Analise Da Durabilidade Dos Componentes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DA DURABILIDADE DOS COMPONENTES DAS


FACHADAS DE EDIFÍCIOS, SOB A ÓTICA DO PROJETO
ARQUITETÔNICO

OSMAR JOÃO CONSOLI

Florianópolis
2006
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANÁLISE DA DURABILIDADE DOS COMPONENTES DAS


FACHADAS DE EDIFÍCIOS, SOB A ÓTICA DO PROJETO
ARQUITETÔNICO

Osmar João Consoli

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação da Universidade Federal
de Santa Catarina, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre
Profissional em Desempenho de Sistemas
Construtivos.

Orientador: Professor Dr. W ellington Longuini Repette

Florianópolis
2006
OSMAR JOÃO CONSOLI

ANÁLISE DA DURABILIDADE DOS COMPONENTES DAS FACHADAS DE


EDIFÍCIOS, SOB A ÓTICA DO PROJETO ARQUITETÔNICO.

Esta dissertação foi julgada para a obtenção do Título de Mestre Profissional


em Engenharia Civil e aprovada sua forma pelo programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Catarina.

____________________
Prof. Dr. Glicério Trichês
Orientador
BANCA EXAMINADORA:

_____________________________ __________________________
Prof. Dr. Wellington Longuini Repette Prof. Dr. Antônio Edésio Jungles
Orientador – UFSC Examinador interno - UFSC

_____________________________ __________________________
Prof. Dr. Luis Alberto Gómez Prof. Dr. Romel Dias Vanderlei
Examinador interno - UFSC Examinador externo - UEM

Florianópolis, 30 de outubro de 2006.


Aos que possuem sede de conhecimento.

iv
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela vida.


À Terezinha, minha mãe, pelo amor, dedicação, ensinamentos e acima de
tudo, exemplo de vida.

A Aurélio, meu pai, “in memorian” pela graça da vida.

Aos meus irmãos, Laércio e Oscar, pela ajuda e motivação.

À Ane, pela compreensão e carinho.

À professora Márcia, pela consultoria gramatical, esforço e desprendimento


para melhorar a compreensão do trabalho.

À Universidade Tecnológica Federal do Paraná pela oportunidade.

À Universidade Federal de Santa Catarina e ao Programa de Pós-Graduação


em Engenharia pela possibilidade de realização da pós-graduação.

Ao orientador Prof. Dr. Wellington L. Repette, pela atenção e colaboração.

Aos demais professores pelos inúmeros conhecimentos repassados.

Aos colegas de turma pela amizade e companheirismo e pelas ricas


discussões realizadas em sala de aula.

v
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................................................. ix
ABSTRACT ........................................................................................................................... x
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. xi
LISTA DE FOTOGRAFIAS .................................................................................................. xiii
LISTA DE QUADROS..........................................................................................................xiv
LISTA DE TABELAS............................................................................................................ xv
LISTA DE GRÁFICOS .........................................................................................................xvi
LISTA DE ABREVIATURAS ............................................................................................... xvii
LISTA DOS EDIFÍCIOS ..................................................................................................... xviii
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 20
1.1 Considerações Gerais.............................................................................................. 20
1.2 Problema de Pesquisa ............................................................................................. 22
1.3 Objetivos .................................................................................................................. 24
1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 24
1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 24
1.4 Justificativa .............................................................................................................. 24
1.5 Organização do Trabalho ......................................................................................... 26
2 CONCEITOS RELEVANTES QUE FUNDAMENTAM A PESQUISA ............................ 29
2.1 Fachadas ................................................................................................................. 29
2.2 Durabilidade ............................................................................................................. 29
2.2.1 Vida Útil................................................................................................................ 32
2.2.2 Patologias ............................................................................................................ 38
2.2.2.1 Agentes de Degradação ................................................................................... 42
2.2.2.2 Manutenção...................................................................................................... 45
2.3 Desempenho de Edifícios......................................................................................... 47
2.3.1 Avaliação do desempenho de elementos e componentes dos edifícios. .............. 49
2.4 Sistemas Construtivos.............................................................................................. 51
2.4.1 Classificação dos Sistemas Construtivos ............................................................. 52
2.4.2 Racionalização construtiva através do Projeto ..................................................... 54
2.4.3 Avaliação de Sistemas Construtivos..................................................................... 56
2.4.4 Normalização dos Sistemas Construtivos............................................................. 57
2.4.5 Subsistemas Construtivos .................................................................................... 57
2.5 Abordagem do Projeto ............................................................................................. 58
2.5.1 Especificação geral da manutenção na construção de edifícios ........................... 58
2.5.2 Planejamento e Projeto............................................................................................... 60

vi
2.5.3 Desempenho na aplicação de projetos ....................................................................... 60
2.5.4 Projeto para Produção ................................................................................................ 62
2.5.5 Processo de Projeto.................................................................................................... 62
2.5.6 Racionalização através do Projeto .............................................................................. 63
2.5.7 Compatibilidade de projetos........................................................................................ 64
3 FACHADAS ................................................................................................................. 65
3.1 Planejamento e Projeto de Fachadas....................................................................... 65
3.1.1 Importância do Projeto de Fachada...................................................................... 67
3.1.2 Subsistema de alvenarias de vedação das fachadas. .......................................... 71
3.1.2.1 Dimensionamento das alvenarias de vedação.................................................. 73
3.1.2.2 Detalhes Construtivos das Alvenarias .............................................................. 74
3.1.3 Detalhamento construtivo dos revestimentos de fachadas. .................................. 81
3.1.3.1 Detalhamento de revestimento em argamassa................................................. 83
3.1.3.2 Detalhamento de revestimento em cerâmica.................................................... 88
3.1.3.3 Rufos................................................................................................................ 89
3.1.3.4 Peitoril ou pingadeira........................................................................................ 90
3.1.3.5 Juntas de Trabalho........................................................................................... 92
3.1.3.6 Juntas de Dilatação .......................................................................................... 93
3.1.3.7 Impermeabilização ........................................................................................... 93
3.2 Patologias em Fachadas.......................................................................................... 95
3.2.1 Agentes de Degradação....................................................................................... 96
3.2.2 Tipos de Patologias em Fachadas........................................................................ 97
3.2.2.1 Patologias na Pintura........................................................................................ 98
3.2.2.2 Patologias na Argamassa............................................................................... 102
3.2.2.3 Patologias em Cerâmicas............................................................................... 108
3.2.2.4 Patologias em Alvenaria ................................................................................. 111
3.3 Manutenção ........................................................................................................... 115
3.3.1 Limpeza de Revestimentos de Fachadas ........................................................... 116
3.4 Custos das decisões arquitetônicas de fachadas ................................................... 117
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA .......................................... 120
4.1 Pesquisa Bibliográfica ............................................................................................ 120
4.2 Estudo de Caso...................................................................................................... 120
4.2.1 Avaliação Técnica Construtiva ........................................................................... 122
4.2.2 Vistoria Realizada no Local ................................................................................ 125
4.2.3 Entrevistas: Síndico e Projetista ......................................................................... 126
4.2.4 Tratamento dos Dados e Informações................................................................ 127
4.2.4.1 Caracterização das áreas afetadas pelas patologias encontradas ................. 128
vii
5 RESULTADOS E ANÁLISES ..................................................................................... 130
5.1 Caracterização da tipologia construtivas dos edifícios............................................ 132
5.1.1 Procedimentos de Manutenção e Conservação das Fachadas. ......................... 134
5.1.1.1 Manutenções ocorridas nas fachadas dos edifícios........................................ 135
5.1.2 Procedimentos de projetos arquitetônicos para a edificação dos edifícios.......... 141
5.1.2.1 Elementos gráficos de projetos....................................................................... 142
5.1.2.2 Opinião dos Projetistas................................................................................... 143
5.1.2.3 As built ........................................................................................................... 144
5.2 Resultados e Análise das Patologias ..................................................................... 144
5.2.1 Patologia em Pinturas ........................................................................................ 148
5.2.1.1 Freqüência da ocorrência das patologias em pintura...................................... 149
5.2.1.2 Intensidade e gravidade das patologias em pintura. ....................................... 151
5.2.1.3 Análises dos resultados das patologias com possibilidades de serem sanadas
em nível de projeto arquitetônico. ...................................................................................... 158
5.2.2 Patologias em Argamassa.................................................................................. 162
5.2.2.1 Freqüência da ocorrência das patologias nas argamassas de revestimento. . 164
5.2.2.2 Intensidade e gravidade das patologias em argamassas................................ 165
5.2.2.3 Análises dos resultados de patologias com possibilidades de serem sanadas em
nível de projeto arquitetônico. ............................................................................................ 171
5.2.3 Patologias em Cerâmica .................................................................................... 176
5.2.3.1 Freqüência da ocorrência das patologias nas cerâmicas de revestimento dos
pisos das sacadas e terraços............................................................................................. 178
5.2.3.2 Análises dos resultados das patologias com possibilidades de serem sanadas
em nível de projeto arquitetônico. ...................................................................................... 179
6 RECOMENDAÇÕES PARA A DURABILIDADE DAS FACHADAS A PARTIR DO
PROJETO.......................................................................................................................... 180
6.1 PLANEJAMENTO PARA ELABORAÇÃO DO PROJETO....................................... 181
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 192
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................... 195
APÊNDICES ...................................................................................................................... 205

viii
CONSOLI, O. J. Análise da Durabilidade dos Componentes de Fachadas de
Edifícios, sob a Ótica do Projeto Arquitetônico. Florianópolis, 2006. 208 p.
Dissertação (Mestrado Profissional em Desempenho de Sistemas Construtivos),
Orientador: Prof. Dr. Wellington Longuini Repette – Universidade Federal de Santa
Catarina.

RESUMO
O envelhecimento dos edifícios e suas fachadas é um processo natural e acredita-se que as
falhas ou omissões a partir dos projetos arquitetônicos sejam responsáveis por ocorrências
mais acentuadas de patologias em fachadas, o que requer procedimentos de recuperação e
manutenção mais onerosos para restabelecer o desempenho perdido, uma vez que as
patologias podem comprometer a segurança e a habitabilidade. O objetivo deste estudo é
numa seleção de edifícios de até cinco pavimentos construídos com o sistema construtivo
tradicional na cidade de Pato Branco, Paraná diagnosticar a grande quantidade de patologias
encontradas nas fachadas que tiveram origens na etapa de projetos. A metodologia utilizada se
estrutura nos princípios da avaliação pós-ocupação com investigação sistêmica de dados, de
modo a fornecer subsídios para diagnosticar as causas das patologias, neste sentido foram
analisados em cada edifício: seus projetos arquitetônicos na busca de imperfeições nas
soluções gráficas ou de especificações técnicas, as manutenções ocorridas, investigação
detalhada das patologias de cada fachada e ampla pesquisa bibliográfica com ênfase nos
agentes de degradação, nas soluções de projetos e nos requisitos de desempenho os quais
forneceram os subsídios para compreensão dos fenômenos patológicos que fundamentaram os
diagnósticos e subsidiaram as recomendações de projeto arquitetônico para aumentar a
durabilidade destas fachadas. Os dados das fachadas foram mapeados por roteiro
preestabelecido com especial atenção àquelas ocorridas nas interfaces dos elementos
construtivos, catalogados por tipo de ocorrência, por freqüências de ocorrência, pela
gravidade da patologia, assim, a análise destas variáveis caracterizou que grandes partes das
patologias surgiram em decorrência de erros ou omissões na fase dos projetos arquitetônicos.
Os resultados demonstram que há patologias de diversas origens, aquelas de natureza de
projetos são oriundas de omissões de detalhes construtivos, de especificações, de métodos
executivos incorretos, de erros de projetos e de falta de especificação rotineira de manutenção.
Para muitos casos patológicos as recomendações descritas neste trabalho para projetos podem
ser suficientes para sanar tais problemas, uma vez deve haver um conjunto mínimo de
elementos gráficos que compreendam a pormenorização em detalhes arquitetônicos que
compatibilize os aspectos construtivos e as propriedades dos materiais, os agentes de
degradação atuantes e os procedimentos rotineiros de manutenção que, por conseqüência,
permitem o prolongamento da vida útil destas fachadas. Finalmente, o estudo mostrou que
projetos, ou memoriais descritivos com especificações corretas, induzem a correta execução
da obra, que minimizam as intervenções de manutenção e de recuperação, obtendo maior
durabilidade das fachadas e maximizando a satisfação do usuário.

Palavras-chave: Projeto de fachadas, fachadas, patologias, manutenção, durabilidade.

ix
CONSOLI, O. J. Análise da Durabilidade dos Componentes de Fachadas de
Edifícios, sob a Ótica do Projeto Arquitetônico. Florianópolis, 2006. 208 p.
Dissertação (Mestrado Profissional em Desempenho de Sistemas Construtivos),
Orientador: Prof. Dr. Wellington Longuini Repette – Universidade Federal de Santa
Catarina.

ABSTRACT

The aging of the buildings and their façades are a natural process and it is believed that the
imperfections or omissions from the architectural projects are responsible for more accented
occurrences of pathologies in façades, what requires more onerous recovery and maintenance
procedures to reestablish the lost performance, since the pathologies can compromise the
security, the habitability. The objective of this study, in an election of buildings of up to five
floors constructed with the traditional constructive system in the city of Pato Branco – Paraná,
is to diagnosis the great amount of pathologies found in the façades that they had origin in the
phase of projects. The used methodology is structured in the principles of the evaluation after-
occupation with systemic inquiry of data in order to supply subsidies to diagnosis the causes
of the pathologies. On this perspective, in each building, their architectural projects had been
analyzed searching for imperfections in the graphical solutions or technical specifications, the
occurred maintenances, detailed inquiry of the pathologies of each façade and ample
bibliographical research with emphasis on the degradation agents, in the solutions of projects,
on the requirements of performance which had supplied the subsidies for understanding of the
pathological phenomena that had based the diagnostic and had subsidized the architectural
project recommendations to increase the durability of these façades. The data of the façades
had been mapped by a preset schedule with special attention to those occurred in the
interfaces of the constructive elements, catalogued by type of occurrence, by frequencies of
occurrence, by the gravity of the pathology. Thus, the analysis of these variables characterized
that great part of the pathologies had appeared in result of errors or omissions in the phase of
the architectural projects. The results demonstrated that there are pathologies of several
origins. Those of project nature are deriving from omissions of constructive details,
specifications, incorrect executive methods, errors of projects and lack of routine specification
of maintenance. For many pathological cases the described recommendations in this work for
projects can be enough to solve such problems, since there must be a minimum set of
graphical elements that cover the specificities in architectural details that make compatible the
constructive aspects and the properties of the materials, the operating degradation agents and
the routine procedures of maintenance that, for consequence, allow the prolongation of the
useful life of these façades. Finally, the study showed that projects, or petitions with correct
specifications, induce to the correct execution of the construction which minimize the
interventions of maintenance and recovery, getting bigger durability of the façades and
maximizing the user’s satisfaction.

KEY WORDS: Project of façades, façades, pathologies, maintenance, durability.

x
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Metodologia de previsão de vida útil de componentes de edifícios. ......33


FIGURA 2 - Determinação ao longo do tempo de um elemento, instalação ou
sistema construtivo. ...........................................................................................36
FIGURA 3 - Fluxograma para diagnóstico de patologias. ........................................41
FIGURA 4 - Esquema explicativo do processo construtivo. .....................................52
FIGURA 5 - Metodologia para projetos de revestimento de argamassa para
fachadas.............................................................................................................70
FIGURA 6 - Procedimento da ancoragem da alvenaria no pilar................................75
FIGURA 7 - Tela de ancoragem das alvenarias ao pilar. ..........................................76
FIGURA 8 - Fatores de majoração das tensões ao longo da janela presente na
parede. ...............................................................................................................77
FIGURA 9 - Posição da verga, contra verga e linha de fissura da alvenaria abaixo da
janela..................................................................................................................78
FIGURA 10 - Posição do encunhamento. .................................................................79
FIGURA 11a - posicionamento dos prumos em fachada – arames de fachada........84
FIGURA 11b - fixação dos fios de prumo. .................................................................84
FIGURA 12 - Taliscamento da fachada.....................................................................85
FIGURA 13 - Posição dos fios de prumo na fachada................................................86
FIGURA 14 - Reforço de revestimento com tela metálica.........................................87
FIGURA 15 - Fatores e agentes que influenciam na qualidade dos Revestimentos
em Cerâmica......................................................................................................88
FIGURA 16 - Cimalhas..............................................................................................90
FIGURA 17 - Pingadeira com proteção do fluxo de água da chuva por pingadeira nos
dois lados da platibanda.....................................................................................91
FIGURA 18 - Detalhes e saliências nas superfícies das fachadas............................91
FIGURA 19 - Detalhe construtivo da junta de trabalho. ............................................93
FIGURA 20 - Impermeabilização...............................................................................94
FIGURA 21 - Parede solicitada por cisalhamento. ..................................................111
FIGURA 22 - Flecha maior que a flecha do componente superior. .........................111
FIGURA 23 - Flecha do suporte menor que a flecha do componente superior. ......111
FIGURA 24 - Presença de vãos na alvenaria..........................................................112

xi
FIGURA 25 - Flecha excessiva da estrutura. .........................................................112
FIGURA 26 - Deformação da estrutura. ..................................................................113
FIGURA 27 - Fissura no encontro dos componentes de vedação. .........................113
FIGURA 28 - Fissura no topo do edifício.................................................................114
FIGURA 29 - Abatimento plástico da alvenaria. ......................................................114
FIGURA 30 - Passos estabelecida pela pesquisa...................................................121
FIGURA 31 - Componentes das fachadas a serem avaliados ................................123
FIGURA 32 - Organograma de Análises e recomendações....................................132
FIGURA 33 - Detalhe da pingadeira de fachada com pedra de granito branco. .....189

xii
LISTA DE FOTOGRAFIAS

FOTOGRAFIA 1 - Recuperação da patologia causada pela dilatação térmica da laje


de cobertura. ....................................................................................................136
FOTOGRAFIA 2 - Recuperação parcial da patologia causada pela dilatação térmica
da laje de cobertura. ........................................................................................137
FOTOGRAFIA 3 - Recuperação das fissuras na fachada sul do Edifício 4.............138
FOTOGRAFIA 4 - Sintomas patológicos da fachada sul – Edifício 6 ......................139
FOTOGRAFIA 5 - Fissuras e trincas na fachada sul do Edifício 7 ..........................140
FOTOGRAFIA 6 - Fissuras e trincas na fachada sul do Edifício 7 ..........................140
FOTOGRAFIA 7 - Fotografia da fachada norte do edifício II demonstrando o ponto G
(pingadeira). .....................................................................................................154
FOTOGRAFIA 8 - Foto da fachada oeste do edifício II demonstrando o ponto E –
encontro da parede com o solo........................................................................156
FOTOGRAFIA 9 - Foto da fachada sul do edifício II demonstrando o ponto G
(pingadeira) e F (verga)....................................................................................157
FOTOGRAFIA 10 - Fotografia do edifício 6, fachada sul. ......................................160
FOTOGRAFIA 11 - Fotografia do edifício 6, fachada sul.....................................161
FOTOGRAFIA 12 - Fotografia do edifício 8, fachada leste...................................162
FOTOGRAFIA 13 - Ponto B1 do edifício 2. .............................................................168
FOTOGRAFIA 14 - Trinca em 45 º na alvenaria pela ausência de contraverga no
edifício 2, fachada sul.......................................................................................169

xiii
LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - roteiro para levantamento de dados nos edifícios .............................124


QUADRO 2 - Caracterização do sistema e subsistemas construtivos das
fachadas..................................................................................................................133
QUADRO 3 - Quadro geral das manutenções realizadas nos oito edifícios. ..........141
QUADRO 4 - Conceitos e concepção para a durabilidade das fachadas. ............142

xiv
LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - Escala de degradação para avaliação da vida útil. ...............................35


TABELA 2 - Agentes de degradação. .......................................................................43
TABELA 3 - Dimensionamento de vergas e contravergas. .......................................77
TABELA 4 - Pano contínuo de alvenaria de blocos cerâmicos. ................................80
TABELA 5 - Espessuras mínimas nos pontos críticos do revestimento de argamassa
de fachada.................................................................................................................85
TABELA 6 - Ocorrências das patologias por intensidade e por edifício. ............146
TABELA 7 - Ocorrências das patologias por área (m2) e por edifício. ....................146
TABELA 8 - Percepção visual das manifestações patológicas. ..............................163
TABELA 9 - Ocorrências das patologias mais relevantes nos revestimentos de
argamassa...............................................................................................................167
TABELA 10 – Incidência patológica por pontos e por tipo de patologia. ............173
TABELA 11 - Incidência patológica por fachada .....................................................173
TABELA 12 - Patologias distribuídas no ponto G e suas respectivas gravidades...175
TABELA 13 - Quantidade e áreas de ambientes externos revestidos com
cerâmicas. ...............................................................................................................177

xv
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - Quantidade de metros lineares de parede necessários para envolver


uma superfície de 100m2 em função da forma da planta ...................................118
GRÁFICO 2 - Número de edifícios em Pato Branco – Pr, por pavimento. ............122
GRÁFICO 3 - Incidência pelos tipos de patologias encontradas.............................147
GRÁFICO 4 - Cenário geral das patologias encontradas (por tipo de patologia) ....148
GRÁFICO 5 - Caracterização geral das patologias em pintura nos edifícios ..........150
GRÁFICO 6 - Ocorrência das patologias em cada fachada ....................................151
GRÁFICO 7 - Patologias pelo local das trinta e duas fachadas dos oito edifícios.
(a) ............................................................................................................................152
GRÁFICO 8 - Patologias pelo local das trinta e duas fachadas dos oito edifícios. (b)
................................................................................................................................154
GRÁFICO 9 - Manifestações patológicas em pintura quanto ao tipo e área
envolvente. ..............................................................................................................155
GRÁFICO 10 - Manifestações patológicas por falta pingadeiras e cimalha. ...........159
GRÁFICO 11 - Caracterização geral das patologias em argamassa nos edifícios. 164
GRÁFICO 12 - Ocorrência das patologias em cada uma das fachadas. ............165
GRÁFICO 13 - Patologias localizadas nas trinta e duas fachadas dos oito edifícios.
................................................................................................................................166
GRÁFICO 14 - Manifestações patológicas na argamassa quanto ao tipo e área
envolvente. ..............................................................................................................170
GRÁFICO 15 - Manifestações patológicas nos pontos B, B1 e C em todos os
edifícios. ..................................................................................................................172
GRÁFICO 16 - Patologias nas cerâmicas dos pisos das sacadas e terraços. ........178

xvi
LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANTAC - Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído

APO - Avaliação Pós-Ocupação

ASTM - American Society For Testing And Materials

BNH - Banco Nacional da Habitação

BS - British Standards

CAD - Designer Acessoration Computer

CB - Comitê Brasileiro

CEF - Caixa Econômica Federal

CIB - International Council For Research And Innovation In Building


And Construction

CTE - Centro de Tecnologias de Edificações

FUPAM - Fundação para Pesquisa Ambiental

INMETRO - Instituto Nacional de Normalização e Qualidade Industrial

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISO - International Organization For Standardization

ITA - Instituto Tecnológico da Aeronáutica

NB - Norma Brasileira

NBR - Norma Brasileira Registrada

NUTAU - Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo

SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São


Paulo
UFRGS - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

USP - Universidade de São Paulo

xvii
LISTA DOS EDIFÍCIOS

Os edifícios aqui listados são tipologias arquitetônicas modernas com


pequenas variações de formas e dimensões entre eles, mas possuem as mesmas
características no que se refere a: telhados embutidos em platibanda, caixa de água
saliente em volume superior do edifício, esquadrias de alumínio natural e
revestimento em textura acrílica.

EDIFÍCIO 1 - Edifício Araucária


Edifício com oito anos de construção, cinco pavimentos, estrutura em
concreto armado e alvenaria de vedação. Possui 6 sacadas na face norte e 6 na
face sul, dois terraços entre o primeiro e o segundo pavimento e terraço desativado
na cobertura.

EDIFÍCIO 2 - Edifício Padoan Filho – Bloco A


EDIFÍCIO 3 - Edifício Padoan Filho – Bloco B
Edifícios com oito anos, o bloco A caracteriza-se por ter salas comerciais e
pilotis no térreo com 2 terraços de cobertura das salas comerciais, enquanto que o
bloco B possui somente pilotis de estacionamento de veículos, ambos possuem
térreo e mais três pavimentos de apartamentos e a cobertura, onde parte é coberta
com telha de fibrocimento embutido em platibanda e parte é terraço descoberto com
acesso coletivo para churrasqueira e playground.

EDIFÍCIO 4 - Edifício Ângela – Bloco A


EDIFÍCIO 5 - Edifício Ângela – Bloco B
Edifícios com 6 anos, constituídos por pilotis, no térreo, destinados a
estacionamento, 4 pavimentos com apartamentos, sem sacadas e com cobertura de
fibrocimento, não apresentando terraço de cobertura.

EDIFÍCIO 6 - Edifício Balvedi


Edifício com 7 anos, caracteriza-se por ser de um único proprietário que, por
objetivo de investimento e noções do mercado imobiliário, configurou o edifício em:

xviii
pavimento térreo, composto por salas comerciais no seu corpo e garagens que se
situam fora em simples telheiros; três pavimentos com quatro unidades por andar;
uma grelha estrutural na fachada frontal como ornamento estético que é composta
por sacadas.

EDIFÍCIO 7 - Edifício Colorado


Tem 8 anos e foi construído em sistema de condomínio, pelo menor custo, e
está distribuído em lojas no pavimento térreo, além de três pavimentos com um
apartamento por andar.

EDIFÍCIO 8 - Edifício Cattani


Tem 6 anos e foi construído em sistema de contratação por preço total,
material e mão de obra, e está distribuído em lojas e estacionamento no pavimento
térreo, além de três outros pavimentos com um apartamento por andar.

xix
1 INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Gerais

O desenvolvimento de atividades na área da Arquitetura envolve


muitos conhecimentos, sendo eles voltados para os materiais, as técnicas
construtivas, a história, as teorias, os sistemas estruturais, merecendo
destaque a construção propriamente dita dos edifícios.
Os edifícios protegem o homem contra a chuva, o sol, o vento, a
umidade, a poluição atmosférica, as plantas, os microorganismos, a variação
de temperatura, a radiação solar e as vibrações. Para tanto, esses edifícios
necessitam de cobertura e paredes. Se as paredes fecham inteiramente o
espaço interno, precisam de portas para a entrada e saída e janelas para o
acesso à luz. Neste sentido a “cobertura e paredes, portas e janelas são os
elementos essenciais de um edifício” (IVANÓSKI, 2004). No entanto, para uma
longa vida útil do edifício, o planejamento da fachada, no projeto arquitetônico,
tanto das paredes, quanto das aberturas, é fundamental para bons resultados,
tanto de conforto ambiental, quanto de manutenção da edificação e da
salubridade do espaço interno.
Quanto à estética da fachada, esta está presente na concepção
arquitetônica do edifício. Assim deve-se considerar a imagem, promovendo
diferentes efeitos visuais capazes de valorizar e personalizar o edifício, bem
como, inseri-lo de forma adequada no espaço urbano da cidade e no dia-a-dia
das pessoas. Desta forma, a impressão causada pelos edifícios resulta do que
é visto no seu exterior, logo, devem-se, além de selecionar adequadamente os
materiais, mantê-los nas melhores condições de conservação (RESENDE,
UEMOTO e MEDEIROS, 2004).
Todavia, com as diversas ações causadas pelo tempo e o próprio
desgaste, começam a surgir algumas patologias. Conhecer essas patologias
em edificações, suas origens e causas possibilita ações preventivas e
corretivas eficazes durante o projeto e execução de uma obra. O conhecimento
das incidências contribui para a melhoria contínua dos processos construtivos,
na medida em que as informações sobre as mesmas são tratadas e
divulgadas.
A carência de apontamentos e de divulgação sobre problemas
patológicos em edificações dificulta o desenvolvimento das técnicas de projetar
e de construir, fato este que limita a formação dos novos profissionais, uma vez
que não lhes são dadas às informações sobre como evitar erros que já foram
cometidos no passado (THOMAZ, 1985).
Mais especificamente, no que se refere às fachadas, sabe-se que a
maioria dos revestimentos não proporciona um desempenho que garanta uma
vida útil longa para as mesmas. Neste sentido, o estudo das patologias fornece
informações capazes de promover reflexões sobre alguns problemas da
engenharia com relação à resistência e estética das obras. Para os técnicos de
engenharia é fundamental ter o conhecimento sobre os aspectos relacionados
a uma edificação, pois apesar das patologias se manifestarem durante toda a
vida útil, estas têm sua origem, na maioria das vezes, na concepção do projeto
e continuam até o processo de execução da obra.
Para Oliveira (2004), as edificações são formadas por materiais que
quando em contato com o meio, sofrem ações, deteriorando-se. Agentes
atmosféricos interferem e prejudicam a vida útil e conseqüentemente levam a
uma redução do desempenho inicial, até atingir uma deficiência ou
manifestação patológica.
É importante lembrar que a ocorrência de manifestações patológicas
pode ocorrer nas fases de planejamento, projeto, fabricação de materiais e/ou
componentes, execução ou uso. Tal ocorrência está relacionada com o nível de
controle de qualidade realizado em cada uma destas fases e também pode ser
um problema intrínseco do material, ou ainda ação do meio ou alteração do
meio.
Isto posto, pensando num fazer científico de relevância social e
acadêmica, o ponto de partida para o desenvolvimento desta dissertação se
deu a partir de observações realizadas nos edifícios habitacionais da cidade de
Pato Branco – Paraná, pois se detectou visualmente a presença de diversas
manifestações patológicas em suas fachadas.
Considerando esta problemática a qual, para ser solucionada,
demanda elevados investimentos de recursos financeiros, comprometendo

21
também a estética do edifício e conseqüentemente da cidade, optou-se por
realizar um estudo de caso com oito edifícios, com a finalidade de identificar as
manifestações patológicas mais freqüentes e a incidência das mesmas nas
fachadas.
Ressalta-se que, com o intuito de tornar este estudo mais aprofundado
foram escolhidas fachadas revestidas com pinturas e cerâmicas procurando
assim auxiliar nos procedimentos corretivos e preventivos destes sistemas.
Assim, o estudo dos problemas existentes nas edificações, com
identificação da sua fase de origem, contribui para que, em obras futuras,
sejam tomadas medidas preventivas, com o objetivo de evitar o surgimento de
problemas patológicos, uma vez que se sabe que manifestações patológicas
em intensidade e incidência significativa acarretam gastos que podem ser
evitados.
A durabilidade e o desempenho das fachadas dependem das decisões
tomadas nas diversas etapas do processo de produção dos edifícios. O bom
andamento desse processo deve levar a uma série de atividades programadas
que prolongam sua vida útil a um custo compensador.

1.2 Problema de Pesquisa

Durante a concepção e execução de um edifício, é responsabilidade do


projetista analisar as diversas fases do processo, ou seja, a fundação, a
superestrutura, as vedações, os revestimentos, as instalações, entre outras.
Devem ser previstos todos os cenários envolvidos na sua produção e,
principalmente, o desempenho futuro dos seus elementos e componentes,
objetivando um comportamento adequado à finalidade a que se destina.
Por várias razões, a construção de edifícios é uma atividade com
grande incidência de erros, desde a fase de formação até à manutenção e
conservação. Um projeto mal elaborado ou executado pode originar
insuficiências de diversas ordens, restringindo a capacidade de desempenho
dos edifícios, reduzindo a sua durabilidade e originando incômodos e despesas
para os proprietários.
Determinados erros ocorrem de forma repetitiva, sendo ocasionados
tanto por projetistas quanto por construtores, manifestando-se em perdas para

22
a economia, dada a importância que a indústria da construção civil tem na
maioria dos países (CIB/W086).
Recomenda-se então, para os erros cometidos com freqüência na
concepção de edifícios, que sejam analisados minuciosamente e deles sejam
extraídas as devidas conclusões, para que se evitem novas ocorrências.
Neste contexto, cabe discutir que a durabilidade de edifícios pode ser
expressa em tempo de vida (anos) ou em função da capacidade de resistência
a agentes que normalmente afetam o desempenho durante o tempo de uso.
Esses agentes, denominados pela ASTM E632-82 (1992) como fatores de
degradação, são quaisquer fatores externos que afetam de maneira
desfavorável o desempenho de um edifício, de seus subsistemas ou
componentes, tais como, fatores atmosféricos, biológicos, de carga, de
incompatibilidade e de uso.
Segundo Resende, Barros e Medeiros (2002), outros fatores também
contribuem para o decréscimo da durabilidade dos componentes e das partes
do edifício, destacando a própria ausência de projetos, concepção inadequada,
insuficiência de detalhes, especificação incorreta de materiais e técnicas
construtivas.
A durabilidade dos revestimentos de fachada e de qualquer outra parte
do edifício está vinculada com as atividades de manutenção, que segundo os
mesmos autores pode ser definida como sendo um conjunto de serviços
realizados na edificação e suas partes durante a sua vida útil, com o objetivo
de manter seus desempenhos iniciais.
Ressalta-se a necessidade de uma maior discussão sobre a
durabilidade e manutenção de fachadas, considerando o explicitado
anteriormente, tenta-se, através desse estudo, fazer apontamentos sobre quais
diretrizes podem ser desenvolvidas para a construção de projetos de fachadas
com vistas à durabilidade, qualidade e estética.

23
1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

O principal objetivo desta dissertação é elaborar diretrizes através de


recomendações para projetos de fachadas com vistas à durabilidade dos
edifícios residenciais construídos com sistema dito tradicional1.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar e confrontar as patologias encontradas com as


especificações dos projetos arquitetônicos, possibilitando avaliar se
as origens das patologias tiveram início nesta fase;
b) Extrair subsídios das fachadas de edifícios referentes ao
comportamento dos elementos de vedação externa e suas
interfaces;
c) Diagnosticar as causas e as origens das patologias que podem ser
sanadas a partir dos projetos arquitetônicos.

1.4 Justificativa

Num primeiro momento, a motivação para a pesquisa se deu pela


fascinação que as fachadas das edificações exercem sobre seus usuários, e
sobre a sociedade, que tem por hábito avaliar o progresso de uma cidade pela
verticalização de suas edificações e, também, pelo baixo nível de
24208

1
Concreto armado e alvenaria de vedação.

24
especificações que contém os projetos de fachadas observados
corriqueiramente analisados.
Em seguida, observou-se que para a engenharia, as edificações são
apenas estruturas e construções, enquanto que para a arquitetura devem
atender também a sustentabilidade emocional e juízo de valores das culturas
regionais. Assim, a vida útil, a durabilidade e a permanência da estética das
fachadas, estão ligadas à permanência da qualidade de seus componentes
que, por um determinado período de tempo devem atender as solicitações em
níveis estabelecidos como adequados. Tais solicitações não se restringem
apenas às questões da habitabilidade, pois edificações com patologias
precoces e em especial nas fachadas, tendem a diminuir a auto-estima dos
seus moradores, além de depreciar substancialmente o valor do bem, ou forçar
a antecipação do processo de manutenção, para o qual, por vezes, são
dispensados valores vultosos.
Leituras técnicas apontam que os custos dos planos verticais - parte
vertical da estrutura resistente, alvenarias de vedação e isolamento,
acabamentos verticais e esquadrias externas - chegam a muitos casos a serem
de três a cinco vezes maiores do que dos planos internos (MASCARÓ, 1985).
Porém, para que se faça uma avaliação correta, é importante a análise
econômica e a verificação das conseqüências do projeto, considerando-se
todas as variáveis que incluem o somatório dos custos de construção,
manutenção e uso para a vida útil do edifício.
O estabelecimento de critérios de seleção tecnológica, na metodologia
de desempenho, tem sido objeto de experimentos e aplicações em vários
países, num enfoque essencialmente voltado para requisitos técnicos,
passíveis de serem aferidos, por exemplo: a segurança estrutural, a
estanqueidade e o conforto higro-térmico e acústico. No entanto, a interação
destes com os aspectos relacionados à concepção de projetos são pouco
explorados. (SILVA, 1997). Há também algumas construtoras que chegam a
gastar valores acima de 3,5% do valor do bem, incluindo as fachadas, em
reparos, após a entrega do imóvel, mas, na verdade, almejam um percentual
máximo de 0,5% do valor da obra (SINDUSCON, 2002).
Segundo THOMAZ (1985), alguns estudos belgas sobre patologias
construtivas concluíram que a maioria delas origina-se de falhas de projeto

25
(46%), seguindo-se as falhas de execução (22%) e a qualidade inadequada
dos materiais de construção empregados (15%). Ainda para o mesmo autor, as
trincas podem começar a surgir, de forma congênita, logo no projeto
arquitetônico.
Portanto, os profissionais ligados ao assunto devem se conscientizar
de que muito pode ser feito para minimizar o problema, pelo simples fato de
reconhecerem que as movimentações dos materiais e componentes das
edificações civis são inevitáveis e a incompatibilidade entre projetos de
arquitetura, estrutura e fundações, normalmente conduzem a tensões que
sobrepujam a resistência dos materiais em seções particularmente
desfavoráveis, originando problemas de fissuras.
Considerando que há estudos nacionais e internacionais sobre
fachadas, e autores mostrando que as manifestações de patologias são
crescentes e que os custos de recuperação são elevados, chegando a
representar até três vezes os custos de construção devido a falhas nos
projetos, é que se optou por este estudo.
Assim sendo, observa-se uma oportunidade de contribuir para a
mudança desse quadro, através da proposição de recomendações de projeto
que valorizem ações voltadas para um melhor desempenho e maior vida útil
das fachadas de edifícios.

