Prevenção Primária em Psiquiatria - RDP - Leonardo Machado
Prevenção Primária em Psiquiatria - RDP - Leonardo Machado
Prevenção Primária em Psiquiatria - RDP - Leonardo Machado
ARTIGO
Leonardo Machado
Camila Twany Nunes de Souza
Amaury Cantilino
1
Professor Assistente de Psiquiatria e Psicologia Médica, Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife, PE. Preceptor da Residência de Psiquiatria, Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Recife, PE. Mestre e Doutorando em Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamento, UFPE, Recife, PE. 2 Estudante de Medicina, UFPE, Recife, PE. 3
Professor Adjunto de Psiquiatria e Psicologia Médica, UFPE, Recife, PE. Preceptor da Residência
de Psiquiatria, HC-UFPE, Recife, PE. Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento,
UFPE, Recife, PE.
lhe confere certa originalidade ou peculiaridade: ela se começaram a ser implementadas as primeiras iniciativas
encontra exatamente na interface das ciências biológicas de prevenção em saúde mental. Os primeiros esforços
e do comportamento humano2. tiveram como foco indivíduos em risco para psicose3. Na
Para a geração de novos psiquiatras, parece óbvio década seguinte, começou-se a falar da urgência em se
pensar na psiquiatria como uma especialidade médica pensar também na prevenção primária em psiquiatria4.
e, dessa maneira, herdeira do modelo da medicina. No No entanto, dos 934 artigos publicados entre 2001 e
entanto, essa conceituação percorreu um longo caminho, 2012 nos três maiores jornais de psiquiatria e ciências
sobretudo porque a psiquiatria é o ramo da medicina sociais de Israel, somente 7,2% abordaram a temática de
que mais se apresenta no cruzamento de vários saberes prevenção primária em saúde mental5.
humanos. Isso porque o comportamento humano é Se hoje é totalmente possível e desejável falar em
portador de uma complexidade dificilmente entendida medicina preventiva, e se a psiquiatria é um ramo da
através de uma simplificação do pensamento. Essa medicina, por qual motivo não se poderia falar de
simplificação é necessária para se construir um corpo de prevenção em psiquiatria?
conhecimento, mas, ao mesmo tempo, é arriscada pela Uma das respostas que se costuma dar é que não se
possibilidade de se produzir uma visão muito parcial de saberia a etiologia dos transtornos mentais. Contudo,
um fenômeno quando se considera um lado sem se levar com exceção da maioria das doenças estudadas pela
em conta as outras faces. (Além disso, a própria loucura infectologia, grande parte das condições tratadas
nem sempre foi vista com o olhar médico, já tendo sido pela medicina não tem suas etiologias totalmente
entendida como uma manifestação do humano e até conhecidas, e os respectivos tratamentos se baseiam
como um poder especial dos deuses33.) Igualmente, por em controle de sintomas. Com a quantidade de estudos
estar mais próxima da encruzilhada do saber, a psiquiatria das neurociências, da genética do comportamento e da
viu nascer várias movimentações em seu bojo, às vezes psicofarmacologia, a psiquiatria já possui grande arsenal
contraditórias, extremadas ou divergentes. de conhecimentos sobre mecanismos fisiopatológicos
Reafirmando a psiquiatria como uma especialidade e etiológicos dos principais diagnósticos que se
médica, procurou-se, neste artigo, responder se propõe a tratar. Não é que se saiba pouco sobre as
a prevenção primária em saúde mental já seria bases etiológicas e fisiopatológicas dos transtornos
uma realidade. Para isso, procurou-se formular um psiquiátricos; não se sabe a causa exata de maneira
panorama atual acerca da prevenção primária em individualizada. Grande parte disso se deve aos escassos
psiquiatria. Partindo-se de ponderações em torno de métodos diagnósticos complementares disponíveis na
impossibilidades, inviabilidades e limitações da prevenção prática clínica para o diagnóstico de transtornos mentais
em saúde mental, enfatizaram-se aspectos teóricos sobre primários. Dessa maneira, não parece razoável deixar o
a prevenção primária. Posteriormente, foram descritos estudo da prevenção em psiquiatria por uma suposta
alguns estudos bem desenhados, que mensuraram a falta de conhecimento.
