Manual Tecnico Gas Liquefeito Petrobras Assistenci
Manual Tecnico Gas Liquefeito Petrobras Assistenci
Manual Tecnico Gas Liquefeito Petrobras Assistenci
Liquefeito
feito
de Petróleo
Informações
Técnicas
Gás Liquefeito
de Petróleo
5. Produção .......................................................................................................................................... 7
Versão 1.2
Elaborada em: 29/10/2013
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1. Definição e composição
Define-se como gás liquefeito do petróleo, GLP, a mis- armazenamento (botijão). Assim, o GLP pode ser utiliza-
tura formada, em sua quase totalidade, por moléculas de do numa residência como fonte de energia para o cozi-
carbono e hidrogênio (hidrocarbonetos) de três a quatro mento dos alimentos, aquecimento de água durante um
átomos de carbono que, embora gasosos nas Condições longo período de tempo.
Normais de Temperatura e Pressão (CNTP), podem ser li- O uso do GLP na forma líquida foi proposto por Wal-
quefeitos por resfriamento e/ou compressão. ter Snelling em 1911, quando este produziu propano e
O GLP é incolor e, desde que tenha baixo teor de en- butano liquefeitos e propôs um sistema de armazena-
xofre, é inodoro. Neste caso, uma pequena quantidade mento e distribuição destes combustíveis. O método de
de um composto à base de enxofre lhe é adicionado a produção proposto por Snelling foi patenteado em 1913.
fim de lhe conferir odor facilmente identificável, para o Além dos hidrocarbonetos de 3 a 4 átomos de car-
caso de uma eventual situação de vazamento. bono, podem ainda ocorrer no GLP pequenas quantida-
Os constituintes mais importantes do GLP são: pro- des de compostos mais leves (etano) e/ou mais pesados
pano (C3H8); propeno (C3H6); isobutano (C4H10); n-butano (pentanos).
(C4H10); e buteno (C4H8). O poder calorífico do propano é A presença de etano (C 2H6), é restrita no GLP porque
de 49.952 kJ/kg (11.934 kcal/kg) enquanto o do butano torna difícil a liquefação do produto nas condições de
é de 49.255 kJ/kg (11.767 kcal/kg) e o da gasolina é de armazenamento do GLP. O etano, normalmente, está
40.660 kJ/kg (9.714 kcal/kg). Os componentes do GLP po- presente no gás combustível, junto com o metano.
dem ser comercializados separadamente como propano Por outro lado, os mais pesados, como o n-pen-
e propeno, butanos e butenos. A queima do GLP é limpa, tano (C5H12) estão restritos no GLP porque dificultam
comparada aos combustíveis mais pesados, com reduzi- a vaporização do produto e a sua queima completa,
do nível de emissão de particulados, SO x e NOx. Produz podendo levar à ocorrência de fuligem. Normalmente,
também baixo nível de emissões de CO 2 por sua alta pro- n-pentano e hidrocarbonetos mais pesados estão pre-
porção Hidrogênio/Carbono. sentes na gasolina.
A relação entre o volume do GLP gasoso e líquido O GLP pode ser transportado e armazenado como
é de cerca de 250, o que faz com que o GLP comprimi- líquido e quando liberado, é vaporizado e é queima-
do e liquefeito ocupe pouco espaço. Quando se usa o do como gás. O GLP pode ser facilmente levado do
GLP, este é vaporizado lenta e seguramente através da estado líquido para o estado gasoso e vice versa. Esta
abertura da válvula instalada na saída do recipiente de característica faz do GLP um combustível único.
