Resumo EAIC 2018 Maria

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Efeito da Sazonalidade e Intensidade Luminosa no Teor Total de

Carboidratos em Folhas de Rollinia mucosa.

Maria Carolina Viana Ortiz, Gustavo Galo Marcheafave, Ieda Spacino


Scarminio e-mail: [email protected]

Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Química/CCE.

Área e sub-área do conhecimento: Química/Química Analítica.

Palavras-chave: Carboidratos em folhas, Extração de Carboidratos, Rollinia


mucosa.

Resumo

As folhas do Biribazeiro, Rollinia mucosa, assim como em todas árvores ocorre


uma variação de concentração de carboidratos ao longo do período anual. Essa
variação pode ser explicada por fatores, como a fotossíntese, ou direcionamento
destes metabólitos para outras vias, como na frutificação ou processo de
anelamento, onde ocorre um aumento da proporção de carboidratos nas folhas,
encaminhados para a produção de frutos. Na floração ocorre o maior consumo
de carboidratos na planta, com isso existe menor taxa de carboidratos nas folhas.
Nesse trabalho foi determinado o teor total de carboidratos das folhas de Rollinia
mucosa com variação de colheita sazonal por estações do ano e intensidades
luminosas. As folhas foram coletadas durante o inverno, primavera, verão e
outono provenientes de diferentes intensidades luminosas. As folhas com maior
teor médio de carboidratos, visto por estações, são as cultivadas no outono,
folhas estas colhidas no auge da frutificação, e no inverno a menor, folhas do
período de floração da planta. A partir da intensidade luminosa temos que folhas
tratadas no sol, colhidas no verão possuem maior quantidade de carboidratos. O
verão é a estação do ano em que a fotossíntese ocorre em maior escala que as
outras estações.

Introdução

Rollinia mucosa, mais conhecida como Biribazeiro, é uma árvore tropical da


família Annonaceae, de origem ocidental Índia e amazônica, que se adapta
facilmente em lugares de solos férteis, além de drenados, ou seja, derivados de
rochas básicas, portanto de característica argilosa com abundância de umidade,
e óxidos de ferro, manganês e titânio. O Biribá tem uma grande importância
medicinal, em que suas folhas e frutos podem ser utilizadas em tratamento de
problemas intestinais e estomacais, cólica, reumatismo, além disso pode atuar
como antitumoral, anti-inflamatório e cicatrizante. (COSTA, MULLER, 1995; GAD
et al., 2013; POTT, 1994). Os chamados medicamentos fitoterápicos são
utilizados em tratamentos médicos, muito usados na forma de fármacos devido
a presença de metabólitos ativos.
Os carboidratos são compostos abundantes nos alimentos, com a função
nutricional de ser usado para gerar energia, além de estar nos alimentos, estes
carboidratos também estão presentes nas folhas das árvores produtoras.
(GOMES, et. al., 2002). A árvore da Rollinia varia de porte médio a alto,

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possuindo folhagem temporária, ou seja, há um período que ocorre mudança
folicular. A floração nessa espécie tem início entre os meses de outubro a
dezembro, sendo posteriormente a frutificação de novembro a maio do ano
sequente. (CAVALCANTE, 1992; COSTA, MULLER, 1995; FALCÃO et al.,
1981).
Durante o ano pode haver variações nas concentrações de carboidratos
presentes nessas folhas, isso devido a fatores que interferem na produção deste
metabólito, como a influência do clima que pode aumentar a biossíntese deste
composto, por favorecer a fotossíntese (processo de produção de energia e
alimento de seres vegetais). (GOLDSCHMIDT, GOLOMB, 1982); ou direcionam
estes carboidratos para vias que necessitam, como na frutificação, que passa
pelo processo chamado de anelamento, onde ocorre o bloqueio de foto
assimilados (carboidratos) nas raízes e consequentemente aumento nas folhas,
disseminados então para a produção de frutos. (IGLESIAS et al., 2002; LI et al.,
2003; RIVAS et al., 2006). E na floração ou florescimento, tempo de maior
consumo de carboidratos, nesta época as folhas costumam ter menor
porcentagem de carboidratos do que na frutificação e após a abscisão floral
(ação de hormônios naturais que provocam queda das flores). (GUARDIOLA et
al., 1984)
Portanto, neste trabalho foram feitas extrações de carboidratos em folhas
de Rollinia mucosa com variações sazonais e sob influência solar ou
autossombreadas.

