Milho Verde

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Julho/2020

DOCUMENTOS

6
264

Cultivo do milho-verde irrigado


na Baixada Maranhense
Julho / 2020

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DOCUMENTOS 6
Embrapa Cocais
ISSN 2394-8523

264
Embrapa Meio-Norte
ISSN 0104-866X

Cultivo do milho-verde irrigado


na Baixada Maranhense

Valdemício Ferreira de Sousa


João Batista Zonta

Editores Técnicos

Embrapa Cocais
São Luís, MA
2020
Embrapa Cocais Comitê Local de Publicações da Unidade Responsável

Presidente
Av. São Luís Rei de França, Carlos Eugênio Vitoriano Lopes
Quadra 11, nº 4, Bairro Turu
CEP 65065-470, São Luís, MA Secretário-administrativo
João Batista Zonta
Fone: (98) 3878-2203
Fax: (98) 3878-2202 Membros
Serviço de Atendimemto ao Luís Carlos Nogueira, Renata da Silva Bomfim Gomes, João
Flávio Bomfim Gomes, Joaquim Bezerra Costa, Flávia Raquel
Cidadão(SAC) Bessa Ferreira
www.embrapa.br/fale-conosco/sac
Supervisão editorial
Lígia Maria Rolim Bandeira
Embrapa Meio-Norte
Av. Duque de Caxias, 5.650, Revisão de texto
Bairro Buenos Aires Francisco de Assis David da Silva
Caixa Postal 01
Normalização bibliográfica
CEP 64008-480, Teresina, PI Orlane da Silva Maia
Fone: (86) 3198-0500
Fax: (86) 3198-0530 Editoração eletrônica
Jorimá Marques Ferreira
www.embrapa.br/meio-norte]
Serviço de Atendimemto ao Fotos da capa
Cidadão(SAC) Valdemício Ferreira de Sousa
www.embrapa.br/fale-conosco/sac 1ª edição
1ª impressão (2020): formato digital

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais
(Lei no 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Embrapa Meio-Norte

Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense / Valdemício Ferreira de Sousa, João


Batista Zonta, editores ; [autores] Candido Athayde Sobrinho ... [et al.]. - São Luís : Embrapa
Cocais, 2020.
PDF (140 p.) : il. color. ; 16 cm x 22 cm. - (Documentos / Embrapa Cocais, ISSN 2394-8523,
6; Documentos / Embrapa Meio-Norte, ISSN 0104-866X ; 264).

1. Milho. 2. Manejo do solo. 3. Irrigação. 4. Controle integrado. 5. Erva daninha. 6. Colheita.


7. Armazenamento. 8. Comercialização. 9. Zea mays. I. Sousa, Valdemício Ferreira. II. Zonta,
João Batista. III. Athayde Sobrinho, Candido. IV. Embrapa Cocais. V. Série.
CDD 635.15 (21. ed.)
Orlane da Silva Maia (CRB - 3/915) © Embrapa, 2020
Autores
Candido Athayde Sobrinho
Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitopatologia, pesquisador
da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI.

Carlos Eugenio Vitoriano Lopes


Engenheiro-agrônomo, mestre em Socioeconomia, analista da
Embrapa Cocais, São Luís, MA.

Eugênio Celso Emérito Araújo


Engenheiro-agrônomo, doutor em Fisiologia Vegetal,
pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI.

Francisco de Brito Melo


Engenheiro-agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas,
pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI.

Jefferson Douglas Martins Ferreira


Engenheiro-agrônomo, doutorando em Nutrição Animal,
Universidade Federal do Piauí – UFPI, Teresina, PI.

João Batista Zonta


Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia, analista da
Embrapa Cocais, São Luís, MA.
Milton José Cardoso
Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da
Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI.

Paulo Henrique Soares da Silva


Engenheiro-agrônomo, doutor em Entomologia, pesquisador
da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI.

Rosa Lucia Rocha Duarte


Engenheira-agrônoma, doutora em Fitotecnia, pesquisadora
da Embrapa Cocais, São Luís, MA, (In memoriam).

Valdemício Ferreira de Sousa


Engenheiro-agrônomo, doutor em Irrigação e Drenagem,
pesquisador da Embrapa Meio-Norte, Teresina, PI.
Agradecimentos

A Deus pelo dom da vida, sabedoria e bênçãos em todos os momentos.

À equipe da Embrapa Cocais pela compreensão, participação e


envolvimento nas atividades.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Maranhão (FAPEMA)


pela parceria e financiamento do projeto de pesquisa.

À Prefeitura Municipal de Arari pela parceria e colaboração nos eventos.

À Agencia de Pesquisa e Extensão Rural do Estado do Maranhão


(AGERP) pela parceria.

À Comunidade Santa Inês, Arari, MA, pela parceria, colaboração e


participação na instalação e condução da Unidade Demonstrativa e na
realização dos eventos.
Apresentação
A Baixada Maranhense está situada ao norte do estado do Maranhão e
constitui um grande complexo ecológico com muitos rios, lagos, estuários
alagáveis e solos agricultáveis nos quais predomina a agricultura familiar,
cujos principais cultivos são o arroz, o milho, o feijão, a mandioca, a melancia
e a cana-de-açúcar.

Os agricultores familiares dessa região têm, como tradição, fazer o plantio


de arroz nas áreas inundáveis pelas chuvas e, em seguida, após a colheita
do arroz, entrar com o cultivo de outras culturas de ciclo curto, como o milho
para consumo verde, entre outras. No entanto trata-se de uma agricultura
com baixo nível tecnológico, cuja a forma de cultivo ainda é bastante empírica,
baseada apenas no aproveitamento das áreas úmidas. Nesse ambiente, a
produção obtida é destinada à complementação da subsistência familiar.

Para garantir a segurança alimentar e a geração de renda para esses


agricultores familiares, trabalhos de pesquisa se fazem necessários, a
fim de desenvolver e/ou ajustar alternativas tecnológicas que melhorem
os sistemas de produção e que possibilitem o aumento da produtividade
dessas culturas e consequentemente, e o aumento da produção e da renda
familiar.
Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento
Tecnológico do Estado do Maranhão (FAPEMA) e parceria com a Prefeitura
Municipal e associações de agricultores familiares de Arari e de Vitória do
Mearim, a Embrapa desenvolveu pesquisas com o propósito de ajustar
tecnologias para produção de milho-verde irrigado na Baixada Maranhense,
com produção direcionada ao mercado local.

Esta publicação reúne informações sobre preparo e correção do solo,


adubação de fundação e de cobertura, plantio, manejo da irrigação, manejo
e controle de pragas e doenças, manejo de plantas invasoras, colheita,
pós-colheita, transporte, armazenamento, mercado, comercialização,
coeficientes técnicos, custos e rentabilidade do milho-verde.

Espera-se, com esta publicação, que os agricultores familiares disponham


de mais informação sobre outras possibilidades de cultivos e sistemas de
produção em sucessão ao arroz, visando a um melhor aproveitamento do
espaço rural, ganho em produtividade das culturas e geração de renda e
trabalho no campo.

Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin


Chefe-Geral da Embrapa Cocais
Sumário

Introdução.................................................................... 13
A cultura do milho-verde e sua importância
socioeconômica............................................................ 15
Referências.................................................................. 19
Características ambientais da Baixada Maranhense .. 20
Clima ........................................................................... 20
Solos............................................................................ 21
Referências.................................................................. 24
Preparo e manejo do solo e adubação ....................... 25
Limpeza da área e/ou derrubada da palhada de arroz 25
Amostragem do solo.................................................... 25
Correção do solo.......................................................... 26
Sistema de plantio direto na palhada de arroz............. 26
Sistema de plantio com gradagem............................... 27
Nutrição e adubação.................................................... 27
Adubação de fundação................................................ 28
Adubação de cobertura................................................ 30
Adubação convencional............................................... 31
Fertirrigação................................................................. 33
Referências.................................................................. 38
Cultivares de milho-verde e suas características
agronômicas ................................................................ 39
Características de espigas e grãos.............................. 39
Cultivares..................................................................... 40
Plantio ......................................................................... 40
Densidade e espaçamento........................................... 40
Semeadura................................................................... 42
Referências.................................................................. 43
Manejo de irrigação ..................................................... 44
Necessidade hídrica..................................................... 45
Momento da irrigação .................................................. 46
Turno de rega fixo ....................................................... 46
Turno de rega variável.................................................. 48
Medições do estado da água no solo........................... 48
Medições do estado da água na planta....................... 49
Métodos e sistemas de irrigação ................................. 50
Irrigação por superfície................................................. 50
Irrigação por aspersão................................................. 51
Irrigação localizada...................................................... 51
Irrigação por subsuperfície........................................... 52
Seleção do método e sistema de irrigação.................. 52
Irrigação por gotejamento............................................ 53
Irrigação por aspersão................................................. 56
Irrigação por sulco........................................................ 57
Referências.................................................................. 60
Manejo e controle de plantas invasoras ...................... 61
Controle preventivo...................................................... 62
Condução cultural........................................................ 62
Controle mecânico....................................................... 63
Capina manual............................................................. 63
Capina mecânica.......................................................... 63
Controle químico.......................................................... 64
Aplicação de herbicida em pré-semeadura.................. 66
Aplicação de herbicida em pré-emergência................. 76
Aplicação de herbicida em pós-emergência................ 67
Aplicação de herbicida em jato dirigido........................ 67
Controle de plantas invasoras na cultura do
milho-verde em Arari, Maranhão.................................. 68
Referências.................................................................. 70
Pragas: Identificação, manejo e controle..................... 71
Pragas iniciais ou subterrâneas................................... 73
Lagarta-elasmo............................................................ 73
Lagarta-rosca............................................................... 78
Larva-alfinete, vaquinha, brasileirinho.......................... 80
Pragas da parte aérea da planta.................................. 82
Lagarta-do-cartucho..................................................... 82
Lagarta-dos-capinzais.................................................. 101
Lagarta-das-espigas..................................................... 103
Percevejo-do-milho...................................................... 105
Monitoramento, manejo e controle de pragas.............. 106
Monitoramento de pragas............................................ 106
Manejo de pragas......................................................... 106
Controle de pragas....................................................... 107
Controle biológico......................................................... 108
Controle químico ......................................................... 108
Referências.................................................................. 109
Doenças: ocorrências, manejo e controle.................... 111
Ocorrências e tipos de doenças................................... 111
Mancha de curvularia................................................... 112
Mancha de cercospora ................................................ 113
Helmintosporiose.......................................................... 114
Podridão de colmo....................................................... 115
Ferrugem-comum......................................................... 116
Ferrugem-polissora...................................................... 117
Enfezamentos do milho................................................ 119
Referências.................................................................. 121
Procedimentos de colheita, transporte e
comercialização ......................................................... 123
Colheita........................................................................ 123
Transporte.................................................................... 125
Comercialização........................................................... 126
Aproveitamento das plantas de milho.......................... 127
Referências.................................................................. 128
Análise econômica e custo de produção do milho-verde
irrigado na Baixada Maranhense................................. 129
Componentes metodológicos da avaliação
econômica.................................................................... 129
Análise dos custos da cultura do milho-verde irrigado. 131
Custos de produção do milho-verde irrigado por sulco 131
Custos de produção do milho-verde irrigado
por gotejamento........................................................... 136
Considerações............................................................. 140
Referências.................................................................. 140
13

Introdução
O estado do Maranhão caracteriza-se, de uma maneira geral, por apresentar
vários ambientes naturais, sendo cada um com suas peculiaridades de
solos, água, clima, fauna e flora. A Baixada Maranhense é um desses
ambientes, situada ao norte do estado, constituindo-se um grande complexo
ecológico com muitos rios, lagos, estuários alagáveis e solos agricultáveis.
Nessa região onde predomina a agricultura familiar, cujas principais
culturas são arroz, milho, feijão, mandioca, melancia e cana-de-açúcar.
Entretanto, percebe-se que a região apresenta-se com um sistema de
produção agrícola muito indefinido, com baixo nível tecnológico, com uso
de cultivares não apropriadas e manejo inadequado das culturas. Isso tem
mostrado que providências são necessárias no sentido de oferecer aos
agricultores familiares estratégias e novas alternativas tecnológicas para
sistemas de produção sustentáveis.
Na lógica de buscar novas alternativas para os agricultores familiares, a
partir do desenvolvimento e ajustes de sistemas de produção sustentáveis,
é importante levar em conta ou considerar as condições ambientais, bem
como a cultura local. Os agricultores familiares da Baixada Maranhense
têm a tradição de plantar arroz nas áreas alagáveis no período das chuvas.
Geralmente, após a colheita do arroz, como ainda existe umidade no solo,
essas áreas são plantadas com outras culturas de ciclo curto, como feijão,
melancia, milho-verde, abóbora, melão caipira, entre outras. Essa prática
faz da agricultura familiar regional uma atividade produtiva bem específica.
Entre outras alternativas, o cultivo da melancia em sucessão à cultura
do arroz como atividade geradora de emprego e renda é plenamente
satisfatória e desejável, haja vista que a produção dessa olerícola para
abastecimento do mercado local já é também tradição dos agricultores
familiares. No entanto, a forma de cultivo ainda é bastante empírica, com
aproveitamento das áreas úmidas, à medida que a água dos lagos evapora
e eles secam.
No estado do Maranhão, em especial na Baixada Maranhense, o nível
tecnológico adotado pelos agricultores familiares para o cultivo da melancia
ainda é muito baixo e vem acarretando perdas do rendimento da atividade,
em especial quando o cultivo é realizado sem irrigação apropriada. Verifica-
14 DOCUMENTOS 6 e 264

se que os agricultores familiares da região têm na produção de melancia uma


das boas alternativas de geração de trabalho e renda. No entanto, precisam
de conhecimento, tecnologias e inovação capazes de promover a melhoria na
produção dessa cultura.
Nesta publicação são abordados aspectos como: preparo e correção do solo,
adubação de fundação e de cobertura, plantio, manejo de irrigação, manejo
e controle de pragas e doenças, manejo de plantas invasoras, colheita, pós-
colheita, transporte, armazenamento, mercado, comercialização, coeficientes
técnicos, custos, rentabilidade e muitos outros.
Para atender a essa demanda, a Embrapa, juntamente com parceiros, tais
como Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do
Estado do Maranhão (FAPEMA), Prefeitura Municipal de Arari e Associações
de agricultores familiares, desenvolveu pesquisas com o propósito de ajustar
tecnologias de produção de melancia irrigada para a Baixada Maranhense.
Este trabalho reúne informações e recomendações técnicas para a cultura
da melancia na Baixada Maranhense, foi desenvolvido/ajustado a partir
de trabalhos de pesquisa e de transferência de tecnologia na Baixada
Maranhense, envolvendo principalmente agricultores dos municípios de Arari
e Vitória do Mearim, no período de 4 anos. Tem como objetivo disponibilizar
para agricultores familiares e técnicos da assistência técnica, tecnologias e
informações técnicas sobre todas as etapas de ciclo produtivo da melancia
irrigada, em sucessão à cultura do arroz para essa região.
Esta publicação está alinhada com os seguintes Objetivos de Desenvolvimento
Sustentáveis (ODS): a) ODS 2: Acabar com a fome, alcançar a segurança
alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;
b) ODS 12: Assegurar padrões de produção e de consumo sustentável.
Pois, este documento reúne informações e recomendações técnicas para
o cultivo e a produção sustentável da melancia irrigada no ambiente da
Baixada Maranhense, cuja aplicação por agricultores familiares contribuirá
positivamente para o aumento da produção de alimento saudável e acessível
às populações local e regional, na ampliação e melhorias da geração de
emprego e renda, impactando na redução da pobreza, da fome e da
desnutrição em um ambiente de muitas limitações à produção agrícola.
A cultura do milho-verde e sua importância
socioeconômica

Valdemício Ferreira de Sousa

A história mostra que o cultivo do milho (Zea mays L.) no Brasil data bem
antes da chegada dos europeus. Antes da colonização do Brasil, os índios
já cultivavam e tinham o milho como o principal ingrediente de sua dieta ali-
mentar. Notadamente, com a chegada dos portugueses, o consumo desse
cereal se elevou e novos produtos à base de milho foram incorporados aos
hábitos alimentares dos brasileiros.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de milho. De acordo com dados


apresentados em Brasil (2017), a safra 2016/2017 registrou uma produção
de 92,8 milhões de toneladas de grãos. A cultura é uma das mais importante
do País. O milho pode ser utilizado como insumo na fabricação de dezenas
de produtos, mas, principalmente, pelas cadeias produtivas de suínos e
aves, que consomem entre 70% e 80% da produção nacional.

Cruz et al. (2011) destacaram as diversas formas de aproveitamento do mi-


lho, que atende tanto a alimentação humana quanto a alimentação animal,
em que é significativamente incluído como principal fonte de energia. Sua
inclusão nas dietas alimentares pode variar de 70% a 90%, dependendo da
região do País e do mundo.

O milho é considerado um dos cereais mais nutritivos para o consumo


humano e proporciona vários benefícios à saúde. Os grãos são ricos em
energia, carboidratos, proteínas, vitaminas, sais minerais e fibras, que são
importantes para o funcionamento e manutenção do intestino humano (Ta-
bela…, 2011; Menegaldo, 2018).

Atualmente somente cerca de 5% da produção brasileira de milho se desti-


na ao consumo humano e, mesmo assim, de maneira indireta, na composi-
16 DOCUMENTOS 6 e 264

ção de outros produtos. Isso se deve principalmente à falta de informação


sobre as qualidades nutricionais do milho, bem como aos hábitos alimen-
tares da população brasileira, que privilegia outros grãos, como o arroz e
o feijão. Em outros países, como o México, a situação é diferente, pois o
milho é a base da alimentação humana.

No Brasil, grande parte da produção de milho é na forma de grãos. No en-


tanto a produção de milho para consumo verde vem despertando interesse
de agricultores que vivem próximos dos grandes centros urbanos, haja vista
que aumenta cada vez mais a procura desse produto pelo consumidor (Me-
negaldo, 2018).

Vários fatores fazem do milho-verde um negócio muito atrativo para o pe-


queno e médio agricultor, tais como, bom preço de mercado, demanda pelo
produto in natura e pela indústria de conservas alimentícias, além de va-
lores agregados com uso de mão de obra familiar, movimentação do co-
mércio, do transporte, da indústria caseira e de outras atividades ligadas à
agricultura familiar (Pereira Filho et al., 2002).

O mercado tem-se tornado tão promissor, que produtores tradicionais de


outros grãos (milho em grãos, feijão, café, entre outros) estão diversificando
para o cultivo de milho-verde. Sua comercialização na forma de espigas
verdes alcança valores superiores em comparação à de grãos secos. Outro
aspecto de destaque é que esse tipo de exploração geralmente é conduzido
em pequena escala e sua produção absorve principalmente a mão de obra
familiar, que contribui para a geração de empregos no campo, particularmen-
te na época da colheita, que é realizada manualmente (Cruz et al., 1996).

O mercado consumidor é exigente na qualidade do milho-verde, com espigas


longas e cilíndricas, bem-empalhadas, de sabugos claros, grãos uniformes
do tipo dentado, de cor amarela e de pericarpo macio e, ainda, que perma-
neça mais tempo no campo, no ponto de milho-verde, ou seja, com umidade
ao redor de 70% a 80% (Pereira Filho et al., 2002). Isso requer cada vez
mais novas tecnologias de produção e profissionalização no campo.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 17

Do ponto de vista nutricional, o milho-verde é considerado excelente


alimento e, por sua composição, pode ser consumido por pessoas em
qualquer idade. Na composição mineral do milho-verde, os elementos
potássio e fósforo se destacam com 112,7 g e 184,8 g, respectivamente.
Além dos minerais, o milho-verde é rico em vitaminas, em especial as do
complexo B, muito importantes para o bom funcionamento do sistema
nervoso (Tabela 1).

Tabela 1. Composição nutricional do milho-verde in natura (porção de 100 g).

Nutriente Unidade Quantidade %VD (*)


Valor energético kcal 138,20 7
Carboidratos g 28,60 10
Proteínas g 6,60 9
Gorduras saturadas g 0,20 1,0
Gorduras monossaturadas g 0,20 -
Gorduras polissaturadas g 0,60 -
Fibra alimentar g 3,90 16
Cálcio mg 1,60 0
Fósforo mg 112,70 16
Magnésio mg 32,60 13
Manganês mg 0,10 4
Potássio mg 184,80 -
Ferro mg 0,40 -
Lipídios g 0,60 -
Zinco mg 0,50 7
Cobre Ug 0,10 0
Sódio mg 1,10 0
Tiamina B1 mg 0,30 21
(*)
VD - Valores diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kj.
Fonte: Tabela... (2011).
18 DOCUMENTOS 6 e 264

No mês de junho, o milho-verde é um dos itens mais procurados pelos


consumidores, principalmente na região Nordeste, onde as festas juninas
aceleram a procura do milho-verde para elaboração de pratos e especiarias
típicas da culinária regional. O milho-verde pode ser consumido de maneira
mais simples, cozido ou assado, ou em bolo, biscoito, sorvete, pamonha,
mingau, canjica, curau, suco, etc.

Por suas características de exploração e de importância alimentar e nutri-


cional, a produção de milho-verde é uma boa alternativa para a agricultura
familiar, haja vista ser um produto de grande valor social e econômico, pois
os elos da cadeia produtiva (dentro e fora da porteira) envolvem um conjun-
to expressivo de pessoas empreendedoras.

No estado do Maranhão, principalmente na região da Baixada Maranhense,


o milho-verde é parte da economia dos agricultores familiares e dos micros
e pequenos negócios de produtos hortícolas. Nessa região, centenas de
famílias, tanto do meio rural quanto urbano, têm no milho-verde uma fonte
certa para geração de renda. Algumas famílias vivem somente da produ-
ção do milho-verde para abastecer as feiras e outros mercados, enquanto
outras agregam valor a esse produto e vendem para o consumidor como
milho-verde assado ou cozido, na forma de canjica, pamonha, mingau, sor-
vete, bolo e suco. Nas rodovias próximas das áreas urbanas, é perceptível
a presença de boa parte desses micros e pequenos empreendedores com
suas vendas praticamente durante o ano todo.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 19

Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do agronegócio:
Brasil 2016/2017 a 2026/2027. 8. ed. Brasília, DF, 2017. 103 p.

CRUZ, J. C.; PEREIRA FILHO, I. A.; PIMENTEL, M. A. G.; COELHO, A. M.; KARAM, D.; CRUZ,
I.; GARCIA, J. C.; MOREIRA, J. A. A.; OLIVEIRA, M. F. de; GONTIJO NETO, M. M.; ALBU-
QUERQUE, P. E. P. de; VIANA, P. A.; MENDES, S. M.; COSTA, R. V. da; ALVARENGA, R.
C.; MATRANGOLO, W. J. R. Produção de milho na agricultura familiar. Sete Lagoas, MG:
Embrapa Milho e Sorgo, 2011. 45 p.

CRUZ, J. C.; MONTEIRO, J. de A.; SANTANA, D. P.; GARCIA, J. C.; BAHIA, F. G. F. T. de C.;
SANS, L. M. A.; PEREIRA FILHO, I. A. (ed.). Recomendações técnicas para o cultivo do
milho. 2. ed. Brasília, DF: EMBRAPA-SPI; Sete Lagoas: EMBRAPA-CNPMS, 1996. 204 p.

MENEGALDO, J. G. A importância do milho na vida das pessoas. Disponível em: <https://


www.grupocultivar.com.br/artigos/a-importancia-do-milho-na-vida-das-pessoas>. Acesso em:
08 maio 2018.

PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C.; GAMA, E. E. G. Cultivares para o consumo verde. In:
PEREIRA FILHO, I. A. (ed.). O cultivo do milho-verde. Brasília, DF: Embrapa, 2002. p.15-28.

TABELA Brasileira de Composição de Alimentos – TACO. 4. ed. rev. e ampl. Campinas, SP:
NEPA: Unicamp, 2011. 161 p.
Características ambientais da Baixada
Maranhense

Valdemício Ferreira de Sousa


Eugênio Celso Emérito Araújo
Jefferson Douglas Martins Ferreira

Clima
No Brasil, o plantio do milho pode ser feito o ano todo, exceto nas regiões
onde ocorrem geadas; todavia o agricultor deverá levar em consideração as
condições climáticas à época de plantio e as alterações no ciclo da cultura
em relação à época da colheita.

