Obrigações 9

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DAS FORMAS ESPECIAIS DE PAGAMENTO

E
EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
- “O que caracteriza o pagamento, como modo extintivo da obrigação, é a realização
voluntária da prestação devida e a satisfação do interesse do credor. No entanto,
também ao devedor interessa o cumprimento, para se liberar do vínculo a que se encontra
adstrito. Se não efetuar o pagamento no tempo, local e forma devidos, sujeitar-se-á aos
efeitos da mora” (Gonçalves).

- Correspondem às formas de cumprimento que se desviam do mecanismo singelo,


presente no pagamento ordinário.
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO
DO PAGAMENTO EM CONSIGNAÇÃO

1. Conceito:
- Pagar é um direito do devedor, podendo este valer-se de meios coercitivos para tal.

* Credor pode não ser conhecido;


* Credor não toma a iniciativa para receber;
* Credor pretende receber de forma diversa da convencionada;
* Credor incorre em mora (mora accipiendi).

- Disciplina jurídica: arts. 334 a 345 CCB.


- Arts. 539 a 549 CPC (procedimento especial).
- “É a modalidade de pagamento especial em que o devedor solve por meio do depósito
judicial da coisa devida, nas hipóteses autorizadas pela lei” (Donizetti; Quintella).
- Art. 334 CCB.
- Legitimidade ativa (autor): devedor.
- Legitimidade passiva (réu): credor.

- A sentença produzirá o efeito de quitação para o devedor e de extinção da obrigação (art.


546 CPC).

- A consignação é uma faculdade do devedor, pois a obrigação deste não é a de consignar,


mas sim cumprir a obrigação, podendo produzir esta alegação, em sua defesa, caso o
credor ingresse com a cobrança judicial (Venosa).
- Argumento: art. 319 CCB (direito de retenção enquanto a quitação não for dada).
2. Objeto da consignação:
- Qualquer coisa, e não necessariamente dinheiro.
- O objeto deve ser certo, não se admitindo seu manuseio sobre obrigações ilíquidas.
- Art. 341 CCB: se a coisa devida é corpo certo ou imóvel deverá ser entregue no lugar onde
está, sob pena de ser depositada.
- Consignação de imóvel: depósito das chaves.
- Quando se tratar de coisa incerta ou obrigação alternativa (art. 342 CCB):
a) Se a escolha couber ao credor, deverá ser citado para este fim.
b) Se a escolha couber ao devedor, deverá ser entregue no lugar onde está, sob pena de ser
depositada (art. 341 CCB).
- Obrigações de não fazer podem ser objeto de consignação?
- E as obrigações de fazer? Podem ser pagas por consignação?
“Por seu lado, as obrigações puramente de fazer ou não fazer, por sua natureza, não
permitem a consignação. A obrigação de não fazer será sempre incompatível com a
medida. Na obrigação de fazer, se esta estiver aderida a uma obrigação de entregar, em
princípio pode haver consignação da coisa” (Venosa).

“Consignação. Chaves. Estando o contrato de locação vigendo por prazo indeterminado e,


recusando-se o locador a receber as chaves do imóvel, caberá ao locatário ajuizar a
competente ação consignatória, para alforriar-se da obrigação de restituir a coisa locada”
(JTACSP, Lex, 171/509 e 388).

“A entrega das chaves mediante ação de consignação é direito do locatário, no caso de


resistência do locador em recebê-las” (STJ, REsp 130.002-SP, 6a T., rel. Min. Fernando
Gonçalves, DJU, 1o-9-1997, p. 40920).
3. Cabimento da consignação em pagamento
- Rol meramente exemplificativo: constitui numerus apertus

- Ex.: Art. 17 do Decreto-lei nº 58/1937.

- Art. 335 CCB.

- Incisos I e II se referem à mora accipiendi (recusa injustificada e inércia nas obrigações


quesíveis).

- Incisos III a V: casos em que, por prudência, o devedor opta pelo pagamento judicial.
4. Consignação extrajudicial
- Art. 334 CCB.
- Cabível apenas para as obrigações em dinheiro.
- Trata-se do depósito realizado em instituições bancárias.
- Disciplina jurídica a ser estudada nos Procedimentos Especiais disciplinados pelo Direito
Processual Civil (art. 539, §§ 1º ao 4º CPC).

