Sintaxe Final

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

Sintaxe

Brasília-DF.
Elaboração

Marcelo Whately Paiva

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação................................................................................................................................... 4

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 5

Introdução...................................................................................................................................... 7

Unidade i
Período simples............................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
Sujeito................................................................................................................................. 11

CAPÍTULO 2
Tipologia verbal................................................................................................................. 16

CAPÍTULO 3
Adjunto adnominal e complemento nominal................................................................ 21

Adjunto adverbial............................................................................................................. 24

CAPÍTULO 5
Aposto e vocativo............................................................................................................. 26

Unidade iI
Período composto........................................................................................................................ 28

CAPÍTULO 1
Orações coordenadas.................................................................................................... 32

CAPÍTULO 2
Orações subordinadas..................................................................................................... 37

REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 46
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de to rná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para não finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução

Pontos conflitantes no estudo da análise sintática


Walmirio Macedo (UERJ, UFF e ABF)

Já há algum tempo, vem sendo a análise sintática alvo de ataques de um segmento


do ensino da língua portuguesa. Não foi, entretanto, apontado o mal que possa
provocar o ensino e/ou o aprendizado da análise sintática. Que seja difícil ou
apresente pontos controversos não é argumento que se possa levar em conta. Mas
não há até aqueles que são contra o ensino da própria Língua Portuguesa? Se são no
global, não se há de espantar serem contrários no parcial.

Estou entre aqueles que acham que o saber não faz mal algum. Muito ao contrário,
só nos enriquece, nos transforma em pessoas capazes de entender mais, de
compreender mais, de expressar mais etc. Assim, posso até tornar-me avis rara, mas
defendo o ensino da língua vernácula em toda a sua potencialidade, não importando
o que digam ou o que pensem os que discutem o problema na internet, pregando
liberdade total, de preferência cheio de erros de concordância e outros.

O que defendo é uma metodologia clara, objetiva que indique o momento em que
certos conhecimentos possam ser passados, a fim de que cada um possa dispor
de um meio de comunicação que poderá utilizar nas ocasiões necessárias, nos
momentos certos na luta da vida para conquista dos melhores espaços.

Ao invés de ser uma repressão, como dizem uns, pode tornar-se um meio eficiente
de libertação e defesa contra a própria repressão de que se pode ser alvo ao longo da
vida. Essa introdução se faz necessária para a defesa do ensino da análise sintática. A
linguagem há de servir para expor-se o pensamento com clareza e só pode fazê-lo
bem quem sabe construir uma frase perfeita. É preciso, pois, conhecer a estrutura do
enunciado nos seus componentes, saber suas variantes e suas possibilidades. Isso é
o mínimo.

Reflexão sobre a sintaxe em livros didáticos de


Língua Portuguesa
Suzana Cortez

Os estudos que se voltam para o ensino de Língua Portuguesa, ou mais


especificamente, que se propõem a analisar o livro didático (LD), pouco ou quase
não contemplam a sintaxe, porque em grande parte situam suas reflexões no âmbito
geral da gramática. No entanto, dada a alta incidência de conteúdos de sintaxe nos
livros didáticos de Língua Portuguesa, conforme atesta a pesquisa de Neves (1990,
apud TRAVAGLIA, 1996: 103), na qual mais de 70% dos conteúdos gramaticais

7
apontam para a sintaxe e morfologia, em detrimento do trabalho com texto
(menos de 3%), e, por outro lado, sua relevância no ensino de língua, consideramos
importante investigar como a sintaxe vem sendo abordada nos LDs.

Inicialmente, antes de nos determos na análise dos LDs, é preciso esclarecer não
apenas o conceito de língua, subjacente a este trabalho, mas esclarecer a noção de
sintaxe que defendemos, como também refletir, ainda que em poucas linhas, o que
é e a que se destina o ensino de Língua Portuguesa.

Língua, sintaxe e ensino

A concepção de língua norteadora deste trabalho implica uma concepção funcional de


língua que não se limita ao código linguístico, mas entende-a como lugar de interação,
onde os falantes se tornam sujeitos. A partir dessa concepção, evidenciamos que a
sintaxe por si não permite uma efetiva aprendizagem da língua, nem a interpretação
de todos os seus fatos. Conforme Azeredo (1995:13): “A sintaxe é parte do sistema da
língua que permite criar e interpretar frases, mas (...) de fato, a sintaxe não explica tudo
na criação e interpretação de frases”. Tal afirmação nos orienta para compreender a
sintaxe como parte integrante da língua, por isso não negamos a sua importância
no ensino, embora não a concebamos de maneira autônoma, desvinculada dos reais
fatos da língua e dos aspectos pragmáticos e textuais.

Assim, o ensino de língua constitui o momento em que os falantes ampliam e


desenvolvem sua competência comunicativa, ou seja, sua capacidade de compreensão
e produção textual nas diferentes situações comunicativas, por meio de atividades
que contemplam o aspecto linguístico (léxico e gramática) no uso efetivo da língua.

Sobre isso, podemos citar Travaglia (1996:109):

A proposta é trabalhar a gramática numa perspectiva formal mais


ampla, na dimensão do funcionamento textual-discursivo dos
elementos da língua, uma vez que a língua funciona em textos que
atuam em situações específicas de interação comunicativa e não
em palavras e frases isoladas e abstraídas de qualquer situação ou
contexto de comunicação.

O autor ainda defende que a reflexão é fator fundamental para aprender a língua e
entender seu funcionamento:

Aprender a língua, seja de forma natural no convívio social, seja de


forma sistemática em uma sala de aula, implica sempre reflexão
em torno da linguagem, formulação de hipóteses e verificação
do acerto ou não dessas hipóteses sobre a constituição e
funcionamento da língua.

Desta forma, não acreditamos na eficácia do ensino de língua baseado


essencialmente na metalinguagem, que tem como núcleo central a gramática, ou

8
mais especificamente, a sintaxe como conteúdo predominante, desvinculado de
situações comunicativas reais. De acordo com Geraldi (1997:88): “A maior parte
do tempo e do esforço gasto durante o processo escolar serve para aprender a
metalinguagem de análise da língua”.

Isto pode ser percebido, na maioria dos LDs, pelos exercícios e mais exercícios
destinados a instrumentalizar o aluno quanto ao domínio da terminologia
gramatical, a fim de prepará-lo, por exemplo, para fazer identificação de conjunções
e classificação de orações e períodos de maneira descontextualizada. De acordo
com Mendonça (1999:2):

Não concebemos essa sistematização como os tradicionais


ensino da terminologia ou análise das palavras, expressões e
frases, muito menos se tomadas descontextualizadas, mas como
a oportunidade de conhecer e utilizar determinados recursos
gramaticais fundamentais ao estabelecimento das relações de
significado num texto e, portanto, da explicitação das intenções
dos usuários.

Neste aspecto, os LDs falham porque não contribuem para desenvolver a


competência comunicativa do aluno, que acaba sendo medida com base nas
questões respondidas corretamente. Se “o domínio de uma língua é o resultado
de práticas efetivas, significativas e contextualizadas” (POSSENTI,1997:36), as quais
acontecem não apenas no dia a dia, mas também no espaço sala de aula, não é
por meio de exercícios estruturais e descontextualizados que o aluno efetiva sua
competência. Em virtude disso, não é válido medir a capacidade comunicativa do
aluno com base exclusiva nas respostas corretas dos exercícios, pois assim ele será
preparado apenas para ser bem-sucedido em sala de aula ou nos concursos, mas
não para as práticas textuais e interpretativas da vida.

Parece, então, transformar-se o ensino de Língua Portuguesa num grande paradoxo,


pois que falantes da língua, aprendendo português durante todo o período escolar,
ainda insistem num saber não efetivado e, pior ainda, não estão seguros quanto à
produção textual, decretando verdadeira guerra à disciplina, sendo constantes as
afirmações de que não sabem português.

Objetivo
»» Compreender a sintaxe como parte constitutiva da língua, que enfoca a organização
e o relacionamento das palavras em uma oração.

9
Período simples Unidade i

CAPÍTULO 1
Sujeito

Sintaxe (do grego syntáxis = arranjo, disposição) é a parte da gramática que estuda a palavra em
relação às outras em uma frase. Analisar sintaticamente um texto é observar e classificar as funções
desempenhadas por palavras e orações no período.