1.5 Organização do Trabalho

Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, na qual se observou


o conceito de fachadas e também foram feitos estudos relacionados às
patologias, chegando a conclusão de que é vasto o campo que trata dos
mesmos. Desta forma, com o intuito de formar uma base teórica para subsidiar
a proposição de recomendações para os futuros projetos com relação às
patologias em fachadas, realizou-se uma discussão sobre os principais
conceitos relacionados ao assunto proposto.
O corpus teórico é basicamente voltado para a Arquitetura,
predominando mais alguns campos de estudo do que outros é o caso da
legislação vigente, dos critérios de normalização e das recomendações
técnicas sobre construtibilidade, sempre voltadas ao estudo das patologias.

26
Trata-se de uma pesquisa com estudo de caso amparado por pesquisa
bibliográfica e a opção por tal metodologia justifica-se por autores como
TRIVIÑUS (1995) que consideram que “toda pesquisa pode ser ao mesmo
tempo quantitativa e qualitativa”.
A pesquisa para o estudo de caso deu-se através da análise de 08
edifícios habitacionais da cidade de Pato Branco – PR, os quais apresentam
patologias em suas fachadas. Este trabalho compreendeu as seguintes etapas:
* Estabelecimento do corpus para o estudo de caso, num universo de
277 edifícios.
* Escolha de oito edifícios para a amostra do estudo de caso.
* Vistoria no local de cada um dos oito edifícios.
* Diagnóstico das principais patologias encontradas nas fachadas da
amostra.
* Avaliação técnica.
* Entrevistas com o síndico e projetista de cada um dos edifícios.
* Análise dos dados obtidos.
Em seguida, a partir das conclusões do estudo de caso e dos dados
coletados na pesquisa bibliográfica, foram propostas algumas recomendações
para futuros projetos.
O trabalho foi então estruturado e organizado em seis capítulos.
Capítulo 1 – Introdução - Apresenta a importância do tema, a justificativa
para o desenvolvimento do trabalho, os objetivos, a metodologia utilizada para
alcançar tais objetivos, bem como a estrutura geral do trabalho.
Capítulo 2 – Conceitos Relevantes que Fundamentam a Pesquisa -
Discute-se conceitos que fundamentam a pesquisa sobre fachadas e suas
patologias. Para tanto, são apresentados e analisados as principais
considerações encontradas na literatura disponível sobre o tema, destacando-
se conceitos sobre durabilidade e vida útil, desempenho, projeto e sistemas
construtivos, além de serem apresentados outros comentários relevantes para
o entendimento do trabalho.
Capítulo 3 – Fachadas – São apresentados os principais problemas
encontrados nas fachadas, listando as principais patologias existentes,
verificando sua relação com aspectos específicos de durabilidade e
desempenho.

27
Capítulo 4 – Procedimentos Metodológicos da Pesquisa - Consiste no
detalhamento e exposição da metodologia de pesquisa empregada na
realização do estudo de caso. São apresentadas as principais etapas do
desenvolvimento do estudo de caso, o tratamento dos dados obtidos e a forma
como foram catalogados e analisados.
Capítulo 5 – Resultados e Análise - São apresentados e discutidos os
resultados obtidos nos estudos de caso. A análise foi desenvolvida utilizando
dados extraídos a partir do foco intensidade de ocorrência de patologias nas
fachadas. A partir das conclusões e da revisão de literatura apresentada, são
propostas recomendações para aumentar a durabilidade das fachadas.
Por fim, são apresentadas as principais conclusões obtidas durante a
realização da pesquisa, além de algumas sugestões para os profissionais que
buscam maior desempenho em seus produtos finais.

28
2 CONCEITOS RELEVANTES QUE FUNDAMENTAM A
PESQUISA

Neste capítulo apresenta-se a fundamentação teórica, através de uma


revisão bibliográfica abordando os principais tópicos relacionados ao tema
proposto e que foram considerados relevantes para o embasamento do estudo
de caso.

2.1 Fachadas

A fachada definida por Ferreira (1986) é qualquer uma das faces de um


edifício, de modo geral a da frente. Desde as primeiras civilizações da
mesopotâmia, no tempo dos Zigurates2, até os dias de hoje, elas estão
presentes nos edifícios com tijolos de barro cozido, assim, são a própria
história dos edifícios modelando os contornos e aspectos estéticos juntamente
com diversos outros materiais, que à medida que evoluíram as técnicas e
tecnologias foram incorporados como elementos construtivos.
Fachada, segundo Albernaz & Lima (2000) “é cada uma das faces
externas do edifício. O caráter da edificação é em grande parte devido às suas
fachadas”. Por extensão, no desenho arquitetônico, esta é a vista que mostra o
aspecto externo do prédio. Em geral, especifica os materiais de revestimento
usados, o funcionamento de esquadrias, as cores e a textura dos seus
elementos.

2.2 Durabilidade

Para Flauzino e Uemoto (1981), a durabilidade de um produto pode ser


definida como a capacidade deste de manter suas propriedades ao longo do
tempo sob condições normais de uso. A durabilidade está associada à vida útil
29208

2
Os zigurates ou templos em forma de torre são as obras mais representativas da construção
na Mesopotâmia são da época dos primeiros povos sumérios e sua forma foi mantida sem
alterações pelos assírios. Os zigurates (pirâmides com degraus e rampas laterais coroada por
um templo) tratava-se de edificações superpostas que formavam um tipo de torre de faces
escalonadas, dividida em várias câmaras.
do produto, ou seja, o período de tempo durante o qual suas propriedades
permanecem acima de limites mínimos admissíveis, quando submetidos a
serviços normais de uso e manutenção. A vida útil de um edifício é
condicionada pela vida útil de seus constituintes onde tais componentes devem
ser especificados considerando as facilidades de manutenção, os custos, o
grau de importância que cada componente exerce dentro do sistema, os
inúmeros fatores de degradação e a complexidade dos mecanismos de
interferência.
A durabilidade é verificada pelo tempo de vida útil em que um conjunto
de componentes cumpre suas funções para a obtenção de uma construção
sustentável, e para tal está subentendida a ocorrência periódica de
manutenção. Para John et al (2002) a durabilidade depende muito mais de
conhecimento do que dos próprios recursos, não é uma qualidade intrínseca
dos materiais. Muitas vezes a produção do componente e os detalhes de
projeto podem proporcionar maior proteção contra os fatores de degradação,
aumentando a vida útil.
Ainda segundo John (1988), a durabilidade em edifícios pode ser
medida através de três formas:
• Em função do tempo versus desempenho, até chegar ao estado
limite;
• Em função da vida útil, considerado o período de tempo que o
componente se mantém acima dos níveis mínimos, quando recebe
manutenção rotineira;
• Em função dos ensaios comparativos na amostra.
Também segundo o CIB; W70; RILEM 71 PSL, respaldando o que diz
Flauzino, citado anteriormente, durabilidade é a capacidade de um produto de
desempenhar a sua função durante um período de tempo.
Vale lembrar que a importância do estudo da durabilidade na
construção civil é descrita por John (1988) como fonte para encontrar novas
soluções de materiais, componentes e sistemas construtivos, selecionar
componentes concorrentes e avaliar os custos de manutenção em cada
período da vida de um edifício.
A durabilidade das edificações frente aos seus custos correspondentes
é também argumentada por Prudêncio (1995), a partir da Lei dos 5: “um dólar

30
bem aplicado na fase de concepção do projeto é equivalente a cinco na fase de
manutenção preventiva, vinte e cinco na fase de manutenção corretiva e a
cento e vinte e cinco na fase de reabilitação da reconstrução”. Prudêncio
ressalta ainda, que os fatores que interferem na durabilidade são: o projeto, a
deficiência nos detalhes executivos, a compatibilização dos projetos, e os
recursos humanos na obra.
Ainda para John et al. (2002), a obsolescência é considerada como um
problema de durabilidade e não é decorrente de um processo de degradação,
mas de mudanças nas exigências do usuário, portanto, não se pode estimar a
vida útil face às mudanças culturais que não são previsíveis. As decisões de
projeto podem controlar a velocidade de obsolescência do edifício e facilitar o
processo de demolição e reutilização dos componentes.
Para Helene (2001), o estudo da durabilidade das estruturas tem
evoluído graças ao maior conhecimento dos mecanismos de transporte de
líquidos e de gases agressivos nos meios porosos como o concreto, que
possibilitam associar o tempo aos modelos matemáticos que expressam
quantitativamente esses mecanismos. Conseqüentemente passou a ser viável
a avaliação da vida útil expressa em números de anos e não mais em critérios
apenas qualitativos de adequação da estrutura a um grau de exposição.
Para a NBR 6118/2003, a durabilidade das estruturas de concreto
armado consiste na capacidade da estrutura de resistir às influências
ambientais previstas. As estruturas de concreto devem ser projetadas e
construídas de modo que, sob as condições ambientais previstas na época do
projeto e quando utilizadas conforme preconizado em projeto, conservem sua
segurança, estabilidade e aptidão em serviço, durante o período
correspondente à sua vida útil.
Estudos sobre a durabilidade tiveram seu início há muitos anos em
países desenvolvidos, motivados pelo desempenho econômico das edificações
e planejamento das manutenções, atualmente, soma-se a este contexto como
grande aliada, a redução de impactos ambientais que as edificações duráveis
oferecem.
Conforme se verificou anteriormente, o conceito de durabilidade está
estreitamente ligado ao conceito de vida útil. Porém, optou-se por apresentá-
los separadamente.

31
2.2.1 Vida Útil

Segundo o CIB W70; RILEM 71 PSL, a vida útil de um edifício


compreende o período de tempo após a instalação de um componente, em
todas as suas propriedades essenciais que atende ou excede os requisitos
mínimos de desempenho estabelecidos.
A norma ISO 15686-2/2001 citada por John et al (2002), define
planejamento de vida útil como um processo de projeto que procura garantir na
medida do possível, que a vida útil de um edifício seja igual ou superior à vida
de projeto, levando em conta (e preferencialmente otimizando) os custos
globais (do ciclo de vida) do edifício.
Segundo John et al (2002), para garantir a vida útil esperada o
projetista deve dispor, na fase de projeto, de decisões e de especificações que
envolvem a quantidade ideal de componentes. Sendo assim a etapa de projeto
compreende:
a) definição de vida útil de projeto de edifício;
b) previsão de vida útil estimada dos componentes do edifício;
d) emprego de vida útil estimada como critério para seleção, ainda
durante a fase de projeto de alternativas que minimizem o custo
global.
O custo global é descrito por John et al (2002) e Stone (1980), como
sendo o custo de: planejamento, projeto, aquisição, operação, manutenção e
demolição. Na seqüência, John et al (2002), descreve na figura 01 a
metodologia de previsão de vida útil dos componentes de edifícios.

32
FIGURA 1 - Metodologia de previsão de vida útil de componentes de edifícios.
(John, 2002).

33
Já para Antonioli (2003), o emprego do custo de vida útil representa
importante subsídio para a tomada de decisões inerentes ao processo de
planejamento financeiro da operação e manutenção do edifício, podendo
utilizar critérios de tomada de decisão baseados no valor presente, custos ao
longo do tempo de uso do edifício ou custos agregados.
Em se tratando de estruturas, para Helene (2001), a vida útil depende
tanto do desempenho dos elementos e componentes estruturais propriamente
ditos, quanto dos demais componentes e partes da edificação. Os demais
elementos e componentes incorporados à estrutura, tais como drenos, juntas,
aparelhos de apoio, instalações, pingadeiras, rufos, chapins,
impermeabilizações, revestimentos e outros, possuem geralmente vida útil
mais curta que a do concreto, o que exige previsões adequadas para suas
substituições e manutenções, uma vez que ali estão para proteger a estrutura
de concreto.
É importante ressaltar que, nesse sentido, os responsáveis pelo projeto
arquitetônico e estrutural devem definir a vida útil do projeto da estrutura e os
detalhes construtivos de modo a assegurar a vida útil de projeto indicada ao
proprietário, além de definir medidas mínimas de inspeção, monitoramento e
manutenção preventiva que deverão ser executadas pelo proprietário.
Para projetos de estruturas de concreto armado, a NBR 6118 (2003),
estabelece uma vida útil de no mínimo 50 anos para todas as partes da
estrutura das edificações e entende que durante este período de tempo deve-
se manter as características das estruturas de concreto sem exigir medidas
extras de manutenção e reparo, e é após esse período que começa a efetiva
deterioração da estrutura, com o aparecimento de sinais visíveis de corrosão
da armadura, deterioração do concreto e fissuras.
Desta forma, a vida útil estrutural está ligada à durabilidade de
materiais e componentes, enquanto que a vida útil econômica está ligada a
atividades necessárias para a manutenção dos padrões de desempenho. Mas,
devido à complexidade de avaliar durabilidade, vida útil, degradação de
componentes nas suas mais diversas combinações de reciprocidade e
interdependência e exigências dos usuários, Silva, (1997) argumenta que em

34
estudos japoneses a avaliação é feita em inspeções periódicas a cada cinco
anos. Situação em que um usuário ou técnico expressa o estado em que se
encontra o componente ou a edificação, segundo a atribuição de índices de
degradação expressos na Tabela 1. Estes índices, ou “indicadores de
degradação”, podem ser avaliados pelo método da estimativa de vida útil pelo
limite de desempenho, onde o índice 5 é considerado o limite do desempenho.

TABELA 1 – Escala de degradação para avaliação da vida útil.


(Silva, 1997).

Índice de Descrição
Degradação

A 10 – 9 Material ou componente sem degradação, ou degradação mínima.

B 9–7 Partes degradadas podem ser observadas, sem prejuízo no desempenho.


Reparos maiores podem ser necessários.

C 7–5 Algumas partes estão degradadas e reparos parciais são necessários.

D 5–3 Muitas partes estão degradadas e a perda de desempenho é significativa.


A vida útil pode ser estendida se foram executados reparos generalizados.

E 3–1 O componente deve ser substituído.

O limite da vida útil também pode ser estimado pelo método de


distribuição acumulada, onde a degradação é medida e avaliada em cada
inspeção realizada de modo programado e ocorrendo ações de manutenção
que são registradas como linhas verticais da Figura 2.

35
FIGURA 2 – Determinação ao longo do tempo de um elemento, instalação ou sistema
construtivo.
(ABNT – 2002)

A determinação da vida útil é feita a partir da representação da curva


“índice médio de degradação”, ou perda de “desempenho” x idade – “tempo” a
qual é chamada de “linha de degradação”.
Para o estabelecimento desses indicadores é necessário um
conhecimento dos efeitos das condições de exposição e da função
desempenho do produto. As mudanças observáveis para cada caso específico
a ser avaliado quanto à degradação devem ser estabelecidas com
antecedência à determinação dos indicadores.
A ASTM relaciona a inspeção visual como sendo um elemento para
definir estes indicadores à medida que são identificadas as mudanças de
comportamento dos materiais.
Vale lembrar que a inspeção visual identifica: crescimento de
microorganismos, manchas de umidade, vesículas, pulverulência, fissuras,
descolamentos, escamação, empolamento, eflorescência, rupturas. Por outro
lado é possível ter inspeção mensurável relativa a: cor, espessura, reflectância,
transparência, textura, lavabilidade, resistência à abrasão, molhabilidade,

36
absorção de água, resistência a descascamento, resistência a impactos,
aderência e dimensões.
Entre as inúmeras alternativas existentes no mercado para materiais,
componentes, elementos, subsistemas e sistemas que constituem uma
possibilidade de solução para projetos a seleção ocorre, sobretudo através de
critérios econômicos, os quais, por falta de instrumentos adequados não
incorporam a análise de custos ao longo da vida útil (ABIKO e COVELO, 1996).
A ISO 15686-2:2001, apresenta métodos que estimam a previsão de vida útil
dos edifícios e seus componentes submetidos a diversas condições de
exposição:
• Acelerado no tempo
• Interpolação x extrapolação de dados obtidos em componentes
semelhantes
• Interpolação x extrapolação de dados obtidos em serviços
semelhantes
• Extrapolação na dimensão tempo – em exposição de curta
duração nas condições de uso.
Vale lembrar que a classificação de decisão de investimento em
empreendimentos de edificações descrita na American Society for Testing
Materials - ASTM (1992) baseia-se em: aceitação ou rejeição, projeto, tamanho
ou dimensões e prioridade o que muitas vezes não leva em consideração a
vida útil.
No que diz respeito à vida útil, através do projeto, Abiko e Covelo
(1996), propõem uma metodologia de modelo único para a seleção tecnológica
onde a mesma consiste no processo de escolha de uma alternativa de
concepção do projeto de sistemas e subsistemas que dão forma a concepção
de projeto e escolhas de produtos. Isto leva os agentes tomadores de decisões
a terem uma visão compartilhada sobre as alternativas tecnológicas de
especificação que consiste na descrição das características de um produto que
deve considerar:
− Estratégia competitiva;
− Qualidade do projeto;
− Gestão da qualidade para a competitividade na cadeia produtiva e
avaliação econômica dos clientes através do fluxo de informações;

37
− Banco de dados e informações provenientes dos processos internos
dos vários intervenientes;
− Necessidades dos clientes externos;
− Terminologia e estrutura comum dos conceitos.
A metodologia descrita por Abiko e Covelo (1996), fundamenta-se na
gestão da qualidade e no fluxo de informações e ações para a seleção
tecnológica por meio de dados tabulados de forma qualitativa e quantitativa a
partir de: segmento de mercado, estratégias competitivas, necessidades dos
clientes internos e externos, características do produto e características das
alternativas.

2.2.2 Patologias

As patologias e agentes de degradação discutidas neste capitulo são


as que envolvem genericamente todo o edifício, ficando para o próximo
capítulo as citações específicas sobre as anomalias de fachadas.
Os agentes agressivos interagem e atuam sobre cada edifício
produzindo uma série de fenômenos físicos, químicos e biológicos, Lichenstein
(1986), afirma que de um modo geral, as patologias não têm sua origem
concentrada em fatores isolados, pois os edifícios sofrem influência de um
conjunto de variáveis que podem ser classificadas de acordo com o processo
patológico, como os sintomas e causas que geraram os problemas. Estas
patologias são originadas em grande parte por deficiências em projetos e na
seleção de materiais que prematuramente geram procedimentos de
manutenção, de ação corretiva e de reabilitação de componentes para
restabelecer o nível de desempenho esperado pelos usuários.
A patologia em edifícios é descrita pelo Conseil International du batimênt
(CIB/W086) – Building Pathology – como sendo um ramo da ciência e deve ser
tratada de forma sistêmica, verificando os defeitos de edifícios, suas causas e
respectivos remédios.
No cenário internacional o CIB/W86, tem estudado e sistematizado
conceitos e métodos sobre os problemas patológicos nos edifícios há mais de
vinte anos, assim como as Instituições de Ensino Superior na área da
Engenharia Civil e Arquitetura também vêm se preocupando com o assunto.

38
Piedade (2003), lembra que o diagnóstico e causas das patologias são
conhecidos há mais de cinqüenta anos, no entanto, existem dificuldades de
aprendizagem com os erros do passado devido principalmente a fatores como:
mercados pouco exigentes, indefinição ou ausência de atribuição de
responsabilidades e baixa formação técnico-cultural dos intervenientes.
No cenário nacional há também diversas Instituições de Ensino
Superior de Engenharia Civil, como USP, UFRGS, ITA, UFSC entre outras que
vêm pesquisando os agentes de degradação e suas formas de ação, as
causas, conseqüências e meios de prevenção das patologias em edifícios. Isso
se dá principalmente, em edificações estruturadas em concreto armado e com
vedações em alvenaria, por serem edificações construídas em maior número
no Brasil, e também por serem incorporadas gradativamente novas tecnologias
nos novos edifícios. Segundo Mitidieri (1998), estas avaliações quando são
abrangentes em nível de desempenho do produto, no caso o edifício, se dão
por diferentes metodologias investigativas, o que por vezes traz resultados
duvidosos, se comparados entre si e entre pesquisas internacionais. Mas,
promovem avanços, como no caso da análise de estruturas onde é possível a
aplicação de métodos de avaliação de vida útil para estruturas recém
construídas, em anos, facilitando a compreensão ao público leigo.
A partir da definição dos níveis de desempenho desejados, segundo
Picchi e Agopyan (1993) e Dórea e Silva (1999), as etapas da produção do
edifício se estruturam em: I) planejamento, (II) projeto - especificações e as
descrições das ações; (III) materiais - a qualidade e a conformidade com as
especificações, (IV) execução - a qualidade e a conformidade com as
especificações, e (V) utilização - prevista para o ambiente construído aliado ao
programa de manutenção. Assim, tem-se a possibilidade de em cada fase
haver maior controle de qualidade e conseqüentemente menor índice de
problemas patológicos nos edifícios.
Para Lichtenstein (1986), as patologias podem ser compreendidas
cientificamente de forma sistêmica à medida que é empregada uma
metodologia clara de investigação, aqui estruturada na figura 3 e baseada em:
a) Levantamento do maior número possível de subsídios para o
entendimento do problema, através da queixa do usuário ou
inspeção periódica; vistoria do local utilizando instrumentos e

39
organizando os resultados; histórico do edifício e da adoção de
resultados complementares por meio de análises e ensaios em
laboratório; ensaios “in loco”; análises e ensaios em laboratórios
para a formalização do diagnóstico.
b) Diagnóstico da situação.
c) Definição de conduta para intervenção num processo de
manutenção corretiva.

40
FIGURA 3 – Fluxograma para diagnóstico de patologias.
(Lichtenstein, 1986)

O levantamento de subsídios se dá por inspeções rotineiras ou


eventuais, por técnicos e ou usuários, podendo demonstrar a queda de
desempenho que se qualifica com patologias ou ainda em estágios pré-

41
patogênicos que facilmente podem ser reversíveis. O esqueleto básico para a
vistoria do problema patológico Lichenstein (1986), descreve como sendo de:
• Determinação da existência e da gravidade do problema por meio de
comparação qualitativa e da sintomatologia do problema.
• Definição da extensão e do alcance do exame, como grau de referência
o espraiamento do problema e dos sintomas no edifício.
• Caracterização dos materiais e da patologia.
o Utilização dos sentidos humanos
o Utilização de instrumentos
• Registro dos resultados por meios manuais através de croquis, plantas e
elevações, bem como por recursos modernos disponíveis como:
máquinas fotográficas digitais de alta resolução, projeto digitalizado,
filmadoras, etc.

2.2.2.1 Agentes de Degradação

Todo material sofre degradação, seja por ação ambiental ou pelo


próprio uso e, tende a perder sua capacidade de desempenho.
Segundo o CIB; W70; RILEM 71 PSL, os mecanismos e agentes de
envelhecimento agem sobre a construção e suas partes e reduzem seu
desempenho, enquanto os mecanismos de degradação são as mudanças
físicas, mecânicas e químicas que reduzem o desempenho de um produto.
Para Cremonini (1988), a velocidade de degradação de desempenho
deve ser controlada por operações de manutenção de modo repetitivo e cíclico
durante toda a vida útil da edificação, assim justifica-se a existência de um
programa de manutenção otimizando os recursos físicos financeiros.
Assim como a ASTM 632 apresenta os fatores de degradação,
Flauzino (1984) e John et al. (2002), citam os agentes de degradação
demonstrados na Tabela 2, como agressores dos materiais e componentes,
com intensidades diferentes, se considerada a natureza dos componentes
orgânicos ou inorgânicos, metálicos ou não metálicos. Os autores salientam
que os agentes, quando em ações simultâneas sobre um componente, são
somáveis para quantificação da agressividade, portanto, isto deve ser
considerado nas análises de avaliação de durabilidade.

42
TABELA 2 – Agentes de degradação.
(Flauzino, 1984; John, et al., 2002)
Natureza Classe
Gravidade
Esforços e deformações impostas ou restringidas
Agentes mecânicos
Energia cinética
Vibrações e ruídos
Atritos

Radiação
Agentes eletromagnéticos Eletricidade
Magnetismo

Agentes térmicos Níveis extremos ou variações muito rápidas de temperatura


Água e solventes
Agentes oxidantes
Agentes redutores
Ácidos
Agentes químicos Bases
Sais
Quimicamente neutros

Agentes biológicos Vegetais e microrganismos


Animais

Procedência Classe
Água no estado líquido
Umidade
Temperatura
Radiação solar – radiação ultravioleta
Gases de oxigênio (O, O2, O3).
Ácido sulfúrico (H2SO4)
Provenientes da atmosfera Gases ácidos
Bactérias, insetos
Vento com partículas em suspensão

Sulfatos
cloretos
Fungos
Provenientes do solo Bactérias
Insetos

Esforços de manobra
Provenientes ao uso Agentes químicos normais em uso doméstico

Compatibilidade química
Compatibilidade física
Provenientes do projeto Cargas permanentes e periódicas

43
Dos fatores provenientes da atmosfera, a temperatura, é um dos
agentes mais agressivos aos revestimentos de edifícios provocando variações
físicas e químicas nos materiais, gerando fissuras, descolamentos e rupturas,
principalmente nos revestimentos porosos, por absorverem água, umidade e
radiação solar, ocasionando grandes tensões nas interfaces dos componentes.
A infiltração constante de água a partir dos alicerces ou lajes de cobertura e ou
argamassas fracas provoca a desagregação do revestimento com
pulverulência e formação de bolor. No que se referem aos fatores biológicos,
diversos autores apontam os fungos como os agentes biológicos mais
importantes no ataque a revestimentos especialmente em ambientes quentes
de 10º a 35º e úmidos; resultam em aspectos de emboloramento
desenvolvendo bolor com aspectos esverdeados e ou escuros, além de exalar
forte odor nos ambientes internos. Entre eles estão os fungos sapróvoros que
decompõem e absorvem compostos orgânicos com presença de grande
quantidade de enzimas e são responsáveis pela decomposição de tecidos,
madeiras, combustíveis e argamassas. Estão presentes no ar e no solo e seu
desenvolvimento depende das variáveis como temperatura, grau de
precipitação, ventos, fatores climáticos e ciclos de claridade e escuridão
(QUALHARINI e GAMBA, 1997).
Para Santana (1993), a eliminação do bolor é feita a partir da extinção
das fontes de infiltração por umidade, redução de condensação nas
superfícies, ou por medidas curativas por substituição de componentes do
edifício. Essas fontes se dão principalmente por ações combinadas de granizo,
vento e chuva e podem ocorrer por incompatibilidade química ou física dos
componentes, mas se dá principalmente por adição e misturas de materiais
que, neste caso, reagem formando compostos agressivos e deteriorando os
edifícios.
Para CABAÇA (2003), a ascensão de água por capilaridade pode ser
proveniente de águas freáticas com manifestações em paredes internas ou
águas superficiais com manifestações em paredes externas. Este fenômeno
ocorre pela propriedade dos fluidos numa tensão superficial entre as partículas
ou moléculas constituintes de um líquido que exercem forças de atração e que
transportam sais, nitratos, sulfatos, cloretos e carbonatos, contidos nos

44
materiais para as superfícies das paredes com manifestação destes na
superfície das paredes quando da evaporação da água.
Para Thomaz (1985), há preocupação no diagnóstico dos mecanismos
de fissuras para orientar decisões de recuperação de componentes, assim
como a adoção de medidas preventivas a partir da elaboração de projetos e
especificação e controle de materiais e serviços. Para ele as fissuras são
provocadas por tensões oriundas de atuação de sobrecargas ou de
movimentações de materiais, dos componentes ou da obra como um todo.
Neste caso devem ser observadas as movimentações provocadas por
variações térmicas e de umidade; atuação de sobrecargas ou concentração de
tensões; deformações excessivas das estruturas; recalques diferenciados das
fundações; retração de produtos a base de ligantes hidráulicos e alterações
químicas de materiais de construção.

2.2.2.2 Manutenção

A manutenção de edificações visa preservar ou recuperar as condições


ambientais adequadas ao uso previsto para as mesmas e de acordo com Silva
(1996), pode ocorrer manutenção das seguintes formas: substituição: para
componentes com vida útil limitada e de valor inferior à vida útil da própria
edificação; limpeza: atividade de descontaminação das edificações e
componentes; ratificação: correção de defeitos originados em qualquer etapa
do processo de produção; renovação: atividade que visa recuperar ou alterar o
desempenho inicial, sendo chamado também de recuperação ou restauração.
Segundo o CIB W70; RILEM 71 PSL, manutenção é a combinação de
todas as atividades técnicas e administrativas, durante a vida útil, que tem por
objetivo manter o desempenho em níveis iguais ou superiores ao requerido
para a sua função, incluindo limpeza, reparos e reposição de partes.
A manutenção de edificações pela norma BS 3811 (1984) pode ser
executada de três formas: manutenção planejada preventiva, que representa
as atividades durante a vida útil da edificação, de maneira a antecipar o
surgimento da patologia; manutenção planejada corretiva, que representa
atividades para recuperar o desempenho perdido; e a manutenção não
planejada, que recupera o desempenho perdido devido às causas externas não
previstas.

45
Sob enfoque da NBR (5476), a omissão em relação à necessária
atenção para a manutenção das edificações pode ser constatada nos
freqüentes casos de edificações retiradas de serviço muito antes de cumprida a
sua vida útil projetada, causando muitos transtornos aos seus usuários, um
sobre custo e intensivos serviços de recuperação ou construção de novas
edificações.
Ressalta-se, portanto, que a manutenção de edificações inclui todos os
serviços realizados para prevenir ou corrigir a perda de desempenho
decorrente da deterioração dos seus componentes, ou de atualizações nas
necessidades dos seus usuários, mas não inclui serviços realizados para
alterar o uso da edificação.
Para a NBR 6118 (2003) o conjunto de projetos relativos a uma obra
deve orientar-se sob uma estratégia explícita que facilite procedimentos de
inspeção e manutenção preventiva da construção.
Para Helene (2001), na inspeção e manutenção preventiva de obras
novas há necessidade de introduzir rotinas que obriguem os projetistas e
construtores a implantarem um sistema de garantia e gestão da qualidade nos
moldes do padrão internacionalmente aceito que são as normas da série ISO
9.000, referendadas pela ABNT, série NBR 9.000.
Segundo pesquisas elaboradas por Colen (2003), há necessidade de
reparação de 37,9% dos prédios em média, destes, 2,9% encontram-se
normalmente em estado de degradação, demonstrando que tão importante
quanto à reabilitação dos edifícios degradados é criar mecanismos para evitar
uma degradação excessiva. A manutenção deve ser efetiva prevenindo a
degradação dos elementos do edifício com ações periódicas de inspeções,
limpeza, reparos locais e substituições.
Para a NBR 5476, é inviável sob o ponto de vista econômico e é
inaceitável sob o ponto de vista ambiental considerar as edificações como
produtos descartáveis, passíveis da simples substituição por novas
construções quando seu desempenho atinge níveis inferiores ao exigido pelos
seus usuários. Isto exige que se tenha em mente a manutenção das
edificações existentes, e mesmo as novas edificações construídas, tão logo
colocadas em uso.

46
Estudos realizados em diversos países, para diferentes tipos de
edificações, demonstram que os custos anuais envolvidos na operação e
manutenção das edificações em uso variam entre 1% e 2% do seu custo inicial.
Este valor pode parecer pequeno, porém acumulado ao longo da vida útil das
edificações chega a ser equivalente ou até superior ao seu custo de construção
(NBR 5476).
Antonioli (2003) argumenta que dada à importância e grandezas
envolvidas na manutenção dos edifícios, bem como as interferências que
causam na vida dos usuários, é relevante que o mais alto nível gerencial
coloque a manutenção como destaque no planejamento dos edifícios.
Por fim, para Helene (2001), é importante a intervenção de
manutenção de modo a manter a durabilidade das estruturas, onde os menores
custos estão na fase de projeto, pois a simples redução da relação
água/cimento e aumento na cobertura das armaduras podem atrasar em vários
anos ou até mesmo dispensar o processo de manutenção. Porém o atraso na
manutenção pode elevar os custos numa progressão geométrica.

2.3 Desempenho de Edifícios

O CIB (1975) definiu a palavra desempenho como sendo o


comportamento do produto em utilização, devendo responder pela satisfação
às exigências dos usuários, cumprindo adequadamente sua função quando
sujeito a grande variedade de ações de origem natural ou devido à própria
utilização do edifício. Tais ações que atuam sobre o edifício durante sua vida
útil são denominadas condições de exposição a que está exposto o produto,
que por sua vez possui propriedades que podem ou não influenciar na forma
como estes reagem às condições de exposição.
Conclui-se, então, que o desempenho é a capacidade de atendimento
das necessidades dos usuários da edificação, sendo, portanto, fator importante
à avaliação do mesmo.
Para Souza (1983), a avaliação de desempenho consiste em prever o
comportamento potencial do edifício, seus elementos e componentes, quando
em utilização normal, os quais podem ter seu desempenho estimado por
ensaios em protótipos, modelos matemáticos e físicos.

47
Segundo Mitidieri Filho et al. (2003), a iniciativa brasileira na avaliação
de desempenho ultrapassa 25 anos, com avaliações isoladas, partindo de
iniciativas de instituições de ensino, de pesquisa e de programas públicos de
habitações, utilizando diversos critérios de avaliação e de metodologias que,
por vezes, dificultaram a validação de sistemas construtivos pelas contradições
metodológicas adotadas na avaliação. Mas, o mais agravante e a ausência de
aplicação de análises sistematizadas, que poderiam identificar eventuais falhas
de concepção, e com isto, evitarem problemas patológicos que têm ocorrido
com alguns componentes e sistemas construtivos.
Souza (1983), ainda argumenta que a aplicação do conceito
desempenho contribui para orientar o desenvolvimento de produtos na área de
componentes e o desenvolvimento de projetos, contribui também para a
normalização da habitação e abre caminho para uma sistemática de controle
de qualidade dos novos produtos baseada em certificados de homologação.
O desempenho de um edifício habitacional em uso normal deve
atender às exigências dos usuários de forma qualitativa, assim como, deve
atender os conjuntos de requisitos e critérios estabelecidos por novas normas
de avaliação.
Lucini (2004) estabelece uma ordem para análise de desempenho de
edifícios através de:
− Requisitos: níveis qualitativos verificáveis que deverão ser atingidos
pelo ambiente.
− Ações identificáveis: que atuam sobre os ambientes, envolventes e
subsistemas.
− Questões: a resolver na interface dos componentes para neutralizar
as ações identificadas que respondam aos requisitos.
− Opções: alternativas conceituais que atendem as questões que
devem ser resolvidas.
− Solução do sistema adotado: soluções específicas do sistema
tecnológico adotado que viabilizam, na prática, as alternativas
conceituais para atender as questões.

48
2.3.1 Avaliação do desempenho de elementos e
componentes dos edifícios.

