Métodos e Técnicas de Pesquisa
Métodos e Técnicas de Pesquisa
Métodos e Técnicas de Pesquisa
Métodos e
Técnicas de
Pesquisa
Autores:
Heitor Romero Marques
José Manfroi
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 44
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INTRODUÇÃO
Bom Estudo.
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UNIDADE 1 – OS CAMINHOS DA PESQUISA CIENTÍFICA
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Entender a lógica deste processo nos permite caminhar com maior clareza e
objetividade na estruturação e elaboração da pesquisa científica.
ETAPAS ATIVIDADES
1.1 Seleção do tema e formulação do problema.
1.2 Pesquisa exploratória (É isso mesmo? É viável? É
relevante social, acadêmica e pessoalmente? Existe
bibliografia disponível? Professor/a orientador/a?).
1.3 Definições sobre a pesquisa/delimitação do tema:
1 Definição do tema e caracterização minuciosa do grupo a ser pesquisado /
elaboração do Projeto de instituição / espaço geográfico etc.
Pesquisa
1.4 Levantamento da(s) hipótese(s) que levem à
solução/ explicação do problema.
1.5 Revisão bibliográfica inicial que garanta suporte
teórico para o desenvolvimento do tema.
1.6 Indicação dos recursos metodológicos.
2.1 Escolha do/a professor/a orientador/a.
2.2 Discussão do tema escolhido com o/a orientador/a.
Verificar a viabilidade e a relevância da pesquisa.
2.3 Revisão do Projeto de Pesquisa.
2 Definição do/a
orientador/a e redefinição 2.4 Reescrita do Projeto (se exigido pelo/a
do tema (sendo orientador/a).
necessário) 2.5 Definição do cronograma de orientação e de
atividades a desenvolver (datas de orientação e
pesquisa; prazos de entrega de material escrito).
2.6 Elaboração do plano de trabalho (sumário provisório
/ capítulos ou partes).
3.1 Escolher o tipo de pesquisa que melhor se ajuste
ao objeto em estudo.
3 Definição do tipo de 3.2 Recursos metodológicos: escolher um ou mais de
pesquisa, seleção, acordo com a pesquisa a ser realizada, como por exemplo:
construção e aplicação questionário, roteiro de entrevista, roteiro de observação
dos instrumentos de sistemática, roteiro de estudo de caso, filmagem, registro
coleta de dados fotográfico, preparo de materiais para experimentos, roteiro
para dinâmicas de grupos e intervenções, roteiro de
seminários, etc.
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4.1 Classificação e organização das informações
coletadas.
4.2 Tratamento estatístico dos dados (quando for
necessário).
4 A análise dos dados 4.3 Estabelecimento das relações existentes entre os
dados: análise qualitativa e análise quantitativa.
4.4 Análise dos dados tendo como referência a teoria
escolhida. Discussão dos achados com a teoria.
Exercício 1
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UNIDADE 2 - PESQUISA CIENTÍFICA
Para Santos (2000, p.15), “A pesquisa científica pode ser caracterizada como
atividade intelectual que visa responder às necessidades humanas”.
Muitos outros entendimentos sobre a pesquisa científica poderiam ser
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apresentados, visto que o termo em si é polissêmico, qual seja, apresenta diversos
conceitos.
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máximo. Mesmo que esse procedimento pareça trabalhoso, muito mais desgastante
será retornar à fonte quando, durante a redação do texto final, percebe-se a falta de
consistência nas informações ou subsídios coletados.
e) Anotação das referências bibliográficas: todas as obras consultadas
devem ser inteiramente relacionadas, inclusive o número da página onde se
encontra a informação ou comentário. Todos os dados que merecem ser citados
devem ser copiados com cuidado, rigorosamente da forma como foram escritos.
