Contratual J Caso 7 J Questões 1 J 2 J 3 e 4 J

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 5

7) Caso Prático: Supressio em Contrato de Locação

Maria alugou um apartamento de João por um período de 5 anos.


Durante esse tempo, ela consistentemente atrasou o pagamento do
aluguel em até 15 dias além do prazo contratual, sem que João
jamais reclamasse ou aplicasse qualquer penalidade, pois sempre ia
buscar o aluguel na casa da inquilina. No sexto ano, João decide
exigir o pagamento pontual e que seja em seu domicílio, já que não
irá mais buscar o aluguel, então João notifica Maria de que cobrará
multas por atraso conforme estipulado no contrato.

Pergunta: Maria pode invocar o princípio da supressio alegando que


João, por sua conduta de nunca antes cobrar multas, suprimiu o seu
direito de cobrá-las agora, gerando uma expectativa legítima de que
tais atrasos eram toleráveis. Esse princípio impede João de exercer
um direito que, por suas próprias ações consistentes ao longo do
tempo, ele deu a entender que não exerceria.

Resposta: Maria poderia invocar o princípio do supressio somente para as


multas pretéritas, pois, já que João ficou omisso, gerou uma expectativa em
legítima em Maria de que poderia continuar realizando o ato, por consequência,
ele não poderia cobrar a multas passadas diante do atraso de Maria. Porém,
nada impede de que João, passe cobrar as multas futuras pelo atraso, após a
devida notificação, nesse caso, ela não poderia aplicar o principio do supressio.

1)Que tipo de obrigação e essa? Queráble ou Portable?


Resposta: A obrigação é do tipo Portable, já que o credor (João) exige do
devedor (Maria) que o pagamento do aluguel seja efetuado em seu domicílio.

2)Explique cada uma das obrigações?

Obrigação Quérable (Quesível):

A legislação civil prevê que o pagamento de eventual obrigação


deverá ser efetuado no domicílio do devedor, ou seja, a dívida é quesível (ou
quérable). Nesse caso, o credor é responsável por procurar o devedor para
receber o pagamento.

Obrigação Portable (Portável):

Existem obrigações consideradas de natureza portável (ou portable),


quando o devedor precisará procurar o credor para se isentar da obrigação,
passando a ser sua a responsabilidade de provar que ofereceu a prestação ao
credor 1. Isso ocorrerá caso haja convenção entre as partes, em decorrência da
natureza da obrigação ou se houver imposição legal “.

Também será uma hipótese de obrigação portable se as partes


firmarem que o pagamento deva ocorrer no domicílio de terceiro. Se
designados dois ou mais lugares para que o devedor efetue o pagamento, ficará
a critério do credor estabelecer um deles 1. Exemplo: O boleto bancário cujo
pagamento deve ser realizado nas dependências da instituição é um exemplo
de obrigação portable.

3) Ela está em mora? Quais as consequências da Mora e quais os


tipos de mora?
Resposta: A falta de reclamação por parte de João em relação aos
atrasos no pagamento do aluguel não altera o fato de que Maria está em mora.
A mora ocorre quando há um cumprimento defeituoso de uma obrigação, no
caso de Maria há uma “Mora Debitoris”, isso significa que ela não está
cumprindo sua obrigação de pagar dentro do prazo acordado.

No exemplo dado, Maria consistentemente atrasava o pagamento do


aluguel além do prazo contratual, mesmo que João não tenha reclamado ou
aplicado penalidades por esses atrasos no passado. A falta de ação por parte de
João pode ser interpretada como uma tolerância ou renúncia ao direito de
exigir o pagamento pontual do aluguel, mas isso não muda o fato de que Maria
não cumpriu suas obrigações contratuais no prazo estipulado.

Portanto, mesmo que João não tenha reclamado os atrasos contratuais


no passado, Maria ainda está em mora de acordo com os termos do contrato
de locação.

Consequências da Mora
1. Cobrança de juros de mora: O credor pode ter o direito de cobrar juros
sobre os valores em atraso. Esses juros são geralmente especificados no
contrato ou determinados por lei.
2. Multa ou penalidade: O contrato pode prever multas ou penalidades
para a parte que está em mora. Essas penalidades geralmente estão
estabelecidas no contrato.
3. Rescisão do contrato: Se a mora persistir por um período prolongado
ou se houver violações graves das obrigações contratuais, o credor pode
ter o direito de rescindir o contrato.
4. Inadimplemento contratual: A parte em mora pode ser considerada em
inadimplemento contratual, o que pode resultar em danos à sua
reputação comercial e em possíveis medidas legais por parte do credor.
5. Cobrança judicial: Se a parte em mora não resolver a situação de forma
voluntária, o credor pode buscar uma ação judicial para cobrar os valores
devidos e possivelmente obter uma ordem judicial para o cumprimento
das obrigações contratuais.

Conforme Art. 395, do Código Civil “Responde o devedor pelos


prejuízos sua mora der causa, mais juros, atualização dos valores monetários
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.”

Parágrafo único.” Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao


credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos”.

Tipos de Mora
1. Mora Debitoris (do devedor) ou Mora Solvendi: Este tipo de mora
ocorre quando o devedor não cumpre sua obrigação na forma, tempo e
lugar convencionados no contrato. De acordo com o Art. 397 do Código
Civil, “O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo,
constitui de pleno direito em mora o devedor”.

Exemplo: se um inquilino não pagar o aluguel na data de vencimento,


ele estará em mora debitoris

Além disso, a culpa é elemento indispensável a caracterização desse


tipo de mora, conforme expresso no Art. 396 do Código Civil, “Não havendo
fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora”.

2. Mora Creditoris (do credor) ou Mora Accipiendi: Este tipo de mora


ocorre quando o credor não aceita o cumprimento da obrigação na
forma, tempo e lugar acordados por parte do devedor, mesmo que este
esteja disposto e apto a fazê-lo. Isso pode ocorrer, por exemplo, se o
locador recusar o pagamento do aluguel pelo inquilino quando este
tenta pagar dentro do prazo.

Para que haja a mora creditoris é imprescindível que o credor tenha


se recusado, em justa causa, a receber a prestação, sendo desnecessária a
existência de culpa do credor.

4) O que precisa para evitar a Mora?

Resposta: Para evitar a mora, tanto o devedor quanto o credor devem


agir de acordo com as disposições contratuais e legais diante de:
1. Cumprimento pontual das obrigações: O devedor deve pagar suas
dívidas ou cumprir outras obrigações dentro dos prazos estabelecidos no
contrato ou determinados pela lei.
2. Comunicação clara: Se houver dificuldades em cumprir as obrigações
dentro do prazo estipulado, o devedor deve comunicar prontamente o
credor sobre essa situação. Isso pode ajudar a evitar mal-entendidos e
permitir que ambas as partes encontrem uma solução adequada, como
renegociação dos termos do contrato ou estabelecimento de um novo
cronograma de pagamento.
3. Aceitação oportuna do cumprimento: O credor deve estar pronto e
disposto a aceitar o cumprimento das obrigações por parte do devedor,
desde que este esteja em conformidade com os termos do contrato.
4. Negociação e flexibilidade: Ambas as partes podem buscar soluções
alternativas, como renegociação dos termos do contrato ou
estabelecimento de um plano de pagamento revisado, caso haja
dificuldades em cumprir as obrigações conforme inicialmente acordado.
5. Manutenção de registros: É importante que ambas as partes
mantenham registros precisos e atualizados de todas as transações
relacionadas ao contrato, incluindo pagamentos recebidos e datas de
vencimento.

Você também pode gostar