Pilares Com Concreto Armado - I

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Capítulo 4

Cálculo de pilares de Concreto Armado


4.1 – Introdução
4.2 - Revisão teórica – Não linearidades,
Efeitos de 2ª Ordem e Flambagem
4.3 - Carregamentos de Pilares com
Prescrições de carregamento da NBR
6118/2014
4.4 - Dimensionamento de pilares e
aproximação para cálculo à compressão
centrada
4.5 - Prescrições de detalhamento da NBR
6118:2014
4.6 - Exemplos
4.7 - Auto-avaliação
4.1 - INTRODUÇÃO
Conceito: Pilares são elementos lineares de eixo reto, em geral
verticais, em que as forças normais de compressão são
preponderantes e que têm a função de transmitir às fundações as
ações atuantes na estrutura.

Elementos de superfície não são lineares mas sim, chapas ou placas,


portanto, para que as seções transversais se enquadrem como
pilares, é necessário que h<= 5b ( NBR6118/2014)

Pilar Parede NÃO é pilar.


Funções Básicas dos Pilares:

1 – Resistir às cargas verticais atuantes na estrutura e transmiti-las


ás fundações.
2 – Resistir aos carregamentos horizontais ( Ex: o vento ) auxiliando
na manutenção da estabilidade global da edificação

Cargas Verticais Cargas Horizontais


Solicitações Típicas
Um pilar, normalmente é solicitado ao esforço normal e momentos
fletores em ambas as direções, oriundos de várias origens
diferentes, resultando em FLEXÃO COMPOSTA OBLÍQUA.
A solicitação em uma destas direções pode ser desprezível,
resultando então em uma FLEXÃO COMPOSTA RETA OU NORMAL.
Portanto, as solicitações em pilares podem ser:

Flexão Composta Oblíqua : N + Mx + My


Flexão Composta Reta : N + Mx ( My = 0) ou N + My ( Mx = 0 )
Compressão Centrada : Apenas N ( Mx e My iguais a zero ).

Não existe na prática.

Lembrando ser a segunda uma simplificação da primeira e a


última puramente teórica, uma vez inexistente na prática, pois a NBR
6118 determina que todo pilar deve ter pelo menos um mínimo de
momento, como será visto á frente.
Alguns pilares, não iniciam na fundação, mas em vigas da estrutura.
Diz-se que nascem em transição.

Vigas de
transição
Pilares podem ser importantes
elementos arquitetônicos da edificação
Brasília: Alvorada e STF Chicago – EUA
Pilares decorativos - construções antigas de alvenaria

São Paulo: casa Av. Paulista São Paulo: Biblioteca Pública


Pilares com grandes
dimensões, conforme
o tipo de edificação

Passarela em Salvador – BA Pirineus – Espanha (provavelmente


(solução não muito elegante...) pilares com seção vazada)
Pilares estranhos...

Por que um pilar só? Pilar-poste?


Inglaterra (2007) Guarapari-ES (2003)
Apesar de sua
importância,
muitas vezes, os
pilares são
negligenciados
na concepção
da estrutura

Bahia (2007)
4.2 – REVISÃO TEÓRICA
4.2.1- Analises Não Lineares
Uma estrutura possui resposta linear quando, ao ser aplicada uma
variação em seu carregamento, sua resposta ( seja deslocamento,
esforços ou tensões ) varia na mesma quantidade.

Já uma resposta não linear é quando, ao ser aplicada uma variação no


carregamento, sua resposta ( seja deslocamento, esforços ou tensões
) varia em quantidade diferente.
Causas da resposta da estrutura não ser linear:

4.2.1.a - Não linearidade Física :

É intrínseca ao material utilizado na estrutura e decorre,


principalmente, de mudanças nas propriedades do material enquanto o
carregamento é aplicado, ( Ex. Modulo de elasticidade ( diagrama T x
D não linear ), momento de inércia ( após fissuração ) etc ) – Ex: O
material concreto, portanto, o concreto armado.

Diagrama do concreto. Diagrama do aço.