Tais anotações mostrar-se-ão preciosas no momento da redação dos resultados da
pesquisa.
f) Austeridade: o trabalho científico dispensa floreios. As frases não devem
ser longas, primando-se pela clareza. Na dúvida entre um termo rebuscado e uma
expressão clara, a escolha deve repousar sobre a segunda, sem remorsos. Por
outro lado, todo termo técnico deve ser acompanhado de uma definição, apoiada
por uma referência fidedigna.
g) Espírito científico: os fatos e dados não podem ser distorcidos em
hipótese nenhuma. Devemos zelar e respeitar escrupulosamente a verdade,
cultivando a honestidade e não cometendo o plágio. O pesquisador deve construir
as suas próprias opiniões e afirmá-las na conclusão depois de ter demonstrado os
respectivos fundamentos ao longo do trabalho.
Ainda sobre o espírito científico Cervo e Bervian (2007, p.17), afirmam que:
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Quadro 2 - Tipos de pesquisa
Exploratória: quando se aproxima do tema pela primeira vez, com
finalidade de se chegar ao problema específico e estabelecer hipóteses,
com vistas a estudos posteriores.
Descritiva: quando se faz descreve e caracteriza fenômenos e populações,
estabelecendo relações entre variáveis intervenientes e fatos.
Quanto aos Explicativas: quando se explicam as causas, os porquês dos fatos.
objetivos Experimental: quando a situação de investigação é controlada
externamente e intencionalmente; levantamento, que coleta
informações/opiniões diretas de um grupo sobre determinado assunto.
Outros exemplos: análise de conteúdo, analítico, avaliação, censitário,
clínico, ex post facto, história de vida, história oral, levantamento, painel,
piloto, psicodrama, semiótica, sociodrama.
Participante: é pesquisa qualitativa, nas investigações etnográficas e
sócio-educacionais, com plena participação do pesquisador na
Quanto à comunidade pesquisada.
participação
Pesquisa-ação: é pesquisa qualitativa, realiza ações com o objetivo de
do
colher dados e informações.
pesquisador
Empírico-analítica: o pesquisador mantém distância estratégica do objeto
de pesquisa, buscando não se envolver com as variáveis intervenientes.
De campo: quando se coleta dados primários, diretamente na fonte, quer
qualitativa quer quantitativamente (campo no sentido genérico)
De laboratório: é um tipo particular de pesquisa de campo, com
interferência artificial e controlada.
Quanto à Bibliográfica: coleta dados secundários, mediante consulta em textos já
coleta de existentes, como livros, artigos científicos, monografias, dissertações,
dados teses etc.
Estudo ou análise documental: coleta dados primários, mediante
exames de documentos de forma geral.
Estudo de caso: consiste no estudo de determinados indivíduos,
profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades.
Qualitativa: é aquela cujos dados não são passíveis de serem
matematizados, mediante aplicação da estatística para elaboração de
tabelas e gráficos.
Quantitativa: é aquela cujos dados podem ser matematizados, ou seja, a
Quanto à análise é feita mediante tratamento estatístico, com elaboração de tabelas
abordagem e gráficos.
Diagnóstica: é aquela que envolve conhecer como é ou está o objeto de
estudo.
Prognóstica: é aquela que visa conhecer o objeto de estudo em uma
perspectiva futura, reconstituindo o todo anteriormente diagnosticado.
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Analítico: analisar em sentido etimológico significa decompor, fragmentar.
Então, por este método se decompõe o objeto de estudo em suas partes
constituintes e busca-se compreender como essas partes se articulam
entre si. Vai, pois do todo às partes, ou seja, do geral para o particular.
Sintético: vai-se das partes ao todo, recompondo-o.
Indutivo: em sentido de dicionário induzir significa tirar de, arrancar,
sacar. Então, neste método se vai da amostra [particular, concreto] para o
abstrato [geral], com vista à generalização.
Dedutivo: vai-se do geral para o particular, do abstrato para o real.
Significa aplicar em [algo particular]. Vai da norma [geral] para o fato
[particular], numa cadeia de raciocínio em conexão. É o caminho da
consequência.
Hipotético-dedutivo: é considerado lógico por excelência, muito usado
no universo das ciências naturais. A partir de um problema de pesquisa se
Quanto ao estabelece uma hipótese e a partir disso se desenvolve todos os demais
método procedimentos de pesquisa.
