4 - Compreensão e Interpretação de Textos
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INTERPRETAÇÃO DE
TEXTOS
PDF SINTÉTICO
BRUNO PILASTRE
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
PDF Sintético de Interpretação e Compreensão de Textos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1. Interpretação e Compreensão de Textos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1. Pressupostos e subentendidos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2. Vozes Discursivas e Tipos de Discurso | Intertextualidade . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3. Elementos da Comunicação e Funções da Linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.4. Níveis de Linguagem | Variação Linguística. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2. Tipologias e Gêneros Textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1. Os Gêneros Textuais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3. Coesão e Coerência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
4. Semântica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.1. Denotação e Conotação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
4.2. Sinonímia e Antonímia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
4.3. Polissemia e Ambiguidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
5. Figuras e Vícios de Linguagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
6. Reescrita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Questões de Concurso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Gabarito. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Gabarito Comentado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Anexo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
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APRESENTAÇÃO
Escrever um livro é algo desafiador. Porém, escrever para o público concurseiro torna
a tarefa ainda mais árdua.
Afinal, há candidatos com diferentes níveis de conhecimento, estudando para seleções
de áreas variadas.
No entanto, existe algo em comum entre aqueles que se preparam para um concurso
público: todos querem a aprovação o mais rápido possível e não têm tempo a perder!
Foi pensando nisso que esta obra nasceu.
Você tem em suas mãos um material sintético!
Isso porque ele não é extenso, para não desperdiçar o seu tempo, que é escasso. De
igual modo, não foge da batalha, trazendo tudo o que é preciso para fazer uma boa prova
e garantir a aprovação que tanto busca!
Também identificará alguns sinais visuais, para facilitar a assimilação do conteúdo. Por
exemplo, afirmações importantes aparecerão grifadas em azul. Já exceções, restrições ou
proibições surgirão em vermelho. Há ainda destaques em marca-texto. Além disso, abusei
de quadros esquemáticos para organizar melhor os conteúdos.
Tudo foi feito com muita objetividade, por alguém que foi concurseiro durante
muito tempo.
Para você me conhecer melhor, comecei a estudar para concursos ainda na adolescência,
e sempre senti falta de ler um material que fosse direto ao ponto, que me ensinasse de um
jeito mais fácil, mais didático.
Enfrentei concursos de nível médio e superior. Fiz desde provas simples, como recenseador
do IBGE, até as mais desafiadoras, sendo aprovado para defensor público, promotor de
justiça e juiz de direito.
Usei toda essa experiência, de 16 anos como concurseiro, e de outros tantos ensinando
centenas de milhares de alunos de todo o país para entregar um material que possa
efetivamente te atender.
A Coleção PDF Sintético era o material que faltava para a sua aprovação!
Professor Aragonê Fernandes
APRESENTAÇÃO DO PROFESSOR
Professor Bruno Pilastre
Doutor em Linguística pela Universidade de Brasília. Professor Efetivo do Instituto
Federal de Goiás. No Gran, é autor de materiais didáticos de Gramática, Texto, Redação
Oficial e Redação Discursiva.
Olá! Sou o professor Bruno Pilastre, autor do PDF Sintético de Interpretação e
Compreensão de Textos. Meu objetivo, ao longo desta aula, é simples: ser sintético,
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Canal
Função Fática
Código
Função Metalingística
Contexto/Referente
Função Referencial
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Para a síntese das tipologias e dos principais gêneros cobrados em concurso, utilizarei
tabelas e mapas mentais. Iniciemos com o quadro sinóptico:
TIPOLOGIA CARACTERÍSTICAS CENTRAIS FORMAS LINGUÍSTICAS TÍPICAS
Na narração, há seres que participam de
eventos em determinado tempo e espaço.
Os participantes desses eventos são os
personagens, os quais podem ser reais
ou fictícios. O evento (uma espécie de Verbos que denotam evento (com
ação) é denotado por verbos nocionais e agente e paciente).
de movimento, como cantar, correr, beijar, Formas adjuntas que denotam
Narrativa nadar, ouvir etc. O tempo da narrativa é tempo e espaço.
tipicamente o passado, mas pode ser o Substantivos e pronomes pessoais
presente (a narração de um jogo de futebol) para identificação e retomada de
ou o futuro (obras proféticas, por exemplo). personagens.
Em uma narrativa, o espaço pode ser físico
(uma cidade, uma casa, uma escola) ou
psicológico (mente do personagem ou do
narrador).
Em uma descrição, apresentamos uma
série de característica de determinado
ser/objeto/espaço, formando na mente do
leitor/ouvinte a imagem do que está sendo Predicações nominais.
descrito. Adjetivação (ou subordinadas
Na descrição, essa apresentação de adjetivas).
Descritiva
características é verbal (oral ou escrita). Forma verbal predominante:
A descrição pode ser objetiva ou subjetiva. presente e aspecto imperfeito
A descrição pode ser global ou específica. (para o pretérito).
Em termos de dinâmica, pode partir do
geral para chegar ao particular ou partir
do particular para chegar ao global.
No tipo textual dissertativo expositivo, o
autor do texto expõe/apresenta ideias, fatos
e fenômenos. Por ser de caráter expositivo, Estruturas de impessoalização.
Dissertativa-Expositiva
não se busca convencer o leitor em relação Verbos no presente e no passado
(Expositiva)
ao ponto de vista - pressupõe-se, assim, que (retomando eventos factuais).
a dissertação expositiva apenas apresenta
a ideia, o fato ou o fenômeno.
No tipo textual dissertação argumentativa,
Estruturas de impessoalização.
diferentemente da dissertação expositiva,
Verbos no presente e no passado
procura-se formar a opinião do leitor ou
D i s s e r tat i va - (retomando eventos factuais).
ouvinte, objetivando convencê-lo de que
Argumentativa Há modalizadores discursivos
a razão (o discernimento, o bom senso, o
(Argumentativa) que denotam a perspectiva do
juízo) está com o enunciador, de que quem
enunciador (adjetivos, estruturas
enuncia é que está de posse da verdade.
sintáticas, voz verbal etc.).
Para isso, utilizam-se argumentos.
A propriedade básica do tipo textual
Verbos no infinitivo.
Injuntiva injuntivo é: ensinar/orientar/instruir o leitor/
Verbos no modo imperativo.
ouvinte/espectador a realizar uma tarefa.
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Para cada tipologia, há certos pormenores, que, por vezes, são abordados pelas bancas,
como na estrutura narrativa: tipo de narrador, tipo de personagem, tipos de discurso etc.
Para relembrarmos cada característica, adoto os mapas mentais a seguir (que retomam
algumas informações apresentadas no quadro anterior):
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3. COESÃO E COERÊNCIA
A noção de coerência é vinculada à ideia de harmonia. Um texto coerente é um texto
harmônico; e para haver harmonia, é necessário que as partes se integrem num todo coeso.
Opa, já temos uma vinculação entre coerência e coesão.
Há dois tipos centrais de coesão: a sequencial e a referencial. Na coesão sequencial,
os termos se conectam numa sequência lógica e articulada. Para isso, utilizam-se as
preposições e as conjunções, além de outras estruturas articuladoras (como certas formas
adverbiais, e.g. primeiramente). Como estamos trabalhando em formato de síntese, faço
remissão ao PDF Sintético de Gramática para a revisão das preposições e das conjunções
(coordenativas e subordinativas).
Na coesão referencial, três referências são relevantes: textual, espacial e temporal.
Na coesão referencial espacial e temporal, os referentes são os elementos da enunciação
(atores do discurso, contexto da enunciação e momento da enunciação).
Coesão referencial
Textual Espacial Temporal
Anáfora (retoma)
Catáfora (antecipa)
Eu sempre falo para os meus alunos que as bancas cobram com muita frequência o
conteúdo de coesão (sequencial e referencial). Nos últimos cinco anos, foram aplicadas
4.708 questões sobre esse tema. Isso nos mostra o quão importante é esse conhecimento
para a sua preparação.
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4. SEMÂNTICA
O conteúdo de semântica é o mais complexo de se ensinar. Eis o porquê: não é possível
apresentar a você, candidato em preparação para uma prova, os significados de todos os
vocábulos em português. A única forma de se ampliar esse conhecimento é por meio
de muita leitura (e eu sei que você tem lido muito – e isso é ótimo) e por meio de uma
técnica bastante eficaz: depreender os sentidos do vocábulo pelo contexto. Vamos à
segunda técnica.
Imagine uma mulher conversando com uma amiga após um encontro ruim: “Nossa,
não gostei do Pedro. Ele estava muito sorumbático no encontro. Eu esperava alguém mais
animado, mais alegre”. A palavra desconhecida é “sorumbático”. Você consegue depreender
o significado desse adjetivo? Pelo contexto, certamente é o contrário de animado, de
alegre. Logo, seria algo como “triste”, “sombrio”. Pronto, chegamos ao significado correto
da palavra em análise!
Em termos técnicos, a semântica estuda o modo como um significante se une a um
significado, formando um signo linguístico. Em concursos, os seguintes conceitos são
fundamentais: denotação e conotação; sinonímia e antonímia e polissemia e ambiguidade.
As bancas são muito prolíficas (uia, que palavra mais chique, professor!) na cobrança de
conhecimentos de semântica. Somente nos últimos 5 anos (consulta na Plataforma Gran
Questões), foram aplicadas 1275 questões sobre esse conteúdo.
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rigoroso) e sentido figurado (que se caracteriza por uso abundante e sistemático das
figuras de palavra (tropos), como a metáfora, a metonímia e a sinédoque).
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FIGURAS DE LINGUAGEM
Catacrese Metáfora já absorvida no uso comum da língua, de Braços de poltrona.
emprego tão corrente que não é mais tomada como Dentes do serrote.
tal, e que serve para suprir a falta de uma palavra Nariz do avião.
específica que designe determinada coisa. Pescoço de garrafa.
Comparação Paralelo feito entre dois termos de um enunciado Dirige como um louco.
com sentidos diferentes.
Disfemismo Emprego de palavra ou expressão depreciativa, Ficar puto por ficar com raiva.
ridícula, sarcástica ou chula, em lugar de outra
palavra ou expressão neutra.
Eufemismo Palavra, locução ou acepção mais agradável, de que Ele bateu as botas (morreu).
se lança mão para suavizar ou minimizar o peso
conotador de outra palavra, locução ou acepção
menos agradável.
Hipérbole Ênfase expressiva resultante do exagero da Morrer de medo.
significação linguística. Estourar de rir.
Metáfora Designação de um objeto ou qualidade mediante Ele tem uma vontade de ferro.
uma palavra que designa outro objeto ou qualidade
que tem com o primeiro uma relação de semelhança.
Metonímia Figura de retórica que consiste no uso de uma Adora Portinari por a obra de
palavra fora do seu contexto semântico normal, Portinari.
por ter uma significação que tenha relação objetiva,
de contiguidade, material ou conceitual, com o
conteúdo ou o referente ocasionalmente pensado.
Personificação Figura pela qual o orador ou escritor empresta “Ah, cidade maliciosa de olhos
(ou prosopopeia) sentimentos humanos e palavras a seres inanimados, de ressaca”
a animais, a mortos ou a ausentes.
Sinestesia Cruzamento de sensações; associação de palavras O cheiro áspero de terra.
ou expressões em que ocorre combinação de
sensações diferentes numa só impressão.
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VÍCIOS DE LINGUAGEM
Omissão da preposição de antes da conjunção
Gostaríamos [de] que ele fosse nosso
Queísmo integrante que, onde, pela regência do verbo na
paraninfo.
norma culta da língua, ela é necessária.
Tipo de hipérbato no qual a transposição de
Em “pesada caiu o pobre melancolia”
ordem das palavras de uma oração ou período
Sínquise por “o pobre caiu em pesada
resulta em dificuldade para o entendimento
melancolia”.
da construção.
Intromissão, na norma culta de uma língua, de Os chamados erros de concordância,
construções sintáticas alheias a essa língua, de regência, de colocação, a
Solecismo
geralmente por parte de pessoas que não má construção de um período
dominam inteiramente suas regras. composto etc.
6. REESCRITA
As questões de reescrita são as queridinhas das bancas. Na Plataforma Gran Questões
(filtros: Língua Portuguesa, últimos 4 anos, todas as bancas), há 2750 questões sobre esse
conhecimento em Língua Portuguesa. São muitas!
