SILVA, D. M. Da PORTELA, E. N. SIMON, H. S. BARRETO, A. Dos S. Um Panorama Das Políticas de Proteção Infantojuvenis No Brasil
SILVA, D. M. Da PORTELA, E. N. SIMON, H. S. BARRETO, A. Dos S. Um Panorama Das Políticas de Proteção Infantojuvenis No Brasil
SILVA, D. M. Da PORTELA, E. N. SIMON, H. S. BARRETO, A. Dos S. Um Panorama Das Políticas de Proteção Infantojuvenis No Brasil
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO:
T RANSFORMAÇÕES E D ESAFIOS
NA C ONTEMPORANEIDADE
V����� 2
2022
© Dos Organizadores - 2022
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PREFÁCIO...................................................................................................6
Eunice Nóbrega Portela
APRESENTAÇÃO........................................................................................8
Dirce Maria da Silva
6
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
7
APRESENTAÇÃO
1 Veja sobre teorias críticas e pós-críticas dos currículos, que representam o fundamento de
uma concepção multicultural, que questiona o enfoque disciplinar das opções curriculares
em: SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias críticas
do currículo. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
2 FORQUIN, Jean Claude. École et culture. Le point de vue des sociologues britanniques Bruxelas:
De Boeck, 1989. Tradução brasileira: Escola e cultura: as bases sociais e epistemológicas do
conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
3 CANDAU, Vera Maria. O currículo entre o relativismo e o universalismo: dialogando com
Jean-Claude Forquin. Revista Educação & Sociedade, Porto Alegre, ano XXI, n. 73, p. 79-
83, dez, 2000.
4 Leia sobre o assunto em: ISHAI, Micheline R. (Org.). Direitos Humanos: uma antropolo-
gia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. v. 02.
5 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996.
8
pessoa6”. Neste segundo volume, os textos estão organizados em três eixos temá-
ticos que totalizam dezesseis capítulos dispostos conforme demonstrado a seguir.
O EIXO TEMÁTICO I: EDUCAÇÃO, INCLUSÃO EM MOVIMEN-
TO reafirma o compromisso com a pesquisa em torno do desenvolvimento do
conceito de inclusão escolar no Brasil, relacionado quase que estritamente ao
campo da Educação Especial em sua concepção, demonstrando que houve trans-
formação e evolução das políticas públicas concernentes ao assunto, que hoje pro-
curam alcançar todos os que são histórica e negativamente discriminados78.
A composição do primeiro eixo deste segundo volume perfaz seis capítu-
los, cujos temas são: Ser autista: os dilemas e conflitos no processo de inclusão
social; em seguida, Tecnologias Assistivas e escolarização de crianças autistas
no Brasil: o que diz a literatura; depois, A Educação Especial nas comunidades
dos povos originários: levantamento de teses e dissertações brasileiras; Apren-
dizagem e cognição: os processos de ensino dos indivíduos com necessidades
especiais com ocorrências bem sucedidas na aprendizagem; Educação musical
inclusiva: a musicalização sob a perspectiva de professores que atuam na Edu-
cação Infantil, Direito: produção científica e formação de recursos humanos em
Educação Especial.
O EIXO TEMÁTICO II: EDUCAÇÃO, POLÍTICAS PÚBLICAS EM
MOVIMENTO é composto por cinco capítulos, que são: Um panorama das
políticas de proteção infantojuvenis no Brasil: do caráter punitivo à esfera so-
ciopedagógica; Educação: Direito Humano para o pleno desenvolvimento do
ser; A Política Salarial Profissional Nacional em Mato Grosso do Sul frente às
medidas de austeridade fiscal; A “neutralidade” ideológica no espaço escolar;
e, Os movimentos do neoliberalismo e o recente ataque à Educação na Emenda
Constitucional número 95. Este bloco atenta para a Educação como “bem públi-
co que requer estudos e interfaces com outras áreas do conhecimento, buscando
fortalecer a Educação como direito subjetivo, pressupondo-se a proteção e ga-
rantia de direitos fundamentais inalienáveis9”.
O EIXO TEMÁTICO III: EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E HISTO-
RICIDADE fortalece, em seus cinco capítulos, debates pós-contemporâneos
sobre capitalismo e culturalidade, tecnologias e sustentabilidade, modernidade
6 Leia: PORTELA et al. As transformações plurais dos cenários educativos: Volume I e II.
(Orgs.).: Eunice Nóbrega Portela, Dirce Maria da Silva, Bruna Beatriz da Rocha, Rebeca
Freitas Ivanicska. Itapiranga: Schreiben, 2022.
7 TODOS PELA EDUCAÇÃO. De Olho nas Metas. Primeiro relatório de acompanhamento
das 5 Metas do movimento Todos Pela Educação. São Paulo: Todos Pela Educação, 2008.
8 BRASIL, Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da
Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
9 Veja: ARAUJO, Gilda Cardoso de. Estado, política educacional e direito à educação no
Brasil: “o problema maior é o de estudar”. Educ. Rev. Curitiba, nº 39, p. 279-292, abr. 2011.
9
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
10 Veja: CANDAU, Vera Maria. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática peda-
gógica. In: MOREIRA, Antônio, Flávio e CANDAU, Vera Maria (org.) Multiculturalis-
mo: diferenças culturais e práticas pedagógicas. 10 ed., Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.
11 MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita: repensar a reforma - reformar o pensamento. 12ª ed.
Rio de Janeiro: Bertrand, 2006.
12 MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 10º ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2007.
13 Veja a respeito em: SILVA. Ana Tereza Reis da. Educação em Direitos Humanos: o currí-
culo entre o relativismo e o universalismo. Educ. Soc., Campinas, v. 36, nº. 131, p. 461-478,
abr.-jun., 2015.
10
Eixo 1
EDUCAÇÃO,
INCLUSÃO EM MOVIMENTO
SER AUTISTA: OS DILEMAS E CONFLITOS
NO PROCESSO DE INCLUSÃO SOCIAL
Eunice Nóbrega Portela1
Larissa Argenta Ferreira de Melo2
Dirce Maria da Silva3
1. INTRODUÇÃO
2. A SUBJETIVIDADE DO AUTISTA
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
afetiva, social e cultural, além da garantia dos direitos fundamentais que assegu-
rem a inclusão em todos os setores.
Isso pressupõe a construção permanente de um projeto de inclusão que
leve em consideração as subjetividades, as garantias, normas que assegurem o
atendimento das necessidades especificas, o combate a todo tipo de preconceito
e a busca pela inclusão, inclusive no mundo do trabalho.
A Teoria da Subjetividade mostrou-se uma construção teórica pertinente
aos estudos sobre as abordagens do TEA, pois traz contribuições sistemáticas
de percepções sobre a constituição da subjetividade do indivíduo que superam,
no caso do TEA, as questões relativas à neurodiversidade e aspectos biológi-
cos, considerando, também, questões intrínsecas ao contexto social e cultural no
qual eles estão inseridos.
Na revisão da literatura, os principais conflitos encontrados referem-se à
falta de informação da sociedade sobre o TEA, à falta de empatia com as singu-
laridades comportamentais dos autistas, à exclusão social, insuficiência de aten-
dimento médico e terapêutico especializado e ausência de instrumentalização
sociojurídica que apoie os autistas mais graves, ou em decorrência de conflitos
ocorridos em função das crises comuns, que eles precisam lidar, muitas vezes
sem o apoio necessário que lhes deve ser assegurado.
Assim, os dilemas mais comuns estão ligados sobretudo à fragilidade da
proteção social do autista num contexto sociocultural que leve em consideração
sua subjetividade e que promova consideração e suporte às garantias, para que
os autistas possam se desenvolver de forma plena, inseridos em contextos inclu-
sivos que legitimem a dignidade da pessoa humana.
Espera-se que este artigo conduza a reflexões que possam contribuir para
a compreensão da subjetividade do ser autista e que suscite a consciência de no-
vos estudos e outros olhares, bem como mais empatia à causa da efetiva inclusão
das pessoas com TEA.
4. REFERÊNCIAS
APA. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de
transtornos mentais: DSM-5. Porto Alegre: Artmed, 2014.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Bra-
sil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012. Institui a Po-
lítica Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Es-
pectro Autista; e altera o § 3º do art. 98 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro
de 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2012/ lei/l12764.htm Acesso: 24, ago. 2022
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Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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TECNOLOGIAS ASSISTIVAS E ESCOLARIZAÇÃO
DE CRIANÇAS AUTISTAS NO BRASIL:
O QUE DIZ A LITERATURA
Shirley de Lima Ferreira Arantes1
Dara Cristina Fernandes Gonçalves2
INTRODUÇÃO
perspectiva mais favorável à sua inclusão e participação social. Assim, sob in-
tervenções adequadas, com boas oportunidades de escolarização e socialização,
características que justificaram o diagnóstico em determinado momento podem
ser atenuadas, sendo impedidas de se manifestar e não estando mais presen-
tes em momento posterior, configurando uma saída do espectro (LAMPREIA,
2007; DUARTE; SILVA; VELOSO, 2018).
A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno
do Espectro Autista, Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, estabelece em
seu Artigo 1º, parágrafo segundo, que a pessoa com TEA é considerada pessoa
com deficiência (BRASIL, 2012). O direito à educação de pessoas com deficiên-
cia é preconizado na Constituição Brasileira (BRASIL, 1988) e na Lei de Dire-
trizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). Dentre outras legislações
importantes na área, o artigo 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)
determina que é obrigação do Estado garantir Atendimento Educacional Espe-
cializado (AEE) às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino (BRASIL, 1990).
No campo escolar, Martins e Monteiro (2017) destacam a centralidade
da construção de possibilidades favoráveis e profícuas de socialização, comu-
nicação e aprendizagem para a inclusão de crianças autistas. A importância da
avaliação individualizada da necessidade de adaptação dos materiais escolares,
das condições de execução das atividades e das estratégias de avaliação do de-
sempenho escolar são discutidas por diversos autores (APORTA; LACERDA,
2018; BARBERINI, 2016; NEVES; RAHME; FERREIRA, 2019). Nessa dire-
ção, deve-se assegurar a construção do Plano de Ensino Individualizado (PEI), o
qual “[...] pode ser pensado como um estudo de caso. O PEI significa, portanto,
um documento a ser elaborado conjuntamente pelos professores, propondo uma
mesma linha de ação pedagógica, tanto no ensino regular como no AEE” (NE-
VES, 2017, p. 491).
Dentre outras temáticas abordadas na literatura, para o escopo do presen-
te trabalho destaca-se a utilização de Tecnologias Assistivas (TA) nos processos
ensino-aprendizagem de crianças autistas. No Brasil, o Comitê de Ajudas Téc-
nicas (CAT), define a Tecnologia Assistiva como:
[...] área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba
produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que obje-
tivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e participação
de pessoas com deficiência, incapacidades ou mobilidade reduzida, vi-
sando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social
(CAT, 2007, p. 3).
para que a pessoa com deficiência possa acessar e concluir determinada tarefa.