Cartesiano: refere-se aos estudos de René Descartes, cujos princípios
básicos são os seguintes: 1. Duvidar sempre do conhecimento, 2. Regra
da análise – dividir [decompor] o todo [dificuldade] em partes cada vez
menores, 3. Regra da síntese: conduzir [recompor] os pensamentos
partindo dos objetos [coisas] mais simples para as mais complexas
[ordenar], 4. Regra da evidência: não aceitar nada como verdadeiro sem
ser reconhecido como tal pela evidência, 5. Regra da verificação [revisão]
– fazer enumerações completas para nada omitir e voltar ao momento
inicial de dúvida [dúvida metódica].
Dialético: Parte da necessidade da indução e da dedução para o
raciocínio, caracterizando-se por ser entendido como a conciliação dos
contrários. F. Hegel foi quem definiu suas regras [três momentos]: 1 Tese:
[afirmação], 2. Antítese [negação] e 3. Síntese. Aqui a síntese é entendida
como resultado do confronto dos dois momentos anteriores, que não
marca uma parada definitiva, mas suscita uma nova negação.
Fonte: Marques (2014)
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Para desenvolver uma pesquisa puramente bibliográfica, é preciso ser um/a
leitor/a atento/a, capaz de identificar as ideias defendidas por um/a autor/a;
estabelecer semelhanças e diferenças entre as ideias de diferentes autores/as
sobre um mesmo tema; ter uma boa capacidade de redação textual. No entanto, é
importante saber que a revisão bibliográfica deve fazer parte de qualquer trabalho
científico para que se desenvolva o trabalho a partir do que existe de mais recente
na área de conhecimento na qual o tema de pesquisa se insere.
Fonte: http://migre.me/2S2zM
Segundo Baruffi e Climadon (1997), a pesquisa experimental caracteriza-se
por manipular e controlar variáveis relacionadas com o objeto de estudo,
oportunidade em que o pesquisador buscar estabelecer relações de causalidade.
Barros e Lehfeld (1990, p. 94), explicam de forma mais detalhada os
elementos diferenciadores da pesquisa experimental.
2.3.4 Pesquisa-ação
O/a pesquisador/a desempenha papel ativo no equacionamento dos
problemas encontrados, não só faz a investigação, mas procura desencadear ações
e avaliá-las com a participação da população envolvida. Thiollent (1982, p.10),
explica com mais detalhes esta modalidade.
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2.5 Técnicas para a coleta de dados e informações
Fonte: http://migre.me/2S4dr
O pesquisador, ao elaborar os seus questionários, deve ter a preocupação de
determinar a sua extensão, o conteúdo, a organização e a clareza de apresentação
das questões a fim de estimular o informante a responder.
É aconselhável que o questionário não exija muito mais de 10 a 20 minutos
para ser respondido. Um questionário muito extenso é desmotivador e pode
condicionar respostas rápidas e superficiais do informante.
Os questionários remetidos pelo correio devem trazer todas as instruções do
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pesquisador que motivem o informante a expressar-se com clareza e profundidade,
demonstrando em si um apelo ao leitor. Nelas o pesquisador deve esclarecer o que
é a pesquisa, seus objetivos e destino final. Ela deve ser breve, porém, conter todas
as instruções necessárias para o preenchimento do questionário, garantindo o
anonimato. A linguagem utilizada no questionário deve ser simples e direta para que
o respondente compreenda com clareza o que está sendo perguntado.
Não é recomendado o uso de gírias, a não ser que se faça necessário por
causa das características de linguagem do grupo (grupo de surfistas, grupos de
usuários de drogas, por exemplo).
Todo questionário deve passar por uma etapa de pré-teste, num universo
reduzido, para que se possam corrigir eventuais erros de formulação.
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construí-lo. Veremos a seguir.
b) Tipos de perguntas (de acordo com o tipo de respostas que
suscitam)
O questionário pode possuir perguntas fechadas (mais fáceis de mensurar),
perguntas abertas ou a combinação dos dois tipos.
1. Questões fechadas:
- apresentam categorias ou alternativas de respostas fixas, como, sim ou
não, certo ou errado.
Exemplo: Após concluir o curso você pretende atuar na área de formação?
( )sim ( )não ( )talvez
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1) O questionário possibilita ao pesquisador abranger um maior número de
pessoas e de informações em espaço de tempo mais curto do que outras
técnicas de pesquisa.
