Embalagem Armazenaemnto e Transporte

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EMBALAGEM, ARMAZENAMENTO E TRASPORTE

FISIOLOGIA PS-COLHEITA

EMBALAGEM, ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE 7.1. EMBALAGEM

7.1.1. Principais funes e atributos

Embalagens so unidades de convenincia para a comercializao e distribuio de produtos hortcolas. Elas devem proteger o contedo durante a distribuio, devem conservar sua forma e resistncia, freqentemente por tempo prolongado, em umidade relativa prxima da saturao e at molhadas. Muitas embalagens precisam facilitar o resfriamento rpido do contedo, e permitir remoo contnua do calor. A embalagem desempenha diversas funes, que podemos agrupar em duas categorias: 1. Funes tcnicas, relacionadas com a proteo, transporte, armazenamento,

utilizao e eliminao de produtos; 2. Funes de comunicao, relacionadas com a venda, informao ao consumidor, identificao do produto, atrao visual. As embalagens constituem unidades de manuseio, desde os containers de campo at as caixas de comercializao.

7.2. Materiais e tipos Dependem das caractersticas do produto. - Embalagens de campo - caixas de coleta e de transporte no campo, cestos, sacos, constitudos de madeira ou fibra natural, ou sintticos. - Embalagens para transporte e comercializao - caixas dobrveis de papelo, caixas tipo encaixe com tampa, caixas de madeira, sacos de juta ou fibra plstica, sacos de papel. - Embalagens para varejo - sacos de papel, filmes plsticos, bandejas moldadas de papelo ou plstico, caixas dobrveis, cestas pequenas.

7.1.3. Requisitos tcnicos das embalagens. As embalagens devem cumprir os seguintes requisitos fundamentais:

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Possuir resistncia mecnica suficiente para proteger o contedo durante o manuseamento, transporte e enquanto estiverem empilhadas; A resistncia mecnica da embalagem no deve sofrer alteraes apreciveis devido ao teor de umidade (molhada ou em atmosferas com elevada umidade relativa); A embalagem deve estabilizar e imobilizar os produtos, evitando o seu movimento dentro da embalagem durante o manuseamento e transporte; No conter substncias qumicas que possam migrar para os produtos, contaminar ou serem txicos para o produto ou para os seres humanos; Cumprir exigncias de manuseamento e de comercializao, em termos de peso, tamanho, e forma; Permitir o resfriamento rpido (pr-resfriamento) do contedo e/ou certo grau de isolamento do calor ou do frio exteriores; Usar barreiras de gases (filmes de plstico) com permeabilidade suficiente aos gases respiratrios para evitar riscos de anaerobiose; Fornecer segurana ao contedo e/ou facilidade de abertura e fecho em algumas situaes de mercado; Identificar o contedo, conter instrues de manuseamento, auxiliar a apresentao do produto no ponto de venda, atravs de informao completa e correta na etiqueta; Facilitar a eliminao, reutilizao ou reciclagem; Ser econmica, em relao aos benefcios (Figura 1).

Fonte: Pretelt, 2003.

Fonte: Alves, 2003.

FIGURA 1. Embalagem de frutos.

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-Proteo contra danos mecnicos. No possvel conceber uma embalagem para prevenir completamente os danos por impacto, mas estes podem ser minimizados se a embalagem absorver uma parte da energia mecnica do impacto. A reduo dos danos por impacto consegue-se atravs do manuseamento mecnico das embalagens e das condies ergonmicas do manuseamento manual. Os danos por compresso previnem-se evitando o sobre-enchimento das embalagens e impedindo a falha estrutural. Os danos por vibrao previnem-se atravs da imobilizao dos produtos dentro da embalagem. A embalagem e o processo de embalagem (enchimento) devem ser tais que as unidades no interior da embalagem no se movam umas em relao s outras ou contra as paredes da embalagem de forma a evitar danos por vibrao. A embalagem deve ser cheia, sem acondicionar de forma demasiado compacta, para evitar danos por compresso e impacto. O acondicionamento pode ser mais protetor, atravs do envolvimento das unidades (em papel, por exemplo) ou do seu isolamento em alvolos ou da utilizao de materiais que absorvem energia mecnica.