No concreto armado, a não linearidade física, além de estar associada
ao seu diagrama tensão x deformação não ser linear, também está
associada a fissuração, que, ao reduzir a rigidez do elemento, aumenta
seus deslocamentos, aumentando assim os efeitos de 2ª ordem
COMO CONSIDERAR A NÃO LINEARIDADE FÍSICA NOS
PROJETOS?

O problema consiste em saber qual o módulo de rigidez á flexão ( EI )


do elemento em estudo, considerado seu diagrama tensão x
deformação não linear e a fissuração, no caso do concreto armado...
DE FORMA APROXIMADA:

Aplicar uma redução diretamente ao módulo de rigidez á flexão do


concreto armado.
Atraves de constantes: Por expressões analíticas:
Exemplo: Exemplo : Formula de
Branson
(EI)VIGA = 0,4 (EI0)

Ou

(EI)PILAR = 0,8 (EI0)


DE FORMA REFINADA:

Atraves das relações momento curvatura da peça. A obtenção dos


diagramas momento curvatura somente é realizada
computacionalmente.
Curvatura é a variação do ângulo de rotação ao longo de um trecho (
do/ds ) e também pode ser definida como o inverso do raio de
curvatura. ( 1/r ).

Em uma seção de concreto armado, pode ser expressa, de forma


aproximada:
Também de forma aproximada, pode-se relacionar a curvatura de uma
seção com o momento fletor nela atuante:

O diagrama momento curvatura é análogo ao conhecido diagrama


tensão x deformação, porém, a grandeza que relaciona o momento com
a curvatura é o módulo de rigidez á flexão, que, se obtido
corretamente, nos fornece a melhor forma de considerar a não
linearidade física nos projetos.
No concreto, a fissuração altera sua forma, que, na flexão, será como
abaixo. Este diagrama pode ser utilizado para o cálculo de flechas em
peças de C.A.:

Na presença de esforço normal ( caso de pilares ), existe um diagrama


M,1/r para cada esforço normal aplicado, resultando em um diagrama
chamado N,M,1/r
Na prática, a montagem de um diagrama N,M,1/r é feita seguindo-se o
roteiro:

1 – Dada uma seção com determinado esforço normal e distribuição de


armadura, aplica-se um momento baixo, M, calculando-se ec e es.
Determina-se a
curvatura para cada M,

3 – Incrementa-se M, determinando-se novamente ec e ec’ e daí, 1/r

4 – Traça-se os resultados em um diagrama, como abaixo:


CADÊ ?????
Notar que, no diagrama N,M,1/r do exemplo, foram considerados a
fissuração e o diagrama tensão x deformação não linear do concreto,
bem como suas características reológicas, como endurecimento após
28 dias e efeito Rush, uma vez que os cálculos são realizados, todos,
no estádio 3 ( ELU ). ( Tensão máxima = 0,85 fcd ).
O módulo de rigidez á flexão do concreto é obtido deste diagrama,
com uma precisão bastante boa. E a não linearidade física, considerada
de forma consistente.
4.2.1.b - Não linearidade Geométrica :

Decorre da mudança de geometria da estrutura á medida que o


carregamento aumenta. São as alterações ( normalmente acréscimos )
dos esforços solicitantes da estrutura quando estes são determinados
não em sua geometria original, mas sim, em sua geometria deformada.
Os efeitos da não linearidade geométrica são também conhecidos como
efeitos de 2ª ordem, que são os incrementos Considerando
de esforços a causados
pela deformação da estrutura.
Sem considerar a deformação.
deformação
Cálculos realizados computacionalmente - PxD
Notar que qualquer influência das deformações nos esforços são
efeitos de 2ª ordem, também chamados de não linearidades
geométricas.
EXEMPLOS:
Deslocabilidade dos Flechas ( deslocamentos
edifícios: laterais ) devidas aos
momentos em cada lance:

Aumenta os momentos Aumenta os momentos


fletores a serem resistidos fletores a serem resistidos
pelos pilares pelos pilares
Concluindo, a resposta não linear da estrutura é causada pelos dois
fatores descritos anteriormente, que podem acontecer
concomitantemente, ou não.
4.2.2 – A Flambagem em Pilares de C.A.