O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pelas


condições climáticas. A cultura necessita de que alguns índices atinjam ní-
veis ótimos, para que o potencial genético de produção se expresse ao
máximo, especialmente a temperatura, a precipitação pluviométrica e o fo-
toperíodo.

Segundo Carvalho et al. (2000), as condições climáticas do Nordeste bra-


sileiro permitem o cultivo do milho em toda sua extensão. No entanto é
importante destacar que a temperatura tem uma relação complexa com o
desempenho da cultura, pois a condição ótima varia com os diferentes está-
dios de crescimento e desenvolvimento da planta.

Na Baixada Maranhense, predomina o clima úmido tipo B1, com deficiên-


cia de água moderada entre os meses de junho e setembro e tempera-
tura média mensal sempre superior a 18 °C, segundo a classificação de
Thornthwaite (1948). De acordo com mapas de clima apresentados por
Batistella et al. (2013), na região da Baixada Maranhense, as precipitações
pluviométricas situam-se entre 1.600 e 2.500 mm por ano. Essa microrre-
gião apresenta de maneira bem-distinta, uma estação de estiagem (seca)
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 21

entre os meses de junho e novembro e outra chuvosa entre dezembro e


maio. No limite sul da Baixada Maranhense, o município de Arari apresenta
temperatura média anual que varia de 22,6 ºC a 34 ºC e precipitação pluvio-
métrica em torno de 1.773 mm anuais (Santos, 2007).

O milho-verde pode ser plantado em qualquer época do ano na Baixada


Maranhense, entretanto é importante fazer as seguintes considerações:

1) no período chuvoso, as áreas estão sujeitas a inundações, com os solos


mantendo-se por longo período encharcados, o que limita o plantio da cultu-
ra nas terras mais baixas.

2) no período seco, com um elevado potencial de evapotranspiração, po-


dendo atingir patamares acima de 150 mm por mês, o cultivo do milho-ver-
de só será possível com uso da irrigação.

3) em condições climáticas normais, o período mais apropriado para o plan-


tio e produção do milho-verde irrigado situa-se entre os meses de junho e
novembro.

4) dependendo do ciclo da cultivar, o agricultor pode planejar até dois ciclos


na mesma área, desde que o primeiro tenha o plantio na primeira quinzena
de junho e o segundo ciclo, na primeira quinzena de outubro.

Solos
A Baixada Maranhense é uma extensa planície formada por sedimentos
flúvio-marinhos, com cotas altimétricas próximas ao nível do mar. Por essa
característica, os solos predominantes na região apresentam algum grau de
hidromorfismo e são comumente classificados como gleissolos, plintossolos
e vertissolos. O ciclo das chuvas tem influência marcante sobre os indica-
dores químicos de qualidade do solo, com reflexos em todos os agroecos-
sistemas ali existentes, pois a complexidade resultante dos ciclos de seca e
chuvas que se repetem nessas áreas modifica a disponibilidade de nutrien-
tes e aumenta a acidez do solo (Moura, 2004).
22 DOCUMENTOS 6 e 264

As altas precipitações pluviométricas concentradas basicamente entre os


meses de janeiro e maio propiciam duas situações, uma com excesso de
água e outra seca. As condições cíclicas repetitivas de saturação e seca-
gem dos solos, de acordo com Silva e Moura (2004), afetam os solos mais
aptos da região, seja por ascensão do lençol freático, como é o caso dos
solos de aluviões recentes da baixada ocidental, seja pela presença de
camadas subjacentes impeditivas do livre movimento descendente da água
da chuva.

É importante ressaltar que nesses solos da baixada a manutenção e/ou


mesmo o aumento dos teores de matéria orgânica, por meio da adição e
incorporação, é condição básica de qualquer programa sustentável de uso
e manejo de solo.

Nos solos da Baixada Maranhense, o manejo deve ser adequado para que
os cultivos possam ser econômicos e sustentáveis, em razão das restrições
diversas, como baixa permeabilidade e localização em cotas mais baixas na
paisagem. Esses solos estão sujeitos a inundações e à saturação por água
durante alguns períodos do ano; portanto eles precisam de um manejo bem
criterioso, principalmente em razão das fortes transformações que ocorrem
no meio com a mudança de um ambiente óxico para um anóxico (Silva;
Moura, 2004). Nesses solos, uma característica peculiar é a presença de
alumínio (Al) concomitantemente com cálcio (Ca) e magnésio (Mg), o que
inibe a toxicidade do alumínio para as plantas.

Em amostras de solos em áreas explorados com a cultura de arroz no muni-


cípio de Arari, próximo ao Rio Mearim, constaram-se teores de Ca, Mg e Al,
respectivamente, de 14,9 cmolc dm-3, 8,90 cmolc dm-3 e 2,70 cmolc dm-3 em
solos de textura mais argilosa. Já em solos de textura média, esses teores
foram de 7,49 cmolc dm-3, 3,52 cmolc dm-3 e 0,00 Cmolc dm-3, respectivamen-
te, para Ca, Mg e Al. Nesta segunda situação, a área era menos sujeita a
inundações e o sistema de manejo do solo oferecia menos problemas.

O município de Arari, segundo Santos (2007), está localizado a 03º 30’


30’’ de Latitude Sul, 40º 03’ 00’’ de Longitude Oeste e a uma altitude 15
m e apresenta solos hidromórficos vérticos, como em outros municípios
da Baixada.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 23

A sustentabilidade da agricultura nas condições equatoriais da Baixada Ma-


ranhense só pode ser alcançada se forem evitadas as práticas que con-
tribuem para o aumento excessivo da decomposição da matéria orgânica
do solo, sendo esse o atributo que melhor representa a qualidade do solo,
mesmo sendo alterada pelas práticas de manejo.

No mapeamento da aptidão agrícola das terras do estado do Maranhão feito


por Valladares et al. (2007), os solos da região da Baixada Maranhense es-
tão predominantemente dentro dos grupos 1, 3, 4, 5 e 6 de aptidão agrícola,
com aptidão boa no nível de manejo C para lavouras de ciclo curto ou arroz
irrigado (grupo 1). Essas terras no período chuvoso apresentam alto risco
de inundação.

O grupo 3 apresenta limitações semelhantes às terras do grupo 1 no que se


refere ao risco de inundação e está associado aos solos hidromórficos da
Baixada Maranhense.

O Grupo 4 está associado a solos plínticos e/ou concrecionários em relevo


suave ondulado. Em áreas mapeadas para esse grupo, também existem
associações de solos com aptidão maior, nas quais podem ser plantadas
culturas como a cana-de-açúcar, por exemplo. O grupo 5 refere-se a solos
hidromórficos, com riscos de inundação e salinização. As terras do grupo 6
localizam-se em todo o litoral maranhense e estão associadas a solos de
mangue. São áreas que devem ser preservadas.

Em parte dos solos agricultáveis da Baixada Maranhense, é muito comum


os agricultores familiares efetuarem o cultivo do arroz no período chuvoso e
em sucessão à melancia, ao feijão e/ou ao milho-verde. Geralmente essas
culturas são plantadas a partir de maio/junho, quando os teores de umidade
no solo tendem a diminuir. Nessas condições, esses sistemas de produção
são conduzidos ainda de maneira bastante empírica, com baixo nível tec-
nológico. O manejo do solo é realizado de forma simples e, na maioria das
vezes, sem uso de máquinas para qualquer atividade de preparo do solo,
plantio e tratos culturais.

Após a colheita do arroz, ainda com o solo com elevados teores de umidade,
próximos e/ou acima da capacidade de campo, a palha do arroz é derru-
24 DOCUMENTOS 6 e 264

bada e, em seguida, em sistema de covas previamente preparadas, as


sementes são semeadas. Após a germinação das sementes, a palhada é
organizada para cobrir a superfície do solo, servindo como cobertura morta.
Essa prática, além de ajudar na conservação da umidade do solo, também
contribui com a reposição da matéria orgânica por meio da decomposição
da palhada de arroz e restos de outras plantas. Em alguns casos, quando a
umidade do solo não é suficiente para todo o ciclo da cultura, alguns agricul-
tores fazem uma espécie de irrigação suplementar.

Referencias
BATISTELLA, M.; BOLFE, E. L.; VICENTE, L. E.; VICTORIA, D. de C. (org.). Relatório do
banco de dados do macrozoneamento ecológico econômico do Estado do Maranhão.
Campinas, SP: Embrapa Monitoramento por Satélite; São Luís, MA: Embrapa Cocais, 2013.
124 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Produto 2).

CARVALHO, H. W. L. de; LEAL, M. de L. da S.; SANTOS, M. X. dos; CARDOSO, M. J.; MON-


TEIRO, A. A. T.; TABOSA, J. N. Adaptabilidade e estabilidade de cultivares de milho no nordes-
te brasileiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 6, p. 1115-1123, 2000.

MOURA, E. G. de. Agroambientes de transição avaliados numa perspectiva da agricultura


familiar. In: MOURA, E. G. de (coord.). Agroambientes de transição entre o trópico úmido e
o semiárido do Brasil. São Luís, MA: UEMA, 2004. p. 15-51.

SANTOS, R. R. S. Relatório sobre a execução do experimento para verificar a efetividade


do chamado “sistema de intensificação de arroz – sia”. Rio de Janeiro: Embrapa, 2007.

SILVA, A. C. da; MOURA, E. G. de. Atributos e especificidades de solos de baixada no trópico


úmido. In: MOURA, E. G. de (coord.). Agroambientes de transição entre o trópico úmido e
o semiárido do Brasil. São Luís, MA: UEMA, 2004. p. 33-160.

THORNTHWAITE, C. W. An approach toward a rational classification of climate. Geographical


Review, v. 38, n. 1, p. 55-94, 1948.

VALLADARES, G. S.; QUARTAROLI, C. F.; HOTT, M. C.; MIRANDA, E. E. de; NUNES, R. da


S.; KLEPKER, D.; LIMA, G. P. Mapeamento da aptidão agrícola das terras do Estado do
Maranhão. Campinas, SP: Embrapa Monitoramento por Satélite, 2007. 25 p. (Embrapa Moni-
toramento por Satélite. Boletim de pesquisa e desenvolvimento, 6).
Preparo e manejo do solo e adubação

Valdemício Ferreira de Sousa


Francisco de Brito Melo

A área apropriada para o cultivo de milho deverá ter solo de textura mé-
dia, profundo, com boa capacidade interna de drenagem, boa disponibi-
lidade de nutrientes e pH entre 5,5 e 7,0. A topografia deverá ser plana a
semiondulada, proximidade da fonte de água para irrigação e acesso ou
estrada para escoamento da produção. As etapas que constituem o pre-
paro do solo são descritas a seguir.

Limpeza da área e/ou derrubada da palhada


de arroz
Para o cultivo do milho-verde em sucessão à cultura do arroz, recomen-
da-se: o plantio direto na palhada de arroz, porém realizando-se as prá-
ticas de correção do solo, adubação, plantio em linha e uso contínuo da
irrigação; ou fazer uma gradagem leve com o objetivo de quebrar a palha-
da, incorporá-la ao solo e nivelar melhor a superfície da área.

Nos dois casos, as práticas de uso, manejo e preparo do solo devem ser
iniciadas, quando os teores de umidade estiverem abaixo da capacidade
de campo para facilitar as práticas de derrubada da palhada, aplicação
de corretivos, sulcamento da área para plantio e adubação de fundação.

Amostragem do solo
Existe uma série de recomendações práticas sobre a amostragem do
solo da área a ser plantada, como: separar a área em glebas homogê-
neas, quanto à vegetação, relevo, solo (cor e textura), histórico agríco-
la, drenagem, etc. De modo geral, recomenda-se retirar entre 10 e 20
amostras simples por gleba para formar uma amostra composta; essas
26 DOCUMENTOS 6 e 264

amostras deverão ser coletadas em zigue-zague, obedecendo-se à pro-


fundidade da camada arável (0,00 - 0,20 m). Dessas amostras simples,
faz-se a amostra composta, retirando-se ± 500 g para o envio ao laborató-
rio, devidamente embalada e identificada. É importante frisar que, quanto
maior o número de amostras simples por amostra composta, menor é a
variabilidade média e mais confiáveis são os resultados.

Correção do solo
A correção do pH do solo deverá ser feita, pelos menos, entre 30 e 60
dias antes do plantio. Recomenda-se aplicar calcário dolomítico e adu-
bos de fundação em quantidades suficientes para corrigir o pH do solo
em níveis de 5,5 e 7,0 e elevar os níveis de nutrientes no solo. Essas
quantidades serão definidas pela análise de solo e pelas recomendações
para a cultura do milho (Tabela 1. Capítulo: A cultura do milho-verde e sua
importância socioeconômica. Pág. 17).

Nos solos do município de Arari, onde foram desenvolvidos os experi-


mentos e as unidades demonstrativas, o pH estava entre 4,10 e 5,40 e as
quantidades de calcário utilizadas na correção do pH do solo, em tonela-
das por hectare, foram de 2,0 e 1,0, respectivamente.

O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível, em toda a exten-


são do terreno, de modo que proporcione uma mistura homogênea com
as partículas do solo, aumentando a superfície de contato. A incorporação
do calcário deve ser em profundidade, pelo menos até 0,20 m. Para o
caso do plantio direto, como a palhada de arroz dificulta a incorporação
do calcário, a aplicação pode ser feita na faixa do sulco de plantio, confor-
me descrito a seguir.

Sistema de plantio direto na palhada de arroz


Após a colheita do arroz, a palhada deve ser derrubada e espalhada na
superfície do solo. Em seguida, faz-se a distribuição de calcário numa fai-
xa de 0,30 m a 0,40 m de largura e, posteriormente, faz-se a abertura do
sulco de plantio em profundidade entre 0,15 m e 0,20 m.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 27

Sistema de plantio com gradagem


Após a colheita do arroz e quando o solo se encontrar em condições de
umidade que permitam o trabalho com máquinas, recomenda-se derrubar
a palhada; em seguida, aplicar calcário dolomítico e fazer uma gradagem
na área visando à incorporação da palhada e do calcário ao solo.

Nutrição e adubação
A fertilidade do solo e o fornecimento de nutrientes por meio de adubação
se relacionam diretamente com a produtividade de espigas e de massa
verde do milho. A cultura do milho, segundo Coelho e França (2017), tem
potencial para produtividade de 10 e 70 toneladas por hectare de grãos e
de massa verde, respectivamente, todavia, em média, os agricultores ain-
da obtêm produtividades baixas e irregulares. A fertilidade do solo pode
ser um dos principais fatores para as produtividades baixas, comentam
os autores.

A extração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio aumenta


linearmente com o aumento na produtividade, com maior exigência da
cultura a nitrogênio e potássio, seguindo-se cálcio, magnésio e fósforo
(Coelho et al., 2002).

As quantidades de micronutrientes requeridas pelas plantas de milho são


mínimas. Entretanto a deficiência de um deles pode causar desorganiza-
ção de processos metabólicos e redução da produtividade, bem como a
deficiência de um macronutriente, por exemplo, o nitrogênio.

Para o manejo racional da fertilidade do solo, é imprescindível a diagnose


dos problemas nutricionais para serem solucionados com aplicações em
quantidades e épocas adequadas.

Ao planejar a adubação do milho, deve-se levar em consideração os se-


guintes aspectos:

1) diagnose adequada dos problemas, feita pela análise de solo e histórico


de calagem e adubação das glebas;
28 DOCUMENTOS 6 e 264

2) quais nutrientes devem ser considerados no caso particular (muitos solos


têm adequado suprimento de Ca, Mg, etc.);

3) quantidades de N, P e K necessárias na semeadura, determinadas pela


análise de solo e considerando o que foi removido pela cultura;

4) qual a fonte, a quantidade e quando aplicar N (baseado na produtividade


desejada);

5) quais nutrientes podem ter problemas nesse solo (lixiviação de nitrogênio


em solos arenosos ou se são necessários em grandes quantidades).

Adubação de fundação
A adubação de fundação deve ser feita entre 30 e 60 dias após a aplicação
do calcário, distribuindo-se os adubos ou fertilizantes nos sulcos de plantio.
Em seguida, faz-se a incorporação misturando-os bem com o solo; depois,
efetua-se o nivelamento da superfície.

Na adubação de fundação, devem-se aplicar todo o fósforo (P2O5) e 50%


do potássio (K2O) recomendado, mais micronutrientes, principalmente zinco
(Zn). O restante do potássio e o total do nitrogênio (N) deverão ser aplica-
dos em cobertura.

As doses de nutrientes a serem utilizadas serão definidas de acordo com a


análise de solo e com a necessidade da cultura em todo o seu ciclo. Com
o resultado da análise de solo e com as recomendações para a cultura,
podem ser definidas as doses de nitrogênio, fósforo e potássio, conforme
descrito na Tabela 1.

É importante ressaltar que a adubação do milho-verde deve ser feita se-


melhante ao recomendado para produção de milho para silagem. Portanto
devem-se considerar duas situações:
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 29

1) quando se trata do plantio em área nova, ou seja, plantio de milho pela


primeira vez;

2) plantio em área já imediatamente cultivada com o próprio milho.

Na segunda situação, a adubação deve ser feita considerando se a palhada


e as espigas não comerciais também serão aproveitadas como forragem.

Se as plantas de milho e a palhada não forem aproveitadas, ficando para


ser incorporadas ao solo, a adubação pode ser a mesma recomendada
para a produção de grãos. Caso as plantas de milho e a palhada sejam
aproveitadas para alimentação animal, a adubação deve ser feita de forma
semelhante à adubação do milho para a produção de silagem.

As informações apresentadas na Tabela 2, podem ser utilizadas como


orientação para definição das doses de nitrogênio, fósforo e potássio para
a cultura do milho-verde, considerando-se as situações com retirada da pa-
lhada e sem retirada da palhada.

Nos experimentos e nas unidades demonstrativas conduzidas, com uma


densidade de 50 mil plantas por hectare, no município de Arari, foram utili-
zadas as seguintes doses: 100, 80 e 60 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O, respec-
tivamente. Foram utilizados os fertilizantes: ureia (45% de N), superfosfato
simples (18% de P2O5) e cloreto de potássio (60% de K2O) nas quantidades
por hectare de 222 kg de ureia, 440 kg de superfosfato simples e 100 kg de
cloreto de potássio. Na adubação de fundação, foram aplicados por metro
de sulco: 44 g de superfosfato simples e 5 g de cloreto de potássio (o equi-
valente a 50 kg ha-1).

Na área experimental, toda a palhada e os resíduos da cultura foram incor-


porados para realizar, em seguida, o plantio do arroz. Os resíduos do cultivo
do arroz não foram retirados da área, adotando-se assim a adubação com
doses para o cultivo do milho-verde com palhada e resíduos.
30 DOCUMENTOS 6 e 264

Tabela 1. Recomendação de adubação para a cultura de milho.

Nitrogênio Fósforo Potássio


Época
(N) (P2O5) (K2O)

P no solo (mg dm-3) K no solo (mg dm-3)


0-10 11-20 >20 0-45 46-90 >90
(kg ha-1)
Fundação 40 80 50 30 30 20 10
Cobertura 80 0,0 0,0 0,0 30 20 10
Fonte: Melo e Cardoso (2007).

Tabela 2. Recomendações de doses de nitrogênio, fósforo e potássio para


o cultivo do milho-verde, em função das disponibilidades de fósforo e potás-
sio no solo e as condições com e sem retirada dos resíduos (palhada).

Condições Nitrogênio Fósforo Potássio


de plantio (N) (P2O5) (K2O)

P no solo (mg dm-3) K no solo (mg dm-3)


0-10 11-20 >20 0-45 46-90 >90
(kg ha-1)
Com palhada 100 -120 100 70 40 80 60 40
Sem palhada 140 120 80 60 140 100 40
Fonte: Adaptado de Vasconcelos et al. (2002).

Adubação de cobertura
Entre os nutrientes, a importância do nitrogênio e do potássio sobressai, quan-
do o sistema de produção agrícola passa de extrativo, com baixas produtivi-
dades, para uma agricultura intensiva e tecnificada, com o uso de irrigação.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 31

A adubação de cobertura deve ser feita obedecendo aos níveis de fertilida-


de do solo e à necessidade das plantas nos respectivos estádios de desen-
volvimento. Todavia devem-se considerar duas situações:

1) quando se trata do plantio em área nova, ou seja, plantio de milho pela


primeira vez;

2) plantio em área já imediatamente cultivada com o próprio milho.

Na segunda situação, a adubação deve ser feita considerando se a palhada


e as espigas não comerciais também serão aproveitadas como forragem.
Se as plantas de milho e a palhada não forem aproveitadas, ficando para
ser incorporadas ao solo, a adubação pode ser a mesma recomendada
para a produção de grãos. Caso as plantas de milho e a palhada sejam
aproveitadas para alimentação animal, a adubação deve ser feita de forma
semelhante à adubação do milho para a produção de silagem.

Adubação convencional
Na adubação convencional, utilizam-se os macronutrientes nitrogênio (N)
e potássio (K2O) em quantidades de acordo com as doses recomendadas.
Nesse caso, recomenda-se parcelar as doses dos fertilizantes nitrogenados
e potássicos em duas aplicações, obedecendo ao estádio fenológico ou de
desenvolvimento das plantas.

A primeira aplicação deve ser realizada, quando as plantas tiverem a quar-


ta folha (com quatro folhas definitivas) e a segunda aplicação, quando as
plantas tiverem a oitava folha (com oito folhas definitivas) (Figura 1). Em
condições normais de desenvolvimento, as plantas atingem esses estádios
de 4 a 8 folhas com 2 a 6 semanas, respectivamente.

Nos experimentos e unidades demonstrativas desenvolvidos em Arari, MA,


com irrigação por sulco, as adubações de cobertura foram realizadas em
duas aplicações, adotando-se a recomendação da idade das plantas de 4ª
e 8ª folhas para a primeira e a segunda aplicação, respectivamente.
32 DOCUMENTOS 6 e 264

Figura 1. Estádios fenológicos do milho e identificação do número de folhas na


planta em cada fase.
Fonte: Pioner (2019).

Com referência aos fertilizantes a serem aplicados, podem-se utilizar ureia


(45% de N) ou sulfato de amônio (20% de N) como fonte de nitrogênio e
cloreto de potássio como fonte de potássio (60% de K2O).

A aplicação dos fertilizantes pode ser feita em sulcos localizados a cerca


de 5 cm a 10 cm da linha de plantio ou das plantas, na profundidade de 5
cm a 10 cm, ou a lanço. A aplicação em sulco pode ser feita de forma ma-
nual ou mecanizada, com adubadora de linha acoplada ao trator. Quanto
à aplicação dos fertilizantes a lanço, pode ser feita também manualmente
ou de modo mecanizado, utilizando-se o distribuidor de fertilizantes a lanço
acoplado ao trator; todavia deve ser feito com bastante cuidado para não
provocar queima nas plantas.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 33

Fertirrigação
A fertirrigação é uma prática de adubação em que os nutrientes são aplica-
dos nos cultivos de forma parcelada, juntamente com a água de irrigação.
A fertirrigação é uma técnica que traduz o uso racional de fertilizantes em
agricultura irrigada, porque aumenta a eficiência de uso do fertilizante, re-
duz a mão de obra e o custo com máquinas, além de flexibilizar a época
de aplicação, podendo-se fracionar as doses recomendadas conforme a
necessidade da cultura (Sousa et al., 2011).
Desde que realizada com critério, a fertirrigação apresenta uma série de
vantagens técnicas e econômicas em relação aos métodos tradicionais
de adubação. Devido ao grande parcelamento, permite manter a fertilida-
de do solo próxima ao nível ótimo durante todo o ciclo da cultura, possi-
bilita ganhos de produtividade e reduz as perdas de nutrientes (Marouelli;
Sousa, 2011).
Qualquer método de irrigação possibilita a aplicação de fertilizantes via
água, todavia os sistemas de irrigação pressurizados, especialmente por
gotejamento, são os mais eficientes. As características da cultura e dos
solos permitem determinar tanto o método ou o sistema de irrigação,
quanto as doses de fertilizantes mais adequadas.
Na irrigação por sulco, não se recomenda a aplicação dos fertilizantes
via água de irrigação, pois a baixa eficiência do sistema eleva as perdas
de nutrientes, influenciando a redução de produtividade e qualidade das
espigas de milho.
É muito importante realizar um manejo adequado da fertirrigação, pois
proporciona o aumento da produtividade das culturas e da qualidade dos
produtos. Portanto a prática correta da fertirrigação deve ter embasamento
técnico-científico, levando-se em consideração todos os fatores principais
que influenciam a fertilidade do solo e a nutrição da cultura. A aplicação de
fertilizantes com base na experiência do produtor e em recomendações ge-
néricas pode levar à má utilização dos nutrientes pela cultura, desequilíbrio
ambiental e prejuízos econômicos para o empreendimento.
Assim, o planejamento e o manejo correto da fertirrigação devem iniciar
com o conhecimento da situação do solo, permitindo a determinação das
doses apropriadas de nutrientes. Para tanto, é necessário conhecer:
34 DOCUMENTOS 6 e 264

1) a extração pela cultura durante o ciclo ou as necessidades de nutrientes


para atingir determinada produtividade;

2) a quantidade de nutriente que o solo pode fornecer para a cultura;

3) a quantidade de nutrientes na água de irrigação;

4) a eficiência da absorção de nutrientes nos diferentes métodos de irrigação.