2. Principais aplicações
A principal aplicação do GLP, em nível mundial, é no e secagem), indústria de papel e celulose (secagem) e
cozimento de alimentos, representando no Brasil cerca indústria alimentícia;
de 80% do consumo deste derivado. Como uso domés- • Agropecuário: secagem de grãos, controle de pra-
tico, podemos citar ainda a calefação da água, o aqueci- gas e queima ervas daninhas, aquecimento e esteriliza-
mento de ambientes e atividades de lazer. ção de ambiente de criação de animais;
Pode também ser utilizado como matéria-prima nos No Brasil, o uso do GLP é proibido nas seguintes
seguintes segmentos: aplicações:
• Comercial: hospitais, lavanderias, restaurantes, pa- • uso automotivo – permitido apenas em empilha-
darias, hotelaria, cozimento de alimentos, aquecimento deiras;
de água, esterilização e climatização. • motores de qualquer espécie, caldeiras, saunas e
• Siderúrgico: fundição, corte e solda de metais (cus- piscinas.
to menor que o acetileno, seu competidor); O GLP é comercializado em recipientes (botijões), cuja
• Petroquímico: fabricação de borracha, polímeros, capacidade varia de 2 a 90 kg de produto liquefeito, de
álcoois e éteres; acordo com a Tabela I. A principal motivação para esta
• Combustível industrial: indústria de vidros (molda- forma de fornecimento é a portabilidade e conveniência
gem, solda e acabamento), indústria cerâmica (queima de uso em residências, indústrias e locais remotos.
O GLP atende às especificações emitidas pela ANP xar resíduos nos equipamentos;
- Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom- - Não poluente e não corrosivo;
bustíveis. - Elevado poder calorífico, para atender necessida-
Quando utilizado como combustível doméstico, o des energéticas da utilização.
GLP deve apresentar as seguintes características: Estes requisitos de qualidade devem ser atendidos
- Facilidade de liquefação sob pressão, de forma a ser pelas características definidas em sua especificação. As
transportado no estado líquido; principais características constantes da especificação do
- Facilidade de vaporização nas condições ambien- GLP são a volatilidade, definida por dois ensaios (PVR e
tais, para maior facilidade de queima no estado gasoso; Intemperismo), e a tendência do produto de ser corrosi-
- Composição uniforme, para apresentar constância vo e de causar poluição ao meio ambiente, controlada
na relação ar/combustível necessária à queima; pelo teor de enxofre do GLP e através de um ensaio de
- Combustão completa sem formar fuligem ou dei- corrosividade a uma lâmina de cobre.
A pressão de vapor Reid, PVR, representa a facili- principalmente etano, elevando-se quando a presença
dade de condensação a uma dada temperatura e seu relativa desse hidrocarboneto cresce, conforme esque-
valor é influenciado pelos componentes mais voláteis, matizado a seguir.
4.2. Intemperismo
O intemperismo representa a facilidade de vapo- que no caso, são os pentanos, elevando-se quando a
rização do GLP à pressão atmosférica e seu valor é in- presença relativa desse hidrocarboneto cresce, como
fluenciado pela presença de componentes pesados, esquematizado a seguir:
Uma vez que o GLP é queimado em ambientes por um processo de dessulfurização e deve atender a
confinados, torna-se necessário limitar a presença de um teor máximo de enxofre total. Além disso, deve se
compostos sulfurados, os quais pela combustão pro- mostrar não corrosivo no teste de exposição à lâmina
duzem SO2 e SO3, substâncias poluentes e corrosivas. de cobre a 37,8 ºC por 1 hora.
Todo o GLP produzido nas refinarias de petróleo passa
Massa Específica a 20ºC kg/m³ Anotar Anotar Anotar (4) Anotar MB 903 D 1657
D 2598
Propano %vol. 90 (mín) D 2163
Maiores informações podem ser encontradas no endereço eletrônico da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis: www.anp.gov.br.
5. Produção
O GLP pode ser produzido por diversos processos, bonetos mais pesados como etano, propano, butanos,
quais sejam: pentanos e mais pesados. O fracionamento do gás na-
- a destilação atmosférica do petróleo (óleo cru) – tural gera como subprodutos o GLP e o líquido de gás
ao separarmos o petróleo em frações com temperatu- natural (LGN), componente da gasolina;
ras crescentes de ebulição, a fração mais leve é o gás - os processos de fundo de barril, nos quais as fra-
combustível (constituído principalmente de metano e ções pesadas do petróleo são transformadas em fra-
etano). A fração seguinte é o GLP, que representa de 1 ções mais leves: GLP, gasolina e óleo Diesel. Entre tais
a 2% do petróleo; processos, encontram-se o Craqueamento Catalítico
- o fracionamento do gás natural – quando uma Fluido (FCC) e o Coqueamento Retardado, sendo que
companhia extrai o gás natural do subsolo, a maior par- o FCC é responsável por grande parte da produção de
te deste (até 90%) é metano, contendo ainda hidrocar- GLP no Brasil.