2) Facilita a tabulação e tratamento dos dados obtidos, principalmente se o
questionário for elaborado com maior número de perguntas fechadas e de
múltipla escolha.
3) O pesquisado tem o tempo suficiente para refletir sobre as questões e
respondê-las mais adequadamente.
4) Pode garantir o anonimato, consequentemente maior liberdade nas
respostas, com menor risco de influência do pesquisador sobre as mesmas.
5) Economiza tempo e recursos tanto financeiros como humanos na sua
aplicação.
d) Desvantagens no uso questionário
Como dito acima, também existem do uso do questionário. A principal
limitação está relacionada com a sua devolução, além do que o grau de
confiabilidade das respostas obtidas pode diminuir em razão de que nem sempre é
possível confiar na veracidade das informações. Outra limitação é o fato de ter-se
de elaborar questionários específicos para segmentos da população a fim de se ter
maior compreensão das perguntas. Outra é que não aplicar questionário a pessoas
analfabetas (BARROS, LEHFELD, 1990, p.110).
2.5.2 Entrevista
A entrevista é uma técnica que permite o relacionamento entre entrevistado e
entrevistador. Elas podem ser estruturadas e não estruturadas. São estruturadas
quando as questões são previamente formuladas, isto é, o entrevistador estabelece
um roteiro prévio, não há liberdade de alteração
dos tópicos ou para fazer inclusão de questões
frente às situações. Nas não estruturadas, o
pesquisador busca conseguir, por meio da
conversação, dados que possam ser utilizados
em análise qualitativa.
Fonte: http://migre.me/2S5ju
a) Cuidados a serem tomados na entrevista
Para que a entrevista tenha êxito, é necessário que se tomem alguns
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cuidados, quais sejam:
1. Preparar o informante para entrevista: é a fase do contato inicial entre
entrevistador e entrevistado. Deve-se motivar e preparar o entrevistado
antes de iniciar as indagações. Explicações sobre o objetivo da entrevista
devem ser dadas, assegurando o sigilo das respostas, bem como
valorizar as informações que o entrevistado possa fornecer.
2. Elaboração das questões: as questões devem ser elaboradas de
acordo com o tipo de entrevista a ser desenvolvida.
3. Registro da entrevista: uma vez realizada a entrevista, o pesquisador
deve transcrever e analisar as informações imediatamente após a sua
efetivação. Registrar os dados ao mesmo tempo em que se realiza a
entrevista pode trazer inibições. Para o uso de gravador é necessário
solicitar a autorização do entrevistado.
4. Prestar atenção aos itens que o entrevistado deseja enfatizar, sem
interferências e manifestações de opiniões. Não apressar o entrevistado
dando- lhe tempo para expor suas conclusões.
5. Assegurar as condições favoráveis ao bom desenvolvimento da
pesquisa, evitando desencontros e perda de tempo.
b) Vantagens da utilização da entrevista.
Há considerável rol de vantagens na utilização da técnica de entrevista no
universo da pesquisa, senão vejamos.
1. Maior flexibilidade para o pesquisador. A entrevista pode ser aplicada em
qualquer segmento da população, isto é, o entrevistador pode formular e
reformular as questões para melhor entendimento do entrevistado.
2. O entrevistador tem oportunidade de observar atitudes, reações e
condutas durante a entrevista.
3. Há oportunidade de se obter dados relevantes e mais precisos sobre o
objeto de estudo.
c) Limitações da utilização da entrevista
Certamente não é difícil inferir do contexto das entrevistas algumas
limitações de sua eficácia, enquanto instrumento de coleta de dados. Barros e
Lehfeld (1990, p. 110 - 11), afirmam que:
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despenderá mais tempo. O custo operacional será mais alto,
precisando-se treinar e habilitar o entrevistador para tal função.
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quando já deve ter sido estabelecida uma cumplicidade entre
pesquisador/a e pesquisados/as.
h) Mesmo tendo gravado, devemos fazer o relatório o mais rápido
possível. Igualmente devemos anotar as respostas e as reações
observadas durante a entrevista. É essencial a utilização de um
caderno/diário de campo.
