Obrigações 9
Obrigações 9
Obrigações 9
E
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
- “O que caracteriza o pagamento, como modo extintivo da obrigação, é a realização
voluntária da prestação devida e a satisfação do interesse do credor. No entanto,
também ao devedor interessa o cumprimento, para se liberar do vínculo a que se encontra
adstrito. Se não efetuar o pagamento no tempo, local e forma devidos, sujeitar-se-á aos
efeitos da mora” (Gonçalves).
1. Conceito:
- Pagar é um direito do devedor, podendo este valer-se de meios coercitivos para tal.
- Incisos III a V: casos em que, por prudência, o devedor opta pelo pagamento judicial.
4. Consignação extrajudicial
- Art. 334 CCB.
- Cabível apenas para as obrigações em dinheiro.
- Trata-se do depósito realizado em instituições bancárias.
- Disciplina jurídica a ser estudada nos Procedimentos Especiais disciplinados pelo Direito
Processual Civil (art. 539, §§ 1º ao 4º CPC).
“Alguém, por exemplo, é credor quirografário juntamente com um credor trabalhista, o qual
tem, portanto, preferência. Afastando o débito trabalhista, pode aguardar com maior
tranquilidade o momento oportuno de, por exemplo, levar bem penhorado à praça e se
ressarcir de toda a dívida, a sua e a dívida trabalhista que pagou e nela se sub-rogou”
(Venosa).
II. Adquirente de imóvel hipotecado
- Objeto de estudo dos Direitos Reais.
III. Terceiro interessado que paga, no todo ou em parte, a dívida pela qual poderia ser
obrigado
- Hipótese mais comum (ex. fiador; devedor solidário).
- Devedor não precisa concordar: pode ocorrer com ou sem seu conhecimento,
diferentemente do que ocorre na cessão de crédito, que exige a notificação do devedor
para o fim de cientificá-lo (Venosa).
- Art. 348 CCB: nessa hipótese, vigorará o disposto quanto à cessão de crédito.
II. Devedor que toma a iniciativa e consegue que alguém lhe empreste a quantia
necessária para pagar a dívida
- Há iniciativa do devedor, que consegue alguém que lhe empreste o numerário para pagar
a dívida e passa a dever, com todos os direitos originários ao mutuante (terceiro que lhe
emprestou o numerário).
- “A segunda hipótese ocorre com muita frequência nos financiamentos dos bancos ditos
sociais. A Caixa Econômica, por exemplo, costuma liquidar os débitos de devedores com
instituições privadas, fornecendo financiamentos em condições mais favoráveis. Essa
situação também pode ocorrer entre bancos concorrentes” (Venosa).
- “No segundo caso, o devedor consegue talvez se afastar de um credor poderoso, mais
insistente, e poderá pagar, depois, a quem lhe emprestou, quiçá em situação mais
favorável” (Venosa).
- Difere da cessão de crédito, pois nesta há necessidade de ciência do devedor (art. 290
CCB).
4. Efeitos da sub-rogação
- “Alguns veem injustiça na solução, acreditando melhor na solução italiana que manda
fazer um rateio entre sub-rogante e sub-rogado, que suportariam igualmente a insolvência
do devedor. No entanto, quem se sub-roga na forma atualmente prescrita assume o risco
da insolvência do devedor. Disso já tem ciência pelos termos expressos no artigo
mencionado” (Venosa).
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
1. Conceito:
- Art. 352 CCB.
- “É forma de se quitar um ou mais débitos, quando há vários, do mesmo devedor, em
relação ao mesmo credor. Trata-se da aplicação de um pagamento a determinada dívida
(ou mais de uma), entre outras que se têm com o mesmo credor, desde que sejam todas
da mesma natureza, líquidas e vencidas” (Venosa).
- “Imputar o pagamento é determinar em qual dívida o pagamento está incidindo”
(Menezes, R.).
- Vantagem para o devedor: juros que incidem sobre os débitos.
- Norma de caráter supletivo: se não houver convenção em contrário, caberá ao devedor a
escolha na imputação.
* Exemplo:
“Orlando deve R$ 50,00; R$ 100,00 e R$ 150,00 a Sílvio, estando todas as dívidas vencidas, e
dispõe apenas de R$ 200,00. Ao pagar, poderá indicar quais dos débitos solve”.
2. Requisitos:
a) Pluralidade de débitos
- Mais de um débito, porém independentes entre si.
e) O pagamento ofertado pelo devedor deve ser suficiente para quitar ao menos uma das dívidas
- Credor não é obrigado a receber parcialmente.
* Se a quantia ofertada for superior ao débito de menor valor, mas não atingir o de maior
valor?
- Venosa defende que, neste caso, o pagamento refere-se à dívida de menor valor, salvo
acordo entre as partes. O excedente não deverá necessariamente ser aceito pelo credor
para amortizar a dívida de maior valor, porque se trataria de pagamento parcial.
- Devedor não pode impor, mas o credor pode receber, se desejar (Venosa).
3. Disciplina jurídica
a) Conceito
- Art. 352 CCB.
- Maria Helena Diniz assevera que a imputação do pagamento requer vários débitos, mas,
excepcionalmente, a lei a admite havendo um único débito se este vencer em juros.
- Assim sendo, havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos e, depois, no capital, salvo convenção em sentido contrário ou se o credor vier a
passar quitação por conta do capital, permanecendo subsistentes os juros.