5. Efeitos do pagamento em consignação


a) Liberatório: exonera o devedor da obrigação.

b) Extintivo: extingue a obrigação.


DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
DO PAGAMENTO COM SUB-ROGAÇÃO
1. Conceito:
- Sub-rogação significa substituição (Venosa).
- No pagamento com sub-rogação, um terceiro efetua o pagamento, e não o devedor
primitivo.
- Esse terceiro substitui o credor originário da obrigação, de forma que passa a dispor de
todos os direitos, ações e garantias que tinha o primeiro, contra o devedor primitivo que
não realizou o pagamento (art. 349 CCB).
- Lembrando que o terceiro somente se sub-roga se possuir interesse jurídico, o que não
acontece se o terceiro for desinteressado (art. 305 CCB).
- Partes da sub-rogação:
- a) Sub-rogante (credor primitivo);
- b) Sub-rogado (novo credor).
2. Natureza Jurídica:
* Há semelhanças com a cessão de crédito, porém são institutos jurídicos distintos.
Vejamos:
SUB-ROGAÇÃO CESSÃO DE CRÉDITO
Essência é o pagamento de uma Pode ter efeito especulativo,
dívida por terceiro e fica adstrita aos podendo ser efetivada por valor
termos dessa mesma dívida. diverso da dívida originária.
Este segundo efeito não se opera na Há a necessidade de que o devedor
sub-rogação. seja notificado para ser eficaz com
relação a ele (art. 290 CCB).
A sub-rogação não possui o caráter É uma alienação de um direito,
de alienação. aproximando-se da compra e venda.

Pode se operar mesmo sem A operação é sempre do credor.


anuência do credor e até mesmo
contra a sua vontade.
* Controvérsia doutrinária:
a) Venosa:
- Trata-se de instituto autônomo, que não pode ser tratado como simples meio de
extinção de obrigações.
- Em vez de extinguir o crédito, este se transfere ao terceiro, por vontade das partes ou por
força da lei.
- A relação jurídica sobrevive com a mudança do sujeito ativo.

b) Donizetti; Quintella; Beviláqua:


- É modalidade especial de pagamento: o terceiro solve ou empresta ao devedor o
necessário para fazê-lo.
- Para o credor, a obrigação se extingue, pois seu crédito foi satisfeito.
- Todavia, a obrigação subsiste para o devedor, passando o terceiro a ocupar a posição do
antigo credor, com todas as suas prerrogativas.
3. Espécies de sub-rogação:
a) Legal (art. 346 CCB)
- Hipóteses em que a sub-rogação se opera de pleno direito, ou seja, independente do
consenso.
I. Credor que paga dívida de devedor comum
- Pluralidade de credores.
- Credor paga a dívida que o devedor tem perante outro credor para alcançar posição
privilegiada em relação aos demais.

“Alguém, por exemplo, é credor quirografário juntamente com um credor trabalhista, o qual
tem, portanto, preferência. Afastando o débito trabalhista, pode aguardar com maior
tranquilidade o momento oportuno de, por exemplo, levar bem penhorado à praça e se
ressarcir de toda a dívida, a sua e a dívida trabalhista que pagou e nela se sub-rogou”
(Venosa).
II. Adquirente de imóvel hipotecado
- Objeto de estudo dos Direitos Reais.

III. Terceiro interessado que paga, no todo ou em parte, a dívida pela qual poderia ser
obrigado
- Hipótese mais comum (ex. fiador; devedor solidário).

- Ocorre quando o devedor solidário paga a dívida.


b) Convencional
- Art. 347 CCB.
- Emana da vontade do credor e do terceiro.

I. Credor tem a iniciativa de receber do terceiro


- Ocorre a iniciativa do credor, que recebe importância de terceiro. Aqui, “o credor vê-se
satisfeito, numa situação de adimplemento duvidoso” (Venosa).

- Devedor não precisa concordar: pode ocorrer com ou sem seu conhecimento,
diferentemente do que ocorre na cessão de crédito, que exige a notificação do devedor
para o fim de cientificá-lo (Venosa).