Destilação atmosférica
do petróleo
Unidade de processa-
mento de gás natural
Tratamentos de
GLP
dessulfurização
Craqueamento catalí-
tico fluido (FCC)
Coqueamento
Retardado
A qualidade do GLP comercializado nos postos de duto, razão pela qual cuidados adicionais devem ser
distribuição ou nas vendas a granel é resultado da ação observados para que problemas não aconteçam;
dos vários segmentos ao longo da cadeia em que o • A transferência do GLP até o parque de armaze-
combustível é transportado, armazenado e utilizado. namento da distribuidora, onde o mesmo também
Da refinaria ou terminal até o consumidor final, o GLP fica estocado em cilindros ou esferas, se dá por meio
percorre um longo caminho, envolvendo processos re- de bombeio via dutos ou por carregamentos de cami-
lativamente simples de transferências e armazenamen- nhões ou vagões-tanque;
tos. Um caminho típico do GLP até o consumidor final • Todos os cilindros onde o GLP e os demais gases
é o seguinte: forem armazenados devem ser limpos e utilizados
• O GLP produzido ou importado fica armazenado apenas para esta finalidade. Os caminhões ou vagões
em vasos de pressão que podem ser esferas, cilindros também devem ser específicos para este serviço para
ou até mesmo navios-tanque. Antes de ser transferido assegurar a integridade desses produtos;
para as distribuidoras, o produto é amostrado e certifi- • Deve-se prever uma limpeza periódica de todos
cado, comprovando-se a sua adequação à especificação os recipientes de GLP e demais gases, pois, ao longo
de venda. A partir deste ponto, geralmente não há mais do tempo pode ocorrer acúmulo de compostos mais
nenhum controle sistemático das características do pro- pesados no fundo dos mesmos.
Gás Liquefeito de Petróleo
7 Informações Técnicas (versão 1.2)
Gás Liquefeito
de Petróleo
Todas as recomendações de armazenamento, ma- combustível, carvão). Assim, a sua queima é rápida e
nuseio e utilização segura do GLP estão contidas na eficiente, gerando menor quantidade de resíduos (fu-
correspondente Ficha de Informação de Segurança do ligem);
Produto Químico (FISPQ). • por possuir teores mais altos de hidrogênio em
Para efeito de transporte, o GLP tem o número de suas moléculas, comparativamente aos combustíveis
identificação 1075 (gás liquefeito de petróleo), confor- líquidos, sua combustão gera menor emissão de CO 2
me classificação da ONU, adotada pelo Ministério dos e NOx;
Transportes. Sendo considerada como carga perigosa, • por possuir baixíssimos teores de enxofre em sua
as pessoas envolvidas com seu transporte devem estar composição, geram também emissões mais baixas de
devidamente treinadas e capacitadas para realizar tais óxidos de enxofre (SO x).
operações. No entanto, o GLP é um produto inflamável, mais
Conforme citado anteriormente, o GLP é um com- pesado do que o ar e, quando vaza, como tende a se
bustível de queima relativamente limpa. Isto porque: concentrar em pontos mais baixos, há grande risco de
• combustíveis gasosos como o gás liquefeito de incêndio. É um produto asfixiante devendo-se tomar di-
petróleo misturam-se facilmente com o oxigênio (pois versas medidas de segurança no manuseio e utilização
ambos estão na fase gasosa), quando comparados com do produto. Estas medidas serão discutidas a seguir.
combustíveis líquidos ou sólidos (gasolina, diesel, óleo
7.1. Armazenamento
Manter um gás pressurizado com uma redução de portável de Aço para Gás Liquefeito de Petróleo (GLP)
volume de cerca de 250 vezes, requer o uso de reci- - Requisitos e Métodos de Ensaio.
pientes que aguentem a pressão superior a necessária Instruções específicas existentes em algumas locali-
para essa compressão (1.500 kPa ou 15 kgf/cm 2). No dades devem ser rigorosamente seguidas. Estas abran-
caso de rompimento desses recipientes, pode ocorrer gem recomendações sobre afastamento adequado,
uma explosão, com vítimas fatais. Os recipientes devem facilidade de acesso, equipamentos de combate a in-
atender à norma brasileira NBR 8460 - Recipiente Trans- cêndio, sistema de aterramento, etc.
