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UNIDADE CURRICULAR: Antropologia Geral

CÓDIGO: 41098

DOCENTE: Professor Doutor Caio Novaes

A preencher pelo estudante

NOME: Mariana Mendes Melo

N.º DE ESTUDANTE: 2300479

CURSO: Licenciatura de Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 19 de novembro de 2023

1.

Numa primeira abordagem, é importante esclarecer o conceito de estatuto


epistemológico da antropologia, estando este intrinsecamente relacionado com
a teoria do conhecimento científico que surge no século XIX. No decorrer da sua
história como disciplina, a antropologia foi criando diversas teorias, muitas vezes
opostas entre si (Batalha, Luís. 2004).

Recua-se ao início destas teorias, e é encontrado o evolucionismo, como das


primeiras influências na antropologia e que consiste na hierarquização das
sociedades e determina os valores da sociedade ocidental como o topo da
escala. Uma vez que esta, não explicava e desvalorizava a diversidade cultural,
enfatizando estereótipos, foi vista como uma teoria demasiado etnocêntrica
(Sousa, Lúcio. 2023).

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Existiram outras correntes ao longo da transição do séc. XIX para o séc. XX, que
transformaram consideravelmente a antropologia, exemplo disso é o
difusionismo, funcionalismo e estruturalismo, teorias clássicas que estruturaram
o pensamento antropológico e destas advieram teorias modernas, tais como,
neo-evolucionismo, pós-modernismo e pós-estruturalismo.

Todas estas perspetivas contribuíram para o desencontro da disciplina, a


debates e tensões entre os antropólogos, em que cada nova abordagem
desconsiderava a anterior, ocorrendo assim uma crise e a perceção de falta de
continuidade.

Em suma, é necessário que, nos dias de hoje “e estando esta em constante


evolução e desenvolvimento” temas da sociedade contemporânea sejam cada
vez mais integrados nesta disciplina para concílio da mesma. Assim, todas as
correntes e métodos (tendo estes os seus encontros e desencontros) ao longo
da história da antropologia, servem que esta procure uma nova harmonia e
afirmação enquanto disciplina.

(249 palavras)

2.

A prática antropológica esta intimamente ligada com a prática etnográfica no


sentido em que esta necessita do “trabalho em terreno”, tal como o autor Thomas
Eriksen refere: “A antropologia é o estudo comparativo da vida cultural e social.
O seu importante método é a observação participante, que consiste num trabalho
de campo prolongado num determinado contexto social.”

No entanto, com o aparecimento das ideias pós-modernistas de Evans-Pritchard,


Geertz e Raymond Firth, em que colocam em causa a objetividade da
antropologia como ciência social, rejeitam assim as possíveis teorias e a
definição etnográfica como completa. O trabalho de campo é sim visto como
crucial, na obtenção do seu estudo, definido num determinado tempo e lugar.
Mas esta recolha de dados é tida como subjetiva, uma vez que esta prática pode
ser influenciada, derivada das próprias experiências e crenças do
antropólogo/pesquisador (Sousa, Lúcio. 2023).

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Como o autor refere, Tim Ingold (2006) “a antropologia não é o mero estudo das
pessoas, mas o estudo com as pessoas”, ou seja, por intermédio desta partilha
de experiências e vivências de forma partilhada (contendo as suas semelhanças
e desigualdades), alcança-se uma interpretação mais ambivalente sobre o seu
estudo.

Tendo por base o depoimento de Miguel Vale de Almeida, pode-se constatar


como a influência da prática etnográfica é subjetiva e ocorre num determinado
contexto cultural/social. Este relata que existe uma certa ambiguidade no
trabalho antropológico, visto que em determinado momento e proveniente da sua
forma de trabalhar, os seus "informantes", tornaram-se numa espécie de "rede
de amigos", no decorrer da sua pesquisa. Isto vem demonstrar como a empatia
é desenvolvida no âmbito da compreensão das perspetivas e experiências dos
“outros” e na criação de laços. Para ele, o trabalho de campo é esta conexão
com diferentes histórias (que aporta distintas influências). Observa-se uma
possível mudança de perspetiva, visto que ao inserir-se num determinado grupo
social, este pode começar a ver o mundo de uma maneira diferenciada.

A prática etnográfica envolve todo um processo de pesquisa, em que o seu


investigador passa por uma prática imersiva de uma cultura ou grupo social
específico, de forma a entender o seu quotidiano, crenças e valores.

Sintetizando, tudo isto se resume na ligação intrínseca entre a subjetividade do


investigador e a prática etnográfica, influenciando-se assim uma à outra,
contudo, é de salientar que os investigadores estejam conscientes dessa
interação, para que as suas próprias subjetividades se reflitam pouco nas suas
pesquisas.

400 palavras

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Bibliografia

• Sousa, Lúcio. 2023. Textos de Antropologia Geral. Lisboa: Universidade


Aberta.
• Batalha, Luís. 2004. Antropologia – Uma perspectiva holística. Lisboa: ISCSP
– UTL.
• Documentário “Antropólogos” (2016). Produção: Associação Portuguesa de
Antropologia. Realizador: Martins, Humberto. Balsa, João.

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