- Art. 348 CCB: nessa hipótese, vigorará o disposto quanto à cessão de crédito.
II. Devedor que toma a iniciativa e consegue que alguém lhe empreste a quantia
necessária para pagar a dívida
- Há iniciativa do devedor, que consegue alguém que lhe empreste o numerário para pagar
a dívida e passa a dever, com todos os direitos originários ao mutuante (terceiro que lhe
emprestou o numerário).
- “A segunda hipótese ocorre com muita frequência nos financiamentos dos bancos ditos
sociais. A Caixa Econômica, por exemplo, costuma liquidar os débitos de devedores com
instituições privadas, fornecendo financiamentos em condições mais favoráveis. Essa
situação também pode ocorrer entre bancos concorrentes” (Venosa).

- “No segundo caso, o devedor consegue talvez se afastar de um credor poderoso, mais
insistente, e poderá pagar, depois, a quem lhe emprestou, quiçá em situação mais
favorável” (Venosa).
- Difere da cessão de crédito, pois nesta há necessidade de ciência do devedor (art. 290
CCB).
4. Efeitos da sub-rogação

a) Satisfativo para o credor primitivo


- O credor primitivo vai se satisfazer com o pagamento feito pelo terceiro.

- Todavia, a obrigação permanece para o devedor, já que não se extingue (Venosa).

- Ressalva para os entendimentos doutrinários em sentido contrário ao de Venosa.


b) Translativo
- Art. 349 CCB.
- O novo credor vai receber todas as vantagens e direitos do credor primitivo, desde que o
pagamento tenha sido feito por sub-rogação.
- Lembremos que o sub-rogado (novo credor) não recebe mais do que receberia o
sub-rogante (credor originário).
- “Não pode haver, em princípio, finalidade especulativa na sub-rogação” (Venosa).
- Trata-se da regra na sub-rogação legal: art. 350 CCB.

- Nada impede, portanto, que na sub-rogação convencional as partes disponham de forma


diferente. Mas, se não houver pacto expresso, tem plena aplicação o disposto no art. 350
CCB (Venosa).
- Como regra, o sub-rogado não tem ação contra o sub-rogante caso o devedor venha a se
tornar insolvente.
5. Hipótese de pagamento parcial ao credor originário
- Art. 351 CCB.
- O sub-rogante terá preferência para receber antes do sub-rogado.
- Exemplo: suponhamos que a dívida seja de R$ 1.000. Um terceiro paga R$ 500 e
sub-roga-se nos direitos dessa importância. O devedor fica então a dever R$ 500 ao credor
originário e R$ 500 ao sub-rogado. Quando da cobrança de seus R$ 500, o credor originário
não encontra bens suficientes para seu crédito de R$ 500. Terá ele preferência, recebendo,
no que tiver, antes do sub-rogado, que ficará irressarcido”.

- “Alguns veem injustiça na solução, acreditando melhor na solução italiana que manda
fazer um rateio entre sub-rogante e sub-rogado, que suportariam igualmente a insolvência
do devedor. No entanto, quem se sub-roga na forma atualmente prescrita assume o risco
da insolvência do devedor. Disso já tem ciência pelos termos expressos no artigo
mencionado” (Venosa).
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO
DA IMPUTAÇÃO DO PAGAMENTO

1. Conceito:
- Art. 352 CCB.
- “É forma de se quitar um ou mais débitos, quando há vários, do mesmo devedor, em
relação ao mesmo credor. Trata-se da aplicação de um pagamento a determinada dívida
(ou mais de uma), entre outras que se têm com o mesmo credor, desde que sejam todas
da mesma natureza, líquidas e vencidas” (Venosa).
- “Imputar o pagamento é determinar em qual dívida o pagamento está incidindo”
(Menezes, R.).
- Vantagem para o devedor: juros que incidem sobre os débitos.
- Norma de caráter supletivo: se não houver convenção em contrário, caberá ao devedor a
escolha na imputação.
* Exemplo:
“Orlando deve R$ 50,00; R$ 100,00 e R$ 150,00 a Sílvio, estando todas as dívidas vencidas, e
dispõe apenas de R$ 200,00. Ao pagar, poderá indicar quais dos débitos solve”.

2. Requisitos:

a) Pluralidade de débitos
- Mais de um débito, porém independentes entre si.