diminuição da incidência de transtornos mentais como Além disso, muitos estudos têm surgido com o objetivo
principal desfecho de intervenções preventivas. de fazer diagnóstico e intervenção precoces6,7, diminuição
de recaídas8,9 (prevenção secundária) e reabilitação10-12
Prevenção em PSIQuIatrIa (prevenção terciária). Pelo menos em parte, a prevenção
Assim como a medicina em geral, a psiquiatria passou dentro da psiquiatria vem sendo estudada e aplicada.
por diversas etapas, tanto no campo teórico quanto no
aspecto assistencial. Na realidade, os avanços nessas Prevenção PrImárIa em PSIQuIatrIa
duas frentes acabaram se entrelaçando e levando a Fala-se em prevenção primária quando se faz intercepção
mudanças de paradigmas na psiquiatria. dos fatores pré-patogênicos através de promoção da
Diferentemente das outras áreas médicas, pensar saúde e de proteção específica; em prevenção secundária
em uma abordagem preventiva na psiquiatria é algo quando se tomam medidas no indivíduo já sob ação do
relativamente novo. Somente na década de 1970 é que agente patogênico, por meio de diagnóstico e tratamento
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precoces, medidas estas que visam diminuir a incapacidade; secundária e terciária14. Entretanto, seria possível fazer
e em prevenção terciária quando se adotam medidas que prevenção primária em psiquiatria? As publicações
tentam impedir a incapacidade total13. parecem dizer que sim15.
Nas últimas décadas, os principais avanços no campo Pode-se classificar a prevenção primária em psiquiatria
preventivo dentro da psiquiatria se deram nas prevenções em três subtipos (Figura 1).
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Professor Assistente de Psiquiatria e Psicologia Médica, Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife, PE. Preceptor da Residência de Psiquiatria, Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Recife, PE. Mestre e Doutorando em Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamento, UFPE, Recife, PE. 2 Estudante de Medicina, UFPE, Recife, PE. 3
Professor Adjunto de Psiquiatria e Psicologia Médica, UFPE, Recife, PE. Preceptor da Residência
de Psiquiatria, HC-UFPE, Recife, PE. Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento,
UFPE, Recife, PE.
Essas amostras com tamanhos quase inviáveis para certo qual a combinação de fatores para um indivíduo
a maior parte dos estudos científicos se devem, em específico em um determinado momento gera um
grande parte, à questão da multifatorialidade etiológica diagnóstico23. Em algumas situações, achados em
dos transtornos mentais. Transtornos psiquiátricos não parâmetros neurocientíficos não conseguem traduzir-se
são causados apenas por um único fator de risco22, em resultados similares em termos de diagnóstico clínico.
sendo que um único fator de risco para adoecimento Por exemplo, betabloqueador se mostrou eficaz para
psíquico não consegue explicar mais do que 15% do diminuir a consolidação de memórias traumáticas, mas
aparecimento do transtorno17. De fato, indivíduos com não conseguiu demonstrar o mesmo efeito para prevenir
poucos fatores de risco podem desenvolver diagnósticos o diagnóstico de transtorno de estresse pós-traumático24.
psiquiátricos e indivíduos com muitos fatores de risco Certamente, isso também passa pelo fato de lidarmos
podem nunca desenvolver transtornos. Não sabemos ao com um sistema altamente complexo responsável pelo
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Professor Assistente de Psiquiatria e Psicologia Médica, Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife, PE. Preceptor da Residência de Psiquiatria, Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Recife, PE. Mestre e Doutorando em Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamento, UFPE, Recife, PE. 2 Estudante de Medicina, UFPE, Recife, PE. 3
Professor Adjunto de Psiquiatria e Psicologia Médica, UFPE, Recife, PE. Preceptor da Residência
de Psiquiatria, HC-UFPE, Recife, PE. Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento,
UFPE, Recife, PE.
