Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Química/CCE.
Área e sub-área do conhecimento: Química/Química Analítica.
Palavras-chave: Carboidratos em folhas, Extração de Carboidratos, Rollinia
mucosa.
Resumo
As folhas do Biribazeiro, Rollinia mucosa, assim como em todas árvores ocorre
uma variação de concentração de carboidratos ao longo do período anual. Essa variação pode ser explicada por fatores, como a fotossíntese, ou direcionamento destes metabólitos para outras vias, como na frutificação ou processo de anelamento, onde ocorre um aumento da proporção de carboidratos nas folhas, encaminhados para a produção de frutos. Na floração ocorre o maior consumo de carboidratos na planta, com isso existe menor taxa de carboidratos nas folhas. Nesse trabalho foi determinado o teor total de carboidratos das folhas de Rollinia mucosa com variação de colheita sazonal por estações do ano e intensidades luminosas. As folhas foram coletadas durante o inverno, primavera, verão e outono provenientes de diferentes intensidades luminosas. As folhas com maior teor médio de carboidratos, visto por estações, são as cultivadas no outono, folhas estas colhidas no auge da frutificação, e no inverno a menor, folhas do período de floração da planta. A partir da intensidade luminosa temos que folhas tratadas no sol, colhidas no verão possuem maior quantidade de carboidratos. O verão é a estação do ano em que a fotossíntese ocorre em maior escala que as outras estações.
Introdução
Rollinia mucosa, mais conhecida como Biribazeiro, é uma árvore tropical da
família Annonaceae, de origem ocidental Índia e amazônica, que se adapta facilmente em lugares de solos férteis, além de drenados, ou seja, derivados de rochas básicas, portanto de característica argilosa com abundância de umidade, e óxidos de ferro, manganês e titânio. O Biribá tem uma grande importância medicinal, em que suas folhas e frutos podem ser utilizadas em tratamento de problemas intestinais e estomacais, cólica, reumatismo, além disso pode atuar como antitumoral, anti-inflamatório e cicatrizante. (COSTA, MULLER, 1995; GAD et al., 2013; POTT, 1994). Os chamados medicamentos fitoterápicos são utilizados em tratamentos médicos, muito usados na forma de fármacos devido a presença de metabólitos ativos. Os carboidratos são compostos abundantes nos alimentos, com a função nutricional de ser usado para gerar energia, além de estar nos alimentos, estes carboidratos também estão presentes nas folhas das árvores produtoras. (GOMES, et. al., 2002). A árvore da Rollinia varia de porte médio a alto,
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29 a 31 de outubro de 2018 possuindo folhagem temporária, ou seja, há um período que ocorre mudança folicular. A floração nessa espécie tem início entre os meses de outubro a dezembro, sendo posteriormente a frutificação de novembro a maio do ano sequente. (CAVALCANTE, 1992; COSTA, MULLER, 1995; FALCÃO et al., 1981). Durante o ano pode haver variações nas concentrações de carboidratos presentes nessas folhas, isso devido a fatores que interferem na produção deste metabólito, como a influência do clima que pode aumentar a biossíntese deste composto, por favorecer a fotossíntese (processo de produção de energia e alimento de seres vegetais). (GOLDSCHMIDT, GOLOMB, 1982); ou direcionam estes carboidratos para vias que necessitam, como na frutificação, que passa pelo processo chamado de anelamento, onde ocorre o bloqueio de foto assimilados (carboidratos) nas raízes e consequentemente aumento nas folhas, disseminados então para a produção de frutos. (IGLESIAS et al., 2002; LI et al., 2003; RIVAS et al., 2006). E na floração ou florescimento, tempo de maior consumo de carboidratos, nesta época as folhas costumam ter menor porcentagem de carboidratos do que na frutificação e após a abscisão floral (ação de hormônios naturais que provocam queda das flores). (GUARDIOLA et al., 1984) Portanto, neste trabalho foram feitas extrações de carboidratos em folhas de Rollinia mucosa com variações sazonais e sob influência solar ou autossombreadas.
