Resumo EAIC 2017

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AVALIAÇÃO QUIMIOMÉTRICA DE INFUSÕES AQUOSAS DE FOLHAS DE

Coffea arabica L.

Mariana de Campos Jonas, Gustavo Galo Marcheafave, Ieda Spacino


Scarminio, e-mail: [email protected]

Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Química/CCE.

Área e sub-área do conhecimento: Química Analítica/ Métodos Óticos de


Análise.

Palavras-chave: Infusão aquosa, Coffea arabica, espectroscopia,


quimiometria.

Resumo

No mercado consumidor já se encontra disponível folhas do cafeeiro próprias


para infusões em água e consumo humano. Sem critérios científicos os meios
de divulgação do produto relatam que as infusões aquosas de folhas de café
combatem inúmeros males, tais como fadiga, cansaço mental, diárreias, cólicas
em geral, ainda como estimulante digestivo e dilatador bronquial. Infusões
aquosas de Coffea arabica genótipos Iapar 59, IPR 106, Catuai e Ereta foram
discriminados em virtude da impressão digital metabôlomica. Cinco métodos de
processamento das folhas foram utilizados para verificar a diferença na
composição química em folhas novas e velhas. Para a espectroscopia UV –
Vis, as infusões aquosas provenientes de folhas novas foram discriminadas em
virtude do tipo de processamento realizado. As bandas de maior peso para a
discriminação deste caso são características para lipídios e metabólitos
fenólicos. As folhas velhas não discriminam-se em virtude do tipo de
processamento aplicado. Quando comparadas as folhas novas e velhas em
todos os métodos de processamento pela Análise de Componentes Principais,
observa-se a discriminação entre elas, inferindo que existe diferença nos
bioativos do produto final (infusão) oriundo do tipo de folha e método a qual é
processada.

Introdução

Do cafeeiro se colhem a semente, com as quais se prepara a bebida


conhecida como café e o restante da planta (folhas e caule) é descartado após
a colheita. Uma das peculiaridades estudadas e que abordam o uso humano
da folha do cafeeiro começou a ser desenvolvida no começo do século atual, e

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traz uma abordagem sobre a composição química de frutos e folhas. O trabalho
avaliou o acúmulo de compostos fenólicos e mostrou altas taxas de atividade
antioxidante presente, que estão intimamente relacionadas a doenças
cerebrovasculares, ao desempenho do cérebro e saúde mental, além do
envelhecimento humano. Porém, pouca informação acerca da composição
química geral da infusão aquosa é descrita e abordada (CAMPA et al., 2012).
No mercado consumidor já se encontra disponível folhas do cafeeiro
próprias para infusões em água e consumo humano. Sem critérios científicos
os vendedores do produto relatam que o chá de folhas de café combate
inúmeros males, tais como fadiga, cansaço mental, diarreias, cólicas em geral,
ainda como estimulante digestivo e dilatador bronquial. Os estudos científicos a
esta abordagem, são insuficientes para fornecer informações que deixem clara
a utilização da infusão de folhas de café quanto a composição química e seus
benefícios e malefícios sobre o consumo.
Um caminho efetivo para extrair informações significativas neste perfil
complexo é combinar técnicas analíticas com métodos quimiométricos, com a
vantagem de que eles são capazes de apontar pequenas diferenças entre os
sinais analíticos (KAROUI; BAERDEMAEKER, 2007; TERRILE et al., 2016). O
objetivo deste trabalho visa estudar a composição química por impressão
digital metabolômica e metodologia quimiométrica de infusões aquosas
provenientes de folhas de Coffea Arabica de quatro genótipos (Iapar 59, IPR
106, Catuai e Ereta) com 5 diferentes processamentos amostrais.

Procedimentos metodológicos

As folhas de Coffea arábica foram colhidas de plantas cultivadas nas


áreas experimentais do Instituto Agronômico do Paraná em Londrina (23°18’ S,
51°17’ W), Paraná, Brasil em 23/06/2015. Foram realizados 5 tipos diferente de
secagem, denominados: chá perto, chá verde, secagem direta, secagem
sombra e secagem sol de acordo com metodologias descritas para folhas de
Camellia sinensis. O método chá preto foi realizado separando as folhas em
grupos e drenando para liberar a umidade. Depois foi feita a oxidação onde as
folhas foram separadas em um ambiente frio e úmido para processo de
oxidação contínuo com umidade entre 90 e 95% e temperatura controlada de
20ºC durante 3 horas. Por último foi realizado a secagem com ar quente em
estufa durante 20 minutos a temperatura de 90ºC. Já o chá verde, foi realizado
a drenagem das folhas de chá separadas em grupos e drenadas para liberar a
umidade. Em seguida foi realizado a vaporização durante 15 minutos em
bandejas sobre água fervente, como forma de bloquear a oxidação dos
metabólitos. Por último foi realizado a secagem com ar quente em estufa
durante 20 minutos a temperatura de 90ºC. A secagem direta (SD) foi realizada
com as folhas sem tratamento prévio, durante 20 minutos a 90ºC em estufa. A
secagem em sombra foi realizada em temperatura ambiente sob sombra até

