrada com os órgãos de segurança pública, em ações
conjuntas que contribuam com a paz social;
✓ colaborar com a pacificação de conflitos que seus integrantes presenciarem,
atentando para o respeito aos direitos fundamentais das pessoas;
✓ exercer as competências de trânsito que lhes forem conferidas, nas vias e
logradouros municipais, nos termos da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997;
✓ proteger o patrimônio ecológico, histórico, cultural, arquitetônico e ambiental
do Município, inclusive adotando medidas educativas e preventivas;
✓ cooperar com os demais órgãos de defesa civil em suas atividades;
✓ interagir com a sociedade civil para discussão de soluções de problemas e
projetos locais voltados à melhoria das condições de segurança das
comunidades;
✓ estabelecer parcerias com os órgãos estaduais e da União, ou de Municípios
vizinhos, por meio da celebração de convênios ou consórcios, com vistas ao
desenvolvimento de ações preventivas integradas;
✓ articular-se com os órgãos municipais de políticas sociais, visando à adoção de
ações interdisciplinares de segurança no Município;

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Polícia Legislativa

✓ integrar-se com os demais órgãos de poder de polícia administrativa, visando a


contribuir para a normatização e a fiscalização das posturas e ordenamento
urbano municipal;
✓ garantir o atendimento de ocorrências emergenciais, ou prestá-lo direta e
imediatamente quando deparar-se com elas;
✓ encaminhar ao delegado de polícia, diante de flagrante delito, o autor da
infração, preservando o local do crime, quando possível e sempre que
necessário;
✓ contribuir no estudo de impacto na segurança local, conforme plano diretor
municipal, por ocasião da construção de empreendimentos de grande porte;
✓ desenvolver ações de prevenção primária à violência, isoladamente ou em
conjunto com os demais órgãos da própria municipalidade, de outros
Municípios ou das esferas estadual e federal;
✓ auxiliar na segurança de grandes eventos e na proteção de autoridades e
dignatários;
✓ atuar mediante ações preventivas na segurança escolar, zelando pelo entorno
e participando de ações educativas com o corpo discente e docente das
unidades de ensino municipal, de forma a colaborar com a implantação da
cultura de paz na comunidade local.

4 Polícia Legislativa
Os artigos 51 inciso IV e 52 inciso XIII da Constituição Federal, autorizam que a Câmara
dos Deputados e o Senado Federal disponham se suas próprias polícias, as chamadas
polícias legislativas que, apesar do nome, não são consideradas órgãos de segurança
pública, pois, além de não estarem descritas no rol do art. 144 da Constituição Federal
são responsáveis por garantir a segurança e a integridade física das pessoas e do
patrimônio dos órgãos do Poder Legislativo (Congresso Nacional e Senado Federal).

Conforme consta no sítio da Câmara dos Deputados, “o Departamento de Polícia


Legislativa (DEPOL) é o órgão da Câmara dos Deputados responsável pela preservação
da ordem e do patrimônio, bem como pela prevenção e apuração de infrações penais,
nos seus edifícios e dependências externas. Para tanto mantém a vigilância
permanente por meio de policiamento ostensivo e sistemas eletrônicos. Também tem
a incumbência de efetuar a segurança do Presidente da Câmara dos Deputados em

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Conclusão

qualquer localidade do território nacional e no exterior, e a segurança dos Deputados


Federais, servidores e quaisquer pessoas que eventualmente estiverem a serviço da
Câmara dos Deputados, quando assim for determinado. E ainda, diariamente, planeja,
coordena e executa planos de segurança física dos Deputados Federais e demais
autoridade que estiverem nas dependências da Câmara dos Deputados”.

Ainda, com relação a polícia do senado, estabelece Robson José de Macedo Gonçalves
(2004) que ela é essencialmente eclética, pois, “desempenha as funções de polícia
administrativa, de segurança física das instalações do Senado Federal e de proteção
aos senadores, e tem, entre suas prerrogativas, as funções de “investigação e de
inquérito (Resolução do Senado Federal nº 59/2002, art. 2º, IX), quando de fato
ocorrido nas dependências sob a responsabilidade do Senado Federal”.

5 Conclusão
Nesta unidade iniciamos o capítulo III da segurança pública, falando sobre seu
conceito e finalidade, bem como sobre seus órgãos. No material destacamos um
ponto extremamente relevante sobre a vedação ao direito à greve dos agentes de
segurança, pois, embora seja um direito constitucionalmente garantido a todos os
trabalhadores, conflita com o direito que a sociedade possui sobre à segurança
pública, à manutenção da ordem pública e paz social, prevalecendo, neste caso, o
interesse social sobre o individual.

Na sequência, falamos sobre as Guardas Municipais que, embora não estejam


dispostas de forma expressa no rol do art. 144, por conta do § 8º e da Lei 14.022/14
que regulamenta seu funcionamento, estabelecendo como diretrizes as mesmas
competências atribuídas aos demais órgãos de segurança pública, em recente decisão
o Supremo Tribunal Federal reconhece que elas executam sim atividades relacionadas
à segurança pública, em que pese existir posicionamentos divergentes na doutrina.
Encerramos a unidade discorrendo sobre a Polícia Judiciária que, apesar do nome, não
é considerada um órgão de polícia para fins do art. 144 da Constituição Federal.

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Referências bibliográficas

6 Referências bibliográficas
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TAVARES, André Ramos. Curso de direito constitucional. 18 ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020.

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Defesa do Estado e das Instituições Democráticas de Direito |

Referências bibliográficas

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