Ancoragem 00

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ADERÊNCIA E ANCORAGEM – CAPÍTULO 10

Libânio M. Pinheiro, Cassiane D. Muzardo


25 setembro 2003

ADERÊNCIA E ANCORAGEM

Aderência (bond, em inglês) é a propriedade que impede que haja


escorregamento de uma barra em relação ao concreto que a envolve. É, portanto,
responsável pela solidariedade entre o aço e o concreto, fazendo com que esses
dois materiais trabalhem em conjunto.
A transferência de esforços entre aço e concreto e a compatibilidade de
deformações entre eles são fundamentais para a existência do concreto armado.
Isto só é possível por causa da aderência.
Ancoragem é a fixação da barra no concreto, para que ela possa ser
interrompida. Na ancoragem por aderência, deve ser previsto um comprimento
suficiente para que o esforço da barra (de tração ou de compressão) seja transferido
para o concreto. Ele é denominado comprimento de ancoragem.
Além disso, em peças nas quais, por disposições construtivas ou pelo seu
comprimento, necessita-se fazer emendas nas barras, também se deve garantir um
comprimento suficiente para que os esforços sejam transferidos de uma barra para
outra, na região da emenda. Isto também é possível graças à aderência entre o aço
e o concreto.

10.1 TIPOS DE ADERÊNCIA


Esquematicamente, a aderência pode ser decomposta em três parcelas:
adesão, atrito e aderência mecânica. Essas parcelas decorrem de diferentes
fenômenos que intervêm na ligação dos dois materiais.

10.1.1 Aderência por Adesão


A aderência por adesão caracteriza-se por uma resistência à separação dos
dois materiais. Ocorre em função de ligações físico-químicas, na interface das
barras com a pasta, geradas durante as reações de pega do cimento. Para
pequenos deslocamentos relativos entre a barra e a massa de concreto que a
envolve, essa ligação é destruída.
A Figura 10.1 mostra um cubo de concreto moldado sobre uma placa de aço. A
ligação entre os dois materiais se dá por adesão. Para separá-los, há necessidade
de se aplicar uma ação representada pela força Fb1. Se a força fosse aplicada na
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horizontal, não se conseguiria dissociar a adesão do comportamento relativo ao


atrito. No entanto, a adesão existe independente da direção da força aplicada.

Figura 10.1 – Aderência por adesão

10.1.2 Aderência por Atrito


Por meio do arrancamento de uma barra em um bloco concreto (Figura 10.2),
verifica-se que a força de arrancamento Fb2 é maior do que a força Fb1 mobilizada
pela adesão. Esse acréscimo é devido ao atrito entre a barra e o concreto.

Figura 10.2 – Aderência por atrito

O atrito manifesta-se quando há tendência ao deslocamento relativo entre os


materiais. Depende da rugosidade superficial da barra e da pressão transversal σ,
exercida pelo concreto sobre a barra, em virtude da retração (Figura 10.2). Em
barras curvas ou em regiões de apoio de vigas em pilares, aparecem acréscimos
dessas pressões de contato, que favorecem a aderência por atrito.
O coeficiente de atrito entre aço e concreto é alto, em função da rugosidade da
superfície das barras, resultando valores entre 0,3 e 0,6 (LEONHARDT, 1977).
Na Figura 10.2, a oposição à ação Fb2 é constituída pela resultante das
tensões de aderência (τb) distribuídas ao longo da barra.

10.2
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10.1.3 Aderência Mecânica


A aderência mecânica é devida à conformação superficial das barras. Nas
barras de alta aderência (Figura 10.3), as saliências mobilizam forças localizadas,
aumentando significativamente a aderência.

Figura 10.3 – Aderência mecânica em barras nervuradas

A Figura 10.4 (LEONHARDT, 1977) mostra que mesmo uma barra lisa pode
apresentar aderência mecânica, em função da rugosidade superficial, devida à
corrosão e ao processo de fabricação, gerando um denteamento da superfície. Para
efeito de comparação, são apresentadas superfícies microscópicas de: barra de aço
enferrujada, barra recém laminada e fio de aço obtido por laminação a quente e
posterior encruamento a frio por estiramento. Nota-se que essas superfícies estão
muito longe de serem efetivamente lisas.
Portanto, a separação da aderência nas três parcelas - adesão, atrito e
aderência mecânica - é apenas esquemática, pois não é possível quantificar
isoladamente cada uma delas.