Os enunciados tipicamente apresentam estas formulações:
Banca Enunciado da questão sobre Reescrita
Assinale a opção em que a proposta de reescrita do último período do texto
CEBRASPE
preserva os seus sentidos e a correção gramatical.
A frase acima ganha nova redação, na qual se mantêm seu sentido básico e a
FCC
correção gramatical, na seguinte versão:
A reescritura da passagem do texto na qual NÃO se verifica nenhum desvio em
FGV
relação à norma padrão do português é:
Assinale a alternativa em que a alteração do segmento sublinhado no período
IDECAN
acima tenha provocado forte alteração de sentido.
Assinale a alternativa que reescreve o trecho destacado na passagem – O que
VUNESP não parece certo é apontar e discriminar, para excluir aqueles que não estão
inseridos no grupo do bem. – de acordo com a norma-padrão.
Estariam mantidas as relações sintáticas e de sentido do texto, bem como a sua
clareza, caso o trecho “que nos permitem ver da imensidão do cosmo ao diminuto
QUADRIX
mundo subatômico” fosse reescrito da seguinte forma: Que permitem-nos ver
da imensidão do cosmo ao diminuto mundo subatômico.
Sempre digo em minhas aulas que as questões sobre reescrita são do tipo “guarda-
chuva”, pois são capazes de abarcar muitos tópicos, em especial os relacionados à
norma-padrão. Com isso, uma questão sobre o processo de reescrita pode propor uma nova
redação de um trecho alterando vocábulos, modificando a ordem das palavras, alterando a
voz (ativa<>passiva) etc. Nessas alterações, muitos conhecimentos são exigidos (e você
deve ativá-los a partir de um olhar analítico bem refinado). Em muitas questões (talvez na
maioria delas), exige-se também a manutenção (ou não) dos sentidos originais (quando os
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sentidos são mantidos, estamos diante de uma paráfrase). Está claro, então, o porquê de
as bancas lançarem mão de questões sobre reescrita, não é?
Como o nosso projeto é sintetizar as informações sobre os conteúdos, REVISANDO os
conhecimentos exigidos, farei uso de mapas mentais para retomar os principais tipos
de reescrita exigidos em provas de concurso. Lembro da importância de articular esse
conhecimento com o conteúdo de gramática, tudo bem? Tudo funciona de forma integrada.
Vamos aos mapas!
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QUESTÕES DE CONCURSO
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002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022)
ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora
seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado,
tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126)
O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo
com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de:
a) sentir muito ciúme de sua atual namorada.
b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada.
c) não acreditar em sonhos de amores antigos.
d) querer que sua atual namorada sonhe com ele.
e) não querer sonhar com sua ex-namorada.
003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023)
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c) metalinguística
d) fática
e) poética
004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023)
De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para
a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas.
b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o
número de calçadas para pedestres.
c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares,
melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos.
d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas.
e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília.
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006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)
Leia o fragmento a seguir.
Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de
Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com
as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu
que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação
ainda duraria um século.
Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento
textual se refere.
a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres,
pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades
linguísticas mais informais e de menor prestígio.
b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos
típicos de áreas mais pobres.
c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas
por ela usadas.
d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas.
e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua,
considerando-as atrasadas.
Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela
voz, exprime seus pensamentos e emoções.
Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma
realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para
representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos
articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente
com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços
que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística.
Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna,
2002, p. 57 (com adaptações).
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Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo
com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá
ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado
de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm
levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse
panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata,
do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo,
o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos
níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas
nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se
sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois
tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas,
como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve
na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela
relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca
de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em
áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre
essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele
era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje,
ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em
que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”,
explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é
distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres.
Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne,
nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que
o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado
gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção
cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação
no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para
50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras
naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de
casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como
uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com
uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação
de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e
regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga.
Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas
famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de
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crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece
serviços de cuidado
que compensam a escassa presença do Estado.
Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.
fapesp.br/economia-do-cuidado> (com adaptações).
012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019)
Texto 1A2-II
Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a
nutricionista do programa das dez da manhã falou:
— Ninguém é obrigado a parecer velho.
Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide
considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais
vigor. A dermatologista deu aparte:
— Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade.
Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos,
já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam
palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava
que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a
campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em
uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo
dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida:
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Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição.
a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (ℓ. 4)
b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o
creme com mais vigor” (ℓ. 6 a 8)
c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (ℓ. 9 e 10)
d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (ℓ. 31 e 32)
e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (ℓ. 35 e 36)
“A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos,
dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e
cada um deles possuía uma iluminação diferente”.
014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)
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Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e
pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que
fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse
o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as
cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza
tem de vir antes.
Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas.
Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da
fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o
segredo que transforma letras e sílabas em estórias.
É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um
mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a
ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um
grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os
perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos
dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda.
Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos
seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom.
ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021.
O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre
os textos
a) descritivos.
b) narrativos.
c) dissertativos expositivos.
d) dissertativos argumentativos.
e) injuntivos.
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Imagina, R$ 0,50 não é nada! Mas eu nunca consegui economizar um centavo”. Fazendo as contas,
esses centavos viram R$ 11 em um mês e R$ 132 em um ano.
São situações como essa, retirada de livro didático disponível online, que ensinam estudantes
de escolas em várias partes do país a terem consciência dos próprios gastos e a ajudar a família
a lidar com as finanças. A chamada educação financeira, cuja oferta hoje depende da estrutura
de cada rede de ensino passa a ser direito de todos os brasileiros, previsto na chamada Base
Nacional Comum Curricular (BNCC).
“É uma grande oportunidade, uma grande conquista para a comunidade escolar do país”, diz a
superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil (AEF-Brasil), Claudia Forte. “A
educação financeira busca a modificação do comportamento das pessoas, desde pequeninas,
quando ensina a escovar os dentes e fechar a torneira para poupar água e economizar. Isso é
preceito de educação financeira”.
A BNCC é um documento que prevê o mínimo que deve ser ensinado nas escolas, desde a educação
infantil até o ensino médio. Educação financeira deve, pela BNCC, ser abordada de forma
transversal pelas escolas, ou seja, nas várias aulas e projetos. Parecer do Conselho Nacional de
Educação (CNE), homologado pelo Ministério da Educação (MEC), prevê que as redes de ensino
adequem os currículos da educação infantil e fundamental, incluindo esta e outras competências
no ensino, até 2020.
A educação financeira nas escolas traz resultados, de acordo com a AEF-Brasil. Pesquisa feita
em parceria com Serasa Consumidor e Serasa Experian, este ano, mostra que um a cada três
estudantes afirmou ter aprendido a importância de poupar dinheiro depois de participar de
projetos de educação financeira. Outros 24% passaram a conversar com os pais sobre educação
financeira e 21% aprenderam mais sobre como usar melhor o dinheiro.
Desafios
Levar a educação financeira para todas as escolas envolve, no entanto, uma série de desafios,
que vão desde a formação de professores, a oferta de material didático adequado e mesmo a
garantia de tempo para que os professores se dediquem ao preparo das aulas.
De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz
Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas
no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles
possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências
previstas na BNCC.
“Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos
no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses
elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz.
Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020.
De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse
ensino. “Não existe uma orientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho
como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz.
Ensinar a escolher
A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por
exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações
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de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros
didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens
e para adultos.
As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada
pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os
professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas.
As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em
competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa
aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada
em 2018, ainda não foi divulgado.
Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho
abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são
relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos
financeiros cotidianos.
017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021)
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Sua retirada aumenta o assoreamento, a perda do solo, a erosão e a taxa de evaporação da água.
Segundo José Francisco Gonçalves Júnior, professor do Departamento de Ecologia da Universidade
de Brasília (UnB), todos esses impactos reunidos podem levar a uma indisponibilidade natural
de recursos hídricos.
Em outra frente, o desmatamento do Cerrado, considerado a “caixa d’água do Brasil” por causa
de sua posição estratégica na formação de bacias hidrográficas, vem sendo devastado pela
expansão da fronteira agrícola. “Qualquer alteração no Cerrado pode levar a uma degradação
de inúmeras bacias hidrográficas de extrema relevância para obtenção de recursos hídricos
brasileiros”, afirma Gonçalves.
Para o professor, o uso do solo do bioma teve um efeito positivo na produtividade agrícola, mas a
falta de uma regulação mais firme tem levado a uma superexploração, com vários danos. “Perda
de território, de recarga de aquíferos, uma perda muito grande de nascentes e uma degradação
e diminuição da disponibilidade de água”, enumera.
(Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da-
%C3%A1
018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019)
Texto CB2A1-I
1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza,
o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso
ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam
4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção
das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do
pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na
7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre
os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no
século XIX, tudo isso representa saltos de época, que
10| desorientaram gerações inteiras.
Se observarmos bem, essas ondas longas da história,
como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas.
13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura
pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um
século, um novo salto de época nos tomou de surpresa,
16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a
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019. (INÉDITA/2023) A frase abaixo que mostra a presença do discurso indireto livre é:
a) Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia
nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito.
b) A cachorra Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação
dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro.
c) Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da
cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios.
d) Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá
Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas.
e) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou
como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo.
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escravocrata. Recentes casos julgados pela Corte Interamericana de Direitos Humanos, como
o “Trabalhadores da Fazenda Brasil Verde vs. Brasil”, condenaram o Estado pela ausência
de proteção dos trabalhadores contra práticas de trabalho forçado.
d) Machado de Assis é o maior escritor brasileiro porque nenhum outro foi capaz de produzir
uma obra que atingisse a mesma magnitude da criação literária do Bruxo do Cosme Velho.
e) Em relação ao perfil social das pessoas resgatadas de escravidão contemporânea até
o momento em 2021, dados do Seguro-Desemprego do trabalhador resgatado mostram
que 89% são homens; 49% têm entre 18 e 39 anos; e 35% residem no Nordeste. Quanto
ao grau de instrução, 21% declararam só ter cursado até o 5º ano, 20% haviam estudado
do 6º ao 9º ano e outros 18% tinham ensino médio completo.
022. (INÉDITA/2023) Das falácias argumentativas abaixo, aquela que exemplifica uma
simplificação exagerada é:
a) “Se se defende a restrição à venda de armas de fogo para se evitar assassinatos, devemos
também restringir a venda de motosserras. Basta lembrar o caso de Paraipaba, em que um
homem tentou assassinar com uma motosserra um desafeto”.
b) “As jornalistas Aline Valek e Clara Averbuck lançaram um blog chamado “Escritório
Feminista” na Carta Capital. Certamente vão falar mal dos homens, pois é isso o que toda
feminista faz”.
c) Os africanos gostavam de ser escravos. Como disse Daenerys Targaryen, de Game of
Thrones, “As pessoas aprendem a amar as correntes que as prendem”.
d) Se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, erradicaremos
a fome em nosso país!
e) “Quem lê jornais deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível de informação”.
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caras para a ciência linguística, como a distinção entre gênero social e gênero gramatical,
a função da escrita enquanto sistema representacional que se relaciona com a fala e, mais
do que tudo isso, a dinamicidade em se tratando de línguas naturais.
d) Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada
do galinheiro:
- Vou cantar para fazer o sol nascer...
Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e
ordenava, definitivo:
- Có-có-ri-có-có... E ficava esperando.
e) Inspeção de segurança antes do uso: (i) a inspeção de segurança deve ser realizada antes
das atividades a serem exercidas por cada usuário. Para cada novo exercício, os dispositivos
e acessórios a serem utilizados devem ser conferidos quanto a sua segurança, limpeza
e adequação; (ii) certifique-se de que todos os componentes do equipamento estejam
devidamente fixados e posicionados antes de realizar os exercícios.
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025. (INÉDITA/2023) O texto a seguir foi retirado de uma Carta do Leitor do jornal Folha de
S.Paulo, de 17 de fevereiro de 2022.
Chegar bem aos 100
Excelente o artigo de Karla Giacomin na coluna Como Chegar Bem aos 100 (“Desconstrução
de políticas de Estado precisa ser denunciada, Corrida, 17/2). Precisamos denunciar
essa desconstrução política, especialmente aquelas que contemplam as necessidades da
população idosa.
Marília Berzins (São Paulo, SP)
A marca que NÃO está presente nesse gênero textual é:
a) a presença da assinatura do emissor;
b) a utilização de linguagem próxima à do jornal;
c) o emissor busca posiciona-se em relação a determinada publicação ou acontecimento
recente;
d) o emprego de intertextualidade;
e) uma solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado.