Para Mitidieri Filho et al. (2003), um sistema de avaliação técnica


nacional inclui a avaliação de novos produtos, que deve ser concebida de
forma bastante clara e objetiva, com regras bem definidas, tendo premissas e
diretrizes conceituais que possibilitem o desenvolvimento e implantação de um
sistema de avaliação técnica. A sistemática de avaliação técnica do produto,
processo ou sistema construtivo deve ter como base a abordagem de
desempenho que considera as condições específicas de produtos em uso. Tais
produtos devem ser bem caracterizados por ocasião da avaliação técnica, de
forma a possibilitar o controle da qualidade por meio de ensaios e análises
periódicas dos materiais e componentes, e em auditorias periódicas do sistema
da garantia da qualidade adotadas pelo produtor ou construtor.
Um meio utilizado para sistematizar a programação e a aplicação de
avaliação pós-ocupação é a categorização de elementos de desempenho.
Preiser et al. (1988) citado por Bagatelli (2002), sugere ainda, que a avaliação
de desempenho de ambientes construídos possa ser sistematizada,
desdobrada, e classificada segundo grupos de elementos, de onde se conclui
que a avaliação de desempenho ambiental consistiria do somatório de
avaliações de diversos elementos (total building performance), sendo que
ênfases diferenciadas de uns a outros elementos seriam conseqüentes do
enfoque e objetivos específicos do objeto de estudo a ser avaliado.
Embora tenham sido categorizados vários grupos de elementos de
desempenho, os elementos técnicos, funcionais e comportamentais parecem
ser aqueles mais freqüentemente avaliados. Elementos estéticos, por exemplo,
relacionados com as qualidades estéticas do espaço construído, são
implicitamente avaliados, juntamente com elementos comportamentais, tais
como: percepção ambiental, imagem e significado, os quais dão significados a
atributos como escala, detalhes, cores, iluminação ambiental, acústica, forma,
decoração, etc. Cabe salientar que a avaliação de qualquer dos grupos de
elementos de desempenho, abrange inevitavelmente avaliações físicas,
relativas a aspectos físicos ambientais, geralmente executadas por meio de
levantamentos físicos, medições e avaliações comportamentais realizadas

49
através da aplicação de questionários, entrevistas e observações
comportamentais, que indiquem as atitudes e satisfação dos usuários em
relação aos elementos avaliados.
Ainda para Preiser, citado por Bagatelli (2002), na análise de
elementos de desempenho técnico, funcional e comportamental, o método de
avaliação pós-ocupação pressupõe que os procedimentos empíricos para a
avaliação de desempenho de ambientes construídos são partes integrantes do
processo de execução do projeto. Sendo que tem como primeiro objetivo a sua
aplicação para medir a intensidade com que cada projeto satisfaz às funções
para as quais foi destinado e preenche as necessidades, percepções e
expectativas de seus usuários, os quais são considerados medida-chave para
avaliar o desempenho ambiental.
Existe uma grande diferença entre uma avaliação pós-ocupação (APO)
e o que se pode, talvez, denominar de uma avaliação pós-construção, este
enfoque também é discutido por Bagatelli (2002). A APO não é área do
conhecimento de avaliação de desempenho de edifícios segundo Preiser
(1988) citado por Bagatelli (2002), mas sim, um método de avaliação, e salienta
diversas técnicas de pesquisa com o objetivo de avaliar o desempenho de
ambientes construídos, a partir da perspectiva de seus ocupantes.
À medida que as pesquisas na área de avaliação de edifícios são
desenvolvidas, tem-se uma tendência a que as construções sejam projetadas
com mais detalhes, como a implementação de elementos pré-fabricados
inclusive com desempenhos diferenciais entre si, mas com a possibilidade de
padronizá-los e substituí-los, numa lógica de industrialização, oferecendo
ganhos de produtividade, redução de prazos, introdução de melhorias
gerenciais em projeto, planejamento, controle da produção e gestão de
processos, onde inclusive, fabricantes tenderão a integrar-se ao processo de
produção (ANTAC, 2002).
A abordagem de desempenho descrita por Silva (1997), é uma
concepção sistêmica, onde os conceitos básicos são traduzidos numa
metodologia de avaliação que direciona pensar a edificação a partir dos “fins”,
para remeter aos “meios” prescritivos e especificações do produto requerido.
Neste sentido, a abordagem de desempenho é definida como “a aplicação de
uma rigorosa análise e de método científico ao estudo do funcionamento de

50
edifícios e suas partes”, sendo aplicada durante o projeto e na construção de
um empreendimento único, durante o projeto e construção de um programa
amplo de produção, no desenvolvimento e comercialização de um produto de
construção, na preparação e estruturação de diretrizes de projeto, no controle
da qualidade de produtos através de inspeção e na aprovação e certificação.
Concluindo, a aplicação do conceito de desempenho à produção de
edificações envolve, segundo o CIB (1982) e é o que diz também Silva (1997) a
identificação das exigências dos usuários, das condições de exposição que
estará sujeita à edificação, ao estabelecimento de requisitos, critérios e
métodos de avaliação de desempenho.

2.4 Sistemas Construtivos

Para Ferreira (1986), sistema é um conjunto de elementos, materiais


ou idéias, entre os quais se possam encontrar ou definir alguma relação ou
disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e
que funcionam como estrutura organizada. Enquanto que construtivo é aquilo
que serve para construir, que visa a renovar, ou corrigir, melhorar e
aperfeiçoar.
Chama-se Sistema Construtivo o conjunto de materiais, técnicas,
componentes e elementos empregados na construção de uma edificação.
Braga (1998) considera como conceito de abordagem sistêmica, a
avaliação de qualidade de um sistema construtivo que esteja diretamente
ligada com o grau de adequação às características de um contexto específico
no qual estará inserida a edificação. Argumenta que há um grande número de
variáveis - necessidades dos usuários, programa do empreendimento e
características tecnológicas – que se faz necessário sistematizar, num
processo de definição do sistema e subsistemas construtivos para cada
empreendimento.
A qualidade de um sistema construtivo é obtida na visão de Braga
(1998), a partir de uma estruturação e combinação de prioridades dos aspectos
tecnológicos, culturais, de desenho, socioeconômicos, econômico-financeiros,
construtivos e ambientais.

51
Para Basso & Martucci (2003), do ponto de vista histórico os processos
construtivos estabelecem tipologicamente as tecnologias a serem aplicadas,
fazendo com que nos projetos surjam os sistemas construtivos e na produção
das unidades habitacionais se definam famílias de processos de trabalho,
conforme esquema da Figura 4.

FIGURA 4 - Esquema explicativo do processo construtivo.


(Basso & Martucci, 2003).

Ainda para Basso & Martucci (2003), os sistemas construtivos


representam, dentro do quadro da construção de edificações, um determinado
estágio tecnológico historicamente definido, indutor da forma de se projetar e
executar os edifícios. Ou seja, sintetizam o conjunto de conhecimentos técnicos
e organizacionais possíveis de serem combinados em função dos graus de
desenvolvimento tecnológico encontrados tanto na indústria de materiais de
construção, componentes e subsistemas construtivos, quanto, na indústria de
máquinas, equipamentos, ferramentas e instrumentos produzidos para o setor
da construção civil.

2.4.1 Classificação dos Sistemas Construtivos

Os sistemas construtivos podem ser classificados em:


• Sistemas convencionais - sistemas em que os principais elementos
– paredes, lajes e coberturas – são executados no canteiro de
obras e são utilizados técnicas e materiais construtivos

52
convencionais, como tijolos, concreto, telhas cerâmicas e
fibrocimento.
• Sistemas construtivos abertos - são aqueles desenvolvidos a partir
de um elenco de elementos e componentes da construção,
paredes, lajes, coberturas, janelas, portas que podem ser
combinados em diferentes soluções arquitetônicas em que se
variam a quantidade, as dimensões e a disposição dos diversos
cômodos.
• Sistemas construtivos fechados - são aqueles desenvolvidos a partir
de um projeto arquitetônico único, que lhe serve de modelo, não
permitem variações na disposição e nas dimensões dos cômodos,
das janelas, portas ou de qualquer componente da moradia.
• Sistemas racionalizados - são sistemas onde um ou mais elementos
que compõem a obra são industrializados. Isto é, vem pronto de
fábrica, mas tem como características predominantes o uso de
materiais e modo de execução convencionais.
• Sistemas industrializados - são sistemas totalmente fabricados fora
do canteiro e para ele são transportados para a montagem e
acabamento final. No Brasil existem poucos sistemas construtivos
industrializados além das tradicionais casas de madeira.
Para Abdalla (1999), a classificação dos sistemas construtivos está
associada ao fator sócio-técnico do processo construtivo, ao índice de
industrialização, ao nível técnico, ao ciclo de construção, à característica da
produção, e à natureza do processo de produção, assim como à realidade
física da edificação, aos produtos e componentes do sistema construtivo, ao
grau de liberdade do sistema construtivo, ao peso dos elementos, ao tamanho
dos elementos, à natureza dos materiais e aos tipos de demandas.
Ainda para Abdala (1999), existe o sistema construtivo tradicional, que
é aquele conhecimento adquirido pelos mestres construtores na vivência
prática sem conhecimento técnico, e o sistema avançado, que é aquele que
depende do conhecimento científico, envolvendo laboratórios, materiais,
desenhos e processos.
Para Basso & Martucci (2003) os processos construtivos são utilizados
com suas respectivas técnicas e tecnologias para a construção e é neles que

53
aparecem as inovações tecnológicas e organizacionais do ponto de vista dos
projetos e da produção da edificação.
Segundo Abdala (1999), a partir da 2ª grande guerra mundial, numa
tentativa de aumentar a industrialização e modulação das edificações, a
participação do estado foi uma tentativa constante de transferência da
realidade industrial mecânica clássica para o subsetor de edificações. Num
segundo momento houve proposições de uma industrialização aberta em
usinas móveis, através da padronização dimensional dos componentes e
modificação geral do desenho dos produtos, buscando-se eliminar etapas de
pré-produção. Finalmente, ocorre uma revisão dos dois momentos anteriores,
modifica-se o papel do Estado e a visão do empresariado, resultando,
praticamente em desuso de muitos daqueles sistemas construtivos
originalmente propostos como soluções para os empreendimentos do pós-
guerra.
Os processos construtivos poderiam ser classificados ainda em
subtipos com características obtidas a partir da evolução histórica, tecnológica
e técnica como segue: Processos Construtivos Artesanais, Tradicionais,
Tradicionais Racionalizados, Pré-fabricados, Industrializados e Sistemas
Flexíveis que seriam um sexto subtipo com novas exigências de qualidade nos
projetos e variedade arquitetônica criando novas relações entre os usuários e
suas habitações (ABDALA, 1999).

2.4.2 Racionalização construtiva através do


Projeto

Para Barros (1996), as mudanças que vêm ocorrendo nos últimos anos
têm levado empresas que atuam na área de construção de edifícios a
tornarem-se competitivas desde a concepção até a execução. Usando
estratégias de diminuição de custos, garantia de atendimento nos prazos de
execução e incremento da qualidade dos edifícios, destacam-se a
racionalização dos métodos, os processos e os sistemas construtivos.
Ainda segundo Barros (1996), os princípios da racionalização
construtiva proporcionam a aplicação adequada de todos os recursos

54
envolvidos no processo de produção, através da adequação tecnológica e da
mudança organizacional dos processos tradicionais de construção.
Para Souza (1983), a racionalização da habitação é o desenvolvimento
de novos materiais, componentes e sistemas construtivos, visando à busca de
alternativas aos produtos e processos tradicionais em utilização na construção
civil.
Sabbatini (1989) apresenta a racionalização construtiva como
ferramenta da industrialização e define: racionalização construtiva é um
processo composto pelo conjunto de todas as ações que tenham por objetivo
aperfeiçoar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais,
energéticos, tecnológicos, temporais e financeiros disponíveis na construção
em todas as suas fases.
O processo de produção de edifícios é caracterizado por ciclo produtivo
que envolve materiais amorfos, componentes determinados - simples e
compostos - e semi-determinados, assim como um conjunto de operações –
transportes, agregação e moldagem. Portanto, o grau de racionalização é tanto
maior quanto menor for à incidência de operações de ajustagem e transporte e
quanto menor for o tempo destinado com estas atividades, e também quanto
mais o sistema se direcionar para a predominância de operações de
associação e montagem (SILVA, 1991).
Barros (1996) propõem um modelo para a implantação de tecnologias
construtivas racionalizadas em cinco diretrizes:
• Desenvolvimento da atividade de projeto;
• Desenvolvimento da documentação;
• Desenvolvimento dos recursos humanos;
• Desenvolvimento do setor de suprimentos voltado à produção;
• Desenvolvimento do controle do processo de produção.
No que se refere à etapa de projeto, Franco apud O’Connor e Tucker,
1996) considera que "a construtibilidade é entendida como a habilidade das
condições do projeto permitir a ótima utilização dos recursos da construção", e
para Franco (1996), é por este meio que o projeto com qualidade leva a
racionalização construtiva, sendo que um dos meios é obtido pela coordenação
de projetos.

55
2.4.3 Avaliação de Sistemas Construtivos

Para Duarte (1982), ao se avaliar um sistema construtivo deve-se


determinar qual a natureza destas transformações, e em que elas influenciam
no processo de execução, na busca de estabelecer um ritmo industrial de
produção. A evolução de um produto implicará na introdução da sistematização
através de um projeto que utilize e ou permita a utilização de um conjunto
padronizado e correlato de componentes nos edifícios, induzindo os projetistas
a uma racionalização dos métodos construtivos motivados por: economia,
velocidade, controle de qualidade, utilização de novos materiais, componentes
e coordenação dimensional.
Segundo Braga (1998), para a concepção, avaliação, controle e a
garantia da qualidade do sistema construtivo, são de fundamental importância
os papéis da coordenação e o acompanhamento da obra pelos agentes
envolvidos no processo, projetistas, construtores, empreendedores e usuários,
desde a elaboração do projeto, passando pela obra até a pós-ocupação.
Souza (1983) argumenta que a avaliação de novos componentes e
sistemas construtivos é que toma o tradicional como referência e por
comparação, julga se são aceitáveis ou não as novas soluções propostas.
Braga (1998) salienta que na abordagem sistêmica da avaliação de
sistemas construtivos devem ser estabelecidos limites pelos responsáveis do
projeto e da obra.
De acordo com Mitidieri et al. (2003), a avaliação de um sistema de
avaliação técnica de novos produtos destinados a edifícios habitacionais, de
âmbito nacional, justifica-se, em razão das necessidades de:
a) Harmonização da base técnica para avaliação de produtos e
sistematização dos procedimentos para concessão de documentos
de avaliação técnica;
b) Remoção de barreiras internas (mercado nacional), e externas.

56
2.4.4 Normalização dos Sistemas Construtivos

Os primeiros conceitos sobre o tema no Brasil são estudos de 1970,


desenvolvidos pelo Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) e o Banco
Nacional da Habitação (BNH) e Caixa Econômica Federal (CEF), 1981 e 1997.
Em 2000 a CEF juntamente com a ABNT lançam o Projeto da Norma de
Desempenho, Avaliação de Inovações Tecnológicas e aprovação de Sistemas
Construtivos.
Para Borges (2004), o desempenho é o resultado do equilíbrio
dinâmico que se estabelece entre o produto e seu meio, para tanto, segundo a
ABNT/CB 02, as normas de desempenho são estabelecidas com base nas
respostas que um produto deva apresentar independentemente dos seus
materiais constituintes e do processo de produção, devem incentivar, balizar o
desenvolvimento de produtos e orientar a avaliação da real eficiência técnica e
econômica das inovações tecnológicas.
Sob os aspectos de serviços tecnológicos a ANTAC (2002) visualiza
avanços no sistema de normalização técnica, produção e disseminação de
documentos técnicos de referência, sistema de aprovação técnica, incentiva à
avaliação de conformidade de produtos convencionais, capacitação
laboratorial, certificação de sistemas de gestão da qualidade e certificação de
sistemas de gestão ambiental e de higiene e segurança no trabalho. No que
tange a capacidade laboratorial Ferreira Neto et al. (2004), destaca a
necessidade de uma política na criação de novos laboratórios para avaliação
de novos produtos que entram todos os anos no mercado brasileiro de maneira
a providenciar edificações com qualidade, providas de condições mínimas -
novas normas e regulamentos - de habitabilidade e uso.

2.4.5 Subsistemas Construtivos

Para Basso & Martucci (2003) os sistemas construtivos podem ser


subdivididos em vários subsistemas, os quais são definidos segundo suas
respectivas características e funções técnicas em relação ao edifício e ao
sistema construtivo como um todo. Assim, um sistema construtivo poderia estar
subdividido em subsistema estrutural, subsistema de vedações externas e

57
divisórias internas, subsistema elétrico, subsistema hidráulico, subsistemas
complementares (tais como: circulações verticais, condicionadores de micro
clima). Além disso, podem-se efetuar combinações entre subsistemas
diferentes, guardando sempre as características e funções técnicas entre as
aplicações dos materiais de construção, componentes pré-fabricados (pilares,
vigas, lajes, caixilhos, portas, janelas, tubulações).
Para Franco (2000), as vedações verticais são os principais
subsistemas que condicionam o desempenho do edifício e ocupam posição
estratégica entre os componentes dos edifícios. Possuem como principais
funções o compartimento da edificação e proporcionam ao ambiente conforto
higrotérmico, acústico, segurança de utilização frente às ações excepcionais
como incêndios e desempenho estético os quais valorizam o imóvel. Tais
características permitem o adequado desenvolvimento das atividades para as
quais eles foram projetados, além de se constituírem pela tecnologia de
produção como os principais responsáveis pelo desempenho global da
vedação vertical, dos revestimentos e das esquadrias existentes incorporadas
a elas.
Para Barros (1996), a racionalização do subsistema de vedação
vertical dos edifícios pode trazer diversas vantagens para as empresas
construtoras, não só pela diminuição direta dos custos incidentes neste
subsistema e o aumento da produtividade, mas também, pela profunda
alteração que pode introduzir no nível organizacional das obras, uma vez que
se constitui num subsistema intimamente ligado a praticamente todos os
demais subsistemas do edifício.

2.5 Abordagem do Projeto

2.5.1 Especificação geral da manutenção na


construção de edifícios

Os edifícios se configuram e subsistem através de diversos estágios


que podem ser agrupados em duas fases: a fase de produção e a de uso. A
fase de produção incorpora, de modo geral, as atividades técnicas de

58
planejamento, projeto e execução. Já, a fase de uso engloba as atividades de
operação e manutenção. (RESENDE e MEDEIROS, 2004).
Neste sentido, estas duas fases sustentam uma relação de
interdependência nas quais as decisões assumidas durante a fase de produção
influenciam a capacidade em satisfazer, no decorrer de sua vida útil, as
necessidades dos usuários3. Porém, grande parte dos responsáveis pela
construção dos edifícios, procura realizar a obra com o menor custo inicial
possível, desconsiderando essa interdependência entre as fases, ignorando o
custo global da edificação e preocupando-se exclusivamente com os custos
referentes às atividades relacionadas com a produção do edifício.
Resende e Medeiros (2004), também consideram que os custos das
atividades de manutenção têm por objetivo repor a capacidade do edifício em
atender às necessidades dos usuários e que podem representar anualmente,
segundo John (1988), de 1% a 2% dos custos de reposição do edifício. São
geralmente desconsiderados durante a etapa de especificação dos materiais e
detalhes construtivos a serem utilizados no edifício.
Bonin (1988) citado por Resende e Medeiros (2004), menciona que
esta visão limitada dos responsáveis pela construção dos edifícios induz a uma
inversão nos objetivos do processo produtivo da edificação, priorizando o
edifício em vez de considerar as necessidades dos usuários da edificação.
Deste modo, faz-se necessário criar métodos de análise do projeto sob a
percepção do seu impacto sobre as necessidades de manutenção, além do
estudo de procedimentos organizados segundo uma lógica que proporcione o
controle de custos e a maximização da satisfação dos usuários.
Para o engenheiro é essencial ter completo conhecimento sobre os
aspectos relacionados a uma edificação, pois apesar das patologias se
manifestarem durante toda a vida útil das edificações, elas têm sua origem,
conforme dito anteriormente, na maioria das vezes, em etapas anteriores,
principalmente durante a concepção do projeto e continuam até o processo de
execução da obra.
59208

3
Baseado na norma ISO 6241 (ISO, 1984) as necessidades dos usuários resumem-se em
segurança estrutural, segurança ao fogo, segurança em uso, estanqüeidade, conforto
higrotérmico, pureza do ar, conforto acústico, conforto visual, conforto tátil, conforto
antropodinâmico, higiene, adaptação ao uso, durabilidade e economia. (RESENDE, 2004).

59
Por isso, é fundamental descrever a influência e o papel exercidos
pelos principais agentes envolvidos na fase de produção e manutenção dos
edifícios: os projetistas (projeto arquitetônico, estrutural) e os construtores.

2.5.2 Planejamento e Projeto

O claro estabelecimento dos condicionantes básicos do projeto é de


fundamental importância para se atingir um resultado satisfatório na elaboração
dos mesmos é o que diz FRANCO (1993). Tais condicionantes são
caracterizados por Weidle (1995), por quatro etapas básicas: identificação do
problema (coleta de dados), análise dos dados, formulação de alternativas e
tomada de decisão. Tomando como base este modelo, os critérios de projeto
são identificados a partir dos requisitos a serem preenchidos pelo sistema
construtivo.
Para Bagatelli (2002), em toda e qualquer edificação a abordagem do
projeto é fator crucial para o sucesso como sistema físico capaz de
desempenhar as funções para as quais foi pensado, portanto, é neste contexto
que se podem fazer as grandes intervenções em busca da durabilidade dos
edifícios por meio de requisitos e critérios como premissa de garantir a
qualidade do produto, no caso o edifício.

2.5.3 Desempenho na aplicação de projetos

Para Souza (1983) a contribuição do conceito de desempenho aplicado


à avaliação de edificações colabora na elaboração dos projetos à medida que
permite aos fabricantes adotar processos de produção e materiais apropriados,
advindo um produto final econômico e de qualidade, assim como aos
projetistas especificarem componentes que atendam aos requisitos para um
bom desempenho.
Aspecto relevante com relação ao desempenho é a incontestável
importância do projeto arquitetônico na concepção das habitações para a
obtenção de durabilidade e sustentabilidade dos edifícios.

60
Para Basso & Martucci (2003), o projeto deve atender:
a) aos requisitos, condições e parâmetros dados pelas características
regionais e a capacidade tecnológica instalada, tendo em vista a
existência em nosso país de diversidades climáticas, culturais e
geopolíticas. Não se poderiam estabelecer requisitos, condições,
critérios e parâmetros únicos para todas as regiões, sem que se
incorresse em erros graves nas diretrizes de projeto, portanto, há a
necessidade de serem levantados e analisados previamente, os
elementos de projetos relativos à: história, cultura, clima, topografia,
recursos naturais, potencial tecnológico e industrial, de cada região;
b) aos requisitos funcionais e ambientais, os quais dizem respeito ao
uso e habitabilidade;
c) aos princípios de racionalização do produto, quanto a sua produção,
devem levar em conta os princípios de: modulação, padronização,
precisão, normalização, permutabilidade, mecanização,
repetitividade, divisibilidade, transportabilidade e flexibilidade.
O projeto é o grande responsável pelo sucesso de qualquer
empreendimento e à medida que aumenta a complexidade da edificação,
também aumenta a influência do mesmo sobre o desempenho da obra.
Características como flexibilidade, possibilidades para expansões e adaptações
constantes, implementação de inovações tecnológicas, devem ser requisitos
projetuais capazes de absorver mudanças e adaptações de toda ordem, sem,
contudo, resultar em grandes impactos para o usuário e/ou comprometer o
desempenho da edificação. Ademais, o projeto representa a única forma para
inserção de requisitos e critérios que possam definir o nível de desempenho do
empreendimento de forma adequada aos seus objetivos (BAGATELLI, 2002).
Para Silva (1997), o conceito de desempenho pode ser empregado no
processo de projeto desde as fases iniciais de concepção até a retro
alimentação através das avaliações pós-ocupação.

61
2.5.4 Projeto para Produção

Para Basso & Martucci (2003), o conceito de projeto da produção deve


atender:

− A organização do projeto para a produção de edifícios pode se dar


por diversos meios – recuperação do status do trabalhador,
treinamento de mão-de-obra, agilidade dos canteiros de obra e
aumento de agentes na elaboração dos projetos, inclusive os
operários;
− Aumento da produtividade através de democratização dos
processos produtivos, construtivos, aumentando os participantes no
projeto de produto, projeto da produção, inovações tecnológicas e
organizacionais nos projetos;
− O controle da qualidade associado à perfeita elaboração e
especificação na fase de projeto, na fase de execução do edifício
por meios de: qualidade técnica do projeto, da qualidade dos
projetos arquitetônicos e complementares dos edifícios, garantia de
qualidade dada pelas estruturas produtiva e normativa dos materiais
de construção, componentes, subsistemas e qualidade de
execução.

2.5.5 Processo de Projeto

Para Basso & Martucci (2003), ao iniciar a elaboração dos projetos de


uma edificação habitacional, existe uma infinidade de situações possíveis de
serem propostas em termos de sistemas construtivos, a partir do conhecimento
claro do comportamento do sistema, dos subsistemas e suas respectivas
combinações construtivas. O processo de trabalho entra na discussão entre o
projeto e produção para mostrar que os mesmos não devem, em hipótese
alguma, caminharem dissociados dos processos construtivos. Em função da
divisão social do trabalho há a separação entre o trabalho intelectual, projeto e
do manual, execução, mas deve haver uma simbiose entre sistemas
construtivos (tecnologia) e processos de trabalho (técnica).

62
2.5.6 Racionalização através do Projeto

Barros (1996) salienta que o edifício precisa começar a ser


racionalizado na sua fase de concepção, é neste momento que se consegue
auferir os maiores ganhos com as ações de racionalização, estendendo então,
tais ações à etapa de produção, que à medida que são incorporadas
obtenham-se os ganhos previstos.
Diante disto, ainda para Barros (1996), os revestimentos devem ser
pensados no projeto – deformação global do edifício, concepção estrutural,
módulo de elasticidade do concreto. Lembrando que a redução para massa
única de reboco em substituição às camadas de chapisco, reboco e emboço
objetivando redução de custos, podem acarretar problemas os quais não são
de falta de tecnologia, mas sim de falta de planejamento, onde o projeto deve
prever dilatação em locais adequados para que o revestimento não acumule
tensões ao longo da altura e da largura do edifício, sob pena de aparecimento
de problemas patológicos neste componente.
Para Basso & Martucci (2003), será através da análise entre as
condições, necessidades e parâmetros objetivamente apresentados pelos
produtores e usuários e todos os subsistemas que compõem o sistema
construtivo, que se determinará com qual grau de racionalização se pretende
construir (se na fase de projeto), ou avaliar (se na fase de análise e avaliação)
as unidades habitacionais.
Para Franco (1993), a qualidade do projeto é condição necessária para
a implantação de uma política de racionalização, para isto ocorrer, é essencial
a eficaz coordenação dos projetos que atenda a um conjunto de objetivos
concentrados na comunicação dos agentes envolvidos no processo da obra.
No que diz respeito ao projeto, Silva (1991), aponta a racionalização de
produção através da introdução de computadores de pequeno porte e
softwares, permitindo num curto espaço de tempo manusear um grande
número de dados e variáveis.

63
2.5.7 Compatibilidade de projetos

Para Helene (2001) o método de segurança no projeto de estrutura de


concreto contido na NB1-78 estabelece o estado limite de utilização ou de
serviço, o qual corresponde às condições “adequadas” de funcionamento da
estrutura do ponto de vista de compatibilidade com outras partes da
construção, limitando a deformação da estrutura, possibilitando assentar
paredes e pisos sem que estes fissurem por deformações exageradas da
estrutura e por conseqüência trazendo conforto psicológico.
A estrutura apresentada por Picchi e Agopyan (1993), para a qualidade
em empresas construtoras e incorporadoras de edifícios é um sistema que
envolve toda a cadeia produtiva, insumos e serviços que são empregados
numa edificação. Neste sentido a gestão da qualidade em empresas
intervenientes a este processo envolve a qualificação do projeto, onde são
abordados os seguintes pontos: qualidade de produtos e processos,
coordenação de projetos, análise critica de projetos, qualificação de projetistas,
projetos de produção, planejamento de projetos, controle de qualidade e de
projetos, controle de revisões, controle de modificações durante a execução,
projeto em computador (CAD).
A gestão da qualidade no desenvolvimento de projeto é discutida por
Picchi (1993), por meio da identificação das necessidades dos clientes, da
qualidade na solução do projeto, do processo de elaboração de projeto e
apresentação. Ainda sob esta ótica, Silva (1996), discute uma metodologia de
gestão da qualidade na elaboração de projetos por meio de módulos:
abordagem sistêmica, abordagem voltada às necessidades dos clientes
internos e externos ao processo de produção de edificação, abordagem da
gestão, abordagem do trabalho simultâneo eliminando barreiras da divisão do
trabalho.

64
3 FACHADAS

No capítulo três será apresentado o contexto que envolve o tema


fachadas de edifícios. Serão discutidos assuntos como: planejamento e projeto
e, fundamentalmente, serão analisados os principais problemas encontrados
nas fachadas, compreendendo os agentes de degradação, e em seguida serão
verificadas suas relações com a queda de desempenho dos componentes.

3.1 Planejamento e Projeto de Fachadas

O planejamento da fachada no projeto arquitetônico, tanto das paredes


quanto das aberturas, é fundamental para os resultados de conforto ambiental,
de manutenção da edificação no decorrer dos anos e de salubridade do espaço
interno. Neste sentido, os revestimentos de fachadas devem atender aos
requisitos de desempenho referentes à:
• Capacidade de absorver deformações – movimento térmico,
higroscópico e diferencial entre componentes.
• Aderência à base – capacidade de absorver deformações e
rugosidades da base.
• Resistência ao impacto e desgaste superficial.
• Baixa permeabilidade ou impermeabilidade à água.
• Permeabilidade ao vapor de água.
Dentro deste contexto, a durabilidade, o desempenho e o planejamento
do projeto e sistemas construtivos, revestem-se de grande importância, uma
vez que estão intimamente relacionados com a proteção e a estética das
fachadas, além de aumentar a qualidade e diminuir os custos de produção.
(MACIEL e MELHADO, 1998).
Aspecto relevante é a incontestável importância do projeto
arquitetônico na concepção das habitações para a obtenção de durabilidade e
sustentabilidade dos edifícios através dos arranjos físicos espaciais,
geométricos e pelas múltiplas definições de componentes construtivos, que
devem ser especificados nesta fase do empreendimento, de modo a evitar a
degenerescência dos edifícios (PEREZ, 1986).
Cabe aqui lembrar que Bagatelli (2002), afirma ser o projeto o fator
principal para o sucesso de qualquer empreendimento. Variáveis como
flexibilidade, possibilidades para expansões e adaptações constantes e
implementação de inovações tecnológicas, devem ser condição projetuais
capazes de absorver mudanças e adaptações de toda ordem, sem resultar em
grandes impactos para o usuário e/ou comprometer o desempenho da
edificação. Até porque, o projeto representa a única maneira de inserção de
requisitos e critérios que possam definir o nível de desempenho do
empreendimento de forma adequada aos seus objetivos.
Porém, as soluções arquitetônicas de fachadas vão além das questões
econômicas de produção e de conceitos estéticos, pois devem considerar as
dificuldades de manutenção e os fatores que atuam como agentes de
degradação. Neste caso se fazem relevantes informações relativas a
características topográficas, condições climáticas e ambientais, características
dos materiais e das estruturas, características arquitetônicas, condições de
execução dos serviços e condições de uso.
O projeto de fachada é descrito por Franco (2000), como sendo uma
preocupação crescente das construtoras que demandam cada vez mais por
este serviço especializado, em vista do temor aos altos valores empregados
para sanar as patologias. Sendo que, nos últimos anos o desenvolvimento de
projetos específicos de fachada, com incremento significativo de detalhes
construtivos dos revestimentos e de produção, tem sido importante na redução
de anomalias. E segundo Verçosa (2004) e Maciel e Melhado (1998), as
causas de deterioração das fachadas que são decorrentes de projeto
acontecem por deficiência de detalhamento dos elementos construtivos e
seleção inadequada de materiais ou técnicas construtivas.
O desenvolvimento de projeto é descrito por Romero e Simões (2003),
e Silva e Souza (2003), como sendo desenvolvido nas seguintes etapas:
estudo preliminar, projeto legal, anteprojeto, projeto pré-executivo, projeto
executivo ou definitivo e especificações técnicas. Sendo que o projeto
executivo representa graficamente a solução construtiva por meio de plantas,
cortes, elevações, detalhes, especificações técnicas, memoriais e orçamentos,
visando à pormenorização da obra a ser executada, estabelecendo claramente
os elementos e componentes do sistema estrutural, sistemas de vedações,

66
pontos de distribuição das redes hidro-sanitárias, eletromecânica, telefonia, ar
condicionado, elevadores, entre outros.
Para Ceotto et al. (2005), o projeto de revestimento de argamassa de
fachadas tem por finalidade determinar materiais, geometria, juntas, reforços,
pré-fabricados, acabamentos e procedimentos de execução. Para que isso
aconteça alguns fatores são importantes: qualidade dos dados disponíveis
relativos às condições climáticas, o projeto arquitetônico, a estrutura, as
instalações, as vedações, os processos construtivos e os prazos.
Os projetos de revestimentos em argamassa devem considerar a
compatibilidade dos substratos, as condições de utilização e os acabamentos
decorativos que se pretendem alcançar, para tanto devem atender a um
conjunto de propriedades: aderência, deformidade, permeabilidade, resistência
mecânica e durabilidade.

3.1.1 Importância do Projeto de Fachada

Thomaz (2001) argumenta a necessidade de o projetista conhecer


profundamente os agentes de degradação e as patologias mais freqüentes do
objeto de projeto, de modo a evitá-las através da elaboração de detalhes
construtivos e de minuciosas especificações.
Maciel (1997) lembra que nos sistemas de revestimentos convencionais
como cerâmicos revestimentos argamassados, pinturas e pedras assentadas, o
projeto estabelece as compatibilidades construtivas na fachada, nas zonas
críticas possíveis de estrangulamento causadas por tensões excessivas, nos
locais de enrijecimentos ou reforços de base, dimensionamento e
posicionamento de juntas de movimentação, nos traços e nas formas de
assentamento.
As especificações contidas no memorial descritivo também são de
fundamental importância, pois devem apontar os produtos que serão aplicados
nas fachadas, bem como os procedimentos executivos, que para a garantia da
sua execução, devem ter o acompanhamento do projetista.
SILVA et al (2003), apontam alguns fatores que podem levar as
edificações e em especial as fachadas a terem patologias congênitas, entre
elas estão: a desobediência às normas técnicas e em especial às normas de

67
projeto de edificações – NBR 13531/95 e 13532/95 -, vale lembrar também o
grande número de agentes intervenientes e de produtos com padrões de
qualidade diferenciados, os quais irão afetar a qualidade final.
Para Crescêncio (2005), existem também alguns fatores que influenciam
nas características do revestimento final, são elas: características da
argamassa, espessura do revestimento, tratamento do substrato, detalhes
construtivos para dissipação de tensões e descolamento da lâmina d’água de
fachadas. Assim, deve-se buscar, através da elaboração de um projeto
específico para o revestimento de fachada, compatibilizar todas as variáveis
que interferem no comportamento do revestimento, buscando sempre
minimizar a ocorrência de problemas futuros.
Maciel (1997), afirma que nos revestimentos de fachadas, as decisões
são tomadas, normalmente, pouco antes da sua execução, muitas vezes no
próprio canteiro de obras, e as especificações de produção são apenas
aquelas contidas nos projetos arquitetônicos que determinam os acabamentos
decorativos e os locais de aplicação de cor, não havendo especificações, por
exemplo, dos tipos de argamassa.
Para Maciel e Melhado (1998), o projeto de revestimento de argamassa
em fachada, deve levar em consideração a importância do mesmo como sendo
elemento integrante de um sistema e não como forma de esconder os defeitos
de paredes e estruturas. E lembram que ainda é dada pouca importância ao
planejamento, o que leva, muitas vezes, à tomada de decisões empíricas nas
obras, tendo como conseqüências um elevado número de patologias.
O projeto de revestimento de argamassa para fachadas é descrito por
Maciel & Melhado (1998), como elemento necessário a ser desenvolvido para
se obter o desempenho esperado dos revestimentos, além de colaborar na
redução de desperdícios e de custos de produção. Esta visão de projeto deve
ser parte integrante dos subsistemas, e é no contexto do processo de projeto
que deve ser gerenciada a sua elaboração. Para os autores também, o
desenvolvimento de uma metodologia de projeto de revestimento de fachada,
conforme figura 5, deve ser descrito em manual de procedimentos de
construção e deve contemplar, na fase de anteprojeto, as seguintes
informações:
• As especificações preliminares;

68
• As informações relativas aos materiais;
• As interfaces do revestimento com a base e com outros materiais
e com outros revestimentos;
• As espessuras e acabamento das camadas do revestimento;
• Os detalhes arquitetônicos e construtivos;
• As informações de outros anteprojetos que tenham interferência
na produção, além das informações relativas à organização do
canteiro de obras.