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Sendo o GLP mais pesado que o ar, se houver vaza- • abaixo do valor mínimo (limite inferior de inflama-
mento do produto, este não sofrerá uma rápida disper- bilidade) não existe combustível suficiente para susten-
são na atmosfera, tendendo a se concentrar na parte tar a combustão;
inferior do ambiente com alto risco de inflamabilidade. • acima do valor máximo (limite superior de inflama-
A inflamabilidade de qualquer produto ocorre dentro bilidade) não existe oxigênio suficiente para sustentar a
de limites tais que: queima.
Para o propano, a faixa de inflamabilidade é de 2,1 a compostos a base de enxofre, conhecidos como mer-
9,5% no meio ambiente e para o butano esta é de 1,8 a captans. O produto utilizado pela Petrobras é o etil-mer-
8,4%. Ou seja, ao se atingir uma concentração de cerca captan (C2H5SH), numa proporção de 12 g/m³ de GLP.
de 2% de GLP num ambiente, a combustão pode ser No combate a incêndios causados pela combustão
iniciada a qualquer momento, desde que se tenha uma do GLP, deve-se empregar extintores de água em nebli-
fonte de ignição. na, pó químico ou CO2, não sendo recomendável a ex-
Para evitar o acúmulo de GLP no ambiente, regras tinção do fogo sem antes estancar o vazamento, deven-
para armazenagem de botijões devem ser rigorosamen- do-se manter o recipiente resfriado com água após esta
te seguidas. Para facilitar a detecção, é obrigatória a adi- extinção. O vazamento do GLP pode provocar tonteiras
ção de um agente odorizante ao GLP comercializado em e irritações no sistema respiratório, olhos e queimaduras
botijões. Os odorizantes tradicionalmente utilizados são na pele.
8. Informações adicionais
1. A ocorrência de fuligem pode ser decorrente do 4. O GLP amostrado do tanque pode causar quei-
uso do GLP comercial em sistemas de combustão ajus- madura por congelamento, que é uma ulceração pro-
tados para queima com produtos mais leves (propano). duzida pelo frio, caso entre em contato com a pele. Isto
2. Eventualmente, em sistemas de abastecimento, se deve à rápida absorção de calor do líquido pela va-
podem aparecer resíduos decorrentes de desvios no porização sob pressão atmosférica.
manuseio ou utilização do produto, pela absorção de 5. O GLP é um excelente solvente de derivados de
óleos lubrificantes e de graxas usadas nos sistemas de petróleo e borrachas em geral. Existem no mercado
transferência do GLP. Para evitar tal ocorrência, a medi- juntas especiais para tubulações e substitutos da borra-
da preventiva recomendada é a inspeção e limpeza pe- cha disponíveis para esta aplicação.
riódica do circuito de vaporização, para que não ocorra 6. Durante a estocagem do GLP pode ocorrer a es-
acúmulo de substâncias estranhas ao GLP, ao longo do tratificação dos hidrocarbonetos devido à diferença de
tempo, em vasos e pontos baixos. densidade. Por isto, é importante que o produto seja
3. O aumento da temperatura ambiente causa ex- sempre homogeneizado através de correto procedi-
pansão do líquido, por conta disto, o recipiente não mento de movimentação e armazenamento.
deve ser totalmente preenchido com líquido.
9. Referências bibliográficas
• Farah, M. A. Pet róleo e seus deriva dos. LTC, 2012.
• ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis: http://www.anp.gov.br/
Acessado em: 5 de julho de 2013.
Coordenado por:
Gerência de Soluções Comerciais - Marketing - Abastecimento
Elaborado por:
Comissão de Assistência Técnica Petrobras
Escola de Ciências e Tecnologias de Abastecimento - Universidade Petrobras -
Recursos Humanos