Frase é um enunciado de sentido completo. Frases nominais não apresentam verbo. Frases verbais
são as que possuem verbos.

Atenção! = frase nominal.


Casa vazia e quieta. = frase nominal.
Encontrei a casa vazia e quieta. = frase verbal.

A frase pode conter uma ou mais orações.


O Brasil venceu mais um jogo (uma oração = período simples).
O Brasil venceu os jogos, portanto é o campeão (duas orações = período composto).

Sujeito
Aquilo ou aquele sobre o qual se declara ou se refere a oração.

Sujeito simples: possui apenas um núcleo.

O rapaz cantou a música.


Os rapazes cantaram a música.

Sujeito composto: possui mais de um núcleo.

O rapaz e a moça cantaram a música.

Sujeito indeterminado: existe um sujeito na oração, mas não se consegue identificar. Duas são
as formas para que o sujeito seja indeterminado.

a. Com o verbo na terceira pessoa do plural sem referência ao sujeito no contexto.

Compraram o livro ontem.

11
UNIDADE I │ PERÍODO SIMPLES

b. Com o pronome se como índice de indeterminação do sujeito.

Precisa-se de vocês agora.


Só se é feliz aqui.
Nunca se foi tão elogiado pelo diretor.

Observações:

1. O sujeito indeterminado nunca está representado em forma de palavra na oração


por pronome ou termo indefinido. Observe.

Alguém saiu com a menina = sujeito simples e não indeterminado.

2. Dúvida terrível para quase todos os candidatos é a diferença entre o se no papel de


índice de indeterminação do sujeito e o se como partícula apassivadora. Observe.

A partícula apassivadora (ou pronome apassivador) só existe com verbo transitivo direto (ou
transitivo direto e indireto) e indica voz passiva sintética (assunto que aprenderemos mais à frente).
A regra afirma que, ao ocorrer um se como partícula apassivadora, pode-se transformar a frase em
voz passiva analítica. O sujeito na frase sempre estará determinado.

Comprou-se a revista = a revista foi comprada.


Machucou-se o dedo = o dedo foi machucado.

O sujeito no primeiro exemplo é a revista e, no segundo, o dedo.

O índice de indeterminação do sujeito ocorre geralmente com os verbos intransitivo, transitivo


indireto ou mesmo de ligação. O sujeito é sempre indeterminado. Não se pode transformar a
construção em voz passiva analítica. Observe.

Vive-se em São Paulo.


Gosta-se de livros.
Está-se triste hoje.

Como você pode perceber, não se consegue descobrir quem vive em São Paulo, quem gosta de
livros ou quem está triste hoje. Principalmente, não se consegue transformar em voz passiva
analítica. Não se pode escrever ou dizer Em São Paulo é vivido, De livros é gostado ou
Triste é estado hoje.

Oração sem sujeito: é a oração que possui verbo impessoal. Quase todos os verbos de nossa
língua possuem sujeito em uma frase, ou seja, são pessoais. No entanto, em alguns casos, ocorrem
verbos sem sujeito. Observe alguns exemplos.

a. Verbos que indicam fenômenos da natureza.

Ontem ventou muito.

Faz invernos rigorosos em Campos do Jordão.

12
Período simples │ UNIDADE I

b. O verbo haver com o sentido de existir, acontecer, ocorrer e tempo decorrido.

Há livros interessantes em casa.


Em Brasília, houve festas no Natal.
Há semanas que não encontro você.

c. Verbo fazer quando indica tempo decorrido.

Faz dez anos que estou casado.

d. Verbo ser ou estar em situações de tempo, distância ou clima.

São dez horas agora.


De Brasília a São Paulo, são mais de 900km.
Está frio hoje.

e. Algumas expressões também são impessoais em nosso idioma: já passa de,


chega de, basta de, trata-se de, vai para (relacionada a tempo).

Já passa das dez!


Chega de bobagem!
Basta de tolices!
Trata-se de problemas sérios.
Vai para dez anos que não viajo.

Observações:

1. Os verbos impessoais, quando acompanhados de auxiliares, transmitem a estes sua


impessoalidade. Observe.

Há pessoas na sala.
Deve haver pessoas na sala.
Faz dias frios.
Deve fazer dias frios.
Há respostas no final.
Há de haver respostas no final.

2. Os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais. Quando, porém,


ocorrem em construções com sentido figurado possuem sujeito.

Choveu muito = impessoal.


Choveu dinheiro = pessoal com sujeito simples – dinheiro.

3. Nas orações comparativas é comum aparecer o sujeito com o verbo subentendido.


Observe.

Isabela é mais bonita do que a amiga (duas orações).

13
UNIDADE I │ PERÍODO SIMPLES

4. Embora condenado por alguns gramáticos, o sujeito oculto aparece em algumas


provas. Observe o sujeito do verbo comprar nos dois exemplos a seguir.

Comprei o livro ontem (sujeito oculto desinencial).


Lígia saiu e comprou o livro ontem (sujeito oculto contextual).

5. A locução expletiva é que e suas variações não apresentam sujeito.

Madalena é que é inteligente.


Paulo Honório foi que fez aquilo.
Seremos nós que falaremos com o diretor.

6. Algumas bancas organizadoras de provas classificam o sujeito oracional como


sujeito simples.

Convém que você volte cedo (o sujeito de convém é assim classificado como
oracional ou simples).

7. Os verbos deixar, mandar, fazer, ver, ouvir e sentir apresentam algumas vezes
uma oração como complemento, cujo sujeito pode ser representado por um pronome
átono. É o chamado sujeito do infinitivo, que ocorre na oração infinitivo-latina.
Observe a construção desenvolvida e, depois, reduzida na oração infinitivo-latina.

Lucas deixou o irmão sair.

Lucas → sujeito de “deixou”.


o irmão → sujeito de sair.
o irmão sair → objeto direto oracional de “deixou”.

Lucas deixou-o sair.

Lucas → sujeito de deixou.


o → sujeito de sair.
o sair → objeto direto oracional de deixou.

Praticando 1
1. Identifique e classifique o sujeito dos verbos destacados nas orações a
seguir.

a. Simples
b. Composto
c. Elíptico (oculto)
d. Indeterminado
e. Inexistente (oração sem sujeito)

1. ( ) Boa saúde é fundamental.

2. ( ) Voltaram Ricardo e Alexandre.

14
Período simples │ UNIDADE I

3. ( ) Consideram-me egoísta por não concordar com você.

4. ( ) Cantou-se demais em casa.

5. ( ) Ventou bastante naquela noite.

6. ( ) Terminei a confusão ontem mesmo.

7. ( ) Ontem, no clube, falaram muito de você.

8. ( ) Magoa-me que não tenhas vindo mais cedo.

9. ( ) Alguém saiu com a menina ontem.

10. ( ) Tímidas pareciam suas atitudes na festa.

11. ( ) Faz um calor em Brasília.

12. ( ) Grandes e bonitas eram as montanhas no Chile.

13. ( ) Deseja-se o livro ainda hoje.

14. ( ) Perdeu-se o jogo e a cabeça na Argentina.

15. ( ) Necessitava-se de ajuda na Argentina.

16. ( ) Encontraram-se diamantes na Chapada dos Veadeiros.

17. ( ) Ouvi-te chegar tarde.

18. ( ) Encontrei-te na rua.

19. ( ) Um mascarado assaltou o banco.

20. ( ) Brasil e Argentina são os favoritos.

2. Identifique o“se”como partícula apassivadora ou índice de indeterminação


do sujeito.

a. Partícula apassivadora
b. Índice de indeterminação do sujeito

1. ( ) Quebrou-se a porta.
2. ( ) Comprou-se a porta.
3. ( ) Necessita-se da porta.
4. ( ) Comeu-se a torta
5. ( ) Comeu-se da torta.
6. ( ) Está-se feliz aqui.
7. ( ) Está-se aqui.
8. ( ) Vive-se bem em Florianópolis.
9. ( ) Perdeu-se o título.
10. ( ) Ama-se muito o rapaz.
11. ( ) Bebeu-se o vinho.
12. ( ) Bebeu-se do vinho.

15
CAPÍTULO 2
Tipologia verbal

Verbo intransitivo
Verbo que apresenta ação e não pede complemento verbal. É muito comum aprendermos como
“verbo que apresenta sentido completo”. Tal regra não é adequada para concursos.