Materiais e Métodos

As folhas foram coletadas durante o inverno (julho de 2011), primavera


(setembro de 2011), verão (janeiro de 2012) e outono (março de 2012) em
distintas condições de luz solar (folhas autossombreadas e expostas ao sol) em
uma horta experimental da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Paraná.
Amostras comprovativas dessas folhas foram armazenadas no herbário da UEL,
com as seguintes identificações: folhas ao sol (49.286) e folhas auto sombreadas
(49.287). O material vegetal foi tratado por secagem realizada em temperatura
ambiente (25ºC) por 9 dias, posteriormente essas folhas foram trituradas e
armazenadas em sacos transparentes à vácuo e congeladas. Antes da extração
estes foram secas em estufa a 25ºC por 4h em frasco aberto.
Amostras de 1 g foram emergidas em 25 mL de água destilada acidificada
com ácido clorídrico (pH≈2,5), mantidas por 4 h em temperatura ambiente e
depois 1,5 h a 90ºC. Filtradas a vácuo, ajustou-se o pH do líquido (pH≈1),
entocando-o por 20 minutos. Centrifugou-as por 5 min. a 2000 rpm, neutralizou-
se o sobrenadante com solução de hidróxido de sódio na concentração de 10
mol L-1, centrifugando-as nas mesmas condições anteriores, o sobrenadante foi
concentrado até obter 1/10 (v/v) em temperatura ambiente. Adicionou-se etanol
até a proporção de 30% (v/v), em agitador magnético, mantendo por 20 minutos.
Centrifugou-se novamente, tratando o sobrenadante com solução de etanol
60%, armazenada por 8h em congelador. Centrifugou-se a solução por 10 min.
a 4000 rpm, e o precipitado foi liofilizado. Esse procedimento foi realizado em
triplicata. (GUO et al., 2013)

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Resultados e Discussão

A partir da análise gravimétrica tem-se a massa extraída de carboidratos, assim


pode-se calcular a média e seus desvios, separadas de acordo com o cultivo.
Analisando os resultados, temos que as folhas com maior quantidade de
carboidratos são as colhidas no outono, seguido das colhidas no verão,
primavera e inverno, respectivamente, sem especificar as influências do sol ou
auto sombreadas.
No outono, folhas colhidas em março, auge da frutificação, como visto,
temos que é o período em que a planta está passando pelo processo de
anelamento, podendo isso então justificar a maior proporção de carboidratos nas
folhas, e no inverno a menor, por ser época de floração e período que passa por
queda das folhas devido a diminuição de carboidratos.
Estudando por estação, temos que no inverno e verão, característicos por
extremos de maior frio e calor, respectivamente, contém maior porcentagem de
carboidratos em folhas colhidas sob influência do sol. No outono e primavera,
climas intermediários, ocorre uma inversão, as folhas de maior porcentagem de
carboidratos são as colhidas na sombra.
Para as folhas cultivadas sob sol as que possuem maior massa média de
carboidratos são as colhidas no verão, seguido de inverno, outono e primavera,
respectivamente. Sabendo que todo material vegetal faz fotossíntese, processo
esse que necessita de luz solar, temos uma justificativa plausível para a alta
proporção de carboidratos em folhas tratadas no sol, na estação do verão, pois
essa é a estação de maior luminosidade, por consequência, faz mais
fotossíntese, portanto há maior quantidade de carboidratos. Por contradição, o
inverno é o segundo com maior porcentagem de carboidrato, sendo a estação
com menor radiação solar, isso pode ser explicado por ser o período em que a
árvore acaba de passar pela frutificação, ou seja, a concentração de carboidratos
pode ainda estar maior devido ao anelamento.
Além disso ainda temos que as folhas colhidas na sombra, na estação do
outono apresenta maior quantidade de carboidratos, seguido de primavera,
verão e inverno. Como essas amostras são autossombreadas, explicasse o fato
de as folhas tratadas no outono estão com maior quantidade de carboidratos
novamente pelo período de frutificação. Verão e inverno apresentam uma
diferença relativamente baixa entre eles, por ser folhas autossombreadas a
fotossíntese não tem influência significativa neste caso.

