A Relação Da Geomorfologia Fluvial Com Os Planos de Bacia Do RJ

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DA NATUREZA - CCMN


INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS - IGEO
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

A RELAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA FLUVIAL COM OS PLANOS DE BACIA


DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CAROLINE OLIVEIRA LIRA

Rio de Janeiro
2022

1
Caroline Oliveira Lira

A RELAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA FLUVIAL COM OS PLANOS DE BACIA


DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado ao Departamento de
Geografia, Instituto de Geociências, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos para obtenção do
grau de Bacharel em Geografia.

Orientador: Prof.ª Mônica dos Santos


Marçal

Rio de Janeiro
2022

2
FICHA CATALOGRÁFICA

CIP - Catalogação na Publicação

OLIVEIRA LIRA, CAROLINE


OC292r A RELAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA FLUVIAL COM OS PLANOSDE
BACIA DAS REGIÕES HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DO RIODE
JANEIRO / CAROLINE OLIVEIRA LIRA. -- Rio de
Janeiro, 2022.
53 f.

Orientadora: Mônica dos Santos Marçal.


Trabalho de conclusão de curso (graduação) -
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto
de Geociências, Bacharel em Geografia, 2022.

1. Geomorfologia Fluvial. 2. Gestão de Rios. 3.


Planos de Bacia. 4. Recursos Hídricos. 5. Lei das
Águas. I. dos Santos Marçal, Mônica, orient. II.
Título.

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo(a)
autor(a), sob a responsabilidade de Miguel Romeu Amorim Neto - CRB-7/6283.

3
CAROLINE OLIVEIRA LIRA

A RELAÇÃO DA GEOMORFOLOGIA FLUVIAL COM OS PLANOS DE BACIA DAS


REGIÕES HIDROGRÁFICAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Trabalho de conclusão de curso de graduação


apresentado ao Departamento de Geografia,
Instituto de Geociências, da Universidade Federal
do Rio de Janeiro como parte dos requisitos para
obtenção do grau de Bacharel em Geografia.

Aprovado em: 18 de março de 2022.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Mônica dos Santos Marçal (Orientador - UFRJ)

__________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Ana Luiza Coelho Netto (Avaliadora - UFRJ)

4
5
Agradecimentos

Essa monografia surgiu da ideia de querer mostrar para todos o quanto a geomorfologia
e em específico a geomorfologia fluvial é importante para os estudos na geografia e na área
ambiental. Tal área e ciência me conquistou desde o primeiro contato. Sou apaixonada.
Diante de tantos momentos passados, principalmente depois de anos tentando entrar
para a UFRJ, eu consegui, e aqui estou, a filha de uma excepcional costureira e de um
aposentado comerciante, fui a primeira da família a entrar para uma Universidade Federal.
E é com orgulho que apresento meus agradecimentos e hoje conseguir realizar meu
grande sonho de me formar numa das melhores universidades do país e conquistar meu diploma
de curso superior em um curso que entrou no meu caminho da graduação e me encantou. A
geografia.
Por muitas vezes achei que não conseguiria, principalmente por achar que não tinha
capacidade suficiente, mas ainda bem que era só achismo e alcancei meu objetivo.
Muitas pessoas estiveram comigo (e algumas ainda estão) e não poderia deixar de
agradecer pelo apoio durante toda essa minha trajetória.
Obrigada...
Primeiramente a Deus, pela graça e misericórdia que permitiu com que eu chegasse até
aqui, dando sabedoria e discernimento.
À minha orientadora, Prof.ª Mônica dos Santos Marçal por abraçar a ideia dessa
monografia e por todas as oportunidades e votos de confiança depositado em mim.
Aos meus pais, Helena e Pedro, que sempre me incentivaram a estudar e acreditaram
na minha capacidade, dando todo o apoio e estruturas possíveis para que eu conseguisse chegar
até aqui. Sem eles seria bem difícil. Eu amo vocês dois.
À minha família em geral, avós, tios e primos, que entenderam todas as vezes que me
ausentei para estudar, mas sempre estiveram comigo, me mandando pensamentos positivos.
Aos amigos e aqueles que a UFRJ me deu, e que quero levar para o resto da minha vida,
em especial a Maria Cecília, onde a nossa parceria na geografia foi muito importante para mim
nos momentos difíceis da graduação.
Às escolas e cursinhos sociais que passei, que apesar das dificuldades que o ensino
público possui, foi através deles que iniciei meu caminho rumo a universidade, onde muitos
professores serviram de inspiração.
À UFRJ e ao departamento de Geografia, pela oportunidade de estudar nessa grande
universidade. Aos professores, meu agradecimento por todo aprendizado e conhecimento
passado.
A todos que de alguma forma me ajudou, incentivou e esteve comigo durante minha
formação...

Obrigada por tudo.

6
7
RESUMO

Os planos de bacia são instrumentos previstos na Política Nacional dos Recursos Hídricos e
têm a importância de apresentar características ambientais e hídricas de uma bacia hidrográfica.
Nos planos de importantes bacias hidrográficas fluminenses observa-se a ausência de estudos
em geomorfologia fluvial associados às análises hidrossedimentológicas. O trabalho tem como
objetivo destacar a importância dos estudos de geomorfologia fluvial na gestão dos rios e
apresentar de que forma esses estudos são abordados nos planos de bacias das Regiões
Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro. A metodologia aplicada tem como base uma revisão
bibliográfica de artigos relacionados à Geomorfologia Fluvial para embasamento teórico e a
leitura dos Planos de Bacias das Regiões Hidrográficas do estado do Rio de Janeiro. Para
obtenção dos dados foram utilizados os planos de bacias existentes e disponíveis na internet e
criadas planilhas no software Excel, focando especificamente na região hidrográfica Rio Dois
Rios, Baía de Guanabara e Macaé das Ostras. Os resultados mostram poucas relações com
estudos em Geomorfologia Fluvial, sendo apresentados apenas informações dissociadas das
análises hidrossedimentológicas.

Palavras-chave: Análise Fluvial; Gestão de Rios; Lei das Águas; Recursos Hídricos; Processos
Fluviais.

8
ABSTRACT

Basin plans are instruments provided for in the National Water Resources Policy and are
important to present environmental and water characteristics of a hydrographic basin. In the
plans of important river basins in Rio de Janeiro, there is a lack of studies in fluvial
geomorphology associated with hydro-sedimentological analyses. The work aims to highlight
the importance of studies of fluvial geomorphology in river management and present how these
studies are addressed in the plans of basins in the Hydrographic Regions of the State of Rio de
Janeiro. The methodology applied is based on a bibliographical review of articles related to
Fluvial Geomorphology for theoretical basis and reading of the River Basin Plans of the State
of Rio de Janeiro. To obtain the data, existing basin plans available on the internet were used
and spreadsheets were created in the software Excel, specifically focusing on the river two
rivers, Guanabara Bay and Macaé and Oysters hydrographic region. The results show few
relations with studies in Fluvial Geomorphology, being presented only information dissociated
from the hydro-sedimentological analyses.

Keywords: Fluvial Analysis; River Management; Water Law; Water resources; Fluvial
Processes.

9
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa das Regiões Hidrográficas do Rio de Janeiro.................................................18

Figura 2: Principais marcos legislativos referentes à gestão dos recursos hídricos.................29

Figura 3: Respostas apresentadas pelos membros de comitê das regiões hidrográficas em


relação à sua função..................................................................................................................42

Figura 4: Respostas de membros do comitê sobre a respectiva aprovação dos planos de bacia
pelos comitês............................................................................................................................43

Figura 5: Como a geomorfologia fluvial pode ser inserida nos planos de bacia de acordo com
os membros dos comitês de bacia............................................................................................45

Figura 6: Visão dos membros dos comitês de bacia de como a geomorfologia fluvial contribui
para a conservação e preservação dos rios...............................................................................46

Figura 7: Resposta sobre as diferenças entre gestão de rios e gestão de recursos hídricos pelos
membros dos comitês de bacia. ...............................................................................................47

10
LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Resumo dos conteúdos dos planos, atribuições e responsáveis pelos Planos de
Recursos Hídricos.....................................................................................................................23

Quadro 2: Resumo dos conteúdos dos planos, atribuições e responsáveis pelos Planos de
Recursos Hídricos.....................................................................................................................34

Quadro 3: Variáveis relacionadas aos estudos de Geomorfologia Fluvial do Plano de Bacia RH


Rio Dois Rios............................................................................................................................37

Quadro 4: Variáveis relacionadas aos estudos de Geomorfologia Fluvial do Plano de Bacia RH


Baía de Guanabara....................................................................................................................39

Quadro 5: Variáveis relacionadas aos estudos de Geomorfologia Fluvial do Plano de Bacia RH


Macaé e das Ostras....................................................................................................................41

11
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Resposta dos membros dos comitês relacionado ao conhecimento da geomorfologia


fluvial........................................................................................................................................44
Gráfico 2: Respostas dos membros dos comitês em relação a diferença entre gestão de rios e
gestão de recursos hídricos........................................................................................................47

12
LISTA DE SIGLAS

ABRH Associação Brasileira de Recursos Hídricos


ANA Agência Nacional de Águas
CBH Comitê de Bacia Hidrográfica
CERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica
DNOS Departamento Nacional de Obras e Saneamento
EIA Estudo de Impacto Ambiental
INEA Instituto Estadual do Ambiente
MMA Ministério do Meio Ambiente
PCH Pequena Central hidrelétrica
PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos
RH Região Hidrográfica
SINGREH Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos
SNIRH Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
SISNAMA Sistema Nacional de Meio Ambiente
SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano
TR Termo de Referências

13
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 17
3. ÁREA DE ESTUDO ....................................................................................................... 17
3.1. Caracterização da área de estudo.............................................................................................. 18
4. EMBASAMENTO TEÓRICO ...................................................................................... 19
4.1. Planos de Bacia e a relação com estudos em Geomorfologia Geral ......................................... 19
4.1.1. O que são Planos de Recursos Hídricos? ............................................................................ 20
4.1.2. A Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97 .................................................... 23
4.2. Contexto Histórico das Legislações sobre as águas no Brasil .................................................... 24
5. GESTÃO DE RIOS E GEOMORFOLOGIA FLUVIAL ........................................... 29
5.1. Bacias Hidrográficas como unidades de planejamento e gerenciamento de recursos hídricos 30
6. METODOLOGIA........................................................................................................... 32
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................. 33
7.1. Panorama das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro ........................................... 33
7.2. Plano de Bacia da Região Hidrográfica Rio Dois Rios – RH II ..................................................... 35
7.3. Plano de Bacia da Região Hidrográfica Baía de Guanabara – RH V ........................................... 37
7.4. Plano de Bacia da Região Hidrográfica Macaé e das Ostras – RH VIII ....................................... 39
7.5. Comitê de bacia e Geomorfologia Fluvial ................................................................................. 41
8. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 49
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 50