Figura 10.4 - Rugosidade superficial de barras e fios lisos (LEONHARDT, 1977)

1.1. TENSÃO DE ADERÊNCIA


Para uma barra de aço imersa em uma peça de concreto, como a indicada na
figura 10.5, a tensão média de aderência é dada por:

10.3
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Figura 10.5 – Tensão de aderência

Rs
τb =
π.φ.l b
Rs é a força atuante na barra;
φ é o diâmetro da barra;
lb é o comprimento de ancoragem.

A tensão de aderência depende de diversos fatores, entre os quais:

• Rugosidade da barra;
• Posição da barra durante a concretagem;
• Diâmetro da barra;
• Resistência do concreto;
• Retração;
• Adensamento;
• Porosidade do concreto etc.

Alguns desses aspectos serão considerados na seqüência deste texto.

10.3 SITUAÇÕES DE ADERÊNCIA

Na concretagem de uma peça, tanto no lançamento como no adensamento, o


envolvimento da barra pelo concreto é influenciado pela inclinação dessa barra. Sua
inclinação interfere, portanto, nas condições de aderência.

10.4
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Por causa disso, a NBR 6118 (2003) considera em boa situação quanto à
aderência os trechos das barras que estejam com inclinação maior que 45º em
relação à horizontal (figura 10.6 a).

FIGURA 10.6 – Situações de boa e de má aderência (PROMON, 1976)

As condições de aderência são influenciadas por mais dois aspectos:

• Altura da camada de concreto sobre a barra, cujo peso favorece o


adensamento, melhorando as condições de aderência;

• Nível da barra em relação ao fundo da forma; a exsudação produz porosidade


no concreto, que é mais intensa nas camadas mais altas, prejudicando a
aderência.

Essas duas condições fazem com que a NBR 6118 (2003) considere em boa
situação quanto à aderência os trechos das barras que estejam em posição
horizontal ou com inclinação menor que 45º, desde que:

10.5
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• para elementos estruturais com h < 60cm, localizados no máximo 30cm


acima da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima
(Figuras 10.6b e 10.6c);
• para elementos estruturais com h ≥ 60cm, localizados no mínimo 30cm
abaixo da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima
(Figura 10.6d).

Em outras posições e quando do uso de formas deslizantes, os trechos das


barras devem ser considerados em má situação quanto à aderência.
No caso de lajes e vigas concretadas simultaneamente, a parte inferior da viga
pode estar em uma região de boa aderência e a parte superior em região de má
aderência. Se a laje tiver espessura menor do que 30cm, estará em uma região de
boa aderência. Sugere-se, então, a configuração das figuras 10.6e e 10.6f para
determinação das zonas aderência.

10.4 RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA


A resistência de aderência de cálculo entre armadura e concreto é dada pela
expressão (NBR 6118, 2003, item 9.3.2.1):

f bd = η1 ⋅ η 2 ⋅ η3 ⋅ f ctd

1,0 para barras lisas



η1 = 1,4 para barras entalhadas
2 ,25 para barras nervuradas

1,0 para situações de boa aderência
η2 = 
0,7 para situações de má aderência
1,0 para φ ≤ 32 mm
η3 = 
(132 − φ ) / 100 para φ > 32 mm

O valor fctd é dado por (item 8.2.5 da NBR 6118, 2003):

f ctk,inf
f ctd = sendo f ctk,inf = 0,7 f ctm e f ctm = 0,3 f ck2 / 3
γc

Portanto, resulta:

0 ,21
f ctd = f ck2 / 3
γc

10.6
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10.5 COMPRIMENTO DE ANCORAGEM


Todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de forma que seus
esforços sejam integralmente transmitidos para o concreto, por meio de aderência,
de dispositivos mecânicos, ou por combinação de ambos.
Na ancoragem por aderência, os esforços são ancorados por meio de um
comprimento reto ou com grande raio de curvatura, seguido ou não de gancho.
Com exceção das regiões situadas sobre apoios diretos, as ancoragens por
aderência devem ser confinadas por armaduras transversais ou pelo próprio
concreto, considerando-se este caso quando o cobrimento da barra ancorada for
maior ou igual a 3φ e a distância entre as barras ancoradas também for maior ou
igual a 3φ.
Nas regiões situadas sobre apoios diretos, a armadura de confinamento não é
necessária devido ao aumento da aderência por atrito com a pressão do concreto
sobre a barra.