Conclusões

Em suma de modo geral as folhas obtidas no outono se sobressaem em


proporção e nas folhas autossombreadas por motivos do processo de frutificação
da árvore, que passa por etapas de direcionamento de carboidratos e nutrientes
para as folhas. As folhas colhidas no verão se destacam com a influência solar
devido ao aumento da fotossíntese que é um processo natural das plantas no
geral.

Agradecimentos

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Agradeçemos a Universidade Estadual de Londrina e ao Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico pela bolsa recebida.

Referencias

CAVALCANTE, P.B. Frutas comestíveis da Amazônia. Museu Paraense Emílio


Goeldi, Belém 1972. 84p. MPEG. Publicações Avulsas, 17.
COSTA, J. D., & MULLER, C. H. Fruticultura tropical: o biribazeiro Rollinia
mucosa (Jacq.) Baill. Belém, EMBRAPA-CPATU, 35p, 1995.
FALCÃO, M.A.; LLERAS, E.; KERR, W.E.; CARREIRA, L.M.M. Aspectos
fenológicos, ecológicos e de produtividade do biribá (Rollinia mucosa (Jacq.)
Baill.). Acta Amazônica, Manaus v.ll, n.2, p.297-306, 1981.
GAD, H. A.; EL-AHMADY, S. H.; ABOU-SHOER, M. I.; AL-AZIZI, M. M.;
Phytochem. Anal. 2013, 24, 1.
GOLDSCHMIDT. E. E.; GOLOMB, A. The carbohydrate balance of alternate-
bearing citrus tree and significance of reserves for flowering and fruiting. Journal
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GOMES, P. D. A., FIGUEIRÊDO, R. D., & QUEIROZ, A. D. M. Caracterização e
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http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa/rev42/Art428.pdf >. Acesso em 20 de agosto
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GUARDIOLA, J. L.; GARCÍA-MARI, F.; AGUSTÍ, M. Competition and fruit set in
Washington Navel orange. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 62, p. 297-
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by capillary zone electrophoresis. Journal of applied phycology, 2013. p, 1903-
1908. https://doi.org/10.1007/s10811-013-0024-5
IGLESIAS, D. J.; LLISO, I.; TADEO, F. R.; TALON, M. Regulation of
photosynthesis through sauce: sink imbalance in citrus is mediated by
carbohydrate content in leaves. Physiologia Plantarum, Copenhagen, v. 116,
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LI, C. Y.; WEISS, D.; GOLDSCHMIDT, E. E. Girdling affects carbohydrates –
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Annals of Botany, London, v. 92, p. 1-7, 2003.
POTT, A. POTT, VJ Plantas do Pantanal. EMBRAPA/CPAP-Brasília, 1994.
RIVAS, F.; ERNER, E.; ALÓS, E.; JUAN, M.; ALMELA, V.; AGUSTÍ, M. Girdling
increases carbohydrate availability and fruit-set in citrus cultivars irrespective of
parthenocarpic ability. Journal of Horticultural Science & Biotechnology,
Asford, v. 81, n. 2, p. 89-295, 2006.

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