14
15
1. INTRODUÇÃO

Nota-se a necessidade crescente de implementação de uma gestão com ações


sustentáveis voltadas à preservação, conservação e/ou restauração dos rios. A análise de
estudos integrados sobre os rios envolve conhecimentos sobre as características dos processos
fluviais relacionadas aos estudos em geomorfologia fluvial, além dos relacionados à hidrologia
e ecologia que em conjunto com as interferências antrópicas são fundamentais para informar
sobre a condição ambiental em que se encontram os rios atualmente e os processos associados,
além de subsidiar informações importantes sobre a sua trajetória de evolução (BRIERLEY &
FRYIRS, 2005).
Para isso, conforme previsto na Lei das Águas (Nº 9.433/1997), os Planos de Recursos
Hídricos (ou Planos de Bacias) configuram-se como um dos importantes instrumentos de
gestão e planejamento dos recursos hídricos e são formulados a partir de projetos ou programas
que visam o tratamento dos rios ou bacias degradadas que estão localizados na respectiva área
de atuação de um determinado Comitê de Bacia (SILVA, 2010). O Plano de Bacia é uma das
ferramentas utilizada pelos comitês, órgãos governamentais e pela sociedade, no que diz
respeito ao uso, recuperação, proteção, conservação e desenvolvimento dos recursos hídricos
para se ter uma visão a longo e médio prazo na integração de planejamentos e implantação de
programas, projetos e investimentos (ANA, 2013).
Entretanto, conforme Marçal e Lima (2016), no âmbito da gestão hídrica é visível a
falta de estudos e/ou dados de geomorfologia fluvial nos planos de bacias de importantes bacias
hidrográficas brasileiras, isto significa que há uma ausência de registros em relação aos estudos
sobre os processos fluviais no retrato das mudanças sobre a dinâmica dos sistemas fluviais. Ou
seja, em casos mais específicos, observa-se que análises com dados relativos se apresentam
como dados quantitativos, privilegiando apenas aspectos hidrológicos, sem uma abordagem
sistêmica ou ainda, geográfica (MOROZ, 2010).
A Geomorfologia Fluvial, através de seus métodos e técnicas, apresenta-se bastante
fundamentada na literatura geomorfológica e consolida-se como uma das áreas, juntamente
com a hidrologia e ecologia aquática, que instituem a ciência do rio. O estudo dos processos
fluviais deve ser incorporado de forma multiescalar para o entendimento da diversidade dos
processos envolvidos e das morfologias associadas à gestão dos rios e de suas bacias
hidrográficas (SANTANA e MARÇAL, 2020). Dessa forma, a gestão de rios, no que se refere
pela contribuição da geomorfologia fluvial, tem promovido uma maior interseção com outras

16
áreas científicas, fazendo com que surjam novos instrumentos teóricos e metodológicos para a
contribuição e o entendimento da organização dos sistemas fluviais e as práticas de manejo de
rios (BRIERLEY e FRYIRS, 2005). A relevância do enfoque que este trabalho propõe prende-
se à busca de uma visão integrada dos processos fluviais envolvidos com a dinâmica
hidrológica e ecológica dos rios, ou seja, considera-se que o rio deve ser o ator principal de
uma bacia hidrográfica, onde sua história e evolução é a bússola para o desenvolvimento dos
planos de bacia.

2. OBJETIVOS

2.1 – Objetivo Geral

Apresentar uma discussão sobre a importância dos estudos de geomorfologia fluvial na


gestão hídrica, na elaboração dos planos de bacia sobretudo em dados referentes ao capítulo de
diagnóstico, encadeando com informações sobre as Regiões Hidrográficas do Estado do Rio
de Janeiro e dos Planos das Bacias das Regiões Hidrográficas Baía de Guanabara, Rio Dois
Rios e Macaé e das Ostras.

2.2 – Objetivos Específicos

• Salientar as características das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro


através das abordagens trazidas em seus respectivos planos de bacia;
• Apresentar aspectos da geomorfologia fluvial contidos nos planos de bacia das Regiões
Hidrográficas Baía de Guanabara, Rio Dois Rios e Macaé e das Ostras;
• Refletir e discutir sobre a perspectiva dos membros dos comitês de bacia das Regiões
Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro em relação a Geomorfologia Fluvial e
Gestão de Rios.

3. ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo localiza-se no estado do Rio de Janeiro, cuja a área é dividida em nove
regiões hidrográficas pela resolução CERHI-RJ nº 107 de 22 de maio de 2013, cada região
possui seu comitê de bacia para o planejamento de usos dos recursos hídricos. O artigo nº 2 da
resolução, apresenta que as áreas de atuação dos comitês de bacias hidrográficas estaduais

17
deverão coincidir com a respectiva região hidrográfica, inclusive no caso de comitês já
constituídos. As 9 regiões hidrográficas do Rio de Janeiro são: Baía da Ilha Grande, Guandu,
Baía de Guanabara, Lagos São João, Médio Paraíba do Sul, Piabanha, Rio Dois Rios, Macaé e
das Ostras, Baixo Paraíba do Sul e Itabapoana.

Figura 1: Mapa das Regiões Hidrográficas do Rio de Janeiro. 2021

Fonte: Elaboração Própria, adaptado do Inea.

3.1. Caracterização da área de estudo

Cada Região Hidrográfica pode apresentar mais de uma bacia hidrográfica, sendo que
suas nascentes, em grande parte, encontram-se no contexto da evolução da Serra do Mar. De
forma geral, as bacias hidrográficas que estão sob o território do Estado do Rio de Janeiro são
compostas por um conjunto de rochas granítica e gnáissica associadas à evolução tectônica
Meso-Cenozóica bastante marcada por falhamentos, que também estão associados à diferentes
períodos geológicos da era Pré-Cambriana (HEILBRON et al, 2004), além de depósitos
quaternários que, em grande parte, formam as extensas áreas das planícies aluviais na
desembocadura dos rios principais.

18
O relevo próximo às nascentes dos rios principais das bacias hidrográficas configura-
se como muito escarpado, com transição para áreas de morros e colinas até chegar próximo a
desembocadura dos rios e configurando as áreas das planícies aluviais (DANTAS, 2000;
SILVA, 2002). Essa configuração geológico-geomorfológica estabelece uma diversidade de
ambientes fluviais onde a declividade exerce um forte controle em grande parte dos processos
fluviais (MARÇAL et al., 2017).

A dinâmica do uso e ocupação da Terra vem impondo também controles importantes


sob a configuração dos processos associados aos rios, sobretudo aos relacionados à retirada da
Mata Atlântica desde o século XIX para plantação de café e/ou da cana de açúcar, além das
obras de retificação realizadas pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento
(DNOS) nas áreas de baixadas de importantes rios fluminenses.

Essa descrição sobre as características ambientais que configuram grande parte das
bacias hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro mostram a importância em se analisar o
comportamento dos rios a partir dos fatores controladores sobre a dinâmica de evolução dos
rios, sendo a geomorfologia fluvial a área que pode contribuir em informar toda a configuração
e trajetória de evolução dos processos fluviais envolvidos.

4. EMBASAMENTO TEÓRICO

4.1. Planos de Bacia e a relação com estudos em Geomorfologia Geral

Os planos de bacias hidrográficas são considerados indutores no estabelecimento de


metas e soluções de curto, médio e longo prazo para a resolução de problemas da bacia
relacionados à água. Esses documentos possuem um caráter mais operacional e devem prever
ações e propostas para o alcance de tais metas. Dessa forma, os planos de bacias servem para
motivar e conduzir a uma gestão descentralizada e participativa no gerenciamento das águas,
uma vez que a bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implementação da Política
Nacional dos Recursos Hídricos.

Com base nisso, compreende-se que os rios se constituem como um elemento da


natureza provido de processos e agentes que configuram sua trajetória de evolução na
paisagem. Ou seja, não é apropriado trabalhar a gestão hídrica pela concepção de que os rios

19
são apenas condutores de água, onde apenas seu recurso é destacado para o planejamento. As
águas dos rios são importantes como recurso natural, mas devem ser compreendidas e
trabalhadas no contexto de seu sistema fluvial e da história ambiental de sua bacia hidrográfica,
onde as análises em geomorfologia fluvial são fundamentais para informar o comportamento
dos processos fluviais (BRIERLEY e FRYIRS, 2005).

Entretanto, a relação plano de bacia e geomorfologia fluvial não tem sido encontrada
na gestão da água atualmente. Esse é um documento previsto na lei 9.433/97 como ferramenta
para a seguridade hídrica, o que não deixa de ser um ponto importante, porém, não vemos
nenhuma menção aos rios do ponto de vista geomorfológico no conteúdo dos planos de bacia.
O que se tem observado são estudos relativos à gestão hídrica, e quando presentes nos planos
de bacia não levam em consideração as análises multiescalares dos processos
hidrossedimentológicos associados aos estudos ecológicos. Grande parte desses estudos,
inclusive, apresentam apenas aspectos de parâmetros morfométricos de forma descritiva e
desarticulada dos fatores controladores associados à dinâmica dos processos fluviais,
carecendo de análise e integração com os outros componentes do meio físico e, obviamente,
com aspectos do meio biótico e antrópico.

O desenvolvimento dos estudos em geomorfologia fluvial é fundamental para


compreender a complexidade dos processos atuantes nos sistemas fluviais, uma vez que sob
múltiplas escalas, os rios necessitam ser analisados de forma integrada. A partir da perspectiva
geomorfológica, os rios devem ser gerenciados com base na tomada de decisão que abrange
uma visão sistêmica, com os processos fluviais associados, considerando as características de
cada bacia e de cada canal, refletindo a trajetória de ajuste dos rios e dos valores da própria
sociedade perante os seus recursos naturais (HOOKE, 2003; BROOKES, 1987; MARÇAL e
LIMA, 2016).