10.5.1 Comprimento de Ancoragem Básico

Define-se comprimento de ancoragem básico lb (Figura 10.5) como o


comprimento reto necessário para ancorar a força limite Rs = As fyd, admitindo, ao
longo desse comprimento, resistência de aderência uniforme e igual a fbd, obtida
conforme o item 10.4.
O comprimento de ancoragem básico lb é obtido igualando-se a força última de
aderência lb πφ fbd com o esforço na barra Rs = As fyd (ver Figura 10.5):

lb πφ fbd = Αsfyd

πφ 2
Como As = obtém-se:
4
φ f yd
lb =
4 f bd

De maneira simplificada, pode-se dizer que, a partir do ponto em que a barra


não for mais necessária, basta assegurar a existência de um comprimento
suplementar lb que garanta a transferência das tensões da barra para o concreto.

10.5.2 Comprimento de Ancoragem Necessário


Nos casos em que a área efetiva da armadura Αs,ef é maior que a área
calculada As,calc, a tensão nas barras diminui e, portanto, o comprimento de

10.7
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ancoragem pode ser reduzido na mesma proporção. A presença de gancho na


extremidade da barra também permite a redução do comprimento de ancoragem,
que pode ser calculado pela expressão:
As ,calc
l b ,nec = α 1 . l b ⋅ ≥l b ,min
As ,ef

1,0 para barras sem gancho



α1 = 0,7 para barras tracionadas com gancho , com cobrimento ≥ 3φ
no plano normal ao do gancho

lb é calculado conforme o item 10.5.1;
lb,min é o maior valor entre 0,3 lb , 10 φ e 100 mm.

10.5.3 Ancoragem de Barras Comprimidas


Nas estruturas usuais de concreto armado, pode ser necessário ancorar barras
compridas, nos seguintes casos:

• em vigas - quando há barras longitudinais compridas (armadura dupla);


• nos pilares - nas regiões de emendas por traspasse, no nível dos andares ou
da fundação.

As barras exclusivamente compridas ou que tenham alternância de solicitações


(tração e compressão) devem ser ancoradas em trecho reto, sem gancho (Figura
10.7). A presença do gancho gera concentração de tensões, que pode levar ao
fendilhamento do concreto ou à flambagem das barras.
Em termos de comportamento, a ancoragem de barras comprimidas e a de
barras tracionadas é diferente em dois aspectos. Primeiramente, por estar
comprimido na região da ancoragem, o concreto apresenta maior integridade (está
menos fissurado) do que se estivesse tracionado, e poder-se-ia admitir
comprimentos de ancoragem menores.
Um segundo aspecto é o efeito de ponta, como pode ser observado na Figura
10.7. Esse fator é bastante reduzido com o tempo, pelo efeito da fluência do
concreto. Na prática, esses dois fatores são desprezados.
Portanto, os comprimentos de ancoragem de barras comprimidas são
calculados como no caso das tracionadas. Porém, nas comprimidas não se usa
gancho.
No cálculo do comprimento de traspasse l0c de barras comprimidas, adota-se a
seguinte expressão (NBR 6118, 2003, item 9.5.2.3):

10.8
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l 0c = l b ,nec ≥ l 0c ,min

l0c,min é o maior valor entre 0,6 lb , 15 φ e 200 mm.

Figura 10.7 Ancoragem de barras comprimidas (FUSCO, 1975)

10.6 ANCORAGEM NOS APOIOS


De acordo com a NBR 6118 (2003), item 18.3.2.4, a armadura longitudinal de
tração junto aos apoios deve ser calculada para satisfazer a mais severa das
seguintes condições:

a) no caso de ocorrência de momentos positivos, a armadura obtida através do


dimensionamento da seção;
b) em apoios extremos, para garantir ancoragem da diagonal de compressão,
armadura capaz de resistir a uma força de tração Rs dada por:
a 
R s =  l  ⋅ Vd + N d (4)
d 
onde Vd é a força cortante no apoio e Nd é a força de tração eventualmente
existente. A área de aço nesse caso é calculada pela equação:
Rs
As ,calc =
f yd
c) em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da
armadura de tração do vão (As,vão), correspondente ao máximo momento positivo do
tramo (Mvão), de modo que:

10.9
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− As,apoio ≥ 1/3 (As,vão) se Mapoio for nulo ou negativo e de valor absoluto


Mapoio≤ 0,5 Mvão;
− As,apoio ≥ 1/4 (As,vão) se Mapoio for negativo e de valor absoluto
Mapoio> 0,5 Mvão.