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consultar e avisar, é importante deixar claro que não devem se
preparar artificialmente, mascarando a realidade. Porém, se isso
ocorrer, anotar os detalhes, pois todos são importantes.
7. Fazer o relatório o mais rápido possível.
b) Classificação da observação
A técnica de observação pode ser classificada, conforme se pode ver no
quadro abaixo.
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a) História de vida
A história de vida é uma técnica de coleta de dados utilizada na história oral
quando o/a depoente é o informante fidedigno de um determinado momento
histórico, de um grupo social, de uma instituição ou da sua própria vida, que de
alguma forma, merece ser recontada para fazer parte da memória coletiva.
É importante que o/a pesquisador/a tenha clareza de que a memória muda
pelo esquecimento de detalhes, pelas diferentes leituras de um mesmo
acontecimento de acordo com as influências do contexto, pela presença do/a
pesquisador/a e a percepção do lugar social e da ideologia que representa.
Portanto, a história de vida não é indicada para investigar fenômenos porque reflete
a visão muito particular de uma pessoa, não cabendo ao/à pesquisador/a interferir
ou corrigir o relato. Fundamenta-se na fala de um/a só informante. Denzin (1973,
p.220 apud MINAYO, 2014, p. 126), afirma que:
b) Depoimento oral
O depoimento oral também é uma técnica de coleta de dados utilizada na
história oral quando o objetivo da pesquisa é recontar a trajetória de um
determinado grupo social ou desvelar um determinado fenômeno. Para optar por
esse tipo de investigação o/a pesquisador/a precisa se constituir em um/a
“interlocutor válido”, isto é, conhecer o assunto para poder analisar os discursos,
interferir quando necessário para reenfocar o tema, evitando que o/a depoente fuja
do assunto.
Afirmamos anteriormente que toda pesquisa exige uma revisão bibliográfica e
um bom conhecimento teórico sobre o tema a ser investigado, por isso, quando se
ouve o depoimento de presos, por exemplo, é essencial que conheçamos o sistema
carcerário, as características desses grupos (psicológicas, de sobrevivência,
religiosas, etc.), sobre processos, sobre injustiça social, para termos parâmetros de
análise (sem julgar como certo ou errado).
É importante que a cada depoimento o/a pesquisador/a tenha clareza: De
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quem fala, de onde fala e do que fala. Devemos transitar no equilíbrio, não sendo
ingênuos/as a ponto de pensarmos que o/a depoente é neutro na sua fala ou juízes,
mantendo uma constante desconfiança.
A natureza desse tipo de coleta de dados é recolher os depoimentos e depois
de transcrevê-los, efetivar uma análise comparativa, apontando contradições e
convergências sobre um mesmo fato ou conceito. Exige-se um número de
informantes que seja capaz de representar o universo pesquisado.
c) Relato de vida (Tranche de vie = Pedaço de vida)
O relato de vida é uma técnica de coleta de dados utilizada na história oral
quando o objetivo da pesquisa é recontar um determinado momento histórico. O/a
informante fica menos livre porque o papel do/a pesquisador/a, com maior domínio
da situação, é focalizar o depoimento no tema que investiga procurando trazer o/a
depoente de volta quando este começar a divagar ou a relatar outros episódios.
Esta técnica é indicada para recompor um determinado período da história
geral ou de uma instituição ou fenômeno. Por exemplo, colher relatos de pessoas
que participaram da Coluna Prestes; de determinada empresa; da fundação de uma
instituição ou grupo.
Neste tipo de coleta de informações é essencial que o/a pesquisador saiba:
Quem fala; de onde fala; do que fala, pois, sobre um mesmo fato podem existir
relatos antagônicos dependendo de quem fala.
É importante salientar que quando optamos pela História Oral devemos
seguir alguns passos metodológicos ao transcrever o que ouvimos. As anotações
devem ser organizadas e constantes (nossa memória é muito seletiva e corremos o
risco de esquecer ou desconsiderar falas importantes). Para tanto, é importante que
sejam utilizados:
1. Diário de campo: onde serão registradas as falas, as observações, os
detalhes. Anotar risos, choros, silêncios, má interpretação da pergunta,
vacilações, expressões corporais etc. Também deve conter as percepções
e sentimentos do/a pesquisador/a: nojos, indignações, conflitos, desânimo,
esperança, alegria etc.
