Aula 02 - Nutrição de Bovinos de Corte em Sistemas de ILPF - Confinamento

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NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE BOVINOS DE

CORTE EM SISTEMAS DE ILPF


Confinamento

Rodrigo da Costa Gomes


SUMÁRIO

 A inserção do confinamento em sistemas ILPF.

 Características dos animais para o confinamento.

 O manejo nutricional e oportunidades.


A INSERÇÃO DO CONFINAMENTO
Se sistemas ILPF favorecem produção a pasto, por que adotar
confinamento?
A INSERÇÃO DO CONFINAMENTO
COMO SISTEMAS ILPF FAVORECEM COMO CONFINAMENTO FAVORECE O
SUA ADOÇÃO? SISTEMA ILPF?
KNOW-HOW AGRÍCOLA DIVERSIFICAÇÃO DE RECEITA
MAIOR SEGURANÇA
DISPONIBILIDADE DE GRÃOS - Menos suscetível a variações climáticas
MENOR CUSTO ALIMENTAR
FACILIDADE NA PRODUÇÃO DE
-Melhor conversão alimentar quando
VOLUMOSOS
comparado ao semiconfinamento
MAIOR NÍVEL DE GESTÃO INERENTE
DIRECIONAMENTO DE ÁREAS DE PASTAGEM
-Ex: compra de insumos, controle,
PARA CRIA E RECRIA
métrica, foco no resultado, uso de
- Aumento de escala
assistência técnica
A INSERÇÃO DO CONFINAMENTO
Simulações de desempenho de sistemas de produção para Mato
Grosso do Sul (Correa et al., 2005)

Fase pós-desmama (recria +terminação) Produção Diferencial (%)


Idade
Sistema (kg
(meses) kg
1ª seca 1ª águas 2ª seca 2ª águas PV/ha) Custo Lucro
PV/ha
Sem Pasto Pasto Pasto
SEMI-
confiname + + + 31 192 100 100 100
CONF
nto PROT SM PROT
Com Pasto Pasto
confiname + + CONF 23 219 114 117 141
nto PROT SM

PROT – proteinado SEMI-CONF – semiconfinamento CONF – confinamento


IMPORTÂNCIA DO ANIMAL E DO MANEJO
ALIMENTAR
 O desempenho
econômico é uma
função direta da
conversão
alimentar.

Cervieri (2012)
IMPORTÂNCIA DO ANIMAL E DO MANEJO
ALIMENTAR
 Fatores que afetam a conversão alimentar:

 Raça.

 Idade.

 Sexo.

 Qualidade da dieta.

 Nível de energia da dieta.


CATEGORIAS CONFINADAS
Machos castrados - novilhos
 Idade: 24 a 30 meses.
 Peso vivo inicial: 350 a 400 kg.
 Peso vivo final: 480 a 520 kg.
 Tempo de confinamento: ~70
a 100 dias.
CATEGORIAS CONFINADAS
Machos não-castrados
 Idade: 24 a 30 meses.
 Peso vivo inicial: 370 a
420 kg.
 Peso vivo final: 520 a
550 kg.
 Tempo de confinamento:
~80 a 100 dias.
CATEGORIAS CONFINADAS
Fêmeas jovens (novilhas)
 Idade: 20 a 30 meses.
 Peso vivo inicial: 280 a
320 kg.
 Peso vivo final: 360 a
400 kg.
 Tempo de
confinamento: 50 a 90
dias.
CATEGORIAS CONFINADAS
Fêmeas adultas (vacas
descarte)
 Idade: acima de 5 anos.
 Peso vivo inicial: 340 a
380 kg.
 Peso vivo final: 400 a
420 kg.
 Tempo de confinamento:
50 a 70 dias.
CATEGORIAS CONFINADAS
Formação de lotes
 Fazer lotes homogêneos.
 Raça, Sexo; PV; Cond. Corporal;
etc.
 Mesmo lote do início ao fim:
não existe novo
estabelecimento de liderança.
 Direciona manejo nutricional.
PADRÃO GENÉTICO
Priorizar raças especializadas
 Melhor conversão
alimentar.
 Melhor ganho de peso.
 Maior peso de carcaça.
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Alimentos volumosos

Millen et al. (2009)


1º - cana-de-açúcar picada 2º - silagem de milho
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Alimentos volumosos

Millen et al. (2009)