Materiais e Métodos
As folhas foram coletadas durante o inverno (julho de 2011), primavera
(setembro de 2011), verão (janeiro de 2012) e outono (março de 2012) em distintas condições de luz solar (folhas autossombreadas e expostas ao sol) em uma horta experimental da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Paraná. Amostras comprovativas dessas folhas foram armazenadas no herbário da UEL, com as seguintes identificações: folhas ao sol (49.286) e folhas auto sombreadas (49.287). O material vegetal foi tratado por secagem realizada em temperatura ambiente (25ºC) por 9 dias, posteriormente essas folhas foram trituradas e armazenadas em sacos transparentes à vácuo e congeladas. Antes da extração estes foram secas em estufa a 25ºC por 4h em frasco aberto. Amostras de 1 g foram emergidas em 25 mL de água destilada acidificada com ácido clorídrico (pH≈2,5), mantidas por 4 h em temperatura ambiente e depois 1,5 h a 90ºC. Filtradas a vácuo, ajustou-se o pH do líquido (pH≈1), entocando-o por 20 minutos. Centrifugou-as por 5 min. a 2000 rpm, neutralizou- se o sobrenadante com solução de hidróxido de sódio na concentração de 10 mol L-1, centrifugando-as nas mesmas condições anteriores, o sobrenadante foi concentrado até obter 1/10 (v/v) em temperatura ambiente. Adicionou-se etanol até a proporção de 30% (v/v), em agitador magnético, mantendo por 20 minutos. Centrifugou-se novamente, tratando o sobrenadante com solução de etanol 60%, armazenada por 8h em congelador. Centrifugou-se a solução por 10 min. a 4000 rpm, e o precipitado foi liofilizado. Esse procedimento foi realizado em triplicata. (GUO et al., 2013)
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29 a 31 de outubro de 2018 Resultados e Discussão
A partir da análise gravimétrica tem-se a massa extraída de carboidratos, assim
pode-se calcular a média e seus desvios, separadas de acordo com o cultivo. Analisando os resultados, temos que as folhas com maior quantidade de carboidratos são as colhidas no outono, seguido das colhidas no verão, primavera e inverno, respectivamente, sem especificar as influências do sol ou auto sombreadas. No outono, folhas colhidas em março, auge da frutificação, como visto, temos que é o período em que a planta está passando pelo processo de anelamento, podendo isso então justificar a maior proporção de carboidratos nas folhas, e no inverno a menor, por ser época de floração e período que passa por queda das folhas devido a diminuição de carboidratos. Estudando por estação, temos que no inverno e verão, característicos por extremos de maior frio e calor, respectivamente, contém maior porcentagem de carboidratos em folhas colhidas sob influência do sol. No outono e primavera, climas intermediários, ocorre uma inversão, as folhas de maior porcentagem de carboidratos são as colhidas na sombra. Para as folhas cultivadas sob sol as que possuem maior massa média de carboidratos são as colhidas no verão, seguido de inverno, outono e primavera, respectivamente. Sabendo que todo material vegetal faz fotossíntese, processo esse que necessita de luz solar, temos uma justificativa plausível para a alta proporção de carboidratos em folhas tratadas no sol, na estação do verão, pois essa é a estação de maior luminosidade, por consequência, faz mais fotossíntese, portanto há maior quantidade de carboidratos. Por contradição, o inverno é o segundo com maior porcentagem de carboidrato, sendo a estação com menor radiação solar, isso pode ser explicado por ser o período em que a árvore acaba de passar pela frutificação, ou seja, a concentração de carboidratos pode ainda estar maior devido ao anelamento. Além disso ainda temos que as folhas colhidas na sombra, na estação do outono apresenta maior quantidade de carboidratos, seguido de primavera, verão e inverno. Como essas amostras são autossombreadas, explicasse o fato de as folhas tratadas no outono estão com maior quantidade de carboidratos novamente pelo período de frutificação. Verão e inverno apresentam uma diferença relativamente baixa entre eles, por ser folhas autossombreadas a fotossíntese não tem influência significativa neste caso.
Conclusões
Em suma de modo geral as folhas obtidas no outono se sobressaem em
proporção e nas folhas autossombreadas por motivos do processo de frutificação da árvore, que passa por etapas de direcionamento de carboidratos e nutrientes para as folhas. As folhas colhidas no verão se destacam com a influência solar devido ao aumento da fotossíntese que é um processo natural das plantas no geral.
Agradecimentos
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29 a 31 de outubro de 2018 Agradeçemos a Universidade Estadual de Londrina e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela bolsa recebida.
Referencias
CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia. Museu Paraense Emílio
Goeldi, Belém 1972. 84p. MPEG. Publicações Avulsas, 17. COSTA, J. D., & MULLER, C. H. Fruticultura tropical: o biribazeiro Rollinia mucosa (Jacq.) Baill. Belém, EMBRAPA-CPATU, 35p, 1995. FALCÃO, M.A.; LLERAS, E.; KERR, W.E.; CARREIRA, L.M.M. Aspectos fenológicos, ecológicos e de produtividade do biribá (Rollinia mucosa (Jacq.) Baill.). Acta Amazônica, Manaus v.ll, n.2, p.297-306, 1981. GAD, H. A.; EL-AHMADY, S. H.; ABOU-SHOER, M. I.; AL-AZIZI, M. M.; Phytochem. Anal. 2013, 24, 1. GOLDSCHMIDT. E. E.; GOLOMB, A. The carbohydrate balance of alternate- bearing citrus tree and significance of reserves for flowering and fruiting. Journal American Society Horticultural Science, Alexandria, v.107, p. 206-208, 1982. GOMES, P. D. A., FIGUEIRÊDO, R. D., & QUEIROZ, A. D. M. Caracterização e isotermas de adsorção de umidade da polpa de acerola em pó. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, 2002. p. 157-165. Disponível em: < http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev42/Art428.pdf >. Acesso em 20 de agosto de 2018. GUARDIOLA, J. L.; GARCÍA-MARI, F.; AGUSTÍ, M. Competition and fruit set in Washington Navel orange. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 62, p. 297- 302, 1984. GUO, H., LIU, F., JIA, G., ZHANG, W., & WU, F. Extraction optimization and analysis of monosaccharide composition of fucoidan from Saccharina japonica by capillary zone electrophoresis. Journal of applied phycology, 2013. p, 1903- 1908. https://doi.org/10.1007/s10811-013-0024-5 IGLESIAS, D. J.; LLISO, I.; TADEO, F. R.; TALON, M. Regulation of photosynthesis through sauce: sink imbalance in citrus is mediated by carbohydrate content in leaves. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 116, p. 563-572, 2002. LI, C. Y.; WEISS, D.; GOLDSCHMIDT, E. E. Girdling affects carbohydrates – related gene expression in leaves bark and roots of alternate bearing citrus trees. Annals of Botany, London, v. 92, p. 1-7, 2003. POTT, A. POTT, VJ Plantas do Pantanal. EMBRAPA/CPAP-Brasília, 1994. RIVAS, F.; ERNER, E.; ALÓS, E.; JUAN, M.; ALMELA, V.; AGUSTÍ, M. Girdling increases carbohydrate availability and fruit-set in citrus cultivars irrespective of parthenocarpic ability. Journal of Horticultural Science & Biotechnology, Asford, v. 81, n. 2, p. 89-295, 2006.