4.1.1. O que são Planos de Recursos Hídricos?

Os Planos de Recursos Hídricos, segundo a Lei das Águas, “visam fundamentar e


orientar a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos
recursos hídricos”, tendo um papel central na definição de diretrizes para os demais
instrumentos de gestão (INEA, s.d.). São planos diretores para as regiões hidrográficas, sendo

20
eles formulados para se ter uma visão a médio e longo prazo na integração de planejamentos,
implantação de programas, projetos e investimentos nas bacias hidrográficas.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, os Planos de Recursos Hídricos são


elaborados por meio de estudos e revisões aperfeiçoadas de análises técnicas e consultas
públicas conforme a realidade da região, retratando a situação dos recursos hídricos em
diversos momentos. O plano é uma ferramenta importante e por meio dele são estabelecidos
objetivos, critérios e planos de ações para a preservação e manutenção dos recursos hídricos
em quantidade e qualidade.

A importância desses Planos se dá pela necessidade de se conhecer as características


ambientais e hídricas da região hidrográfica considerada. Na seção I, artigo sete da Lei 9.433,
afirma-se que os planos de recursos hídricos são fundamentais no diagnóstico das regiões
hidrográficas, tendo como objetivo assegurar a disponibilidade e a melhora de oferta da água
para as possíveis demandas. Cabendo aos responsáveis implementar as metas previstas nos
planos e assegurar não só a qualidade e a disponibilidade de água como também a sua proteção.

Os planos de bacias são instrumentos de planejamento que visam orientar a sociedade


e os tomadores de decisões para recuperação, proteção e conservação dos recursos hídricos das
bacias hidrográficas correspondentes. Podem ser definidos como um conjunto de políticas que
tem como objetivo orientar e implementar o gerenciamento de recursos hídricos de um estado
ou região (PBAPGO, 2019). Todavia, antes de iniciar a elaboração do Plano de Bacia
propriamente dito, é preciso estabelecer alguns acordos de como se dará o processo. Essa fase
preparatória pode ser dividida em dois passos, a saber: definição do Termo de Referência (TR),
que é o documento utilizado para a contratação de uma equipe ou empresa para a elaboração
do plano; e o arranjo institucional para acompanhar a execução dos trabalhos, estabelecendo
os papéis a serem assumidos por cada instância e as dinâmicas de funcionamento dos trabalhos
(ANA, 2013).

Nesse sentido, os planos de recursos hídricos são organizados em um ciclo de


planejamento, ação, indução, controle e aperfeiçoamento para identificar e instituir supervisões
voltadas para a obtenção de resultados em melhorias do gerenciamento da água e na orientação
para os diferentes usos diante das variações do ciclo hidrológico. Com isso, são elaboradas
diretrizes que procuram construir cenários que abrangem todas as diferenças e perspectivas de
desenvolvimento de uma região hidrográfica. Dessa forma, as diretrizes dos planos de recursos

21
hídricos devem ser efetivadas através da articulação e integração com as outras áreas e políticas
públicas, estabelecendo uma gestão que se adequa às diversidades físicas, biológicas,
demográficas, sociais, culturais das diversas regiões hidrográficas.

Os planos de recursos hídricos devem ser elaborados nas escalas nacional, estadual e
por bacia hidrográfica, uma vez que para cada escala e competências são envolvidos diferentes
conteúdos e instituições responsáveis. O Plano Nacional e os Planos Estaduais de Recursos
Hídricos devem apresentar, principalmente, diretrizes ou propostas de ações estratégicas, de
forma geral e nacional (no caso do Plano Nacional) ou estadual (no caso dos Planos Estaduais),
enquanto que os Planos de Bacia Hidrográfica se caracterizam por incluir ações de natureza
executiva e operacional, em vista de sua perspectiva regional (ou local) (ANA, 2013). Um
Plano de Bacia deve atender às particularidades do território, de ordem social, cultural,
ambiental e econômica, o que indica a necessidade de uma “leitura” própria desse instrumento
para a região em questão.

A estrutura de um plano de bacia varia de região para região. Entretanto, a base para o
desenvolvimento do plano é apresentar capítulos de diagnóstico, prognóstico e planos de ações.
O capítulo de diagnóstico apresenta a partir da coleta e tratamento de dados, a caracterização
física, biótica, socioeconômica da região ou bacia. O capítulo de prognóstico apresenta os
estudos prospectivos, cenários futuros ou alternativas para as estimativas de demandas e de
disponibilidade futuras de água, em quantidade e qualidade, com identificação de potenciais
conflitos. O capítulo referente aos planos de ações apresentará diretrizes, metas, programas,
projetos ou estratégias, considerando a sustentabilidade hídrica, ambiental e financeira, para
colocar em prática os cenários escolhidos na etapa de prognóstico e a implementação do plano.

Embora para cada escala os papéis são executados de forma específicas, é importante
que haja a interrelação entre os planos, através da articulação e integração com as entidades do
sistema nacional de gerenciamento dos recursos hídricos – SINGREH. Para os planos nacionais
compete à ANA apoiar, a secretaria de recursos hídricos e ambiente urbano do Ministério do
Meio Ambiente a coordenar e ao Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH cabe
acompanhar a execução e a aprovação do Plano Nacional de Recursos Hídricos. Para os planos
estaduais, compete aos órgãos gestores de Recursos Hídricos a elaboração dos planos e ao
Conselho Estadual de Recursos Hídricos a aprovação. Na escala da bacia hidrográfica as
agências de bacias são os responsáveis pela elaboração dos planos e os comitês de bacia pela
aprovação do mesmo.

22
QUADRO 1
Resumo dos conteúdos dos planos, atribuições e responsáveis pelos Planos de Recursos Hídricos.
Escala Conteúdo Elaboração Aprovação

SRHU/MMA (coordena), ANA


Nacional Plano Nacional CNRH
(apoia)

Órgãos Gestores de Recursos


Estadual Plano Estadual CERH
Hídricos
Bacia
Interestadual Agenda de Recursos Agência de Bacia ou Órgão Comitês de
Hídricos da Bacia Gestor correspondente Bacia
Bacia Estadual

Fonte: Adaptado ANA, 2021

Vale lembrar que mesmo que a Lei 9.433/97 aponte as referências mínimas para colocar
em prática, nem todos os planos conseguem prever, de forma satisfatória, por vezes em função
da dificuldade de estabelecer a negociação e o consenso sobre determinados assuntos. Porém,
mais importante do que fazer um plano que inclua todos os conteúdos mínimos, é fundamental
que o plano seja o resultado de um acordo alcançado entre os participantes envolvidos. Assim,
as melhorias planejadas podem ser estabelecidas durante o período de revisão periódica deste
instrumento.

Diante disso, a partir da regulamentação desses instrumentos é possível iniciar um


planejamento e uma efetiva programação de melhoria da gestão dos recursos hídricos
disponíveis, englobando, o uso consciente deste bem, a efetiva noção do quanto pode ser
utilizado sem que haja danos ambientais à bacia hidrográfica, a forma que trará melhor proveito
do uso desse recurso, o controle de quem está utilizando a água, os valores que envolvem todos
esses procedimentos e a coleta de dados universalizada das informações do assunto (GOMES,
2018).

4.1.2. A Política Nacional de Recursos Hídricos – Lei 9.433/97

A Lei 9.433, também conhecida como Lei da Água, foi estabelecida em 8 de janeiro de
1997 com o intuito de gerir os Recursos Hídricos do país, visto que este possui
aproximadamente 12% do total mundial de água doce disponível. Essa lei foi aprovada com o
23
objetivo de reverter as pressões que o crescimento demográfico e econômico no Brasil estava
exercendo sobre os recursos naturais. Com a demanda pela água crescendo, as consequências
foram tornando o seu uso mais inviabilizado, como a degradação da qualidade das águas dos
rios, principalmente pela intensificação das atividades industriais, agropecuárias e da
mineração. Para isso, a Lei 9.433 instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),
que tem a finalidade de solucionar os potenciais conflitos gerados pela demanda em função da
disponibilidade da água.

A Política Nacional de Recursos Hídricos com a sua implementação através da Agência


Nacional de Águas – ANA, é sustentada por fundamentos, objetivos e diretrizes que são a base
para a gestão dos recursos hídricos no Brasil. Os fundamentos da PNRH é elencar a água como
um bem de domínio público, sendo ela um recurso natural limitado, dotado de valor econômico,
devendo priorizá-la para o consumo humano e de animais. Além disso, a lei estabelece o uso
múltiplo da água, onde admite-se que todas as demandas são legítimas e com igualdades
condições para reivindicações de uso entre os diversos setores usuários.

A PNRH tem como objetivos, representados no artigo 2 da Lei 9.433, princípios de


desenvolvimento sustentável para assegurar para a atual e as futuras gerações, a disponibilidade
de água com padrões de qualidade adequado aos respectivos usos, para isso a Lei das Águas se
estrutura em seis diretrizes apresentadas em seu artigo 3º. Suas diretrizes são definidas como
referências para alcançar os objetivos elencados nos fundamentos da lei. As diretrizes da PNRH
visam estabelecer a integração de políticas setoriais com as diversas realidades das bacias
hidrográficas, dos estados e do país para uma gestão sistêmica.

A Lei das Águas busca o diálogo e a integração, entre todos os setores que estão
envolvidos com o uso, a qualidade e a disponibilidade da água, cabendo aos diversos setores
com a participação da sociedade, a tomada de decisões para a implementação da Política
Nacional de Recursos Hídricos, uma vez que a administração das águas seja a partir das bacias
hidrográficas.

4.2. Contexto Histórico das Legislações sobre as águas no Brasil

A evolução histórica da legislação legal dos recursos hídricos no Brasil, está relacionada
a três fases: Fragmentária, Setorial e Holística. A primeira fase, vai do descobrimento do Brasil
até 1930, onde não havia qualquer preocupação ou interesse com o meio ambiente, ou seja, não
24
incluía proteção às águas. As Ordenações Filipinas (1603 a 1830), editadas quando o Brasil
estava sob o domínio espanhol, foram as primeiras a trazer algum dispositivo que encontrasse
relação com a proteção das águas quando ao fornecer o conceito de poluição, “proibiu a
qualquer pessoa jogar material que pudesse matar os peixes e sua criação ou sujar as águas dos
rios e das lagoas.” (ALMEIDA, 2002).

A Constituição Imperial não trouxe qualquer relação sobre a tutela ambiental, mas o
Código Penal de 1890 trazia em seu texto acerca da proteção das águas. O Art. 162 daquele
diploma legal determinava que “corromper ou conspurcar a água potável de uso comum ou
particular, tornando-a impossível de beber ou nociva à saúde''. Pena: prisão celular de 1 (um)
a 3 (três) anos." (ALMEIDA, 2002). Durante a colonização, os rios foram usados como via de
acesso ao interior do território brasileiro, e o controle sobre as reservas hídricas influenciou na
disposição dos primeiros núcleos urbanos (ANA, 2007).