Paula saiu.
João acordou.

1. Cuidado com alguns verbos (andar, ficar, ser, estar, continuar,


permanecer etc.) que ora funcionam como intransitivo ora como de
ligação, dependendo do texto.

Alexandre andou no parque (intransitivo).


Alexandre andava preocupado (ligação).

Ricardo ficou em casa (intransitivo).


Ricardo ficou feliz com a notícia (ligação).

Eu sou como você (intransitivo).


Eu sou alto (ligação).

Denise está na sala (intransitivo).


Denise está bonita (ligação).

Rafael continua no hospital (intransitivo).


Rafael continua quieto (ligação).

2. Cuidado com os verbos ir, chegar e voltar, pois são naturalmente verbos
intransitivos.

Guilherme foi a São Paulo.


Isabela voltou de Salvador.
Lucas chegou a Porto Alegre.

Nota: Nos exemplos citados, os termos que aparecem após os verbos são adjuntos adverbiais e
não objetos indiretos.

Verbo transitivo direto


Verbo que pede complemento direto.

Paula comprou um livro.


Rosália encontrou o quadro.

16
Período simples │ UNIDADE I

Observações:

1. Objeto direto pleonástico: quando ocorre redundância do objeto em relação ao


mesmo verbo, para enfatizar o termo ou por vício linguístico.

O livro, Pedro comprou-o.

2. Objeto direto preposicionado: quando o autor por estilo inclui uma preposição
no complemento direto.

Mário comeu do bolo e bebeu do suco.


Ele ofendeu a todos presentes.
Desta água não beberei; deste pão não comerei.

3. Objeto direto interno: quando ocorre relação semântica desnecessária entre


verbo e seu complemento.

Marta chorou lágrimas.


Maria dormiu um sono tranquilo.

4. São considerados verbos transobjetivos aqueles que exigem, além de um objeto,


um predicativo. Observe.

Considero minha namorada linda.

Considero = verbo transitivo direto.


minha namorada = objeto direto.
linda = predicativo do objeto.

Verbo transitivo indireto


Verbo que pede complemento indireto (com preposição).

Lúcia gosta de bons livros.


Todos precisam de amigos.

Observações:

1. Objeto indireto pleonástico: redundância do complemento em relação ao


mesmo verbo por ênfase ou vício linguístico.

Ao pai, não lhe conto mais nada.

2. Adjunto adnominal ou objeto indireto?

Posso tocar-lhe a face (adjunto adnominal).


Dei-lhe meu coração (objeto indireto).

O adjunto adnominal, quando pronome átono, poderá ser substituído por um


pronome possessivo e estará ligado semanticamente a um substantivo. Alguns

17
UNIDADE I │ PERÍODO SIMPLES

gramáticos consideram esse pronome átono como objeto indireto de posse (não
podendo ser classificado apenas como objeto indireto).

O objeto indireto, quando pronome átono, sempre estará relacionado a um verbo


para completar o sentido.

3. Alguns verbos admitem dois objetos indiretos.

A aluna se queixou da carteira ao diretor.


O amigo se desculpou da brincadeira a todos.

Verbo transitivo direto e indireto


Verbo que pede complemento direto e indireto.

João enviou o livro ao pai.


Berenice ofereceu aos convidados o bolo.

Verbo de ligação
Verbo denota estado, qualidade ou condição.

Paula é linda = estado permanente.


Paula está linda = estado transitório.
Paula ficou linda = mudança de estado.
Paula continua linda = continuidade de estado.
Paula parece linda = aparência.

Observações:

1. Todo verbo de ligação apresenta predicativo do sujeito.

2. Toda locução que indicar estado do sujeito indica também um predicativo.

Daniel está com sono.


Maria ficou pra tia.

3. O predicativo que ocorre com verbo de ligação impessoal pode ser classificado como
neutro.

São três horas.


Está frio.

18
Período simples │ UNIDADE I

Praticando 2

1. Classifique os verbos, conforme o código abaixo.

a. De ligação (VL)

b. Intransitivo (VI)

c. Transitivo direto (VTD)

d. Transitivo indireto (VTI)

e. Transitivo direto e indireto (VTDI)

1. ( ) O Brasil é o melhor.

2. ( ) Compraram a mercadoria.

3. ( ) Ela tem presentes de couro.

4. ( ) O rei virou mendigo.

5. ( ) As meninas permanecem bonitas.

6. ( ) O advogado enviou o processo ao juiz.

7. ( ) Bruna saiu ontem de São Paulo.

8. ( ) Ciro ficou chateado.

9. ( ) Ciro ficou no parque.

10. ( ) Rodrigo está com os filhos.

11. ( ) Rodrigo está feliz com os filhos.

12. ( ) Otávio veio de Salvador.

13. ( ) Edilson chorou lágrimas de alegria.

14. ( ) Edilson chorou muito ontem.

15. ( ) Acariciei-lhe o cabelo com amor.

16. ( ) Dei-lhe o livro com amor.

17. ( ) Rafael contou-me tudo.

18. ( ) Rafael quebrou-me o dedo ontem.

19. ( ) O livro foi-me útil na prova.

20. ( ) O professor resolveu-lhe o problema.

19
UNIDADE I │ PERÍODO SIMPLES

2. Classifique os termos destacados, conforme o código abaixo.

a. Objeto direto

b. Objeto direto preposicionado

c. Objeto direto pleonástico

d. Objeto direto interno

e. Objeto indireto

f. Objeto indireto pleonástico

g. Predicativo do sujeito

h. Predicativo do objeto

1. ( ) Os alunos descobriram tudo.

2. ( ) Os filhos precisam de permissão para algumas coisas.

3. ( ) Depois de muito trabalho, cumpriu com as obrigações.

4. ( ) Os professores dormiram o sono dos justos e humildes.

5. ( ) O livro, eu ainda o comprarei.

6. ( ) A nós, resta-nos ainda uma saída.

7. ( ) As mulheres, espertas, sempre descobrem os melhores partidos.

8. ( ) O pai deu por encerrada a confusão.

9. ( ) Vaidosa, já não o era mais aos 30 anos.

10. ( ) Aos vencedores deram medalhas de ouro.

11. ( ) Os torcedores chamaram aos atletas de mercenários.

12. ( ) Nesse triste caso, a ambos cabe a culpa.

13. ( ) Os candidatos apareceram sorridentes depois da prova.

14. ( ) As meninas anseiam pelos melhores rapazes.

15. ( ) Venceram os paulistas aos cariocas naquela batalha.

16. ( ) Gosto de você feliz.

17. ( ) Ofereceram-lhe melhor salário.

18. ( ) Basta-nos paz e promessa de melhores dias.

19. ( ) Você sempre nos enganou com seu jeito ingênuo.

20. ( ) Os romanos adoravam a Júpiter.

20
CAPÍTULO 3
Adjunto adnominal e complemento
nominal

Adjunto adnominal
Termo ou expressão que caracteriza o substantivo. Geralmente, os adjuntos adnominais são artigos,
pronomes adjetivos e numerais adjetivos. Observe os termos destacados a seguir.

As minhas bonitas primas de São Paulo compraram duas revistas novas.

Complemento Nominal
Termo preposicionado que completa o sentido de palavras (substantivos, adjetivos ou advérbios)
abstratas, quando estas dependem de um complemento para o entendimento da oração.

Paula tem necessidade de livros.


Ele é bom em Física.
O professor agiu favoravelmente aos alunos.

O complemento nominal aparece sem preposição quando representado por pronome átono.

Tudo lhe foi desagradável.


Sou-lhe grato por tudo.
O livro me foi útil.

Para diferenciar o complemento nominal do adjunto adnominal, observe se a expressão em


dúvida funciona como agente ou paciente do substantivo a que está ligada.

O amor do pai é grande (adjunto adnominal, pois o pai é agente).


O amor ao pai é grande (complemento nominal, pois o pai é paciente).

Observações:

1. Procure não confundir objeto indireto e complemento nominal. O primeiro está


ligado a um verbo; o segundo, a um nome.

Lembrou-se do livro = do livro está ligado a verbo = objeto indireto.


A lembrança do livro = do livro está ligado a nome = complemento nominal.