69
FIGURA 5 – Metodologia para projetos de revestimento de argamassa para fachadas.
(Maciel, 1997)

A metodologia descrita anteriormente mostra que ao finalizar o


anteprojeto de revestimento, devem-se detalhar todas as soluções propostas,
resultando no projeto executivo do revestimento.

70
3.1.2 Subsistema de alvenarias de vedação das fachadas.

Alvenaria, definida pelo dicionário da língua portuguesa, “é a arte ou


ofício de pedreiro, ou ainda, obra composta de pedras naturais ou artificiais,
ligadas ou não por argamassa”.
As alvenarias de vedação são utilizadas no Brasil na sua grande
maioria com blocos de cerâmica de barro comum, moldados com arestas vivas
retilíneas obtidas após queima das peças em fornos com temperatura de 700°C
a 1000°C, com peças predominantes de 6 e 8 furos cilíndricos e ou prismáticos
com objetivo de leveza, economia e produtividade na sua execução.
A conceituação das vedações verticais descrita por Franco (1998), é de
que este subsistema tem funções de compartimentar a edificação e
proporcionar aos ambientes características que permitam o adequado
desenvolvimento das atividades para as quais foram projetados, além de ser o
principal responsável pelo desempenho dos revestimentos e das esquadrias
existente sobre estas paredes, como também, pelo desempenho do edifício,
pois é pelo conforto higro-térmico e acústico, pela segurança de utilização e
frente a ações excepcionais em caso de incêndios, e do desempenho estético
que proporciona valorização ao imóvel.
Pela importância dada nos últimos anos as vedações verticais, têm-se
implantados tecnologias de racionalização deste subsistema, principalmente
para o processo de produção do edifício.
Para Barros (2002), a racionalização do subsistema vedação vertical dos
edifícios pode trazer diversas vantagens para as empresas construtoras não só
pela diminuição direta dos custos incidentes neste subsistema e o aumento da
produtividade, mas também, pela profunda alteração que pode introduzir no
nível organizacional das obras, uma vez que se constitui num subsistema
intimamente ligado a praticamente todos os demais subsistemas do edifício.
Para Franco (1998) e Sabbatini (1998), as evoluções nas características
das estruturas e das alvenarias promoveram menores densidades – cargas -
por área de superfície, estruturas mais esbeltas com menor grau de rigidez, e
mais deformáveis, que podem ser atualmente 4 vezes mais que as estruturas

71
projetadas nos anos 60, logo, estas alterações impõem às alvenarias maiores
deformações e tensões, além de menores prazos de execução, o que leva a
alvenaria deformar junto com a estrutura, uma vez que a estrutura ainda se
encontra em processo de deformação lenta, isto resulta num elevado número
de problemas patológicos, como fissuras e descolamentos, esmagamentos e
colapso das alvenarias.
Franco (2000), alerta que as alvenarias representam 2% a 5% da obra e
influenciam de 35% a 60% do custo da edificação por englobam elementos de
alto custo - esquadrias e revestimentos - e são consideradas o maior foco de
racionalização construtiva. Para tanto, devem também ter elementos que
facilitem o mais breve possível a eliminação da lâmina de água da fachada,
podendo ser: beirais, pingadeiras, peitoris, reentrâncias, etc.
Para Peña e Franco (2004), devido às interfaces com os demais
subsistemas do edifício, a vedação vertical é de grande importância na
racionalização da obra como um todo. O projeto de vedação deve ser
elaborado de forma sistêmica, simultaneamente aos demais projetos
(arquitetura, estrutura, instalações, etc.), permitindo assim uma coordenação
das informações e das soluções técnicas a serem adotadas.
Ainda para o mesmo autor o desenvolvimento de um método de projeto
para produção de vedações verticais em alvenaria deve contemplar as etapas
de: estudo preliminar, anteprojeto, projeto executivo, detalhamento e
implantação de acompanhamento.
Quando a alvenaria é empregada na construção para resistir cargas, ela
é chamada alvenaria resistente ou portante, neste caso, absorve cargas das
lajes e sobrecarga, sendo necessário para o seu dimensionamento à utilização
da NBR 10837 e NBR 8798, observando que sua espessura nunca deverá ser
inferior a 14,0 cm (espessura do bloco) e resistência à compressão mínima fck
4,5 Mpa.
Quando a alvenaria não é dimensionada para resistir cargas verticais
além de seu peso próprio é denominada alvenaria de vedação, e adquire a
função de separar ambientes, fechar áreas sob estruturas, sendo necessários
cuidados básicos para o seu dimensionamento e estabilidade. Entretanto, ela
pode sofrer ações da deformação elástica da estrutura de concreto armado,
recalque das fundações e movimentações térmicas. Nesse sentido, Franco

72
(1998) argumenta que ela deve possuir características técnicas para atender
algumas exigências:
• Desempenho estrutural: resistência mecânica e à pressão do vento;
• Estanqueidade: resistência às infiltrações de água pluvial; resistência à
umidade e aos movimentos térmicos; controle da migração de vapor de
água e regulagem da condensação;
• Isolamento térmico e acústico;
• Resistência ao fogo;
• Durabilidade;
• Manutenção: facilidade de limpeza e higienização para atender aos
níveis estéticos pré – concebidos no projeto arquitetônico.

3.1.2.1 Dimensionamento das alvenarias de vedação.

Os avanços tecnológicos e os conhecimentos na área de cálculo


estrutural têm permitido aumentar os espaçamentos entre pilares com peças
mais esbeltas, as alvenarias também devem ser projetadas para esta nova
realidade.
O dimensionamento da alvenaria para a vedação da estrutura deve ser
projetado de modo a atender as principais interferências descritas a seguir por
Sabattini 1998:
• Deformações imediatas devido à deformação da estrutura;
• Deformações em função da carga permanente;
• Deformação futura (aproximadamente 1000 dias, para estruturas de
concreto);
• Variação da umidade e temperatura sobre a estrutura;
• Módulo de elasticidade real;
• Análise global das deformações (os valores previstos para flecha das
estruturas geralmente interferem nas alvenarias).
Para a definição do tipo ou tipos de tijolos de vedações externas a
escolher, devem ser considerados fatores como: a natureza do material, seu
peso próprio, dimensões e forma, disposição dos furos, textura, propriedades

73
físicas – porosidade, capilaridade, propriedades térmicas e acústicas -,
propriedades mecânicas – resistência, módulo de elasticidade, coeficiente de
Poisson, e tenacidade. A partir disto, há disponibilidade no mercado nacional
de blocos de: pedras naturais, blocos e tijolos cerâmicos, blocos de concreto,
bloco sílico-calcário, blocos de concreto celular, tijolos de vidro, tijolos de solo-
cimento.

Classificação quanto ao tipo de bloco:

Os principais tipos de blocos utilizados estão listados a seguir:


• Bloco cerâmico vazado (tijolo furado);
• Bloco de concreto;
• Bloco de gesso;
• Tijolo cerâmico maciço (tijolo de barro);
• Bloco de concreto celular autoclavado;
• Tijolo de solo-cimento.

3.1.2.2 Detalhes Construtivos das Alvenarias

Autores como Franco (1997, 1998, 2000), Sabbatini (1998), Thomaz


(1985), demonstram em seus estudos que as soluções gráficas de
compatibilidade construtiva entre os diversos materiais que compõem o
conjunto de vedações verticais, se dão em função da necessidade construtiva e
em especial para evitar as manifestações patológicas, como fissuras e trincas.

a) Fixação dos dispositivos de amarração de alvenaria aos pilares

Para detalhar as ligações das alvenarias às peças de concreto armado,


depende-se das deformidades previstas no projeto estrutural e do grau de
vinculação entre parede e estrutura. Quanto à alvenaria, deve trabalhar
rigidamente travada e deve-se também aumentar a ligação das paredes. A
estrutura pode ser feita através de chapisco tradicional; chapisco rolado com
argamassa industrial e telas metálicas.

74
A fixação em fios de aço é realizada para permitir a perfeita coesão do
componente vedação à estrutura de concreto armado pelos seguintes
procedimentos:
• Por meio de “Ferros cabelos – aço CA-50 diâmetro 5 mm chumbado no
pilar a cada duas fiadas, conforme figura 6.

FIGURA 6 – Procedimento da ancoragem da alvenaria no pilar.


(Medeiros e Franco, 1999).

• O emprego de telas metálicas eletrosoldadas para melhorar a


ancoragem das paredes aos pilares foi descrita em estudo experimental
de Medeiros e Franco (1999), como sendo uma excelente solução com
ganhos sensíveis de resistência quando a junta horizontal de argamassa
era preenchida e a tela era centralizada, conforme demonstra a figura 7.

i. A complementação da ancoragem da tela se dá por


cantoneiras destinadas à fixação de telas no pilar,
que se apresenta com melhores resultados que
simplesmente a fixação direta da arruela, por cobrir
mais fios.
ii. O correto preenchimento da junta vertical entre pilar
e parede é fundamental para o desempenho da
ligação, uma vez que a aderência tem capacidade
de resistir às fissuras de interface.
iii. A tela soldada aparafusada ao pilar, a cada 2 fiadas
deve ter fios com diâmetros até 2,1 mm uma vez

75
que as alvenarias de vedação necessitam ter
deformação elástica.

FIGURA 7 – Tela de ancoragem das alvenarias ao pilar.


(Medeiros e Franco, 1999)

b) Vergas e contra vergas

Para Franco (2004), as alvenarias devem ser projetadas em função do


tipo de revestimento que irão receber; convencionais como: cerâmicas,
revestimentos argamassados, pinturas e pedras assentadas; e sistemas
afastados como as placas de rochas com insertes metálicos, que requerem
cuidados técnicos a fim de minimizar as ações de manutenção.
Para THOMAZ (1985 e 1989), as alvenarias devem ser projetadas de
modo a neutralizar as zonas de concentração de tensão geradas
principalmente entorno dos vãos das esquadrias, tais esforços são
demonstrados na figura 8, os quais causam cisalhamento que serão
responsáveis por diversas fissuras, em especial as configuradas com a forma
de linha a 45º a partir dos cantos dos vãos. Sendo assim, a presença de
vãos nas alvenarias exige a construção de pequenas vigas de concreto, que
podem ser moldadas in loco, ou pré-moldadas dentro ou fora do canteiro de
obras, denominadas de verga quando posicionada na parte superior do vão e
contravergas quando posicionada na parte inferior do vão, que devem ser

76
dimensionadas conforme a tabela 3, de modo a distribuir os esforços
concentrados e neutralizas as manifestações patológicas.

FIGURA 8 – Fatores de majoração das tensões ao longo da janela presente na parede.


(Thomaz, 1989).

A execução de verga nas alvenarias também deve contemplar os vãos


de portas que sofrem os mesmos esforços de portas dos vãos de janelas,
assim, as variáveis consideradas são; o comprimento da parede, e a largura da
vão à parede, para casos em que o vão da esquadria tiver o mesmo tamanho
da parede a contraverga deve se estender de pilar a pilar.

TABELA 3 – Dimensionamento de vergas e contravergas.


(CEHOP, 2004)
Medidas Todas
em cm as Vergas sob alvenaria Vergas sob laje Contra - vergas (**)
vergas

Largura
90 L 180 180 L 30
dos vão L 90 90 L 120 L>120 60 L 150 150 L 300
0
s (L)

Compri
mento
da QQ QQ C<800 C<600 QQ C 600 600 C<1000 C<600 600 C<800
parede
(C) (***)
Altura
peça 5 10 12(*) 10(*) 12(*) 5
mínima

(*) Necessita de cálculo específico.

77
(**) Dimensões de apoio válidas para paredes sobre vigas. Vãos menores
que 60 cm não necessitam de contraverga.
(***) Distância entre os apoios da viga que suportam a parede.

O posicionamento da execução das vergas e contra vergas com a


interface dos tijolos é observada na figura 9, onde há também a necessidade
destas peças serem dimensionadas em função da altura do tijolo, uma vez
devem formar um conjunto de alvenaria coeso e sem falhas.

FIGURA 9 - Posição da verga, contra verga e linha de fissura da alvenaria abaixo da


janela.
(Franco 2004).

No caso de janelas sucessivas, executa-se uma só verga com secção


que pode ser no mínimo 30 cm ou 1/5 do vão ou calculadas conforme
demonstra a figura 9.

c) Execução do respaldo ou encunhamento – ligação da alvenaria à


estrutura.

78
O respaldo é a região de encontro entre o topo da alvenaria e a estrutura
do pavimento superior e deve se esperar o maior tempo possível para executar
esta atividade, em face da ocorrência de acomodação e deformação lenta na
estrutura em função das cargas exercidas pelas alvenarias. Em execuções
prematuras destas ligações podem ser responsáveis pelas fissuras devido à
retração da argamassa de assentamento da alvenaria e transmissão de
esforços da estrutura à alvenaria.
• A ligação rígida – a alvenaria participa da estrutura, cunhas de
concreto e argamassa com expansor e encunhamento com tijolos
maciços que segundo Thomaz (1985) este material possui
pequeno módulo de deformação e sua execução e necessita de
espaço com 15 cm livre conforme mostra a figura 10, enquanto
que para o preenchimento com argamassa expansiva é
necessário 2 a 3 cm entre a alvenaria e a estrutura.

FIGURA 10 – Posição do encunhamento.


(Ripper, 1984).

o Não rígida – nas alvenarias ligadas à estrutura há pequenos


esforços como em pórticos de grandes vãos, lajes cogumelo,
estruturas em balanço. As juntas entre os componentes
estruturais e da alvenaria devem ser executadas com material
deformável com espaço de 1,5 a 2,5 cm entre a alvenaria e a viga
sendo preenchido com argamassa por instrumento de bisnaga,
sendo que a argamassa deve ser rica em cal; traço 1;3;12.

79
o Flexível. – alvenaria desvinculada da estrutura. Para Thomaz
(1985) deve haver junta de dessolidarização entre a parede e a
estrutura com o uso de material deformável como elastomérico –
espuma de poliuretano e mástiques – com cuidados especiais
nas fachadas para não haver penetração de umidade.

d) Juntas de controle

• Não preenchidas na vertical

A ausência de preenchimento das juntas verticais dos blocos cerâmicos


das alvenarias tem como objetivo básico absorver as deformações oriundas da
estrutura, e também da própria alvenaria pela retração e expansão térmica,
deformação lenta, através de inúmeros pequenos pontos de deformações que
são estas juntas, que podem ser consideradas juntas de trabalho.
As juntas devem ainda ser utilizadas quando os panos de alvenarias são
muito extensos, as paredes são rigidamente fixadas à estrutura ou ainda,
quando há juntas de dilatação na estrutura, de modo a evitar o surgimento de
fissuras e trincas nos revestimentos.
Para panos contínuos de alvenaria de blocos cerâmicos há limites sem
encunhamento rígido conforme mostra a tabela 4.

TABELA 4. Pano contínuo de alvenaria de blocos cerâmicos.


Espessura das paredes Paredes com aberturas
Paredes cegas (m)
em (cm) (m)
10 10 7,50
15 14,00 10,50

Quanto a falhas de encunhamento e ou respaldo encontradas nas


alvenarias da fachada sul, as informações disponíveis dos procedimentos
construtivos são de que a execução das alvenarias e dos encunhamentos
foram concomitantemente, isto dá indícios da origem do fenômeno patológico,
pois Uemoto (2006) argumenta que infiltrações de umidade externa quando

80
presenciadas na parte interna são contidas pela pintura e no processo de
transpiração e evaporação desta umidade vão gerar bolhas e estufamentos.
Para melhor compreensão as referências bibliográficas tratam de três
possíveis métodos de encunhamento:
• A alvenaria funciona como travamento da estrutura: é necessária uma
ligação efetiva e rígida entre a alvenaria e a estrutura por meio de
encunhamento de tijolos maciços a 45º ou argamassa expansiva.
• A alvenaria não funciona como travamento da estrutura, mas a estrutura
que a envolve é deformável, neste caso, o preenchimento entre
alvenaria e estrutura deve ser com material deformável e ou tijolos
maciços com argamassa fraca.
• A alvenaria não funciona como travamento da estrutura e a estrutura
que a envolve é pouco deformável, para isto, recomenda-se o
preenchimento com a própria argamassa de assentamento.

3.1.3 Detalhamento construtivo dos revestimentos de


fachadas.

Maciel e Melhado (1999), afirmam que os detalhes devem ser feitos de


forma criteriosa de modo a não serem pontos frágeis nas fachadas e
cumprirem cada um sua função de elevar o desempenho das argamassas de
revestimento. Para tanto Romero e Simões (1995), argumentam haver
necessidade de detalhamentos em: testeira, platibanda, coberturas planas,
lajes impermeabilizadas, telhados de coberturas inclinadas, cimalhas no topo
de paredes, saliências no corpo das fachadas conforme estudos de Perez
(1990), chegam a reduzir em 50% o volume de água sobre as fachadas, assim
como a presença de pingadeiras no prolongamento do caixilho das janelas com
cuidados especiais de ultrapassar o vão da abertura de no mínimo 2 cm nos
dois lados .
Os detalhamentos construtivos são responsáveis pela harmonização dos
materiais para o processo de executivo facilitando a construtibilidade e
compatibilidade dos elementos que formam as fachadas, não permitindo as
omissões construtivas dos acabamentos como pingadeira, calha em beirais,

81
rufos e algeroz que são responsáveis para aumentar a durabilidade dos
componentes (ROMERO & SIMÕES, 1995).
Estatísticas internacionais apontam que mais de 50% das patologias
construtivas são oriundas da falta de detalhamento adequado, mas que alguns
detalhes de proteção de fachadas são responsáveis pela sensível redução
destas estatísticas (ROMERO E SIMÕES, 1995).
Maciel e Melhado (1999) salientam que antes do projeto executivo de
detalhamento deve ser feita análise crítica das interferências e devem-se lançar
especificações preliminares no anteprojeto do revestimento de modo a
compatibilizar a produção tendo as seguintes preocupações:
• Verificar se as especificações preliminares do revestimento com relação
às suas características geométricas, aos detalhes e ao tipo de
acabamento previsto estão completas e coerentes com as
especificações das demais partes do edifício;
• Compatibilizar o alinhamento de pilares, vigas e alvenarias, de forma
que sejam evitados recortes desnecessários;
• Compatibilizar as espessuras e o posicionamento das esquadrias das
janelas com as espessuras das alvenarias, de forma a minimizar ou
eliminar a necessidade de requadros nos revestimentos, bem como
permitir o adequado arremate entre o revestimento e a esquadria;
• Verificar a possibilidade do emprego de contramarcos pré-fabricados,
assentados juntamente com a alvenaria, que dispensem a necessidade
de requadros dos vãos das janelas;
• Verificar, como alternativa, a possibilidade do emprego de peitoris pré-
moldados, que dispensam a necessidade do requadro inferior dos vãos
das janelas;
• Procurar eliminar a possibilidade de existirem prumadas verticais de
água ou esgoto fixadas externamente nas fachadas.
Ainda para os mesmos autores além do projeto executivo devem
contemplar as informações do anteprojeto as condições de controle de
produção adotados pela empresa executora e as condições de operação no
canteiro de obras. Para o revestimento de argamassa devem ser definidos a
espessura das camadas, o acabamento superficial, além de definir os detalhes
arquitetônicos e construtivos.

82
Para Ceotto et al. (2005), o detalhamento deve propor soluções para os
principais pontos das fachadas:
a) projeção das fachadas sobre a estrutura de concreto;
b) elevação das fachadas, posicionamento dos frisos e juntas de
movimentação e dimensões dos frisos, e ou juntas de movimentações;
c) dimensões dos frisos, e moldes para executá-los;
d) posicionamento e identificação das molduras e outros elementos
decorativos, definidos no projeto arquitetônico;
e) fixação dos elementos decorativos – pré-moldados- que deverá
ser compatibilizada e aprovada pelo projetista, fazendo parte do projeto;
f) Indicação das regiões que deverão receber reforço com tela ou
outro material, plantas e elevações;
g) posicionamento dos balancins fachadeiros e demais
equipamentos de transporte e mistura.

3.1.3.1 Detalhamento de revestimento em argamassa

Maciel (1997) aponta em seus estudos que o projeto de revestimento


de argamassa de fachada é fator de preocupação das empresas construtoras e
com isto a contratação de consultores se mostrou eficaz, inclusive levando a
racionalização da atividade por meio de:
• Definição dos materiais e do traço para a produção da argamassa.
• Definição do ciclo de produção da argamassa.
• Definição dos recipientes adequados para a dosagem.
• Incorporação de importantes etapas de execução do revestimento não
realizadas comumente, tais como o mapeamento e taliscamento de
fachadas.

Por isto, a seguir são discriminados alguns procedimentos para o plano de


revestimento.

83
o O mapeamento de fachada na primeira descida dos balacins, faz-
se por meio da transferência dos eixos principais de locação do
prédio para a laje de cobertura e locação dos arames de fachada
que devem estar posicionados conforme as figura 11a e 11b.
Além disto, se deve medir a distância entre a fachada e os
arames à meia altura de cada pavimento para a definição máxima
do revestimento que deve ficar em 25 mm para argamassa de
cimento, cal e areia.

FIGURA 11a – posicionamento dos prumos FIGURA 11b – fixação dos fios de
em fachada – arames de fachada. prumo.
(Maciel 1997) (Maciel, 1997).

o O taliscamento deve ser executado com peças de azulejo com a


mesma argamassa de assentamento com espaçamento entre si
de 1,5m a 1,8m em ambas as direções, em função da régua de
alumínio e da altura do trecho sobre o balancim, quando há vãos
de aberturas e ou quinas devem ser fixadas de 10 cm a 15 cm de
distância destes.

84
FIGURA 12 – Taliscamento da fachada.
(Baía e Sabbatini, 2000)

TABELA 5 - Espessuras mínimas nos pontos críticos do revestimento de argamassa de


fachada.

Tipo de base Espessura mínima (mm)

Estrutura de concreto em pontos 10


localizados
Alvenaria em pontos localizados 15
Vigas e pilares em regiões extensas 15
Alvenarias em regiões extensas 20

o Os arames de diedro devem ser posicionados nos eixos das


quinas, assim como no alinhamento das janelas e saliências da
fachada conforme demonstrado na figura 13.

85
FIGURA 13 – Posição dos fios de prumo na fachada
(Maciel, 1997)

Para a aplicação de argamassa em emboço ou massa única devem ser


executadas mestras de referência com 15 cm de largura com no máximo 3 cm
de espessura e repetir o procedimento quando a espessura ultrapassar os 3
cm, aplicando o sarrafeamento de baixo para cima.

Reforço do revestimento com tela metálica.

A execução da tela metálica galvanizada na interface do concreto


armado e alvenaria, onde há deformações intensas da estrutura, as quais
ocorrem no pilotis e último pavimento, evitam o afloramento de fissuras no
revestimento. Há dois tipos de reforço descritos por Maciel e Melhado (1999),
as telas devem ser fixadas na alvenaria ou no concreto, por meio de fixadores
– grampos, chumbadores e pinos - no entanto em nenhum dos dois casos a
tela fica imersa na argamassa.

- O reforço tipo argamassa armada deve ser empregado para


revestimentos com espessuras maiores ou iguais a 30 mm.
- O reforço tipo ponte de transmissão para espessura em torno de 20
mm.

86
FIGURA 14 – Reforço de revestimento com tela metálica
(Maciel e Melhado, 1999)

87
3.1.3.2 Detalhamento de revestimento em cerâmica

A seguir serão apresentados alguns detalhes importantes para o


revestimento em cerâmicas.
O revestimento cerâmico de fachada (RCF) de edifícios é descrito por
Medeiros e Sabbatini (1999), como o conjunto monolítico de camadas
(inclusive o emboço de substrato) aderidas à base que suporta a fachada do
edifício (alvenaria ou estrutura), cuja capa exterior é constituída de placas
cerâmicas, assentadas e rejuntadas com argamassa ou material adesivo.
Os autores lembram também que o processo de detalhamento de
cerâmicas de fachadas não é levado a sério por empresas construtoras e
projetistas que especificam em projeto o termo, “revestimento cerâmico cor tal”,
deixando as especificações técnicas para segundo plano. A prática ainda
mostra que as preocupações são sempre no revestimento final e que as bases
são também relegadas à segundo plano, mas se não construídas corretamente
podem comprometer todo o conjunto do revestimento.

FIGURA 15 - Fatores e agentes que influenciam na qualidade dos Revestimentos em


Cerâmica.
(WALTERS, 1992, citado por Medeiros e Sabbatini, 1999).

88
Para Sabbatini e Barros (2003), o projetista de revestimento vertical de
fachadas deve prever que o revestimento permanecerá por toda a vida útil do
edifício e a elaboração do projeto deve contemplar:
• Criação de elementos arquitetônicos ou construtivos.
• Definição dos arremates no topo do edifício.
• Definição da execução dos pontos críticos.
• Definição dos painéis de revestimentos.
• Definição das características das juntas entre componentes.
Como relação às características físicas e geométricas do acabamento
deve prever: paginação modular dos componentes, dimensões dos
componentes, espessuras das juntas, geometria dos painéis, posicionamento
das juntas, cores e brilhos, faixas, etc.
Como relação às características dos materiais e componentes deve
prever: tipos das peças, argamassa de fixação e dos materiais das juntas,
especificações dos componentes decorativos, peitoris, soleiras, goivetes,
cantoneiras, etc.

3.1.3.3 Rufos
A presença de rufos também conhecida por cimalhas para alguns
autores são construídos por materiais impermeáveis peças de rochas ou
metálicas com a função de proteger as partes planas da parede, muros e lajes
contra a infiltração das águas provenientes da atmosfera e do uso pela ação de
limpeza das fachadas, devem ter projeções tanto para o interior quanto para o
exterior de modo a reduzir a área da fachada a ser atingida pela lâmina de
água.
Para Oliveira e Sabbatini (2004), os rufos devem ser projetados para
evitar que a água, proveniente do painel do último andar ou das lajes planas de
cobertura escorram pela superfície da fachada ou se infiltrem pelo painel. Uma
outra questão a ressaltar em relação aos rufos é a seleção de seu material,
pois esse deve ser resistente à corrosão atmosférica e não manchar a
superfície do painel.

89
FIGURA 16 – Cimalhas
(Thomaz 1990, citado por Romero e Simões, 1995).

3.1.3.4 Peitoril ou pingadeira

O peitoril é um detalhe que minimiza a ação da água na fachada, pois


interrompe o fluxo de lâmina d’água, e deve ser devidamente projetado. O PCI
(1989) recomenda que o peitoril ressalte do plano da fachada (superfície
externa do painel), pelo menos 40 mm, e apresente um canal na face inferior
para o deslocamento da água, denominado de pingadeira.
Baía et al. (1998), recomendam para peitoris em fachadas de alvenaria
um caimento mínimo de 7%.
Esses autores ressaltam ainda, que os peitoris devem ser de baixa
rugosidade e permeabilidade, para evitar acúmulos de sujeiras.
Para Oliveira e Sabbatini (2003), as pingadeiras, por sua vez, são
detalhes construtivos que tem a função de “quebrar” a linha d’água, evitando
que a mesma escorra pelas fachadas e lembra que podem fazer parte do
peitoril.
Se não houver nenhum tipo de pingadeira ou coletor de água, as águas
provenientes das chuvas podem escorrer pela superfície dos painéis,
percorrendo toda a altura do edifício, depositando sujeira e manchando a
superfície na direção em que a água escorre. Destaca-se que o

90
posicionamento e geometria das pingadeiras e peitoris devem ser analisados
em função do posicionamento das esquadrias.

a) Nas janelas

FIGURA 17 – Pingadeira com proteção do fluxo de água da chuva por pingadeira nos dois
lados da platibanda.
(Thomaz, 1989).

b) No corpo das paredes

FIGURA 18 - Detalhes e saliências nas superfícies das fachadas


(Perez, 1985).

91
3.1.3.5 Juntas de Trabalho

Para Maciel e Melhado (1999), há ainda a necessidade de juntas de


trabalho e reforço do revestimento com tela metálica.
A principal função deste procedimento é induzir a fissuração do
revestimento de modo a não permitir a penetração de água na parede, para
isto o projeto do revestimento de fachada deve estabelecer o posicionamento -
geralmente estão posicionadas a cada pavimento – dimensões, conforme
figura 13 e material de preenchimento. Esta junta deve ser executada logo
após o desempeno com profundidade igual à metade da espessura do emboço,
sendo que para isto devem ser utilizadas ferramentas adequadas para
nivelamento e corte.
Para Cavani (2004), os frisos devem coincidir com juntas de dilatação, e
por vezes, há a necessidade de rigidez da estrutura para evitar a fissuração,
assim como a adequação das interfaces das alvenarias com a estrutura e
caixilho que são pontos vulneráveis em fachadas e poderiam ter sido
solucionados ainda na concepção arquitetônica ou estrutural.
A inserção de juntas de trabalho nos revestimentos externos a cada
pavimento após o desempenho e em profundidade igual à metade da
espessura do emboço é um procedimento para impedir a continuidade da
lâmina da água nas fachadas. Perez (1985) adverte que nestas juntas a
penetração da água pode ocorrer por meio de ação capilar, ação das forças de
gravidade, energia cinética das gotas da chuva e ação do vento.
Para Cavani (2004), muitas das vulnerabilidades detectadas em
fachadas poderiam ter sido solucionadas ainda na concepção arquitetônica ou
estrutural. O problema mais comum diz respeito aos frisos, que precisam
coincidir com as juntas de dilatação, além de prever e enrijecer setores da
estrutura onde podem ser mais solicitadas para evitar fissuras, com também,
prever a perfeita compatibilidade das interfaces entre as alvenarias, caixilharia
e impermeabilização.

92
FIGURA 19 – Detalhe construtivo da junta de trabalho.
(Maciel e Melhado, 1999).

3.1.3.6 Juntas de Dilatação

A junta de dilatação entre as partes existente e nova do edifício está


exposta a infiltrações ao fluxo de águas da chuva devido à inexistência de
tratamento impermeável por silicone ou mastique asfáltica. Para a NBR 6118
(2003), a junta de movimento ou de dilatação em superfícies sujeita à ação de
água, deve ser convenientemente selada, de forma a torná-la estanque à
passagem (percolação) de água. Para Duarte (1998), existem os princípios
modernos do uso de juntas para os diferentes tipos de alvenarias e os critérios
práticos e teóricos de dimensionamento. E recomenda a existência de juntas
de expansão nas alvenarias em locais onde há mudanças significativas de
altura ou espessura das paredes; como também tratamento de material elástico
e deformável que impeça a permeabilidade da umidade.

3.1.3.7 Impermeabilização

Para a NBR 8083 (2003), impermeabilizar é proteger os elementos


construídos da passagem de fluídos os quais têm procedência proveniente do
solo, da atmosfera ou da própria edificação que devem ser adequadamente
impermeabilizadas. O primeiro passo é compreender como as fachadas são

93
atingidas pela umidade e quais são os pontos mais vulneráveis, os quais
podem ser considerados; terraços, floreiras de fachada, esquadrias e peitoris,
soleiras, e interfaces das paredes com o chão. A falta de projeto de
impermeabilização e de especificações executivas são os grandes fatores
responsáveis pelas patologias provenientes de umidade nas edificações, tais
projetos requerem a partir do projeto arquitetônico, Cunha e Neumann (1979)
decisões que permitam o desenvolvimento de um conjunto de detalhes
construtivos, como exemplo observado na Figura 20. A NBR 9575 (2003)
especifica ainda a obrigatoriedade de projeto de impermeabilização para
edificações multifamiliares, além de haver a necessidade de compatibilização
com os demais projetos para evitar futuras patologias.
A presença de umidade em impermeabilização é descrita por Farina e
Granatto (1991) como sendo uma das principais causas de manifestações
patológicas.

FIGURA 20 - Impermeabilização
(Picchi, 1984).

94
3.2 Patologias em Fachadas

Os problemas patológicos nos revestimentos verticais de edifícios são


resultados de uma série de fatores que podem agir isoladamente ou
combinados, uma vez que há constantemente diversos agentes de
degradação, diferentes técnicas de execução e materiais. Com relação às
técnicas de execução e materiais, há a necessidade de se considerar a
inserção constante de novas técnicas e materiais que podem colaborar no
surgimento de patologias quando não resolvidos ou avaliados adequadamente
antes da aplicação.
Em estudos realizados por Padaratz et al. (1991), através de inspeção
visual e sentidos humanos, podem ser identificadas fachadas que têm
patologias assim distribuídas: fissuras causadas por fatores como a dilatação
térmica, radiação, bolor proveniente de umidade, corrosão das armaduras do
concreto armado e problemas de pintura.
Para Romero e Simões (1995) e Romero e Vianna (2003), as
patologias encontradas têm como origem os pormenores técnicos vinculados
ao projeto, como à execução das obras, os materiais e outros motivos externos
ao canteiro. Para sanar esses problemas, há necessidade de adotar terapias
preventivas e corretivas; as preventivas, dizem respeito ao projeto, e as
corretivas à execução da obra, uso e manutenção dos edifícios. Faz-se
necessário também projetar os revestimentos de fachada com material durável,
aliado à inserção da cor, bem como de desenho que revele a valorização
plástica mínima dos edifícios, dando-lhes o caráter necessário.
As deteriorações de fachadas são apontadas por Verçosa et al. (2004),
tendo origem nas saliências de vigas que acumulam águas, que são
absorvidas por capilaridade dos materiais, ocasionando patologias precoces;
nas caixas de ar condicionado, que provocam presença de sujeiras nas
fachadas; drenagem insuficiente nas marquises, quinas e cantos no topo dos
edifícios e peitoris de janelas mal executados.
Em estudos realizados por Resende, Uemoto e Medeiros (2004), foi
evidenciado que as patologias de fachadas estão associadas ao elevado teor
de umidade do substrato ou no ambiente, gerado por:

95
• Condições climáticas: intensidade e direção dos ventos, chuva,
orientação da fachada, pois as fachadas sul sempre apresentam maior
incidência de agentes biológicos.
• Projeto da edificação, sua forma, altura e orientação: os detalhes podem
influenciar na forma pela qual a água da chuva escoa sobre as paredes,
a orientação define o grau de exposição do edifício à chuva, ao vento, e
à radiação solar.
• As regiões de fachada: tais como parapeitos de janelas e platibandas,
apresentam maior acúmulo de umidade e conseqüentemente condições
mais favoráveis ao desenvolvimento de fungos.
• A constituição da microestrutura dos materiais: os quais podem permitir
com maior ou menor intensidade a penetração de umidade e a partir
disto desencadear o surgimento de fungos e bactérias nocivas à
durabilidade destes materiais e componentes.

3.2.1 Agentes de Degradação

Para Lichtenstein (1986), o conjunto de agentes agressivos que sofre


cada edifício, interage com ele produzindo um leque de fenômenos físicos,
químicos e biológicos e alguns destes podem causar manifestações
patológicas e como conseqüência, queda de desempenho.
A umidade é descrita por Perez (1986), como sendo a responsável por
mais de 60% dos problemas de durabilidade das fachadas durante sua vida útil
e a mais difícil de ser resolvida, principalmente no que se refere aos edifícios,
pela falta de acessibilidade para manutenção, grande incidência de ações
climáticas, vento, chuva e sol.
Dos fatores provenientes da atmosfera, a temperatura, é um dos
agentes mais agressivos aos revestimentos de fachadas de edifícios
provocando variações físicas e químicas nos materiais, gerando fissuras,
descolamento e rupturas, principalmente nos revestimentos porosos, por
absorverem água, umidade e radiação solar, ocasionando grandes tensões nas
interfaces dos componentes.