É verdade que há o debate se a prevenção indicada seria com diminuição de incidência de transtornos mentais
realmente primária ou se seria diagnóstico e tratamento como desfecho. No momento em que escrevem este
precoces, portanto secundária17. Apesar disso, bons artigo, os autores terminaram de conduzir um estudo
estudos com esse tipo de abordagem têm sido publicados com intervenção baseada em psicologia positiva em
e têm demonstrado a eficácia em diminuir a incidência estudantes de medicina da Universidade Federal de
de transtornos mentais comuns, como depressão e Pernambuco. Entre as variáveis estudadas, foram
transtornos de ansiedade. Abaixo, alguns trabalhos bem utilizadas escalas para avaliar bem-estar subjetivo e
representativos e bem realizados são descritos. escala de triagem para transtornos mentais comuns.
Pesquisando de modo não sistematizado na base de Antes da intervenção, um estudo transversal avaliando
dados PubMed, os autores não encontraram artigos bem-estar subjetivo e preocupações foi realizado na
descrevendo estudos brasileiros de prevenção primária mesma população. Os artigos estão sendo escritos.
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Um dos primeiros estudos bem conduzidos foi realizados encontros com os parentes nas sessões 1 e 8
realizado em 1995 em uma amostra de adolescentes do da fase aguda. O grupo controle (n = 157) recebeu o
ensino médio norte-americano com elevados sintomas cuidado convencional de saúde nas instituições (cuidados
depressivos. Uma escala (Center for Epidemiological em saúde mental ou em outras áreas clínicas). Além
Studies Depression Scale – CES-D) foi aplicada em do autorrelato (CES-D), foram realizadas entrevistas
1.652 estudantes. Adolescentes com escores elevados clínicas com psiquiatra. O programa de intervenção de
do CES-D (n = 471) foram entrevistados com o Schedule TCC teve um efeito significativo de prevenir episódios
for Affective Disorders and Schizophrenia for School- de depressão no seguimento de 9 meses (11,7 versus
Age Children (n = 222). Os jovens que apresentaram 40,5%; IC95% 0,11-0,50), mas esse efeito só foi evidente
diagnóstico de transtorno afetivo foram referenciados nos adolescentes cujos pais não estavam passando por
para serviços de psiquiatria (n = 46); 172 adolescentes, depressão no momento do programa27. Os resultados se
que foram identificados como tendo muitos sintomas mantiveram em um seguimento de 3 anos28.
depressivos mas sem o diagnóstico clínico, foram Uma metanálise recente, incluindo 32 ensaios clínicos
randomizados para a intervenção (n = 76) ou para controlados e randomizados, examinou o efeito das
cuidados usuais (grupo controle) (n = 74). A intervenção intervenções propostas para prevenção primária de
preventiva foi realizada através de 15 sessões de grupo depressão. A maior parte das intervenções foram
de terapia cognitiva (TC). No seguimento de 12 meses, sessões de grupo baseadas na TCC e, em segundo
a incidência de depressão no grupo que recebeu a lugar, na psicoterapia interpessoal (PI). O grupo-
intervenção de TC foi de 14,5% e no grupo controle foi alvo das intervenções foi, em sua maioria, crianças e
de 25,7%25. Anos depois, um ensaio clínico controlado e adolescentes e, em segundo lugar, mulheres grávidas.
randomizado foi liderado pelo mesmo pesquisador em Não foi feita limitação em relação aos tipos de prevenção
adolescentes (13 a 18 anos) descendentes de pais que primária para a inclusão dos artigos. O risco relativo
estavam em tratamento para depressão em um serviço para o desenvolvimento de depressão nos grupos das
de saúde. Os jovens que participaram do estudo tinham intervenções em relação aos grupos controles foi de
no momento da intervenção sintomas depressivos que 0,79 (IC95% 0,69-0,91), indicando uma diminuição de
não fechavam diagnóstico clínico e/ou um passado de 21% na incidência de depressão nos referidos grupos
episódio depressivo; 49 adolescentes receberam cuidados que receberam as intervenções preventivas. O número
usuais no serviço de saúde, e 45, além desses cuidados, necessário para tratar (NTT) para prevenir um caso
receberam 15 sessões de grupo de TC. No seguimento de depressão foi 20. Como os tratamentos atuais
de 15 meses, o grupo que recebeu a intervenção teve não conseguem reduzir todas as consequências dos
incidência de 9,3% de depressão, enquanto o grupo transtornos depressivos, estratégias preventivas devem
controle teve incidência de 28,8%26. ser consideradas29.
