Correntes Filosóficas
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Estudo
CORRENTES FILOSÓFICAS
Veja as diferentes linhas de pensamento que tentam compreender o mundo
Por Guia do Estudante
15 ago 2017, 18h40 - Atualizado em 18 ago 2017, 15h57
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Metafísica
A palavra metafísica (do grego, meta ta physikd, “o que está além da natureza”) tem sua gênese
em Andrônico de Rodes, organizador da obra de Aristóteles, por volta do ano 50 a.C.
Mas o que seria a metafísica?
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Segundo o lósofo norte-americano Will Durant, a “metafísica se caracteriza pela busca da
realidade máxima de todas as coisas: da natureza real e nal da matéria (ontologia), da mente
(psicologia losó ca) e da inter-relação de ‘mente’ e matéria nos processos de percepção e
conhecimento (epistemologia)”. A metafísica, dessa maneira, implica uma tentativa de ultrapassar
METAFÍSICA
a natureza das coisas ÉTICA
para além do que E MORAL
nos FILOSOFIA
aparece numa primeiraPOLÍTICA
impressão. Usualmente, o
metafísico é aquele que vislumbra captar a essência da realidade ou da natureza, busca entender
a gênese de nossos conhecimentos ou a formação de nossas ideias.
No mundo clássico, a metafísica é o ponto de partida do sistema losó co, uma vez que analisar o
ser em geral é o pressuposto para analisar as particularidades da realidade. A discussão sobre a
natureza real e nal da matéria tem sua gênese na loso a pré-socrática, quando Heráclito, por um
lado, a rmava que o movimento é a essência do cosmo (“tudo ui”), ao passo que Parmênides
dizia que o movimento não passava de uma ilusão dos sentidos.
Ainda na Grécia antiga, Platão a rmava que o mundo sensível, isto é, o mundo que conhecemos a
partir de nossos sentidos, não era mais do que “sombras” ou “aparências”. Para ele, a verdadeira
realidade, a essência de tudo que vemos, estaria no mundo das ideias, o mundo inteligível. Por
exemplo, se, na realidade sensível, haveria manifestações imperfeitas da justiça, isso signi ca que,
no mundo das ideias, reside a justiça perfeita, ideal.
Aristóteles, entretanto, negou o dualismo platônico. Para ele, se nós, seres humanos, possuímos
características em comum que nos de nem como membros de uma mesma espécie, isso não
signi ca que exista um “homem ideal”, do qual derivam todos os outros. Para Aristóteles, o que
ocorre é que nós temos vários elementos em comum (nossa forma) e várias particularidades (a
matéria). Nossa própria mente, por um processo de abstração, efetua essa separação. Ao
argumentar dessa maneira, o lósofo rejeitou a ideia platônica inatista, segundo a qual haveria
ideias em nossa alma anteriores a experiências, as quais seriam despertas no contato com o
mundo real.
Ética e Moral
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A palavra ética vem de ethike, de ethikós, que diz respeito aos “bons costumes” ou “costumes
superiores”. De acordo com o teólogo Leonardo Boff, a palavra pode ser associada a “ethos”, que
signi ca “morada humana”. A ética elabora uma re exão sobre os problemas fundamentais da
vida coletiva humana, como o sentido da vida, o dever, o bem e o mal, a consciência moral, entre
outros.
A moral, do latim mos, mores, designa os costumes e as tradições. De acordo com Leonardo Boff,
“a moral está ligada a costumes e a tradições especí cas de cada povo, vinculada a um sistema
de valores, próprio de cada cultura e de cada caminho espiritual. Por sua natureza, a moral é
sempre plural. A moral dos ianomâmis é diferente da moral dos garimpeiros. Existem morais de
grupos dentro de uma mesma cultura: são diferentes a moral do empresário, que visa ao lucro, e a
moral do operário, que procura o aumento de salário. Aqui se trata da moral de classe. Existem as
morais das várias pro ssões: dos médicos, dos advogados, dos comerciantes, dos psicanalistas,
dos padres, dos catadores de lixo, entre outras”.
De que forma se articulam a ética e a moral? Segundo o professor Danilo Marcondes, a moral “diz
respeito a costumes, valores e normas de conduta especí cos de uma sociedade ou cultura,
enquanto a ética considera a ação humana do seu ponto de vista valorativo e normativo, em um
sentido mais genérico e abstrato”.
Em alguns momentos, a palavra moral é usada em sentido amplo, como sinônimo de ética. Ética e
podem coincidir, quando, por exemplo, a re exão losó ca sobre os direitos humanos
moral Assine.