Em relação à escolarização, salienta a diferença entre TA e tecnologias edu-
cacionais comuns no contexto escolar, estas últimas envolvem a aplicação de
ferramentas tecnológicas com o objetivo de favorecer a aprendizagem, enquanto
uma TA auxilia o usuário a “romper barreiras”, favorecendo a autonomia, a
participação e a inclusão (BERSCH, 2017, p.12).
Com base nessas considerações, o presente trabalho tem por objetivo apre-
sentar uma revisão de estudos brasileiros focados na utilização de Tecnologias
Assistivas na escolarização de crianças autistas, com vistas à caracterização dos
problemas focados, aspectos teórico-metodológicos e resultados mais relevantes.
Na próxima seção, os aspectos metodológicos da pesquisa são detalhados.
METODOLOGIA
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RESULTADOS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
REFERÊNCIAS
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BERSCH, R. C. R. Tecnologia Assistiva: recursos e serviços. In: DELIBERA-
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de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República. Diário Oficinal da União,
Brasília, DF.
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A EDUCAÇÃO ESPECIAL NAS COMUNIDADES DOS
POVOS ORIGINÁRIOS: LEVANTAMENTO DE TESES
E DISSERTAÇÕES BRASILEIRAS
Rhuan Guilherme Tardo Ribeiro1
Vânia de Fatima Tluszcz Lippert2
Bruna Marques Duarte3
Renato Souza da Cruz4
INTRODUÇÃO
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pois, muitas vezes não recebem os devidos cuidados em relação à saúde e à edu-
cação (BURRATO, 2010).
A situação de pobreza ou miséria dos povos indígenas os tornam vulnerá-
veis e propensos a vivenciar deficiências em confrontação com a população em
geral ocasionados principalmente ao alto nível de carência, à grande antropiza-
ção do meio ambiente junto a influência e consequências de grandes empreendi-
mentos de desenvolvimento como (hidrelétricas ou atividades mineradoras) e ao
maior risco de serem vítimas de violência” (ONU, 2016). Neste contexto, há vá-
rios fatores determinantes na ocorrência de deficiências entre estas populações,
como: doenças infecciosas, alcoolismo, uso de drogas ilícitas e seus efeitos cola-
terais, tabagismo e poluição. Ademais existem os fatores genéticos cromossômi-
cos, como síndrome de Down, entre outros. Somado a isso, há a precariedade
no atendimento às gestantes indígenas que não recebem tratamento adequado
no pré e pós-natal (BARROCO, 2008).
Diante das considerações sobre a saúde da população indígena, sua situa-
ção de indigência e a relação destes fatores com o surgimento de deficiências,
consideramos a necessidade de se discutir uma educação inclusiva nesta conjun-
tura. As escolas indígenas têm suas próprias características, definidas não por
sua espacialização não urbana, mas por concepções, princípios, culturas, lingua-
gens, relações sociais e trabalho das populações indígenas. Trata-se, portanto,
de escolas diferenciadas, capazes de organizar seus espaços de tempo educativo
levando em conta os modos de existência dos povos indígenas (MUNARIN,
2011). Além disso, as práticas pedagógicas na educação escolar indígena, devem
levar em conta a articulação entre as intenções de aprendizagem e o desenvolvi-
mento humano, considerando as diferenças socioculturais e necessidades espe-
cíficas dos alunos (BRITO, 2013).
Ante o exposto, vale mencionar a essencialidade de se discutir a Educação
Indígena no contexto inclusivo devido ao aumento de matrículas de crianças
com necessidades especiais em escolas indígenas. Tal circunstância gera um im-
pacto cultural no trabalho dos professores indígenas e não indígenas. Assim, tor-
na-se de extrema importância pensar uma formação específica para esses profis-
sionais, o que denota uma política educacional direcionada às escolas indígenas
que atenda às necessidades dos alunos aborígenes com necessidades especiais de
acordo com a sua realidade cultural específica (GRAF; RIOS, 2020).
Nesse ínterim, o estudo busca apresentar diálogos de pesquisas brasileiras
que descrevem sobre a Educação Especial no contexto dos povos originários,
como forma de responder a seguinte questão: Qual a caracterização teórica,
metodológica e analítica de pesquisas nacionais que discorrem sobre a Educa-
ção Especial na Educação Indígena? Como forma de apresentar resultados de
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
REFERÊNCIAS
BARROCO, S. M. S. L.S. Vigotski e os novos fundamentos para a educação
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ROCO, S. M. S. Intervenções pedagógicas na educação escolar indígena: con-
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BRITO, S.M.P. A inclusão de alunos com deficiência na escola pública de
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PORTELA, S. M. C. Identidade profissional do professor que atua na sala
de recurso multifuncional: estudo a partir de uma Escola Estadual indígena
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APRENDIZAGEM E COGNIÇÃO:
OS PROCESSOS DE ENSINO DOS INDIVÍDUOS COM
NECESSIDADES ESPECIAIS COM OCORRÊNCIAS
BEM SUCEDIDAS NA APRENDIZAGEM
Simone Helen Drumond Ischkanian1
Vinícius Guiraldelli Barbosa2
Alcione Santos de Souza3
Gladys Nogueira Cabral4
Cássia Cilene Fernandes5
Sandro Garabed Ischkanian6
1. INTRODUÇÃO
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2. DESENVOLVIMENTO
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TRANSTORNO DE
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM
APRENDIZAGEM
Os bloqueios no aprendizado podem ser
Apesar de uma situação social, cultu-
tanto por déficits cognitivos como tam-
ral e psicológica estável, a pessoa com
bém por causas emocionais e culturais.
transtorno de aprendizagem apresenta
A dificuldade de aprendizagem é muitas vezes
dificuldades por conta de um desen-
resolvida com a intervenção escolar, acom-
volvimento neurológico insatisfatório.
panhada pela pedagoga e psicopedagoga.
É essencial buscar atendimento psicoló-
Mudanças pontuais podem resolver a questão de
gico para realizar o tratamento adequado.
dificuldade de aprendizagem.
É fundamental realizar mudanças na
A troca de metodologia, aliada a um excelente
abordagem, metodologia e avaliação
planejamento especifico, horário de aula, cole-
para que haja progresso nas áreas de di-
gas, melhora significativamente o déficit abran-
ficuldades.
gente em relação ao aprendizado.
Fonte: Autores (2022)
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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NOGUEIRA CABRAL. G. Os processos de ensino e aprendizagem devem
ser aperfeiçoados. Disponível em. https://autismosimonehelendrumond.
blogspot.com/2022/09/os-processos-de-ensino-e-aprendizagem.html. Acesso
em: 27 set. 2022.
SANTOS DE SOUZA, A. Educar para transformar possibilidades. Disponí-
vel em. https://autismosimonehelendrumond.blogspot.com/2022/09/edu-
car-para-transformar-possibilidades.html. Acesso em: 27 set. 2022.
54
EDUCAÇÃO MUSICAL INCLUSIVA:
A MUSICALIZAÇÃO SOB A PERSPECTIVA
DE PROFESSORES QUE ATUAM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL1
Ássia dos Santos Barreto2
Regina Finck Schambeck3
Dirce Maria da Silva4
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a autora, em sala de aula, muitas barreiras podem ser en-
frentadas e superadas graças à criatividade e à vontade do professor, que se perce-
be como profissional da aprendizagem, ou seja, aquele, preocupado com a pessoa
56
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
de seu aluno e que deposita sua energia em torno dos alunos, os aprendizes.
Os participantes da pesquisa se posicionam com relação aos processos de
desenvolvimento como profissionais da aprendizagem da música.
P1 - A música faz parte das cinco inteligências múltiplas da criança. Uma dessas
inteligências que é a musical influi em todas as outras, que é a cognição, o raciocínio
lógico, né, toda a parte de lateralidade. Porque música move a criança[...], a mú-
sica faz parte da vida de todo mundo. É muito visível a influência da música no
desenvolvimento em todas as áreas fundamentais.
P2 - O desenvolvimento da criança se desenvolve na afetividade que pra mim é o
mais importante, no controle emocional, da sabedoria emocional da criança dela
saber lidar melhor com situações que em relação a outras crianças de sua mesma
idade que não estejam sendo musicalizadas [...]. A música faz parte da sua vida! É
muito importante o ensino da música na primeira infância[...]. Isso é uma planta-
ção que a criança vai colher pro resto da vida.
P3 - É motivação e intenção. Pra mim na educação musical, o meu dever principal
é fazer com que as crianças sejam seres de expressão e tenham segurança e confiança
no seu expressar, sabe... E, aí, isso casa com todas essas teorias que a gente estuda,
né, o Gordon, o Orff, Dalcroze, todos eles batem muito nessa tecla [...] de que as
crianças tem muito pra entregar, e a gente precisa criar meios pra que elas estejam
o tempo todo improvisando, criando, se movendo, dando ideias!
As observações dos professores ajudam a lançar fundamentos considera-
dos importantes para os processos de desenvolvimento e aprendizagem na musi-
calização na Educação Infantil (EI), quando são desenvolvidos em uma sala de
aula inclusiva, ou seja, “o potencial da música de estimular o desenvolvimento
de crianças, sobretudo, aquelas que apresentam necessidades educativas espe-
ciais, por suas faculdades de ativação de diversas partes do cérebro, impulsio-
nando o crescimento cognitivo e psicomotor” (ARAÚJO, 2007, p. 47).
Com relação ao conceito expandido de necessidades específicas de apren-
dizagem, é possível fazer referência aos princípios norteadores da Declaração de
Salamanca (UNESCO, 1994) que inclui, além de crianças com quaisquer espécies
de deficiência, aquelas que estejam enfrentando algum tipo de situação, a exem-
plo de crianças que estejam passando por precárias condições socioeconômicas,
raciais, sexuais, de gênero, religiosas, de higiene pessoal e nível de instrução.
Deste modo, além do enfrentamento das condições adversas por que pas-
sam as crianças em situação de vulnerabilidade social, a Declaração prevê, tam-
bém, o atendimento para àquelas com dificuldades pontuais e/ou temporárias
de aprendizagem e que necessitam de respostas individualizadas.
Nesse sentido, o princípio fundamental da escola inclusiva é de que ela
deve acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas,
57
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
para melhor conhecer os interesses de seus alunos precisa, então, “estimular a sua
própria escuta criando, diariamente, um tempo de ouvir os alunos reconhecendo,
em suas falas, o que lhes serve como motivação, bem como conhecendo a “baga-
gem” que trazem para a escola” (EDLER-CARVALHO, 2006, p. 40).
P2 - Eu tive alguns alunos com deficiência e eu acredito que a educação musical já
é inclusiva, que a música consegue fazer isso perfeitamente! Ela consegue abranger
a todos, todes, sem distinção alguma. Mas pra isso é muito importante que o pro-
fissional saiba o que ele tá fazendo. Acho que eu tive o privilégio de trabalhar num
lugar que me ensinou muito a como lidar com essas pessoas, a dar o cuidado que
elas merecem, a ter o olhar pra elas num sentido mais amplo. Elas merecem um
cuidado nosso, saber o que falar, como falar [...] como devemos agir em determina-
das situações. [...] minha experiência é a de dar o maior afeto que puder dar [...].
E trabalhar com empatia de entender que aquela pessoa é diferente e talvez o que
funcione para a maioria não funcione com ela, então você tem que adaptar uma
nova aula para incluir aquela pessoa, né! E, é isso, você ter a empatia e a paciência
para lidar com isso.