Um estudo com amostra maior reportou um ensaio Uma recente revisão sistemática da Cochrane
clínico multicêntrico controlado e randomizado, investigou a eficácia de intervenções baseadas na
conduzido em quatro cidades da América do Norte, que TCC, na PI e na terceira onda da TCC para a prevenção
avaliou o efeito da terapia cognitivo-comportamental primária de depressão em crianças e adolescentes (5 a 19
(TCC) em adolescentes (13-17 anos) descendentes anos). Foram incluídos 83 ensaios clínicos, e não houve
de pais que tinham depressão durante o período da limitação em relação aos tipos de prevenção primária
intervenção ou que tiveram o diagnóstico no passado. para a inclusão dos estudos. As intervenções destinadas
Os jovens tinham sintomas depressivos subsindrômicos às populações de risco tiveram efeitos estatisticamente
durante a intervenção ou histórico de depressão ou significativos na redução da incidência de depressão
ambas situações. O grupo intervenção (n = 159) recebeu (embora pequenos), tanto na pós-intervenção quanto
oito sessões semanais de TCC (fase aguda) de grupo (3 a 12 meses depois, o mesmo não acontecendo com a
10 adolescentes) de 90 minutos, seguidas de seis sessões intervenção universal. O NTT foi 11 quando comparado
mensais de TCC (fase de continuação). Além disso, foram com outras intervenções de saúde pública30.
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Professor Assistente de Psiquiatria e Psicologia Médica, Universidade Federal de Pernambuco
(UFPE), Recife, PE. Preceptor da Residência de Psiquiatria, Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Recife, PE. Mestre e Doutorando em Neuropsiquiatria e
Ciências do Comportamento, UFPE, Recife, PE. 2 Estudante de Medicina, UFPE, Recife, PE. 3
Professor Adjunto de Psiquiatria e Psicologia Médica, UFPE, Recife, PE. Preceptor da Residência
de Psiquiatria, HC-UFPE, Recife, PE. Doutor em Neuropsiquiatria e Ciências do Comportamento,
UFPE, Recife, PE.
Estudos bem desenhados sobre a diminuição presença de dois dos três seguintes parâmetros: sexo
de incidência de transtornos de ansiedade com feminino, os dois pais com diagnóstico de depressão e/
intervenções preventivas também foram realizados. ou transtornos de ansiedade, história familiar de suicídio
Um deles foi publicado em 1997 como consequência ou de tentativa de suicídio. O protocolo deste ensaio está
de um projeto feito na Austrália (The Queensland Early muito bem desenhado, e os resultados são aguardados
Intervention and Prevention of Anxiety Project). Um com certa expectativa32.
total de 1.786 crianças (7 a 14 anos) foram triadas
para problemas de ansiedade a partir da observação PenSando PreventIvamente
de seus professores e também de autorrelatos (Revised “Doutor, essas técnicas e informações deveriam ser
Children’s Manifest Anxiety Scale – RCMAS). Após o transmitidas em escolas e em universidades! Se eu
recrutamento e a entrevista diagnóstica (utilizando soubesse disso, minha vida certamente teria sido menos
protocolos estruturados: Child Behavior Checklist e sofrida!”, exclamou certa paciente durante uma sessão
Anxiety Disorders Interview Schedule for Children de psicoterapia.
