Cópia de Livro Editando
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Jaiara Dias
Carta
00/00/0000
Estado Intimo, Cidade Dos Motivos
Para : Você
Sou Poeta....Morto!
Desconhecido
como o corpo de um indigente,
indigesto
como a cara do PRESIDENTE
BRUTAL e doloroso
como a legião de CABOCLOS
QUEIMADOS pelos que contavam escravos como HOJE
se conta às cabeça de gado
O estado cria
que o cria daqui é sempre o suspeito
mesmo quando ele ainda nem saiu do berço.
Idioma PERIFÉRICO, dialética ancestral
GIRO FLEX, ENQUADRO diariamente normal.
Escada,becos e rua
NO ALTO OU NO BAIXO
quem é, sabe por onde da fuga.
00/00/0000
Cidade de Tudo, Estado Novo
À Nova masculinidade negra!
Maloka,
feridas e curas que crescem pelos cantos frios e
escuros da rua maloka
aquele lugar que ninguém
quer passar por perto
pra não se sujar.
Lá!
Onde você não sabe …
não percebe que ali é um lar.
Maloka,
casa de paredes invisíveis
que torna impossível ver que é gente que mora lá.
De criança a ancião,
nosso king size é um pedaço
de papelão!
A minha tela plana é feita
de muros lotados por pichação.
Muitas vezes minha dispensa foi o resto do rango que
você dispensa!
Pensa que só tem noia,
puta e ladrão...
somos poetas, professores, curandeiros, agricultores,
sonhadores, realistas…
na real, o que somos não cabe em uma lista.
Maloka,
quarto sem telhado que deitamos lado a lado,
que quando a chuva cai te faz chorar,
mas também te força a se abraçar, se aconchegar,
esperar e esperar:
a chuva, a bad e até a vida passar!
Não, não temos muita alegria,
se não fosse minha cara de marginal, não sobreviveria!
Porque se você não tem medo de mim,
terá pena ou nojo.
me tornando um alvo fácil, adestrado
e acostumado a aceitar a merda de vida que querem
me dar.
Sou de lá...
cria da Maloka, que sangra, chora e te apavora.
Que grita por respeito e direito,
que se esconde à margem dessa sociedade
que nem percebe que estamos assumindo,
não porque encontramos um lar, mas porque somos o
lixo que o braço do governo vem retirar.
Maloka,
um pedacinho de cada favela,
em pessoas tão belas! Olhem pra ela,
respeitem elas
porque até você pode ter que viver nela!
Carta III
00/00/0000
Cidade da Mente, Estado Caos
Entre o vício e a depressão.
00/00/0000
Cidade do Peito;
Estado Memória:
Para a Força
Ser feliz
é não se importar com nada.
Estar bem
é ser insensível a tudo.
Ter esperança
é manter a ilusão.
O sorriso
é uma blindagem venenosa!
O sonho é uma armadilha perigosa.
A saudade
é o despertar do vazio.
A revolta
não passa de um suspiro!
O ódio
é o oxigênio do sangue.
O suor
é o óleo da luta.
A amizade
é um projétil de dois caminhos!
O desespero
é um grito de socorro.
A coragem
é uma gota de insanidade.
A verdade
é um mergulho na hipocrisia.
A humildade
é a essência do saber.
A fama
é uma doutrina de esquecimento.
A gentileza
é puro medo!
O existir
é pura dor!
A justiça me engaiola
O justo me degola.
O estado é genocida,
a pátria é omissa,
o espaço é infinito,
a terra é só dos ricos,
o nativo é esquecido,
o ancestral ainda perseguido!
Favelado
favorito a ser
forjado,
por fantoche
fardado
somos ferrados
forçados a fantasiar felicidade
fissurados por fé
ferramenta pra fabricar força,
a fome forma feridas
físicas que
faz a fera se fortalecer,
falcatrua feito o F.M.I,
a fiança da fama
facilita o fanatismo
faia a fala do filho faminto
farda é farsa
se liga farsista
fascista se falecer
a fênix da favela
a fúria vai florescer a filosofia do fino
filtra o flagelo
a forma frágil por falta de ferro
fez fazer o fim…
a partir daqui
conto/poema
A Noite
Vermelho, vermelho,
vermelho no peito do
filho, em suas mãos e no brilho
do giro, aquele giro insistente
que repete a mesma cena na mente.
Primeiro, o flash que de tão rápido
chega ser transparente
em seguida o estouro
que silencia a queda do corpo.
PRETO toda
pele de Pedro.
Soltem Barrabás...
mas o bozo falou
quem não tem pecado
que atire a primeira pedra,
atira de AK
que é pra não errar.
Soltem Barrabás...
mas gente o bozo é família, é amor,
Isso dentro de um quadrado,
fora disso você vai ser
caçado e torturado.
Sim, soltem Barrabás!
Porque ele é só mais um pretoque foi encarcerado.
Já, seu Messias se transformou em mito
que não curti debate, prefere grito
e fecha com milícia de assassino
que executa mulheres
como Maria Eduarda,
Claudia, Luana, Aghata Felix, Marielle.
Soltem Barrabás...
que inspirado por cidade de Deus roubou
o caminhão de gás,melhor que seu salvador
que se inspira em carrasco e saúda torturador.
Soltem Barrabás e avisa que,
bandido bom é bandido morto,
já que bandido ruim se elege com base na violência
chega até a presidência.
O Tempo
A aba reta
que esconde a expressão
é pra malocar Frustração
gerando uma postura
de intimidação.
Porque a corrente
que trancava meu pé
dei um banho de prata e ouro
e pendurei no pescoço.
É um sonho!
Onde minha mãe ainda tá viva,
e Dedé voltou para casa com o seu pão,
onde Maria Eduarda chegou da escola,
um sonho onde não tem gaiola,
nem pra preto e nem pra pássaro,
e quem você ama e em quê você crê
não te faz morrer.
Eu tive um sonho
onde não se mora na rua,
e não se escraviza,
onde não tem milícia, nem polícia
e o tráfico é de informação,
onde a ABL implorou por dona Conceição
e a bala perdida é só de galinha gorda
em dia de Cosme e Damião.
Eu tive um sonho
do tipo que você não quer parar de sonhar,
mas acordei!
Acordei na realidade
que guarda chuva vira fuzil,
Pinho sol era molotov,
furadeira vira pistola
e celular qualquer revólver,