Bagaço de cana-de-açúcar Silagem de capim
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Forma de processamento dos grãos

Millen et al. (2009)


1º - moído fino 2º - quebrado
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Forma de processamento dos grãos

Millen et al. (2009)


Outros – silagem de grão úmido
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Uso da soja

Soja crua (~15% na dieta) Soja processada


PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Uso da soja

Millen et al. (2009)


3º - casca de soja 4º - resíduo de soja
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Outros alimentos

Millen et al. (2009)


1º - caroço de algodão 2º - polpa cítrica
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Outros alimentos
– coprodutos do
biodiesel

Fonte: ANP, 2011


PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
Proteína Bruta Extrato Etéreo
min máx min máx
Amendoim 41 45 8 9
Babaçu 18 20 7 8
Canola 32 36 22 24 Limitações:
Compostos tóxicos.
Caroço de aldogão 42 47 3 3 Preferência para farelos.
Dendê/Palma 14 15 6 7 Procurar especialista.
Gergelim 36 40 12 13
Girassol 20 22 20 22
Mamona 39 43 4 4
Nabo forrageiro 34 38 22 24
Pinhão-manso 25 60 4 12
Soja 42
Balbinot et al., 2006; Albuquerque, 2006; Neiva Junior et al., 2007;47 3 Arriel et al., 1999;
Silva et al., 2005a, 2005b; 4
Costa et al., 2004; Evangelista, et al., 2007; Barbosa, 2004; Valadares Filho et al., 2002
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: FORMULAÇÕES
Inclusão de concentrados

Millen et al. (2009)


PRÁTICAS NUTRICIONAIS: FORMULAÇÕES
Custo Mínimo X Lucro Máximo
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: FORMULAÇÕES

EMBRAPA INVERNADA
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: FORMULAÇÕES
Recomendações e práticas
 Gordura na dieta: limite por volta de 7%.

 Proteína:

 Formular para PDR = 12,5% do NDT.

 Ureia = por volta de 1%.

 Combinação amido + pectina - ex.: milho + polpa cítrica.

 Uso de aditivos.
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ALIMENTOS
 Recomendações e práticas:
 Monensina: 20-30 ppm.
 Virginiamicina: 15-25 ppm.
 Salinomicina = 12 ppm.
 Lasalocida = 30 ppm.
 Leveduras e probióticos = depende do produto (1 a 5 g/animal dia -1).
 Tamponantes:
 Bicarbonato de sódio: 0,75-1,5% MS.
 Carbonato de cálcio: 1,0% MS.
 Óxido de magnésio: 0,5 – 0,75%.
DOENÇAS METABÓLICAS
Causas:
 Excesso carboidratos prontamente fermentescíveis, ricos em
fontes de amido tais como o milho, sorgo e aveia.
 Falta de fibra dietética para estimular motilidade ruminal e
ruminação.
DOENÇAS METABÓLICAS
Doenças mais comuns:
 Acidose ruminal (clínica e subclínica)
Acidificação do pH ruminal, com queda na digestão da fibra e do
consumo.
Sinais: baixo pH ruminal, anorexia, consumo variável, diarréia e letargia.
 Laminite
Inflamação dos cascos como efeito secundário do desbalanço do pH
ruminal.
 Timpanismo
perda de motilidade ruminal, com impedição do processo de eructação,
levando a queda na ingestão de alimentos e até morte.
DOENÇAS METABÓLICAS
Reduz muito risco:
 Correto balanceamento das dietas (mínimo de fibra na dieta).

 Uso de aditivos.

 Realização de adaptação.

 Ração total.

 Fornecimento em várias refeições.


PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ADAPTAÇÃO
Adaptação:
 Aumento gradual do concentrado para adaptação da microbiota ruminal
e dos órgãos dos animais à nova dieta.
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ADAPTAÇÃO
Métodos utilizados para adaptação à dieta
Níveis crescentes de concentrado (mais comum)
 Múltiplas dietas.
Item Mínimo Máximo Mais frequente
Nº de dietas 2 5 3
Nº de dias / dieta 3 10 3
Tempo total, dias 7 35 14
Nível inicial de forragem, %MS 30 100 35
Millen et al. (2009)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ADAPTAÇÃO
Métodos utilizados para adaptação à dieta
Dieta final, limitada pela quantidade
 Dieta única, com oferecimentos crescentes.
Item Mínimo Máximo Mais frequente
Tempo total, dias 4 21 9
Nível inicial de forragem, %MS 20 67,5 30
Nº de aumentos na oferta 2 10 3
Nº de dias, em cada nível 2 7 2
Millen et al. (2009)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ADAPTAÇÃO
Métodos utilizados para adaptação à dieta
Apenas 1 dieta contendo nível inferior de energia
 Dieta única ao longo de toda a adaptação.
Item Mínimo Máximo Mais
frequente
Tempo total, dias 7 15 15
Nível inicial de forragem, %MS 35 55 55
Millen et al. (2009)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: ARRAÇOAMENTO
Frequência e intervalos
 Frequência:
 65% dos confinamentos = 1 a 4 x
/ dia.
 35% dos confinamentos = > 4 x /
dia.

Millen et al. (2009)


 Intervalos:
 Entre 1,5 a 7 horas.
 Mais frequente = a cada 3 horas.
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Manejo de cocho limpo
 Menor fornecimento.
 Sem restrição.
 Diminuição na
flutuação da ingestão
de alimentos.
 Importante em dietas

Pritchard (1993)
desafiadoras.
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
 Variação no
consumo em
manejo comum

Pritchard (1993)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
 Variação no
consumo em
manejo de cocho
limpo

Pritchard (1993)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Tabela – Desempenho em função do manejo de cocho
Cocho limpo Ad libitum
Característica
(Lote A) (Lote B)

CMS, kg/dia 9,18 8,95

GMD, kg/dia 1,71 0,94

EA, kg/kg 5,35 9,53


Pritchard (1993)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Leituras de cocho
 Manhã antes do trato e
noite anterior.
 Escores desejáveis:
 NOITE: escore entre
1 e 2.
 MANHÃ: escore 1
de manhã.
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Escore 0
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Escore 1
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Escore 2

Pritchard (1993)
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Escore 3
PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Recomendação de ajuste

 Escore 0 = aumenta 5% da oferta anterior.

 Escore 1 = mantém oferta anterior.

 Escore 2 = reduz 5% da oferta anterior.

 Escore 3 = reduz 10% da oferta anterior.

 Escore 4 = reduz 15% da oferta anterior.


PRÁTICAS NUTRICIONAIS: MANEJO DE COCHO
Comportamento
animal
 Manhã.
 Animais não pode
procurar com OK!
voracidade.
 Não mais que 25%
dos animais
esperando no
cocho.
ATENÇÃO
TERMINAÇÃO COM DIETAS DE GRÃOS INTEIROS
TERMINAÇÃO COM DIETAS DE GRÃOS INTEIROS
 Dietas de grão inteiro
 Consiste de:
 85% de milho grão inteiro.
 15% de pellets comerciais (proteína
+ minerais).
 A fibra contida no milho na forma
de grão inteiro e nos pellets seriam
suficientes para manter as funções
ruminais.
TERMINAÇÃO COM DIETAS DE GRÃOS INTEIROS

 Atenção à adaptação
1. Fornecimento de milho moído
fino (2-3 kg/animal dia -1), por 7
a 10 dias.
2. Aumento gradual da mistura
pellet + grão inteiro (5 passos, 3
dias de intervalo).
TERMINAÇÃO COM DIETAS DE GRÃOS INTEIROS

Recomendado para produtores:


 Sem estrutura para produzir volumosos.
 Sem estrutura para processamento de grãos.
 Com confinamentos pequenos:
 Não compensa grandes investimentos em infraestrutura.
SÍNTESE DO CONTEÚDO

 Sistemas ILPF podem adotar e se beneficiar do confinamento


mais facilmente.
 Categorias para confinamento: machos e fêmeas com peso
próximo ao mínimo para abate. Buscar animais com aptidão.
 Utilizar formulações de mínimo custo da arroba, obedecendo
correto balanceamento de proteína degradável no rúmen.
SÍNTESE DO CONTEÚDO

 Utilização de aditivos alimentares são vantajosos e muitas


vezes necessários. Porém há aditivos no mercado que
mostram pouco ou nenhum benefício.
 Uma boa adaptação e o manejo correto de cocho permite
diminuir a possibilidade de desordens metabólicas e
aumentar a eficiência alimentar, com impactos diretos na
lucratividade.
Muito Obrigado!
Rodrigo da Costa Gomes

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