10.6.1 Comprimento mínimo de ancoragem em apoios extremos


Em apoios extremos, para os casos (b) e (c) anteriores, a NBR 6118 (2003)
prescreve que as barras devem ser ancoradas a partir da face do apoio, com
comprimento mínimo dado por:

l b ,nec conforme 10.5.1



l be ,min ≥ (r + 5,5φ ) sendo r o raio interno de curvatura do gancho (Tab. 10.1)
60mm

Desta forma, pode-se determinar o comprimento mínimo necessário do apoio:

t min = l be ,min + c
no qual c é o cobrimento da armadura (Figuras 10.8a e 10.8b).

a) Barra com ponta reta b) Barra com gancho

Figura 10.8 – Ancoragem no apoio

A NBR 6118 (2003), item 18.3.2.4.1, estabelece que quando houver


cobrimento da barra no trecho do gancho, medido normalmente ao plano do gancho,
de pelo menos 70 mm, e as ações acidentais não ocorrerem com grande freqüência
com seu valor máximo, o primeiro dos três valores anteriores pode ser
desconsiderado, prevalecendo as duas condições restantes.

10.10
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10.6.2 Esforço a ancorar e armadura calculada


Na flexão simples, o esforço a ancorar é dado por:
a 
Rs =  l  Vd , face
d 

A armadura para resistir esse esforço, com tensão σs = fyd, é dada por:
Rs
As ,calc =
f yd

10.6.3 Armadura necessária em apoios extremos


Na expressão do comprimento de ancoragem necessário (item 10.5.2),
As ,calc
l b ,nec = α1l b
As ,ef

impondo l b ,nec = l b ,disp e As ,ef = As ,nec , obtém-se:

α1 l b
As ,nec = As ,calc
l b ,disp

A área das barras ancoradas no apoio não pode ser inferior a As, nec.

10.7 ANCORAGEM FORA DE APOIO


Algumas barras longitudinais podem ser interrompidas antes dos apoios. Para
determinar o ponto de início de ancoragem dessas barras, há necessidade de se
deslocar, de um comprimento al, o diagrama de momentos fletores de cálculo.

10.7.1 Deslocamento al do diagrama

O valor do deslocamento al é dado por (item 17.4.2.2c da NBR 6118, 2003):

 VSd , max  0,5d caso geral


al = d ⋅  ⋅ (1 + cot g α) − cot gα  ≥ 
 2 ⋅ (VSd , max − Vc )  0,2d para estribos inclinados a 45º

em que α é o ângulo de inclinação da armadura transversal em relação ao eixo


longitudinal da peça (45° ≤ α ≤ 90). O valor de Vc para flexão simples, flexo-tração
com a linha neutra cortando a seção ou para flexo-compressão em vigas não
protendidas é dado por:

Vc= Vco= 0,6.fctd.bw.d


10.11
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Vale ressaltar que, nos casos usuais, nos quais a armadura transversal
(estribos) é normal ao eixo da peça, α = 90o e a expressão de a l resulta:

 VSd , max 
al = d ⋅   ≥ 0,5d
 2 ⋅ (VSd , max − Vc ) 

O deslocamento al é fundamentado no comportamento previsto para


resistência da viga à força cortante, em que se considera que a viga funcione como
uma treliça, com banzo comprimido e diagonais (bielas) formados pelo concreto, e
banzo tracionado e montantes constituídos respectivamente pela armadura
longitudinal e pelos estribos. Nesse modelo há um acréscimo de esforço na
armadura longitudinal de tração, que é considerado através de um deslocamento al
do diagrama de momentos fletores de cálculo.

10.7.2 Trecho de ancoragem


Será calculado conforme o item 18.3.2.3.1 da NBR 6118, 2003 (Figura 10.9).