P3 - Pra começar eu acho que a música por si só ela é super inclusiva, eu já tive
experiência com crianças com autismo severo, por exemplo, e outras com autismo
leve e outras, ainda, com necessidades específicas. Mas eu percebo que as crianças
se encantam muito, só de você cantar, de emitir sons musicais, as crianças ficam
assim muito atentas. É outro tipo de atenção que a gente consegue com a música!
Para Edler-Carvalho, a criatividade metodológica do professor que atua
em contexto da escola inclusiva, somada à sua convicção de que a aprendizagem
é possível para todos os alunos e de que ninguém pode estabelecer limites do
outro, certamente contribuirão para “remover os obstáculos que tantos e tantos
alunos têm enfrentado no seu processo de desenvolvimento e aprendizagem”
(2006, p. 41). Assim, como nos aponta a autora, as “necessidades básicas de
aprender, às vezes mecanicamente e sem reflexão, precisam ser cotejadas com
as necessidades básicas para aprender” (EDLER–CARVALHO, 2006, p. 43).
As adaptações dos processos de desenvolvimento e aprendizagem precisam
estar menos centrados em conteúdos e mais voltadas para o contexto em que a
aprendizagem ocorre, assim estará “tanto mais fadada ao sucesso quanto melhor
for a qualidade das respostas educativas das escolas” (EDLER–CARVALHO,
2006, p.42). Como nos relata o Professor 1 participante da pesquisa:
P1 - Mas a gente tem que deixar claro que tem vários problemas na educação inclu-
siva no Brasil! Vou falar no Brasil porque é o que eu conheço é só aqui nessa área.
Eu trabalhei em várias escolas que elas não faziam inclusão, não se preocupavam
em incluir. Por exemplo, crianças com autismo severo ficavam excluídas junto com
a monitora, sem participar das aulas. Então, assim, eu vi vários problemas. Fiz na
59
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
60
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
olhar individual para cada aluno que esteja nela, tentando dar atenção ao que cada
um precisa assim, conseguir ter essa sagacidade de enxergar que talvez aquele aluno
esteja com dificuldade em um tipo de atividade, mas esteja se dando super bem com
outra prática, e esse aqui não, entendeu?!
As adaptações pedagógicas, portanto, se constituem possibilidades educa-
cionais para atuar frente às condições de aprendizagem dos alunos com neces-
sidade específicas de aprendizagem. Pressupõe que se realize a adequação para
enriquecimento ou aprofundamento dos conteúdos, quando necessário, para
torná-los apropriados às peculiaridades dos alunos. Como nos relata o Professor
2 é preciso ter sagacidade e entender as “aptidões e limitações de cada um”.
Assim, não se trata de um novo planejamento, mas de um planejamento
dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos
os educandos. Em outras palavras, “não se fixar no que de especial possa ter a
educação dos alunos, mas flexibilizar a prática educacional para atender a todos
e propiciar seu progresso, em função de suas possibilidades e diferenças indivi-
duais (BRASIL, 2006, p. 66-67).
P1 – Quero contar um relato de experiência que aconteceu na minha sala, um
aluno com espectro de autismo altíssimo que costumava ficar vagando pela sala e
amiúde participava da rodinha, ele parou no meio da sala e reproduziu o padrão
rítmico perfeitamente, ele parou, sentou com os colegas, pegou o tambor e fez o
padrão que a gente estava trabalhando. Por mais que ele tivesse andando pela sala,
aparentemente sem prestar atenção, sem participar, ele prestava total atenção ao
que a gente estava fazendo. Ler, conversar, entender o que se passa no mundinho
particular deles é muito importante, buscar sempre conhecimento.
P2 - O que eu percebia quando chegava para dar minha aula é que no dia a dia elas
só deixavam a criança isolada com a monitora em um canto e davam aula, sem se
importar com a presença dela ali. Eu percebia que essa criança era muito deixada
de lado, e as crianças só reproduziam essa postura que os outros adultos tinham, eu
mesma era muito imatura na época e não tinha ainda muito conhecimento nem
ferramentas, não sabia como fazer para incluí-la mais, eu tinha aqueles trinta mi-
nutos só de aula semanal, mas eu vejo que eu falhei em muitos momentos por não
saber o que fazer ou mesmo onde buscar o apoio.
As colocações acima implicam em conferir especial atenção aos tempos,
aos espaços e às interações. Assim, coloca-se para os profissionais da educação
infantil a importância da construção de propostas pedagógicas capazes de garan-
tir à criança “múltiplas oportunidades de experimentação, interação e aprendi-
zagens, o que implica repensar tempos, espaços e agrupamentos” (MARQUES,
2017, p. 158).
Acreditamos que a criança com necessidades educativas especiais seja
61
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
considerada pela escola inclusiva e pelos professores que atuam nesse contexto,
como um ser que produz cultura, e, portanto, com direitos à participação, pro-
visão e proteção.
P3 - Tem os que entender que ser professor nunca é um caminho com ponto final, a
gente nunca vai chegar num ponto final como educador em que a gente vai receber
os louros e dizer que chegamos até onde desejávamos, de pensar que já sabemos
tudo. O professor precisa estar em constante busca, se reciclando e a educação inclu-
siva mesmo é um campo a ser explorado. As necessidades vão surgindo, a sociedade
vai mudando e vão surgindo sempre novos desafios. A educação inclusiva é um
deles. A gente tem muito o que aprender ainda [...].
À guisa de reflexão final, destacamos que os participantes da pesquisa re-
lataram que não encontraram respaldo na graduação para desenvolver o ensino
inclusivo e que tiveram que buscar apoio formativo por conta própria para a con-
dução do seu trabalho. Ao mesmo tempo afirmaram que encontraram pouca lite-
ratura disponível para subsidiar as práticas de musicalização nos espaços educati-
vos com a presença de estudantes com necessidades específicas de aprendizagem.
Ressaltaram, por fim, que as instituições de Educação Infantil, por ra-
zões diversas, apresentam dificuldades para dar sustentação pedagógica para o
estabelecimento do ensino inclusivo.
Diante das observações acima, fica claro a importância de fazermos pes-
quisas que se aprofundem no tema da musicalização como uma área de conhe-
cimento com potencial para a promoção e construção da Educação Inclusiva.
Escutar os professores e conhecer o que fazem para atuar nesse contexto tem
nos ajudado a estabelecer fundamentos e a contribuir para o estabelecimento de
diretrizes para os futuros processos fomativos.
4. REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Rusiel. A Educação Musical Inclusiva nas Escolas de Educação
Básica: A Educação Musical Inclusiva nas Escolas de Educação Básica: pers-
pectivas Conceituais e Metodológicas. Dissertação (Pós Graduação Mestra-
do) - Universidade Federal da paraíba, 2007.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF/SEESP, 1,
1997.
BRASIL. (2006). Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competên-
cias para o tendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com
altas habilidades/superdotação. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC.
- Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, (pp. 143). (Série: Saberes e
práticas da inclusão), 2006.
BROWN, Laura; JELLISON, Judith. Music Research with Children and Youth
62
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
63
DIREITO: PRODUÇÃO CIENTÍFICA E
FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
EM EDUCAÇÃO ESPECIAL
Simone Helen Drumond Ischkanian1
Gabriel Nascimento de Carvalho2
Vinícius Guiraldelli Barbosa3
Alcione Santos de Souza4
Elimeire Alves de Oliveira5
Ana Caroline Barros da Silva6
1. INTRODUÇÃO
65
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
2. DESENVOLVEMENTO
66
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
e restrição por motivos da deficiência, fazendo com que a pessoa com deficiên-
cia seja impossibilitada de exercer o seu direito constitucional de igualdade”
(CARVALHO, 2022).
O patrimônio jurídico das pessoas com deficiências (PCDs) se resume
no cumprimento do direito à igualdade, quer apenas cuidando de resguardar a
obediência à isonomia de todos diante do texto legal, evitando discriminações,
quer colocando as pessoas portadoras de deficiência em “situação privilegiada
em relação aos demais cidadãos, benefícios perfeitamente justificados e expli-
cados pela própria dificuldade de integração natural desse grupo de pessoas”
(BARROS DA SILVA, 2022).
O artigo 4° do Estatuto da pessoa com deficiência aborda o tratamen-
to igualitário e não discriminatório, proporcionando resguardo à pessoa com
deficiência. E assim dispõe: “Art. 4° Toda pessoa com deficiência tem direito
a igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma
espécie de discriminação.
A igualdade formal esta prevista no artigo 5° da Constituição Federal.
Na “Produção Científica e Formação de Recursos Humanos em Educação Es-
pecial”, objetivo principal é abordar que perante a lei, todos são iguais. E que a
legislação não pode ser fonte de desigualdade entre as pessoas.
O principio da igualdade material aborda que pessoas diferenciadas rece-
bam tratamentos conforme a sua peculiaridade. Assim, em algumas “situações
onde qualquer pessoa apresentar suas limitações, deve receber tratamento de
forma diferenciada, respaldando assim o principio da igualdade” (ISCHKA-
NIAN. 2022).
Desta forma, a igualdade é o principio de regra principal, e deve ser observa-
da diante de indivíduos diferentes, uma vez que, nessa s”ituação haverá regulamen-
tações diferentes, que visa gerar e assegurar a igualdade” (CARVALHO, 2022).
67
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
I - a soberania;
II - a cidadania
III - a dignidade da pessoa humana;
(grifo nosso)
68
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
englobar a educação inclusiva em vários fatores, que vão desde a estrutura até
os métodos de ensino.
Neste artigo, explicaremos a importância do preparo da instituição, além
de mostrar como essa adaptação deve ser feita e as definições do estatuto da pes-
soa com deficiência. Nosso objetivo é enfatizar conceitos para que a pessoa com
deficiência tenha liberdade e autonomia, aprendendo a agir com naturalidade,
tanto no ambiente escolar quanto fora dele.
Para alcançar esse objetivo, o diálogo com as famílias é necessário e con-
tribui para a percepção de dificuldades e vitórias. É importante saber que exis-
tem diferenças entre a educação especial e a inclusiva.
EDUCAÇÃO INCLUSIVA EDUCAÇÃO ESPECIAL
O objetivo garantir o desenvolvimento das
O objetivo é proporcionar o acesso à educa-
potencialidades e engloba diferentes métodos
ção regular para qualquer pessoa, não impor-
de ensino e o auxílio de profissionais capaci-
tando as limitações físicas ou intelectuais.
tados.
Fonte: Autores (2022)
71
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de modo análogo que possam atender a demanda de forma eficaz, elas pos-
suem especificidades e capacidades orçamentárias dessemelhantes; e tratam as
demandas de modos díspares.
O CAPES na área de educação especial tem promovido o acesso e divul-
gação da produção científica; investimentos na formação de recursos de alto
nível no país e exterior; promoção da cooperação científica internacional; indu-
ção e fomento da formação inicial e continuada de professores para a educação
básica nos formatos presencial e a distância.
Vários instrumentos de avaliação já verificam a existência dos mecanismos
de inclusão; contudo, às vezes eles apenas checam a sua presença e não se estão
atendendo satisfatoriamente a todas as necessidades das pessoas com deficiência.