COESÃO E COERÊNCIA
Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
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políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).
028. (IBFC/ANALISTA/DETRAN-DF/2022)
Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).
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029. (INÉDITA/2023) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos.
Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão.
a) A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos pela
picada das fêmeas.
b) Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas
nos morros.
c) Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que
traduz essa noção singular do que seja o tempo.
d) A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional.
e) O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa forma
impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma.
Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
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Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).
030. (INÉDITA/2023) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “homem”
(segundo período do sexto parágrafo).
SEMÂNTICA
031. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023)
Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).
Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno
negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança
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036. (FCC/TÉCNICO/TRT-18/2023)
Imagine uma pessoa afivelada a uma cama com eletrodos colados em suas têmporas. Ao se
girar um botão situado em local distante, a corrente elétrica nos eletrodos aumenta em grau
infinitesimal, de modo que o paciente não chegue a sentir. Um hambúrguer gratuito é então
ofertado a quem girar o botão. Ocorre, porém, que, quando milhares de pessoas fazem isso −
sem que cada uma saiba das ações das demais −, a descarga elétrica gerada é suficiente para
eletrocutar a vítima. Quem é responsável pelo quê? Algo tenebroso foi feito, mas de quem é a culpa?
O efeito isolado de cada giro do botão é, por definição, imperceptível − são todos “torturadores
inofensivos”. Mas o efeito conjunto é ofensivo ao extremo. Até que ponto a somatória de ínfimas
partículas de culpa se acumula numa gigantesca dívida moral coletiva? − O experimento mental
concebido pelo filósofo britânico Derek Parfit dá o que pensar. A mudança climática em curso
equivale a uma espécie de eletrocussão da biosfera. Quem a deseja? A quem interessa? O ardil da
desrazão vira do avesso a “mão invisível” da economia clássica. O aquecimento global é fruto da
alquimia perversa de incontáveis ações humanas, mas não resulta de nenhuma intenção humana.
E quem assume − ou deveria assumir − a culpa por ele? Os 7 bilhões de habitantes da Terra
pertencem a três grupos: o primeiro bilhão, no cobiçado topo da escala de consumo, responde
por 50% das emissões de gases-estufa; os 3 bilhões seguintes por 45%; e os 3 bilhões na base da
pirâmide (metade sem acesso a eletricidade) por 5%. Por seu modo de vida, situação geográfica
e vulnerabilidade material, este último grupo − o único inocente − é o mais tragicamente afetado
pelo “giro de botão” dos demais.
(GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)
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037. (IDECAN/DESENVOLVEDOR/SEFAZ-RR/2023)
Postei uma foto no meu perfil do Instagram em que apareço tomando a vacina contra a Covid-19.
Na legenda, de poucas palavras, deixei claro que era a terceira dose. Recebi muitas curtidas e alguns
comentários, entre eles o de uma moça que perguntou: “Martha, você já tomou a terceira dose?”
Dias antes, havia postado sobre o lançamento do meu novo livro no Rio, em fevereiro próximo, e
disse na legenda: “Não há outras cidades confirmadas. Quando houver, avisarei”. De novo, muitas
curtidas e alguns comentários, entre eles: “E Goiânia?” “Curitiba quando?”
Não sou louca de desconsiderar: é carinho, eu sei. Mas é também um sintoma. Houve um tempo
em que as pessoas liam livros, muitos deles extensos, divididos em dois ou três volumes. Depois
veio a era tecnológica e com ela a impaciência: leituras rápidas, cultura do aperitivo. E agora nem
isso: a criatura passa os olhos por duas linhas e não registra nada.
Ninguém mais quer perder tempo, é o argumento de defesa. Mas não me convenço. A falta de foco,
sim, é que nos faz perder tempo: somos obrigados a repetir as perguntas, repetir as respostas,
voltar aos mesmos assuntos duas, três, cinco vezes. Estamos nos comunicando miseravelmente,
trocando mensagens cifradas por WhatsApp, com preguiça de dar uma informação completa,
de prestar atenção nos detalhes, de facilitar o entendimento. Agimos como aquelas telefonistas
estressadas que atendiam um cliente enquanto deixavam outros sete pendurados (na saudosa
época em que não falávamos com robôs).
Essa pressa toda pra quê mesmo? Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português,
“medo de ficar por fora”. Em vez de a pessoa se dedicar uns minutinhos a concluir o que está
fazendo – uns minutinhos!! – ela some e já está em outra e depois outra e ainda outra interação,
que serão igualmente capengas. Isso é medo de ficar por fora? A pessoa já está em órbita e não
percebeu. Fica batendo de porta em porta e não entra em lugar nenhum.
Adentre, amigo. Puxe uma cadeira e sente. Converse. Pergunte pela família. Olhe nos olhos. Cinco
minutos de atenção não arrancarão pedaço. Fique o suficiente para demonstrar que se importa
com seu interlocutor. Cale-se e escute. Nutra esses preciosos cinco minutos, para que eles não
se dissolvam por inanição.
Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a
falta de cuidado e de concentração. Ninguém mais se esforça minimamente para estabelecer
uma conexão verdadeira. Agora virou moda dizer que fulano tá ON, sicrana tá ON. Balela. ON a
gente estava quando se importava. Agora estão todos OFF, desligados crônicos, vivendo a falsa
ilusão de uma vida plena. ON está aquele que consegue pausar.
Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha-
medeiros/quem-esta-on, 14 out., 2022
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039. (INÉDITA/2023)
André Dahmer
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O humor da tirinha reside no fato de o personagem “Homem Literal” ser incapaz de interpretar
figurativamente a expressão “Vá ver se eu estou lá na esquina”.
040. (INÉDITA/2023) Uma antítese é um tipo de linguagem figurada em que ocorre a presença
de duas palavras de sentido oposto; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma
antítese ou de um paradoxo é:
a) “Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi.” (Carlos
Drummond de Andrade);
b) “Ao olhar para o Universo, o homem é nada. Ao olhar para o Universo, o homem é tudo.”
(Marcelo Gleiser);
c) “Em tristes sombras morre a formosura; em contínuas tristezas a alegria.” (Gregório
de Matos);
d) “Oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco que
aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.” (Chico Buarque);
e) “Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações.” (Hugo von
Hofmannsthal).
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041. (INÉDITA/2023)
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Utiliza-se a figura de linguagem conhecida como piada da internet conta que no seguinte
trecho:
a) [...] o pensamento centrado na Europa se propõe universal. (6º parágrafo)
b) Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura.
(1º parágrafo)
c) Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não
merecem existir. (4º parágrafo)
d) Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu
intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. (1º parágrafo)
e) A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. (7º parágrafo)
044. (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2018)
Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina,
já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um
sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente
dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos
não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente,
investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.
Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a
tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento.
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Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma
espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo
de sua gravidade: o seu humor.
Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem
ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles
desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade.
Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos
subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo
tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.
A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do
esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão,
e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro
essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa
forma, sua existência.
Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são
bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade
de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma
vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso
explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.
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REESCRITA
046. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEE-PE/2023)
Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade
dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da
educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio
educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem
enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet.
Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem
dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa
realizada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF) apontou que houve piora em todas as séries avaliadas. Segundo a pesquisa
amostral, em matemática, o desempenho alcançado no 3º ano do ensino médio foi de 255,3
pontos na escala de proficiência, inferior aos 261,7 obtidos pelos estudantes ao final do 9º ano
do ensino fundamental no Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) de 2019. Em língua
portuguesa, os estudantes do 9º ano apresentaram uma queda de 12 pontos, e os do 3º ano do
ensino médio, de 11 pontos.
Após o retorno presencial, estados e municípios ainda têm muito trabalho para identificar os reais
prejuízos, dimensioná-los e encontrar caminhos e soluções para que professores e estudantes
possam retomar a aprendizagem.
Para Suelaine Carneiro, coordenadora de educação na Geledés, organização da sociedade civil
que se posiciona em defesa de mulheres e homens negros, “há um consenso de que não foi
possível atender todos os alunos” na educação pública. “Os dados indicam um baixo número
de participação dos estudantes, somado à impossibilidade de os familiares acompanharem a
resolução das tarefas”, afirma. Mas não fica apenas nisso. “Em termos de aprendizagem, os dados
também mostram dificuldades no que diz respeito à compreensão e à resolução das tarefas.”
De acordo com ela, a situação de alunos negros requer ainda mais atenção. “É preciso prestar
atenção nessa condição: a pessoa já estava vulnerável socialmente, sem a possibilidade de
realizar um isolamento dentro de casa, pois vive em uma casa pequena ou onde não há cômodos
suficientes”, contextualiza Suelaine.
Agravada pela pandemia, que engrossou o número de trabalhadores desempregados, a questão
econômica foi um dos grandes fatores que impactou a vida dos estudantes do ensino médio.
“Temos alunos que estão trabalhando no horário de aula, dizendo que precisam ajudar a família,
e aos fins de semana assistem às atividades”, relata a professora Lucenir Ferreira, da Escola
Estadual Mário Davi Andreazza, em Boa Vista (RR). Lucenir conta que muitos alunos chegam a falar
que não conseguem aprender nada e desabafam por sentir que a aprendizagem foi prejudicada,
principalmente os que estão em processo de preparação para o vestibular.
Apesar dos desafios, Suelaine acredita que os impactos não são irreversíveis, como outros
especialistas têm apontado. “Você pode recuperar dois anos se houver políticas públicas,
compromisso público com a educação, de forma a desenvolver diferentes ações”, diz ela.
Internet: <novaescola.org.br> (com adaptações).
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047. (IADES/AUDITOR/VISA-DF/2023)
Com base nas regras de concordância prescritas pela norma-padrão e nas relações
morfossintáticas do texto. assinale a alternativa correta.
a) A redação Foi iniciado pela Secretaria DF Legal, em agosto de 2020, a Operação Pronto
Emprego poderia substituir o trecho “A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020,
à Operação Pronto Emprego”.
b) O trecho “ainda em fase inicial de construção” poderia ser substituído pela redação a
qual ainda se encontra em fase inicial de construção.
c) A autora deveria empregar o vocábulo bastante no plural, caso desejasse incluí-lo diante
do substantivo “denúncias”.
d) A construção “os impactos social, político e financeiro” não poderia ser substituída pela
redação o impacto social, o político e o financeiro.
e) A construção “São removidas” poderia ser substituída pela forma Remove-se.
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c) Em “é uma cidade que foi quase destruída com a Guerra do Paraguai” (linhas 4 e 5),
poder-se-ia substituir a construção em voz passiva por sua correspondente na voz ativa:
O Paraguai quase destruiu a cidade.
d) Considerando a colocação pronominal, se, no trecho “Fazendas rurais e sua arquitetura
tipicamente mineira fundem-se com o” (linhas 16 e 17), caso houvesse o acréscimo de não
depois da palavra “mineira”, a próclise seria facultativa.
e) No trecho “localizada às margens do Rio Paraguai” (linha 3), a expressão sublinhada
poderia ser substituída por a beira do.
Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.
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(terceiro período do quarto parágrafo) por “como recuperar subitamente a visão ou erguer-
se da cadeira de rodas com o semblante bem-aventurado e a leveza de quem caminha sobre
as águas” manteria os sentidos e a coerência do texto.
No livro O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino, o jovem Medardo di Terralba se mete em
uma batalha pela cristandade, leva um balaço de canhão e sai cortado em duas metades: o lado
esquerdo é benigno, o direito é insidioso. Se fosse possível dividir o padre Júlio Renato Lancellotti
em dois, a banda boa seria de uma simpatia comovente. O religioso tem fraqueza por doces
retrôs, como marzipã e marrom-glacé, especialmente o espanhol. Reserva os sábados para
regar plantas. Vive rodeado por uma coleção de imagens de seus santos preferidos, a maioria
deles com histórias de vida dificílimas. Gosta de citações. Em momentos graves das conversas,
encaixa uma da escritora existencialista Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se
não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Em horas mais descontraídas, lembra da
frase atribuída ao bovino Homer, o pai na animação Os Simpsons: “Se a culpa é minha, eu coloco
em quem eu quiser.” Orgulha-se de nunca ter tirado férias e só ter ido ao exterior rapidamente
e a trabalho, em rasantes pela Itália, Colômbia, Nicarágua, Panamá e El Salvador. Parece muito
feliz com sua opção de não ter carro, roupas de marca, sapatos caros ou títulos imponentes
demais dentro da Igreja Católica. Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela
casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo – só na sala,
são três, escoradas umas nas outras; no corredor, quatro, que sobem do chão até o teto como
cobras. Às vezes, fica pensando quem é que cuidará desse acervo quando morrer.