Conceito: Flambagem significa perda de estabilidade do


equilíbrio de um elemento, submetido apenas a
um esforço de compressão, ao acontecer uma
perturbação no mesmo.

Parâmetro de referência para flambagem


índice de esbeltez --- λ = le / i com i = ( I / A ) 1/2
Noções de flambagem

Comprimentos de flambagem de pilares


em função dos vínculos nas ligações

l l l l

le = l l e = 0,7 l l e = 0,5 l l e = 2,0 l


Pontos de inflexão – mede-se o le
Flambagem de um elemento comprimido

Em pilares de concreto armado, como o esforço normal sempre vem


acompanhado de momentos fletores, o eixo do pilar nunca é reto, pois
o momento impõe flecha ( deslocamento ) lateral, o que faz com que
este momento seja aumentado ainda mais.
Quanto mais deformável lateralmente for o pilar, maior será o
acréscimo de momento fletor, aumentando ainda mais as tensões no
elemento. Esta deformabilidade lateral está íntimamente ligada ao
índice de esbeltez do pilar ( λ ).
Este acréscimo de
momento fletor é um efeito
de 2ª ordem, pois decorre da
consideração dos esforços
oriundos da configuração
deformada do elemento.

Portanto, em pilares de concreto armado não existe flambagem,


mas sim, sempre esgotamento da capacidade resistente da seção,
por flexocompressão. O momento aplicado é aumentado, de forma
considerável ou não, dependendo da esbeltez lateral do pilar, pelo
efeito de 2ª ordem da iteração normal x momento fletor, devido á
clara não linearidade geométrica do problema.
Indices de esbeltez ( λ ) em pilares de concreto armado:

=> pilares curtos: pode-se desprezar os efeitos


Ideal
λ ≤ 35
das deformações de 2a ordem, ou seja, os
efeitos da não linearidade geométrica (NLG)
35 < λ ≤ 90 => medianamente esbeltos: Despreza-se ou não
Usual

os efeitos de 2ª ordem (NLG), em função de λ


( se λ ≤ λ1 ) . A NLF pode ser considerada de
forma aproximada.
90< λ ≤ 140=> esbeltos: consideração obrigatória dos efeitos
Ruim

de 2a ordem (NLG), ( locais e localizados ),


fluência e da não linearidade física (NLF).
Péssimo

=> muito esbeltos: uso obrigatório de método


λ > 140
não-linear geral, para NLG e relação momento-
curvatura real nas seções para NLF
NBR 6118: limite máximo do índice λ em pilares = 200
Apenas no caso de elementos pouco comprimidos com força normal menor que 0,10 fcdAc, o índice de esbeltez
pode ser maior que 200.
Indices de esbeltez ( λ ) em pilares de concreto armado:

=> pilares curtos: pode-se desprezar os efeitos


Ideal
λ ≤ 35
das deformações de 2a ordem, ou seja, os
efeitos da não linearidade geométrica (NLG)
35 < λ ≤ 90 => medianamente esbeltos: Despreza-se ou não
Usual

os efeitos de 2ª ordem (NLG), em função de λ


( se λ ≤ λ1 ) . A NLF pode ser considerada de
forma aproximada.
90< λ ≤ 140=> esbeltos: consideração obrigatória dos efeitos
Ruim

de 2a ordem (NLG), ( locais e localizados ),


fluência e da não linearidade física (NLF).
Péssimo

λ > 140 => muito esbeltos: uso obrigatório de método


não-linear geral, para NLG e relação momento-
curvatura real nas seções para NLF
Aprendendo com
os erros dos outros...

CPD da Regional Sul do B.Brasil – P. Alegre

Pilares com seção transversal 60cm x 120cm e altura 43,5m


Prédio citado no livro do Prof. MacGregor (1992) !
Record mundial de esbeltez? λ = ?

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