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secagem total da amostra e secagem em sol foi realizada diretamente sob sol
até secagem completa.
A infusão foi realizada utilizando 5,0 gramas de folhas com
95 mL de água milli-q à temperatura de 90ºC em chapa aquecedora Thermo
durante 10 minutos. Logo após a solução foi filtrada, congelada e em seguida
liofilizada. Para a leitura no UV-vis, foram pesados 0.01 gramas da amostra e
diluidas em um fator de 100 vezes em 2 mL. As amostras foram analisadas na
região ultravioleta-visível (entre 200 – 500 nm) utilizando os equipamentos
Thermo Scientific EvolutionTM 60.

Resultados e Discussão

Os dados na região do UV-Visível foram aplicados à análise exploratória


para obter comparações entre os quatro genótipos e os diferentes tratamentos
realizados, a fim de identificar regiões discriminatórias e diferenças entre as
amostras. A principal discriminação para as folhas novas ocorreu em virtude do
tipo de processamento utilizado, com exceção das amostras processadas no
tratamento de secagem direta.
A partir do loading da componente principal folhas novas pode-se obter
os comprimentos de onda de maior peso na discriminação. As infusões
localizadas no quadrante positivo (processamentos sol e chá verde)
apresentam comprimentos de onda 237, 289 e 335 nm, que são característicos
de frações lipídicas. As infusões localizadas no quadrante negativo
(processamento secagem direta e chá preto) apresentam comprimentos de
onda de maior peso em 202 nm, que corresponde ao comprimento de onda
característico de compostos fenólicos. Já para as infusões das folhas velhas de
todos os cultivares não foi possível obter uma separação significativa.

Fig. 1. Gráfico de escores CP1 x CP2 para os dados espectrofotométricos no


UV- VIS de todas as amostras velhas e novas de Coffea arabica, seus quatro
genótipos e cinco diferentes formas de processamento.

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Comparando as folhas velhas e novas a partir da Fig. 1, visualiza-se
uma separação entre as amostras, onde predominantemente temos as
amostras obtidas a partir de folhas velhas na parte positiva da CP 2, enquanto
na parte negativa da CP, observa-se as amostras obtidas a partir das folhas
novas.

Conclusões

Na espectrofotometria ultravioleta-visível os espectros das infusões


aquosas das folhas novas foram discriminadas em virtude do tratamento
amostral e não em relação ao genótipo. Já nas infusões aquosas das folhas
velhas, não foi possível verificar uma separação de acordo com o tratamento.
Existe diferença entre os compostos bioativos das diferentes folhas de acordo
com o tempo de desenvolvimento desta. As espécies químicas presentes nas
infusões são primordiais para o controle e qualidade da bebida. Dessa forma a
infusão aquosa de folhas de Coffea arabica se mostra promissora, porém
maiores ensaios são necessários para garantir a confiabilidade da bebida ao
ser humano.

Agradecimentos

Os autores agradecem os apoios financeiros do Consórcio Brasileiro de


Pesquisa e Desenvolvimento do Café, CNPq e Fundação Araucária bem como
as bolsas concedidas.

Referências

CAMPA, C. et al. A survey of mangiferin and hydroxycinnamic acid ester


accumulation in coffee (Coffea) leaves: biological implications and uses.
Annals of botany, v. 110, n. 3, p. 595–613, 2012.

KAROUI, R.; DE BAERDEMAEKER, J. A review of the analytical methods


coupled with chemometric tools for the determination of the quality and identity
of dairy products. Food Chemistry, v. 102, n. 3, p. 621–640, 2007.

TERRILE, A. E. et al. Chemometric Analysis of UV Characteristic Profile and


Infrared Fingerprint Variations of Coffea arabica Green Beans under Different
Space Management Treatments. Journal of the Brazilian Chemical Society,
v. 27, n. 7, p. 1254–1263, 2016.

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