A educação à distância (EAD), aflora os desafios semelhantes aos cursos
presenciais, seja quando os alunos com deficiência ou não, urge a necessidade de
viabilizar a interação social, tanto no modelo presencial como a distância, pois,
como característica do ensino superior, ela contribui para o desenvolvimento
pessoal e a autonomia da pessoa com deficiência, neste sentido o papel do pro-
fessor é imprescindível. A formação e a pesquisa na área da educação especial
sob a perspectiva da educação inclusiva devem ser foco transcendente para a
educação das pessoas com deficiência (PCDs), transtornos globais do desenvol-
vimento (TGD) e altas habilidades/superdotação (AH/SD).
Em suma, o insucesso, a insegurança, os receios compõem a vida da pes-
soa com deficiência; o amadurecimento emocional e intelectual é um direito e
devem estar presentes no cotidiano da produção científica e formação de re-
cursos humanos em educação especial. Assim as pessoas com deficiência, po-
dem vivem as mesmas experiências das demais pessoas, contudo, eles possuem
singularidades que precisam ser atendidas satisfatoriamente para que sintam-se
preparados no contexto educacional.
REFERÊNCIAS
ALVES DE OLIVEIRA, E. É preciso falar ou escrever construtivamente,
numa perspectiva inclusiva. Disponível em: https://autismosimonehelendru-
mond.blogspot.com/2022/09/e-preciso-falar-ou-escrever.html. Acesso em: 26
set. 2022.
ARAUJO, Luiz Alberto David. Pessoa portadora de deficiência: proteção
constitucional das pessoas portadoras de deficiência. 3. ed., rev., ampl. e
atual. Brasília: CORDE, 2003.
BARROS, A.C.S. O principio da igualdade é um principio constitucional,
previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Disponível em: ht-
tps://autismosimonehelendrumond.blogspot.com/2022/09/o-principio-da-i-
73
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
74
Eixo 2
EDUCAÇÃO,
POLÍTICAS PÚBLICAS EM
MOVIMENTO
UM PANORAMA DAS POLÍTICAS DE PROTEÇÃO
INFANTOJUVENIS NO BRASIL: DO CARÁTER
PUNITIVO À ESFERA SOCIOPEDAGÓGICA
Dirce Maria da Silva1
Eunice Nóbrega Portela2
Henrique Smidt Simon3
Ássia dos Santos Barreto4
1. INTRODUÇÃO
78
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
trezentos, mas a maior parte em situação irregular, pois não havia vínculo con-
tratual com a instituição O SAM foi suspenso devido às práticas irregulares e
repressivas. Conforme Rizzini (1995), a internação tinha o objetivo de proteger
e reabilitar o menor para viver em sociedade, mas precárias condições de funcio-
namento das instituições de atendimento, a internação de menores criminosos
junto com crianças carentes ou abandonados, além da superlotação e desvio de
verbas, acabaram gerando para o Serviço de Atendimento a alcunha de escola
do crime (RIZZINI, 1995, p. 278; RIZZINI, 2004).
Zamora (2005) afirma que “lá eram largados desde assaltantes e assassinos
até meninos pequenos que cometiam pequenos furtos ou simplesmente vagavam
pelas ruas da cidade. Rituais de suplício eram desenvolvidos para correção dos
rebeldes, com o emprego de instrumentos como palmatórias, varas e porretes”
(ZAMORA, 2005, p. 2-6).
Entre 1930 e 1964, colônias agrícolas foram instaladas para que os sen-
tenciados pudessem cumprir o período final de suas penas; e a partir de 1964, o
Instituto Penal Cândido Mendes tornou-se uma penitenciária de segurança má-
xima, mantendo no local os indivíduos considerados mais perigosos à sociedade
(SANTOS, 2007, p. 1-2).
Dessa forma, esse Serviço de Atendimento, que tinha como objetivo abri-
gar menores desvalidos e infratores, acabou fracassando, ao utilizar-se de méto-
dos inadequados e apenas repressivos no atendimento às crianças e adolescentes
(JESUS, 2006, p. 52).
A instauração dos Juizados de Menores possibilitou incorporar à assistên-
cia o espírito científico da época, transcrito para a prática jurídica pelo inquérito
médico-psicológico e social, com técnicas provenientes dos campos da psiquia-
tria, psicologia, ciências sociais, medicina higienista e seus desdobramentos (RI-
ZZINI, 2004).
Mas as discussões e reformulações legislativas em curso foram interrom-
pidas pelo Golpe Militar. Em dezembro de 1964, os militares instituíram o De-
creto-Lei Nº 4.513/64, criando a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor
(FUNABEM) e a Política Nacional do Bem-Estar do Menor (PNBEM), que
passaram a coordenar as ações na área. A questão da infância passou a ser tra-
tada como problema de segurança nacional, de forma descentralizada, dando
origem às FEBEMs estaduais, órgãos executores das medidas sancionatórias
(SABOIA RIBEIRO, 2015-2016, p. 8).
Com as FEBEMs, previa-se o atendimento do menor em situação ir-
regular por equipes de profissionais. Mas na prática, a criança/adolescente,
ao contrário de ser sujeito de intervenção conjunta de um corpo de profissio-
nais, era antes, objeto de atitudes diferenciadas e distantes entre si, que não
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Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
84
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
adolescente, Saraiva (2009) diz que “a DPI tem como objetivo garantir a crian-
ças e adolescentes direitos à sobrevivência, ao desenvolvimento pessoal e social;
à integridade física, psicológica e moral, preconizando a criação e articulação
de ações nas áreas das Políticas Sociais Básicas” (SARAIVA, 2009, p. 59-60).
Conforme Faleiros (2009), “esse novo paradigma reconhece crianças e
adolescentes como cidadãos e garante a efetivação de seus direitos, com absolu-
ta prioridade no acesso às políticas sociais.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6. REFERÊNCIAS
ALBERTON, Maria Silveira. Violação da infância: crimes abomináveis: hu-
milham, machucam, torturam e matam! Porto Alegre, RS: AGE, 2005.
ALVARES, Marcos César. A emergência do Código de Menores de 1927:
Uma análise jurídico-institucional da assistência e proteção aos menores.
São Paulo, 1989.
BRASIL. Decreto n. 17.943-a de 12 de outubro de 1927. Código Mello Mat-
tos. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ Acesso em: 25/04/2022.
BRASIL. Constituição (1937). Constituição dos Estados Unidos do Brasil.
Rio de Janeiro, 1937.
BRASIL. Decreto-lei nº 3.799, de 5 de novembro de 1941. Transforma o
Instituto Sete de Setembro em Serviço de Assistência a Menores e dá outras
providências, 1941.
BRASIL. Lei nº 4.513, de 1º de dezembro de 1964. Autoriza o Poder Execu-
tivo a criar a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor, a ela incorporando
o patrimônio e as atribuições do Serviço de Assistência a Menores, e dá outras
providências, 1964 (Revogado pela Lei nº 8.069, de 1990).
BRASIL. Lei n. 6.697, de 10 de outubro de 1979. Institui o Código de Me-
nores, 1979.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Bra-
sil. Brasília, DF, Senado, 1998.
BRASIL. ECA, 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente. Secretaria Espe-
cial de Direitos Humanos da Presidência da República. Estatuto da Criança e
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BRASIL. SENADO FEDERAL. Crianças iam para a cadeia no Brasil até a
década de 1920. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/ma-
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Acesso Em: 02/05/2022.
BRASIL. FUNABEM. Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor. Aspec-
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1968.
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CIOEDUCATIVO: marcos normativos nacionais e internacionais / [Cláu-
dio Augusto Vieira da Silva, coordenador]. Brasília: Universidade de Brasília,
CEAG, 2016. 340 p.
COSTA, Antônio Carlos Gomes da. Natureza e Implantação do Novo Direi-
86
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
88
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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EDUCAÇÃO: DIREITO HUMANO PARA O
PLENO DESENVOLVIMENTO DO SER
Cláudia Mota1
Flávia Paiva2
1. INTRODUÇÃO
2. DESENVOLVIMENTO
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Educação em Movimento:
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Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
3. CONSIDERAÇÕES
4. REFERÊNCIAS
ANDRADE, Marcelo. É a educação um direito humano? Em busca das ra-
zões suficientes para se justiçar o direito de formar-se como um humano. Edu-
cação (Porto Alegre, impresso), v. 36, n.1, p. 21-27, jan/abr. 2013.
BENEVIDES, Maria Victoria. Educação em Direitos Humanos: de que se
trata? Palestra de abertura do Seminário de Educação em Direitos Humanos,
São Paulo, 18/02/2000. Revisão da autora feita em abril de 2007.
96
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
97
A POLÍTICA SALARIAL PROFISSIONAL NACIONAL
EM MATO GROSSO DO SUL FRENTE AS MEDIDAS
DE AUSTERIDADE FISCAL
Ionaldo Julian Costa Bruno1
INTRODUÇÃO
simples, rápida e logo após o marco constitucional, pelo contrário, o que a his-
tória trará as novas gerações, as quais lerão sobre o tema, é que se tratando de
políticas públicas de valorização do magistério pelo Estado brasileiros, entes
federados e municípios, e um grande um número, reinsistiram em assegurar o
direito para estes trabalhadores.
Em específico, neste trabalho, compreendermos os caminhos que políti-
cas de valorização docente vêm sofrendo no estado de Mato Grosso do Sul, que
possui aproximadamente vinte mil professores e professoras em sua rede (BRA-
SIL, 2021), buscamos demonstrar como a garantia da efetivação destes direitos
caminhou diante dos distintos governos e reivindicações dos trabalhadores neste
tempo de austeridade, entendendo, como a legislação caminhou em segundo
plano diante dos dogmas das políticas neoliberais de austeridades.
A realidade que nos debruçaremos é a do estado do Mato Grosso do Sul
e suas medidas tomadas a partir de 2017, com aprovação da Emenda Estadual
Constitucional nº 77, de teto dos gastos da execução orçamentaria. Criou-se
assim, o cenário perfeito de aplicabilidade das políticas de austeridade e todo o
receituário do dogma neoliberal e suas contradições estruturais.
A metodologia usada para essa investigação é a pesquisa documental com
a utilização da produção científica de referências na área, de dados estatísticos
apresentados por instituições como INEP e legislações no âmbito nacional e do
espaço geográfico do estado de Mato Grosso do Sul. O trabalho foi divido em
duas partes distinta, abordando na primeira delas, uma discussão a respeito do
processo histórico de implementação de políticas de valorização da remunera-
ção docente no âmbito nacional, e no segundo momento uma investigação e
análise das políticas de austeridades no Mato Grosso do Sul, a fim de evidenciar
seus impactos no processo de solidificação de uma rede política em garantia dos
direitos de melhoria da remuneração do magistério.
para mensuração destas ações e seus resultados. Pensar essa qualidade é agrupar
uma série de intervenções que consiga remodelar uma nova qualidade, ou que,
[...] não se trata mais, como queria Rui Barbosa, de reproduzir o modelo
norte-americano. Na era da informação, ter ou não ter acesso à educação
faz enorme diferença. E mais: trata-se de encontrar um novo paradigma
de vida, de vida sustentável, que possa renovar nossos sistemas de ensino
e lhes dar sentido, como sustenta a Década das Nações Unidas da
Educação para o Desenvolvimento Sustentável (GADOTTI, 2008 p. 6).
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(ORGANIZADORAS)
Para Amaral (2016), essas despesas primárias são “[...] associadas ao pa-
gamento de pessoal e encargos sociais, outras despesas correntes água, luz, tele-
fone, limpeza, vigilância, terceirizados, material de consumo etc.), investimen-
tos (equipamentos, material permanente, construções etc.” (AMARAL, 2016).
O modelo adotado de manejo dos gastos do Estado estipulou para cada um
dos poderes da estrutura federativa brasileira, um limite de gastos controlados e
revisado pela inflação do ano anterior e pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA). Para Vazquez (2017) a síntese deste modelo econômico:
[...] desestrutura o financiamento da política social brasileira ao eliminar a
vinculação de receitas destinadas à educação e ao orçamento da segurida-
de social, que compreende as políticas de saúde, previdência e assistência
social. Tais vinculações expressam conquistas sociais que foram garanti-
das na Constituição de 1988, visando estabelecer prioridade e preservar
o gasto público nestas áreas sociais, independentemente do governo que
estivesse no poder (VAZQUEZ, 2017, p.1)
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(Organizadoras)
Ademais, outras medidas foram tomadas pelo governo estadual que as-
solaram a classe trabalhadora do setor, tal como o aumento da alíquota previ-
denciária de 11% para 14% ocorrida por meio da Lei nº 5.101/2017 (MATO
GROSSO DO SUL, 2017) apresentada sob a justificativa de controle do déficit
previdenciário, alinhado a um discurso de reequilíbrio das contas e um melhor
gerenciamento de gastos públicos.
A EC Estadual nº 77/2017 possibilitou ao estado de Mato Grosso do Sul
a tomada de medidas relacionadas “[...] ao contingenciamento de despesas com
pessoal, com o saneamento da folha de pagamento. O bloqueio de novos cargos
comissionados, reavaliação dos concursos públicos e nomeação de pessoal efeti-
vo” (FERNANDES, 2020 p. 3). Portanto, tais impactos da austeridade em MS
desencadearam uma série de ataques aos ganhos salariais docentes da REE/MS
e nos ganhos legislacionais da última década e ciclo político.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
extinção dos direitos trabalhistas, pela política de austeridade fiscal que revogam
as medidas protetivas ao trabalhador historicamente conquistados. O resultado
disso é o abandono do cumprimento das conquistas salariais nos últimos anos,
ameaçando a continuidade das políticas educacionais no interior das redes.
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111
A “NEUTRALIDADE” IDEOLÓGICA
NO ESPAÇO ESCOLAR
Maria Eduarda Klein Kulmann1
Gabriel Grabowski2
Lovani Volmer3
1. INTRODUÇÃO
2. IDEOLOGIA
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(Organizadoras)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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119
OS MOVIMENTOS DO NEOLIBERALISMO E O
RECENTE ATAQUE A EDUCAÇÃO NA EMENDA
CONSTITUCIONAL NÚMERO 95
Ionaldo Julian Costa Bruno1
INTRODUÇÃO
Momento esse que José Luis Fiori (2008, p. 164) descreve como o ponto
de partida, em que “[...] a fronda conservadora implodiu. Foi o período em que
121
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
uma política econômica de corte liberal encobriu uma luta feroz pela hegemonia
entre as várias frações burguesas e conservadoras unidas pelo apoio ao regime
militar”, agregando as velhas elites econômicas, as organizações conservadoras
civis e militares, no objetivo de retomada das instituições nacionais e a direção
do estado brasileiro.
Nos anos da ditadura militara2, têm-se início a inclinação para abertura do
livre mercado internacional mundial. E os militares no poder, passam a beber das
experiências mundiais concretas do neoliberalismo, dos quais, globalmente pres-
sionam ao enraizamento territorial da hegemonia3 econômica mundial neoliberal
principalmente via financiamento pelo Fundo Monetário Internacional – FMI.
Nas estruturas da base econômica do regime militar a grande preocupação
estava com as altas taxas de inflação, que já vinham incomodando o governo de
João Goulart do Partido do Trabalhista Brasileiro - PTB (1961 -1964), fenômeno
econômico recorrente, que e as intervenções dos militares buscou gerenciar de
forma sistemática, a fim de enfrentar essa pedra no sapato brasileiro. Para isso,
impuseram políticas que de certa maneira atingiram a classe trabalhadora e até
mesmo parte da elite econômica nacional.
Economicamente esse período ficou conhecido com o milagre brasileiro,
pois vimos um avanço em valores de crescimento do PIB e de investimentos
externos no Brasil, e as raízes “capitalistas se generalizam nas cidades e também
no campo e a economia brasileira atinge taxas de crescimento econômico jamais
visto antes ou depois” (MACIEL, 2016; SANTOS, 2021; MIGUEL, 2019). Ao
custo de vermos o país de endividar drasticamente, impondo os gestores destinar
um expressivo valor ao pagamento desta dívida.
O pensamento neoliberal não tem suas bases da doutrina liberalismo or-
todoxo, que deslocando do liberalismo clássico ou ordoliberalismo, pois sua es-
trutura está entrelaçada ao pensamento do mercado como o motor regulador do
sistema econômico livre, em um Estado pequeno, mínimo e que trabalhe pelo
mercado. O neoliberalismo desabrocha para comunidade internacional a partir
de um texto escrito quase na metade do século XX, no qual de Friedrich Hayek
o intitula de O Caminho da Servidão, pontuando suas ideias, e propondo um
[...] ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de
2 A ditadura militar brasileira permeou duas décadas assombrando a história recente nacional
de 1964 até 1985. O Golpe de Estado nacional foi desencadeado em 31 de março de 1964, e
tomando o poder das mãos do governo João Goulart e assumindo um presidente escolhido
de forma indireta, endossados por alas dos militares, da igreja católica e da sociedade civil.
3 O conceito de hegemonia que é abordado no marxismo, busca expressar as relações de
organizações sociais de um determinado momento histórico, atrelados aos encadeamen-
tos de relação “direção” em oposição do “domínio”, e também no sentido de “indicar
a sua particular valência em relação à genérica acepção de preeminência, supremacia”
(LIGUORI; VOZA, 2017 p. 177).
122
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
mercado por parte do Estado, denunciada como uma ameaça letal à liber-
dade, não somente econômica, mas também política. O remédio, então,
era claro: manter um Estado forte, sim, em sua capacidade de romper o
poder dos sindicatos e no controle do dinheiro, mas parco em todos os
gastos sociais e nas intervenções econômicas. (ANDERSON, 1995, p. 9).
4 A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi uma nação que surgi no ano de
1922 como fruto de uma revolução de 1917. Dentro desta união de repúblicas temos quinze
nações, sendo elas: Rússia, Ucrânia, Belarus, Estônia, Letônia, Lituânia, Armênia, Geórgia,
Moldávia, Azerbaijão, Cazaquistão, Tadjiquistão, Quirguistão, Turcomenistão, Uzbequis-
tão. A sua dissolução ocorreu no ano de 1991, no governo de Mikhail Gorbachev, princi-
palmente influenciada pelos problemas econômicos que se encontrava a URSS.
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(Organizadoras)
sempre esteve no centro das disputas pela classe dominante e “a nova utopia da
globalização e mais uma onda de liquidez internacional criaram as bases mate-
riais e ideológicas da nova virada liberal das elites no Estado brasileiro” (FIORI,
2008 p.195). Ainda que a classe de abastados brasileiros, sempre estivesse anexa-
da às bases dos governos ditatórias militares e se estruturando para permanecer
nos alicerces da constituinte e nos governos pós-redemocratização.
124
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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(Organizadoras)
o mercado e a elite financeira nacional. André Singer (2012, p. 10) escreve que se
estabelece “o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco central (BC) aumen-
tou os juros de 25% para 26,5%. [...] o executivo subiu a meta de superávit primário
de 3,75 em 2002, já considerada alta, para 4,25% do PIB”, instaurando medidas que
marcaram este primeiro momento e contribuíram para estruturarão de um superávit
primário da balança de arrecadação e gastos orçamentários em 2003.
Os anos subsequentes a esse primeiro pacto de arrocho financeiro, dos quais
se construíram às bases que estabilizaram a economia lulista, ficou conhecido como
o “milagrinho brasileiro” (CARVALHO, 2018 p. 13), pois apresentou uma boa recu-
peração econômica que se deu “sobre tudo pela expansão de 14,5% nas exportações
do país, [...]. No ano seguinte, o crescimento já foi bem mais modesto, a expansão
da economia em 2005 foi de 3,2% [...] (CARVALHO, 2018 p. 17).
Outro ponto que podemos destacar é que nos dois governos de Lula, até
o impeachment de Dilma, a base econômica se manteve dentro dos dogmas
do pensamento neoliberal que foram difundidos pelos organismos de financia-
mento internacional como FMI nos pensamentos dos Chicago boys. Segundo
Marcelo Curado (2011, p. 94) as ações realizadas se deram com uma
[...] política econômica manteve, com alterações marginais, o arranjo ma-
croeconômico definido na segunda gestão de Fernando Henrique Cardo-
so, ou seja, manteve o tripé metas de inflação, regime de câmbio flutuante
com intervenção (diry floating) e ajuste fiscal”.
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Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos anos de 1970, até os dias atuais estão registrados pela reto-
mada mundial do pensamento de estado mínimo e abertura global ao mercado
financeiro. O mundo passou a ser regido pelo discurso de um Estado mínimo e
desregulado, que vieram das duas grandes hegemonias mundiais do capitalismo.
O Keynesianismo norte americano e o Estado de bem-estar social europeu fo-
ram berços filosóficos e práticos do levante neoliberal. O qual se espalhou para
todo o globo, por meio coercitivo, da dominação hegemônica dos EUA no fim
da segunda guerra mundial.
O Estado brasileiro sofreu com o regime ditatorial durante 20 anos, pe-
ríodo que os militares pregaram um nacionalismo como inexistente. Apesar de
criarem algumas empresas estatais importantes, esse período foi marcado por
ações diretas para abertura econômica do mercado brasileiro, com o aprofunda-
mento do endividamento internacional, além de um descontrole generalizado
da infração e uma dívida externa gigantesca.
Já nos governos da pós-redemocratização de 1988 os partidos criados
com a abertura dos partidos político, o voto popular passou a conduzir os pre-
sidenciáveis civis ao poder executivo. Todos os presidenciáveis, com diferentes
linhas e visões ideológicas, construíram atitudes de alinhamento com mercado e
as diretrizes de instituições financeiras internacionais.
A resistência da esquerda e centro esquerda por um Estado com outro
modelo de gerenciamento, mesmo nos governos do PT, não conseguiu desvin-
cular as exigências do mercado financeiro internacional e as regras e influências
das crises cíclicas do liberalismo. Já o os governos de direita aprofundaram as
privatizações, seguiram as regras a bula do consenso de Washington e aplicaram
duros medidas de austeridades fiscais.