2. Procure não confundir agente da passiva e complemento nominal. O primeiro é


agente da locução verbal passiva; o segundo completa o sentido do nome abstrato.

21
UNIDADE I │ PERÍODO SIMPLES

A compra de presentes pelo pai me agradou = pelo pai está ligado a nome.

Os presentes foram comprados pelo pai = pelo pai está ligado a uma locução verbal.

Observe a diferença.

O livro foi escrito pelo professor = agente da passiva.


A aluna estava apaixonada pelo professor = complemento nominal.

No primeiro caso, temos voz passiva analítica. Basta passar para voz ativa.

O livro foi escrito pelo professor = O professor escreveu o livro.

No segundo caso, não se consegue passar para voz ativa.

3. É comum a confusão entre adjunto adnominal e complemento nominal. Se


a expressão em dúvida estiver ligada a um adjetivo ou advérbio, será sempre
complemento nominal.

Ele é bom em Matemática. = complemento nominal.


Ele estava longe de casa. = complemento nominal.

Se a expressão estiver ligada a um substantivo abstrato, precisaremos aplicar uma


regra de agente ou paciente.

A doação do amigo foi generosa. = adjunto adnominal.


A doação ao amigo foi generosa. = complemento nominal.

No primeiro caso, a expressão do amigo é agente em relação ao substantivo, ou


seja, o amigo fez a doação. Quando a expressão ligada a substantivo abstrato é
agente, trata-se de adjunto adnominal. No segundo caso, a expressão ao amigo
é paciente, ou seja, completa o sentido da palavra. O amigo receberá a doação. Neste
caso, tem-se complemento nominal.

4. Pronome átono ligado a adjetivo é sempre complemento nominal.

Aquilo me foi difícil.


Sou-lhe grato.

Nos dois casos acima, o pronome átono está ligado a adjetivo. Pode-se facilmente
substituir o pronome átono por um tônico e perceber a relação entre os termos.

Aquilo me foi difícil. = Aquilo foi difícil para mim.


Sou-lhe grato. = Sou grato a você.

22
Período simples │ UNIDADE I

Praticando 3

Classifique os termos destacados, conforme o código abaixo.

a. Adjunto adnominal

b. Complemento nominal

1. ( ) A construção da ponte foi demorada.

2. ( ) O gosto de Joana por doces é imenso.

3. ( ) A oferta dos amigos foi generosa.

4. ( ) A oferta aos amigos foi generosa.

5. ( ) Ela estava ávida por amor.

6. ( ) Atenciosamente ao caso, ele fez tudo.

7. ( ) O direito do brasileiro é real.

8. ( ) O direito ao voto é real.

9. ( ) A compra do imóvel se tornou realidade ontem.

10. ( ) A compra de meu presente estourou o orçamento.

11. ( ) A compra de natal por meus pais estourou o orçamento.

12. ( ) Estou feliz com a situação.

13. ( ) Quebro-te a cara se não voltares.

14. ( ) Ser-me-á muito útil todo o material.

15. ( ) A certeza da vitória estimulava-me.

16. ( ) A certeza dos jogadores era evidente.

17. ( ) A oferta do dinheiro veio em boa hora.

18. ( ) A oferta do amigo veio em boa hora.

19. ( ) Quero lhe beijar a boca.

20. ( ) Isto lhe foi terrível.

23
CAPÍTULO 4
Adjunto adverbial

Adjunto adverbial
É o termo modificador de verbo, adjetivo ou outro advérbio.

O candidato estudou muito.


O candidato é muito bom.
O candidato escreve muito bem.

O advérbio exprime basicamente ideias de circunstâncias: afirmação, negação, dúvida, modo, tempo,
lugar, intensidade, causa, companhia, condição, concessão, finalidade, meio, instrumento, referência.

Ele é com certeza nosso melhor jogador. = afirmação


O jogo será realizado agora. = tempo
Todos o esperavam aqui. = lugar
Ela comenta muito o assunto. = intensidade
Ela fugiu com o barulho. = causa
O amigo saiu com o irmão. = companhia
Passarei com muito estudo. = condição
Apesar da chuva, houve jogo. = concessão
Eu a pedi em casamento. = finalidade
Vive de esmolas. = meio
Ele foi de avião. = instrumento
Falamos sobre o assunto. = referência ou assunto

Advérbios interrogativos:

Como chegou? = modo


Onde estava o aluno? = lugar
Quando ela chegou? = tempo
Por que ela chegou? = causa
Quanta demora? = intensidade

Praticando 4

Classifique os termos destacados, conforme o código abaixo.

a. Objeto direto
b. Objeto indireto
c. Adjunto adnominal

24
Período simples │ UNIDADE I

d. Complemento nominal
e. Adjunto adverbial
f. Agente da passiva

1. ( ) Quem faz tudo correto não teme a Deus.

2. ( ) Os jovens não discordaram dele.

3. ( ) Depois da operação, correu ao espelho para ver como ficou a plástica.

4. ( ) Era conhecida de todos o seu temperamento.

5. ( ) A aluna sempre foi boa em Matemática.

6. ( ) O juiz decidiu contrariamente ao esperado.

7. ( ) Algumas pessoas dizem palavras sem sentido.

8. ( ) Não devemos perder a esperança em dias melhores.

9. ( ) A descoberta do Brasil foi um grande acontecimento político na Europa.

10. ( ) Consta que foi uma descoberta dos portugueses.

11. ( ) As colunas da ponte são de ferro.

12. ( ) Raios de brilho fazem-me lembrar de você.

13. ( ) Os alunos têm aversão à análise sintática.

14. ( ) Ninguém resiste aos encantos da natureza.

15. ( ) O pedido foi feito por alunos.

25
CAPÍTULO 5
Aposto e vocativo

Aposto
É o termo ou expressão que explica, especifica, enumera, resume ou distribui. O núcleo de um
aposto será um substantivo ou palavra na função de substantivo.

Marcela, filha mais velha de meu irmão, é muito bonita.

Tipos de aposto:

a. explicativo: Lula, o presidente do Brasil, nasceu no Nordeste.

b. especificativo: Minha irmã Denise mora em São Paulo.

c. enumerativo: Comprei duas coisas ontem: um carro e uma casa.

d. resumitivo ou recapitulativo: Dinheiro, poder, glória, nada o seduzia mais.

e. distributivo: Paula e Marta são bonitas. Esta é brasiliense; aquela, carioca.

Observações:

1. Não se deve confundir aposto com predicativo. Aposto tem valor de substantivo, e o
predicativo tem valor de adjetivo.

José, feliz, chegou. = predicativo.


José, homem feliz, chegou. = aposto.

2. Não exerce a função de aposto, termo ou expressão antecedido por conjunção.

Quando homem feliz, José sorria. = oração adverbial.


Como amigo, confio-lhe o segredo. = oração adverbial.

Vocativo
É o termo que indica um chamamento. Também recebe o nome de “apóstrofe”.

Alunos, voltem à sala!


Deus, ó Deus, ouça-me!

Observação:

Vocativo nunca é sujeito.

Roberto, faça a prova! (Roberto não é o sujeito sintático.)

26
Período simples │ UNIDADE I

Praticando 5

Classifique os termos destacados, conforme o código abaixo.

a. Adjunto adnominal

b. Predicativo

c. Adjunto adverbial

d. Aposto

e. Vocativo

1. ( ) Os meus livros estão em dois quartos separados.

2. ( ) Ela é bonita demais.

3. ( ) Estou sem palavras.

4. ( ) A rainha do campo fez sucesso.

5. ( ) A rainha no campo fez sucesso.

6. ( ) O São Paulo, o melhor time do Brasil, será campeão novamente.

7. ( ) Isabela, volte para mim!

8. ( ) Os alunos inteligentes já entenderam tudo.

9. ( ) Os alunos, inteligentes, já entenderam tudo.

10. ( ) Meu primo José voltou.

11. ( ) Meu primo, José, voltou.

12. ( ) A caneta, o lápis, a borracha, tudo era novo.

13. ( ) Comprei algumas coisas: um carro e uma casa.

14. ( ) O coração, sede dos mistérios, é tão mesquinho.

15. ( ) Serenai, verdes mares!

16. ( ) Ouviremos a palestra do dia.