A segunda fase, setorial, é marcada pelas atividades exploratórias, onde verifica-se a


partir do interesse constitucional a tutela pela gestão dos recursos hídricos, devido ao
crescimento da demanda por energia elétrica, estabelecendo no artigo 119, da Constituição de
1934, o aproveitamento industrial das águas e da energia hidráulica, dependendo de autorização
ou concessão federal, na forma da lei. Dessa forma, em ato contínuo, foi editado o decreto
24.643 de 10 de julho de 1934, denominado de Código das Águas, que além de definir os tipos
de água (águas públicas de uso comum, águas comuns e águas particulares), foi o primeiro
diploma legal que possibilitou o aproveitamento industrial das águas e do gerenciamento dos
recursos hídricos no Brasil, por outro lado, o planejamento sobre os rios era pensado a curto
prazo, sem a observância das consequências ambientais, mas seguindo a lógica de que os rios
desempenhavam papel determinantes no desenvolvimento capitalista (MARÇAL et al, Prelo).

A implementação do Código de Águas no que diz respeito às águas de domínio da


União ficou sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica –
DNAEE, compartilhada com o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas –DNOCS,
nas áreas sujeitas ao flagelo das secas. Nas águas de domínio dos Estados essa competência era
exercida com a constituição de órgãos públicos para aplicar o Código de Águas, e seus atos
mais importantes eram as autorizações para a derivação de águas e as concessões para o
aproveitamento de energia hidrelétrica, sendo que estas eram de exclusiva competência da
União. O Código de Águas de 1934, portanto, serviu tanto ao setor elétrico quanto aos demais
setores interessados, e isso conduziu sua regulamentação voltada somente aos aproveitamentos

25
hidrelétricos (BARTH, 1996; ROSA e GUARDA, 2019). A gestão das águas limitava-se à
gestão de sua quantidade, sem preocupação com a sua qualidade (MELO et al, 2012). Até o
presente momento, ainda não havia preocupação com o meio ambiente, apenas a preocupação
de exploração econômica dos recursos naturais, nessa falta, o legislador do Código Penal de
1940 associou a proteção dos recursos hídricos com o direito à saúde, não podendo esta ser
assegurada num ambiente degradado (RAMOS, 2018). Juridicamente, foram criadas
legislações que buscavam a regulamentação de atividades exploratórias e tipificavam condutas
que causavam danos ao meio ambiente. A gestão das águas até então limitava-se à proteção de
sua quantidade, sem preocupação com a qualidade e refletia mais cautelas econômicas do que
ecológicas (ROSA e GUARDA, 2019).

O Código Civil de 1916 e o Código das Águas de 1934 possuem diferenças


fundamentais e trouxeram concepções diversas em relação à água. Enquanto o Código Civil
limitava-se a uma regulamentação sob o fundamento básico do direito de vizinhança e da
utilização das águas como bem essencialmente privado e de valor econômico limitado, o
Código de Águas, considerava-a como um elemento básico para o desenvolvimento, haja vista
que a eletricidade é um subproduto elementar à industrialização do país (ANTUNES, 2002;
DARONCO, 2013). Posteriormente, em 1965, o Código Florestal foi elaborado pela Lei 4.771,
que criou áreas de preservação permanente e, indiretamente, protegeu a vazão e a qualidade
das águas ao determinar, no artigo 2º, a preservação das florestas e das matas ciliares situadas
ao longo dos cursos d’água, nascentes, lagos, lagoas ou reservatórios (ALMEIDA, 2002). Em
2012 houve a revisão desse instrumento de gestão das águas, pela Lei no 12.651/2012,
estabelecendo o novo Código Florestal Brasileiro.

Na terceira fase, holística, registrou-se a necessidade da gestão das águas de forma


sustentável. Foi aprovada a Lei n. 6.938/1981, que deu origem à Política Nacional do Meio
Ambiente, que buscou uma gestão que visava a preservação de todos os recursos naturais de
forma única e completa, tratando o meio ambiente como um todo, além disso, iniciou-se um
novo sistema integrado de proteção do meio ambiente. Esta lei lançou bases para a busca do
desenvolvimento sustentável; estabeleceu princípios protetivos e garantidores do meio
ambiente; instituiu objetivos e instrumentos à política nacional; consolidou, no ordenamento
jurídico brasileiro, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) (ALMEIDA, 2002). A Lei 6.938
instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) e é gerido por órgãos municipais,
estaduais e federais, porém o órgão superior ao SISNAMA que é o Conselho Nacional do Meio

26
Ambiente (CONAMA) foi o responsável por editar a Resolução 020, de 18 de junho de 1986,
que inaugurou, no Brasil, a gestão da qualidade das águas (ROSA e GUARDA, 2019).

Com a Constituição Federal de 1988 todas as águas tornaram-se públicas, posto que
enquanto recursos naturais são bens públicos de uso comum do povo, inclusive as águas
subterrâneas, não mais existindo águas comuns ou particulares. A Constituição Federal repartiu
a gestão de recursos hídricos com a divisão dos domínios das águas entre a União, os Estados
e o Distrito Federal, deixando a competência para legislar sob o domínio apenas da União. A
CF 1988 também previu em seu artigo 21, a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos – SINGREH. Em 1991 o SINGREH passou pelo processo de
regulamentação com o encaminhamento ao Congresso Nacional de projeto de lei dispondo
sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos – SINGREH.

No tocante aos recursos hídricos, a agenda 21 brasileira dedica seu capítulo 18 à


“Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios
Integrados no Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos”. Era o primeiro passo
na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Porém o ponto de partida para a reformulação
institucional do gerenciamento hídrico brasileiro foi a criação dos Comitês de Bacias
Hidrográficas, na década de 70. O primeiro comitê criado foi o Comitê Especial, em 1976, que
é fruto de um acordo entre o Governo do Estado de São Paulo e o Ministério das Minas e
Energia. Este comitê tinha como objetivo promover o equacionamento dos problemas e
conflitos existentes em relação aos usos da água na Região Metropolitana de São Paulo, como
também a melhoria das condições sanitárias das águas das bacias do Tietê e Cubatão. A criação
deste comitê é um marco importante na administração hídrica brasileira, tendo em vista que
promoveu a integração interinstitucional e intergovernamental para o gerenciamento de
recursos hídricos (HENKES, 2003).

Registre-se em 1987 o Decreto n° 27.576 de 11/9/1987 pelo o Governo do Estado de


São Paulo que cria Conselho Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Estadual de Gestão de
Recursos Hídricos, responsáveis pela Política Estadual de Recursos Hídricos e pelo Plano
Nacional de Recursos Hídricos, sendo o Conselho presidido pelo Secretário de Obras do
Estado. Foi o primeiro estado brasileiro a possuir uma política de recursos hídricos. Em
seguida, foram editadas as leis estaduais de recursos hídricos nos estados do Ceará (1992),
Santa Catarina (1994), Rio Grande do Sul (1994), Bahia (1995), Rio Grande do Norte (1996)

27
e Paraíba (1996). A Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) mobilizou-se e
produziu, com grande repercussão no meio técnico, as Cartas de Salvador em 1987 e de Foz
do Iguaçu em 1989. Ambas conclamam a criação de um sistema organizado de gestão, e, em
particular, a Carta de Foz do Iguaçu delineia os princípios básicos que deveriam ser seguidos
no estabelecimento da Política Nacional de Recursos Hídricos. São eles, por exemplo, a gestão
integrada, a bacia como unidade de gestão, o reconhecimento do valor econômico da água e
gestão descentralizada e participativa (PORTO e PORTO, 2008).

No entanto, por muito tempo, a Resolução CONAMA 20/1986 foi o instrumento legal
utilizado para disciplinar a dinâmica de utilização das águas, até a promulgação da Lei 9.433,
de 08 de janeiro de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos, estabeleceu
princípios para a proteção e o controle das águas, criando a gestão integrada dos recursos
hídricos. Propôs instrumentos, como: o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos
Hídricos (SNIRH); o monitoramento da qualidade da água, a outorga e a cobrança pelo uso de
recursos hídricos; os sistemas de fiscalização e enquadramento, etc. Reconheceu a bacia
hidrográfica como unidade territorial, e a descentralização das decisões como uma das formas
de gestão (ROSA & GUARDA, 2019). Entretanto, até a década de 60, percebia-se que os
elementos naturais, como a água, eram inesgotáveis, então a partir de 1960 uma nova
concepção e preocupação sobre o meio ambiente surgiu, onde, dessa forma, foram editadas
inúmeras leis, como por exemplo a de nº4.132 de 1962 que estabeleceu a proteção ao solo e a
preservação de cursos e mananciais de água, em caso de desapropriação de terras por interesse
social. Além disso, outras políticas públicas, como a Política Nacional do Saneamento, que
normatizou o saneamento básico, o controle de modificações artificiais das massas de água e o
controle das inundações e das erosões (DARONCO, 2013), foi instituída através da Lei nº
5.138 de 1967, contribuíram de modo formal, direta e indireta, para uma gestão qualitativa dos
recursos hídricos.

No que se diz respeito à legislação sobre a água, a lei 9.433/97 é a mais recente e
extremamente importante, pois trouxe uma visão de análise integrada das bacias hidrográfica.
Além disso, mesmo que a Lei no 12.651/2012 estabeleça as áreas destinadas à proteção das
margens dos corpos d’água, o que ainda prevalece é apenas uma métrica relacionada à largura
do canal associado ao tipo de bioma, sem relacionar esses parâmetros à outras características
físicas dos canais fluviais. Nota-se, portanto, que ambos marcos legais (Lei no 9.433/1997 e
Lei no 12.651/2012) não contemplam os rios enquanto ambientes dinâmicos, dotados de

28
estrutura física e integrados à paisagem (MARÇAL et al, Prelo). É importante salientar que a
disponibilidade de água é somente propiciada através dos rios. Entretanto, percebe-se que todas
as legislações ao longo dos anos foram voltadas no utilitarismo dos rios para a disponibilidade
da água como recurso natural ou para geração de energia.

Figura 2: Principais marcos legislativos referentes à gestão dos recursos hídricos.