Em lavouras comerciais de milho, a adubação de cobertura via fertirrigação


é realizada com nitrogênio (N) e potássio (K2O). Esses nutrientes devem
ser aplicados de forma parcelada seguindo a marcha de absorção desses
nutrientes pela cultura. Um bom parcelamento desses nutrientes favorece
melhor aproveitamento pelas plantas de milho e eleva a eficiência da adu-
bação, repercutindo positivamente nos ganhos de produtividade da cultura.

Nos experimentos e unidades demonstrativas conduzidas em Arari, MA,


utilizaram-se as quantidades de fertilizantes em cobertura: 220 kg ha-1 de
ureia e 50 kg ha-1 de cloreto de potássio. Quando foi utilizado o sistema de
irrigação por gotejamento, os fertilizantes foram aplicados via água de irriga-
ção. Quanto à frequência de aplicação, recomenda-se fazer as fertirrigações
entre 4 e 8 dias. As quantidades de fertilizantes por aplicação podem ser
definidas com base na Tabela 3, adaptada e utilizada nos experimentos con-
duzidos em Arari, MA.

Tabela 3. Distribuição percentual de ureia e cloreto de potássio para aplica-


ção via fertirrigação na cultura do milho-verde.
% dos fertilizantes por período em
Período (dia relação ao total recomendado Número de
após o plantio) aplicações
Ureia Cloreto de potássio
11 a 20 20 15 2
21 a 30 40 25 2
31 a 40 30 40 2
41 a 50 10 20 2
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 35

Para definição da solução de fertilizantes por aplicação para o milho-verde


irrigado por gotejamento, pode-se utilizar o cálculo a seguir. Considerando a
área do setor de 1.000 m2, 5 emissores por metro, vazão do emissor de 1,5
L h-1, espaçamento do milho de 1,0 m x 0,20 m e quantidade de fertilizante
por setor [(ureia (U) = 22,2 kg e cloreto de potássio (KCl) = 10 kg)], tem se:

Cálculo da solução fertilizante em fertirrigação

a) Vazão do setor (Qs)

Em que: ne é o número de emissores no setor; nL é o número de linhas la-


terais no setor; cL é o comprimento da linha lateral (m); ne/m é a quantidade
de emissor por metro; qe é a vazão do emissor w= 1,5 L h-1.

Assim:

b) Taxa de injeção da solução fertilizante (qi)

Em que: ri é a razão de injeção da solução fertilizante = 0,005

c) Concentração do fertilizante na água de irrigação (CFAI)


36 DOCUMENTOS 6 e 264

O tempo para aplicar a solução fertilizante ou tempo de fertirrigação (Tf) foi


adotado em 1,0 hora.

Aqui é preciso definir a quantidade de fertilizante por aplicação (MFa), que é


função do percentual do fertilizante no período (Tabela 3).

- Ureia

Quantidade de ureia por aplicação (MUa) para o primeiro período:

Concentração de ureia na água de irrigação para o primeiro período:

2,775 × 10 3
CUAI = = 0,368 g / L
(37,5 × 1) + (7.500 × 1)
- Cloreto de potássio

Quantidade de cloreto de potássio por aplicação (MKCla) para o primeiro


período:
10 × 0,15
MKCla = = 0,75kg
2

Concentração de cloreto de potássio na água de irrigação para o primeiro


período: 3
0,75 × 10
CKClAI = = 0,100 g / L
(37,5 × 1) + (7.500 × 1)
d) Concentração do fertilizante na solução a ser injetada (CFSI)

CFAI
CFSI =
ri
ri
- Ureia
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 37

- Cloreto de potássio

e) Volume de água necessário (Va) para preparar a solução fertilizante

- Ureia

- Cloreto de potássio

f) Volume de água total

VT = VaNP + VaU = 37,70 + 37,50 = 75,20 L

A solução fertilizante (ureia e cloreto de potássio) a ser aplicada deve ser


preparada com um volume de água de 75,20 litros.

g) Tempo de fertirrigação

Para que a solução fertilizante seja distribuída uniformemente em toda a


área deve-se adotar um tempo de aplicação ou tempo de fertirrigação capaz
de proporcionar a melhor distribuição possível. Do tempo total para fertir-
rigação, recomenda-se destinar 25% para estabilizar o fluxo de água na
tubulação. A aplicação da solução fertilizante propriamente dita deve iniciar
somente após o sistema de irrigação estar em pleno funcionamento, com
todas as linhas laterais cheias de água. A aplicação da solução deve ser
realizada em 50% do tempo destinado à fertirrigação, e o restante do tempo
(25%) é destinado à lavagem da tubulação.

Assim, como o tempo efetivo para fertirrigação foi definido anteriormente (Tf
= 1,0 hora = 60 minutos), o tempo total da fertirrigação (Ttf) deve ser:
38 DOCUMENTOS 6 e 264

Os primeiros 30 minutos são destinados ao enchimento e estabilização do


fluxo de água na tubulação, 60 minutos para a aplicação da solução fertili-
zante e os 30 minutos finais para promover a lavagem da tubulação.

Nesse caso, o injetor de fertilizante deve ser calibrado para aplicar a solu-
ção que está preparada em um recipiente com 75,20 litros em 60 minutos.
Logo a vazão do injetor (qi) deve ser regulada para 37,5 litros por hora.

Referencias
COELHO, A. M.; FRANÇA, G. E. de. Nutrição e adubação do milho. Disponível em: <http://
www.dpv24.iciag.ufu.br>. Acesso em: 28 nov. 2017.

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(Embrapa Milho e Sorgo. Comunicado técnico, 44). Disponível em: <https://www.researchgate.
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Embrapa Milho e Sorgo, 2002. p. 68-79.
Cultivares de milho-verde e suas
características agronômicas

Valdemício Ferreira de Sousa


Milton José Cardoso
Jefferson Douglas Martins Ferreira

Características de espigas e grãos


Para o mercado de milho-verde, existem três tipos: o milho-comum, o mi-
lho-doce e o superdoce. O milho-doce é consumido somente na forma de
milho-verde in natura ou industrializado. O milho-comum ou normal tem em
torno de 3% de açúcar e entre 60% e 70% de amido; enquanto o milho-doce
tem de 9% a 14% de açúcar e de 30% a 35% de amido e o superdoce tem
até 25% de açúcar e de 15% a 25% de amido (Pereira Filho et al., 2002).
O mercado de milho-verde é crescente, contudo há muitos problemas na
qualidade das espigas colocadas à disposição do consumidor.

O produtor de milho-verde ainda necessita de muitas informações sobre


cultivares apropriadas para esse seguimento de mercado cada vez mais
promissor e muito mais exigente. Essa situação tem sido uma oportunidade
para as empresas produtoras de sementes de milho para grãos desenvol-
verem cultivares que atendam às exigências do mercado consumidor de
milho-verde.

A cultivar ideal de milho dever ter as seguintes características: grãos den-


tados amarelos, espigas grandes, cilíndricas e com boa granação, sabugo
claro e fino, pericarpo delicado bem-empalhado com longevidade de colhei-
ta, e boa resistência às pragas que atacam as espigas.
40 DOCUMENTOS 6 e 264

Existe ainda um grande número de agricultores que vem utilizando para esse
fim as mesmas cultivares de milho destinadas à produção de grãos, porém
esse tipo de milho não satisfaz mercados mais exigentes de milho-verde.

Cultivares
No Brasil foram desenvolvidas dezenas de cultivares de milho, no entanto
são poucas aquelas que têm características para o segmento de mercado
de milho-verde. Nesse aspecto, os híbridos têm atendido às exigências de
mercado. Atualmente, na região de Arari, MA, o híbrido de milho-comum
que mais tem sido utilizado é o ‘Ag 1051’. A Embrapa já disponibilizou qua-
tro híbridos para o mercado de milho-verde: ‘BRS 3046’ (comum), ‘BRS Vivi’
(doce), ‘BRS 402’ Cristal e ‘BRS 400’ (superdoce). Além desses híbridos,
existe também o ‘BM 3061’. Como variedade, a Embrapa dispõe de dois
materiais que apresentam características apropriadas para o mercado de
milho-verde: o ‘BRS 3059’ e ‘BRS 106’.

Plantio
No ato da aquisição da semente, é importante observar a origem, a pureza,
a percentagem de germinação e a data de validade.

No planejamento da lavoura, devem-se definir a densidade e o espaçamen-


to de plantio, que estão inteiramente relacionados com as características
da cultivar, com as condições ambientais (solo e clima) do local e com o
manejo da cultura.

Densidade e espaçamento
Embora exista para a cultura do milho vários arranjos de espaçamentos
com alta densidade de plantio, a densidade de semeadura para o milho-
verde não pode ser elevada. A densidade mais adequada fica no máximo
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 41

em torno de 40 mil a 60 mil plantas por hectare. É importante esclarecer


que o plantio feito em menores densidades possibilita a obtenção de maior
percentagem de espigas de milho-verde comerciais.

Para o cultivo de milho-verde, o espaçamento entre linhas não deve ser


reduzido, pois a colheita é geralmente manual, requerendo certo espaço en-
tre as fileiras para a movimentação dos colhedores durante a operação da
colheita. Trabalhos têm demonstrado que o melhor espaçamento para o cul-
tivo do milho-verde é de 0,80 m entre linhas por permitir maior produtividade
de espigas comerciais. Quanto ao espaçamento entre plantas, que define o
número de plantas por metro, deve ser entre 0,20 m e 0,30 m.

Com espaçamento entre linhas variando de 0,80 m a 1,0 m e entre plantas


variando de 0,20 m a 0,30 m, é possível as seguintes combinações e núme-
ros de plantas por hectare, conforme apresentado na Tabela 1.

Tabela 1. Espaçamento e densidade de plantio para o milho.

Espaçamento Densidade de
(m) plantas
Entre Entre
(N° de planta m-1) (N° de planta ha-1)
linhas plantas
1,00 0,25 4,0 40.000
1,00 0,20 5,0 50.000
0,90 0,20 5,0 55.555
0,90 0,25 4,0 44.444
0,80 0,20 5,0 62.500
0,80 0,25 4,0 50.000
0,80 0,30 3,0* 41.625
*Em uma linha de 100 m de comprimento comportaria 333 plantas x 125 linhas
= 41.625.
42 DOCUMENTOS 6 e 264

Semeadura
Antes da semeadura ou plantio, deve ser realizada irrigação diária com
tempo de 30 minutos durante 3 a 5 dias. A semeadura deve ser feita em
sulcos, após a adubação de fundação.

A semeadura deve ser feita na profundidade de 3 cm a 5 cm e distribuída


ao longo do sulco, de maneira a permitir a população final ou estande final
de plantas conforme o planejamento.

Em pequenas áreas plantadas por agricultores familiares, essa prática


pode ser feita manualmente. Nesse caso, recomenda-se abrir uma pe-
quena vala com profundidade de 3 cm a 5 cm no centro do sulco de plan-
tio para a distribuição das sementes.

Em áreas maiores e havendo disponibilidade de máquina, as práticas de


adubação de fundação ou de plantio e semeadura das sementes podem
ser feitas de forma mecanizada, com plantadora apropriada.

Após o plantio, as irrigações devem ser realizadas diariamente para favo-


recer uma germinação uniforme. A quantidade de água nessa fase deve
ser suficiente para manter o solo com a umidade próxima da capacidade
de campo.

Nos experimentos desenvolvidos em Arari, MA, no período de 2013 a


2016, com o milho-verde [híbrido AF 5010 (comum) e milho-doce (cultivar
BR 400 superdoce)], foi adotado o espaçamento de plantio de 1,0 m x
0,20 m (50 mil plantas por hectare) (Figuras 1 e 2). Esse espaçamento
também foi adotado nas unidades demonstrativas e produtiva instaladas
e conduzidas na Comunidade Santa Inês, município de Arari.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 43

Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa


Figura 1. Distribuição de plantas de milho-verde plantadas no espaçamento de
1,0 m x 0,20 m, irrigadas por gotejamento. Arari, 2016.

Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa


Figura 2. Distribuição de plantas de milho-verde plantadas no espaçamento de 1,0
m x 0,20 m, irrigadas por sulco. Arari, 2016.

Referências
PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C.; GAMA, E. E. G. e. Cultivares para o consumo verde. In:
PEREIRA FILHO, I. A. (ed.). O cultivo do milho-verde. Brasília, DF: Embrapa, 2002. p. 15-28.
Manejo de irrigação

Valdemício Ferreira de Sousa

A irrigação visa fornecer água às plantas de acordo com sua necessidade


hídrica. O manejo adequado da irrigação permite economizar água e ener-
gia, manter teores de umidade no solo favoráveis ao ótimo desenvolvimento
das plantas e obter altas produtividades, com produto final de boa quali-
dade. Portanto o agricultor precisa utilizar técnicas e procedimentos para
definir: quanto irrigar, quando irrigar e como irrigar.

A questão “quanto irrigar” refere-se à quantidade de água a ser aplicada, que


é determinada pela necessidade hídrica da cultura, podendo ser estimada
por meio da evapotranspiração. Para se definir “quando irrigar” ou o mo-
mento da irrigação, pode-se adotar o estabelecimento de turno de rega fixo
ou turno de rega variável (nesse caso, utilizando medidas de avaliação do
estado da água no solo, turno de irrigação, balanço de água no sistema radi-
cular e medidas de água na planta). O “como irrigar” é a forma como a água
é conduzida até a planta, que é definida pelo método e sistema de irrigação.

O milho é uma cultura muito exigente em água, mas também é uma das
mais eficientes no seu uso, isto é, produz grande acúmulo de matéria seca
por unidade de água absorvida.

A deficiência hídrica no cultivo do milho-verde pode ocasionar danos em


todas as fases da cultura, que resultam na produção de espigas de baixa
qualidade e fora do padrão comercial. Assim, o bom plano de manejo da
irrigação para a cultura do milho-verde requer a definição de:

1) necessidade de água em cada fase do ciclo da cultura;

2) momento para fazer a irrigação;

3) qual o método ou sistema de irrigação a ser utilizado, para aplicar em


todas as fases do ciclo da cultura.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 45

Necessidade hídrica
Durante todo o ciclo, a cultura do milho pode consumir entre 350 mm e 500
mm de água, a depender da região e da época de plantio, pois é função da
demanda evaporativa ou da evapotranspiração. Essa demanda correspon-
de, em média, a um consumo que varia de 3 mm a 6 mm por dia (Pereira
Filho et al., 2011).

Em regiões de clima seco, nos estádios iniciais de crescimento das plantas,


raramente o consumo de água excede 2,5 mm por dia. Durante o período
compreendido entre a formação, o enchimento de grãos e a maturação das
espigas, o consumo de água pode elevar-se para 5 mm a 7,5 mm diários.
Em ambientes com temperaturas muito elevadas e com umidade do ar mui-
to baixa, o consumo de água pode chegar até a 10 mm por dia.

A necessidade hídrica, ou a quantidade de água para a cultura, é determina-


da pela evapotranspiração da cultura (ETc), que pode ser medida de forma
direta ou indireta. Contudo, para o agricultor, é mais prático utilizar métodos
indiretos e empíricos para estimar a evapotranspiração de referência (ETo)
e corrigi-la por um coeficiente específico para cada cultura, denominado de
coeficiente de cultivo (Kc). A Tabela 1 apresenta os valores médios de Kc
adaptados para o milho-verde. Assim, foi adaptado o ciclo para milho-verde,
para o ambiente da Baixada Maranhense, de até 65 dias.

Tabela 1. Valores de coeficiente de cultivo (Kc) para o milho, adaptado para


milho-verde

Fases da cultura do milho Valores de Kc

Fase inicial (do plantio aos 20 dias) 0,50


Fase vegetativa (dos 20 aos 50 dias) 0,70 - 0,90
Fase reprodutiva e enchimento de grãos (dos 50
0,90 – 1,10
aos 65 dias)
Fonte: Adaptado de Bastos et al. (2007).
46 DOCUMENTOS 6 e 264

Para estimar a ETo, a FAO recomenda a utilização do método estabelecido


como padrão, o Penman-Monteith. No entanto, não havendo informações
suficientes para sua estimativa por meio desse método, pode-se utilizar o
que estiver disponível, como o Tanque Classe A. Assim, conhecendo os va-
lores de Kc e da ETo, o cálculo da quantidade de água necessária à cultura
(ETc), é determinado pela equação 1.

(1)

Desse modo, se a ETo é determinada na unidade de mm dia-1, a ETc repre-


senta a lâmina diária de água (mm dia-1) requerida pela cultura. Nesse caso,
se ocorre precipitação pluviométrica, esta deve ser considerada no cálculo
final da quantidade de água a ser aplicada pela irrigação.

Momento da irrigação
No manejo da irrigação, a questão “quando irrigar” diz respeito ao momento
em que a irrigação deve ser feita. Esse momento pode ser definido, adotan-
do-se a aplicação de água com turno de rega fixo ou variável.

Turno de rega fixo


O momento da irrigação utilizando turno de rega fixo é definido por meio
de um calendário da irrigação com turno de rega prefixado. Nesse caso, a
água a ser aplicada deve considerar as necessidades das plantas em cada
fase do estádio de desenvolvimento. A lâmina de água a ser aplicada pela
irrigação deve ser determinada conforme a demanda evaporativa da cultura
(evapotranspiração da cultura), o sistema de irrigação e a retenção de água
do solo.

O turno de rega pode ser determinado e prefixado, tomando-se como base


a lâmina de água real disponível no solo (LRD) e a evapotranspiração da
cultura. O turno de rega deve ser, no máximo, igual ao valor calculado pela
equação 2.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 47

(2)

Em que: TRmax é o turno de rega máximo a ser adotado (dias); ETc é a


evapotranspiração da cultura com base em série histórica (mm dia-1).

A lâmina de água a ser aplicada por irrigação é obtida pela equação 3.

(3)

Em que: LRN é a lâmina de água necessária a ser aplicada por irrigação


(mm).

A determinação do momento da irrigação por meio do turno de rega fixo tem


vantagens para os agricultores irrigantes, pois permite programar e realizar
outras atividades na cultura irrigada, tais como, as pulverizações e outros
tratos culturais. No entanto, devido à baixa precisão desse método, para
culturas sensíveis, é preciso ter muito cuidado na prefixação do turno rega.

Ao adotar um turno de rega fixo, é importante também fazer o monitora-


mento do estado da água no solo na zona radicular da cultura. Isso permite
fazer ajustes na quantidade de água aplicada, bem como nos valores de Kc
utilizados, pois estes podem variar em função de diferentes fatores, como
tipo de solo, sistema de cultivo, cultivar, condições climáticas e frequência
de irrigação.

O método turno de rega fixo somente é recomendado, quando não se dis-


põe de equipamentos que permitam o emprego de um método mais preciso.
A baixa precisão desse método decorre das condições do ambiente, prin-
cipalmente meteorológicas, de ser bastante dinâmico e de a necessidade
de água para as plantas ocorrer em resposta a um conjunto de fatores que
interagem entre si.

A utilização do sistema de irrigação por gotejamento permite que as irri-


gações sejam realizadas em regime de alta frequência, o que possibilita a
prefixação do turno de rega.
48 DOCUMENTOS 6 e 264

Para a cultura do milho cultivado sob irrigação por gotejamento, a prefixa-


ção de turno de rega entre 1 e 2 dias possibilita a manutenção do teor de
água do solo (na faixa molhada) a níveis próximos da capacidade de cam-
po, otimizando a absorção contínua de água próxima da absorção potencial
das plantas, resultando em altas produtividades de espigas comerciais.

Nos experimentos e unidades demonstrativas e produtivas de milho-verde


irrigado por gotejamento, conduzidos em Arari durante 3 anos consecutivos,
o momento da irrigação foi estabelecido por meio do turno de rega prefixado
de 1,0 dia e monitoramento da umidade do solo com tensiômetros.

Turno de rega variável


O momento da irrigação determinado por meio do turno de rega variável
deve considerar o estado da água no solo e nas plantas. Assim, esse mo-
mento da irrigação pode ser determinado por meio destes métodos: medi-
ções do estado da água no solo ou medições do estado hídrico da planta.

Medições do estado da água no solo


Nesse caso, o momento da irrigação pode ser mais flexível, sem um valor
fixo da lâmina total necessária, isto é, pode ser determinado apenas por
medidas do teor de água no solo ou do potencial matricial (ψm), avaliando se
a redução na faixa de água disponível está dentro da faixa recomendada.

As medidas do teor de água no solo podem ser feitas por meio da deter-
minação gravimétrica do teor de umidade no solo, utilizando-se medidores
diretos de umidade [sonda de nêutrons, reflectometria no domínio do tempo
(TDR)] ou medidores indiretos de umidade, como blocos de resistência elé-
trica, tensiômetros e irrigas.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 49

Entre esses, o tensiômetro vem sendo utilizado por agricultores que adotam
manejo de irrigação de forma adequada.

A determinação do momento da irrigação com uso do tensiômetro é feita


verificando-se o momento em que o solo atinge determinados potenciais
matriciais, além dos quais o estresse a que é submetido a planta pode com-
prometer seu desenvolvimento, ou também verificando-se o conteúdo de
umidade no solo.

Para definir o momento da irrigação com base na tensão de água no solo


ou no potencial matricial. é preciso conhecer os valores ou faixa de valores
mais adequados ao desenvolvimento e produção de cada cultura.

Nas condições da região Meio-Norte, Bastos et al. (2007) sugeriram uma


tensão crítica ente 40 kPa e 60 kPa. Assim, as irrigações devem ser realiza-
das sempre que os tensiômetros registrarem tensão de água no solo dentro
dessa faixa.

A quantidade e a localização dos tensiômetros são pontos importantes a se-


rem considerados, que dependem da variabilidade espacial do solo, sendo
necessário ter pelo menos uma bateria para cada setor ou área. No entanto
recomenda-se instalar uma bateria com dois ou três tensiômetros corres-
pondentes às profundidades 0,15 m e 0,30 m.

Medições do estado da água na planta


A estratégia mais correta para determinar o grau de deficiência hídrica de
uma cultura é realizar medidas diretamente na planta. No entanto essas
medidas não são tão fáceis de fazer em áreas de produção.

Apesar da precisão dos métodos, as medidas com base no estado de água


da planta não têm sido utilizadas pelos agricultores, devido ao alto custo
dos equipamentos necessários ao processo.
50 DOCUMENTOS 6 e 264

Métodos e sistemas de irrigação


A escolha adequada do método e do sistema de irrigação a serem utiliza-
dos constitui-se em um dos requerimentos básicos essenciais a um manejo
eficiente da irrigação e ao negócio da cultura irrigada. Nessa etapa, devem
ser considerados os aspectos técnicos, econômicos, ambientais e sociais,
possibilitando a melhor adequação do método a cada situação em parti-
cular. Não existe um método de irrigação ideal para qualquer situação e a
seleção do método de irrigação a ser utilizado requer análise detalhada de
todos os fatores produtivos que envolvem a cultura. Entretanto, em virtude
da preocupação mundial com o gerenciamento, conservação e economia
dos recursos hídricos, recomenda-se a seleção de métodos e sistemas de
irrigação mais eficientes.

A forma de aplicação da água às culturas permite dividir os métodos de


irrigação em quatro categorias: irrigação por superfície, irrigação por asper-
são, irrigação localizada e irrigação de subsuperfície.

Irrigação por superfície


O método de irrigação por superfície é o mais antigo do mundo. Esse mé-
todo é caracterizado por se utilizar a própria superfície do solo para aplicar
e conduzir água às plantas. É composto por três principais sistemas de
irrigação: irrigação por sulcos, irrigação por faixas e irrigação por inundação.