-Embalagem e gesto da temperatura. A embalagem deve ser compatvel com o sistema de resfriamento rpido utilizado. Embalagens para produtos que vo ser resfriado por ar forado devem ter aberturas de pelo menos 5% da superfcie das faces perpendiculares ao fluxo do ar. A natureza do produto e o tipo de manuseamento ps-colheita tm de ser tidos em considerao na concepo ou escolha de uma embalagem. O calor produzido pela respirao deve ser dissipado. No caso de produtos de pequeno tamanho ou densamente acondicionados, o calor produzido pela respirao transfere-se, em larga medida por conduo, para a superfcie da embalagem. Nestes casos o volume da embalagem, ou melhor, a distncia mxima entre o centro e a superfcie da caixa um aspecto essencial. A distncia depende da taxa de respirao do produto embalado. Se a distncia for excessiva, o centro da embalagem sofre um aquecimento devido lenta dissipao do calor. No caso de produtos com taxas de respirao elevadas, o aquecimento excessivo pode ser um problema. Para evitar esta situao devem-se utilizar embalagens menores ou proporcionar boa ventilao a embalagens maiores ou a embalagens empilhadas ou paletizadas.

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-Resistncia Mecnica das Embalagens. O desempenho da funo de proteo do contedo por parte da embalagem durante toda a cadeia de manuseamento pscolheita requer que a embalagem retenha a sua resistncia mecnica. A maioria dos produtos hortifrutcolas deve ser armazenada em condies de umidade relativa elevada. Em condies tropicais ou de armazenamento frigorfico prolongado a elevada umidade relativa o carto perde resistncia estrutural. A resistncia do carto pode ser mantida com tratamentos que evitam ou reduzem a absoro de umidade, como a impregnao com ceras. A embalagem deve evitar a entrada de gua ou reduzir a desidratao do produto.

-Embalamento

na

Embalagem

Logstica.

Nos

produtos

hortifrutcolas

embalagem logstica normalmente a palete. A paletizao implica o empilhamento de embalagens primrias ou secundrias. O empilhamento de embalagens deve assegurar os seguintes aspectos: Estabilidade; Boa circulao de ar; Economia de espao; Facilidade de execuo. A paletizao pode ser feita de forma manual ou de forma mecnica, num processo completamente automatizado. As embalagens que se destinam a ser unitizadas em paletes devem permitir o empilhamento em paletes padronizadas (100 x 80 cm padro internacional). A estabilidade melhor se o empilhamento for feito com uma disposio cruzada das caixas e no em coluna. Isto exige que as dimenses da caixa (razo largura/comprimento) sejam compatveis. Formas de suster as embalagens na palete: filme de plstico retrtil; cintas de plstico; rede; encaixe das caixas. Para transporte a longa distncia, ou armazenamento de longa durao em pilhas altas so necessrias embalagens resistentes (madeira ou plstico rgido) (Figura 2).

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Fonte: Pretelt, 2003.

Fonte: Alves, 2003.

FIGURA 2. Paletizao. 7.2. ARMAZENAMENTO

O sistema de armazenamento deve permitir atingir os seguintes objetivos: Reduzir a atividade metablica do produto, atravs do controle da temperatura e, eventualmente, da composio da atmosfera; Reduzir o crescimento e disseminao de microrganismos, atravs do controle da temperatura e da preveno da acumulao de gua (umidade) na superfcie dos produtos; Reduzir as perdas de gua; Reduzir os efeitos negativos do etileno. Por vezes, os sistemas de armazenamento so tambm utilizados para aplicar tratamentos especiais aos produtos, como por exemplo, efetuar a cura da batata e da batata-doce, a fumigao de uvas com dixido de enxofre, o tratamento com etileno ou com o 1-metilciclopropeno, um inibidor da ao do etileno. A refrigerao ainda o mtodo mais econmico para o armazenamento prolongado de frutas e hortalias frescas. Os outros mtodos de armazenamento so empregados como complementos da refrigerao. A refrigerao produzida mecanicamente pela evaporao de um gs liquefeito, comprimido em um sistema fechado. O meio de retirada de calor do

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produto o ar em torno dele. O calor absorvido pelo ambiente removido por circulao contnua atravs do evaporador. Nos sistemas modernos de refrigerao so controlados trs fatores: temperatura, circulao de ar e umidade relativa. O equipamento bsico para a refrigerao compreende um compressor, um condensador, uma vlvula de expanso e um evaporador. O gs refrigerante comprimido, resfriado pela passagem atravs do condensador, depois expandido na bobina do evaporador. Durante a expanso e evaporao, o calor absorvido do ambiente onde est o produto a ser resfriado.