1934
1997 2012
Decreto 1988
Lei 9.433/97 Lei 12.651
24.643: Constituição
Lei das Novo Código
Código das Federal
Águas Florestal
Águas

5. GESTÃO DE RIOS E GEOMORFOLOGIA FLUVIAL

Os rios estão inseridos no contexto das bacias hidrográficas e devem ser compreendidos
a partir de uma visão holística e toda sua complexidade como elemento da paisagem. O modelo
de gestão que pode ser observado hoje trata os rios apenas como o provedor de recurso,
deixando de lado toda a sua trajetória evolutiva. Nessa abordagem de gestão somente pelas
águas, a geomorfologia fluvial não é incorporada e a aplicação dos instrumentos de gestão,
como os planos de bacias, se dá de forma distanciada não somente pela forma como a sociedade
entende os rios, como também pela falta de conhecimento da multidimensionalidade dos rios,
fazendo com que os mesmos sejam controlados, com, por exemplo, barramentos e
canalizações.
O modelo de gestão de rios traz elementos importantes, onde os aspectos físicos da
paisagem serão analisados de forma integrada, a partir do entendimento da geomorfologia
fluvial, ecologia dos rios e a hidrologia. A gestão de rios trabalha com os processos e formas
fluviais e a dinâmica entre água e sedimento dentro do âmbito do seu canal fluvial no contexto
da sua bacia hidrográfica. A partir disso, o entendimento da conectividade entre os ambientes
fluviais dará subsídios para priorizar áreas que estão tendo algum tipo de degradação. Ou seja,
a identificação de áreas sensíveis dentro do sistema fluvial se torna mais simples e os objetivos
em termos de manejo e planejamento mais acessíveis.

29
Entretanto, a gestão de água não deve ser realizada separadamente da gestão de rios,
ambas devem ser integradas uma à outra, trazendo importantes abordagens metodológicas para
trabalhar os rios e suas águas. Nesse sentido, por tratar da gestão sustentável a longo prazo, o
paradigma da gestão de rios pode antecipar e planejar as respostas geomorfológicas e
ecológicas às intervenções humanas que levam muitas décadas para serem tomadas
(WILLIAMS, 2020; MARÇAL et al, PRELO). Logo, a gestão de rios não é apenas uma tarefa
técnica; mas sim uma questão socioeconômica e cultural que reflete os valores da sociedade
(HIGGS, 2003; MARÇAL et al, PRELO).
A evolução histórica da geomorfologia fluvial consolidou teorias e fortaleceu
metodologias, mas, sobretudo, desempenhou papel importante na forma como compreender e
trabalhar com os rios. Isso vem contribuindo na identificação de áreas geomorfologicamente
sensíveis e aplicando sistemas de monitoramento eficientes para conhecer o comportamento
dos rios (MARÇAL et al, PRELO). Em outras palavras, a capacidade de desvendar as
influências locais a partir de relações sistêmicas compreende um desafio atual para
pesquisadores e proporciona base de informações úteis para a gestão de rios, pois permite traçar
a trajetória evolutiva de sua bacia (CUNHA, 2005; CULLUM, 2003; LIMA e MARÇAL, 2013;
MARÇAL et al. 2017; LIMA, 2017). Nesta perspectiva, as questões que permeiam as tomadas
de decisão precisam ser respondidas caso a caso, tendo-se em conta as características de cada
bacia e de cada canal, refletindo a trajetória de ajuste dos rios e dos valores da própria sociedade
perante os seus recursos naturais (HOOKE, 2003; BROOKES, 1987, LIMA 2017).

5.1. Bacias Hidrográficas como unidades de planejamento e gerenciamento de recursos


hídricos

Bacias Hidrográficas são áreas compostas por um conjunto de rios que convergem para
um canal principal, sendo delimitada pelos divisores topográficos. Todos os fluxos d’água,
sedimentos e solúveis drenam para uma única saída comum. Bacias hidrográficas devem ser
consideradas como unidades territoriais para a aplicação do plano de recursos hídricos e o
gerenciamento das águas superficiais e subterrâneas. A utilização da bacia hidrográfica como
uma unidade de análise de sistemas ambientais, apresenta concepção mais adequada para se
trabalhar com a proposta sistêmica, partindo da perspectiva do tripé formado pela dimensão
ambiental, social e econômico (ALBUQUERQUE, 2015; LANDIM NETO et al, 2016).

30
Compreendendo a bacia hidrográfica como uma unidade de gestão, uma vez que
permite reconhecer e estudar as inter-relações existentes entre os diversos elementos que
compõem a paisagem e os processos que atuam na sua esculturação (BOTELHO, 1999; VALE
& BORDALO, 2016), o planejamento e a gestão de bacias hidrográficas devem incorporar
todos os recursos ambientais da área de drenagem e não apenas o hídrico, adotando uma
abordagem de integração dos aspectos ambientais, sociais, econômicos, ecológicos e políticos,
e incluir objetivos de qualidade ambiental para a utilização dos recursos, procurando aumentar
a produtividade destes e, ao mesmo tempo, diminuir os impactos e riscos ambientais na bacia
de drenagem (LORANDI; CANÇADO, 2002 apud LANDIM NETO, 2016).

Uma bacia hidrográfica circunscreve um território drenado por um rio principal, seus
afluentes e subafluentes permanentes e intermitentes. Seu conceito está associado à noção de
sistema, nascente, divisores de águas, cursos de águas hierarquizados e foz. Toda ocorrência
de eventos em uma bacia hidrográfica, de origem antrópica ou natural, interfere na dinâmica
desse sistema, na quantidade dos cursos de água e sua qualidade.

No âmbito das bacias hidrográficas existem diferentes variáveis integradas que devem
ser analisadas e diagnosticadas de forma holística, para que se possam estabelecer estratégias
de gestão. O planejamento ambiental em bacias hidrográficas pode contribuir para subsidiar a
elaboração dos planos de recursos hídricos e estabelecimento de políticas públicas municipais,
estaduais e da União que garantam a gestão e proteção da água em sua área de atuação, bem
como sua disponibilidade, em quantidade e qualidade, para os múltiplos usos, manutenção de
ciclos naturais e a vida, em todas as suas formas (LEAL, 2012; VALE & BORDALO, 2016).

Porém, considerando a importância dos rios para os mais variados fins, ressalta-se a
importância da adoção de métodos de avaliação desses sistemas de caráter integrado que não
restrinja a avaliação dos mesmos à qualidade de suas águas. É necessário que se incorpore nas
avaliações dos rios aspectos mais específicos, como as características sedimentológicas,
ecológicas, físico-químicas, biológicas e inclusive as geomorfológicas, a fim de que cada uma
destas se complemente mutuamente disponibilizando informações mais completas sobre a
qualidade dos recursos hídricos (KARR & CHU, 1999, BARBOUR & STRIBLING, 1991;
RODRIGUES et al, 2010).

Uma bacia hidrográfica analisada de forma integrada permite compreender a dinâmica


ambiental local e regional, de forma a gerar informações relevantes para o planejamento e
gerenciamento territorial dos recursos hídricos. Portanto, estudos clássicos de geomorfologia

31
indicaram que as informações morfológicas de uma bacia hidrográfica possuem estrita relação
com os padrões de paisagem da sua área de influência (HORTON, 1945; STRAHLER, 1957;
SCHUMM, 1956 apud SOARES et al, 2016).

Hoje no Brasil, os recursos hídricos têm sua gestão organizada por bacias hidrográficas
em todo o território nacional, a partir da Lei n. 9.433, seja em corpos hídricos de titularidade
da União ou dos Estados. Há certamente dificuldades em se lidar com esse recorte geográfico,
uma vez que os recursos hídricos exigem a gestão compartilhada com a administração pública,
órgãos de saneamento, instituições ligadas à atividade agrícola, gestão ambiental, entre outros
(PORTO e PORTO, 2008). Entretanto, o desenvolvimento de metodologias para a avaliação
dos padrões de drenagem de tais unidades territoriais, são passíveis de fornecer informações
de extrema relevância para subsidiar o processo de tomada de decisão na implementação de
ações no gerenciamento dos recursos hídricos.

6. METODOLOGIA

A metodologia aplicada na pesquisa teve como base a literatura de artigos relacionados


à Geomorfologia Fluvial para embasamento teórico e a leitura dos planos de bacia das regiões
hidrográficas do estado do Rio de Janeiro, de modo a observar como tais planos foram
elaborados, para apresentação de um panorama exemplificado pela seleção de três regiões
hidrográficas. Foi elaborado um quadro através do software Excel, contendo informações sobre
a situação de implementação do Comitê e do plano de bacia e uma abordagem geral das nove
Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro.

Destacou-se informações referentes as Regiões Hidrográficas Rio Dois Rios, Baía de


Guanabara e Macaé e das Ostras, em relação à leitura do capítulo de diagnóstico do plano de
bacia, analisando a forma de abordagem sobre os estudos abrangidos pela Geomorfologia
Fluvial e a escala de abordagem do plano (multiescalar, regional ou local). O quadro formulado
aponta as variáveis encontradas no plano de bacia, referentes à análise morfométrica, processos
fluviais e monitoramento hidrológico.

Por fim, para conhecimento das perspectivas dos membros das Regiões Hidrográficas
do Estado do Rio de Janeiro, foi elaborado um formulário contendo 7 perguntas relacionadas à
Geomorfologia Fluvial. O formulário foi construído a partir da ferramenta do Google

32
Formulários e enviado para o e-mail, direcionado para os membros que compõem a gestão,
câmera técnica, diretoria ou plenário das RH.

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O território brasileiro está dividido hidrograficamente em regiões. A resolução n. 32 do


Conselho Nacional de Recursos hídricos, de 15 de outubro de 2003, define para o Brasil a
divisão hidrográfica nacional em 12 regiões hidrográficas. Essas regiões estão divididas através
das similaridades existentes em determinados lugares do país, no que se refere aos
ecossistemas, economia, sociedade, cultura, entre outras.

Considera-se como região hidrográfica o espaço territorial brasileiro compreendido por


uma bacia, grupo de bacias ou sub-bacias hidrográficas contíguas com características naturais,
sociais e econômicas homogêneas ou similares, com vistas a orientar o planejamento e
gerenciamento dos recursos hídricos (Art. 1º Parágrafo único - Resolução 32/2003/CNRH).
Regiões hidrográficas são, portanto, unidades espaciais para fins de planejamento e
gerenciamento dos recursos hídricos brasileiros.

Nesse sentido, será destacado a forma como os estudos em Geomorfologia Fluvial são
abordados no plano de bacia das Regiões Hidrográficas da Baía de Guanabara, Rio Dois Rios
e Macaé e das Ostras.