- Pagamentos mensais de uma mesma obrigação não constituem débitos independentes,


mas um só débito, hipótese em que o credor não é obrigado a receber parcialmente.
b) Identidade de credor e de devedor
- Uma parte ativa e uma parte passiva da obrigação (Venosa).

c) Os débitos devem ser da mesma natureza


- Compatibilidade no objeto do pagamento. Dívidas em dinheiro são sempre compatíveis.
- “Se uma obrigação deve ser paga em dinheiro e outra em cereais, também não há
compatibilidade” (Venosa).

d) Liquidez das dívidas.


- As dívidas devem ser certas, quanto à existência e determinadas, quanto ao objeto. Portanto, se
uma dívida depender de apuração (judicial ou extrajudicial) não é líquida e nem certa (Venosa).

e) O pagamento ofertado pelo devedor deve ser suficiente para quitar ao menos uma das dívidas
- Credor não é obrigado a receber parcialmente.
* Se a quantia ofertada for superior ao débito de menor valor, mas não atingir o de maior
valor?

- Venosa defende que, neste caso, o pagamento refere-se à dívida de menor valor, salvo
acordo entre as partes. O excedente não deverá necessariamente ser aceito pelo credor
para amortizar a dívida de maior valor, porque se trataria de pagamento parcial.

f) A dívida deve ser vencida


- Presunção de que, antes do vencimento, o credor não queira receber, nem o devedor,
pagar (por não ser ainda exigível).

- Devedor não pode impor, mas o credor pode receber, se desejar (Venosa).
3. Disciplina jurídica
a) Conceito
- Art. 352 CCB.

b) Imputação do pagamento pelo credor


- Art. 353 CCB.
- O devedor não indica a qual dos débitos quer imputar o pagamento, quando a imputação
era cabível a ele.
- Ao receber a quitação, o devedor terá a oportunidade de reclamar contra a imputação que
foi feita pelo credor.
- Se não reclama e aceita a quitação, nada mais poderá o devedor fazer, exceto se provar
que deixou de reclamar por ter sofrido violência (coação) ou dolo praticados pelo credor.
- O ônus da prova incumbirá ao devedor.
c) Imputação do pagamento em uma única dívida
- Art. 354 CCB.

- Maria Helena Diniz assevera que a imputação do pagamento requer vários débitos, mas,
excepcionalmente, a lei a admite havendo um único débito se este vencer em juros.

- Assim sendo, havendo capital e juros, o pagamento imputar-se-á primeiro nos juros
vencidos e, depois, no capital, salvo convenção em sentido contrário ou se o credor vier a
passar quitação por conta do capital, permanecendo subsistentes os juros.

* Exemplo :
- A dívida é de R$ 100,00 (principal) e os juros somam, na data do pagamento, R$ 10,00.
- Assim, se o devedor pagar R$ 40,00, os primeiros R$ 10,00 pagos saldarão os juros, e o
outros R$ 30,00, com a concordância do credor, serão direcionados a pagar parcialmente o
débito principal, que será reduzido para R$ 70,00.
d) Imputação do pagamento feita pela lei
- Art. 355 CCB.

- A quitação foi omissa quanto ao débito que foi pago: ao pagar, o devedor não imputou e
ao emitir a quitação, o credor igualmente não imputou.

* Solução legal:

1. A imputação se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar.

2. Se as dívidas forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação se fará na


dívida mais onerosa (a que contém juros ou outros gravames).
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO
DA DAÇÃO EM PAGAMENTO

1. Conceito:
- Art. 356 CCB.
- Contraponto do Princípio da Identidade (art. 313 CCB).
- Datio in solutum ou datio pro soluto: acordo liberatório.
- Ocorre quando o devedor oferece outra prestação no lugar daquela devida e o credor
aceita.
- Não se restringe a substituir dinheiro por coisa, podendo ser uma coisa por outra; coisa
por fato; fato por fato, para solver a dívida, sem que haja substituição da obrigação por
uma nova.
2. Requisitos:
a) Existência de uma obrigação previamente criada;

b) Acordo posterior em que o credor aceite receber prestação diversa;

c) Se a prestação diversa consistir em uma coisa, esta deverá ser entregue ao credor
(negócio real).
3. Natureza jurídica:
- Negócio jurídico bilateral, oneroso e real, salvo se a prestação substituída for de fazer ou
não fazer.
- A finalidade da dação é a de extinguir a dívida.
- Não há necessidade de equivalência de valor na substituição, nem há a necessidade de
que as partes expressem um valor.
- Admite-se, no entanto, que a dação seja parcial: apenas parte do conteúdo da obrigação é
substituído.
- “O devedor, por exemplo, não tendo dinheiro suficiente, dá parte em dinheiro e parte em
espécie. Pode também o credor concordar em receber parcialmente in solutum
remanescendo parte da dívida na obrigação originária. Nesta hipótese, há necessidade de
se explicitar o valor que fica em aberto” (Venosa).
4. Disciplina jurídica:
a) Conceito
- Art. 356 CCB.

b) Dação em pagamento e compra e venda


- Art. 357 CCB.