2. Ficha do informante: onde constarão todos os dados necessários para
identificá-lo no grupo social e frente ao fenômeno investigado (lembrar que
é significativo sabermos: quem fala; de onde fala e do que fala).
Estrategicamente, é importante que preenchamos esta ficha após o
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depoimento para não inibir ou censurar a fala do/a depoente, mesmo que
depois, se assim for solicitado ou exigido, no relatório final não seja
identificado o nome do/a depoente, usando-se um pseudônimo.
3. Acervo visual: filmagens, fotografias que auxiliam na estruturação do
texto.
4. Depois do material coletado, devemos fazer a transcrição suja,
fidedigna ao oral, que passa a ser a transposição para outra linguagem, a
escrita, na qual se perde muito da riqueza do oral e do visual.
5. Só limpamos (corrigimos) o que vamos utilizar, evitando transcrever o
caricato da fala do/a informante. O ideal, nessas pesquisas seria o relatório
através de multimídia (que as academias ainda não aceitam como
científico, exigindo o texto escrito).
6. Ao organizar o material para ser transcrito, recomendamos que sejam
organizados fichamentos temáticos de acordo com o tema do roteiro.
7. É recomendado analisar os grandes temas de forma comparativa por
blocos de informantes (mulheres, homens, jovens, crianças, velhos;
negros/brancos/ índios/ocidentais; autoridades/ detentos etc.). Explicar o
porquê de cada grupo ter construído de uma maneira o seu relato.
Exercício 2
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2 Analise os enunciados a seguir.
I O objetivo da pesquisa de campo é trabalhar sobre dados ou fatos colhidos na
própria realidade. No entanto, ela manipula variáveis de acordo com o interesse do
pesquisador.
II A diferença essencial entre pesquisa-ação e pesquisa de intervenção é o papel do
pesquisador e dos participantes.
III A pesquisa experimental pode ser usada em qualquer área do conhecimento, no
entanto que se construam corretamente as variáveis a serem observadas.
a) Apenas os enunciados II e III estão corretos.
b) Apenas o enunciado I está correto.
c) Apenas o enunciado II está correto.
d) Apenas os enunciados I e II estão corretos.
e) Nenhum enunciado está correto.
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UNIDADE 3 - PROJETO DE PESQUISA
3.1 Conceito
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1. Fatores internos: afetividade em relação a um tema ou alto grau de
interesse pessoal; tempo disponível para a realização do trabalho de
pesquisa; o limite das capacidades do/a pesquisador/a em relação ao tema
pretendido.
2. Fatores externos: o significado do tema escolhido, sua novidade, sua
oportunidade e seus valores acadêmicos e sociais; o limite de tempo
disponível para a conclusão do trabalho; material de consulta e dados
necessários ao/à pesquisador/a.
Segundo Leite (2001, p.82), a escolha do tema “reveste-se de grande
importância e merece uma reflexão séria”, pois o prazer de pesquisar e a qualidade
da pesquisa a ser realizada são determinados pela escolha do tema. Por isso,
segundo o autor, deve-se levar em consideração:
1. A vocação: “cada pessoa, no decorrer dos estudos, já demonstra inclinação
especial por uma determinada área do conhecimento” (LEITE, 2001, p.83). A
preferência pessoal se revela como expressão concreta da vocação.
2. Qualificação: “a real apreciação da competência pessoal ou da qualificação
intelectual [...] é bom ajuizar-se das reais aptidões e limites dos
conhecimentos básicos e complementares exigidos em tarefa de tal
envergadura” (LEITE, 2001, p. 83).
3. Objetivo profissional: “o objetivo primordial é a aquisição de experiência, de
domínio sobre a área escolhida [...] A vantagem é dupla, e as possibilidades
de desenvolver o processo cognitivo, absolutas” (LEITE, 2001, p.85).