96
Perez (1985) sugere que o revestimento nos topos dos componentes
construtivos bem como, nas fachadas por meio de detalhes construtivos de
ordem arquitetônica que possuam saliências são capazes de dissipar os fluxos
de águas das chuvas.
A penetração da umidade nos componentes construtivos é descrita por
Nappi (2006), como sendo inversamente proporcional ao diâmetro dos seus
poros, ou seja, quanto menor forem os poros, maior será a distância,
ascendente ou descendente que a água poderá atingir.
As manchas escuras, citadas por Qualharini (1997) e Resende et al
(2002) são anomalias, como sendo a biodeteriorização dos componentes por
fungos e bactérias que se nutrem da umidade contida nestes elementos e da
radiação solar incidente.
Para Flauzino & Uemoto (1988), agentes como a radiação solar,
principalmente, a radiação ultravioleta na degradação dos polímeros, água,
temperatura, constituintes do ar, uma vez que além dos efeitos intrínsecos de
sua ação sobre os materiais e componentes, propiciam as condições
favoráveis para ocorrência de outras formas de degradação, como a
degradação biológica e a incompatibilidade física e química dos componentes.
Observa-se que a presença de umidade e a incidência solar sobre
estas são responsáveis pelos vapores que na tentativa de migração para o ar
atmosférico são os principais causadores de bolhas nos revestimentos de
pintura, e segundo Uemoto et al, (1995), a presença de umidade leva ao
processo de biodeterioração de pinturas pela presença de agentes biológicos,
quando são influenciados pelo vento, temperatura e sol.

3.2.2 Tipos de Patologias em Fachadas

Existem várias formas de manifestações patológicas em fachadas e para


Sabbatini et al (2006) todas estas manifestações têm uma causa, uma natureza
e uma origem que são resultantes por haver falhas no sistema, tais falhas
decorrentes de materiais, de execução e de projetos. Os erros de projetos são
por incompatibilidade geométrica e falta de especificações por não
considerarem as características dos materiais na construção das vedações e

97
dos revestimentos. A seguir serão apresentados três grandes grupos de
manifestações encontradas em fachadas: patologias relacionadas à pintura -
tintas; patologias relacionadas à argamassa, e patologias relacionadas à
cerâmica.

3.2.2.1 Patologias na Pintura

São patologias encontradas na camada superficial das fachadas e a


origem do problema está na tinta ou na pintura.
As pinturas são os elementos construtivos mais atingidos por patologias
em face de que, além das patologias que ocorrem especificamente neste
material, as oriundas de fissuras, trincas em alvenarias e estruturas de
concreto normalmente atingem o revestimento de pintura. Diante disto, estudo
realizado por Rocha et al. (2002), mostra que as patologias mais expressivas
em pintura são: eflorescência, saponificação, desagregação, destacamento,
manchas por pingos de chuva, crateras, enrugamento, trincas, bolhas e
fissuras. Estas anomalias são em grande parte originadas pela umidade, cura
insuficiente e alcalinidade.
Uemoto et al. (1995), cita os fatores bióticos e abióticos como sendo os
responsáveis pelas patologias em tintas.
Dentre os bióticos se destacam as bactérias, fungos, algas e liquens.
Os fungos, pela fácil adaptabilidade a variações de temperatura, poucos
nutrientes e baixa umidade, são os principais responsáveis pelas patologias em
tintas. As algas e liquens são organismos fotossintetizantes, portanto, onde há
presença de luz solar propicia sua nutrição. As maiores incidências estão nas
fachadas e acabam por desconfigurar a superfície e quando a pintura é
aplicada sobre superfície fissurada os danos são ainda maiores, pelo
desenvolvimento de agentes biológicos no interior dos componentes da
edificação. Os liquens são encontrados nas alvenarias de forma incrustada, ou
seja, como uma camada fina e firmemente aderida ao substrato ou com uma
forma folhosa que é de formato chato em rosetas e não tão aderida ao
substrato. Os abióticos são de mais incidência nos países tropicais devido à

98
associação a fatores como a energia solar, que nutre os organismos pelo
processo de fotossíntese.
O acabamento final deve considerar, além do aspecto estético, as
condições de exposição a que estará submetido o revestimento. A aplicação de
texturas rugosas em revestimentos externos dissimula melhor os defeitos da
base e ou do revestimento. No entanto, em regiões com maior índice de
poluição atmosférica devem-se preferir revestimentos com acabamentos lisos.
Estes, quando associados a uma superfície pouco porosa dificultam a fixação
de poeiras e micro-organismos conservando, desta forma, mais eficientemente
as características estéticas da fachada.
Os principais problemas constatados com relação à pintura são
apresentados a seguir:

a) Bolhas

Muito presentes em paredes externas, geralmente são causadas pelo


uso da massa corrida PVA ou massa corrida muito fraca, a qual também pode
provocar bolhas.

b) Crateras

Esse problema ocorre devido à presença de óleo, graxa ou água na


superfície a ser pintada, e também quando a tinta é diluída com materiais não
recomendados como gasolina, querosene, etc.

c) Desagregamento

Manifestam-se pela destruição ou descascamento da pintura, que se


esfarela, destacando-se da superfície juntamente com partes do reboco que se

99
torna pulverulento. Esse problema ocorre quando a tinta foi aplicada antes que
o reboco estivesse curado. A carbonatação do reboco se dá pelo processo de
reação do gás carbônico com óxidos metálicos provenientes do próprio reboco
que contém cal. A correção se dá pela raspagem e correção das imperfeições
profundas do reboco com argamassa e, após a cura, aplica-se a base de fundo
com solventes e pintura.

d) Descascamento ou falta de aderência

O descascamento da tinta pode acontecer quando a pintura for


executada sobre caiação, sem que se tenha preparado a superfície. A
aderência da cal sobre a superfície não é boa, constituindo camada cheia de
pó. Portanto, qualquer tinta aplicada sobre caiação está sujeita a descascar-se
rapidamente.
O descascamento da tinta também pode ocorrer quando, na primeira
pintura sobre reboco, a primeira demão não foi bem diluída, ou havia excesso
de poeira na superfície. Neste caso, lembramos que, quando se deseja aplicar
a tinta diretamente sobre o reboco, a primeira demão deve ser bem diluída.

e) Eflorescências

São manchas esbranquiçadas que surgem na superfície pintada. Isto


acontece quando a tinta foi aplicada sobre o reboco úmido. A secagem do
reboco dá-se pela eliminação de água sob a forma de vapor, que arrasta
materiais alcalinos solúveis como o hidróxido de cálcio do interior para a
superfície pintada, onde se deposita, causando a mancha. A eflorescência
pode acontecer, também, em superfícies de cimento-amianto, concreto, tijolo,
etc.
Para prevenir a ocorrência desta patologia o reboco deve estar curado e
seco para receber a pintura, enquanto que para a correção sem
desagregamento, a superfície também deve estar seca para receber fundo a
base de solvente o qual possui grande resistência à alcalinidade, e repintar.

100
f) Enrugamentos

Este problema ocorre quando a camada de tinta se torna muito espessa


devido a uma aplicação excessiva de produto, seja em uma demão ou
sucessivas demãos, sem aguardar o intervalo entre demãos, ou quando a
superfície no momento da pintura se encontrava com alta temperatura.

g) Manchas

As manchas podem ser provenientes de pingos de chuva logo após a


pintura, os quais trazem à superfície materiais solúveis. A correção deve ser
feita por meio de molhagem continua e homogênea de toda a superfície
pintada.
Existem também as provenientes do mofo, que são manchas que
aparecem normalmente sobre a superfície, e por se tratar de um grupo de
seres vivos se proliferam em condições de clima favoráveis, como em
ambientes úmidos, mal ventilados ou mal iluminados.

h) Saponificações

A causa é a alcalinidade natural do reboco pela utilização de cimento e


cal, que na presença de umidade, reage com a acidez (característica de alguns
tipos de resina, acarretando a saponificação) se manifestando pelo
aparecimento de manchas na superfície pintada (freqüentemente provoca
descascamento ou destruição da tinta PVA) ou pelo retardamento indefinido da
secagem de tintas à base de resinas alquídicas (esmaltes e tintas a óleo).
Nesse caso, a superfície apresenta-se sempre pegajosa, podendo até escorrer
óleo.
Para prevenção da ocorrência é necessário que o reboco esteja seco e
curado assim evita possíveis defeitos decorrentes da alcalinidade, além de se
aplicar uma demão de fundo à base de solvente resistente a alcalinidade.

101
Para a correção de pinturas em tinta látex deve-se partir da raspagem e
escovação da superfície, eliminando as partes soltas e mal aderidas, a seguir
aplicando-se fundo a base de solvente de grande resistência à alcalinidade.
Para a correção de pinturas à base de resinas alquídicas deve-se
remover totalmente a tinta com solvente, raspando e lixando, em certos casos
utilizando maçarico quando há dificuldades de partes bem agregadas, e em
seguida aplicam-se duas demãos de fundo a base de solventes com grande
resistência à alcalinidade e repintar.

3.2.2.2 Patologias na Argamassa

São patologias mais profundas e, portanto com um nível maior de


dificuldade para serem resolvidas.
Crescêncio (2003), afirma que o revestimento de argamassa tradicional
para fachadas de edifícios, aplicado em múltiplas camadas, usualmente o
“chapisco”, o “emboço” e o “reboco”, vêm sofrendo profundas alterações
visando reduzir etapas de produção, aumentar a produtividade, diminuir o
consumo de materiais e, por conseqüência, reduzir os custos finais. Com isso,
deu lugar ao revestimento de camada única para aplicação de pintura, e, mais
recentemente, vem abrindo espaço para o revestimento decorativo
monocamada (RDM) que, além de ser aplicado em pequenas espessuras,
prescinde dos sistemas de pintura.
No entanto, ainda segundo Crescêncio (2005), as pesquisas em
fachadas revelaram que este sistema de revestimento apresentou diversos
tipos de patologias como: fissuras, trincas, eflorescência e diferenças de
tonalidade na pintura.
Os revestimentos dos edifícios representam uma parcela significativa do
custo total, interferem decisivamente no planejamento da execução e são uma
das maiores fontes de problemas patológicos.
Para Barros (1996), as argamassas para revestimento não apresentam
a mesma evolução que se verifica no campo das estruturas e da alvenaria. A
falta de interação entre os elementos da construção e os materiais é
responsável pelo aumento dos problemas patológicos nos revestimentos.

102
Salienta ainda que os revestimentos sejam muito finos para que se utilize uma
mesma argamassa para quase tudo.
Em Techné (2003), apesar da maior oferta de argamassas e do
compromisso dos fabricantes com a qualidade dos produtos, cada vez mais
trincas e fissuras são visíveis nas edificações. Problemas aparentes nas
fachadas incomodam também no interior dos edifícios. As patologias em
argamassa de assentamento podem ter origem em diversos fatores: tempo
reduzido de execução, falta de preparo da superfície, projetistas, fabricantes de
argamassas, construtoras e aplicadores.
Ainda segundo Techné (2003), a camada única do revestimento
associada com a redução da espessura da camada objetivando a redução dos
custos de produção deixa o revestimento suscetível às movimentações
higrotérmicas da obra e às ondulações de paredes estruturais.
Para Ferreira Neto et al. (2004), as patologias dos revestimentos de
fachada comprometem a imagem da Engenharia e Arquitetura do país, sendo
uma agressão às vistas da população, à integridade das edificações e ferindo o
conceito de habitabilidade, direito básico dos proprietários das unidades
imobiliárias, além da desvalorização natural do imóvel devido aos aspectos
visuais. A base dos revestimentos (alvenaria ou concreto) sem o adequado
acabamento final torna-se vulnerável às infiltrações de água e gases, o que
conseqüentemente conduz a sérias deteriorações no interior dos edifícios,
podendo ser as mesmas de ordem estética ou até mesmo estrutural.
Baseado em estudos Bauer (1987), afirma que as falhas podem ser
causadas por deficiências de projeto; por desconhecimento das características
dos materiais empregados ou emprego de materiais inadequados; por erros no
proporcionamento da mistura; por má aplicação do revestimento; por estarem
em desacordo com as normas técnicas; e por fatores externos ao revestimento.
Cincotto e Barros (1988) classificam as patologias em argamassa, da
seguinte forma:

• Patologias quanto à procedência:

Neste caso a causa decorre da qualidade dos materiais utilizados. Os


revestimentos são avaliados pelos seus aspectos estéticos, mas os fenômenos

103
patológicos podem se apresentar a partir de fatores externos aos revestimentos
ou a partir da má seleção de materiais, mistura e ou aplicação derivando em
problemas nas paredes. Neste sentido, na pintura fissurada, destacando a
argamassa do reboco de forma parcial ou total, tem-se como conseqüência à
formação de manchas de umidade e formação de eflorescência e vesículas.
Existem alguns fatores que devem ser levados em consideração:

a) Agregados

A presença de aglomerados argilosos, pirita, mica e matéria orgânica


que por sua vez provocam a formação de vesículas pela presença de torrões
argilosos no reboco. Assim como a oxidação de pirita e as concentrações de
ferruginosas causando a expansão nos revestimentos.

b) Cimento

Quanto maior for a finura do cimento, maiores são as chances de


retração por secagem nas primeiras 24 horas, podendo ser contornada a partir
da incorporação de aditivos de incorporador de ar, excussão feita ao chapisco.

c) Cal

A presença de óxido de magnésio na cal, por ter uma reação lenta,


tende a provocar descolamento do reboco ainda mais se estiver associado à
fonte de calor como o sol.
Em estudo apresentado por De Mori e Piaceski (2004), foi relatado que
um dos principais problemas nas argamassas é a falta de qualidade, de
dosagem por uso indiscriminado da cal sem a devida hidratação.
Cal sem a devida extinção, antes da aplicação, terá ou sofrerá reações
de hidratação após a aplicação com o inconveniente de aumento de volume, o
que provoca o empolamento do revestimento e o conseqüente destacamento.

d) Traço

104
Traços ricos em cimento são as causas descritas como sendo as
responsáveis pelas grandes retrações dos revestimentos. Assim como em
argamassas magras não há resistência de aderência, provocando
descolamento e desagregação.

• Patologias quanto aos tipos:

a) Manchas

Eflorescências

Este fenômeno é o depósito de sais e metais alcalinos sobre a


superfície, geralmente provenientes do substrato ou base, sendo necessários
três fatores concomitantes para que isto ocorra; água, corpo poroso e sais
solúveis. Havendo pressão hidrostática a umidade transporta os sais solúveis
até a superfície do material ou componente através da sua porosidade, e em
seguida ocorre a evaporação da água provocando a precipitação dos sais que
se depositam na forma de pó na superfície causando manchas brancas com
aparência estética ruim.

Bolores por fissuração

Morales (1996) argumenta que as condições de exposição a chuvas e


ciclos contínuos de secagem das fachadas propiciam as manifestações de
fissuras e a partir disto o desenvolvimento de colônias de fungos que se
proliferam em presença de esporos pelas condições adequadas de umidade
existentes.

b) Vesículas

São originadas a partir de matéria orgânica na composição da


argamassa, normalmente formada por torrões argilosos que causam a
desagregação do revestimento.

105
c) Perda de aderência – desagregação

A desagregação pode ocorrer devido ao excesso de elementos finos na


areia e pela aplicação de cal na argamassa que não esteja completamente
hidratada.

d) Descolamentos

Para Cincotto (1988), o descolamento em revestimento de argamassa


tem como principal fator o uso de cal não hidratada adequadamente,
hidratação incompleta da cal, má qualidade da cal, preparo inadequado da
pasta de cal.
Os descolamentos por empolamento provêm da cal aplicada não estar
completamente hidratada, logo, a cal se hidrata com o passar do tempo
ocasionando o destacamento do reboco ao emboço, com formação de bolhas
que progressivamente aumentam de tamanhos. Nas argamassas mistas com
presença de cimento portland a expansão é ainda maior devido à rigidez das
argamassas.
Os descolamentos em placas ocorrem na interface do reboco e
emboço com a base, as causas desta anomalia podem estar em:
1. Argamassas ricas em aglomerantes com espessuras superiores a 2
cm causando elevadas tensões de tração na interface dos componentes;
2. Grandes variações de temperatura, provocando tensões de
cisalhamento. Execução do chapisco com areia fina que compromete a
aderência. Tal aderência constitui-se numa camada rugosa pela fixação da
nata de cimento nos poros da base, os quais devem estar abertos para melhor
aderência, possibilitando a ancoragem da argamassa sobre o chapisco.
3. A ausência de água na base, para hidratação dos grãos de cimento
da pasta da argamassa, assim como resíduos de poeira na base.

e) Fissuras nas fachadas

As fissuras são provocadas por tensões oriundas de atuação de


sobrecargas ou de movimentações de materiais, dos componentes ou da obra

106
como um todo. Movimentações provocadas por variações térmicas e de
umidade; atuação de sobrecargas ou concentração de tensões, deformações
excessivas das estruturas, recalques diferenciados das fundações, retração de
produtos à base de ligantes hidráulicos e alterações químicas de materiais de
construção (THOMAZ, 1989).
Segundo o autor também há preocupação no diagnóstico dos
mecanismos de fissuras para orientar decisões de recuperação de
componentes, assim como a adoção de medidas preventivas a partir da
elaboração de projetos e especificação e controle de materiais e serviços.
Neste contexto há preocupação no diagnóstico dos mecanismos de
fissuras para orientar decisões de recuperação de componentes, assim como,
a adoção de medidas preventivas a partir da elaboração de projetos e
especificação e controle de materiais e serviços.
Para evitar fissuras nas junções da alvenaria com estruturas de
concreto, colocam-se telas de aço galvanizado e fibra de vidro antes da
aplicação de argamassa de emboço.
Para Padaratz (1991), as fissuras possuem origem em diversos fatores
tais como; movimentações térmicas, retração do concreto, recalque das
fundações, defeitos de projeto e de execução.
Para revestimentos com espessura superior a 4 cm recomenda-se a
utilização de tela fixada com pinos à base, cravados com pistola apropriada,
com espaçamento de 40cm.
Para Morales (1996), a causa desta manifestação de fissuração de
revestimento de argamassas de fachada se deve predominantemente pelo uso
de areia excessivamente fina como módulos de finura inferior a 1,8 e alto teor
de material fino na composição da argamassa de revestimento. Manifesta-se
desagradável sob o aspecto estético, como também de forma lenta e
progressiva afeta a pintura, o reboco e o emboço aumentando a ocorrência de
infiltrações e de percolação de água da chuva através das paredes de
vedação.
Em experiências cientificas o autor propõe um método de estucagem
das patologias onde aplica um traço com 30% de resina e 5% de água em
relação à massa do primeiro, este produto tem a capacidade de absorver os
efeitos de retração e expansão térmica sofridas ciclicamente pelo material

107
neutralizando. Essas tensões são responsáveis pela reincidência após certo
intervalo de tempo de execução do reparo das fissuras.
Ocorre por desagregação espontânea, com o esfarelamento da
argamassa, devido à falta e carbonatação da cal existente na argamassa,
principalmente quando se aplica pintura em intervalos de tempo pequenos,
após a execução do reboco.
Também quando se substitui a cal por material que não apresente
propriedades pozolânicas, as quais propiciam a plasticidade à mistura, quando
da cura ocorrem tensões de tração provocando a desagregação da argamassa.
O uso de argamassas com aglomerantes hidráulicos e com pouca água
para a hidratação deste aglomerante provoca a friabilidade, que também é
estimulada pela utilização de argamassa semi - pronta ou utilizadas com data
de validade vencida.

3.2.2.3 Patologias em Cerâmicas

As patologias em cerâmicas são patologias encontradas em


revestimentos, causadas por vários fatores como: choque térmico, expansão
por umidade e falhas no assentamento. Dentre os problemas patológicos
normalmente encontrados em revestimentos cerâmicos aquele que encontra
maior destaque é o desprendimento dos elementos cerâmicos da sua base.
Entretanto, além destas, existem ainda patologias de outras naturezas, dentre
elas: a ocorrência de eflorescências e o surgimento de fissuras e trincas, tanto
no elemento cerâmico, como no rejunte. Essas patologias representam as
maiores causas de falhas no subsistema, revestimento cerâmico, quando
utilizado em fachadas de edifícios. As principais patologias são apresentadas a
seguir:

a) Destacamento

Ocorrem destacamentos nas cerâmicas pela falta de chapisco, neste


caso não há aderência suficiente para o reboco, pela aplicação de produtos

108
orgânicos, tipo desmoldante, o que fecha os poros do substrato e impede a
penetração da nata de cimento, ou até mesmo a ausência de rugosidade do
substrato.

b) Eflorescência

Em corpos de revestimento cerâmico, diversos autores demonstram


em suas pesquisas que falhas de rejunte são os maiores fatores de penetração
de umidade no substrato, juntamente com falhas de especificação de produtos
com elevada porosidade sujeitos a freqüente ação da água. Em blocos
cerâmicos de vedação, podem ser considerados os agentes causadores os
sais solúveis no componente.
Em peças cerâmicas os procedimentos de limpeza com produtos
industrializados não são recomendados e geralmente quando feitos não
apresentam resultados satisfatórios, devido à presença de carbonato de cálcio.
No entanto, alguns procedimentos podem ser tomados: execução adequada de
detalhes em pontos mais agredidos pela umidade e ou produtos de limpeza;
limpeza das juntas antes da aplicação do rejuntamento; substrato sem falhas
com acabamento desempenado grosso e com planeza adequada; atendimento
a norma de argamassas de assentamento a respeito dos tempos em aberto, de
vida e de liberação ao uso das argamassas e do rejuntamento. De um modo
geral a eliminação de água é o fator básico para a correção do problema

c) Perda de aderência (descolamento)

O descolamento ocorre sempre na interface de materiais e


componentes; ou seja, entre tijolo e chapisco, chapisco e reboco, reboco e
emboço.
Segundo Santana (1993), esta anomalia pode ser provocada por:
argamassa muito rica ou pobre, falta de chapisco, reboco grosso demais, tijolo

109
sem porosidade, uso de desmoldante de forma quando da concretagem, entre
outros fatores. A terapia mais utilizada e recomendada para os casos de
descolamento é a renovação do revestimento.
A perda de aderência é considerada por Simões et al. (1998), como a
ruptura entre a interface dos componentes e pode ter origem em diversos
fatores tais como: fluência da estrutura de concreto armado, variações
higrotérmicas e de temperatura.

d) Trincas, gretamentos e fissuras.

No que se refere às trincas, gretamentos e fissuras, o revestimento


cerâmico tem sua superfície danificada a partir de solicitações que ocorrem no
substrato por variações térmicas, ou higroscópicas no revestimento originadas
por ausência de detalhes construtivos, em especial de junta de dilatação. Outro
fator relevante é que a partir das fissuras há penetração de água e como
conseqüência o enfraquecimento do substrato e nas fachadas pode haver
quedas significativas de cerâmicas.

e) Deterioração do rejunte

A deterioração do rejuntamento vai muito além dos aspectos estéticos,


pois os rejuntamentos são responsáveis pela absorção das movimentações e
estanqueidade e sua deterioração é causada pela perda dessa estanqueidade
ou envelhecimento do material. Procedimentos inadequados de limpeza e ou
presença de cimento na composição da pasta de rejunte expõem os rejuntes a
ataques por fungos.

110
3.2.2.4 Patologias em Alvenaria

De um modo geral as patologias estão concentradas nas alvenarias,


nos revestimentos próximos das aberturas de janelas, além de diversos tipos
no reservatório superior. Diante da natureza das patologias descritas a seguir
pode-se caracterizá-las essencialmente por deficiências com origem no projeto.
Para evitar anomalias em alvenarias o arquiteto, além das preocupações com
volumetrias, espaços, tem por obrigação produzir peças escritas e
pormenorização em detalhes gráficos de modo a oferecer condições de
executar aquilo que foi pensado, entretanto a tendência arquitetônica atual é a
produção de grandes panos de alvenarias, sem quaisquer preocupações contra
as chuvas incidentes. Originando superfícies complexas com sucessivas
reentrâncias e saliências e os vãos envidraçados de grandes dimensões, os
quais são pouco defensivos contra as patologias de fachadas.
Para Thomaz (1985), a deformação dos elementos estruturais
horizontais (vigas e lajes) em conjunto com o encunhamento rígido das
paredes acaba por sobrecarregar as paredes de vedações, originando a partir
daí fissuras de diversas formas, e por diversos agentes descritos a seguir:
a. Fissuras ocasionadas por excessiva deformidade das vigas e
lajes com diferentes configurações em função da magnitude das
flechas desenvolvidas.

FIGURA 21 – Parede FIGURA 22 – Flecha maior FIGURA 23 – Flecha do


solicitada por cisalhamento. que a flecha do componente suporte menor que a
(Thomaz, 1995) superior. flecha do componente
(Thomaz, 1995) superior.
(Thomaz, 1995)

111
b. Fissuras ocasionadas pela presença de aberturas devido à
excessiva deformação de vigas e lajes.

FIGURA 24 – Presença de vãos na alvenaria.


(Thomaz, 1995)

c. Fissuras ocasionadas por destacamento entre a alvenaria e a


estrutura provocadas pela flexão da viga em balanço.

FIGURA 25– Flecha excessiva da estrutura.


(Thomaz, 1995)

d. Fissuras ocasionadas devido o recalque diferencial das


fundações.

112
FIGURA 26 – Deformação da estrutura.
(Thomaz, 1995)

e. Destacamento entre alvenarias de vedação e estrutura


provocadas por movimentações higrotérmicas diferenciais.

FIGURA 27 - Fissura no encontro dos componentes de vedação.


(Thomaz, 1995)

f. Fissuras de cisalhamento provocadas pela dilatação térmica da


estrutura.

113
FIGURA 28 – Fissura no topo do edifício.
(Thomaz, 1995)

g. Destacamento provocado pela retração da alvenaria e pelo


encunhamento precoce da parede.

FIGURA 29 – Abatimento plástico da alvenaria.


(Thomaz, 1995)

114
h. Fissura provocada pela retração da alvenaria em secção
enfraquecida pela presença de tubulação.

3.3 Manutenção

Convém considerar que a norma BS 3811 (1984) que descreve sobre


manutenção de edificações é proposta como manutenção planejada
preventiva, que representa as atividades durante a vida útil da edificação, de
maneira a antecipar o surgimento da patologia.
Os procedimentos de manutenção já efetuados pelo empreendedor são
fundamentados por Thomaz (1985), como de ordem de constrangimento
psicológico dos condôminos, pelas inúmeras anomalias como fissuras, trincas
e rachaduras existentes.
A decisão projetual desconsidera o fator durabilidade de fachadas
como elemento essencial, Resende et al (2002), mencionam que os
revestimentos nas vedações verticais devem estar acima dos níveis mínimos
de desempenho e para tanto, deve haver uma diretriz a ser seguida na fase de
especificação, na concepção dos detalhes construtivos, na fase de execução e
na definição de uma metodologia de manutenção.
A manutenção é compreendida por Heineck & Petrucci (1989), como
sendo a conservação, substituição, renovação e reabilitação do edifício, no
entanto, o projeto arquitetônico influencia na redução de manutenção à medida
que há detalhamentos construtivos que vão se preocupar fundamentalmente
com as junções, encontros, fixações e arremates dos componentes
construtivos.
Os procedimentos de conservação das fachadas de acordo com
Resende e Medeiros (2004) assumem primeiramente, valores estéticos, porém
a limpeza e durabilidade dos revestimentos revertem em longevidade dos
componentes com qualidade acima dos níveis mínimos aceitáveis.

115
Estudos realizados pelo Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da
Arquitetura e Urbanismo - NUTAU4 e Fundação para Pesquisa Ambiental -
FUPAM5 (1999) em edifícios de até cinco pavimentos demonstraram que do
ponto de vista técnico, as fachadas de todos os blocos avaliados apresentaram
diversos problemas. Tais problemas são originários de deficiências de projeto,
como é o caso das pingadeiras e dos pinos de fixação das janelas nas
fachadas; e de construção, como é o caso do traço da argamassa que
provavelmente sofreu sérias alterações durante a etapa de obra, e finalmente
do uso e da manutenção. Sintetizando, as fachadas apresentam problemas
técnicos de projeto, de execução, de uso e operação.

3.3.1 Limpeza de Revestimentos de Fachadas

As fachadas, em face da sua vida útil dos aspectos estéticos, devem


receber atividades de limpeza que podem ser feitas por diversos métodos entre
os quais: limpeza com água, limpeza abrasiva e limpeza química.
• A limpeza por água, para maior eficácia, pode ser sob pressão,
saturação do revestimento e vapor de água. Com um destes métodos a
água consegue dissolver e desprender as sujeiras de compostos
orgânicos e compostos iônicos da superfície. Já compostos formados
por moléculas apolares, graxas e gorduras são removidos com auxílio
de detergentes e sabão (RESENDE e MEDEIROS, 2004). Outros fatores
a serem considerados na limpeza por água são: pressão, vazão, tipos e
ângulos dos bicos e a distância da aplicação do jato de água, no
entanto, a aplicação de água em abundância pode provocar o
surgimento de eflorescências e microorganismos.
• A limpeza abrasiva remove sujeiras fortemente aderidas por meio da
fricção mecânica de materiais no revestimento aplicados por meio de
escovação ou projeção seca ou úmida de materiais com características

116208

4
NUTAU - Núcleo de Pesquisa em Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo: criado em 1992
para estimular a pesquisa da tecnologia da arquitetura, da construção e do urbanismo.
5
FUPAM - Fundação para a Pesquisa Ambiental, criada em 1977 para apoiar a pesquisa e a
educação em arquitetura e urbanismo e mantém estreito relacionamento com a Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo da USP.

116
abrasivas. No entanto, diversos autores recomendam que esta limpeza
seja feita com água, que tem a função de amortecer a colisão das
partículas abrasivas com o revestimento, diminuindo os danos.
• A limpeza química consiste na utilização de produtos químicos tais
como: sabão, detergentes, solventes orgânicos, ácidos e bases
auxiliando a água na remoção de sujeiras.
Para Resende e Medeiros (2004), além da existência da norma NBR
(5674) norteando os diversos métodos de limpeza, deve haver alguns
procedimentos essenciais para a limpeza dos revestimentos tais como:
segurança e saúde dos operários e usuários dos edifícios vizinhos,
equipamentos adequados de acesso às fachadas, identificação dos
componentes do revestimento, grau de deterioração e de sujeiras, materiais,
técnicas e equipamentos apropriados para cada tipo de limpeza.

3.4 Custos das decisões arquitetônicas de fachadas

Para Mascaró (1985), o custo global é o custo total de uma construção,


levando em conta todos os custos de aquisição, operação, manutenção e
modificações, bem como de deposição final, demolição e descarte, calculado a
fim de tomar decisões econômicas. Para Franco (1993), apesar da incidência
do custo da produção das vedações no orçamento do edifício não ser o item de
maior importância, quando se considera conjuntamente toda a vedação vertical
e as interfaces que faz com os demais subsistemas do edifício, este conjunto
representa, normalmente, o maior item de custo de produção.
No que diz respeito à definição de custo ao longo da vida útil, Silva
(1997), entende que numa abordagem sistêmica para produção de edifícios, as
decisões e ações devem ocorrer desde o projeto até a fase de uso, sendo esta
incorporada ao processo de produção.
Para Mascaró (1985), os planos horizontais correspondem
aproximadamente 30% do custo do edifício, os verticais 40%: aqueles que
envolvem o edifício normalmente são mais caros que seus equivalentes
internos. Por isso, é conveniente obter o volume necessário com a mínima

117
superfície exposta ao exterior, não só pelo maior custo de construção, mas
também pelos custos de manutenção e uso. Os planos exteriores de
construção sofrerão a agressividade do clima, do meio ambiente, devendo
estar preparados para conservar através do tempo as qualidades que garantam
a segurança e habitabilidade do edifício.
Cada uma das decisões adotadas pelo arquiteto em seu projeto
significa uma opção para solucionar um ou vários aspectos da obra. São
decisões que de alguma maneira condicionam o comportamento e o
desempenho do todo o edifício, tanto econômico como funcional (MASCARÓ,
1985).
Deste modo, os custos dos edifícios variam substancialmente em
função de sua compacidade, ou seja, da quantidade de paredes necessárias
para envolver diversas formas geométricas da planta de um edifício como
mostra o Gráfico 1.

GRÁFICO 1 - Quantidade de metros lineares de parede necessários para envolver uma


superfície de 100m2 em função da forma da planta

(Mascaró, 1985).

Ainda para Mascaró (1985), além dos custos dos planos horizontais e
verticais, também há os custos com as instalações que compreendem 25% e o
canteiro de obras 5%. Nos planos verticais é possível ter inúmeras alternativas

118
de variações de desenho como de aplicação de materiais, sabendo-se que o
custo das paredes externas é de uma a duas vezes mais caro que as paredes
internas. Neste sentido, as reduções de áreas não são reduzidas
proporcionalmente aos custos de produção da edificação, portanto o problema
não é só de metros quadrados construídos, mas também, da forma como são
desenhadas essas superfícies, o problema da quantidade versus a qualidade
do projeto não é só dos materiais.
Bem lembrado por Mascaró (1985), os preceitos de análises dos custos
das decisões arquitetônicos nos projetos, não são conhecidos pelo arquiteto,
mesmo sendo o fator custo diretriz básica definida pela comercialização.

119
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA
PESQUISA

4.1 Pesquisa Bibliográfica

Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica a partir de material


já publicado, constituído de artigos de periódicos, livros e material disponível na
internet, tendo como principal fonte de informação o site da Infohab.
Gil (2002) menciona que a “pesquisa bibliográfica é desenvolvida com
base em material já elaborado constituído principalmente de livros e artigos
científicos”. Desta forma, a fundamentação teórica tem o intuito de formar uma
base que subsidie a proposição de diretrizes para o trabalho.
A pesquisa bibliográfica também subsidiou o estabelecimento de
critérios para a análise das relações entre os problemas de durabilidade,
desempenho de elementos de fachada e o processo de projeto.

4.2 Estudo de Caso

Além da pesquisa bibliográfica a pesquisa apoiou-se em estudos de


caso.
Fez-se o diagnóstico da quantidade de edifícios localizados nas
limitações urbanas do município de Pato Branco, Paraná. A cidade se localiza
ao sudoeste paranaense, com posicionamento geográfico em - 26° 13' 44" S
52° 40' 15" O -, com altitude média de 760 metros e clima subtropical.
Atualmente, o município possui 277 edifícios de tamanhos variados,
prevalecendo a maioria com até 04 pavimentos, seguidos dos com 05
pavimentos. Neste universo, escolheu-se a amostra para o estudo de caso.
Levantamento feito durante o ano de 2005 e início de 2006.
Para o desenvolvimento do estudo de caso foram escolhidos oito
edifícios construídos na cidade de Pato Branco.
Neste capítulo são apresentados os aspectos metodológicos destes
estudos, os critérios considerados na seleção da amostra pesquisada, os
métodos e técnicas utilizados, além de algumas considerações sobre o
desenvolvimento da pesquisa. Os resultados obtidos serão apresentados e
discutidos no capítulo 5 desta dissertação.
Os estudos de caso contribuíram para a identificação e análise dos
fatores que subsidiaram a proposição de recomendações.
P
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FIGURA 30 – Passos estabelecida pela pesquisa

Segundo Gil (2002), o estudo de caso consiste no estudo profundo e


exaustivo de um ou poucos objetos de maneira que se permita seu amplo e
detalhado conhecimento. Este método é essencial para o estudo de fachadas,
uma vez que: permite explorar situações cujos limites não estão claramente
definidos; preserva o caráter unitário do objeto estudado e descreve a situação
do contexto em que está sendo feita a investigação.
Os estudos de caso foram realizados em 08 edifícios com até 05
pavimentos, escolhidos entre o universo de edifícios existentes no município de
Pato Branco – Paraná, conforme pode-se verificar no gráfico abaixo.

121
120 111

100 96

quantidade de edifícios
80

60

40
26
20 13 13
9 7
2
0
4p 5p 6p 7p 8p 9p 10p >11
qua ntidade de pa vimentos

GRÁFICO 2 – Número de edifícios em Pato Branco – Pr, por pavimento.