Figura 10.9 – Ancoragem de barras em peças fletidas


10.12
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O trecho da extremidade da barra de tração, considerado como de ancoragem,


tem início na seção teórica onde sua tensão σs começa a diminuir, ou seja, o esforço
da armadura começa a ser transferido para o concreto. A barra deve prolongar-se
pelo menos 10φ além do ponto teórico de tensão σs nula, não podendo em nenhum
caso ser inferior ao comprimento de ancoragem necessário, calculado conforme o
item 10.5.2 deste texto.
Assim, na armadura longitudinal de tração das peças fletidas, o trecho de
ancoragem da barra terá início no ponto A (Figura 10.8) do diagrama de forças
Rs = Md/z deslocado. Se a barra não for dobrada, o trecho de ancoragem deve
prolongar-se além de B, no mínimo 10φ. Se a barra for dobrada, o início do
dobramento poderá coincidir com o ponto B (Figura 10.9).

10.7.3 Ancoragem em apoios intermediários


Se o ponto A de início de ancoragem estiver na face do apoio ou além dela
(Figura 10.10a) e a força Rs diminuir em direção ao centro do apoio, o trecho de
ancoragem deve ser medido a partir dessa face, com a força Rs dada no item 10.6.2.
Quando o diagrama de momentos fletores de cálculo não atingir a face do
apoio, as barras prolongadas até o apoio (Figura 10.10b) devem ter o comprimento
de ancoragem marcado a partir do ponto A e, obrigatoriamente, deve ultrapassar
10φ da face de apoio.
Quando houver qualquer possibilidade da ocorrência de momentos positivos
nessa região, provocados por situações imprevistas, particularmente por efeitos de
vento e eventuais recalques, as barras deverão ser contínuas ou emendadas sobre
o apoio.

Figura 10.10 – Ancoragem em apoios intermediários


10.13
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10.8 GANCHOS DAS ARMADURAS DE TRAÇÃO


Os ganchos das extremidades das barras da armadura longitudinal de tração
podem ser (item 9.4.2.3 da NBR 6118, 2003):
• semicirculares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2φ (Figura
10.11a);
• em ângulo de 45º (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a 4φ
(Figura 10.11b);
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior as 8φ (Figura
10.11c).

Para barras lisas, os ganchos devem ser semicirculares. Vale ressaltar que,
segundo as recomendações da NBR 6118 (2003), as barras lisas deverão ser
sempre ancoradas com ganchos.

(a) (b) (c)

Figura 10.11 - Tipos de ganchos

Ainda segundo a NBR 6118 (2003), o diâmetro interno da curvatura dos


ganchos das armaduras longitudinais de tração deve ser pelo menos igual ao
estabelecido na Tabela 10.1.

Tabela 10.1 - Diâmetros dos pinos de dobramento

BITOLA CA - 25 CA - 50 CA - 60
(mm)

φ < 20 4φ 5φ 6φ

φ ≥ 20 5φ 8φ -

10.14
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10.9 GANCHOS DOS ESTRIBOS


A NBR 6118 (2003), item 9.4.6, estabelece que a ancoragem dos estribos deve
necessariamente ser garantida por meio de ganchos ou barras longitudinais
soldadas. Os ganchos dos estribos podem ser:

• semicirculares ou em ângulo de 45o (interno), com ponta reta de


comprimento igual a 5φ, porém não inferior a 5cm;
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10φ, porém
não inferior a 7cm (este tipo de gancho não deve ser utilizado para barras e fios
lisos).

O diâmetro interno da curvatura dos estribos deve ser, no mínimo, igual ao


valor dado na Tabela 10.2.

Tabela 10.2 - Diâmetros dos pinos de dobramento para estribos

BITOLA CA - 25 CA - 50 CA - 60

φt ≤ 10 3φt 3φt 3φt

10 < φt < 20 4φt 5φt -

φt ≥ 20 5φt 8φt -

AGRADECIMENTOS
Aos colaboradores na redação e na revisão deste texto:

Marcos Vinícius Natal Moreira,


Murilo Alessandro Scadelai e
Sandro Pinheiro Santos.

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2003). NBR 6118 – Projeto
de estruturas de concreto. Rio de Janeiro, ABNT.
FUSCO, P.B. (1975). Fundamentos da técnica de armar: estruturas de concreto. v.3.
São Paulo, Grêmio Politécnico.

10.15
USP – EESC – Departamento de Engenharia de Estruturas Aderência e Ancoragem

LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. (1977). Construções de concreto: princípios básicos


do dimensionamento de estruturas de concreto armado. v.1. Rio de Janeiro,
Interciência.
PROMON ENGENHARIA (1976). Tabelas para dimensionamento de concreto
armado: segundo a NB-1/76. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 269p.

10.16

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