7.2.1. Atmosfera Controlada (AC)

O processo de armazenamento em AC a mais importante no armazenamento de frutos e vegetais. Este mtodo, se combinado com refrigerao, retarda marcadamente atividade respiratria e pode retardar amaciamento, amarelecimento, e reduzir outros processos de perda pela manuteno da atmosfera com mais CO2 e menos O2 do que no ar normal. O principal objetivo a reduo a um valor mnimo as trocas gasosas que ocorrem no produto relacionado respirao. Dessa forma, h reduo em sua atividade metablica, mantendo-se, porm, vivas as clulas dos tecidos vegetais. O produto deve apresentar qualidade superior apresentada quando armazenado ao ar, para compensar custos do sistema, melhor aparncia, sabor, textura, menor incidncia de deteriorao, etc. A atmosfera controlada no estaciona a deteriorao, porm pode retard-la, algumas vezes por dias ou meses.

- Mecanismo de Ao e Efeitos

Os efeitos que o O2, CO2 e C2H4, exercem sobre os frutos e hortalias frescas vm sendo estudados h muitos anos. O O2 um substrato e o CO2 um produto da respirao. Ambos modulam, direta ou indiretamente, as atividades do sistema respiratrio e um grande nmero de sistemas enzimticos. A obteno de um efeito positivo na reduo da respirao s conseguida quando a concentrao de O2

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inferior a 10%. Entretanto, para todo o tipo de produto, existe um mnimo necessrio (1 a 3%) para evitar anaerobiose. A tolerncia a baixas concentraes de O2 varivel com o produto e com o tempo de exposio. Em geral, os nveis mais baixos de O2 so tolerados para tempo mais reduzido e podem ser afetados pela concentrao de CO2, que deve ser ausente ou encontrar-se em teores mais baixos. Como regra bsica, pode-se dizer que quanto maior a concentrao de CO2 e menor a de O2, maior ser o retardamento da respirao e consequentemente, do amadurecimento do produto. Contudo, existem limites, os quais devem ser observados para evitar as injrias fisiolgicas. A respirao afetada de forma marcante pela adio de CO2, mesmo em baixas concentraes. Quando em nveis elevados (maior de 10%) pode apresentar efeito semelhante ao causado por condies de anaerobiose. A utilizao de nveis elevados de CO2 inibe a degradao das substncias pcticas, possibilitando a reteno de uma textura firme no produto, por longos perodos. A reteno do sabor e aroma tambm pode ser aumentada. O principal efeito do uso de AC em frutos e hortalias parece est relacionado regulao do sistema hormonal do etileno. Nveis reduzidos de O2, abaixo de 8%, diminuem a produo de etileno em frutas e hortalias frescas e reduzem a sua sensibilidade ao mesmo. J foi demonstrado que a produo e ao desse gs dependente de O2. Para que ele exera sua ao, necessrio que o O2 se ligue e reaja em local prximo, na mesma clula. A 2,5% de O2, por ex.: a produo de etileno cai pela metade e o amadurecimento dos frutos retardado. O CO2 apesar de no afetar diretamente a sntese de etileno, tem efeito competitivo com o mesmo no seu stio de ligao, por ser anlogo estrutural. Apesar de baixas concentraes de O2 e altas de CO2 reduzirem a taxa de produo de etileno, tornando os frutos e hortalias menos sensveis a sua ao, as concentraes prejudiciais de etileno podem acumular-se em condies de AC, especialmente para aqueles frutos que o produzem normalmente em altos nveis como mas, pras e abacate. Em tais casos, um sistema efetivo de remoo de etileno da cmara de armazenamento pode reduzir significativamente a taxa de amaciamento dos tecidos, bem como retardar a deteriorao.

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- Obtenes de Atmosferas Controladas

As atmosferas controladas podem ser obtidas pelo aumento do CO2 e abaixamento do O2 no interior da cmara como resultado da respirao do produto recm-colhido. Quando o CO2 ultrapassa o limite desejado, retira-se o excesso, passando a atmosfera da cmara por absorventes de CO2 (CaOH2, NaOH, H2O). Quando o nvel do O2 est baixo, injeta-se ar. O excesso de etileno retirado por oxidao (por oznio ou KMnO2). Com esse processo, o produto armazenado tem que ser retirado todo de uma vez, quando da abertura da cmara, j que o restabelecimento da atmosfera levaria muito tempo, devido baixa taxa respiratria dos frutos, e no traria vantagens refrigerao. Nos ltimos anos, tem havido crescente interesse no transporte de produtos perecveis a longas distncias em containers sob atmosfera controlada. O controle da atmosfera nesses containers tem envolvido a introduo constante de CO2 ou N2 durante a viagem, por meio de cilindros.