27
Período Unidade iI
composto
Coordenação e subordinação no Português
do Brasil: da visão tradicional à abordagem
linguística
Maria do Carmo Melo Aguiar Neta, Maria de Fátima Benício de Melo

Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (Universidade Federal da Paraíba)

O presente artigo pretende estudar os processos de coordenação e subordinação no


português do Brasil. Para tanto, percebemos que se faz necessário e fundamental,
para um bom entendimento desses processos, estabelecer as diferenças existentes
entre a coordenação e a subordinação. Esta dependente sintática e semanticamente
da oração principal; aquela independente do ponto de vista sintático, mas
dependente no que diz respeito ao sentido (semântica).

Feito isso podemos avançar nossos estudos no que se refere à análise do


período composto por coordenação e por subordinação em Língua Portuguesa.
Revisaremos certas definições da gramática tradicional que, muitas vezes, por
serem mal compreendidas por parte dos professores e dos alunos, comprometem o
aprendizado destes no que diz respeito a esse assunto. Em contrapartida, procuramos
abordar alguns aspectos à luz das contribuições linguísticas acrescentando em
nossas análises elementos como a pragmática, a semântica, a intenção do falante,
elementos que por serem postos de lado pela GT, comprometem o entendimento
do funcionamento da língua como um todo e suas possíveis variações a depender
do contexto em que são produzidas.

Pseudocoordenação

De acordo com a gramática tradicional – GT, as orações coordenadas são


apresentadas como independentes enquanto que as subordinadas são apresentadas
como dependentes. No entanto, sabemos que tal definição é incompleta, uma vez
que não esclarece com precisão em que aspecto ocorre a independência de tais
orações, fato que compromete, muitas vezes, os exemplos utilizados pelo professor
na tentativa de demonstrar tal evento para o aluno. Se observarmos os exemplos a
seguir, poderemos verificar que, embora se trate de uma conjunção coordenativa
aditiva, ora o e exerce um valor semântico de adição ora de adversidade ou oposição,
respectivamente.

(1) Ele comprou a passagem e partiu no primeiro trem.


(2) Ele comprou a passagem e não viajou.

28
Período composto │ UNIDADE II

Estruturalmente, ambas as orações são independentes do ponto de vista sintático,


entretanto em (2) há uma dependência semântica a qual permite aproximar o
sentido do conectivo aditivo e ao do sentido adversativo do conectivo mas/porém.
Inúmeras são as ocorrências em que o e extrapola seu sentido original de adição ou
soma para exercer um sentido de conclusão, de simultaneidade. Veja os exemplos.

(3) Fui à festa de seu aniversário e posso dizer quem estava lá.
(4) É um escritor clássico e romântico.

Em (3), o e exerce claramente o papel de uma conjunção coordenativa conclusiva,


podendo ser substituído por logo/portanto/por isso. Em (4), a ideia estabelecida é
de simultaneidade, permite a substituição do e pela expressão ao mesmo tempo sem
causar nenhum prejuízo, no que se refere ao aspecto semântico e sintático da oração.

Também as adversativas demonstram ter uma relação estreita com as orações


subordinadas adverbiais concessivas, sendo esta responsável por dar maior realce
a oração dependente, ou seja, a opção por utilizar a subordinativa adverbial
concessiva prepara o interlocutor para a informação seguinte que está contida
na oração principal. Enquanto aquela transmite a ideia de oposição sem realçar a
informação destinada ao interlocutor, isto é, não o prepara para a notícia que se
segue. Observe os exemplos:

(5) Estava atento, mas não percebeu nada.


(6) Embora estivesse atento, não percebeu nada.
(7) Estudou bastante, porém não passou nos exames.
(8) Apesar de ter estudado bastante, não passou nos exames.

Apesar de em (5) e (7) termos orações coordenadas adversativas e em (6) e (8)


termos orações subordinadas adverbiais concessivas, em todas elas está contida
uma ideia de oposição/ concessão. A partir dessa constatação, percebemos que as
subordinadas são dependentes tanto do ponto de vista sintático quanto semântico,
enquanto que as coordenadas, apesar de serem sintaticamente independentes, são
semanticamente dependentes.

Algo semelhante ocorre com as explicativas, sobretudo quando introduzidas


pelo conectivo que e porque. Em virtude da afinidade semântica entre motivo
e causa, é comum confundir-se porque, explicativa, com porque, subordinativa
adverbial causal.

Na tentativa, nem sempre eficaz, de desfazer essa confusão a gramática tradicional


sugere o seguinte.

»» A oração coordenada explicativa:

›› traz a explicação da declaração feita na oração anterior. Uma explicação


vem sempre depois do fato que está sendo explicado.

29
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

(9) Ela tomou banho de mar, porque está com o cabelo molhado.

›› é usada, com frequência, depois de orações que indicam ordens (modo


imperativo), desejos ou opiniões, além de ser, normalmente, precedida
de vírgula.

(10) Dissolva com cuidado a maisena, porque pode embolar.


(11) Desejo-lhe muitas felicidades, que você merece.

»» Já a oração subordinada adverbial causal nos dá a causa do que se declarou


na oração principal. Uma causa vem sempre antes da consequência que
resulta dela.

(12) Não foi ao cinema porque chovia muito.


(13) Precisamos chegar cedo porque queremos assistir ao filme todo.
(14) Não terminei o trabalho porque estava com duvidas.

Vale ressaltar que as orações subordinadas adverbiais causais, segundo a GT, não são,
normalmente, precedida de vírgula. Embora essas sejam as orientações contidas nas
gramáticas escolares, elas não conseguem ser claras e objetivas o suficiente para
permitir um bom entendimento do funcionamento das relações estabelecidas entre
as orações, seja para o professor, seja para o aluno que a utilizam como ferramenta
para seu trabalho e seu estudo, respectivamente.

Ao invés de se deter a detalhes não tão significativos como o uso ou não de vírgula
entre as orações, seria mais proveitoso mostrar ao aluno essa relação de sentido que
as aproxima. Pois mesmo que em (12) tenhamos uma oração subordinada adverbial
causal não podemos deixar de destacar que intrinsecamente está contida uma ideia
de explicação ou causa.

Fato semelhante acontece no exemplo abaixo.

(15) Professora, Pedro não veio à aula porque está doente.

Nesse contexto, tanto é coerente dizer que temos uma oração subordinada adverbial
causal quanto podemos afirmar que há um sentido intrínseco de explicação contida
nessa oração. Se considerarmos a participação do colega de Pedro ao informar
a professora da doença do aluno, fica evidente que tal informação tem o intuito
de justificar a ausência do amigo durante a aula. Logo, a doença à qual Pedro foi
acometido tanto expressa sentido de causa quanto é utilizada para explicar/ justificar
suas faltas na escola.

Talvez, em situações como essas, fosse mais relevante apontar como diferença a
presença do verbo no imperativo para identificar a oração coordenada explicativa
conforme orienta a GT, que usa esse critério no objetivo de sanar as dúvidas acerca da
natureza da conjunção porque, que ora se apresenta como coordenativa explicativa
ora como subordinativa adverbial causal. Tal preocupação da GT em desfazer esses

30
Período composto │ UNIDADE II

equívocos demonstra certo avanço das pesquisas e contribuições linguísticas nesse


âmbito.

Seguem alguns exemplos.

(16) Leve o guarda-chuva, porque vai chover.


(17) * Porque vai chover leve o guarda-chuva.
(18) Estude bastante, porque a data do exame se aproxima.
(19) * Porque a data do exame se aproxima, estude bastante.
(20) Desistimos de sair porque chovia muito.
(21) Como chovia muito, desistimos de sair.

Em (16) e (18), observamos tratar-se de uma oração coordenada explicativa; em


(20) e (21), temos exemplos de orações subordinadas adverbiais causais. Em relação
ao ensino das adverbiais causais, é importante; mostrar ao aluno a possibilidade
delas ocorrerem tanto no início quanto no final do período parece ser um fato
extremamente relevante no que diz respeito ao ensino-aprendizagem de tal
conteúdo curricular, pois permite com maior clareza diferenciá-la da coordenada
explicativa. Uma vez que ao trocar de lugar, o que ocorre em (17) e (19), a oração
explicativa causa certa estranheza no que se refere ao sentido, até porque, como
orienta a própria GT, primeiro se declara algo para depois explicá-lo.

