JOHN LOCKE - Empirismo

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JOHN LOCKE: EMPIRISMO E LIBERALISMO POLÍTICO

O inglês John Locke (1632 – 1704) vem de uma família de comerciantes puritanos, estudou na universidade
de Oxford, onde se formou médico, e sempre esteve envolvido na política. Lá ele teve contato com as ideias de
Francis Bacon e Descartes. Era contra a monarquia absolutista e por isso teve que se exilar na Holanda em 1683 no
final do reinado de Carlos II, contra o qual ajudou a elaborar uma conspiração.
Com a revolução gloriosa, e a ascensão ao trono do holandês Guilherme de Orange, ele volta à Londres e
pode se dedicar inteiramente à filosofia. Mesmo já vindo se desenvolvendo antes dele, muitos o consideram o pai
do empirismo, mas não há dúvidas de sua paternidade quanto ao liberalismo político.
A obra que trata sobre a capacidade de conhecermos é Ensaios acerca do entendimento humano, onde
defende o empirismo afirmando que ao contrário do que dizia Descartes, não temos ideias inatas, nosso
conhecimento é adquirido por meio dos sentidos através da experiência.
Seu objetivo nessa obra é investigar, não o que conhecemos, mas o que, como, e os limites do processo de
conhecer. Sua preocupação é em saber como a mente funciona. Segundo ele, a mente do ser humano ao nascer é
como uma folha de papel em branco/tábula rasa, onde vão sendo impressos conhecimentos/ideias ao longo da
vida, que nos chegam por meio dos sentidos. Esse conhecimento nos chega através de uma experiência sensível
imediata/sensação e é processado internamente por meio da reflexão. Adquirimos ideias simples pelos sentidos e
elaboramos as complexas através da reflexão. Mas por entender que a matemática é um conhecimento válido em
termos lógicos, Locke não pode ser considerado um empirista radical.

O intelecto humano é como uma tábula rasa

O intelecto, portanto, recebe o material do conhecimento unicamente da experiência. A alma só pensa


depois de ter recebido esse material.
Diz Locke: “Não vejo, portanto, nenhuma razão para crer que a alma pense antes que os sentidos lhe
tenham fornecido ideias nas quais pensar. E, à medida que as ideias aumentam de número e são no espírito, a
alma, com o exercício, melhora sua faculdade de pensar em todas as suas várias partes. Em seguida, compondo
essas ideias e refletindo sobre suas próprias operações, aumenta seu patrimônio, bem como sua facilidade de
recordar, raciocinar e utilizar outros modos de pensar”.
A experiência é de dois tipos:
1) externa, da qual derivam as ideias simples de sensação (extensão, figura, movimento etc.);
2) interna, da qual derivam as ideias simples de reflexão (prazer, dor etc.).

Liberalismo político

Assim como não há ideias inatas, não existe também o direito inato, divino de governar. Locke era contra
um governo absoluto, que tudo pudesse fazer, desrespeitando os direitos dos indivíduos e invadindo a esfera da
sua intimidade. A teoria individualista de Locke afirma que o homem é anterior à sociedade e ao Estado.
Mas diferentemente de Hobbes, ele afirma que realmente, historicamente, existiu um estágio pré-social e
político onde o homem vivia em liberdade e igualdade, que não era um estado de guerra, mas de relativa paz,
chamado de estado de natureza.
Em um sentido mais restrito, a propriedade para Locke é também a posse de bens, sejam eles móveis ou
imóveis. Os burgueses quase deliraram de alegria quando leram o que ele escreveu sobre a propriedade, que era
muito mais favorável a eles do que a concepção de Hobbes, além de ser algo inovador para a época.
Em estado de natureza o homem era livre e dono de sua pessoa e de seu trabalho. E era este o critério de
aquisição de propriedade. A terra foi dada por Deus aos homens, mas pode se apropriar dela quem lhe imprimir o
seu trabalho. Quem trabalha num pedaço de terra se torna seu proprietário, não podendo ninguém mais ter
direito sobre esse pedaço. O contrato social em Locke, é um pacto de consentimento. Os homens de livre e
espontânea vontade criam o Estado para preservar os direitos que já possuíam em estado de natureza (direitos
naturais).

Conclusão: John Locke foi um grande filósofo, tanto por seus trabalhos em teoria do conhecimento, quanto em
política. A teorização da defesa dos direitos naturais, como a vida, a liberdade, e a propriedade dos indivíduos
como fim a ser perseguido pelo Estado, faz dele o pai do liberalismo político. Suas ideias políticas justificaram a
Revolução Gloriosa, a revolução norte-americana, e a Revolução Francesa. Não tem como entender a política de
nosso tempo sem estudá-lo, pois suas ideias estão na base de nosso sistema político.

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