Histórico Do Desenvolvimento Das Bandas
Histórico Do Desenvolvimento Das Bandas
Histórico Do Desenvolvimento Das Bandas
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Marcelo Jardim
2008
Ano Inovação
1677 Uma chave é adicionada na flauta transversal
1690 A primeira clarineta (Denner) aparece
1770 Surge o corno de basseto (Basset horn)
1793 Surge a clarineta baixo, ainda em uma forma rudimentar
1808 A chave em forma de anel é patenteada
1810 Ivan Muller traz à luz uma clarineta de 13 chaves
1810 Surge o bugle (fluegelhorn) com chaves
1815 É inventado o piston com válvula (pistos/pistões)
1830 Surgem os primeiros metais com três válvulas (pistos)
1832 Surgem as boquilhas cônicas Boehm para flauta
1840 Adolphe Sax inventa o saxofone
1843 Adolphe Sax inventa os saxhorns
1843 Klosè e Buffet melhoram a clarineta (Sistema Boehm)
Tabela 1: Inovações técnicas e desenvolvimento dos instrumentos de sopros
Gustav Holst (1874-1934) compôs suas duas suítes para banda em 1909 e
1911, provavelmente atendendo ao apelo de amigos, mestres de bandas na
Inglaterra do início do século XX, para que escrevesse bons materiais musicais
para seus grupos musicais. Holst foi trombonista em bandas civis de caráter
militar, as chamadas English Military Bands, e também em bandas de entrete-
nimento em estações de veraneio, de 1895 até 1903. Possuía, aliás, grande
conhecimento nesse meio. Não se tem notícia, porém, de apresentações dessas
obras antes de 1920, ano da estréia da Suíte em Eb, executada pelos 165 com-
ponentes da Royal Military School Music Band. A Segunda Suíte em F teve sua
estréia em 30 de junho de 1922, interpretada pela mesma banda, em parceria
com a British Music Society at Royal Albert Hall, em Londres.
Amigo de Holst, Ralph Vaugham-Williams (1872-1958) escreveu cinco
obras para banda, das quais a primeira e mais conhecida é a English Folk Song
Suite, composta em três movimentos. Originalmente possuía quatro movimentos,
mas o segundo transformou-se numa obra à parte, Sea Songs. No ano seguinte
compôs Toccata Marziale, desta vez com um grau de dificuldade muito maior do
que o das obras anteriores – e com caráter original, não baseado em canções fol-
clóricas. Em 1986, o pesquisador Robert Grechesky encontrou uma obra perdida
de Vaugham Williams, Adágio para Banda Militar, na sala de manuscritos do Museu
Britânico. Segundo ele, pode ser o segundo movimento de um Concerto Grosso para
banda militar, no qual o compositor estaria trabalhando. O primeiro movimento
desse concerto se tornou a Toccata Marziale, o segundo estava desaparecido e o ter-
ceiro nunca chegou a ser composto. Em 1938,Vaugham Williams escreveu England
Pleasant Land, para coro misto e banda militar, obra que continha muito do mate-
rial que mais tarde utilizaria em sua Quinta Sinfonia; em 1939 compôs Flourish, para
banda militar.
Em 1913, Florent Smith (1870-1958), amigo de Villa-Lobos, compôs
Dionysiaques, estreada 12 anos mais tarde pelos 100 componentes da Banda da
Guarda Republicana Francesa, em 9 de junho de 1925, nos Jardins de Luxemburgo.
Esse tipo de repertório traz consigo o mesmo direcionamento dado por seus com-
positores às obras para orquestra sinfônica: equilíbrio entre as vozes, planos distin-
tos de dinâmica e timbres, utilização de técnicas de composição mais elaboradas e
utilização da paleta orquestral quanto à instrumentação para sopros e percussão,
entre outros elementos. Em outras palavras, o contato com as bandas abriu, para os
compositores que escreviam para orquestras sinfônicas, uma nova perspeciva de
escrita e de conceito para aquele tipo de grupo.
Ainda no círculo dos amigos que Villa-Lobos no período em que esteve pela
primeira vez em Paris, estava Edgar Varèse (1885-1965). Entre 1923 e 1931,Varèse
compôs obras revolucionárias para madeiras, metais e percussão, como Octandre e
Hiperprism em 1923, seguidas por Intégrales, em 1925, e em 1931 por sua obra-prima
para grupo de percussão, Ionisation.Todas essas composições, de extrema complexi-
dade e originalidade, refletem claramente a determinação do compositor em
repensar a estética da música ocidental da época.
Outro compositor que conheceu Villa-Lobos no Rio de Janeiro entre 1917 e
1919, durante a visita ao Brasil da delegação francesa dirigida pelo poeta Paul
Claudel, foi Darius Milhaud (1892-1974), que no entanto não chegou a ser próxi-
mo ao compositor. Milhaud se aproximou das atividades da música popular e se
maravilhou com o maxixe, o samba, os cateretês e os tangos (choros) brasileiros; e
teceu inúmeros elogios aos músicos que desenvolveram estes estilos, como
Tupynamba e o genial [Ernesto] Nazareth, em suas palavras. A Suíte Francesa, Op.
248, composta por Milhaud em 1944 para banda, pode ser considerada uma das
CONCLUSÃO:
É possível definir e avançar com as linhas de atuação de uma banda de música,
banda de concerto, banda sinfônica, grupos camerísticos, bandas marciais, bandas de
metais e tantas outras formações com sopros e percussão, aproveitando um enorme
leque de repertório. O regente deve buscar cada vez mais informação, para que
saiba explorar ao máximo o potencial de seu grupo e estimulá-lo em seu cresci-
mento técnico e musical, sempre em busca do vínculo direto com o público ao
qual o trabalho será destinado. Esse processo chama-se educar. Aliar conhecimento
a essas atividades significa colocar à frente de tudo, sempre, o objetivo principal de
todo o trabalho – que é, em última análise, a realização musical como atividade bási-
ca para a formação sócio-cultural do ser humano.