Esses sistemas são adaptáveis para superfícies planas e exigem nivela-


mento da área para condução da água (gradiente de declive de 0% a 0,8%),
para solos que têm velocidade de infiltração básica inferior a 25 mm h-1 e
para quase todas as culturas e locais com qualquer condição de ventos.
Devido à baixa eficiência de irrigação, o volume de água usado é alto.

Por suas características de distribuição de água na superfície do solo, dos


três sistemas de irrigação por superfície apresentados, a irrigação por sul-
co pode ser utilizada na cultura do milho.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 51

Irrigação por aspersão


O método é composto pelos seguintes sistemas de irrigação: aspersão con-
vencional (fixo, semifixo e portátil), pivô central, lateral móvel e autopropelido.

Os sistemas de irrigação por aspersão são adaptáveis para superfícies pla-


nas e inclinadas, para solo com qualquer taxa de infiltração de água e para
todas as culturas e locais com ventos amenos (≤ 2 m s-1). Devido a sua for-
ma de aplicação, para algumas culturas e em determinadas fases do ciclo
vegetativo, a utilização da irrigação por aspersão deve ser evitada.

A cultura do milho se adapta e se desenvolve bem, quando irrigada por sis-


temas de irrigação por aspersão. Quando comparado com a irrigação por
sulco, permite bom controle da lâmina de água a ser aplicada, maior econo-
mia de água e, consequentemente, boa eficiência de irrigação.

Irrigação localizada
O método de irrigação localizada é composto pelos sistemas de irrigação
por microaspersão e por gotejamento, por tubos porosos, por jato pulsan-
te e cápsulas porosas. O sistema por gotejamento pode ser superficial e
subsuperficial. Ambos os sistemas de irrigação localizada são adaptáveis
para qualquer gradiente do relevo, para qualquer velocidade de infiltração
básica, para todas as culturas (sistema mais adequado para conviver com
problemas de salinidade) e para locais com qualquer condição de ventos.

Irrigação por sub-superfície


O método de irrigação por subsuperfície, também denominado de subirri-
gação, é adaptável para superfícies planas niveladas, para solos que têm
camada impermeável abaixo da zona radicular ou lençol freático elevado
controlável, para quase todas as culturas e para locais com qualquer con-
dição de ventos. Nesse método, a umidade atinge as raízes das plantas
por meio da ascensão capilar. A irrigação por subsuperfície é representada
52 DOCUMENTOS 6 e 264

unicamente pelo “método de irrigação” subsuperficial e o pelo “sistema de


irrigação” por subirrigação.

A profundidade do lençol restringe a produtividade da cultura e constitui


uma informação extremamente importante para o manejo de água na irriga-
ção por subsuperfície. Em condições de várzea, o lençol freático deve ser
mantido numa profundidade tal que permita obter a melhor combinação da
água com a zona radicular da cultura.

Seleção do método e sistema de irrigação


Conhecendo as características e a adaptabilidade de cada método e sis-
tema de irrigação, na sua seleção é importante considerar aspectos como:

1) mão de obra;

2) investimentos iniciais em equipamentos;

3) requerimento de energia;

4) uniformidade de distribuição de água;

5) operacionalidade pelo irrigante;

6) maior eficiência de aplicação de água.

Existem variações nas vantagens e nas limitações do uso de cada método


de irrigação. Não existe um método de irrigação ideal para todas as situa-
ções. Cada situação deve ser analisada, sugerindo-se soluções em que as
vantagens inerentes possam compensar as limitações naturais dos méto-
dos de irrigação.

No processo de seleção do método e/ou sistema de irrigação, os seguintes


fatores devem ser considerados:

1) potencial hídrico (vazão disponível na propriedade);


Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 53

2) situação topográfica (dimensão e forma da área, uniformidade topográfi-


ca e gradiente de declive);

3) qualidade e custo da água;

4) solo (características morfológicas e capacidade de retenção de água);

5) clima (chuva, vento e potencial evaporativo do ar – temperatura, umidade


relativa e ocorrência de geadas);

6) culturas (sistema de plantio, densidade de plantio/semeadura, profundi-


dade efetiva das raízes, altura das plantas e valor econômico).

O milho pode ser irrigado por qualquer método e sistema de irrigação. Con-
tudo, na escolha do método, recomenda-se considerar fatores que interfe-
rem na produtividade e no lucro final. Para melhor orientar na seleção do
método/sistema de irrigação, a seguir são apresentadas as principais carac-
terísticas, vantagens e limitações dos sistemas de irrigação.

Irrigação por gotejamento


A irrigação por gotejamento, por suas características de funcionamento,
eleva e melhora o aproveitamento e a economia da água, reduzindo conse-
quentemente o consumo de energia.

O sistema de irrigação por gotejamento para a cultura do milho-verde


apresenta uma série de vantagens, quando comparado com outros sistemas
de irrigação, tais como:

1) permite o fornecimento de água de maneira localizada, na linha de


plantio, junto ao caule das plantas, na zona de concentração das raízes;

2) reduz a incidência e a competição de plantas invasoras na área cultivada;

3) permite fazer irrigações com alta frequência, mantendo as plantas em


ótimo estado hídrico;
54 DOCUMENTOS 6 e 264

4) permite aplicar os fertilizantes de maneira parcelada via água de irrigação,


exclusivamente na zona de concentração das raízes;

5) oferece maior facilidade no manejo da irrigação e nas operações de


manejo e manutenção do sistema de irrigação;

6) aumenta a eficiência de uso da água e dos nutrientes pelas plantas.


Há grande redução nos desperdícios, pois a água aplicada à cultura por
gotejamento pode ser até 70% menos, quando comparado com a aplicada
em outros sistemas de irrigação;

7) favorece maior economia de água e de energia e, consequentemente,


redução do custo de produção.

Como limitações do sistema de irrigação por gotejamento, podem-se


destacar:

1) elevado custo de aquisição do sistema, quando comparado com asper-


são e sulco;

2) possibilidade de entupimentos ou obstrução dos emissores;

3) necessidade de excelente filtragem da água;

4) interferência nas práticas culturais quando as linhas laterais não são


enterradas.

No planejamento da cultura irrigada, ao optar por sistema de irrigação por


gotejamento, o conhecimento da dinâmica de água no bulbo molhado é
fundamental, pois permite saber sobre a distribuição de água, detectar
perdas, inferir a distribuição do sistema radicular e estimar o espaçamento
entre emissores, conforme destacado em Sousa et al. (2011).

Assim, considerando que o custo de aquisição de um sistema de irrigação


por gotejamento é maior que o custo de aquisição de um sistema de irriga-
ção por aspersão convencional e/ou irrigação por sulco, no ato da escolha
do sistema por gotejamento é importante considerar as vantagens.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 55

Nos experimentos realizados em Arari, MA, nos anos de 2015 e 2016, foi
utilizado sistema de irrigação por gotejamento (tubo gotejador de polie-
tileno com diâmetro de 16 mm, emissores espaçados a 0,20 m e vazão
nominal de 1,6 litros por hora). A distribuição de água permitiu a formação
de uma faixa molhada contínua capaz de atender às necessidades hídri-
cas do milho em todo seu ciclo. A Figura 1 permite ter uma visualização
do sistema de irrigação por gotejamento na cultura de milho-verde em
experimento conduzido em Arari, MA. Assim, ao escolher o sistema de ir-
rigação por gotejamento para irrigar o milho-verde na Baixada Maranhen-
se, pode-se utilizar tubo gotejador com emissores espaçados de 0,20 m e
vazão entre 1,5 e 2,0 litros por hora.

Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa


Figura 1. Disposição das linhas laterais de irrigação por gotejamento superficial na
cultura do milho-verde em Arari, MA.

Irrigação por aspersão

No método de irrigação por aspersão, a distribuição de água se dá sob a


forma de jatos lançados ao ar, que caem sobre a cultura na forma de chu-
va. Isso oferece algumas vantagens para a cultua do milho, principalmen-
te em épocas de temperaturas mais elevadas, pois permite a formação
de um microclima no ambiente, que minimiza os efeitos da temperatura
sobre a cultura.
56 DOCUMENTOS 6 e 264

Os sistemas de irrigação por aspersão apresentam vantagens e limitações.


Destacam-se como principais vantagens dos sistemas de irrigação por as-
persão, de acordo com Andrade e Brito (2011):

1) facilidade de adaptação às diversas condições de solo e topografia;

2) apresenta, potencialmente, maior eficiência de distribuição de água,


quando comparado com a irrigação por sulco;

3) possibilidade de ser totalmente automatizado;

4) pode ser transportado para outras áreas;

5) as tubulações podem ser desmontadas e removidas da área, facilitando


o tráfego de máquinas.

Como limitações podem-se citar:

1) os custos de aquisição e operação são mais elevados que os do método


por superfície;

2) sofre forte influência do vento;

3) a irrigação com água salina, ou sujeita à precipitação de sedimentos,


pode reduzir a vida útil do equipamento e causar danos a cultura;

4) pode favorecer o aparecimento de doenças em algumas culturas e inter-


ferir com tratamentos fitossanitários;

5) pode favorecer a disseminação de doenças cujo veículo é a água.

Os sistemas de irrigação por aspersão mais utilizados são aspersão con-


vencional (fixo, semifixo e portátil), autopropelido e pivô central. Para a pro-
dução de milho-verde, os mais usados são os de aspersão convencional.
No entanto é importante esclarecer que os sistemas semifixos e portáteis
requerem mão de obra para mudança das linhas laterais; logo, são reco-
mendados para áreas pequenas, geralmente com disponibilidade de mão
de obra familiar.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 57

Irrigação por sulco


A irrigação por sulco consiste na distribuição da água através de pequenos
canais ou sulcos feitos na área a ser irrigada, por onde a água é distribuída
e se movimenta paralelamente às fileiras das plantas. Dependendo da situ-
ação de uso, os sulcos podem ser feitos em nível ou com declive.

Nesse sistema de irrigação, a água se infiltra no fundo e nas laterais do sul-


co, movimentando-se vertical e horizontalmente no perfil do solo, formando
um perímetro molhado e proporcionando nessa região a umidade necessá-
ria para o desenvolvimento das plantas.

Normalmente, dependendo do espaçamento entre sulcos e da cultura a ser


irrigada, a irrigação por sulco molha entre 30% a 80% da superfície do solo.
Isso possibilita uma redução das perdas por evaporação e também da for-
mação de crostas superficiais, dependendo do tipo de solo.

Na irrigação por sulco, os agricultores têm possibilidade de fazer o manejo


da irrigação capaz de atingir boa eficiência do sistema, permitindo adequá
-la às mudanças que ocorrem no campo durante o ciclo da cultura; todavia
existem algumas limitações, conforme descritas a seguir, que podem dificul-
tar a sua utilização com bons êxitos.

As principais limitações da irrigação por sulco são:

1) aumento do custo inicial devido à construção dos sulcos e sistematização


da área;

2) exigência de mão de obra especializada para operar corretamente o sis-


tema;

3) perdas de água por escoamento superficial no final do sulco;

4) aumento do potencial de erosão da área;

5) acúmulo de sais entre sulcos e aumento dos riscos de salinização da área;


58 DOCUMENTOS 6 e 264

6) dificuldade do tráfego de equipamentos e tratores sobre os sulcos;

7) dificuldade na automatização do sistema, principalmente com relação a


aplicar a mesma vazão em cada sulco;

8) aumento do desperdício de água e baixa eficiência da irrigação;

9) manejo das irrigações mais complexo;

10) frequentes reavaliações de campo para assegurar bom desempenho.

Embora existindo essas limitações, existem também vantagens quando


comparado com outros métodos/sistemas de irrigação, tais como:

1) menor custo fixo e operacional;

2) equipamentos simples;

3) menor consumo de energia quando comparado com aspersão;

4) não interfere nos tratos culturais;

5) permite a utilização de água com sólidos em suspensão;

6) não sofre interferência do vento.

Nos experimentos e unidades demonstrativas executadas em Arari, MA,


os sulcos para irrigação foram preparados em formato trapezoidal, com
sulcador mecanizado e acabamento manual na largura superior de 0,40
m, profundidade de 0,25 m e declividade de 0,2%. Os sulcos foram con-
feccionados com o comprimento de 30 m no primeiro ano e de 16 m nos
dois anos seguintes, e espaçados de 1,0 m de acordo com a cultura do
milho. A derivação de água aos sulcos foi feita por meio do sistema de
tubos janelados com diâmetro nominal de 50 mm, com saída adaptada
com mangueira de polietileno de 16 mm. A redução do comprimento dos
sulcos deveu-se à necessidade de melhor controlar a água de irrigação,
bem como elevar a eficiência de aplicação e de distribuição da água nos
sulcos durante as irrigações.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 59

Dependendo das condições ambientais, pode-se utilizar um sulco para


duas fileiras da cultura (Figura 2) ou um sulco para cada fileira da cultura
(Figura 3). A utilização de um sulco para duas fileiras da cultura reduz os
custos com abertura dos sulcos, todavia é preciso ter os devidos cuidados
com a distância e a localização das fileiras da cultura em relação às bordas
superiores dos sulcos.

De maneira geral, para a cultura do milho, os sistemas de irrigação mais


apropriados são sulco, aspersão convencional, autopropelido, pivô central e
gotejamento. No entanto, em nível de Brasil, de acordo com Andrade e Brito
(2011), os sistemas de irrigação por sulco e subirrigação são muito pouco
utilizados, o pivô central é o mais utilizado e o gotejamento tem uso cres-
cente, principalmente nas empresas de produção de semente e produtores
de milho-verde. Entretanto, quando se trata da produção de milho-verde,
principalmente no âmbito da agricultura familiar, os sistemas de irrigação

Fotos: Valdemício F. de Sousa


Figura 2. Disposição de duas fileiras de plantas de milho-verde para cada sulco de
irrigação. Arari, MA.
Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa

Figura 3. Disposição de uma fileira de plantas de milho-verde para cada sulco de


irrigação. Comunidade Santa Inês, Arari, MA.
60 DOCUMENTOS 6 e 264

por gotejamento, sulco e aspersão convencional são os mais recomenda-


dos e utilizados.

Destaca-se que, de acordo com os resultados de experimentos desenvol-


vidos em Arari, MA, a irrigação por gotejamento possibilitou, em 3 anos,
maiores produtividades e melhores lucros com a cultura do milho-verde,
quando comparado com a irrigação por sulco. Isso vem colocando o siste-
ma de irrigação por gotejamento na preferência dos agricultores familiares
que produzem milho-verde na Baixada Maranhense.

Referências
ANDRADE, C. de L. T.; BRITO, R. A. L. Métodos de irrigação. In: CRUZ, J. C. (ed.). Milho. Brasília,
DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.
br/gestor/milho/arvore/CONTAG01_ 72_16820051120.html >. Acesso em: 08 maio 2018.

BASTOS, E. A.; ANDRADE JÚNIOR, A. S. de; RODRIGUES, B. H. N.; CARDOSO, M. J. Irrigação.


In: CARDOSO, M. J.; ATHAYDE SOBRINHO, C. (ed.). Milho no Meio-Norte do Brasil: estratégias
básicas do manejo. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2007. p. 201-245.

PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C.; SILVA, A. R. da; COSTA, R. V. da; CRUZ, I. Milho-verde.
Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.
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SOUSA, V. F. de; PINTO, J. M.; MAROUELLI, W. A.; COELHO, E. F.; MEDEIROS, J. F.; SANTOS,
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LHO, E. F.; PINTO, J. M.; COELHO FILHO, M. A. (org.). Irrigação e fertirrigação em fruteiras e
hortaliças. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. p. 657-687.
Manejo e controle de plantas invasoras

Valdemício Ferreira de Sousa


Milton José Cardoso
Jefferson Douglas Martins Ferreira

As plantas “daninhas” ou plantas invasoras à cultura do milho-verde apre-


sentam-se com elevada importância para a produção de espigas em quan-
tidade e qualidade. Para seu crescimento, as plantas invasoras competem
pelos mesmos elementos requeridos pela cultura do milho-verde, principal-
mente luz, água, nutrientes e espaço físico, estabelecendo um processo de
competição quando as plantas de milho e as plantas invasoras se desenvol-
vem no mesmo espaço, conforme destacado por Cardoso e Bastos (2007).

As perdas na produtividade são elevadas, à medida que aumenta o grau de


interferência, que é o conjunto de ações que recebe determinada cultura em
decorrência da presença das plantas invasoras.

Silva et al. (2007) destacaram: quanto maior o período de convivência entre


as plantas cultivadas e as invasoras, maior será a interferência; contudo
isso dependerá da época de plantio, do ciclo da cultura, da época e exten-
são da convivência, das condições de solo, do clima e do manejo.

Perdas ocasionadas pela interferência de plantas invasoras podem variar de


10% a 85%. Na cultura do milho, segundo Karam et al. (2010), as reduções
são elevadas e podem variar de 13,1%. a 85%. Quando se trata de milho-
verde, as plantas invasoras interferem não tão somente na produtividade,
mas principalmente na qualidade das espigas verdes.

O produtor de milho-verde deve ter os devidos cuidados com o contro-


le das plantas invasoras durante o desenvolvimento da cultura. O manejo
de plantas invasoras deve enfatizar a utilização das diferentes estratégias
de controle, considerando a infraestrutura e a mão de obra disponíveis na
propriedade. Os principais métodos de controle de plantas invasoras são:
preventivo, cultural, mecânico e químico.
62 DOCUMENTOS 6 e 264

Controle Preventivo
A importância do método de controle preventivo de plantas invasoras está
na premissa de evitar a entrada dessas plantas na lavoura, bem como o
estabelecimento e a disseminação de novas espécies de plantas invasoras
na área cultivada.

A introdução de novas espécies de plantas invasoras geralmente ocorre por


meio do uso de sementes contaminadas, máquinas agrícolas e animais.
Assim, para minimizar a introdução de novas espécies invasoras, recomen-
dam-se as seguintes providências:

1) utilizar lotes de sementes de boa procedência, livres de sementes de


plantas invasoras;
2) fazer a limpeza das máquinas e dos implementos antes de serem utiliza-
dos em qualquer atividade na área;
3) controlar o desenvolvimento de plantas invasoras, impedindo a produção
de sementes e/ou estruturas de reprodução em qualquer local dentro e no
entorno da área cultivada.

Com essas medidas preventivas, o agricultor estará fazendo o controle pre-


ventivo das plantas invasoras em sua área cultivada com milho-verde.

Controle cultural
Esse método consiste na utilização das características da cultura e do meio
ambiente que aumentem a capacidade competitiva das plantas de milho-
verde, favorecendo seu crescimento e desenvolvimento. O controle cultural
normalmente é utilizado pelos agricultores, sem que tenham a noção de
estarem aplicando mais uma técnica de manejo de plantas invasoras.

Entre as medidas culturais adotadas, podem-se citar: uso de variedades


adaptadas às regiões, espaçamentos reduzidos, aumento da densidade de
semeadura, época de plantio, uso de cobertura morta, rotação de culturas,
adubações adequadas e bom manejo de irrigação.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 63

Controle mecânico
Capina manual
A capina manual é um método tradicional amplamente utilizado em peque-
nas propriedades e em pequenas áreas cultivadas. Essa prática é realizada
com enxadas e, dependendo do local, da época e do sistema de plantio,
geralmente os agricultores fazem duas a três capinas durante os primeiros
20 a 40 dias da germinação. A partir daí, o crescimento do milho contribuirá
para a redução das condições favoráveis à germinação e ao desenvolvi-
mento de plantas invasoras.

A capina deve ser realizada com solo seco, preferencialmente em dias


quentes e secos, pois o excesso de umidade no solo atrapalha a atividade
e o próprio rendimento dos trabalhadores. A desvantagem desse método de
controle de plantas invasoras é que demanda grande quantidade de mão de
obra, uma vez que a produtividade dessa operação é entre 7 e 9 dias-ho-
mem por hectare.

Capina mecânica
A capina mecânica por meio do cultivador, tracionado por animais ou trato-
res, ainda é considerada o sistema mais utilizado no Brasil.

As capinas mecânicas, assim como as capinas manuais, devem ser rea-


lizadas nos primeiros 20 a 30 dias após a emergência da cultura. Nesse
período, os danos ocasionados à cultura são menores, comparados com
os possíveis danos (quebra e arrancamento de plantas) devido a capinas
realizadas tardiamente.

As capinas mecânicas são geralmente realizadas com enxadas tipo asa-


de-andorinha e bico-de-pato ou picão. A produtividade desse método é de
aproximadamente 0,5 a 1,0 dia-homem/por hectare com tração animal e 1,5
a 2,0 horas por hectare com trator.
64 DOCUMENTOS 6 e 264

Controle químico
O método de controle químico de plantas invasoras consiste na utiliza-
ção de herbicidas registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA). A seleção de um herbicida deve ser baseada nas
espécies de plantas presentes na área a ser tratada, bem como nas carac-
terísticas físico-químicas dos produtos. As alternativas de herbicidas para
o controle de plantas invasoras na cultura do milho-verde estão apresenta-
das na Tabela 1.

Tabela 1. Herbicidas registrados no MAPA para controle de plantas invasoras na


cultura do milho.
Classe
Marca Ingrediente Carência
Grupo químico Dose toxicoló-
comercial ativo (dias)
gica
Aclamado Atrazina Triazina 3,0 a 6,5 (*) II
BR L/ha
Affinity Carfentrazona Triazolona 25 a 75 (*) II
400 EC -etílica mL/ha
Alaclor Alacloro Cloroacetanilida 5,0 a 7,0 (*) II
Nortox L/ha
Amaiz Nicossulfurom Sulfonilureia 70 a 80 (*) I
g/ha
Kyron 40 Nicossulfurom Sulfonilureia 1,25 a 1,50 (*) III
SC L/ha
Kyron Nicossulfurom Sulfonilureia 50 a 80 (*) I
750 WG g/ha
Primestra Atrazina e Triazina e Cloroa- 3,25 a 4,50 (*) II
Gold S-metolacloro cetanilida L/ha
Sanson 40 Nicossulfurom Sulfonilureia 1,25 a 1,50 (*) IV
SC L/ha
Fonte: Brasil (2003).
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 65

De maneira geral, a aplicação de herbicidas às culturas deve ser


feita levando em consideração o estádio da cultura e das plantas
invasoras na área cultivada. Assim, o controle das plantas invasoras
pode ser feito com aplicações de herbicida realizadas em pré-se-
meadura, pré-emergência, pós-emergência e jato dirigido.

Na aplicação, devem-se verificar as condições climáticas (tempera-


tura do ar, umidade relativa do ar, vento e possibilidade de chuva),
bem como as condições do solo ou das plantas. Para a aplicação
de herbicidas pré-emergentes, verificar as condições de umidade
do solo. Nas aplicações em pós-emergência, verificar as condições
em que se encontram as plantas invasoras, evitando-se aplicar os
herbicidas em condições de estresse das plantas. Verificar a per-
sistência média no solo dos herbicidas selecionados nas culturas
antecessoras, pois podem tornar-se fitotóxicos para a cultura do
milho-verde em sucessão.

Levar em consideração, na escolha de um herbicida para o controle


de plantas invasoras, o intervalo de segurança, que é o intervalo
mínimo entre a aplicação do herbicida e a colheita do milho-verde.

Ao usar herbicida para controlar as plantas invasoras na cultura do


milho, principalmente no caso de milho irrigado, o produtor deve
lembrar-se dos seguintes objetivos gerais do manejo integrado de
plantas invasoras:

1) evitar perdas devido à interferência;

2) beneficiar as condições de colheita;

3) evitar o aumento da infestação;

4) evitar a contaminação do meio ambiente.


66 DOCUMENTOS 6 e 264

Aplicação de herbicida em pré-semeadura

No controle em pré-semeadura, devem ser utilizados herbicidas sistêmi-


cos. A aplicação é realizada visa eliminar as plantas invasoras antes da
semeadura da cultura. É necessário sempre considerar o período entre
a aplicação do herbicida e a semeadura das sementes. Esse período
varia de acordo com a cobertura vegetal antecessora, com a textura do
solo, com as condições ambientais e com as características do herbici-
da e a dose a ser utilizada.

Nas aplicações de pré-semeadura, podem-se utilizar, em determinadas


situações, herbicidas dessecantes associados a outros com residuais.
Essa prática pode ser vantajosa, uma vez que, numa única operação,
fazem-se a dessecação da cultura de inverno e também a aplicação
do herbicida residual ou pré-emergente, que terá o papel de manter a
cultura de verão no limpo durante parte do seu ciclo (Embrapa Milho e
Sorgo, 2014).