A metade atroz do padre partido ao meio seria casca-grossa. Ele tem iracúndias sagradas – e
não raro estoura alguma gritaria fenomenal na sacristia da Paróquia São Miguel Arcanjo, uma
pequena igreja, bem no limite entre os bairros do Belenzinho e da Mooca, que comanda há 36
anos. Personalista, tende a narrar os feitos de sua comunidade na primeira pessoa, o que às
vezes irrita e espana alguns colaboradores. Como, ao longo da vida, já visitou vários círculos
do Inferno de Dante, é desconfiado e solta frases que parecem delírios persecutórios como
“o próximo ataque, eu nunca sei de onde virá…”. Exige, sempre, soluções imediatas para o que
quer e arma circos homéricos quando não consegue – como sabem todos os últimos prefeitos
de São Paulo. E, por causa desse conjunto, pode provocar decepções nos que esperam virtude
total dos líderes espirituais, mais ou menos como aquele desapontamento planetário de 2019,
quando o papa Francisco, num arroubo de irritação extrema, tascou uma palmada nas mãos de
uma peregrina que o puxou pelo braço.
Na vida pública, o padre Júlio Lancellotti é há décadas realmente cortado ao meio, em duas fatias
irreconciliáveis. Por um lado, é beatificado em vida por seu destemido trabalho de assistência aos
excluídos dos excluídos: os sem-teto, a população carcerária, os menores infratores, as crianças
órfãs portadoras de HIV, os jovens LGBTQIA+ que são marginalizados. Por outro, é demonizado
como aproveitador da população carente, um “esquerdopadre” viciado em mídia. Lancellotti
reage suspendendo os ombros, num misto de indiferença e desânimo, sempre que fala desse
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pêndulo frequente sobre sua cabeça. “Na verdade, eu acho é que muita gente me vê como um
enigma”, diz, ajeitando o longo crucifixo que usa no pescoço.
Mesmo dentro da Igreja Católica, o padre Júlio ocupa um lugar próprio, sujeito a rapapés e
pedradas. No Brasil, a instituição é formada por uma tropa de 268 bispos, 48 cardeais na ativa
e 19 428 padres distribuídos por 12,2 mil paróquias. Para se manter dentro dos preceitos, todos
precisam andar na linha hierárquica e fechar questão em temas fundamentais de fé e moral,
o que não é pouco. De resto, a Igreja é um cintilante regime democrático. Qualquer integrante
do clero tem o direito de ser um conservador, um moderado ou um progressista. Nesse aquário
colorido, a maioria esmagadora dos sacerdotes com influência que vai além de seus altares
integra a categoria dos cantores e/ou youtubers ligados à Renovação Carismática, corrente
de orientação conservadora. Dono de um magnetismo envolvente, o padre Marcelo Rossi é o
expoente dessa ala.
Aos 72 anos, vigário episcopal para a Pastoral do Povo da Rua da Arquidiocese de São Paulo, o
padre Júlio Lancellotti é também um nome famoso, mas acomoda-se numa gaveta mais solitária.
Ele é, hoje, o padre mais político do Brasil.
(Angélica Santa Cruz. O Padre que morde. Revista Piauí, 18 de julho de 2021).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.
052. (INÉDITA/2023) Em “Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa
onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém”, o vocábulo “embevecido” poderia ser
substituído por “envaidecido”, sem prejuízo do sentido original do texto.
054. (INÉDITA/2023) Em “pela casa onde mora com os sobrinhos”, o vocábulo “onde” poderia
ser substituído pela expressão “em que”, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido
original do texto.
Pronomes
1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
4 — Você não vai ficar chateado?
— O que é?
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Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir.
No trecho “— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.” (linha 8), a inserção de ponto e
vírgula no lugar de ponto continuativo entre as duas orações, com a devida conversão de
letra maiúscula em minúscula, manteria a correção gramatical e a coesão textual.
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GABARITO
1. b 5. e 9. C
2. e 6. d 10. E
3. a 7. C
4. c 8. C
COESÃO E COERÊNCIA
26. C 28. d 30. E
27. C 29. d
SEMÂNTICA
31. E 33. c 35. b
32. b 34. b
REESCRITA
46. C 54. C
47. c 55. C
48. a
49. C
50. E
51. C
52. E
53. E
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GABARITO COMENTADO
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A sequência correta é esta (cada termo seguido de sua definição): (2) a intencionalidade está
direcionada ao protagonista do ato comunicativo. Trata-se da disposição e do empenho de se
construir um discurso coerente, coeso e com grande capacidade de satisfazer determinada
audiência. Diz respeito às informações e conhecimentos prévios que o autor tem para
chegar a seu público; (3) a situacionalidade é voltada para o contexto no qual a situação
comunicativa está inserida. Ela se relaciona à adequação ou não do contexto, pois ele pode
influenciar no significado do texto que, inserido em contextos distintos, pode produzir
significados completamente diversos; (5) a intertextualidade consiste na influência e na
relação que um texto exerce sobre outro. Esse processo ocorre durante a produção de
um texto, no qual o autor coloca, na estrutura de sua produção, referências explícitas ou
implícitas de outra obra; (4) no critério informatividade, consideram-se as informações
prévias e as informações novas obtidas no texto. É preciso que haja equilíbrio entre ambas,
pois um texto que possui apenas informações prévias não traz novidade ao leitor. Já um
texto somente com informações novas pode dificultar a compreensão da leitura (1) o
critério da aceitabilidade está focando no leitor. O leitor precisa de algum conhecimento
sobre o assunto para poder analisar o texto e decidir se concorda com a intenção do autor.
É através de sua interpretação do texto que ele poderá reconhecer o que está implícito ou
explícito no texto.
Letra b.
002. (IBFC/ACAI/IBGE/2022)
ciclo vicioso
minha namorada sempre sonha que namora
seu namorado antigo minha ex-namorada
sempre sonha que me namora e eu, desconfiado,
tenho feito tudo para não sonhar...
(Cacaso, Poesia Completa, p.126)
O sentido do texto constrói-se por meio de sua organização interna. Desse modo, de acordo
com o poema, o esforço do enunciador por “não sonhar” deve-se ao fato de:
a) sentir muito ciúme de sua atual namorada.
b) desejar ocupar o sonho de sua ex-namorada.
c) não acreditar em sonhos de amores antigos.
d) querer que sua atual namorada sonhe com ele.
e) não querer sonhar com sua ex-namorada.
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O eu-lírico não quer sonhar com sua ex-namorada. Esse receio é depreensível pela cadeia
de eventos anteriores (quem sonha, sonha com a/o ex). O esforço para não sonhar não
decorre, então, dos fatos apontados em “a”, “b”, “c” ou “d”.
Letra e.
003. (IDECAN/TÉCNICO/SEFAZ-RR/2023)
Predomina no texto a função referencial, pois o foco é o contexto (fatos do mundo). Não se
trata, portanto, de função conativa (centrada no destinatário), metalinguística (centrada
no próprio código), fática (centrada no canal/contato) ou poética (centrada na mensagem).
Letra a.
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004. (IADES/AUDITOR/SEPLAD-DF/2023)
De acordo com o texto, uma rede de transporte público estruturante foi estabelecida para
a) atender às rotas mais relevantes do Distrito Federal e expandir as ciclovias e calçadas.
b) implementar corredores segregados de ônibus, ampliar a linha de metrô e aumentar o
número de calçadas para pedestres.
c) reduzir os engarrafamentos nas cidades com alternativas ao uso de carros particulares,
melhores condições dos transportes coletivos e estímulo aos deslocamentos ativos.
d) diminuir as distâncias entre o aeroporto de Brasília e as cidades administrativas.
e) construir BRTs e VLTs confortáveis para os moradores de Brasília.
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e) “[...] o mindfulness era patrimônio dos monges, a ioga era praticada por quatro gatos
pingados e o espírito era cultivado lendo livros em gratificante solidão.”.
O uso coloquial é marcado por diversos fatores, como vocabulário (expressões), padrões
morfológicos e sintáticos. No caso das alternativas em análise, o uso da expressão gatos
pingados (significando “poucos indivíduos) é o marcador de coloquialidade.
Letra e.
006. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)
Leia o fragmento a seguir.
Foi no Instituto de Letras da UFF, há alguns anos. Convidado, fez lá conferência um ex-Ministro de
Angola. O assunto já não me lembra... Em todo caso, o tema é de somenos. Terminada a fala, com
as palmas rituais, pôs-se o orador às ordens, para perguntas. À questão das línguas respondeu
que, desgraçadamente, a oficial era a do colonizador, acreditando ele que essa anômala situação
ainda duraria um século.
Assinale a opção que apresenta o tipo de preconceito linguístico a que esse fragmento
textual se refere.
a) O preconceito socioeconômico, ligado ao fato de membros das classes mais pobres,
pelo acesso limitado à educação e à cultura, geralmente, dominarem apenas as variedades
linguísticas mais informais e de menor prestígio.
b) O preconceito regional, ligado a um tipo de aversão ao sotaque ou aos regionalismos
típicos de áreas mais pobres.
c) O preconceito cultural, preso à aversão pela cultura de massa e às variedades linguísticas
por ela usadas.
d) O preconceito político, referente à imposição de uma língua a falantes de outras línguas.
e) O preconceito racial, ligado às manifestações culturais de outras raças, inclusive a língua,
considerando-as atrasadas.
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Chamam‐se fonemas os sons elementares e distintivos que o ser humano produz quando, pela
voz, exprime seus pensamentos e emoções.
Desde logo, uma distinção se impõe: não se há de confundir fonema com letra. Fonema é uma
realidade acústica, realidade que nosso ouvido registra; enquanto letra é o sinal empregado para
representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
Na atividade linguística, o importante para os falantes é o fonema, e não a série de movimentos
articulatórios que o determina. Assim sendo, enquanto a análise fonética se preocupa tão somente
com a articulação, a fonêmica atenta apenas para o fonema que, reunindo um feixe de traços
que o distingue de outro fonema, permite a comunicação linguística.
Evanildo Bechara. Moderna gramática portuguesa. 37.a ed. rev. E ampl. Rio de Janeiro: Lucerna,
2002, p. 57 (com adaptações).
Toda a afirmativa está correta. Note a forma flexionada com pronome enclítico “registrá-
la”, a qual é acentuada por ser uma oxítona (o que demonstra ser verdadeira a análise
proposta pelo item).
Certo.
Quando uma linguagem fala sobre si mesma, temos metalinguagem. É exatamente isso o
que observamos no texto: o autor fala sobre a língua utilizando a língua (escrita). Outros
exemplos de metalinguagem: uma tirinha que fala sobre o ato de fazer tirinhas; uma pintura
que fale sobre o ato de fazer uma pintura; um filme que fale sobre o ato de fazer um filme;
uma fotografia que fale sobre o ato de fotografar.
Certo.
Texto CB1A1
Cresce, no mundo todo, o número de pessoas que demandam serviços de cuidado. De acordo
com o último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), esse universo deverá
ser de 2,3 bilhões de pessoas em 2030 — há cinco anos, eram 2,1 bilhões. O envelhecimento
da população e as novas configurações familiares, com mulheres mais presentes no mercado
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de trabalho e menos disponíveis para assumir encargos com parentes sem autonomia, têm
levado os países a repensar seus sistemas de atenção a populações vulneráveis. Partindo desse
panorama, as sociólogas Nadya Guimarães, da Universidade de São Paulo (USP), e Helena Hirata,
do Centro de Pesquisas Sociológicas e Políticas de Paris, na França, identificaram, em estudo,
o surgimento, nos últimos vinte anos, de arranjos que visam amparar indivíduos com distintos
níveis de dependência, como crianças, idosos e pessoas com deficiência. Enquanto, em algumas
nações, o papel do Estado é preponderante, em outras, a atuação de instituições privadas se
sobressai. Na América Latina, o protagonismo das famílias representa o aspecto mais marcante.