Como fruto desse momento, a Emenda Constitucional nº 95 deve atingirá
grande parcela de investimentos destinados a educação brasileira, pelo fato de criar
um teto de gastos, que impõem ao gestor do executivo um limite investimentos
diretos em educação. Produzindo um recuo em valor nominal de investimentos
em setores fundamentais, com seguridade social, educação e segurança pública.
Os movimentos do Estado brasileiro são travados dentro de um sistema
130
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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TEIXEIRA, Carmem Fontes de Souza; PAIN, Jairnilson. A crise mundial de
2018 e o golpe do capital na política de saúde no Brasil. CEBES – Artigo de
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em:< https://www.redalyc.org/journal/4063/406368998002/html/>. Acesso
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VARGAS, Evaldo. A república brasileira 1951-2010: de Getúlio a Lula. São
Paul: Cortez, 2015.
VAZQUEZ, Daniel Aria. O Plano Temer/Meireles contra o povo: o Des-
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Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
monte Social proposto pela PEC 241. São Paulo: 2016. Disponível em:<
https://plataformapoliticasocial.com.br/wp-content/uploads/2016/07/Des-
monteSocia lPlanoTemer.pdf>. Acesso em: 29 out. 2022.
VIEIRA, Evaldo. A república brasileira 1951-2010: de Getúlio a Lula. São
Paul: Cortez, 2015.
133
Eixo 3
EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E
HISTORICIDADE
ZIGMUNT BAUMAN E A MODERNIDADE LÍQUIDA:
SUJEITO E COISA PARI PASSU NO (DES)
COMPASSO DO CAPITALISMO
Cirlene Pereira dos Reis Almeida1
1. INTRODUÇÃO
2 O termo Numerus Clausus deriva do latim e, em uma tradução literal, significa números
fechados. Tal vocábulo é utilizado para designar um rol taxativo.
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(Organizadoras)
Zigmunt Bauman produziu uma vasta obra entre livros e artigos e traba-
lhou temas diversificados. Entretanto, foi a partir da publicação de “Moderni-
dade líquida”, no ano de 2001, que se notabilizou como um crítico da moderni-
dade, a qual, segundo o próprio filósofo define, é como uma sociedade líquida
e cujo foco está sempre num mesmo sentido: a inconstância que as formas do
capitalismo tardio impuseram e que cotidianamente impulsiona o ser humano
para uma vida sem estruturas sólidas sobre as quais tenta se apoiar.
O teórico é um dos representantes da chamada sociologia humanística,
posto que, na maioria de suas obras, dedicou-se a estudar a condição humana.
Alguns estudiosos o veem como um escritor perspicaz; outros como um autor
ingênuo e até pessimista.
Bauman (2001) produziu vasta obra, porém aqui serão apresentadas aque-
las que são o cerne de seu pensamento: a obra “Modernidade Líquida”. No livro
em questão, o articulista mostra que as ideias de emancipação, individualidade,
tempo e espaço, trabalho e comunidade estão propensas a mudar de maneira
rápida e imprevisível.
Para compreender, de maneira mais ampla, a respeito do conceito de Mo-
dernidade líquida, é necessário recorrer a alguns escritos de Bauman (2001). De
acordo com o filósofo, as várias esferas que compõem a sociedade contemporânea,
tais como vida privada, vida pública e relacionamentos humanos, transformam-se
cotidianamente, corroborando para que essas instituições percam a solidez e se
liquefaçam, tornando-se desproporcionais, irregulares. A modernidade líquida é
o tempo do desapego, provisoriedade e do processo de individualização. É tempo
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Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
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(Organizadoras)
conexões você tiver, mais importante você se torna. Quanto mais você ostentar,
mais célebre se tornará. No caso do Facebook, quanto mais amigos se tem, mais
requisitada a pessoa é.
Em relação ao sexo, transformou-se em mero objeto de prazer, diferente-
mente da modernidade sólida, que o considerava mais que uma forma de repro-
dução, era amor, emoção, confiança. Na modernidade líquida, sexo está vincu-
lado apenas a prazer, desse modo, quanto mais parceiros o sujeito tiver, melhor,
isso evita a criação de vínculos.
Em Bauman (2005), o consumo é uma das molas-mestras na moderni-
dade líquida, tanto que as pessoas consomem de modo irracional. Criou-se um
fetiche não apenas pela prática de consumir, mas também pelas marcas, não
se importando com o produto em si, mas com quem o fabrica e o seu preço. O
sujeito é “objetificado” pelo capitalismo, tornando-se apenas o que ele consome,
e não mais o que ele é. Na modernidade líquida, ter é mais importante do que
ser. A banalização da amizade e do namoro são reflexos desse modo de vida,
que prioriza o consumo e transforma as pessoas em objetos e essa promessa de
felicidade torna os seres humanos cada vez mais tristes, mais ansiosos, mais
depressivos, mais insatisfeitos consigo mesmos e, consequentemente, com os
outros também. Como esse prazer é efêmero, o sujeito sente a necessidade de
buscá-lo constantemente.
Nessa lógica, o sujeito é aquilo que ele consome. No discurso consumista,
o homem vive sua vida tranquilamente sem realmente querer saber sobre o que
está acontecendo à sua volta. Sente-se como um espectador e não como prota-
gonista. E nesse momento, incerto como o atual, consumir parece satisfazer as
ansiedades e necessidades dos seres humanos. E isso, para compreender a teoria
de Bauman, é primordial.
individualista, pensando em si próprio, nos seus próprios ganhos, por isso mes-
mo vai deixando de participar cada vez menos no governo do Estado, o que
consequentemente aumentará a distância existente entre a democracia ideal e a
democracia real. O que tem importância para o cidadão é o interesse e o consu-
mo próprio e isso transforma o mundo numa grande loja de departamentos, com
estantes contendo ofertas diversificadas.
O teórico alerta os indivíduos acerca da ressignificação do consumo na
atualidade, algo que saiu do campo semântico de compra, de mercadoria e ser-
viços, para o campo da configuração de novas relações sociais, principalmente,
no âmbito cultural. Considerando essa assertiva,
[…] ninguém pode se tornar sujeito sem primeiro virar mercadoria, e nin-
guém pode manter segura sua subjetividade sem reanimar, ressuscitar e
recarregar de maneira perpétua as capacidades esperadas e exigidas de
uma mercadoria vendável. A “subjetividade” do “sujeito”, e a maior par-
te daquilo que essa subjetividade possibilita ao sujeito atingir, concentra-
-se num esforço sem fim para ela própria se tornar, e permanecer, uma
mercadoria vendável. A característica mais proeminente da sociedade de
consumidores – ainda que cuidadosamente disfarçada e encoberta – é a
transformação dos consumidores em mercadorias (BAUMAN, 2008, p. 20).
Isso gera uma luta constante para se destacar da massa única, o que leva
ao uso das mais variadas tecnologias oferecidas pelo mercado consumidor. No
ambiente da sociedade líquida, tem-se outra forma de planejar e de se organizar
a vida, diferente daquela da modernidade sólida. As relações no primeiro tipo de
modernidade devem ser estabelecidas em um prazo mais curto, para tanto deve-
-se aproveitar as chances que a vida oferece, abandonando as chances anteriores
como quem troca de roupa ou de sapatos. Os objetos de consumo e as vidas
humanas ficam no mesmo patamar, ou seja, tornam-se equivalentes.
As ideias de Bauman são importantes porque soam como denúncia da
coisificação do homem e de sua transformação em mercadoria. Sua teoria cha-
ma a atenção no sentido de o ser humano despertar, questionar e se conscienti-
zar da necessidade da mudança, de maneira que as relações passem a ser vistas
não em termos de mercado, visto que a “mercadorização” das vidas humanas é
o estágio mais violento, a que o autor chamou de capitalismo parasitário.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo mostrar, por intermédio de um estudo bi-
bliográfico, a vida e a obra de Zygmunt Bauman, as características que permeiam
sua teoria e ainda a importância de suas ideias para a sociedade contemporânea.
Lançando mão de alguns livros desse autor e ainda de uma coleção de entrevis-
tas, foi possível traçar um perfil de boa parte das ideias que norteiam sua teoria.
142
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
4. REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Felipe Quintão de.; GOMES, Ivan Marcelo & Bracht, Valter. Bau-
man & a Educação. Autêntica Editora, Belo Horizonte, 2009.
BAUDRILLARD, Jean. O sistema dos objetos. São Paulo: Perspectiva, 1993.
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
BAUMAN, Zygmunt. Em busca da política. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2000.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade; tradução Mauro
Gama, Cláudia Martinelli Gama; revisão técnica Luís Carlos Fridman. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e holocausto; tradução Marcus Penchel.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida; tradução Plínio Dentzien. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2001.
BAUMAN, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi; tradução
Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
BAUMAN, Zygmunt. Vidas desperdiçadas; tradução Carlos Alberto Medei-
ros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005.
BAUMAN, Zygmunt. Professor with a past. Entrevista concedida a Aida Ede-
mariam, The Guardian, 2007.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo: a transformação das pessoas em
mercadorias. Jorge Zahar Ed., Rio de Janeiro, 2008.
BAUMAN, Zygmunt. Bauman sobre Bauman: diálogos com Beith Tester;
tradução Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2011.
143
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(Organizadoras)
144
SOCIEDADES PRISMÁTICAS, TRAÇOS CULTURAIS
E A PÓS-CONTEMPORANEIDADE: OS CAMINHOS
“PEDAGÓGICOS” DA COMPETIVIDADE E
SUSTENTABILIDADE NA ESTRUTURA
SOCIAL E PRODUTIVA BRASILEIRA
Paulo César Rodrigues de Mello1
INTRODUÇÃO
146
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seja, são aqueles que coordenam a prática e a ação dos princípios, normas e
procedimentos que emanam do sistema institucional.
FIGURA 1
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FIGURA 2
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FIGURA 3
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FIGURA 4
Fonte: A Escala Ecológica de Riggs. Elaboração do autor, 2022. Adaptado de Ramos, 1966.
151
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(Organizadoras)
3 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
AMORIM, Mauro Pires. Administração em Países em Transição: Riggs e o
modelo prismático. Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro,RJ. V2. N.7, p.
113-129, dez. 1996.
BRASIL. MINISTÉRIO DA ECONOMIA. EMPREENDEDORISMO: Mais
de 1,3 milhão de empresas são criadas no país em quatro meses. Disponível
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mais-de-1-3-milhao-de-empresas-sao-criadas-no-pais-em-quatro-meses. Acessa-
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DAMATTA, Roberto. A casa & a rua. Espaço, cidadania, mulher e morte no
Brasil. 6ª ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
PRATES, Marco Aurélio Spyer; BARROS, Betania Tanure de. O estilo brasi-
leiro de Administrar. São Paulo: Atlas, 1997.
RAMOS, Guerreiro. Administração e estratégia de desenvolvimento. Rio de
Janeiro: FGV, 1966.
RIGGS, Fred W. Ecologia da Administração Pública. Rio de Janeiro: FGV,
1964.