7.2.2. Atmosfera Modificada

A tcnica de atmosfera modificada no envolve monitorao da composio atmosfrica. O procedimento mais empregado o envolvimento dos frutos em embalagens de filmes plsticos como polietileno ou PVC. Devido permeabilidade reduzida da embalagem, a respirao do fruto leva a acmulo de CO2 e reduo no nvel de O2 ao seu redor. A composio da atmosfera nesse caso depende do peso de produto, seu estdio fisiolgico, temperatura e permeabilidade da pelcula. A permeabilidade da pelcula de PVC ao CO2, por exemplo, aumenta com o aumento da temperatura.

7. 2.2.1. Armazenamento por Atmosfera Modificada

No tipo mais comum de atmosfera modificada, colocam-se os frutos em embalagens de polietileno ou PVC fechadas, que podero ou no ser expostas a baixas temperaturas. No interior das embalagens, a respirao dos frutos reduz a concentrao de O2 e aumenta a de CO2 at nveis que dependem, sobretudo, do tipo, variedade e peso, estdio de maturao e temperatura dos frutos e das

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caractersticas da pelcula plstica (estrutura, densidade e espessura) e sua temperatura, fatores que determinam sua permeabilidade aos diferentes gases (O2, CO2, H2O, C2H4). Por exemplo, a permeabilidade ao CO2 da pelcula de PVC de uma e meia a duas vezes e meia maior a 22 oC. Isso representa um efeito positivo no caso do CO2, j que sua produo aumenta na mesma medida que a temperatura dos frutos. Nesse caso, a maior permeabilidade evita a formao de concentraes txicas de CO2. A pelcula de polietileno mais permevel ao vapor de gua do que ao CO2 e vrias vezes mais permevel a este ltimo que ao O2. A pelcula ideal deve permitir a entrada de O2 em quantidades adequadas para impedir a respirao anaerbica e permitir a sada de CO2 para evitar a toxicidade que esse gs provoca (Figura 3).

FIGURA 3. Barreiras que podem ser utilizadas para modificar a atmosfera de armazenamento (Adaptado de KADER, 1985). B1 Epiderme natural, cobertura com cera, envolvimento com filme polmero. B2 Madeira, papelo, plstico.

7.2.2.2. Atmosferas Modificadas Via Aplicao de Pelculas

A modificao na composio de gases da atmosfera pode ser feita pelo uso de ceras.

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Filmes de polietileno envolvendo individualmente os frutos podem reduzir a transpirao. Essas membranas apesar de reduzirem a perda de gua afetam pouco as outras trocas gasosas. Porm diminuem a sensibilidade ao dano pelo frio, pelo efeito protetor do alto teor de umidade. Dependendo da permeabilidade da pelcula, podem ocorrer injrias fisiolgicas como acmulo de etanol, alteraes de sabor, escurecimento da polpa, etc. A pelcula pode tambm impedir a penetrao de fumigantes necessrios ao controle de insetos. A aplicao de uma disperso aquosa de steres da Sacarose e cidos graxos no saturados de cadeia curta na superfcie de mas modificou sua atmosfera interna, adiando a perda de clorofila e melhorando a textura e acidez, devido diminuio de taxa respiratria e da produo de etileno. A aplicao de polisteres de cidos graxos e de sacarose adiou tambm a maturao da banana.

7.2.2.3. Potencialidades e Limitaes da Alterao da Composio da Atmosfera. A diminuio da concentrao de O2 e o aumento da concentrao de CO2 provocam efeitos fisiolgicos que podem ser benficos e prolongar a qualidade pscolheita de alguns produtos hortifrutcolas.

Benefcios Potenciais da Atmosfera Controlada e Modificada. A reduo da concentrao atmosfrica de O2 ou a elevao dos nveis de CO2 podem ter os seguintes efeitos benficos: Retardar senescncia e o amadurecimento e as alteraes fisiolgicas que lhes esto associadas (respirao, produo de etileno, alteraes na textura e na composio); Reduzir a sntese de etileno desde que a concentrao de O2 seja inferior a 8% e reduzir a sensibilidade ao etileno se a concentrao de CO2 for superior a 1%; Aliviar alguns acidentes fisiolgicos, tais como a susceptibilidade a danos pelo frio em alguns produtos, o escaldo na ma e na pra e o escurecimento na alface; Influenciar direta ou indiretamente os patgenos, reduzindo a ocorrncia e a severidade das podrides; Atmosferas modificadas extremas (< 1% O2 ou 40 a 60% de CO2) podem ser utilizadas como tratamentos inseticidas em alguns produtos.