Nos experimentos executados em Arari, MA, com a cultura do milho-verde


em sucessão à cultura do arroz, a aplicação de herbicida foi adotada com
a finalidade de dessecar a palhada de arroz e espécies invasoras para ser
utilizadas como cobertura morta e controle da emergência de novas plantas
invasoras na área cultivada (Figura 1).
Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa

Figura 1. Cobertura morta com palhada de arroz feita com uso de herbicida no culti-
vo de milho-verde em irrigação por gotejamento e por sulco.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 67

Aplicação de herbicida em pré-emergência


Na prática do controle em pré-emergência, os herbicidas são aplicados após
a semeadura do milho, e a grande maioria dos herbicidas usados pertence
aos grupos químicos das triazinas e das amidas, cujas características têm
atuação sobre o controle de plantas dicotiledôneas e monocotiledôneas. Os
herbicidas pertencentes a esses dois grupos químicos têm atuação sobre o
controle de várias espécies de plantas invasoras na cultura do milho.

O desempenho de herbicidas aplicados ao solo para o controle de plantas


invasoras em milho não é homogêneo em diferentes ambientes, estando
alguns herbicidas mais sujeitos que outros a esse efeito do ambiente. As
alterações da quantidade de água na interação herbicida-solo-palha nos
primeiros dias após a aplicação dos herbicidas amidas podem ser respon-
sáveis pela maior variação dos efeitos desses herbicidas.

Aplicação de herbicida em pós-emergência


Essa aplicação é realizada quando as plantas invasoras e a cultura se en-
contram emergidas. Alguns herbicidas recomendados para aplicação em
pré-emergência, como as triazinas, também podem ser aplicados em pós
-emergência.

O herbicida aplicado em pós-emergência deve ser adequadamente absorvi-


do pelas plantas invasoras, para que o controle seja eficaz. A eficiência dos
herbicidas aplicados em pós-emergência está condicionada, sobretudo, às
condições climáticas no momento da aplicação e ao estádio de desenvolvi-
mento das plantas invasoras.

Aplicação de herbicida em jato dirigido


A aplicação dirigida de herbicidas pode ser realizada para corrigir falhas de
aplicação ou de funcionamento do herbicida usado e/ou como estratégias
68 DOCUMENTOS 6 e 264

de controle sequencial das plantas invasoras. Na cultura do milho, a apli-


cação de herbicida deve ser feita nas entrelinhas da cultura, quando as
plantas estiverem com cerca de 50 cm a 80 cm de altura, com o cuidado
de o jato atingir apenas a entrelinha da cultura, pois nessa aplicação são
utilizados produtos não seletivos de ação de contato de forma dirigida.

Contudo, se, durante a aplicação dirigida, as folhas mais baixas forem


afetadas pelo jato da solução, ocasionando necrose nessas folhas e al-
guma perda de área foliar verde, as plantas de milho são capazes de re-
cuperar essa perda e ainda alcançar bom rendimento de grãos por meio
do processo de redistribuição de carboidratos acumulados na planta.

No caso da aplicação sequencial, conforme relatado em Embrapa Milho


e Sorgo (2014), essas aplicações de herbicidas possibilitam melhores re-
sultados no controle de plantas invasoras por proporcionarem, por meio
da primeira aplicação, o controle no início do período de competição, ao
passo que a segunda aplicação possibilita o controle das plantas não
afetadas inicialmente e também daquelas que emergiram após a primei-
ra aplicação.

Controle de plantas invasoras na cultura do


milho-verde em Arari, Maranhão
Na região da Baixada Maranhense, a presença de plantas invasoras
nas áreas cultivadas é muito grande e bem diversificada em relação a
espécies, tanto de folha larga quanto de folha estreita. Além disso, com
as condições ambientais com água, luz e fertilizantes nas áreas, o de-
senvolvimento dessas plantas é muito acelerado.

Nos trabalhos com o cultivo de milho-verde irrigado por gotejamento e


por sulco, adotaram-se práticas integradas para o controle de plantas
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 69

invasoras, tais como, cobertura morta com palhada de arroz, desseca-


mento das invasoras com herbicida e capinas manuais com enxada.

Quando foram utilizadas apenas as práticas de cobertura morta com


capinas manuais, foi necessário realizar entre duas e três capinas para
reduzir a interferência das plantas invasoras na cultura do milho-verde.
Já com o dessecamento das invasoras e com a cobertura morta, houve
necessidade de fazer apenas uma capina na sexta semana após o plan-
tio (estádio fenológico V10), antes do início do período de pendoamento
das plantas (Figuras 2 e 3).

Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa


Figura 2. Controle de plantas invasoras com dessecamento e cobertura morta no
milho-verde irrigado por gotejamento, Arari, MA, 2015.
Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa

Figura 3. Controle de plantas invasoras com dessecamento e cobertura morta no


milho-verde irrigado por sulco, Arari, MA, 2015.
70 DOCUMENTOS 6 e 264

Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Coordenação Geral de Agro-
tóxicos. AGROFIT: sistema de agrotóxicos fitossanitários. Brasília, DF, 2003. Disponível em:
<http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/ principal_agrofit_cons>. Acesso em: 08 jan. 2018.

CARDOSO, M. J.; BASTOS, E. A. Plantas daninhas. In: CARDOSO, M. J.; ATHAYDE SO-
BRINHO, C. (ed.). Milho no Meio-Norte do Brasil: estratégias básicas do manejo. Teresina:
Embrapa Meio-Norte, 2007. p. 149-162.

EMBRAPA MILHO E SORGO. Panorama fitossanitário cultura do milho: manejo e contro-


le de plantas daninhas em milho. Sete Lagoas, MG, 2014. Disponível em: <http://panorama.
cnpms.embrapa.br/copy_of_plantas-daninhas>. Acesso em: 25 abr. 2018.

KARAM, D.; MELHORANÇA, A. L.; OLIVEIRA, M. F. de; SILVA, J. A. A. Plantas daninhas.


In: CRUZ, J. C. (ed.). Cultivo do milho. 6. ed. Sete Lagoas, MG: Embrapa Milho e Sorgo,
2010. (Embrapa Milho e Sorgo. Sistema de produção, 2). Disponível em: <https://ainfo.cnptia.
embrapa.br/digital/bitstream/ item/27041/1/Plantas-daninhas.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2012.

SILVA, A. A.; VARGAS, L.; FERREIRA, E. A. Herbicidas: resistência de Plantas. In: SILVA, A. A.
da; SILVA, J. F. da (ed.). Tópicos em manejo de plantas daninhas. Viçosa, MG: UFV, 2007.
Cap. 7, p. 279-324.
Pragas: Identificação, manejo e controle

Paulo Henrique Soares da Silva


Rosa Lúcia Rocha Duarte
Valdemício Ferreira de Sousa

Entre os componentes de rendimento do milho-verde, a população final de


plantas por área é o item de maior importância. Dessa forma, no período
inicial de estabelecimento da cultura, a maior preocupação deve ser a pre-
servação do stand de plantas ideal para a lavoura. Uma das maiores cau-
sas de perda de plantas durante o estabelecimento é o ataque de pragas
subterrâneas ou aéreas. Assim, a atenção do agricultor deve ser reforçada
para, na época certa, identificar a ocorrência das pragas e fazer o devido
manejo e controle de maneira eficiente.

É importante destacar que, em uma lavoura qualquer, naturalmente, a ocor-


rência de insetos e/ou pragas nas plantas se dá numa determinada época
do ciclo, cujo estádio fenológico está produzindo seu alimento ideal. No
caso da cultura do milho, existem as pragas específicas que têm ocorrência
em cada fase do ciclo fenológico da planta. O conhecimento dessa relação
inseto/planta é importante, pois ajuda muito o produtor ou técnico no mo-
mento de fazer as vistorias de acompanhamento de campo para identificar
o nível populacional de uma praga para fins de monitoramento, manejo e/ou
controle em cada fase fenológica.

Na cultura do milho, podem-se encontrar as pragas que atacam na fase ini-


cial, cuja maioria tem hábito subterrâneo no solo (atacam as sementes, as
raízes e o colo das plantas). Posteriormente, vêm as pragas que atacam a
parte aérea, como as folhas, o colmo, o pendão e as espigas.

De acordo com Pereira Filho et al. (2011), basicamente as pragas que ata-
cam a cultura do milho-verde são as mesmas que atacam o milho comum.
72 DOCUMENTOS 6 e 264

No entanto, pelos danos que causam diretamente às espigas, cuidados


especiais devem merecer a lagarta-do-cartucho [Spodoptera frugiperda (J.
E. Smith)] e a lagarta-da-espiga [Helicoverpa zea (Bod.)].

Para o milho-verde, embora haja destaque para a lagarta-do-cartucho e


lagarta-da-espiga, é importante e necessário conhecer as outras pragas
que podem causar danos à cultura nas diversas fases do ciclo fenológi-
co das plantas, especialmente aquelas que ocorrem na região da Baixada
Maranhense. Na Tabela 1, estão relacionadas as principais pragas de im-
portância econômica para a cultura do milho-verde, divididas nos grupos de
pragas iniciais ou subterrâneas e pragas da parte aérea da planta.

Tabela 1. Relação das principais pragas de importância econômica para a


cultura do milho-verde.

Pragas
Item Parte da planta atacada
Nome comum Nome científico
Pragas iniciais ou subterrâneas
Elasmopalpus
1 Lagarta-elasmo Base do colmo
lignosellus
Sementes, hastes e folhas
2 Lagarta-rosca Agrotis ípsilon
próximas do solo
Larva-alfinete, Diabrotica Raízes e
3
Vaquinha speciosa folhas
Pragas da parte aérea da planta
Lagarta-do- Spodoptera f Folhas, cartucho, pendão e
1
cartucho rugiperda espigas
Curuquerê-dos-
2 Mocis latipes Folhas
capinzais
Lagarta-da-
3 Helicoverpa zea Colmo e espiga
espiga
Percevejo-do- Leptoglossus
4 Espigas
milho zonatus
Fonte: Cruz et al. (1996); Viana et al. (2002); Silva e Athayde Sobrinho (2007).
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 73

Pragas iniciais ou subterrâneas


Lagarta-elasmo: Elasmopalpus lignosellus (Zeller, 1848)
(Lepidoptera: Pyralidae).
De acordo com Zucchi et al. (1993), o adulto da lagarta-elasmo (Figura 1)
mede cerca de 15 mm a 20 mm de envergadura, tem asas anteriores acin-
zentadas, mais escuras nas fêmeas, e a parte central marrom-clara nos
machos; asas posteriores cinza-claras, semitransparentes e palpo labial de-
senvolvido.

As fêmeas põem seus ovos na

Foto: Paulo Henrique S. da Silva


vegetação próxima à lavoura ou
nas próprias plantas. Quando pe-
quenas, as lagartas alimentam-se
raspando o parênquima foliar e,
à medida que crescem, perfuram
um orifício na planta, ao nível do
solo, e constroem uma galeria
ascendente, que vai aumentando
de comprimento e largura com o
crescimento da lagarta e o con- Figura 1. Adulto de E. lignosellus (Zeller).
sumo de alimento. A plantinha de
milho atacada apresenta o sinto- planta, nele permanecendo quando
ma de “coração morto”, ou seja, não está dentro da galeria. São muito
o murchamento e o secamento ágeis, e quando tocadas, pulam in-
das folhas apicais. Essas, quan- cessantemente por alguns segundos,
do puxadas para cima, saem fa- cujo comportamento é uma forma de
cilmente da planta. O sintoma de livrar-se dos inimigos naturais.
murchamento, com o passar do
tempo, atinge toda a planta, que Completamente desenvolvida, a la-
posteriormente seca. Assim que garta (Figura 2) mede 15 mm de com-
ataca a planta, a lagarta constrói primento, de coloração cinza-azulada
um abrigo de teia e grãos de areia com faixas difusas, transversais aver-
próximo ao orifício de entrada na melhadas (Zucchi et al., 1993).
74 DOCUMENTOS 6 e 264
Foto: Paulo Henrique S. da Silva

Figura 2. Lagarta e danos de E. lignosellus (Zeller).

O ataque de E. lignosellus na cultura do milho ocorre normalmente em


épocas de veranico e, principalmente, em solos de cerrados ou muito
arenosos. Em condições irrigadas, a cultura é menos atacada. As plan-
tas são sensíveis ao ataque até os 15 dias após a germinação, quando
então o colmo fica mais lenhoso, dificultando a penetração das lagartas.
Portanto, até os 15 dias após a germinação, deve-se manter vigilância
constante, pois cada planta atacada é uma planta morta, atingindo a
população de plantas/ha e consequentemente a produção.

O uso de inseticidas para tratamento de sementes e a aplicação nos


sulcos de plantio protegem as plantas após a germinação entretan-
to, não se recomenda o controle preventivo dessa praga, pois se as
condições climáticas forem favoráveis à cultura (sem veranico), dificil-
mente a população desse inseto chegará ao nível de dano econômico.
Contudo, se durante a condução da cultura ocorrer um ataque severo,
recomenda-se uma pulverização com inseticida registrado no Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura e praga
(Tabela 2), dirigindo-se o jato para o colo da planta e para o solo em
volta da planta.
Tabela 2. Inseticidas químicos registrados no MAPA para controle da lagarta elasmo Elasmopalpus lignosellus
na cultura do milho.
Marca Ingrediente Grupo químico Dose Carência Classe
comercial ativo (dias) toxicológica

Adage 350 FS Tiametoxam Neonicotinoide 80 ml/60.000 (*) IV


sementes
Adage 700 WS Tiametoxam Neonicotinoide 300 g/100 kg de (*) III
sementes
Amulet Fipronil Pirazol 50-200 ml/ (*) II
100g de sementes
Avicta 500 FS Abamectina Avermectina 50-70 ml/ (*) I
60.000 sementes
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Belure Fipronil Pirazol 50-200 ml/ (*) II


quantidade
sementes/ha
Clorpirifós Fersol Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 II
480 EC
Clorpirifós Sabero Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 I
480 EC
Cropstar Imidacloprido + Neonicotinoide + 0,3-0,35 L/ (*) II
Tiodicarbe Metilcarbamato de 60.000 sementes
oxima
Cruiser 350 FS Tiametoxan Neonicotinoide 120 ml/60.000 (*) IV
Sementes
75

Continua...
76
Tabela 1. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo químico Dose Carência Classe
comercial ativo (dias) toxicológica
Cruiser 600 FS Tiametoxan Neonicotinoide 230-350 ml/100 kg (*) IV
de sementes
Cruiser 700 WS Tiametoxan Neonicotinoide 300 g/100 kg (*) III
de sementes
Dermacor Clorantranili- Antranilamida 48 ml/60.000 (*) IV
prole sementes
Fenix Carbosulfano Metilcarbamato de 2,4-2,8 L/100 kg de (*) II
Benzofuranila sementes
Fipronil Nortox Fipronil Pirazol 150-200 ml/100 kg (*) II
de sementes
Fipronil Nortox TS Fipronil Pirazol 50-200 ml/100 kg (*) II
de sementes
Fortenza 600 FS Ciantraniliprole Antranilamida 350 ml/100 kg (*) II
de sementes
Futur 300 Tiodicarbe Metilcarbamato de 2 L/100 kg de (*) I
oxima sementes
LLorsban 480BR Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 I
Maestro Fipronil Pirazol 80-100 ml/ quanti- (*) III
dade semente/ha
Pontiac 350 SC Tiodicarbe Metilcarbamato de 2 L/100 kg de se- (*) I
oxima mentes
DOCUMENTOS 6 e 264

Continua...
Tabela 1. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo químico Dose Carência Classe
comercial ativo (dias) toxicológica
Saddler 350 SC Tiodicarbe Metilcarbamato de 2 L/100 kg de (*) I
oxima sementes
Semevin 350 Tiodicarbe Metilcarbamato 2 L/100 kg de (*) I
de oxima sementes
Shelter Fipronil Pirazol 50-200 ml/quanti- (*) II
dade semente/ha
Source Fipronil Pirazol 50-200 ml/quanti- (*) II
dade semente/ha
Standak Fipronil Pirazol 50-200 ml/quanti- (*) II
dade semente/ha
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Standak Top Fipronil+ Pirazol+ 100-200 ml/quanti- (*) II


Piraclostrobina+ Estrobilurina+ dade semente/ha
Tiofanato-etílico Benzimidazol
Thiodi Tiodicarbe Metilcarbamato 2 L/100 kg de (*) I
de oxima sementes
Thiodi 350 FS Tiodicarbe Metilcarbamato 2 L/100 kg de (*) I
de oxima sementes
Vexter Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 II

(*) Não determinado (tratamento de sementes).


Fonte: Brasil (2003).
77
78 DOCUMENTOS 6 e 264

Lagarta-rosca: Agrotis ipsilon (Hufnagel,1767) (Lepidoptera:


Noctuidae)
A lagarta-rosca é uma praga que ataca na região do colo da planta seccio-
nando-a. Durante o dia, enterra-se próximo da planta e à noite sai para se
alimentar e atacar outras plantas. Quando totalmente seccionadas, as plan-
tas tombam e murcham rapidamente. As plantas mais desenvolvidas, quan-
do atingidas, reagem, mas não produzem como as que não foram atacadas.
Normalmente, o ataque ocorre até os 30 dias após a emergência. Após
esse período, o colmo mais lenhoso oferece resistência à ação da praga.

A lagarta de A. ipsilon (Figura 3), de acordo com Zucchi et al. (1993), mede
em torno de 45 mm, apresenta coloração marrom-acinzentada, robusta,
com tubérculos pretos em cada segmento e cabeça lisa de coloração mar-
rom-clara. O adulto é uma mariposa, que, segundo os mesmos autores,
mede 40 mm de envergadura, apresenta asa anterior de coloração marrom
e posterior branca hialina com o bordo lateral acinzentado.

O tratamento das sementes


Foto: Nakano (1983)

para o plantio é uma medida


preventiva de controle da lagar-
ta-rosca. Após a cultura instala-
da, caso exista um ataque que
mereça uma medida de contro-
le, aconselha-se uma pulveri-
zação com inseticida registrado
no MAPA para a cultura a praga
(Tabela 3), dirigindo-se o jato
para o colo da planta e para o
solo em volta da planta.
Figura 3. Lagarta de A. ipsilon (Hufnagel).
Tabela 3. Inseticidas químicos registrados no MAPA para controle da lagarta-rosca Agrotis ipsilon na cultura
do milho.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Capataz BR Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 I
Clorpirifós Fersol 480 EC Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 II
Clorpirifós Sabero 480 EC Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 I
Couter 150 G Terbufós Organofosforado 13 kg/ha (*) I
Dermacor Clorantraniliprole Antranilamida 48 ml/60.000 (**) IV
sementes
Fortenza 600 FS Ciantraniliprole Antranilamida 350 ml/100 kg (**) I
de sementes
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Galgociper Cipermetrina Piretroide 60 ml/ha 30 I


Galgotrin Cipermetrina Piretroide 60 ml/ha 30 I
Karate Zeon 250 CS Lambda-cialotrina Piretroide 100 ml/ha 15 III
Karate Zeon 50 CS Lambda-cialotrina Piretroide 500-600 ml/ha 15 III
Lecar Lambda-cialotrina Piretroide 500-600 ml/ha 15 III
Lorsban 480 BR Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 I
Pounce 384 EC Permetrina Piretroide 100-130 ml/ha 45 III
Vexter Clorpirifós Organofosforado 1 L/ha 21 II
(*) Não determinado (tratamento de solo); (**) Não determinado (tratamento de sementes).
FONTE: Brasil (2003).
79
80 DOCUMENTOS 6 e 264

Larva-alfinete, vaquinha, brasileirinho: Diabrotica speciosa


(Germar, 1824) (Coleoptera: Chrysomelidae)
Os adultos são besouros arredondados de coloração verde, com seis man-
chas amarelas arredondadas no dorso (três em cada élitro), medindo cerca
de 6 mm de comprimento e 4 mm de largura (Figura 4). As fêmeas põem cer-
ca de 420 ovos, de coloração branco-amarelados, isoladamente no solo ou
na planta. Após cerca de 7 dias, as larvas eclodem e passam a alimentar-se
das raízes, podendo atingir 10 mm de comprimento, quando completamente
desenvolvidas. São brancas com a cabeça marrom, corpo alongado e placa
quintinizada escura no último seguimento abdominal (Zucchi et al., 1993).

O ataque das larvas desse inseto


Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

diminui o número de raízes das


plantas de milho e pode ser confun-
dido com os danos de outros inse-
tos subterrâneos, como os cupins.
Entretanto, ao analisar as plantas
no campo, deve-se observar tam-
bém o solo próximo às raízes para
verificar a presença de larvas.

Os adultos alimentam-se das fo- Figura 4. Adulto de D. speciosa (Germar).


lhas, principalmente as mais no-
vas, que ainda se encontram no cartucho da planta. Esse dano é considerado
de relevância, porque as folhas novas têm maior atividade fotossintética.

A ocorrência desse inseto como praga de raízes em milho é muito esporádica,


entretanto é uma praga em potencial, podendo a qualquer momento atingir
níveis de danos econômicos. O tratamento das sementes protege as plantas
contra as larvas de vaquinha. Na Tabela 4, encontram-se listados os insetici-
das registrados no MAPA para controle da larva-alfinete na cultura do milho.

O controle dos adultos pode ser feito com pulverizações de inseticidas nas
folhas, com o jato dirigido para o cartucho, onde se encontram as folhas mais
novas e preferidas pela praga.
Tabela 4. Inseticidas químicos registrados no MAPA para controle da larva-arame Diabrotica speciosa na cultura do milho.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Astro Clorpirifós Organofosforado 2,6 L/ha 21 I
Barão Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
Boiadeiro 800 WG Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
Capture 400 EC Bifentrina Piretroide 75 ml/ha (*) II
Comboio Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
Couter 150 G Terbufós Organofosforado 13 kg/ha (*) I
Fipronil Nortox 800 WG Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
Fipronil 80 WG Gharda Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) II
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Fipronova 800 Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) III


Instal 800 WG Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
Marathon 800 WG Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
Regent 800 WG Fipronil Pirazol 200 g/ha (*) I
Sabre Clorpirifós Organofosforado 2,6 L/ha 21 III
Script Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) III
Seizer 100 EC Bifentrina Piretroide 200-300 ml/ha (*) III
Singular BR Fipronil Pirazol 130 ml/ha (*) I
Splendor Fipronil Pirazol 100 g/ha (*) I
(*) Não determinado (Tratamento de solo).
Fonte: Brasil (2003).
81
82 DOCUMENTOS 6 e 264

Pragas da parte aérea da planta


Lagarta-do-cartucho: Spodoptera frugiperda
(J. E. Smith, 1797)
A lagarta-do-cartucho é a principal praga da cultura do milho. Ocorre em
qualquer época em que a planta é cultivada e seu ataque inicia-se logo nos
primeiros dias após a emergência das plantas, período em que as plantas
são muito sensíveis ao desfolhamento (Silva, 1995).

Os adultos são mariposas de aproximadamente 30 mm a 35 mm de enver-


gadura, com asas anteriores de coloração marrom-acinzentada. Os machos
têm manchas visíveis no ápice, enquanto nas fêmeas são quase impercep-
tíveis (Figura 5). Em ambos os sexos, as asas posteriores são esbranquiça-
das e hialinas.

Uma fêmea põe cerca de 2 mil ovos, aproximadamente 200 por postura, os
quais são colocados em massas recobertas por pelos da própria mariposa,
próximo às culturas ou sobre a própria planta (Figura 6).
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Figura 5. Adultos de S. frugiperda (J. E. Figura 6. Postura de S. frugiperda (J. E.


Smith): fêmea à esquerda e macho à direita. Smith) sobre folha de milho.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 83

Após 3 dias, aproximadamente, eclodem as lagartas que, a princípio, ras-


pam o parênquima foliar ao redor da postura, espalham-se e iniciam a ras-
pagem do limbo das folhas novas (Figura 7); posteriormente, migram para o
cartucho da planta, estabelecendo-se por todo o resto do estado larval que
dura cerca de 20 dias (Figura 8). Nesse período, uma única lagarta conso-
me cerca de 180 cm2 de folha (Resende et al., 1994).

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva


Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Figura 7. Folha de milho apresentando Figura 8. Cartucho da planta de milho


limbo raspado devido à alimentação por atacado por S. frugiperda (J. E. Smith).
lagartas de S. frugiperda (J. E. Smith)
recém-eclodidas.