* Exemplo :
- A dívida é de R$ 100,00 (principal) e os juros somam, na data do pagamento, R$ 10,00.
- Assim, se o devedor pagar R$ 40,00, os primeiros R$ 10,00 pagos saldarão os juros, e o
outros R$ 30,00, com a concordância do credor, serão direcionados a pagar parcialmente o
débito principal, que será reduzido para R$ 70,00.
d) Imputação do pagamento feita pela lei
- Art. 355 CCB.
- A quitação foi omissa quanto ao débito que foi pago: ao pagar, o devedor não imputou e
ao emitir a quitação, o credor igualmente não imputou.
* Solução legal:
1. Conceito:
- Art. 356 CCB.
- Contraponto do Princípio da Identidade (art. 313 CCB).
- Datio in solutum ou datio pro soluto: acordo liberatório.
- Ocorre quando o devedor oferece outra prestação no lugar daquela devida e o credor
aceita.
- Não se restringe a substituir dinheiro por coisa, podendo ser uma coisa por outra; coisa
por fato; fato por fato, para solver a dívida, sem que haja substituição da obrigação por
uma nova.
2. Requisitos:
a) Existência de uma obrigação previamente criada;
c) Se a prestação diversa consistir em uma coisa, esta deverá ser entregue ao credor
(negócio real).
3. Natureza jurídica:
- Negócio jurídico bilateral, oneroso e real, salvo se a prestação substituída for de fazer ou
não fazer.
- A finalidade da dação é a de extinguir a dívida.
- Não há necessidade de equivalência de valor na substituição, nem há a necessidade de
que as partes expressem um valor.
- Admite-se, no entanto, que a dação seja parcial: apenas parte do conteúdo da obrigação é
substituído.
- “O devedor, por exemplo, não tendo dinheiro suficiente, dá parte em dinheiro e parte em
espécie. Pode também o credor concordar em receber parcialmente in solutum
remanescendo parte da dívida na obrigação originária. Nesta hipótese, há necessidade de
se explicitar o valor que fica em aberto” (Venosa).
4. Disciplina jurídica:
a) Conceito
- Art. 356 CCB.
- Se a prestação substituída for uma coisa (móvel ou imóvel) e à ela for atribuído um valor
(preço), a esta dação em pagamento equiparar-se-á à compra e venda, aplicando as regras
desta espécie contratual.
c) Dação em pagamento e cessão
- Art. 358 CCB.
- Diniz afirma que, neste caso, o cedente responsabiliza-se pela existência do crédito, mas
não pela solvência do devedor cedido.
d) Dação em pagamento e evicção
- Art. 359 CCB.
-Ocorre quando o credor recebe em dação em pagamento coisa que não pertence ao
devedor, sendo esta reivindicada por seu legítimo dono.
-Conceito de evicção: perda da coisa, por força de sentença judicial, que confere o
domínio a terceira pessoa.
-Neste caso, a dação fica sem efeito, voltando ao statu quo ante.
“Dação em pagamento. Evicção. Apreensão de automóvel dado como parte de pagamento
na aquisição de outro veículo. Quitação inoperante e subsistência da obrigação primitiva.
Responsabilidade do comprador admitida pela entrega de cheque no valor correspondente
ao bem apreendido. [...]. Declaração inexigibilidade da dívida, inadmissível diante do que
dispõe o art. 359 do CC. Recurso não provido. Litigância de má-fé. Indenização.
Admissibilidade. Utilização de todos os meios processuais à disposição para procrastinar o
cumprimento de obrigação, que sabia a parte ser líquida e certa. Recurso não provido”.
(TJSP, 20ª Câmara de Direito Privado, Ap. nº 1.052.085.700, Rel. Des. Bernardo Mendes
Castelo Branco Sobrinho, DJ. 10.12.2007).
DA COMPENSAÇÃO
DA COMPENSAÇÃO
1. Conceito
- Art. 368 CCB.
- Ocorre quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedoras umas
das outras.
- As duas obrigações se extinguem até onde se compensarem.
- “Mediante um pagamento fictício” (Menezes, R.).
2. Formas
a) Total: se os valores compensados forem iguais.
- Extinguem-se totalmente as obrigações.
b) Parcial: se a extinção da obrigação for apenas de parte do valor.
3. Espécies:
* Requisitos:
- Art. 369 CCB.
a) Reciprocidade de créditos.
b) Liquidez das dívidas (certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto).
c) Exigibilidade das prestações (devem estar vencidas).
d) Fungibilidade dos débitos (prestações devem ser homogêneas entre si e da mesma
natureza). Ex.: dívidas de dinheiro só se compensam com dinheiro. Art. 370 CCB.
3.2 Convencional ou voluntária
- Acordo de vontades entre as partes.
- Pode dispensar alguns dos requisitos da compensação legal, como por exemplo a
fungibilidade dos créditos.
- Ex.: Antonio deve R$ 100 a André.
- André deve um quadro a Antonio, avaliado por R$ 100.
- “A autonomia privada permite que dívidas de qualquer tipo sejam compensadas, sejam
ilíquidas, heterogêneas, ou não vencidas” (Menezes, R.).
- Contudo, a compensação pode ser voluntária, quando as partes concordam, podendo até
compensar dívidas ilíquidas e não vencidas, por exemplo, pois estamos em sede de atos
dispositivos.
3.3 Judicial
- Deriva da determinação judicial, quando decretada em reconvenção ou numa ação
autônoma.
- Cada uma das partes alega o seu direito contra a outra.