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-Potenciais Efeitos Negativos da Atmosfera Controlada e Modificada: Iniciao ou agravamento de certos acidentes fisiolgicos (corao negro em batata, mancha castanha na alface, desordens internas em mas e pras); Amadurecimento irregular de frutos (banana, pra, tomate); Aromas e odores desagradveis resultantes da respirao anaerbia; Danos por O2 muito baixo ou CO2 muito elevado resultam em aumento da susceptibilidade a doenas.

7.4. TRANSPORTE As principais consideraes na incorporao de operaes de transporte nos sistemas de manuseamento so: Evitar ou minimizar os danos mecnicos. Os danos mecnicos podem ocorrer durante as operaes de carregamento, descarga ou empilhamento, ou ainda devido vibrao ou coliso de contentores durante o transporte. Manter temperaturas adequadas. A temperatura da carga durante o transporte depende da temperatura inicial, da capacidade de refrigerao, das condies de funcionamento do equipamento de refrigerao e da distribuio e velocidade do ar em torno do produto. A concepo e construo dos contentores e das aberturas de ventilao das embalagens, bem como o padro de empilhamento, devem permitir uma circulao adequada do ar. Assegurar a compatibilidade dos produtos em situaes de cargas mistas.

7.4.1. Modos de Transporte

Os produtos hortifrutcolas podem ser transportados por via: - Transporte Rodovirio. O transporte rodovirio est presente, pelo menos em algumas das etapas da cadeia de abastecimento. Para que a qualidade dos produtos no seja comprometida durante o transporte as cargas devem estar unitizadas, normalmente em paletes, seguras, e dispostas de forma a que o padro de circulao do ar permita a manuteno da temperatura da carga. A figura 4

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esquematiza quatro modalidades de disposio da carga, que permitem uma boa estabilidade e manuteno da temperatura.

Figura 4.

Formas de dispor e de estabilizar as paletes nas caixas de carga refrigeradas (Thompson et al., 2002).

-Transporte Martimo. Os contentores martimos para transporte refrigerado de frutas e hortalias permitem atualmente um controle da temperatura entre -25 a 25 oC 0,5
o

C, umidade relativa de 65% 5%. O sistema de renovao do ar pode ser regulado Na preparao da carga para expedio

para um mximo de 75 m3.h-1.

necessrio ter em considerao que nos contentores martimos a circulao de ar se efetua na vertical, de baixo para cima atravs da carga. Nestas condies, a temperatura s mantida de forma adequada se as embalagens tiverem ventilao que permita a circulao vertical do ar. Transporte Areo. No transporte areo no existe, normalmente, controle da temperatura da carga. Quando existe, a refrigerao no recorre a sistemas de refrigerao mecnica, mas a sistemas de isolamento, termoacumulao e de gelo seco. No transporte areo os produtos esto tambm sujeitos a umidades relativas extremamente baixas (da ordem de 5 a 10%), pelo que necessrio tomar precaues para prevenir a perda de gua. O transporte areo sempre intermodal, envolvendo etapas de transporte terrestre entre a central e deste para o aeroporto.

7. 4.2. Grupos de Compatibilidade para Armazenamento Misto. Em situaes de armazenamento ou transporte de longa durao de cargas compostas por diversos produtos hortifrutcolas necessrio ter em conta a sua

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compatibilidade. Com base nos efeitos da temperatura, da umidade relativa e da composio da atmosfera sobre a qualidade de diferentes produtos e no conhecimento da taxa de produo de etileno, da sensibilidade ao etileno e da susceptibilidade dos produtos a serem contaminados por odores indesejveis, estabeleceram-se grupos de compatibilidade. Como regras gerais para condies de armazenamento misto devem-se evita: Colocar produtos sensveis a danos pelo frio a temperatura inferiores temperatura crtica; Misturar produtores de etileno com produtos sensveis ao etileno; Manter produtos que requerem umidade relativa reduzida (cebola e alho) com produtos que requerem umidade relativa elevada; Armazenar produtos que absorvem odores com produtos que emitem esses odores (Quadro 1).

Quadro 1. Riscos de contaminao por odores em situaes de armazenamento misto (Welby e McGregor, 1997). Odores produzidos por: Abacate Alho Batata Cebola Cebola verde Ctricos Gengibre Ma absorvido por Ananas Figo, uva Ma, pra Ma, pra Milho, figo, uva Carne, ovos, produtos lcteos Berinjela Couve, cenoura, figo, cebola, carne, ovos, produtos lcteos Couve, cenoura, cebola, batata Ananas Outros frutos e hortalias

Pra Pimento verde Uva

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FIGURA 5. Transporte rodovirio e martimo de frutas. Fonte: Chitarra e Chitarra, 2005.

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