156
DE ALCOBAÇA À CIDADE DA ENERGIA:
A INTENSA E ACELERADA EXPANSÃO DO
MUNICÍPIO DE TUCURUÍ (1978-1985)
Marta Macedo1
Alberto Damasceno2
INTRODUÇÃO
ANTIGA ALCOBAÇA
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(Organizadoras)
3 Descimento eram as expedições jesuíticas que tinham como objetivo doutrinar e aculturar
os indígenas com os ensinamentos cristãos e habituá-los ao trabalho rotineiro. A maior
parte da tarefa extrativas das drogas do sertão era dos indígenas.
160
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Fonte: : <http://www.vfco.brazilia.jor.br>.
161
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Mello (2015) destaca três grandes ciclos econômicos para a região: os 300
anos das ‘drogas do sertão’ no período colonial, os 60 anos do período da borra-
cha e os 10 anos do dito ‘milagre econômico’ no período militar e a implantação
dos grandes projetos para a Amazônia que se constituíram em iniciativas nas
áreas de mineração, madeira, agropecuária e energia elétrica, modificando de
modo estrutural a economia e o meio ambiente.
O dito “milagre econômico” no período militar deu origem às primeiras
ideias sobre a construção da barragem de Tucuruí, uma empreitada do capitalis-
mo para a região que seria tema de extensos debates no campo social, político,
ambiental e econômico pois como vimos, modificaria drasticamente a pequena
cidade de Tucuruí4 que passou a ser conhecida como “cidade da energia”.
CIDADE DA ENERGIA
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5 Segundo Marin “A cidade empresa é a matriz formativa de uma organização que se desen-
volve sob uma forma particular de sociedade industrial na região amazônica, portanto, ela
não aparece com outra vocação, com outra cultura ou ethos urbanos, a não ser a própria
fisionomia da empresa a sua logomarca” no prefácio do livro Cidade e Empresa na Ama-
zônia: gestão do território e desenvolvimento (2002).
6 Segundo a autora, além de 2.430 km2 de área inundadas para o reservatório (duas vezes
maior que o Estado do Rio de janeiro), para o canteiro de obras foi desmatada uma área
de 191.840 m2 (o equivalente a 26 campos de futebol) quanto ao aumento da população
cerca de 70% dos trabalhadores vinham das regiões Sul e Sudeste.
164
Educação em Movimento:
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7 De acordo com relatórios da UIE nos arquivos da biblioteca pública da Vila Permanente
em Tucuruí.
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Fonte: blogtucurui.blogsot.com
CONSIDERAÇÕES FINAIS
166
Educação em Movimento:
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tão diferenciado, modificado e controlado. Além disso, tal investigação nos de-
manda diversos questionamentos sobre a relação pública e privada das empresas
e do Estado que organizaram esta rede de ensino para a região, mantendo um
poder de decisão inquestionável na época, além das profundas transformações
culturais que ocorreram neste espaço devido à presença de sujeitos de outras
regiões, principalmente Sul e Sudeste.
Se os desafios para a Amazônia ainda são muitos, sua superação ou mi-
tigação depende de um novo modelo de desenvolvimento que difira da lógica
capitalista de apropriação privada da natureza, com suas matrizes econômicas
e sociais excludentes e destrutivas. Nesse sentido, são imprescindíveis políticas
públicas de base científica, comprometidas com as demandas das populações
locais e voltadas para as futuras gerações, além de investimentos na ciência e em
pesquisas que valorizem os saberes locais envolvendo maior número de institui-
ções para o fortalecimento da democracia.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Aline Reis de Oliveira. Os territórios protegidos e a Eletronorte na área
de influência da UHE Tucuruí. Dissertação de mestrado. UFPA; Belém, 2008.
CASTRO, Edna R. de; CAMPOS, Índio. Formação socioeconômica da
Amazônia (Orgs.). Belém: NAEA/UFPA, 2015. Disponível em: http://www.
fundoamazonia.gov.br/export/sites/default/pt/.galleries/documentos/acervo-
-projetos-cartilhas-outros/UFPA-NAEA-Livro-02_Formacao-Socioeconomica-
-Amazonia.pdf. Acesso: 26 mar. 2021.
COLARES, Anselmo Alencar. História da educação na Amazônia. Questões
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On-line. Campinas, número especial, p.187-202, out 2011.
DA MATTA, Roberto e LARAIA, Roque de Barros. Índios e castanheiros:
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GOMES, G. M.; ROCHA C. B. In: TRINDADE JR Saint-Clair Cordeiro da;
ROCHA, Gilberto de Miranda. (org.). Cidade e empresa na Amazônia: gestão
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formações espaciais. Belém: Paka-Tatu, 2002 p. 27-57.
MACIEL, Antônio Carlos. A formação cultural da Amazônia e a ocupação
econômica de Rondônia a partir de 1970: o último round da resistência ca-
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mação docente. Araraquara-SP: Junqueira & Marin, 2012.
MELO, Alex Fiúza de. Dilemas e desafios do desenvolvimento sustentável da
Amazônia: O caso brasileiro. Revista Crítica de Ciências Sociais, 107, setem-
167
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
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CAMPO NOVO DE PARECIS-MT:
UM ESTUDO SOCIOLINGUÍSTICO DA ESCOLA
URBANA JARDIM DAS PALMEIRAS E A
EDUCAÇÃO INDÍGENA
Paula Torres Fernandes1
Karina de Jesus Araújo2
Manoel Mourivaldo Santiago Almeida3
1. INTRODUÇÃO
Arara Azul, 580 NW, Bairro Jardim das Palmeiras, Cidade de Campo Novo do
Parecis – MT. Ela tem um papel social importantíssimo no município por atender
crianças de bairros periféricos, proporcionando, além de aprendizado, socializa-
ção, inclusão, e benefícios às famílias como, por exemplo, parcerias com atendi-
mento médico oftalmologista, distribuição de óculos, cestas básicas e etc.
Conforme consta no Plano Político Pedagógico (2021), a EMJP tem
como alguns de seus objetivos garantir os conhecimentos básicos a todos os
alunos matriculados, possibilitando-lhes um ensino de qualidade bem como
contribuir para a formação do aluno tendo como meta à participação contínua
na comunidade, na efetivação do conhecimento, da cultura e dos valores éticos
e morais, alicerçados nos conhecimentos técnicos e científicos e ainda, aperfei-
çoar os meios de integração entre escola e comunidade, buscando disseminar a
participação e a cooperação O que justifica a fala anterior sobre à escola exercer
cunho social na comunidade. A Figura 02 mostra a fachada da escola.
A Educação Escolar Indígena tem sido uma temática relevante para a rea-
lização de estudos em diferentes áreas, tendo em vista o conjunto de diretrizes,
documentos e amparos legais que evidenciam o reconhecimento do direito dos
índios a firmarem a identidade sociocultural, o uso de suas línguas maternas e
os processos próprios de aprendizagem, no intuito de proteger as manifestações
das culturas indígenas e salvaguardar as línguas (COELHO e ANDRADE, 2021
apud, BRASIL, 1988; BRASIL, 1996; BRASIL, 1998).
Para Barcellos (2016, p. 08), retratar a Sociolinguística é:
Pensar sobre o estudo da língua falada vinculada ao contexto social, sob
a influência de fatores como etnia, sexo, faixa etária, nível social, grau de
formação etc. Estudar a fala das comunidades linguísticas requer alguns
cuidados durante a coleta de dados, de forma a garantir a cientificidade do
método sociolinguístico.
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Educação em Movimento:
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Calvet (2002, p. 36), “o indivíduo também pode estabelecer o contato entre lín-
guas quando são utilizadas alternadamente pela mesma pessoa”.
Ademais, Mussalin (2001, p. 31), “apresenta como estudo da Sociolin-
guística, observa as relações entre linguagem e sociedade, que se funda mediante
um contexto histórico e cultural construído ao longo do tempo”. O estudo da
Sociolinguística é o estudo da língua falada, observada, descrita e analisada em
seu contexto social.
Tem como ponto de partida uma comunidade linguística específica e o
compartilhamento verbal de um conjunto de normas a respeito dos usos linguís-
ticos. Essa comunidade de fala se caracteriza por indivíduos que se relacionam
por meio de redes comunicativas diversas e que orientam seu comportamento
verbal por um conjunto de regras comuns (MUSSALIN, 2001. p. 31),
A Linguística é uma ciência ampla e abrange também o estudo da “mor-
fologia”, que vem a ser o processo de formação das palavras e suas classificações
no que tange o aspecto gramatical; porém para que tal fenômeno faça sentido,
devem ser levados em consideração os aspectos socioculturais da comunidade.
Desta forma, a definição de uma palavra não é simples, e no caso dos neologis-
mos, estão atrelados à falta de itens lexicais para que estabelecer um canal de
comunicação linear, como afirma Mussalin (2001, p. 78).
Assim, as pessoas são confrontadas cotidianamente com problemas na
comunicação, apesar de todas elas serem utentes de alguma língua natural. Com
isso, todos os dias surgem à necessidade de novas palavras para nomear coi-
sas, objetos, etc. que sua língua não designava antes. Esse processo criativo é
conhecido como “neologismo”. Calvet (2002, p. 35), “assinala ser essa uma
realidade universal, e que apresenta registros desde o período de colonização”.
Ainda Calvet (2002, p. 33), “ressalta que os itens lexicais fazem parte do
“léxico”, um conjunto de palavras pertencentes à determinada língua (dicio-
nário)”. Esta língua estará sempre em processo de mudança em sua estrutura
interna ou nas atitudes linguísticas. A ação sobre a língua apresenta diferentes
objetivos entre eles a revitalização da língua em sua forma escrita ou falada. A
Sociolinguística, portanto, é a linguística constituída em um campo amplo de
estudo, englobando: morfologia, neologismos, o léxico, dentre outros objetos.
A língua é fruto das experiências socioculturais do povo que a fala, como
também traduz sua singularidade nas formas de representar as relações que a
permeiam e que a morte de uma língua significa uma perda imensurável para a
humanidade. No caso do Brasil, apesar da exigência do uso da língua portuguesa,
outras línguas, mesmo sendo minoritárias não deixaram de existir, foram sendo
extintas, por serem menos prestigiadas pela sociedade (OLIVEIRA 2019, p. 43).
Os conflitos do contato linguístico não possuem ordem estrutural formal,
174
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
sendo antes dinâmicos, em que a ação dos falantes de uma comunidade sofre in-
fluência da língua de contato, de patamar dominante, respaldado na política de
línguas exercida pela sociedade. Essa é a mesma realidade da Escola Municipal
Jardim das Palmeiras, localizada em área urbana, a ser investigada, em que a
língua padronizada é o português e a minoritária é o indígena.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A luta dos povos indígenas é por uma escola diferenciada que valorize sua
cultura e que tenham professores capacitados para a transmissão de conhecimen-
tos. Porém, outra realidade é a que se observa no município de Campo Novo do
Parecis-MT, em que encontram indígenas que matriculam seus filhos em escolas
da rede estadual e municipal de ensino, onde os professores não recebem prepara-
ção nem capacitação adequada para trabalhar com o alunado indígena, em alguns
casos não sabendo nem mesmo que na sala de aula há crianças e/ou jovens indí-
genas, deixando estes à margem do processo de ensino e aprendizagem.