(re exão ética) enraíza-se numa Constituição (tornando-se a moral de uma sociedade). Entretanto,
a ética acolhe transformações e mudanças: é ela, por exemplo, que nos faz re etir sobre os limites
das concepções iluministas de direitos humanos, re exão que nos cria a necessidade de ampliar
essa noção. De acordo com Boff, a “ética, portanto, desinstala a moral. Impede que ela se feche
METAFÍSICA ÉTICA E MORAL FILOSOFIA POLÍTICA
sobre si mesma. Obriga-a à constante renovação no sentido de garantir a habilidade e a
sustentabilidade da moradia humana (…). Não basta sermos apenas morais, apegados a valores
da tradição. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de
valores. Cumpre também sermos éticos, quer dizer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do
sistema tradicional ou de alguma cultura determinada”.
Na Antiguidade, a busca pela ética associava-se à busca pela felicidade. Sócrates dizia que a ética
é o conhecimento do bem e do mal, da sabedoria de vida. Também para Platão a função última da
loso a é o conhecimento do bem, que reside no mundo inteligível. Em sua obra Ética a Nicômaco,
Aristóteles defende a tese de que a virtude reside na “justa medida”, o meio-termo. É preciso, em
todos os casos, ser prudente. Uma ação ética, pensa Aristóteles, conduz à felicidade, a qual é, em
última instância, aquilo que a loso a busca.
A discussão ética ganha força no período helenístico. Para os estoicos, a atitude ética consiste em
bastar-se a si mesmo e viver em harmonia com a natureza, tornando-se um ser inabalável diante
das intempéries do mundo e aceitando com resignação o seu destino. Para os epicuristas, ser
ético consiste em buscar os prazeres naturais e necessários: é preciso evitar os excessos na
comida e na bebida, não temer a morte ou os deuses, deixar de lado a vaidade e a busca de
prazeres desnecessários. A amizade, para eles, é fundamental.
Já na Idade Média, Santo Agostinho, bebendo da tradição antiga, mostrou que toda a busca pela
felicidade era, no fundo, uma busca por Deus: buscaríamos a plenitude no vinho, nas amizades e
outros prazeres, mas, no m das contas, sempre nos frustraríamos. Essa frustração decorre de um
desejo íntimo por uma satisfação eterna, a qual só se realizaria em Deus. É um erro, nesse sentido,
buscar a felicidade em bens mundanos; há, inscrito em nós, uma sede pelo in nito.
Enquanto, nos tempos medievais, a questão ética estava absolutamente revestida pelo
cristianismo, Nicolau Maquiavel foi um nome fundamental para mudar a discussão, ao mostrar
que a política, caso vise a atingir seus ns (manutenção do bom governo), deve seguir princípios
distintos da ética cristã. O lósofo holandês Baruch Espinoza, em sua obra Ética, também rompeu
com os padrões medievais. Ele buscou mostrar, de modo “geométrico”, isto é, ordenado e rigoroso,
a falácia incutida nos argumentos que mostravam o homem como sujeito que dominava a
natureza. Pelo contrário, ele enuncia sua máxima “Deus, isto é, a natureza”, de acordo com a qual
todas as coisas, entre elas o homem e a divindade, constituem uma única substância. Essa visão é
conhecida como panteísmo.
Com a emergência da tradição liberal de nomes como Thomas Hobbes, John Locke e Thomas
Paine, ganha destaque a noção de liberdade como “não interferência” – a chamada “liberdade
negativa” signi ca ter uma esfera de autonomia para a realização dos interesses e a busca da
felicidade. Nesse sentido, a busca da felicidade é vista como uma ação individual. Tal concepção
ligada ao advento da noção moderna de direitos humanos, a saber, direito a vida,
está liberdade,
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igualdade e propriedade privada. O princípio ético máximo, numa sociedade liberal, é preservar os
direitos do outro, para que cada um busque, individualmente, a felicidade e a satisfação, princípios
que inspiraram a Constituição dos Estados Unidos: “Todos os homens têm direito à vida, liberdade
e busca da felicidade”.
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Na contemporaneidade, não há como discutir moral e ética sem recorrer a Friedrich Nietzsche.
Crítico da modernidade e da racionalidade ocidental, ele apela para um resgate de nosso espírito
“dionisíaco”, isto é, a pulsão pela vida. Além disso, ele é um crítico ferrenho da moral cristã, a qual,
para ele, seria uma moral do “rebanho”, criada pelos fracos para deter o espírito criador dos fortes.