Conforme definição da OIT, o trabalho de cuidado, que pode ou não ser remunerado, envolve dois
tipos de atividades: as diretas, como alimentar um bebê ou cuidar de um doente, e as indiretas,
como cozinhar ou limpar. “É um trabalho que tem uma forte dimensão emocional, se desenvolve
na intimidade e, com frequência, envolve a manipulação do corpo do outro”, diz Guimarães. Ela
relata que o conceito de cuidado surgiu como categoria relevante para as ciências sociais há cerca
de trinta anos e, desde então, tem sido crescente a sua presença em linhas de investigação em
áreas como economia, antropologia, psicologia e filosofia política. “Com isso, a discussão sobre
essa concepção ganhou corpo. Os estudos iniciais do cuidado limitavam-se à ideia de que ele
era uma necessidade nas situações de dependência, mas tal entendimento se ampliou. Hoje,
ele é visto como um trabalho fundamental para assegurar o bem-estar de todos, na medida em
que qualquer pessoa pode se fragilizar e se tornar dependente em algum momento da vida”,
explica a socióloga. Os avanços da pesquisa levaram à constatação de que a oferta de cuidados é
distribuída de forma desigual na sociedade, recaindo, de forma mais intensa, sobre as mulheres.
Ao refletir sobre esse desequilíbrio, a socióloga Heidi Gottfried, da Universidade Estadual Wayne,
nos Estados Unidos da América, explica que persiste, nas sociedades, a noção arraigada de que
o trabalho de cuidado seria uma manifestação de amor e, por essa razão, deveria ser prestado
gratuitamente. Conforme Gottfried, a ideia decorre, entre outros aspectos, de construção
cultural a respeito da maternidade e de que cuidar seria um talento feminino.
Por outro lado, Guimarães lembra que, a partir de 1970, as mulheres aumentaram sua participação
no mercado de trabalho brasileiro. Em cinco décadas, a presença feminina saltou de 18% para
50%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. “Consideradas provedoras
naturais dos serviços de cuidado, as mulheres passaram a trabalhar mais intensamente fora de
casa. Esse fato, aliado ao envelhecimento da população, gerou o que tem sido analisado como
uma crise no provimento de cuidados que, em países do hemisfério norte, tem se resolvido com
uma mercantilização desses serviços, além de uma maior atuação do Estado, por meio da criação
de instituições públicas de acolhimento, expansão de políticas de financiamento, formação e
regulação do trabalho de cuidadores”, conta a socióloga.
Na América Latina, entretanto, o fornecimento de cuidados é tradicionalmente feito pelas
famílias, nas quais mulheres desempenham gratuitamente papel central como cuidadoras de
crianças, idosos e pessoas com deficiência. Para a minoria que pode pagar, o mercado oferece
serviços de cuidado
que compensam a escassa presença do Estado.
Christina Queiroz. Revista Pesquisa FAPESP. Ed. 299, jan./ 2021. Internet: <https://revistapesquisa.
fapesp.br/economia-do-cuidado> (com adaptações).
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Compreensão e Interpretação de Textos
Bruno Pilastre
Ao longo do texto, observamos fatos que denotam a distinção entre os serviços de cuidados
fornecidos por outros países (em especial, do hemisfério norte) e por países da América Latina.
Certo.
012. (CEBRASPE/ASSISTENTE/SEFAZ-RS/2019)
Texto 1A2-II
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Bruno Pilastre
Neide nunca tinha pensado naquilo até que, mexendo um cremezinho de laranja na cozinha, a
nutricionista do programa das dez da manhã falou:
— Ninguém é obrigado a parecer velho.
Tirando a canseira provocada por aquele horror de exames que o médico tinha pedido, Neide
considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o creme com mais
vigor. A dermatologista deu aparte:
— Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade.
Aos trinta e seis anos, ela já era casada havia doze anos com João Carlos, já era mãe dos gêmeos,
já sustentava a casa e tinha até contratado um auxiliar só para atender as freguesas que batiam
palmas no portão. Aos trinta e seis anos, João Carlos já havia sido despedido da firma e já indicava
que ia se tornar um deprimido de marca e um desempregado crônico. O fogão de seis bocas e a
campainha com barulho de sino vieram depois, e seus préstimos de doceira eram anunciados em
uma tabuleta de madeira. A apresentadora, que já nem era tão mocinha, considerou que tudo
dependia do estado de espírito da pessoa e das escolhas feitas durante a vida:
— Às vezes, é preciso dizer não.
Neide pensou que falar era fácil e que mais a vida mandava do que ela escolhia. Na tevê, a palavra
era do geriatra, um homem robusto, de tez bronzeada e cabelos fartos e grisalhos.
— As pessoas podem continuar sexualmente ativas até a morte. Literalmente, o amor não
tem idade.
Neide sentiu uma tontura, e, de repente, a colher de pau caiu ao chão com barulho. Foi bem na
hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede. Varreu com os olhos a figura diante
de si: o pijama azul de listras estava tão acabado que nem dava para pano de chão, e a barriga
do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões. A tontura deu uma pequena trégua, o
suficiente para que ela se desgostasse à visão do descaimento.
Cíntia Moscovich. Aos sessenta e quatro. In: Essa coisa brilhante que é a chuva. Rio de Janeiro:
Record, 2012 (com adaptações).
Assinale a opção que reproduz trecho do texto 1A2-II em que predomina a tipologia descrição.
a) “Ninguém é obrigado a parecer velho” (ℓ. 4)
b) “Neide considerou que, aos sessenta e quatro anos, até que não parecia velha. Mexeu o
creme com mais vigor” (ℓ. 6 a 8)
c) “Alguns estudos afirmam que a velhice começa aos trinta e seis anos de idade” (ℓ. 9 e 10)
d) “Foi bem na hora em que João Carlos entrou na cozinha: estava com sede” (ℓ. 31 e 32)
e) “a barriga do marido esgarçava as casas dos dois últimos botões” (ℓ. 35 e 36)
A descrição é uma “fotografia” por escrito. Nela, o autor busca compor verbalmente imagens,
as quais são formadas na mente do leitor. Apenas em (E) isso ocorre: é possível imaginar
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como a barriga do homem abria/rompia/desfiava as casas dos dois últimos botões (da
roupa). Nas demais alternativas, temos o predomínio de outros elementos, como a narração.
Letra e.
“A casa estava situada em centro de terreno; era bastante grande, com duas salas, quatro quartos,
dois banheiros e um pequeno quintal. O piso de todos os cômodos era de cerâmica cinzenta e
cada um deles possuía uma iluminação diferente”.
014. (FGV/PROFESSOR/SME-SP/2023)
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Bruno Pilastre
Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas.
Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da
fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o
segredo que transforma letras e sílabas em estórias.
É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um
mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a
ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um
grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os
perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos
dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda.
Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos
seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom.
ALVES, Rubem, Ostra feliz não faz pérola. Ed. Planeta do Brasil Ltda. São Paulo. 2021.
O texto precedente, considerando-se sua organização discursiva, deve ser incluído entre
os textos
a) descritivos.
b) narrativos.
c) dissertativos expositivos.
d) dissertativos argumentativos.
e) injuntivos.
Há, no texto, uma clara defesa de um ponto de vista. Nessa defesa, o autor argumenta no
sentido de convencer o leitor de que a forma de educar uma criança (ensinar a ler, a fazer
jardinagem, a apreciar música) defendida por ele é a correta. Por essa razão, o texto é
corretamente classificado como argumentativo. Não se trata de descrição (apresentação
de propriedades/características de objeto, ser ou espaço), narração (apresentação de
eventos praticados/sofridos por personagens em determinado tempo e espaço), injunção
(comandos/orientações/instruções dirigidas a um interlocutor) ou exposição (apresentação
de fenômenos, fatos e conceitos sobre o mundo).
Letra d.
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Na alternativa (D), não observamos os mesmos pares contrastivos em (A), (B), (C) e (E):
pouco-muito, pequenos-grandes, escuridão-claridade, hoje-amanhã.
Letra d.
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De acordo com o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz
Miguel Garcia, os municípios, que são os responsáveis pela maior parte das matrículas públicas
no ensino infantil e fundamental, focarão, em 2020, na formação dos docentes, para que eles
possam levar para as salas de aula não apenas educação financeira, mas outras competências
previstas na BNCC.
“Tivemos um grande foco na construção dos currículos e, agora, neste ano, [em 2020], entramos
no processo de formação. Educação financeira, inclusão, educação socioemocional, todos esses
elementos vão chegar de fato na sala de aula a partir da discussão que fizermos agora”, diz.
Segundo ele, a implementação será concomitante à formação, já em 2020.
De acordo com Garcia, não há um levantamento de quantos municípios já contam com esse
ensino. “Não existe uma orientação geral com relação a isso. São iniciativas locais. Não tenho
como quantificar, mas não é algo absolutamente novo”, diz.
Ensinar a escolher
A educação financeira é pauta no Brasil antes mesmo da BNCC. Em 2010 foi instituída, por
exemplo, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com o objetivo de promover ações
de educação financeira no Brasil. Na página Vida e Dinheiro, da entidade, estão disponíveis livros
didáticos que podem ser baixados gratuitamente e outros materiais informativos para jovens
e para adultos.
As ações da Enef são coordenadas pela AEF-Brasil. Claudia explica que a AEF-Brasil foi convocada
pelo Ministério da Educação (MEC) para disponibilizar materiais e cursos para preparar os
professores e, com isso, viabilizar a implementação da educação financeira nas escolas.
As avaliações mostram que o Brasil ainda precisa avançar. No Programa Internacional de Avaliação
de Estudantes (Pisa) 2015, o Brasil ficou em último lugar em um ranking de 15 países em
competência financeira. O Pisa oferece 4 avaliações em competência financeira de forma optativa
aos países integrantes do programa. O resultado da última avaliação dessa competência, aplicada
em 2018, ainda não foi divulgado.
Os resultados disponíveis mostram que a maioria dos estudantes brasileiros obteve desempenho
abaixo do adequado e não conseguem, por exemplo, tomar decisões em contextos que são
relevantes para eles, reconhecer o valor de uma simples despesa ou interpretar documentos
financeiros cotidianos.
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um artigo científico) ou publicitário (uma propaganda, por exemplo). Por isso, temos a
alternativa (B) como correta.
Letra b.
017. (SELECON/ASSISTENTE/CRA-RR/2021)
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(Disponível em https://www.dw.com/pt-br/os-desafios-daconserva%C3%ATH%C3%A30-da-
%C3%A1
018. (CEBRASPE/ANALISTA/PGE-PE/2019)
Texto CB2A1-I
1| Raras vezes na história humana, o trabalho, a riqueza,
o poder e o saber mudaram simultaneamente. Quando isso
ocorre, sobrevêm verdadeiras descontinuidades que marcam
4| época, pedras miliares no caminho da humanidade. A invenção
das técnicas para controlar o fogo, o início da agricultura e do
pastoreio na Mesopotâmia, a organização da democracia na
7| Grécia, as grandes descobertas científicas e geográficas entre
os séculos XII e XVI, o advento da sociedade industrial no
século XIX, tudo isso representa saltos de época, que
10| desorientaram gerações inteiras.
Se observarmos bem, essas ondas longas da história,
como as chamava Braudel, tornaram-se cada vez mais curtas.
13| Acabamos de nos recuperar da ultrapassagem da agricultura
pela indústria, ocorrida no século XX, e, em menos de um
século, um novo salto de época nos tomou de surpresa,
16| lançando-nos na confusão. Dessa vez o salto coincidiu com a
rápida passagem de uma sociedade de tipo industrial dominada
pelos proprietários das fábricas manufatureiras para uma
19| sociedade de tipo pós-industrial dominada pelos proprietários
dos meios de informação.
O fórceps com o qual a recém-nascida sociedade
22| pós-industrial foi extraída do ventre da sociedade industrial
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019. (INÉDITA/2023) A frase abaixo que mostra a presença do discurso indireto livre é:
a) Sentiu o cheiro bom dos preás que desciam do morro, mas o cheiro vinha fraco e havia
nele partículas de outros viventes. Parecia que o morro se tinha distanciado muito.
b) A cachorra Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação
dela era levantar-se, conduzi-los ao bebedouro.
c) Pouco a pouco a cólera diminuiu, e sinhá Vitória, embalando as crianças, enjoou-se da
cadela achacada, gargarejou muxoxos e nomes feios.
d) Nesse momento Fabiano andava no copiar, batendo castanholas com os dedos. Sinhá
Vitória encolheu o pescoço e tentou encostar os ombros às orelhas.
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e) Defronte do carro de bois faltou-lhe a perna traseira. E, perdendo muito sangue, andou
como gente em dois pés, arrastando com dificuldade a parte posterior do corpo.