Para o artigo utilizou-se de entrevistas. Dados coletados através de 04
(quatro) professores que ministram aulas aos alunos indígenas citados no traba-
lho. Segundo os professores entrevistados, na escola não é ofertado o ensino da
língua materna por professores indígenas, pelo fato de não existir profissionais
nativos. Segundo eles, é um fato lamentável porque o aluno indígena tem um
saber diferente do saber do não indígena e os profissionais em sua prática peda-
gógica devem reconhecer e compreender as diversas culturas presentes em sala
de aula, considerando essa multiplicidade de formas de percepção do mundo e
apreensão da realidade e dos conhecimentos.
Referente à segunda pergunta, se os professores dessa unidade escolar
recebem formação continuada que implemente, costumes indígenas ou ainda
compreensão da língua materna dos mesmos por formadores indígenas, os do-
centes relataram que a escola faz esporadicamente encontros que viabilizem esse
contato com a etnia em estudo, palestras ministradas por professores indígenas
que se deslocam da aldeia até a cidade no intuito de mediar essa formação.
No entanto, se faz necessário implantar com mais frequência esses atos na
escola. De forma que gere um acompanhamento contínuo para que seja possível
uma prática pedagógica diferenciada que supra essa demanda de alunos indígenas
178
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
na escola urbana, faz-se necessário e urgente a revisão das políticas públicas existen-
tes voltadas para educação escolar indígena nas escolas urbanas, pois anualmente
escolas estaduais e municipais recebem crianças e jovens indígenas, sem, no entanto,
ter professores qualificados o suficiente para trabalharem com essa realidade.
Por mais que a escola tenha em seu Projeto Político pedagógico (PPP),
ações objetivas de contribuir para a formação do aluno tendo como meta à par-
ticipação contínua na comunidade, na efetivação do conhecimento, da cultura
e dos valores éticos e morais, alicerçados nos conhecimentos técnicos e cientí-
ficos; respeitar e valorizar a diversidade cultural e socioeconômica do aluno,
não foi implantado até o momento mecanismos para o ensino mútuo da língua
portuguesa e língua materna na tentativa de dar manutenção à cultura nativa.
Historicamente percebem-se conquistas legais significativas, porém aten-
dendo somente a realidade de uma educação escolar indígena nas comunidades
indígenas de cada povo, ficando ignorado o processo de ensino e aprendizagem
vivenciado pelos indígenas em escolas urbanas, localizadas fora de suas comuni-
dades. Isso responde os questionamentos feitos nas perguntas seguintes lançadas
aos docentes, relacionadas às políticas públicas existentes ou não e, se a escola
em questão está amparada ou não por tais ações.
Além disso, foi exposto o entendimento por parte dos professores sobre a
necessidade de superar a visão reducionista e considerar a interculturalidade em
sua prática metodológica de ensino, tendo um olhar mais aprofundado sobre a
pluralidade cultural existente em sala de aula. E, para que haja essa conscienti-
zação é preciso uma formação continuada sobre o assunto com aportes teóricos
e metodológicos que possam efetivar sua atuação de forma a estabelecer um
relacionamento com os alunos indígenas no processo de ensino e aprendizagem
dentro da escola urbana.
Para tanto, os professores gostariam de trabalhar nessa perspectiva de en-
sino para desenvolver aulas que englobem os diferentes saberes produzidos pelos
alunos indígenas, considerando que esse estudo intercultural abre portas para
conhecer e reconhecer o envolvimento e a inter-relação entre as diversas culturas
que compõe o espaço escolar.
Em suma, os resultados designam à importância de revitalizar a varieda-
de de línguas e diversidade das situações culturais, linguísticas e geográficas dos
povos nativos, observados em discussões que incluam dimensões relacionadas à
diversidade, à interculturalidade e à formação integral, bem como, a necessidade
da preparação e da exposição de materiais didáticos que assegurem estudantes
indígenas e não indígenas.
179
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(Organizadoras)
REFERÊNCIAS
BARCELLOS, Eliana Cristina Caporale. Sociolinguística. Edição do Kindle,
2016, p.08.
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181
PRÁTICAS DO SISTEMA DE CONTAGEM
GUARANI DA TERRA INDÍGENA
TEKOHA OCOY
Rhuan Guilherme Tardo Ribeiro1
Josie Agatha Parrilha da Silva2
Vânia de Fatima Tluszcz Lippert3
Bruna Marques Duarte4
Renato Souza da Cruz5
INTRODUÇÃO
183
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
2010, as populações indígenas do Brasil são de 896,9 mil indígenas, as quais com-
põem 0,4% da população brasileira atual. A Fundação Nacional do Índio - FUNAI
identificou 505 terras indígenas que representam 12,5% do território nacional, 106,7
milhões de hectares, destes, sua maioria se localiza em área rural. Em 2005, a po-
pulação Guarani no continente foi estimada em 94.657 habitantes. No Brasil, de
acordo com o IBGE (2010), esse número é de 67.523 indígenas (RIBEIRO; MA-
CHADO; TRIVIZOLI, 2021; RIBEIRO; MACHADO; SILVA, 2021).
Neste panorama, destacamos os que residem no Paraná, sendo quatro po-
vos: Guarani, Kaingang, Xokleng e os Xetá, com um total aproximado de 13.300
indígenas, sendo 30% guaranis, de tronco linguístico Tupi-Guarani. Apesar de os
guarani terem sofrido intensa imposição governamental e política no que se refere
aos seus saberes tradicionais e culturais, estes ainda conservam grande parte de suas
tradições como sua língua materna, seus artesanatos e seus rituais em adoração a
Nhanderu (Deus) na casa de rezas (RIBEIRO; MACHADO; TRIVIZOLI, 2021).
A comunidade da aldeia Tekoha Ocoy, conhecida como Avá-Guarani6 do
Ocoy, se localiza atualmente no município de São Miguel do Iguaçu, no oeste do
Paraná. Sua história e localização sofreram fortes influências estruturais a partir
da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu em Foz do Iguaçu-PR na década
de 1970, visto que originalmente essa comunidade se localizava na região trí-
plice fronteira e com as inundações das terras, os guaranis perderam parte de
seu território, parte de seu isolamento social e sofreram intensa influência não
indígenas sobre os seus fazeres e saberes (RIBEIRO, 2019).
O embate histórico entre a construção da usina e a manutenção da tra-
dição indígena, pesou em vitória para o primeiro protagonista, e no início da
década de 1980, a comunidade foi levada para uma porção menor de terra (de
condições não equiparáveis ao local que habitavam) em São Miguel do Igua-
çu-PR, às margens do lago de Itaipu, denominada aldeia Tekoha Ocoy. Ribeiro
(2019) destaca o desrespeito a esses povos singulares, que deveriam ser protegi-
dos constitucionalmente.
Hoje cerca de 850 pessoas vivem na aldeia Guarani do Ocoy, numa área
de 231 hectares de terra. Essa população pertence aos subgrupos dos Mbya e
Ñhandeva, duas das três divisões dos povos Guarani. Ainda falam a língua Gua-
rani, traço de extrema importância para a manutenção da sua cultura. Caracteri-
zam-se também pela maioria das famílias não permanecerem em um mesmo lo-
cal por muito tempo, pois se deslocam de uma comunidade indígena para outra
e entre os países da tríplice fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) (RIBEIRO,
6 “Os Avá-guarani é uma denominação dada ao grupo indígena distribuído entre o leste da
Bolívia, oeste do Paraguai, noroeste da Argentina e sul e centro-oeste do Brasil” (RIBEI-
RO, MACHADO, TRIVIZOLI, 2021, p. 16).
185
Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
2019).
Na Figura 1 é possível observar a localização que compreende o aldea-
mento Guarani do Ocoy:
187
EUNICE NÓBREGA PORTELA | DIRCE MARIA DA SILVA | BRUNA BEATRIZ DA ROCHA | REBECA FREITAS IVANICSKA
(ORGANIZADORAS)
188
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
.
Fonte: Autores, 2022.
1 Peteĩ
2 Mokõi
189
EUNICE NÓBREGA PORTELA | DIRCE MARIA DA SILVA | BRUNA BEATRIZ DA ROCHA | REBECA FREITAS IVANICSKA
(ORGANIZADORAS)
3
Mbohapy
4 Irundy
5 Po
Poteĩ
6
7 Pokõi
Poapy
8
190
EDUCAÇÃO EM MOVIMENTO:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
9 Porundy
10 Pa
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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derno de Resumo XV EBRAPEM, 2011. v. 01.
LÜBECK, M.; RODRIGUES, T. D. Incluir é Melhor que Integrar: uma con-
192
Educação em Movimento:
Transformações e desafios na Contemporaneidade - Volume 2
193
POSFÁCIO
Posfaciar este livro é uma empreitada prazerosa; é falar dos muitos apren-
dizados que sua leitura me proporcionou. Um foi ter tido o privilégio de ser uma
das organizadoras, juntamente com as professoras Dirce Maria da Silva, Rebeca
Freitas Ivanicska e Bruna Beatriz da Rocha. Outro, foi de ser autora e coautora
de alguns artigos que a compõem, seguido do privilégio de poder organizar a
obra em eixos temáticos, sendo esta última uma tarefa não muito simples. A
escolha, enquanto ato político e responsável, nos coloca diante do respeitoso
desafio de escolher os contornos que serão essenciais para a composição, se-
quenciamento e compreensão das temáticas apresentadas pelos pesquisadores.
A todos nosso muito obrigada!
Cabe informar que a escolha dos eixos permitiu ainda a abertura de um
espaço de diálogo entre os diferentes autores entre si e entre seus leitores, pois
entendemos que existe a possibilidade dessa troca. Mesmo quando o leitor não
possa acrescentar suas percepções ao conteúdo da obra, o diálogo ocorre de
forma indireta e o conhecimento se propaga de forma espontânea, comprome-
tida, democrática e transformadora, pois cada um faz a leitura e releitura dos
contextos, imprimindo suas percepções e modificando suas práxis.
Esse movimento é a expressão da dialética apresentando posições, oposição
e conflitos, originados pela contradição entre princípios teóricos ou fenômenos em-
píricos e a realidade social e histórica. Representa não só a possibilidade do diálo-
go, como também do debate entre interlocutores comprometidos com a busca do
conhecimento, apreensão e percepção da realidade em suas diferentes totalidades.
Este livro é parte da história da educação em movimento permanente.
Um espaço em que Pós-Doutores, Doutores, Mestres, Especialistas e Gradua-
dos se unem para a construção de saberes sobre as práticas educativas e lançam
diferentes olhares sobre a totalidade, que, na tradução de suas concepções sobre
o processo educativo, imprime a subjetividade de um sujeito partícipe do proces-
so de transformação das realidades, vistas sob o prisma do pesquisador.
Ao leitor, deixo o convite para traduzir em forma de texto suas inquieta-
ções, buscas, percepções e concepções, e, quem sabe, participar como autor de
outras coletâneas conosco. Fica o convite, o desafio e a nosso profundo agrade-
cimento pela leitura e propagação de saberes.
194
ORGANIZAÇÃO
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Eunice Nóbrega Portela | Dirce Maria da Silva | Bruna Beatriz da Rocha | Rebeca Freitas Ivanicska
(Organizadoras)
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