7.1. Panorama das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro

O quadro 2 apresenta uma abordagem geral das regiões hidrográficas do estado do Rio
de Janeiro, apresentando a situação de implementação do plano de bacia e comitê. De modo
geral, se espera que os estudos de Geomorfologia Fluvial devem ser encontrados
principalmente no capítulo de diagnóstico, integrando-se com os demais capítulos do plano de
bacia. A partir da leitura dos planos de bacia das regiões hidrográficas do estado do Rio de
Janeiro, o capítulo de diagnóstico das referidas regiões segue critérios de identificação de
problemas relacionados aos rios e ao ambiente de forma geral (erosão, assoreamento,
enchentes, etc.). Apresentam a condição dos recursos hídricos e capítulos sobre fatores
socioambientais e socioeconômicos. Entretanto, não há uma relação direta e específica com os

33
estudos sobre geomorfologia fluvial, sendo esses estudos abordados de forma desarticulada, e
em várias escalas espaciais.

Observa-se que nos diagnósticos dos planos de bacia das Regiões Hidrográficas do
Estado do Rio de Janeiro são enfatizados, em sua maior parte, estudos e análises sobre a questão
hidrológica das bacias hidrográficas, sobretudo em relação às vazões, muito com visão
utilitarista sobre os rios. Ressalta-se que as análises hidrológicas são fundamentais para os
estudos e diagnósticos relacionados às questões de segurança, prognósticos e planejamentos
hídricos. Porém, o que se evidencia nos planos de bacia é a ausência dessas análises
relacionadas a estudos em geomorfologia fluvial para se ter um planejamento que considere os
ajustes e as mudanças que os processos fluviais apresentam em diferentes cenários temporais.

QUADRO 2
Panorama sobre as Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro

Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro


RH Comitê/Plano Abordagem Geral da Região
É a baía mais conservada do estado do RJ. Essa
O comitê foi instituído no dia 7 de outubro de
região hidrográfica tem a característica de ser
RH I – Baía 2011, pelo Decreto Estadual nº 43.226/2011.
formada por bacias costeiras, é um território
da Ilha O plano de bacia foi concluído e aprovado
marcado por diversos conflitos pelo uso dos
Grande em 06/12/2019, na 49ª Reunião Ordinária do
recursos naturais. Possui grande diversidade em
Plenário do Comitê da Baía da Ilha Grande.
sua base econômica.
O comitê existe, oficialmente, a partir do
A bacia possui uma série de problemas
Decreto Estadual – RJ nº 31.178, publicado
decorrentes da forma do uso e ocupação do solo e
RH II - em 3 de abril de 2002. O plano de bacia foi
gestão dos seus recursos hídricos. A RH II está
Guandu concluído e aprovado no dia 06/12/2018, na
interligada com a bacia do rio Paraíba do Sul
4ª Reunião Ordinária do Plenário do Comitê
através da Estação Elevatória de Santa Cecília.
Guandu-RJ.

Nesta região hidrográfica situa-se o segundo


O comitê foi instituído no dia 11 de setembro
maior parque industrial da bacia do rio Paraíba do
de 2008, pelo Decreto Estadual nº 41.475. O
Sul. Destaca-se também a existência das
RH III – Caderno de Ações – Área de Atuação da
estruturas hidráulicas responsáveis pela derivação
Médio AMPAS do Plano de Recursos Hídricos do
de parte da água do rio Paraíba do Sul para o
Paraíba do Comitê de Integração da Bacia Hidrográfica
Complexo Hidrelétrico de Lajes e posteriormente,
Sul do Rio Paraíba do Sul – CEIVAP é o
para a bacia do rio Guandu, na parte fluminense,
documento orientador. O plano de bacia está
responsável pelo abastecimento de grande parte
sendo atualizado.
da Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

A criação do comitê foi aprovada pelo


CERHI em 13 de novembro de 2003, sendo A abundante cobertura vegetal da região
reconhecido e qualificado pelo Decreto hidrográfica vem sofrendo uma redução
RH IV – Estadual nº 38.235, em 14/09/2005. O significativa em função da expansão de áreas
Piabanha documento orientador atualmente é o urbanas e agrícolas. A bacia do rio Piabanha é uma
caderno de ações - Área de Atuação Piabanha das bacias entre as grandes sub-bacias formadoras
de 2009. O plano de bacia está sendo do rio Paraíba do Sul.
atualizado.

34
A RH possui muitos dos seus corpos d'água em
nível avançado de degradação qualitativa,
O comitê foi instituído pelo Decreto Estadual incluindo seus sistemas lagunares,
RH V – Baía nº 38.260 de 16 de setembro de 2005. O comprometidos em grande parte pelo lançamento
de Plano Diretor de Recursos Hídricos da Baía de efluentes domésticos sem tratamento. O fato de
Guanabara de Guanabara foi elaborado e concluído em estar situado em uma região metropolitana
2005. densamente povoada com baixos níveis de
tratamento de efluentes, acelera a degradação
ambiental.
Nesta RH muitos rios e riachos foram canalizados,
O comitê foi criado pelo Decreto Estadual
barrados e/ou retificados com o objetivo de
36.722, de dezembro de 2004. O Plano da
RH VI – controlar as cheias nas áreas de baixada. Parte
Bacia Hidrográfica da Região dos Lagos e do
Lagos São significativa da vegetação ribeirinha foi
Rio São João foi elaborado em junho de
João substituída por atividades agropecuárias e grande
2005, mas os tomos IV, V, VI, VII, VIII não
quantidade de esgoto sanitário sem tratamento foi
foram concluídos.
lançado nos corpos hídricos da região.

A criação do comitê foi aprovada pelo


CERHI em 13 de novembro de 2003, sendo A RH possui característica serrana e encostas com
reconhecido e qualificado pelo Decreto alta declividade. A sinergia entre a topografia
RH VII – Rio Estadual nº 41.472, de 11 de setembro de acidentada e o desmatamento da vegetação, eleva
Dois Rios 2008. O Caderno de Ações – Área de a vulnerabilidade natural à erosão. Em função
Atuação Rio Dois Rios, de 2009, é o desses fatores, eventos de deslizamentos e
documento orientador atualmente. O plano inundações são comuns.
de bacia está sendo atualizado.

Concentra o maior parque industrial petrolífero do


O comitê foi instituído pelo Decreto Nº
Estado do RJ. As alterações ambientais
34.243 de 04 de novembro de 2003.
RH VIII – produzidas na bacia do rio Macaé e das Ostras,
Concluído o Relatório Síntese que compõe o
Macaé e das agravadas pela reutilização de trechos expressivos
Plano de Recursos Hídricos da Região
Ostras de rios, geram impactos em todos os ecossistemas
Hidrográfica Macaé e das Ostras em
da região, inclusive nas áreas urbanas, como na
fevereiro de 2014.
cidade de Macaé.

O comitê foi instituído pelo Decreto Estadual Nesta RH, um dos principais problemas relativos
RH IX – nº 41.720, de 03 de março de 2009. O aos recursos hídricos é a insuficiência do
Baixo Paraíba Caderno de Ações – Área de Atuação da GT tratamento dos esgotos sanitários e a disposição
do Sul e FOZ é o documento orientador atualmente, o final imprópria dos resíduos sólidos urbanos.
Itabapoana plano de bacia da região está sendo Atualmente, os rios e sistemas lagunares da região
atualizado. estão com qualidade muito comprometida.

Fonte: Elaboração Própria, 2021.

7.2. Plano de Bacia da Região Hidrográfica Rio Dois Rios – RH II

O atual plano de bacia da região hidrográfica Rio Dois Rios é o Caderno de Ações: Área
de Atuação do BNG-2, designado para cada sub-bacias ou trechos do rio Paraíba do Sul,
obedecendo a uma lógica territorial de abrangência definidas segundo as áreas de atuação de
cada um dos organismos de bacia, privilegiando-se os comitês. O BNG-2 constitui-se no
Consórcio Intermunicipal para a Recuperação Ambiental dos Rios Bengalas, Negro, Grande e
Dois Rios. O rio Dois Rios é formado pelo encontro das águas dos rios Negro e Grande, cujas

35
bacias de drenagem fazem parte da Região Serrana do Rio de Janeiro. Sobre geomorfologia
fluvial, o caderno não apresenta estudos aprofundados sobre processos fluviais, é citado apenas
que a densidade de drenagem é muito fina no curso superior do rio Dois Rios. Observa-se que
apenas são colocadas informações descritivas da situação dos rios, como por exemplo as
características associadas a vulnerabilidade à erosão das encostas e do solo.
O diagnóstico apresentado no Caderno de ações levanta pontos importantes para a
gestão de rios, como saneamento básico e resíduos sólidos. Observa-se que as informações
apresentadas mostram que há ineficiência nesses serviços e muitos municípios ainda não
possuem tratamento de efluentes sanitários adequado e o descarte de lixo continua sendo
diretamente nos rios. Além disso, aponta-se que na região da bacia do rio Dois rios apresenta
um alto nível de ocupação nas margens dos canais, que limitam as calhas e configuram-se na
problemática de cheias associados às enchentes nas áreas urbanizadas. Para isso, foi
apresentado no próprio capítulo de diagnóstico ações a serem implementadas na bacia, como
“Revegetação das encostas, recomposição da mata ciliar e as mudanças adequadas nas práticas
de manejo do solo” e “Intensificação do monitoramento hidrológico em toda a bacia para
melhoria de sistemas locais e regionais de alerta de cheias”. Nesse sentido, é apresentado dados
de vazão a partir de equações de regionalização hidrológica de Permanência de 95% e Tempo
e Vazões Médias de Longo Período da Foz do Rio Dois Rios.
Mesmo apresentando uma ficha técnica com resumo de informações para a gestão dos
recursos hídricos, onde cita-se a área de drenagem e a vazão do rio Dois Rios, o capitulo de
diagnóstico do Caderno de Ações da Região Hidrográfica Rio Dois Rios é bastante defasado
sobre estudos de geomorfologia fluvial. Nota-se que as informações apresentadas são voltadas
numa escala regional para atender a demanda sobre a disponibilidade hídrica a partir de
algumas poucas variáveis de análises morfométrica e hidrológica.
A Região Hidrográfica Rio Dois Rios está com seu plano de bacia em fase de
atualização, mencionado no site do Comitê de Bacia como “Complementação e Finalização do
Plano Integrado de Recursos Hídricos”. O capítulo de diagnóstico desse documento teve como
base estudos desenvolvidos no âmbito do Plano de Recursos hídricos da Bacia hidrográfica do
Rio Paraíba do Sul. Sobre geomorfologia fluvial, apenas observa-se uma citação de que nas
áreas de morros a densidade de drenagem é alta e os padrões de drenagem variam entre
dendrítico, treliça e retangular.
Além de apresentar que há estudos referentes à vazão, calculada a partir dos postos
fluviométricos localizados na região para a demanda e disponibilidade hídrica. Nota-se tanto
uma preocupação em relação a erosão associado as práticas inadequadas de manejo e uso do
36
solo próximo aos cursos d’água que ocasiona o assoreamento dos canais fluviais como também
em relação ao aumento de plantas aquáticas devido as inúmeras Pequenas Centrais hidrelétricas
- PCHs implantadas ao longo do rio Grande, ocasionando não só impactos na dinâmica de vida
do rio como também a alteração das águas de um ambiente lótico para lêntico, ou seja, altera-
se o regime de fluxo e a relação água e sedimento, de um dos formadores do rio Dois Rios.