- Parent Version), 128 crianças/adolescentes foram Com vários dados disponíveis na literatura da psiquiatria
selecionados e divididos para o grupo intervenção e da psicologia, já é possível começar a mudar a maneira
(10 semanas de sessões de grupo escolares baseadas de se encarar os transtornos mentais. Uma das formas
na TCC para as crianças e para os parentes) ou para para se fazer isso é começando a implementar mais
o grupo controle (apenas monitoramento). Aqueles esforços na disseminação de conceitos e de técnicas que
que tinham transtornos primários de comportamento têm se mostrado eficazes na prevenção de transtornos
externalizantes foram excluídos. Nenhum parente tinha psiquiátricos. Igualmente, pode-se começar a pensar
abuso de substância ou esquizofrenia. No seguimento preventivamente. Para isso, alguns princípios parecem
de 6 meses, as crianças que já tinham diagnóstico de ser fundamentais20:
transtorno de ansiedade e receberam a intervenção • Saúde mental e saúde física são inseparáveis;
diminuíram as taxas de transtornos e de sintomas • A prevenção é inerentemente interdisciplinar;
de ansiedade, quando comparadas com aquelas que • Para prevenir, é preciso ter uma perspectiva de
apenas foram monitoradas. Além disso, dentro desse desenvolvimento.
grupo controle, que apenas foi monitorado, 33 crianças
tinham sintomas de ansiedade, mas não fechavam Do mesmo modo, para além de debates intermináveis,
critério diagnóstico. Destas crianças, 54% progrediram algumas atitudes na intimidade da clínica e do ambiente
ao longo dos 6 meses para um diagnóstico de transtorno de trabalho podem ser estimuladas20:
de ansiedade, enquanto apenas 16% de crianças • Aproveitar as oportunidades, dando especial
semelhantes (“subsindrômicas”) do grupo intervenção atenção para os parentes de nossos pacientes e
progrediram para um diagnóstico31. para crianças/adolescentes em risco;
Pensando na alta comorbidade entre transtornos • Promover estratégias de prevenção no próprio
depressivos e ansiosos, bem como na utilidade de se local de trabalho (para si e para os outros);
programar intervenções que possam ser úteis para • Informar sobre riscos baseados nos dados
mais de uma condição patológica, um estudo chamado científicos disponíveis.
Screening and Training: Enhancing Resilience in Kids
(STERK-study) tem sido conduzido. A proposta é realizar concLuSão
um ensaio clínico controlado randomizado que combina A prevenção primária parece ser uma realidade
dois tipos de prevenção primária (seletiva e indicada), parcialmente possível no presente, ao mesmo tempo em
com o objetivo de atingir dois tipos de grupos de risco: que pode ser uma utopia totalmente alcançada no futuro.
aqueles sem sintomas e aqueloutros com sintomatologia Para isso, pensando com o que se tem em termos de
depressiva e/ou ansiosa elevada, mas sem fechar critério dados científicos, o foco de pesquisas e de intervenções
clínico. O critério para risco de adoecimento foi dado pela deve ser em prevenção indicada, em grupos com mais de
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um fator de risco e visando atingir desfechos que sejam disorders: a systematic review. Lancet.
benéficos para vários transtornos. 2003;361:653-61.
Além disso, a prevenção primária também é papel da 9. Kuyken W, Warren FC, Taylor RS, Whalley B, Crane
psiquiatria e do(a) psiquiatra, embora não seja exclusiva C, Bondolfi G, et al. Efficacy of mindfulness-based
deles. É verdade que mais estudos merecem ser cognitive therapy in prevention of depressive
realizados. Entretanto, a nossa mentalidade pode ser relapse: an individual patient data meta-analysis
modificada desde já. from randomized trials. JAMA Psychiatry.
2016;73:565-74.
Artigo submetido em 01/11/2016, aceito em 17/01/2017. 10. Bio DS. Reabilitação vocacional e suas implicações
Os autores informam não haver conflitos de interesse no funcionamento cognitivo de pacientes
associados à publicação deste artigo. esquizofrênicos [dissertação]. São Paulo:
Fontes de financiamento inexistentes. Universidade de São Paulo; 2010.
Correspondência: Leonardo Machado, Rua Frei Matias 11. Favrod J, Nguyen A, Fankhauser C, Ismailaj A,
Teves, 280, sala 114, CEP 50070-450, Ilha do Leite, Hasler J-D, Ringuet A, et al. Positive Emotions
Recife, PE. E-mail: [email protected] Program for Schizophrenia (PEPS): a pilot
intervention to reduce anhedonia and apathy.
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