Neste sentido foram selecionados edifícios com características


similares para se evitar distorções, ou seja, todos com sistemas construtivos
em concreto armado e alvenarias de vedação; tomou-se o cuidado para que as
idades dos edifícios da amostra não variassem em mais de cinco anos entre si.
Estes estudos foram desenvolvidos em quatro etapas principais:
1. Avaliação Técnica Construtiva;
2. Vistoria Realizada no Local;
3. Aplicabilidade de entrevistas com os síndicos e Projetistas;
4. Tratamento dos Dados e Informações.

4.2.1 Avaliação Técnica Construtiva

A avaliação técnica construtiva foi aplicada, visando o reconhecimento


especializado do ambiente em estudo e forneceu subsídios para a
interpretação da avaliação dos critérios técnicos e bibliográficos.
Foram avaliados todos os elementos e componentes que compõem as
fachadas dos edifícios, sendo eles:
a. Juntas de dilatação;
b. Cobertura;
c. Drenagem de águas pluviais;
d. Impermeabilização;
e. Alvenarias;
f. Revestimentos;

122
g. Pinturas;
h. Acabamentos Peitoris;
i. Caixilharia;
j. Vidraçaria;
k. Rufos, algerozes;
l. Pingadeiras.
Para facilitar a vistoria de levantamento do campo a ser estudado,
foram estabelecidos pontos pré-determinados de análise constantes na figura
31.

A
L
A1
RESERVATÓRIO
B
J J1
B1 J2
LAJE COBERTURA
H J3
C I J4
L
D D1
D2
D3
D4
F

FRONTEIRA G G1
FACHADA G2
G3
LAJE TÉRREO E G4
SOLO

FIGURA 31 - Componentes das fachadas a serem avaliados

As interfaces de análise foram identificadas em letra maiúsculas. Estes


pontos servem de apoio para o roteiro de coleta de dados estabelecidos no
Quadro1.

123
QUADRO 1 - roteiro para levantamento de dados nos edifícios
Avaliação da patologia na interface Intervenção manutenção Não Sim t6= Tipo7:
Nome do edifício: _______________________número____ número de andares ___, idade do edifício ___.
cobertura Terraço Inclinada t.fibrociment t. barro t. metálica outro
Nº da fachada pelo total delas_________tipo de inspeção ( ) int. ( ) ext. Pesq. campo ( ) sol, ( )nublado, ( ) chuva
1) Orientação solar da fachada E NE N NO O SO S SE
2) Numero de patologia neste ponto ao longo desta fachada8,9. ___________ pontual generalizada
3) tipo de esquadrias no ponto G1 G2 G3 G4 Tipo de peitoril no ponto J11 J1 J2 J3 J4
Pingadeira não sim Metálic Granito Ardósia Mat.cerâmico
4) Revest. de Tinta acrílica textura grafiato cerâmica Pastilha cerâmica
5) Nº de sacada na fachada Nº de floreira na fachada Dren. ext12 Dren. int13 s/ dren14
6)Consta solução construtiva no projeto original ou as built? Sim Não
Foto fachada frontal Interfaces de análise Planta do edifício

7)Caracterização do tipo de patologia a olho nu sobre a pintura


A Vesículas B Bolhas C Crateras
D Desagregamento E Destacamento F Eflorescência
G Manchas por poluição atm. H Saponificação I Diferenças de tonalidade
J Manchas por fungos L Água visível
8)Caracterização do tipo de patologia a olho nu sobre a argamassa
A Fissuras div. Dir., até 0,5 mm B Fissuras horizontais C Trincas – 0,5 T < 1,5 mm
D Trincas horizontais E Rachadura - 1,5 R < 5 mm F Fenda - 5 F < 10 mm
G Zonas estufadas H gretamento I Destac. Em pulverulência
J Destac. c/ empolamento K Destacamento em placas
9) tipo de patologia caracterizada a olho nu sobre cerâmica
A Destacamento B Quebra de peça cerâmica C Fissuração
D Lixiviação E Manchas F Deterioração das juntas
10) tipo de patologia caracterizada a olho nu sobre concreto armado
A Manchas - ferrugem no aço B Fissura C Trinca
11) Configuração ou forma de manifestação quanto a umidade
Umidade persistente Manchas localizadas Umidade generalizada
Fungos localizados Fungos generalizados Umidade sem fungos
Umidade com fungos Umidade sem eflorescência Umidade com eflorescência
12) Causa provável da patologia
Agentes mecânicos Agentes químicos Provenientes do solo
Agentes eletromagnéticos Agentes biológicos Provenientes ao uso
Agentes térmicos Provenientes da atmosfera Provenientes do projeto

Nota: as chuvas predominantes da cidade de Pato Branco PR são no sentido SO- sudoeste para NE-
nordeste, fonte: SIMEPAR - PR 2005.
124208

6
t= tempo em meses que foi realizada a manutenção
7
Informação obtida junto ao síndico.
8
Para cada tipo – fissura, corrosão, etc. – de patologia constata numa fachada será elaborado um levantamento com este roteiro.
9
A caracterização de patologia é compreendida pelo pesquisador conforme a perda de desempenho do produto ou componente em
relação aos requisitos e critérios estabelecidos.
10
G1-esquadria alinhada pelo lado interno da parede com pingadeira; G2-esquadria alinhada pelo lado interno da parede sem
pingadeira; G3-esquadria alinhada pelo centro da parede com pingadeira; G4--esquadria alinhada pelo centro da parede sem
pingadeira. D1-interface entre tijolos e argamassa; D2 - alvenaria e reboco; D3 – reboco e pintura; D4 – outros.
11
Elemento estrutural do peitoril: J1-alvenaria, J2 –alumínio, J3 –madeira, J4 – metálica,
12
Escoamento de águas pluviais através de cano saliente na fachada - tipo pingadeira
13
Escoamento de águas pluviais através de tubo de queda pluvial embutido nas alvenarias – não está aparente
14
Não há escoamento de águas pluviais na sacada por meio de pingadeiras ou dutos pluviais: as águas são lançadas na fachada.

124
Faz-se necessário destacar que neste estudo não estão sendo
consideradas às relações de interdependência que as instalações hidráulicas e
elétricas poderão ter com a durabilidade das fachadas por serem consideradas
em desenvolvimento de projetos complementares.

4.2.2 Vistoria Realizada no Local

Para realizar a vistoria, utilizou-se a inspeção visual, a qual se apoiou


em registro fotográfico digital, além de estabelecer uma rota como de
levantamentos de dados - sentido horário - das fachadas a partir da fachada
principal, considerando aquela que está voltada à rua principal de acesso ao
edifício, esta rota possibilita uma facilidade para sistematização dos dados da
pesquisa.
O estudo apoiou-se em um roteiro de investigação detalhado no quadro
1, para garantir que todo o edifício fosse vistoriado sem incorrer em possíveis
esquecimentos ou repetição de atividades. A vistoria encontra-se detalhada a
seguir:
• A catalogação das patologias começou pela parte superior do
edifício, a partir do ponto “A”, continuando em direção descendente
até térreo e/ou subsolos;
• Cada ambiente de interesse, em todos os pavimentos, foi vistoriado
obedecendo a um caminho sentido horário;
• Houve uma inspeção aos edifícios circunvizinhos, verificando-se as
suas condições;
• Após a inspeção no exterior do edifício, quando houve acesso foi
realizado o exame do interior, (quando necessário), partindo-se de
procedimentos análogos;
• Levantaram-se dados gerais sobre a área em questão, como por
exemplo, a identificação das características climáticas, a incidência
de chuvas, a existência e nível do lençol freático e outros elementos
que fossem passíveis de serem registrados.

125
O roteiro elaborado para detectar informações para a pesquisa
resultante no quadro 1, consistiu em uma análise meticulosa das fachadas dos
edifícios pesquisados com o intuito de identificar e analisar todas as
manifestações patológicas apresentadas.
Neste segmento estão inclusos no processo fachadas revestidas com
os mais variados elementos (tinta acrílica, textura, grafiato, cerâmica, e pastilha
cerâmica). Nas vistorias também foram observadas todas as posições do sol
com relação às fachadas, levando-se em conta os pontos cardeais e colaterais
e todos os elementos que pudessem ter causado manifestações patológicas.
Pode-se dizer que o método observacional é o início de toda pesquisa
científica. Este método fundamenta-se em procedimentos de natureza
sensorial, como produto do processo em que se empenha o pesquisador no
mundo dos fenômenos empíricos (FACHIM, 2005). Neste contexto segundo
Lichtenstein (1985) é essencial que o pesquisador utilize os cinco sentidos
humanos, neste caso, em especial a visão, aliados aos equipamentos
disponíveis.
A observação, sob o aspecto dessa pesquisa foi essencial, pois
auxiliou na coleta de dados, complementando informações que não estão
inclusas no roteiro do levantamento de dados dos edifícios.

4.2.3 Entrevistas: Síndico e Projetista

Foi elaborada entrevista com o propósito de conseguir informações


sobre os edifícios pesquisados. Para a preparação das entrevistas a
preocupação central foi transformar em questionamento as informações
necessárias e não obtidas nas vistorias técnicas realizadas no local e que
pudessem contribuir no desenvolvimento da pesquisa.
A coleta de dados realizada através da aplicabilidade de entrevista
estruturada se apropriou do método de abordagem, ou seja, o entrevistador
tomou a iniciativa de convidar os sujeitos para responder aos questionamentos,
ficando livres para responderem ou não.
Para o levantamento das informações relacionadas ao processo do
projeto realizou-se entrevista com os projetistas (Apêndice - 3). Segundo

126
Marconi e Lakatos (2001), este tipo de entrevista segue um roteiro
preestabelecido. A conversação foi efetuada face a face. Coube a eles relatar
as etapas envolvidas no projeto, a fundação, a superestrutura, as vedações, os
revestimentos, as instalações, entre outros, ou seja, mencionar os processos
envolvidos com a durabilidade do edifício.
A coleta de dados com os síndicos também se deu sob a forma de
entrevista estruturada (Apêndice -2) através dela procurou-se obter os mais
variados dados como: características dos edifícios, tipos de observações
patológicas observadas nas fachadas, conseqüências causadas pelos
problemas, datas de manutenções feitas no edifício, entre outras informações.

4.2.4 Tratamento dos Dados e Informações

Os dados e informações obtidos nos estudos de caso receberam


tratamento de acordo com a forma como foram coletados, ou seja, as
informações dos levantamentos de dados dos edifícios foram analisadas de
forma quantitativa.
De acordo com Minayo (2001), este método possibilita traduzir em
números informações para classificá-las e analisá-las. Neste sentido os dados
quantitativos foram organizados, tabulados e tratados estatisticamente com
auxílio do software (Excel/Windows) e, posteriormente, foram apresentados
sob a forma de gráficos, tabelas e quadros.
Em seguida, as entrevistas, análise de projetos, observações e
levantamentos praticados pelo pesquisador; foram analisados de forma
qualitativa. Desta forma foram organizadas e apresentadas por meio de
comentários. A variável qualitativa caracterizou-se pelos seus atributos e
relacionou seus aspectos não somente mensuráveis, mas também definiu
descritivamente (MINAYO, 2001).
A análise qualitativa é essencial para elaboração de diretrizes de
projetos de fachadas com vistas à durabilidade, pois não requer somente o uso
de métodos e técnicas estatísticas, o ambiente natural é a fonte direta para
coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave.

127
Os resultados obtidos nestes estudos de caso foram expostos e
discutidos no capítulo 05 desta dissertação e, aliados à revisão de literatura
apresentada nos capítulos 02 e 03, fornecem conclusões importantes para a
proposição de recomendações de projeto pretendidas.

4.2.4.1 Caracterização das áreas afetadas pelas


patologias encontradas

Um fator relevante para compreender os dados resultantes da


pesquisa é relativo à quantidade de área em metros quadrados que cada
fachada foi afetada pelos diversos tipos de patologias e em diversos graus de
intensidade e gravidade. Neste sentido, a prioridade está estruturada na
gravidade que cada patologia representa e na sua respectiva área a ser
recuperada, logo, as áreas a serem recuperadas estão assim configuradas:

a) Área de recuperação de pintura

As áreas em metragem quadradas de recuperação da pintura foram


quantificadas e estruturas no capítulo 5, neste sentido, pode haver diversos
tipos de patologias num único metro quadrado de área afetada. As paredes
com manifestações patologias podem ser corrigidas com técnicas construtivas
adequadas e assim haver uma solução parcial do problema, uma vez que é de
compreensão no meio técnico que recuperação parcial da pintura exporá
diferenças de tonalidade, brilho e intensidade de cor entre as fachadas
somente pintadas e as repintadas. Logo, na atividade de repintura são
desconsideradas as áreas sem manifestações patológicas, assim a repintura é
refeita prioritariamente na sua integralidade das fachadas.

b) Recuperação na argamassa e concreto armado

Para as patologias estruturadas no campo 7 do roteiro 1, página 127,


as áreas em metragem quadradas de recuperação do revestimento de
argamassa, alvenarias e concreto indicam que compulsoriamente haverá
recuperação dos revestimentos de pintura. Portanto, pode haver, assim como

128
na pintura, diversos tipos de patologias num único metro quadrado de área
afetada, o que diferem entre si são as gravidades com que cada patologia age
sobre as fachadas, os componentes afetados, a localização em face das
dificuldades de acesso, a realização dos reparos e que, por conseqüência,
levam a custos distintos.
As áreas previstas para a recuperação de revestimentos de argamassa
foram estimadas em 15 centímetros de cada lado das fissuras, trincas,
rachaduras e demais patologias, pelo comprimento total da manifestação.
Tais correções e reparos podem ser obtidos por emprego de telas
soldadas descritas por Medeiros e Franco (1999), que contemplam a interface
de parede-estrutura, parede-parede e componente-parede.

129
5 RESULTADOS E ANÁLISES

A partir desse momento o estudo descreve e analisa os resultados dos


estudos das fachadas de edifícios realizados no município de Pato Branco –
Paraná. Considerando que o objetivo principal desta dissertação, pressupõe
elaborar diretrizes para projetos de fachadas com vistas à durabilidade de
edifícios residenciais construídos com sistema dito tradicional.
Para tanto, desenvolveram-se estudos de caso, cuja metodologia foi
apresentada e discutida anteriormente, com base na revisão de literatura.
Para a construção do levantamento de dados dos estudos de caso,
primeiramente foi elaborado um roteiro de como as informações seriam
catalogadas e sistematizadas, para tanto o roteiro foi testado num edifício com
diversas formas e gravidades de patologias nas suas fachadas, de modo que o
roteiro foi por diversas vezes adaptado e complementado com informações,
sendo assim, resultou na planilha “roteiro para levantamento de dados nos
edifícios” e na figura “interfaces de análise”, ambos constantes na
metodologia de pesquisa.
A escolha dos oito edifícios para serem estudos de caso deu-se pela
composição das seguintes razões: quantidade de patologia existente nas
fachadas, facilidade de acessibilidade para realização dos levantamentos de
dados, facilidade na obtenção de informações relativas ao histórico das
manutenções realizadas, facilidade de acesso às informações dos projetos
arquitetônicos.

Os oito estudos de caso envolveram quatro etapas principais:

• Avaliação técnica através da análise das interfaces, obtendo-se:


a) Determinação da existência e da gravidade do problema
patológico
b) Definição da extensão e do alcance do problema
c) Caracterização dos materiais e da patologia
Utilização dos sentidos humanos
Utilização de instrumentos
• Registro dos resultados da vistoria realizada no local através do roteiro
de levantamento de dados;
• Avaliação das entrevistas com síndico;
• Avaliação das entrevistas com projetistas – arquitetos.

Deste modo, neste capítulo são apresentados: diagnósticos da situação


por tipo de manifestação patológica encontrada nas fachadas dos edifícios, e
seu cruzamento com as informações obtidas dos projetos, de modo a propor
diretrizes de elaboração de projetos com vistas à durabilidade, qualidade e
estética de fachadas. Neste sentido, a seguir estão descritos na Figura 33 os
passos das análises e procedimentos.

131
OE O OE O
RA PD
I Ã PD
I Ã RA
OAD TES Ç TES Ç OAD
A A

estudos de caso foi definida a partir do objetivo geral desta pesquisa, deste
Caracterização da tipologia construtivas dos

modo, a composição dos edifícios é toda em sistema construtivo de concreto


armado e alvenaria de vedação, além das especificidades constantes no
A configuração da tipologia construtiva dos edifícios escolhidos para os
PH PH
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OT D OT D
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FIGURA 32 – Organograma de Análises e recomendações.


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quadro 2, a seguir ilustrado.


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I CE G CE G NO
I
L NG
I E NG
I E L
A D A D
QUADRO 2 – Caracterização do sistema e subsistemas construtivos das fachadas

Tipologia dos componentes do Ed.1 Ed.2 Ed.3 Ed.4 Ed.5 Ed.6 Ed.7 Ed.8
edifício
Idade dos edifícios (em anos) 8 8 8 6 6 7 8 6
Número de pavimentos 5 4 4 4 4 4 4 4
Estrutura de concreto armado X X X X X X X X
Alvenaria de vedação X X X X X X X X
Esquadrias de alumínio X X X X X X X X
Sem sacadas - X X X X - - -
Com sacadas - peitoris de alvenaria, X - - - - - - -
h= 90 cm.
Com sacada - peitoris de ferro, h = - - - - - X X X
100 cm.
Pingadeiras das sacadas com X - - - - - - -
cerâmica
Peitoris das janelas sem pingadeiras. X X X X X X X X
Peitoris das janelas com pingadeiras - - - - - X X X
de granito nos peitoris.
Muros e paredes sem rufos e cimalhas X X X X X X X X
Muros e paredes com pingadeiras de - - - - X X X X
granito.
Telhados em fibrocimento embutidos X X X X X X X X
na platibanda
Terraço na laje de cobertura do X X - - - - X -
pavimento térreo
Terraço na laje de cobertura do último X X X - - - - -
pavimento
Tipo de pintura predominante nas T.A.15 T.A. T.A. T.A. T.A. T.A. T.A. T.A.
fachadas

As limitações da pesquisa de campo para efetuar os registros


fotográficos e levantamentos de dados, ficam por conta da falta de
acessibilidade nos locais mais altos das fachadas, e nas fachadas de fundo e

133208

15
T.A. pintura com textura acrílica.

133
lateral, por haver necessidade de acessar os lotes adjacentes, ou por vezes já
havia edificações e era necessário acessá-las.
Outras limitações ficam por conta de dificuldades de obter critérios
técnicos dos revestimentos das pinturas e argamassas de revestimentos
aplicadas, assim só foram reconhecidas as características observadas pela
visão do observador.

5.1.1 Procedimentos de Manutenção e Conservação das


Fachadas.

O histórico destes procedimentos foi obtido a partir das informações


coletadas com o roteiro do apêndice 2 e está agrupado de duas formas
distintas, a primeira dando uma panorama geral e em seguida em descrições
de cada edifício.
• Para 100% dos síndicos dos edifícios pesquisados, não há
qualquer tipo de preocupação sistêmica de avaliar as condições
de pós-ocupação dos edifícios, quer seja das áreas coletivas, ou
das áreas privadas.
• Para os procedimentos de manutenção dos edifícios e em
especial das fachadas em 64% dos edifícios são contratados os
operários sem haver previamente um diagnostico e um plano de
ação para efetuar a recuperação, isto implica em não existirem
documentações técnicas e legais sobre os procedimentos.
• As reclamações de usuários em 64% dos edifícios foram objetos
de convocações de reuniões de condomínio para desencadear
procedimentos de manutenção, e encontram-se registrados nos
livros ata. No entanto, em apenas 8%, houve clara definição por
parte dos síndicos de quando surgiram as primeiras
manifestações patológicas, tipos e formas.
• Para 24% dos edifícios as patologias se mostraram reincidentes
após uma ou mais intervenções de manutenção mal sucedidas.

134
• Em 50% dos edifícios houve percepções de que em trincas e
rachaduras a presença de umidade ampliava o problema
patológico.

5.1.1.1 Manutenções ocorridas nas fachadas dos edifícios

Através do contato com os síndicos dos respectivos edifícios pode-se


fazer um levantamento dos procedimentos de manutenção que já ocorreram
em cada um deles e se percebeu o desejo de realizar diversos outros
procedimentos a partir de demandas dos usuários. Neste sentido, pode-se
constatar então que em alguns deles ainda não foram feitos quaisquer tipos de
intervenção de manutenção, como é o caso dos edifícios 6 e 8, enquanto que
os outros já sofreram procedimentos de correção, correções estas sempre
motivadas pela demanda dos usuários, pelo constrangimento psicológico
proporcionado por problemas.
As correções se deram, quer seja acionando o empreendedor
incorporador, quer seja por contratação direta de mão de obra, como veremos
a seguir:

Edifício 1 - Os procedimentos de manutenção foram:

Foi uma constante neste edifício a tentativa de correção das infiltrações


da laje do terraço para os apartamentos do último andar.
• Após três anos da conclusão da obra foi feita contratação de engenheiro
civil para diagnosticar e especificar os procedimentos de correções de
fissuras, trincas e rachaduras nas alvenarias e concreto armado nas
extremas das platibandas, com repintura do local.
• Dois anos após a primeira intervenção, foram feitas correções nas
mesmas platibandas em face do ressurgimento das patologias e refeita
a pintura de todas as fachadas, cinco anos após a conclusão da obra,
nas mesmas cores da pintura original, em face do desbotamento que
havia.
• Três anos após o 2º conserto, foram refeitas as correções nas
platibandas e repintadas, como podemos observar na fotografia 1.

135
FOTOGRAFIA 1 – Recuperação da patologia causada pela dilatação térmica da laje de
cobertura.

• A última intervenção de manutenção neste edifício foi feita


objetivando sanar os eternos problemas de infiltração na laje do
último pavimento – terraço. Para tanto foi desativado o terraço e
churrasqueira coletiva sendo construído telhado de fibrocimento e
colocado revestimento em partes das paredes das platibandas com
rufo metálico.

Edifício 2 e 3 - Os procedimentos de manutenção foram:


• Após dois anos da conclusão da obra foi acionada a empresa
executora a proceder as correções de fissuras, trincas e rachaduras
nas alvenarias e concreto armado localizados no topo dos dois
edifícios conforme fotografia 2, onde havia as seguintes patologias:
o Na laje de cobertura do terraço havia trincas vistas a partir do
apartamento de cobertura que continuam existindo e como
conseqüência ocorre infiltração de água.
o Comprometimento por trincas e rachaduras da interface entre
laje de cobertura e base das paredes das platibandas e das
extremas das platibandas.

136
Os procedimentos corretivos foram: refazer o revestimento do emboço
entre a laje e a parede conforme visto na fotografia 2 e pintura com emulsão
asfáltica da laje do terraço. Este procedimento foi repetido no edifício 2, onde a
laje de cobertura das lojas do pavimento térreo apresentavam as mesmas
características patológicas.

FOTOGRAFIA 2 - Recuperação parcial da patologia causada pela dilatação térmica da laje


de cobertura.

Edifício 4 e 5 - Os procedimentos de manutenção foram:


• Após quatro anos da conclusão da obra, foram feitos procedimentos,
em ambos os edifícios, de vedações das fissuras do revestimento
externo por meio de resina de silicone conforme demonstra a
fotografia 3. As incidências destas fissuras se concentram em maior
quantidade junto aos vãos de janelas, notadamente por ausência de
contraverga; na interface das alvenarias com as vigas dos
pavimentos superiores devido a procedimentos incorretos de
encunhamento e ao longo das paredes com características descritas

137
por Cincotto (1988) como fissuras mapeadas, por se apresentarem
de forma variada e se distribuírem por toda a superfície.

FOTOGRAFIA 3 – Recuperação das fissuras na fachada sul do Edifício 4.

Edifício 6 :
• Nesta edificação não houve até o momento da pesquisa, segundo o
sindico, proprietário do edifício, qualquer procedimento de
manutenção, no entanto, foram listadas por ele durante a entrevista,
diversas necessidades de reparos que devem ser efetuados em curto
prazo, os quais são coincidentes com as patologias encontradas no
edifício e que estão descritos a partir do item 5.2.

138
FOTOGRAFIA 4 – Sintomas patológicos da fachada sul – Edifício 6

Edifício 7 - Os procedimentos de manutenção foram:


• Os problemas patológicos que sofreram intervenção até o momento
foram nas vedações externas, nas interfaces entre as alvenarias e as
vigas superiores na posição de encunhamento, por colocação de
resina de silicone nas fissuras e trincas, conforme observado na
fotografia 5, como também houve procedimentos de recuperação nas
trincas existentes no encontro das alvenarias com alguns pilares,
principalmente onde há vigas em balanço. Finalmente, houve
recuperações das fissuras mapeadas dos revestimentos de
argamassa no corpo das alvenarias, como ocorreu nos edifícios 4 e
5.

139
FOTOGRAFIA 5 – Fissuras e trincas na fachada sul do Edifício 7

Edifício 8 :
Neste edifício, como no edifício 6, não houve procedimentos de
manutenção, no entanto, foram listados pelo sindico diversos pontos que
sofrerão reparos em face das patologias existentes.

FOTOGRAFIA 6 – Fissuras e trincas na fachada sul do Edifício 7

140
A seguir é apresentado um quadro onde se tem percepção da totalidade
de manutenções efetuadas nos edifícios analisados.

QUADRO 3 - Quadro geral das manutenções realizadas nos oito edifícios.

Ed.1 Ed.2 Ed.3 Ed.4 Ed.5 Ed.6 Ed.7 Ed.8


Nenhuma ação de manutenção X X
Manutenção sem reaparecimento da X X
patologia
Manutenção com reaparecimento da X X X X X
patologia
Constatada a manifestação patológica, X X X X X X X X
mas sem ações de manutenção.

As limitações técnicas para análise desta fase da pesquisa se deram à


medida que em nenhum dos casos dos procedimentos de correção das
patologias foi feito qualquer tipo de registro, visto que em poucos casos houve
soluções técnicas por profissionais habilitados – engenheiro e/ou arquiteto -,
pois a grande maioria foi por decisão empírica de operários.

5.1.2 Procedimentos de projetos arquitetônicos para a


edificação dos edifícios

Os levantamentos relativos aos projetos arquitetônicos e aos elementos


gráficos e descritivos foram efetuados para todos os edifícios analisados. Para
isto foram realizadas visitas exploratórias junto aos diversos autores –
arquitetos - da cidade, a fim de obter além destas informações, outras, para
que pudéssemos compreender como e de que maneira a variável “durabilidade
do edifício e das fachadas” foi contemplada na elaboração destes projetos e
como estes profissionais procedem atualmente para alcançar este objetivo.
Nesta etapa da pesquisa foram aplicados os questionários descritos nos
procedimentos e constantes no anexo, sendo que podemos estruturar as
análises deste tema com a estrutura do roteiro do apêndice 3 e complementada
com mais três partes: os elementos gráficos disponíveis nos projetos, as
opiniões dos autores e a memória de como foi construído o edifício, as built.

141
A aplicação do roteiro de entrevista com os autores dos projetos
apresentou algumas particularidades, a saber:

QUADRO 4 – Conceitos e concepção para a durabilidade das fachadas.

METODOLOGIA EMPREGADA
Em geral os projetistas arquitetônicos têm noções de durabilidade, mesmo não tendo
conceitos claros sobre o tema, mesmo por que os conceitos sobre este tema são
importados da área de concreto definidos por RILEM.
As tomadas de decisões de projeto sempre foram tomadas isoladamente, quer seja, tanto
para o projeto arquitetônico como nos projetos complementares, sem haver uma
coordenação central de projetos, e para autores como, Silva et al (2003), Tzortzopoulos
(1999) a coordenação é um meio para construtibilidade e esta para a racionalização e
durabilidade.
Não há processos claros de aferições de quando o projeto está concluído e nem como é
priorizado nas decisões de projeto.
Em geral as compatibilizações físico-químico dos materiais e componentes construtivos
são entregues às decisões de obra.
Em geral não é percebida a existência das preocupações de ordem das futuras
intervenções de manutenção e reposição de componentes.
PARTICIPAÇÃO DO PROJETISTA NA EXECUÇÃO DA OBRA
A participação do projetista ficava limitada a participações esporádicas quando havia
empresa construtora, e permanente quando o projetista era responsável pelos processos
executivos, e raramente era requisitada a presença de outro projetista dos subsistemas.
Em geral todos os projetos sofreram algum tipo de modificação do planejamento inicial, em
especial por falta de informações de projeto e especificações.

5.1.2.1 Elementos gráficos de projetos

As informações que serviram de elementos e diretrizes para a


construção foram constituídas basicamente de:
• Memoriais descritivos que assumiram funções de pro forma de
requisitos legais que em alguns casos chegaram às mãos dos
clientes – usuários, no entanto, nas descrições havia omissões de
procedimentos construtivos de desempenho dos produtos por haver
especificações do tipo, produto tal ou “similar”.

142
• Projetos arquitetônicos em pranchas grandes de difícil manuseio,
principalmente em obra, com plantas baixas dos diversos
pavimentos, dois a quatros secções de cortes, duas fachadas,
plantas de situação e localização e informações legais. Foram
observadas falhas similares entre eles, tais como:

a) Pouquíssimos detalhes construtivos de pormenorização para


compatibilização dos diferentes materiais.
1. Falta de locação dos eixos estruturais, uma
vez que não havia outro desenho para
encaminhar os projetistas das estruturas.
2. Falta de especificações de níveis
3. Falta de especificações nas planta, corte e
fachadas. Sendo que estas últimas eram
apenas elementos gráficos de composição da
volumetria arquitetônica, não havendo em
nenhum momento qualquer tipo de
especificação nas pranchas bem como nos
memoriais relativos aos procedimentos
construtivos dos revestimentos delas.

5.1.2.2 Opinião dos Projetistas

Os autores dos projetos ao serem argüidos em relação às preocupações


de durabilidade das fachadas na fase de projeto foram unânimes em afirmar
que isto é relevante e muito importante e deve sim ser um fator a ser
considerado no projeto, no entanto, observou-se que as preocupações estão
centradas em duas variáveis básicas; composição dos espaços e estética. A
durabilidade das fachadas é uma variável tratada de forma desestrutura e sem
uma metodologia clara de ação, pois se limitam a especificar cores, rufos,
pingadeiras, revestimentos cerâmicos – peças cerâmicas como pastilhas.

143
5.1.2.3 As built

Os levantamentos junto aos síndicos identificaram que 3 edifícios não


dispunham de quaisquer tipos de projetos arquivados, enquanto que nos outros
foram encontrados arquivados os projetos legais e projetos utilizados quando
ocorreu a execução da obra, os quais se encontram em péssimo estado de
conservação e com muita dificuldade de manuseio, além de incompletos. Os
procedimentos de manutenção interna das unidades privadas não foram
objetos desta, no entanto os síndicos argumentam da necessidade de haver
projetos atualizados nas dependências da administração do condomínio.
Como relação aos projetos atualizados, os ditos as built no meio técnico,
em nenhum dos casos houve a preocupação dos projetistas ou proprietários na
realização dos elementos gráficos, por mais que em todos os edifícios houve
alterações em relação aos projetos originais. As justificativas por parte dos
projetistas foram de ordem técnica por não trabalharem ainda com o sistema
CAD quando concluiu a obra e por não haver interesse do cliente.

5.2 Resultados e Análise das Patologias

Pode-se assegurar que as patologias geradas nas estruturas e vedações


não têm apenas uma causa, mas diversas que, via de regra, agem associadas
e proporcionam uma degradação acelerada dos componentes dos edifícios
principalmente quando os agentes de degradação ambiental são mais intensos
e cíclicos.
A apresentação do quadro geral de todas as patologias em todos os
edifícios juntamente com a sistematização dos dados do mapa mental, nos
permite dar início e aprofundar a compreensão dos resultados obtidos na
pesquisa.
Primeiramente é importante observar que a coleta de dados buscou, de
forma criteriosa, identificar cada tipo de patologia de fachada, onde se
encontrava seu grau de reincidência e sua gravidade, por meio de roteiros
definidos previamente. Os dados obtidos estão sistematizados em valores
absolutos de cada tipo de patologia, ou seja, contados um a um numa ordem

144
numérica como estará exposto nos gráficos a seguir, nos dando uma
interpretação parcial do comportamento das patologias, no entanto, somar-se-á
a isto a composição com a área em metros quadrados que elas afetam nos
permitindo compreender melhor a importância que tomará a patologia em
termos de custo e recuperação.
Com as análises de cada tipo de patologia e com o devido diagnóstico e
prognóstico de conduta, têm-se condições de estabelecer a relevância que as
patologias assumem. Para, em seguida, se definirem os procedimentos tanto
de manutenções programadas cíclicas, para restabelecer a queda de
desempenho natural pelo envelhecimento das fachadas, como também para
subsidiar aos projetistas informações que permitam num processo de
planejamento de projeto, de execução de obras e avaliação pós-ocupação do
ambiente de uso, a melhor compreensão dos pontos mais críticos e sensíveis
das fachadas dos edifícios.
Desse modo, possibilita-se a reordenação e acrescentam-se nas
variáveis que influenciam as decisões arquitetônicas de projeto, dados
relevantes relativos à degradação, componentes de fachadas e seus agentes
agressores, de modo que novos projetos sejam sensivelmente melhorados sob
a ótica da durabilidade do conjunto das fachadas.
A seguir apresenta-se na tabela 6, o cenário geral das patologias
diagnosticadas nos edifícios estudados. Apresenta-se a tabela com todos os
edifícios e por cada tipo de manifestação patológica identificada.
Preliminarmente observa-se que há diferenças significativas no número de
patologias de prédio para prédio, mesmo que estes possuam idades
semelhantes. Portanto, os aprofundamentos nos pormenores das interfaces
dos elementos de fachada, e nos detalhamentos, indicam claramente as
causas. E é neste intuito, de compreender estes fenômenos, que foram
investigados 8 edifícios, cada um sistematizado com 4 fachadas e em cada
fachada 13 pontos predeterminados, o que corresponde a 216 pontos
genéricos ou interfaces mapeados, que foram registrados em planilhas do
programa excel.

145
TABELA 6 – Ocorrências das patologias por intensidade e por edifício.

Onde ocorre a Q
patologia edif.1 edif.2 edif.3 edif.4 edif.5 edif.6 edif.7 edif.8 GERAL %
Pintura 1166 1237 1130 911 389 911 566 497 6806 80
Argamassa 205 255 193 180 87 117 115 68 1220 14
Cerâmica 163 49 0 0 0 45 101 44 402 5
Concreto armado 40 28 6 2 76 1
Q GERAL 1534 1581 1323 1091 476 1073 782 609 8504 100
% 18 19 16 13 6 13 9 7 100

A partir da tabela 7 os dados tornam-se mais relevantes por serem


quantificados pela área de interferência de cada patologia podendo assim ser
comparados aos dados da tabela 6 e ter uma expectativa financeira dos custos
de recuperação, se compreendidas adequadamente as diversas gravidades de
patologias que ocorrem dentro de cada tipo patológico identificado.

TABELA 7 – Ocorrências das patologias por área (m2) e por edifício.

Onde ocorre a Q
patologia edif.1 edif.2 edif.3 edif.4 edif.5 edif.6 edif.7 edif.8 GERAL %
Pintura 275 284 257 189 102 320 135 165 1731 70
Argamassa 91 115 85 75 55 53 55 45 573 23
Cerâmica 28 15 0 0 0 15 41 12 111 5
concreto armado 0 23 18 0 0 4 0 2 47 2
Q GERAL 395 436 359 264 158 393 231 223 2461 100
% 16 18 15 11 6 16 9 9 100

As comparações expressas na tabela 7 com o gráfico 3, mostram


claramente que os edifícios 1, 2, 3 e 6 são juntos responsáveis por 62 % de
todas as patologias e que, preliminarmente, as patologias em pinturas são as
grandes responsáveis por elevarem as áreas afetadas, seguidas pelas
patologias em argamassa.

146
CENÁRIO GERAL DAS PATOLOGIAS

500

450 436

395 393
QUANTIDADE ( m2 e percentagem) 400
359
350

300
264
área(m2)
250 231 223 %

200
158
150

100

50
16 18 15 11 16 9
6 9
0
edif.1 edif.2 edif.3 edif.4 edif.5 edif.6 edif.7 edif.8
Edifícos analisados

GRÁFICO 3 – Incidência pelos tipos de patologias encontradas.