O discurso indireto livre é marcado pela mescla entre o discurso do narrador e o do personagem.
Ocorre tipicamente quando não se pode definir com clareza se o enunciado foi produzido
pelo narrador ou pelo personagem. Em (B), isso ocorre na interrogativa “Que faziam aqueles
animais soltos de noite?”, pois não sabemos se esse questionamento foi feito pelo narrador
ou pelo personagem (no caso, a cachorra Baleia). Nas demais alternativas, não há discurso
indireto livre: há apenas a narração de eventos em terceira pessoa.
Letra b.
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que o cônego vai pregar um dia destes, e irão juntinhos ao prelo, se ele coligir os seus
escritos, o que não se sabe.”
Em “b”, “c”, “d” e “e”, os excertos narrativos estão centrados nos personagens e nos eventos
internos à narrativa. Em “a”, o narrador dirige-se ao leitor (e fala sobre o processo de
composição da narrativa), como podemos confirmar pela leitura deste trecho: “porque o
maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar”.
É a chamada referência exofórica.
Letra a.
Há uma falácia em “d”: a petição de princípio (ou círculo vicioso), em que o autor apresenta
a própria declaração como prova dela (Machado é o maior escritor brasileiro porque ele é o
maior escritor brasileiro). Nas demais alternativas, as estratégias argumentativas não são
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falácias: “a” citação de autoridade; “b” apresentação de dados e cotejamento; “c” adoção
de método dedutivo (do geral para o particular); “e” apresentação de dados (estatísticos).
Letra d.
022. (INÉDITA/2023) Das falácias argumentativas abaixo, aquela que exemplifica uma
simplificação exagerada é:
a) “Se se defende a restrição à venda de armas de fogo para se evitar assassinatos, devemos
também restringir a venda de motosserras. Basta lembrar o caso de Paraipaba, em que um
homem tentou assassinar com uma motosserra um desafeto”.
b) “As jornalistas Aline Valek e Clara Averbuck lançaram um blog chamado “Escritório
Feminista” na Carta Capital. Certamente vão falar mal dos homens, pois é isso o que toda
feminista faz”.
c) Os africanos gostavam de ser escravos. Como disse Daenerys Targaryen, de Game of
Thrones, “As pessoas aprendem a amar as correntes que as prendem”.
d) Se no Brasil os jovens da geração “nem-nem” passarem a trabalhar e a estudar, erradicaremos
a fome em nosso país!
e) “Quem lê jornais deve ser considerado um bom cidadão por seu alto nível de informação”.
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que o jornalismo deve defender, como a verdade e o respeito à dignidade humana. A Folha não
costuma publicar conteúdos que relativizam o Holocausto, nem dá voz a apologistas da ditadura,
terraplanistas e representantes do movimento antivacina.
Por que, então, a prática seria outra quando o tema é o racismo no Brasil? Se textos como
o de Antonio Risério atraem audiência no curto prazo, sua consequência seguinte é minar a
credibilidade, que é, e deve ser, o pilar máximo de um jornal como a Folha. Por esses motivos,
convidamos a uma reflexão e uma reavaliação sobre a forma como o racismo tem sido abordado
na Folha. Acreditamos que buscar audiência às expensas da população negra seja incompatível
com estar a serviço da democracia.
(Carta aberta de jornalistas da Folha à direção do jornal, 19 de janeiro de 2022)
025. (INÉDITA/2023) O texto a seguir foi retirado de uma Carta do Leitor do jornal Folha de
S.Paulo, de 17 de fevereiro de 2022.
Chegar bem aos 100
Excelente o artigo de Karla Giacomin na coluna Como Chegar Bem aos 100 (“Desconstrução
de políticas de Estado precisa ser denunciada, Corrida, 17/2). Precisamos denunciar
essa desconstrução política, especialmente aquelas que contemplam as necessidades da
população idosa.
Marília Berzins (São Paulo, SP)
A marca que NÃO está presente nesse gênero textual é:
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As marcas linguístico-discursivas em “a”, “b”, “c” e “d” estão presentes no gênero textual
carta do leitor em análise (seja no gênero, seja no exemplo analisado). Em “e”, temos uma
marca não recorrente do gênero carta do leitor e inexistente no exemplo analisado: não há
solicitação de resposta do jornal acerca do questionamento realizado.
Letra e.
COESÃO E COERÊNCIA
Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).
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A elipse ocorre quando se pode depreender a existência de um termo suprimido. Isso ocorre
no trecho em análise, pois é possível depreender a forma “estados” está subentendida em
“apenas cinco [estados] não mudaram de posição”.
Certo.
028. (IBFC/ANALISTA/DETRAN-DF/2022)
Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
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capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).
029. (INÉDITA/2023) Uma marca da textualidade é a coesão, a ligação formal entre termos.
Assinale a frase abaixo em que os termos destacados não estão ligados por coesão.
a) A malária é uma doença infecciosa causada por protozoários que são transmitidos pela
picada das fêmeas.
b) Em período chuvoso, quando a terra desliza, são carregadas com ela as casas construídas
nos morros.
c) Há uma famosa observação do primeiro-ministro Chou En-Lai, muito citada, que
traduz essa noção singular do que seja o tempo.
d) A paciência é uma virtude que é baseada no autocontrole emocional.
e) O que me parece mais relevante é discutir os fatores estruturais, que de certa forma
impelem nessas conjunturas à tensão inflacionária incidir dessa forma.
Em (A), (B), (C) e (E), os termos destacados formam pares coesivos (são anáforas: o segundo
termo do par retoma o primeiro): protozoários<que; a terra<ela; uma famosa observação
do primeiro-ministro Chou En-Lai<que; os fatores estruturais<que. Em (D), diferentemente,
a coesão não ocorre entre o segundo termo do par (“que”) e o primeiro (“A paciência”). Na
verdade, a referência ocorre entre o pronome relativo “que” e “uma virtude”.
Letra d.
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Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).
030. (INÉDITA/2023) O pronome “sua” (terceiro período do sexto parágrafo) retoma “homem”
(segundo período do sexto parágrafo).
Observando a cadeia coesiva do texto, confirmamos que o pronome “sua” retoma, na verdade,
“(n)esse milagre” (segundo período do sexto parágrafo). Como o referente apontado pelo
item é incorreto, a afirmativa está errada.
Errado.
SEMÂNTICA
031. (CEBRASPE/ANALISTA/TJ-ES/2023)
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Você mora em um lugar competitivo? Essa é a pergunta feita pelo Ranking de competitividade
dos estados, que metrifica, em uma escala de 0 a 100, todos os cantos do Brasil, para classificar
as 27 unidades federativas com base em dez pilares diferentes: segurança pública, infraestrutura,
sustentabilidade social, solidez fiscal, educação, sustentabilidade ambiental, eficiência da
máquina pública, capital humano, potencial de mercado e inovação.
De acordo com os gráficos mostrados a seguir, dos mais de vinte estados, apenas cinco não
mudaram de posição ao longo do último ano (2022), com destaque para São Paulo e Santa
Catarina, que lideram, assim como Rio de Janeiro e Roraima, que subiram bastante.
[...]
Ao todo, são quase noventa critérios avaliados dentro dos pilares fundamentais, que incluem
desde infraestrutura até o capital humano de cada localidade, com pesos diferentes entre si.
Paulistas lideram o ranking há anos. No ano de 2022, porém, houve piora no quesito segurança
patrimonial, com aumento no número de furtos e roubos. Estados do Norte e do Nordeste são
os menos competitivos do país.
Trata-se de uma ferramenta de avaliação da administração pública, de diagnóstico e auxílio na
escolha das prioridades e de promoção de boas práticas organizacionais, que, além de ajudar
políticos a priorizarem ações com base em uma inteligência de dados bem robusta — ou seja,
como um sistema de incentivo para os líderes públicos —, pode ser um bom indicador da gestão
pública da região. São referências adotadas pelo ranking que apresentam novos parâmetros
para os estados brasileiros. Internet: (com adaptações).
Os vocábulos “robusta” e “arrojada” não são sinônimos. Por isso, não são intercambiáveis
(um não pode substituir o outro no contexto em análise). A diferença de significado é esta:
“robusto” significa algo de constituição física muito forte, vigoroso; “arrojado” denota que
aquilo que apresenta características inovadoras, progressistas; ousado.
Errado.
Texto CB2A1-I
A rapidez da difusão do comércio eletrônico tem trazido novas oportunidades para o pequeno
negócio, o varejo e as micro e pequenas empresas (MPE), que se veem na contingência de mudança
na gestão do comércio, visando um aumento de lucratividade e novas oportunidades, com uma
fatia maior do comércio eletrônico.
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Com a utilização do sistema B2C, sistema de comércio eletrônico, várias vantagens podem ser
apresentadas, como a facilidade de estabelecer compras online 24 horas por dia, sete dias da
semana. Verifica-se, ainda, a otimização dos fatores da atividade empresarial, como quadro
pessoal, loja física e mobilidade urbana, a diminuição de tempo gasto com as operações e a
sustentabilidade com a teoria de utilização racional de papéis (em inglês, less paper).
Este guia é direcionado aos pequenos empresários, aos varejistas e a todo tipo de comerciante
que vise ampliar suas atividades pelo uso de novas tecnologias. Os produtos englobados por este
guia resumem-se em mercadorias, software, hardware e serviço. Os consumidores protegidos pela
norma conceituam-se como membro individual do público geral, que compra ou usa produtos
para fins pessoais ou finalidades domésticas.
Todavia, para que esse sistema de transações de comércio eletrônico seja eficaz, o comerciante
deve planejar, implantar e desenvolver o sistema de comércio eletrônico e mantê-lo atualizado
e transparente, de modo a auxiliar os consumidores na efetivação da credibilidade desse tipo
de negociação online.
Para tanto, a capacidade, a adequação, a conformidade, a pluralidade e a diversidade na rede
devem gerar um maior suporte ao consumidor, em relação às suas reclamações e dúvidas na
transação eletrônica.
Utilize o passo a passo sugerido neste guia e seja bem-sucedido em seu comércio eletrônico!
ABNT/ SEBRAE. Guia de implementação ABNT NBR ISO 10008: gestão da qualidade –satisfação
do cliente – diretrizes para transações de comércio eletrônico de negócio a consumidor. Rio de
Janeiro: 2014, p. 31 (com adaptações).
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O termo “vespertino” designa o turno do dia em que algo ocorre: à tarde. Assim, se o jornal
é chamado de “vespertino”, isso significa que ele era distribuído/publicado neste turno (isto
é, à tarde). Por isso, temos a alternativa (B) como adequada. Nas demais alternativas, as
noções apresentadas não são compatíveis com a semântica do termo “vespertino”: local
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de distribuição, dia da semana em que o jornal era publicado; tipo de evento abordado pelo
jornal; e tipo de crítica realizada pelo jornal.
Letra b.
Em (B), não há ambiguidade: os sentidos veiculados pela frase são um só: alguém (o médico)
fez algo (descartou os aparelhos que eram velhos). Em (A), (C), (D) e (E), há mais de um
sentido para cada frase: (A) Ministro foi nomeado ou nomeou; (C) Pedro estava andando
quando encontrou a Maria/Maria estava andando quando foi encontrada; (D) Saramago
descreveu bem ou foi bem descrito (por outra pessoa); (E) os operadores não atendiam
de roupa suja; ninguém era atendido se (o público a ser atendido) estivesse de roupa suja.
Letra b.
036. (FCC/TÉCNICO/TRT-18/2023)
Imagine uma pessoa afivelada a uma cama com eletrodos colados em suas têmporas. Ao se
girar um botão situado em local distante, a corrente elétrica nos eletrodos aumenta em grau
infinitesimal, de modo que o paciente não chegue a sentir. Um hambúrguer gratuito é então
ofertado a quem girar o botão. Ocorre, porém, que, quando milhares de pessoas fazem isso −
sem que cada uma saiba das ações das demais −, a descarga elétrica gerada é suficiente para
eletrocutar a vítima. Quem é responsável pelo quê? Algo tenebroso foi feito, mas de quem é a culpa?
O efeito isolado de cada giro do botão é, por definição, imperceptível − são todos “torturadores
inofensivos”. Mas o efeito conjunto é ofensivo ao extremo. Até que ponto a somatória de ínfimas
partículas de culpa se acumula numa gigantesca dívida moral coletiva? − O experimento mental
concebido pelo filósofo britânico Derek Parfit dá o que pensar. A mudança climática em curso
equivale a uma espécie de eletrocussão da biosfera. Quem a deseja? A quem interessa? O ardil da
desrazão vira do avesso a “mão invisível” da economia clássica. O aquecimento global é fruto da
alquimia perversa de incontáveis ações humanas, mas não resulta de nenhuma intenção humana.