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... XX
2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... XX
3 OBJETIVOS DA PESQUISA ................................................................................ XX
3.1 Geral ..................................................................................................................... XX
3.2 Específicos .......................................................................................................... XX
4 METODOLOGIA OPERACIONAL ........................................................................ XX
4.1 Problema ............................................................................................................. XX
4.2 Hipótese(s) ou questão(ões) norteadora(s) ....................................................... XX
4.3 Fundamentação teórica ...................................................................................... XX
4.4 Caracterização da pesquisa ............................................................................... XX
4.5 Abrangência da pesquisa ................................................................................... XX
4.5.1 Área geográfica ..................................................................................................... XX
4.5.2 Clientela: população-alvo e sujeito(s).......................................................................XX
4.5.3 Recursos humanos ................................................................................................ XX
4.6 Procedimentos de coleta de dados .................................................................... XX
4.7 Procedimentos de análise e interpretação dos dados...................................... XX
5 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO FÍSICA ............................................................ XX
6 CRONOGRAMA DE DESEMBOLSO FINANCEIRO............................................. XX
7 INDICATIVO DA NATUREZA FINAL DO DOCUMENTO ..................................... XX
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... XX
APÊNDICES ........................................................................................................ XX
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MODELO DE CAPA:
NOME DO ESTUDANTE
(letras maiúsculas tamanho 14, centralizado, negritado)
TÍTULO DO PROJETO
[letras maiúsculas, tamanho 16, centralizado, negrito]
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MODELO DE FOLHA DE ROSTO
NOME DO ESTUDANTE
[letras maiúsculas tamanho 14, centralizado, negritado]
CAMPO GRANDE - MS
20XX
[letras maiúsculas, tamanho 12, centralizado, negrito]
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Na sequência há as orientações de como prestar as informações do Projeto
de Pesquisa ou Plano de Trabalho.
1 INTRODUÇÃO
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 METODOLOGIA OPERACIONAL
4.1 Problema
O problema é o ponto de partida da pesquisa e deve ser apresentado em
forma de pergunta, que será respondida no decorrer da pesquisa. Sugere-se
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apenas uma pergunta, da qual se extrai o título do trabalho. O problema deve
orientar a pesquisa.
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os resultados da pesquisa. O(s) sujeito(s) da pesquisa será(ão) sempre o(s)
pesquisador(es) e as pessoas que participarem concedendo entrevistas,
respondendo questionários ou que terão outro tipo de atuação na pesquisa.
Neste tópico o pesquisador deve informar como serão feitas as análises dos
dados coletados quer dados primários coletados no campo, quer dados secundários
coletados na literatura.
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5 Análise e interpretação de dados
6 Tabulação de dados quantitativos [só para pesquisa de
campo]
7 Organização e categorização de dados qualitativos [só
para pesquisa de campo]
8 Redação e digitação preliminar da monografia
9 Revisão da redação preliminar
10 Entrega/depósito
11 Apresentação/defesa
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7 INDICAÇÃO DA NATUREZA FINAL DO DOCUMENTO
REFERÊNCIAS
Exemplos de Referências:
Artigos ou Textos de Revistas Científicas:
MACHADO, L. V.; FACCI, M. G. D.; BARROCO, S. M. S. Teoria das emoções em
Vigotski. Psicol. estud., Maringá, v. 16, n. 4, p. 647-57, 2011. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
73722011000400015&script=sci_arttext>. Acesso em: 16/03/2018.
Livros:
VYGOTSKI, L. S. Obras escolhidas. Tomo IV. Madri: Visor, 2006.
APÊNDICE
ROTEIRO DE ENTREVISTAS
FORMULÁRIOS
QUESTIONÁRIOS
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3.4 Orientações complementares na elaboração do Projeto de
Pesquisa
Nesse mesmo sentido Barral (2003, p. 68), afirma que “[...] não basta
delimitar o tema, mas deve-se identificar um problema específico que será
analisado no trabalho. [...] A problematização se relaciona com o foco do trabalho,
no que se refere àquele tema. É a pergunta que pretende ser respondida ao final do
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trabalho científico”.