Para melhor entendimento, o gráfico 4 detalha o cenário geral por tipos


de patologias encontradas nos edifícios estudados, revelando que as pinturas
se mostraram sensivelmente mais afetadas, perdendo sua capacidade de
proteção à base e ao interior, aos ataques por fungos e comprometendo a
estética dos edifícios. As demais patologias são em menor número, mas não
menor em relevância, pois assumem dimensões significativas e de difícil
tratamento, quer seja pelas dificuldades de acesso, quer seja pelos problemas
congênitos que as geraram e que inexoravelmente devem, num processo de
retroalimentação, serem sanadas a partir do projeto arquitetônico, quer seja em
nível de concepção espacial das plantas, das volumetrias das fachadas ou em
nível de detalhamentos construtivos.

147
CENÁRIO GERAL DAS PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS

9000
8501

QUANTIDADE (valores absolutos, por m2 e percentagem)


8000

7000 6803

6000

val. abs
5000
área(m2)

4000 %

3000
2461

2000 1731
1220
1000
573
402
70 23 111 5 76 47 2 100
0
pintura argamassa cerâmica concreto armado Q GERAL
patologias encontradas

GRÁFICO 4 – Cenário geral das patologias encontradas (por tipo de patologia)

5.2.1 Patologia em Pinturas

Sabendo-se que as patologias em pintura são geradas pelos agentes de


degradação ambientais que são: radiação ultra-violeta, temperatura, ciclos
térmicos, oxigênio e ozônio, a caracterização dos tipos de manifestações se
deu a partir de Cincotto (1988), e através da empresa de tintas Suvinil no site:
http://suvinil.com.br . As caracterizações dos revestimentos em pinturas das
fachadas dos edifícios pesquisados são em 100% delas revestidas em textura
acrílica aplicadas sobre emboço desempenado sem qualquer tipo de junta de
trabalho. Em três deles a textura é de baixo relevo enquanto que nos demais é
de médio relevo não sendo possível caracterizar as marcas e composições das
tintas que compõem as pinturas, sabe-se, no entanto, que esta prática de
pintura é bastante difundida entre os engenheiros civis e arquitetos pelo fato de
serem revestimentos de baixo custo.

148
5.2.1.1 Freqüência da ocorrência das patologias em
pintura

As patologias na pintura se configuram como as mais expressivas de


todos os tipos de patologia, chegando à marca de 80% em valores absolutos e
72% da área afetada, de todas as patologias diagnosticadas conforme se
observa no gráfico 4 e tabela 7, além de estarem dispersas em todos os
edifícios conforme gráfico 5. As freqüências ocorrem em 100% das fachadas e
ao mesmo tempo, estão distribuídas ao longo de cada uma delas variando a
intensidade, as áreas atingidas e ou tipo, ou seja, há patologias nas pinturas
por quase a totalidade de cada fachada ainda que de forma pouco relevante,
se comparadas com outros tipos de manifestações patológicas a serem
descritas a seguir, as quais comprometem a habitabilidade e a segurança
estrutural dos edifícios, mas extremamente importantes no aspecto estético e
na proteção do emboço.
Os edifícios mais afetados são; 1, 2, 3, 4 e 6 conforme gráfico 5, que
juntos correspondem por 70% deste tipo de patologia, e a quantidade de área
afetada representa em torno de 1870 (um mil oitocentos e setenta) metros
quadrados, conforme gráficos 4 e 5.

149
GRÁFICO 5 – Caracterização geral das patologias em pintura nos edifícios

Para melhor compreender a ocorrência patológica e extrair subsídios de


como os materiais, em especial as pinturas, reagem frente aos agentes de
degradação ambientais - agentes químicos, físicos - é relevante comparar as
ocorrências em função das suas orientações solares das fachadas. Ao
observar no quadro 6 a ocorrência das patologia em função das fachadas e
suas orientações solares, percebe-se que a fachada sul com 35% das
incidências patologias em pintura, é a mais debilitada de todas, inclusive
quando comparadas as áreas degradadas, as quais nesta fachada chegam a
646 (seiscentos e quarenta e sete) metros quadrados de área comprometida,
tais áreas foram quantificadas de acordo com os procedimentos descritos no
item 4.2.4.1 da metodologia de pesquisa.

150
PATOLOGIA NA PINTURA POR OCORRÊNCIA EM FACHADA

3000

QUANTIDADE (valores absolutos, por m2 e percentagem)

2500 2381

2000

1555 val. abs


1470 área(m2)
1500 1398
%

1000

610

500 384 343 392

35 22 20 23
0
F-SUL F-NORTE F-LESTE F-OESTE
ORIENTAÇÃO SOLAR DA FACHADA

GRÁFICO 6 – Ocorrência das patologias em cada fachada

5.2.1.2 Intensidade e gravidade das patologias em


pintura.

A intensidade de manifestações das patologias em pinturas pode ser


mais significativa em determinados locais das fachadas do que em relação a
outros. Neste sentido, os locais mais suscetíveis à infiltração de água são os
mais vulneráveis a sofrerem degradação prematura, como: áreas das
alvenarias ao redor das aberturas de janelas, das portas, topo de paredes,
sacadas, e lajes planas expostas. Neste trabalho a identificação mostra as
manifestações patológicas “onde” elas ocorrem, com isto demonstra a
intensidade e o “tipo” de ocorrência e a gravidade das patologias.

a) Distribuição das patologias pelo local onde ocorrem ao longo das


fachadas:

151
De posse do quadro 1, da metodologia de pesquisa, os dados foram
catalogados, sistematizados e demonstrados no gráfico 7.

GRÁFICO 7 – Patologias pelo local das trinta e duas fachadas dos oito edifícios. (a)

As patologias estruturadas e expressas a partir da posição da ocorrência


nas fachadas, conforme gráfico 7, permitem identificar as facilidades ou
dificuldades de realizar os procedimentos de manutenções, e mais
especificamente, demonstrar como os agentes de degradação ou componentes
de fachada com falhas de projeto e ou de erros construtivos, causaram o
surgimento das patologias. Diante disto, foi observado em todos os pontos de
todos os edifícios que os locais mais afetados, com maior número de
problemas na pintura em valores absolutos, foram os pontos A1, D, E, F, G, J e
L, todos com mais de 400 (quatrocentos) locais afetados. Quando se observa o
gráfico 8, comparam-se as intensidades das ocorrências em área - metros
quadrados - os locais afetados e os pontos D, E, F, e G com valores acima de
150 (cento e cinqüenta) metros.

a.1) Análises e considerações específicas sobre alguns pontos:

152
• A1 - platibanda – neste ponto as patologias estão concentradas em
manifestações de manchas de bolor por fungos e sujeiras provenientes
da atmosfera, com aspectos de escorrimento no sentido descendente,
especialmente nos edifícios 1, 2 e 3. Isto se deve à presença constante
de umidade e partículas de sujeiras, proveniente da atmosfera,
depositadas sobre o topo das paredes que compõem a platibanda, e
pela ausência de proteção, no topo das mesmas, por cimalhas ou rufos,
que não afastando o fluxo de água das paredes, protegendo-as,
acontece o efeito escorrimento da sujeira no sentido descendente.
• D – corpo das paredes – neste ponto as patologias, em grande parte,
são decorrentes das fissuras e trincas ocasionadas no substrato -
argamassa – que por decorrência acabam por atingir as pinturas
propiciando a infiltração de água. Outro fator relevante observado foi a
grande quantidade de manchas de fungos e sujeiras, provenientes da
atmosfera, impregnados nestas áreas.
• E – encontro das paredes com o solo – esta ocorrência se mostrou mais
significativa nas partes dos edifícios onde há áreas de piso pavimentado
- acesso de veículos e pavimento térreo em pilotis - que por efeito de
respingo das águas das chuvas e de limpeza, como por umidade
proveniente do solo pela capilaridade dos materiais, comprometem as
pinturas quer seja por desbotamento, por impregnação de sujeira sobre
a pintura e manifestações por bolhas e destacamentos pela má
execução dos serviços de impermeabilização das vigas de respaldo.
• G - áreas das alvenarias abaixo da posição das janelas – na parte
inferior das janelas é normal encontrar grandes quantidade de poeira
depositadas, provenientes da atmosfera. Foram observados nos estudos
de caso e representados no gráfico 7, grande intensidade de sujeira
neste locais e que pela ação do fluxo das águas das chuvas,
escorreram nas fachadas, no entanto ao observar o gráfico 8, nota-se
que estão concentradas por representarem 8% da quantidade de
patologias, com isto, é relevante notar na fotografia 4 tal intensidade e
no item b, a seguir os tipos de manifestações.

153
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA PINTURA AO LONGO DAS FACHADAS

250

215

200 194 195


INTENSIDADE ( Percentagem)

160

150 145 141 143


127
área(m2)
114
%
97
100
81

61
55
50

8 9 12 11 8 11
7 8 5 7 6
4 3
0
A A1 B B1 C D E F G H I J L
LOCAIS ANALISADOS

GRÁFICO 8 – Patologias pelo local das trinta e duas fachadas dos oito edifícios. (b)

FOTOGRAFIA 7 – Fotografia da fachada norte do edifício II demonstrando o ponto G


(pingadeira).

154
b) Manifestações por tipo de patologias nas fachadas

Estas manifestações assumem diversos tipos, a saber: vesículas,


bolhas, crateras, desagregamentos, destacamentos, eflorescências,
enrugamentos, sujeiras pela poluição atmosférica, saponificações, fissuras,
diferenças de tonalidade e manchas por fungos. Os resultados do gráfico 9,
demonstram que os tipos mais expressivos são: sujeiras provenientes da
poluição atmosférica, saponificações, fissuras, diferenças de tonalidade e as
manchas por fungos – bolor-, e que juntas representam 70% dos problemas
encontrados.

PATOLOGIAS POR TIPO DO OCORRÊNCIA NA PINTURA


QUANTIDADE (valores absolutos, por m2 e percentagem)

8000

6803
7000

6000

5000

val. abs.
4000 área(m2)
%
3000
2029

1729
1696

2000

1409
820

1000
593

445

311

257
179

143
137
130

102

100
66
58
59

30

25
18

21
10
16

11

13
12

11

12
7

7
2
0

0
s

as

to

to

AL
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ão

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la

go
os
ci

ur

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en
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bo

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m
am

ic

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sc

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al

G
rf
cr

f
ve

ni

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ac
eg

na
re

po

Q
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po
lo

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st
gr

pr

ra
en

as
ef

sa
de

di
sa

su
ira

ch
de

fis
je

an
su

PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS

GRÁFICO 9 – Manifestações patológicas em pintura quanto ao tipo e área envolvente.

b.1) Análises e considerações específicas sobre algumas destas


manifestações:

• Sujeiras provenientes da poluição atmosférica: com relação à


quantidade, estão em todos os planos verticais das vedações externas,
sendo que houve maior intensidade e gravidade de ocorrência nas

155
paredes inferiores das esquadrias – peitoris -, assim como nas paredes
inferiores ao topo dos edifícios – platibandas – pois as sujeiras
depositadas nos planos horizontais foram carreadas pelos fluxos de
água da chuva na posição descendente, formando manchas e filetes
escuros escorridos a partir do topo. Cabe ressaltar que as sujeiras
provenientes da atmosfera são mais significativas quanto à densidade
nos edifícios 2, 3, 4 e 5.

I. Sujeiras provenientes pelos usuários foram observadas


com grande freqüência no pavimento térreo do edifício 2,
onde as pinturas das paredes até aproximadamente 2,0
metros estão completamente deterioradas, conforme visto
na fotografia 8.

FOTOGRAFIA 8 – Foto da fachada oeste do edifício II demonstrando o ponto E – encontro


da parede com o solo.

156
• Fissuras na pintura: estas fissuras foram constatadas sempre que
houve um processo de fissuras, trincas ou rachaduras no seu substrato,
bem como quando ocorrem de forma isolada apenas neste elemento.
Neste sentido observou-se que quase a totalidade das patologias foi
gerada a partir de patologias do substrato onde, pela ausência de
elasticidade da pintura, houve o surgimento das fissuras por diversas
formas, as quais serão descritas nas patologias por argamassa e
alvenarias.

FOTOGRAFIA 9 – Foto da fachada sul do edifício II demonstrando o ponto G (pingadeira) e


F (verga).

• Diferença de tonalidade, desbotamento: A incidência da luz solar nas


superfícies fez com que a durabilidade e vida útil das cores das tintas
fossem alteradas provocando diferenças de tonalidade. Esta patologia
foi observada em todos os edifícios, no entanto, os casos de maior
relevância foram observados no edifício 1.

157
• Manchas por fungos – bolor: as manchas se manifestaram com
grande intensidade nas áreas onde havia a presença de umidade por
capilaridade e ou infiltração, neste sentido, foram as partes dos edifícios
desprovidas de proteções adequadas, como no caso das proximidades
das áreas que sofreram, conforme fotografia 9.
Outros fatores relevantes para o surgimento de sujeiras nas fachadas foram
aplicações inadequadas de revestimento.

5.2.1.3 Análises dos resultados das patologias com


possibilidades de serem sanadas em nível de
projeto arquitetônico.

As patologias estruturadas e expressas a partir da orientação solar


conforme gráfico 6, por pontos de incidência conforme gráfico 7, e os tipos de
incidência conforme gráfico 8, permitem compreender como os agentes de
degradação ambientais estão atuando sobre as fachadas e como os materiais
e componentes estão se comportando. Na medida em que devidamente
compreendidos, são altamente relevantes para elaboração e especificações de
projetos quer seja em nível de concepção espacial das plantas, das volumetrias
das fachadas quer seja em nível de detalhamentos construtivos, com vistas à
durabilidade dos componentes e elementos de fachada.
Portanto foram extraídos subsídios relativos à:

a) Rufos
Os pontos de coletas de informações através do quadro 1, identificaram
os pontos A, e B, como sendo os topos das paredes e muretas e que não
foram devidamente protegidos por cimalhas e rufos, resultando em 15%, das
manifestações patológicas na pintura, conforme gráfico 10.

158
PATOLOGIAS EM POR FALTA DE PINGADEIRA OU CIMALHAS

250

200 195
QUANTIDADE (m2 e percentagem)

150 141 143


127 área(m2)
%

100

50

7 8 8 11

0
A B G L
LOCAIS DA FALTA DOS COMPONENTES

GRÁFICO 10 – Manifestações patológicas por falta pingadeiras e cimalha.

Ao se observar os projetos – plantas, cortes, e fachadas - e suas


especificações e o cruzamento com as informações obtidas nos edifícios, foi
constatado o seguinte:
• No que diz respeito às especificações das secções de corte, em
alguns casos, era observada a existência de textos, dando conta
do tipo de material de proteção das paredes da platibanda com o
texto “rufo metálico”.
• Noutros casos não havia especificações de texto nem nos cortes,
nem nas plantas de cobertura, deixando por conta do processo
executivo as decisões, o que resultou em casos como este da
fotografia 10, onde ora há, ora não há proteções.

159
FOTOGRAFIA 10 - Fotografia do edifício 6, fachada sul.

b) Pingadeiras
Os pontos de coletas de informações através do quadro 1, identificaram
os pontos G, e L, como sendo os topos das paredes junto das janelas e
sacadas, e que não foram devidamente protegidas por pingadeiras resultando
em 19% das manifestações patológicas na pintura, conforme gráfico 10.
Ao se observar os projetos – plantas, cortes, e fachadas - e suas
especificações e o cruzamento com as informações obtidas nos edifícios, foi
constatado:
• Em nenhum dos casos houve de forma clara e explícita informações
para que pudessem ser utilizadas na construção, as pingadeiras e
cimalhas.
• Em muitos casos sequer existiam informações gráficas ou escritas sobre
estes componentes.
• Em três edifícios havia pingadeiras executadas nas janelas enquanto
que nos demais nada existia.

160
• As pingadeiras de sacadas, por não haver especificações, foram
improvisadas com cerâmicas, conforme fotografia 11.

FOTOGRAFIA 11 - Fotografia do edifício 6, fachada sul

c) Instalações hidráulicas
As observações da pesquisa dão conta também que outras patologias
em pintura poderiam ser resolvidas em nível de projeto, caso fossem tomadas
medidas para planejar as instalações hidráulicas de escoamento das águas
pluviais, como é o caso demonstrado na fotografia 12, onde o escoamento das
águas é feito diretamente ao exterior a partir das floreiras, e nas paredes junto
ao térreo, das águas de escoamento das sacadas.

161
FOTOGRAFIA 12 - Fotografia do edifício 8, fachada leste.

5.2.2 Patologias em Argamassa

Os levantamentos dos dados dos estudos de caso referentes às


patologias em revestimentos de argamassa foram estruturados a partir de
textos referenciais de Cincotto (1988), e Resende & Barros (2001), os quais
identificam as manifestações mais freqüentes que ocorrem nestes
revestimentos, inclusive suas causas mais prováveis e especificações de
materiais ideais para efetuar os procedimentos de reparo. Também foi utilizado
Santos Filho (2004), para caracterizar e classificar quanto à gravidade das
patologias, com nomenclatura que considera os tamanhos das aberturas como
referência. Portanto, apresentam-se fissuras com abertura de 0,5 mm, trincas
de 0,5 mm a 1,5 mm, rachaduras de 1,5 mm a 5 mm, fendas de 5 mm a 10 mm
e brechas com mais de 10 mm de abertura no revestimento.
Para enquadrar estas aberturas no quadro 1, quando ocorreu a pesquisa
de campo, foi elaborado um teste inicial para possibilitar que as observações
visuais a certa distância, pela inacessibilidade de aproximação ao objeto,

162
fossem possíveis de serem classificadas reduzindo a margem de erro.
Este teste se consistiu de:
a. Sem nenhuma distância do pesquisador ao objeto pesquisado
foram efetuadas as medições das dimensões das aberturas
com paquímetro, inclusive com registro fotográfico para
comparações futuras.
b. À distância de cinco metros do mesmo objeto o pesquisador
fez novo registro fotográfico.
c. À distância de dez metros do mesmo objeto o pesquisador fez
novo registro fotográfico.
d. À distância de quinze metros do mesmo objeto o pesquisador
fez novo registro fotográfico.
Assim, uma manifestação patológica quando analisada pela inspeção
visual assume dimensões e formas diferentes a cada distância diferente no
registro fotográfico digital, conforme enquadramento na tabela 8. Além disto,
para os casos duvidosos onde a fotografia não se mostrou confiável ou sem
visibilidade as distâncias dos registros foram reduzidas para aumentar a
precisão das informações.

TABELA 8 – Percepção visual das manifestações patológicas.

Distâncias em metros do observador a manifestação patológica da


fachada e forma de percepção da manifestação
Manifestação
patológica
0 5 10 15
Fissuras Fissura Fissura Sem Sem
visibilidade visibilidade
Trincas Trincas Trinca Fissura Sem
visibilidade /
Fissura
Rachadura Rachadura Rachadura Trinca Trinca

163
5.2.2.1 Freqüência da ocorrência das patologias nas
argamassas de revestimento.

As patologias em argamassa identificadas em todos os edifícios dos


estudos de caso correspondem a 14% de todas as ocorrências patológicas
encontradas quando comparadas em valores absolutos, e 23% quando
comparadas em área atingidas, o que corresponde a aproximadamente 573
(quinhentos e setenta e três) metros quadrados de área afetada e estão
espacialmente distribuídas nos edifícios conforme mostram as tabelas 6 e 7 e o
gráfico 11. A freqüência da ocorrência das patologias nos revestimento de
argamassa são mais expressivas nos edifícios 1, 2, 3 e 4, que correspondem
juntos a 64% das patologias constadas, ver gráfico 11. Como nas patologias
em pinturas, todas as fachadas de todos os edifícios são afetadas, e para
melhor compreender este fenômeno, está detalhado em local, intensidade, e
tipo, como se vê a seguir:

GRÁFICO 11 – Caracterização geral das patologias em argamassa nos edifícios.

164
Ao observar a ocorrência das manifestações patológicas nos
revestimentos em argamassa, por orientação solar das fachadas, de acordo
com o gráfico 12, nota-se que a fachada sul com 29% das ocorrências é a mais
afetada.
OCORRÊNCIA DAS PATOLOGIAS EM CADA FACHADA

400
372
QUANTIDADE (valores absolutos, por m2,percentagem)

350

303
300
294

247
250

val. abs
200
área(m2)
166
148 %
150 135
122

100

50
29 26 24
21

0
F-SUL F-NORTE F-LESTE F-OESTE
EDIFÍCIOS ANALISADOS

GRÁFICO 12 – Ocorrência das patologias em cada uma das fachadas.

5.2.2.2 Intensidade e gravidade das patologias em


argamassas

O grau de intensidade das patologias em argamassa pode ser


observado a partir do gráfico 11, e sua distribuição pelos locais de abrangência
no gráfico 13. Cabe enfatizar que nos projetos e memoriais construtivos
analisados não havia: especificações de traço de argamassa de assentamento
e de revestimento; detalhes construtivos; especificações e escolhas de
materiais; e métodos das técnicas construtivas a serem aplicadas, isto tudo
associada à ausência de manutenção dos revestimentos de fachadas são
fatores condicionantes para a ocorrência destas manifestações patológicas.

165
a. Distribuição das patologias no local onde ocorrem ao
longo das fachadas

De posse do quadro 1 da metodologia de pesquisa, os dados foram


catalogados, sistematizados e demonstrados no gráfico 13.

PATOLOGIA NA ARGAMASSA PELO LOCAL DA FACHADA

300

245
250
QUANTIDADE (valores absolutos, por m2)

200
147

146

val. abs.
142

150

133
área(m2)

126

120
%
101

100

75
74

71

68
64
42

41
50
40

38
38

32
29

18

15
13

12

13
12

7
5

6
1
1

1
0
0
0
0

0
A A1 B B1 C D E F G H I J L
PONTOS DE ANÁLISE PREVIAMENTE DEMARCADOS

GRÁFICO 13 – Patologias localizadas nas trinta e duas fachadas dos oito edifícios.

As patologias estruturadas e expressas a partir da posição da ocorrência


nas fachadas, conforme gráfico 13, são observadas em todos os pontos de
todos os edifícios e os locais mais afetados no revestimento de argamassa por
área foram os pontos B, B1, C, D, e G, todos com mais de 50 (cinqüenta)
metros quadrados afetados e somados, o que corresponde a 68% dos
problemas patológicos nos revestimentos de argamassas.

a.1) Análises e considerações específicas sobre alguns


destes pontos:

166
Para melhor compreender os dados anteriormente expostos, os mesmos
foram estruturados na tabela 8, assim é possível observá-los fazendo
cruzamento dos dados, ou seja, permitem cruzar tipos de patologias, suas
intensidades e onde ocorrem. Esses dados estão expressos no gráfico 14.

TABELA 9 – Ocorrências das patologias mais relevantes nos revestimentos de argamassa.

desc.com empolamento
fissuras div. direções

desc. pulverulência
fissuras horizontais

Percentagem (%)
trincas horizontal

zonas estufadas

desc. em placa
gretamento
rachadura
trincas

A 66 12 2 2 0 fenda 0 4 0 0 10 3 100
A1 77 10 2 3 2 3 0 1 0 0 3 100
B 73 7 9 4 1 1 0 1 0 1 1 100
B1 28 32 5 9 5 4 11 1 0 2 2 100
C 24 62 1 8 0 0 1 3 1 0 0 100
D 75 8 11 0 0 2 0 1 0 3 0 100
E 45 3 5 12 7 5 0 10 4 9 0 100
F 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
G 95 0 4 0 0 0 0 0 0 1 0 100
H 0 0 0 0 0 0 0 100 0 0 0 100
I 62 5 19 10 0 0 0 0 0 0 0 100
J 41 8 13 15 10 0 0 6 5 1 2 100
L 55 32 0 0 3 0 0 0 0 0 10 100

• B – Topo das muretas da platibanda – as patologias incidentes que


predominam no ponto B são fissuras em diversas direções, em 70% dos
topos das muretas destas platibandas estão sem proteção por cimalhas,
permitindo que a umidade das águas das chuvas seja absorvida por
capilaridade para o interior dos materiais – argamassa, tijolos e
concreto. A umidade associada a ciclos de calor também é responsável
pelas manifestações patológicas nas pinturas, como já foi descrito.
• B1 - Encontro da laje de cobertura com as muretas da platibanda –
neste ponto conforme tabela 8, é importante observar que a maioria das
incidências é por fissuras horizontais, que correspondem a 32% de

167
todas as patologias no revestimento neste ponto. Também há
manifestações por trincas, rachaduras e fendas, como podem ser visto
na fotografia 13. Essas são as mais preocupantes, pois põem em risco a
segurança dos usuários e provocam problemas decorrentes das
infiltrações de umidade pelas aberturas. A ocorrência da manifestação
dessa patologia é devido a movimentação estrutural por expansão
térmica da laje de cobertura dos edifícios 2 e 3.

FOTOGRAFIA 13 – Ponto B1 do edifício 2.

• C – encunhamento – as patologias decorrentes dos problemas de


encunhamento se manifestaram em fissuras e trincas horizontais e são
responsáveis por 70% dos problemas nesse ponto. As fissuras no
encunhamento são responsáveis pela infiltração de água das chuvas
para dentro dos ambientes internos dos edifícios. Caso significativo
deste problema foi observado no edifício 7.
• D – encontro entre pilares e alvenarias e alvenarias e emboço – as
patologias nas argamassas nesses locais, conforme expressa o gráfico
13, são responsáveis por 18% de todas as patologias nos revestimentos
de argamassa, e conseqüentemente, as fissuras em diversas direções
são responsáveis por 75% das ocorrências, não comprometendo a
estabilidade dos revestimentos em face das patologias ficarem restritas
ao emboço.

168
• G – encontro da janela com a alvenaria – esses locais são regiões de
concentração de tensões nas alvenarias e foi identificado na pesquisa
de campo que em todos os edifícios havia patologias dessa natureza,
conforme mostra a fotografia 14.

FOTOGRAFIA 14 – Trinca em 45 º na alvenaria pela ausência de contraverga no edifício 2,


fachada sul.

b) As manifestações por tipo de patologias nas fachadas.

Estão classificadas dentro das seguintes delimitações: fissuras, trincas,


rachaduras, fendas, brechas, zonas estufadas, gretamentos, destacamentos
com pulverulência, destacamentos com empolamento e destacamentos em
placas, assim nos permitiram determinar o grau de gravidade das patologias
encontradas neste tipo de revestimento. O gráfico 14 mostra como os tipos de
patologias estão incidindo sobre os revestimentos de argamassas Portanto
conclui-se que as fissuras são responsáveis por 69% das incidências, seguidas
pelas trincas.

169
PATOLOGIA POR TIPO DE OCORRÊNCIA NA ARGAMASSA

700

QUANTIDADE (área- m2, percentagem)

578
600

500

400
área(m2)

300 %

229

127
200

100
100
53

53

37

27
27

23

21
16

15
10

7
5

4
5
3

2
0
0

s
es

AL
is

as

to
ta
a

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ci
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su

en

de
fis

am
et
gr
TIPO DE PATOLOGIAS

GRÁFICO 14 – Manifestações patológicas na argamassa quanto ao tipo e área envolvente.

A gravidade das manifestações patológicas pode ocorrer pela


intensidade da manifestação, pelo tipo da manifestação, ou ainda, pela
combinação das duas situações. Neste sentido, é relevante observar onde as
manifestações por rachadura e fendas estão e de que forma elas se
apresentam, para tirar subsídios que possam ser avaliados, se há condições de
serem resolvidas em nível de projeto arquitetônico. No sentido vertical da
tabela 8 há condições de conhecer os pontos em que essas ocorrências se
manifestam e suas intensidades.

b1) Análises e considerações específicas sobre algumas dessas


manifestações.

• Fissuras em diversas direções: as fissuras isoladas demonstram que


os revestimentos podem possuir pouca capacidade de deformação
elástica e não suportam as movimentações ou do substrato ou da sua
própria deformação. Em alguns pontos específicos com janelas e porta é

170
considerável a quantidade dessas manifestações formando linha de
fissura num ângulo de 45º.
• Fissuras horizontais: também são relevantes pela forma das
ocorrências e pelas observações de campo sendo todas induzidas a
partir do substrato, principalmente na interface das alvenarias com a
estrutura de concreto armado.
• Rachaduras e fendas: são as mais graves, foram observadas nas
ocorrências do revestimento. Sempre se manifestaram em decorrência
de anomalias na alvenaria ou concreto armado. As rachaduras estão
mais concentradas nos edifícios 1 e 3, enquanto que as fendas no
edifício 2.

5.2.2.3 Análises dos resultados de patologias com


possibilidades de serem sanadas em nível de
projeto arquitetônico.

A partir das sistematizações dos dados das manifestações patológicas


nos revestimentos de argamassa de fachada – emboço – é possível
compreender que muitas destas patologias são decorrentes ou envolvem as
alvenarias de vedação e estruturas de concreto armado, pois os materiais
agem solidariamente e interdependentes formando os componentes das
fachadas. Desta forma, os componentes verticais das fachadas podem afetar
ou serem afetados pelos componentes horizontais da própria fachada ou das
fachadas adjacentes. Logo, a correta interpretação dos fenômenos patológicos
nos revestimentos de fachadas, que podem ser solucionados a partir das
decisões arquitetônicas, só é possível se consideradas as influências que as
alvenarias e as estruturas de concreto armado exercem sobre o conjunto das
próprias fachadas. Com isto, soluções na estrutura de concreto armado ou nas
alvenarias poderão ser as únicas que os mesmos necessitam para não
sofrerem processos patológicos.
As variáveis de análises são pela intensidade das ocorrências que
envolvem as áreas afetadas e os percentuais, no entanto, poderiam ser

171
analisados envolvendo os custos de manutenção e soluções gráficas em nível
de detalhamento construtivo.

a) Laje de cobertura dos terraços e platibandas.

As corretas interpretações e análises das manifestações patológicas que


ocorrem neste conjunto – pontos B, B1 e C-, envolvem os agentes de
degradação do meio ambiente, as características extrínsecas aos materiais e
as formas de compatibilidade dos materiais e componentes.
1. As patologias observadas nos pontos B, B1 e C estão
estruturadas no gráfico 15 pela quantidade de área
afetada e percentagem, chegando a um total de 245
(duzentos e quarenta e cinco) metros de área a ser
recuperada.

QUANTIDADE DE ÁREA AFETADAS

250

213

200
QUANTIDADE DE ÁREA (M2)

150

Série1
Série2
100
100

74 71 68

50
35 33 32

0
B B1 C Q TOTAL
PONTOS ANALISADOS

GRÁFICO 15 – Manifestações patológicas nos pontos B, B1 e C em todos os edifícios.

A tabela 9 expressa como as patologias estão distribuídas nos pontos e


suas respectivas gravidades, já a tabela 10, demonstra como as fachadas são
agredidas em face das suas orientações solares.

172
TABELA 10 – Incidência patológica por pontos e por tipo de patologia.

Incidência patológica por gravidade de ocorrência

desc.c/ empolamento
fissuras div. direções

fissuras horizontais

desc. pulverulência
t rincas horizontais

zonas estufadas

Percentagem
desc. em placa
gretamento
rachadura
trincas

fenda
B 73 7 9 4 1 1 0 1 0 1 1 100
B1 28 32 5 9 5 4 11 1 0 2 2 100
C 24 62 1 8 0 0 1 3 1 0 0 100
% 42 34 5 7 2 2 4 2 0 1 1 100

TABELA 11 – Incidência patológica por fachada

Incidência patológica nos pontos B, B1 e C

F-SUL F-NORTE F-LESTE F-OESTE Área em m2


B 24 19 10 21 74.00
B1 24 21 9 17 71.00
C 22 12 24 10 68.00
Total de área (m2) 70.00 52.00 43.00 48.00

2. Variáveis ambientais. Os principais agentes de


degradação de materiais com cimento são: agentes
químicos, dióxido de carbono, oxigênio, umidade,
temperatura, ciclos térmicos, ciclos de molhagem/
secagem, cloretos e sulfatos.

3. Características extrínsecas dos materiais. Os coeficientes


de dilatação térmica dos materiais como, concreto armado,
tijolos, argamassas, e outros revestimentos como pastilhas
cerâmicas, placas de pedras de granito, são
substancialmente distintos entre si e dilatam com

173
coeficientes diferentes quando sofrem ação dos raios
ultravioletas resultando em diferentes temperaturas nas
superfícies dos materiais, todavia, todos esses materiais
podem fazer parte de um único componente de fachada.

4. Soluções arquitetônicas para serem tomadas no projeto


arquitetônico.

Com as três primeiras situações evidenciadas e compreendidas na sua


essência, as formas de compatibilidade dos materiais e componentes podem
ser perfeitamente solucionadas em nível de projeto arquitetônico, como
exemplo:
• No lançamento das diretrizes de projetos perceberem
que as estruturas trabalham e que por isto devem ser
previstas juntas de dilatação estrutural.
• Lançar medidas preventivas de ventilação do telhado, de
modo a contribuir para que as lajes de cobertura sejam
menos aquecidas e, conseqüentemente, menos
dilatadas.
• Projetar telhados mais altos em relação às lajes de
cobertura, tirando partido plástico e aumentando o
colchão de ar que fica entre as telhas e a laje.
• Lançar dilatações das lajes de cobertura de modo a
diminuir suas áreas, o que conseqüentemente diminui as
tensões de deformação, assim é possível evitar as
patologias por trincas, brechas e rachaduras nos cantos
das platibandas.
• Quando há lajes de cobertura com a função de terraço
devem ser previstos rebaixamentos que comportem
todos os insumos referentes ao subsistema de
impermeabilização, além de proteção térmica, o que
possibilita maior vida útil dos componentes. Evitando que
as drenagens pluviais sejam lançadas diretamente ao
exterior.

174
b) Vergas e contra vergas

As interpretações e análises devem levar em consideração: as


patologias do ponto G, os agentes de degradação do meio ambiente, as
características intrínsecas aos materiais e as formas de compatibilidade dos
materiais e componentes.
A tabela 11 expressa como as patologias estão distribuídas no ponto G e
suas respectivas gravidades, cabe aqui salientar que estas fissuras são a 45º
graus conforme escrito no item 5.2.2.2 a1, na página 165.

TABELA 12 – Patologias distribuídas no ponto G e suas respectivas gravidades.


fissuras div. direções

desc. pulverulência
fissuras horizontais

Percentagem (%)
trincas horizontais

zonas estufadas

desc. em placa
empolamento
gretamento

desc.com
rachadura
trincas

fenda

G 95 0 4 0 0 0 0 0 0 1 0 100

1. Soluções arquitetônicas para serem tomadas no projeto


arquitetônico.

• Compreendidos os comportamentos dos elementos de


vedações deve-se evitar a existência de alvenarias sobre as
janelas, ou seja, a locação da janela pode ser encostada
diretamente na viga.
• Prever a existência de vergas quando há alvenarias sobre as
janelas.
• Prever a existência de contraverga e peitoril com inclinação
adequada para o escoamento das águas pluviais para o
exterior.

175
c) Outras recomendações relativas ao concreto armado,
alvenarias e revestimento de argamassa.

• Nas vigas de contorno de sacadas e platibanda deve haver


detalhes construtivos para compatibilização da estrutura de
concreto com as argamassas de revestimento, evitando assim
o descolamento em placas.
• Emprego de telas eletrosoldadas sobre as interfaces das
alvenarias com as estrutura de concreto antes da aplicação
dos revestimentos de argamassa, de modo a evitar tensões
diferenciadas entre os materiais.

5.2.3 Patologias em Cerâmica

Estes revestimentos foram observados e analisados somente nos pisos


das sacadas e nos pisos dos terraços, uma vez que nenhum dos estudos de
caso tem revestimento nas fachadas que seja de peças cerâmicas ou de
pastilhas cerâmicas. Diante disto a caracterização dos tipos de manifestações
patológicas em cerâmicas foram estruturadas a partir de Bauer (1995),
Junginger e Medeiros (2002), Simões et al (1998). As patologias foram
identificadas em todos os edifícios que possuíam sacadas e terraços, todavia,
nem todos os locais com cerâmicas apresentaram manifestações patológicas
nestes revestimentos.
O cenário geral descrito no gráfico 4, na página 151 demonstra que as
patologias deste tipo de revestimento representam no cenário geral 5% das
manifestações patológicas nos edifícios, já a tabelas 7 na página 149
demonstra o quanto da área foi afetada.
Os revestimentos em placas cerâmicas são os materiais de formas e
tamanhos variados usados na construção civil para revestimento de paredes
externas, e de pisos, e classificados como: azulejos, pastilhas cerâmicas,
porcelanatos, grês e lajotas de piso.