Considerações finais

Diante do que foi exposto, concluímos dizendo que a importância da análise sintática
se evidencia na medida em que esteja voltada para a compreensão, a assimilação e o
desempenho da língua escrita. Deste modo, a eficácia do seu ensino dependerá da
metodologia empregada e da abordagem sempre vinculada ao texto, pois é muito
mais importante que o aluno saiba utilizar as conjunções e preposições de forma
consciente e adequada do que memorizar o rol e o nome desses conectivos. Logo,
ao ensinar análise sintática estamos criando condições para que o aluno entenda
o texto e compreenda o mecanismo de estruturação da frase, permitindo-lhe
produzir textos escritos valendo-se de estruturas assimiladas em consequência da
observação e do exercício.

31
CAPÍTULO 1
Orações coordenadas

O período composto é formado por duas ou mais orações que se relacionam de forma coordenada
ou subordinada. Na coordenação, não ocorre dependência sintática entre elas. Exemplo:

Isabela comprou o livro,/ foi ao escritório/ e terminou o trabalho.

Na subordinação, pelo contrário, há relação de dependência sintática entre as orações. Exemplo:

Lucas quer / que você volte ao escritório.

Orações coordenadas
As orações, na coordenação, podem estar ligadas por conjunções ou simplesmente justapostas, isto
é, sem conjunção. Exemplos:

Alexandre estudou muito, portanto entendeu o assunto (conjunção conclusiva: portanto).


Alexandre estudou muito, brincou pouco, alimentou-se mal (orações justapostas).

No período composto por coordenação, as orações podem ser classificadas como sindéticas e
assindéticas.

»» Assindéticas quando estão apenas justapostas, sem conjunção.

»» Sindéticas quando se unem por meio de conjunções.

Orações coordenadas assindéticas


As orações coordenadas assindéticas são separadas por vírgula, ponto e vírgula ou dois-pontos.
Exemplos:

Ricardo andava, falava, ria.

Guilherme comprou todos os brinquedos; os filhos choravam no carro; a esposa esperava


ansiosa em casa.

Encontrei-o em casa: estava triste.

Orações coordenadas sindéticas


As orações coordenadas sindéticas apresentam conectivos e podem ser divididas em cinco casos.

1. Aditivas (expressam sequência de pensamento em que algo é acrescentado a ideia


anterior).

32
Período composto │ UNIDADE II

Denise falava muito e gesticulava freneticamente.


Os espíritos tranquilos não se confundem nem se atemorizam.
O candidato não só gabaritou Português como também Informática.
Tanto leciono como sou fazendeiro.
Ela não só é bonita mas também inteligente.

2. Adversativas (expressam contraste, oposição).

O time jogou melhor, mas o resultado foi adverso.


Tens razão, contudo não expresses abertamente suas ideias.
Ele estudou muito, e mesmo assim não entendeu o assunto.

3. Alternativas (expressam alternância, exclusão, escolha).

Ou você estuda muito ou ficará sem o emprego que deseja.


Os preços ora sobem, ora baixam.

4. Conclusivas (expressam dedução, conclusão).

Ele sempre estudou muito, logo sempre teve boas notas.


O lago está na minha fazenda: por conseguinte me pertence.
Ele é teu irmão; trata-o, portanto, com amizade.

5. Explicativas (expressam explicação, motivo, razão).

Amemos, porque amor é um santo escudo.


O cavalo estava cansado, pois arfava muito.
Decerto alguém o agrediu, pois o nariz dele sangra.

Praticando 1

1. Classifique as orações coordenadas abaixo.

a. Assindética

b. Aditiva

c. Adversativa

d. Alternativa

e. Conclusiva

f. Explicativa

( ) As horas passam, os homens caem, a poesia fica.

( ) Não faz pacto com a ordem; é, pois, um rebelde.

( ) O moleque Nicanor arregalou os olhos e eu pensei em tudo.

( ) Quer ele volte, quer não volte.

33
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

( ) A Grécia o seduzia, mas Roma o conquistou.

( ) Insisti no oferecimento, e ele não aceitou.

( ) Não é chuva, nem é gente, nem é vento com certeza.

( ) Estava frio, mas ela não o sentia.

( ) O bode tinha descido com o senhor, ou tinha ficado na ribanceira?

( ) Ou eu me engano muito, ou a égua manqueja.

( ) Camarada, espere um pouco, que isto acaba já.

( ) O vento bateu forte, a chuva caiu a noite toda.

2. Assinale a opção que contém oração coordenada sindética.

a. “Esfregou as mãos finas, esgaravatou as unhas sujas.”

b. “Naquela noite, jantei sozinho, pois Albérico viajara para Malhadas da


Pedra.”

c. “A campainha retiniu, entraram no camarote.”

d. “Furta cavalos e bois, marca-os de novo, recorta sinais de orelha com


habilidade.”

e. “Dona Tonica não lustrava as unhas, disso sabiam todos.”

3. Marque a opção que contenha erro na classificação do período.

a. A máquina calou-se, dobraram-se as pastas, o juiz levantou-se


(coordenação).

b. O mormaço adormentara ainda mais o povoado (período simples).

c. Quando tocou a primeira valsa, Luís entrou no salão (subordinação).

d. Desviei-me para não incomodar o sujeito que vinha atrás de mim


(subordinação).

e. Tio Emílio sabia que o homem tinha vindo expresso para entabular
conversa (coordenação).

4. Classifique as orações em destaque de acordo com o código a seguir.

1. Assindética

2. Aditiva

3. Adversativa

4. Alternativa

5. Conclusiva

6. Explicativa

34
Período composto │ UNIDADE II

I. Recebeu o dinheiro da pensão, mas gastou tudo.

II. Ora faz frio, ora faz calor.

III. Pagou a dívida, portanto não deve mais nada.

IV. Devolva-me o livro, pois estou precisando dele.

V. Saíram cedo e ainda não chegaram ao destino.

VI. Partiram tristes, depois retornaram felizes.

A sequência obtida é:

a. 3, 4, 6, 2, 1, 5.

b. 3, 4, 5, 6, 1, 2.

c. 3, 4, 5, 6, 2, 1.

d. 3, 4, 5, 2, 6, 1.

e. 3, 4, 1, 5, 2, 6.

5. Não se preocupe que breve estarei de volta.

Comece com: Breve estarei...

a. para que

b. logo que

c. porém

d. logo

e. senão

6. Não posso atendê-lo, porque não é lícito o que requereu.

Comece com: Requereu o que não é lícito...

a. depois

b. porém

c. em que

d. visto que

e. portanto

7. Teimou em contratar os serviços de uma empresa, sem bem que não


houvesse necessidade.

Comece com: Não havia necessidade...

a. porém

b. ainda que

35
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

c. visto que

d. portanto

e. porque

8. Aponte a opção em que ocorra oração coordenada sindética adversativa.

a. Ou você resolve o exercício, ou fica sem nota.

b. Ele não resolveu o exercício, logo ficou sem nota.

c. Resolva o exercício, porque você ficará sem nota.

d. Ele preferia ficar sem nota a resolver o exercício.

e. Ele ficou sem nota, mas não resolveu o exercício.

9. “Podem acusar-me: estou com a consciência tranquila.” Os dois-pontos


do período poderiam ser substituídos por vírgula, explicitando-se o nexo
entre as duas orações pela seguinte conjunção:

a. portanto

b. e

c. como

d. pois

e. embora

10. Assinale a opção que contém período por coordenação e subordinação.

a. A vida para ele será a eterna tortura entre o medo dos homens e a
vingança de Deus.

b. Agora eles sabem que a fome dá um direito que passa por cima de
qualquer direito dos outros.

c. O trenzinho recebeu em Maguari o pessoal do matadouro e tocou


para Belém.

d. A mestra das letras apresentou aquele riso de moça nova e juro que
senti seu bafo de flor na sala toda.

36
CAPÍTULO 2
Orações subordinadas

Orações subordinadas
A oração é subordinada quando completa o sentido da principal. Observe o exemplo.

Rafael contou ao irmão que os pais haviam saído.


Rafael contou ao irmão → oração principal.
que os pais haviam saído → oração subordinada.

Em alguns casos, as orações coordenadas podem assumir também o papel de principal. Observe.

Eu não disse nada, mas achei que tinham razão.

Existem no período três orações:

Eu não disse nada → oração coordenada assindética.


mas achei → oração coordenada sindética adversativa em relação à anterior
e principal em relação à posterior.
que tinham razão → oração subordinada substantiva objetiva direta.