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

A lagarta completamente desenvol-


vida mede cerca de 35 mm de com-
primento (Figura 9), tem corpo cilín-
drico de coloração marrom-acinzen-
tada no dorso e esverdeada na parte
ventral e subventral, apresentando
nesta última parte manchas de colo-
ração marrom-avermelhada.

Figura 9. Lagarta de S. frugiperda (J. E. Smi-


th) em seu total desenvolvimento.
84 DOCUMENTOS 6 e 264

Em uma planta de milho, normalmente se encontra apenas uma lagarta de


S. frugiperda por cartucho. Entretanto dados de Carvalho (1970) mostra-
ram que em um mesmo cartucho pode-se encontrar mais de uma lagarta,
e apenas uma com comprimento superior a 30 mm. Isso se verifica devido
à competição das lagartas por espaço, tornando-as canibais à medida que
aumentam de tamanho.

Trabalho desenvolvido por Silva (1995) relatou que o período mais crítico
ao ataque da lagarta-do-cartucho ocorre entre a emissão da quarta e oitava
folhas, quando os danos podem atingir até 45,6%. Após a emissão da 12ª
folha, os danos são insignificantes, não requerendo medidas de controle.
Nessa época, o milho encontra-se próximo ao pendoamento e logo após a
emissão do pendão, a lagarta fica exposta, passando então a atacar outras
partes da planta, como as espigas, alimentando-se dos estigmas (cabelos)
(Figura 10) ou penetrando nelas (Figura 11), à semelhança da lagarta-das-
espigas Helicoverpa zea (Bod.). Algumas vezes, já em estado avançado
de desenvolvimento, vão para o solo para empupamento ou se alojam em
vegetação vizinha à cultura. Pode acontecer também de as lagartas ataca-
rem o pendão (Figura 12), alimentando-se das partes mais tenras; nesse
caso, os danos não significam perdas na produção, não requerendo assim
medidas de controle.
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Figura 10. Estigma (cabelo) da espiga Figura 11. Lagarta de S. frugiperda (J.
de milho atacado por lagarta de S. frugi- E. Smith) atacando a ponta da espiga de
perda (J. E. Smith). milho.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 85

Outro comportamento de S.

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva


frugiperda é seccionar as plan-
tas ainda novas (fase de 2 a 4
folhas) na região do colo, pro-
vocando o tombamento (Figura
13) à semelhança do ataque da
lagarta rosca A. ipsilon.

O controle mais indicado para


essa praga é o biológico, por
meio da aplicação do Baculovi-
rus spodoptera. Esse inseticida
biológico é produzido a partir de Figura 12. Pendão de milho atacado por la-
lagartas infectadas pelo vírus. garta de S. frugiperda (J. E. Smith).
Conforme recomendações de
Valicente e Cruz (1991), a apli-

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva


cação do baculovíirus pode ser
feita a partir de lagartas infecta-
das, maceradas em água, ou do
vírus formulado em pó molhável.
Outro produto biológico tam-
bém recomendado é o Bacillus
thuringiensis. Esses bioinsetici-
das são mais eficientes, quando
aplicados nas lagartas ainda pe-
quenas, no máximo com 1,5 cm
de comprimento, ou quando as
Figura 13. Planta de milho seccionada
plantas estão com os sintomas na região do colo por S. frugiperda (J.
de folhas raspadas (Figura 7). E. Smith).
Na Tabela 5, encontram-se os inseticidas químicos registrados no MAPA para controle de S. frugiperda em milho e
86

na Tabela 6 os produtos de origem biológica e naturais também registrados no MAPA para o controle dessa praga.

Tabela 5. Inseticidas químicos registrados no MAPA para controle da lagarta-do-cartucho Spodoptera frugiperda
na cultura do milho.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Akito Beta-Cipermetrina Piretroide 75-100 ml/ha 14 I
Alea Espinosade Espinosinas 37,5-100 7 III
ml/ha
Alsystin SC Triflumuron Benzoiluréia 50 ml/ha 28 IV
Alsystin WP Triflumuron Benzoiluréia 100 g/ha 28 II
Alsystin 250 WP Triflumuron Benzoiluréia 100 g/ha 28 IV
Alverde Metaflimizona Semicarbazone 800-1000 ml/ha 14 I
Ametista Bifetrina + Piretroide 200 20 I
Cipermetrina ml/ha
Ampligo Clorantraniliprole+ Antranilamida+ 75-150 15 II
Lambda-cialotrina Piretroide ml/ha
Antrimo Teflubenzurom Benzoiluréia 50-100 ml/ha 45 IV
Arrivo 200 EC Cipermetrina Piretroide 50-80 ml/ha 30 III
Astro Clorpirifós Organofosforado 0,3-0,5 L/ha 21 I
Atabron 50 EC Clorfluazuron Benzoiluréia 0,15-0,3 L/ha 21 I
DOCUMENTOS 6 e 264

Continua...
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Avatar Indoxacarbe Oxadiazina 300-400 ml/ha 30 III
Avaunt 150 Indoxacarbe Oxadiazina 250-400 ml/ha 30 II
Bazuka 216 SL Metanol+ Álcool alifático+ 595 ml/ha 14 I
Metomil Metilcarbamato de
oxima
Belt Flubendiamida Diamida do ácido flático 100-150 ml/ha 20 III
Bold Acetatamiprido+ Neonicotinóide+ 400-500 ml/ha 7 II
Fenpropatrina Piretroide
Brasão Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 II
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Brilhante BR Metomil Metilcarbamato 600 ml/ha 14 I


de oxima
Brit BR Cipermetrina Piretróide 50-60 ml/ha 30 III
Brutus Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 II
Bulldock 125 SC Beta-ciflutrina Piretroide 40 ml/ha 20 II
Capataz BR Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Captor Tiodicarbe Metilcarbamato de 1-1,5 L/ha 30 I
oxima
Catcher 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Certero Triflumuron Benzoiluréia 50-100 ml/ha 28 II
87

Continua...
88
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Chiave Sup Metomil Metilcarbamato de 0,6 L/ha 14 I
oxima
Chiave 215 SL Metomil Metilcarbamato de 0,6 L/ha 14 I
oxima
Chlorsab 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Ciclone Cromafenozida Diacihidrazina 500 ml/ha 7 III
Ciclone 48 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Cipermetrina Cipermetrina Piretroide 40-65 ml/ha 30 I
Nortox 250 EC
Cipermetrina Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 I
200 EC
Cipermetrina Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 III
EC CCAB
Clorpirifós Fersol Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 II
480 EC
Clorpirifós Poland Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
480 EC
Clorpirifós Sabero Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
480 EC
Clorpirifós 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 II
Milenia
DOCUMENTOS 6 e 264

Continua...
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Commanche 200 Cipermetrina Piretroide 50-80 ml/ha 30 III
EC
Connect Beta-ciflutrina+ Piretroide + 700-1000 30 II
Imidacloprido Neonicotinóide ml/ha
Copa Diflubenzuron Benzoiluréia 100 g/ha 60 III
Coragem Clorantraniliprole Antranilamida 100-125 ml/ha 14 IV
Cropstar Imidacloprido+ Neonicotinóide+ 0,30-0,35 L Não II
Tiodicarb Metilcarbamato 60.000 determinada
de oxima sementes
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Curinga Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I


Cyman Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 III
Cyper Copa 250 Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 III
EC
Cyptrin Prime Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 III
Cyptrin 250 CE Cipermetrina Piretroide 50-60 ml/ha 30 I
Danimen 300 EC Fenpropatrina Piretroide 70-100 ml/ha 7 I
Decis Ultra 100 EC Deltametrina Piretroide 40-50 ml/ha 1 I
Decis 25 EC Deltametrina Piretroide 200ml/ha 1 I
Continua...
89
90
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Dermacor Clorantraniliprole Antranilamida 48-72 ml 60.000 Não IV
sementes determinada
Diflubenzuron Diflubenzuron Benzoiluréia 100 ml/ha 60 IV
240SC Crop
Diflubenzuron 240 Diflubenzuron Benzoiluréia 100 ml/ha 60 III
SC Helm
Difluchem 240 SC Diflubenzuron Benzoiluréia 100 ml/ha 60 III
Diflucrop Diflubenzuron Benzoiluréia 100 g/ha 60 I
Diflumax 240 SC Diflubenzuron Benzoiluréia 100 ml/ha 60 IV
Dimilin Diflubenzuron Benzoiluréia 100 g/ha 60 I
Dimilin 80 WG Diflubenzuron Benzoiluréia 30 g/ha 60 III
Du Dim 80 WG Diflubenzuron Benzoiluréia 30 g/ha 60 III
Du Dim Diflubenzuron Benzoiluréia 100 g/ha 60 I
Ducat Beta-ciflutrina Piretroide 100 ml/ha 20 II
Durivo Clorantraniliprole+ Antranilamida+ 200-400 Não III
Tiametoxam Neonicotinóide ml/ha determinado
Eforia Lambda-cialotrina Piretroide + 200-250 40 III
+ Tiametoxam Neonicotinóide ml/ha
Continua...
DOCUMENTOS 6 e 264
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Engeo Pleno Lambda-cialotrina Piretroide + 200-250 40 III
+ Tiametoxam Neonicotinóide ml/ha
Exalt Espinetoran Espinosinas 50-100 ml/ha 7 III
Êxito 215 SL Metomil Metilcarbamato de 0,6 L/ha 14 I
oxima
Extreme Metomil Metilcarbamato de 0,6 L/ha 14 I
oxima
Fastac 100 SC Alfa-cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 21 III
Fentrol Gama-cialotrina Piretroide 60 ml/ha 15 III
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Fortenza 600 FS Ciantraniliprole Antranilamida 175-250 ml/100 Não I


kg sementes determinado
Full Beta-ciflutrina Piretroide 100 ml/ha 20 II
Fury 180 EW Zeta-cipermetrina Piretroide 40 ml/ha 20 II
Fury 200 EW Zeta-cipermetrina Piretroide 80-100 ml/ha 20 III
Fury 400 EC Zeta-cipermetrina Piretroide 50-80 ml/ha 20 I
Futur 300 Tiodicarbe Metilcarbamato de 2 L/100 kg Não I
oxima sementes determinado
Galgociper Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 I
Galgotrin Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 I
91

Continua...
Tabela 5. Continuação.
92

Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe


comercial ativo químico (dias) toxicológica
Gallaxy 100 EC Novalurom Benzoiluréia 150 ml/ha 83 I
Game Lufenuron Benzoiluréia 300 ml/ha 35 II

Hero Bifentrina + Piretroide 200 ml/ha 20 I


Zeta-cipermetrina
Herold SC Diflubenzuron Benzoiluréia 100 ml/ha 60 IV
Impessive 250 WP Diflubenzuron Benzoiluréia 100 g/ha 60 I
Imunit Alfa-cipermetrina+ Alfa-cipermetrina+ 150-170 ml/ha 45 III
Teflubenzurom Benzoiluréia
Intrepid 240 SC Metoxifenozida Diacilhidrazina 150-180 ml/ha 7 III
Ishipron Clorfluazurom Benzoiluréia 0,15-0,30 L/ha 14 I
Jackpot 50 EC Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 I
Jambtrin 120 EC Lambda-cialotrina Piretroide 62,5 ml/ha 15 I
Judoka Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 II
kadma Metomil Metilcarbamato de 0,6 L/ha 14 I
oxima
Kaiso Sorbie Lambda-cialotrina Piretroide 30 ml/ha 15 I
Kaiso Sorbie BR Lambda-cialotrina Piretroide 30-50 g/ha 15 I
DOCUMENTOS 6 e 264

Kaiso 250 CS Lambda-cialotrina Piretroide 30 ml/ha 15 II


Continua...
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Kalontra Teflubenzurom Benzoiluréia 50-100 ml/ha 45 IV
Karate Zeon 250 Lambda-cialotrina Piretroide 30 ml/ha 15 III
CS
Karate Zeon 50 CS Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 III
Keshet 25 EC Deltametrina Piretroide 200 ml/ha 1 I
Klorpan 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Lambda Cialotrina Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 II
CCAB 50 EC
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Lannate BR Metomil Metilcarbamato de 0,4 L/ha 14 I


oxima
Larvin Tiodicarb Metilcarbamato de 100-150 g/ha 30 I
oxima
Larvin 800 WG Tiodicarb Metilcarbamato de 0,1-0,15 kg/ha 30 I
oxima
Lecar Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 III
Lobster 50 EC Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 I
Login Diflubenzuron Benzoiluréia 100 ml/ha 60 I
Lorsban 480 BR Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Majesty Metomil Metilcarbamato de 0,4 L/ha 14 I
93

oxima
Continua...
94
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Match EC Lufenurom Benzoiluréia 300 ml/ha 35 IV
Matric Cromafenozida Diacilhidrazina 300 ml/ha 7 III
Meothrin 300 Fenpropatrina Piretroide 75-150 ml/ha 7 I
Methomex 215 Sl Metomil Metilcarbamato de 600 ml/ha 14 I
oxima
Mimic 240 SC Tebufenozida Diacilhidrazina 300 ml/ha 60 IV
Mirza 480 SC Triflumurom Benzoiluréia 50-100 ml/ha 28 III
Mustang 350 EC Zeta-cipermetrina Piretroide 80-200 ml/ha 20 II
Nexide Gama-cialotrina Piretroide 25 ml/ha 15 III
Nomolt 150 Teflubenzurom Benzoiluréia 50-100 ml/ha 45 IV
Notório Lambda-cialotrina Piretroide 30 ml/ha 15 II
Nufos 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Optix Beta-cipermetrina Piretroide 75-100 ml/ha 14 I
Oregon Novalurom Benzoiluréia 150 ml/ha 83 I
Permetrina CCAB Permetrina Piretroide 65 ml/ha 45 I
384 EC
Permetrina Fersol Permetrina Piretroide 65 ml/ha 45 I
384 EC
DOCUMENTOS 6 e 264

Continua...
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Permetrina 384 Permetrina Piretroide 65 ml/ha 45 I
EC DVA
Pingbr Permetrina Piretroide 65 ml/ha 45 III
Pirate Clorfenapir Análogo de pirazol 0,50-0,75 L/ha 45 III
Pitcher 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Platinum Neo Lambda-cialotrina Piretroide + 200-250 40 III
+Tiametoxam Neonicotinóide ml/ha
Polytrin Cpermetrina+ Piretroide + 0,25-0,40 30 III
Profenofós Organofosforado L/ha
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Polytrin 400/40 CE Cpermetrina+ Piretroide + 0,25-0,40 L/ha 30 III


Profenofós Organofosforado
Pontiac 350 SC Tiodicarb Metilcarbamato de 2 L/100 kg Não I
oxima sementes determinado
Ponto Novalurom Benzoiluréia 150ml/ha 83 I
Pounce 384 EC Permetrina Piretroide 65ml/ha 45 III
Predom 800 WG Tiodicarb Metilcarbamato de 100-150 g/ha 30 I
oxima
Premio Clorantraniliprole Antranilamida 100-125 ml/ha 14 IV
Produtivo Tiodicarb Metilcarbamato de 100-150 g/ha 30 I
oxima
95

Continua...
96
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Pyrinex 480 EC Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/ha 21 I
Record Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 L/há 21 I
Rimon Supra Novalurom Benzoiluréia 150 ml/ha 83 III
Rimon 100 SC Novalurom Benzoiluréia 150 ml/ha 83 I
Rotashock Metanos+Metomil Álcoo alifático+ 595 ml/ha 14 I
Metilcarbamato de
oxima
Sabre Clorpirifós Organofosforado 0,3-0,5 L/ha 21 I
Saddler 350 SC Tiodicarbe Metilcarbamato de 2 L/100 kg Não I
oxima sementes determinado
Safety Etofenproxi Éter difennílico 70-100 ml/ha 3 III
Semevin 350 Tiodicarbe Metilcarbamato de 2L/100 kg Não I
oxima sementes determinado
Shyper 250 EC Cipermetrina Piretroide 50 ml/ha 30 I
Stallion 150 CS Gama-cialotrina Piretroide 25 ml/ha 15 III
Stallion 60 CS Gama-cialotrina Piretroide 60 ml/ha 15 III
Sumidan 25 EC Esfenvalerato Piretroide 0,6-0,8 L/ha 21 I
Supermetrina Permetrina Piretroide 50ml/ha 45 I
Agria 500
DOCUMENTOS 6 e 264

Continua...
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Supinpa Tiodicarbe Metilcarbamato de 100-150 g/ha 30 I
oxima
Talcord 250 Permetrina Piretroide 100 ml/ha 45 I
Temible Tiodicarbe Metilcarbamato de 100-150 g/ha 30 I
oxima
Thiodi Tiodicarbe Metilcarbamato de 2L/100kg Não
oxima sementes determinado I
hiodi 350 FS Tiodicarbe Metilcarbamato de 2L/100kg Não I
oxima sementes determinado
Thorm Beta-ciflutrina+ Piretroide + Benzoilu- 85-100 28 III
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Triflumurom réia ml/ha


Tiodicarbe CCAB Tiodicarbe Metilcarbamato de 100-150 g/ha 30 I
800 WG oxima
Toreg 50 EC Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 I
Tracer Spinosade Espinosinas 37,5-100 ml/ha 7 III
Trebon 100 SC Etofenproxi Éter difenílico 0,10-0,14 L/ha 3 III
Trinca Lambda-cialotrina Piretroide 150 ml/ha 15 II
Trinca Caps Lambda-cialotrina Piretroide 30 ml/ha 15 II
Truenza Diflubenzurom Benzoiluréia 100-120 g/ha 60 I
TrulyMax Diflubenzurom Benzoiluréia 100-120 g/ha 60 I
97

Continua...
98
Tabela 5. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Turbo Beta-ciflutrina Piretroide 100 ml/ha 20 II
Upmyl Metomil Metilcarbamato de 0,6 L/ha 14 I
oxima
Valient Metoxifenozida Diacilhidrazina 150-180 7 IV
ml/ha
Verismo Metaflimizona Semicarbazone 800-1000 14 I
ml/ha
Vexter Clorpirifós Organofosforado 0,4-0,6 21 I
L/ha
Voraz Metomil+ Metilcarbamato+ 400-500 83 I
Novalurom Benzoiluréia ml/ha
Wasp 480 SC Triflumurom Benzoiluréia 50-100 28 III
ml/ha
Fonte: Brasil (2003).
DOCUMENTOS 6 e 264
Tabela 6. Inseticidas naturais de origem mineral ou biológica registrados no MAPA para controle da lagarta-do-
cartucho do milho Spodoptera frugiperda.

Marca Ingrediente Grupo Carência Classe


Dose
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Azamax Azadiractina Tetranor- 300-500 Sem III
triterpenóide ml/ha restrições
Bio Acetato de (Z)-11- Acetato Uma Sem IV
Spodoptera hexadecenila+ insaturado armadilha/5 ha restrições
Acetato de (Z)-7-
dodecenila+
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Acetato de (Z)-9-
tetradecenila
Cartuchovit Spodoptera frugiperda Biológico 50 g/ha Sem IV
multiple nucleopolvhe- restrições
drovirus (SfMNPV)
Defend Enxofre Inorgânico 1 kg/ha Sem IV
WDG restrições
Continua...
99
100
Tabela 6. Continuação.
Marca Ingrediente Grupo Carência Classe
Dose
comercial ativo químico (dias) toxicológica
Kumulus DF Enxofre Inorgânico 1 kg/ha Sem III
restrições
Pretiobug Trichogramma Biológico 100.000 Sem Não
pretiosum Parasitoides/ha restrições determinhada
Thuricide Bacillus thuringiensis Biológico 250-600 g/ha Sem IV
restrições
Xentari Bacillus thuringiensis Biológico 500-1.000 g/ha Não II
determinado
Fonte: Brasil (2003).
DOCUMENTOS 6 e 264
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 101

Lagarta-dos-capinzais: Mocis latipes (Guen., 1852)


(Lepidoptera; Noctuidae)
A lagarta-dos-capinzais é uma praga que, em nossas condições, apresen-
ta-se de forma esporádica, entretanto, algumas vezes, seu ataque tem-se
mostrado devastador na cultura do milho.

O adulto dessa espécie é uma mariposa de aproximadamente 35 mm de


envergadura, de coloração pardo-acinzentada com uma faixa transversal
mais escura nas asas anteriores e mais clara nas posteriores (Figura 14).

As lagartas, quando completamente desenvolvidas, podem chegar até cer-


ca de 55 mm de comprimento, com coloração geralmente parda, apresen-
tando ligeiras variações, em geral, para a tonalidade clara. Têm duas faixas
escuras longitudinais limitadas por duas faixas amareladas (Figura 15).
Uma das características da lagarta é sua forma de locomoção, “medindo
palmo”, devido à atrofia dos primeiros pares de falsas pernas. Por conta
disso, em algumas regiões do Brasil, a lagarta recebe o nome vulgar de
lagarta “mede palmo”. Ademais, a lagarta também apresenta uma forma
peculiar de alimentar-se: consome apenas a parte mais tenra da folha,
deixando as nervuras.
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Figura 14. Adulto de M. latipes (Guen.). Figura 15. Lagartas de M. latipes


(Guen.).
102 DOCUMENTOS 6 e 264

Como se trata de uma

Tabela 7. Inseticidas químicos e biológicos registrados no MAPA para controle da lagarta-dos-capinzais Mocis

toxicológica
praga esporádica, é

Classe

IV
necessário ter uma vigilân-

I
I
I
I
cia constante na lavoura,
pois seus ataques, normal-

restrinções
Carência
mente, constituem-se de

(dias)

Sem
um surto populacional mui-

21
21
21
21
to grande. Por outro lado,
convém lembrar que essa

250-600
lagarta tem comportamen-

0,6 L/ha
0,6 L/ha
0,6 L/ha
0,6 L/ha
Dose

g/ha
to diferente de S. frugiper-
da, podendo,, em qualquer
época de desenvolvimen-

Organofosforado
Organofosforado
Organofosforado
Organofosforado
to da planta, inclusive no

Biológico
químico

florescimento, ocorrer um
Grupo

ataque e prejudicar a pro-


dução devido à desfolha. O
uso de produtos biológicos,
como o Bacillus thuringien-
Ingrediente ativo

sis, para o controle das la-


Bacillus Thurin-
‘Clorpirifós
Clorpirifós
Clorpirifós
Clorpirifós

gartas ainda pequenas (até


giensis

1,5 cm de comprimento), é
de fundamental importân-
cia devido às vantagens
inerentes à redução de in-
toxicação ao homem e de
Clorpirifós Sabero 480 EC
latipes na cultura do milho.

Clorpirifós Fersol 480 EC

poluição ao meio ambiente.


Na Tabela 7 encontram-se
Fonte: BRASIL (2003).
comercial
Marca

listados os produtos re-


Lorsban 480 BR

gistrados no MAPA para o


controle de M. latipes na
Thuricide
Vexter

cultura do milho.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 103

Lagarta-das-espigas: Helicoverpa zea (Bod., 1850)


(Lepidoptera; Noctuidae).
Os adultos, segundo Nakano (2011), são mariposas que medem de 30 mm
a 45 mm de envergadura, têm corpo robusto e asas anteriores de coloração
amarelo-parda, com uma faixa transversal mais escura, e na parte central
há uma mancha circular escura. As asas posteriores são mais claras e têm
uma faixa escura nas bordas externas (Figura 16).

As fêmeas, que em 15 dias podem pôr cerca de mil ovos (Zucchi et al.,
1993), fazem suas posturas nos estilos-estigma das espigas (cabelos).
Após 3 a 5 dias, as lagartas eclodem e inicialmente se alimentam dos esti-
los-estigma, quando então passam para dentro das espigas, alimentando-
se dos grãos leitosos (Figura 17). Essas lagartas são de coloração varia-
da, geralmente amarelo pálido, com três estrias longitudinais mais escuras:
uma dorsal e duas dorso-laterais (Figura 17). Quanto mais a lagarta se
aprofunda na espiga, maiores serão os estragos.
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Figura 16. Adultos de H. zea (Bod.) Figura 17. Lagarta de H. zea (Bod.) ata-
cando a ponta da espiga de milho.

Os danos podem ser diretos ou indiretos. Os diretos são representados


pelos grãos consumidos pelas lagartas (Figura 17) e os indiretos são repre-
sentados por aqueles grãos apodrecidos pela ação de fungos e pragas se-
104 DOCUMENTOS 6 e 264

cundárias (Figura 18), que penetram as espigas pelos orifícios (Figura 19)
deixados pelas lagartas após sua saída para empuparem no solo.