Para facilitar a compreensão seguem alguns exemplos de
problemas/questões de pesquisa, quais sejam:
a) Quais as características/estilo de vida das crianças obesas?
b) Quais os elementos da ansiedade?
c) Existe relação entre pressão familiar e iniciação esportiva precoce?
d) Que relação existe entre nível de escolaridade e tipo de delito na área do
Direito Penal?
e) Em que termos o cooperativismo pode representar sustentabilidade
econômica?
Cada tipo de questão (problema) exige um tipo de investigação, a escolha
adequada de técnicas de coleta de dados e análise adequada dos achados.
4 Objetivo(s). “Uma vez estipulado o que será estudado no trabalho, deve-se
esclarecer no projeto o objetivo do trabalho, ou seja, o que se pretende com a
proposta apresentada” (BARRAL, 2003, p.
73). A definição do(s) objetivo(s) determina o
que o/a pesquisador/a quer atingir com a
realização da pesquisa. Iniciamos a
formulação de um objetivo com um verbo no
infinitivo.
Fonte: http://migre.me/2XzHo
Os verbos, no infinitivo, mais utilizados na formulação de objetivos são:
1Extraídos do projeto de TCC de Carlos Alberto Ricci Piorscki, cujo tema é: O trabalho escravo no
Brasil após 1988, e as consequências jurídicas aos empregados e empregadores. 2009. Este projeto
está no portal UCDB/MARCATO, Curso Direito do Trabalho 2009B.
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Demonstrar, por meio da análise da legislação pertinente e decisões
jurisprudenciais, os reflexos jurídicos do trabalho escravo após a Constituição
Federal de 1988, tanto para o empregador quanto para o empregado.
Objetivos Específicos:
a) Dimensionar as principais características do trabalho escravo no Brasil,
após promulgação da Constituição Cidadã.
b) Identificar os direitos e deveres dos empregadores e empregados na
relação configuradora do trabalho escravo.
É importante observar que os objetivos devem ser frases curtas e diretas,
indicando as metas a serem alcançadas com o trabalho acadêmico.
5 Formulação de hipótese(s) (quais suposições?):
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6 Fundamentação teórica (quais os pressupostos
teóricos?): é um passo sempre exigido num Projeto de
Pesquisa. Este item não deve ser uma lista de autores e livros
que abordaram o tema, mas sim a descrição preliminar do
“estado da arte”, ou seja, do conhecimento atual sobre o
problema. O autor do projeto demonstrará de forma sintética,
no referencial teórico, o que sabe antes de começar a
pesquisa. A descrição dos conceitos fundamentais
relacionados ao tema proposto.
Fonte: http://migre.me/2XKTi
Em termos gerais, é preciso fazer uma explicitação dos conceitos e
categorias que serão utilizados na pesquisa. Devemos ser sintéticos e objetivos,
estabelecendo um diálogo entre a teoria e o problema a ser investigado. Para Bittar
(2000, p.14), a função do referencial teórico é “explicar qual a base teórico-
metodológica que embasa o problema; qual a perspectiva filosófica e ideológica do
pesquisador; citar autores que já estudaram sobre o mesmo tema”.
7 Caracterização da pesquisa: é a explicação do tipo de pesquisa ou a
combinação de duas ou mais formas de pesquisa: bibliográfica, de campo,
experimental, quantitativa, qualitativa, documental, de observação, etc. Indica-se
também a abordagem e o método. Para que o Projeto de Pesquisa seja realmente
um Plano de Trabalho compreensível para quem o lê, é conveniente que cada item
da caracterização da pesquisa seja devidamente explicado.
8 Referências: relacionar as referências
básicas que foram utilizadas, textos fundamentais que
abordam a problemática, em questão. Estas
referências serão enriquecidas no decorrer da
execução da pesquisa. Todas as citações feitas no
projeto devem constar como referências bibliográficas
no final. Observar as Normas da ABNT.
Fonte: http://migre.me/2XBMP
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Exercício 3
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REFERÊNCIAS
LEITE, Eduardo de Oliveira. A monografia jurídica. 5.ed. ver. Ampl. e atual. São
Paulo: Revista dos Tribunais, 2001 [Série Métodos em Direito], (v1).
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THIOLLENT, J. M. M. Crítica metodológica, investigação social e enquete
operária. 3.ed. São Paulo: Polis, 1982.
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