Num período composto pode haver mais de uma oração principal. Observe.

Luísa sabe que a vida é bela, mas também não ignorava que os problemas existem.
Luísa sabe → oração principal de que a vida é bela.
não ignorava → oração principal de que os problemas existem.

Como se percebe, a oração subordinada é a que depende da principal, completando ou ampliando


o significado. Quando se apresenta desenvolvida, vem, geralmente, ligada por conjunção ou
pronome relativo.

Jorge quer que você entenda o assunto (que é uma conjunção).


Encontrei a revista que você perdeu (que é um pronome relativo).

Orações subordinadas substantivas


Quando a oração subordinada desempenha a função sintática característica de um substantivo,
recebe o nome de oração subordinada substantiva.

1. Subjetiva (desempenha a função do sujeito do verbo da oração principal)

Andrea saiu (Andrea: sujeito de saiu).

37
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

Quem estava cansado saiu (Quem estava cansado: sujeito de saiu).


A sua participação é necessária (A sua participação: sujeito de é necessária).
Que você participe é necessário (Que você participe: sujeito de é necessário).
É necessário que você participe (que você participe: sujeito de É necessário).

Outros exemplos:

Parece que a situação melhorou.


Acontece que não o encontrei em casa.
Não se sabia se ela vinha.
Sabe-se que ele é inteligente.
Quem avisa amigo é.
Ignora-se como se deu o acidente.
Convém que fiquemos aqui.

2. Objetiva direta (desempenha a função de objeto direto do verbo da oração


principal)

Isabela ignora o assunto (o assunto: objeto direto de ignora).


Isabela ignora quem é o rapaz (quem é o rapaz: objeto direto de ignora).

Outros exemplos:

Juliana esperou que o amigo a encontrasse.


O cliente perguntou quanto ficaria a conta.
Não sabemos onde ela está.
Eu sei por que ela veio.
Não posso dizer qual rapaz faltou.
Adriana me perguntou de quem era o retrato.

3. Objetiva indireta (desempenha a função sintática de objeto indireto do verbo da


oração principal)

Não gosto da menina (da menina: objeto indireto de gosto).


Não gosto de quem saiu (de quem saiu: objeto indireto de gosto).

Outros exemplos:

Não me oponho a que você viaje.


Lembra-se de quem passou.
Aconselho-o a que trabalhe mais.
Daremos o prêmio a quem o merecer.

4. Completiva nominal (desempenha a função sintática de complemento nominal


de um vocábulo da oração principal)

A menina tem necessidade do resultado (do resultado: complemento nominal de


necessidade).

38
Período composto │ UNIDADE II

A menina tem necessidade de saber o resultado (de saber o resultado:


complemento nominal de necessidade).

Outros exemplos:

Ele estava ansioso por que voltasses.


Tenho muito receio de que nos encontrem.
Tenho dúvida sobre quem você é.
Sou grato a quem ensina.

5. Predicativa (desempenha a função de predicativo)

Seu receio era a chuva (a chuva: predicativo do sujeito de Seu receio).


Seu receio era que a chuva caísse (que a chuva caísse: predicativo de Seu receio).

Outros exemplos:

O fato foi que o preço aumentou muito.


Ele era quem eu esperava.
Meu desejo é que me deixem em paz.
Não sou quem você pensa.
Lucas foi quem trabalhou mais.
A esperança era que ele voltasse para mim.

6. Apositiva (desempenha a função sintática de aposto em relação a algum termo da


oração principal)

Só desejo uma coisa: o livro (o livro: aposto de uma coisa).

Só desejo uma coisa: que você volte para mim (que você volte para mim: aposto
de uma coisa).

Outros exemplos:

Só lhe peço isto: honre seu nome.


Reconheço-lhe uma qualidade: você é honesto.
Só uma coisa sabemos: nada sabemos.

7. Agente da passiva (desempenha a função sintática de agente da passiva da oração


principal)

A aluna foi elogiada pelo pai (pelo pai: agente da passiva da oração anterior).

A aluna foi elogiada de quantos a amavam (de quantos a amavam: agente da


passiva da oração anterior).

Outros exemplos:

O quadro foi comprado por quem o fez.


A obra foi apreciada por quantos a viram.
O candidato estava rodeado de quem não deseja a sua eleição.
Seremos julgados por quem nos criou.

39
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

Praticando 2
Classifique as orações subordinadas substantivas abaixo.

a. Subjetiva

b. Objetiva direta

c. Objetiva indireta

d. Completiva nominal

e. Predicativa

f. Apositiva

g. Agente da passiva

( ) Ela deseja que você se recupere.

( ) Os homens sempre se esquecem de que somos todos mortais.

( ) Convinha a todos que você partisse.

( ) Era preciso que ninguém desconfiasse.

( ) O Pascoal tinha medo de que ela voltasse.

( ) O problema foi que chegaste tarde.

( ) Ela viu que o dinheiro terminara.

( ) Lembro-me de que ele só usava camisas brancas.

( ) Ela tinha necessidade de que todos usassem camisas brancas.

( ) É claro que eles virão.

( ) Sabe-se que é um golpe.

( ) Todos gostaram de que tenha voltado.

( ) Tive a impressão de que algo explodiu.

( ) Disse-me algo terrível: que ia casar.

( ) O livro foi escrito por quem não entende de futebol.

Orações subordinadas adjetivas


As orações subordinadas adjetivas são as que têm a função de adjetivo. São introduzidas, geralmente,
pelos pronomes relativos e referem-se a um termo antecedente, que pode ser um substantivo ou
pronome. Observe os exemplos.

A menina bonita comprou o livro (bonita é adjetivo de menina).


A menina que é bonita comprou o livro (que é bonita é uma oração adjetiva de menina).

40
Período composto │ UNIDADE II

Há lembranças que nos comovem (oração adjetiva introduzida por pronome relativo).
Os benefícios persistem na memória de quem os faz (oração adjetiva introduzida por pronome
indefinido).
Admiro o modo como ele trabalha (oração adjetiva introduzida por advérbio).

As orações adjetivas podem ser divididas em explicativas ou restritivas.

Os rapazes, que são altos, saíram (todos os rapazes são altos e todos saíram).
Os rapazes que são altos saíram (apenas os rapazes altos saíram).

Exemplos de orações adjetivas explicativas:

Deus, que é nosso pai, nos salvará.


Leda, que nasceu bonita, está no trabalho.
O Sol, que é a maior estrela de nossa sistema, é bonito.
Minha namorada, que é bonita, já chegou.

Exemplos de orações adjetivas restritivas:

Os animais que são grandes assustam as crianças.


O colégio em que estudei era bom.
O jornal que você trouxe está molhado.

Observação:

As orações adjetivas são precedidas de preposição (ou locução prepositiva) sempre que necessária
pela regência.

O livro que comprei é bom.


O livro de que gosto é bom.
O livro a que me refiro é bom.
O livro por que anseio é bom.
Este é o título a que toda moça bonita aspira.

Praticando 3
Classifique se a oração adjetiva é restritiva ou explicativa.

Choupana onde se ri vale mais que palácio onde se chora.


________________________________________________

Brasília, que é a capital do Brasil, é bonita.


________________________________________________

A Capela Sistina, onde foram realizadas todas as eleições papais nos últimos séculos,
era simples.

________________________________________________

41
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

O Brasil que você conhece é maravilhoso.


________________________________________________

Orações subordinadas adverbiais


São as orações que desempenham a função de adjunto adverbial da oração principal. Dividem-se
assim.

1. Causal: exprime a causa do que se afirma na oração principal.

Joel se julga muito importante porque é rico.


Como hoje é natal, oremos.
Visto que a vida é uma curta viagem, procuremos fazê-la bem.
Ela saiu da sala, porque você pediu.

2. Consecutiva: exprime a consequência do que se declara na oração principal.

Estou tão cansado que não sairei à noite.


Choveu tanto que inundou as ruas.
Essa mulher fala que é um turbilhão.
A aluna maquiou-se de sorte que ninguém a reconheceu.

3. Comparativa: expressa a ideia de comparação em relação à oração principal.

Você é bonita como uma flor do meu jardim.