Os ataques de lagartas às espigas, normalmente, são atribuídos a H. zea,


entretanto muitas vezes se trata de outros lepidópteros. É comum a ocor-
rência de S. frugiperda atacando espigas (Figura 11) da mesma forma que
H. zea (Figura 17), confundindo muitas vezes produtores e técnicos.

Os danos causados por essas pragas são mais consideráveis, quando o


milho é cultivado para consumo in natura (verde), devido à má aparência
deixada nas espigas (Figuras 17 e 18). Entretanto, quando a cultura se
destina à produção de grãos, esses danos não são considerados de grande
vulto, pois a quantidade de grãos consumidos pelas lagartas é considerada
insignificante. Todavia o somatório dos danos diretos e indiretos deve ser
avaliado pelos técnicos, a fim de se verificar a necessidade de controle. O
único produto registrado no MAPA para o controle de Helicoverpa zea na
cultura do milho é biológico por meio do parasitoide de ovos Trichogramma
pretiosum (Tabela 8).
Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

Figura 18. Espiga atacada por H. zea Figura 19. Espiga de milho apresentando
(Bod.) exibindo grãos atacados por fungos. orifício de saída da lagarta de H. zea (Bod.).
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 105

Tabela 8. Inseticida biológico registrado no MAPA para controle da lagarta


das espigas Helicoverpa zea.

Marca Ingrediente Grupo Dose Carência Classe


comercial ativo químico (dias) toxicológica
Pretiobug Trichogram- Biológico 400.000 Sem Não
ma pretio- Parasitoi- restrições determinha-
sum des/ha da
Fonte: Brasil (2003).

Percevejo-do-milho: Leptoglossus zonatus (Dallas, 1852)


São insetos que medem aproximadamente 20 mm e apresentam coloração
marrom-escura com duas manchas circulares amarelas no pronoto, além de
uma expansão em formato de folha nas tíbias posteriores. Há dimorfismo se-
xual e as fêmeas apresentam-se sempre maiores que os machos, com hemié-
litros que apresentam faixa transversal amarela em zigue-zague (Figura 20).

O ciclo de vida é de aproximadamente 40 dias. As ninfas e os adultos dos


percevejos, ao sugarem as espigas, direcionam seu aparelho bucal aos grãos
de milho em formação, resultando em murcha e apodrecimento das espigas.

Não há inseticidas registrados no


Foto: Paulo Henrique Soares da Silva

MAPA para o controle de Leptoglos-


sus zonatus na cultura do milho. Por-
tanto a aplicação de qualquer produ-
to químico sem registro pode acar-
retar danos à saúde do consumidor
e penalidades ao aplicador. Nesse
caso, recomenda-se a aplicação
de extratos de plantas que tenham
Figura 20. Adulto e ninfas do perce-
atividades inseticidas. vejo Leptoglossus zonatus (Dallas) so-
bre espiga de milho.
106 DOCUMENTOS 6 e 264

Monitoramento, manejo e controle de pragas


Monitoramento de pragas
O monitoramento de pragas antes do plantio, durante e logo após é uma
ferramenta chave para a tomada de decisão em relação às ações de mane-
jo, de tal maneira que aplicações desnecessárias com inseticidas não sejam
realizadas.

Manejo de pragas
Nas práticas de manejo de pragas nas culturas e em especial na cultura do
milho-verde, é importante destacar que nem todo dano causado por inseto
nas plantas é intolerável, podendo a planta se recuperar e produzir normal-
mente. Os insetos só devem ser considerados pragas, quando o ataque
provocar danos e redução da produção final, causando prejuízo econômico
na atividade.

O conhecimento da ocorrência de insetos na cultura, bem como seu nível


de ataque, permite estabelecer uma estratégia de controle do que venha a
ser praga para a cultura. De acordo com Valicente (2015), o Manejo Inte-
grado de Pragas (MIP) pode ser definido como a seleção inteligente e o uso
das ações para o controle de pragas, que irão assegurar consequências
favoráveis, econômica, ecológica e socialmente aceitas. Segundo o autor,
uma das bases do MIP é o monitoramento de insetos que ocorrem na cultu-
ra, definindo o que é praga primária e secundária, e o que é inimigo natural,
frequência de ocorrência e época do ano. Esse reconhecimento é funda-
mental para a tomada de decisão do que aplicar e quando aplicar.

Um dos primeiros passos importantes no MIP é buscar o equilíbrio do sis-


tema agrícola, especialmente visando aumentar a população de insetos
benéficos em número de espécies e número de indivíduos por espécie,
sobretudo na fase inicial do cultivo (Valicente, 2015).
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 107

Uma das formas de se conseguir esse equilíbrio é propiciar, nas proximida-


des da área cultivada com milho, condições para sobrevivência dos agentes
de controle natural.

Numa lavoura de milho-verde, o monitoramento pode ser feito para todos os


insetos durante o ciclo da cultura, desde os insetos que atacam na fase inicial
até a espiga de milho. O monitoramento sempre é feito por meio de amostra-
gens dos insetos na área ou por meio de insetos capturados em armadilhas.
O número de amostragens depende do tamanho da área e do custo. Todavia
existem estádios da cultura mais críticos no que se refere ao ataque de pra-
gas, nos quais estas devem ser vistoriadas.

Dentro das estratégias do MIP, recomenda-se o tratamento de sementes vi-


sando ao controle de pragas subterrâneas e pragas iniciais da cultura do mi-
lho, principalmente nas áreas que apresentam um histórico de ataque dessas
pragas. Também, segundo Valicente (2015), é importante usar inseticidas
químicos seletivos a inimigos naturais, podendo-se recomendar os insetici-
das fisiológicos, que atuam somente sobre a fisiologia do inseto. A aplicação
deve ser feita com o jato dirigido para o cartucho da planta, no caso da lagar-
ta-do-cartucho. Nesse campo do MIP, houve evolução e disponibilização de
novas tecnologias no mercado, como é o caso do controle biológico.

Controle de pragas
As medidas indicadas de controle das pragas que atacam a cultura do mi-
lho-verde. são as seguintes:

1) manejo cultural;

2) rotação e sucessão de culturas;

3) seleção da época de semeadura e de espaçamentos;

4) cultivares resistentes;

5) controle biológico;

6) controle químico.
108 DOCUMENTOS 6 e 264

Controle biológico

Com o objetivo de obter produtos mais saudáveis e, consequentemente,


ambientes mais limpos, têm sido desenvolvidas alternativas para substituir
ou reduzir o uso de produtos químicos na produção agrícola.

O controle biológico e o controle microbiano constituem opções que já po-


dem ser utilizadas. O maior avanço utilizando o controle biológico na cultura
do milho diz respeito a insetos-praga, como a lagarta-do-cartucho e a lagar-
ta-da-espiga. Como exemplo de controle biológico de sucesso e que já é
produzido comercialmente, podem-se destacar: a utilização das vespinhas
adultas (Trichogramma), que são levadas em cartelas ao campo e liberadas
de forma a cobrirem uniformemente a lavoura; e o bem-sucedido controle
biológico com baculovirus no controle da lagarta-do-cartucho.

Controle químico

O controle químico de pragas é atualmente o método mais utilizado tanto


por pequenos quanto por médios e grandes agricultores. Esse método con-
siste em aplicações de produto químico denominado de inseticidas, visando
reduzir a população dos insetos considerados pragas, de maneira a impedir
a transmissão de doenças ou evitar perdas na produtividade da cultura.

O controle químico de pragas na cultura do milho-verde deve ser feito ob-


servando-se o ciclo da cultura, o tipo de praga presente na cultura e o nível
de ataque da praga na cultura. A escolha do inseticida a ser aplicado deve
considerar as especificidades de recomendação para a cultura e praga em
questão, a classe toxicológica, a carência e a dose a aplicar. Assim, após
definir a necessidade de realizar o controle químico da praga na cultura do
milho-verde, recomenda-se usar os produtos (inseticidas) recomendados e
registrados no MAPA, conforme descritos/apresentados nas Tabelas 2, 3, 4,
5, 6, 7 e 8.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 109

O controle químico de pragas, embora tenha ação rápida e seja eficiente


para atingir o alvo, vem sendo reduzido em razão dos problemas que, na
maioria das vezes, causam ao meio ambiente e à saúde das pessoas, e
o surgimento de populações de pragas mais resistentes. O aparecimento
de novas pragas, ou a ressurgência de outras, pode ocasionar desequi-
líbrio ecológico, prejudicando o homem e outros animais, além do alto
custo de aplicação do método. Isso leva os agricultores a buscar alterna-
tivas que minimizem os efeitos adversos dos inseticidas sintéticos sobre
o meio ambiente.

Esses riscos em potencial do controle químico podem ser evitados com


algumas precauções e cuidados, destacando-se entre eles: aplicação do
produto apropriado e de qualidade; transporte adequado; armazenamen-
to de acordo com a embalagem; máquinas e equipamentos adequados
ao tipo de formulação a ser aplicada; equipamentos de proteção indivi-
dual; manuseio e aplicação por pessoas treinadas; e correta destinação
(descarte) de embalagens e restos de produtos.

Referências
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Coordenação Geral de Agrotó-
xicos. AGROFIT: sistema de agrotóxicos fitossanitários. Brasília, DF, 2003. Disponível em: <
http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 08 jan. 2018.

CARVALHO, R. P. L. Danos, flutuação da população, controle e comportamento de Spo-


doptera frugiperda (J. E. Smith, 1797) e suscetibilidade de diferentes genótipos de milho
em condições de campo. 1970. 170 p. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.

CRUZ, J. C.; MONTEIRO, J. de A.; SANTANA, D. P.; CARCIA, J. C.; BAHIA, F. G. F. T. de C.;
SANS, L. M. A.; PEREIRA FILHO, I. A. Recomendações técnicas para o cultivo do milho. 2.
ed. Brasília, DF: Embrapa, 1996. 204 p.
110 DOCUMENTOS 6 e 264

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Doenças: ocorrências, manejo e controle

Candido Athayde Sobrinho


Rosa Lúcia Rocha Duarte
Paulo Henrique Soares da Silva

Ocorrências e tipos de doenças


De uma maneira geral, a ocorrência de doenças depende, especialmente,
da predisposição da planta, da presença de inóculo do patógeno na área
cultivada e de condições favoráveis do ambiente, reguladas por fatores
ligados ao clima, solo e sistema de manejo empregado na cultura.

No caso do milho-verde, as doenças mais importantes são aquelas que


ocorrem até o ponto de colheita das espigas, fase em que o seu ataque
pode requerer medidas de controle, pois, de outra maneira, a qualidade
do produto final estará comprometida.

De acordo como Fernandes e Oliveira (2002), as doenças foliares causa-


das por fungos e bactérias provocam necroses que reduzem a área foliar
e, em consequência, a produção de fotoassimilados, com efeito na quali-
dade da espiga in natura.

As mais importantes doenças da cultura do milho que ocorrem na região


Meio-Norte do Brasil, de acordo com Athayde Sobrinho et al. (2007), são:
mancha de curvularia (Curvularia sp), mancha de cercospora (Cercospora
zeae maydis), mancha de helmintospório (Bipolaris maydis e Exserohilum
turcicum), podridão de colmo (Fusarium sp ou Pythium spp), podridão
do colmo por bactéria (Erwinia carotovora var. zeae) e ferrugem-comum
(Puccinia sorghi).
112 DOCUMENTOS 6 e 264

Mancha de curvularia (Curvularia sp)


Essa doença é causada pelo fungo Curvularia sp, que ataca as folhas das
plantas de milho. Nos estados do Piauí e do Maranhão, segundo Athayde
Sobrinho et al. (2007), vem-se apresentando como uma das mais importan-
tes doenças foliares da cultura do milho na região.

Inicialmente, o sintoma da doença é caracterizado pela presença de man-


chas necróticas elípticas a ligeiramente ovaladas, com bordas avermelha-
das e centro pardo-claro. À medida que a doença evolui, surgem de ma-
neira uniforme manchas pardas que, após se agregarem umas às outras,
chegam a necrosar toda a superfície das folhas, definindo um extenso cres-
tamento, que se assemelha a uma queima (Figura 1).

O ataque da doença às plantas de milho pode ocorrer em todo o ciclo


da cultura, todavia tem-se mostrado mais frequente na fase reprodutiva,
logo no pendoamento e espigamento. Nessas fases, conforme destacaram
Athayde Sobrinho et al. (2007), a doença incide desde as folhas baixeiras
até a folha bandeira, obedecendo a uma gradação de severidade de cima
para baixo, em que as folhas mais velhas são as mais severamente ataca-
das, apresentando-se precocemente senescentes.

A forma de controle mais recomendada é o uso de cultivares resistentes e


rotação de cultura, associada a outras práticas de manejo como correção
do solo e adubação equilibrada.
Fotos: Candido Athayde Sobrinho

Figura 1. Folha de milho apresentando diminutas manchas necróticas, típicas do ataque de


Curvularia sp. No detalhe, fotomicrografia de conidióforos e conídios do fungo (aumento 400x).
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 113

Mancha de cercospora (Cercospora zeae maydis)


A mancha de cercospora em milho é uma doença que causa perdas con-
sideráveis na produção de sementes e grãos. Plantas com sintomas se-
veros da doença tornam-se susceptíveis também a outras doenças. Em
condições favoráveis, a doença pode atingir níveis de incidência de 100%
e elevada severidade. A severidade dessa doença é favorecida por tempe-
raturas entre 24 oC e 35 oC, pela ocorrência de vários dias nublados e com
alta umidade relativa. Em condições desfavoráveis, a doença paralisa seu
desenvolvimento, voltando a crescer rapidamente tão logo voltem as condi-
ções favoráveis. A disseminação desse patógeno em longas distâncias se
dá principalmente pelo vento, na forma de conídios e de fragmentos de res-
tos de cultura infectados, deixados na superfície do solo, podendo ocorrer
também por respingos de chuva.

Nas folhas, os sintomas são caracterizados por lesões inicialmente ama-


reladas, limitadas pelas nervuras secundárias, passando a necróticas, de
coloração cinza, com extremidades tipicamente retangulares (Figura 2).

Fotos: Candido Athayde Sobrinho

Figura 2. Folha de milho apresentando manchas necróticas, retangulares, típicas do ataque


de Cercospora zea maydis. No detalhe, fotomicrografia de conídios do fungo (aumento 400x).
114 DOCUMENTOS 6 e 264

Helmintosporiose (Bipolaris maydis e Exserohilum turcicum)


A mancha de helmintosporiose, denominação genérica, é causada pe-
los fungos B. maydis (Helminthosporium maydis) e E. turcicum (H. tursi-
cum). Os sintomas dessa doença são mais severos após o pendoamento
e se iniciam pelas folhas mais baixas. Caracterizam-se pela formação de
lesões foliares necróticas, de coloração palha e bordas bem-definidas,
alongadas, grandes e largas (Figura 3). O centro das lesões pode tornar-
se escuro, devido à frutificação do fungo. As manchas podem coalescer
(unirem-se umas às outras), acarretando senescência foliar e morte pre-
matura das plantas.

O patógeno sobrevive nos restos


Fotos: Candido Athayde Sobrinho

de cultura. Assim, em áreas onde


esses restos culturais não são in-
corporados ao solo, pode ocorrer
um aumento da concentração do
inóculo inicial e, consequente-
mente, da severidade da doen-
ça no plantio subsequente. Essa
doença é favorecida por tempera-
turas entre 20 oC e 32 oC e pela
presença de orvalho na superfície
das folhas. Os conídios, esporos
Figura 3. Plantas de milho exibindo as- do fungo, são disseminados, a
pecto de queima foliar resultante do ata- longas distâncias, pelo vento.
que de Exserohilum turcicum.

A doença, quando causada por B. maydis, é marcada pela presença de


manchas relativamente pequenas, contorno elíptico, coloração variando
do marrom-claro a marrom-escuro, exibindo, às vezes, um halo clorótico
em torno das lesões. Por outro lado, quando o agente causal é E. turci-
cum, as manchas apresentam-se bem maiores, são alongadas, ligeira-
mente elípticas e coloração predominantemente cinza-palha. Essas man-
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 115

chas atingem comprimentos que variam de 2,5 cm a 15 cm e surgem ini-


cialmente nas folhas mais velhas, progredindo para as mais novas quando
as condições são favoráveis. A utilização de cultivares resistentes é a
principal medida de controle. Práticas como a rotação de cultura e a ara-
ção e gradagem, por reduzirem a concentração de inóculo no solo, podem
reduzir a severidade da doença. Com referência ao tratamento químico,
de acordo com Fernandes e Oliveira (2002), a doença pode ser controla-
da também pela aplicação de fungicidas registrados no MAPA para essa
doença. Recomenda-se que as aplicações sejam iniciadas tão logo apare-
çam os primeiros sintomas.

Podridão de colmo (Pythium spp e Erwinia carotovora var. zeae)


Entre as podridões do colmo, distinguem-se, em importância, as causadas
por fungos do gênero Pythium, normalmente P. aphanidermatum, por ocor-
rerem nas plantas antes do florescimento. A podridão do colmo causada
por esse patógeno é do tipo aquoso e restringe-se tipicamente ao primeiro
entrenó acima do solo. Ela é frequente na região Meio-Norte, sobretudo em
plantios conduzidos em condições de baixada, após incidência de chuvas
fortes e frequentes ou quando se trata de cultivo irrigado conduzido em so-
los argilosos e manejo de água inadequado.

As podridões causadas por bactérias também são do tipo aquoso, podendo,


contudo, atingir vários entrenós da planta acima do solo. Essas podridões
causam tombamento, prejudicando a colheita. Quando ocorrem nos primeiros
estádios de desenvolvimento das plantas, promovem a morte da gema apical
e estimulam o perfilhamento (Figura 4).

A diferença entre as podridões é que as de origem bacteriana apresentam


aspecto tipicamente mais aquoso e das lesões exala um odor muito desa-
gradável, bem típico. Em ambas as situações, a doença inicia-se pelas raí-
zes e entrenós próximos do solo e rapidamente atinge os entrenós superio-
res, geralmente por meio de ferimentos. Têm-se observado também algu-
116 DOCUMENTOS 6 e 264

mas infecções iniciando-se a partir do cartucho, que é o caso das podridões


causadas por Erwinia sp. De modo geral, não ocorrem uniformemente na
área, sendo possível encontrar plantas sadias ao lado de plantas atacadas.
Fotos: Candido Athayde Sobrinho

Como medidas de controle, re-


comendam-se ações preventi-
vas, destacando-se as seguin-
tes: evitar plantio da cultura em
áreas com histórico de presença
da doença; fazer plantio menos
adensado; manter a área sempre
limpa; e fazer um manejo criterio-
so da irrigação, evitando excesso
de umidade no solo. Em casos
em que a infestação da lavoura
seja muito grande, pode-se fazer
o tratamento químico com produ-
tos recomendados e registrados
no MAPA.
Figura 4. Planta de milho exibindo po-
dridão do colmo resultante do ataque de
Erwinia sp.

Ferrugem-comum (Puccinia sorghi)


O agente causal da ferrugem-comum é o fungo Puccinia sorghi Schw. Por
ser um parasita obrigatório, a fonte primária de inóculo são os uredósporos,
de cor marrom, tipicamente arredondados, formados no próprio milho, ou os
aeciósporos produzidos no hospedeiro alternativo Oxalis sp. (trevo) e cuja
disseminação se dá principalmente pelo vento.

A doença é caracterizada pela formação de pústulas em toda a parte aérea,


da planta, no entanto ocorrem com maior intensidade nas folhas. Segundo
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 117

Costa et al. (2011), as pústulas da ferrugem-comum apresentam formato


que varia do circular a alongado e de coloração castanho-clara a escura,
que se acentua à medida que as pústulas amadurecem e se rompem libe-
rando os uredósporos (Figura 5). Outras partes da planta de milho preferi-
das pela doença são: a bainha, o colmo e as palhas das espigas.

Fotos: Candido Athayde Sobrinho


Figura 5. Folha de milho apresentando pústulas causadas por Puccinia sorghi. No
detalhe, fotomicrografia dos uredósporos do fungo (aumento 400x)

As principais medidas de controle, segundo Fernandes e Oliveira (2002),


são a utilização de cultivares resistentes e a eliminação das plantas hos-
pedeiras infectadas (milho e trevo) e, ainda, evitar novos plantios próximos
a culturas infectadas. Como medida de controle químico, os autores suge-
rem que essa doença pode ser controlada com a aplicação do fungicida
tebuconazole, com aplicações iniciadas logo no aparecimento dos primei-
ros sintomas.

Ferrugem-polissora (Puccinia polysora)


Uma das doenças mais importantes hoje para a cultura do milho no Brasil é
a ferrugem-polissora, causada pelo fungo Puccinia polysora Underwood, a
qual pode causar perdas de produtividade superiores a 50% (Damasceno et
al., 2016). A doença é também conhecida como ferrugem americana e está
entre as doenças foliares mais destrutivas do milho.
118 DOCUMENTOS 6 e 264

A doença é caracterizada pelo surgimento de pústulas de ferrugem, que se


mostram menores que aquelas apresentadas pela ferrugem-comum. Elas
apresentam formato de circular a elíptico, com coloração dos uredósporos
que varia de uma cor amarela a dourada. Quando produzidos, os telióspo-
ros têm coloração marrom-castanha (Figura 6). Essas estruturas podem
ocorrer no limbo e na bainha foliar, porém em ataques mais severos podem
ser observadas nas brácteas das espigas e também no pendão (Pereria,
1997). Em cultivares muito susceptíveis, é comum a ocorrência de morte
precoce das plantas em decorrência da intensa necrose foliar.

O manejo da ferrugem-polissora compreende o uso de cultivares resisten-


tes e a escolha da época e do local de plantio. Em situações de elevada
pressão da doença, pode-se recorrer à aplicação de fungicidas (COSTA
et al., 2011). Entretanto faz-se necessária a orientação de um engenheiro
agrônomo, que irá indicar os produtos registrados para a cultura, a dose e o
intervalo de segurança, de forma a garantir que as espigas sejam colhidas
sem resíduos dos referidos produtos.
Fotos: Candido Athayde Sobrinho

Figura 6. Folha de milho apresen-


tando pústulas causadas por Puc-
cinia polysora. No detalhe, fotomi-
crografia dos uredósporos do fungo
(aumento 400x).
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 119

Enfezamentos do milho
A doença apresenta-se de duas formas: 1) enfezamento-vermelho, cuja
etiologia é o fitoplasma maize bushy stunt phytoplasma ou somente maize
bushy stunt; e 2) enfezamento-pálido, que tem como agente etiológico o es-
piroplasma corn stunt spiroplasma = Spiroplasma kunkeli (Figura 7). Ambos
são transmitidos pelo mesmo vetor, a cigarrinha Daubulus maidis (Massola
Júnior et al., 1998).

A frequência e intensidade de sua ocorrência dependem da população do


inseto vetor (sugadores pertencentes ao grupo das cigarrinhas) e do estádio
de desenvolvimento em que as plantas são infectadas (Sabato et al., 2008).

Fotos: Kátia Regiane Brunelli


C

A B
Figura 7. Sintoma típico de enfezamento: a - pálido; b - vermelho; c - ul-
traestrutura do espiroplasma, agente do enfezamento-pálido.
120 DOCUMENTOS 6 e 264

De maneira geral, a doença tem crescido de importância, podendo ser en-


contrada em praticamente todas as regiões do Brasil onde o milho é cultiva-
do (Fernandes et al., 1995). Na região Meio-Norte, em plantios realizados
nos períodos secos do ano (junho a novembro), com a senescência das
diversas plantas hospedeiras, as cigarrinhas migram naturalmente para a
cultura do milho, ainda verde, o que resulta em severas infecções.

Massola Junior et al. (1998) observaram que a produção em híbridos sus-


cetíveis sofreu redução de 69%, 51% e 20% quando foram inoculados com
fitoplasma, fitoplasma mais espiroplasma e espiroplasma, respectivamente.

Os sintomas típicos podem ser descritos como clorose, arroxeamento das


folhas, enfezamento, encurtamento de entrenós e esterilidade, sendo co-
mum a manifestação concomitante de vários sintomas associados (Beden-
do, 1995). Todavia algumas características podem ser destacadas para dis-
tinguir os sintomas provocados pelo fitoplasma e pelo espiroplasma.

Os relacionados ao fitoplasma (enfezamento-vermelho) são tipicamente ca-


racterizados por uma clorose marginal da folha do cartucho, seguida de um
avermelhamento das extremidades das folhas inferiores. De acordo com
Pereira (1997), as folhas que se desenvolvem após aquelas que exibiram
os primeiros sintomas, passam a mostrar diferentes graus de clorose margi-
nal, apresentando ainda notável avermelhamento e redução do limbo foliar.

Relativamente aos sintomas resultantes do ataque do espiroplasma (en-


fezamento-pálido), o que chama a atenção é a clorose intensa, bem mais
acentuada que a anterior (Figura 7). Os demais sintomas são geralmente
assemelhados.

Felizmente, grande parte dos híbridos comerciais tem alta resistência a


essa doença, o que possibilita, de certa forma, um convívio harmônico com
o problema. Vale ressaltar, no entanto, que nas safrinhas 2001 e 2002, na
região Centro-Sul, ocorreu aumento de plantas sintomáticas mesmo em
híbridos considerados resistentes, o que tem levado a um alerta sobre pos-
sível alteração genética nos agentes causais. Monitoramento com relação
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 121

ao fato vem sendo realizado e novos genótipos testados para garantir ao


produtor outros híbridos com resistência mais efetiva.

O controle do vetor com inseticidas só é realizado em campos de produção


de sementes, onde o retorno econômico permite tal prática.

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Procedimentos de colheita, transporte e
comercialização

Valdemício Ferreira de Sousa


Rosa Lúcia Rocha Duarte

Colheita
As espigas de milho-verde são colhidas manualmente. Por ser um produ-
to perecível, a colheita precisa ser rápida, de forma a reduzir ao máximo
o tempo entre a colheita e o consumo do produto. Para que o produto
chegue aos pontos de venda em bom estado, normalmente a colheita é
iniciada ainda de madrugada, quando a temperatura é mais amena e as
palhas das espigas ainda estão bem frescas.

O ponto de colheita varia com as condições climáticas da região. No Nor-


deste do Brasil, em plantios irrigados realizados entre os meses de maio
e dezembro, geralmente a colheita é realizada de 60 a 80 dias após o
plantio e entre 20 e 25 dias após a floração. O ponto adequado de colhei-
ta do milho-verde deve ser quando os grãos estiverem no estado leitoso e
apresentando de 70% a 80% de umidade.

Nos trabalhos de pesquisa realizados no município de Arari, na região da


Baixada Maranhense, com a cultivar AG 1051, irrigada por gotejamento
e por sulco, a colheita das espigas ocorreu entre 65 e 72 dias após o
plantio. Na comunidade Santa Inês, também no município de Arari, Mara-
nhão, em trabalhos com grupos de agricultores familiares, a colheita do
milho-verde foi realizada entre 64 e 71 dias após o plantio. Em ambas as
situações, as colheitas duraram entre 5 e 7 dias. Normalmente, o período
de colheita varia de 5 a 8 dias, dependendo da cultivar e das condições
climáticas do ambiente.
124 DOCUMENTOS 6 e 264

No ato da colheita, as espigas das plantas de milho devem-se apresentar


com características apropriadas, como mostradas na Figura 1. Os grãos
das espigas devem-se apresentar leitosos e de coloração que varia com a
cultivar utilizada e com o grau de maturação (Figura 2). No milho-verde para
consumo cozido ou assado, os grãos devem ser mais moles; já para fazer
canjicas, pamonhas e outros produtos, os grãos podem estar um pouco
mais duros, com coloração amarela mais intensa.
Foto: José dos Santos Benício

Foto: Valdemício Ferreira de Sousa

Figura 1. Plantas de milho com espigas no ponto de colheita para consumo verde.
Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa

Figura 2. Espigas de milho-verde recém-colhidas destinadas ao consumo.


Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 125

Transporte
O milho-verde, após colhido, normalmente é depositado a granel em cai-
xas ou sacos e levado a um galpão (Figura 3) para embalagem e acon-
dicionamento das espigas para transportar ao mercado consumidor, que
normalmente é feito em sacos de polietileno, com capacidade para 40 a 50
espigas (25 kg).
Foto: Valdemício Ferreira de Sousa

Foto: José dos Santos Benício

Figura 3. Espigas de milho-verde recém-colhidas para acondicionamento e transporte.

Dependendo do tamanho da área plantada, o transporte pode ser feito por


animais, caminhonetes ou caminhões frigoríficos. Na Baixada Maranhense,
como as áreas plantadas pelos agricultores com milho-verde são pequenas,
o transporte das espigas é geralmente feito por caminhonetes.

O acondicionamento das espigas para transporte deve ser feito de maneira


adequada e o transporte deve ser realizado em horas mais frias. Quando o
transporte é feito inadequadamente e nas horas mais quentes do dia, pode
ocorrer perda significativa de água em virtude da alta taxa de respiração
das espigas.

Quando em condições de temperaturas elevadas e a distância entre a área


de produção e o destino do produto (mercado consumidor) for grande, po-
de-se fazer a opção do transporte em caminhão frigorífico. Essa condição
preservará ao máximo a qualidade das espigas de milho.
126 DOCUMENTOS 6 e 264

Comercialização
O mercado brasileiro de milho-verde permite a comercialização de várias
maneiras, desde a venda das espigas a granel na própria área até a venda
nos mercados mais sofisticados, cujo processo já se encontra em outro
patamar, com o milho-verde comercializado já cozido (a vapor), embalado a
vácuo, com uso de embalagem de plástico esterilizada.

No estado do Maranhão, em especial na Baixada Maranhense, a comercia-


lização segue os seguintes passos:

1) o comprador (atravessador) vai à lavoura e compra toda a produção,


colhe, acomoda na caminhonete e leva aos pontos de distribuição e/ou de
venda para os pequenos comerciantes (empreendedores) nos mercados,
nos municípios vizinhos, nas feiras e na margem das rodovias;

2) os pequenos comerciantes passam a vender o milho-verde de forma in


natura em espigas, espigas assadas ou cozidas, pamonhas, canjica e bolos;

3) o comprador (atravessador) vai à lavoura e compra toda a produção,


colhe, acomoda na caminhonete e a para São Luís, CEASA e outros mer-
cados, onde faz a venda para pequenos comerciantes e consumidor.

A venda do milho-verde geralmente é feita a granel, utilizando-se a unidade


de medida local denominada “mão”. Uma “mão” de milho tem 50 espigas.
Essa unidade é utilizada tanto para comprar na lavoura, como para vendas
e entregas a pequenos comerciantes e consumidores.

O preço do milho-verde no estado do Maranhão e na Baixada Maranhen-


se varia ao longo do ano. Nos meses de junho a setembro e de dezembro
a fevereiro, geralmente os preços se elevam devido à baixa oferta do
produto. No período de outubro a início de dezembro, a oferta local au-
menta e os preços reduzem. Em 2016, nos municípios de Arari e Vitória
do Mearim, o preço da “mão” de milho-verde na propriedade variou de R$
25,00 a R$ 40,00.
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 127

Aproveitamento das plantas de milho


Em uma área plantada com milho para produção de milho-verde, além das
espigas destinadas à comercialização, de acordo com Pereira Filho et al.
(2011), a lavoura produz em média 25 t ha-1 de matéria fresca, que pode
ser utilizada diretamente na alimentação animal e/ou como adubo orgânico.
Todo esse material deve ser comercializado (vendido) e/ou usado pelo pró-
prio agricultor e fazer parte da contabilidade da receita da atividade “produ-
ção de milho-verde”. A Figura 4 mostra o corte e a retirada das plantas (pés)
de milho para alimentação dos animais.

Fotos: Valdemício Ferreira de Sousa


Figura 4. Plantas de milho-verde após a colheita das espigas, sendo retiradas da
área para alimentação de animais

Para melhor uso das plantas de milho e/ou palhada, recomenda-se que seu
uso ocorra em até 3 semanas após a colheita do milho-verde pois, durante
esse período, as plantas de milho continuam ativas, mesmo após a colheita
das espigas, acumulando nutrientes no colmo.

Como a produção de milho-verde irrigado ocorre sempre no período seco,


de maior escassez de alimento para os animais, as plantas de milho-verde
têm um valor bem atrativo, podendo ser comercializadas entre R$0,20 e
R$0,40 por unidade.
128 DOCUMENTOS 6 e 264

Referências
PEREIRA FILHO, I. A.; CRUZ, J. C.; SILVA, A. R. da; COSTA, R. V. da; CRUZ, I. Milho-verde.
Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. Disponível em: < http://www.agencia.
cnptia.embrapa.br/gestor/milho/Abertura.html> Acesso em: 31 ago. 2017.
Análise econômica e custo de produção do
milho-verde irrigado na Baixada Maranhense
João Batista Zonta
Valdemício Ferreira de Sousa
Carlos Eugenio Vitoriano Lopes

Componentes metodológicos da avaliação


econômica
O conhecimento do custo de produção de uma cultura é de funda-
mental importância para a análise econômica de uma propriedade
agrícola. Uma propriedade só é sustentável, se o custo de produção,
considerando-se ao menos os custos variáveis, for inferior à sua
receita bruta, mantendo-se assim a sustentabilidade da propriedade
agrícola.

Para determinar o custo de produção, torna-se necessário algu-


mas informações básicas sobre insumos, custos com mão de obra
(serviços manuais), serviços mecânicos (máquinas e implementos
utilizados ao longo do processo produtivo), custo com transporte,
entre outros. Essas informações constam no “pacote tecnológico”
e indicam a quantidade de cada item em particular, por unidade de
área, que resulta num determinado nível de produtividade. As quan-
tidades mencionadas, referidas à unidade de área (hectare), são
denominadas de coeficientes técnicos de produção, podendo ser
expressas em tonelada, quilograma ou litro (corretivos, fertilizantes,
sementes e agroquímicos), em horas (máquinas e equipamentos) e
em dia de trabalho (humano).
130 DOCUMENTOS 6 e 264

Os componentes do custo são agrupados, de acordo com sua fun-


ção no processo produtivo, nas categorias de custos variáveis, cus-
tos fixos, custo operacional e custo total (Conab, 2010). Nos cus-
tos variáveis, são agrupados todos os componentes que participam
do processo, à medida que a atividade produtiva se desenvolve, ou
seja, aqueles que somente ocorrem ou incidem se houver produção.
Enquadram-se aqui os itens de custeio, as despesas de pós-colheita
e as despesas financeiras. No planejamento de política econômica
adotada para cada produto, os custos variáveis desempenham pa-
pel crucial na definição do limite inferior do intervalo dentro do qual
o preço mínimo deve variar, constituindo-se em curto prazo numa
condição necessária para que o produtor continue na atividade. Nos
custos fixos, enquadram-se os elementos de despesas que são su-
portados pelo produtor, independentemente do volume de produção,
tais como, depreciação, seguros, manutenção periódica de máqui-
nas e outros. O custo operacional é composto de todos os itens de
custos variáveis (despesas diretas) e da parcela dos custos fixos
diretamente associada à implementação da lavoura. Difere do custo
total apenas por não contemplar a renda dos fatores fixos, conside-
rada aqui como remuneração esperada sobre o capital fixo e sobre a
terra. É um conceito de maior aplicação em estudos e análises que
vislumbrem horizontes de médio prazo.

O custo total de produção compreende o somatório do custo opera-


cional mais a remuneração atribuída aos fatores de produção. Numa
perspectiva de longo prazo, todos esses itens devem ser considera-
dos na formulação de políticas para o setor.

O cálculo tem por objetivo contabilizar os custos diretos identificados


em todos os estádios de desenvolvimento da cultura, de um ou mais
sistema(s) de produção comumente adotados por um número signi-
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 131

ficativo de produtores. No caso específico deste trabalho, analisar


a viabilidade do cultivo de milho-verde em sistema de irrigação por
sulco e por gotejamento.

O principal resultado apresentado no quadro de custo é a margem


bruta, que é a diferença entre a receita bruta e o custeio direto. Não
foram considerados os gastos indiretos: manutenção de benfeitorias,
depreciação de benfeitorias, impostos e taxas, remuneração do
capital investido em benfeitorias, mão de obra fixa, remuneração da
terra e juros sobre o capital de giro.

Análise dos custos da cultura do milho-


verde irrigado
A análise dos custos de produção foi realizada, considerando-se cus-
tos variáveis e ainda custo de depreciação dos equipamentos que
compõem o sistema de irrigação. Reis (1997) afirmou que os cus-
tos variáveis são os mais considerados pelo produtor agrícola na
tomada de decisão, por se tratarem de gastos efetuados dentro do
ciclo produtivo. Inseriu-se como despesa o custo de depreciação do
equipamento de irrigação, pois este é parte essencial dos sistemas
de cultivo estudados.

Custos de produção do milho-verde irrigado por sulco


O custo de produção da cultura do milho-verde em sistema de irriga-
ção por sulco foi, em média, de R$ 5.824,26 por hectare ou R$ 0,16
por espiga. O custo com insumos totalizou, em média, R$ 2.073,47
por hectare, correspondendo a 37,5% do total. Atenção especial
132 DOCUMENTOS 6 e 264

deve ser dada a esse componente do custo, pois o produtor pode op-
tar por produtos alternativos mais baratos e com a mesma eficiência.
De todos os insumos utilizados, em valores médios, a semente foi o
item de maior custo, acompanhada pelo adubo nitrogenado (Tabela
1). As despesas com serviços impactaram o custo em 51,59%, e a
aplicação de água foi o item de maior custo (Tabela 1). A deprecia-
ção do capital é o custo indireto que incide sobre os bens que têm
vida útil limitada e corresponde a uma reserva em dinheiro, que deve
ser feita durante o período provável de vida útil do bem, totalizando
4,55% do custo total (Tabela 1). O custo médio relativo à irrigação
por sulco (água de irrigação, acabamento manual dos sulcos, abertu-
ra dos sulcos de irrigação e depreciação) foi de 25,87% em relação
ao custo total.

O custo de produção do cultivo de milho-verde em sistema de irri-


gação por sulco variou entre as safras; foi maior na primeira safra
devido à calagem e ás maiores quantidades de adubos de fundação
em relação à segunda e terceira safras (Tabela 1).

O valor médio obtido de receita bruta foi de R$ 12.348,00, com mar-


gem bruta de R$ 6.523,74 (R$/ha) e 112,01%. Em relação às três
safras, como esperado, o menor valor foi obtido na segunda safra.
Apesar de o valor unitário de venda ser o mesmo para as três safras
(R$ 0,35), a produtividade foi bem inferior na segunda safra, fazendo
com que o valor de receita bruta diminuísse. Apesar disso, mesmo
com produtividade abaixo do esperado, a lavoura apresentou 77%
de lucro, com margem bruta de R$ 4.075,91 (Tabela 1).
Tabela 1. Custo de produção de 1 hectare de milho-verde analisado durante três safras, em sistema de irrigação
por sulco. Arari, Maranhão, 2018.
Irrigação por sulco
Safra 1 Safra 2 Safra 3 Média
Componentes do custo Ud
Valor total Valor total Valor total Valor total
(R$) (R$) (R$) (R$)
INSUMOS 2.441,95 1.895,09 1.883,39 2.073,47
Calcário dolomítico t 360,00 0,00 0,00 120,00
Ureia kg 425,00 400,00 400,00 408,33
Superfosfato simples kg 348,00 260,00 260,00 289,33
Cloreto de potássio kg 210,00 216,00 216,00 214,00
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Herbicida L 195,00 102,00 102,00 133,00


Inseticida tratamento de semente L 15,00 15,00 15,00 15,00
Inseticida parte aérea sistêmico L 60,00 60,00 60,00 60,00
Inseticida parte aérea de contato L 67,50 67,50 67,50 67,50
Espalhante adesivo L 14,00 14,00 14,00 14,00
Semente de milho kg 400,00 460,00 460,00 440,00
Água de irrigação (energia) m3 347,45 300,59 288,89 312,31
Continua...
133
Tabela 1. Continuação.
134

Irrigação por sulco

Componentes do custo Ud Safra 1 Safra 2 Safra 3 Média


Valor total Valor total Valor total Valor total
(R$) (R$) (R$) (R$)
SERVIÇOS MÃO DE OBRA 1.950,00 1.900,00 1.900,00 1.916,67
Acabamento manual dos sulcos dH 300,00 300,00 300,00 300,00
Adubação de fundação dH 100,00 100,00 100,00 100,00
Plantio manual dH 50,00 50,00 50,00 50,00
Adubação de cobertura dH 400,00 400,00 400,00 400,00
Controle de plantas invasoras dH 100,00 100,00 100,00 100,00
Irrigação: aplicação de agua dH 600,00 600,00 600,00 600,00
Controle de pragas dH 100,00 50,00 50,00 66,67
Colheita dH 300,00 300,00 300,00 300,00
SERVIÇOS MECÂNICOS 1.000,00 900,00 900,00 933,33
Limpeza da área hM 200,00 200,00 200,00 200,00
Aplicação de calcário hM 100,00 0,00 0,00 33,33
Gradagem hM 100,00 100,00 100,00 100,00
DESPESAS GERAIS 400,00 400,00 400,00 400,00
DOCUMENTOS 6 e 264

Continua...
Tabela 1. Continuação.
Irrigação por sulco
Safra 1 Safra 2 Safra 3 Média
Componentes do custo Ud
Valor total Valor total Valor total Valor total
(R$) (R$) (R$) (R$)
DEPRECIAÇÃO (EQ. IRRIGAÇÃO) 200,00 200,00 200,00 200,00
DESPESAS DE COMERCIALIZAÇÃO 53,92 46,95 46,83 49,23
Transporte Frete 251,55 251,55 251,55 251,55
RECEITA BRUTA Espiga 300,00 300,00 300,00 300,00
Custo operacional direto (R$/ha) 300,00 300,00 300,00 300,00
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Custo operacional direto (R$/Espiga) 14.423,50 9.369,50 13.251,00 12.348,00


Margem bruta (R$/ha) 5.997,42 5.293,59 5.281,77 5.524,26
Margem bruta (%) 0,15 0,20 0,14 0,16
Margem bruta (R$/ha) 8.426,08 4.075,91 7.969,23 6.823,74
Margem bruta (%) 140,50 77,00 150,88 123,52
135
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 136

Custos de produção do milho-verde irrigado por


gotejamento
O custo de produção da cultura do milho-verde em sistema de irrigação
por gotejamento foi, em média, de R$ 4.564,12 por hectare ou R$ 0,11 por
espiga. O custo com insumos totalizou, em média, R$ 1.792,63 por hectare,
correspondendo a 39,28% do total. Atenção especial deve ser dada a esse
componente do custo, pois o produtor pode optar por produtos alternativos
mais baratos e com a mesma eficiência. De todos os insumos utilizados, a
semente foi o item de maior custo, acompanhada pelo adubo nitrogenado
(Tabela 2). As despesas conjuntas com serviços impactaram o custo em
28,12%, e a aplicação de água foi o item de maior custo (Tabela 2). A de-
preciação do capital é o custo indireto que incide sobre os bens que têm
vida útil limitada e corresponde a uma reserva em dinheiro, que deve ser
feita durante o período provável de vida útil do bem, totalizando 25,36% do
custo total (Tabela 2). O custo médio relativo à irrigação por gotejamento
(aplicação de água de irrigação e depreciação do sistema de irrigação) foi
de 27,18% em relação ao custo total.

O custo de produção do cultivo de milho-verde em sistema de irrigação por


gotejamento variou entre as três safras analisadas; foi maior na primeira
safra devido à necessidade de calagem e, ainda, em razão das maiores
quantidades de adubos de fundação, quando comparadas com a segunda
e terceira safras (Tabela 2).

Em relação à receita bruta (Tabela 2), o valor médio obtido foi de R$


14.242,55, com margem bruta de R$ 9.678,43 (R$/ha) e 212,05%. Em rela-
ção às três safras, como esperado, o menor valor foi obtido na segunda sa-
fra. Apesar de o valor unitário de venda ser o mesmo para as três safras (R$
0,35), a produtividade foi bem inferior na segunda safra, fazendo com que o
valor de receita bruta diminuísse. Apesar disso, mesmo com produtividade
abaixo do esperado, a lavoura apresentou 217,48% de lucro, com margem
bruta de R$ 9.460,85.
Tabela 2. Custo de produção de 1 hectare de milho-verde analisado durante três safras, em sistema de irrigação
por gotejamento. Arari, Maranhão, 2018

Irrigação por gotejamento


Componentes do custo Ud
Safra 1 Safra 2 Safra 3 Média

Valor total Valor total Valor total Valor total


(R$) (R$) (R$) (R$)
INSUMOS 2.151,39 1.614,11 1.612,38 1.792,63
Calcário dolomitico t 360,00 0,00 0,00 120,00
Ureia kg 425,00 400,00 400,00 408,33
Superfosfato simples kg 348,00 260,00 260,00 289,33
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Cloreto de potássio kg 210,00 216,00 216,00 214,00


Herbicida L 97,50 0,00 0,00 32,50
Inseticida tratamento de semente L 15,00 15,00 15,00 15,00
Inseticida parte aérea sistêmico L 60,00 36,00 36,00 44,00
Inseticida parte aérea de contato L 67,50 67,50 67,50 67,50
Espalhante adesivo L 14,00 14,00 14,00 14,00
Semente de milho kg 400,00 460,00 460,00 440,00
Água de irrigação (energia) m3 154,39 145,61 143,88 147,96
Continua...
137
Tabela 1. Continuação.

Irrigação por gotejamento


Componentes do custo Ud
Safra 1 Safra 2 Safra 3 Média
Valor total Valor total Valor total Valor total
(R$) (R$) (R$) (R$)
SERVIÇOS MÃO DE OBRA 950,00 950,00 950,00 950,00
Acabamento manual dos sulcos dH 0,00 0,00 0,00 0,00
Adubação de fundação dH 100,00 100,00 100,00 100,00
Plantio manual dH 50,00 50,00 50,00 50,00
Adubação de cobertura dH 100,00 100,00 100,00 100,00
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

Controle de plantas invasoras dH 100,00 100,00 100,00 100,00


Irrigação: aplicação de água dH 200,00 200,00 200,00 200,00
Controle de pragas dH 100,00 100,00 100,00 100,00
Colheita dH 300,00 300,00 300,00 300,00
SERVIÇOS MECÂNICOS 400,00 300,00 300,00 333,33
Limpeza da área hM 200,00 200,00 200,00 200,00
Aplicação de calcário hM 100,00 0,00 0,00 33,33
Gradagem hM 100,00 100,00 100,00 100,00
Continua...
138
Tabela 1. Continuação.

Irrigação por gotejamento


Componentes do custo Ud
Safra 1 Safra 2 Safra 3 Média
Valor total Valor total Valor total Valor total
(R$) (R$) (R$) (R$)
DESPESAS GERAIS 35,01 28,64 28,62 30,76
DEPRECIAÇÃO (EQ. IRRIGAÇÃO) 1.157,40 1.157,40 1.157,40 1.157,40
DESPESAS DE COMERCIALIZAÇÃO 300,00 300,00 300,00 300,00
Transporte Frete 300,00 300,00 300,00 300,00
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense

RECEITA BRUTA Espiga 14.500,50 13.811,00 14.416,50 14.242,55


Custo operacional direto (R$/ha) 4.993,81 4.350,15 4.348,41 4.564,12
Custo operacional direto (R$/Espiga) 0,12 0,11 0,11 0,11
Margem bruta (R$/ha) 9.506,69 9.460,85 10.068,09 9.678,43
Margem bruta (%) 190,37 217,48 231,54 212,05
139
Cultivo do milho-verde irrigado na Baixada Maranhense 140

Considerações
Com base nos dados apresentados nas Tabelas 1 e 2, sugere-se que a
cultura do milho-verde, no município de Arari, MA, seja cultivada no sistema
de irrigação por gotejamento por ter apresentado margem de lucro superior
àquela obtida com o sistema de irrigação por sulco. A utilização do sistema
de irrigação por gotejamento exige um investimento inicial superior ao sis-
tema de irrigação por sulco, porém esse investimento é compensado pelo
aumento da receita bruta obtida na lavoura e ainda pelo menor custo com
de mão de obra e serviços mecânicos.

Referências
CONAB. Metodologia de cálculo de custo de produção da CONAB. Brasília, DF, 2010.
Disponível em: <http://www.conab.gov.br/conabweb/download/safra/custosproducaometodolo-
gia.pdf>. Acesso em: 2 maio 2017.

REIS, R. P. Introdução à teoria econômica. Lavras, MG: UFLA: FAEPE, 1997.

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