QUADRO 3
Variáveis relacionadas aos estudos de Geomorfologia Fluvial do Plano de Bacia RH Rio Dois Rios
Região Hidrográfica Rio Dois Rios

Estudos sobre Geomorfologia Fluvial Variáveis Observadas Escala Abordada

Densidade de Drenagem
Análise Morfométrica Multiescalar Regional Local
Área da Bacia

Processos Fluviais Padrão de Drenagem X

Vazão
Monitoramento Hidrológico
Regime de Fluxo

Fonte: Elaboração própria, 2021

O capítulo de diagnóstico tanto da complementação do plano de bacia quanto do


caderno de ações apresentou suficientemente as características gerais e as problemáticas da
Região Hidrográfica Rio Dois Rios, entretanto foram destacados mais aspectos sobre o rio
Paraíba do Sul que propriamente do rio Dois Rios ou de seus rios formadores, Negro e Grande.
É inexistente estudos aprofundados relacionados à Geomorfologia Fluvial, observa-se apenas
trechos citando algumas variáveis de análise morfométrica, resumidas no quadro 3, e maiores
dados estão concentrados sobre a disponibilidade hídrica com estudos de vazões.

7.3. Plano de Bacia da Região Hidrográfica Baía de Guanabara – RH V

O Plano de Recursos Hídricos da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara está em


processo de atualização e a conclusão estava prevista para o final do ano de 2021. O Plano de
bacia atual se intitula como Plano Diretor de Recursos Hídricos, foi concluído em 2005 e é
composto por 12 capítulos. Observa-se um plano bem estruturado, apresentando informações
sobre a região de forma satisfatória. Ao fazer a leitura do capítulo de diagnóstico, as questões

37
relacionadas aos estudos em geomorfologia geral, possui apenas um relato descritivo e sucinto
sobre os domínios geomorfológicos que compõem a área da Região Hidrográfica.

Sobre os estudos relacionados à Geomorfologia Fluvial, são citadas de forma breve no


tópico de geomorfologia do plano, acerca das características gerais das redes de drenagem da
região, sendo essas divididas em seis compartimentos de acordo com a sua conformação
geomorfológica (Bacias Urbanas do Leste, Compartimento das Bacias do Leste, Bacias do
Nordeste, Compartimento Central, Compartimento Noroeste e Bacias Urbanas do Oeste da RH
Baía de Guanabara). As redes de drenagem são destacadas pelos seus principais rios, como os
rios Caceribu, Iguaçu e Guapi-Macacu. Além disso, em cada subtópico dos compartimentos
geomorfológicos foram citados variáveis de análise morfométrica referente a densidade de
drenagem e variáveis de processos fluviais sobre o padrão de drenagem e padrão de canal.

O plano possui um subtópico titulado de fluviologia e no tópico Recursos Hídricos de


Superfície, descreve as redes hidrográficas das principais bacias que contribuem diretamente
para a Baía de Guanabara. As contribuições mais expressivas, quanto ao deflúvio vêm dos rios
que nascem ao norte e nordeste, nas escarpas da Serra do Mar, e deságuam no fundo da baía.
Essas redes hidrográficas foram divididas em 39 unidades de bacias hidrográficas onde 12 se
destacam. Nesse tópico é relatado de forma sucinta a descrição das principais características
físicas das bacias e dos rios principais, mencionando variáveis de análise morfométrica como
a área da bacia, forma da bacia, comprimento do canal, densidade de drenagem e também sobre
o regime de fluxo (Quadro 2).

O tópico Atividades Degradadoras do capítulo de diagnóstico cita o problema da erosão


fluvial, relacionada às declividades mais acentuadas da região e de deposição dos sedimentos,
devido a área estar no baixo curso dos rios. É colocado que essa problemática ocorre em razão
da retificação das calhas, que rompe os diques marginais e resulta nesses eventos erosivos.

Outro aspecto referido no plano é sobre as modificações sofridas devido à ação


antrópica em vários rios pertencentes à bacia. Muitos rios foram canalizados e desviados, como
o caso do rio Caceribu que fazia parte da bacia hidrográfica do rio Macabu e foi desviado para
o rio Guapimirim. Assim com a crescente ocupação nas margens, traz a problemática de
assoreamento das calhas fluviais, que podem representar grande potencial para a ocorrência de
enchentes.

38
QUADRO 4
Variáveis relacionadas aos estudos de Geomorfologia Fluvial do Plano de Bacia RH Baía de Guanabara.

Região Hidrográfica Baía de Guanabara

Estudos sobre Geomorfologia Fluvial Variáveis Observadas Escala Abordada

Densidade de Drenagem Multiescalar Regional Local


Área da Bacia
Análise Morfométrica
Forma da Bacia X
Comprimento do Canal

Padrão de Drenagem
Processos Fluviais Padrão de Canal
Erosão Fluvial

Vazão
Monitoramento Hidrológico
Regime de Fluxo

Fonte: Elaboração Própria, 2021.

Tanto o conteúdo examinado de forma geral como as variáveis observadas no plano de


bacia da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara contribuem em grande parte para o
conhecimento da distribuição de água na bacia hidrográfica, ou seja, configura-se como base
para as questões hidrológicas no sentido de atender as demandas da região, visto que essa
apresenta um alto índice demográfico. Entretanto, observa-se que não há estudos aprofundados
referentes à Geomorfologia Fluvial, o que se constata são algumas poucas variáveis citadas de
forma descritiva e sintética sem apresentar análises de comportamento dos processos fluviais
e a forma como essa informação pode e deve ser relacionada de maneira multiescalar com as
informações de caráter hidrológica, sedimentológica e ecológica, a fim de compreendermos a
trajetória de evolução dos processos associados à evolução dos rios.

7.4. Plano de Bacia da Região Hidrográfica Macaé e das Ostras – RH VIII

A região hidrográfica Macaé e das Ostras compõe a região central-norte do estado do


Rio de Janeiro, localizando-se entre dois polos de desenvolvimento, o polo turístico-comercial
com a região dos lagos ao sul e o polo petrolífero-canavieiro de Campos/Macaé ao norte. A
RH VIII é formada pelas bacias hidrográficas dos rios Macaé, das Ostras, da Lagoa de
Imboacica e de pequenos córregos e lagoas litorâneas.

39
A Região Hidrográfica Macaé e das Ostras possui um plano de recursos hídricos em
formato de um relatório síntese, finalizado em fevereiro de 2014. O plano de bacia começa
apresentando uma caracterização geral da bacia do rio Macaé. Relacionado aos estudos de
geomorfologia fluvial, cita-se apenas que o curso superior e médio do rio Macaé se desenvolve
de forma sinuosa, sobre leito rochoso e acidentado, por cerca de 72km até a planície aluvionar
da bacia. O plano de bacia está dividido em 14 capítulos, entretanto, no capítulo de diagnóstico,
não se observa nenhum estudo aprofundado sobre geomorfologia fluvial, observa-se tópicos
de diagnóstico relacionados a hidrologia e hidrogeologia do alto, médio e baixo rio Macaé,
porém foram apontados apenas descrições sucintas sobre a vazão e a qualidade da água da
região.

Anteriormente, em julho de 2012, foi desenvolvido a elaboração do Plano de Recursos


Hídricos da Região Hidrográfica Macaé e das Ostras - relatório de caracterização da região. O
relatório é bem estruturado em relação ao conteúdo de unidades geomorfológica, apresentando
de forma detalhada as características gerais dos principais domínios encontrados na região.
Relata-se numa primeira parte do documento, sob o tópico relevo, de forma resumida, que no
médio curso do rio Macaé encontram-se as principais áreas fontes de sedimentos que vão parar
no canal fluvial, devido às altas declividades somadas com a perda de mata nativa e/ou as
chuvas intensas.

Entretanto, sobre geomorfologia fluvial não se observa estudos aprofundados


direcionado para os rios, porém, como forma de descrever as características gerais da bacia do
rio Macaé, cita-se no tópico de “Recursos Hídricos de Superfície”, o tipo de leito do curso
superior e inferior e algumas variáveis sobre análise morfométrica, como o tamanho da área de
drenagem, o comprimento do canal e a forma da bacia. Também se menciona que a bacia
apresenta alta densidade de drenagem com variações no padrão de drenagem, que é
predominantemente paralelo nas maiores altitudes e nas áreas que se compreende a planície, o
padrão de drenagem preponderante é o dendrítico. O relatório descreve bem a região da bacia
do rio das ostras, apresentando os principais pontos do seu percurso até a foz, indicando o
comprimento do canal principal e do afluente, Iriri.

Os dois relatórios disponíveis estão bem completos e estruturados, apresentando bem


as características gerais de forma descritiva da região das bacias do Rio Macaé e das Ostras
numa escala local. Nota-se que os dois relatórios são bem parecidos, porém, não se observa

40
estudos em relação à geomorfologia fluvial. Encontra-se apenas informações muito concisas
de hidrologia e qualidade das águas, ligadas às variáveis de análise morfométrica.

QUADRO 5
Variáveis relacionadas aos estudos de Geomorfologia Fluvial do Plano de Bacia RH Macaé e
das Ostras
Região Hidrográfica Macaé e das Ostras

Estudos sobre Geomorfologia Fluvial Variáveis Observadas Escala Abordada

Densidade de Drenagem
Comprimento do Canal
Análise Morfométrica Multiescalar Regional Local
Forma da Bacia
Área da Bacia

Processos Fluviais Padrão de Drenagem X

Monitoramento Hidrológico Vazão

Fonte: Elaboração Própria, 2021.