O tricolor paulista é como um trator no gramado.
Nada valoriza tanto quanto a honestidade.
Trata o amigo cautelosamente como se um dia tivesse de ser teu inimigo.

Como se percebe em alguns exemplos, o verbo se encontra subentendido.

4. Concessiva: exprime um fato contrário à principal, mas não suficiente para anular
a ideia desta.

Embora não tenha estudado, entendeu tudo.


Apesar de ter saído tarde, chegou a tempo.
Vou dizer toda a verdade, nem que me prendam.

5. Condicional: exprime uma condição ou hipótese necessária para que se rea­lize a


ideia da oração principal.

Se você estudar muito, entenderá o assunto.


Ela o amará, se você agir assim.
Desde que não chova fora da estação, o plantio dará ótimos frutos.
Trabalha, e estarás salvo.
Segue-me, e terás o Reino do Céu.

42
Período composto │ UNIDADE II

6. Conformativa: exprime a ideia de conformidade em relação à ideia da oração


principal.

Cada um colhe conforme semeia.


O futebol, como o conhecemos hoje, surgiu na Inglaterra.
Segundo ela pensa, tudo é simples.
Devemos crescer, consoante prescreve a vida.

7. Temporal: expressa tempo em relação à oração principal.

Quando encontrar você, darei o livro que comprei.


A gente vive somente enquanto ama.
Mal vem ao mundo, o homem já começa a sofrer.

8. Final: exprime a finalidade da oração principal.

Levantei-me cedo a fim de chegar a tempo no trabalho.


Estudo para passar na prova.
Rezemos porque não nos surpreendam os dias ruins.

9. Proporcional: exprime um fato simultâneo e dinâmico ao da oração principal.

Quanto mais caminho, mais cansado fico.


À medida que estudo o assunto, mais me interesso por ele.
O diabo é tanto mais diabólico quanto mais respeitável.
A estrela era mais bem vista ao passo que o Sol se punha.

Principais conectivos adverbiais


Causa: porque, visto que, pois, que, como, porquanto, haja vista.

Consecutiva: tão...que, tal...que, tanto...que, de modo que, por conseguinte, de forma que.

Comparativa: como, mais que, menos que, assim como, tal qual.

Concessiva: embora, ainda que, se bem que, apesar de que, conquanto, posto que, mesmo que.

Condicional: se, caso, uma vez que, salvo, sem que, desde que.

Conformativo: conforme, segundo, consoante, como.

Final: para que, a fim de que, de sorte que, de modo que, porque.

Proporcional: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.

Temporal: quando, mal, logo que, assim que, sempre que, depois que.

43
UNIDADE II │ PERÍODO COMPOSTO

Praticando 4

Classifique a oração adverbial conforme o código abaixo.

a. Causal

b. Consecutiva

c. Comparativa

d. Concessiva

e. Condicional

f. Temporal

g. Proporcional

h. Conformativa

i. Final

( ) A aula foi interrompida porque faltou giz.

( ) Nunca chegará ao fim por mais depressa que ande.

( ) Nada dói tanto como um sorriso triste de criança.

( ) O professor falou tanto que ficou rouco.

( ) Como todos tivessem terminado o trabalho, foi-lhes permitido sair.

( ) Iremos à festa se não chover.

( ) Amanhã haverá aula embora seja sábado.

( ) Era total a serenidade da tarde que se percebia o sino distante.

( ) Tudo terminou conforme tínhamos visto.

( ) Quanto mais tento encontrar solução, mais os problemas surgem.

( ) Ele será bem-vindo, desde que peça desculpa.

( ) Como ela estava feia, não foi à escola.

( ) Como eu havia dito, ela era feia.

( ) Ele ficou bonita como a primeira luz da manhã.

( ) Estudou muito para que fosse aprovado.

( ) A inundação aumentava à medida que subiam as águas.

( ) O rapaz ficou pálido quando viu a noiva.

44
Período composto │ UNIDADE II

Gabarito
Período simples
Praticando 1

Questão 1
1. a; 2. b; 3. d; 4. d; 5. e; 6. c; 7. d; 8. a; 9. a; 10. a; 11. e; 12. a; 13. a; 14. b; 15. d; 16. a; 17. a; 18. c; 19.
c; 20. b.

Questão 2
1. a; 2. a; 3. b; 4. a; 5. b; 6. b; 7. b; 8. b; 9. a; 10. a; 11. a; 12. b

Praticando 2

Questão 1

1. VL; 2. VTD; 3. VTD; 4. VL; 5. VL; 6. VTDI; 7. VI; 8. VL; 9. VI; 10. VI; 11. VL; 12. VI; 13. VTD; 14.
VI; 15. VTD; 16. VTDI; 17. VTDI; 18. VTD; 19. VL; 20. VTD.

Questão 2
1. a; 2. e; 3. e; 4. d; 5. c; 6. f; 7. g; 8. h; 9. g; 10. e; 11. h; 12. e; 13. g; 14. e; 15. b; 16. h; 17. e; 18. e; 19.
a; 20. b.

Praticando 3
1. b; 2. a; 3. a; 4. b; 5. b; 6. b; 7. a; 8. b; 9. b; 10. b; 11. a; 12. b; 13. a; 14. b; 15. b; 16. a; 17. b; 18. a; 19.
a; 20. b.

Praticando 4
1. a; 2. b; 3. e; 4. f; 5. d; 6. d; 7. c; 8. d; 9. d; 10. c; 11. c; 12. b; 13. d; 14. b; 15. f.

Praticando 5
1. a; 2. b; 3. b; 4. a; 5. c; 6. d; 7. e; 8. a; 9. b; 10. d; 11. d; 12. d; 13. d; 14. d; 15. e; 16. a.

Período composto

Praticando 1
1. a/e/b/d/c/b/b/c/d/d/f/a; 2. b; 3. e; 4. c; 5. d; 6. e; 7. a; 8. e; 9. d; 10. d.

Praticando 2
b/c/a/a/d/e/b/c/d/a/a/c/d/f/g

Praticando 3
Restritiva/explicativa/explicativa/restritiva.

Praticando 4
causa/concessiva/comparativa/consecutiva/causa/condição/concessiva/consecutiva/
conformativa/Proporcional/condicional/causa/conformativa/comparativa/finalidade/
proporcional/temporal

45
REFERÊNCIAS
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 5.
ed. São Paulo: Global, 2009.

ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Dicionário de Questões Vernáculas. 4. ed. São Paulo: Ática,
1998.

______.Gramática Metódica da Língua Portuguesa. 44. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

AZEREDO, J. C. (1995). Iniciação à sintaxe do português. Rio de Janeiro,

Zahar.BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Lucerna,
2002.

______. Presidência da República. Manual de Redação da Presidência da República. 2. ed.


Brasília: Presidência da República, 2002.

CÂMARA JÚNIOR, Joaquim Mattoso. Dicionário de linguística e gramática: referente à


língua portuguesa. 14. ed. Petrópolis: Vozes, 1988.

CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 3. ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

______. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexibon,


2008.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

GARCIA, Othon Moacir. Comunicação em prosa moderna: aprenda a escrever, aprendendo a


pensar. 17. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996.

GERALDI, J. W. (1997). Concepções de linguagem e ensino de português. In: J. W.

GERALDI org. O texto em sala de aula. São Paulo, Ática.

HOUAISS, Antônio e VILLAR, Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.


Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LUFT, Celso Pedro. Dicionário Prático de Regência Nominal. 4. ed. São Paulo: Ática, 2002.

______. Dicionário Prático de Regência Verbal. 5. ed. São Paulo: Ática, 1997.

MARTINS FILHO, Eduardo Lopes. Manual de Redação e Estilo de O Estado de S. Paulo. 3.


ed. São Paulo: O Estado de S. Paulo, 1997.

46
Referências

MENDONÇA, M. (1999). A sintaxe dos livros didáticos: ainda um desafio. Recife (mimeo).

PAIVA, Marcelo. Português avançado. 4. Ed. Brasília: Educere, 2011.

PAIVA, Marcelo. Português para provas e concursos. Brasília: Leya Alumnus, 2012.

POSSENTI, S. (1997). Sobre o ensino de português na escola. In J. W. GERALDI org. O texto


em sala de aula. São Paulo, Ática.

TRAVAGLIA, L. C. (1996). Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática


no 1° e 2° graus. São Paulo: Cortez.x

47

Você também pode gostar