- Se a prestação substituída for uma coisa (móvel ou imóvel) e à ela for atribuído um valor
(preço), a esta dação em pagamento equiparar-se-á à compra e venda, aplicando as regras
desta espécie contratual.
c) Dação em pagamento e cessão
- Art. 358 CCB.

- Se a prestação substituída for a entrega de um título de crédito, haverá cessão de crédito.

- Deverá, então, o cedido ser notificado (art. 290 CCB).

- Diniz afirma que, neste caso, o cedente responsabiliza-se pela existência do crédito, mas
não pela solvência do devedor cedido.
d) Dação em pagamento e evicção
- Art. 359 CCB.

-Ocorre quando o credor recebe em dação em pagamento coisa que não pertence ao
devedor, sendo esta reivindicada por seu legítimo dono.

-Conceito de evicção: perda da coisa, por força de sentença judicial, que confere o
domínio a terceira pessoa.

-Neste caso, a dação fica sem efeito, voltando ao statu quo ante.
“Dação em pagamento. Evicção. Apreensão de automóvel dado como parte de pagamento
na aquisição de outro veículo. Quitação inoperante e subsistência da obrigação primitiva.
Responsabilidade do comprador admitida pela entrega de cheque no valor correspondente
ao bem apreendido. [...]. Declaração inexigibilidade da dívida, inadmissível diante do que
dispõe o art. 359 do CC. Recurso não provido. Litigância de má-fé. Indenização.
Admissibilidade. Utilização de todos os meios processuais à disposição para procrastinar o
cumprimento de obrigação, que sabia a parte ser líquida e certa. Recurso não provido”.
(TJSP, 20ª Câmara de Direito Privado, Ap. nº 1.052.085.700, Rel. Des. Bernardo Mendes
Castelo Branco Sobrinho, DJ. 10.12.2007).
DA COMPENSAÇÃO
DA COMPENSAÇÃO

1. Conceito
- Art. 368 CCB.
- Ocorre quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedoras umas
das outras.
- As duas obrigações se extinguem até onde se compensarem.
- “Mediante um pagamento fictício” (Menezes, R.).

2. Formas
a) Total: se os valores compensados forem iguais.
- Extinguem-se totalmente as obrigações.
b) Parcial: se a extinção da obrigação for apenas de parte do valor.
3. Espécies:

3.1 Legal: decorre de lei, independentemente da vontade das partes.


- Art. 368 CCB.
- A compensação, nesse caso, trata-se de matéria de defesa, dentro de uma ação
judicial.

* Requisitos:
- Art. 369 CCB.
a) Reciprocidade de créditos.
b) Liquidez das dívidas (certas quanto à existência e determinadas quanto ao objeto).
c) Exigibilidade das prestações (devem estar vencidas).
d) Fungibilidade dos débitos (prestações devem ser homogêneas entre si e da mesma
natureza). Ex.: dívidas de dinheiro só se compensam com dinheiro. Art. 370 CCB.
3.2 Convencional ou voluntária
- Acordo de vontades entre as partes.
- Pode dispensar alguns dos requisitos da compensação legal, como por exemplo a
fungibilidade dos créditos.
- Ex.: Antonio deve R$ 100 a André.
- André deve um quadro a Antonio, avaliado por R$ 100.
- “A autonomia privada permite que dívidas de qualquer tipo sejam compensadas, sejam
ilíquidas, heterogêneas, ou não vencidas” (Menezes, R.).
- Contudo, a compensação pode ser voluntária, quando as partes concordam, podendo até
compensar dívidas ilíquidas e não vencidas, por exemplo, pois estamos em sede de atos
dispositivos.
3.3 Judicial
- Deriva da determinação judicial, quando decretada em reconvenção ou numa ação
autônoma.
- Cada uma das partes alega o seu direito contra a outra.

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