E quem assume − ou deveria assumir − a culpa por ele? Os 7 bilhões de habitantes da Terra
pertencem a três grupos: o primeiro bilhão, no cobiçado topo da escala de consumo, responde
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por 50% das emissões de gases-estufa; os 3 bilhões seguintes por 45%; e os 3 bilhões na base da
pirâmide (metade sem acesso a eletricidade) por 5%. Por seu modo de vida, situação geográfica
e vulnerabilidade material, este último grupo − o único inocente − é o mais tragicamente afetado
pelo “giro de botão” dos demais.
(GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)
Segundo o dicionário Houaiss (2009), um paradoxo é uma contradição (isto é, uma oposição
entre noções, as quais tipicamente são incompatíveis quando em contraste). Isso ocorre
em (B), já que a figura de um torturador não pode ser considerada como inofensiva. Nas
outras alternativas, não se observam paradoxos.
Letra b.
037. (IDECAN/DESENVOLVEDOR/SEFAZ-RR/2023)
Postei uma foto no meu perfil do Instagram em que apareço tomando a vacina contra a Covid-19.
Na legenda, de poucas palavras, deixei claro que era a terceira dose. Recebi muitas curtidas e alguns
comentários, entre eles o de uma moça que perguntou: “Martha, você já tomou a terceira dose?”
Dias antes, havia postado sobre o lançamento do meu novo livro no Rio, em fevereiro próximo, e
disse na legenda: “Não há outras cidades confirmadas. Quando houver, avisarei”. De novo, muitas
curtidas e alguns comentários, entre eles: “E Goiânia?” “Curitiba quando?”
Não sou louca de desconsiderar: é carinho, eu sei. Mas é também um sintoma. Houve um tempo
em que as pessoas liam livros, muitos deles extensos, divididos em dois ou três volumes. Depois
veio a era tecnológica e com ela a impaciência: leituras rápidas, cultura do aperitivo. E agora nem
isso: a criatura passa os olhos por duas linhas e não registra nada.
Ninguém mais quer perder tempo, é o argumento de defesa. Mas não me convenço. A falta de foco,
sim, é que nos faz perder tempo: somos obrigados a repetir as perguntas, repetir as respostas,
voltar aos mesmos assuntos duas, três, cinco vezes. Estamos nos comunicando miseravelmente,
trocando mensagens cifradas por WhatsApp, com preguiça de dar uma informação completa,
de prestar atenção nos detalhes, de facilitar o entendimento. Agimos como aquelas telefonistas
estressadas que atendiam um cliente enquanto deixavam outros sete pendurados (na saudosa
época em que não falávamos com robôs).
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Essa pressa toda pra quê mesmo? Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português,
“medo de ficar por fora”. Em vez de a pessoa se dedicar uns minutinhos a concluir o que está
fazendo – uns minutinhos!! – ela some e já está em outra e depois outra e ainda outra interação,
que serão igualmente capengas. Isso é medo de ficar por fora? A pessoa já está em órbita e não
percebeu. Fica batendo de porta em porta e não entra em lugar nenhum.
Adentre, amigo. Puxe uma cadeira e sente. Converse. Pergunte pela família. Olhe nos olhos. Cinco
minutos de atenção não arrancarão pedaço. Fique o suficiente para demonstrar que se importa
com seu interlocutor. Cale-se e escute. Nutra esses preciosos cinco minutos, para que eles não
se dissolvam por inanição.
Ando bem tonta com a esquizofrenia cibernética, com o parcelamento de informações, com a
falta de cuidado e de concentração. Ninguém mais se esforça minimamente para estabelecer
uma conexão verdadeira. Agora virou moda dizer que fulano tá ON, sicrana tá ON. Balela. ON a
gente estava quando se importava. Agora estão todos OFF, desligados crônicos, vivendo a falsa
ilusão de uma vida plena. ON está aquele que consegue pausar.
Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha-
medeiros/quem-esta-on, 14 out., 2022
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039. (INÉDITA/2023)
André Dahmer
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue o próximo item.
O humor da tirinha reside no fato de o personagem “Homem Literal” ser incapaz de interpretar
figurativamente a expressão “Vá ver se eu estou lá na esquina”.
040. (INÉDITA/2023) Uma antítese é um tipo de linguagem figurada em que ocorre a presença
de duas palavras de sentido oposto; a frase abaixo em que NÃO ocorre a presença de uma
antítese ou de um paradoxo é:
a) “Onde nasci, morri. Onde morri, existo. E das peles que visto muitas há que não vi.” (Carlos
Drummond de Andrade);
b) “Ao olhar para o Universo, o homem é nada. Ao olhar para o Universo, o homem é tudo.”
(Marcelo Gleiser);
c) “Em tristes sombras morre a formosura; em contínuas tristezas a alegria.” (Gregório
de Matos);
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d) “Oh, metade exilada de mim, leva os teus sinais, que a saudade dói como um barco que
aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais.” (Chico Buarque);
e) “Qualquer novo conhecimento provoca dissoluções e novas integrações.” (Hugo von
Hofmannsthal).
041. (INÉDITA/2023)
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o mundo por meio do que considerava ausências. Se não há o que existe na Europa, então não
existe nada. É então esse povo classificado pelo outro, considerado inferior e sem valor.
Mas em vez de entender o não europeu apenas como diferente e assim deixá-lo, o pensamento
centrado na Europa se propõe universal. Por isso, ao encontrar esse mundo diferente, o desejo
de quem se considera correto é de destruir ou alterar aquilo que se considera errado. E assim
foi que a missão colonizadora, carregada de uma visão de mundo estrangeira aos africanos,
penetrou em suas “terras selvagens”, entre seus “povos incivilizados” para direcioná-los da
“escuridão para a luz.”
A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. A literatura africana é um testemunho
disso. Foi nesse mundo que Wole Soyinka nasceu. Ele e outros de sua geração, como Chinua
Achebe, Ngũgĩ wa Thiong’o, Es’kia Mphahlele, Flora Nwapa, Buchi Emecheta, Ousmane Sembène,
Ana Paula Tavares, Uanhenga Xitu e Rebeka Njau. Essa geração, em diferentes locais da África,
viveu a noite colonial, viu os sóis das independências e descobriu a vida no crepúsculo de um
mundo que ainda existe entre a colônia e a pós-colônia.
(Le Monde Diplomatique Brasil. 4.10.2022)
Utiliza-se a figura de linguagem conhecida como piada da internet conta que no seguinte
trecho:
a) [...] o pensamento centrado na Europa se propõe universal. (6º parágrafo)
b) Em 1987, Wole Soyinka tornou-se o primeiro negro a receber um Nobel de Literatura.
(1º parágrafo)
c) Ou seja, os africanos, suas culturas, suas línguas e suas literaturas (orais e escritas) não
merecem existir. (4º parágrafo)
d) Pensar que um africano poderia receber um prêmio de reconhecimento mundial por seu
intelecto e sua obra é algo recente em nossa história. (1º parágrafo)
e) A noite colonial foi longa e seus efeitos ainda existem. (7º parágrafo)
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A linguagem figurada está presente em (b), já que a expressão “O Brasil está queimando” não
significa “toda a extensão territorial da República Federativa do Brasil está sendo tomada
pelo fogo”. Pela expressão, quer-se dizer que os focos de queimadas estão se ampliando
por muitas áreas (e, para destacar que as áreas são extensas e que e os focos são muitos,
há uma espécie de exagero na afirmação, de ampliação do espaço em que as queimadas
estão presentes).
Nas demais alternativas, não há linguagem figurada, mas literal (o que se afirma em (a),
(c), (d) e (e) traduz exatamente o que se vê em realidade).
Letra b.
044. (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2018)
Tomando resolutamente a sério as narrativas dos “selvagens”, a análise estrutural nos ensina,
já há alguns anos, que tais narrativas são precisamente muito sérias e que nelas se articula um
sistema de interrogações que elevam o pensamento mítico ao plano do pensamento propriamente
dito. Sabendo a partir de agora, graças às Mitológicas, de Claude Lévi-Strauss, que os mitos
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não falam para nada dizerem, eles adquirem a nossos olhos um novo prestígio; e, certamente,
investi-los assim de tal gravidade não é atribuir-lhes demasiada honra.
Talvez, entretanto, o interesse muito recente que suscitam os mitos corra o risco de nos levar a
tomá-los muito “a sério” desta vez e, por assim dizer, a avaliar mal sua dimensão de pensamento.
Se, em suma, deixássemos na sombra seus aspectos mais acentuados, veríamos difundir-se uma
espécie de mitomania esquecida de um traço todavia comum a muitos mitos, e não exclusivo
de sua gravidade: o seu humor.
Não menos sérios para os que narram (os índios, por exemplo) do que para os que os recolhem
ou leem, os mitos podem, entretanto, desenvolver uma intensa impressão de cômico; eles
desempenham às vezes a função explícita de divertir os ouvintes, de desencadear sua hilaridade.
Se estamos preocupados em preservar integralmente a verdade dos mitos, não devemos
subestimar o alcance real do riso que eles provocam e considerar que um mito pode ao mesmo
tempo falar de coisas solenes e fazer rir aqueles que o escutam.
A vida cotidiana dos “primitivos”, apesar de sua dureza, não se desenvolve sempre sob o signo do
esforço ou da inquietude; também eles sabem propiciar-se verdadeiros momentos de distensão,
e seu senso agudo do ridículo os faz várias vezes caçoar de seus próprios temores. Ora, não raro
essas culturas confiam a seus mitos a tarefa de distrair os homens, desdramatizando, de certa
forma, sua existência.
Essas narrativas, ora burlescas, ora libertinas, mas nem por isso desprovidas de alguma poesia, são
bem conhecidas de todos os membros da tribo, jovens e velhos; mas, quando eles têm vontade
de rir realmente, pedem a algum velho versado no saber tradicional para contá-las mais uma
vez. O efeito nunca se desmente: os sorrisos do início passam a cacarejos mal reprimidos, o riso
explode em francas gargalhadas que acabam transformando-se em uivos de alegria.
Uma forma de identificar que a palavra “primitivos” está sendo empregada com ironia é
a presença de aspas. O mesmo ocorre, por exemplo, no primeiro parágrafo (“selvagens”).
A alternativa (A) está incorreta porque a palavra “caçoar” não está sendo empregada no
sentido metafórico (na verdade, emprega-se no sentido denotativo, literal). Em (B), os
termos destacados não são intercambiáveis (como seria em uma sinonímia), pois denotam
sentidos distintos. A alternativa (C) está errada porque os termos em destaque não são
antônimos (o mito é uma espécie de pensamento). Por fim, na alternativa (D), a semântica
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de “selvagem” não recobre o grupo semântico denotado por “homens”, por isso não pode
ser hiperônimo.
Letra e.
REESCRITA
046. (CEBRASPE/PROFESSOR/SEE-PE/2023)
Com altos índices de evasão escolar, baixo engajamento e conteúdos pouco conectados à realidade
dos alunos, o ensino médio já era, antes da pandemia de covid-19, a etapa mais desafiadora da
educação básica. Com o fechamento das escolas e o distanciamento dos estudantes do convívio
educacional, os últimos anos escolares passaram a trazer ainda mais dificuldades a serem
enfrentadas — reforçadas pelas desigualdades raciais, socioeconômicas e de acesso à Internet.
Nenhuma avaliação diagnóstica precisou os prejuízos totais da pandemia para a aprendizagem
dos alunos, mas há alguns estudos que ajudam a entender melhor o cenário. Uma pesquisa
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As duas formas – “para” e “segundo” – são conectivos que denotam conformidade. Por essa
razão, são intercambiáveis (um termo pode substituir o outro no contexto de ocorrência
em análise).
Certo.