176
As coletas de dados referentes às sacadas foram significativamente
mais dificultosas pelo fato de que o pesquisador teve que retornar diversas
vezes em cada edifício para poder ter acesso às sacadas para coletas de
dados.
As observações no ato da coleta dos dados se limitaram a verificar os
tipos de patologias previamente listados, sem se preocupar com aspectos
estéticos do piso, todavia a cor de revestimento foi um elemento acrescido à
pesquisa posteriormente.
As áreas que compunham as fachadas revestidas com cerâmicas estão
estruturadas conforme a tabela 13.

TABELA 13 – Quantidade e áreas de ambientes externos revestidos com cerâmicas.


SACADAS E TERRAÇOS
F-NORTE F-LESTE F-SUL F-OESTE
Cor Área
revest. quant. área quant. área quant. área quant. área Quantidade (m2)
Ed.1 Cinza 6 16 6 18 6 41 1 18 19 92.2
Ed.2 Vermelha 0 0 0 0 1 22 1 20 2 42
Ed.3 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed.4 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed.5 - 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ed.6 Branca 3 15 0 0 3 27 1 38 7 80
Ed.7 Branca 0 0 0 0 4 18 3 9 7 27
Ed.8 cinza 3 20 3 29 0 0 0 0 6 48.9

Quantidade 12 9 14 6 41
Área (m2) 51 47 108 85 290.1

O gráfico 16 representa que 111 (cento e onze) metros quadrados estão


com algum tipo de comprometimento com patologias que podem ser:
descolamentos, quebra de peças, fissuração, eflorescência, manchas e
deterioração dos rejuntes.

177
PATOLOGIA NAS CERÂMICAS

450

402
400

QUANTINDADE (val. abs, m2 e Percentagem)


350

300

250
val. abs.
área(m2)
200 %
163

150

111
101

100
100
49

45

44
41
37
50
28
25

15

15
14

14

12
11
0
0
0

0
0
0

0
0
0
0
edif.1 edif.2 edif.3 edif.4 edif.5 edif.6 edif.7 edif.8 Q GERAL
EDIFÍCIOS ANALISADOS

GRÁFICO 16 – Patologias nas cerâmicas dos pisos das sacadas e terraços.

5.2.3.1 Freqüência da ocorrência das patologias nas


cerâmicas de revestimento dos pisos das sacadas
e terraços.

As falhas de rejuntamento foram os componentes do subsistema de


revestimento cerâmico que mais apresentam problemas por destacamentos e
estão localizados nos terraços de cobertura, com destaque para: destacamento
de peças nos edifícios 2, 3, 6, e 8; destacamento do rejunte nos edifícios 2, 3,
6, e 8 e manchas nos pisos.

Foram observados alguns erros:


• Ausência de juntas de dilatação e juntas de trabalho em todos os pisos
dos ambientes.
• No edifício 2 o piso cerâmico é composto por peças tipo lajota de piso
com grandes irregularidades

178
As informações contidas nos projetos arquitetônicos e nas
especificações descritivas coletadas referentes aos pisos cerâmicos eram:
• Apenas de ordem estética (cor e forma) e do tipo de PEI a ser utilizado.
• Não havia detalhando dos procedimentos construtivos e/ou
especificações das juntas de dessolidarização e juntas de trabalho.
• Em alguns casos havia considerações de que as normas técnicas
deveriam ser consultadas antes da execução dos serviços.
• Não havia menções de restrições ou favoráveis em função da absorção
de água das peças.
• Não havia definição dos tipos de argamassas colantes.

5.2.3.2 Análises dos resultados das patologias com


possibilidades de serem sanadas em nível de
projeto arquitetônico.

• Prever o conjunto de detalhamento de acordo com o conjunto de


Normas Brasileiras vigentes sobre o assunto.
• Prever isolamento térmico nas lajes com grandes movimentações
térmicas.
• Escolher cores claras, assim a absorção do calor será menor com menor
possibilidade de haver descolamentos pela ação da temperatura.
• Especificar o material em função da localização e as dificuldades de
absorção de umidade.
• Especificar materiais com menor desvio padrão possível.
• Especificar peças cerâmicas e argamassas de assentamento
certificados por Instituto credenciado no Inmetro.
• Deve haver especificações claras quanto à inclinação das bases e
tamanhos da juntas de dessolidarização.

179
6 RECOMENDAÇÕES PARA A DURABILIDADE DAS
FACHADAS A PARTIR DO PROJETO

Há de se compreender primeiramente a concepção conceitual existente


nas formações acadêmicas dos arquitetos e engenheiros civis no Brasil, que
possuem formações e visões diferentes nas formulações de projeto para se
chegar aos mesmos resultados: a edificação.
O ponto de partida: a arquitetura está voltada fundamentalmente para o
resultado final do produto, com isto é relevante a expressão da forma, da
função, do estilo, da linguagem, da contextualização social e histórica do
edifício, enfim, uma mensagem artística para a sociedade através da
edificação, exemplo disto, são edificações que permearam na arquitetura
moderna por meio da racionalização do estilo internacional, propagada por Lê
Corbusier a partir da década de 1930, assim como, os prenúncios descritos
pela arquitetura pós-moderna presenciadas em grande escala na produção
arquitetônica atual.
O ponto de partida para a engenharia civil tem por base essencial os
meios técnicos e construtivos de produção para se chegar ao produto, que é o
edifício.
Em ambos os casos, para se chegar até as definições gráficas de
projetos e em especial, neste caso, projetos e detalhamentos de fachadas, são
fundamentais pré-requisitos conceituais de tipologias de edifícios,
componentes, materiais e soluções gráficas que possibilitem aos revestimentos
externos manter o desempenho esperado diante dos inúmeros agentes de
degradação existentes neste ambiente. Logo, tais componentes e materiais
selecionados e aplicados com uma seleção com critérios que visem à
durabilidade, são fatores indutores para o prolongamento da vida útil das
fachadas, uma vez que haja o emprego de métodos e técnicas construtivos
adequados e suficientemente testados e aprovados previamente.
6.1 PLANEJAMENTO PARA ELABORAÇÃO DO
PROJETO

A elaboração do projeto como meio inicial do ato de planejar a futura


edificação, é tarefa multidisciplinar, complexa com múltiplas variáveis a serem
consideradas no processo de imaginação do autor, assim, a arquitetura e a
engenharia, como ciências, possibilitam a sistematização e ordenamento
destas informações para auxiliar e subsidiar o processo criativo, que pode ser
expresso por meios gráficos – físico e digital - e meios físicos – maquetes.
O projeto como meio para a produção da edificação tem sido alvo de
inúmeras pesquisas por Universidades brasileiras e estrangeiras que trabalham
no setor da construção civil, seja desenvolvendo métodos, modelos, formas de
sistematização das informações que nutrem as decisões dos agentes das
diversas especialidades envolvidas, de quantidade de informações que devem
existir nos projetos, ou ainda como estas informações subsidiam de forma
sincronizada a etapa de execução, observando as particularidades de cada
edificação.
A obtenção da durabilidade de fachadas por meio de projetos pressupõe
uma análise crítica e holística de toda a edificação e incorporação de conceitos
de “vida útil de projeto”, descritos na norma de desempenho de edifícios da
ABNT na versão final de 2006. Para tomada de decisões que visem prolongar a
vida útil de projeto se deve num primeiro momento reconhecer, compreender e
considerar as grandes variáveis intervenientes no edifício, para isto é
necessário contemplar:
• Como ocorrem as patologias nas fachadas;
• Os principais agentes de degradação, ambientais ou do próprio
uso e/ou operação do edifício;
• As relações de interfaces dos materiais empregados, inclusive,
em que posição do edifício é empregada;
• As relações dos materiais frente às características tipológicas e
de forma do edifício;

181
• As técnicas e métodos construtivos a serem empregados para
fazer frente aos materiais especificados;
• Informação entre projetos e produção - Formas de troca e de
quantidade de informações de projetos entre os agentes das
diversas especialidades envolvidas e com estas são
disponibilizadas no canteiro de obras;
• Qualificação de mão de obra, equipamentos e condições de
trabalho;
Num segundo momento, a qualidade na fase de projeto também é
discutida por Silva e Souza (2003), que apontam como meio a gestão do
processo de projeto, e mediante disto, é possível qualificar e responsabilizar
todos os agentes envolvidos neste processo, que deve se iniciar pelo
comprometimento da empresa em gerar produtos e serviços com adequação
ao uso de todos os clientes do processo, assim como, se voltar à satisfação
desses clientes em suas necessidades.
Para autores, tais como Franco (2002, 2004), Maciel e Melhado (1998,
1999), Romero e Simões (1995), Silva et al (2003), há a necessidade de
planejar as fachadas de modo que os componentes de vedação, de
revestimentos de fachadas sejam construídos e que as informações sejam
corretas, e profundamente detalhadas para todos os materiais constituintes, e
para isto, há a necessidade de aplicação dos princípios modernos da qualidade
na elaboração deste projeto, que por sua vez requer um conjunto de
procedimentos nesta etapa, já apontados por Picchi e Agopyan (1993). Esses
procedimentos consistem em: qualificação de produtos e processos,
coordenação de projetos, análise crítica de projetos, qualificação de projetistas,
projetos de produção, planejamento de projetos, controle da qualidade de
projetos, controle de revisões, controle de modificações durante a execução e
projetos em computador (CAD). Diante deste cenário, é relevante e necessário
o aprofundamento destes itens de modo a influenciar positivamente o projeto e
este à qualidade final das fachadas.

182
a) Qualificação de produtos e processos

Para as características construtivas da tipologia dos edifícios analisados


nesta pesquisa – estrutura de concreto armado e alvenaria tijolos furados de
vedação – os processos construtivos estão todos resolvidos no meio
acadêmico, no entanto, a transferência para o meio de produção de edifícios
requer esforços principalmente na comunicação dos projetos, através da
padronização de processos, coordenação modular, e de detalhes construtivos
padronizados em nível e quantidade, de modo a evitar ambigüidades e
incertezas na fase de execução, o que para o empreendedor é traduzida em
maiores custos.
Atualmente o processo de desenvolvimento do projeto tem se
intensificado por meio dos recursos da informática e da tecnologia da
informação, os quais são ferramentas poderosas e se adequadamente
exploradas auxiliam de forma decisiva a qualidade do projeto, uma vez que a
quantidade e a velocidade de informações trocadas entre os diversos
especialistas do projeto são substancialmente superiores aos procedimentos
sem estes recursos.
A qualificação de produtos pode ser feita através da seleção e
comprovação por critérios previamente estabelecidos pelo conjunto de normas
existentes, e ou por análises aprovadas destes produtos por laboratórios
credenciados ao INMETRO, tanto para aquisição, quanto para recepção e
aceitação, e para tempo e modo de armazenamento.
A presença de consultorias nesta fase é de fundamental importância em
face das dificuldades do projetista arquitetônico em dominar todos os conceitos
e as particularidades de todos os subsistemas do edifício, e das inovações
tecnológicas que são constantemente dispostas no mercado, assim, esta
metodologia de trabalho pode reduzir falha e trabalhos futuros, e por
conseqüência reduzir custos de produção.

i. Processos de projetos

A nova relação que os processos de projetos devem assumir é quanto


ao uso da retroalimentação de pesquisas sobre patologias de fachadas, como

183
nesta pesquisa, que evidenciou a grande quantidade de patologias
provenientes por agentes atmosféricos:
• Presença de umidade nas alvenarias – podem ser
eliminadas se o conjunto de detalhes construtivos for
elaborado de modo a afastar das fachadas o fluxo da água
das chuvas.
• Fissuras e trincas nas vedações – podem ser eliminadas
com detalhes construtivos de reforços estruturais nas
interfaces com outros materiais e em torno dos vãos das
esquadrias.
As condições de exposição do edifício ao meio ambiente devem ser
dispostas como variáveis prioritárias quando se trata da durabilidade de
fachadas, portanto, é em relação aos agentes agressivos e formas de
manifestações patológicas que a seleção de produtos e soluções arquitetônicas
deve ser especificada utilizando das relações de causa e efeitos, uma vez que
os requisitos e critérios das exigências dos usuários já foram estabelecidos na
norma ISO 6241 e constam na norma de desempenho de edifícios de até 5
pavimentos da ABNT de 2006.
Além das descrições e especificações construtivas destinadas ao meio
técnico profissional envolvido com a execução da obra, há também a
necessidade de gerar um conjunto de informações de definições de uso,
operação e manutenção das fachadas a fim de manter os desempenhos
previstos na fase de elaboração do projeto.
Conceber o desenvolvimento do produto com uma metodologia que
envolva os projetos arquitetônicos e especificações das fachadas com diversos
níveis de abordagens como: estudo preliminar, projetos legais, anteprojeto, pré-
executivo, executivo e especificações técnicas.
Conceber os projetos arquitetônicos e especificações das fachadas com
foco na durabilidade, sendo que isto significa dizer que a elevação dos custos
quando da execução das fachadas no momento presente, pode ter como
resultado a sensível redução de gastos durante a vida útil da edificação, o que
se traduz em economia. Esta concepção arquitetônica construtiva pode ser
feita a partir de recomendações de matérias, serviços e alternativas de

184
detalhes construtivos reconhecidamente eficientes e que façam parte de um
banco de dados dos projetistas.
A padronização dos procedimentos de projeto é uma das condições para
a melhoria da sua qualidade, isto pode ser obtido por meio da modulação do
projeto e de materiais que atendam a estes requisitos, além de haver
padronização e níveis de abrangência do que é um projeto completo. Um dos
procedimentos para que isto ocorra é a aplicação por parte de órgãos públicos
ou privados de manuais de projeto.

b) Coordenação de projetos

A presença de um líder - com amplos conhecimentos de elaboração de


projeto e experiência de execução de obra - na etapa de produção do projeto,
possibilita e facilita o intercâmbio das informações produzidas relativas ao
projeto em desenvolvimento, assume importância elevada uma vez que este
faz com que as diversas equipes envolvidas no projeto, os fornecedores e
equipes de execução, troquem informações em tempo real daquilo que está
sendo produzido, além de fornecer e retro alimentar informações para um
banco de dados para futuros projetos. Nesta etapa é recomendável a análise
crítica por parte dos engenheiros executores, isto possibilita mudanças no
projeto, de modo a facilitar as operações de execução, uma vez que as
informações de projeto são esclarecidas e especificadas atendendo aos
anseios das equipes construtoras, além de aproximar as construtoras do meio
de elaboração de projetos.
A perfeita compatibilização e/ou simultaneidade dos projetos e
suprimentos previamente selecionados por requisitos focados na durabilidade
permitem inovações tecnológicas seguras, quer seja a nível construtivo e/ou de
design das fachadas.
Deve-se compatibilizar projetos em todas as fases, entre projetos, entre
subsistemas e entre projetos e elementos de composição das fachadas, tudo
isto dentro de um fluxo contínuo de informações com bancos de dados
coletivos entre os projetistas e de rápida atualização e em especial na fase de
detalhamento das soluções. Para que isto seja viável, as ferramentas da

185
tecnologia da informação interagindo em redes de comunicação são elementos
essenciais para o sucesso deste método.
A análise crítica de projetos deve ser efetuada pelo coordenador
apontando necessidade ou não de haver consultorias externas para cada caso.

c) Qualificação de projetistas

Um dos gargalos da má qualidade dos projetos é a falta de reciclagem


e/ou a educação continuada dos profissionais atuantes no setor de projetos, e
que atuam na área da construção civil. Observa-se regionalmente que os
critérios definidos por instituições municipais, estaduais, relativos aos
elementos que devem compor o projeto serão de ordem genérica e
circunstanciada, não detalhando e aprofundando as exigências.
A oferta por Instituições de Ensino Superior na área de arquitetura e
engenharia civil de forma regional ou local, de cursos com formação e
conhecimento focado nas ciências dos materiais, nos agentes de degradação
do edifício, formas de manifestações patológicas, e critérios de seleção de
materiais e soluções de acordo com as tipologias construtivas, podem
possibilitar aos projetistas, e em especial aos arquitetos, formar uma nova
cultura de planejamento do projeto, assim as soluções de improviso
constantemente observadas atualmente serão reduzidas. Além de
incorporarem em suas elaborações de projeto os conceitos de durabilidade,
vida útil, habitabilidade, custos de operação e manutenção, entre outros.
Outro fator relevante no âmbito da qualificação profissional passa pela
ética no exercício profissional, uma vez que é grande o número de profissionais
habilitados dando cobertura institucional a pessoas não habilitadas no
desenvolvimento de projetos, “desenhos”, que de forma desqualificada
resultam em produtos ínfimos. Isto se qualifica como um entrave a ser resolvido
na qualificação profissional, pois esta prática também é alimentada por parte
dos contratantes que enxergam o projeto como um conjunto de exigências
meramente de comprimento legal, e que por conseqüência não valorizam a
atividade de projeto.

186
A qualificação profissional interessa aos diversos clientes envolvidos no
empreendimento:
• Ao empreendedor:
o Na minoração de custos de produção e custos de
recuperação e manutenções futuras cabíveis a empresa
construtora dentro dos prazos legais.
o Aumento de produtividade e redução de desperdícios.
• Ao construtor:
o Pela simplificação ou facilitação no esclarecimento dos
processos construtivos e que evitam trabalhos por
decisões ocasionais e não planejadas.
• Ao usuário:
o Uma vez que anseios dos usuários no campo de projeto
passam por habitações que atendam às demandas de
habitabilidade dos ambientes.
A vinculação dos projetistas no acompanhamento da etapa de execução
dos empreendimentos é salutar na medida em que o há um acompanhamento
daquilo que foi projetado e de como foi executado, avaliando os pontos
positivos e negativos, o que retro alimentará projetos futuros. Logo, a atividade
de projeto não cessa quando se entrega o projeto para obra, visto que há certa
quantidade de imprevisibilidade de ocorrência de fatos novos no período de
execução da obra, assim, com disponibilidade atual de computadores,
softwares e redes de computadores é possível serem atualizados conforme as
alterações que por ventura ocorram na etapa de execução, resultando no
projeto as built ao edifício.

d) Projeto e manutenção

Conceber os projetos, detalhes arquitetônicos e especificações de


fachadas com objetivo de facilitar as atividades de manutenção programadas
na fase de projeto são condicionantes para o prolongamento da vida útil das
próprias fachadas e por conseqüência do edifício, assim, os procedimentos
programados de manutenção são essenciais para que haja a permanência da
durabilidade acima dos níveis mínimos previstos em projeto.

187
A durabilidade em fachadas pode ser prevista na medida do lançamento
do partido arquitetônico, pois a forma do edifício – circular, quadrada,
retangular e outras combinações -, interfere no índice de compacidade do
edifício, logo, isto significada dizer que, edifícios com as mesmas áreas
construídas, mas com formas geométricas diferentes, possuem naturalmente
quantidade de áreas de fachadas diferentes, portanto, as de maiores áreas
podem elevar os custos de produção e manutenção, pelo fato de haver grande
agressividade do meio ambiente externo.
Em nível de detalhe do projeto arquitetônico é possível especificar e
demarcar a fixação de ganchos e insertes de aço inox no topo do edifício para
a instalação de equipamentos – balancins e andaimes - para a operação de
manutenção, tal preocupação desta prática, é prevista em lei sua
obrigatoriedade está assegurada a partir da portaria nº157 de 12 de abril de
2006 do Ministério de Trabalho e Emprego.
Outra prática possível é a especificação de equipamentos metálicos
móveis e adaptáveis nas platibandas para as descidas de balancins e cadeiras
para pintura, assim facilita as operações oferecendo segurança aos operários.
Através dessas práticas, se feitas por meio de compartilhamento de
experiências com empresas que atuam no setor de manutenção, é possível
estabelecer uma série de outros cuidados de projeto que facilitarão as
atividades de manutenção sem comprometer os aspectos estéticos almejados
no edifício.

e) Projetos em computador (CAD)

A conceituação entre projeto e desenho é constantemente confundida no


campo da construção civil, todavia, a função do desenho é de transmitir de
forma correta aquilo que foi idealizado no projeto, assim o desenvolvimento
gráfico atual de projeto é desenvolvido na grande maioria no sistema CAD –
Computer Aided Design -, isto permite invariavelmente uma maior flexibilidade
de alterações e rearranjos gráficos em relação aos métodos de produção
gráfica utilizados até então, no entanto, há de ser melhor explorados pelas
equipes envolvidas nos projetos simultâneos com treinamento deste

188
ferramental, pois o potencial de intercâmbio dos softwares é grande, e permite
que os dados de projeto, custo e banco de dados existentes possam ser
cruzados facilitando as decisões, e as revisões.
A ferramenta CAD deve ser especialmente melhor explorada na
elaboração dos elementos gráficos em duas – 2D e em três dimensões - 3D,
isto é fundamental visto o grau de limitações de compreensão dos operários
em obra, além de fundamentar o levantamento de custo dos serviços.
O Desenvolvimento de projetos em três dimensões, 3D, recurso que a
maioria dos programas desenvolvidos para desenhos possui, é um recurso
poderosos para retroalimentar as decisões do projetista e de esclarecimento
das proposições aos proprietários, assim, quanto se tratar de projetos de
fachadas as definições de pequenos elementos poderão ser perfeitamente
compreendidas, exemplo disto, é a proposição feita para a pingadeira de
fachada para eliminar o fluxo de água das chuvas, apresentada na figura 33.

FIGURA 33 – Detalhe da pingadeira de fachada com pedra de granito branco.

f) Níveis de detalhes construtivos

Em face das observações da pesquisa podem-se perceber pontos


cruciais dos edifícios que, se resolvidos adequadamente em nível de projeto,
ocorrerão ganhos na durabilidade das fachadas, de modo significativo, isto em

189
termos práticos é possível listar: detalhes de pingadeiras tanto em janelas, topo
de vigas das sacadas e platibandas e detalhes de gradis com excelente
proteção quando compostos por materiais ferruginosos.
Os detalhes arquitetônicos nos edifícios com tipologia de arquitetura
moderna devem ser previstos sob foco técnico que também pode ser
ornamental, sempre procurando afastar os fluxos das águas das chuvas nas
fachadas.
Os materiais de acabamentos devem ser previamente conhecidos e
verificados os seus comportamentos, e de preferência, em uso, ou ainda, se
novos, por certificações técnicas. Isto possibilitará o emprego de novos
materiais de revestimento, pastilhas de vidro, aço inox e cobre etc.
Prever detalhes construtivos nas formas arquitetônicas para proteção do
topo dos reservatórios superiores, topo de peitoris, platibandas, previsão de
detalhes construtivos para permitir a harmonia construtiva com os demais
subsistemas.
i. Detalhes construtivos nas estruturas e
alvenarias de vedação

Assunto discutido na revisão bibliográfica e, observada a sua ausência


na análise de projeto junto aos projetistas dos edifícios pesquisados, isto foi um
indicativo do grande índice de patologias por fissuras e trincas identificado na
pesquisa de campo, assim, podemos afirmar que os agentes de degradações
ambientais, tais como calor e umidade, que provocam movimentações térmicas
e movimentações higroscópicas, associadas às características físico-química
dos materiais, devem ser especialmente compreendidos na interpretação das
soluções arquitetônicas, estruturais e hidráulicas das fachadas.
Os locais críticos que merecem preocupações especiais dos projetistas
são:
• Redução na flecha das estruturas de
concreto, que por conseqüência evita
tensões nas alvenarias;
• Inserção de telas e ou ferro cabelo na
interface da estrutura com as alvenarias,

190
evitando as fissuras verticais e o
mapeamento da estrutura na fachada;
• Ancoragem com tela entre estrutura,
alvenaria e reboco,
• Evitar a transferência de esforços da
estrutura para as alvenarias na posição
de encunhamento.
• Evitar a transferência de esforços
horizontais da laje de cobertura para a
estrutura vertical e em especial para as
alvenarias inferiores. Como também a
proposição de reforços estruturais nos
cantos das platibandas por serem zonas
frágeis e de incidências de patologias em
grandes proporções.

191
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, não é difícil encontrar problemas patológicos em fachadas


de edifícios, seja em Pato Branco, objeto de estudo desta pesquisa, ou em
qualquer outra localidade com as mesmas características construtivas. Sendo
que a grande maioria dos problemas patológicos tem origem relacionada com
alguma falha na realização de uma ou mais atividades no processo construtivo
de edifícios e os maiores problemas ocorrem devido a omissões de
planejamento, de projetos e de especificações levando as atividades do
processo executivo a serem concluídas sem a devida técnica construtiva
adequada e/ou insuficiência de elementos e materiais para formar o
componente construtivo. Sejam eles especificações de projetos, memoriais
descritivos ou ainda detalhamentos nos projetos.
Percebeu-se através do estudo de caso que as causas mais comuns
para o aparecimento de patologias são: o desconhecimento das características
dos materiais empregados; a utilização de materiais inadequados, muitas
vezes em função do custo, para levar a uma “suposta” economia; erros na
execução; não observância das Normas Técnicas e ainda falhas de
manutenção.
A ocorrência dos problemas patológicos em fachadas de edifícios
ocasiona uma redução na vida útil da edificação, o que está diretamente
relacionado ao desempenho dos materiais ou componentes.
Esses problemas podem ser resultados da pouca importância dada
para a produção da fachada, a qual, em geral, não é tratada como um assunto
fundamentalmente técnico.
As conclusões obtidas nos estudos de caso apresentados nesta
dissertação revelam que, em geral, o desempenho dos materiais é
decrescente, devido à ação dos agentes de deterioração. Porém, esta perda
pode ser total ou parcialmente recuperada, ou mesmo evitada, através de
pequenos detalhes que prevêem e evitam estas patologias. Entretanto, esta
atividade deve ser realizada antes da execução da obra, ainda no projeto, ou

192
então antes do material ou componente da edificação atingir o nível mínimo de
desempenho.
Percebeu-se que várias deficiências ocorreram por se tratarem de
detalhes, e em muitos casos não foram tratados com a devida relevância.
Trata-se do desconhecimento ou desinteresse tecnológico, no qual se insere
boa parte da construção civil tradicional no Brasil, inclusive em Pato Branco.
Na maioria das patologias encontradas, observou-se uma certa
negligência por parte dos envolvidos, que acontece exatamente pela falta de
conhecimento específico acerca das características que cercam os materiais e
componentes envolvidos, os procedimentos para a produção e as ações para a
elaboração do projeto.
O importante é compreender a necessidade de se estudar as
manifestações patológicas no sentido de evitar o seu aparecimento no
presente, prevenindo-se para problemas futuros.
Deve-se também levar em consideração a realização da manutenção
rotineira – prevista em projeto-, onde a limpeza de fachadas deve ser vista
como forma de manutenção corretiva, visando impedir o prosseguimento da
deterioração, e necessária para remover causas externas.
É necessária, pois, a existência de projetos que contenham
informações como detalhes construtivos e executivos sempre considerando as
condições de exposição do edifício, bem como as compatibilidades das
interfaces dos materiais.
Acredita-se que é na fase de concepção do projeto que se encontra o
caminho para a melhoria de qualidade das construções e a conseqüente
diminuição dos problemas patológicos.
É necessário, pois, a existência de projetos que contenham
informações como detalhes construtivos e executivos sempre considerando as
condições de exposição do edifício.
É necessário, pois, a existência de projetos que contemplem ainda na
fase de planejamento as variáveis de durabilidade dos materiais, para a partir
disto fazer seleções tecnológicas e de subsistemas construtivos que
contenham informações como detalhes construtivos e executivos sempre
considerando as condições de exposição do edifício.

193
Cabe esclarecer que as recomendações propostas devem ser
adotadas com o intuito de complementar, atualizar e melhorar as técnicas já
consagradas ao longo da história da construção civil. Ressalta-se, porém, a
necessidade de adaptar estas recomendações ao perfil do usuário, às
características do empreendimento e aos recursos disponíveis.
Os objetivos foram plenamente atingidos e pode-se afirmar que há um
vasto campo a ser ainda pesquisado e discutido sobre as patologias e espera-
se que estudos como este, levem a comunidade da construção civil a pensar
de modo diferente sobre o tema estudado.
Conclui-se afirmando que os casos mostrados neste estudo
evidenciaram a necessidade de um programa de prevenção a ser seguido
pelos setores envolvidos no processo: proprietário, projetista, executores,
usuários, e outros que venham a fazer parte do processo, com o objetivo de
minimizar e/ou evitar por completo as manifestações patológicas. Pois, a
abordagem da manutenção dos edifícios confirmou a necessidade da
conscientização por parte de projetistas e construtores de que o edifício não é
apenas constituído pela fase de produção, mas, também, pela fase de uso.
E como sugestões para futuras pesquisas em edifícios construídos com
sistema construtivo tradicional citam-se:
Desenvolvimento de metodologia para estimativas de custos por metro
quadrado de manutenção e recuperação em face de erros de projetos para
cada elemento que compõem a fachada – pintura, emboço, vedações e outros
revestimentos.
Desenvolvimento de detalhamentos arquitetônicos de fachadas com
vistas à durabilidade.
Desenvolvimento de escala de graduação das incidências patológicas
para inspeções visuais.
Desenvolvimento de pesquisa para relacionar a falta de especificações
de projeto com os custos que se fazem necessários durante a vida útil das
fachadas para manutenção e recuperação das fachadas.

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204
APÊNDICES

205
APÊNDICE - 01
QUADRO 1 - ROTEIRO PARA LEVANTAMENTO DE DADOS NOS EDIFÍCIOS
16 17
Avaliação da patologia na interface Intervenção manutenção Não Sim t = Tipo :
Nome do edifício: _______________________número____ número de andares ___, idade do edifício ___.
cobertura Terraço Inclinada t.fibrociment t. barro t. metálica outro
Nº da fachada pelo total delas_________tipo de inspeção ( ) int. ( ) ext. Pesq. campo ( ) sol, ( )nublado, ( ) chuva
1) Orientação solar da fachada E NE N NO O SO S SE
2) Numero de patologia neste ponto ao longo desta fachada18,19. pontual generalizada
3) tipo de esquadrias no ponto G1 G2 G3 G4 Tipo de peitoril no ponto J21 J1 J2 J3 J4
Pingadeira não sim Metálic Granito Ardósia Mat.cerâmico
4) Revest. de Tinta acrílica textura grafiato cerâmica Pastilha cerâmica
5) Nº de sacada na fachada Nº de floreira na fachada Dren. ext22 Dren. int23 s/ dren24
6)Consta solução construtiva no projeto original ou as built? Sim Não
1 Foto fachada frontal 2 Interfaces de análise 3 Planta do edifício

7)Caracterização do tipo de patologia a olho nu sobre a pintura


A Vesículas B Bolhas C Crateras
D Desagregamento E Destacamento F Eflorescência
G Manchas por poluição atm. H Saponificação I Diferenças de tonalidade
J Manchas por fungos L Água visível
8)Caracterização do tipo de patologia a olho nu sobre a argamassa
A Fissuras div. Dir., até 0,5 mm B Fissuras horizontais C Trincas – 0,5 T < 1,5 mm
D Trincas horizontais E Rachadura - 1,5 R < 5 mm F Fenda - 5 F < 10 mm
G Zonas estufadas H gretamento I Destac. Em pulverulência
J Destac. c/ empolamento K Destacamento em placas
9) tipo de patologia caracterizada a olho nu sobre cerâmica
A Destacamento B Quebra de peça cerâmica C Fissuração
D Lixiviação E Manchas F Deterioração das juntas
10) tipo de patologia caracterizada a olho nu sobre concreto armado
A Manchas - ferrugem no aço B Fissura C trinca
11) Configuração ou forma de manifestação quanto a umidade
Umidade persistente Manchas localizadas Umidade generalizada
Fungos localizados Fungos generalizados Umidade sem fungos
Umidade com fungos Umidade sem eflorescência Umidade com eflorescência
12) Causa provável da patologia
Agentes mecânicos Agentes químicos Provenientes do solo
Agentes eletromagnéticos Agentes biológicos Provenientes ao uso
Agentes térmicos Provenientes da atmosfera Provenientes do projeto

As chuvas predominantes da cidade de Pato Branco PR são no sentido SO- sudoeste para NE-
nordeste, fonte: SIMEPAR PR 2005.
206208

16
t= tempo em meses que foi realizada a manutenção
17
Informação obtida junto ao síndico.
18
Para cada tipo – fissura, corrosão, etc. – de patologia constata numa fachada será elaborado um levantamento com este roteiro.
19
A caracterização de patologia é compreendida pelo pesquisador conforme a perda de desempenho do produto ou componente em
relação aos requisitos e critérios estabelecidos.
20
G1-esquadria alinhada pelo lado interno da parede com pingadeira; G2-esquadria alinhada pelo lado interno da parede sem
pingadeira; G3-esquadria alinhada pelo centro da parede com pingadeira; G4--esquadria alinhada pelo centro da parede sem
pingadeira. D1-interface entre tijolos e argamassa; D2 - alvenaria e reboco; D3 – reboco e pintura; D4 – outros.
21
Elemento estrutural do peitoril: J1-alvenaria, J2 –alumínio, J3 –madeira, J4 – metálica,
22
Escoamento de águas pluviais através de cano saliente na fachada - tipo pingadeira
23
Escoamento de águas pluviais através de tubo de queda pluvial embutido nas alvenarias – não está aparente
24
Não há escoamento de águas pluviais na sacada por meio de pingadeiras ou dutos pluviais: as águas são lançadas na fachada.

206
APÊNDICE - 02

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM REPRESENTANTE DO EDIFÍCIO OU


SÍNDICO

Nome do entrevistado: ___________________________________ Data: ___/___/___


Nome do edifício: _______________________número____ data da pesquisa_______

I – USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO.

1) É feito algum tipo de monitoramento das condições pós-ocupação do edifício? Há


dados disponíveis sobre avaliação de desempenho?
2) Como é feita a manutenção deste edifício? Há algum tipo de procedimento
documentado? Como são as rotinas?
3) Estão disponíveis dados sobre os principais problemas (reclamações de usuários)
ocorridos ao longo da vida útil do edifício?
4) Se sim na questão anterior, quando foram constatados os sintomas pela primeira
vez e de que forma?
5) Haveria possibilidade de se recordar de algum fato que esteja ligado ao
aparecimento do problema?
6) Os problemas foram objetos de intervenção anterior? Se sim, quais as intervenções
realizadas e quais os resultados obtidos?
7) Foram tomados os cuidados necessários quanto à manutenção e limpeza ou
aconteceram fatos não previstos?
8) Ocorrem episódios de reaparecimento dos sintomas ou de agravamento dos
mesmos?
9) As alterações ocorridas com as condições climáticas, mudam as características dos
problemas?
10) Estes dados que auxiliam, ou de alguma forma são considerados na manutenção
do edifício? Como?
11) Se há patologias, o tempo de aparecimento:

207
APÊNDICE - 03

ROTEIRO DE ENTREVISTA COM AUTOR DO PROJETO ARQUITETÔNICO

Nome do entrevistado: ___________________________________ Data: ___/___/___


Nome do edifício: _________________________ data conclusão da obra: _________

I – CONCEITOS E CONCEPÇÃO PARA DURABILIDADE.

1) Na sua visão o projeto arquitetônico foi elaborado visando à durabilidade dos


componentes de fachada? Se sim, como?
2) Quais os procedimentos de decisão de projeto foram tomados visando à
durabilidade.
3) Em que momento estas informações entraram no processo de elaboração do
projeto.
4) Que tipo de critérios foi adotado para definir o tipo de tecnologia a ser incorporada
ao empreendimento?
5) Para quais elementos houve detalhamento para o processo construtivo?
6) Quais os critérios abaixo relacionados mereceram maior destaque na avaliação das
decisões arquitetônicas.
Facilidades de Facilidades de Facilidades de
operação manutenção reposição
Construtibilidade Compatibilidade física Compatibilidade
química
Desempenho homogêneo dos componentes
7) Existiu processo de compatibilização de projetos? Como?
8) Que tipo de falhas foram constatadas nesta etapa?

II – EXECUÇÃO DA OBRA.

9) Você participou desta etapa? Como?


10) Quais outros profissionais estiveram envolvidos na execução?
11) No decorrer da construção foram feitas modificações no projeto, nos
procedimentos de execução ou na especificação de materiais? Como foram
registrados?

208

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