Os quadros das regiões hidrográficas apresentados acima reúnem variáveis relacionadas


aos estudos de Geomorfologia Fluvial. Durante a leitura dos capítulos de diagnóstico dos
planos de bacia das referidas regiões, essas variáveis foram observadas, sendo colocadas como
forma de descrever a região e/ou bacias hidrográficas. Nesse sentido, constata-se a falta de
estudos detalhados sobre Geomorfologia Fluvial. Percebe-se a ausência de análises
direcionadas aos rios e às dinâmicas dos processos fluviais associados.

7.5. Comitê de bacia e Geomorfologia Fluvial

Os comitês de bacia possuem papel fundamental no âmbito da gestão dos recursos


hídricos e de forma direta na gestão dos rios. São considerados entes do Sistema Nacional de
Gestão dos Recursos Hídricos e foram criados para gerenciar o uso dos recursos hídricos de
forma integrada e descentralizada com a participação da sociedade, além de promover a
harmonização entre os múltiplos e competitivos usos da água. Os Comitês, de acordo com a
Lei nº 9.433/97, atuam em conjunto com uma Agência de Bacia. As propostas e projetos são
discutidos e deliberados nas reuniões do Comitê e executadas pela Agência de Bacia. As ações

41
realizadas pelo CBH são definidas com base no Plano de Bacia Hidrográfica (CBH Guandu,
2012).
É a partir das entidades ou usuários que compõem o plenário dos CBH que se decidem
por meio de votos sobre propostas e projetos apresentados a serem aprovados no plano de
recursos hídricos, tendo, dessa forma, a necessidade de se conhecer a ciência dos rios, a
geomorfologia fluvial. Diante desse cenário, foi enviado aos comitês de Bacia Hidrográfica do
Estado do Rio de Janeiro um formulário acerca da temática da Geomorfologia Fluvial e os
Planos de Bacia.
O formulário foi elaborado pelo Google Formulários e foi desenvolvido para obtenção
de conhecimento sobre geomorfologia fluvial a partir das perspectivas dos membros dos
comitês de bacia das Regiões Hidrográficas do Estado do Rio de Janeiro. O formulário contou
com as seguintes perguntas:

a) Qual sua função no Comitê?

Um comitê de bacia é composto por representantes do poder público, da sociedade civil


e usuários de água, onde o papel que cada um exerce é de extrema importância para o
estabelecimento de objetivos em relação a gestão dos recursos hídricos, sobretudo, na
formulação do plano de bacia da região hidrográfica. Para essa pergunta foram obtidas 6
respostas. Sendo facultativa a exposição do comitê a quem essa pessoa representa.

Figura 3: Respostas apresentadas pelos membros de comitê das regiões hidrográficas em relação à sua função.

Elaborado pelo autor

42
b) Como se dá o processo de aprovação dos planos de bacia pelos comitês?

Os comitês de bacia são responsáveis pela aprovação dos planos de bacia, diante disso,
a respectiva pergunta foi realizada para entender, a partir dos membros, como é o processo da
deliberação na tomada de decisões para a aprovação do referido documento. Foram obtidas 3
respostas.

Figura 4: Respostas de membros do comitê sobre a respectiva aprovação dos planos de bacia pelos comitês.

Elaborado pelo autor.

c) Você conhece a ciência dos rios, a geomorfologia fluvial?

A qualidade e quantidade dos recursos hídricos está diretamente ligada aos rios e para
garantia da água é necessário o conhecimento do funcionamento dos rios que estão inseridos
na área de atuação dos comitês de bacia. Para isso, a Geomorfologia Fluvial engloba estudos
referentes aos processos e formas relacionados ao escoamento dos rios. A respectiva pergunta
buscou saber se os membros dos comitês conhecem tal ciência, com 6 respostas obtidas, a
maioria (5 pessoas) respondeu que sim, conhecem Geomorfologia Fluvial.

43
Gráfico 1: Resposta dos membros dos comitês relacionado ao conhecimento da geomorfologia fluvial.

Elaborado pelo autor.

Para essa pergunta, foi feita aos membros que disseram que conhecem geomorfologia
fluvial como ela poderia ser inserida nos planos de bacia. É sabido que estudos referentes a
geomorfologia fluvial devem estar inseridos no capítulo de diagnóstico dos planos de bacia,
uma vez que possuindo tais conhecimentos, os objetivos contemplados nos capítulos de
prognóstico e planos de ações poderão ser alcançados de forma mais integrada e envolvendo
todos os processos associados aos rios. Foram obtidas 5 repostas.

44
Figura 5: Como a geomorfologia fluvial pode ser inserida nos planos de bacia de acordo com os membros dos
comitês de bacia da Regiões Hidrográficas do Rio de Janeiro.

Elaborado pelo autor

d) Como a geomorfologia fluvial contribuiria para a conservação e preservação dos


rios?

A geomorfologia fluvial tem buscado compreender a organização dos sistemas fluviais


complexos a partir da leitura integrada do paradigma da continuidade e descontinuidade
(MARÇAL e LIMA, 2016), dessa forma, tal ciência a partir de uma visão integrada que abarca
de forma mais eficaz na gestão dos rios, contribui de forma direta como instrumento para
conservação e preservação dos rios. Para a respectiva pergunta foram obtidas 6 respostas.

45
Figura 6: Visão dos membros dos comitês de bacia de como a geomorfologia fluvial contribui para a conservação
e preservação dos rios.

Elaborado pelo autor.

e) Há diferença entre gestão de recursos hídricos e gestão de rios?

A gestão de recursos hídricos no Brasil abrange a água apenas no sentido de atender as


demandas dos sistemas produtivos apenas a partir da sua função hidrológica. Para uma melhor
gestão de água, torna-se necessário incorporar a abordagem integradora do ambiente fluvial e
seus processos geomorfológicos, hidrológicos e ecológicos de modo a incluir a estrutura física
dos rios, para que se tenha uma gestão de forma sustentável e à longo prazo. A seguinte questão,
portanto, procura saber dos membros dos comitês se para eles há essa diferença, foram obtidas
6 respostas, dentre os quais 4 pessoas responderam que sim e 2 que não há diferença.

46
Gráfico 2: Respostas dos membros dos comitês em relação a diferença entre gestão de rios e gestão de recursos
hídricos.

Elaborado pelo Autor

Nesse sentido, para os que responderam sim, foi perguntado quais seriam essas
diferenças, com o intuito entendermos qual a visão dos membros em relação ao que se reflete
nos processos de gestão dos comitês de bacia, foram obtidas 3 respostas.

Figura 7: Resposta sobre as diferenças entre gestão de rios e gestão de recursos hídricos pelos membros dos
comitês de bacia.

Elaborado pelo Autor.

47
Diante do grande papel para uma gestão adequada sobre os recursos hídricos, nota-se
de forma significativa o distanciamento dos membros dos comitês de bacia e a geomorfologia
fluvial no que se refere aos seus estudos espaciais e temporais dos processos ecológicos,
hidrológicos e principalmente geomorfológicos dos rios nos planos de bacia. Percebe-se que
há o conhecimento da geomorfologia fluvial por parte dos membros dos comitês, entretanto,
consideram apenas como um instrumento visando a qualidade e quantidade da água. Observa-
se também que para eles existe a diferença entre gestão de rios e gestão de recursos hídricos,
porém, falta compreensão e discernimento sobre os mecanismos de cada gestão.

Em vista disso, observamos na prática planos de bacias com informações sobre a bacia
hidrográfica dissociadas dos processos fluviais, privilegiando dados hidrológicos, que são
extremamente importantes, porém devem estar incorporados às análises de forma integrada da
evolução de um rio e suas complexidades. Os Comitês de Bacia são responsáveis pela
aprovação dos planos de bacia e diante da falta de compreensão por parte dos membros sobre
a gestão de rios e geomorfologia fluvial, é preciso refletir e reavaliar sobre como tem sido
conduzido esses instrumentos de gestão, não apenas olhando para águas, mas destacando e
incorporando estudos da geomorfologia fluvial nos diagnósticos dos planos de bacia.

48
8. CONCLUSÃO

Os rios devem ser compreendidos pela dinâmica dos processos fluviais associados,
onde o comportamento e as mudanças a que estão sendo submetidos devem refletir sua
trajetória de evolução. Nesse sentido, a gestão de rios, no âmbito da geomorfologia fluvial,
promove uma maior interseção com outras áreas científicas, fazendo com que surjam novos
instrumentos teóricos e metodológicos para a contribuição e o entendimento da organização
dos sistemas fluviais e as práticas de manejo de rios.
Os planos de bacia, em seus respectivos estudos de diagnóstico, deveriam ser
elaborados, expressando o conceito do rio, pela dinâmica do seu comportamento, ajustes e da
relação água e sedimento e a sua distribuição ao longo do canal, abrangendo e incorporando as
complexidades biofísicas, culturais, sociais e econômicas. É necessário que haja um reajuste
em como esses planos de bacia estão sendo conduzidos. Precisa-se adequá-los a ampliar a
participação e envolvimento da sociedade, trazendo a educação ambiental para as comunidades
locais.
No entanto, o que se observa nos planos de bacia, em seus respectivos estudos de
diagnóstico, são análises voltadas apenas para informações relacionadas a distribuição de água
no contexto da bacia hidrográfica, sem associá-las com a relação água e sedimento, ou seja,
com os processos geomorfológicos fluviais. Quando os estudos em Geomorfologia Fluvial são
relatados nos capítulos de diagnósticos, aparecem de forma muito concisa, resumida e sem a
devida associação com os processos hidrossedimentológicos.
Nota-se uma desconexão dos estudos e conhecimentos da geomorfologia fluvial entre
os membros dos comitês, que refletem nos planos de bacia e aumentam a distância de se obter
uma gestão de rios integrada, que visa não apenas suas águas, como destaca todos os seus
importantes processos diante da sua trajetória de evolução. Além disso, é preciso refletir na
necessidade de mudanças de comportamento sobre a forma como observamos os rios, uma vez
que, a relação sociedade e rios, é de extrema importância para que haja avanços no
planejamento dos cenários futuros de forma mais sustentável.
Assim, percebe-se que a Geomorfologia Fluvial não é abordada de maneira integrada
nos planos de bacia fluminense. Dessa forma, considera-se que trabalhar com os rios requer
análises multidisciplinares onde a Geomorfologia Fluvial, juntamente com os estudos
hidrossedimentológicos e ecológicos associados aos sociais e econômicos são fundamentais
para o processo de gestão hídrica.

49
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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