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047. (IADES/AUDITOR/VISA-DF/2023)
Com base nas regras de concordância prescritas pela norma-padrão e nas relações
morfossintáticas do texto. assinale a alternativa correta.
a) A redação Foi iniciado pela Secretaria DF Legal, em agosto de 2020, a Operação Pronto
Emprego poderia substituir o trecho “A Secretaria DF Legal deu início, em agosto de 2020,
à Operação Pronto Emprego”.
b) O trecho “ainda em fase inicial de construção” poderia ser substituído pela redação a
qual ainda se encontra em fase inicial de construção.
c) A autora deveria empregar o vocábulo bastante no plural, caso desejasse incluí-lo diante
do substantivo “denúncias”.
d) A construção “os impactos social, político e financeiro” não poderia ser substituída pela
redação o impacto social, o político e o financeiro.
e) A construção “São removidas” poderia ser substituída pela forma Remove-se.
Ainda que a redação fique estranha, é correto registrar “às bastantes denúncias” (equivalente
a “às muitas denúncias”), pois o termo é adjetivo. Nas demais alternativas, os registros
corretos seriam estes: (A) foi iniciada a Operação (concorda com o termo feminino); (B) as
quais ainda se encontram (retoma “as invasões e obras”); (D) a substituição é possível (note o
determinante antes do 2º adjetivo); (E) Removem-se (concorda na terceira pessoa do plural).
Letra c.
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construção será “Todo esse patrimônio é desconhecido dos brasileiros, os quais têm
referências sobre”.
b) O verbo sublinhado na construção “tendo parte de suas edificações e de seu traçado
urbano tombada como patrimônio da União pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) há 30 anos.” (linhas de 5 a 8), poderia ser substituído pela forma
verbal fazem.
c) Em “é uma cidade que foi quase destruída com a Guerra do Paraguai” (linhas 4 e 5),
poder-se-ia substituir a construção em voz passiva por sua correspondente na voz ativa:
O Paraguai quase destruiu a cidade.
d) Considerando a colocação pronominal, se, no trecho “Fazendas rurais e sua arquitetura
tipicamente mineira fundem-se com o” (linhas 16 e 17), caso houvesse o acréscimo de não
depois da palavra “mineira”, a próclise seria facultativa.
e) No trecho “localizada às margens do Rio Paraguai” (linha 3), a expressão sublinhada
poderia ser substituída por a beira do.
A substituição proposta em (A) está adequada: o pronome relativo passa a “os quais” e o
verbo “têm” deve ser registrado com circunflexo (porque o sujeito será de terceira pessoa
do plural). Nas demais alternativas, as incorreções são estas: (B) no sentido de tempo
decorrido, o verbo “fazer” deve permanecer invariável (terceira pessoa do singular: faz 30
anos); (C) a construção proposta não é a versão ativa da passiva correspondente (a versão
ativa seria algo como “alguém/algo quase destruiu que [= uma cidade]”; (D) com a presença
da palavra “não”, a próclise é obrigatória; (E) a substituição não registra a crase obrigatória
em “à beira do”.
Letra a.
Eu deveria cantar.
Rolar de rir ou chorar, eu deveria, mas tinha desaprendido essas coisas. Talvez então pudesse
acender uma vela, correr até a igreja da Consolação, rezar um Pai Nosso, uma Ave Maria e uma
Glória ao Pai, tudo que eu lembrava, depois enfiar algum trocado, se tivesse, e nos últimos meses
nunca, na caixa de metal “Para as Almas do Purgatório”. Agradecer, pedir luz, como nos tempos
em que tinha fé.
Bons tempos aqueles, pensei. Acendi um cigarro. E não tomei nenhuma dessas atitudes, dramáticas
como se em algum canto houvesse sempre uma câmera cinematográfica à minha espreita. Ou
Deus. Sem juiz nem plateia, sem close nem zoom, fiquei ali parado no começo da tarde escaldante
de fevereiro, olhando o telefone que acabara de desligar. Nem sequer fiz o sinal da cruz ou levantei
os olhos para o céu. O mínimo, suponho, que um sujeito tem a obrigação de fazer nesses casos,
mesmo sem nenhuma fé, como se reagisse a uma espécie de reflexo condicionado místico.
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Acontecera um milagre. Um milagre à toa, mas básico para quem, como eu, não tinha pais ricos,
dinheiro aplicado, imóveis, nem herança e apenas tentava viver sozinho numa cidade infernal
como aquela que trepidava lá fora, além da janela ainda fechada do apartamento. Nada muito
sensacional, tipo recuperar de súbito a visão ou erguer-se da cadeira de rodas com o semblante
beatificado e a leveza de quem pisa sobre as águas. Embora a miopia ficasse cada vez mais aguda
e os joelhos tremessem com frequência, não sabia se fome crônica ou pura tristeza, meus olhos
e pernas ainda funcionavam razoavelmente. Outros órgãos, verdade, bem menos.
Toquei o pescoço. E o cérebro, por exemplo.
Já chega, disse para mim mesmo, parado nu no meio da penumbra gosmenta do meio-dia. Pense
nesse milagre, homem. Singelo, quase insignificante na sua simplicidade, o pequeno milagre
capaz de trazer alguma paz àquela série de solavancos sem rumo nem ritmo que eu, com certa
complacência e nenhuma originalidade, estava habituado a chamar de minha vida, tinha um
nome. Chamava-se – um emprego.
(ABREU, Caio Fernando. Onde andará Dulce Veiga? São Paulo: Planeta De Agostini, 2003, p.11-12).
A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.
No livro O Visconde Partido ao Meio, de Italo Calvino, o jovem Medardo di Terralba se mete em
uma batalha pela cristandade, leva um balaço de canhão e sai cortado em duas metades: o lado
esquerdo é benigno, o direito é insidioso. Se fosse possível dividir o padre Júlio Renato Lancellotti
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em dois, a banda boa seria de uma simpatia comovente. O religioso tem fraqueza por doces
retrôs, como marzipã e marrom-glacé, especialmente o espanhol. Reserva os sábados para
regar plantas. Vive rodeado por uma coleção de imagens de seus santos preferidos, a maioria
deles com histórias de vida dificílimas. Gosta de citações. Em momentos graves das conversas,
encaixa uma da escritora existencialista Simone de Beauvoir: “O opressor não seria tão forte se
não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.” Em horas mais descontraídas, lembra da
frase atribuída ao bovino Homer, o pai na animação Os Simpsons: “Se a culpa é minha, eu coloco
em quem eu quiser.” Orgulha-se de nunca ter tirado férias e só ter ido ao exterior rapidamente
e a trabalho, em rasantes pela Itália, Colômbia, Nicarágua, Panamá e El Salvador. Parece muito
feliz com sua opção de não ter carro, roupas de marca, sapatos caros ou títulos imponentes
demais dentro da Igreja Católica. Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela
casa onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo – só na sala,
são três, escoradas umas nas outras; no corredor, quatro, que sobem do chão até o teto como
cobras. Às vezes, fica pensando quem é que cuidará desse acervo quando morrer.
A metade atroz do padre partido ao meio seria casca-grossa. Ele tem iracúndias sagradas – e
não raro estoura alguma gritaria fenomenal na sacristia da Paróquia São Miguel Arcanjo, uma
pequena igreja, bem no limite entre os bairros do Belenzinho e da Mooca, que comanda há 36
anos. Personalista, tende a narrar os feitos de sua comunidade na primeira pessoa, o que às
vezes irrita e espana alguns colaboradores. Como, ao longo da vida, já visitou vários círculos
do Inferno de Dante, é desconfiado e solta frases que parecem delírios persecutórios como
“o próximo ataque, eu nunca sei de onde virá…”. Exige, sempre, soluções imediatas para o que
quer e arma circos homéricos quando não consegue – como sabem todos os últimos prefeitos
de São Paulo. E, por causa desse conjunto, pode provocar decepções nos que esperam virtude
total dos líderes espirituais, mais ou menos como aquele desapontamento planetário de 2019,
quando o papa Francisco, num arroubo de irritação extrema, tascou uma palmada nas mãos de
uma peregrina que o puxou pelo braço.
Na vida pública, o padre Júlio Lancellotti é há décadas realmente cortado ao meio, em duas fatias
irreconciliáveis. Por um lado, é beatificado em vida por seu destemido trabalho de assistência aos
excluídos dos excluídos: os sem-teto, a população carcerária, os menores infratores, as crianças
órfãs portadoras de HIV, os jovens LGBTQIA+ que são marginalizados. Por outro, é demonizado
como aproveitador da população carente, um “esquerdopadre” viciado em mídia. Lancellotti
reage suspendendo os ombros, num misto de indiferença e desânimo, sempre que fala desse
pêndulo frequente sobre sua cabeça. “Na verdade, eu acho é que muita gente me vê como um
enigma”, diz, ajeitando o longo crucifixo que usa no pescoço.
Mesmo dentro da Igreja Católica, o padre Júlio ocupa um lugar próprio, sujeito a rapapés e
pedradas. No Brasil, a instituição é formada por uma tropa de 268 bispos, 48 cardeais na ativa
e 19 428 padres distribuídos por 12,2 mil paróquias. Para se manter dentro dos preceitos, todos
precisam andar na linha hierárquica e fechar questão em temas fundamentais de fé e moral,
o que não é pouco. De resto, a Igreja é um cintilante regime democrático. Qualquer integrante
do clero tem o direito de ser um conservador, um moderado ou um progressista. Nesse aquário
colorido, a maioria esmagadora dos sacerdotes com influência que vai além de seus altares
integra a categoria dos cantores e/ou youtubers ligados à Renovação Carismática, corrente
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A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os próximos
itens.
052. (INÉDITA/2023) Em “Transita, embevecido, entre pilhas de livros espalhadas pela casa
onde mora com três sobrinhos no bairro do Belém”, o vocábulo “embevecido” poderia ser
substituído por “envaidecido”, sem prejuízo do sentido original do texto.
O termo “envaidecido” não é sinônimo de “embevecido”, por isso a substituição gera prejuízo
do sentido original do texto. “Embevecido” significa “extasiado”, “encantado”.
Errado.
A substituição de “haver” por “existir” só é possível quando o verbo “haver” denota existência.
Quando “haver” denota tempo decorrido, essa substituição não é gramaticalmente correta.
Errado.
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054. (INÉDITA/2023) Em “pela casa onde mora com os sobrinhos”, o vocábulo “onde” poderia
ser substituído pela expressão “em que”, sem prejuízo da correção gramatical e do sentido
original do texto.
As duas expressões (“onde” e “em que”) denotam localização. Além disso, a neutralidade de
“que” permite a vinculação à expressão “casa”. Afirmativa correta, portanto.
Certo.
Pronomes
1 Antes de apresentar o Carlinhos para a turma, Carolina pediu:
— Me faz um favor?
— O quê?
4 — Você não vai ficar chateado?
— O que é?
— Não fala tão certo.
7 — Como assim?
— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.
— Por quê?
10 — É que a turma repara. Sei lá, parece...
— Soberba?
— Olha aí, “soberba”. Se você falar “soberba”, ninguém vai saber o que é. Não fala “soberba”. Nem
“todavia”. Nem “outrossim”. E cuidado com os pronomes.
— Os pronomes? Não posso usá‐los corretamente?
16 — Está vendo? Usar eles. Usar eles!
O Carlinhos ficou tão chateado que, junto com a turma, não falou nem certo nem errado. Não
falou nada. Até comentaram:
— Ó, Carol, teu namorado é mudo?
Ele ia dizer “Não, é que, falando, sentir‐me‐ia vexado”, mas se conteve a tempo. Depois, quando
estavam sozinhos, a Carolina agradeceu, com aquela voz que ele gostava.
24 — Comigo você pode botar os pronomes onde quiser, Carlinhos.
Aquela voz de cobertura de caramelo.
Luis Fernando Verissimo. Contos de verão. In: O Estado de S. Paulo, Caderno 2, Cultura, p. D2,
jan./2000.
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir.
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No trecho “— Você fala certo demais. Fica meio esquisito.” (linha 8), a inserção de ponto e
vírgula no lugar de ponto continuativo entre as duas orações, com a devida conversão de
letra maiúscula em minúscula, manteria a correção gramatical e a coesão textual.
A reescrita proposta ficaria assim: “Você fala certo demais; fica meio esquisito.” Como se
vê, as relações coesivas são mantidas com a substituição do ponto final por ponto e vírgula,
dado que as orações são semanticamente próximas (interagem mais fortemente, tendo em
vista a primeira afirmativa ser retomada na elipse do verbo “fica”, na segunda afirmativa).
Certo.
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REFERÊNCIAS
ANEXO
SIGLAS E ABREVIATURAS
e.g. – exempli gratia (forma latina de “por exemplo”).
etc. – et cetera (forma latina de “e outras coisas”).
caminhos
crie
futuros
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