Resp 1799039 2022 10 07
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ACÓRDÃO
VOTO VENCIDO
O apelo nobre foi admitido por força de provimento do agravo (e-STJ, fls.
565/566).
É o relatório.
VOTO
Por essa razão, CDTO ajuizou a presente ação de cobrança contra IB,
pretendendo a condenação deste ao pagamento do montante de R$ 78.217,27 (setenta
e oito mil duzentos e dezessete reais e vinte e sete centavos), consistente no débito
oriundo da prestação de serviços médicos em favor daquela, realizado no Hospital
Municipal de Araucária – PR, devidamente atualizado.
Para o TJSP, não há que se falar (em) cobrança suplementar, uma vez
que ausente abusividade ou vício na contratação, tendo em conta que CDTO
pactuou o termo ciente de que se tratava de relação negocial atrelada à outro
contrato, ciente de todos os seus termos, custos, benefícios, condições e
limitações (e-STJ, fls. 496/497).
O art. 122 do CC/02 afirma ser ilícita a condição que sujeita a eficácia do
negócio jurídico ao puro arbítrio de uma das partes, interditando como defesas, em
suma, as condições puramente potestativas.
Uma primeira leitura desse dispositivo legal pode dar a entender que a
sujeição da eficácia do negócio jurídico ao arbítrio de qualquer das partes será, sempre
e em qualquer hipótese, suficiente para qualificar como ilícita a condição assim
estabelecida.
De tal sorte, não há razão para se dizer de nulidade, pois conforme lição de
CARVALHO SANTOS, a condição potestativa só anula o ato quando afeta a própria
obrigação e não apenas a duração desta (Código Civil Brasileiro Interpretado. Vol III.
5 ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1953. pág. 35).
No caso, não é difícil ver que a cláusula 10.1, ora em discussão, extrapola
esse “limite do sacrifício” que se podia ter por razoável na contratação, na medida em
que subtrai da contratante a justa remuneração por serviços efetivamente prestados.
Nem vinga, por outro lado, o simples argumento de que a autora possuía
inequívoca ciência dos termos contratados, porque como bem dizem NELSON e ROSA
MARIA NERY o contrato não pode ser visto como um mero campo de batalhas, mas
como um local em que se respeitem princípios éticos fundamentais (Instituições de
Direito Civil. Vol. 1, São Paulo; RT, 2ª ed. São Paulo: RT, 2019, pág. 365).
(...) É preciso ficar bem claro que a parêmia dura lex, sed lex, cedeu
lugar à necessidade de decidir-se com razoabilidade as situações em
concreto, pois o compromisso maior do estado de Direito é com a
justiça... (A Boa-fé no Direito Privado. São Paulo: RT. 1999, pág.
459).
Ante o exposto e pelo mais que dos autos consta merece reforma o acórdão
recorrido quanto ao ponto, para o fim de reconhecer a ineficácia da cláusula 10.1 do
Contrato de Prestação de Serviços Médicos, na parte em que exonera a IB de
remunerar a CDTO "por serviços prestados", por afronta aos princípios da função
social do contrato e da boa-fé objetiva, bem como do enriquecimento sem causa, o que
implica reconhecer a procedência dos pedidos autorais.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ONOFRE DE FARIA MARTINS
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CDTO - CENTRO DIGESTIVO E TRANSPLANTE DE ORGAOS LTDA. - ME
ADVOGADO : RAFAEL AMARAL BORBA E OUTRO(S) - SC012336
RECORRIDO : IB INSTITUTO BIOSAUDE
ADVOGADO : RAMSÉS BENJAMIN SAMUEL COSTA GONÇALVES - SP177353
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Após o voto do Sr. Ministro Moura Ribeiro, dando provimento ao recurso especial, pediu
vista a Sra. Ministra Nancy Andrighi. Aguardam os Srs. Ministros Ricardo Villas Bôas Cueva
(Presidente) e Marco Aurélio Bellizze. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino.
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. ROGÉRIO DE PAIVA NAVARRO
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CDTO - CENTRO DIGESTIVO E TRANSPLANTE DE ORGAOS LTDA. - ME
ADVOGADO : RAFAEL AMARAL BORBA E OUTRO(S) - SC012336
RECORRIDO : IB INSTITUTO BIOSAUDE
ADVOGADO : RAMSÉS BENJAMIN SAMUEL COSTA GONÇALVES - SP177353
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"Adiado para a Sessão do dia 04/10/2022."
RELATÓRIO
VOTO
IV.DISPOSITIVO
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
TERCEIRA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro MOURA RIBEIRO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. MARIA IRANEIDE OLINDA SANTORO FACCHINI
Secretária
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : CDTO - CENTRO DIGESTIVO E TRANSPLANTE DE ORGAOS LTDA. - ME
ADVOGADO : RAFAEL AMARAL BORBA E OUTRO(S) - SC012336
RECORRIDO : IB INSTITUTO BIOSAUDE
ADVOGADO : RAMSÉS BENJAMIN SAMUEL COSTA GONÇALVES - SP177353
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na
sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
Prosseguindo no julgamento, após o voto-vista da Sra. Ministra Nancy Andrighi,
inaugurando a divergência, a Terceira Turma, por maioria, negou provimento ao recurso especial,
nos termos do voto da Sra. Ministra Nancy Andrighi, que lavrará o acórdão. Votou vencido o Sr.
Ministro Moura Ribeiro. Votaram com a Sra. Ministra Nancy Andrighi os Srs. Ministros Ricardo
Villas Bôas Cueva (Presidente) e Marco Aurélio Bellizze. Não participou do julgamento o Sr.
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino.