Erick Baleeiro Da Silva
Erick Baleeiro Da Silva
Erick Baleeiro Da Silva
Escola Politécnica
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Salvador
2016
ERICK BALEEIRO DA SILVA
Salvador
2016
Dedico este trabalho a Deus e à minha família.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser essencial em minha vida, autor do meu destino, meu guia.
Ao Professor Niraldo Roberto Ferreira pela excelência na orientação e dedicação dis-
pensada para a realização deste trabalho, além das conversas e ensinamentos que muito con-
tribuíram para minha vida profissional e pessoal.
À minha família, em especial à minha mãe, Custódia Baleeiro, meu pai Celso Henri-
que e minha irmã Andressa Baleeiro por todo apoio e incentivo dado durante o curso de Mes-
trado.
Aos meus amigos Thiago Lopes e Ronnye Peterson pelo tempo dispensado para o au-
xílio no desenvolvimento do trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade Federal da
Bahia, por todo suporte oferecido.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
bolsa de estudo concedida.
RESUMO
Os sistemas de distribuição são muito susceptíveis à ocorrência de faltas que, por mui-
tas vezes, provocam interrupções permanentes no fornecimento de energia elétrica em parte
do sistema. A restauração do sistema ocorre por meio de operações de chaveamento que defi-
nem uma nova configuração durante o restabelecimento da energia. Essa nova configuração
deve ser determinada de modo que se tenha o menor número de cargas não atendidas, respei-
tando as restrições operacionais e a topologia radial da rede. Diversas técnicas foram desen-
volvidas para sanar este problema como subsídio ao operador do sistema, visto que a restaura-
ção é um procedimento complexo de decisão e controle que deve ser solucionado o mais
breve possível. Matematicamente, a reconfiguração para restauração de redes pode ser tratada
como uma questão de natureza combinatória que pode ser modelado como um problema de
programação não linear de variável inteira mista. A explosão combinatorial para esses pro-
blemas é iminente devido sua dimensão estar relacionada com o número de chaves manobrá-
veis, podendo o número de possibilidades ser determinada pela relação 2𝑛 , onde n é o número
de chaves. Logo, quanto maior o número de chaves manobráveis, maior a dimensão do pro-
blema e mais complexa a sua resolução. Diante da complexidade da situação já mencionada,
métodos de otimização heurística são ferramentas atraentes para solucionar situações dessa
categoria. Sendo assim, neste trabalho apresenta-se uma metodologia baseada em otimização
por colônia de formigas – Ant Colony Optmization (ACO), para solucionar o problema de res-
tauração de redes elétricas de distribuição, com o objetivo de minimizar a quantidade de con-
sumidores não atendidos. Esse método é baseado no comportamento de colônia de formigas
reais na busca por fontes de alimentos e tem se mostrado eficiente para solucionar problemas
de natureza combinatória, localizando rapidamente soluções de boa qualidade. Na solução do
problema, considera-se que as redes radiais de distribuição são trifásicas e balanceadas, e es-
tão operando em regime permanente. Existem diversos trabalhos que utilizam da heurística
ACO para a resolução do problema de restauração das redes elétricas de distribuição, no en-
tanto, grande parte dispõe das variantes mais simples do algoritmo ou utiliza o ACO em con-
junto com outra heurística. Desta forma, a escolha do método deste trabalho foi o Ant Colony
System (ACS), por ter característica de busca maximizada quando comparada a outras versões
implementadas para esta problematização, como a pioneira Ant System (AS). O algoritmo foi
testado para sistemas encontrados na literatura, e os resultados obtidos são comparados com
os de outros autores.
Palavras-chave: Otimização por colônia de formigas; restauração de redes de distribuição;
computação bioinspirada; métodos heurísticos; método da soma de potência.
ABSTRACT
Distribution systems are very susceptible to the occurrence of faults that, frequently,
cause permanent interruptions in electricity supply in the system. The system restoration oc-
curs through switching operations that define a new configuration when power is restored.
This new configuration must be determined so that it has the lowest number of missed loads,
respecting the operational constraints and the radial network topology. Several techniques
have been developed to solve this problem as a subsidy to the system operator, as the restora-
tion is a complex decision process and control that must be solved as soon as possible. Math-
ematically, the reconfiguration for network restoration may be treated as a matter of combina-
torial nature that can be modeled as a nonlinear programming problem with mixed-integer
variable. The combinatorial explosion for these problems is imminent due to their size being
related to the number of operable keys, whereby the number of possibilities being determined
by the relation 2n, where n is the number of Keys. So, greater the number of operable keys
are, greater the extent of the problem are more complex its resolution. Given the complexity
of the situation mentioned above, heuristic optimization methods are attractive tools to solve
situations of that category. Therefore, this work presents an optimization-based methodology
colony of ants - Ant Colony Optmization (ACO), to solve the problem of electrical distribu-
tion networks restoration, in order to minimize the amount of unserved consumers. This
method is based on the real ant colony behavior in the search for food sources and has proven
effective to solve combinatorial nature of problems, quickly locating of good quality solu-
tions. In the solution of the problem, it is considered that the radial distribution networks are
three-phase and balanced, and are operating at steady state. There are several works that use
the heuristic ACO for solving the problem of restoration of electrical distribution networks,
however, many of them have the simplest variant of the algorithm or use the ACO in conjunc-
tion with other heuristic. Thus, the choice of the method of this work was Ant Colony System
(ACS) for having maximized search feature compared to other versions implemented for this
problematic, as the pioneer Ant System (AS). The algorithm was tested for systems found in
the literature, and the results obtained are compared with those of other authors.
2 METODOLOGIA ......................................................................................................................... 11
4 FLUXO DE POTÊNCIA............................................................................................................... 31
1 INTRODUÇÃO
considerados para interrupções com duração maior ou igual a três minutos, ou seja, de longa
duração.
Para possibilitar a avaliação da continuidade na prestação do serviço de energia elétri-
ca de cada unidade consumidora, foram criados os seguintes indicadores individuais: DIC
(Duração de Interrupção por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão), FIC (Frequên-
cia de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão) e DMIC
(Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora ou por Ponto de Cone-
xão) (ANEEL, 2011).
Os cálculos dos indicadores para o acompanhamento individual das interrupções ocor-
ridas em cada unidade consumidora atendida pela concessionária são descritas nas equações
(1.1), (1.2) e (1.3).
𝐹𝐼𝐶 = 𝑛 (1.2)
Onde:
A agência divulgou que o consumidor ficou sem energia elétrica por 18,59 horas (ou
18 horas e 35 minutos) durante o ano de 2015, em 2014 foram 18,06 horas (18 horas e 4 mi-
nutos). Entretanto o FEC continua em queda e ficou em 9,86 vezes, contra as 10,09 vezes em
2014. É importante salientar que, a agência reguladora divulga o ranking nacional das conces-
sionárias com a finalidade, também, de impulsioná-las para uma melhoria na qualidade do
serviço proposto, de forma que, são estabelecidos limites decrescentes a cada ano fornecidas
pela agência reguladora para os indicadores de continuidade individuais, para os períodos de
apuração mensais, trimestrais e anuais, conforme observado na Figura 1.1. No ano de 2015, o
limite para o DEC foi de 13,94 horas/ano e o FEC foi de 11,03 horas/ano (ANEEL, 2016).
INTRODUÇÃO 4
Diversas técnicas foram desenvolvidas para sanar este problema como subsídio ao
operador do sistema, visto que, a restauração é um procedimento complexo de decisão e con-
trole e que deve ser resolvido o mais breve possível. As metodologias propostas na literatura
buscam, acentuadamente, a robustez do método e o melhor desenvolvimento computacional.
As técnicas podem estar baseadas em otimização clássica, que buscam a solução exata
do problema, e em métodos heurísticos, que buscam soluções aproximadas e de relativa qua-
lidade. A escolha de qual método aplicar na otimização do processo consiste de importantes
fatores, tais como, o problema de explosão combinatorial, a impossibilidade da completa ou
correta formulação matemática e algorítmica do problema, a capacidade computacional de
processamento e memória, o tempo de processamento requerido, dentre outras (MONTICEL-
LI, 1983; MATHIAS-NETO et al., 2000).
Quanto maior o número de barras do sistema elétrico, maior será o espaço de busca e
mais difícil será obter a solução ótima. O problema da restauração possui natureza não linear,
com variáveis contínuas e binárias. Portanto, originalmente é um problema de programação
não linear inteira mista (PNLIM). Pode ter enfoque multiobjetivo, gerando grandes espaços de
buscas e estando sujeito a muitas restrições fundamentais, o que torna difícil a sua implemen-
tação por otimização clássica (MONTICELLI, 1983; LIU, et al., 1988).
Algoritmos heurísticos são exploratórios e buscam soluções aproximadas, dispensando
a representação formal do conhecimento sobre o problema que busca resolver. Uma tecnolo-
gia de inteligência artificial distribuída fornece uma estrutura de execução para coordenar o
comportamento inteligente entre agentes autônomos. Um sistema multiagente pode ser pensa-
do como um grupo de agentes que interagem trabalhando juntos para atingir um grupo de me-
tas. O sistema mencionado é proposto neste trabalho. O algoritmo de otimização por colônia
de formigas – Ant Colony Optimization (ACO) simula o comportamento natural do grupo bio-
INTRODUÇÃO 7
lógico, tem as características da pesquisa heurística, que tem por objetivo encontrar boas solu-
ções com feedback positivo e cálculo distribuído. Isto é o que faz com que seja aplicado com
sucesso em diversos campos (LING. et al., 2005; CARVALHO, 2015).
Diversos métodos têm sido propostos para resolverem os problemas de restauração, de
forma a proporcionar esforços computacionais cada vez menores. Alguns métodos podem ser
citados, como por exemplo: colônia de formigas utilizando a variante hiper-cubo (WATA-
NABE, 2005), Simulated Annealing (MATOS e MELO, 1999), busca de tabu (TOUNE, et al.,
1998)(SILVA, et al., 2008), nuvem de partículas (LU, et al., 2006) e algoritmos genéticos
(XIAOPING, C, et al., 2009)(FUKUYAMA; CHIANG, 1995).
Dentre esses métodos, o ACO vem se destacando devido à sua eficiência para resolu-
ção de problemas de otimização de natureza combinatória (DORIGO; STUTZLE, 2004). Nas
últimas décadas, modificações e novas versões vêm sendo propostas no intuito de melhorar o
desempenho dos Algoritmos de Formigas, tendo como principal desafio, a busca de uma me-
lhor solução com esforço computacional aceitável.
1.3 MOTIVAÇÃO
Na década de 90, o Brasil sofreu uma reestruturação do setor elétrico criando a Agên-
cia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Câ-
mara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), já nos anos 2000, criou-se a Empresa
de Pesquisa Energética (EPE). Por meio desta iniciativa, intensificaram-se as buscas por me-
lhorias na operação e planejamento do sistema através de investimentos em pesquisas e de
uma regulamentação mais severa do setor. Diante disso, as concessionárias de energia busca-
ram operar o sistema de maneira mais eficiente, visando reduções de custos, que podem ser
alcançadas por meio da diminuição das perdas técnicas e econômicas. Além disso, as conces-
sionárias devem garantir que a qualidade da energia do serviço prestado esteja dentro dos li-
mites estabelecidos pela ANEEL (ANEEL, 2014).
A qualidade e a confiabilidade dos serviços de fornecimento de energia elétrica são
tratadas não apenas como um problema técnico e operacional, mas também, econômico e so-
cial, uma vez que a sociedade moderna está fundamentada e dependente destes serviços, no
que diz respeito ao modo e ao padrão de vida dos indivíduos.
A restauração de redes de energia elétrica é um problema de controle on-line, cujo ob-
jetivo é viabilizar uma configuração factível após a ocorrência da interrupção no sistema elé-
INTRODUÇÃO 8
trico. O plano de contingência deve ser elaborado e executado em prazos dependentes dos ín-
dices de continuidade (DEC, FEC, DIC, FIC) para impedir a ampliação de danos ou aciden-
tes, ou até mesmo, evitar prejuízos financeiros. A Figura 1.3, ilustra um exemplo simples de
operação de chaveamento, que restaura o serviço de fornecimento de energia elétrica na área
que ficou desatendida decorrente da falta permanente no local indicado.
A metodologia empregada para a reconfiguração da rede é diferente nos dois contextos
de planejamento de controle operacional: no planejamento de curto ou longo prazo e no pla-
nejamento em tempo real, mesmo compartilhando aspectos fundamentais. O problema da res-
tauração do serviço está inserido em cenários operacionais geralmente mais críticos e possui
características e objetivos particulares. Dentre as características, está a não integridade do sis-
tema no estado operacional e restaurativo, e o caráter temporário, que, também é urgente do
problema (MORELATO e MONTICELLI, 1989).
melhoria local, devem ser baseados no conhecimento de domínio específico do problema a ser
resolvido.
No próximo capítulo, vão ser mencionados alguns algoritmos que utilizaram a heurís-
tica colônia de formigas para solucionar o problema de restauração de redes de distribuição,
aplicando as variantes Ant System (AS) e a MAX-MIN Ant System (MMAS). O algoritmo a ser
implementado neste trabalho é o Ant Colony System (ACS), por possuir característica de bus-
ca interessante quando comparada a outros algoritmos da mesma heurística, e consequente-
mente, os algoritmos que utilizaram o ACO para a resolução do problema da restauração das
redes elétricas de distribuição, que vale ressaltar, é o tema deste trabalho. Os detalhes do algo-
ritmo estão explanados no Capítulo 4.
1.4 OBJETIVO
1.4.1 Geral
Este trabalho tem como objetivo contribuir para o problema da restauração em siste-
mas de distribuição de energia elétrica, utilizando método de otimização por colônia de for-
migas ACS, realizando uma avaliação quantitativa de sistemas radiais.
1.6 ORGANIZAÇÃO
2 METODOLOGIA
2.1 INTRODUÇÃO
Dificuldade de trabalhar com variáveis discretas e de lidar com funções não dife-
renciáveis;
Necessidade de que a função objetivo seja contínua, diferenciável e convexa no
espaço de busca.
Já os métodos não determinísticos podem ter diversas soluções para certo dado de en-
trada. Este método busca solucionar o problema a ser minimizado através de fenômenos en-
contrados na natureza, a partir de um conjunto de regras e métodos que conduzem a uma reso-
lução relativamente rápida, entretanto, não garantem que a resposta encontrada é o mínimo
global da função. Os modelos não determinísticos utilizam a avaliação da função objetivo e
introduzem no processo de solução de dados que tem origem em eventos aleatórios, além de
não empregar o cálculo de derivadas, atuando diretamente na busca por soluções dentro do
espaço viável (MEDEIROS; KRIPKA, 2012).
Na solução da restauração de redes de distribuição de energia elétrica, em decorrência
da natureza combinatória desses problemas, a resolução por métodos clássicos de otimização
torna-se pouco atraente (CARVALHO, 2015). Diante desse cenário, os métodos não determi-
nísticos baseados em heurísticas são uma boa alternativa para solucionar esses problemas.
2.3 METAHEURÍSTICAS
O termo inteligência coletiva é uma tradução livre para o termo em inglês “Swarm In-
telligence” e nomeia uma subárea da Inteligência Artificial relacionada a projetos de sistemas
multiagentes, inspirados no comportamento coletivo das colônias de insetos sociais e de ou-
tras sociedades animais.
A principal característica dos algoritmos baseados em inteligência coletiva é a utiliza-
ção de agentes que cooperam através de comunicação indireta, executando movimentos no
espaço de decisão. Estes agentes seguem algumas regras simples, que despertam o interesse
de pesquisadores, que buscam entender o comportamento desses insetos sociais. Por meio de
modelos abstratos que imitam esse tipo de comportamento, diversas aplicações baseadas em
inteligência coletiva são introduzidas nas mais variadas áreas do conhecimento (SOUZA,
2013).
Nas colônias de formigas, as interações entre os agentes são feitas de maneira indireta,
através de uma substância denominada feromônio. As abelhas se comunicam por meio de
uma dança rítmica que indica para as abelhas ociosas, à distância e direção em que se encon-
tram os alimentos. Quanto maior a duração e mais frequente é a dança, melhor é a fonte de
alimento encontrada. Mesmo que as abelhas só vejam uma única dança antes de saírem em
busca de alimento e, tendo em vista a inexistência de um mecanismo central que determine o
controle da qualidade do alimento encontrado por todas elas, ainda assim, os agentes são ca-
pazes de perceber as diferenças no meio ambiente e otimizarem a coleta de comida. (FRAGA,
2006).
Esse comportamento de esforço conjunto de vários subsistemas para realização de
uma tarefa complexa pode ser chamado de sinergia. De forma genérica, a sinergia pode ser
definida como o efeito resultante da ação de vários agentes que atuam em conjunto, onde o
valor da ação coletiva resultante é mais significativo que a mera atuação individual de cada
agente da colônia.
Os métodos de otimização são aplicados em larga escala e nas mais diversas áreas do
setor. As perdas geram prejuízos às concessionárias de energia, e o estudo para a sua redução,
sem dúvida, é amplamente explorado, apresentando benefícios técnicos e econômicos para o
sistema elétrico. Contudo, problemas de otimização relacionados ao planejamento e operação
do sistema de distribuição são complexos, normalmente são definidos dentro de domínios dis-
cretos para as variáveis de decisão. No entanto, para sistemas de distribuição reais, a natureza
dimensional e/ou combinatória do problema de otimização torna impraticável o uso da busca
exaustiva, pois o número de combinações seria excessivamente elevado para serem processa-
dos em razoável tempo de computação. Otimizações podem então ser resolvidas em termos de
adoção de meta-heurísticas adequadas (CHICCO, 2011).
Diversas metas-heurísticas são propostas para a solução deste tipo de problema, apre-
sentando princípios e estratégias distintas, dentre elas, algoritmo genético, busca de Tabu, re-
cozimento simulado (Simulated Annealing), nuvem de partículas (Particle Swarm) e colônia
de formigas.
Na literatura encontram-se diversos trabalhos que utilizam a metaheurística ACO com
o propósito de resolver problemas de restauração em sistemas de distribuição de energia elé-
trica.
Em Luan, et al., (2002), é proposto um algoritmo genético utilizado para pesquisar
uma estratégia de restauração de fornecimento em redes de distribuição. Um sistema de codi-
ficação é adotado para cada cromossomo e é feito uma lista dos índices das chaves. O estado
de cada chave é decidido de acordo com a teoria dos grafos, sujeita a restrição de radialidade.
Já no trabalho proposto por Hsiao, et al., (2002), é realizado a implementação de um
algoritmo baseado em lógica difusa (fuzzy), para solucionar o problema de restauração de re-
des de distribuição. A função objetivo é modelada com os conjuntos fuzzy para avaliar a sua
aptidão.
O ACO é visto em Ling, et al., (2005), de forma a propor um modelo distribuído para
a restauração do sistema de potência utilizando o ACO, de forma que, combina a versão AS
do algoritmo de formigas com inúmeros agentes inteligentes de barra e um único agente inte-
ligente de controle, empregando da interação entre eles para obter soluções ótimas locais, e,
posteriormente, encontrar uma solução ótima global.
No modelo realizado por Watanabe (2005), o ACO é formulado com base em um qua-
dro de Hiper Cubo (HC-ACO) que, realiza uma busca na sequência de comutação ideal e a so-
lução fornece um serviço de restauração eficaz.
METODOLOGIAS 16
3.1 INTRODUÇÃO
O experimento de ponte dupla mostra claramente através da Figura 3.4, que as colô-
nias têm incorporadas a capacidade de otimização, uma vez que, através do uso de regras pro-
babilísticas com base em informações locais, elas podem encontrar o menor caminho entre
dois pontos do ambiente. Vale ressaltar que, com o decorrer do tempo, o feromônio sofre o
processo de evaporação, pois a substância é volátil e a concentração em caminhos menos visi-
tados vai diminuindo, reduzindo também a influência desses caminhos nas decisões das for-
migas. Portanto, a partir da inspiração do experimento, é possível desenvolver formigas artifi-
ciais, tendo como modelo formigas reais, que conseguem encontrar o menor caminho entre a
fonte de comida e o formigueiro, obtendo assim um processo de otimização eficiente (DORI-
GO, et al., 2006).
A busca pelo caminho mais curto: as formigas reais ou artificiais buscam o cami-
nho mais curto. As formigas reais escolhem o menor caminho entre o ninho e uma
dada fonte de alimento, enquanto que as formigas artificiais, buscam menores ca-
minhos a depender do problema a ser otimizado;
Colônia de agentes cooperativos: tanto na natureza como no mundo virtual, as
formigas agem de maneira cooperativa por meio da deposição e evaporação do fe-
romônio, a qual se trata de uma substância química quando envolve formigas reais,
já no caso das formigas artificiais, é utilizada como uma variável matemática que
conectará o processo;
Trilhas de feromônio: o feromônio depositado pelas formigas atua nas duas reali-
dades, modificando o meio ambiente e, consequentemente, ratificando o aprendi-
zado gerado pelas formigas;
Inteligência coletiva: tanto na realidade como no ACO, a inteligência é obtida
através da coletividade, visto que, o comportamento individual é insuficiente ou
aleatório;
Comportamento estocástico: a forma probabilística é característica das duas reali-
dades.
Não obstante, existem algumas características que são próprias das formigas “artifici-
ais”. Dorigo, et al. (1999) destacou:
Memória: as formigas reais não possuem uma estrutura de memória como no caso
das virtuais, que as impeça de realizar movimentos.
Figura 3.5: Resultado obtido para o problema do caixeiro viajante para 30 cidades aplicando o AS
Para que seja possível um melhor entendimento sobre o método ACO, a seguir é apre-
sentada a formulação do algoritmo AS. Esta metodologia foi aplicada para resolver o proble-
ma clássico do caixeiro viajante (TSP).
O TSP consiste em, por exemplo, dado um conjunto de cidades e dada também à dis-
tância entre elas, tem-se que determinar a menor rota para que contemple todas as cidades,
passando uma única vez por cada cidade e retorne ao local de partida. A Figura 3.6 exemplifi-
ca a construção da rota.
A escolha para a definição da ligação deve ser probabilística. Com isso, a probabilida-
de de um agente k, que se encontra em uma cidade j, possuindo Ψ (conjunto de cidades vizi-
nhas de j que não foram visitadas pelo agente k), visitar uma cidade z utilizando uma determi-
nada trilha é dada pela equação de transição:
𝛼 𝛽 𝛽
𝑘
𝜏𝑗𝑍 𝜂𝑗𝑍 ⁄∑ 𝜏𝑗𝑙𝛼 𝜂𝑗𝑙 , se 𝑧 ∈ 𝛹
𝑃𝑗𝑍 = 𝑓(𝑥) = { 𝑙∈𝛹
, (3.1)
0, se 𝑧 ∉ 𝛹
𝑘
𝑃𝑗𝑍 é a probabilidade do agente k visitar uma cidade z utilizando a trilha jz; 𝜏𝑗𝑧 é a quantidade
de feromônio sobre a trilha jz; 𝜂𝑗𝑧 é uma informação heurística dada pelo inverso da distância
entre as cidades jz; α e β são os pesos atribuídos ao feromônio e a informação heurística, res-
pectivamente, e por fim, j compreende a cidade onde a formiga se encontra em um determina-
do instante (PEREIRA, 2010).
Nas fases iniciais da pesquisa, se forem definidos valores aleatórios para os feromô-
nios, as formigas não terão orientação e iriam acabar tendo soluções iniciais com baixa quali-
dade, deste modo, a informação heurística tem como objetivo garantir que as formigas tenham
uma boa solução desde a fase inicial. Ela pode existir ou não a depender do problema em
questão (WATANABE, 2005).
A informação heurística pode ser dada por algumas formas, sendo bastante utilizado
para a reconfiguração de redes elétricas como através da Equação (3.2) relacionada com a re-
sistência elétrica do ramo, a Equação (3.3) com base no inverso da perda elétrica ativa no tre-
cho em questão e a Equação (3.4), relacionada com a diferença entre as perdas em cada tre-
cho.
1 (3.2)
𝜂𝑥 =
𝑅𝑥
1 (3.3)
𝜂𝑥 =
𝑃𝐿𝑜𝑠𝑠𝑥(𝑖,𝑗)
∆𝜏(𝑖, 𝑗), representa o depósito de feromônios de todas as formigas no caminho (𝑖, 𝑗), que se
expressa da seguinte forma:
𝑚
(3.7)
∆𝜏(𝑖, 𝑗) = ∑ ∆𝜏𝑘 (𝑖, 𝑗)
𝑘=1
De acordo com Stutzle e Hoos, (2000), a utilização da melhor solução de uma itera-
ção, aumenta o efeito de exploração das melhores soluções durante o processo de busca
(STUTZLE e HOOS, 1997; STUTZLE e HOOS, 2000). Ao mesmo tempo, contribui para o
efeito de intensificação do processo, utilizando sempre as melhores soluções em cada iteração
para a atualização do feromônios.
No MMAS, existem limites superiores e inferiores para o nível de feromônio. Ao rea-
lizar uma atualização do feromônio (aumento e evaporação) num ramo, o seu valor não pode
ultrapassar 𝜏𝑚𝑎𝑥 , nem ser inferior a 𝜏𝑚𝑖𝑛 .
Após cada iteração, se 𝜏𝑖,𝑗 > 𝜏𝑚𝑎𝑥 , então 𝜏𝑖,𝑗 = 𝜏𝑚𝑎𝑥 , se 𝜏𝑖,𝑗 < 𝜏𝑚𝑖𝑛 , então 𝜏𝑖,𝑗 =
𝜏𝑚𝑖𝑛 , além disso, 𝜏𝑚𝑖𝑛 > 0, se 𝜂𝑖,𝑗 < ∞ para todas as componentes da solução. Pode-se dizer
que, a proposta de impor limites à quantidade de feromônio, tem um efeito de intensificação
no processo de busca da melhor solução (para encontrar um maior número de possibilidades).
Após todas as formigas terem construído suas turnês, a atualização do feromônio é
implementada conforme a Equação (3.9):
𝜏𝑚𝑎𝑥
𝜏𝑖𝑗 ← [(1 − 𝜌)𝜏𝑖𝑗 + Δτ𝑏𝑒𝑠𝑡
𝑖𝑗 ] (3.9)
𝜏𝑚𝑖𝑛
OTIMIZAÇÃO POR COLÔNIAS DE FORMIGAS 27
A dificuldade é determinar quais são os valores aproximados para 𝜏𝑚𝑖𝑛 e 𝜏𝑚𝑎𝑥 , sendo
que 𝜏𝑚𝑎𝑥 é determinado pela Equação (3.10) (STUTZLE e HOOS, 2000):
∗
𝜏𝑚𝑎𝑥 = 1⁄𝜌. 𝐹𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟 (3.10)
∗
Sendo 𝐹𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟 o valor da melhor solução encontrada da função objetivo até o momento (me-
lhor solução global) ou a melhor solução da iteração. Stuzle e Hoos (2000) também propõem
inicializar o algoritmo fazendo 𝜏0 = 𝜏𝑚𝑎𝑥 , para obter uma intensa exploração das soluções no
espaço de busca.
Quanto ao valor de 𝜏𝑚𝑖𝑛 , não há um completo acordo sobre como pode ser determina-
do. Dorigo, et al. (1996), diz que o valor de 𝜏𝑚𝑖𝑛 é determinado empiricamente, porém existe
uma proposta analítica para determinar este valor, Equação (3.11):
𝑘 é a quantidade média de barras adjacentes que a formiga pode escolher em qualquer ponto
de decisão, e 𝑃𝑑𝑒𝑐 é determinado pela Equação (3.12):
𝑛−1
𝑃𝑑𝑒𝑐 = √𝑃𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟 (3.12)
𝑃𝑚𝑒𝑙ℎ𝑜𝑟 é a probabilidade de uma formiga construir o melhor caminho até agora, e 𝑛 é o nú-
mero de passos no caminho (número de barras).
rante a construção do caminho de cada formiga, ela modifica também a quantidade de fe-
romônio nas bordas visitadas através de uma regra de atualização local. Uma vez que todas as
formigas tenham concluído o seu caminho, a quantidade de feromônio das bordas é atualizada
novamente aplicando a regra de atualização global.
com Δ𝜏𝑖𝑗 = 1/𝐿𝑏𝑒𝑠𝑡 , onde 𝐿𝑏𝑒𝑠𝑡 é o comprimento da melhor rota, que pode ser a melhor rota
encontrada na iteração corrente ou a menor rota encontrada desde o início do algoritmo.
A maior contribuição do ACS, com toda certeza é a introdução da Regra de Atualiza-
ção Local de Feromônio. A atualização local é realizada por todas as formigas, após cada pas-
so na construção de uma solução. Assim que a formiga se desloca, a quantidade de feromônio
no caminho deslocado é atualizado por:
4 FLUXO DE POTÊNCIA
4.1 INTRODUÇÃO
Grande parte dos estudos nas áreas de planejamento e operação de sistemas elétricos
de potência utiliza o cálculo de fluxo de potência, para que se consiga de forma geral, obter o
controle sobre a potência ativa e reativa do sistema, de modo que a demanda seja satisfeita e
realize uma análise estática da estabilidade da tensão, que vem se tornando um ponto crítico
para a operação dos sistemas de potência (LEITE; COSTA, et at., 2003).
Diversos métodos de fluxo de potência são encontrados na literatura. Para os sistemas
de transmissão, os mais utilizados são os métodos de Newton-Raphson e suas variações. Po-
rém, em se tratando de fluxo de carga para os sistemas de distribuição, que vale ressaltar é o
foco dessa dissertação, o panorama é outro.
Os métodos de fluxo de carga para redes de transmissão, quando aplicados a redes de
distribuição podem apresentar problemas de convergência. Estes problemas se devem a confi-
guração distinta entre as redes. A rede de distribuição frequentemente possui estrutura radial,
ou seja, ao contrário das redes de transmissão, elas não formam malhas, e possuem também
características elétricas distintas das redes de transmissão, como por exemplo, uma elevada
relação de resistência/reatância (HAFFNER, et al., 2009; GUIMARÃES, 2005; PEREIRA,
2010).
Existem na literatura diversos métodos propostos de algoritmos eficientes para pro-
blemas de fluxo de carga em redes de distribuição radiais. Duas linhas básicas para resolver
este tipo de problema é o método de Newton Raphson desacoplado rápido com rotação de ei-
xos e os métodos baseados em varredura direta e inversa (Backward-Forward-Sweep).
Dentre os métodos mais eficientes para cálculo do fluxo de potência, em redes de dis-
tribuição, o Método da Soma de Potência proposto por Cespedes (1990) utiliza um processo
iterativo nas variáveis perdas de potência ativa e reativa do tipo Backward-Forward-Sweep,
tendo os seguintes objetivos básicos:
O módulo da tensão de cada barra deve ser a variável de maior interesse, prevale-
cendo sobre a sua fase. Isso, porque em sistemas de distribuição a diferença entre
as fases das tensões de barra é pequena não excedendo alguns graus;
O método deve permitir a definição do módulo de tensão em qualquer barra do sis-
tema, para que as outras barras possam ser calculadas a partir desta;
As cargas nas barras podem ser representadas como funções dos respectivos mó-
dulos das tensões nas barras;
O método deve ser aplicado para fluxos radiais monofásicos e trifásicos;
O algoritmo deve ter seu tempo de processamento e convergência compatíveis
com outros métodos usualmente utilizados para a solução do problema de fluxo de
potência.
Em uma rede com topologia radial, como pode ser visto da Figura 4.1, o MSP supõe
que, inicialmente, as perdas em todos os trechos são nulas, e a cada iteração as estimativas
dessas perdas melhoram. Quando a tensão da subestação é fornecida e as perdas são conside-
radas nulas, podem-se calcular as tensões das barras conectadas diretamente à subestação
(SE). Esse processo permanece até que todas as tensões das barras sejam calculadas. Após
concluir a primeira parte (forward), obtêm-se valores aproximados de todas as tensões das
barras. Estes valores são ditos aproximados devido às perdas iniciais serem consideradas nu-
las. Conhecidos os valores de tensão, é possível calcular uma estimativa para as perdas em to-
dos os trechos e, em seguida, corrigir os fluxos no processo (backward). O processo completo
(forward – backward) permanece até que a variação, nas perdas totais, seja menor que uma
tolerância pré-estabelecida, ou quando o limite de iterações for excedido.
FLUXO DE POTÊNCIA 33
R2 j.X 2
1 2
Onde 𝑉1 ∠𝛿1 e 𝑉2 ∠𝛿2 são as tensões de cada barra; 𝐼2 ∠𝜃2 é a corrente que atravessa o trecho
2; 𝑅2 e 𝑗𝑋2 representam, respectivamente, a resistência e reatância série do trecho 2; enquanto
que a carga, tipo potência constante, existente em cada barra, é representa por suas parcelas
ativa e reativa (𝑃𝐿1 + 𝑗𝑄𝐿1 , 𝑃𝐿2 + 𝑗𝑄𝐿2 ). O fluxo de potência num trecho (𝑃2 + 𝑗𝑄2 ) é definido
como aquele que flui no final do mesmo, antes de seu nó terminal, desconsiderando as perdas
do trecho (Δ𝑃2 e Δ𝑄2 ). Esse fluxo é o que chega ao final do trecho, já descontadas as perdas
do fluxo de potência no início do trecho.
FLUXO DE POTÊNCIA 34
𝑉1 ∠𝛿1 − 𝑉2 ∠𝛿2
𝐼2 = (4.1)
𝑅2 + 𝑗𝑋2
𝑉1 𝑉2 𝑠𝑒𝑛(𝛿1 − 𝛿2 ) = 𝑋2 𝑃2 − 𝑅2 𝑄2 (4.3𝑏)
1
𝑉24 + 2𝑉22 [(𝑅2 𝑃2 + 𝑋2 𝑄2 ) − 𝑉22 ] + (𝑅22 𝑃22 + 2𝑅2 𝑃2 𝑋2 𝑄2 + 𝑋22 𝑄22 )
2
+(𝑋22 𝑃22 − 2𝑋2 𝑃2 𝑅2 𝑄2 + 𝑅22 𝑄22 ) = 0
FLUXO DE POTÊNCIA 35
1
𝑉24 − 2 [ 𝑉22 − (𝑅2 𝑃2 + 𝑋2 𝑄2 )] 𝑉22 + (𝑅22 + 𝑋22 )(𝑃22 + 𝑄22 ) = 0 (4.4)
2
Em sistemas de distribuição, as fases das tensões não são de grande importância, pois
a diferença de fase entre a barra da subestação e a última barra do alimentador geralmente é
de apenas alguns graus (CESPEDES, 1990; SANCA, 2013; CARVALHO, 2015). É impor-
tante observar que, a Equação (4.5) é uma equação biquadrada e possui quatro raízes. Logo,
das duas soluções para 𝑉22 , apenas a solução que considera o sinal positivo da raiz quadrada
da solução fornece um valor de tensão possível de se calcular, o mesmo se aplica à raiz qua-
drada da solução para 𝑉2 (CESPEDES, 1990).
Resolvendo a Equação (4.5) encontra-se:
𝑉2 = √𝐴 + √𝐴2 − 𝐵 (4.8)
𝑉𝑖 = √𝐴 + √𝐴2 − 𝐵 (4.9)
1 2
𝐴= 𝑉 − (𝑅𝑖 𝑃𝑖 + 𝑋𝑖 𝑄𝑖 ) (4.10)
2 𝑖−1
𝑆𝑖 2 𝑃𝑖2 + 𝑄𝑖2
Δ𝑃𝑖 = 𝑅𝑖 𝐼𝑖2 ⇒ Δ𝑃𝑖 = 𝑅𝑖 [ ] ⇒ Δ𝑃𝑖 = 𝑅𝑖 [ ]
𝑉𝑖 𝑉𝑖 2
𝑆𝑖 2 𝑃𝑖2 + 𝑄𝑖2
ΔQ𝑖 = 𝑋𝑖 𝐼𝑖2 ⇒ ΔQ𝑖 = 𝑋𝑖 [ ] ⇒ ΔQ𝑖 = 𝑋𝑖 [ ]
𝑉𝑖 𝑉𝑖 2
Desse modo, as perdas de potência ativa e reativa em um trecho genérico i são forne-
cidas pelas seguintes equações:
𝑃𝑖2 + 𝑄𝑖2
Δ𝑃𝑖 = 𝑅𝑖 [ ] (4.12)
𝑉𝑖 2
𝑃𝑖2 + 𝑄𝑖2
ΔQ𝑖 = 𝑋𝑖 [ ] (4.13)
𝑉𝑖 2
Através da figura (4.1) é possível determinar os fluxos de potência ativa e reativa utili-
zando-se as expressões:
em que 𝑃𝐿𝑖 e 𝑄𝐿𝑖 são as potências da carga instalada no trecho i; 𝑃𝑖 e 𝑄𝑖 são os fluxos de po-
tência ativa e reativa do trecho i; e Δ𝑃𝑘 e 𝛥𝑄𝑘 são as perdas ativa e reativa no trecho k; 𝛹 é o
conjunto de todos os trechos que derivam do trecho i. Quando a diferença entre duas perdas
consecutivas for menor que uma tolerância pré-estabelecida, o algoritmo chegará ao fim.
Retomando a Equação (4.3b), é possível desenvolver uma expressão para o cálculo das
fases das tensões nas barras.
𝑉1 𝑉2 𝑠𝑒𝑛(𝛿1 − 𝛿2 ) = 𝑋2 𝑃2 − 𝑅2 𝑄2
𝑋2 𝑃2 − 𝑅2 𝑄2
𝑠𝑒𝑛(𝛿1 − 𝛿2 ) =
𝑉1 𝑉2
FLUXO DE POTÊNCIA 37
𝑋2 𝑃2 − 𝑅2 𝑄2
𝛿2 = 𝛿1 − 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ( )
𝑉1 𝑉2
De forma genérica:
𝑋𝑖 𝑃𝑖 − 𝑅𝑖 𝑄𝑖
𝛿𝑖 = 𝛿𝑖−1 − 𝑎𝑟𝑐𝑠𝑒𝑛 ( ) (4.16)
𝑉𝑖−1 𝑉𝑖
A fase na subestação é considerada nula e este é o ponto de partida para o cálculo das
demais fases das tensões nas barras. No próximo capítulo o MSP é aplicado em conjunto com
o ACO para a resolução do problema de Restauração de Redes Elétricas de Distribuição.
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 38
5.1 INTRODUÇÃO
meiramente, isolar o local da falta e verificar quais as barras ficaram sem atendimento na situ-
ação pós-falha. Durante o processo de restauração, também é importante verificar se, no fe-
chamento de uma chave, há a formação de laços, o que por sua vez, viola a restrição de radia-
lidade do sistema.
Estes problemas podem ser solucionados utilizando a teoria dos grafos. Esta resolução
é efetuada em diversos problemas na engenharia, principalmente, o que diz respeito a redes
elétricas (BALABANIAN; BICKART; SESHU, 1969). Devido à dimensão das aplicações,
vamos abordar algumas formulações que foram importantes para a resolução deste trabalho.
A Figura 5.3 apresenta a árvore do sistema indicado na Figura 5.2. Note que, as barras
3 e 4 não fazem parte da árvore, correspondendo aos nós ilhados do grafo.
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 41
Durante o período restaurativo, em que houve falha em algum ponto do sistema elétri-
co de distribuição, é importante verificar se, no fechamento de uma chave, não há a formação
de laços no sistema. Uma vez que a radialidade é uma das restrições do problema de restaura-
ção de redes elétricas de distribuição. Essa situação pode ocorrer durante o período restaurati-
vo, em que existe a necessidade de se fechar duas chaves para tentar recompor parte do siste-
ma ou para viabilizar os limites operacionais da rede.
De acordo com Balabanian e Bickart (1969), para um determinado grafo, existe uma
relação de ortogonalidade entre sua matriz incidência 𝐴𝑓 e sua matriz de circuitos fundamen-
tais 𝐵𝑓 , de tal forma que:
𝐴𝑓 𝐵𝑓𝑡 = 0 (5.1)
A partir dos cálculos algébricos, a matriz de circuitos fundamentais pode ser represen-
tada pela equação:
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 42
𝐵𝑟𝑡 = −𝐴−1
𝑟 𝐴𝑒 (5.2)
(5.3)
(5.4)
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 44
O passo seguinte é seccionar a matriz 𝐴𝑓 entre submatrizes: matriz incidência dos ra-
mos (𝐴𝑟 ) e matriz incidência dos elos (𝐴𝑒 ). Essas submatrizes podem ser vistas da seguinte
forma:
(5.5)
Ao aplicar as matrizes (𝐴𝑟 ) e (𝐴𝑒 ) na Equação (5.2) chega-se na matriz (𝐵𝑟 ) que cor-
responde a submatriz de ramos da matriz de circuitos fundamentais (𝐵𝑓 ). A partir da Equação
(5.6), verifica-se que o sistema exemplo possui apenas um laço, que é formado pelos ramos 1,
2, 4 e 5.
(5.6)
Adicionando a submatriz (𝐵𝑟 ) à submatriz dos elos (𝐵𝑒 ), é formada a matriz de circui-
tos fundamentais (𝐵𝑓 ). Dessa forma, além dos ramos citados acima, o laço também é constitu-
ído pelo elo 7, de acordo com a Equação (5.7).
(5.7)
Na Figura 5.6, é representado o grafo do sistema proposto, de forma que a área trace-
jada destaca a formação do laço identificado através da metodologia proposta.
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 45
Figura 5.6: Grafo do sistema, exemplo com formação do laço na área tracejada
O ACS foi proposto por Dorigo e Gambardella (1997ab), para solucionar o problema
do TSP (DORIGO, et al., 2006). Este algoritmo caracteriza-se por atualizar o feromônio ao
final da solução de cada formiga. As formigas decidem qual chave do sistema irão comutar
através da regra de transição de estados bastante semelhante à Equação (3.1).
β
k(i) ταz ηβz ⁄∑ ταl ηl , se z∈Ψ
PZ =f(x)= { l∈Ψ
, (5.10)
0, se z∉Ψ
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 47
tendo Ψ como conjunto de chaves que podem ser visitadas pelo agente k. Portanto o conjunto
mencionado é constituído pela união entre os vetores restauração e radialidade. τz é a quanti-
dade de feromônio relacionada à abertura/fechamento da chave z; já ηz corresponde à infor-
mação heurística que será detalhada mais a frente; α e β são os pesos atribuídos ao feromônio
e a informação heurística (PEREIRA, 2010).
m
(5.13)
𝛥𝜏𝑧 = ∑ ∆τk (z)
k=1
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 48
Uma roleta é implementada para o sorteio das ligações com probabilidades calculadas,
dessa forma, não necessariamente a formiga vai escolher a ligação com a maior probabilidade.
Uma análise mais detalhada deste método permite verificar que, as aproximações realizadas
nos cálculos podem proporcionar limitações quando o sistema possui principalmente muitas
ramificações. No exemplo acima, a ligação 1 e 2 teriam a mesma probabilidade para a roleta.
Portanto, outro método é adotado a fim de evitar o procedimento de arredondamento
dos valores de probabilidade, tornando o sorteio, por sua vez, mais justo. A estratégia propõe
gerar um vetor de intervalos numéricos com base nas probabilidades calculadas.
Os intervalos são calculados tomando zero como referência e somando a probabilidade
em cada trecho ao valor acumulado. Dessa forma, para a ligação 1, somando 0 e 25,6%, tere-
mos o intervalo [ 0 – 0,256]. Para a ligação 2, somando-se 25,6% e 26,1% resulta no intervalo
(0,256 - 0,517] e para a ligação 3, somando-se 51,7% e 48,3% resulta no intervalo (0,517 –
1). O procedimento é repetido para todas as ligações. Dessa forma, ao final do processo têm-
se intervalos numéricos representativos de cada ligação. Suponha que para o presente exem-
plo, o número sorteado seja 0,784. A roleta faz as seguintes comparações:
Dessa forma, neste exemplo, a formiga vai escolher percorrer a ligação 3, chegando na
barra k. Com a roleta implementada, torna-se possível explorar todas as trilhas, considerando
até a com valores mais baixos, diversificando assim a busca do algoritmo.
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 50
Passo 20: Procurar o menor valor no vetor histórico da função objetivo e armazenar a
configuração da respectiva solução;
Passo 21: Realizar a atualização global do feromônio para a melhor configuração do
ciclo corrente;
Passo 22: Verificar se é o último ciclo;
Passo 23: Caso positivo o passo 22, retornar para o passo 4, caso contrário, ir para o
passo 24;
Passo 24: Apresentar a melhor configuração radial, exibindo a potência não fornecida
global, as chaves manobradas e as perdas do sistema.
ACO PARA A RESTAURAÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO 52
6.1 INTRODUÇÃO
A formiga possui movimentação de caráter discreto, portanto, pode ter como ponto
inicial qualquer barra do sistema, por exemplo, alguma barra adjacente ao local da falta. A
movimentação das formigas se dá uma por vez, e seus passos estão descritos no fluxograma
da Figura 5.8.
TESTES E RESULTADOS NUMÉRICOS 54
Após o isolamento da falta, inicialmente, a formiga verifica qual a potência não forne-
cida do sistema a partir das barras ilhadas utilizando o MSP descrito no capítulo 4. Feito isso,
a formiga conecta as barras ilhadas do sistema, ativando a ligação com a barra escolhida do
“vetor restauração” a partir da regra de transição de estados explanada na Equação 5.10. A Fi-
gura 6.2 ilustra o deslocamento da formiga de forma hipotética, sendo as ligações desativadas,
aquelas que não compõem as barras do vetor analisado em questão – neste caso o vetor res-
tauração – e as ligações ativáveis são às ligações possíveis – que fazem parte do vetor – e, se-
rão escolhidas mediante a regra de transição já mencionada.
Após o sorteio, a formiga ativará o trecho contemplado pela roleta sem se preocupar
com a formação de laços no sistema – devido às barras estarem ilhadas após a isolação da fa-
lha. Seu deslocamento funciona de acordo com a Figura 6.3.
Estes são os únicos trechos capazes de interligar as barras PNS com o resto do sistema,
restabelecendo por sua vez, a conectividade. Como este sistema é pequeno, é possível verifi-
car qual a melhor configuração. Desta forma, supondo que o trecho escolhido dentro do vetor
restauração seja representado pela chave 𝑆8 , o sistema ficaria de acordo com a Figura 6.4.
Entretanto, não basta apenas conectar as barras que ficaram sem atendimento, se faz
necessário também, verificar se às restrições foram satisfeitas através do MSP. No caso supra-
citado, verifica-se que algumas barras restringem às restrições, sendo consideras, por sua vez,
como barras PNS.
De acordo com o fluxograma da Figura 5.8, se após a ativação de um trecho o sistema
não atender à condição de parada (PNS = 0) então é calculado, mediante a regra de transição
de estados, outra chave do vetor restauração que ainda não foi operada. Neste caso, o vetor
restauração dispõe unicamente da chave 𝑆7 .
Neste estudo de caso, os algoritmos implementados são testados para dois sistemas de
distribuição conhecidos na literatura: 16 barras (CIVANLAR et al., 1988) e 33 barras (BA-
RAN; WU, 1989). Com o objetivo de validar esse algoritmo quanto ao critério de qualidade
da solução encontrada, os resultados obtidos são comparados com o de outros autores.
Os parâmetros do algoritmo sofrem algumas alterações a depender do sistema, sendo
estabelecidos com base em diversas simulações, utilizando a estratégia de tentativa e erro, até
se observar valores que proporcionassem o melhor desempenho. É importante salientar que,
neste trabalho, o algoritmo foi simulado mais de 200 vezes utilizando valores dos parâmetros
distintos até ser possível determinar quais destes tiveram o melhor resultado. Cabe enaltecer
também que, diferentemente das outras variantes do ACO, a ACS tem comportamento basea-
do na quantidade de formigas devido à introdução da regra de atualização global, sendo esta
quantidade também determinada assim como as demais, entretanto, diretamente proporcional
à dimensão do sistema. Os parâmetros utilizados podem ser visualizados na Tabela 6.1.
TESTES E RESULTADOS NUMÉRICOS 58
A formiga inicia seu movimento partindo de uma barra qualquer, considerando o mo-
vimento de caráter discreto. Este movimento segue às regras supracitadas mediante os vetores
restauração e radialidade, e continua até construir a solução radial e obedecer ao critério de
parada do algoritmo.
O sistema teste de 16 barras (CIVANLAR et al., 1988), foi descrito na seção 6.2. A
configuração inicial contém as chaves 14-15-16 abertas de acordo com a Figura 6.7 e apresen-
ta perdas de potência ativa de 511,4 kW. Os dados desse sistema estão contidos no Apêndice
A.
No entanto, para fins de comparação vai ser utilizado o sistema reconfigurado da Figu-
ra 6.8. Este sistema possui a reconfiguração ótima do sistema como descrito em (LIN; CHIN,
1998) e (BORGES, 2012) no problema de restabelecimento.
Adotou-se também da mesma forma que Lin e Chin (1998) e Borges (2012), a ocor-
rência do defeito no ramo 𝑆5 . Após a atuação do sistema de proteção, as barras 6, 7 e 10 ficam
desenergizadas, conforme mostra a Figura 6.9. Os limites de tensão nas barras foram conside-
rados entre 0,95 p.u. e 1,05 p.u..
Índices de Comutação
Ideal Fechar S7 0,950 p.u. (Barra 6) 67%
(LIN;CHIN, 1988)
Fechar S8
Método Proposto Fechar S7 0,954 p.u. (barra 10) 100%
Abrir S6
A Figura 6.10 e 6.11 mostra o perfil de tensão das barras para o sistema de 16 barras
reconfigurado antes da ocorrência da falta e após a restauração, respectivamente.
TESTES E RESULTADOS NUMÉRICOS 61
Figura 6.10: Perfil de tensão inicial para o sistema de 16 barras reconfigurado antes da ocorrência da falta
Figura 6.11: Perfil de tensão das barras após a restauração para o sistema de 16 barras
A Tabela 6.3 mostra os resultados obtidos para o sistema de 33 barras com um limite
de tensão de 0,85 p.u..
A Figura 6.16 e 6.17 mostra o perfil de tensão das barras para o sistema de 33 barras
reconfigurado antes da ocorrência da falta e após a restauração com limite de tensão de 0,85
p.u, respectivamente. Apesar de ser considerável o limite de tensão, a resposta do sistema teve
o seu pior resultado na barra de número 6, cuja tensão é 0,928 p.u..
Figura 6.16: Perfil de tensão inicial para o sistema de 33 barras reconfigurado antes da ocorrência da falta
TESTES E RESULTADOS NUMÉRICOS 66
Figura 6.17: Perfil de tensão das barras após a restauração para o sistema de 33 barras com limite de tensão de
0.85 p.u.
O perfil de convergência do algoritmo pode ser observado na Figura 6.18 para o limite
de tensão de 0.85 p.u..
Figura 6.18: Convergência do algoritmo ACS para o sistema de 33 barras com limite de tensão de 0.85 p.u.
tivo: α = 0,5; β = 0,25 e 𝜇 = 0,25. O perfil de tensão pode ser visto na Figura 6.19 e a con-
vergência do algoritmo na Figura 6.20.
Tabela 6.4: Comparação do resultado final do restabelecimento do sistema IEEE 33 barras - Limite inferior de
tensão de 0,95 p.u.
Experimentos Chaveamento Tensão mínima Carga final restabelecida Perdas
Ativas
Índices de Comutação 48 kW
Ideal Fechar S7 0,951 p.u. (Barra 32) 8%
(LIN;CHIN, 1988) Fechar S9
Índices de Comutação 94 kW
Ideal Fechar S37 0,950 p.u. (barra 6) 55%
(ZIDAN; EL- Fechar S14
SAADANY, 2011)
Fechar S37
Método Primal-Dual de Fechar S9
Pontos Interiores Fechar S32 0,952 p.u. (barra 16) 64% 97 kW
(BORGES, 2012) Abrir S17
Fechar S7
Abrir S25
Fechar S37
Fechar S9
Método Proposto Fechar S32 0,952 p.u. (barra 16) 64%
Abrir S17 97 kW
Fechar S7
Abrir S25
Figura 6.19: Perfil de tensão das barras após a restauração para o sistema de 33 barras com limite de tensão de
0.95 p.u.
TESTES E RESULTADOS NUMÉRICOS 68
Figura 6.20: Convergência do algoritmo ACS para o sistema de 33 barras com limite de tensão de 0.95 p.u.
A partir da Tabela 6.4, é possível verificar que o método proposto em Lin e Chin
(1988) restabeleceu apenas 8% da carga do sistema; enquanto que, a metodologia adotada por
Zidan e El-Saadany (2011) restaurou 55%. Continuando a análise, percebe-se que a metodo-
logia proposta, assim como visto em Borges (2012), restabeleceram 64% com uma perda de
97 kW.
CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS 69
7.1 CONCLUSÕES
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APÊNDICE A
A1 Sistema de 16 barras
A2 Sistema de 33 barras