Somente despindo-se da moral cristã e das cções da racionalidade ocidental (como a Verdade e
o Progresso), o homem pode superar-se a si mesmo, tornando-se o super-homem.
Filosofia Política
Pintura de Lemonnier mostra leitura de uma obra de Voltaire no Salão Madame Geoffrin, na França
(Reprodução/Wikimedia Commons)
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O que hoje nós entendemos por “política” é fruto de muitos séculos de história. A palavra política
(politikos), advinda do grego, diz respeito a tudo que concerne à administração da cidade (na
Grécia antiga, a administração da pólis), como a lei, a soberania, o discurso ou a cidadania. A
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emergência do debate sobre os rumos da cidade entre os cidadãos na cidade-estado grega, em
contraposição à tirania do mundo egípcio, persa e mesopotâmico, foi condição para a criação da
consciência da existência de um setor especí co da atividade humana.
Na obra de Platão, o político é aquele que, iluminado pela loso a, conheceria melhor os rumos da
pólis. Em Ética a Nicômaco, Aristóteles diz que “a política utiliza-se de todas as outras ciências”,
tendo como nalidade “o bem supremo dos homens”. Nota-se, assim, que na Grécia antiga emerge
a noção de que existe um “bem comum”.
O mundo romano, diferentemente do grego, nunca foi democrático. O lósofo romano Cícero disse
que “o bom governante é como o tutor que zela melhor pelos interesses dos seus pupilos do que
pelos seus próprios”. O Estado romano, seja em sua forma republicana, seja em sua forma
imperial, atuava como um administrador que, mediante o direito romano, garantiria o bem comum.
Na Idade Média, a discussão política centra-se no debate entre o poder temporal (o poder dos reis)
e o poder espiritual (o poder da Igreja Católica). Santo Tomás de Aquino, por exemplo, admitia a
superioridade das leis espirituais sobre as ações mundanas.
Com o advento da modernidade e a ascensão dos estados absolutistas, o debate político ganha
novos contornos. Nicolau Maquiavel admite a existência de duas éticas: por um lado, uma ética
política, que admite ser às vezes inevitável o uso de mentiras e máscaras para manter o Estado;
por outro, uma ética cristã, que não defende o uso do pecado em circunstância alguma.
Maquiavel nos mostrou que um bom governo não se faz com água-benta, de maneira que o
governante precisa ser bom sempre que possível, mas ser mau quando necessário. Só restam aos
governantes duas opções inconciliáveis, qual seja, salvar a cidade ou salvar a própria alma.
Maquiavel, em vez de pensar a política em termos ideais, como Platão, é o primeiro a notar que a
política é uma atividade para pecadores, por de nição.
Ao rede nir a política, Maquiavel fundou o pensamento político moderno. Mas foi Thomas Hobbes,
um defensor do absolutismo, quem rompeu com a maneira greco-romana de pensar a política. O
lósofo inglês, apesar de defender o autoritarismo, deu enorme contribuição ao pensamento
liberal, pois pensou a política a partir de conceitos como liberdades individuais, estado de
natureza, contrato social e representatividade. Para Hobbes, só o Estado absolutista poderia
salvaguardar as liberdades individuais. John Locke, criticando Hobbes, mas utilizando o
vocabulário que o absolutista inglês havia introduzido em sua época, defende um Estado liberal,
que seja guardião dos direitos naturais (liberdade, igualdade jurídica e propriedade privada) e que
não inter ra em nada além de suas prerrogativas de nidas por lei. Eis que Locke insere na política
a noção do direito de rebelião, fundamental para que Jean Jacques Rousseau, depois, zesse sua
do Estado democrático e da soberania popular.
defesa Assine.
Nos séculos XIX e XX, sob o impacto da herança da Revolução Francesa, e, depois, da Revolução
Russa, a loso a política centra suas preocupações nos grandes “ismos”. Primeiramente, o
liberalismo, que, na política, centra-se na defesa do indivíduo e de um Estado limitado. Em segundo
lugar, o socialismo, METAFÍSICA ÉTICA suas
que, na política, centra E MORAL FILOSOFIA
preocupações POLÍTICA social e na luta de
na igualdade
classes. Em sua forma marxista, o objetivo nal da ação política socialista é o comunismo, isto é,
o m do Estado, das classes sociais e da alienação do trabalho – ou seja, o trabalhador volta a ser
dono de seu trabalho, em vez de vendê-lo. Finalmente, há também o anarquismo, corrente que
defende uma vida coletiva sem Estado.
TUDO SOBRE
Í
FILOSOFIA POLÍTICA
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Claudia Superinteressante
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